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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Computação

Antenas de Microfita Com Substrato Metamaterial

Manoel do Bonfim Lins de Aquino

Orientador: Prof. Dr. Humberto César Chaves Fernandes

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica e Computação da UFRN (Área de
concentração: Engenharia Elétrica) como
parte dos requisitos para obtenção do tı́tulo
de Mestre em Ciências.

Natal/RN - Brasil
Novembro de 2008
Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Aquino, Manoel do Bonfim Lins de.


Antenas de microfita com substrato metamaterial / Manoel do Bonfim Lins
de Aquino - Natal, RN, 2008.
90 f.

Orientador: Dr. Humberto César Chaves Fernandes.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pro-


grama de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica.

1. Antenas de microfita - Dissertação. 2. Metamateriais - Dissertação. 3.


Método da linha de transmissão transversa - Dissertação. 4. Miniaturização de
antenas - Dissertação. I. Fernandes, Humberto César Chaves. II. Tı́tulo.

RN/UF/BCZM CDU 621.396.67 (043.3)


Antenas de Microfita Com Substrato Metamaterial

Manoel do Bonfim Lins de Aquino

Dissertação de Mestrado aprovada em 19 de novembro de 2008 pela banca exami-


nadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Humberto César Chaves Fernandes (orientador) . . . . . . . DEE/UFRN

Prof. Dr. Laércio Martins de Mendonça (examinador interno) . . . DEE/UFRN

Prof. Dr. Sandro Gonçalves da Silva (examinador interno) . . . . . . DEE/UFRN

Prof. Dr. Alfrêdo Gomes Neto (examinador externo) . . . CTEMA/CEFET-PB


Aos meus pais - Vilani e Cazuza, pela
sabedoria e amor que me proporcionaram
À minha esposa - Justina Laura
Agradecimentos

Ao meu orientador e amigo, Dr. Professor Humberto César Chaves Fernandes.

Aos colegas Davi Bibiano, Richardson, Roberto, Aline, Sousa, João Cléber, pela ajuda.

Aos demais colegas de pós-graduação, pelo companheirismo, crı́ticas e sugestões.

À Indira e famı́lia pela convivência e amizade durante a graduação e mestrado.

À minha famı́lia pelo apoio durante esta jornada, em especial aos irmãos Cleilson e Cle-
vanir que sempre me incentivaram na vida acadêmica.

À minha esposa Justina pelo amor e compreensão.

À CAPES e CNPQ, pelo apoio financeiro.


Resumo

Este trabalho apresenta a análise teórica e numérica dos parâmetros de uma antena
de microfita tipo patch retangular sobre substrato metamaterial. Para isso, é aplicada
a teoria de metamateriais - MTM, em conjunto com o método da Linha de Transmis-
são Transversa - LTT, para a caracterização das grandezas do substrato e obtenção das
equações gerais dos campos eletromagnéticos. É realizado um estudo acerca da teoria
de metamateriais com o intuito de obter seus parâmetros construtivos, os mesmos são
caracterizados através de tensores permissividade e permeabilidade. Essa teoria é apli-
cada ao método da Linha de Transmissão Transversa chegando-se às equações gerais para
os campos eletromagnéticos da antena. Em seguida são utilizados princı́pios da teoria
eletromagnética para obter-se caracterı́sticas como: freqüência de ressonância complexa,
diagramas de radiação e largura de banda. São simulados diferentes configurações de
metamateriais e antenas com o intuito de miniaturizar as dimensões fı́sicas e aumentar
a largura de banda das mesmas, os resultados são apresentados através de gráficos. A
análise teórica computacional deste trabalho se mostra precisa, em comparação a outros,
podendo ser empregado em dispositivos que utilizem metamateriais como substratos. Ao
final são apresentadas conclusões e sugestões para trabalhos futuros.
Palavras Chaves: Antenas de Microfita, Metamateriais, Método da Linha de Trans-
missão Transversa, Miniaturização de Antenas.
Abstract

This paper presents a theoretical and numerical analysis of the parameters of a rectan-
gular microstrip antenna with metamaterial substrate. The metamaterial (MTM) theory
was applied along with Transverse Transmission Line (LTT) method to characterize sub-
strate quantities and obtain the general equations of the electromagnetic fields. A study
on metamaterial theory was conducted to obtain the constructive parameters, which were
characterized through permittivity and permeability tensors to arrive at a set of elec-
tromagnetic equations. Electromagnetic principes are used to obtained parameters such
as complex resonance frequency, bandwidth and radiation pattern were then obtained.
Different metamaterial and antenna configurations were simulated to miniaturize them
physically and increase their bandwidth, the results of which are shown through graphics.
The theoretical computational analysis of this work proved to be accurate when com-
pared to other studies, and may be used for other metamaterial devices. Conclusions and
suggestions for future work are also proposed.
Keywords: Microstrip Antennas, Metamaterials, Transverse Transmission Line, An-
tennas Miniaturization. Method.
Conteúdo

Sumário p. iii

Lista de Figuras p. vi

Lista de Tabelas p. ix

Lista de abreviaturas e siglas p. x

Lista de sı́mbolos p. xi

1 Introdução p. 1

2 Teoria de Antena p. 4

2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4

2.2 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4

2.3 Processo de Radiação na Antena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4

2.4 Campos no Espaço ℜ3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 7

2.4.1 Regiões de Campos Próximos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 7

2.4.2 Região de Campos Distantes - Região de Fraunhofer . . . . . . . p. 7

2.4.3 Campos Distantes para um Dipolo Hertziano . . . . . . . . . . . . p. 7

2.5 Parâmetros de Antenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

2.6 Antenas de Microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

2.6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

2.6.2 Aspectos Históricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15


2.6.3 Linha de Microfita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

2.6.4 Vantagens e Limitações das Antenas de Microfita . . . . . . . . . p. 16

2.6.5 Técnicas de Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17

2.6.6 Métodos de Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20

2.6.7 Métodos de Onda Completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22

2.7 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23

3 Substrato Metamaterial p. 24

3.1 Definição de Metamateriais Esquerdinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

3.2 Superfı́cie de Impedância Reativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

3.3 Metamaterial Planar com Uma Camada . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

3.4 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32

4 Método da Linha de Transmissão Transversa - Aplicado a Metama-


teriais p. 34

4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34

4.2 Desenvolvimento dos Campos Transversais . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35

4.3 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44

5 Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Retangular Com


Substrato Metamaterial p. 45

5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45

5.2 Antena de Microfita Retangular com Substrato Metamaterial . . . . . . . p. 46

5.3 Determinação das Equações dos Campos Eletromagnéticos . . . . . . . . p. 47

5.4 Aplicação Das Condições de Contorno e Determinação das Constantes


Desconhecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 51

5.5 Aplicação das Condições de Contorno Magnéticas e Determinação da


Matriz Admitância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53

iv
5.6 Expansão das Densidades de Corrente em Termos de Funções de Base . . p. 55

5.7 Equação Caracterı́stica e Cálculo da Freqüência de Ressonância Complexa p. 58

5.8 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 59

6 Diagrama de Radiação p. 60

6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60

6.2 Campos Distantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 60

6.2.1 Princı́pio de Equivalência dos Campos . . . . . . . . . . . . . . . p. 64

6.2.2 Campos Tangenciais à Fita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 67

6.2.3 Campos Distantes para uma Antena Retangular de Microfita . . . p. 67

6.3 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 68

7 Resultados p. 70

7.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 70

7.2 Resultados da Freqüência de Ressonância Complexa da antena de Mi-


crofita Retangular com Substrato Metamaterial . . . . . . . . . . . . . . p. 72

7.2.1 Redução das Dimensões Fı́sicas de Antenas Usando Metamateriais p. 72

7.2.2 Análise da Largura de Banda Através dos Tensores Permissivi-


dade e Permeabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 74

7.3 Diagramas de Radiação para Antenas de Microfita com Substrato Meta-


material . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 76

7.4 Resultado Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 77

7.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 78

8 Conclusões p. 79

Bibliografia p. 81

Apêndice A -- Demonstração do Método da Linha de Transmissão


Transversa - LTT v p. 83
Lista de Figuras

2.1 Etapas da radiação em uma antena. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6

2.2 Densidade superficial de fluxo de potência para as regiões definidas pelos raios: Rcp =
q
3 2
0, 62 Dλ e Rcd = 2D
λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 8

2.3 Campos distantes no sistema de coordenadas esféricas para um dipolo Hertzano. . . . p. 9

2.4 Diagramas de irradiação, lóbulos principal e secundários. (a) Diagrama de irradiação


linear; (b) diagrama de irradiação polar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11

2.5 Perda de retorno e largura de banda, para uma antena com freqüência central em 500
Hz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 14

2.6 (a) Polarização elı́ptica. (b) Polarização linear horizontal, caso particular de (a). (c)
Polarização linear vertical, também, caso particular de (a). . . . . . . . . . . . . . p. 14

2.7 Antena de microfita convencional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

2.8 Formas comuns de patchs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

2.9 Alimentação via linha de microfita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

2.10 Alimentação via conector coaxial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18

2.11 Alimentação via acoplamento por abertura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19

2.12 Alimentação via acoplamento por proximidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19

2.13 Modelo da linha de transmissão: (a) efeito franja com um incremento ∆l; (b) dis-
tribuição do campo elétrico ao longo da antena. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21

2.14 Circuito equivalente para antena de microfita, pelo modelo da linha de transmissão. . p. 21

3.1 Diagrama de permissividade - permeabilidade e ı́ndice de refração (CALOZ; ITOH,


2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25

3.2 Diagrama mostrando os vetores de pointing, de onda elétrico e magnético em materiais


comuns (a) e metamateriais left-handed (b). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26
3.3 Diagrama de raios mostrando a direção de propagação de onda (a) material natural,
(b) metamaterial left-handed. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26

3.4 Estrutura TW - Thin Wire, construı́do com fios finos de metal em (a); estrutura
SRR - split ring resonator, construı́do com anéis circulares em (b) e (c) Metamaterial
TW-SRR, formado pela junção das estruturas TW e SRR. . . . . . . . . . . . . . p. 27

3.5 Modelo de circuito equivalente do SRR, (a) SRR configuração dupla e (b) configuração
simples. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29

3.6 Resultados teóricos computacionais para uma estrutura TW-SRR, permeabilidade. . p. 29

3.7 Resultados teóricos computacionais para uma estrutura TW-SRR, per-


missividade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30

3.8 Metamateriais (p  λg ) construı́dos apenas com metais comuns e dielétricos, (a) ε-


negativo/µ-positivo, (b) ε-positivo/µ-negativo e (c) estrutura SRR-TW (SHELBY et
al., 2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30

3.9 Estrutura RIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32

3.10 Metamaterial planar com uma camada, construı́do a partir de uma arranjo de estru-
turas TW e SRR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 32

5.1 Fluxograma descritivo das etapas a serem realizadas nesse capı́tulo. . . . . . . . . . p. 46

5.2 Antena retangular de microfita com substrato metamaterial. . . . . . . . . . . . . p. 46

5.3 Seção transversal de uma antena de microfita com patch de largura W . . . . . . . . p. 47

5.4 Vista superior de uma antena de microfita com patch de largura W e comprimento l. . p. 47

5.5 Seção transversal de uma antena retangular de microfita com patch de largura W . . . p. 50

6.1 Ressoador de aberura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 61

6.2 Equivalência dos campos. No gráfico (a) ~E1 e H


~ 1 são os campos gerados pelas fontes e
~ na superfı́cie ~S1 . Em (b) ~Es e H
campos ~E e H ~ s são os campos gerados pelas densidades

de corrente elétrica e magnética J~s e M


~ s , respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . p. 64

6.3 Campos distantes no sistema de coordenadas esféricas. . . . . . . . . . . . . . . . p. 68

7.1 Antena retangular de microfita com substrato metamaterial. . . . . . . . . . . . . p. 71

7.2 Vista da seção transversal da antena retangular de microfita com substrato metamaterial. p. 71

vii
7.3 Metamaterial planar TW-SRR, construı́dos apenas com metais e dielétricos comuns,
na face superior as células SRR e na inferior as estruturas TW. . . . . . . . . . . . p. 71

7.4 Freqüência de ressonância para antena de microfita. . . . . . . . . . . . . . . . . p. 72

7.5 (a) permissividade para estrutura TW e (b) permeabilidade para estrutura SRR em
função da freqüência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 73

7.6 Freqüência de ressonância em função do comprimento l do patch para o dielétrico


ε = 2, 2 e os MTM’s 1 e 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 74

7.7 Largura de banda em função da freqüência de ressonância, para o dielétrico com


εr = 2, 2 e MTM εx1 = εy1 = εz1 = 4, 4; µx1 = µy1 = µz1 = 1. . . . . . . . . . . . . . . p. 74

7.8 (a) permissividade para estrutura TW e (b) permeabilidade para estrutura SRR em
função da freqüência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 75

7.9 Largura de banda em função da freqüência de ressonância (a) MTM 1 e 2 (b) MTM
3 e 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 76

7.10 Largura de banda em função da freqüência de ressonância (a) MTM 1 e 3 (b) MTM
2 e 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 76

7.11 (a) diagrama de radiação plano E(θ = 0 e − 90 < φ < 90) e (b) diagrama de radiação
plano H(φ = 0 e 0 < θ < 180) para a freqüência 1 GHz. . . . . . . . . . . . . . . p. 77

7.12 (a) permeabilidade e (b) permissividade para o substrato TW-SRR construı́do em


laboratório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 77

7.13 Resultado experimental para antena supracitada - freqüência de ressonância 2,5 GHz. p. 78

viii
Lista de Tabelas

2.1 Tabela comparativa entre as diversas técnicas de alimentação. . . . . . . . . . . . p. 20


Lista de abreviaturas e siglas

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers, p. 4


MTM Metamaterial, p. 24
ME Materiais Esquerdinos - Left Handed , p. 25
MD Materiais Destros - Right Handed , p. 26
TW Fio Fino de Metal - Thin Wire, p. 28
SRR Ressoador de Anel Partido - Split Ring Ressonator , p. 28
TW-SRR Ressoador de Anel Partido e Fio Fino de Metal - Thin Wire p. 29
and Split Ring Ressonator ,
RIS Superfı́cie de Impedância Reativa - Reactivate Impedance Sur- p. 31
face,
PEC Condutor Elétrico Perfeito - Perfectly Electric Conductor , p. 31
PMC Condutor Magnético Perfeito - Perfectly Magnetic Conductor , p. 31
LTT Método da Linha de Transmissão Transversa, p. 34
Lista de sı́mbolos

η Impedância Intrı́nseca do Espaço Livre, p. 9


k Número de Onda, p. 9
r Raio para o Sistema de Coordenadas Esférica, p. 9
~
℘ Vetor de Poynting Complexo, p. 10
Prad Potência Média Radiada pela Antena, p. 10
~
ds Vetor Diferencial de Superfı́cie, p. 10

Re ℘ ~ Densidade Superficial de Potência Irradiada, p. 10
U Intensidade de Radiação, p. 10
P(θ , φ ) Padrão de Radiação, p. 10
F(θ , φ )dB Padrão de Radiação em dB, p. 11
P(θ , φ ) Padrão de Potência, p. 11
F(θ , φ )dB Padrão de Potência em dB, p. 11
D Diretividade, p. 12
G Ganho de Potência, p. 12
Za Impedância de Entrada, p. 12
ROE Relação de Onda Estacionária, p. 13
Γ Coeficiente de Reflexão, p. 13
PR Perda de Retorno, p. 13
LB Largura de Banda, p. 13
~E Vetor Campo Elétrico, p. 35

j Número Imaginário Unitário, j = −1, p. 35
ω Freqüência Angular Complexa, p. 35
µ Permeabilidade Magnética, p. 35
~
H Vetor Campo Magnético, p. 35
ε Permissividade Elétrica, p. 35
∇t Operador Transversal, p. 35
µxx Permeabilidade Magnética Relativa na Direção x, p. 36
µyy Permeabilidade Magnética Relativa na Direção y, p. 36
µzz Permeabilidade Magnética Relativa na Direção z, p. 36
µ0 Permeabilidade Magnética no Espaço Livre, p. 36
εxx Permissividade Elétrica Relativa na Direção x, p. 36
εyy Permissividade Elétrica Relativa na Direção y, p. 36
εzz Permissividade Elétrica Relativa na Direção z, p. 36
ε0 Permissividade Elétrica no Espaço Livre, p. 36
x̂ Versor na Direção x, p. 36
ŷ Versor na Direção y, p. 36
x̂ Versor na Direção z, p. 36
ki Número de Onda da Enésima Região Dielétrica, p. 40
γ Constante de Propagação na Direção y, p. 44
αn Variável Espectral na Direção x, p. 44
βk Variável Espectral na Direção z, p. 44
∇t Operador Transversal, p. 90
αn Variável Espectral na Direção x, p. 96

xii
Capı́tulo 1

Introdução

O eletromagnetismo vem recebendo grande atenção por grupos de pesquisa ao redor


do mundo devido a demanda por novos dispositivos de telecomunicações que transmitam
dados a velocidades cada vez mais altas, exigindo o desenvolvimento de novos circuitos
integrados e materiais de alta eficiência. Em decorrência dessa demanda, novos materi-
ais são desenvolvidos no sentido de possibilitar mecanismos de controle e propagação de
ondas eletromagnéticas. Nesse contexto, as antenas de microfita são introduzidas como
alternativa viável de transmissão e recepção de microondas, podendo ser utilizadas em
conjunto com metamateriais para novos sistemas - Comunicação via satélite, telefonia
móvel, redes Wireless. Avanços significativos vêm ocorrendo tanto na análise das ante-
nas de microfita, como no desenvolvimento de novos materiais - PBG (Photonic Band
Gap), ferritas, metamateriais. Essas antenas são estruturas que consistem em um patch
condutor sobre um substrato dielétrico e um plano de terra na parte inferior, (BAHL;
BHARTIA, 2001). O substrato tem papel importante no desempenho da estrutura, como
o aumento da largura de banda e eficiência, pode-se utilizar materiais com e sem perdas -
semicondutores, ferritas e mais recentemente metamateriais. Nessa dissertação metamate-
riais formados por dielétricos e condutores devidamente arranjados (estruturas periódicas)
são utilizados como substratos com o objetivo de desenvolver antenas de alta eficiência e
tamanhos reduzidos.

