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CÁLCULO INTEGRAL E VETORIAL

DE VÁRIAS VARIÁVEIS

MATHEUS ROCHA

CÁLCULO INTEGRAL E VETORIAL


DE VÁRIAS VARIÁVEIS
POR
MATHEUS ROCHA
Graduando em Engenharia Elétrica na UFPI
PRÉFÁCIO

Não há dúvidas de que a criação e desenvolvimento do Cálculo foi um grande propulsor


para a ciência moderna. Certamente, a Matemática, as Ciências Naturais ou a Engenharia não
seriam nem uma sombra do que são hoje sem o Cálculo. O Cálculo não é apenas uma teoria ou
um método; o Cálculo é uma linguagem. Ou, para ser mais preciso, devo dizer que o Cálculo
não é apenas uma linguagem, mas é a linguagem. Isso porque ele não possui substitutos. O
Cálculo é tão importante para o físico expressar suas teorias como a linguagem verbal é impor-
tante para as pessoas se comunicarem. Mas há vários idiomas para a linguagem verbal... O
cálculo é único.

O homem aprende melhor aquilo que julgar relevante. Fatos nos quais um indivíduo não
vê importância tendem, por natureza, a não serem assimilados por ele, pois não há necessida-
de disto. A preocupação natural do ser humano diz respeito ao que ele julga importante. É
bem provável que uma pessoa não saiba o que almoçou dez dias atrás; essa é uma informação
irrelevante para o presente e para o futuro. Tendo isto em consideração, o leitor deve buscar
motivação para seus estudos na importância deles. Assim aprenderá mais, e, quando apren-
der, suas aprendizagens não serão voláteis como o orvalho da manhã, que já evaporou pela
tarde. E no caso do Cálculo, não faltam motivos para seu estudo.

Um vício gravíssimo na educação brasileira é o hábito amplamente praticado de estudar


apenas quando a prova referente ao assunto está se aproximando. E esta cultura não é por
acaso. Dentro das escolas, faculdade ou universidades, o estudo é tratado como uma forma de
conseguir aprovação nas matérias, enquanto sua verdadeira importância é desprezada, ainda
que todos conheçam bem tal importância. Do ensino fundamental ao superior, estudantes e
professores falam em estudar para a prova ao invés de falar em estudar para a vida. E quando
alguém é visto estudando corretamente, é por vezes motivo de piada. E todos sabem as sérias
consequências deste hábito. Uma pessoa que começou a estudar um assunto um dia antes da
prova referente a ele, e apenas para tirar uma boa nota, pode até ir bem nesta prova, mas
deverá saber pouco do conteúdo estudado uma semana depois.

Para concluir, devo enfatizar que, na aprendizagem do Cálculo, assim como de diversas
outras matérias, é essencial a resolução de exercícios. Ao assimilar um conteúdo, o homem
constrói uma versão própria dele, o conectando com outros conhecimentos de sua formação.
A aprendizagem é, portanto, ativa, e é por vias ativas que ela ocorre com mais eficácia. E uma
destas vias ativas é a resolução de exercícios. A resolução de exercícios também é uma opor-
tunidade de rever os conteúdos do capítulo, os reforçando, e de verificar se tais conteúdos
foram assimilados. Devo também mencionar que um dos principais objetivos de estudar Cálcu-
lo ou outras matérias é se tornar capaz de resolver novas classes de problemas, e a resolução
dos exercícios, que são, em certo aspecto, uma simulação de tais problemas, é uma forma
direta de consolidar tal capacidade.
Sumário
Capítulo 1 Integrais Múltiplas ............................................................ 1
1.1 Introdução.....................................................................................................1
1.2 Integrais Ordinárias como Função de um Parâmetro ........................................1
1.2.1 Exercícios ...............................................................................................4
1.3 Integrais Duplas .............................................................................................5
1.3.1 Definição. Propriedades. Cálculo por Integrais Iteradas .............................5
1.3.2 Cálculo de Volumes e Áreas por Integrais Duplas ......................................9
1.3.3 Transformação de Integrais Duplas para Coordenadas Polares................. 12
1.3.4 Integrais Duplas Impróprias ................................................................... 15
1.3.5 Aplicações das Integrais Duplas.............................................................. 18
1.3.6 Exercícios ............................................................................................. 25
1.4 Integrais Triplas e -uplas............................................................................. 26
1.4.1 Cálculo de Integrais Triplas por Integrais Iteradas.................................... 27
1.4.2 Aplicações das Integrais Triplas .............................................................. 28
1.4.3 Transformação de Integrais Triplas para Coordenadas Cilíndricas e Esféricas
29
1.4.4 Cálculo Numérico de Integrais Múltiplas................................................. 31
1.4.5 Exercícios ............................................................................................. 31
1.5 Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas ................................................ 31

Capítulo 2 Integrais em Regiões Curvadas ......................................... 33


2.1 Integrais de Linha ......................................................................................... 33
2.1.1 Propriedades Gerais.............................................................................. 36
2.1.2 Cálculo de Trabalho............................................................................... 38
2.1.3 Integral Independentes do Caminho....................................................... 39
2.1.4 Teorema de Green ................................................................................ 47
2.1.5 Integral em Relação ao Comprimento de Arco ........................................ 50
2.1.6 Observações ......................................................................................... 51

Capítulo 3 Apêndices ........................................................................ 55


3.1 Coordenadas Polares, Cilíndricas e Esféricas .................................................. 55
3.2 Sistemas Curvilíneos de Coordenadas ............................................................ 55
3.3 Jacobianos ................................................................................................... 55
3.4 Campos Escalares e Campos Vetoriais ........................................................... 55
3.5 Introdução ao Estudo das Curvas e Superfícies ............................................... 55
Capítulo 1 Integrais Múltiplas

1.1 Introdução
As integrais múltiplas são generalizações multidimensionais do conceito de integral def i-
nida. Nestas generalizações, a função a ser integrada é uma função de várias variáveis, e n-
quanto o intervalo de integração no eixo real é substituído por uma região multidimensional
de integração.

