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Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, numa


casa do Largo de São Carlos.

Ficou órfão de pai apenas com 5 anos, em 1893 e um ano


depois perde o irmão.

Devido ao segundo casamento da mãe, Fernando Pessoa vai


para África do Sul em 1893 onde por lá permanece durante 10
anos frequentando, durante um ano, a Escola Comercial Durbin
High School. Recebe ainda na Universidade do Cabo o prémio
“Queen Memorial Victoria” pelo melhor ensaio de estilo inglês.

Após uma tentativa falhada de montar uma tipografia e editora dedicou-se, a partir de
1908, à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais, sendo o
restante tempo dedicado à escrita e ao estudo de filosofia grega e alemã.

É em 1912 que revela a sua poesia na revista “A águia” uma série de artigos sobre a
nossa poesia portuguesa.

Em 1914 publicou na revista “A Renascença” a poesia “Pauis” e “Ó sino da minha aldeia”


sendo também nesse ano que surgem os principais heterónimos, Alberto Caeiro, Alváro
de Campos e Ricardo Reis.

Em 1920, ano em que a mãe regressão a Portugal com os irmãos, Fernando Pessoa inicia
uma relação sentimental com Ophélia Queiroz testemunhada pelas Cartas de Amor
editadas em 1978.

Em 1934 publicou “A Mensagem”, uma colectânea de poesias que celebram os heróis e


profetizam em atitude expectativa ansiosa, a renovada grandeza da Pátria.

Este foi o único livro publicado pelo autor. Fernando Pessoa morre em Novembro de
1935, com 47 anos, devido ao consumo excessivo de álcool.
 Modernismo (Surgiu em Itália e nos EUA)

Transformação do quotidiano – novas realidades (Consequências de industrialização).


Movimento estético e literário XIX – XX.

Recusa da tradição e da monotonia cultural

Estratégias Provocatórias (Mostra às pessoas que as coisas não estão assim tão bem como a poesia tenta mostrar.)

Fernando pessoa introduz em Portugal o modernismo através da revista Orpheu.

O mundo não é tão belo como a literatura tenta mostrar. Por essa razão surge a poesia
provocatória de Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa é adepto da teoria existencialista.

Existo, logo penso.

Sentir (Emoção) diferente de Pensar


(Intelectualização/Racionalização)

Aqui não há emoção

Não foi o que eles sentiram, mas sim o que eles pensaram que sentiram. Em Fernando
Pessoa não há sentimentos, apenas racionalização.

Se poesia é o que se pensa e não o que se sente, então poesia é fingimento da realidade.

 Primeiro Modernismo

Como movimento de renovação poética, o modernismo pretendeu por fim à estagnação


em que se encontrava o panorama cultural e literário em Portugal, propondo uma nova
visão do mundo.

A poesia já não é a expressão dos sentimentos interiores do poeta, a poesia é o produto


de um acto de intelectualização/racionalização das emoções. Assim, o que o poeta
escreve não é o que o poeta sente mas sim o que ele pensa que sente.

O modernismo surgiu como consequência das grandes conquistas do homem a nível


tecnológico e científico e da sua fragilidade enquanto ser humano num mundo em crise.
 Características do modernismo

. Fingimento poético como nova expressão de arte, de faceta anti-romântica e


despersonalizada: a intelectualização substitui o sentimento (“o poeta é um fingidor”).

. Abandono do idealismo romântico e desprezo por tudo quanto esteja ligado ao sentimento.

. Predomínio do irracional, do absurdo, do paradoxal e do imprevisto que choca “os


ideais desta nova geração chocaram os intelectuais da época pelas duas atitude
irreverentes e provocatórias”.

. Desprezo pelo passado e pela tradição, pretendendo-se a construção de um futuro


novo que exalta a vida moderna, o progresso e o homem novo.

. Abandono do ideal aristotélico de arte (a arte já não existe apenas pelo prazer
estético que provoca, a arte existe sim ao serviço da sociedade, sobretudo da
máquina). Assim, a arte está ao serviço da força e da energia e não da beleza.

. Culto do interior, do vago e do oculto.