Diversos métodos de análise são relatados na literatura, como o Método dos Potenciais
Vetoriais de Hertz, o Método da Linha de Transmissão Equivalente, o Método da Equação
Integral, o Método de Cohn (BAHL; BHARTIA, 2001), o Método da Linha de Transmissão
Transversa (FERNANDES, 1984), entre outros. Entretanto, recomenda-se para o estudo
de estruturas em microfita uma análise por métodos rigorosos, pois produzem resultados
mais exatos e eficazes.
Capı́tulo 1. Introdução 2

Nesse trabalho é utilizado o Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT


(FERNANDES, 1984) em conjunto com Garlekin, caso particular do método dos Momen-
tos (SANTOS, 2005), que são métodos de análise rigorosa no domı́nio espectral. Aquele
consiste em se obter os componentes dos campos elétrico e magnético em função dos
componentes transversais no domı́nio da transformada de Fourier - DTF (BRACEWELL,
1965). O mesmo foi utilizado em vários trabalhos (SANTOS, 2005), (SILVA, 1999), e, em
comparação com outros métodos dinâmicos apresenta alta eficiência, além de importantes
simplificações algébricas das equações envolvidas no processo. O que gera redução de
esforços computacionais.

O trabalho está distribuı́do em oito capı́tulos, buscando-se abordar todo o referen-


cial teórico para o estudo da estrutura e equacionamento matemático e, em seguida,
apresentar uma análise dos resultados obtidos na caracterização da antena. A principal
contribuição do trabalho é o desenvolvimento das equações gerais de campos para um
ressoador de microfita com metamaterial. Constituindo-se um importante avanço nos
estudos do eletromagnetismo, uma vez que, os estudos sobre MTM aplicado à antenas
planares ainda são prematuros.

Primeiramente, é apresentado no capı́tulo 2 a teoria de antenas, conceitos e grandezas


essenciais para caracterização e estudo. Apresenta-se, também, o ressoador de microfita
- situando-o no contexto histórico, aplicações, formas e principais métodos e modelos de
alimentação e análises.

No capı́tulo 3 descreve-se as estruturas metamateriais, apresenta-se o estudo geral do


ı́ndice de refração, permeabilidade e permissividade. São definidos os principais tipos de
metamateriais, descrevendo-se suas estruturas, equacionamentos e curvas caracterı́sticas.

Em seguida, no capı́tulo 4 é desenvolvido um equacionamento rigoroso para os ressoa-


dores retangulares de microfita com substrato metamaterial, através do método da Linha
de Transmissão Transversa e da teoria de metamateriais. Essas equações constituem-se
na alma do trabalho, pois é o ponto de partida para todo o desenvolvimento analı́tico.

No capı́tulo 5, a teoria desenvolvida nos capı́tulos anteriores é aplicada a uma an-


tena de microfita retangular com substrato MTM com o objetivo de obter-se a freqüência
de ressonância complexa e campos eletromagnéticos tangenciais à fita condutora. Para
tanto, encontra-se a solução das equações de Helmohltz utilizando-se condições de con-
torno eletromagnéticas adequadas. Em seguida aplica-se o método dos momentos - as
densidades de corrente são expandidas em termos de funções de bases e encontra-se a
Capı́tulo 1. Introdução 3

equação caracterı́stica, cuja raiz é a freqüência de ressonância complexa.

No capı́tulo 6, baseado no método LTT e na condição de fase estacionária, é desen-


volvida a teoria de campos distantes para um ressoador de fenda e em seguida generalizado
para antenas de microfita (OLIVEIRA, 1996).

Os resultados numéricos para a antena de microfita com substrato metamaterial são


apresentados no capı́tulo 7. Faz-se comparações com outros autores e análises dos resul-
tados obtidos.

Por fim são apresentadas as conclusões a que se chegou e sugestões para trabalhos
posteriores.
Capı́tulo 2

Teoria de Antena

2.1 Introdução

São apresentados neste capı́tulo conceitos e grandezas essenciais para caracterização


e estudos de antenas. Em seguida é feita uma abordagem sobre antena de microfita - as-
pectos históricos, vantagens, limitações, principais aplicações. São apresentados também,
os principais métodos de alimentação e análises de antenas de microfita.

2.2 Definição

Antenas são estruturas metálicas projetadas para radiar e receber energia eletromag-
nética. Constituem-se em elementos essenciais para qualquer sistema de comunicação sem
fios, realizando a interface entre o guia de onda e o espaço livre. Uma definição oficial
do IEEE para antenas é dada em Strutzman and Thiele (STUTZMAN; THIELE, 1998),
como segue: ”That part of a transmitting or receiving system that is designed to radiate
or receive electromagnetic waves”. Ou seja, é o dispositivo responsável por transmitir e
receber ondas eletromagnéticas.

2.3 Processo de Radiação na Antena

Para entender como ocorre a radiação na antena, primeiro precisa-se conhecer o fenô-
meno da radiação eletromagnética.

ρ
∇ · ~E = Lei de Gaus, (2.1)
ε
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 5

∂ ~
∇ × ~E = −µ H Lei de Faraday, (2.2)
∂t

~ = J~ + J~D
∇×H Lei de Ampére. (2.3)

Partindo-se das equações de Maxwell 2.1 a 2.3. Considere uma estrutura geométrica
irradiante δ eletricamente condutora excitada por uma fonte de tensão senoidal V (t) =
V0 sen(2π f ). O processo de irradiação para δ , pode ser resumido em 4 etapas:

(I) Em conseqüência de V (t), surgem correntes da forma I(t) = I0 sen(2π f +φ ) que fluem
h i
~ y, z,t) A2 , tal fluxo implica na ocor-
pela estrutura com densidade superficial J(x, m
rência de cargas elétricas em movimento no interior da estrutura δ , com densidade
h i
volumétrica ρ(x, y, z,t) mC3 ;

(II) Em conseqüência de 2.1 é gerado um campo elétrico ~Eρ (x, y, z,t) devido à densidade
h i
volumétrica de cargas ρ(x, y, z,t) mC3 . Por sua vez, de 2.3 um campo magnético
~ J (x, y, z,t) é estabelecido devido à densidade superficial de corrente J(x,
H ~ y, z,t);

(III) De 2.2, é originado ~EH (x, y, z,t) devido a variação de H


~ J (x, y, z,t) no tempo. Assim,
somando-se as contribuições dos campos elétricos ~EH e ~Eρ , chega-se a ~E(x, y, z,t),
que por seu turno, dá origem à densidade superficial de corrente de deslocamento
J~D (x, y, z,t) = ε ∂ ~E(x, y, z,t);
∂t

~ D (x, y, z,t) é estabelecido em decorrência de J~D (x, y, z,t).


(IV) A partir de2.3, H

As etapas (III) e (IV) repetem-se recursivamente, de sorte que, para cada recursão
existe uma correspondência unı́voca entre o instante t e as coordenadas espaciais (x, y, z).
Observa-se ainda que, o campo ~EH (x, y, z,t) é continuamente regenerado por H
~ D (x, y, z,t),
diferentemente de ~Eρ (x, y, z,t), pois esse apresenta valores significativos apenas nas proxi-
midades do irradiador (região de campos próximos) (FERNANDES; FRANCO, 2002).

A radiação numa antena pode ser explicada através da figura 2.1 a qual mostra uma
fonte de tensão conectada a uma linha de transmissão. Aqui pode-se evidenciar as etapas
descritas acima: a fonte conectada à estrutura irradiante δ estabelece uma tensão V (t) =
V0 sen(2π f ). Conforme descrito em (I), tem-se uma corrente do tipo I(t) = I0 sen(2π f + φ ),
h i h i
~
que flui por δ com densidade superficial J(x, y, z,t) 2 , esse fluxo gera ρ(x, y, z,t) C3 . De
A
m m
(II), ~Eρ (x, y, z,t) é gerado devido a densidade volumétrica de cargas ρ(x, y, z,t). E, devido a
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 6

~ y, z,t), H
densidade superficial de corrente J(x, ~ J (x, y, z,t) é estabelecido. De (III), A variação
~ J (x, y, z,t) no tempo leva à formação de ~EH (x, y, z,t), somando-se os componentes
de H
~EH (x, y, z,t) e ~Eρ (x, y, z,t) chega-se ao campo elétrico total ~E(x, y, z,t), o qual dá origem à
densidade de corrente de deslocamento J~D (x, y, z,t). Por fim, conforme (IV), H ~ D (x, y, z,t)
é estabelecido devido a J~D (x, y, z,t). Desde que seja mantida a fonte de tensão as etapas
acima acontecem ciclicamente e a radiação é estabelecida.

Figura 2.1: Etapas da radiação em uma antena.

Pode-se evidenciar a presença desse campo ao longo da estrutura através de linhas de


força, que são tangenciais ao campo, bem como, a sua magnitude que é diretamente pro-
porcional ao número de linha de força. Conforme exposto, devido à variação dos campos
elétricos e magnéticos, ondas eletromagnéticas são criadas e viajam entre os condutores
do guia. Quando essas perturbações se aproximam da abertura da antena, são formadas
ondas no espaço livre pela conexão da abertura final às linhas de forças. Desde que, a
fonte senoidal continue a criar perturbações elétricas - ondas eletromagnéticas são criadas
continuamente, trafegam através da linha de transmissão até a antena, e são irradiadas
para o espaço livre (BALANIS, 1997).
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 7

2.4 Campos no Espaço ℜ3

As caracterı́sticas e o relacionamento entre os campos ~E(r, θ , φ ,t) e H(r,


~ θ , φ ,t) apre-
sentam diferentes comportamentos a depender da distância r do ponto P(θ , φ ,t) à antena.
Tal comportamento peculiar depende especificamente da relação ente r e λ , definindo
duas regiões básicas de irradiação denominadas de campos próximos (r  λ ) e campos
distantes (r  λ ).

2.4.1 Regiões de Campos Próximos

Esta região é definida como a parte no espaço ℜ3 onde a distância r entre a antena e

q pertencente a região, é tal que r  λ - empiricamente adota-se


qualquer ponto P(θ , φ ,t)
D3
a distância de r < 0, 62 , onde D é a maior dimensão fı́sica da antena e λ é o compri-
λ
mento da onda irradiada). Nessa região E~θ e H
~φ estão defasados no tempo, tornando o
fluxo de potência nas extremidades do ressoador altamente reativo. Fisicamente significa
a existência de ondas estacionárias no interior desta região, que faz com que a energia
irradiada flua para frente e para traz. Ou seja, nessa região há a tendência de manter
confinada a potência fornecida pela antena sem irradiá-la parafrente, exceto no seulimite
q
3 2
externo - inı́cio da denominada zona intermediária de Fresnel 0, 62 Dλ < r < 2D λ aqui,
começa a haver irradiação efetivamente, conforme figura 2.2.

2.4.2 Região de Campos Distantes - Região de Fraunhofer

A região de Fraunhofer é a região no espaço ℜ3 na qual a distância r entre a antena


e qualquer ponto P(θ , φ ,t) pertencente a região, é tal que r  λ (empiricamente adota-se
2
a distância de 2D ~ ~
λ ). Nessa região Eθ e Hφ estão em fase no tempo - nessas condições a
onda eletromagnética irradiada possui seus campos ~E e H ~ relacionados da mesma forma
que numa onda plana incidente. Portanto, a energia eletromagnética é efetivamente ir-
radiada através do espaço ℜ3 em conseqüência do alinhamento de fase entre E~θ e H

(FERNANDES; FRANCO, 2002).

2.4.3 Campos Distantes para um Dipolo Hertziano

A radiação na região de campos distantes para um dipolo Hertziano, pode ser enten-
dida com o auxı́lio do sistema de coordenadas esféricas mostrado na figura 2.6. A direção
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 8

q
D3
Figura 2.2: Densidade superficial de fluxo de potência para as regiões definidas pelos raios: Rcp = 0, 62 λ
2D2
e Rcd = λ .

vertical é dada pelo eixo y é a horizontal pelo plano xz, θ e φ são os ângulos de elevação
e azimute respectivamente. Assim xy é o plano de elevação (φ = 0) ou plano-E, o qual
contém o vetor campo elétrico na direção de máxima propagação. Enquanto xz é o plano

azimutal θ = π2 - Plano-H, onde ocorre a direção de máxima propagação do vetor campo
magnético (BALANIS, 1997).

Considerando, ainda, um dipolo Hertziano (com comprimento L e diâmetro menor


que um comprimento de onda) e assumindo-se que uma corrente I(0) flui através de seu
comprimento. Se o dipolo é colocado na origem, ao longo do eixo ”y”, então conforme
(BALANIS, 1997), pode-se escrever:

KI(0)Le− jkr sen θ


 
1 1
Eθ = jη 1+ − , (2.4)
4πr jkr (kr)2

I(0)Le− jkr cos θ


 
1
Er = η 1+ , (2.5)
(2πr)2 jkr

KI(0)Le− jkr sen θ


 
1
Hφ = j 1+ , (2.6)
4πr jkr
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 9

Figura 2.3: Campos distantes no sistema de coordenadas esféricas para um dipolo Hertzano.

com,
Hr = 0 Hθ = 0 Eφ = 0.

Para a região de campos distantes os termos r2 e r3 podem ser desprezados, assim as


equações 2.4 a 2.8 podem ser escritas como:

KI(0)Le− jkr
Eθ = jη sen θ , (2.7)
4πr

KI(0)Le− jkr
Hφ = j sen θ , (2.8)
4πr

Er = 0, (2.9)

sendo:
η - Impedância intrı́nseca do espaço livre;

k= λ - Número de onda;
r - Raio para o sistema de coordenadas esférica.
Assumindo-se que os campos Eθ e Hφ variam senoidalmente com o tempo, percebe-se

que: as funções 2.7 e 2.8 são transversais entre si; a relação Hφ = η = 120π - é a impedância
intrı́nseca do espaço livre (válida quando o meio de propagação é o vácuo ou ar seco); e a
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 10

magnitude dos campos Eθ e Hφ é inversamente proporcional ao raio r. A direção de Eθ e


Hφ , é definida pelo vetor de Poynting ao longo de r, e indica a direção de propagação da
onda. O vetor de Poynting é dado por (BALANIS, 1997)

 
1 ~ ~ ∗  Var
~
℘= E ×H . (2.10)
2 m2

2.5 Parâmetros de Antenas

Do vetor de Poynting complexo chega-se à potência média irradiada pela antena:

ZZ Z 2π Z π
Prad ~ =
= ℘rad ds ℘rad r2 sen θ dθ dφ [W ] , (2.11)
s 0 0
na qual:
~ = r2 sen θ dθ dφ r̂ - Vetor diferencial de superfı́cie;
ds
 h W i
℘rad = Re ℘ ~ - Vetor de Poynting médio, que determina a densidade superficial
m2
de potência irradiada.
 2
h W i
O termo ℘rad r rad 2
é denominado intensidade de radiação, e mede a potência
irradiada pela antena por unidade de ângulo sólido, ou ainda, densidade sólido-angular
de potência irradiada. Assim a intensidade de radiação de uma antena é definida por:

 
2 W
U = ℘rad r . (2.12)
rad 2

Padrão de radiação F(θ , φ ) de uma antena é uma expressão analı́tica que define a
intensidade normalizada do campo elétrico Eθ (θ , φ ) resultante em cada ponto da superfı́cie
esférica Se de raio re em cujo centro encontra-se a antena:

Eθ (θ , φ )
F(θ , φ ) = , (2.13)
Eθ max
sendo Eθ max o valor máximo de Eθ (θ , φ ) que ocorre para a particular direção (θ , φ ) =
(θmax , φmax ) do espaço ℜ3 sendo θmax e φmax os valores para os ângulos θ e φ que maximizam
a grandeza Eθ (θ , φ ). O gráfico de tal função é denominado diagrama de irradiação.

O padrão de irradiação F(θ , φ ) é dado em Decibéis por 2.14 :


Capı́tulo 2. Teoria de Antena 11

F(θ , φ )dB = 20 log |F(θ , φ )|, (2.14)

por seu turno o padrão de potência de uma antena é dado por 2.15:

P(θ , φ ) = |F(θ , φ )|2 , (2.15)

logo seu valor em Decibéis é 2.16:

P(θ , φ )dB = 10 log |F(θ , φ )|2 = 20 log |F(θ , φ )|, (2.16)

donde temos a seguinte equivalência:

P(θ , φ )dB = F(θ , φ )dB . (2.17)

Figura 2.4: Diagramas de irradiação, lóbulos principal e secundários. (a) Diagrama de irradiação linear;
(b) diagrama de irradiação polar.

Considerando o diagrama de irradiação da figura 2.4, pode-se extrair as seguintes


propriedades:

• Lóbulo principal - ocorre na direção que contém a maior concentração de potência


irradiada, lóbulos secundários - todos os que não são principal.

• HPBW (Half Power Beam Width), largura de feixe com centro no máximo de
F(θ , φ )dB , para a qual a potência irradiada caı́ à metade. Tal grandeza é também
conhecida como ângulo de meia potência.

• FNBW (First Null Beam Width), largura de feixe com centro no máximo de
F(θ , φ )dB , para a qual a potência irradiada caı́ ao seu primeiro valor mı́nimo.
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 12

A diretividade de uma antena é um ı́ndice que mede a “habilidade” em concentrar


a potência irradiada na direção de máxima propagação. Ou seja, mede a capacidade de
concentrar energia dentro de um ângulo sólido.

Umax 4π
D= = , (2.18)
Umed Ωa
na qual:
R 2π R π
Ωa = 0 0 P(θ , φ ) sen θ dθ dφ [sr] - Ângulo sólido de feixe;
Umax - Valor máximo da intensidade de radiação;
Umed - Intensidade de radiação caso a potência fosse irradiada uniformemente em
todas as direções no ℜ3 , ou seja, é a intensidade de radiação resultante de um irradiador
isotrópico.

Ganho de potência é a razão entre a máxima densidade superficial de potência


Pe
irradiada ℘rad (θmax , φmax ) pela antena e ℘radmed = 4πr2
caso a antena fosse um irradiador
isotrópico com 100% de eficiência (η = 1, Pa = Pe ) e alimentado por uma potência Pe .

℘rad (θmax , φmax ) ℘rad (θmax , φmax )


G= Pe
=η Pa
= ηD, (2.19)
4πr2 4πr2
Portanto, o ganho de potência G de uma antena, será no máximo igual à sua diretividade.
Ademais, 10 log G define o parâmetro dBi, ganho em dB em relação a um irradiador
isotrópico. No entanto, devido a essa estrutura ser fisicamente irrealizável, é comum
utilizar-se o parâmetro dBd - ganho em relação ao dipolo de meia onda.

