EM BALANÇOS SUCESSIVOS
Orientadores:
Ricardo Valeriano Alves
Mayra Soares Pereira Lima Perlingeiro
Rio de Janeiro
Março de 2015
i
ANÁLISE DE PONTES CONSTRUÍDAS EM BALANÇOS SUCESSIVOS
Examinado por:
Rio de Janeiro
Março de 2015
ii
Fonseca, Filipe Meirelles
Análise de Pontes Construídas em Balanços Sucessivos/ Filipe
Meirelles Fonseca - Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.
XIII 96 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Ricardo Valeriano Alves, Mayra Soares Pereira
Lima Perlingeiro
Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Civil/ Ênfase Estruturas, 2015
Referências Bibliográficas: p. 92-93
1. Balanços Sucessivos 2. Concreto Protendido 3. Aduelas 4.
Pontes I. Alves, Ricardo Valeriano et. al. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil,
Ênfase Estruturas III. Análise de Pontes Construídas em Balanços
Sucessivos
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
Aos meus pais, pela educação e formação, responsável pelo homem que me tornei.
Aos meus irmãos, pelo carinho e pela importância que eles têm na minha vida.
À Empresa Beton Sthal, pela formação profissional e compreensão nos momentos que
estive ausente pela dedicação a este trabalho.
Aos meus amigos, que sempre estiveram ao meu lado, durante o Curso de Graduação.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março de 2015
v
Abstract of Undergraduate Project presented to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
March of 2015
This paper describes the successive cantilever proceedings: origin, history, advantages and
limitations; presents the initial concepts of a cantilever structure: bases of pre-calculations and
structural definition. Explains the calculation steps of the mains demands on the structure:
model, structure analysis and considerations of the time effects on concrete. It also presents
the different limits states in accordance with the present's regulations of Brazil. In the end, it is
given an example of structure, which is verified in the way to illustrate the presented concepts.
vi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
2 CONSTRUÇÃO EM BALANÇOS SUCESSIVOS .......................................................................... 2
2.1 Histórico do Sistema Construtivo .................................................................................. 2
2.2 “Grau de Dificuldade” ................................................................................................... 4
2.3 Sistema Estrutural ......................................................................................................... 5
2.3.1 Superestrutura ...................................................................................................... 5
2.3.2 Mesoestrutura....................................................................................................... 7
2.3.3 Sistema Construtivo .............................................................................................. 8
2.3.4 Campos de Utilização ............................................................................................ 8
2.3.5 Características do Processo Construtivo ............................................................... 9
2.3.6 Execução das Aduelas ......................................................................................... 11
2.3.6.1 Construção Simétrica ...................................................................................... 12
2.3.6.2 Construção a Partir de Vão Escorado .............................................................. 13
2.4 Protensão .................................................................................................................... 14
3 SOLICITAÇÕES PRINCIPAIS................................................................................................... 17
3.1 Peso Próprio ................................................................................................................ 17
3.2 Sobrecarga Permanente.............................................................................................. 18
3.3 Carga Móvel ................................................................................................................ 19
3.3.1 Distribuição Transversal das Cargas .................................................................... 20
3.4 Efeitos Térmicos .......................................................................................................... 20
4 PROTENSÃO......................................................................................................................... 23
4.1 Vantagens .................................................................................................................... 24
4.2 Tipos de Protensão ...................................................................................................... 25
4.3 Tipos de Ancoragem .................................................................................................... 25
4.4 Materiais ..................................................................................................................... 28
4.4.1 Concreto .............................................................................................................. 28
4.4.2 Armadura Passiva ................................................................................................ 31
4.4.3 Armadura Ativa ................................................................................................... 31
4.5 Força de Protensão ..................................................................................................... 32
4.5.1 Força de Protensão Inicial ................................................................................... 33
4.5.1.1 Força Média de Protensão .............................................................................. 33
vii
4.5.1.2 Valores Limites da Força na Armadura de Protensão ..................................... 33
4.5.1.3 Valores Representativos da Força de Protensão ............................................ 34
4.5.1.4 Valores de Cálculo da Força de Protensão ...................................................... 34
4.5.2 Perdas de Protensão ........................................................................................... 34
4.5.2.1 Perda por Atrito............................................................................................... 35
4.5.2.2 Perda por Encunhamento ............................................................................... 37
4.5.2.3 Perda por Encurtamento Elástico do Concreto ............................................... 40
4.5.2.4 Perda por Fluência, Retração do Concreto e Relaxação do Aço ..................... 40
4.5.3 Avaliação do Alongamento do Aço ..................................................................... 42
5 ANÁLISE ESTRUTURAL ......................................................................................................... 45
5.1 Etapas Construtivas ..................................................................................................... 45
5.1.1 Execução das Aduelas ......................................................................................... 47
5.1.1.1 Peso Próprio .................................................................................................... 47
5.1.1.2 Protensão ........................................................................................................ 48
5.1.2 Fechamentos Laterais ......................................................................................... 50
5.1.2.1 Peso Próprio .................................................................................................... 50
5.1.2.2 Protensão ........................................................................................................ 51
5.1.3 Fechamento Central ............................................................................................ 52
5.1.3.1 Peso Próprio .................................................................................................... 52
5.1.3.2 Protensão ........................................................................................................ 52
5.2 Estrutura Concluída ..................................................................................................... 57
5.2.1 Cargas Permanentes de Revestimento, Guarda-rodas e Guarda-Corpo ............ 57
5.2.2 Carga Móvel ........................................................................................................ 57
5.2.3 Variação de Temperatura.................................................................................... 58
5.2.4 Efeitos Reológicos ............................................................................................... 59
6 VERIFICAÇÕES DE ESTADOS LIMITES ................................................................................... 63
6.1 Verificação dos Estados Limites de Serviço................................................................. 63
6.1.1 Combinação de Ações em Serviço ...................................................................... 63
6.1.2 Nível de Protensão .............................................................................................. 64
6.1.2.1 Protensão Completa ........................................................................................ 64
6.1.2.2 Protensão Limitada ......................................................................................... 65
6.1.2.3 Protensão Parcial............................................................................................. 65
6.1.2.4 Verificação do Estado Limite de Compressão Excessiva ................................. 66
6.2 Verificação dos Estados Limites Últimos ..................................................................... 66
viii
6.2.1 Estado Limite Último - Solicitações Normais....................................................... 66
6.2.2 Estado Limite Último no Ato da Protensão ......................................................... 68
7 EXEMPLO ............................................................................................................................. 70
7.1 Apresentação do projeto ............................................................................................ 70
7.1.1 Forma da Estrutura.............................................................................................. 70
7.1.2 Características dos Materiais .............................................................................. 72
7.1.3 Protensão ............................................................................................................ 72
7.2 Análise Estrutural ........................................................................................................ 74
7.2.1 Modelagem da Estrutura .................................................................................... 74
7.2.2 Estudo da Aplicação da Força de Protensão no Modelo..................................... 76
7.2.2.1 Método de Alves ............................................................................................. 77
7.2.2.2 Simplificação.................................................................................................... 79
7.2.2.3 Conclusão do Estudo ....................................................................................... 80
7.2.3 Carregamentos Aplicados no Modelo ................................................................. 81
7.2.3.1 Modelo da Etapa construtiva .......................................................................... 81
7.2.3.2 Modelo do Fechamento lateral ....................................................................... 82
7.2.3.3 Modelo da Estrutura Concluída ...................................................................... 83
7.3 Verificação dos Estados Limites de Serviço................................................................. 86
7.3.1 Verificação das Tensões na Seção 10 .................................................................. 88
7.3.2 Verificação das Tensões na Seção 15 .................................................................. 89
8 CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 91
9 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 92
ANEXO A ...................................................................................................................................... 94
Coeficientes de Majoração da Carga Móvel - NBR 7188/13 ....................................................... 94
ANEXO B ...................................................................................................................................... 95
Coeficiente de Fluência, φt, t0 - NBR 6118/14 ........................................................................... 95
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Ponte do Herval [THOMAZ (2015)] ............................................................................ 2
Figura 2.2 - Geometria da Ponte do Herval [THOMAZ(2015)] ...................................................... 2
Figura 2.3 - Execução dos segmentos [THOMAZ(2015)] ............................................................... 3
Figura 2.4 - Projeto da Ponte do Herval [THOMAZ(2015)]........................................................... 3
Figura 2.5 - Ligação articulada....................................................................................................... 5
Figura 2.6 - Viga “Gerber” ............................................................................................................. 5
Figura 2.7 - Ligação contínua......................................................................................................... 5
ix