Por serem mais gerais, as aplicações das integrais múltiplas também o são. As integrais
múltiplas podem ser utilizadas no cálculo de volumes, massas, centroides e centros de massa,
momentos de inércia, valores médios de funções de várias variáveis e de várias outras grande-
zas de interesse. A quantidade problemas que podem ser resolvidos com integrais múltiplas é
grande demais para que eles possam ser todos listados aqui.

1.2 Integrais Ordinárias como Função de um Parâmetro


Antes do estudo das integrais múltiplas, é importante discutir o conceito de integrais pa-
ramétricas. Se ( ) é uma função contínua de e na região retangular ,
, nós podemos pensar na quantidade como fixada e integrar esta função com
respeito a no intervalo de a . O resultado desta integração dependerá do valor inicial
fixado para e, portanto,

∫ ( ) ( )

A quantidade é denominada parâmetro, enquanto nossa integral aparece como uma função
do parâmetro .

Exemplo 1.2.1

Utilizando a substituição na integral

obtemos a representação em integral paramétrica para a função

(Veja o Exercício 1.2.1).

Exemplo 1.2.2
2 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a Pela regra elementar de integração, assumindo que , temos que

1
. ∫
2
.
éEuma integral paramétrica.
r
r
Exemplo
o
1.2.3
!
A integral
A
p
e ∫ {
n
a
és uma integral paramétrica no parâmetro . Note que é descontínua em , mas
que
o

d
o
c
de modo que, para todo , vale
u
m
e
n ∫
t
o
Integrais paramétricas podem ser utilizadas para definir funções. Um bom exemplo de
função
p definida assim é a função gamma, de grande importância em análise, definida, para
r , pela integral imprópria1
i
n
c ( ) ∫
i
p
a
(Veja
l
o Exercício 1.2.2).
.
Algumas integrais paramétricas resultam em funções descontínuas do parâmetro. É o ca-
so da integral

Se , o integrando é nulo, de modo que a integral é zero. Se , então, com a substi-


tuição , esta integral se torna

1
Esta definição da função gamma pode ser estendida para valores negativos e não inteiros de .
De fato, ela pode ser estendida para todo o plano complexo, excedendo -se os pontos ,
nos quais ela possuirá polos simples.
Seção 1.2, Integrais Ordinárias como Função de um Parâmetro 3
u
r
a

1
.
Se , então, com a substituição , esta integral se torna 2
.
E
∫ r
r
o
!
É um resultado conhecido em análise que
A
p
∫ e
n
a
Portanto, 2 s

⁄ o
∫ { ⁄
d
o
Nada impede que uma integral com parâmetro possua em seus limites de integração c
funções de . De fato, integrais indefinidas, como a integral u
m
e
∫ n
√ t
o
podem ser interpretadas como integrais paramétricas para as quais o integrando é uma função
p
que não depende do parâmetro, mas tais que o limite de integração superior é a função ide n- r
tidade e o limite inferior é uma constante. Generalizando isto para uma situação na qual os i
limites de integração são funções contínuas arbitrárias do parâmetro e o integrando é uma n
c
função do parâmetro e da variável de integração, obtemos a integral
i
( ) p
a
∫ ( ) l
( ) .

que gera uma função do parâmetro e é uma integral paramétrica com este parâmetro.

Exemplo 1.2.4

A integral

2
Disto concluímos que a função sinal, definida por

( ) {

é equivalente a


4 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a √


1 √
. √
2
resulta
. em uma função do parâmetro .
E
r Nada impede a existência de integrais paramétricas com múltiplos parâmetros. Neste ca-
r a integral resultará em uma função de várias variáveis. Por exemplo, a integral
so,
o
!
∫ ( )
A
p
e parâmetros e resulta em uma função destes parâmetros. Uma expressão geral para
com
n
uma
a integral paramétrica com dois parâmetros é
s ( )

o ∫ ( )
( )
d
o
1.2.1 Exercícios
c
u
1.2.1. Utilize a integral
m
e
n

t √
o

ppara derivar uma expressão em integral paramétrica com intervalo de integração de a


r para a função .
i
n 1.2.2. Considere a função gamma apresentada na seção 1.2.
c (a) Prove que
i
p
( ) ( )
a
(Sugestão:
l substitua por e utilize integração por partes na definição apresentada).
.
(b) Prove que ( ) .
(c) Una os resultados dos itens anteriores para provar que, para ,
( )

(Nota: por conta disto a função gamma pode ser utilizada para generalizar o fatorial para nú-
meros não naturais. Sua utilidade, entretanto, transcende em muito essa utilização. )

1.2.1. Prove que, para , e funções contínuas de ,

∫ ( ) ∫ ( ) ( ) ( )

(Sugestão: utilize a regra da cadeia para funções de várias variáveis).


Seção 1.3, Integrais Duplas 5
u
r
1.2.2. Considere as funções ( ) definidas por a

1
( )
( ) ∫ ( ) ( ) ∫ ( ) .
3
.
onde é um inteiro positivo e ( ) uma função contínua de no intervalo de consideração. E
r
(a) Utilize a definição de ( ) e o resultado do Exercício 1.2.1 para mostrar que r
( ) ( ) o
(b) Utilize a definição de ( ) e o resultado do item (a) para concluir que ( ) é a !
função obtida de ( ) por integrações de a .
A
p
1.3 Integrais Duplas e
n
1.3.1 Definição. Propriedades. Cálculo por Integrais Iteradas a
s
Para uma função ( ) contínua entre e , a integral ordinária
o

