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15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

►Tema
1
►Tema
2
►Tema
3 ► Tema 1 - O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Subsistema de
►Menu
Atenção à Saúde Povos Indígenas (SASI-SUS)
da
unidade
Prezado Estudante!
Seja bem-vindo à unidade de política de saúde para os
povos indígenas. Para começar, convidamos você a
assistir ao vídeo sobre o SASI-SUS e a organização dos
serviços de saúde indígena.

SASI-SUS e a Organização dos Serviços de Saúde Indígena

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15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

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id=253)

► Tema 2 - Política de Saúde Indígena no Brasil


Autores: Douglas Rodrigues, Fernanda Roder, Lavínia Oliveira e So a Mendonça

►Tema
1

►Tema
Prezado Estudante!
2 Neste texto vamos abordar a história da política de
saúde indígena no Brasil nos diferentes tempos
►Tema históricos, desde a colonização até os dias atuais. Você
3
acompanhará a trajetória de luta dos povos indígenas
►Menu para a conquista de um sistema de saúde que considere
da as especi cidades dos povos indígenas no Brasil. Outro
unidade ponto abordado nesse texto é que o Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS) possui uma
organização dos serviços diferenciada que prevê a
garantia da assistência integral à saúde dos povos
indígenas e suas especi cidades.
Vamos lá!
 
Introdução
 
Entender a política de saúde indígena no Brasil requer
um breve relato histórico sobre as relações entre os
povos originários das Américas, erroneamente
denominados sociedades indígenas, e a sociedade
nacional, porque é neste contexto que são estabelecidas
as políticas públicas direcionadas a estes povos.
 
Saiba Mais (Clique)

 
Desde o início, o encontro entre os europeus e as
sociedades originárias foi marcado pelo con ito e a
oposição. Em diferentes períodos histórico-econômicos
e até os dias atuais, os indígenas sempre foram
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g p
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considerados obstáculos ao modelo de desenvolvimento


econômico nacional. A relação que se estabeleceu entre
os povos indígenas e os colonizadores, caracterizada
pela profunda desigualdade de forças, gerou uma série
de fatores que determinaram condições de
subordinação e dependência. Entre esses fatores está o
acesso à assistência à saúde, que será objeto de nossa
re exão.
A partir da colonização, vários povos indígenas
estiveram sob o con ito armado ou sucumbiram em
função do trabalho escravo e, principalmente, das
inúmeras epidemias de doenças contagiosas, como
gripe, varíola, sarampo, doenças sexualmente
transmissíveis, malária, entre outras. Muitas etnias
►Tema
1
foram exterminadas. Alguns autores estimam a
população indígena no Brasil, à época da chegada dos
►Tema colonizadores, entre 1,5 até 7 milhões de pessoas na
2 Amazônia, Brasil Central e costa Nordeste (HEMMING,
2007), o que representaria um contingente populacional
►Tema semelhante ao da Península Ibérica no século XVI.
3
Atualmente, a população indígena no Brasil é de
►Menu 817.963 pessoas, das quais 502.783 vivem em terras
da indígenas e 315.180 em áreas urbanas (IBGE, 2010).
unidade
Permanecem, desde o Brasil colonial, situações
regionais de con ito entre indígenas e colonizadores,
que tem como pano de fundo interesses políticos e
econômicos, espelhando as relações de força que
permeiam a sociedade nacional e entre esta e as
sociedades indígenas. A sobrevivência destes povos
depende das políticas públicas eleitas como prioritárias
em nível nacional, dos agentes de contato, que atuam
como intermediários e interlocutores no processo, e da
face da sociedade nacional que é apresentada aos
indígenas no nível regional, uma vez que o processo
saúde-doença para os povos indígenas tem
determinantes especí cos, ligados à disponibilidade de
uso de seus territórios tradicionais e à relação de
contato, além daqueles a que estão sujeitos todos os
brasileiros.
 
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Da Colônia à Republica
 
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No início do Brasil colônia a assistência à saúde dos


indígenas era feita pelos missionários. Como a intenção
era salvar suas almas e corpos, atendiam também aos
interesses da Coroa Portuguesa e dos governantes
locais por ela indicados. O governo dava suporte aos
missionários que, por sua vez, colaboravam na
paci cação dos indígenas e na sua submissão. Os povos
indígenas que cavam no caminho dos colonizadores
eram eliminados pela força, epidemias ou recrutados
como escravos.
 

Figura 1: Foto da
►Tema
1
Região do Alto Rio
Negro (AM)
►Tema mostrando os
2 indígenas em um
internato
►Tema religioso. Com a
3
colonização e a
►Menu cristianização
da foram impostas mudanças nos modos de vida dos
unidade indígenas. Os missionários tiravam as crianças de
suas aldeias e as mantinham em internatos, onde
eram impedidas de falar a língua materna e de
exercer suas práticas culturais.
Fonte: Instituto Socioambiental Povos Indígenas no Brasil
(http://pib.socioambiental.org/pt/povo/etnias-do-rio-negro/1530)

 
Nos primeiros anos da República houve uma grande
expansão das linhas ferroviárias e telegrá cas em
direção à região Centro-Oeste do país. Com isso, vários
grupos indígenas foram contatados de maneira violenta,
muitos deles massacrados. A assistência à saúde,
quando existia, era limitada à administração de
medicamentos pelos sertanistas e mateiros.
 

Figura 2: Um dos principais personagens do


sertanismo é Marechal Cândido Rondon. Sua prática
indigenista se originou de sua atuação à frente da
Comissão de Linhas Telegrá cas Estratégicas do
Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915), na qual
vivenciou experiências de contato e paci cação com
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os índios. A
atuação de
Rondon culminou
com a criação do
Serviço de
Proteção ao Índio
e Localização de
Trabalhadores
Nacionais
(SPILTN), em
1910.
Fonte: Luiz Leduc/ 1907 - Acervo Museu do Índio do Rio de Janeiro

 
►Tema
1 No início do século XX foi criado o Serviço de Proteção
ao Índio e Localização de Trabalhadores Nacionais –
►Tema SPILTN [1] (1910), dando início a uma nova fase da
2 política indigenista. As ideias iluministas e
►Tema evolucionistas consideravam que a sociedade moderna
3 daquela época teria atingido o auge da civilização,
enquanto a sociedade indígena era primitiva, povos "que
►Menu viviam na idade da pedra". Nessa linha de pensamento,
da os indígenas, ao entrarem em contato com a sociedade
unidade moderna, fatalmente abandonariam suas práticas
culturais tradicionais, transformando-se em novos
cidadãos brasileiros, trabalhadores nacionais,
assimilados pela sociedade majoritária. Para que os
indígenas alcançassem esse suposto estágio
civilizatório, o SPI construiu escolas onde se ensinava o
português e alguns ofícios, especialmente aqueles
ligados ao cultivo da terra, como parte do processo que
os transformaria em trabalhadores nacionais. As
mulheres aprendiam a cozinhar, costurar e outros
afazeres típicos de donas de casa, enquanto os homens
aprendiam agricultura e pecuária. Por considerar os
indígenas despreparados para viver na sociedade
moderna, a política indigenista desta época tinha uma
postura protecionista, que tinha como estratégia a
busca do contato "pací co". Os povos isolados eram
atraídos com presentes e alimentos, colocados em
pequenos aldeamentos onde seriam gradualmente
assimilados.
 