 O Modernismo Em Portugal

Entende-se por «Modernismo» um movimento estético, em que a literatura surge


associada às artes plásticas.

As primeiras manifestações modernistas começaram a surgir no período compreendido


entre as duas guerras mundiais, período marcado por profundas transformações político-
sociais não só em Portugal como na Europa.

O modernismo na literatura foi praticado por duas gerações de intelectuais ligados a


duas publicações literárias:

. Um primeiro modernismo surgido em 1915, em torno da revista Orpheu, revista que


desejava romper com o convencionalismo, com as idealizações românticas, chocando
a sociedade da época. Os escritores doOrfismo, como ficaram conhecidos, queriam
imprimir à literatura portuguesa as inovações europeias.

. Um segundo modernismo organizado em 1927, em torno da revista Presença, outra


importante revista passa a ser divulgadora dos novos ideais modernistas, que teve
como maior representante, o escritor José Régio.
O Primeiro Modernismo – a Revista Orpheu

. Os únicos dois números desta revista da revista Orpheu, lançados em Março e Junho
de 1915, marcaram a introdução do modernismo em Portugal

. Tratava-se de uma revista onde Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e Fernando


Pessoa, entre outros intelectuais, publicaram os seus primeiros poemas de
intervenção na contestação da velha ordem literária.

. O primeiro número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo
dos autores. O segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-
Rita Pintor, suscitou as mesmas reacções. Perante o insucesso financeiro, a revista
teve de «fechar portas».

Revista “Orpheu”

O Segundo Modernismo – a revista Presença

. A revista Presença foi fundada em 1927, em Coimbra, por Branquinho da Fonseca,


João Gaspar Simões e José Régio. Não obstante ter passado tempos difíceis, não só
financeira como intelectualmente, foi publicada até 1940.

. O movimento que surgiu em torno desta publicação inseriu-se intelectualmente na


linha de pensamento e intervenção iniciada com o movimento Orpheu, que acabou
por integrar.

. Continuou a luta pela crítica livre contra o academismo literário e, inspirados na


psicanálise de Freud, os seus intelectuais bateram-se pelo primado do individual
sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão.

. Além da produção nacional, a Revista Presença divulgou também textos de escritores


europeus, sobretudo franceses.
Revista “Presença”

 Algumas Características do Modernismo:

. Esquecimento do passado e o propósito de construir e criar o futuro;

. O desprezo por tudo o que é clássico, tradicional e estático (museus, academias,


servilismo aos mestres, etc.);

. Repúdio de sentimentalismo pelo ingresso frenético na vida activa através da


exaltação do homem de acção e simultaneamente através do repúdio do homem
contemplativo;

. Culto da liberdade, da veracidade, da energia, da força física, da máquina, da


violência, do perigo;

. Culto da originalidade através de uma busca incessante de expressividade máxima;

. Novo conceito de arte: deve ser a força, o dinamismo, o domínio dos outros;

. O universalismo.

Fernando Pessoa (13.06.1888 – 30.11.1935)

Fernando Pessoa, Ortónimo

. Vertente modernista (textos interseccionistas, paulismo e sensacionista)

. Vertente saudonista e sabestionista (Mensagem, 1934)

. Vertente popular do cancioneiro

- Sentir vs pensar / Inconsciência vs consciência

- Nostalgia da infância

- Fragmentação do “eu”
Fernando Pessoa, heteronimos

. Alberto Caeiro, o poeta da Natureza

. Ricardo Reis, o clássico pagão

. Álvaro de Campos, o filho indisciplinado da sensação

- Decadentista (1ª Fase)

- Futurista/Sensacionalista (2ª Fase)

- Intimista, pessoal e pessimista (3ª Fase)

AUTOPSICOGRAFIA

(Criador – O poeta cria uma realidade outra, advinda do pensamento, ou seja, finge a realidade ao escrever o que
pensa ou sentiu.)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor → Dor fingida - pensamento
A dor que deveras sente. → Dor sentida - sentimento

E os que lêem o que escreve → Leitores

Na dor lida sentem bem → Dor lida – pensamento (interpretação que o(s)

