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Prova Penal 2

Principios do Direito Penal

Principio do Non bis in Iden: é aquele Principio que diz que a mesma lei não pode ser aplicada
duas vezes, esse principio é expresso no artigo 8º do CP

"Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime,
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)"

A dúvida aqui é se esse principio seria um principio constitucional. O famoso penalista Luis Regis
Prado ira dizerque a culpabilidade é pela pessoam se ela já esta sendo julgada outro processo
não pode recair sobre ela.

"Art. 5º LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;" e " Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; "

Contagem de prazos: O Estado busca preservar a liberdade da pessoa, e a pessoa também é a


maior interessada nessa. Assim fica determinado que o calendário a ser usado é o calendário
comum. A pena é contada desde o dia que a pessoa foi presa, e o último dia da pena é excluido.

"Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Frações não computáveis da pena(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)"

"Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)"

Quando a pessoa é presa antes da condenação (por medida cautelar) esse prazo é abatido na
pena se a pessoa for condenada. Se considerada inocente ela pode usar esse período em outro
processo que condenado.

Teoria do crime

O crime é a infração mais grave do direito penal, pois viola um comando previsto na lei penal. No
Brasil usa-se o sistema bipartido que dividem entre duas espécies as infrações da lei penal. A
segundo espécie, além do crime é a Contravenção. Nelson Hungria afirma que "contravenções
são crimes anões". A contravenção viola o tipo penal, podendo ser punida com MULTA, OUTRAS
MEDIDAS, E PRISÃO SIMPLES (Há tratamento diferenciado previsto no decreto lei - "Art. 10. A
duração da pena de prisão simples não pode, em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a
importância das multas ultrapassar cinquenta contos" e "Art. 6º A pena de prisão simples deve
ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão
comum, em regime semi-aberto ou aberto.") Alguns exemplos de contravenção no código são o
Jogo do Bicho, a Vadiagem, a embriaguez, e a importunação ofensiva ao pudor

Existe também o sistema tripartido, utilizado na França, em que o crime é diferente do delito e
da contravenção. A contravenção nesse caso não se pune com pena privativa de liberdade.

1) Conceito de Crime

Formal: Refere-se ao fato exterior

Material: É considerado crime aquilo que lesa os bens jurídicos mais importantes a sociedade.

Analítico: Define crime pelo que é semelhante entre eles, a mesma ação do legislador e etc. Esse
conceito é o mais usado. Esse conceito se pauta sobre quatro itens que o ilicito deve ter para ser
considerado crime:

a) Deve possuir contuta humana como sua causa (ação ou omissão)

b) Essa conduta humana deve possuir tipicidade, ou seja estar prevista em um tipo penal.

c) Deve possuir ilicitude, ou seja, não estar previsto nas causas de exceção de ilicitude (Art 23 CP:
"Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima
defesa;III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Parágrafo
único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou
culposo.")

d) Deve possuir Imputabilidade, ser cometido por pessoa que tem possibilidade de reprovação -
ex: maior de 18.

A conduta

"Nullum crime sine conducta"

Essa previsão de necessidade de conduta nasce da percepção de que nem todo comportamento
humano é criminal.

Diversos conceitos foram usados para definir conduta:

Causalista: Franz. Conduta é movimento voluntário que geral/transforma algo no mundo


exterior.

Finalista: Wezel. Conduta é o exercicio de uma atividade final (aqui inclui omissão): Considera
ação no mundo exterior + aquilo que o sujeito se propos e os meios que excolheu.
(ABORDADA)
Social: Scheck, e Schimidt: Conduta é comportamento socialmente relevante (muito dificil definir
o que é relevante)

Funcionalismo Teologico: Roxin, Conduta é manifestação de personalidade, assim a pessoa tem


que manifestar vontade. Esses seguem a teoria que a função do direito penal é proteger o bem
jurídico, logo tem que ter vontade de lesar esse bem para ter conduta criminal.

Sistêmico: Jakobs, Acredita que a conduta é entendida como a pessoa não evitar
o que poderia, para ele a função do direito é garantir vigencia da norma, punindo assim um
exemplo, para que nao se repita na sociedade.

Redutor: Zafarroni, Conduta é comportamento humano com sentido que se


manifesta no mundo exterior. Dessa forma, como não sabemos ao certo qual a finalidade da
pena, essa deve ser reduzida ao maximo (Teoria Agnostica). Para ele o DP é ruim, mas é o unico
meio existente para que se impeça a lei da selva, em que o mais forte aplicaria sua lei.

Zafarroni ira criticar as outras funções anteriomente descritas sobre a finalidade da pena. A
Teoria Retributiva (irá dizer que essa finalidade é irracional, por ser imcompativel a dignifidade
humana.), Prevenção Especial (A punição não leva a reincersão social, não é recuperada pra isso,
adaptação da pessoa à sociedade não pode ocorrer fora da sociedade), Prevenção Geral (Não
adianta punir para servir de exemplo, porque mesmo sem exemplo as pessoas continuariam a
cometer crimes, e isso é instrumentalizar a dignidade humana).