A impedância de entrada de uma antena é a apresentada à linha de transmissão


que a alimenta ou à estrutura de acoplamento que a une à linha de transmissão.

Va
Za =
= Ra + jXa [Ω] , (2.20)
Ia
sendo Ra a resistência de radiação e Xa a reatância própria.

Relação de onda estacionária (ROE), é a relação entre o sinal incidente e o


refletido, sendo um parâmetro de suma importância para os sistemas de comunicação,
pois a medida que essa taxa começa a crescer aumenta as perdas do sistema.

Vmax Imax 1 + Γ
ROE = = = , (2.21)
Vmin Imin 1−Γ
Γ é o coeficiente de reflexão dado por:
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 13

ZL − Z0
Γ= . (2.22)
ZL + Z0

A Perda de retorno indica a proporção entre a potência incidente e a refletida,


definida como:

PR = −20 log Γ [dB], (2.23)

Tanto a perda de retorno quanto o coeficiente de onda estacionárias, são excelentes


ı́ndices para a determinação da performance de antenas, sendo aceito na prática, valores
menores que 1,3 para esse e acima de -10dB para aquele.

A Largura de banda é a faixa na qual a antena opera satisfazendo determinados


parâmetros de performance. A largura de banda (LB), pode ser especificada:

(I) Sob forma percentual (utilizado quando a largura de banda é muito menor que a
freqüência central):

Fs − Fi
LB = , (2.24)
Fc
na qual:
FS - Freqüência superior;
Fi - Freqüência inferior;
Fc - Freqüência central;

(II) Pelo posicionamento de freqüências (Fs e Fi ) - utilizado quando Fs é maior igual ao


dobro de Fi :

Fs
LB = . (2.25)
Fi

A Polarização de uma antena, define a direção do vetor ~E do campo eletromagnético


por ela irradiado com relação a um plano de referência. A forma mais geral de polarização
é a Elı́ptica - quando o vetor ~E gira em um plano perpendicular à direção de propagação
da onda eletromagnética (FERNANDES; FRANCO, 2002).
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 14

Figura 2.5: Perda de retorno e largura de banda, para uma antena com freqüência central em 500 Hz.

Figura 2.6: (a) Polarização elı́ptica. (b) Polarização linear horizontal, caso particular de (a). (c) Polar-
ização linear vertical, também, caso particular de (a).
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 15

2.6 Antenas de Microfita

2.6.1 Introdução

Nesta seção são abordadas as principais caracterı́sticas acerca das antenas de microfita
com patch retangular, de modo a produzir subsı́dios para os estudos dos capı́tulos poste-
riores. Primeiramente será feita uma introdução sobre aspectos históricos, exemplificando
as vantagens e limitações em seu uso. Depois são discutidas as principais técnicas de
alimentação eletromagnética. Finalmente, são mostrados os métodos de análise de maior
aplicação às antenas de microfita.

2.6.2 Aspectos Históricos

O conceito de irradiadores em microfita surgiu em 1953, porém as primeiras antenas


práticas foram desenvolvidas a partir de 1970 por Howell e Munson (BAHL; BHARTIA,
2001). A partir de então foram desenvolvidas antenas e arranjos de microfita explorando
suas vantagens, tais como: pequeno volume, peso reduzido, configuração planar, compa-
tibilidade com circuitos integrados, baixo custo de fabricação e a possibilidade de atuar
com freqüência dual.

2.6.3 Linha de Microfita

A linha de microfita é uma estrutura não-homogênea com o modo de propagação


hı́brido não-TEM. O substrato concentra predominantemente as linhas dos campos eletro-
magnéticos. Quanto maior a permissividade elétrica relativa do substrato (εr ), maior será
a concentração de energia nesta região. Vários dispositivos podem ser fabricados uti-
lizando linhas de microfita entre eles estão os ressoadores, antenas, filtros, acopladores
direcionais e divisores de potência. As antenas de microfita apresentam várias aplicações
tais como: comunicação via satélite, radares, telemetria em mı́sseis, sensoriamento remoto,
comunicações móveis, etc.

A antena de microfita na sua forma mais simples é composta de um elemento metálico


(patch) depositado sobre um substrato (dielétrico) que por sua vez está sobre um plano
de terra (uma fina camada metálica), como mostra a figura 2.7.

O patch pode ter várias geometrias tais como: quadrado, retangular, circular, elı́ptica,
triangular ou qualquer outra configuração de acordo com as caracterı́sticas desejadas. Em
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 16

Figura 2.7: Antena de microfita convencional.

geral para facilitar a análise teórica são comumente escolhidas as formas mostradas na
figura 2.8. A forma do elemento metálico influencia na distribuição de corrente e por
conseqüência na distribuição dos campos na superfı́cie da antena. Logo, a irradiação pode
ser determinada através da distribuição de campo entre o patch metálico e o plano de
terra, bem como, em termos de distribuição de corrente de superfı́cie no patch.

Figura 2.8: Formas comuns de patchs.

2.6.4 Vantagens e Limitações das Antenas de Microfita

As antenas de microfita apresentam algumas vantagens quando comparadas com as


antenas convencionais usadas para microondas (BAHL; BHARTIA, 2001), tais como:

• Baixo peso e configuração fina;

• Polarizações linear e circular são possı́veis com alimentação simples;

• Antenas com polarização dual e freqüência dual são facilmente realizáveis;


Capı́tulo 2. Teoria de Antena 17

• Podem ser facilmente embarcadas com circuitos integrados de microondas;

• Linhas de alimentação e redes de casamento de impedância podem ser fabricadas


simultaneamente com a estrutura da antena.

Entretanto, apresentam algumas limitações:

• Largura de banda limitada;

• Baixo ganho (≈ 6 dB);

• Excitação de ondas de superfı́cie;

• A utilização de substratos com alta constante dielétrica é preferı́vel, pois facili-


tam a integração com MMIC’s (Circuitos Integrados Monolı́ticos de Microondas)
entretanto, substratos com altas constantes dielétricas possuem largura de banda
estreita e baixa eficiência de irradiação, decorrente da alta concentração dos campos
em torno da região de alta permissividade.

Existem muitas formas de diminuir o efeito dessas limitações, como por exemplo, a
redução da excitação de ondas de superfı́cie através da utilização de substratos PBG,
redução do acoplamento entre o patch e plano de terra utilizando-se materiais magnético-
dielétrico - com valor moderado de permissividade e permeabilidade alta (µ > ε) (MOSAL-
LAEI; SARABANDI, 2004). Um aumento na largura de banda pode ser obtido, também,
com antenas de patchs empilhados ou com multicamadas dielétricas.

2.6.5 Técnicas de Alimentação

Antenas de microfita podem ser alimentadas por uma variedade de métodos. Esses
podem ser classificados em duas categorias: contactados e não contactados. Nas técnicas
por contato, a fonte de RF é ligada fisicamente ao patch usando linhas de microfita
ou conector coaxial. Enquanto que, nas técnicas não-conectado, a ligação é feita por
acoplamento eletromagnético. As quatro formas mais comuns são: linha de microfita,
sonda coaxial (Conexão direta), acoplamento por abertura e proximidade (BALANIS,
1997).
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 18

Alimentação por Linha de Microfita

Nesta técnica, uma linha de microfita conecta o patch à extremidade da antena como
mostra a figura 2.9, as vantagens em se usar tal processo é a facilidade de construção, pois
é implementado diretamente sobre o substrato, além de se integrar facilmente a circuitos
impressos.

Figura 2.9: Alimentação via linha de microfita.

Alimentação Coaxial

Essa técnica é muito comum em estruturas de microfita como visto na figura 2.10. O
condutor interno do conector coaxial transpõe o dielétrico e é soldado ao patch, enquanto
o outro condutor (externo) é soldado diretamente ao plano de terra. A principal vantagem
aqui, é que a alimentação pode ser feita em qualquer local do patch, fácil fabricação e tem
baixos espúrios de radiação. Entretanto, impõe limitações à largura de banda.

Figura 2.10: Alimentação via conector coaxial.

Acoplamento por Abertura

Os métodos de acoplamento são os de mais difı́cil fabricação, principalmente o acopla-


mento por abertura. Essa técnica consiste de dois substratos separados por um plano de
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 19

terra. Abaixo do substrato 1 há uma linha de alimentação de microfita que fornece energia
através de um slot (abertura) no plano de terra, como visto na figura 2.11.

Figura 2.11: Alimentação via acoplamento por abertura.

Esse arranjo permite uma otimização independente do mecanismo de alimentação e


do elemento de irradiação. O nı́vel de acoplamento é determinado através do formato e
localização da abertura. Como o plano de terra separa o patch da linha de alimentação,
as radiações superiores são minimizadas. As desvantagens dessa técnica são: dificuldade
de fabricação devido às múltiplas camadas, e baixa largura de banda.

Acoplamento por Proximidade

Essa técnica de alimentação consiste em uma linha de alimentação colocada entre


dois substratos dielétricos, conforme figura 2.12 o patch é colocado sobre o substrato
superior, enquanto que o plano de terra é colocado sob o substrato inferior. As principais
vantagens nessa técnica é que elimina a radiação de alimentação superior e oferece alta
largura de banda. O casamento de impedância é atingido variando-se a largura da linha
de transmissão e espessura dos substratos.

Figura 2.12: Alimentação via acoplamento por proximidade.


Capı́tulo 2. Teoria de Antena 20

A tabeta 2.1 faz uma sı́ntese das técnicas exploradas acima, mostrando as principais
caracterı́sticas, vantagens e limitações (BAHL; BHARTIA, 2001).

Caracterı́sticas Linha de Alimentação Acoplamento Acoplamento


Microfita Coaxial por Aber- por Proximi-
tura dade
Espúrios de Maior Maior Menor Médio
Radiação
Confiabilidade Ótima Boa (a de- Boa Boa
pender da
solda)
Fabricação Fácil Fácil Difı́cil Difı́cil
Casamento Fácil Fácil Fácil Fácil
de Impedân-
cia
Largura de 2-5% 2-5% 2-5% 13%
Banda

Tabela 2.1: Tabela comparativa entre as diversas técnicas de alimentação.

2.6.6 Métodos de Análise

Os principais métodos de análise de antenas de microfita são: o da linha de trans-


missão, o modelo da cavidade, ambos aproximados e os de onda completa - dentre os
quais incluem-se o Método da Linha de Transmissão Equivalente - LTE ou Método da
Imitância, o Método dos Potenciais Vetoriais de Hertz e o Método da Linha de Transmis-
são Transversa - LTT, o qual será usado neste trabalho. Esses baseiam-se em equações
diferenciais integrais e utilizam-se do método dos momentos e de funções de base para
determinar as soluções.

Modelo da Linha de Transmissão (LT)

No modelo da Linha de Transmissão (LT), o patch e a linha de alimentação são mo-


deladas por seções de LT. A antena é então representada por uma seção ressonante onde a
impedância caracterı́stica (Z0 ) e a constante de fase de propagação (β ) são determinados
pelos parâmetros do substrato e dimensões da antena planar. Considerando uma patch
retangular alimentado por uma linha de microfita conforme figura 2.13, quando os cam-
pos eletromagnéticos que se propagam ao longo da linha encontram uma descontinuidade
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 21

(inı́cio do patch), nesse ponto, devido à mudança de largura W da microfita, são gerados
campos de fuga (de franja) nas bordas do patch. Esses efeitos de franja têm como carac-
terı́stica armazenar energia, logo são modelados por capacitores (C). Por outro lado, uma
parte desses campos irradia potência no espaço o que é representado por uma condutân-
cia (G) em paralelo com (C). Em seguida os campos se propagam através do patch até a
outra extremidade onde, devido as dimensões finitas W e l ultrapassam o limite fı́sico do
patch. Aqui mais uma vez aparece o efeito dos campos de fuga, e são modelados como
visto anteriormente por uma associação paralelo de (C) e (G). O processo descrito acima
causa um acréscimo elétrico nas dimensões do patch e é modelado acrescentando-se ao
comprimento l o fator ∆l em ambos os lados do patch, dessa forma tem-se as dimensões
efetivas. A figura 2.13.b mostra a distribuição do campo elétrico ao longo da antena, que
pode ser aproximada pela expressão E0 cos(πx/l). Assim as condições de contorno são
satisfeitas, o campo elétrico é máximo nas bordas e nulo no centro da antena (l/2)

Figura 2.13: Modelo da linha de transmissão: (a) efeito franja com um incremento ∆l; (b) distribuição
do campo elétrico ao longo da antena.

Conforme descrito acima a antena pode ser modelada através do circuito da figura
2.14, os seus parâmetros e as dimensões são dados pelas equações abaixo.

Figura 2.14: Circuito equivalente para antena de microfita, pelo modelo da linha de transmissão.

 
 W
εre f f + 0, 3 + 0, 264
h
∆l = 0, 412h  , (2.26)
 W
εre f f − 0, 258 + 0, 8
h

le f f = l + 2∆l, (2.27)
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 22

h −1/2
 
εr + 1 εr − 1
εe f f = + 1 + 12 , (2.28)
2 2 W

    1/2
c m 2 n 2
Fr = √ + , (2.29)
2 εe f f L W
sendo Fr a freqüência de ressonância. Os ı́ndices m e n representam os modos de propa-
gação na antena,

c
W= r , (2.30)
(εr + 1)
2Fr
2

Wl
C=ε . (2.31)
h

Modelo da Cavidade

O Modelo da Cavidade pode manipular qualquer geometria de patch, tratando a


antena como sendo uma cavidade com paredes ressonantes, onde na base e no topo há
paredes elétricas e nas laterais paredes magnéticas. Os campos na antena são considerados
como sendo os campos na cavidade, dessa forma serão expandidos em termos de modos
ressonantes na cavidade, na qual cada modo tem a sua freqüência de ressonância dada
pela equação 2.32 (BALANIS, 1997).

r
1 mπ 2  nπ 2  pπ 2
Frmnp = √ + + , (2.32)
2π µε h L W

sende c a velocidade da luz. Os ı́ndices m, n, p representam os modos de propagação.

Embora esse modelo seja relativamente simples de implementar e aplicar a diversos


formatos de antenas, há algumas limitações em seu uso, principalmente devido às apro-
ximações iniciais. Dessa forma, esse modelo não oferece um resultado satisfatório para
antenas com substratos mais espessos, com patch empilhados e arranjos de antenas.

2.6.7 Métodos de Onda Completa

A análise de estruturas planares a partir de modelos aproximados (descritos acima),


oferece relevante rapidez nas formulações, no entanto, incluem uma parcela de erro devido
Capı́tulo 2. Teoria de Antena 23

as simplificações feitas, sobretudo quando se trata de aplicações em altas freqüências e


substratos anisotrópicos. Assim, a análise a partir de um método rigoroso é imprescindı́vel
para a precisão dos resultados com substratos metamateriais. É sabido que o modo de
propagação da microfita se modifica devido à interface dielétrico-ar, tornando-se um modo
hı́brido não-TEM. Logo, o método de análise deve considerar a natureza hı́brida dos modos
de propagação, por esse motivo tais métodos são chamados de análise dinâmica ou de
onda completa. Os mais relatados na literatura são: o Método da Linha de Transmissão
Equivalente - LTE ou Método da Imitância, o Método dos Potenciais Vetoriais de Hertz e
o Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT. Esse será utilizado ao longo deste
trabalho, com uma nova formulação para metamateriais. Por esse motivo é desnecessário
apresentá-lo neste momento, pois é detalhado com todo o formalismo matemático no
capı́tulo 4

2.7 Conclusões

Nesse capı́tulo foi apresentado conceitos e grandezas essenciais ao entendimento dos


temas que serão abordados nos capı́tulos seguintes, situando assim, o leitor acerca do
trabalho desenvolvido.
Capı́tulo 3

Substrato Metamaterial

O eletromagnetismo vem recebendo grande atenção por grupos de pesquisa ao redor


do mundo devido à gama de aplicações práticas que esses estudos possibilitam. Os avanços
gerados pelas grandes guerras mundiais e pela guerra fria, impulsionam a demanda por
materiais e abrem uma nova área de trabalho em eletromagnetismo. Tal avanço levou
ao desenvolvimento de materiais artificiais com caracterı́sticas dielétricas e magnéticas
desejáveis. Atualmente meios de fabricação e técnicas inovadoras vêm possibilitando a
fabricação de materiais com caracterı́sticas que não podem ser encontradas na natureza
(SUDHAKARAN, 2006). Tais materiais são chamados metamateriais - MTM. Esses tam-
bém, podem ser definidos como estruturas eletromagnéticas efetivas, homogêneas, arti-
ficiais, com propriedades incomuns que não são encontradas em materiais na natureza
(CALOZ; ITOH, 2000). Uma estrutura homogênea efetiva é aquela em que o compri-
mento médio estrutural de célula p (Fig. 3.4) é muito menor que um comprimento de
onda guiada λg . Assim, esse comprimento médio de célula deve ser pelo menos menor
λg λg
que um quarto de comprimento de onda - p < 4. Essa condição de referência p = 4
será denominada como o limite de homogeneidade efetiva, para garantir que os fenômenos
espalhamento/difração sucumbirão frente à refração quando uma onda se propaga dentro
do meio metamaterial.

Os principais parâmetros constitutivos são a permissividade ε e a permeabilidade µ,


relacionados ao ı́ndice de refração n dado por (CALOZ; ITOH, 2000):


n = ± µr εr , (3.1)

na qual µr e εr são respectivamente a permeabilidade e permissividade relativas, rela-


cionadas à permeabilidade e permissividade no espaço livre dadas por µ0 = µ
µr = 4π 10−7
H/m e ε0 = ε
εr = 8.854 10−12 F/m, respectivamente. Na equação 3.1 o sinal ± para
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 25

o valor duplo da função raiz quadrada admite quatro possibilidades de combinações de


sinais para µ e ε - (+,+), (+,-), (-,+) e (-,-), que são ilustrados no diagrama da Fig. 3.1.
Enquanto as três primeiras combinações são bem conhecidas em materiais tradicionais, a
última (-,-) com permissividade e permeabilidade simultaneamente negativas é uma nova
classe de materiais os “materiais canhotos” ou do inglês left-handed.