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Figura 3: Escola
Indígena Paresi,
Mato Grosso
Fonte: Museu do índio/Funai.

 
►Tema
1 Junto com os presentes vinham doenças e remédios,
criando assim novas dependências. Essa política,
►Tema embora tenha assegurado a sobrevivência de alguns
2 povos, os excluiu do acesso à informação e formação,
►Tema que garantiria o diálogo e interlocução menos
3 desfavorável com a sociedade nacional. Ao contrário, na
maioria das vezes a "paci cação" acarretava em
►Menu desestruturação social, fome e miséria.
da
unidade A assistência à saúde dos indígenas caracterizava-se por
sua desorganização e descontinuidade (COSTA, 1987).
Com a criação do SPI o quadro não se alterou. Não foi
instituída qualquer forma de oferta sistemática de
serviços de saúde.
A primeira tentativa organizada que objetivava levar
ações de saúde aos índios e às populações rurais de
difícil acesso surge na década de 50, ocasião em que é
criado, no Ministério da Saúde, o Serviço de Unidades
Sanitárias Aéreas (SUSA), liderado pelo médico
sanitarista Noel Nutels.
 

Eu não clinico,
não tenho
consultório.
Fazia malária e
agora faço
Tuberculose.
Minha mania: o
índio.
Figura 4: Noel
Nutels (1913-
1973)
Fonte: COC/Fiocruz
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As atividades do SUSA concentravam-se na vacinação,
controle de tuberculose e outras doenças transmissíveis
trazidas pelo contato. Desde aquela época Noel Nutels
a rmava a importância de estabelecer ações de saúde
sistemáticas dirigidas aos povos indígenas e à população
regional para controlar os agravos aos quais estavam
►Tema submetidos (COSTA, 1987).
1
 
►Tema
2 Saiba Mais (Clique)

►Tema  
3 O governo tinha posturas opostas em sua política
►Menu indigenista: uma, paternalista, que propunha o contato e
da a paci cação dos índios, intermediando a relação
unidade interétnica; e outra, etnocêntrica, que considerava os
índios como seres primitivos e selvagens, que deveriam
ser integrados a qualquer custo (DAVIS, 1978).
Nesse cenário de posições in amadas e antagônicas, no
nal da década de 50, Rondon e muitos de seus aliados,
que haviam dirigido o SPI desde sua criação, perderam
espaço político e uma nova geração de o ciais do
exército e funcionários públicos assumiu o controle do
órgão. A política indigenista adquire um caráter
nacional, os interesses econômicos prevalecem sobre as
questões humanitárias, crescem as denúncias de
corrupção dentro do órgão e de violências cometidas
contra os indígenas, que culminaram com sua extinção e
a criação, em 1967, da Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), que passou a ser o órgão indigenista o cial,
ligado ao Ministério do Interior.

Uma série de livros e declarações públicas


falavam de cobertores sendo dados aos índios
contaminados por varíola e outras doenças; de
incidentes onde napalm[2] era atirado de aviões
sobre as aldeias indígenas; eram exibidas
fotogra as de aldeias que haviam sido
dizimadas, onde apareciam restos de mulheres
e crianças sobre o solo árido e carbonizado. A
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sentença unânime da Europa era que o Brasil


estava pondo em prática uma política de
"genocídio étnico". (DAVIS,1981)

Figura 5: Foto do
início do século
XX mostra
indígenas da
Amazônia
escravizados
pelos
seringalistas
►Tema durante o ciclo
1 da borracha. Muitas denúncias envolvendo
funcionários do SPI foram feitas, sobre sua
►Tema conivência com a escravização dos índios e a
2 ocupação de suas terras.
►Tema Fonte: Foto de Roger Casement, 1911.
3
►Menu
da
unidade
Saiba Mais (Clique)

 
O milagre econômico
Entraremos agora no período do "milagre econômico"
durante a ditadura militar (1964-1985). Na década de
1970 os indígenas voltam à cena nacional, destacados
como empecilhos ao progresso. Surgem novas
denúncias de genocídio. A ocupação do Centro-Oeste e
Norte do país teve continuidade por meio da construção
de um sistema rodoviário na região amazônica
(Rodovias Transamazônica, Cuiabá-Santarém à
Perimetral Norte, além de estradas menores, de
interligação) e de obras de infraestrutura, como usinas
hidrelétricas e parques de exploração mineral, afetando
inúmeros povos indígenas que ali habitavam, em total ou
relativo isolamento. Cada vez mais os interesses
econômicos nacionais e internacionais direcionavam a
política indigenista brasileira, como parecem fazê-lo até
os dias atuais.
 

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Figura 6: A fotogra a mostra o


povo Panará perambulando pela
rodovia Cuiabá-Santarém (BR
163), que cortou seu território
tradicional, desestruturou suas
aldeias, provocou a ocupação do
seu território e mortes por
epidemias e fome. Estimados em
cerca de 600 pessoas em 1968
(RODRIGUES, 2013), foram
reduzidos a 79 pessoas em 1975,
quando os sobreviventes foram transferidos
compulsoriamente para o Parque Indígena Xingu.
Fonte: Orlando Brito, 1974.
►Tema
1