Analises segundo a Teoria Finalista

Como ela fala em conduta humana, há a duvida se existe responsabilidade criminal empresarial.
Depois do século XX, o Art 225, Paragrafo 3 do CP da a entender que a pessoa jurídica tem
responsabilidade criminal por crimes ambientais, devendo ser aplicada a ela sanção
administrativa (173, parag. 5 CF). A pessoa só responde por conduta humana se feitas em nome
da empresa para beneficios dessa, assim a pessoa e a empresa respondem, para cumprir a
personalidade da pena (Responsabilidade penal por Ricochette, um pratica a ação e a pena recai
sobre terceiro)

Conduta Humana: Deve ser voluntária, porém prevalece o DP do fato (Olha o fato, e não quem o
cometeu). Essa conduta deve possuir tanto carater objetivo (ação ou omissão externada), e
carater subjetivo (planejamento, escolhas, finalidades.

Quando há dolo é os dois (subjetivo como objetivo). Situações em que a conduta humana é
excluida:

-Ato Reflexo: Só tem o objetivo. Pessoa tem ataque epilético dirigindo e mata alguém (não há
planejamento, escolha, finalidade, vontade)

- Estado de inconsciencia: Só objetivo. Ex: Sonambulismo.


- Coação Física irresistivel: Só objetivo. Ex: Alguem jogar vc na vitrine

- Quando carro estraga e mata alguem. Só há objetivo.

Tipicidade: É a primeira qualidade que a Conduta deve ter para ser crime. Adequação da
CONDUTA ao tipo penal. O tipo penal descreve a conduta proíbida (tanto ação quanto omissão).
Quando a conduta esta expressa no código fala se que a conduta é tipica (Roubar é tipica,
prostituir-se atipica).

O tipo penal comissivo proibe ação, e o tipo penal omissivo, proibe omissão. Como os finalistas
tem a exigencia que a conduta possua aspecto objetivo e subjetivo, a teoria fara distinção entre
dolo e culpa.

Dolo: Intenção finalidade

Culpa: Acidente, negligência (Todo crime é inicialmente dolo, só pode ser culpa se vier escrito na
lei)

O tipo possui tanto elementos objetivos (ação, sujeito ativo, passivo, bem juridico, resultado,
nexo causal, circuntancia) tanto subjetivo (dolo, e elemento subjetivo especial). E pode ser tanto
descritivo (descreve conduta sensorialmente perceptivel) ou normativo (depende de juizo).

Elementos objetivos do tipo

- Ação: é expressa pelo verbo, nucleo do tipo, podendo ser uma ou mais. Quando tem a
preposição "ou", é ação alternativa, responde só por um crime. Quando tem a preposição "E" ou
";" é ação cumulativa, respondendo por quantos crimes de ação ela participar.

- Sujeito ativo: Conduta só pode ser praticada por um ser humano, isso não é expresso no tipo, a
não ser em crimes próprios (de determinada função ou posição social - ex: funcionario publico é
o unico que pode cometer tal crime, ou mulher grávida). O crime também pode ser de mão
própria (aquele que só acontece se a pessoa esta envolvida e quer, ex: antigo crime de adulterio,
a mulher tem que querer).

- Sujeito Passivo: é o titular do bem jurídico lesado, em geral não é expresso. No crime proprio só
pode ser um o sujeito passivo (ou só o filho pode ser lesado - quando só há um possivel sujeito
passivo e um possivel sujeito ativo o crime pode ser chamado de biproprio). Alguns autores
dizem que o Estado é sujeito passivo de todos os crimes, porque todo crime lesa uma lei imposta
pelo Estado, assim ele seria o sujeito passivo formal, e o sujeito do bem juridico lesado o suj.
passivo material. A pessoa jurídica pode ser suj. passivo de crime.

- Bem jurídico ou objeto jurídico: Pode possuir existencia física (bem jurídico patrimônio) e assim
carater material, ou existência (bem jurídico liberdade, vida) e assim tem carater formal. Pode
ser individual (um titular - vida liberdade) ou coletivo (vários titulares - meio ambiente). Teoria
Pessoal do Bem jurídico (Hassemer, apoiada no Brasil por Juarez Tavares): Importancia do bem
jurídico coletiva só deve ser considerada se afeta o bem jurídico individual. Quando tutela um
bem jurídico (crime simples), e dois ou mais (crime complexo). Nem todo bem juridico tem
objeto material, os crimes de mera conduta (proíbe omissão) não possuem, por exemplo.

- Resultado: Todo crime possui resultado normativo, porque prejudica um bem juridico. Esse
resultado pode ser um crime de dano (lesa bem juridico - supressão) ou crime de perigo (coloca
o bem jurídico em perigo). Esse pode ser abstrato (porque vai contra a norma, sem ter colocado
bem jur. em perigo - não se cumpre principio da ofensividade, é um arbitrio) ou concreto (só
quando a palavra perigo esta expressa), e ambos podem ser individuais (1 pessoa em perigo) ou
comuns (mais pessoas em perigo). Porém o resultado também pode ser naturalistico (conduta
produz transformação no mundo externo). Esse pode ser material (tipo penal exige prod de
resultado naturalistico - homicidio) formal (não exige essa produção - solicitar) e mera conduta
(Natureza da conduta impossibilita transformação no mundo externo - injuria).