Figura 3.1: Diagrama de permissividade - permeabilidade e ı́ndice de refração (CALOZ; ITOH, 2000).

3.1 Definição de Metamateriais Esquerdinos

Estes materiais como uma conseqüência de seus duplos parâmetros negativos mostra-
dos na figura 3.1, são caracterizados por fase e velocidade de grupo antiparalelas ou ı́ndice
de refração negativo, equação 3.1. Os materiais esquerdinos (ME) são claramente meta-
materiais de acordo com a definição dada na seção anterior, uma vez que são artificiais,
λg
efetivamente homogêneos (p < 4) e possuem caracterı́sticas não usuais como o ı́ndice de
refração negativo.

Estes materiais foram inicialmente propostos por Viktor Vaselago em 1968 (VESE-
LAGO, 1968) onde pela primeira vez ambos os parâmetros dielétricos -permissividade ε
e permeabilidade µ - são negativos. Ele os definiu como materiais left-handed. Quando
uma onda eletromagnética passa por esses materiais o vetor de campo elétrico, o vetor de
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 26

campo magnético e o vetor de onda obedecem à regra da mão esquerda ao contrário de


materiais naturais, cujos vetores obedecem à regra da mão direita e possuem parâmetros
de material positivos. Os materiais com parâmetros positivos são nomeados “materiais
destros” (MD). A Fig. 3.2 mostra a direção dos vetores desses materiais. Pode-se observar
que o vetor de pointing e o vetor de onda estão em direções opostas no metamaterial ME,
enquanto obedecem à mesma direção no caso dos materiais MD.

Figura 3.2: Diagrama mostrando os vetores de pointing, de onda elétrico e magnético em materiais
comuns (a) e metamateriais left-handed (b).

Os ME possuem caracterı́sticas não usuais como: lei de Snell, radiação e efeito


Doppler, reversos (VESELAGO, 1968). A Fig. 3.3 mostra as direções de propagação
de onda usando diagramas de raios para o material convencional MD e o ME, quando
uma onda incide obliquamente no material. Pode-se observar que no material natural a
refração da onda na primeira interface é para cima em relação à normal, enquanto no
material artificial é para baixo.

Figura 3.3: Diagrama de raios mostrando a direção de propagação de onda (a) material natural, (b)
metamaterial left-handed.

Vaselago concluiu em seu artigo, que algumas substâncias naturais poderiam exibir
caracterı́sticas ME. Ele então sugeriu: “substancias girotrópicas possuindo plasma e pro-
priedades magnéticas” (metais ferrimagnéticos puros ou semicondutores); “onde tanto a
permissividade quando a permeabilidade são tensores” (estruturas anisotrópicas), pode-
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 27

riam possibilitar o desenvolvimento de um LH. No entanto ele reconheceu: (VESE-


LAGO, 1968), “infelizmente,..., nós não conhecemos sequer uma substância que possa
ser isotrópica e possuir permeabilidade negativa” de fato nenhum LH foi descoberto em
seu tempo.

Foram necessários mais de 30 anos - após publicado seu artigo, para desenvolver
o primeiro metamaterial ME e demonstrá-lo experimentalmente. Esse material não foi
uma substância natural como esperava-se, mas uma estrutura efetivamente homogênea e
artificial - um metamaterial, construı́do por Smith e seus colaboradores na Universidade
da Califórnia em São Diego (SMITH et al., 2000b). Essa estrutura foi proposta por
Pendry et al. na Faculdade Imperial, Londres (PENDRY, 2000). Prendy introduziu
o tipo plasmático ε-negativo/µ-positivo e ε-positivo/µ-negativo mostrado na Fig. 3.4,
que podem ser projetados em freqüência plasmática na faixa de microondas. Ambas as
estruturas possuem um tamanho médio de célula p muito menor que o comprimento de
onda guiada λg (p  λg ) sendo assim uma estrutura artificial, efetivamente homogênea,
com caracterı́sticas incomuns, logo um metamaterial.

Figura 3.4: Estrutura TW - Thin Wire, construı́do com fios finos de metal em (a); estrutura SRR - split
ring resonator, construı́do com anéis circulares em (b) e (c) Metamaterial TW-SRR, formado pela junção
das estruturas TW e SRR.

O metamaterial descrito na Fig. 3.4(a) é o fio fino de metal (thin-wire - TW ). Se a


excitação do campo elétrico ~E é paralela ao eixo dos fios (~E||y), induz-se uma corrente ao
longo desses e se estabelece um momento de dipolo elétrico equivalente, e esse metamate-
rial exibe uma função de freqüência do tipo plasmática para a permissividade da seguinte
forma (PENDRY, 2000),

2
ω pe 2
ζ ω pe
εr (ω) = 1 − + j , (3.2)
ω2 + ζ 2 ω(ω 2 + ζ 2 )
r
2 2πc2
na qual ω pe = p2 ln ( pr )
(c - velocidade da luz, r - raio dos fios) é a freqüência plasmática
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 28

pω pe 2
ε0 ( r )
elétrica, ajustado na faixa de GHz; ξ = πσ (σ - condutividade do metal) é o fator
de amortecimento devido às perdas do metal. Pode-se notar nessa formula que:

Re(εr ) < 0 ⇒ ω 2 < ω pe − ξ 2 , (3.3)

desde que ξ 2 = 0, tem-se:


Re(εr ) < 0 ⇒ ω 2 < ω pe . (3.4)

Por outro lado a permeabilidade é simplesmente µ = µ0 , uma vez que não há presença
de material magnético e o momento de dipolo magnético não é gerado. Deve-se notar que
os fios são considerados muito maiores que um comprimento de onda (teoricamente ao
infinito), o que significa que são excitados em freqüências situadas bem abaixo de sua
primeira ressonância.

O metamaterial descrito na Fig. 3.4(b) é o ressoador de anel partido (split-ring res-


~ é perpendicular ao plano dos anéis
onator - SSR). Se a excitação do campo magnético H
~ ⊥ z) induz-se uma corrente na malha fechada e se estabelece um momento dipolo mag-
(H
nético, e esse metamaterial exibe uma função de freqüência do tipo plasmática para a
permissividade como se segue (PENDRY, 2000),

Fω 2 (ω 2 − ω0m
2 )
Fω 2 ζ
µr (ω) = 1 − 2 )2 + (ωζ )2
+ j 2 )2 + (ωζ )2
, (3.5)
(ω 2 − ω0m (ω 2 − ω0m
 2 r
sendo F = π pr (r - raio interno do anel menor), ω0m = c 3p 3  (d - largura dos
2dr
π ln s
anéis, s - espaço radial entre os anéis) a freqüência de ressonância magnética, que pode
2pR0
ser ajustada para GHz; ζ = rµ0 (R0 - resistência do metal por unidade de comprimento)
é o fator de compensação devido às perdas. Deve-se notar que a estrutura SRR possui
uma resposta magnética - apesar de não incluir materiais condutores magnéticos, devido
à presença de momentos de dipolos magnéticos artificiais gerados pelos anéis ressoadores.
A equação 3.6 revela que uma faixa de freqüência pode existir quando Re(µr ) < 0,

ω0m
Re(µr ) < 0 ⇒ ω0m < ω < √ , (3.6)
1−F
na qual ω pm é a freqüência plasmática magnética. Uma diferença essencial entre as
expressões plasmáticas para a permissividade e a permeabilidade é que a última é de
natureza ressonante µ(ω = ω0m ) = ∞ devido à ressonância dos SRRs, dados por ω0m =
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 29

r
c 3p  (PENDRY, 2000).
2dr3
π ln s

O circuito equivalente do SRR é mostrado na Fig. 3.5 (PENDRY, 2000). Na configu-


ração de anel duplo Fig. 3.5(a), o acoplamento capacitivo e indutivo entre os anéis maior
e menor é modelado por uma capacitância de acoplamento (Cm ) e um transformador n.
Na configuração de anel simples Fig. 3.5(b), o modelo do circuito é um simples RLC
com freqüência ressonante ω0 = √1 . O SRR duplo é essencialmente equivalente ao SSR
LC
simples se o acoplamento mútuo é fraco, porque as dimensões dos dois anéis são muito
próximas, assim L1 ≈ L2 ≈ L e C1 ≈ C2 ≈ C resultando em uma freqüência ressonante
combinada próxima a do SRR simples com as mesmas dimensões, porém com um maior
momento magnético devido a maior densidade de corrente.

Figura 3.5: Modelo de circuito equivalente do SRR, (a) SRR configuração dupla e (b) configuração
simples.

Uma forma de utilizar essas estruturas (thin-wire - TW e split-ring resonator - SSR)


em conjunto, é formar um substrato TW-SRR que consiste da junção de ambas as estru-
turas em um único dielétrico com as estruturas dispostas em lados opostos do substrato
Fig. 3.4(c), resultados para esse substrato podem ser vistos nas Fig. 3.6 e 3.7.

Freqüência Hz

Figura 3.6: Resultados teóricos computacionais para uma estrutura TW-SRR, permeabilidade.

Embora do ponto de vista fı́sico os metamateriais TW-SRR com anéis circulares se-
jam bastante interessantes, na prática são de pouca valia em engenharia para aplicações
planares. Uma alternativa foi apresentada por Shelby (SHELBY et al., 2001), onde são
utilizados anéis quadrados e linhas de transmissão como é mostrada na Fig. 3.8.
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 30

Figura 3.7: Resultados teóricos computacionais para uma estrutura TW-SRR, permissivi-
dade.

Figura 3.8: Metamateriais (p  λg ) construı́dos apenas com metais comuns e dielétricos, (a) ε-negativo/µ-
positivo, (b) ε-positivo/µ-negativo e (c) estrutura SRR-TW (SHELBY et al., 2001).

Os metamateriais descritos são bi-anisotrópicos e caracterizados por tensores permis-


sividade e permeabilidade uniaxiais (SMITH et al., 2000a):

 
µxx 0 0
 
µ = µ0 
 0 µyy 0  (3.7)
0 0 µzz
 
εxx 0 0
 
ε = ε0  0 εyy 0 

 (3.8)
0 0 εzz

A estrutura mostrada na Fig. 3.4(c) pode apresentar caracterı́sticas de material es-


querdino monodimensional, uma vez que apenas uma direção é permitida para o par
(~E, H),
~ assim tem-se: εxx (ω < ω pe ) < 0 ou εxx (ω ≥ ω pe ) > 0; εyy = εzz > 0; µxx (ω0m < ω <
ω pm ) < 0 ou µxx (ω0m ≥ ω ≥ ω pm ) > 0; µyy = µxx > 0. Já a estrutura da Fig. 3.8(c) pode
ser um matetrail esquerdino bidimensional, e permite a seguinte configuração: εxx (ω <
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 31

ω pe ) < 0 ou εxx (ω ≥ ω pe ) > 0; εyy = εzz > 0; µxx e µzz < 0 para ω0m < ω < ω pm ou µxx e
µzz > 0 para ω0m ≥ ω ≥ ω pm ; µyy > 0 (SMITH et al., 2000a). Tal fato ocorre, pois o vetor
~E é direcionado ao longo dos fios - obrigatoriamente em uma única direção. Nada obsta,
~ varie em duas dimensões, desde que ao longo dos anéis quadrados.
que o vetor H

3.2 Superfı́cie de Impedância Reativa

Uma alternativas para as estruturas SRR-TW, é usar uma superfı́cie de impedância


reativa (RIS) como substrato. Essas estruturas podem ser projetadas para possuir a
propriedade de refletir a potência total: como um condutor puramente elétrico (PEC
- perfectly electric conductor ) ou um condutor puramente magnético (PMC - perfectly
magnetic conductor ) e, ao mesmo tempo, ser capaz de armazenar energia elétrica ou
magnética (SARABANDI et al., 2006).

A estrutura RIS, é formada por uma camada capacitiva impressa em um dos lados
de um substrato dielétrico separada por um plano de terra metálico - do lado oposto à
camada capacitiva - no substrato dielétrico. A freqüência de ressonância da superfı́cie
depende: do valor dos elementos capacitivos; da distância entre a camada capacitiva e
a superfı́cie metálica e da permissividade da camada dielétrica. A construção de uma
RIS pode ser feita usando capacitores integrados dispostos de forma periódica. A Fig.
3.9 mostra um arranjo periódico de dipolos cruzados, os quais se acoplam através de
capacitores integrados em suas terminações. Essa estrutura tem o comportamento de
uma PEC. Tal estrutura é equivalente a um circuito LC paralelo no qual a impedância
é sempre reativa. A utilização dessa estrutura como substrato dielétrico, consiste em
empilhar a RIS sob a estrutura desejada melhorando o seu desempenho.

3.3 Metamaterial Planar com Uma Camada

Uma configuração metamaterial planar com uma única camada foi proposta em 2004
por David R. e seus colaboradores (DAVID et al., 2004), nesse artigo estruturas SRR
quadradas são dispostas em um lado da superfı́cie do substrato formando um conjunto
de células ressonantes, enquanto na outra face encontram-se estruturas TW formadas
a partir de linhas metálicas planares Fig. 3.10. Essa configuração será utilizada nessa
dissertação, pois é conveniente para aplicações em estruturas planares podendo ser usadas
como substratos em antenas de microfita.
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 32

Figura 3.9: Estrutura RIS

Figura 3.10: Metamaterial planar com uma camada, construı́do a partir de uma arranjo de estruturas
TW e SRR.

3.4 Conclusões

Neste capı́tulo foi apresentada uma introdução sobre algumas estruturas metamateri-
ais e suas caracterı́sticas, como fatores que motivaram a utilização dessas estruturas em
substrato para os dispositivos que serão descritos neste trabalho, devido à gama de me-
lhorias e inovações possı́veis de ser realizadas. Apresentou-se, também, a caracterização
Capı́tulo 3. Substrato Metamaterial 33

matemática dos MTM (TW-SRR) que será aplicada aos programas desenvolvidos neste
trabalho.
Capı́tulo 4

Método da Linha de Transmissão


Transversa - Aplicado a
Metamateriais

4.1 Introdução

No estudo das linhas de transmissão planares, sobretudo em linhas de microfita para


altas freqüências, é necessário a análise dos campos eletromagnéticos através de métodos
rigorosos, os quais consideram a natureza hı́brida dos modos de propagação, pois esses
se modifica devido à interface dielétrico-ar tornando-se um modo hı́brido não TEM. Tais
métodos são chamados de análise dinâmica ou de onda completa, como o Método da
Linha de Transmissão Equivalente - LTE ou Método da Imitância, o Método dos Poten-
ciais Vetoriais de Hertz e o Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT. Esses
em particular, fazem a mudança para o domı́nio espectral como forma de simplificar a
análise da estrutura. Outro motivação é que a maior parte do desenvolvimento algébrico
independe da geometria analisada, sendo a função de base (responsável por representar as
caracterı́sticas fı́sicas da estrutura) escolhida de acordo com a geometria. O objetivo deste
capı́tulo é desenvolver as equações dos campos eletromagnéticos pelo método da Linha
de Transmissão Transversa - LTT (FERNANDES, 1984) no domı́nio da transformada de
Fourier (DTF) (BRACEWELL, 1965).

Diferentemente de outros métodos de onda completa o Método LTT utiliza a direção


de propagação “y”, transversa a direção real de propagação “z”. Dessa forma há redução
do tempo computacional quando implementado em algumas linguagens computacionais,
como o Fortran.
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 35

4.2 Desenvolvimento dos Campos Transversais

Nessa seção os campos para a região do substrato metamaterial de uma antena de mi-
crofita com Patch retangular são determinados. As equações gerais dos campos - equações
finais do método LTT - são obtidas a partir das equações de Maxwell. Partindo-se das
equações 4.1 e 4.2,

∇ × ~E = − jω µ H,
~ (4.1)

~ = jωε ~E,
∇×H (4.2)

os vetores campo elétrico e magnético são decompostos nas suas três componentes:
fazendo,
~ =H
H ~y +H
~t = H
~ x x̂ + H
~ y ŷ + H
~ z ẑ, (4.3)

~E = ~Ey + ~Et = ~Ex x̂ + ~Ey ŷ + ~Ez ẑ, (4.4)

∂ ∂ ∂ ∂
∇ = ∇y + ∇t = ∇t + ŷ = x̂ + ŷ + ẑ, (4.5)
∂y ∂x ∂y ∂z
com
~t = H
H ~x +H
~z - Campo magnético na direção transversa, (4.6)

~Et = ~Ex + ~Ez - Campo elétrico na direção transversa, (4.7)

e finalmente,
∂ ∂
∇t = x̂ + ẑ. (4.8)
∂x ∂z

Para o caso do metamaterial temos:

 
µxx 0 0
 
µ = µ0 
 0 µyy 0 , (4.9)
0 0 µzz
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 36

 
εxx 0 0
 
ε = ε0 
 0 εyy 0 .
 (4.10)
0 0 εzz

Substituindo (4.3) a (4.5) em (4.2), tem-se:

  
  εxx 0 0 ~Ex x̂
∂ ∂ ∂ ~ x x̂ + H
~ y ŷ + H
~ z ẑ) = jωε0  0 εyy 0  ~Ey ŷ ,
  
x̂ + ŷ + ẑ × (H (4.11)
∂x ∂y ∂z   
0 0 εzz ~Ez ẑ

ou

∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hy ẑ − H z ŷ − Hx ẑ + H z x̂ + Hx ŷ − H y x̂ (4.12)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
= jωε0 (~Ex εxx + ~Ey εyy + ~Ez εzz ),

separando-se as componentes transversais x e z de 4.12, tem-se:

∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hy ẑ − H x ẑ + Hz x̂ − H y x̂ = jωε0 (~
Ex εxx + ~Ez εzz ), (4.13)
∂x ∂y ∂y ∂z
reescrevendo,

   
∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hz x̂ − Hx ẑ + Hy ẑ − Hy x̂ = jωε0 (~Ex εxx + ~Ez εzz ), (4.14)
∂y ∂y ∂x ∂z
como:

 
∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ t,
Hz x̂ − Hx ẑ = ŷ × H (4.15)
∂y ∂y ∂y
e

 
∂ ~ ∂ ~ ~ y,
Hy ẑ − Hy x̂ = ∇t × H (4.16)
∂x ∂z
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 37

então,

  
∂ 
~
ŷ × Ht + ∇t × Hy = jωε0 (~Ex εxx + ~Ez εzz ),
~ (4.17)
∂y

que resulta em

 
~Ex + ~Ez = 1 ∂
~ y + ŷ × H
~t ,
∇t × H (4.18)
jωε0 (εxx + εzz ) ∂y

ou utilizando a equações 4.7 e 4.18,

 
~Et = 1 ~ ∂ ~
∇t × Hy + ŷ × Ht . (4.19)
jωε0 (εxx + εzz ) ∂y

Substituindo 4.4 a (4.5) em 4.1, tem-se:

  
  µxx 0 0 ~ x x̂
H
∂ ∂ ∂
x̂ + ŷ + ẑ × (~Ex x̂ + ~Ey ŷ + ~Ez ẑ) = − jω µ0 
  
~ 
∂x ∂y ∂z  0 µyy 0  Hy ŷ , (4.20)
0 0 µzz ~ z ẑ
H

ou

∂ ~ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂
Ey ẑ − ~Ez ŷ − ~Ex ẑ + ~Ez x̂ + ~Ex ŷ − ~Ey x̂ (4.21)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
~ ~ ~
= jω µ0 (Hx µxx + Hy µyy + Hz µzz ),

separando as componentes transversais x e z de 4.21, tem-se:

∂ ~ ∂ ∂ ∂
Ey ẑ − ~Ex ẑ + ~Ez x̂ − ~Ey x̂ = jω µ0 (H
~ x µxx + H
~ z µzz ), (4.22)
∂x ∂y ∂y ∂z
reescrevendo,

   
∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ~ x µxx + H
~ z µzz),
Ey ẑ − Ey x̂ + Ez x̂ − Ex ẑ = jω µ0 (H (4.23)
∂x ∂z ∂y ∂y
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 38

como:

 
∂ ~ ∂ ~ ∂
Ez x̂ − Ex ẑ = ŷ × ~Et , (4.24)
∂y ∂y ∂y
e

 
∂ ~ ∂ ~
Ey ẑ − Ey x̂ = ∇t × ~Ey , (4.25)
∂x ∂z
então,

  
∂ ~ ~

~ x µxx + H
~ z µzz )
ŷ × Et + ∇t × Et = jωε0 (H (4.26)
∂y

que resulta em,

 
~x +H
~z = 1 ∂
H ∇t × ~Ey + ŷ × ~Et , (4.27)
jω µ0 (µxx + µzz ) ∂y

ou utilizando a equações 4.6 e 4.27,

 
~t = 1 ~ ∂ ~
H ∇t × Ey + ŷ × Et . (4.28)
jω µ0 (µxx + µzz ) ∂y

Para ~Et , substituindo 4.28 em 4.19, tem-se:

  
~ ~ ∂ 1 ~ ∂ ~
jωε0 (εxx + εzz )Et = ∇t × Hy + ŷ × ∇t × Ey + ŷ × Et , (4.29)
∂y − jω µ0 (µxx + µzz ) ∂y
ou
 
1 ∂ ∂
jωε0 (εxx + εzz )~Et = ∇t × H
~y+ ŷ × ∇t × ~Ey + ŷ × ~Et , (4.30)
− jω µ0 (µxx + µzz ) ∂ y ∂y
mas,
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 39

    
∂ ∂ ∂ ∂
ŷ × (∇t × ~Ey ) = ŷ × x̂ + ẑ × ~Ey ŷ = ŷ × x̂ × ~Ey ŷ + ẑ × ~Ey ŷ (4.31)
∂x ∂z ∂x ∂z

 
∂ ~ ∂
= ŷ × Ey ẑ − ~Ey x̂ (4.32)
∂x ∂z

∂ ~ ∂
= ŷ × Ey ẑ − ŷ × ~Ey x̂ (4.33)
∂x ∂z

∂ ~ ∂
= Ey x̂ + ~Ey ẑ (4.34)
∂x ∂z

= ∇t ~Ey , (4.35)

     
∂ ∂ ∂ ∂
ŷ × ŷ × ~Et = ŷ × ŷ × (~Ex x̂ + ~Ez ẑ) = ŷ × ŷ × ~Ex x̂ + ŷ × ~Ez ẑ (4.36)
∂y ∂y ∂y ∂y

 
∂ ~ ∂ ~
= ŷ × − Ex ẑ + Ez x̂ (4.37)
∂y ∂y

∂ ~ ∂
=− Ex x̂ − ~Ez ẑ (4.38)
∂y ∂y

∂ ~
=− Et , (4.39)
∂y
substituindo 4.35 e 4.39 em 4.29, tem-se:
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 40

 
1 ∂ ∂
jωε0 (εxx + εzz )~Et = ∇t × H
~y+ ∇t ~Ey − ~Et , (4.40)
− jω µ0 (µxx + µzz ) ∂ y ∂y
ou

− jω µ0 (µxx + µzz )[ jωε0 (εxx + εzz )~Et ] = (4.41)


2
~ y + ∂ ∇t ~Ey − ∂ ~Et ,
− jω µ0 (µxx + µzz )∇t × H
∂y ∂ y2

∂2 ~ ~ y + ∂ ∇t ~Ey ,
ω 2 µ0 (µxx + µzz )ε0 (εxx + εzz )~Et + Et = − jω µ 0 (µxx + µzz )∇t × H (4.42)
∂ y2 ∂y
ou ainda,

∂2 ~
 
2 ∂
ω µ0 (µxx + µzz )ε0 (εxx + εzz ) + 2 Et = ∇t ~Ey − jω µ0 (µxx + µzz )∇t × H
~ y, (4.43)
∂y ∂y
mas:

∂2
= ky2 , (4.44)
∂ y2

k02 = ω 2 µ0 ε0 , (4.45)

k2 = ω 2 µε, (4.46)

logo, substituindo 4.44 a 4.46 em 4.43, tem-se:


[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]~Et = ∇t ~Ey − jω µ0 (µxx + µzz )∇t × H
~ y, (4.47)
∂y
assim,
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 41

 
~Et = 1 ∂ ~ ~y .
2
∇t Ey − jω µ0 (µxx + µzz )∇t × H (4.48)
[k0 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂y

~ t , substituindo 4.19 em 4.28, tem-se:


Para H

  
~ ~ ∂ 1 ~ ∂ ~
− jω µ0 (µxx + µzz )Ht = ∇t × Ey + ŷ × ∇t × Hy + ŷ × Ht , (4.49)
∂y jωε0 (εxx + εzz ) ∂y
ou
 
~ t = ∇t × ~Ey + 1 ∂ ∂
~ y + ŷ × H
~ t , (4.50)
− jω µ0 (µxx + µzz )H ŷ × ∇t × H
jωε0 (εxx + εzz ) ∂ y ∂y

utilizando 4.35 e 4.39, mudando ~E por H,


~ e substituindo em 4.50, tem-se:

 
~ t = ∇t × ~Ey + 1 ∂ ~ ∂ ~
− jω µ0 (µxx + µzz )H ŷ × ∇t × Hy − Ht , (4.51)
jωε0 (εxx + εzz ) ∂ y ∂y
ou
2
~t + ∂ H
− jω µ0 (µxx + µzz )( jωε0 (εxx + εzz ))H ~t (4.52)
∂ y2
∂ ~
= jωε0 (εxx + εzz )∇t × ~Ey + ∇t H y,
∂y
ou
∂2
 
2
+ ω µ0 (µxx + µzz )ε0 (εxx + εzz ) H~ t = jωε0 (εxx + εzz )∇t × ~Ey + ∂ ∇t H
~ y, (4.53)
∂y2 ∂y

substituindo 4.44 a 4.46 em 4.53,tem-se:

~ t = jωε0 (εxx + εzz )∇t × ~Ey + ∂ ∇t H


[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]H ~ y, (4.54)
∂y
então,

 
~t = 1 ∂
H 2
jωε0 (εxx + εzz )∇t × ~Ey + ∇t H
~y . (4.55)
[k0 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂y
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 42

Da equação 4.48 tem-se:

" #
~Et = ~Ex + ~Ez = 1
(4.56)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]
     
∂ ∂ ∂ ∂ ∂
x̂ + ẑ ~Ey − jω µ0 (µxx + µzz ) x̂ + ẑ × H ~y ,
∂y ∂x ∂z ∂x ∂z
ou
" #
~Et = ~Ex + ~Ez = 1
(4.57)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]
 2
∂2 ~
 
∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Ey x̂ + Ey ẑ + jω µ0 (µxx + µzz ) − Hy ẑ + Hy x̂ ,
∂ y∂ x ∂ y∂ z ∂x ∂z
então,

 2 
~Ex = 1 ∂ ∂
~Ey + jω µ0 µxx H ∂
~ y + jω µ0 µzz H ~ y , (4.58)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂ y∂ x ∂z ∂z
e
 2 
~Ez = 1 ∂ ∂
~Ey − jω µ0 µxx H ∂
~ y − jω µ0 µzz H ~ y . (4.59)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂ y∂ z ∂x ∂x

De maneira análoga, para a equação 4.55, tem-se:

" #
~t = H
~x +H
~z = 1
H (4.60)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]
     
∂ ∂ ∂ ~ ∂ ∂ ~
x̂ + ẑ Hy + jωε0 (εxx + εzz ) x̂ + ẑ × Ey ,
∂y ∂x ∂z ∂x ∂z
ou
" #
~t = H~x +H ~z = 1
H (4.61)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ]
 2
∂2 ~
 
∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hy x̂ + Hy ẑ + jωε0 (εxx + εzz ) Ey ẑ − Ey x̂ ,
∂ y∂ x ∂ y∂ z ∂x ∂z
então,
Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 43

 2 
~x = 1 ∂ ∂ ∂
~ y − jωε0 εxx ~Ey − jωε0 εzz ~Ey ,
H H (4.62)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂ y∂ x ∂z ∂z
e
 2 
~z = 1 ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
H Hy + jωε0 εxx Ey + jωε0 εzz Ey . (4.63)
[k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz ) + ky2 ] ∂ y∂ z ∂x ∂x

Das equações 4.58, 4.59, 4.62, 4.63 chega-se as equações gerais para microfita com
substrato metamaterial:

 
1 ∂
Ẽx = 2 − jαn Ẽy + ω µ0 µxx βk H̃y + ω µ0 µzz βk H̃y ; (4.64)
[γ + k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz )] ∂y

 
1 ∂
Ẽz = 2 − jβk Ẽy − ω µ0 µxx αn H̃y − ω µ0 µzz αn H̃y ; (4.65)
[γ + k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz )] ∂y

 
1 ∂
H̃x = 2 − jαn H̃y − ωε0 εxx βk Ẽy − ωε0 εzz β kẼy ; (4.66)
[γ + k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz )] ∂y

 
1 ∂
H̃z = 2 − jβk H̃y + ωε0 εxx αn Ẽy + ωε0 εzz αn Ẽy . (4.67)
[γ + k02 (µxx + µzz )(εxx + εzz )] ∂y

Nas quais:

ky2 = γ 2 , (4.68)

γ 2 = αn2 + βk2 − ki2 , (4.69)

ki2 = ω 2 µε, (4.70)


Capı́tulo 4. Método LTT - Aplicado a Metamateriais 44


= − jαn , (4.71)
∂x


= − jβk , (4.72)
∂z
e para a região de metamaterial, tem-se:

ki2 = ω 2 µ0 ε0 µyy εyy . (4.73)

4.3 Conclusões

Foi apresentado o desenvolvimento matemático e a determinação dos campos eletro-


magnéticos gerais para ressoador de microfita com substrato metamaterial, utilizando-se
o Método da Linha de Transmissão Transversa. Tal processo constitui-se em inovação no
estudo dessas estruturas, pois possibilita a sua caracterização através de um método de
análise rigorosa.
Capı́tulo 5

Campos Eletromagnéticos na Antena


de Microfita Retangular Com
Substrato Metamaterial

5.1 Introdução

Nesse capı́tulo é apresentado o desenvolvimento das equações dos campos eletromag-


néticos para uma antena de microfita retangular com substrato metamaterial, para tanto
é usado o método da linha de transmissão transversa, pois a análise através de méto-
dos de onda completa se faz necessária para a obtenção de resultados exatos e eficientes.
Partindo-se das equações de Maxwell, as componentes dos campos elétrico e magnético Ẽx ,
Ẽz , H̃x , H̃z são escritos em função das componentes Ẽy e H̃y no domı́nio da transformada
de Fourier. Tomando-se uma solução geral da equação de onda de Helmohltz (será vista
adiante), e aplicando-se as condições de contorno adequadas, são obtidas as constantes
envolvidas nessa solução em função do campo elétrico fora da fita, que são aplicadas às
equações tangenciais resultando em uma equação matricial não homogênea envolvendo as
densidades de corrente na fita. Em seguida aplica-se o método dos momentos, as densi-
dades de corrente são expandidas em funções de base, obtendo-se uma equação matricial
homogênea. A solução não-trivial desse sistema é a equação caracterı́stica da estrutura,
cujas raı́zes permitem a obtenção da freqüência de ressonância complexa da antena e os
campos tangenciais à fita, que servirão de subsı́dio para o cálculo dos campos distantes
da antena. O procedimento descrito pode ser sintetizado através do fluxograma 5.1.
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 46

Figura 5.1: Fluxograma descritivo das etapas a serem realizadas nesse capı́tulo.

5.2 Antena de Microfita Retangular com Substrato


Metamaterial

O dispositivo em estudo é composto por um patch metálico retangular sobre um


substrato metamaterial que tem na parte inferior uma lâmina condutora conhecida como
plano de terra, conforme figura 5.2.

Figura 5.2: Antena retangular de microfita com substrato metamaterial.

Durante a análise o efeito da espessura da lâmina condutora é desprezado e são consi-


derados os parâmetros dimensionais e eletromagnéticos da estrutura e o sistema cartesiano,
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 47

conforme ilustrados nas figuras 5.3 e 5.4.

Figura 5.3: Seção transversal de uma antena de microfita com patch de largura W .

Figura 5.4: Vista superior de uma antena de microfita com patch de largura W e comprimento l.

5.3 Determinação das Equações dos Campos Eletro-


magnéticos

Nessa seção, são desenvolvidas detalhadamente as soluções das equações de ondas para
antena de microfita com substrato metamaterial na região 1. Para região 2 é considerado
o espaço livre.

Das equações de Maxwell tem-se:

∇ × ~E = − jω µ H,
~ (5.1)

e
~ = jωε ~E,
∇×H (5.2)

sendo para o caso de substrato metamaterial:


Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 48

 
µxx 0 0
 
µ = µ0 
 0 µyy 0 , (5.3)
0 0 µzz
e  
εxx 0 0
 
ε = ε0 
 0 εyy 0 .
 (5.4)
0 0 εzz

Como as soluções das equações de onda são feitas considerando a direção de propa-
gação, as equações 5.3 e 5.4 se tornam:

ε = ε0 εyy , (5.5)

e
µ = µ0 µyy . (5.6)

De 5.1, calculando-se o rotacional tem-se:

∇ × ∇ × ~E = − jω µ∇ × H,
~ (5.7)

substituido 5.2 em 5.7,

∇ × ∇ × ~E = ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~E, (5.8)

assim, 1

∇(∇ · ~E) − ∇2 ~E = ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~E, (5.9)

como a região é livre de cargas e correntes elétricas, tem-se pelas equações de Maxwell
que:

∇ · ~E = 0, (5.10)

logo, pode-se escrever 5.9 como segue,


1 Identidade Vetorial ∇ × ∇ × ~A = ∇(∇ · ~A) − ∇2~A
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 49

∇2 ~E + ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~E = 0, (5.11)

esta relação é válida para todas as componentes de ~E e, em particular para Ey , ou seja:

∇2 ~Ey + ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~Ey = 0, (5.12)

decompondo-se o operador ∇2 , tem-se

∂2 ∂2 ∂2
∇2 = + + , (5.13)
∂ x2 ∂ y2 ∂ z2
assim 5.12 é dada por:

∂ 2 ~Ey ∂ 2 ~Ey ∂ 2 ~Ey


+ + + ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~Ey = 0. (5.14)
∂ x2 ∂ y2 ∂ z2

Da teoria da transformada de Fourier, tem-se:

∂ 2 ~Ey
= −αn2 ~Ey , (5.15)
∂ x2
e
∂ 2 ~Ey
= −βk2 ~Ey . (5.16)
∂ z2

Transformando-se 5.14 para o domı́nio da transformada de Fourier, tem-se:

∂ 2 ~Ey
− αn2 ~Ey + − βk2 ~Ey + ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~Ey = 0, (5.17)
∂ y2
ou, ainda

∂ 2 ~Ey
− (αn2 + βk2 − k2 )~Ey = 0, (5.18)
∂ y2
para γ 2 = αn2 + βk2 − k2 , tem-se:

∂ 2 ~Ey
− γ 2 ~Ey = 0, (5.19)
∂ y2
com k = ω 2 ε0 εyy µ0 µyy ~Ey .

A equação 5.19 é a equação de onda para ~Ey . De maneira análoga para H


~ y , mostra-se
que:
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 50

∂ 2 H̃y
− γ 2 H̃y = 0. (5.20)
∂ y2

Através das equações de onda de Helmohltz apresentadas em 5.19 e 5.20 são encon-
tradas as soluções para as componentes dos campos em y para as regiões da estrutura
abaixo.

Figura 5.5: Seção transversal de uma antena retangular de microfita com patch de largura W .