Figura 2.8 - Deformadas após efeitos reológicos .......................................................................... 6
Figura 2.9 - Junta em rótula .......................................................................................................... 6
Figura 2.10 - Junta com viga “Gerber” .......................................................................................... 6
Figura 2.11 - Junta sobre apoio ..................................................................................................... 7
Figura 2.12 - Viga contínua............................................................................................................ 7
Figura 2.13 - Pórtico ...................................................................................................................... 7
Figura 2.14 - Vista superior do cimbramento suspenso ............................................................... 9
Figura 2.15 - Vista inferior do cimbramento suspenso ................................................................. 9
Figura 2.16 - Ciclo de execução de aduela concretada no local [Lima (2011)] ........................... 10
Figura 2.17 - Fases de concretagem ............................................................................................ 10
Figura 2.18 - Fases de concretagem ............................................................................................ 11
Figura 2.19 - Arranques sobre escoramento em leque............................................................... 11
Figura 2.20 - Construção simétrica das aduelas .......................................................................... 12
Figura 2.21 - Pilar articulado ....................................................................................................... 13
Figura 2.22 - Construção das aduelas a partir de um vão escorado ........................................... 13
Figura 2.23 - Vão lastrado ........................................................................................................... 14
Figura 2.24 - Distribuição dos cabos superiores (SETRA) ............................................................ 14
Figura 2.25 - Caixa pré-moldada com ancoragem embutida ...................................................... 15
Figura 2.26 - Traçado dos cabos superiores (SETRA) .................................................................. 15
Figura 2.27 - Traçado dos cabos inferiores no fechamento do vão central (SETRA) .................. 15
Figura 2.28 - Traçado dos cabos inferiores no fechamento do vão lateral (SETRA) ................... 16
Figura 2.29 - Armadura passiva longitudinal (SETRA) ................................................................. 16
Figura 3.1 - Diagrama de momento fletor de peso próprio [adaptado de Lima (2011)] ............ 18
Figura 3.2 - Seções de cálculo ..................................................................................................... 19
Figura 3.3 - Carga móvel padrão TB-450 (NBR 7188/13) ............................................................ 19
Figura 3.4 - Dsitribuição do carregamento excêntrico em seção celular [STUCCHI(2006)] ........ 20
Figura 3.5 - Temperatura e deformação [ adaptado de Debs e Takeya (2007)] ......................... 21
Figura 3.6 - Distribuição da temperatura ao longo da altura peça (NBR 7187/87) .................... 22
Figura 4.1 - Custo unitário do aço [Barboza(2014)] .................................................................... 24
Figura 4.2 - Resistência x custo do aço [Barboza(2014)]............................................................. 25
Figura 4.3 - Ancoragem ativa (Catálogo Mac) ............................................................................. 26
Figura 4.4 - Ancoragem passiva (Catálogo Mac) ......................................................................... 26
Figura 4.5 - Detalhe da posição da ancoragem [Carvalho(1987)] ............................................... 26
Figura 4.6 - Diagrama Tensão-Deformação Idealizado (NBR 6118/14) ...................................... 29
Figura 4.7 - Diagramas de Tensão-Deformação para dimensionamento - ELU .......................... 31
Figura 4.8 - Diagrama Tensão-Deformação para Armadura Passiva (NBR 6118/14) .................. 31
Figura 4.9 - Diagrama Tensão-Deformação para Armadura Ativa (NBR 6118/14) ..................... 32
Figura 4.10 - Distribuição de tensões num cabo de protensão .................................................. 35
Figura 4.11 - Cabo tracionado no interior da bainha [Menegatti(2005)] ................................... 35
Figura 4.12 - Tensões após perdas por atrito- ancoragem passiva-ativa.................................... 36
Figura 4.13 - Tensão após a perda por atrito – ancoragem ativa-ativa ...................................... 37
Figura 4.14 - Diagrama da força de protensão após a perda ancoragem ................................... 37
Figura 4.15 - Cálculo iterativo das perdas por ancoragem ......................................................... 38
Figura 4.16 - Traçado do diagrama das perda por ancoragem ................................................... 39
Figura 4.17 - Relatório de protensão .......................................................................................... 44
x
Figura 5.1 - Exemplo de estrutura construída por balanços sucessivos ..................................... 45
Figura 5.2 - Sequência construtiva .............................................................................................. 46
Figura 5.3 - Diagrama de momento fletor característico do peso próprio ................................. 47
Figura 5.4 - Protensão em estruturas isostáticas ....................................................................... 48
Figura 5.5 - Isostáticos de protensão .......................................................................................... 49
Figura 5.6 - Diagrama de momento fletor característico da protensão ..................................... 49
Figura 5.7 - Escoramentos utilizados no fechamento lateral ...................................................... 50
Figura 5.8 - Análise de peso próprio na concretagem sobre escoramento direto ..................... 51
Figura 5.9 - Análise de peso próprio na concretagem com cimbramento metálico ................... 51
Figura 5.10 - Protensão do fechamento lateral .......................................................................... 51
Figura 5.11 - Concretagem do fechamento central .................................................................... 52
Figura 5.12 - Protensão do fechamento central ......................................................................... 52
Figura 5.13 - Estrutura para análise da protensão hiperestática ................................................ 53
Figura 5.14 - Análise da protensão hiperestática-1 .................................................................... 53
Figura 5.15 - Análise da protensão hiperestática-2 .................................................................... 53
Figura 5.16 - Análise da protensão hiperestática-3 .................................................................... 54
Figura 5.17 - Exemplo do método das forças equivalentes ........................................................ 54
Figura 5.18 - Análise da primeira aduela..................................................................................... 55
Figura 5.19 - Forças nodais nas extremidades dos cabos ........................................................... 55
Figura 5.20 - Forças distribuídas equivalentes ........................................................................... 55
Figura 5.21 - Análise da segunda aduela .................................................................................... 56
Figura 5.22 - Cargas equivalentes de Alves ................................................................................ 57
Figura 5.23 - Diagrama de momento fletor característico do carregamento de revestimento e
defensas ...................................................................................................................................... 57
Figura 5.24 - Diagrama de momento fletor característico das cargas móveís............................ 58
Figura 5.25 - Diagrama de momento fletor característico da variação não uniforme de
temperatura ................................................................................................................................ 58
Figura 5.26 - Esquema para linearização da temperatura ......................................................... 58
Figura 5.27 - Deformação ao longo do tempo devido ao peso próprio ...................................... 59
Figura 5.28 - Deformação ao longo do tempo devido a protensão ............................................ 59
Figura 5.29 - Diagrama de momento fletor do peso próprio na fase construtiva ...................... 60
Figura 5.30 - Diagrama de momento fletor fictício do peso próprio .......................................... 60
Figura 5.31 - Diagrama de momento em t=∞............................................................................. 61
Figura 6.1 - Concreto de envolvimento da armadura (NBR 6118/14) ........................................ 66
Figura 6.2 - Diagrama Tensão-Deformação para cordoalhas CP 190 RB(adaptado da NBR
6118/14) ...................................................................................................................................... 68
Figura 7.1 - Elevação geral da ponte ........................................................................................... 70
Figura 7.2 - Corte longitudinal do vão adjacente (dimensões em cm) ....................................... 70
Figura 7.3 - Corte longitudinal da metade do vão central (dimensões em cm) .......................... 71
Figura 7.4 - Seção transversal no meio do vão central e nos apoios adjacentes(dimensões em
cm)............................................................................................................................................... 71
Figura 7.5 - Seção transversa no apoio central(dimensões em cm) ........................................... 72
Figura 7.6 - Cablagem superior ................................................................................................... 73
Figura 7.7 - Cablagem do fechamento lateral ............................................................................. 73
Figura 7.8 - Cablagem do fechamento central ............................................................................ 73
xi
Figura 7.9 - Seções de estudo para análise estrutural ................................................................ 74
Figura 7.10 - Modelo para as etapas de construção ................................................................... 74
Figura 7.11- Modelo para o fechamento lateral ......................................................................... 75
Figura 7.12 - Modelo da estrutura concluída .............................................................................. 75
Figura 7.13 - Modelagem das aduelas ........................................................................................ 75
Figura 7.14 - Seção de estudo - Análise isostática ...................................................................... 76
Figura 7.15 - Seção de estudo - Análise hiperestática ................................................................ 76
Figura 7.16 - Detalhe do cabo de estudo .................................................................................... 76
Figura 7.17 - Solicitações devido a protensão em estruturas isostáticas ................................... 77
Figura 7.18 - Aplicação do método de Alves ............................................................................... 77
Figura 7.19 - Forças aplicadas no modelo isostático................................................................... 78
Figura 7.20 - Forças aplicadas no modelo hiperestático ............................................................. 78
Figura 7.21 - Aplicação do método simplificado ......................................................................... 79
Figura 7.22 - Força aplicadas no modelo isostático .................................................................... 79
Figura 7.23 - Força aplicadas no modelo hiperestático .............................................................. 80
Figura 7.24 - Tensão média após as perdas por atrito ............................................................... 81
Figura 7.25 - Forças de protensão na etapa construtiva............................................................. 82
Figura 7.26 - Força distribuída do peso próprio do fechamento lateral ..................................... 82
Figura 7.27 - Força da protensão do fechamento lateral............................................................ 83
Figura 7.28 - Forças distribuídas da protensão no fechamento central ..................................... 84
Figura 7.29 - Força distribuída do peso próprio do fechamento central .................................... 84
Figura 7.30 - Seção transversal da sobrecarga permanente ....................................................... 84
Figura 7.31 - Força distribuída de sobrecarga permanente ........................................................ 85
Figura 7.32 - Definição da carga móvel TB-450 no modelo ........................................................ 85
Figura B.1 - Variação de Bft (NBR 6118/2014) ............................................................................ 96
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Grau de dificuldade [baseado em MATTOS(2001)] ................................................... 4
Tabela 2.2 - Sistemas construtivos x vãos [Seminário de Concreto protendido – Anais –Assoc.