- Nexo Causal: O nexo causal só é aplicado em crimes em que o resultado naturalistico é


obrigatório, isto é, crimes materiais. O nexo causal é a ligação entre o dano e a pessoa que o
cometeu. O procedimento hipotético de eliminação do nexo causal consiste em suprimir
mentalmente as causas e ver se o crime ainda assim ocorreria, além do nexo é exigivel dolo ou
culpa. Essa teoria é chamada: Teoria da conditio sine qua non.

- Circunstâncias: É aquilo que ocorre ao redor do fato, e mesmo sendo indiferente a esse pode
mudar o tipo de crime e fazer alterações na pena. Ex crime de infanticidio deve ocorrer durante
ou após o parto.

Elementos subjetivos do crime

- Dolo: é vulgarmente conhecido como intenção. Mas em matéria penal o dolo precisa de
consciencia da situação do fato e vontade de realizar conduta descrita no tipo. Esse dolo, é
chamado de dolo natural pelos finalistas. Os causalistas ainda vão acrescentar a consciencia da
ilicitude para a caractericação do dolo.

*Erro de tipo: Impede a pessoa de compreender a realidade, ela não percebe que cometeu
crime. Ex: pegar livro igual trocado. Esse erro exclui o dolo, mas ainda pode ter culpa se o crime
prever essa modalidade, se não, o acusado é absolvido.

*Erro de proibição: Desconhecimento, pela pessoa de que o fato é crime --> não ira excluir dolo,
e sim a culpa, a pessoa não tera consciencia da ilicitude. Para os causalistas esse erro excluiria o
dolo.

DOS DELITOS E DAS PENAS


Introdução: historicamente, as leis são frutos da vontade de poucos ou nasceram de
necessidades fortuitas ou passageiras ao invés de serem editadas por um analisador da natureza
humana que pudesse generaliza-las com o objetivo de alcançar a máxima felicidade para a
maioria. Porém, a sociedade é desigual que só pode ser modificado por homens sabios da
sociedade. A evolução das leis é fruto do séc. XVIII, mas poucos se importaram com as
irregularidades do sistema criminal é a partir disso que o autor vai se preocupar em examinar os
delitos e as penas a eles atribuidos, para revelar em que se funda o direito de punir.

I- Origem das Penas: as leis foram as condições sob as quais os homens se submeteram para
viverem em sociedade. Realizou-se o contrato social, no qual as liberdades individuais foram
restringidas dando origem a um soberano regulador( Restringe parte da liberdade, para que a
outra parte dela possa ser usufruida com segurança). Junto deste, surgiram as penas (“motivos
sensíveis”, pois devem afetar de imediato os sentidos para serem eficazes) para coibir as ações
individuais que tentassem transgredir as leis. Assim o direito de punir se estabeleceria oriundo
da soma de várias partes de liberdade individual, mas a pena é injusta por natureza, é menos
injusta quando é mais liberal aos suditos. Porque se fosse a liberdade só de um seria usurpação
ilegitima da justiça.

II- Direito de Punir: o direito de punir é fundado na necessidade de defender o depósito do bem
comum das usurpações particulares. “justiça é o vinculo necessário para manter unidos os
interesses particulares”. As penas que ultrapassam a necessidade de conservar esse vínculo são
injustas. Assim o direito de punir se estabeleceria oriundo da soma de várias partes de liberdade
individual, mas a pena é injusta por natureza, é menos injusta quando é mais liberal aos suditos.
Porque se fosse a liberdade só de um seria usurpação ilegitima da justiça.

III- Consequências: 1ª → só as leis podem decretar as penas dos delitos e tal competência é
apenas do legislador. O magistrado não pode infligir penas ou aumentar uma pena dirigida a um
cidadão.

2ª → o soberano deve fazer leis gerais, de modo a obrigar todos os membros, mas ele não pode
julgar, pois a nação se dividiria em duas, portanto, tal atividade deve ser de um terceiro
(magistrado).

3ª → a atrocidade das penas é inútil, ainda que não seja oposta ao bem comum e ao fim de
impedir os delitos, ela seria contrária às virtudes benéficas de uma razão esclarecida e contrária
à justiça e à natureza do contrato social. (ela é revoltante e cruel e entra em desacordo com a
justiça)

IV- Interpretação das Leis: 4ª consequência → Quem estabelece a pena é o legislador, que
representa a sociedade ligada pelo contrato social. Assim quem julga não pode interpretar a lei
pela propria vontade, devendo sempre se orientar em prol do bem comum. Os juízes não
possuem autoridade para interpretar as leis, deve realizar um silogismo perfeito: se conforme a
lei é entregue ao cidadão sua liberdade, se contra a lei, possui pena. As falhas de uma
obediência rigorosa à letra de uma lei (geram a segurança de os cidadãos calcularem as
consequências de um delito) não se comparam com as que surgem da sua interpretação, que
pode gerar penas diferentes para o mesmo delito.