►Tema
2
 
►Tema
3 Esta ambiguidade da política nacional, matar ou
proteger, integrar ou isolar, se re etia nas ações do novo
►Menu órgão indigenista. Sob a gestão da FUNAI foi
da estabelecido um modelo de prestação de serviços de
unidade
saúde de caráter campanhista e eventual, por meio de
Equipes Volantes de Saúde (EVS), que se deslocavam
para as áreas indígenas para executar ações de saúde.
No Ministério da Saúde, o SUSA, renomeado como
Unidade de Atendimento Especial (UAE), passou a
trabalhar apenas com o controle da tuberculose
somente em algumas áreas indígenas. Também era de
responsabilidade do Ministério da Saúde o controle das
principais endemias, com grande destaque para a
malária, realizado pela Superintendência de Campanhas
de Saúde Pública (SUCAM).
O modelo de atenção baseado nas EVS, de pouca
e cácia, caracterizava-se pela grande fragmentação de
ações, além de ser predominantemente curativo e
medicalizante. Carecia de planejamento e de
integralidade das ações, era extremamente de ciente
em infraestrutura e recursos e não tinha qualquer
articulação com outros níveis de atenção. Não havia um
sistema de registro de informações em saúde e os
trabalhadores eram despreparados para atuar em
situações de interculturalidade. No intuito de
complementar as ações das EVS, a FUNAI celebrou
vários convênios com entidades governamentais e não
governamentais para desenvolverem ações de saúde. A
maior parte dos recursos da saúde era gasto na compra
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de medicamentos, diárias, transporte e remoções de


pacientes e pagamento de serviços médicos e
ambulatoriais em hospitais que, em sua maioria, eram
privados (CONFALONIERI, 1989).
Com o passar do tempo, o modelo de atenção das EVS
foi se esvaziando. Os poucos pro ssionais de saúde da
FUNAI foram sendo xados nos centros urbanos,
voltados para a assistência médico-hospitalar. As ações
nas aldeias tornaram-se cada vez mais esporádicas. No
início dos anos 80, a FUNAI só conseguia manter
pro ssionais de saúde, em sua maioria atendentes ou
auxiliares de enfermagem, em algumas áreas indígenas.
O quadro geral era de desassistência. Em 1979, a FUNAI
constatava que 70% da população indígena no Brasil
►Tema
1
encontrava-se em precárias condições de saúde (SELAU,
1992).
►Tema  
2
►Tema
3
As décadas de 1980 e 1990 – Cronologia da luta
►Menu
da pela atenção diferenciada à saúde dos povos
unidade indígenas no Brasil
 
Para entender a trajetória da luta pela construção de
uma política indigenista de saúde e do subsistema de
saúde indígena é preciso entender o contexto mais geral
das políticas de saúde no Brasil, que culminaram na
criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Saiba Mais (Clique)

Os sucessivos presidentes militares, impostos pelo


golpe de 1964, implantaram reformas institucionais na
saúde pública e no sistema médico-previdenciário. A
criação do Instituto Nacional de Previdência Social
(INPS), em 1966, centralizou as contribuições
previdenciárias e passou a gerir as aposentadorias,
pensões e assistência médica a todos os trabalhadores
formais, excluindo os trabalhadores rurais e os
trabalhadores urbanos informais.
Na década de 1970, embora ocorresse uma grande
expansão da assistência médica nanciada pela
Previdência Social, a priorização da medicina curativa,
os custos crescentes do modelo centrado no hospital,
aliados à incapacidade do sistema público de saúde em
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atender a demanda crescente de marginalizados da


economia, desempregados em consequência da
diminuição do crescimento econômico, e a gestão
inadequada, por vezes fraudulenta, dos recursos da
saúde pública, levaram a Previdência Social à maior crise
já vista até então. O modelo político-econômico
implantado pela ditadura militar não garantiu condições
adequadas de assistência à saúde da população
brasileira, e menos ainda à saúde dos povos indígenas,
que se deteriorava rapidamente.
É desse período a primeira a rmação da
responsabilidade estatal pela saúde indígena por meio
da lei 6001, de dezembro de 1973, também conhecida
como Estatuto do Índio
►Tema
1
(http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/LEIS/L6001.htm)
: Essa lei assegurava aos índios, ainda que de forma
►Tema extremamente vaga,"o regime geral da Previdência
2 Social", "os meios de proteção à saúde facultados à
comunhão nacional" e "especial assistência dos poderes
►Tema públicos em estabelecimentos a esse m destinados"
3
(Art. 54 e 55).
►Menu Com o desgaste e enfraquecimento do governo militar, a
da partir da segunda metade da década de 1970, surge o
unidade
Movimento pela Reforma Sanitária. Esse movimento
ganhou força mobilizando setores importantes da
sociedade organizada, pro ssionais de saúde e
intelectuais. Compartilhando ideais e princípios de
universalidade, integralidade e equidade, os
pro ssionais de saúde e indigenistas que trabalhavam
com os povos indígenas integraram-se ao movimento. O
processo de abertura democrática propiciou o
surgimento de um movimento indígena, de abrangência
nacional, dando início a um longo processo de
mobilização e alianças com setores do Movimento pela
Reforma Sanitária, que resultou na criação de um
subsistema de atenção à saúde indígena, em 1999, nove
anos após a criação do Sistema Único de Saúde, em
1990.
Vários foram os espaços de discussão para a construção
da política de saúde indígena na década de 1980. Entre
eles cabe destacar os Encontros de Saúde do Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), os encontros anuais de
Antropologia Médica na Escola Paulista de
Medicina/UNIFESP e encontros promovidos pela
FUNAI.
Nos documentos da FUNAI dessa época, analisados por
Selau (1992), destacamos as conclusões de um
"Encontro de Saúde Indígena" realizado em Brasília,
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entre 25 e 29 de janeiro de 1985:


 
Os problemas atualmente constatados são
verdadeiramente trágicos, resultantes das
de ciências quantitativas e qualitativas de
recursos humanos especializados e
inadequação dos esquemas terapêuticos,
carência de medicamentos, desntrição,
poluição ambiental, descontinuidade de
programas de imunização, bem como da
angústia gerada pela incerteza de um futuro
constantemente ameaçado por mineradoras,
hidroelétricas e projetos agropecuários.
►Tema  
1
Conclui-se, também, pela necessidade de "um esforço
►Tema integrado entre a FUNAI, instituições de ensino e
2
pesquisa, entidades de apoio e do movimento indígena
►Tema visando a construção de um sistema de atenção à saúde
3 indígena realmente e caz".
►Menu Este esforço integrado baseava-se no pensamento
da sanitário vigente, representado pela estratégia das
unidade Ações Integradas de Saúde (AIS). Tal estratégia
propunha a con uência de esforços entre os níveis
federal, estadual e municipal que, a partir de diretrizes e
princípios básicos, criariam condições técnico-
administrativas e políticas para a construção de um
modelo assistencial que caminhava para a concepção do
SUS, concebido no direito à saúde, na descentralização,
universalização, regionalização da rede pública de
serviços de saúde e na equidade de atendimento para
todos os brasileiros.
Em 1986, a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS)
referendou a proposta da Reforma Sanitária, com a
aprovação da criação de um Sistema Único de Saúde,
ligado a um único Ministério (da Saúde), que seria o
gestor nacional do sistema, desvinculando a assistência
à saúde da previdência. A participação, na VIII CNS, de
vários pro ssionais envolvidos com a saúde indígena e
de representantes do movimento indígena possibilitou a
articulação necessária para que a plenária nal
deliberasse pela realização da Primeira Conferência
Nacional de Proteção à Saúde Indígena
(http://189.28.128.100/dab/docs/geral/1cnsi.pdf), no
mesmo ano.
 