Para região 1:

Ẽy1 = A1e cosh(γ1 y), (5.21)

e
H̃y1 = A1h senh(γ1 y). (5.22)

Para região 2:
Ẽy2 = A2e eγ1 y , (5.23)

e
H̃y2 = A2h eγ1 y . (5.24)

Substituindo as equações 5.21 e 5.22 em 4.64 a 4.67 tem-se para região 1:

−j
Ẽx1 = [αn γ1 A1e senh(γ1 y) + jωβk µ0 (µx1 + µz1 )A1h senh(γ1 y)] , (5.25)
(γ12 + k12 )

−j
Ẽz1 = [βk γ1 A1e senh(γ1 y) − jωαn (µx1 + µz1 A1h µ0 ) senh(γ1 y)] , (5.26)
(γ12 + k12 )

−j
H̃x1 = [αn γ1 A1h cosh(γ1 y) − jωβk ε0 (εx1 + εz1 )A1e cosh(γ1 y)] , (5.27)
(γ12 + k12 )
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 51

−j
H̃z1 = [βk γ1 A1h cosh(γ1 y) + jωαn ε0 (εx1 + εz1 )A1e cosh(γ1 y)] , (5.28)
(γ12 + k12 )

sendo:
k12 = k02 (µx1 + µz1 )(εx1 + εz1 ), (5.29)

e
γ12 = αn2 + βk2 − k02 µy1 εy1 . (5.30)

Substituindo as equações 5.23 e 5.24 nas equações gerais do método LTT para dielétri-
cos (Apêndice A), tem-se para região 2:

−j  −γ2 y −γ2 y

Ẽx2 = −α n γ 2 A 2e e + jωβk µ2 A 2h e , (5.31)
(γ22 + k22 )

−j  −γ2 y −γ2 y

Ẽz2 = −β k γ 2 A 2e e − jωαn µ2 A 2h e , (5.32)
(γ22 + k22 )

−j  −γ2 y −γ2 y

H̃x2 = −αn γ2 A 2h e − jωβ k ε2 A 2e e , (5.33)
(γ22 + k22 )

−j
−βk γ2 A2h e−γ2 y + jωαn ε2 A2e e−γ2 y ,
 
H̃z2 = (5.34)
(γ22 + k22 )
sendo,
k22 = k02 µr2 εr2 . (5.35)

5.4 Aplicação Das Condições de Contorno e Deter-


minação das Constantes Desconhecidas

Em y = g tem-se as condições de contorno dadas por

Ẽx1 = Ẽx2 = Ẽxg , (5.36)

e
Ẽz1 = Ẽz2 = Ẽzg . (5.37)

De 5.36 tem-se:
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 52

−j
[αn γ1 A1e senh(γ1 g) + jωβk µ0 (µx1 + µz1 )A1h senh(γ1 g)] (5.38)
(γ12 + k12 )
−j
−αn γ2 A2e e−γ2 y + jωβk µ2 A2h e−γ2 y = Ẽxg ,
 
=
(γ22 + k22 )
ou

j(γ12 + k12 )Ẽxg − jωβk µ0 (µx1 + µz1 )A1h senh(γ1 g)


A1e = . (5.39)
αn γ1 senh(γ1 g)

De 5.37 tem-se:

−j
[βk γ1 A1e senh(γ1 g) − jωαn µ0 (µx1 + µz1 )A1h senh(γ1 g)] (5.40)
(γ12 + k12 )
−j  −γ2 y −γ2 y

= 2 −β k γ 2 A 2e e − jωαn µ2 A 2h e = Ẽzg ,
(γ2 + k22 )
ou

−(γ12 + k12 )Ẽzg − jβk γ1 A1e senh(γ1 g)


A1h = . (5.41)
ωαn µ0 (µx1 + µz1 ) senh(γ1 g)

Substituindo 5.39 em 5.41 tem-se:

βk Ẽxg − αn Ẽzg
A1h = , (5.42)
ω µ0 (µx1 + µz1 ) senh(γ1 g)
em decorrência, tem-se para A1e :

jαn Ẽxg + jβk Ẽzg


A1e = . (5.43)
γ1 senh(γ1 g)

De 5.38 e 5.40 tem-se:


− j(γ22 + k22 )Ẽxg + jωβk µ2 A2h e−γ2 y
A2e = , (5.44)
αn γ2 e−γ2 y
e

−(γ22 + k22 )Ẽzg + jβk γ2 A2e e−γ2 y


A2h = . (5.45)
ωαn µ2 e−γ2 y
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 53

Substituindo 5.44 em 5.45 tem-se:

 
βk Ẽxg − αn Ẽzg γ2 y
A2h = e , (5.46)
ω µ2
em decorrência, tem-se para A2e :

 
− jαn Ẽxg − jβk Ẽzg γ2 y
A2e = e . (5.47)
γ2

5.5 Aplicação das Condições de Contorno Magnéti-


cas e Determinação da Matriz Admitância

Após a obtenção das constantes dos campos, é aplicada a condição de contorno mag-
nética na interface onde se localiza a fita condutora (y = g) para a figura 5.3. As condições
de contorno utilizadas são (FARIAS; FERNANDES, 1997),

H̃x1 − H̃x2 = J˜zg , (5.48)

e
H̃z1 − H̃z2 = −J˜xg . (5.49)

A aplicação das condições de contorno 5.48 e 5.49, pode ser escrita na forma matricial,
gerando uma matriz que relaciona os campos elétricos tangenciais à interface da fita e as
densidades de corrente tangenciais. Essa é chamada de matriz admitância ou impedância,
dependendo da forma como a equação é representada (COLLIN, 2001), (POZAR, 1998).

" #" # " #


Yxx Yxz Ẽxg J˜xg
= - Matriz Admitância, (5.50)
Yzx Yzz Ẽzg J˜zg

" #" # " #


Zxx Zxz J˜xg Ẽxg
= - Matriz Impedância. (5.51)
Zzx Zzz J˜zg Ẽzg

Aplicando a condição de contorno magnética 5.48 tem-se:


Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 54

    
− j coth(γ1 g) −αn Ẽzg + βk Ẽxg jβk Ẽzg + jαn Ẽxg
αn γ 1 − jωβk ε0 (εx1 + εz1 ) (5.52)
(γ12 + k12 ) ω µ0 (µx1 + µz1 ) γ1
    
−j −αn Ẽzg + βk Ẽxg − jβk Ẽzg − jαn Ẽxg
− 2 −αn γ2 − jωβk ε2 = J˜zg ,
(γ2 + k22 ) ω µ2 γ2

ordenando os termos de acordo com 5.50 tem-se:

− jαn βk γ2 coth(γ1 g)(γ12 + ω 2 ε0 µ0 (εx1 + εz1 )(µx1 + µz1 )) γ1 (γ22 + ω 2 ε2 µ2 )


 
Yzx = + ;
ω µ0 γ1 γ2 (γ12 + k12 )(µx1 + µz1 ) (γ22 + k22 )
(5.53)

γ2 coth(γ1 g)(−αn2 γ12 + ω 2 βk2 ε0 µ0 (εx1 + εz1 )(µx1 + µz1 )) γ1 (−αn2 γ22 + ω 2 βk2 ε2 µ2 )
 
−j
Yzz = + .
ω µ0 γ1 γ2 (γ12 + k12 )(µx1 + µz1 ) (γ22 + k22 )
(5.54)

Aplicando a condição de contorno magnética 5.49 tem-se:

    
j coth(γ1 g) −αn Ẽzg + βk Ẽxg jβk Ẽzg + jαn Ẽxg
βk γ1 + jωαn ε0 (εx1 + εz1 ) (5.55)
(γ12 + k12 ) ω µ0 (µx1 + µz1 ) γ1
    
−j −αn Ẽzg + βk Ẽxg − jβk Ẽzg − jαn Ẽxg
+ 2 −βk γ2 + jωαn ε2 = J˜xg ,
(γ2 + k22 ) ω µ2 γ2

ordenando os termos de acordo com 5.50 tem-se:

γ2 coth(γ1 g)(βk2 γ12 − ω 2 αn2 ε0 µ0 (εx1 + εz1 )(µx1 + µz1 )) γ1 (+βk2 γ22 − ω 2 αn2 ε2 µ2 )
 
j
Yxx = + ;
ω µ0 γ1 γ2 (γ12 + k12 )(µx1 + µz1 ) (γ22 + k22 )
(5.56)

Yxz = Yzx . (5.57)

No estudo de estruturas de microfita a análise é feita através das densidades de cor-


rente na lâmina condutora, portanto, essas são expandidas em termos de funções de base
(BAHL; BHARTIA, 2001). Sendo assim, seria necessário recalcular todas as equações dos
campos para torná-las em função de J˜xg e J˜zg , entretanto, a referida sugestão pode ser
simplificada, e muito, ao se inverter a equação matricial 5.50, logo:
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 55

" # " #−1


Zxx Zxz Yxx Yxz
= , (5.58)
Zzx Zzz Yzx Yzz
é importante ressaltar que a inversão matricial acima só é possı́vel se as matrizes ad-
mitância e impedância forem simétricas, isto é, sendo [Y ] a inversa de [Z], então [Z] é a
inversa de [Y ] 5.58. Assim, obtêm-se a equação matricial da impedância [Z] em função
˜ na qual os termos Zxx , Zxz , Zzx , Zzz são as componentes da
das densidades de corrente [J],
função diádica de Green da estrutura em estudo, dada por

" #" # " #


Zxx Zxz J˜xg Ẽxg
= . (5.59)
Zzx Zzz J˜zg Ẽzg

5.6 Expansão das Densidades de Corrente em Ter-


mos de Funções de Base

O método de Galerkin é um caso particular do método dos momentos, onde as funções


de peso são consideradas iguais às funções de expansão ou funções de base (COLLIN,
2001). Assim, efetua-se o produto interno da equação matricial da impedância pelos con-
jugados das funções de base como será abordado mais adiante. Esse método é usado com
eficiência na análise de estruturas planares na faixa de freqüências de microondas e on-
das milimétricas. Para sua aplicação à estrutura em estudo, são definidas funções de base
que devem representar as caracterı́sticas fı́sicas das distribuições de corrente na fita condu-
tora. A escolha dessas funções é de fundamental importância para a expansão dos campos
elétricos tangenciais à interface da fita condutora ou para a expansão das densidades de
corrente que existem na superfı́cie da fita condutora. Logo, condicionam a estabilidade e
convergência do método dos momentos (BAHL; BHARTIA, 2001). A escolha das funções
de base deve ser tal que obedeçam às condições de contorno da estrutura (BAHL; BHAR-
TIA, 2001). No estudo de estruturas de microfita, tanto os campos elétricos quanto as
densidades de corrente podem ser expandidos em funções de base. Como existe campo
elétrico apenas fora da fita condutora, seria necessário utilizar-se de mais funções de base
do que para o caso da expansão das densidades de corrente, pois a área que contém os
campos (fora da fita condutora) é muito maior do que a área que contém as densidades
de corrente (superfı́cie da fita), assim é preferı́vel expandir as densidades de corrente (que
estão presentes apenas na fita condutora), pois, utiliza-se menos funções de base.
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 56

Ao se obter a equação 5.59, aplica-se as funções de base adequadas para aproximar os


valores das densidades de corrente à forma da função real, conforme apresentado por

M
Jxg (x, z) = ∑ axm fxm(x, z), (5.60)
m=1
e
N
Jzg (x, z) = ∑ azm fzm(x, z), (5.61)
m=1
onde M e N são números inteiros e positivos que podem ser feitos iguais a 1 (um) mantendo
os resultados com uma ótima aproximação dos resultados reais.

Fazendo-se a aproximação M = N = 1 e calculando a dupla transformada de Fourier


conforme definida em (BRACEWELL, 1965) as equações 5.60 e 5.61 tomam a seguinte
forma:
J˜xg (αn , βk ) = ax f˜x (αn , βk ), (5.62)

J˜zg (αn , βk ) = az f˜z (αn , βk ), (5.63)

os termos ax e az são constantes desconhecidas.

Para este trabalho foram utilizadas duas funções de bases nas direções cartesianas OX
e OZ. As suas escolhas baseou-se em trabalhos anteriores, onde foram comprovadas as
suas eficácias (FERNANDES, 1984). E são definidas por:

• Para a direção OZ:

fz (x, z) = fz (x) fz (z), (5.64)

com
1
fz (x) = q , (5.65)
w 2

2 − x2
e
 πz 
fz (z) = cos , (5.66)
l
que no domı́nio espectral são:

componente espectral da função em Z, variando com a variável espectral αn

˜fz (αn ) = πJ0 αn w ,


 
(5.67)
2
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 57

componente espectral da função em Z, variando com a variável espectral βk

2πl cos( β2k l )


f˜z (βk ) = , (5.68)
π 2 − (βk l)2

sendo as variáveis espectrais αn e βk dadas por

nx π
αn = , (5.69)
b
com
dB
b= , (5.70)
2
e
dB = 15w; (5.71)

nz π
βk = , (5.72)
dL
com
L
dL = , (5.73)
2
e
L = 15l. (5.74)

A combinação das duas componentes 5.67 e 5.68 resulta na transformada de Fourier


de 5.64, como sgue:

2π 2 l cos( β2k l )  w 
f˜z (αn , βk ) = J0 αn , (5.75)
π 2 − (βk l)2 2
sendo J0 a função de Bessel de primeira espécie e ordem zero.

• Por se tratar de uma estrutura simétrica foi utilizado a mesma função de base
tanto para a direção OX quanto OZ, necessariamente, fazendo as devidas adequações
quanto as variáveis espectrais e as dimensões da estrutura. Conforme o supracitado
tem-se para a direção OX

fx (x, z) = fx (x) fx (z). (5.76)

com,
1
fx (z) = q , (5.77)
l 2

2 − z2
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 58

e
 πx 
fx (x) = cos
, (5.78)
w
que no domı́nio espectral são: componente espectral da função em X, variando com
a variável espectral βk

 
l
f˜x (βk ) = πJ0 βk , (5.79)
2
componente espectral da função em X, variando com a variável espectral αn

2πw cos( α2n w )


f˜x (αn ) = , (5.80)
π 2 − (αn w)2
a combinação das duas componentes 5.79 e 5.80 resulta na transformada de Fourier
de 5.76, com abaixo:

2π 2 w cos( α2n w )
 
l
f˜x (αn , βk ) = 2 J0 βk . (5.81)
π − (αn w)2 2

5.7 Equação Caracterı́stica e Cálculo da Freqüência


de Ressonância Complexa

As componentes J˜xg ; J˜zg ; Ẽxg ; Ẽzg da matriz impedância definida em 5.59, são funções
desconhecidas, no entanto, os campos elétricos e as densidades de correntes são diferentes
de zero em regiões complementares na interface do dielétrico. Logo, aplicando-se o produto
interno do sistema de equações 5.59 com uma função teste existente apenas na região da
fita, de acordo com o método de Galerkin - que utiliza uma função teste igual à função de
base da densidade de corrente. Pode-se eliminar os campos Ẽxg e Ẽzg . Desde que, a função
teste seja definida em uma região complementar à função de base do campo elétrico, esse
produto interno é nulo fazendo com que o sistema de equações 5.59 se torne homogêneo,
como segue:

" #" # " #


Kxx Kxz ax 0
= , (5.82)
Kzx Kzz az 0
os elementos da matriz [K] são:

Kxx = ∑ f˜x Zxx f˜x∗ ; (5.83)
−∞
Capı́tulo 5. Campos Eletromagnéticos na Antena de Microfita Com Substrato MTM 59


Kxz = ∑ f˜z Zxz f˜x∗ ; (5.84)
−∞


Kzx = ∑ f˜x Zzx f˜z∗ ; (5.85)
−∞


Kzz = ∑ f˜z Zzz f˜z∗ . (5.86)
−∞

O determinante da matriz de parâmetros K da equação 5.82 deve ser igual a zero para
que o sistema tenha uma solução não-trivial. A equação formada por este determinante
fornece uma raiz que é a Freqüência Angular de Ressonância Complexa.

5.8 Conclusão

O estudo apresentado neste capı́tulo sobre o Ressoador Retangular de Microfita mostra


uma análise dinâmica da estrutura através do método LTT, que a partir das equações de
Maxwell chega-se às equações gerais dos campos eletromagnéticos, permitindo o cálculo
da freqüência de ressonância complexa.

Para a obtenção efetiva dos resultados propostos, foi escrito um programa computa-
cional na linguagem FORTRAN, que através do método numérico de NEWTON RAPH-
SON consegue chegar à raiz da equação caracterı́stica a partir de uma aproximação inicial.

As principais vantagens e contribuições do presente trabalho são a utilização de um


método de onda completa para o cálculo da freqüência de ressonância de uma antena de
patch retangular com substrato metamaterial, já que trata-se de uma estrutura nova, ainda
não caracterizada na literatura. Além de fornecer os campos eletromagnéticos tangenciais
à fita, essenciais ao cálculo dos campos distantes da antena (será visto no Cap.6). O
programa desenvolvido oferece o potencial para projetar antenas de alta performance e
com largo grau de liberdade de projeto, pois os parâmetros µ e ε podem assumir qualquer
valor.
Capı́tulo 6

Diagrama de Radiação

6.1 Introdução

Existem diversos métodos e técnicas para o cálculo dos campos distantes de uma
antena de microfita, a maioria baseia-se em equações analı́ticas fechadas, resultado de
simplificações da estrutura. Por isso, esses procedimentos incorrem em erros. Neste
trabalho são determinados os campos distantes através de um método de onda completa
(LTT), o que garante uma solução precisa.

6.2 Campos Distantes

Primeiramente, será desenvolvida a teoria de cálculo dos campos distantes para uma
antena de abertura, posteriormente, generalizada para antenas de microfita (OLIVEIRA,
1996).

Considerando-se uma abertura com dimensões 2a e 2b em um plano infinito, localizada


em y = 0, conforme mostrado na figura 6.1.

Na região do espaço livre, o campo elétrico deve satisfazer à equação de onda de


Helmholtz.

∇2 + K02 ~E(x, y, z) = 0,

(6.1)

sendo K02 = ω 2 µ0 ε0 . Como a região é livre de cargas e correntes elétricas, tem-se pelas
equações de Maxwell que:
∇ · ~E = 0. (6.2)
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 61

Figura 6.1: Ressoador de aberura.

Da definição de transformada de Fourier (BRACEWELL, 1965), tem-se:

Z ∞Z ∞
Ẽ(α, y, β ) = ~E(x, y, z)e j(αx+β y) dxdy, (6.3)
−∞ −∞
e

~E(x, y, z) = 1
Z ∞Z ∞
Ẽ(α, y, β )e− j(αx+β y) dαdβ . (6.4)
4π 2 −∞ −∞

Assim, aplicando-se 6.3 e 6.4 à equação 6.2, tem-se:

∂2
 
+ γ2 Ẽ(α, y, β ) = 0, (6.5)
∂ y2
sendo γ 2 = k02 − α 2 − β 2 .

A solução geral para 6.5 é do tipo:

Ẽ(α, y, β ) = f˜(α, β )e− jγy , (6.6)

que corresponde à radiação na direção de propagação y.

O campo elétrico, para y > 0 pode então ser representado por:

~E(x, y, z) = 1
Z ∞Z ∞
f˜(α, β )e− jγy e− j(αx+β y) dαdβ , (6.7)
4π 2 −∞ −∞
ou
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 62

~E(x, y, z) = 1
Z ∞Z ∞
f˜(α, β )e− jk·r dαdβ , (6.8)
4π 2 −∞ −∞

na qual ~k = α âx + γ ây + β âz , e ~r = xâx + yây + zâz .