Bras. de Pontes e Estruturas - (1983)]........................................................................................... 8
Tabela 4.1 - Tipo de ancoragem e trajetória dos cabos [adaptado de Carvalho(1987)]............. 27
Tabela 4.2 - Especificações das cordoalhas (Catálogo Arcelormittal) ......................................... 32
Tabela 4.3 - Valores característicos superiores da deformação específica εcst∞, t0 e do
coeficiente de fluência φt∞, t0(NBR 6118/14) ........................................................................... 41
Tabela 6.1 - Relação de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em
função da classe de agressividade ambiental segundo a NBR 6118/14 ..................................... 63
Tabela 6.2 - Combinações de serviço segundo a NBR 6118/14 .................................................. 63
Tabela 6.3 - Fatores de redução Ψ1 e Ψ2 (NBR 8681/03) .......................................................... 64
Tabela 6.4 - Coeficientes de ponderação (NBR 8681/03) ........................................................... 67
Tabela 6.5 - Fatores de redução Ψ0 (NBR 8681/03) ................................................................... 67
Tabela 7.1 - Solicitação exatas nas seções analisadas - isostático de protensão........................ 77
Tabela 7.2 - Forças obtidas pelo método de Alves ..................................................................... 78
Tabela 7.3 - Solicitações - modelo isostático .............................................................................. 78
xii
Tabela 7.4 - Solicitações - modelo hiperestático ........................................................................ 79
Tabela 7.5 - Forças Aplicadas no Modelo.................................................................................... 79
Tabela 7.6 - Solicitações – modelo isostático............................................................................. 80
Tabela 7.7 - Solicitações - modelo hiperestático ........................................................................ 80
Tabela 7.8 - Resumo de solicitações - modelo isostático............................................................ 80
Tabela 7.9 - Resumo de solicitações - modelo hiperestático ...................................................... 81
Tabela 7.10 - Cálculo da força de protensão após perdas imediatas ......................................... 82
Tabela 7.11 - Cálculo da força de protensão após perdas imediatas ......................................... 83
Tabela 7.12 - Cálculo da força de protensão após perdas imediatas ......................................... 83
Tabela 7.13 - Cálculo do gradiente de temperatura ................................................................... 86
Tabela 7.14 - Solicitações na seção S10 ...................................................................................... 86
Tabela 7.15 - Solicitações na seção S15 ...................................................................................... 87
Tabela 7.16 - Propriedades geométricas das seções .................................................................. 87
Tabela 7.17 - Tensões na seção 10 .............................................................................................. 88
Tabela 7.18 - ELS-D: Combinações Frequentes ........................................................................... 88
Tabela 7.19 - ELS-F: Combinações Raras ..................................................................................... 88
Tabela 7.20 - Tensões na seção 15 .............................................................................................. 89
Tabela 7.21 - ELS-D: Combinações Frequentes ........................................................................... 89
Tabela 7.22 - ELS-F: Combinações Raras ..................................................................................... 89
xiii
1 INTRODUÇÃO
A escolha do tema para o Projeto Final de Curso foi motivada pelo desejo de aprender o
método de construção por balanços sucessivos, uma solução estrutural economicamente
vantajosa e utilizada correntemente no Brasil. Além disso, o tema permite aprofundar o
conhecimento a respeito do comportamento e projeto de estruturas em concreto protendido.
Além desta introdução, o trabalho é composto por outros oito capítulos, cujos
conteúdos são, resumidamente, os seguintes:
Capítulo 6 – Verificação dos estados limites: Verificação dos estados limites últimos e de
serviço das estruturas de concreto protendido.
1
2 CONSTRUÇÃO EM BALANÇOS SUCESSIVOS
2
Para a construção, o vão central foi dividido em setores de concretagem de 1,545 m de
comprimento, onde o primeiro segmento foi concretado sobre escoramento, em forma de
leque, apoiado no pilar. Os segmentos concretados a seguir foram suportados pela própria
forma autoportante, ancoradas nos dois segmentos anteriores. A Figura 2.3 apresenta uma
foto na época da execução dos segmentos.
3
obra reconhecida como pioneira, não foram aceitos pedidos posteriores de patente do
método de construção em balanços sucessivos.
Após esta obra, surgiram outras pontes com a utilização desse sistema de construção.
No entanto, os expressivos momentos fletores decorrentes desse método exigiam uma
quantidade excessiva de armadura passiva além de acarretar acentuada fissuração no banzo
tracionado.
A Tabela 2.1 relaciona o grau de dificuldade “nd” com o tipo de estrutura da ponte.
4
Observa-se na Tabela 2.1, que o método de construção por balanço sucessivo é
classificado como um método de construção especial, caracterizado por alto grau de
dificuldade tanto para projeto como para execução.
2.3.1 Superestrutura
Diante do desafio de conectar dois extremos de superestruturas construídas em
balanços, observa-se que, na prática, as seguintes três soluções já foram aplicadas:
• Ligação articulada;
• Trecho central em viga “Gerber”;
• Ligação contínua.
5
• Com a evolução dos efeitos reológicos, as seções rotuladas tendem a formar
pontos de mudança súbita de declividade, comprometendo definitivamente a
estética e causando desconforto para o usuário, como ilustrado a seguir.
Como nestes casos a junta é inevitável, pode-se também, localizá-la sobre um ponto de
apoio, conforme ilustrado na Figura 2.11. Esta solução embora seja mais cara, por induzir em
mais um ponto de fundação e comprometer bastante a estética, resolve os problemas das
rótulas no meio do vão.
6
Figura 2.11 - Junta sobre apoio
2.3.2 Mesoestrutura
A ligação com a mesoestrutura pode se dar por meio de apoios simples, em geral
através de aparelhos de apoio em elastômero fretado, ou de forma monolítica, formando
sistemas aporticados, sendo neste caso usual a adoção de pilares em lâminas duplas, que
propiciam maior flexibilidade.
7
A solução em viga contínua é adequada para situações em que o lançamento das
aduelas, acontece a partir de um vão existente, que propicia o equilíbrio com as aduelas em
construção.
• Necessidade de vencer grandes vãos com vigas mais esbeltas, seja por
necessidade de gabarito ou para evitar fundações dispendiosas;
• Vales profundos;
• Rios caudalosos ou sujeitos a enchentes repentinas com grande variação do
nível d’água;
• Locais onde não é recomendado fazer escoramento direto, seja em pontes com
pilares muito altos (maiores que 20 m), ou obras em meio urbano, onde não é
possível interromper o tráfego, por exemplo;
Visando a comparação com outros sistemas estruturais, com vigas sob flexão,
apresenta-se na Tabela 2.2, a ordem de grandeza de vãos economicamente viáveis.
Tabela 2.2 - Sistemas construtivos x vãos [Seminário de Concreto protendido – Anais –Assoc. Bras. de Pontes e
Estruturas - (1983)]
Vãos
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
Sistemas
Vigas Pré-fabricadas
balanços sucessivos
Por empurramento
Moldado in loco
8
2.3.5 Características do Processo Construtivo
No método de construção por balanços sucessivos, as aduelas são moldadas em geral no
local, utilizando cimbramento metálico com a função de suportar o peso da aduela em
balanço, além de servir como plataforma de trabalho. Na parte dianteira do cimbramento, em
balanço, tem-se o suporte da forma da aduela a ser concretada. A ancoragem se dá no apoio
traseiro, atirantando-se na aduela existente de forma a equilibrar o peso da nova aduela,
conforme ilustrados nas Figuras 2.14 e 2.15.