Não as duas que ele teve leitores faz(em) do poeta que leu(ram)

Mas só a que eles não têm

E assim nas calhas de roda → Vida (metáfora)


Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda → Coração

Que se chama coração → Sentimento

Fernando Pessoa

NOTA:

O fingimento poético é a teoria que diz que aquilo que se escreve não é o que se sente
mas o que se pensa que se sente, logo, não se sente, só se pensa.
Sobre o texto “Autopsicografia”

Este texto de Pessoa integra-se na temática da diplomacia sentir vs pensar. Numa


primeira fase o poeta revela ser um criador, um fingidor, na medida em que diz que o
que escreve é fruto não daquilo que sente mas daquilo que pensa que sente, logo, finge
uma realidade, chegando à ideia de que a poesia não é mais do que a intelectualização
ou racionalização das emoções. Assim, a dor sentida de facto é a realidade, o seu
fingimento é a literatura. Posteriormente revela que o leitor “sente” uma dor lida, ou seja
“sente” aquilo que pensa que o poeta sentiu quando escreveu. Esta dor lida, pensada
teve origem numa dor sentida própria de cada ser humano. Finalmente, conclui que o
coração/sentimento é como que um alimento que permite que a razão/pensamento
funcione.

A Escrita de Fernando Pessoa tem inúmeras características que o tornam especial:

Este escrevia sobre o que o rodeava, não se prevenindo de escrever sobre os seus
próprios sentimentos, a sua angústia, a sua desilusão, a sua solidão, o seu cepticismo, a
sua revolta, a sua saudade da infância, a sua tristeza, tentando por isso criar como
solução para esses problemas todos um mundo dele próprio, de fantasia, de sonho, de
utopia, não tendo no entanto, tido grande sucesso nessa tarefa. Retrata muito as
ambiguidades que o rodeiam, as duvidas, as indecisões, as contrariedades, e os
extremamente opostos (gerais ou pessoais), (pensar/sentir, fingimento/sinceridade,
consciência/inconsciência).

Uma das principais características de Fernando Pessoa é a sua capacidade de escrever


sob o nome de diversos heterónimos. Através destes “pensamentos”, Fernando Pessoa
acaba por mostrar que o mesmo mundo pode ser visto de várias formas absolutamente
diferentes. Os heterónimos, diferentes dos pseudónimos, são personalidades poéticas
completas: Identidades que em inicio falsas se tornam verdadeiras através da sua
manifestação artística própria e diversa do autor original.

ISTO

Dizem que finjo ou minto → O poeta afirma que ao escrever não finge/mente.

Tudo que escrevo. Não.


Eu simplesmente sinto → Faz separação entre as emoções e as sensações.

Com a imaginação. → Pensamento

Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,


O que me falha ou finda, → Destino

É como que um terraço


Sobre outra coisa ainda. O poeta não consegue chegar ao sentimento porque

Essa coisa é que é linda. → tem algo a impedi-lo, o “terraço”.

Por isso escrevo em meio


Do que não está ao pé, → O poeta não consegue sentir

Livre do meu enleio,


Sério do que não é. O poeta diz que cabe aos leitores terem um sentimento

Sentir? Sinta quem lê! → diferente do que ele teve ao escrever (dor pensada)

Fernando Pessoa

Sobre o texto “Isto”

Este texto surge na sequência de autopsicografia e confirma a ideia de que tudo o que o
poeta escreve se baseia na racionalização das emoções. Tudo é fruto do pensamento, da
imaginação. Este pensamento é metamorficamente encarado pelo sujeito como um
“terraço” que se sobrepõe e tapa o que é verdadeiramente lindo – o sentimento. Conclui
dizendo que a sua escrita fica incompleta por ser desprovida do sentimento do qual ele
está livre. A realidade que o poeta expressa é apenas a aparência da essência.

ELA CANTA, POBRE CEIFEIRA

Ela canta, pobre ceifeira,


Julgando-se feliz talvez; O poeta acha que ela se julga feliz.

Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia


De alegre e anónima viuvez,

Ondula como um canto de ave


No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece, O poeta acha que a única razão que ela tem

Na sua voz há o campo e a lida, para cantar é a vida.