V- A Obscuridade das Leis: outro mal é a obscuridade das leis que, por usar língua estranha ao
povo, o submete à dependência de uns poucos. A ignorância e a incerteza das penas propicia a
ocorrência de delitos. Por isso, as leis deveriam ser amplamente divulgadas, para que as pessoas
pudessem ter maior contato e conhecimento. (Quanto mais se sabe menos delito)

***VI- Proporção entre os Delitos e as Penas: tal proporção está ligada à necessidade de se criar
obstáculos capazes de afastar os homens das práticas delituosas. Tais obstáculos devem ser
proporcionais à gravidade do delito. Dentro da sociedade se forma uma escala de desordem,
que vai desde a mínima injustiça possível até a que destrói imediatamente a sociedade. Dentro
desses extremos estão os delitos.

*** VII- Erros na Medida das Penas: a verdadeira medida dos delitos é o dano provocado à
nação. Tal medida não pode ser a intenção do agente, pois ela varia de acordo com as
circunstâncias e de indivíduo para indivíduo. Outros pensam ser a dignidade da pessoa ofendida
(ex: irreverência a deus seria mais grave que o assassinato do monarca). Alguns cogitaram da
gravidade do pecado participar dessa medida, mas esta depende da malícia do coração, que não
pode ser conhecida por seres finitos, sem uma revelação.

***VIII- Divisão dos Delitos: delitos que destroem imediatamente a sociedade ou quem a
representa, são os delitos máximos (mais danosos), chamados de lesa-majestade. Só a tirania e a
ignorância atribuem esse delito a outros de natureza diferente e faz dos homens as vítimas de
uma palavra. Delitos contra a segurança individual (é o fim de toda associação) recebem uma
das penas mais severas e incluem “assassínios”, furtos e, entre tantos outros, a corrupção dos
grandes e dos magistrados. Os cidadãos devem ter a convicção de poder fazer tudo o que não
contraria as leis. Pág. 55 e 66.

***IX- Da Honra: a honra está ligada à opinião, e é um conjunto de ideias simples e, ao mesmo
tempo complexas, que em determinadas situações se excluem, mas possuem um divisor
comum, que é encontrado ao analisar a formação das sociedades. As leis e os magistrados
nasceram da necessidade de coibir as desordens geradas pelos indivíduos. O progresso da
sociedade fez surgir necessidades nos indivíduos e, por meio do despotismo da opinião, eles
conseguiam de outrem aqueles bens e afastavam os males contra os quais as leis não eram
suficientes. A aprovação dos homens se tornou não só útil, mas necessária. Essa honra é uma
condição que grande número de homens considera indispensável à sua existência. Ela é um dos
princípios fundamentais das monarquias que são um despotismo atenuado.

X- Dos Duelos: da necessidade de aprovação alheia surgiram os duelos privados (defesa da


honra). A proibição dos duelos não foi capaz de extirpar esse costume, pois tem como
fundamento algo que os homens temem mais que a própria morte: privação de aprovação
alheia, que deixa o homem exposto ou o torna um ser solitário/alvo de insultos e da infâmia. O
povo duela menos que os grandes porque a necessidade de aprovação alheia naqueles é menor
que nestes. O melhor método de prevenir é punir quem deu ocasião ao duelo, e aliviar quem
entrou no duelo apenas para defender sua honra.

XI- da Tranquilidade Pública: está entre os delitos da terceira espécie a perturbação da


tranquilidade pública. Os guardas, discursos religiosos, as arengas nas assembleias e
parlamentos (para defender interesses privados e públicos) são todos meios eficazes de impedir
a perigosa concentração das paixões populares. Visto como a tranquilidade publica é obrigação
do Estado, para isso o cidadão deve conhecer os crimes, e o que os torna culpado, para que não
fique aberto a escolha do magistrado. O autor questiona a aplicação, a eficácia das penas e a
melhor maneira de prevenir os delitos.

***XII- Finalidade das Penas: o fim não é atormentar e afligir um sujeito, nem desfazer um
crime já cometido. O fim é dissuadir o réu de causar novos danos e às outras pessoas de fazerem
o mesmo. Nas devidas proporções, as penas devem ser eficazes e duradouras nos espíritos das
pessoas e menos penosa no corpo do réu.

XIII- Das Testemunhas: a lei deve determinar a credibilidade das testemunhas e das provas do
crime, sendo que todo homem razoável pode ser testemunha. A credibilidade diminui quando
há ódio/amizade ou qualquer relação entre a testemunha e o réu (qual é o interesse desse em
dizer a verdade). É necessária mais de uma testemunha (porque se for só uma vai ser a palavra
dessa contra a do acusado) e a credibilidade diminui quanto mais cresce a atrocidade do delito.
É quase nula a credibilidade da testemunha quando faz das palavras um delito.