O campo elétrico, para y > 0 (Fig. 6.1), é formado pela superposição de ondas do tipo
f˜(α, β )e− jk·r , havendo duas possibilidades a serem discutidas para a constante γ:

(I) γ é real (α 2 + β 2 < k02 ), e nesse caso, as ondas são propagantes e contribuem para a
energia do campo distante.

(II) γ é imaginário (α 2 + β 2 > k02 ), aqui, as ondas são evanescentes e não contribuem
para a energia do campo distante.

Dessa forma, serão considerados os valores α e β para os quais α 2 + β 2 < k02 , já que
são eles que efetivamente contribuem para a energia do campo distante.

Partindo-se de 6.2 e resolvendo o divergente tem-se:

 
∇ · f˜(α, β )e− jk·r = 0, (6.9)

logo,

f˜ · k = 0. (6.10)

Assim, f˜y pode ser determinado a partir de f˜x e f˜z , dessa forma, conclui-se que
o campo em y > 0 (Fig. 6.1), campo elétrico no espaço livre f˜y , é função somente das
componentes tangenciais do campo elétrico na abertura f˜x e f˜z (OLIVEIRA, 1996),
(DAMIANO et al., 1990).

Para a estrutura em análise (Fig. 6.1) em y = 0, tem-se:

~Et (x, 0, z) = ~Ea (x, z) = 1


Z ∞Z ∞
f˜(α, β )e− j(αx+β y) dαdβ , (6.11)
4π 2 −∞ −∞

na qual o ı́ndice t indica a componente tangencial, e ~Ea (x, z) é o campo elétrico na abertura.

Aplicando a transformada de Fourier, tem-se:

Z ∞Z ∞
f˜(α, β ) = ~Ea (x, z)e j(αx+β y) dxdz. (6.12)
−∞ −∞
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 63

Da Figura 6.1, tem-se:

x = r sen θ cos φ , (6.13)

y = r cos θ , (6.14)

z = r sen θ sen φ . (6.15)

Assim,

~k ·~r = αx + γy + β z, (6.16)

ou

~k ·~r = αr sen θ cos φ + γr cos θ + β r sen θ sen φ . (6.17)

A condição de fase estacionária garante que, para ~r muito grande (região de campos
distantes), ~k ·~r não varia com α e β , logo:

∂~k ·~r ∂~k ·~r


= 0, e = 0. (6.18)
∂α ∂β

Usando-se 6.17 e 6.18, obtem-se:

sen θ cos φ
α =γ , (6.19)
cos θ
e
sen θ sen φ
β =γ , (6.20)
cos θ
em decorrência da relação α 2 + β 2 + γ 2 = k02 e das equações 6.19 e 6.20, obetem-se:

γ = k0 cos θ , (6.21)

logo,

α = k0 sen θ cos φ , (6.22)


Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 64

e
β = k0 sen θ sen φ . (6.23)

6.2.1 Princı́pio de Equivalência dos Campos

O princı́pio da equivalência de campos de Schelkunoff (MARTIN, 1984) estabelece


que o campo em uma região com perdas pode ser especificado através das fontes internas
à região juntamente com as componentes tangenciais de campo elétrico na fronteira, ou
pelas fontes internas à região mais as componentes tangenciais de campo magnético na
fronteira, ou ainda, o campo elétrico tangencial em parte da fronteira e o magnético no
restante.

Deste princı́pio (MARTIN, 1984), os campos eletromagnéticos fora da superfı́cie fechada


podem ser determinados através da substituição da superfı́cie fechada por convenientes
densidades elétricas e magnéticas de corrente, conforme a Fig. 6.2

Figura 6.2: Equivalência dos campos. No gráfico (a) ~E1 e H


~ 1 são os campos gerados pelas fontes e campos
~ na superfı́cie ~S1 . Em (b) ~Es e H
~E e H ~ s são os campos gerados pelas densidades de corrente elétrica e
magnética J~s e M
~ s , respectivamente.

As densidades de corrente J~s e M


~ s são dadas por:

h i
J~s = n × H~s −H
~ , (6.24)

h i
~ s = −n × ~Es − ~E .
M (6.25)

~ = ~E = 0 - princı́pio da equivalência de Love (OLIVEIRA, 1996), tem-se:


Desde que H
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 65

J~s = n × H
~ s, (6.26)

~ s = −n × ~Es .
M (6.27)

Considerando-se a abertura da Fig. 6.1 com área S. De acordo com o princı́pio da


equivalência, pode-se determinar o campo distante gerado por uma fonte, a partir das três
situações seguintes (MARTIN, 1984):

1. J~s 6= 0 e M
~ s 6= 0;

2. J~s = ~ s = 0;
6 0eM

3. J~s = 0 e M
~s =
6 0.

Assim, pode-se determinar os campos elétrico e magnético para as três situações acima,
encontrando-se previamente os vetores potenciais elétrico e magnético A(r) e Am (r), e em
seguida expandido-os em termos de ~Eθ e ~Eφ .

Para o primeiro caso ( J~s = ~s =


6 0eM 6 0 ), tem-se:

Z Z
µ0 − jk0~r 0
A(~r) = e J~s (~r0 )e jk0~r·~r dx0 dz0 , (6.28)
4πr s

Z Z
ε0 − jk0~r ~ s (~r0 )e jk0~r·~r0 dx0 dz0 .
Am (~r) = e M (6.29)
4πr s

Para o segundo caso ( J~s = ~ s = 0 ), tem-se:


6 0eM

Z Z
µ0 − jk0~r 0
A(~r) = e 2J~s (~r0 )e jk0~r·~r dx0 dz0 . (6.30)
4πr s

Para o terceiro caso ( J~s = 0 e M


~ s 6= 0 ), tem-se:

Z Z
ε0 − jk0~r 0
~ s (~r0 )e jk0~r·~r dx0 dz0 ,
Am (~r) = e 2M (6.31)
4πr s
sendo
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 66

~r0 = x0 âx + z0 âz , (6.32)

~ a,
J~s = ây × H (6.33)

e
~ s = −ây × ~Ea .
M (6.34)

Encontrados os potenciais elétricos e magnéticos, pode-se determinar os campos dis-


tantes a partir das equações

~Eθ = − jωAθ − jωη0 Amφ , (6.35)

~Eφ = − jωAφ − jωη0 Amθ , (6.36)

nas quais η0 é a impedância intrı́nceca do espaço livre.

Através da definição de transformada de Fourier, equações 6.22, 6.23, 6.28 e 6.36,


obtém-se as equações para o campo elétrico distante de acordo com as fontes consideradas
(J~s 6= 0 e M
~ s 6= 0; J~s 6= 0 e M
~ s = 0; J~s = 0 e M
~ s 6= 0), assim tem-se:

1. J~s 6= 0 e M
~ s 6= 0:

− jk0~r 
~Eθ = jk0 e

Ẽxg cos φ + Ẽzg sen φ + η0 cos θ (H̃zg cos φ − H̃xg sen φ ) , (6.37)
4π~r
e

− jk0~r 
~Eφ = jk0 e

(Ẽzg cos φ − Ẽxg sen φ ) cos θ − η0 (H̃zg sen φ + H̃xg cos φ ) ; (6.38)
4π~r

2. J~s = ~ s = 0:
6 0eM

− jk0~r
~Eθ = jk0 η0 e

H̃zg cos φ − H̃xg sen φ cos θ , (6.39)
2π~r
e
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 67

− jk0~r
~Eφ = jk0 η0 e

H̃zg sen φ + H̃xg cos φ ; (6.40)
2π~r
3. J~s = 0 e M
~s =
6 0:

− jk0~r
~Eθ = jk0 e

Ẽxg cos φ + Ẽzg sen φ , (6.41)
2π~r
e

− jk0~r
~Eφ = jk0 e

Ẽzg cos φ − Ẽxg sen φ cos θ . (6.42)
2π~r

Nas equações acima os termos Ẽxg e Ẽzg , H̃xg e H̃zg são respectivamente as componentes
do campo elétrico e magnético tangenciais à fita, no domı́nio da transformada de Fourier.
Em ambas as funções os ı́ndices x e z indicam as direções cartesianas.

6.2.2 Campos Tangenciais à Fita

Os campos tangenciais à fita (Ẽxg e Ẽzg ) na interface superior da antena são deter-
minados a partir do método LTT em conjunto com o método de Galerkin, a precisão
de tal procedimento depende da escolha minuciosa das funções de bases adequadas, con-
forme ilustrado no Cap. 5. De posse da equação caracterı́stica da antena 5.82, foram
determinadas as constantes desconhecidas ax e az contidas nas equações de expansão das
densidades de corrente 5.60 e 5.61 com o objetivo de determinar as densidades de corrente
na fita. Assim determinou-se os campos tangenciais a partir do sistema de equações

" #" # " #


Yxx Yxz Ẽxg J˜xg
= . (6.43)
Yzx Yzz Ẽzg J˜zg

6.2.3 Campos Distantes para uma Antena Retangular de Mi-


crofita

A radiação na região de campos distantes para uma antena de microfita pode ser
entendida com o auxı́lio do sistema de coordenadas esféricas mostrado na figura 6.3. A
direção vertical é dada pelo eixo y é a horizontal pelo plano xz, θ e φ são os ângulos de
elevação e azimute respectivamente. Assim xy é o plano de elevação (φ = 0) ou plano-H,
o qual contém o vetor campo magnético na direção de máxima propagação. Enquanto xz
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 68

π

é o plano azimutal θ = 2 ou Plano-E, onde ocorre a direção de máxima propagação do
vetor campo elétrico (BALANIS, 1997). Desta forma define-se:

• Plano E ( θ = 90◦ , 0◦ < φ < 90◦ e 270◦ < φ < 360◦ ),

• Plano H ( φ = 0◦ , 0◦ < θ < 180◦ ).

Figura 6.3: Campos distantes no sistema de coordenadas esféricas.

Para antenas de microfita, tem-se o modelo de radiação através de aberturas laterais


e, portanto, as expressões para o campo distante são dadas através das equações

− jk0~r
~Eθ = jk0 e

Ẽxg cos φ + Ẽzg sen φ , (6.44)
2π~r
e

− jk0~r
~Eφ = jk0 e

Ẽzg cos φ − Ẽxg sen φ cos θ . (6.45)
2π~r

6.3 Conclusão

Nesse capı́tulo foi demonstrado o cáculo dos campos distantes para uma antena de
abertura, utilizando-se da condição de fase estacionária, e em seguida, generalizado para
o caso de uma antena de microfita. A equação geral encontrada para os campos no
Capı́tulo 6. Diagrama de Radiação 69

espaço livre é função dos campos tangenciais à fita, o que possibilita utilizar-se da teoria
desenvolvida no Cap. 5. Não obstante, os campos tangenciais são determinados através
do método LTT (método de onda completa), o que garante a precisão dos resultados.
Capı́tulo 7

Resultados

7.1 Introdução

A partir da teoria desenvolvida nos Capı́tulos 3, 5 e 6, obtive-se resultados para a an-


tena de microfita retangular com substrato metamaterial (estrutura apresentada no Cap.
2), os resultados são: freqüência de ressonância complexa, diagrama de radiação e largura
de banda. Para tanto, foram desenvolvidos os seguintes programas: FRPMSMTM
(AQUINO; FERNANDES, 2008), que calcula a freqüência de ressonância complexa e os
campos elétricos tangenciais à fita para antenas de microfita com substrato metamaterial,
de acordo com a teoria desenvolvida no capı́tulo 5; CPPMSMTM, determina a permis-
sividade e a permeabilidade para o substrato metamaterial, com base na teoria descrita no
capı́tulo 3; CDRPMSMTM, calcula o diagrama de radiação para antenas de microfita
com substrato metamaterial, baseado na teoria descrita nos capı́tulos 5 e 6.

Nos resultados apresentados neste capı́tulo é desconsiderada a existência de perdas na


região metamaterial do ressoador, sendo portanto, a condutividade igual a zero (σ = 0).
A freqüência de ressonância complexa é uma quantidade real, pois a parte imaginária é
desprezada (parcela de perdas) (SILVA, 1999).

A estrutura em análise é mostrada nas figuras 7.1 e 7.2, os parâmetros fı́sicos en-
volvidos nos resultados são: espessura do substrato “g”, largura e comprimento do patch
“w” e “l” respectivamente, tensores permissividade e permeabilidade “ε” e “µ”. Durante a
análise a espessura da fita metálica “s” é desconsiderada.

O substrato metamaterial considerado nas simulações é o mostrado na figura 7.3, sua


teoria e formulações foram apresentadas no capı́tulo 3, as dimensões fı́sicas são dadas
em milı́metros e os valores de permeabilidades e permissividades são obtidos através do
programa CPPMSMTM.
Capı́tulo 7. Resultados 71

Figura 7.1: Antena retangular de microfita com substrato metamaterial.

Figura 7.2: Vista da seção transversal da antena retangular de microfita com substrato metamaterial.

Figura 7.3: Metamaterial planar TW-SRR, construı́dos apenas com metais e dielétricos comuns, na face
superior as células SRR e na inferior as estruturas TW.
Capı́tulo 7. Resultados 72

7.2 Resultados da Freqüência de Ressonância Com-


plexa da antena de Microfita Retangular com
Substrato Metamaterial

Para efeito de comprovação é traçada uma curva de freqüência de ressonância em


função do comprimento l do patch, e comparada com (SANTOS, 2005), esse autor por
sua vez, comparou seus resultados com o método da cavidade (CALOZ; ITOH, 2000).

Os resultados apresentados na figura 7.4 foram obtidos a partir dos seguintes parâ-
metros: largura do patch w = 15 mm, material usado no substrato dielétrico (trabalho do
autor (SANTOS, 2005)) foi o RT Duroid 5880, que tem permissividade elétrica relativa
εr = 2, 2, altura do dielétrico h = 1, 27 mm. Para o caso metamaterial (resultado desse
trabalho) foi considerado o caso limite (εx1 = 0, εy1 = 2, 2, εz1 = 1 e µx1 = 0, µyx = 0,
µz1 = 1) valores para os quais o metamaterial descrito em 5.53 a 5.57 torna-se dielétrico.
Os demais parâmetros foram considerados os mesmos variando-se o comprimento l com
passos de 3 mm desde l = 15 mm a l = 57 mm.

Figura 7.4: Freqüência de ressonância para antena de microfita.

7.2.1 Redução das Dimensões Fı́sicas de Antenas Usando Meta-


materiais

As antenas de microfita podem ter suas dimensões reduzidas drasticamente com o


emprego de materiais de alta permissividade elétrica. Como o metamaterial apresentado
nesse trabalho alcança qualquer valor de permissividade e permeabilidade, pode-se pro-
jetar antenas com dimensões reduzidas. Tal procedimento torna-se ainda mais relevante
Capı́tulo 7. Resultados 73

quando utilizado na faixa de VHF e UHF, já que essas antenas têm dimensões consid-
eráveis.

O estudo considera a faixa de freqüência de 200 MHz a 1 GHz, foram considerados dois
metamateriais (metamaterial 1 e metamaterial 2). Seus parâmetros são mostrados nas
curvas da figura 7.5, e foram gerados a partir dos seguintes dados: SRR-1 (w = 20 mm;
s = 1, 29 mm; d = 1, 43 mm; g = 1 mm; p = 50 mm); TW-1 (r = 1, 9 mm; p = 50 mm); TW-
2 (r = 2 mm; p = 51 mm) em todas as estruturas o metal considerado é o cobre, cuja
condutividade é σ = 59, 6 · 106 Ω1m .

(a) (b)

Figura 7.5: (a) permissividade para estrutura TW e (b) permeabilidade para estrutura SRR em função
da freqüência.

A figura 7.6 apresenta a variação da freqüência de ressonância em função do com-


primento do patch para os metamateriais 1 e 2 descritos acima e para o dielétrico com
permissividade εr = 2, 2.

Os parâmetros da antena para o dielétrico, o metamaterial 1 e o metamaterial 2


são respectivamente: (w = 118, 58 mm; εr = 2, 2 e h = 1, 27 mm); (w = 59, 29 mm; εx1 =
εy1 = εz1 = 2, 2; µx1 = µy1 = µz1 = 1 e h = 1, 27 mm); (w = 59, 29 mm; εx1 = εy1 = εz1 = 4, 4;
µx1 = µy1 = µz1 = 1 e h = 1, 27 mm).

A partir da análise do resultado percebe-se que houve uma redução significativa nas
dimensões da antena com metamaterial em relação à antena com dielétrico, evidenciando
a caracterı́stica de utilizar-se metamaterial com o intuito de miniaturização (Para a fre-
qüência de 1 GHz, por exemplo, comparando-se o dielétrico e o metamaterial 1 há redução
de aproximadamente 50% da área da superfı́cie superior da antena). O metamaterial 2
simula o aumento da permissividade, e, para uma freqüência de 700 MHz há redução de
Capı́tulo 7. Resultados 74

Figura 7.6: Freqüência de ressonância em função do comprimento l do patch para o dielétrico ε = 2, 2 e


os MTM’s 1 e 2.

aproximadamente 70% da área da antena em comparação a antena com dielétrico.

7.2.2 Análise da Largura de Banda Através dos Tensores Per-


missividade e Permeabilidade

O aumento da permissividade apesar dos efeitos desejáveis - acima citados, impõe li-
mitações à largura de banda da antena, devido ao forte acoplamento eletromagnético entre
o patch e o plano de terra, gerado pela forte concentração de campos em torno da região
de alta permissividade (MOSALLAEI; SARABANDI, 2004). Esse efeito é comprovado
na figura 7.7, que traça a variação da largura de banda (LB) em função da freqüência
para o dielétrico e o metamaterial com permissividades εr = 2, 2 e εx1 = εy1 = εz1 = 4, 4
respectivamente; e permeabilidades µr = µx1 = µy1 = µz1 = 1 .

Figura 7.7: Largura de banda em função da freqüência de ressonância, para o dielétrico com εr = 2, 2 e
MTM εx1 = εy1 = εz1 = 4, 4; µx1 = µy1 = µz1 = 1.
Capı́tulo 7. Resultados 75

O problema evidenciado na figura 7.7 pode ser contornado usando-se um material


com permeabilidade magnética maior que a permissividade elétrica, assim a largura de
banda da antena pode ser aumentada por µr /εr ou µr > εr . Felizmente os metamateriais
reúnem essas caracterı́sticas e podem ser usados com sucesso. Abaixo segue um estudo
comparativo entre as larguras de banda para diferentes configurações de metamateriais.