E canta como se tivesse A sua canção é alegre. Canta sobre o trabalho

Mais razões pra cantar que a vida. do campo.

Ah, canta, canta sem razão! Quando o sujeito poético está a escrever ele

O que em mim sente, stá pensando. → está a pensar que sentiu, e ao pensar não

Derrama no meu coração está a sentir, logo o poeta apenas pensa e

A tua incerta voz ondeando! não sente.

Ah, poder ser tu, sendo eu!


Ter a tua alegre inconsciência, O poeta acha que pela razão de a ceifeira

E a consciência disso! Ó céu! apenas sentir e não pensar, é feliz.

Ó campo! Ó canção! A ciência

Pesa tanto e a vida é tão breve!


Entrai por mim dentro! O poeta deseja que a sua alma se torne

Tornai Minha alma a vossa sombra leve! → como a sombra leve da ceifeira.

Depois, levando-me, passai! O poeta pede para morrer.


Fernando Pessoa

Temática – A dor de pensar

1ª Parte - 1ª e 2ª estrofes. Descrição da ceifeira e o seu canto.

2ª Parte – 3ª e 4ª estrofes. Efeito que o canto da ceifeira tem no sujeito poético.

3ª Parte – 5ª até “consciência disso” – O desejo do poeta em ser inconsciente como a


ceifeira mas ter consciência disso (Impossível!!)

4ª Parte – “Ó céu… final”. O pedido/apelo para morrer pois só com a morte deixa de ser
consciente.

Diferenças Poeta/ceifeira

Ceifeira Poeta
Sente Pensa
Inconsciente Consciente
Feliz Infeliz
O que ele quer ser mas não é O que ele é mas não quer ser

O sujeito poético deseja ser como a ceifeira, ser inconsciente e ter consciência disso (o
que é impossível).

O apelo final do poeta é querer morrer.

Céu – simboliza a paz/infinito


Campo – é vasto, calmo, tranquilo
Canção - feliz

O poeta pede a morte ao céu, campo e canção porque só isso lhe dará o fim da
consciência.
“QUANDO AS CRIANÇAS BRINCAM"

Quando as crianças brincam


E eu as oiço brincar, → Fernando Pessoa sente alegria ao ver

Qualquer coisa em minha alma a alegria das outras crianças

Começa a se alegrar.

E toda aquela infância


Que não tive me vem, → Fernando Pessoa não se lembra

Numa onda de alegria da sua infância porque era inconsciente

Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma, Tudo o que diz respeito ao passado já não interessa.

E quem serei visão, → Fernando Pessoa não sabe quem irá ser.

Quem sou ao menos sinta O poeta sente a alegria das outras crianças e não a sua.

Isto no coração.

Fernando Pessoa

Temática – Pessoa e a nostalgia da infância


A alegria pura e sincera é um sentimento ligado ao espaço e tempo da infância. A alegria
que o poeta diz sentir não se relaciona com a sua infância mas com a das crianças que
ele observa.

Sente-se perdido num mundo sem presente na medida em que o presente é apenas a
linha que divide o futuro do passado e ele é fruto de um futuro que ainda não chegou e
um passado que já não é.

“GATO QUE BRINCAS NA RUA”

Gato que brincas na rua


Como se fosse na cama, → Para o gato é completamente indiferente onde brinca

Invejo a sorte que é tua → Fernando Pessoa tem inveja do gato porque

Porque nem sorte se chama. este é inconsciente

Bom servo das leis fatais → Lei da morte

Que regem pedras e gentes,


Que tens instintos gerais → O gato não pensa no que sente

E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,


Todo o nada que és é teu. → O poeta pensa que se conhece, mas ao

Eu vejo-me e estou sem mim, conhecer-se vê que não é ele, ele é os outros

Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa tem inveja de tudo o que não pensa, nem que seja uma simples pedra.

QUANDO ERA CRIANÇA...

Quando era criança Quando era criança Fernando Pessoa viveu sem saber

Vivi, sem saber, porque era inconsciente. Mas apenas tem lembranças

Só para hoje ter da sua infância porque não pode revive-la.