XIV- Indícios e Formas de Julgamento: teorema para calcular a certeza de um fato: força dos
indícios de um crime → quando as provas dependem umas das outras (só se provam entre si),
quanto mais provas dependentes mais indicios de crime (se uma depender da outra, quando se
provar que essa é falsa, todas caem). As provas se dividem em perfeitas (demonstra que é
impossivel ser inocente) e imperfeitas (ainda há possibilidade de ser inocentado). A certeza
moral de provas é mais fácil de ser sentida que de ser definida, assim sendo, os juízes devem ter
assessores indicados por sorteio, pois é mais segura a ignorância que julga pelo sentimento do
que a ciência que julga pela opinião. Para julgar o resultado se requer o bom senso, por isso são
interessantes as leis que fazem os homens serem julgados por seus pares, para que sentimentos
de desigualdade e superioridade não tenham influência. É também conforme à justiça que o réu
possa excluir alguns jurados e que o julgamento e as provas sejam públicos.

XV- Acusações Secretas: as acusações e as penas secretas geram uma grande insegurança nas
pessoas, principalmente com relação às falsas acusações que podem sofrer (calúnia). O autor
questiona os motivos que justificam as acusações e penas secretas e cita Montesquieu, para
quem as acusações públicas são mais conformes ao espírito da república.

XVI- Da Tortura: um homem não pode ser chamado culpado antes da sentença do juiz. O crime
é certo (deve-se aplicar a pena correspondente - tortura inutil porque nao gera mais precisão na
confissao do réu) ou incerto (o acusado é considerado inocente - não pode querer que alguem
acuse a si, e nem torturar o inocente). O fim político das penas é o terror dos outros homens, e é
importante que nenhum delito comprovado permaneça impune. Outro motivo da tortura é a
remição (livramento/libertação) da infâmia. Esse uso parece derivar de ideias religiosas e
espirituais (acreditava-se que a dor purgava a infâmia). O 3º motivo é quando o acusado cai em
contradição no interrogatório, como se a contradição comum nas pessoas tranquilas não
aumentasse naquelas dominadas pela preocupação de salvar-se de um perigo iminente. A
resposta do réu à tortura é tão inevitável quanto o seriam as impressões do fogo e da água
fervente. O objetivo de um interrogatório é a verdade, que dificilmente aparece na fisionomia de
um homem comum, quanto mais naquele atormentado pela dor. Os romanos só admitiam a
tortura para escravos. As confissões durante a tortura só tem validade se confirmadas por
juramento posterior (a ausência de confirmação provoca nova tortura). O inocente, que só tem a
perder, se vê numa posição pior que a do culpado. Aplica-se a tortura para descobrir se o réu
cometeu outros delitos além do que está sendo acusado e para descobrir os cúmplices do seu
crime (é um tormento por delito alheio). A pena do réu tem como fim demover (desviar), pelo
terror, os outros homens de semelhante delito.

XVII- Do Fisco: houve tempo em que todas as penas eram em prol de arrecadação de dinheiro e
o objeto delas era um litígio entre o fisco e o réu, sendo que o juiz era um advogado do fisco. As
investigações e as provas são voltadas para garantir vantagens ao fisco contra o réu (vantagem
particular e não interesse publico). Para que alguém seja provado inocente deve ser antes
considerado culpado (processo ofensivo), o processo informativo (imparcial) era pouco usado na
Europa. Pág. 76/77.

XVIII- Dos Juramentos: há uma grande contradição entre as exigências de juramento do réu,
quando seu real interesse é mentir, se safar da punição (ir contra seu proprio sentimento). O
juramento torna-se, pouco a pouco, mera formalidade, destruindo a força do sentimento
religioso. Lei contraria ao sentimento do homem é nefasta.

XIX- Presteza da Pena: quanto mais rápida e próxima do delito, mais justa e útil será a pena
(evita duvidas que tormentam o réu). Ela só pode preceder a sentença quando for necessário
(impedir fuga e a ocultação de provas). A custódia antes de ser culpado deve durar o menor
tempo possível e ser o menos dura possível, sendo medida pela duração necessária do processo
e pelo direito à anterioridade do julgamento. O processo deve ser o mais breve possível. A pena
e as consequências de um delito devem ser o mais eficazes para os outros e os menos duros
para quem os sofre. A presteza da pena é útil pois quanto menor o tempo entre o delito e a
pena, maior será a associação entre eles como causa e efeito (quanto mais incultos os homens,
mais agem por associações imediatas e próximas). Outro princípio que contribui para esta
associação é a maior conformidade possível entre a pena e a natureza do delito. Pág. 79/80/81.

***XX- Violências: alguns delitos são atentados contra a pessoa e outros contra os bens. Os
primeiros devem ser punidos com penas corporais, não permitindo aos ricos e poderosos o
ressarcimento dos atentados, para que as riquezas não se tornem o alimento da tirania.

***XXI- Penas para os Nobres: as penas aplicáveis aos nobres devem ser as mesmas de todos os
outros cidadãos. Apesar da distinção nas riquezas, deve haver igualdade nas leis.

***XXII- Furtos: se não acompanhado de violência, deveria ser punido com penas pecuniárias,
mas como a maioria desses criminosos são pobres, será mais adequada a escravidão temporária
dos trabalhos e da pessoa a serviço da sociedade. Se houver violência, deve haver um misto
entre pena corporal e servil.