∫ ( ) d
o
c
é definida pelo limite u
m
e
∫ ( ) ∑ ( ) n
t
o
onde e , e é um ponto
p
arbitrário entre e . y
r
i
A integral dupla é a generalização deste conceito R n
para duas dimensões. Seja ( ) uma função definida e c
contínua em uma região fechada limitada do plano . i
Suponha que é dividida em retângulos por linhas para- p
a
lelas aos eixos e . Considere apenas os retângulos que l
x
estão dentro de , sejam eles numerados de a e seja .
a área do -ésimo retângulo (Figura 1.3.1). Considere
a soma
Figura 1.3.1

∑ ( )

onde ( ) é um ponto arbitrário do -ésimo retângulo. Se essa soma tender a um limite


único à medida que tende ao infinito e a maior diagonal dos retângulos se aproxima de ,
então a integral dupla será definida como sendo este limite, e escrevemos:

∬ ( ) ∑ ( ) (1.3.1)
6 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a

1 Uma formulação alternativa é discutida aqui. Suponha que é dividida em retângulos


.
pelas
3
retas e e que ( ) são pontos arbitrários tais
que
. e . Nestas condições, o limite com da soma (du-
E ∑ (
pla) ) , que inclui apenas os termos correspondentes a retângulos internos à
r
região
r , e na qual , com e , também define a
o
integral dupla ∬ ( ) , de modo que podemos escrever
!

A
p ∬ ( ) ∑∑ ( ) (1.3.2)
e
n
a Aqui, as variáveis e são variáveis de integração, e certamente podem ser substituídas
s
sem alterar o valor da integral. Por exemplo, a integral ∬ ( ) possui o mesmo
o
valor que a integral ∬ ( ) .

d Decorre direto das definições (1.3.1) e (1.3.2) as propriedades


o
c
u
m
∬ ( ) ∬ ( ) (1.3.3)
e
n
t ∬[ ( ) ( )] ∬ ( ) ∬ ( ) (1.3.4)
o

p ∬ ( ) ∬ ( ) ∬ ( ) (1.3.5)
r
i
n
com ( ) uma função integrável em e e duas regiões que unidas resultam em . As
c
duas
i primeiras propriedades mostram que, como a integral simples, a integral dupla é linear.
p
1.3.1.1
a Iteração de Integrais Duplas
l
. Se a região puder ser descrita pelas inequações

( ) ( ) (1.3.6)

com ( )e ( ) funções contínuas, então é possível mostrar que


( )

∬ ( ) ∫[ ∫ ( ) ] (1.3.7)
( )

o que reduz o cálculo da integral dupla ao cálculo de integrais iteradas. Em paralelo, se a


puder ser descrita pelas inequações

( ) ( ) (1.3.8)

então é possível mostrar que


Seção 1.3, Integrais Duplas 7
u
r
( ) a
∬ ( ) ∫[ ∫ ( ) ] (1.3.9)
1
( )
.
3
outra vez reduzindo o cálculo da integral dupla ao cálculo de sucessões de integrais. Nas rela-
.
ções (1.3.7) e (1.3.9), as integrais internas E
r
( ) ( )
r
∫ ( ) ∫ ( ) o
!
( ) ( )

A
são integrais paramétricas como as discutidas na seção 1.2. Os colchetes foram colocados ne-
p
las por organização; entretanto, eles não costumam ser utilizados, e a ordem da integração é e
entendida pela ordem dos diferenciais: o diferencial mais interno corresponde à integral mais n
interna, a qual deve ser calculada antes. a
s
É bom enfatizar que as integrais iteradas
o
( ) ( )
d
∫ ∫ ( ) ∫ ∫ ( ) o
( ) ( ) c
u
não são integrais duplas. Elas são integrais paramétricas dentro de integrais ordinárias ou, em m
outras palavras, sucessões de integrais simples. Ainda assim é comum (e permitido, pela prati- e
n
cidade) que integrais iteradas sejam referidas como integrais múltiplas. O fato de que, nas t
condições mencionadas, é possível transformar a integral dupla o

p
∬ ( ) r
i
n
em integrais iteradas é de grande importância no cálculo analítico das integrais duplas. c
i
p
Exemplo 1.3.1
a
Seja o triângulo de vértices ( ), ( ) e ( ) e ( ) . A região pode l
.
ser descrita pelas inequações , e temos

∬ ( ) ∫ ∫( ) ∫( )| ∫

Também é possível descrever pelas inequações , . Portanto,

∬ ( ) ∫ ∫( ) ∫( )|

∫( )
8 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
oamesmo resultado obtido no cálculo anterior.

1.3.1.2
1 Divisão de Regiões de Integração
.
3 Algumas vezes é conveniente utilizar a propriedade (1.3.5) para dividir uma região de in-
tegração
. em duas ou mais regiões para as quais a integral é descrita de modo mais simples.
E
Isto ocorre, por exemplo, quando o integrando ou a fronteira de é descrito(a) por expres-
r
sões
r condicionais3 .
o
! Em alguns casos, a transformação dire-
y y
ta da integral dupla em integrais iteradas só
A possível dividindo
será em sub-regiões.
p
Por exemplo, se não for uma região con-
e 4
vexa
n , então pode não ser possível descre-
x x
ver
a por completo por inequações das for-
s
mas (1.3.6) ou (1.3.8), exigindo que seja
dividida
o
em sub-regiões para que uma itera-
ção conveniente possa ser realizada; é o Figura 1.3.2
caso
d das regiões não conexas da Figura 1.3.2.
o
Exemplo
c 1.3.2
u
m Seja o quadrado de vértices ( )e( ). Não é conveniente descrever inteira
e
por inequações das formas (1.3.6) ou (1.3.8). Ao invés disso, é melhor dividirmos em duas
n
regiões
t e de descrição mais simples. Uma alternativa é
o

p
r
Concluímos,
i portanto, que, se ( ) é uma função integrável em , então
n
c
i ∬ ( ) ∫ ∫ ( ) ∫ ∫ ( )
p
a
l
(Veja o Exercício 1.3.2).
.