Aquela lembrança.

É hoje que sinto No presente o poeta sente aquilo que foi, mas não é um

Aquilo que fui sentimento verdadeiro, o poeta pensa naquilo que


Minha vida flui sentiu, pois o que sentiu já não pode voltar a sentir.

Feita do que minto.

Mas nesta prisão, → Pensamento

Livro único, leio O poeta está preso ao sentimento, apenas lê o “livro

O sorriso alheio único” que apenas é feito de pensamento e não de

De quem fui então. sentimento. Apenas conhece o sorriso dos outros.

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa diz que para fazer boa poesia tem que estar livre do sentimento, só
assim se pode ser um génio.

Os textos inseridos na temática da dor de pensar definem-se pela dicotomia sentir vs


pensar / inconsciência vs consciência.

O poeta anseia pela inconsciência como sinonimo de felicidade mas, paradoxalmente


também deseja ser consciente desse facto, o que é de todo impossível. A dor de pensar
“saber que não sente mas apenas pensa que sente” leva-o a invejar a inconsciência da
ceifeira, das crianças, dos gatos, das pedras, enfim, a desejar a aniquilação da sua
existência, a morte como único caminho para deixar de ser consciente. A infância é um
espaço e um tempo irremediavelmente perdidos, o que o leva a entrar numa misantropia
(afastamento do convívio social) caracterizada pela frustração e desalento porquanto a
infância representa pureza, ingenuidade, inocência, segurança, felicidade, enfim, a idade
de ouro do ser humano. Sendo inconsciente não conhece o amor porque este é um
sentimento que só se sente sentindo, pensar-se nele é já não existir.

"NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO"

Não sei quantas almas tenho.


Cada momento mudei. → Sucessão em termos de tempo.

Continuamente me estranho. → Tentava sempre mudar quem era, mas nunca conseguia.

Nunca me vi nem achei.


De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma. → Quantas mais almas tinha, menos calma tinha,

Quem vê é só o que vê, pois não se conseguia encontra a si próprio.

Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,


Torno-me eles e não eu. → Os sonhos (desejos) que tem, o que pode eventualmente

Cada meu sonho ou desejo sentir, nunca se sabe de quem é.

É do que nasce e não meu.


Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou. → Como se não pertencesse àquele cenário
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,→ Futuro Não há tempo presente. O sujeito poético não tem

O que passou a esquecer. →Passado nem tempo nem espaço para existir ou ser

Noto à margem do que li


O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?" → Fernando Pessoa pergunta se foi ele que escreveu o poema

Deus sabe, porque o escreveu. → Se o sujeito poético está fragmentado em vários, a

culpa é de Deus e não de


Fernando Pessoa

Temática: Fragmentação do eu

O sujeito poético é feito daquilo que já chegou, e do que ainda vai chegar.

Seleccione no texto os versos que evidenciam o desconhecimento que o sujeito


poético demonstra de si próprio.

“Não sei quantas almas tenho.”

“Continuamente me estranho. / Nunca me vi nem achei. “


“Cada meu sonho ou desejo /É do que nasce e não meu.”

“Torno-me eles e não eu”

“Não sei sentir-me onde estou.”

“Diverso, móbil e só,”

Refira(s) razão(ões) que estarão na origem desse auto desconhecimento.

A fragmentação. Não sabe quem esta a sentir ou penar.

Aponta as consequências desse facto.

Viver num tédio existencial. “Diverso, móbil e só” O individuo não consegue encontrar-
se.
VIVEM EM NÓS INÚMEROS

Vivem em nós inúmeros; → Existem inúmeros heterónimos no sujeito poético

Se penso ou sinto, ignoro


Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar → O sujeito poético é apenas o espaço onde tudo ocorre

Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.


Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo. → É o criador

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou. → Não sabe quem pensa/sente o quê.

Ignoro-os. Nada ditam


A quem me sei: eu 'screvo. → O sujeito poético é apenas um mero instrumento

Escreve, mas quem diz, pensa ou sente, ele não sabe


Ricardo Reis

Refira os aspectos que permitem estabelecer uma nostalgia com o texto


anterior.