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A I CNSPI estabeleceu as bases para a organização dos


serviços de atenção à saúde indígena na forma de um
subsistema especí co para atenção à saúde dos
indígenas, parte do Sistema Único de Saúde proposto
pela VIII CNS
(http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/Relatorios/relator
(...) o acesso das nações indígenas às ações e
serviços de saúde, bem como sua participação
na organização, gestão e controle dos mesmos,
respeitadas as especi cidades etnoculturais e
de localização geográ ca, é dever do Estado
(...) o gerenciamento das ações e serviços de
atenção à saúde para as nações indígenas,
►Tema deverá ser da responsabilidade de um único
1
órgão, criando-se uma agência especí ca para
►Tema tal m, com representação indígena (...) a
2 vinculação institucional desta agência deve ser
com o ministério responsável pela
►Tema coordenação do sistema único de saúde, de
3
modo a integrar o sistema especí co de saúde
►Menu para os índios ao sistema nacional. (trechos
da presentes no relatório da I CNSPI).
unidade  

 
A conquista do Subsistema de saúde indígena na
década de 1990
 
A criação do SUS, efetivada na Constituição de 1988
(http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON
contemplou a reivindicação do movimento da Reforma
Sanitária.
 
A "Constituição Cidadã", como cou conhecida,
respondeu também ao movimento indígena e
indigenista, reconhecendo aos indígenas sua
organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, determinando um prazo de cinco anos para a
demarcação das terras indígenas em todo o país (não
cumprido até os dias de hoje) e abrindo espaço para a
mobilização em busca da atenção diferenciada à saúde

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no SUS. As leis orgânicas da saúde publicadas em 1990[3]


, entretanto, não zeram menção à saúde dos povos
indígenas, que permaneceu como atribuição da FUNAI.

As leis orgânicas da saúde publicadas em


1990 são:
1) Lei nº 8.080, de 19 de setembro, que
dispõe, entre outros, sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da
saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes.
2) Lei nº 8.142, de 28 de dezembro, que
dispõe, entre outros, sobre a participação da
►Tema comunidade na gestão do Sistema Único de
1 Saúde (SUS).
►Tema
2 Nessa mesma época, a grave situação sanitária em que
►Tema se encontravam os Yanomami, em consequência da
3 invasão maciça de suas terras por garimpeiros em anos
anteriores, ganhou visibilidade nacional e internacional
►Menu provocando uma resposta do governo brasileiro que
da publica, em fevereiro de 1991, o Decreto Presidencial
unidade de nº. 23
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-
1994/D0023.htm) , transferindo para o Ministério da
Saúde a responsabilidade de coordenação das ações de
saúde destinadas aos indígenas. Uma das respostas do
governo brasileiro às denúncias de genocídio dos
Yanomami foi a criação Distrito Sanitário Yanomami
(DSY), como parte da recém-criada Fundação Nacional
de Saúde (FUNASA). O DSY foi estruturado dentro da
Coordenação Regional da FUNASA em Boa Vista (RR).
No mesmo ano é criada Coordenação de Saúde do Índio
(COSAI), com a atribuição de implementar um modelo
de atenção à saúde do índio no âmbito da FUNASA.
A mudança da responsabilidade pela atenção à saúde
indígena criou um clima de con ito interinstitucional
dentro do governo. De um lado a FUNAI, com
orçamento cada vez menor, resistia à perda da gestão da
saúde indígena, porém vinha desativando praticamente
sua estrutura assistencial que, embora precária,
garantia condições mínimas de assistência em algumas
áreas indígenas. A recém-criada FUNASA, sem qualquer
experiência indigenista, sob o peso de uma estrutura
extremamente centralizada, encontrava di culdade
para levar a cabo sua recente missão de prover acesso a
serviços de saúde nas áreas indígenas, enquanto
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denúncias de agravamento do quadro sanitário nestas


áreas se acumulavam, com aumento de mortalidade e
recrudescimento de várias doenças em praticamente
todas as regiões.
 

Figura 7: Líder
Yanomami Davi
Kopenawa alerta
para iminência de
novo genocídio.
Foto: Vanessa
Lima/G1
►Tema Fonte: G1 – o portal de
1 notícias da Globo.

►Tema  
2  
►Tema  
3
 
►Menu
da  
unidade
 
Saiba Mais (Clique)

 
Em outubro de 1991 foi criada a Comissão Intersetorial
de Saúde do Índio (CISI)
(http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/cisi/index.ht
com a missão de assessorar o Conselho Nacional de
Saúde no acompanhamento da saúde dos povos
indígenas, por meio da articulação intersetorial no
governo e com a sociedade civil organizada. A CISI
trabalhou em duas direções: servindo como uma caixa
de ressonância, recebia informações de várias áreas do
país, dando-lhes visibilidade, ao mesmo tempo em que
elaborava várias recomendações ao Conselho Nacional
de Saúde, no sentido de se criar um grupo de trabalho
para estabelecer um plano de ações pactuado entre a
FUNAI e a FUNASA, que nunca se constituiu.
 
Em 1992 é realizada a IX Conferência Nacional de
Saúde, que rea rmou a necessidade de garantir a
atenção integral à saúde do índio, em função de suas
especi cidades socioculturais e de sua situação
sanitária, considerando seus sistemas tradicionais de
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cura, através de uma rede de Distritos Sanitários


Especiais Indígenas (DSEI), diretamente ligados ao
Ministério da Saúde, com participação indígena por
meio de Conselhos de Saúde Indígena. Aprovou-se
também a realização da Segunda Conferência Nacional
de Saúde dos Povos Indígenas
(http://189.28.128.100/dab/docs/geral/2cnsi.pdf), que
foi realizada em Luziânia/GO, em 1993.
 
A II Conferência Nacional de Saúde dos Povos Indígenas
de niu as diretrizes e princípios que deveriam nortear a
política indigenista de saúde. Contou-se, pela primeira
vez, com a participação paritária de delegados indígenas
►Tema e não indígenas.
1
Esta conferência avançou signi cativamente na
►Tema concepção do modelo de atenção. Seu relatório nal é
2 bastante claro quando justi ca a necessidade de uma
política setorial especí ca para lidar com a saúde dos
►Tema povos indígenas a partir dos princípios do próprio SUS.
3 Rea rma que a base do modelo de atenção à saúde
►Menu indígena seria os DSEI e que o Ministério da Saúde
da deveria ser o órgão responsável pela saúde indígena,
unidade contemplando níveis de gerência federal, regional e
distrital, com autonomia de gestão administrativa,
orçamentária e nanceira.
No interior do governo, entretanto, permanece a
disputa institucional. Em maio de 1994 é publicado um
novo decreto presidencial (1141/94)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D11
que devolve à FUNAI a gestão da saúde indígena .
 