XXIII- Infâmia: as injúrias pessoais contrárias à honra devem ser punidas com a infâmia, que é
um sinal da pública reprovação que priva o réu do reconhecimento coletivo. A infâmia que a lei
inflige deve ser a mesma que nasce das relações entre as coisas. Tais penas não devem ser nem
muito frequentes (atenuam a força da opinião), nem recair sobre um grande nº de pessoas
(infâmia de muitos = infâmia de ninguém).

XXIV- Da Ociosidade: quem perturba a tranquilidade pública e não obedece às leis deve ser
excluído da sociedade, banido. Essa é a razão pela qual os governos sábios não toleram o ócio
político (não contribui para a sociedade nem com o trabalho nem com a riqueza). Para tal pena,
deve haver mais motivos contra um nativo do que contra um estrangeiro. Além de que o grau de
ociosidade a ser punido deve ser previsto em lei.

XXV- Banimento e Confisco: a perda dos bens é uma pena maior que a do banimento. O
banimento ocorre quando a pessoa perturba a ordem social, e assim é posto para fora da
sociedade. Deve haver casos em que ocorra a perda total, parcial ou de nenhum bem,
proporcionalmente aos delitos praticados. A perda total ocorrerá quando o banimento
determinar a perda de todos os laços entre a sociedade e o sujeito (mesmos efeitos da morte
natural). Embora produzam um bem, nem sempre as penas são justas, pois para isso, elas devem
ser necessárias. E no caso dos confiscos, há uma clara injustiça pelo fato da pena do culpado
recair sobre os inocentes (a família do agente).

XXVI- Do Espírito de Família: para evitar tais injustiças, a sociedade não pode ser considerada
uma união de famílias, isso destrói liberdade e igualdade, mas como uma união de homens, de
modo que um fato relacionado a um chefe de família não leve todos seus parentes para as
mesmas consequências.

XXVII- Moderação das Penas: um dos maiores freios aos delitos não é a crueldade das penas,
mas sua infalibilidade. A certeza de um castigo, mesmo que moderado, causará a impressão mais
intensa que o temor de outro mais severo, aliado à esperança de impunidade. A atrocidade da
pena faz com que tentemos evita-la e leva a cometer delitos para escapar à pena de um só. (se
for excessivo isso tornara-se superfluo, e levará a impunidade, pois nós não teremos a coragem
de aplica-la) Para que uma pena produza efeito, basta que o mal que ela inflige exceda o bem
que nasce do delito (levando em conta a infalibilidade e a perda do bem que o delito devia
produzir).

XXVIII- Da Pena de Morte: a morte é realmente justa e útil num governo organizado? A
soberania das leis é a soma das vontades particulares que representam a vontade geral, mas
será que algum homem deixaria a outros o arbítrio de mata-lo? A pena de morte não é baseada
em um direito, mas uma guerra da nação contra o cidadão. Ela só pode ser considerada
necessária por dois motivos: 1º quando ainda que preso, o sujeito conserva poder e relações
que podem afetar a segurança nacional. 2º quando sua existência pode produzir uma revolução
perigosa para a forma de governo estabelecida. Não é a intensidade da pena que produz maior
efeito sobre os homens, mas a extensão dela. A sensibilidade é mais afetada por impressões
mínimas, porém renovadas, que por um abalo forte, mas passageiro. O limite que o legislador
deveria fixar para o rigor das penas parece situar-se no sentimento de compaixão, quando este
começa a prevalecer sobre qualquer outro. A pena justa tem um grau de intensidade suficiente
para dissuadir os homens dos delitos. A pena de escravidão perpétua contém o bastante para
dissuadir os homens, substituindo a pena de morte.

XXIX- Da Prisão: erro comum e contrário ao fim social (sentimento da própria segurança) é
deixar ao magistrado o arbítrio de prender um cidadão. A prisão é uma pena que somente a lei
pode determinar os casos em que um homem merece essa pena, sendo tais provas
estabelecidas pela lei e não pelos juízes. À medida que as penas forem moderadas, as leis
poderão contentar-se com indícios cada vez mais fracos para a prisão. Um homem acusado de
um delito, encarcerado e depois absolvido, não deveria sofrer a infâmia

XXX- Processos e Prescrições: conhecidas as provas e estabelecida a certeza do delito, é


necessário conceder ao réu o tempo e os meios oportunos para justificar-se (tempo que não
prejudique a prontidão da pena). As leis devem estabelecer um prazo tanto para a defesa do réu
como para as provas dos delitos. Os crimes atrozes não merecem prescrição alguma em favor do
réu que se subtrai pela fuga. Nos delitos menores e duvidosos, a prescrição deve por fim à
incerteza do cidadão quanto à sua sorte. Os delitos são divididos em duas classes que pela
diferença de probabilidade devem ser regulados por princípios diferentes: 1ª delitos atrozes são
mais raros e, por isso, devem ter menor tempo de instrução devido à maior probabilidade de
inocência do réu e maior prazo de prescrição. 2ª delitos menores que, sendo menos provável a
inocência do réu, deverá aumentar o tempo de instrução e diminuir o prazo da prescrição (são
menores os danos da impunidade).