. Têm a mesma temática “fragmentação do eu”.

. O sujeito poético na realidade não sabe quem é.

. Consciência da multiplicidade de personalidades que pensam e/ou sentem;

. Ambos “Reis” e “Pessoa” são meros instrumentos de uma escrita múltipla.

É através da fragmentação em múltiplas personalidades que Pessoa tenta encontrar-se e


à unidade que tanto procura, de modo a conseguir estabelecer um equilíbrio entre o
sentir e o pensar. A tendência constante para a intelectualização das emoções, ou seja,
para escrever o que pensa que sente, leva Pessoa à dúvida e à indefinição sobre quem
realmente é. A falta de resposta a esta questão e a impossibilidade de se conseguir
definir como ser mergulham-no no tédio e na angústia existencial.
Alberto Caeiro
. 16 Abril 1889, Lisboa/1915 - Campo - Pouca instrução/órfão

. Literariamente – 8 Março 1914 “O guardado de rebanhos”/”O pastor


amoroso”/”Poemas inconjuntos”

. “Mestre” do seu criador e dos outros heterónimos

– Vida pelos sentidos - VISÃO, AUDIÇÃO, OLFACTO, TACTO, PALADAR

. Pensar - Recusa a introspecção, a metafísica, a filosofia, enfim tudo o que implica


pensar

. (Cesário Verde) Ligado à natureza/simplicidade/infelicidade -


criança/Objectividade/Deambulismo/Visualismo

. “Sou um guardador de rebanhos” – Pastor

. A única realidade da vida são as sensações, sobretudo visuais –


VER = SENTIR = NÃO PENSAR “Pensar é estar doente dos olhos”, “Pensar
incomodam como andar a chuva”

O pensamento retira a essência e a pureza das coisas.

As coisas são o que são e não o que nos queremos que elas sejam.

. Linguagem aparentemente simples, versilibrismo, denotação mas.. conotação.

. O mais contraditório e complexo

Intelectualiza as emoções mesmo quando afirma não as intelectualizar


PENSA

EU NUNCA GUARDEI REBANHOS

Eu nunca guardei rebanhos, → O sujeito poético diz não ser um guardador

Mas é como se os guardasse. de rebanhos mas é com se guardasse rebanhos

Minha alma é como um pastor, → Parte dele comportasse como um pastor

Conhece o vento e o sol → A sua alma é íntima da natureza

E anda pela mão das Estações → Viaja de estação em estação

A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente → Em consequência de possuir uma alma assim,
Vem sentar-se a meu lado. tem acesso à paz que a Natureza, sem gente, lhe dá

Mas eu fico triste como um pôr de sol Mesmo com uma alma com acesso à paz

Para a nossa imaginação, fica triste como quando acontece uma desilusão,

Quando esfria no fundo da planície como quando algo acaba e se converte em mal

E se sente a noite entrada


Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego → Fica triste de uma tristeza natural e justa, e

Porque é natural e justa por essa razão conforma-se. A sua tristeza é

E é o que deve estar na alma → natural e justa quando a alma se ocupa em

Quando já pensa que existe pensar e por consequência não Sá pela

E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. Natureza, pelas flores que as mãos colhem

Como um ruído de chocalhos


Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes. Os seus sentimentos parecem ruidosos e contentes

Só tenho pena de saber que eles são contentes, → O poeta não lamenta que os seus
Porque, se o não soubesse, pensamentos sejam contentes, apenas

Em vez de serem contentes e tristes, → Seriam contentes quer tivesse consciência

Seriam alegres e contentes. disso ou não. É a tristeza que gera a infelicidade

Pensar incomoda como andar à chuva


Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos → Diz não ter ambições nem desejos

Ser poeta não é uma ambição minha


É a minha maneira de estar sozinho. → Ser poeta é a sua “maneira de estar sozinho”

E se desejo às vezes → As vezes deseja ser um cordeirinho.