Este decreto constitui uma Comissão Intersetorial (CIS),
com a participação de vários ministérios relacionados
com a questão indígena. A CIS aprova, por intermédio da
resolução nº 2, de outubro de 1994, o "Modelo de
Atenção Integral à Saúde do Índio (MAISI)", e divide as
atribuições entre as instituições, delegando à FUNAI a
responsabilidade pela assistência à saúde desde a aldeia
até as referências de maior complexidade e à FUNASA
as ações de promoção da saúde como saneamento,
imunização, formação de recursos humanos e controle
de endemias, ferindo claramente o princípio da
integralidade das ações de saúde (BRASIL, 2000).
A incoerente separação entre as ações preventivas e
curativas divididas entre a FUNASA e a FUNAI, a
insu ciência e má gestão de recursos favoreceu o
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15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

agravamento do quadro sanitário dos povos indígenas.


Em 1996, estes recursos representavam, para execução
da assistência à saúde, R$ 20,27 per capita no âmbito da
FUNAI, e R$ 57,75 na FUNASA, resultando um total de
R$ 78,02 per capita, ainda inferior à baixa média
nacional da época, que era de R$ 100,00 per capita
(relatórios da CISI/CNS/MS).
Em 1994, o médico sanitarista e deputado Sérgio
Arouca, atendendo às demandas do movimento
indígena e indigenista, propôs um Projeto de Lei na
Câmara dos Deputados, que dispunha sobre as
condições para a promoção, proteção e recuperação da
saúde e a organização e funcionamento de serviços para
as populações indígenas. Este projeto, conhecido como
►Tema
1
Lei Arouca, foi aprovado e regulamentado pelo
presidente Fernando Henrique Cardoso cinco anos
►Tema depois, em 1999, após 5 anos de tramitação no
2 Congresso Nacional.
►Tema  
3

►Menu
da
unidade

Figura 8: Sergio
Arouca.
Fonte: Arquivo/Fiocruz.

 
Saiba Mais (Clique)

 
Enquanto a Lei Arouca tramitava no Congresso
Nacional, o quadro caótico que permanecia na saúde
indígena levava a CISI a acionar a Procuradoria Geral da
República (PGR), denunciando a gravidade da situação,
apontando a distorção da divisão de atribuições que se
estabeleceu entre FUNAI e FUNASA e a falta de
de nição da política indigenista de saúde pelo governo
federal. Em junho do mesmo ano, a PGR emite um
parecer, expõe a ilegalidade do Decreto nº 1141,
rea rma a responsabilidade federal para com a saúde

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indígena e que o Ministério da Saúde, gestor do SUS, é o


responsável por estabelecer a política setorial
especí ca, em articulação com o órgão indigenista.
Finalmente, em setembro de 1999, a chamada Lei
Arouca (Lei nº 9.836/99)
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9836.htm) é
aprovada no Congresso Nacional e regulamentada pelo
presidente da república da época, conformando o marco
legal para a criação do subsistema de saúde indígena.
A gestão do subsistema de saúde indígena (SASI-SUS)
coube inicialmente à FUNASA, por meio da criação de
um Departamento de Saúde Indígena. Foram criados 34
Distritos Especiais de Saúde Indígena (DSEI) após um
►Tema processo nacional de territorialização e distritalização
1 sanitária, operacionalizado por meio de o cinas
macrorregionais. A saúde indígena passou a ser um
►Tema campo de atuação no qual o Ministério da Saúde tem a
2
responsabilidade integral pelas ações de atenção
►Tema primária no nível local, coerente com as disposições da
3 Constituição Federal e da Lei Arouca, que determinam
que o nanciamento, a gestão e a execução da Política
►Menu de Saúde Indígena são de responsabilidade do governo
da federal, uma característica que segue uma orientação
unidade
contrária à tendência de descentralização e
municipalização do Sistema Único de Saúde (PEREIRA;
MAQUINÉ, 2013).
Em 2010 foi criada, no âmbito do Ministério da Saúde, a
Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), com a
atribuição de realizar a gestão e a execução das ações de
atenção primária para os povos indígenas que vivem em
terras demarcadas em todo o território nacional. A
transição das responsabilidades da FUNASA para a
SESAI encerrou-se em dezembro de 2011 .
 
Saiba Mais (Clique)

 
A operacionalização do SASI-SUS é regida pela Política
Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_saude
que por sua vez integra a Política Nacional de Saúde. O
arcabouço legal formado pela Constituição Federal,
cujas disposições foram compatibilizadas com a Lei
Orgânica da Saúde (Lei 8080/1990), garantem o direito
das populações indígenas no Brasil, que vivem em Terras

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Indígenas regularizadas, a um atendimento diferenciado


à saúde, formatado de modo a respeitar suas
especi cidades culturais pelo Sistema Único de Saúde.

 
Considerações Finais
 
Durante mais de uma década de implantação do
Subsistema de atenção à saúde indígena, muitas
questões podem ser levantadas. A imensa complexidade
►Tema deste sistema e de sua operacionalização carece de uma
1 re exão profunda e de novas estratégias de intervenção
para que não se perca a grande chave da política de
►Tema atenção à saúde dos povos indígenas – a atenção
2 diferenciada – sob o risco de se desconstruir o conceito
de Distrito Sanitário Especial Indígena.
►Tema
3 A gestão e operacionalização do subsistema de atenção
à saúde indígena tem-se mostrado complexa e pouco
►Menu adequada até o momento. A opção por um modelo
da
unidade
terceirizado de contratação da força de trabalho para a
saúde indígena não tem respondido adequadamente às
necessidades, gerando vínculos trabalhistas precários,
alta rotatividade de pessoal e pouco vínculo entre
usuários e equipe de saúde. A falta de uma política de
educação permanente para os pro ssionais de saúde
indígena tem como consequência a oferta pouco
quali cada de serviços no nível local. A melhora inicial
dos indicadores de saúde diminuiu de velocidade e
estabilizou-se, permanecendo, até hoje, em níveis duas a
três vezes piores do que os da população brasileira
como um todo, como demonstra o grá co 1, que
compara as taxas de mortalidade infantil entre
indígenas e a população brasileira como um todo, no
período compreendido entre 2000 e 2011 (após 12 anos
de implantação do SASI-SUS).
 