1.3.1.3 Ordem de Integração


Ao iterar uma integral dupla, qualquer uma das duas possíveis ordens de integração po-
de ser escolhida5. Entretanto, uma das escolhas pode ser mais conveniente, e, em algumas
situações, o cálculo da integral dupla em termos de funções elementares só será possível por
uma delas.

Exemplo 1.3.3

3
Por exemplo, se a fronteira de for , se e não são negativos, e , se
ou .
4
Uma região convexa é uma região tal que, para cada par de pontos dentro dela, todo ponto no
segmento que liga estes dois pontos também está dentro da região. Intuitivamente, uma região convexa
não possui vales, reentrâncias ou buracos.
5
Considerando a possibilidade de dividir a região de integração em sub-regiões.
Seção 1.3, Integrais Duplas 9
u
r
Considere a integral a

1
∬ ( ) .
3
.
E
sendo o triângulo de vértices ( ), ( ) e ( ). Podemos descrever a região de integração
r
pelas inequações , ou , . Utilizando a primeira esco- r
lha, obtemos o
!

∬ ( ) ∫∫ ( ) A
p
e
n
A integral interna não pode ser escrita em termos de funções elementares, de modo que, por
a
esta ordem de integração, não é possível expressar a integral dupla em termos de funções s
elementares. Utilizando a segunda escolha, obtemos
o

∬ ( ) ∫∫ ( ) ∫( ) ( ) ( )d
o
c
u
1.3.1.4 Decomposição em Produtos de Integrais Simples m
Para a região de integração retangular , se for possível es- e
crever o integrando ( ) da integral dupla na forma ( ) ( ) , então a integral dupla pode- n
t
rá ser calculada por o

p
∬ ( ) ∫ ∫ ( ) ( ) ∫ ( ) ∫ ( ) r
i
n
isto é, a integral dupla poderá ser calculada pelo produto entre duas integrais ordinárias. A c
i
recíproca também é verdadeira, e é possível transformar o produto entre duas integrais ordi-
p
nárias em uma integral dupla. a
l
1.3.2 Cálculo de Volumes e Áreas por Integrais Duplas .
O produto ( ) na definição (1.3.1) po-
z
de ser interpretado como o volume do paralelepípedo
de altura | ( )| e área da base multiplicado
𝑓(𝑥 𝑦)
por se ( ) e por , caso contrário. Con-
sequentemente, se ( ) em , então a soma
∑ ( ) fornece uma aproximação para o
volume do sólido limitado por cima pelo gráfico de
y
( ) , por baixo pelo plano e pelas laterais pelo

x
Figura 1.3.3
10 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a
cilindro reto cuja diretriz é o bordo de 6 (Figura 1.3.3), e, intuitivamente, a integral dupla
1
.
3
∬ ( ) ∑ ( )
.
E
irá
r fornecer exatamente este volume. Na verdade, desde que, na geometria elementar, o vo-
lume
r de sólidos limitados por curvas gerais não possui uma definição precisa, a integral dupla
o mais adequadamente, como veremos, a integral tripla) pode ser utilizada para definir es-
(ou,
!
tes volumes, e a validade de sua utilização no cálculo de volumes se torna uma consequência
direta
A desta definição (ao invés de algo a ser demonstrado); esta será a posição que tomare-
mos
p aqui.
e
Exemplo
n 1.3.4
a
s Mostraremos agora por integrais duplas que o volume de uma esfera de raio é .
Localizando
o a origem da esfera na origem, a equação implícita para tal esfera será
. Resolvendo para , obtemos
d
o

c
u
Portanto, nossa esfera necessita de duas expressões explícitas para ser completamente defini-
m
da,
e sendo que a √ corresponde a seu hemisfério superior, enquanto
n √ corresponde a seu hemisfério inferior. A simetria esférica nos permite
t
calcular
o o volume apenas entre o hemisfério superior e o plano e obter o volume completo
dobrando o resultado obtido. Este volume pode ser calculado pela integral dupla
p
r
i ∬√
n
c
i
onde é a região do plano contida no interior de sua intersecção com a esfera. Esta inter-
p
secção
a é obtida fazendo na equação √ , o que fornece ,
l
que é uma circunferência de raio no plano . A região é, portanto, descrita pela inequa-
.
ção . Tal inequação não está na forma das inequações dos exemplos anteriores,
nas quais uma das variáveis variava entre duas funções da outra variável, enquanto esta varia-
va entre dois valores constantes. Para descrever nossa região desta outra forma é necessário
isolar uma das variáveis. Fazendo isto para , obtemos

6
Aqui, o termo cilindro se refere a uma superfície cilíndrica, no senso generalizado. No senso g e-
neralizado, uma superfície cilíndrica é uma superfície que consiste em todos os pontos de todas as retas
paralelas a uma reta e que intersectam uma curva contida em um plano que não seja paralelo a . A
curva é denominada diretriz da superfície cilíndrica. Dizemos que a superfície cilíndrica é reta quando
a reta é perpendicular ao plano de ; se isto não acontecer, então dizemos que a superfície cilíndrica é
oblíqua. Note que se a diretriz for uma circunferência então a superfície cilíndrica será a superfície de
um cilindro ordinário (podendo este ser oblíquo ou reto).
Seção 1.3, Integrais Duplas 11
u
r
Esta expressão mostra que, se a integral em for realizada primeiro, a função do limite supe- a
rior será √ enquanto a do limite inferior será √ . Nestas expressões, deve 1
estar sempre no intervalo [ ] , e, geometricamente, verificamos que é de até que .
deve variar para que a região seja completamente descrita. Portanto, nossa região será des- 3
crita pelas inequações .
E
r
√ √ r
o
e obtemos a integral iterada !