XXXI- Delitos de Difícil Prova: para quem considera que a razão foi a legisladora das nações,
parecerá estranho que os delitos mais atrozes ou obscuros (mais improváveis) sejam provados
por provas frágeis e equívocas, como se o interesse das leis e do legislador não fosse o de buscar
a verdade, mas o de provar o delito. Certos delitos são ao mesmo tempo frequentes e difíceis de
provar, sendo que a dificuldade da prova vale como a probabilidade da inocência. Adultérios e
“libido grega” (homossexualismo) são delitos de difícil prova que, segundo os princípios
admitidos, acolhem as presunções tirânicas, as quase provas, as semi-provas, onde a tortura
exerce sua crueldade sobre o acusado, testemunhas etc. o adultério encontra sua força e seu
direcionamento em duas razões: as leis variáveis dos homens e a fortíssima atração que impele
um sexo para o outro. Não se pode chamar precisamente justa a pena de um delito enquanto,
nas circunstâncias de uma nação, a lei não tenha aplicado meios para preveni-lo. Ainda cita
infanticidio (deve proteger com lei o que motivou para tal) e a pedrastia (busca pelo prazer).
XXXII- Suicídio: parece ser um delito que não admite uma pena propriamente dita, pois ela
recairia sobre um inocente ou sobre um corpo frio e insensível. Nesse últimocaso ela irá
impressionar os vivos como um açoite de uma estátua. No 1º caso, ela é injusta e tirânica, pois a
liberdade política dos homens supõe necessariamente que as penas sejam meramente pessoais.
A questão é saber se é útil ou nocivo à nação deixar a cada um de seus membros a liberdade
perpétua para abandoná-la. Uma lei que faz do Estado uma prisão seria inútil, pois desde que foi
cometido, o delito não pode ser punido e puni-lo por antecipação seria punir a vontade dos
homens (a intenção, parte mais livre do homem em relação às leis) e não as ações. A maneira
mais segura de prender os cidadãos à pátria é aumentar o bem-estar relativo de cada um. Se a
lei que aprisiona os súditos em seu país é inútil e injusta, não o será menos a que condena o
suicídio.

XXXIII- Contrabando: é um delito que ofende o soberano e a nação, mas cuja pena não deveria
ser infamante, pois quando cometido não produz infâmia na opinião pública. Punições
infamantes para delitos que não são reputados pelos homens como tal atenuam o sentimento
de infâmia pelos que realmente o são. Esse delito nasce da própria lei, pois o aumento da taxa
aduaneira estimula a pratica devido às maiores vantagens. O confisco dos bens é justo, e seria
mais eficaz com a diminuição das taxas, pois a redução das vantagens desestimularia a prática.
Esse delito não gera infâmia para o autor pelo fato de os homens apenas se indignarem com os
delitos que eles pensam que podem sofrer. Eles só enxergam o dano feito ao príncipe. Esse
delito deve ser punido com prisão e servidão próprias à sua natureza, e com o confisco a
mercadoria

XXXIV- Dos Devedores: o falido doloso deve ser punido com a mesma pena atribuída aos
falsários de moeda, pois falsificar uma peça de metal não é pior que falsificar as obrigações. Por
qual motivo o falido inocente deverá ser atirado em uma prisão? Sua obrigação há de ser
inextinguível até o pagamento total. Falencia por boa fé (tratada com menos rigor - pagar a
divida) ou por fraude (castigada).

XXXV- Asilos: dentro da fronteira de um país não deve haver nenhum lugar independente das
leis. A impunidade e o asilo só diferem em grau. Multiplicar os asilos é criar outras tantas
pequenas soberanias em que as leis não imperam. A utilidade ou não da entrega recíproca dos
réus entre nações é questão a ser decidida quando leis mais conformes às necessidades da
humanidade, penas mais suaves e a extinção da dependência do arbítrio e da opinião garantirem
a segurança da inocência oprimida.

XXXVI- Da Recompensa: é útil ou não colocar a prêmio a cabeça de um homem? Quando o réu
está além-fronteiras, o soberano estimula os cidadãos a cometerem um delito e os expõe ao
castigo. Quando está dentro das fronteiras, o soberano dá mostras da própria fraqueza (mostra
que não tem força para lutar contra aquele cara). Ao invés de prevenir um delito, dá origem a
outros cem. São ferramentas de nações fracas. As leis que premiam a traição e atiçam uma
guerra clandestina se opõem à aliança necessária entre a moral e a política, que assegura a
felicidade aos homens e a paz às nações.
XXXVII- Das Tentativas, dos Cúmplices, da Impunidade: as leis não punem a intenção, mas um
delito que começa com uma ação que manifesta a vontade de executá-lo deve ser punido, ainda
que a pena seja menor que o da execução mesma do delito. A necessidade de prevenir a
tentativa autoriza a pena. Deixar o delito consumado com pena maior estimula o
arrependimento (quando há um intervalo entre a tentativa e a execução). Quando vários
homens se unem num risco, será difícil achar o executor. A exceção seria no caso de fixar um
prêmio a ele pelo risco maior, devendo a pena ser igual. Alguns tribunais oferecem a impunidade
ao cúmplice que denuncia os companheiros. Inconvenientes: a nação autoriza a traição, o
tribunal revela sua incerteza e a fraqueza da lei ao implorar ajuda de quem a ofende. Vantagens:
a prevenção dos delitos importantes. Uma lei geral que prometesse a impunidade ao delator
seria preferível que uma declaração especial num caso particular, pois preveniria as uniões pelo
temor recíproco. Tal lei deveria unir a impunidade ao banimento do delator.