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►Tema
1 Um dos maiores desa os a serem enfrentados pelo SUS
para a oferta de serviços adequados aos povos indígenas
►Tema reside em uma de suas principais características, que é a
2 tendência a priorizar ações de saúde voltadas para áreas
►Tema urbanas. Da forma como o SUS foi sendo estruturado no
3 Brasil, acumulou-se maior experiência na organização
de serviços para grandes aglomerados urbanos, dadas as
►Menu características de urbanização da população brasileira,
da da ordem de 84% (IBGE, 2010).
unidade
Em consequência, a organização e oferta de serviços de
saúde para populações rurais e culturalmente
diferenciadas encontra maiores di culdades. Como
vimos anteriormente, a forma original de concepção do
SUS não levava em conta a população indígena como
uma de suas prioridades, já que essa atribuição
permaneceu na FUNAI. O Ministério da Saúde,
portanto, só começa a acumular alguma experiência no
desenvolvimento de políticas para os grupos
etnicamente diferenciados a partir do início deste
século.
Os 14 anos de criação do SASI-SUS ainda não se
mostraram su cientes para a produção de tecnologias e
modelos de atenção adequados às necessidades da
população indígena. A relação entre o SUS e o
Subsistema é permeada por con itos e contradições,
dos quais a municipalização dos serviços de saúde é um
dos que mais impactam o direito dos indígenas à
atenção diferenciada. A internalização das necessidades
de saúde dos povos indígenas nas políticas e rotinas do
Ministério da Saúde, somada a um relativo
desconhecimento da questão indígena pelas
autoridades sanitárias do país, gera uma tendência a
reproduzir práticas sanitárias pouco e cazes quando
aplicadas à realidade dos povos indígenas.
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Nos seus anos de existência, o SASI-SUS não logrou, até


o presente, desenvolver um modelo de atenção voltado
para a prevenção de doenças e promoção da saúde. A
assistência oferecida pelos DSEI não superou de forma
e ciente o modelo médico-centrado, curativo e
individual, que tem como uma das principais
características a remoção, quase sempre emergencial,
de doentes para centros urbanos. Ainda que os dados
epidemiológicos sobre a saúde indígena sejam precários,
podemos perceber que persistem altas taxas de
adoecimento e morte por doenças evitáveis por boas
práticas de atenção primária em saúde. A pouca
efetividade do sistema de informações em saúde
indígena di culta o planejamento adequado das ações
►Tema de saúde e o monitoramento de sua e cácia.
1
Entretanto, não seria justo deixar de citar os avanços e
►Tema resultados obtidos ao longo da existência do SASI-SUS,
2 particularmente o reconhecimento pelo poder público
►Tema da necessidade de uma política de saúde especí ca para
3 os povos indígenas, corrigindo assim uma iniquidade
histórica. É necessário registrar que o Subsistema não é
►Menu capaz, por si só, de equacionar as graves ameaças aos
da direitos indígenas e à sobrevivência desses povos.
unidade Seguramente, representa uma importante contribuição
para a redução, embora incipiente, nos indicadores de
morbimortalidade indígena que permanecem,
entretanto, muito piores do que os da população
brasileira como um todo.
A SASI-SUS, apesar das di culdades apresentadas
anteriormente, efetivou a extensão da cobertura das
ações de saúde, a instalação de uma rede de cuidados,
anteriormente inexistente em vários locais, um
incremento numérico signi cativo na força de trabalho
na saúde indígena e a implantação de instâncias de
controle social (Conselhos Distritais e Locais de Saúde
Indígena).
O desa o atual passa por constituir uma gestão
diferenciada para o Subsistema com efetiva participação
indígena, incluindo aí a articulação com as práticas
tradicionais de cuidado e cura, além da quali cação dos
pro ssionais que atuam diretamente junto aos povos
indígenas, no interior de seus territórios.

Re ita sobre os desa os do SASI-SUS, e em


qual seria seu papel enquanto agente
transformador, trabalhando nesse contexto.

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15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

Agora que você já percorreu a trilha de aprendizagem


pensada para essa unidade, convidamos você a
responder a um questionário de múltipla escolha para
sedimentar o conhecimento construído nesse percurso.

(https://moodle.unasus.unifesp.br/mod/quiz/view.php?
id=246)
 
►Tema
1 Referências
►Tema  
2 BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Política Nacional
►Tema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
3 (http://189.28.128.100/dab/docs/geral/politica_nacional_
►Menu Brasília: [s.n.], 2002.
da CONFALONIERI, U. O Sistema Único de Saúde e as
unidade populações indígenas: por uma integração diferenciada.
Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.5 (4), out-dez,
1989.
COSTA, D. C. Política indigenista e assistência à saúde:
Noel Nutels e o serviço de unidades sanitárias aéreas.
Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.3 (4), out-dez.,
1987. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S0102-311X1987000400003&script=sci_arttext
(http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
311X1987000400003&script=sci_arttext) . Acesso em:
22 mai. 2014.
DAVIS, H. S.; MENGET, P. Povos Primitivos e Ideologias
Civilizadas no Brasil. In: JUNQUEIRA, C.; CARVALHO, E.
A. (Org.). Antropologia e Indigenismo na América
Latina. São Paulo: Cortez, 1981.
DAVIS, S. H. As vítimas do Milagre: O desenvolvimento
e os índios no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1978.
GARNELO, L; PONTES, A. L. (orgs.). Saúde Indígena:
uma introdução ao tema. [S.I.]: MEC-SECADI, 2012. p.
19-58. (Coleção Educação para todos).

http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/SI/unidade1.html 22/32
15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

HEMMING, J. Ouro vermelho: A conquista dos índios


brasileiros. São Paulo: EDUSP, 2007.
IBGE. Censo 2010. [S.I.: s.n.], [2010].
____. Censo indígena. [S.I.: s.n.], 2010.
PAIVA, C. H. A. A saúde pública em tempos de
burocratização: o caso do médico Noel Nutels. História,
Ciências, Saúde: Manguinhos. Rio de Janeiro, v. 10(3), p.
827-51, set-dez, 2003.
PEREIRA, M. L. G.; MAQUINÉ, A. L. Financiamento do
Subsistema de Saúde Indígena nos Planos Plurianuais
►Tema (PPA) no Brasil. Manaus, 2013. Disponível em:
1 www.politicaemsaude.com.br/anais/orais_painel/029.pdf
(http://www.politicaemsaude.com.br/anais/orais_painel/02
►Tema Acesso em: 22 mai. 2014.
2
RODRIGUES, D. Saúde e Doença entre os Panará, povo
►Tema
3 indígena amazônico de recente contato 1975 – 2007.
Tese de Doutorado. UNIFESP, 2013.
►Menu
da SAPPER, K; KROEBER, A; HEMMING, J. Handbook of
unidade American Indians. Washington DC: Smithsonian
Institute, 1946.
SELAU, M. G. A Política Indigenista Governamental:
aspectos políticos e administrativos da ação médico-
sanitária entre as populações indígenas brasileiras.
Brasília: MIMEO. Relatório de pesquisa para o CNPq,
1992.
 