9
Após o concreto atingir a resistência estabelecida de projeto para aplicação da
protensão, que normalmente varia de 2 a 4 dias, a aduela pode ser protendida. Com a
protensão, a aduela torna-se auto-portante, permitindo o avanço do cimbramento para
execução de uma nova aduela. O processo se repete até o fechamento do vão.
10
• Plano concretagem em duas fases: (sequência em geral mais usual).
1) Laje inferior;
2) Almas e laje superior.
11
2.3.6.1 Construção Simétrica
Indicada para pontes com vãos grandes, a construção a partir de um pilar consiste no
lançamento simétrico de aduelas, que avançam em balanço, a partir das duas faces de um
pilar. O lançamento de cada extremidade chega ao fim no fechamento central ou lateral. A
Figura 2.20 apresenta a sequência básica do processo construtivo.
12
Figura 2.21 - Pilar articulado
13
Há situações em que o vão existente não tem peso próprio suficiente para
contrabalancear as aduelas que estão sendo construídas. Como solução para manter o
equilíbrio da estrutura, nesta situação, pode-se adotar lastro no vão lateral, para contrapeso,
conforme ilustrado na Figura 2.23.
2.4 Protensão
A passagem dos cabos de protensão pode ser realizada antes da concretagem, chamada
de enfiação anterior, ou após a concretagem, chamada de enfiação posterior. A Figura 2.24
apresenta um exemplo de distribuição típica dos cabos superiores nas aduelas. Observa-se a
grande quantidade de cabos que passam por uma aduela. Diante da grande quantidade, pode-
se deixar bainhas extras para corrigir um eventual problema, durante a protensão de um dos
cabos.
14
A protensão dos cabos é aplicada quando o concreto já tiver alcançado 3 a 4 dias de
idade. Com pouca idade, o concreto deve possuir uma resistência mínima que permita a sua
protensão. Para isso, são especificados concretos com resistências elevadas além de fretagem
para absorver as tensões de tração nas regiões de ancoragens.
Uma técnica utilizada para permitir a aplicação da protensão com concreto jovem, é
adoção de blocos pré-moldados de concreto com ancoragens embutidas, que recebem
diretamente as maiores forças no instante da protensão, conforme ilustrado a seguir:
As Figuras 2.26 a 2.28 apresentam alguns traçados típicos dos cabos de protensão
usados nas pontes em balanços sucessivos.
Figura 2.27 - Traçado dos cabos inferiores no fechamento do vão central (SETRA)
15
Figura 2.28 - Traçado dos cabos inferiores no fechamento do vão lateral (SETRA)
16
3 SOLICITAÇÕES PRINCIPAIS
• Peso próprio;
• Sobrecarga permanente (revestimento, guarda-rodas e guarda-corpo);
• Carga móvel;
• Variação de temperatura (uniforme e gradiente).
A NBR 7187/03 preconiza que, para a avaliação das cargas devido ao peso próprio dos
elementos estruturais de concreto armado ou protendido, deve-se adotar, no mínimo, um
peso específico igual a 25 kN/m³.
17
translação para a aduela seguinte. Este também é o caso do cimbramento suspenso, que
utiliza contrapeso ao invés de tirantes ancorados na laje para equilibrar o peso da nova aduela.
A substituição de contrapesos por tirantes é, muitas vezes, mais econômica, e facilita a
movimentação do cimbramento.
Figura 3.1 - Diagrama de momento fletor de peso próprio [adaptado de Lima (2011)]
18
3.3 Carga Móvel
Para cálculo das solicitações devido às carga móveis utiliza-se o conceito de linha de
influência para cada seção de cálculo da estrutura hiperestática. As seções de cálculo, no geral,
são posicionadas nas juntas entre as aduelas, como apresentado na Figura 3.2.
As cargas móveis verticais são fixadas pela NBR 7188/13, ou pelo proprietário da obra
no caso da estrutura ser projetada para veículos especiais.
A carga móvel padrão TB-450 para rodovias brasileiras, definida pela NBR 7188/13 é
representada por um veículo tipo, com peso próprio de 450 kN dividido em seis rodas, cada
uma com P=75 kN, e circundado por uma carga uniformemente distribuída p= 5,0 kN/m². A
Figura 3.3 apresenta a carga móvel padrão com especificação das dimensões do veículo tipo.
Essa carga estática característica deve ser majorada pelo produto de três coeficientes
para consideração dos efeitos dinâmicos:
A Figura 3.4 apresenta um esquema da distribuição das cargas em uma viga celular
simétrica biapoiada de acordo com as hipóteses descritas.
20
• Variação uniforme;
• Variação linear ou gradiente de temperatura;
• Distribuição interna da temperatura.
21
Figura 3.6 - Distribuição da temperatura ao longo da altura peça (NBR 7187/87)
22
4 PROTENSÃO
23
segunda fase, com o concreto já bastante resistente, execute a protensão total.
Essa fase da construção exige muito cuidado pois as forças da protensão são
altas. Mais tarde, as perdas lentas reduzem a força de protensão. Durante a
protensão dos cabos verifique os alongamentos dos cabos e as forças nos
macacos.
10. Antes de fazer a injeção dos cabos, certifique-se de que as bainhas não têm
obstruções. Siga as especificações para o preparo da pasta de cimento a ser
injetada.
4.1 Vantagens
A utilização do concreto protendido possui vantagens e algumas limitações quando
comparado ao concreto armado convencional.
Um estudo apresentado por Barboza (2014) estabelece uma relação entre a resistência
e o custo para o aço convencional e o de alta resistência, concluindo que a relação
resistência/custo do aço de protensão é mais de duas vezes o do aço convencional.
Para efeito de comparação das ordens de grandezas, a Figura 4.1 apresenta os preços
médios dos aços obtidos de propostas comerciais das empresas Arcelormittal e Gerdau,
levantados em dezembro de 2013.
4,00
3,00
2,00
1,00
-
CA-50 CP-190 RB
Com o mesmo propósito e partindo dos mesmos dados, a Figura 4.2 apresenta a
relação entre a resistência e o custo do aço CA-50 e o CP-190 RB.
24
(MPa/R$) Resistência/Custo
500
400
300
200
100
-
CA-50 CP-190 RB
25
As Figuras 4.3 e 4.4 ilustram as ancoragens descritas.
A título de exemplo, a Figura 4.5 e a Tabela 4.1 ilustram os tipos das ancoragens
utilizadas na fixação dos cabos de protensão, com seus respectivos traçados, em uma ponte
construída por balanço sucessivo.
26
Tabela 4.1 - Tipo de ancoragem e trajetória dos cabos [adaptado de Carvalho(1987)]
Tipo de
Cabo Seção Inicial Seção Final Tipo de Cabo
Ancoragem
1,2 e 4 S0 S11 ativa-ativa 12Ф12,5mm
3,5 e 7 S0 S12 ativa-ativa 12Ф12,5mm
6,8 e 10 S0 S13 ativa-ativa 12Ф12,5mm
9,11 e 13 S0 S14 ativa-ativa 12Ф12,5mm
12 e 14 S0 S15 ativa-ativa 12Ф12,5mm
15 e 16 S0 S16 ativa-ativa 12Ф12,5mm
17 e 18 S0 S17 ativa-ativa 12Ф12,5mm
19 e 20 S9 S18 ativa-ativa 12Ф12,5mm
21 e 22 S0 S19 ativa-ativa 12Ф12,5mm
23,24,25 e 26 S8 S19 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
27,28,29 e 30 S7 S18 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
31,32,33 e 34 S6 S17 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
35,36,37 e 38 S5 S16 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
39 e 34 S4 S15 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
41 e 43 S4 S14 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
43 e 44 S3 S13 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
45 S2 S12 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
46 S4 S12 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
47 e 48 S2 S11 Passiva-ativa 7Ф12,5mm
49 S15 S25 ativa-ativa 7Ф12,5mm
50 S15 S25 ativa-ativa 7Ф12,5mm
51 S17 S23 ativa-ativa 7Ф12,5mm
52 S17 S23 ativa-ativa 7Ф12,5mm
53 S17 S23 ativa-ativa 7Ф12,5mm
54 S17 S23 ativa-ativa 7Ф12,5mm
55 e 65 S14 S26 ativa-ativa 7Ф12,5mm
56,59 e 62 S15 S25 ativa-ativa 7Ф12,5mm
57, 60 e 63 S16 S24 ativa-ativa 7Ф12,5mm
58, 61 e 64 S17 S23 ativa-ativa 7Ф12,5mm
27
4.4 Materiais
Segundo Hanai (2005), como princípio geral, deve-se considerar que o uso da
protensão só se torna eficiente quando forem utilizados aço e concreto de alta resistência. A
seguir apresentam-se sucintamente as principais características dos materiais envolvidos nas
estruturas em concreto protendido.