√ A
∫ ∫ √ p
e
√ n
a
Utilizando a substituição √ , obtemos s

√ ⁄
o
∫ √ ∫ √ ( ) √
⁄ d

⁄ o
c
( ) ∫ ( ) u
⁄ m
e
Portanto, n
t
√ o

∫ ∫ √ ∫( ) p
√ r
i
Dobrando este resultado, obtemos o volume total de . n
c
Se o integrando é unitário, então a integral irá representar o volume de um sólido de al- i
p
tura sobre a região . Este volume é numericamente igual à área da região , de modo que a a
integral l
.

resulta na área de . Isto poderia ter sido concluído também da definição (1.3.1), pois, substi-
tuindo nela ( ) por , obtemos

∬ ∑

A soma ∑ é uma aproximação para a área de , que se torna igual a ela no limite.

A expressão ∬ para o cálculo de áreas é mais simétrica que a expressão ∫ ( ) ,


que também calcula áreas. Uma vantagem da primeira expressão é que ela calcula a área de
12 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a região
uma de formato arbitrário, enquanto a segunda calcula a área de uma região limitada
pelo gráfico de uma função, pelo eixo , e por retas e . Podemos concluir, entre-
1
tanto,
. que as duas possuem a mesma essência. Para isto, se é descrita pelas inequações
3 , ( ) ( ), então a área de pode ser calculada pela diferença entre
. integrais ∫
as ( ) e∫ ( ) , e segue que
E
r ( )
r
o ∫ ( ) ∫ ( ) ∫[ ( ) ( )] ∫[ ∫ ] ∬
! ( )

A
Exemplo 1.3.5
p
e Se a região é a região triangular
n
a
s
então sua área é
o

d
o ∬ ∫∫ ∫
c
u
omque pode ser verificado por geometria elementar.
e
1.3.3
n Transformação de Integrais Duplas para Coordenadas Polares
t
Algumas integrais duplas podem ser simplificadas através da conversão de coordenadas
o
cartesianas para polares (ver o apêndice 553.1). Isto é realizado escrevendo o integrando e a
região
p de integração em termos das coordenadas e . É necessário também substituir o dife-
r
rencial de área pelo diferencial de área do novo sistema, , que deve multiplicado
i
por um fator de transformação exigido para que as duas integrais possuam o mesmo valor.
n
Mostraremos
c agora que este fator é .
i
p Na definição (1.3.2), foi subdividida pelas retas em re-
a
tângulos. A integral dupla foi então definida pelo limite da soma
l
.
∑ ( )

onde era a área do retângulo com vértices


y
( ) e ( ), calculada por
( )( ), e ( ) eram pontos arbitrá-
rios tais que e . Se, ao
invés, for dividida pelas circunferências e
raios em setores circulares e forem consi-
x
derados apenas os setores contidos por completo em
(Figura 1.3.4), então a integral poderá ser obtida pelo R
limite da soma

Figura 1.3.4
Seção 1.3, Integrais Duplas 13
u
r
a
∑ ( )
1
onde ( ) ( ), é a área do setor com vértices de coordenadas pola- .
3
res ( )e( ), calculada, pela geometria elementar, por ( )(
.
) 7, e os números e são tais que e . A área pode E
r
ser expressa em termos das variações e :
r
o
( )( ) ( )( ) ( ) !

A
Utilizando ( ) ( ), obtemos p
e
n
∑ ( ) ∑ ( ) ∑ ( )
a
s
onde ( ) ( ) . A nova soma obtida é da mesma forma que a soma
∑ ( ) com e substituídos por e , respectivamente, e ( ) substituído o
por ( ). Portanto, no limite, esta soma se tornará uma integral dupla da função d
( ) ( ) sobre o plano . Já que o limite das somas ∑ ( ) e o
c
∑ ( ) é o mesmo (os dois definem a mesma integral) e ∑ ( ) u
∑ ( ) , obtemos m
e
n
t
∬ ( ) ∬ ( ) (1.3.10) o

p
onde é a região do plano correspondente à região do plano , e a notação r
foi introduzida por ênfase e simetria. i
n
Nestas condições, se ( ) ( ) e a região do plano é mapea- c
i
da na região do plano , então a integral p
a
l
∬ ( ) .

pode ser transformada na integral

∬ ( )

7
A palavra “setor” se refere aqui a um setor de anel circular, e não a um setor circular usual. Um
setor circular é uma fatia de círculo, enquanto um setor de anel circular é uma fatia de anel circular. A
área do anel circular entre duas circunferências concêntricas de raio e , respectivamente, com
, é a diferença entre as áreas dos dois círculos, ( ). Portanto, por regra de três, concl u-
ímos que a área da fatia deste setor entre os ângulos e é ( )( ).
14 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a Se o novo integrando ( ) for mais simples que o integrando original ( ) e for
possível descrever a nova região de integração (ou partes dela) por inequações da forma
1
.
( ) ( )
3
.
ou da forma
E
r
r ( ) ( )
o
então
! a mudança de coordenadas será de grande utilidade para o cálculo da integral.

Exemplo
A 1.3.6
p
e Seja o anel circular indicado na Figura 1.3.5. É mais y
simples
n calcular a integral
a
s R

o
1 2 x
d
utilizando uma transformação para coordenadas polares. Para
o
isto,
c notamos primeiro que pode ser descrita em coordena-
das
u polares pelas inequações
m Figura 1.3.5
e
n
Estas
t inequações definem a região da integral resultante da transformação. Utilizando
o
(1.3.10), obtemos
p
r
i∬ ∬ ∬ ∫∫
n
c
Exemplo
i 1.3.7
p
a No Exemplo 1.3.4, provamos a expressão para o volume de uma esfera de raio . Para
l
isto, dobramos o resultado da integral dupla
.

∬√

na qual era a região . Calculemos agora esta mesma integral através de uma
mudança para coordenadas polares.