► Tema 3 - O controle Social na Saúde indígena: pontos para


re exão
Autor: Douglas Rodrigues

 
Prezado Estudante,
Nesse texto propomos inicialmente que conheça as
instâncias do controle social na saúde indígena e suas
bases legais. Posteriormente faremos uma re exão
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sobre a participação dos indígenas nos órgãos


colegiados de controle social do SUS e a relação com a
organização social e o exercício do poder nas sociedades
indígenas.
Observe que nossa proposta é dialogar exclusivamente
sobre o Controle Social na Saúde Indígena, no entanto,
se desejar conhecer o controle social na saúde (SUS),
você poderá consultar os materiais disponíveis no site
http://conselho.saude.gov.br/
(http://conselho.saude.gov.br/)
Para aprofundar seu conhecimento, não deixe de
acessar os materiais complementares e a legislação
sobre os povos indígenas.
►Tema Vamos começar?
1
 
►Tema
2 1) Bases legais do Controle Social na Saúde Indígena
►Tema  
3
A criação do subsistema de saúde indígena dentro do
►Menu SUS foi consolidada pela Lei 9836, de 1999. A referência
da ao controle social, nessa lei, é genérica, como podemos
unidade constatar nos artigos abaixo:
 
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena, componente do
Sistema Único de Saúde – SUS, criado e
de nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28
de dezembro de 1990, com o qual funcionará
em perfeita integração. (BRASIL, 1999)
Art. 19-H. As populações indígenas terão
direito a participar dos organismos colegiados
de formulação, acompanhamento e avaliação
das políticas de saúde, tais como o Conselho
Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e
Municipais de Saúde, quando for o caso.
(BRASIL, 1999)
 

Saiba Mais (Clique)

 
A redação da Lei, no que diz respeito ao controle social,
não avança para a especi cidade do subsistema, apenas
remete a participação indígena aos órgãos colegiados de
controle social do SUS (Conselho Nacional de Saúde e
Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde), sem
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15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

referência especí ca a ele. Além disso, essa participação


é condicionada pela expressão "quando for o caso",
como vimos acima.
 

Saiba Mais (Clique)

 
Encontramos a primeira referência aos Conselhos
Locais e Distritais de Saúde indígena na Política
Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas,
aprovada mediante portaria ministerial de 2002:
A participação indígena deverá ocorrer em
►Tema todas as etapas do planejamento, implantação
1 e funcionamento dos Distritos Sanitários
Especiais Indígenas, contemplando expressões
►Tema formais e informais.
2
Essa participação dar-se-á especialmente por
►Tema intermédio da constituição de Conselhos
3 Locais e Distritais de Saúde Indígena; por
Reuniões Macrorregionais; pelas Conferências
►Menu Nacionais de Atenção à Saúde dos Povos
da Indígenas e Fórum Nacional sobre a Política de
unidade
Saúde Indígena e pela presença de
representantes indígenas nos Conselhos
Nacional, Estaduais e Municipais de Saúde.
(BRASIL, 2002)
E ainda:
Os Conselhos Locais de Saúde serão
constituídos pelos representantes das
comunidades indígenas da área de
abrangência dos Polos Base, incluindo
lideranças tradicionais, professores indígenas,
agentes indígenas de saúde, especialistas
tradicionais, parteiras e outros. (BRASIL,
2002)
Os Conselhos Distritais de Saúde são
instâncias permanentes de Controle Social, de
caráter deliberativo e constituídos de acordo
com a Lei nº 8.142/90, observando, em sua
composição, a paridade de 50% de usuários e
50% de organizações governamentais,
prestadores de serviços e trabalhadores do
setor de saúde dos respectivos distritos.
(BRASIL, 2002)
Saiba Mais (Clique)

 
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O mesmo documento busca marcar a especi cidade ao


a rmar que:
Todos os povos que habitam o território
distrital deverão estar representados entre os
usuários. Aos conselheiros que não dominam o
português deve ser facultado o
acompanhamento de intérprete. (BRASIL,
2002)
Refere-se à participação indígena nos conselhos
municipais, estaduais e nacional de saúde:
[...] Como forma de promover a articulação da
população indígena com a população regional
na solução de problemas de saúde pública,
►Tema deve ser favorecida a participação de seus
1 representantes nos Conselhos Municipais de
Saúde.
►Tema Deve ser ainda estimulada a criação de
2
Comissões Temáticas ou Câmaras Técnicas, de
►Tema caráter consultivo, junto aos Conselhos
3 Estaduais de Saúde, com a nalidade de
discutir formas de atuação na condução da
►Menu Política Nacional de Atenção à Saúde dos
da
unidade
Povos Indígenas.
O Controle Social, no âmbito nacional, será
exercido pelo Conselho Nacional de Saúde,
assessorado pela Comissão Intersetorial de
Saúde Indígena – CISI, já existente e em
funcionamento. (BRASIL, 2002)
E naliza referindo-se às conferências nacionais de
saúde:
As Conferências Nacionais de Saúde dos Povos
Indígenas deverão fazer parte das
Conferências Nacionais de Saúde e
obedecerão à mesma periodicidade. (BRASIL,
2002)
Saiba Mais (Clique)

 
Em 2012, a portaria ministerial 755/2012, dispõe sobre
a organização do controle social no Subsistema de
Saúde Indígena, criando três instâncias permanentes, a
saber:
. Conselhos Locais de Saúde Indígena – somente com
indígenas, de caráter consultivo;

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. Conselhos Distritais de Saúde Indígena – paritário


entre indígenas (50%), gestores (25%), e trabalhadores
(25%), de caráter deliberativo;
. Fórum Nacional de Presidentes de Conselhos Distritais
de Saúde Indígena – formado pelos 34 presidentes dos
Conselhos Distritais de Saúde Indígena, de caráter
consultivo.
 
Saiba Mais (Clique)