4.4.1 Concreto
A Norma NBR 6118/14 estabelece que a resistência do concreto estrutural seja
especificada pelo valor de sua resistência característica aos 28 dias de idade.
sendo " a idade efetiva do concreto, em dias, e # a constante do tipo de cimento em uso,
sendo 0,25 para CPI e II, 0,20 para CPV-ARI e 0,38 para CPIII e IV.
Para obtenção dos limites de tração, na falta de ensaios, a resistência média a tração
do concreto pode ser avaliada por:
/*
&,' = 0,3 ≤ 50 -./ 4.2
/*
5 6 = 21500 78 ; + 1,25< 55 -./ ≤ ≤ 90 -./ 4.5
10
Sendo:
28
O módulo de elasticidade secante é definido por:
5 = 76 5 6 4.6
Sendo:
No cálculo das perdas de protensão, deve ser utilizado o módulo de elasticidade inicial.
O módulo de elasticidade, em uma idade menor que 28 dias, pode ser avaliado pela
expressão a seguir, substituindo por :
?
B,C
5 6 ? @ A 5 6 20 -./ + + 45 -./ 4.8
?
B,*
5 6 ? @ A 5 6 50 -./ + + 90 -./ 4.9
Onde:
29
Observa-se na Figura 4.6, que para tensões de compressão menores que 0,5 , pode-
se admitir uma relação linear entre tensões e deformações, adotando-se para o módulo de
elasticidade o seu valor secante. Isso significa que o concreto comprimido ainda apresenta um
comportamento elástico nessa fase, ou seja, retiradas as cargas a peça retorna à situação
original.
• E = 2,0 ‰
• E F = 3,5 ‰
• L = 0,80
• 7 = 0,85
• L = 0,80 − − 50 /400
• 7 = 0,85 [1 − − 50 /200 ]
30
A Figura 4.7 ilustra os diagramas supracitados.
A NBR 6118/14 prescreve que para cálculo nos estados limites de serviço e último,
pode ser utilizado o diagrama simplificado da Figura 4.8.
31
As armaduras de protensão são compostas por cordoalhas de aços de alta resistência,
encruados a frio por trefilação, e submetidos a tratamentos térmicos durante o processo de
fabricação. Devido ao processo de fabricação, os aços de protensão não apresentam patamar
de escoamento bem definido. A resistência ao escoamento é assim definida pela tensão
correspondente a deformação residual de 2,0 ‰, que corresponde aproximadamente à tensão
para alongamento de 10 ‰.
32
4.5.1 Força de Protensão Inicial
Onde:
33
4.5.1.3 Valores Representativos da Força de Protensão
Os valores médios de protensão devem ser empregados no cálculo dos valores
característicos dos efeitos hiperestáticos da protensão.
. ,& N FS
= 1,05 .& N 4.12
. ,& N 6XY
= 0,95 .& N 4.13
34
A Figura 4.10 apresenta, esquematicamente, a variação gráfica das tensão ao longo do
comprimento, devido às perdas imediatas e progressivas, para um cabo com ancoragem ativa
à esquerda e passiva à direita.
Um cabo no interior de uma bainha retilínea, também fica sujeito à perda por atrito
cabo-bainha, causada pela insuficiente rigidez à flexão da bainha aliado às imperfeições que
ocorrem durante a montagem. O cálculo dessa perda é considerado através de uma taxa de
variação angular por unidade de comprimento.
35
Conforme a NBR 6118/14, a perda por atrito pode ser determinada pela seguinte
expressão:
∆. N .6 1 G Z[\] W
4.15
Onde:
Σ7: Soma dos ângulos de desvio, em valor absoluto, entre a ancoragem e o ponto de
abscissa x, expressa em radianos;
36
A perda por atrito no cabo, no caso de duas ancoragens ativas, é determinada,
calculando-se a variação da tensão para cada extremidade de forma independente. Considera-
se a força aplicada numa única extremidade, traça-se a sua variação considerando a
ancoragem oposta passiva, em seguida faz-se o mesmo para outra extremidade. O ponto
indeslocável corresponde ao ponto de interseção das duas variações assim determinadas.
A Figura 4.13 apresenta o diagrama de variação de tensão devido às perdas por atrito
com ancoragem ativa-ativa, obtida através do procedimento supracitado.
37
Observa-se na Figura 4.14, que o fenômeno de atrito que se verifica por ocasião do
encunhamento, com recuo dos cabos, é o mesmo que ocorre na perda por atrito na puxada
dos cabos, porém em sentido inverso. Desta forma considera-se um diagrama “espelhado”,
conforme ilustrado na figura.
Quando o somatório das áreas até a seção de cálculo ` for igual ao produto 5S ∙ a,
significa que o ponto de recuo situa-se naquela seção:
X
b c6 5S ∙ ad 4.16
6e
X X
b c6 b U6 G U6 ∙ N6 3 N6 4.17
6e 6e
sendo:
5S : Módulo de elasticidade do aço de protensão;
ad : Recuo da ancoragem;
Si : Área da seção de cálculo (i-1) à seção (i);
xi : abscissa da seção de cálculo (i);
σi : tensão no cabo na seção de cálculo (i), considerando as perdas por atrito;
xi-1 : abscissa da seção de cálculo anterior a seção(i);
σi-1 : tensão no cabo na seção de cálculo anterior a seção (i), considerando atrito.
38
No entanto, na prática, ocorre que esse ponto fica posicionado entre seções de
cálculo. Ou seja, através do somatório das áreas, percebe-se que o valor da perda de
ancoragem para a seção calculada é maior do que o valor devido ao produto 5S ∙ a, isto indica
que o ponto de recuo nulo, onde não mais ocorrerão perdas por ancoragem, se situa no
intervalo entre as duas seções, conforme observado na Figura 4.15.
5S ∙ ad G ∑X6e c6 NX 3 NX
N̅ gNX G 4.18
UX 3 UX
UX 3 UX
Ui UX 3 NX 3 NX 4.19
NX 3 NX
Após a seção de abscissa N̅ , não há mais perdas por encunhamento. Na Figura 4.16
podem-se observar as tensões Ui6 , determinadas para cada seção de cálculo do início do cabo
até o ponto de recuo nulo.
39
4.5.2.3 Perda por Encurtamento Elástico do Concreto
A força de protensão é aplicada em etapas. Essas etapas podem corresponder a
protensão de apenas um cabo ou de mais de um cabo. Devido isso, a NBR 6118/14 prescreve:
7S kU S + U lm j − 1
∆US = 4.21
2j
sendo:
O cálculo das perdas lentas é aqui efetuado pelo processo aproximado apresentado na
norma NBR 6118/14. A norma permite utilizar o processo aproximado para o cálculo das
perdas progressivas, desde que sejam satisfeita as seguintes condições:
40
• A concretagem do elemento estrutural, bem como a protensão, são
executadas, cada uma delas, em fases suficientemente próximas para que se
desprezem os efeitos recíprocos de uma fase sobre outra;
• Os cabos possuam entre si afastamentos suficientemente pequenos em
relação à altura da seção do elemento estrutural, de modo que seus efeitos
possam ser supostos equivalentes ao de um único cabo, com seção transversal
de área igual à soma das áreas das seções dos cabos componentes, situado na
posição da resultante dos esforços neles atuantes (cabo resultante);
• Retração não pode diferir em mais de 25% do valor [−8 n 10 C o ?p , ?B I.
O valor da perda de tensão devido à fluência, retração e relaxação para aços de baixa
relaxação, pode assim ser determinado por:
∆US ?p , ?B 7S
7,4 3 Ho ?p , ?B I ,Bq
33U 4.22
USB 18,7 ,SBl
U ,SBl : Tensão no concreto adjacente ao cabo, provocada pela protensão e pela carga
permanente mobilizada no instante ?B , em megapascal, sendo positiva se for compressão.
41
Na Tabela 4.3, observa-se que os valores de entrada o coeficiente de fluência é função
da umidade média do ambiente e espessura fictícia.
2 x
zY6 = y6X& 4.23
{y|W& +
2 }
onde:
x : Área da seção da transversal;
y|W& : Perímetro externo da seção;
y6X& : Perímetro interno da seção.
O cálculo do alongamento teórico pode ser feito através da aplicação da lei de Hooke,
desde que as tensões aplicadas na armadura estejam abaixo do limite de proporcionalidade do
aço de protensão, conforme apresentado a seguir:
U N = 5S ∙ EW 4.24
WY
a = ~ EW PW 4.25
W6
a: alongamento total;
42
Substituindo 4.24 em 4.25 , tem-se o alongamento em função da tensão média:
WY U
iSB
a=~ PW 4.26
W6 5S
onde,
UiSB : Tensão média na armadura de protensão, já descontadas as perdas imediatas.