A região do plano será mapeada em na nova região do plano

Portanto,
Seção 1.3, Integrais Duplas 15
u
r
a
∬√ ∫∫ √ ∫√
1
.
3
Utilizando a substituição , , obtemos
.
E
r
∬√ ∫√ ∫√ r
o
!
o mesmo resultado do Exemplo 1.3.4.
A
1.3.4 Integrais Duplas Impróprias p
e
Seguindo o que acontece com as integrais definidas, o conceito de integral dupla pode n
ser estendido para incluir integrais com integrandos descontínuos ou ao longo de regiões de a
integração infinitas. Integrais duplas assim podem receber o rótulo de impróprias. s

o
1.3.4.1 Funções com Descontinuidades de Salto
Nas definições da subseção 1.3.1, assumiu-se que ( ) era uma função contínua. Estas d
definições podem ser generalizadas para o caso de uma função ( ) contínua por partes 8. o
c
Suponha que é dividida em sub-regiões e que ( ) ( ) são funções
u
contínuas. Se, na região , ( ) ( ), , então podemos definir a integral m
dupla de ( ) em como e
n
t
∬ ( ) ∑∬ ( ) o

p
r
onde foi utilizada a relação (1.3.5) sucessivas vezes para decompor a integral. i
n
Exemplo 1.3.8 c
i
Se o integrando é ( ) ( ) (ver a nota de rodapé 2, p. 3), equivalente a p
para e a para , e é o retângulo , , então temos a
l
.
∬ ( ) ∫∫ ∫∫

1.3.4.2 Funções com Descontinuidade Infinitas


Também é possível definir integrais duplas quando o valor absoluto do integrando cresce
sem limites ao se aproximar de pontos ou curvas do plano contidos(as) em . Para isto,

8
Uma função de uma variável é contínua por partes ou seccionalmente contínua em um intervalo
quando nele ela possui descontinuidades apenas em pontos isolados. Por exemplo, a função é
seccionalmente contínua no intervalo . Outro exemplo é a função ⌈ ⌉ , definida como o
menor inteiro maior ou igual a . De modo análogo, uma função de várias variáveis é contínua por pa r-
tes em uma região quando possui descontinuidades apenas de uma sub-região de tal região para outra.
Podemos expressar tal conceito de um modo alternativo dizendo que uma função é contínua por partes
quando possui definições analíticas possivelmente diferentes em diferentes subintervalos ou sub -
regiões de sua definição, mas sendo definida em todos os pontos do intervalo ou região considerado(a).
16 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a
calculamos a integral em uma região idêntica a , exceto pela retirada de uma vizinhança
dos pontos ou curvas em direção aos(às) quais o integrando é ilimitado. Se, quando a área da
1
vizinhança
. retirada tende a , a integral calculada tender a um limite finito, então a integral
imprópria
3 convergirá.
.
E Isto é análogo ao que acontece com integrais ordinárias como
r
r
o ∫
!

A
Para no intervalo considerado, o integrando cresce sem limites quando se aproxima da
p
origem
e pela direita. Entretanto, o limite
n
a
s ∫

o
existe, e, desta forma, a expressão ∫ faz sentido, desde que se defina
d
o
c
∫ ∫ 9
u
m
e
Exemplo
n 1.3.9
t
o Calculemos a integral

p
r ∬
i
n
c
sobre o semicírculo com buraco na origem , . O integrando cresce sem
i
limites ao se aproximar da origem; para investigar se a integral converge, podemos calcular a
p
integral
a deste integrando sobre a região definida por , e verificar
se
l o limite quando existe. Esta região pode ser descrita em coordenadas polares pelas
.
inequações , ⁄ ⁄ , de modo que

∬ ∫ ∫ ∫ ( )

Portanto, o limite existe, e concluímos que

9
Note que, para , a integral divergirá.
Seção 1.3, Integrais Duplas 17
u
r
Note que a integral resultante da transformação para coordenadas polares possui o inte- a
grando , que, ao longo de , equivale a e que, portanto, ao contrário de , 1
não cresce sem limites ao se aproximar da origem. .
3
Exemplo 1.3.10 .
E
r
O valor absoluto da função tende ao infinito na vizinhança da reta . Portanto, r

a convergência de sua integral sobre a região , dependerá da existência o
do limite quando pela esquerda de !

A
p
∫∫ ∫
√ √ e
n
a
Se √ , então ( ) , ( ) , quando e √ s
quando . Portanto,
o

d
∫ ∫ ∫ ( √ ) √ o

√ c
u
O limite da expressão obtida não existe, de modo que a integral diverge. m
e
1.3.4.3 Regiões de Integração Infinitas n
t
Assim como acontece para as integrais definidas, é possível a existência de integrais múl- o
tiplas em regiões de integração infinitas. Como no caso das integrais definidas, a definição de
uma integral dupla assim é realizada por um processo de limites. Escolhemos uma região p
dependente de um parâmetro que tenda à região infinita quando , calculamos a inte- r
i
gral dupla sobre e fazemos no resultado obtido. A existência da integral dupla de- n
penderá da convergência deste limite. c
i
Por exemplo, se for o círculo , então podemos definir p
a
l
∬ ( ) ∬ ( ) .

onde a notação expressa que a integral é sobre todo o plano .

Exemplo 1.3.11

É um fato bem conhecido que


Uma interessante demonstração para este resultado utiliza uma integral dupla imprópria.
18 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a Ao término da subseção 1.3.3, foi discutida a possibilidade de transformar uma integral
dupla sobre uma região da forma , no produto de duas integrais or-
1
dinárias
. sobre os intervalos de integração e , respectivamente, e
vice-versa.
3 Utilizando este dispositivo, podemos escrever
.
E
r ( ∫ ) ∫ ∫ ∫ ∫ ∬
r
o
!
Considerando que o plano pode ser descrito pelas inequações , e
utilizando
A uma mudança para coordenadas polares, a integral dupla obtida pode ser calculada
por
p
e
n
a ∬ ∫∫ ∫ ∫
s

o
onde foi utilizada a substituição . Concluímos, portanto, que
d
o
c (∫ )
u
m
ou,
e desde que nossa integral é positiva (o que decorre do fato de que para todo
n
real),
t
o
∫ √
p
r
i
Por
n ser uma função par,
c
i √
p ∫ ∫
a
l
o. que conclui a demonstração.