►Tema
 
1 2) A participação indígena nas instâncias institucionais
►Tema do controle social na saúde
2
Ao abordarmos a questão dos usuários indígenas nas
►Tema instâncias de controle social do SUS, é importante que
3 observemos alguns aspectos que consideramos chave
para que essa participação seja mais efetiva e
►Menu democrática. Várias são as de nições de controle social.
da Uma bastante ampla e interessante é a que
unidade
encontramos na REBIDIA[8]:
Controle social é a capacidade que tem a
sociedade organizada de intervir nas políticas
públicas, interagindo com o Estado na
de nição de prioridades e na elaboração dos
planos de ação dos municípios, estado ou
governo federal. (REBIDIA, s/d)
Os requisitos mínimos para a existência do controle
social seriam, portanto, o exercício pleno da cidadania, a
organização da sociedade e a existência de organismos
de representação. Entretanto, em nossa sociedade, as
assimetrias existentes nas relações sociais di cultam a
efetiva participação social (GUIZARDI; PINHEIRO,
2006).
(...) as leis tornam-se instrumentos privados
incapazes de forjar uma arena pública,
marcada pela a rmação igualitária, mesmo que
apenas em sua apropriação formal.
(GUIZARDI; PINHEIRO, 2006)
Segundo Mercio Meira (2008), "a política diz respeito ao
poder e sua distribuição entre os homens" e este poder
é exercido de formas diferentes em sociedades
igualitárias (como são as sociedades indígenas,
sociedades sem Estado) e em sociedades não igualitárias
(o caso da nossa sociedade, sociedades com Estado).
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Alguns antropólogos, entre eles Pierre Clastres, utilizam


os termos poder coercitivo, para aquele que seria
exercido pelo Estado, que pressiona os indivíduos para a
obediência, e poder não coercitivo, persuasório, como o
exercido nas sociedades sem Estado, tendo como
exemplo as sociedades indígenas.
Ainda segundo Clastres, o poder não coercitivo teria
três características principais: as relações de
parentesco; a generosidade e distribuição de bens; e a
oratória, o dom da palavra.
Outro aspecto importante: as mudanças no exercício do
poder nas sociedades indígenas, provocadas pelo
►Tema contato interétnico resultante da colonização. Desde as
1 missões, passando pelo SPILTN (Serviço de Proteção aos
Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais) e
►Tema FUNAI, alguns índios, normalmente jovens e homens,
2 passaram a exercer um novo tipo de poder, resultante de
►Tema sua capacidade de conseguir (e distribuir) bens dos não
3 índios. Mais recentemente novos atores surgem. A
formação de professores, agentes de saúde e outras
►Menu tantas "especializações" assalariadas conformam um
da novo ator "representante indígena" que, entretanto,
unidade para se legitimar junto aos seus, tem de obedecer aos
princípios tradicionais que regulam o exercício do poder
local. Devem, por outro lado, ater-se às regras e
regimentos do controle social "o cial" da saúde, levando
uma prática "mista" de representação para dentro dos
conselhos.
 
Procure conhecer como se dá a distribuição de poder
nas comunidades indígenas que você conhece.
Garnelo e Sampaio (2003) estudaram o conteúdo de
reuniões dos conselhos distritais de saúde da região
norte do Brasil, reuniões da Comissão Intersetorial de
Saúde Indígena do Conselho Nacional de Saúde, de
associações indígenas e encontros preparatórios para a
III Conferência Nacional de Saúde Indígena e concluíram
que as características da organização das sociedades
indígenas têm re exos signi cativos no controle social
da saúde por parte dos representantes indígenas, com
as seguintes observações (GARNELO; SAMPAIO, 2003):
a) São diferentes as representações do segmento de
usuários indígenas e dos demais segmentos dos
conselhos de saúde indígena, tendo em vista que os
primeiros têm como referência os mecanismos de
exercício do poder não coercitivo, característico das
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pUnidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

sociedades sem Estado, e os últimos do poder


coercitivo, advindo da organização social com base no
Estado democrático;
b) As representações indígenas, coerentes com sua
organização social, priorizam seu grupo de parentesco,
pois são pressionadas a distribuir os bens que vêm do
sistema de saúde: remédios, postos de saúde, barcos,
carros, motores, combustível, salários; isso con ita com
os parâmetros do planejamento da saúde, calcados nas
necessidades epidemiológicas, regionalização e
hierarquização dos serviços de saúde, territorialização,
entre outros;
c) A questão da autossu ciência de cada aldeia, de cada
►Tema grupo familiar, característica valorizada nas sociedades
1 indígenas, faz com que cada uma delas queira controlar
todos os meios necessários à sua reprodução social, o
►Tema que pode con itar com parâmetros de hierarquização e
2
de níveis crescentes de complexidade que norteiam o
►Tema SUS.
3 Queremos nosso posto de saúde, nosso hospital, nossos
►Menu pro ssionais brancos
da ...
unidade d) As representações socioculturais das doenças no
mundo indígena extrapolam o campo da saúde, e as
experiências vividas pelos índios, que diferem das
formas com que a biomedicina e a saúde pública
assistem à doença e às comunidades, (campanhistas,
curativas, médico-centradas, medicalizantes,
tecnologizantes), seguramente interferem nos
posicionamentos dos representantes indígenas nos
conselhos.
Para concluir, precisamos re etir sobre a adequação dos
espaços institucionais do controle social na saúde no
que se refere à participação indígena. Sem diminuir a
importância dos marcos legais do controle social,
queremos chamar a atenção para o fato de que se a Lei
garante o espaço de participação e suas regras
(paridade, poder deliberativo), ela não pode prejudicar
ou restringir a forma de representação tradicional dos
povos indígenas. Ao contrário, sua operacionalização
deve adequar-se a ela. Para isso, devemos entender
como se estabelecem as relações de poder nas
sociedades indígenas.
 

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Figura 8: Índio
Kayapó lendo um
dos projetos de
Constituição
elaborado pelos
parlamentares
constituintes.
Fonte: foto de Guilherme
Rangel/ADIRP.

 
 
 
►Tema
1  
►Tema  
2

►Tema
3 Re ita sobre como um pro ssional de saúde
indígena pode contribuir no controle social
►Menu da saúde em nível local/distrital.
da
unidade
Agora que você já percorreu a trilha de aprendizagem
pensada para essa unidade, convidamos você a
responder a um questionário de múltipla escolha para
sedimentar o conhecimento construído nesse percurso.

(https://moodle.unasus.unifesp.br/mod/quiz/view.php?
id=249)

 
Referências
 

http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/SI/unidade1.html 30/32
15/02/2018 Unidade 1 - Políticas de Saúde para os Povos Indígenas

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2002.
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O cial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Legislativo, Brasília, DF, 24 set. 1999. p. 1.
CLASTRES P. A sociedade contra o estado: pesquisas de
antropologia política. Rio de Janeiro: Francisco Alves,
1978.
GARNELO, L.; SAMPAIO, S. Bases socioculturais do
controle social em saúde indígena: problemas e
►Tema questões da região norte do Brasil. Cad. Saúde Pública,
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►Tema GOMES, M. P. Antropologia. São Paulo: Editora
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►Tema GUIZARDI, F. L.; PINHEIRO, R. Dilemas culturais, sociais
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►Menu Conselhos de Saúde. Ciênc. saúde coletiva, [S.l.], v.11,
da n.3, p.797-805, set. 2006.
unidade
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documentação sobre a infância e adolescência.
Disponível em: www.rebidia.org.br
(http://www.rebidia.org.br). Acesso em: 21 mai. 2014.
 

(https://moodle.unasus.unifesp.br/course/view.php?
(http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/M
(http://www.unasus.unif
id=18)

(http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/M

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