Na prática, a determinação das tensões ao longo do cabo após as perdas por atrito, se
faz para cada seção de cálculo, considerando-se uma variação linear entre seções sucessivas.
Assim a determinação do alongamento consiste na integração de uma área poligonal. Com a
média da tensão, entre duas seções consecutivas, dividida pelo módulo de elasticidade (5S ),
tem-se a deformação específica média. O alongamento é então determinado multiplicando-se
a deformação média, entre as duas seções, pela respectiva distância entre as seções. O
alongamento final, a, é obtido somando-se todos os alongamentos entre seções.
5S xS
a •€ =a∙ 4.27
5S €|d• xS €|d•
sendo:
43
Figura 4.17 - Relatório de protensão
44
5 ANÁLISE ESTRUTURAL
Essa característica exige que a estrutura seja analisada e dimensionada para diversas
fases estruturais, que seja considerada a transição do sistema estrutural e como ocorre a
redistribuição das solicitações.
Para a análise estrutural aqui descrita é utilizado modelo unifilar com elementos de
pórtico plano. As solicitações de interesse são os esforços normais e os momentos fletores,
para análise de tensões.
A análise estrutural das etapas das executivas das aduelas consiste na consideração da
construção e protensão sequencial de cada aduela.
Como exemplo adota-se uma superestrutura cujo vão lateral apresenta um trecho
inicial moldado sobre escoramento direto. Com este trecho concluído, tem-se espaço para
montagem dos escoramentos suspensos e massa para contrapeso das aduelas construídas em
balanço.
Para o exemplo em questão, uma vez que as primeiras três aduelas do vão central
sejam executadas, ocorre o equilíbrio em torno do pilar. Nesta ocasião, o escoramento do
trecho inicial do vão lateral pode ser removido, devendo-se instalar pilar metálico provisório.
45
Este pilar provisório apresenta pequena rigidez e destina-se a absorver eventuais cargas não
equilibradas.
As principais etapas da sequência construtiva deste exemplo são apresentadas na Figura 5.2.
46
5.1.1 Execução das Aduelas
Durante a fase de execução das aduelas, a estrutura está submetida ao seu peso
próprio e às forças de protensão, a seguir descritas.
Usualmente a variação de altura das aduelas, ao longo do vão, é definida por uma
função analítica de variação, sendo as mais comuns a hiperbólica e a parabólica.
47
5.1.1.2 Protensão
A protensão, na fase de construção, além de sustentar o peso próprio das aduelas,
deve ser dimensionada com a finalidade de combater as solicitações que acontecem na
estrutura hiperestática concluída.
Uma estrutura isostática, ao ser protendida, se deforma, sem sofrer restrições pelos
seus vínculos, ou seja, a protensão não desperta reações de apoio em estruturas isostáticas,
conforme ilustrado na Figura 5.4.
48
Figura 5.5 - Isostáticos de protensão
49
5.1.2 Fechamentos Laterais
O fechamento da estrutura pode ocorrer inicialmente nas extremidades do vão,
chamado de fechamento lateral, ou no trecho central do vão, chamado de fechamento central.
Após o fechamento completo, a estrutura, que em geral é isostática, torna-se hiperestática. A
análise estrutural torna-se mais complexa.
A análise do peso próprio das novas aduelas é feita com a estrutura vinculada
lateralmente, conforme a Figura 5.8, sendo o comprimento das novas aduelas igual a „ e o
peso próprio igual ..
50
Figura 5.8 - Análise de peso próprio na concretagem sobre escoramento direto
5.1.2.2 Protensão
A protensão do fechamento lateral ocorre, neste caso, com a estrutura ainda
isostática, conforme observado na Figura 5.10.
51
5.1.3 Fechamento Central
A análise da estrutura é feita, pela primeira vez, com a estrutura hiperestática. Neste
item, expõe-se a análise estrutural do fechamento central do vão, para os carregamentos de
peso próprio e protensão.
O escoramento direto no meio do vão, neste tipo de construção, não é utilizado devido
à dificuldade ou impossibilidade de materializar o escoramento e de garantir segurança nesta
operação.
5.1.3.2 Protensão
A protensão do fechamento central ocorre com a estrutura hiperestática, conforme
observado na Figura 5.12.
Nessa situação, o cálculo das solicitações produzidas pela protensão não pode ser mais
realizado considerando-se simplesmente a força de protensão na seção de estudo, devido aos
esforços de coação que acontecem nas estruturas hiperestáticas. Esses esforços de coação são
chamados de hiperestáticos de protensão.
52
Para descrever o comportamento estrutural, apresenta-se na Figura 5.13 uma viga
hiperestática protendida, visando avaliar a influência da restrição dos vínculos e do
hiperestático de protensão.
53
Por fim, somam-se os dois diagramas, obtendo-se o diagrama de momento fletor
devido à protensão da estrutura hiperestática, conforme Figura 5.16.
Neste trabalho, para cálculo das solicitações que um cabo protendido provoca em uma
estrutura, isostática ou hiperestática, adota-se o procedimento de Alves(1994) de cargas
equivalentes de protensão. Trata-se de uma metodologia que determina carregamentos
equivalentes à protensão de forma genérica, permitindo a consideração de qualquer traçado
do cabo entre duas seções de análise.
A Figura 5.17, será utilizada como exemplo para descrição do método das cargas
equivalentes de Alves.
De acordo com esse método, são determinados sistemas de forças auto equilibradas
para cada aduela, conforme ilustrado na Figura 5.18 a situação da aduela mais à esquerda.
54
Figura 5.18 - Análise da primeira aduela
Analisando a aduela da Figura 5.18, são definidas as cargas nodais nas extremidades
dos cabos atuando no centróide da seção, conforme mostra a Figura 5.19.
55
Sendo a protensão um sistema auto-equilibrado, a determinação dos valores de … , …
e † é determinada resolvendo-se o sistema a seguir:
b ‡N = ˆ → ‚ + † ∙ „ 3 ‚ 0 5.1
… 3…
b ‡K ˆ→ƒ 3 ∙ „ G ƒ 0 5.2
2
Š
… G… ∙N
b -1 ˆ → - G ~ … N . N. PN G - 3 ƒ ∙ „ , Oˆ‹ … N … 3 5.3
„
B
‚ G‚
† 5.4
„
2∙ƒ 3ƒ - G-
… G 2 ∙ G6∙ 5.5
„ „
ƒ 32∙ƒ - G-
… 2∙ 36∙ 5.6
„ „
Esta análise pode ser aplicada a qualquer traçado de cabo conforme ilustrado na
Figura 5.21 para a aduela mais à direita do fechamento lateral
56
Após determinar as cargas equivalentes distribuídas em cada aduela, aplicam-se as
cargas nodais e o carregamento distribuído na estrutura, para realizar a análise da protensão
de fechamento lateral da estrutura. Observa-se que as forças nodais dos nós 2 e 2′ se anulam.
57
A determinação das linhas da influência pode ser determinada com o auxilio de
programas computacionais resultando em envoltórias dos momentos fletores devido às cargas
móveis, conforme o diagrama característico ilustrado na Figura 5.24.
Figura 5.25 - Diagrama de momento fletor característico da variação não uniforme de temperatura
onde:
58
A linearização da temperatura torna simples a aplicação dessa variação não uniforme
de temperatura.
59
Na prática, os projetistas sempre avaliaram a redistribuição das solicitações ao longo
do tempo, balizando-se na resposta elástica da estrutura no tempo ? = 0, e em uma situação
fictícia, considerando as solicitações de peso próprio e protensão atuando na estrutura
completa (fechada), como se esta fosse integralmente executada de uma única etapa. No
entanto essa avalição era, muitas vezes, baseada na experiência do próprio projetista, sendo
de difícil acesso e de bibliografia escassa.
Mais recentemente, a avaliação dos efeitos reológicos de uma ponte construída por
balanços sucessivos pode ser realizada utilizando-se prescrições do Eurocode (EN1992-2),
conforme conteúdo do anexo KK.
60
A redistribuição das solicitações devido à fluência, aliado à mudança estrutural,
provoca um diagrama de momento fletor situado entre as duas situações, da Figura 5.29 e da
Figura 5.30, conforme apresentado na Figura 5.31.