XXXVIII- Interrogatórios Sugestivos e Depoimentos: as leis proíbem os interrogatórios


chamados sugestivos, aqueles que os doutores interrogam sobre a espécie, e não, como
deveriam, sobre o gênero. Tais interrogações sugerem ao réu uma resposta imediata. Os
interrogatórios devem envolver o fato como um espiral, sem jamais alcançá-lo por via direta.
Pelos motivos de não sugerir ao réu uma resposta que o acoberte da acusação ou por ser
contrário à natureza que um réu se acuse por si só. Não há porque não conceder ao réu já
condenado um espaço, ao interesse da verdade, para que ele possa aduzir novos elementos que
podem alterar a natureza dos fatos e justificar a si ou a outrem novo julgamento. Aquele que
durante o interrogatório insistir em não responder às perguntas feitas merece uma pena das
mais severas entre as previstas, para que os homens não faltam à necessidade do exemplo que
devem ao público.

***XXXIX- De um Gênero Particular de Delitos: o século, a matéria e o lugar não permitem


examinar a natureza de tal delito. Seria demasiado longo provar que, por mais odioso que
pareça o império da força sobre as mentes humanas, ele é, todavia, necessário e indispensável.
Ao contrário dos delitos que emanam da natureza humana e do pacto social, os pecados devem
regular-se por outros princípios.

***XL- Falsas Ideias de Utilidade: é a que sacrifica mil vantagens reais a um inconveniente
imaginário ou sem grandes consequências, é a que tiraria o fogo do homem, porque incendeia, e
a água porque afoga, e que só repara os males com a destruição. As leis que proíbem o porte de
armas são dessa natureza. Ao invés de diminuir o número de homicídios, aumentam-no por ser
mais segura assaltar os desarmados do que os armados. É falsa ideia de utilidade a que separa o
bem público do bem particular.

***XLI- Como Prevenir os Delitos: é melhor prevenir os delitos do que puni-los. Este é o escopo
principal de toda boa legislação. Mas os meios até agora empregados tem sido, em sua maioria,
falsos e contrários ao fim proposto. As leis humanas não podem impedir as perturbações e a
desordem, mas para prevenir os delitos, elas devem ser claras, simples. A nação deve se
concentrar em defendê-las e elas devem favorecer menos as classes do que os próprios homens.
Além disso, deve-se fazer com que os homens as temam.

***XLII- Das Ciências: para prevenir os delitos, os conhecimentos devem ser difundidos na
sociedade. A difusão dos conhecimentos sobre a nação faz com que os homens apreciem os
pactos públicos, claros e úteis à segurança comum. Com o multiplicar dos homens as
necessidades aumentavam e eram necessárias impressões mais fortes e mais duráveis para
dissuadi-los do retorno ao estado de insociabilidade. Os primeiros erros (crenças) difundidos
trouxeram benefício político para as nações formadas por selvagens. As ciências nascidas de tais
erros fizeram dos homens uma fanática multidão de cegos. Foi a primeira época em que os
conhecimentos ou opiniões são danosos. A segunda consiste na passagem dos erros à verdade,
das trevas à luz. Os primeiros progressos da verdade são lentos, para depois acelerarem.

XLIII- Dos Magistrados: outro meio de prevenir os delitos é interessar os executores das leis
antes pela observância delas do que pela corrupção. Quanto maior o nº de membros menor o
perigo de usurpação das leis (uns observam os outros). O soberano deve acostumar os súditos a
temerem mais as leis do que os magistrados para que estes últimos não se aproveitem mais
desse temor do que com ele possa lucrar a segurança pública e particular.

XLIV- Prêmios: outro meio de prevenir os delitos é o de premiar a virtude. Assim como os
prêmios distribuídos pelas academias aumentam o conhecimento, prêmios distribuídos pelo
soberano poderiam multiplicar as ações virtuosas.

XLV- Educação: finalmente, o meio mais seguro, porém mais difícil, para prevenir os delitos, é
aperfeiçoar a educação.

XLVI- Das Graças: à medida que as penas se tornam mais suaves, a clemência e o perdão
tornam-se menos necessários. Onde há desordem no sistema criminal, o perdão e as graças são
necessários na proporção do absurdo das leis e da atrocidade das condenações.

XLVII- Conclusão: a grandeza das penas deve ser relativa ao estado da nação. À medida que os
espíritos se abrandam nos estados de sociedade, cresce a sensibilidade e, com ela, deve
decrescer a força da pena. Para que a pena não seja injusta (uma violência de um ou de muitos
contra um cidadão privado), ela deve ser essencialmente pública, rápida, necessária, a mínima
possível nas circunstâncias dadas, proporcional aos delitos e ditada pelas leis.

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