Após uma tentativa falhada de montar uma tipografia e editora dedicou-se, a partir de
1908, à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais, sendo o
restante tempo dedicado à escrita e ao estudo de filosofia grega e alemã.
É em 1912 que revela a sua poesia na revista “A águia” uma série de artigos sobre a
nossa poesia portuguesa.
Em 1920, ano em que a mãe regressão a Portugal com os irmãos, Fernando Pessoa inicia
uma relação sentimental com Ophélia Queiroz testemunhada pelas Cartas de Amor
editadas em 1978.
Este foi o único livro publicado pelo autor. Fernando Pessoa morre em Novembro de
1935, com 47 anos, devido ao consumo excessivo de álcool.
Modernismo (Surgiu em Itália e nos EUA)
Estratégias Provocatórias (Mostra às pessoas que as coisas não estão assim tão bem como a poesia tenta mostrar.)
O mundo não é tão belo como a literatura tenta mostrar. Por essa razão surge a poesia
provocatória de Fernando Pessoa.
Não foi o que eles sentiram, mas sim o que eles pensaram que sentiram. Em Fernando
Pessoa não há sentimentos, apenas racionalização.
Se poesia é o que se pensa e não o que se sente, então poesia é fingimento da realidade.
Primeiro Modernismo
. Abandono do idealismo romântico e desprezo por tudo quanto esteja ligado ao sentimento.
. Abandono do ideal aristotélico de arte (a arte já não existe apenas pelo prazer
estético que provoca, a arte existe sim ao serviço da sociedade, sobretudo da
máquina). Assim, a arte está ao serviço da força e da energia e não da beleza.
O Modernismo Em Portugal
. Os únicos dois números desta revista da revista Orpheu, lançados em Março e Junho
de 1915, marcaram a introdução do modernismo em Portugal
. O primeiro número provocou o escândalo e a troça dos críticos, conforme era desejo
dos autores. O segundo número, que já incluiu também pinturas futuristas de Santa-
Rita Pintor, suscitou as mesmas reacções. Perante o insucesso financeiro, a revista
teve de «fechar portas».
Revista “Orpheu”
. Novo conceito de arte: deve ser a força, o dinamismo, o domínio dos outros;
. O universalismo.
- Nostalgia da infância
- Fragmentação do “eu”
Fernando Pessoa, heteronimos
AUTOPSICOGRAFIA
(Criador – O poeta cria uma realidade outra, advinda do pensamento, ou seja, finge a realidade ao escrever o que
pensa ou sentiu.)
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor → Dor fingida - pensamento
A dor que deveras sente. → Dor sentida - sentimento
Na dor lida sentem bem → Dor lida – pensamento (interpretação que o(s)
Não as duas que ele teve leitores faz(em) do poeta que leu(ram)
Fernando Pessoa
NOTA:
O fingimento poético é a teoria que diz que aquilo que se escreve não é o que se sente
mas o que se pensa que se sente, logo, não se sente, só se pensa.
Sobre o texto “Autopsicografia”
Este escrevia sobre o que o rodeava, não se prevenindo de escrever sobre os seus
próprios sentimentos, a sua angústia, a sua desilusão, a sua solidão, o seu cepticismo, a
sua revolta, a sua saudade da infância, a sua tristeza, tentando por isso criar como
solução para esses problemas todos um mundo dele próprio, de fantasia, de sonho, de
utopia, não tendo no entanto, tido grande sucesso nessa tarefa. Retrata muito as
ambiguidades que o rodeiam, as duvidas, as indecisões, as contrariedades, e os
extremamente opostos (gerais ou pessoais), (pensar/sentir, fingimento/sinceridade,
consciência/inconsciência).
ISTO
Dizem que finjo ou minto → O poeta afirma que ao escrever não finge/mente.
Sentir? Sinta quem lê! → diferente do que ele teve ao escrever (dor pensada)
Fernando Pessoa
Este texto surge na sequência de autopsicografia e confirma a ideia de que tudo o que o
poeta escreve se baseia na racionalização das emoções. Tudo é fruto do pensamento, da
imaginação. Este pensamento é metamorficamente encarado pelo sujeito como um
“terraço” que se sobrepõe e tapa o que é verdadeiramente lindo – o sentimento. Conclui
dizendo que a sua escrita fica incompleta por ser desprovida do sentimento do qual ele
está livre. A realidade que o poeta expressa é apenas a aparência da essência.
Ouvi-la alegra e entristece, O poeta acha que a única razão que ela tem
Ah, canta, canta sem razão! Quando o sujeito poético está a escrever ele
O que em mim sente, stá pensando. → está a pensar que sentiu, e ao pensar não
Tornai Minha alma a vossa sombra leve! → como a sombra leve da ceifeira.