Nas curvas da figura 7.8 são definidas duas estruturas metamateriais que serão apli-
cadas como substrato nas antenas para efeito de comparação de suas larguras de banda.
Seus parâmetros são: SRR 1 (w = 20 mm; s = 1, 29 mm; d = 1, 43 mm; g = 1 mm; p = 50 mm);
TW 1 (r = 1, 9 mm; p = 50 mm); SRR 2 (w = 16 mm; s = 1, 19 mm; d = 1, 23 mm; g = 1 mm;
p = 51 mm r = 2 mm; p = 51 mm); TW 2 (r = 2 mm; p = 51 mm) em todas as estruturas o
metal considerado é o cobre, cuja condutividade é σ = 59, 6 · 106 Ω1m .

(a) (b)

Figura 7.8: (a) permissividade para estrutura TW e (b) permeabilidade para estrutura SRR em função
da freqüência.

Serão testados quatro substratos metamateriais retirados das curvas da Fig. 7.8 com
as seguintes configurações:

• MTM - 1 ⇒ µxx = µyy = µzz = 1 e εxx = εyy = εzz = 2, 2;

• MTM - 2 ⇒ µxx = µyy = µzz = 1 e εxx = εyy = εzz = 4, 4;

• MTM - 3 ⇒ µxx = µyy = µzz = 5 e εxx = εyy = εzz = 2, 2;

• MTM - 4 ⇒ µxx = µyy = µzz = 5 e εxx = εyy = εzz = 4, 4;

Para a análise foi considerado um ressoador com comprimento l = 9, 3 mm; largura


w = 11, 85 mm e espessura do substrato g = 1, 27 mm, foram obtidos 20 pontos pela variação
do comprimento l.
Capı́tulo 7. Resultados 76

(a) (b)

Figura 7.9: Largura de banda em função da freqüência de ressonância (a) MTM 1 e 2 (b) MTM 3 e 4.

(a) (b)

Figura 7.10: Largura de banda em função da freqüência de ressonância (a) MTM 1 e 3 (b) MTM 2 e 4.

Em todos os resultados verifica-se o aumento da largura de banda ao se aumentar


a permeabilidade, dessa forma, os metamateriais podem ser empregados com êxito para
miniaturização de antenas, desde que se use valores adequados para µ e ε.

7.3 Diagramas de Radiação para Antenas de Microfita


com Substrato Metamaterial

Os diagramas de radiação foram obtidos de acordo com a teoria desenvolvida no capı́-


tulo 6, a partir da freqüência de ressonância e dos campos tangenciais à fita obtidos com o
método LTT. A estrutura simulada tem as seguintes caracterı́sticas: patch (comprimento
l = 9, 3 mm; largura w = 11, 85 mm) e substrato (espessura g = 1, 27 mm; SRR (w = 20 mm;
Capı́tulo 7. Resultados 77

s = 1, 29 mm; d = 1, 43 mm; g = 1 mm; p = 50 mm); TW (r = 1, 9 mm; p = 50 mm)).

(a) (b)

Figura 7.11: (a) diagrama de radiação plano E(θ = 0 e − 90 < φ < 90) e (b) diagrama de radiação
plano H(φ = 0 e 0 < θ < 180) para a freqüência 1 GHz.

7.4 Resultado Experimental

Para comprovar a exatidão dos cálculos e programas desenvolvidos no trabalho, foi


construı́do uma antena e medida em laboratório através de um analisador de redes vetorial.
Os resultados mostram-se concisos e comprovam a alta eficiências dos metamateriais.

(a) (b)

Figura 7.12: (a) permeabilidade e (b) permissividade para o substrato TW-SRR construı́do em labo-
ratório.

A antena foi projetada para operar na freqüência de 2,5 GHz, para tanto foi calculado
a seguinte configuração:

• Antena - comprimento l = 28, 2 mm; largura w = 36, 5 mm, espessura do substrato


g = 1, 58 mm.
Capı́tulo 7. Resultados 78

• Substrato - SRR (w = 10 mm; s = 0, 7 mm; d = 1, 08 mm; g = 1, 0 mm; p = 20 mm); TW


(r = 1, 0 mm; p = 20 mm).

O resultado da figura 7.13 mostra a alta largura de banda conseguida com substratos
metamaterial em comparação a substratos comuns (BAHL; BHARTIA, 2001), além de
comprovar a exatidão da teoria desenvolvida nesse trabalho.

Figura 7.13: Resultado experimental para antena supracitada - freqüência de ressonância 2,5 GHz.

7.5 Conclusão

Fez-se estudos de convergência com o intuito de comprovar a eficácia dos resultados,


esses mostraram-se precisos quando comparados a estudos anteriores, o que garante que a
teoria desenvolvida é concisa. Fez-se um estudo da variação do substrato com objetivo de
miniaturizar as dimensões fı́sicas das antenas e manter a largura de banda satisfatória. Os
resultados formam muito bons, demonstrando que os metamateriais podem ser utilizados
com sucesso em antenas de microfita, por reunir caracterı́sticas desejáveis (controle de
permeabilidade e permissividade) que não são encontradas nos materiais comuns. Por
fim mostrou-se resultados experimentais de uma antena de microfita patch retangular
em substrato metamaterial, os mesmos foram satisfatórios e convergentes com a teoria
desenvolvida no trabalho.
Capı́tulo 8

Conclusões

Inicialmente foi abordada a teoria geral de antenas, os parâmetros essenciais para


caracterização e entendimento dessas estruturas. Foi também, apresentada a estrutura
objeto desse estudo, suas formas de alimentação e as principais técnicas de análises.
Em seguida foram descritos substratos metamateriais, suas principais teorias, equaciona-
mentos através de tensores permissividade e permeabilidade e curvas caracterı́sticas. A
análise teórica dessa dissertação foi realizada através do método da Linha de Transmissão
Transversa. Para tanto, foi necessário desenvolver uma teoria aplicada ao caso dos meta-
materiais com o objetivo de obter-se as equações gerais de campos eletromagnéticos no
domı́nio espectral. Em seguida as equações gerais de campos foram aplicadas à estrutura
em estudo juntamente com condições de contorno adequadas, para obtenção das soluções
eletromagnéticas. Funções de base precisas foram aplicadas em conjunto com o método
dos momentos, para obter-se os campos tangenciais à fita e a freqüência de ressonância
complexa da antena. No capı́tulo 6 foram demonstradas as equações de campos distantes
para antenas de microfita. Primeiramente, foi desenvolvida a teoria para uma antena de
abertura, utilizando-se da condição de fase estacionária e em seguida, o estudo foi generali-
zado para o caso de antenas de microfita. Foram desenvolvidos programas computacionais
nas linguagens Scilab e Fortran, para análise dos substratos metamateriais e dos parâme-
tros da antena com metamateriais. Foram feitos estudos de convergência e os resultados
foram comparados a estudos anteriores, mostrando que a teoria desenvolvida é concisa.
Ainda no capı́tulo de resultados fez-se um estudo da variação do substrato com objetivo
de miniaturizar as dimensões fı́sicas das antenas e manter a largura de banda satisfatória.
Mostrou-se também, os resultados experimentais e teóricos para uma antena de microfita
tipo patch retangular com substrato metamaterial, com o objetivo de comprovar a teoria
desenvolvida. Os resultados formam satisfatórios, demonstrando que os metamateriais
podem ser utilizados com sucesso em antenas de microfita por reunirem caracterı́sticas
Capı́tulo 8. Conclusões 80

desejáveis (controle de permeabilidade e permissividade) que não são encontradas nos


materiais comuns.

A continuidade desse trabalho deverá incluir estudos sobre outros dispositivos, que
utilizem metamateriais como substratos. Nesse contexto são apresentadas as seguintes
sugestões para trabalhos futuros:

• Estruturas de linhas de lâminas, filtros e outras configurações de antenas de mi-


crofita;

• Obtenção de novos parâmetros, como: impedância de entrada e perda de retorno;

• Caracterização de novos substratos metamateriais;

• Construção e medição das estruturas desenvolvidas nesse estudo.


81

Bibliografia

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APÊNDICE A -- Demonstração do Método
da Linha de Transmissão
Transversa - LTT

Neste capı́tulo é demonstrado o equacionamento do método LTT, desenvolvido pelo


Dr. Humberto César Chaves Fernandes. O qual descreve os campos elétricos e magnéticos
em função da direção transversa y.

∇ × ~E = − jω µ H,
~ (A.1)

~ = jωε ~E,
∇×H (A.2)

os vetores campo elétrico e magnético são decompostos nas suas três componentes: fazendo,

~ =H
H ~y +H
~t = H
~ x x̂ + H
~ y ŷ + H
~ z ẑ, (A.3)

~E = ~Ey + ~Et = ~Ex x̂ + ~Ey ŷ + ~Ez ẑ, (A.4)

∂ ∂ ∂ ∂
∇ = ∇y + ∇t = ∇t + ŷ = x̂ + ŷ + ẑ, (A.5)
∂y ∂x ∂y ∂z
com
~t = H
H ~x +H
~z - Campo magnético na direção transversa, (A.6)

~Et = ~Ex + ~Ez - Campo elétrico na direção transversa, (A.7)


Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 84

e finalmente,
∂ ∂
∇t = x̂ + ẑ. (A.8)
∂x ∂z
Γ = α + jβ (A.9)

Substituindo (A.3) a (A.5) em (A.2), tem-se:

 
∂ ∂ ∂ ~ x x̂ + H
~ y ŷ + H
 
~ z ẑ) = jωε ~Ey + ~Et ,
x̂ + ŷ + ẑ × (H (A.10)
∂x ∂y ∂z
ou

∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hy ẑ − H z ŷ − Hx ẑ + H z x̂ + Hx ŷ − H y x̂ = jωε ~
Ey + jωε ~Et , (A.11)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
separando-se as componentes transversais x e z de A.11, tem-se:

∂ ~ ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
Hy ẑ − H x ẑ + Hz x̂ − H y x̂ = jωε ~
Et , (A.12)
∂x ∂y ∂y ∂z
então,
 
~Et = 1 ~ ∂ ~
∇t × Hy + ŷ × Ht . (A.13)
jωε ∂y

Substituindo A.4 a (A.5) em A.1, tem-se:

 
∂ ∂ ∂
x̂ + ŷ + ẑ × (~Ex x̂ + ~Ey ŷ + ~Ez ẑ) = − jω µ(H
~t +H
~ y ), (A.14)
∂x ∂y ∂z
ou

∂ ~ ∂ ∂ ∂ ∂ ∂ ~ t − jω µ H
Ey ẑ − ~Ez ŷ − ~Ex ẑ + ~Ez x̂ + ~Ex ŷ − ~Ey x̂ = − jω µ H ~ y, (A.15)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z
separando as componentes transversais x e z de A.15, tem-se:

∂ ~ ∂ ∂ ∂
Ey ẑ − ~Ex ẑ + ~Ez x̂ − ~Ey x̂ = − jω µ H
~ t, (A.16)
∂x ∂y ∂y ∂z
então,
Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 85

 
~t = 1
H

∇t × ~Ey + ŷ × ~Et . (A.17)
− jω µ ∂y

Para ~Et , substituindo A.17 em A.13, tem-se:

  
∂ 1 ∂
jωε ~Et = ∇t × H
~ y + ŷ × ∇t × ~Ey + ŷ × ~Et , (A.18)
∂y − jω µ ∂y
ou
 
1 ∂ ∂
jωε ~Et = ∇t × H
~y+ ~ ~
ŷ × ∇t × Ey + ŷ × Et , (A.19)
− jω µ ∂ y ∂y
mas,

    
∂ ∂ ∂ ∂
ŷ × (∇t × ~Ey ) = ŷ × x̂ + ẑ × ~Ey ŷ = ŷ × x̂ × ~Ey ŷ + ẑ × ~Ey ŷ (A.20)
∂x ∂z ∂x ∂z

 
∂ ~ ∂
= ŷ × Ey ẑ − ~Ey x̂ (A.21)
∂x ∂z

∂ ~ ∂
= ŷ × Ey ẑ − ŷ × ~Ey x̂ (A.22)
∂x ∂z

∂ ~ ∂
= Ey x̂ + ~Ey ẑ (A.23)
∂x ∂z

= ∇t ~Ey , (A.24)

     
∂ ∂ ∂ ∂
ŷ × ŷ × ~Et = ŷ × ~ ~
ŷ × (Ex x̂ + Ez ẑ) = ŷ × ~ ~
ŷ × Ex x̂ + ŷ × Ez ẑ (A.25)
∂y ∂y ∂y ∂y
Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 86

 
∂ ~ ∂ ~
= ŷ × − Ex ẑ + Ez x̂ (A.26)
∂y ∂y

∂ ~ ∂
=− Ex x̂ − ~Ez ẑ (A.27)
∂y ∂y

∂ ~
=− Et , (A.28)
∂y
substituindo A.24 e A.28 em A.18, tem-se:

 
1 ∂ ∂
jωε ~Et = ∇t × H
~y+ ∇t ~Ey − ~Et , (A.29)
− jω µ ∂ y ∂y
ou

2
~ y + ∂ ∇t ~Ey − ∂ ~Et ,
− jω µ( jωε ~Et ) = − jω µ∇t × H (A.30)
∂y ∂ y2

∂2 ~ ~ y + ∂ ∇t ~Ey ,
ω 2 µε ~Et + Et = − jω µ∇t × H (A.31)
∂ y2 ∂y
ou ainda,

∂2 ~
 
2 ∂
ω µε + 2 Et = ∇t ~Ey − jω µ∇t × H
~ y, (A.32)
∂y ∂y
mas:

∂2
= ky2 , (A.33)
∂ y2
Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 87

k02 = ω 2 µ0 ε0 , (A.34)

k2 = ω 2 µε, (A.35)

ε
εr = (A.36)
ε0
logo, substituindo A.33 a A.36 em A.32, tem-se:


(k02 εr + ky2 )~Et = ∇t ~Ey − jω µ∇t × H
~ y, (A.37)
∂y
assim,

 
~Et = 1 ∂ ~ ~
2
∇t Ey − jω µ∇t × Hy . (A.38)
(k0 εr + ky2 ) ∂y

~ t , substituindo A.13 em A.17, tem-se:


Para H

  

~ t = ∇t × ~Ey + ŷ × 1 ∂
~ y + ŷ × H
~t ,
− jω µ H ∇t × H (A.39)
∂y jωε ∂y
ou
 
~ t = ∇t × ~Ey + 1 ∂ ∂
~ y + ŷ × H
~t ,
− jω µ H ŷ × ∇t × H (A.40)
jωε ∂ y ∂y

utilizando A.24 e A.28, mudando ~E por H,


~ e substituindo em A.40, tem-se:

 
~ t = ∇t × ~Ey + 1 ∂ ∂
~y− H ~t ,
− jω µ H ŷ × ∇t × H (A.41)
jωε ∂ y ∂y
Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 88

ou

~t + ∂2 ~ ∂ ~
jωε − jω µ H 2
Ht = jωε∇t × ~Ey + ∇t Hy, (A.42)
∂y ∂y
ou
∂2
 
2
+ ω µε H~ t = jωε∇t × ~Ey + ∂ ∇t H
~ y, (A.43)
∂y2 ∂y

substituindo A.33 a A.36 em A.43,tem-se:

k02 εr + ky2 H~ t = jωε∇t × ~Ey + ∂ ∇t H


~ y,

(A.44)
∂y
então,

 
~t = 1 ~ ∂ ~
H 2
 jωε∇t × Ey + ∇t Hy . (A.45)
k0 εr + ky2 ∂y

Da equação A.38 tem-se:

     
~Et = ~Ex + ~Ez = 1 ∂ ∂ ∂ ~ ∂ ∂ ~
x̂ + ẑ Ey − jω µ x̂ + ẑ × Hy , (A.46)
k02 εr + ky2 ∂ y ∂ x

∂z ∂x ∂z
ou
 2 2  
~Et = ~Ex + ~Ez = 1 ∂ ~Ey x̂ + ∂ ∂
~Ey ẑ + jω µ − H ∂
~ y ẑ + H ~ y x̂ , (A.47)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ x

∂ y∂ z ∂x ∂z

então,

 2 
~Ex = 1 ∂ ~ ∂ ~
Ey + jω µ Hy , (A.48)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ x

∂z
e
 2 
~Ez = 1 ∂ ∂
~Ey − jω µ H ~y . (A.49)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ z

∂x

De maneira análoga, para a equação A.45, tem-se:


Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 89

     
~t = H
~x +H
~z = 1 ∂ ∂ ∂ ~ y + jωε ∂ ∂
H x̂ + ẑ H x̂ + ẑ × ~Ey , (A.50)
k02 εr + ky2 ∂ y ∂ x

∂z ∂x ∂z
ou
 2
∂2 ~
 
~t = H
~x +H
~z = 1 ∂ ~ ∂ ~ ∂ ~
H Hy x̂ + Hy ẑ + jωε Ey ẑ − Ey x̂ , (A.51)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ x

∂ y∂ z ∂x ∂z

então,

 2 
~x = 1 ∂ ~ ∂ ~
H Hy − jωε Ey , (A.52)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ x

∂z
e
 2 
~z = 1 ∂ ~ ∂ ~
H Hy + jωε Ey . (A.53)
k02 εr + ky2 ∂ y∂ z

∂x

As equações A.48, A.49, A.52 e A.53 escritas no FTD são:

 
1 ∂
Ẽx = 2 − jαn Ẽy − jω µΓ H̃y ; (A.54)
(γ + k02 εr ) ∂y

 
1 ∂
Ẽz = 2 −Γ Ẽy − ω µαn H̃y ; (A.55)
(γ + k02 εr ) ∂y

 
1 ∂
H̃x = 2 − jαn H̃y + jωεΓ Ẽy ; (A.56)
(γ + k02 εr ) ∂y

 
1 ∂
H̃z = 2 −Γ H̃y + ωεαn Ẽy . (A.57)
(γ + k02 εr ) ∂y

Nas quais:

ky2 = γ 2 , (A.58)
Apêndice A. Demonstração do Método da Linha de Transmissão Transversa - LTT 90

γ 2 = αn2 + βk2 − ki2 , (A.59)


= − jαn , (A.60)
∂x


= −Γ . (A.61)
∂z

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