Segundo o Eurocode, a solicitação final do peso próprio pode ser avaliada através da
expressão a seguir:
o ∞, ?B G o ? , ?B
cp = cB + @ c − cB A 5.7
1 3 ’ ∙ o ∞, ?
onde:
cp : Solicitação final;
61
Segundo o Eurocode, essa expressão pode ser aplicada também para as solicitações
devido à protensão, após pequena adaptação, conforme a seguir:
o ∞, ?B − o ? , ?B
cp = cB,p + @ c − cB A 5.8
1 + ’ ∙ o ∞, ?
onde:
Com estas expressões, torna-se possível avaliar com boa precisão a influência dos efeitos
reológicos em superestruturas construídas em balanços sucessivos.
62
6 VERIFICAÇÕES DE ESTADOS LIMITES
A norma NBR 6118/14 estabelece que as estruturas de concreto protendido devam ser
verificadas segundo as prescrições dos estados limites de utilização (serviço) e dos estados
limites últimos (ruptura).
Tabela 6.1 - Relação de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em função da classe de
agressividade ambiental segundo a NBR 6118/14
Classe Agressivida de Ambiental (CAA) Exigências relativas à Combinação de ações em serviço a
Tipo de concreto estrutural
e tipo de protensão fissuração utilizar
onde:
Fd,ser é o valor de cálculo para as combinações em serviço;
Fq1,k é o valor característico das ações variáveis principais diretas;
Fqj,k é o valor característico das ações variáveis secundárias;
Fgi,k é o valor característico das ações permanentes;
Ψ1 é o fator de redução de combinação frequente para ELS;
Ψ2 é o fator de redução de combinação quase permanete para ELS.
63
Os valores dos fatores de redução “ e “ ,utilizados para as combinações frequentes,
quase permanentes e raras, estão apresentados na Tabela 6.3.
• Protensão completa;
• Protensão limitada;
• Protensão parcial.
Conforme mostra a Tabela 6.1, a NBR 6118/14 estabelece que na protensão completa
os seguintes limites de serviço devem ser atendidos:
”*
&,Y = 1,2 . & ,6XY = 0,252 . 6.1
64
onde:
Hanai (2005) relata que, de acordo com Leonhardt e outros pesquisadores, não há
relação direta entre aberturas de fissuras e corrosão. Durante muito tempo, a especificação de
protensão total ou completa foi uma forma de garantir adequada proteção da armadura.
Pesquisas indicaram, no entanto, que fissuras de abertura de 0,3 mm e até mesmo 0,4 mm não
têm influência significativa sobre a resistência à corrosão, desde que o concreto seja
suficientemente denso e o cobrimento seja de espessura adequada, de tal modo que o avanço
da carbonatação e outros efeitos não causem a despassivação da armadura.
Conforme a Tabela 6.1, a NBR 6118/14 estabelece que protensão completa ocorra
quando os seguintes limites são atendidos:
–6 U 6 3U 6
• = ∙ ∙ 6.2
12,5 ∙ — 5 6 &'
–6 U6 4
• = ∙ ∙ ; + 45< 6.3
12,5 ∙ — 5 6 ˜€6
onde:
65
˜€6 : Taxa de armadura passiva ou ativa aderente (que não esteja dentro de bainha) em
relação à área da região de envolvimento;
U ≤ 0,5 6.4
' X
onde:
66
‡œ , : Valor característico da ação variável considerada como ação principal para
combinação;
67
Figura 6.2 - Diagrama Tensão-Deformação para cordoalhas CP 190 RB(adaptado da NBR 6118/14)
Segundo a NBR 6118/14, o pré-alongamento deve ser calculado com base nas tensões
iniciais de protensão com valores de cálculo e com consideração de todas as perdas. No caso
das solicitações de protensão, podem ser adotados os coeficientes de ponderação %S = 0,9 ou
%S 1,2 a favor da segurança.
68
• A tensão máxima de tração na seção de concreto não pode ultrapassar 1,2 a
resistência média à tração ( &' ), correspondente ao valor especificado da
resistência característica do concreto ( );
• Quando nas seções transversais existirem tensões de tração, deve haver
armadura de tração calculada no estádio II. Para efeitos de cálculo, nessa fase
de construção, a força nessa armadura pode ser considerada igual à resultante
das tensões de tração no concreto no estádio I. Esta força não pode provocar,
na armadura correspondente, acréscimos de tensão superiores a 150 MPa no
caso de fios ou barras lisas e a 250 MPa em barras nervuradas.
onde:
69
7 EXEMPLO
70
Figura 7.3 - Corte longitudinal da metade do vão central (dimensões em cm)
A Figura 7.4 ilustra a seção transversal típica no meio do vão central e nos apoios
adjacentes.
Figura 7.4 - Seção transversal no meio do vão central e nos apoios adjacentes(dimensões em cm)
71
A Figura 7.5 ilustra a seção transversal típica nos apoios centrais.
7.1.3 Protensão
A protensão das aduelas foi realizada com cabos compostos por 8 cordoalhas com
diâmetro nominal de 15,2 mm cada.
72
Na verificação da estrutura, foram adotados os seguintes parâmetros de projeto:
É realizada enfiação posterior nos cabos de fechamento. Nos fechamentos laterais são
utilizados cinco cabos em cada alma, ancorados segundo o traçado mostrado na Figura 7.7.
O fechamento final da estrutura é feito no meio do vão central, utilizando dez cabos
em cada alma. A Figura 7.8 apresenta o traçado dos cabos positivos do fechamento central.
73
7.2 Análise Estrutural
Este trabalho objetiva verificar as duas seções principais, através de três modelos
estruturais, a fim de representar as etapas principais para a análise de uma ponte executada
por balanços sucessivos. No entanto, em um projeto executivo, as verificações devem ser
feitas em todas as seções ao longo da estrutura, para cada fase de carregamento, como por
exemplo, concretagem, protensão, movimentação do cimbramento suspenso, introdução das
sobrecargas permanentes e acidentais.
As seções de estudo foram verificadas segundo a NBR 6118:14, para os estados limites
de serviço da estrutura.
São feitos três modelos para análise da estrutura, representando as etapas a seguir:
• Etapas construtivas;
• Fechamento lateral;
• Estrutura concluída.
Os modelos para análise da estrutura estão apresentados nas figuras que se seguem. A
Figura 7.10 mostra o apoio central com as aduelas nos dois lados adjacentes. O fechamento
lateral, com o seu apoio executado está ilustrado na Figura 7.11 e a Figura 7.12 mostra a
estrutura concluída, após o fechamento central.
74
Figura 7.11- Modelo para o fechamento lateral
Os pilares também são modelados com elementos unifilares, a partir das suas seções
transversais. A ligação dos pilares com a superestrutura é feita através de um elemento de
barra rígida, com comprimento igual à distância do centroide da seção da aduela de arranque
até a borda da laje inferior.
75
7.2.2 Estudo da Aplicação da Força de Protensão no Modelo
A aplicação das forças de protensão no modelo foi realizada através de cargas
equivalentes, baseada em um estudo numérico do método de Alves e da simplificação adotada
neste trabalho.
O modelo das etapas construtivas é utilizado como estudo inicial, pois sendo um
modelo isostático, permite a avaliação exata dos resultados. Em seguida, extrapola-se o estudo
para o modelo hiperestático da estrutura concluída.
As seções analisadas para avaliação do estudo estão apresentadas nas Figuras 7.14 e
7.15. Na estrutura isostática são analisadas as seções S1, S2 e S3 e na estrutura hiperestática,
as seções S10 e S15.
76
A determinação das solicitações exatas nas seções analisadas é feita a partir da
projeção da força de protensão nos eixos coordenados de acordo com a Figura 7.17. O
momento fletor é calculado com a excentricidade do cabo em relação ao centroide da seção.
A Tabela 7.1 apresenta um resumo das solicitações normais e de flexão para cada
seção analisada, que serve de parâmetro para avaliação dos métodos.
A seguir são apresentados os resultados dos métodos estudados, e por fim, um quadro
resumo comparando os valores obtidos com os exatos.
77
A Tabela 7.2 apresenta os valores das forças distribuídas e forças nodais obtidas pelo
processo de Alves.
Ressalta-se que as forças dos nós 2 e 3 se anulam com as forças nodais da seção de
análise seguinte. A aplicação das forças no modelo isostático está apresentada na Figura 7.19.
78
A Tabela 7.4 apresenta as solicitações obtidas pelo método de Alves no modelo
hiperestático.
7.2.2.2 Simplificação
A simplificação adotada consiste em aplicar a força de protensão, através de um cabo
reto, com a altura relativa à borda da laje superior igual ao valor do cabo real, no trecho em
que o cobrimento do cabo se mantém constante. A Figura 7.21 ilustra o princípio desse
método, comparando o traçado do cabo simplificado com o real.