1.3.5 Aplicações das Integrais Duplas


Vimos que as integrais duplas podem ser utilizadas para calcular volumes. Há diversas
outras aplicações. Nesta subseção, veremos algumas delas.

1.3.5.1 Valor Médio de uma Função de Duas Variáveis


O valor médio de uma função ( ) no intervalo [ ] pode ser definido pela expres-
são

∫ ( )
Seção 1.3, Integrais Duplas 19
u
r
Isto é uma consequência direta da definição analítica das integrais ordinárias. De fato, se ( ) a
é contínua no intervalo [ ], então a definição
1
.
3
∫ ( ) ∑ ( ) .
E
r
pode ser simplificada dividindo o intervalo [ ] não em pontos arbitrários, mas em subin- r
tervalos com o mesmo comprimento . Já que é um ponto arbitrário entre e , o
!
podemos fazer . Obtemos, portanto,
A
p
∫ ( ) ∑ ( ) ( ) ∑ ( ) e
n
a
A expressão ∑ ( ) é a média entre os valores de ( ) nos pontos , o que s
é uma aproximação do que seria intuitivamente a média de ( ) no intervalo [ ], que me- o
lhora quando cresce. Portanto, seu limite com é uma definição adequada desta mé-
dia, de onde segue a afirmação do início da subseção para o caso de ( ) contínua. O caso em d
o
que ( ) é seccionalmente contínua no intervalo [ ] pode ser tratado dividindo o intervalo
c
[ ] em subintervalos nos quais ( ) é contínua, provando a afirmação para este caso. u
m
O análogo disto para duas dimensões é a expressão e
n
t
∬ ( ) o

p
que pode definir a média de uma função ( ) ao longo da região , de área é . A justifi- r
i
cativa é similar à do caso anterior. Se, na definição (1.3.1), dividirmos em retângulos de n
mesma área ⁄ e escolhermos para ( ) o ponto ( ), então esta definição c
pode ser simplificada para i
p
a
∬ ( ) l
∑ ( ) ∑ ( )
.

Dividir por de ambos os lados justifica a definição mencionada para a média de ( ).

Exemplo 1.3.12

Seja a temperatura de uma chapa metálica sobre o plano modelada pela expressão

onde é uma constante com dimensão de temperatura. A temperatura média no círculo de


raio unitário centrado na origem será
20 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a
∬ ∫∫ ∫ ( )
1
.
3
1.3.5.2 Grandezas Integrais e Densidades10
.
E Seja ( ) a densidade no ponto ( ) de uma substância distribuída sobre o plano .
r
Uma forma de definir tal grandeza é como segue. Seja a massa total da substância sobre
r
uma região e seja ( ) uma região de área que contém o ponto ( ) . Nestas condi-
o
ções,
! a densidade pode ser definida pelo limite

A ( )
( ) (1.3.11)
p
e
n Suponha que a massa total sobre uma região possa ser calculada por uma integral
a
s
∬ ( )
o

d
Substituindo a região pela região ( ) , dividindo por e aplicando o limite quando
o
,c obtemos
u
m
e ( ) ∬ ( )
n ( )
t
o
Pela subseção 1.3.5.1, ∬ ( ) ( ) é a média de ( ) em . Se ( ) for
p função contínua, então, quando se aproximar de zero, (
uma ) tenderá a se aproximar
r
de sua média em ; no limite, ( ) será igual a esta média. Em tal limite, o único ponto que
i
restará na região será o ponto ( ) (que, pela definição da região , sempre deve estar
n
contido
c nela); portanto,
i
p
a ∬ ( ) ( ) (1.3.12)
l ( )
.
e concluímos que

( ) ( )

o que implica

∬ ( ) (1.3.13)

10
A massa é mais adequadamente descrita como sendo distribuída em pacotes discretos. Entr e-
tanto, em aplicações macroscópicas é costume modelar os sistemas como se a massa fosse uniforme-
mente distribuída, pois quase sempre os resultados desta modelagem são satisfatórios. Utilizaremos
esta modelagem nesta e na próxima subseção.
Seção 1.3, Integrais Duplas 21
u
r
Portanto, definindo a massa específica de uma substância distribuída no plano por (1.3.11), a
a massa total da substância sobre uma região é calculada pela integral (1.3.13).
1
.
Tivemos que supor que ( ) é contínua. Entretanto, por divisões da região de integra-
3
ção, a demonstração pode ser modificada aceitando uma função ( ) seccionalmente con- .
tínua, o que generaliza o resultado para funções ( ) seccionalmente contínuas. E
r
A expressão (1.3.12) vale em geral para ( ) contínua e consiste em uma generaliza- r
ção do teorema fundamental do cálculo para integrais duplas. O limite o
!