Por imaginar, ser cordeirinho Ou ser um rebanho inteiro. Para ter mais felicidade

(Ou ser o rebanho todo Ser cordeirinho simboliza ser pacífico, natural,

Para andar espalhado por toda a encosta ingénuo, desprovido do pensamento

A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),


É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol, → Sente tristeza

Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz → Tapa-lhe a felicidade
E corre um silêncio pela erva fora.
DA MINHA ALDEIA VEJO … VII

Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no universo…


Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo → O que está para além do que ele não

E não do tamanho da minha altura... vê não lhe interessa

Nas cidades a vida é mais pequena → Porque ele não consegue ver o

Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. horizonte porque os prédios tapam

Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave, → Metáfora


Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.→ A nossa riqueza é a visão porque

é através dela que temos

Alberto Caeiro as sensações

A única coisa que é verdadeiramente interessante é aquilo que ele vê.

O campo deixa-nos ver tudo o que a vista pode alcançar enquanto que na cidade não
vemos o horizonte porque os prédios tapam. Para ver o que está para lá teríamos que
imaginar (pensar), e isso o poeta recusa-se a fazer.

Importância que o acto de ver assume no poema.

. Pelo repetitivo de marcas linguísticas (palavras) relacionadas com a visão

. Pela ideia expressa pelo sujeito de que tudo o que conhece é através do Olhar – só
conhece quando vê! (Conhecimento empírico)

Vejo 2x | Ver 2x | Vista | Olhar | Ollhos

Traços representativos da poética de Caeiro.

. Comunhão com a Natureza.

. Deambulismo e visualismo (importância do acto de ver)

. Recusa do pensar, do imaginar.

. Dicotomia cidade/campo
Cidade Campo

. Confusão . Tranquilidade

. Impedimento da visão, logo do sentir . Expressão da visão, do sentir

. Lugar de pensar

SOU UM GUARDADOR DE REBANHOS

Sou um guardador de rebanhos.


O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações. O poeta não pensa, apenas sente

Penso com os olhos e com os ouvidos Vive apenas pelas sensações

E com as mãos e os pés


E com o nariz e a boca.

Pensar numa flor é vê-la e cheirá-la


E comer um fruto é saber-lhe o sentido. Pensar é sentir

Por isso quando num dia de calor


Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, As sensações são a única coisa que

Sei da verdade e sou feliz. lhe faz saber a verdade

Alberto Caeiro

“Pedaços” de Alberto Caeiro

“Há metafísica bastante em não pensar em nada”

“O que penso eu do mundo? / Sei lá o que penso eu do mundo! / Se eu adoecesse


pensaria nisso”

“Os meus pensamentos são contentes / Só tenho pena de saber que eles são contentes / Porque,
se o não soubesse / Em vez de serem contentes e tristes / Seriam alegres e contentes”

“Pensar incomoda como andar à chuva”


“Pensar é estar doente dos olhos”

“Toda a paz da Natureza sem gente / Vem sentar-se a meu lado”

“O único sentido intimo das coisas / É elas não terem sentido íntimo nenhum”

“Os meus pensamentos são todos sensações”

“Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca”

“Pensar uma flor é vê-la e cheira-la”

“O essencial é saber ver / Saber ver sem estar a pensar / Saber ver quando se vê / E
nem pensar quando se vê / Nem ver quando se pensa”

“Que difícil ser próprio e não ver se não o visível!”

“Penso nisto não como quem pensa mas como quem respira”

“Porque o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum”

“O que foi não é nada, e lembrar é não ver”

“Amor é a eterna inocência / E a única inocência é não pensar”

“Procuro dizer que sinto / Sem pensar em que o sinto”

Quando as crianças brincam

Quando as crianças brincam


E eu as ouço brincar,
Qualquer coisa em minha alma
Começa a se alegrar

E toda aquela infância


Que não tive me vem,
Numa onda de alegria
Que não foi de ninguém.

Se quem fui é enigma,


E quem serei visão,
Quem sou ao menos sinta
Isto no meu coração.

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua


Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais


Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,


Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

Vivem em mim inúmeros

Vivem em nós inúmeros;


Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma.


Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem eu sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.


Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que eu sou e vejo,


Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo


Como páginas, meu ser.
O que segue prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu"?
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

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