79
Os resultados obtidos a partir do método simplificado estão apresentados na Tabela
7.6.
80
Nas estruturas hiperestáticas, comparando a simplificação adotada com o método de
Alves, demostra-se que a simplificação apresenta uma boa precisão, com desvios inferiores a
10%, conforme observado na Tabela 7.9.
A protensão foi aplicada com o uso do método simplificado, sendo adotado um cabo
que represente os cabos de cada aduela, chamado de cabo médio. O cabo médio é um cabo
fictício que representa todos os cabos que passam na seção.
Adota-se uma tensão média UB , após as perdas imediatas, para aplicação da força no
modelo. A tensão média é obtida através da média aritmética entre a tensão inicial, U6 , que é a
tensão de puxada do cabo, e a tensão após as perdas por atrito na metade do comprimento do
cabo („/2 , Už . A Figura 7.24 Ilustra graficamente o procedimento descrito para cálculo da
tensão média após a perda por atrito.
81
A partir da tensão média e da excentricidade do cabo em cada seção é possível calcular
os momentos solicitantes e as forças normais de cada conjunto de cabos.
A Tabela 7.10 apresenta o cálculo das forças normais e momentos fletores aplicados
no modelo.
82
A protensão é aplicada através do método simplificado, com as mesmas considerações
da protensão aplicada na etapa construtiva.
83
Figura 7.28 - Forças distribuídas da protensão no fechamento central
84
A Figura 7.31 apresenta a carga distribuída da sobrecarga permanente aplicada no
modelo.
85
A Tabela 7.13 apresenta o cálculo do gradiente aplicado no modelo.
As solicitações normais e de flexão das seções c10 e c15 estão apresentadas na Tabela
7.14 e 7.15.
86
Tabela 7.15 - Solicitações na seção S15
SOLICITAÇÕES NA SEÇÃO 15
Estágio da construção Carregamento Normal(kN) Momento fletor (kN.m)
Peso próprio das aduelas G1 0,0 0,0
Etapas construtivas
Protensão das aduelas Prot.1 0,0 0,0
Peso próprio do fechamento lateral G1.F.Lat 0,0 0,0
Fechamento lateral
Protensão do fechamento lateral Prot.2 0,0 0,0
Peso próprio do fechamento central G1.F.Cen -97,9 7097,7
Protensão do fechamento central Prot.3 -25595,6 -24784,8
Sobrecarga permanente G3 -398,9 14564,8
Estrutura concluída Carga Móvel máxima CMmax 49,7 20618,2
(t= 0) Carga Móvel mínima CMmin -505,0 -2116,2
Gradiente G -35,5 6577,4
Variação uniforme(+15°C) T(+) -899,6 -647,4
Variação uniforme(-15°C) T(-) 899,6 647,4
Estrutura concluída Peso próprio fictício G1∞ -897,5 32869,9
(t= ∞) Protensão fictícia Prot.∞ -18852,5 -56289,2
Após o cálculo das solicitações, as seções analisadas foram verificadas nos estados
limites de serviço, segundo a NBR 6118:14.
‚ -
U=− 7.1
x ¢
onde:
U: Tensão nas bordas superior e inferior da seção de concreto, tomado como positiva
no caso de compressão e negativa para tração;
87
7.3.1 Verificação das Tensões na Seção 10
A Tabela 7.17 apresenta as tensões na borda inferior e superior devido às solicitações
obtidas na análise da estrutura.
88
A seção 10, não apresenta tensões de tração para combinações em serviço e respeita
os limites de tensões compressivas estabelecidas conforme a expressão a seguir:
⁄C ,
U = 0,5 × 40 × B, C×
= 14,2 -./ 7.2
89
A seção 15 apresenta tensões de tração somente no ELS-F, respeitando os limites de
tração conforme a expressão (6.1):
90
8 CONCLUSÕES
Este trabalho teve como objetivo apresentar e aplicar os conceitos de projeto de uma
ponte rodoviária construída pelo processo em balanços sucessivos. O estudo contemplou as
etapas do processo construtivo, o comportamento estrutural do concreto protendido em
estruturas isostáticas e hiperestáticas, a análise estrutural das principais etapas, com as
considerações dos efeitos reológicos, verificação dos estados limites último e de serviço e
análise de um projeto real.
O método de Alves foi usado como base no estudo de aplicação simplificada das forças
de protensão no modelo computacional, utilizado para análise estrutural de um projeto real.
91
9 BIBLIOGRAFIA
ABNT, 2014, NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto Armado, 3ª ed., Rio de Janeiro.
ABNT, 1987, NBR 7187 - Projeto de Pontes de Concreto Armado e de Concreto Protendido -
Procedimento, 1ª ed., Rio de Janeiro.
ABNT, 2003, NBR 7187 - Projeto de Pontes de Concreto Armado e de Concreto Protendido -
Procedimento, 2ª ed., Rio de Janeiro.
ABNT, 2013, NBR 7188 - Carga Móvel Rodoviária e de Pedestres em Pontes, Viadutos,
Passarelas e outras Estruturas, 2ª ed., Rio de Janeiro.
ABNT, 2004, NBR 7480 - Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado,
Rio de Janeiro.
ABNT, 2004, NBR 7483 - Cordoalhas de Aço para Concreto Protendido, 2ª ed., Rio de Janeiro.
ABNT, 2009, NBR 7484 - Barras, Cordoalhas e Fios Destinados a Armadura de Protensão -
Método de Ensaio de Relaxação Isotérmica, Rio de Janeiro.
ABNT, 1989, NBR 7197 - Projeto de Estruturas de Concreto Protendido - Procedimento, Rio de
Janeiro.
ABNT, 2003, NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Procedimento, Rio de Janeiro.
ALVES, E. V., 1994, Análise Estrutural de Pontes em Vigas Mútiplas de Concreto Protendido,
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de Janeiro.
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PAIM, O. D., 1983, In: Associação Brasileira de Pontes e Estruturas, Vol.1, Rio de Janeiro.
DEBS, M. K. E., TAKEYA, T., 2007, Introdução às Pontes de Concreto, São Carlos.
92
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FUSCO, P. B., 2013, Técnicas de Armar as Estruturas de Concreto, 2ª ed., São Paulo, Pini.
MATTOS, T. S., 2001, Programa para Análise de Superestruturas Pontes em Concreto Armado
e Protendido , Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Rio de
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SÉTRA (SERVICE D’ÉTUDES TECHINIQUES DES ROUTES ET AUTOROUTES), 2003, Design Guide:
Prestressed Concrete Bridges Built Using The Cantilever Method. Ministère de L’Écologie de
Développement e de L’Aménagement durables.
STUCCHI, F. R., 2006, Notas de Aula - Pontes e Grandes Estruturas, São Paulo.
93
ANEXO A
20
£Ž¤ = 1 + 1,06 ∙ ; < , †/¥/ #?¥y?y¥/# Oˆ‹ ¦ãˆ j?¥ 10,0‹ 200,0‹
„`¦ + 50
Para estruturas com vãos acima de 200,0 m, deve ser realizado estudo específico para
a consideração da amplificação dinâmica e definição do coeficiente de impacto.
Onde:
94
ANEXO B
o ?, ?B od 3 oYp ∙ «Y ? G «Y ?B 3 o$p ∙ «$ ¬. 1
onde:
?B
od 0,8 ∙ -1 G ® , †/¥/ OˆjO¥ ?ˆ# P O¯/## # £20 / £45 ¬. 2
?p
?B
od 1,4 ∙ -1 G ® , †/¥/ OˆjO¥ ?ˆ# P O¯/## # £50 / £90 ¬. 3
?p
Y &
Y &°
: Função do crescimento da resistência com a idade;
95
o : Coeficiente dependente da espessura fictícia ³Y6 , da peça;
42 3 ³Y6
o = ¬. 4
20 3 ³Y6
³Y6 : Espessura fictícia, expresso em centímetros;
? 3 x? 3 ¬
¬Y ? ¬. 5
? 3 £? 3 ´
onde:
x 42 ∙ ³* G 350 ∙ ³ 3 588 ∙ ³ 3 113 ¬. 6
¬ 768 ∙ ³* G 3060 ∙ ³ 3 3234 ∙ ³ G 23 ¬. 7
£ G200 ∙ ³* 3 13 ∙ ³ 3 1090 ∙ ³ 3 183 ¬. 8
´ 7579 ∙ ³* G 31916 ∙ ³ 3 35343 ∙ ³ 3 1931 ¬. 9
sendo:
o$p : Valor final do coeficiente de deformação lenta reversível que é considerado igual
a 0,4;
? G ?B 3 20
¬$ ? ¬. 10
? G ?B 3 70
96