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Capítulo publicado em BORBA, Jean Marlos Pinheiro, SILVA, Lidiane Verônica Collares da, OLIVEIRA,
Thayane Cristhine Amaral A esculta na clínica fenomenológica e os fundamentos da fenomenologia
husserliana.In.: PIMENTEL, Adelma, LEMOS, Flávia, NICOLAU, Roseane (orgs.). A escuta clínica na
Amazônia. Vol.I. Belém: EDUFPA, 2017.
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Doutor em Psicologia Social, Pós-doutor em Filosofia, Professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia
– PPGPSI da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, linha de Pesquisa Avaliação e Clínica Psicológica,
Psicólogo, Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica – GEPFPF.
e-mail: jean.marlos@ufma.br
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Bacharel em Psicologia, mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia (linha de Pesquisa Avaliação
e Clínica Psicológica) da Universidade Federal do Maranhão, - UFMA; Membro do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica – GEPFPF e-mail: . e-mail:
lidianecollares@hotmail.com
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Psicóloga, mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia (linha de Pesquisa Avaliação e Clínica
Psicológica) da Universidade Federal do Maranhão, - UFMA; Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em
Fenomenologia e Psicologia Fenomenológica – GEPFPF . e-mail: thayane.amaraloliveira@hotmail.com
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espaço para os pesquisadores que buscam o retorno à coisa mesma, ou seja, aos fundamentos
da fenomenologia husserliana que estão na base da clínica e da escuta fenomenológica.
Percebemos em nossas pesquisas que muitos psicólogos de orientação fenomenológica
possuem pré-conceitos a respeito de Edmund Husserl, contribuindo assim para o afastamento
da leitura dos seus textos originais em detrimento de outros autores, o que inviabiliza o
aprofundamento sobre a possibilidade de uma clínica de base fenomenológica husserliana.
Entretanto, os estudos que realizamos na linha de pesquisa de Saúde, Psicologia
Clínica e Fenomenologia da Psicopatologia e Fenomenologia Husserliana e Psicologia
Fenomenológica Fenomenologia da Psicologia Clínica apontam quais fundamentos da
fenomenologia e da psicologia fenomenológica de Edmund Husserl podem ser evidenciados e
colocados a serviço, rigorosamente, do psicólogo clínico, quer no exercício da psicoterapia ou
da clínica ampliada.
O pai da fenomenologia não teve atuação clínica, mas deixou bases sólidas que ainda
são pouco conhecidas, contudo de importância crucial para a atuação do psicólogo de
qualquer abordagem teórica, epistemológica ou metodológica. Como bem corrobora Peres
(2013, p. 40) “Husserl, no artigo da Logos, argumenta que a nova ciência, a fenomenologia,
teria o papel (entre outros tantos), de fundamentar e clarear os conceitos da psicologia”.
Posto isso, a fenomenologia contribui com um novo modo de ação do psicólogo que, por
vezes é enraizada em pressupostos dogmáticos, que decorrem de uma orientação natural e
acrítica dos fenômenos.
Tomar como base a atitude fenomenológica e o método fenomenológico são os
fundamentos mais divulgados, porém pouco aprofundados na leitura husserliana o que acaba
levando muitos profissionais a ingenuamente reduzirem-nos a uma “técnica”.
Este capítulo tem como intenção central apresentar resultados iniciais do levantamento
bibliográfico e reflexões sobre a escuta clínica baseada nos fundamentos da fenomenologia de
Edmund Husserl (1859-1938). Para tal alcance, o capítulo está estruturado da seguinte forma:
primeiro apresentamos breves considerações sobre a clínica, a fenomenologia e a
fenomenologia da clínica; em seguida, discutimos sobre a na clínica fenomenológica: ética,
disponibilidade e responsabilidade, para além das normas atuação do psicólogo, na sequência,
apontamos o caminho utilizado nesta investigação e, ao final apresentamos nossas
considerações e contribuições.
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Este termo é utilizado quando se faz referencia a um dos texto que compoem a obra de Husserl.
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Concordo com Holanda (2014) quando destaca que a prática clínica não está vinculada
a clássica concepção de psicoterapia, mas sim as práticas desenvolvidas por psicólogos. Estas
práticas resultam de seus embasamentos epistemológicos, teóricos, metodológicos e de suas
vivências para compreensão do homem, de sua humanidade e de seus modos de ser e de estar
no mundo consigo mesmo, com os outros e com o mundo, não se podendo apenas migrar
conceitos, acreditando ingenuamente que eles darão conta de compreender os fenômenos que
ali surgem.
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Como bem lembra Giovanetti (2012) é preciso pôr em cena que a atuação do
psicólogo, esta deve fundamentar-se de modo coerente com a visão de homem e mundo que
propõe baseada em fundamentos filosóficos, psicológicos, antropológicos e epistemológicos.
Outro desafio apontado pelo autor é o diálogo com outros modos de conhecer que
possibilitem um trabalho clínico mais consistente.
São vários os pontos fundamentais e que merecem destaque, contudo seleciono alguns
que para a proposta deste ensaio mais se adequam às discussões levantadas podendo haver
outros, sem a expectativa de esgotá-los.
O IV Princípio Fundamental do Código de Ética do Psicólogo de acordo com a
Resolução 010/05 do Conselho Federal de Psicologia (CFP) (2005, p.7) orienta que: “O
psicólogo atuará com responsabilidade por meio do contínuo aprimoramento profissional,
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico e de prática.” Na
sua atuação profissional o psicólogo deve quer atuando no espaço clínico, quer em espaço
institucional ou organizacional, quer atuando sozinho, quer atuado em equipes
multidisciplinares deverá sempre zelar pelo exercício ético, sigilo e profissional (CFP, 2005).
Para tratar do contemporâneo, das situações vivenciadas pelo sujeito que chega à
clínica, escolho por uma clínica da alteridade e da vivência empática, e sustentada também
nas normas profissionais. Como lembram Alvin e Castro (2015, p. 45):
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Alteridade é sempre reconhecimento de um outro que não sou eu, numa relação que de
aproximação e distanciamento, já que ambos estamos no mundo e nele agimos.
5 Considerações Finais
Referências
ALVIM, M. C., & CASTRO, F.G. (2015). Clínica das situações contemporâneas:
fenomenologia e interdisciplinariedade. Curitiba: Juruá.
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______ (2006). Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia
fenomenológica. . (Coleção Subjetividade Contemporânea). Aparecida: Idéias &
Letras.