4ª Parte – “Ó céu… final”. O pedido/apelo para morrer pois só com a morte deixa de ser
consciente.
Diferenças Poeta/ceifeira
Ceifeira Poeta
Sente Pensa
Inconsciente Consciente
Feliz Infeliz
O que ele quer ser mas não é O que ele é mas não quer ser
O sujeito poético deseja ser como a ceifeira, ser inconsciente e ter consciência disso (o
que é impossível).
O poeta pede a morte ao céu, campo e canção porque só isso lhe dará o fim da
consciência.
“QUANDO AS CRIANÇAS BRINCAM"
Começa a se alegrar.
Se quem fui é enigma, Tudo o que diz respeito ao passado já não interessa.
E quem serei visão, → Fernando Pessoa não sabe quem irá ser.
Quem sou ao menos sinta O poeta sente a alegria das outras crianças e não a sua.
Isto no coração.
Fernando Pessoa
Sente-se perdido num mundo sem presente na medida em que o presente é apenas a
linha que divide o futuro do passado e ele é fruto de um futuro que ainda não chegou e
um passado que já não é.
Invejo a sorte que é tua → Fernando Pessoa tem inveja do gato porque
Eu vejo-me e estou sem mim, conhecer-se vê que não é ele, ele é os outros
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa tem inveja de tudo o que não pensa, nem que seja uma simples pedra.
Quando era criança Quando era criança Fernando Pessoa viveu sem saber
Vivi, sem saber, porque era inconsciente. Mas apenas tem lembranças
Aquela lembrança.
É hoje que sinto No presente o poeta sente aquilo que foi, mas não é um
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa diz que para fazer boa poesia tem que estar livre do sentimento, só
assim se pode ser um génio.
Continuamente me estranho. → Tentava sempre mudar quem era, mas nunca conseguia.
O que passou a esquecer. →Passado nem tempo nem espaço para existir ou ser
Temática: Fragmentação do eu
O sujeito poético é feito daquilo que já chegou, e do que ainda vai chegar.
Viver num tédio existencial. “Diverso, móbil e só” O individuo não consegue encontrar-
se.
VIVEM EM NÓS INÚMEROS
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou. → Não sabe quem pensa/sente o quê.
As coisas são o que são e não o que nos queremos que elas sejam.
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente → Em consequência de possuir uma alma assim,
Vem sentar-se a meu lado. tem acesso à paz que a Natureza, sem gente, lhe dá
Mas eu fico triste como um pôr de sol Mesmo com uma alma com acesso à paz
Para a nossa imaginação, fica triste como quando acontece uma desilusão,
Quando esfria no fundo da planície como quando algo acaba e se converte em mal
Mas a minha tristeza é sossego → Fica triste de uma tristeza natural e justa, e
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso. Natureza, pelas flores que as mãos colhem
Só tenho pena de saber que eles são contentes, → O poeta não lamenta que os seus
Porque, se o não soubesse, pensamentos sejam contentes, apenas
Não tenho ambições nem desejos → Diz não ter ambições nem desejos
Por imaginar, ser cordeirinho Ou ser um rebanho inteiro. Para ter mais felicidade
(Ou ser o rebanho todo Ser cordeirinho simboliza ser pacífico, natural,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz → Tapa-lhe a felicidade
E corre um silêncio pela erva fora.
DA MINHA ALDEIA VEJO … VII
Nas cidades a vida é mais pequena → Porque ele não consegue ver o
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro. horizonte porque os prédios tapam
O campo deixa-nos ver tudo o que a vista pode alcançar enquanto que na cidade não
vemos o horizonte porque os prédios tapam. Para ver o que está para lá teríamos que
imaginar (pensar), e isso o poeta recusa-se a fazer.
. Pela ideia expressa pelo sujeito de que tudo o que conhece é através do Olhar – só
conhece quando vê! (Conhecimento empírico)
. Dicotomia cidade/campo
Cidade Campo
. Confusão . Tranquilidade
. Lugar de pensar
Alberto Caeiro
“Os meus pensamentos são contentes / Só tenho pena de saber que eles são contentes / Porque,
se o não soubesse / Em vez de serem contentes e tristes / Seriam alegres e contentes”
“O único sentido intimo das coisas / É elas não terem sentido íntimo nenhum”
“Penso com os olhos e com os ouvidos / E com as mãos e os pés / E com o nariz e a boca”
“O essencial é saber ver / Saber ver sem estar a pensar / Saber ver quando se vê / E
nem pensar quando se vê / Nem ver quando se pensa”
“Penso nisto não como quem pensa mas como quem respira”
“Porque o único sentido oculto das coisas / É elas não terem sentido oculto nenhum”
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem eu sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu 'screvo.
Fernando Pessoa