A
∬ ( ) p
( ) e
n
é denominado derivada espacial. Podemos expressar o teorema fundamental do cálculo para a
integrais duplas dizendo que a derivada espacial de uma integral dupla no ponto ( ) é seu s
integrando calculado em ( ).
o
A função ( ) pode representar a densidade de qualquer grandeza distribuída sobre o
d
plano ; qualquer que seja a grandeza representada, a mesma discussão pode ser aplicada. o
Um exemplo de outra densidade que pode ser representada por ( ) é a densidade de car- c
gas elétricas. u
m
Grandezas calculadas por integrais de densidades podem ser denominadas quantidades e
n
integrais. Em geral, o que se mede na física são quantidades líquidas ou médias, que são quan- t
tidades integrais; exemplos são massa, carga elétrica, energia, velocidade média, e assim por o
diante; as quantidades locais ou quantidades diferenciais, como densidades, tensão pontual
em um corpo rígido, velocidade instantânea, costumam ser de cunho teórico, e quase sempre p
r
não são medidas exatamente, mas apenas aproximadas. i
n
Exemplo 1.3.13 c
i
Se uma chapa metálica sobre a região possui densidade p
a
√ l
( ) .

então sua massa será


∫∫ ∫( )

1.3.5.3 Centros de Massa e Centroides 11


Considere uma coleção de partículas pontuais de massas e respectivas posi-
ções ⃗ ⃗ . Se ⃗ for a velocidade da -ésima, então seu momento linear ⃗⃗⃗ será

11
Certamente, nesta subseção, não estamos utilizando a Teoria da Relatividade. Todo s estes con-
ceitos devem ser reformulados se o fizermos.
22 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a ⃗⃗⃗ ⃗
1
Portanto, o momento linear total ⃗⃗ da coleção de partículas será
.
3
. ⃗
⃗⃗ ∑ ⃗ ∑ ∑ ⃗
E
r
r
Sendo
o a massa total da coleção partículas, o vetor definido por
!

A ⃗ ∑ ⃗
p
e
éno que se denomina centro de massa da coleção de partículas. Utilizando esta definição, ob-
a
temos
s

o ⃗
⃗⃗ ∑ ⃗ ⃗
d
o
onde ⃗ é a velocidade do centro de massa. Concluímos que o momento total de uma cole-
c
ção
u de partículas de massa total é o produto entre e a velocidade do centro de massa do
sistema.
m
e
n Derivando a última expressão em relação ao tempo e utilizando o fato de que a força é a
t
taxa de variação temporal do momento, obtemos
o
⃗ ⃗
p
r
onde
i
⃗ é a força resultante sobre a coleção de partículas e ⃗ é a aceleração do centro de
massa.
n Concluímos, portanto, que a força resultante sobre uma coleção de partículas de massa
c
total é o produto entre e a aceleração do centro de massa do sistema.
i
p Os enunciados formulados nos parágrafos anteriores podem ser utilizados para provar
a
alguns
l
fatos da física. Por exemplo, concluímos deles que, desde que a força resultante em um
sistema
. isolado é sempre nula, a velocidade de seu centro de massa não pode variar. Além
disso, utilizando o conceito de centro de massa, podemos reduzir um problema de análise de
uma coleção de partículas ao problema de analisar apenas uma partícula de massa , posição
⃗ , velocidade ⃗ e aceleração ⃗ . Isto é especialmente útil para determinar a lei de mo-
vimento de um corpo extenso (um conjunto de partículas) sujeito a um conjunto de forças.
Para ilustrar, um projétil lançado para cima formando um ângulo entre e ⁄ com a horizon-
tal possuirá uma trajetória parabólica; se, antes de voltar à superfície, este projétil explodir e
se quebrar em vários pedaços, a trajetória de cada pedaço individual será desconhecida, mas
saberemos que a trajetória do centro de massa dos pedaços do projétil será uma continuação
da parábola traçada pelo centro de massa do projétil antes da explosão 12 . Quando um corpo
rígido está sujeito a um conjunto de forças, podemos supor que a força líquida sobre e le, resul-
tante da soma das forças em todas as suas partículas, age apenas sobre seu centro de massa.

12
Aqui, assumimos uma gravidade constante e desprezamos a resistência do ar.
Seção 1.3, Integrais Duplas 23
u
r
Esta não é a situação verdadeira, mas a solução do problema assim obtida equivalerá à solução a
considerando a situação real. Utilizando este dispositivo, concluímos, por exemplo, que um
1
objeto tende a tombar quando seu centro de massa não está apoiado sobre sua base. Assim, .
para que uma pessoa se mantenha em pé, precisa manter seu centro de massa alinhado com a 3
vertical que passa pelos seus pés. .
E
A definição r
r
o
!
⃗ ∑ ⃗
A
p
pode ser generalizada para uma distribuição contínua de massas sobre o plano , conduzindo
e
a n
a
s
⃗ ∬ ( )⃗ ∬ ( )
o

onde ⃗ ̂ ̂ . Se ⃗ ̂ ,̂ então, separando esta definição por componentes, d


o
obtemos
c
u
m
∬ ( ) ∬ ( ) e
n
t
O significado físico do centro de massa de uma distribuição contínua é o mesmo que o de uma o
distribuição discreta.
p
Exemplo 1.3.14 r
i
Seja ( ) a densidade de massa no ponto ( ) de uma chapa metáli- n
c
ca limitada pelas retas , . A massa total da chapa é
i
p
a
∫∫ ( ) l
.

e temos que

∬ ( ) ∫∫ ( ) ∫

pois é uma função ímpar, e

∬ ( ) ∫∫ ∫

Portanto, o centro da chapa possui coordenadas


24 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a
∬ ( )
1 ( )
.
3
.
E ∬ ( )
( )
r
r
o Para ( ) uma constante , o centro de massa deve coincidir com o centro geométri-
! da região, denominado centroide da região. Substituindo (
co ) por nas expressões
anteriores e sendo ( ) as coordenadas do centroide de , obtemos
A
p
e
n

a
s

o ∬ ∬

d
de
o onde
c
u
m ∬ ∬
e
n
t
sendo a área da região e( ) as coordenadas do centroide.
o

Exemplo
p
1.3.15
r
Provemos agora que a altura do centroide de um triângulo em y
i
relação
n a um de seus lados é ⁄ de sua altura total em relação ao
c
mesmo lado. Considere o triângulo limitado pelas retas , 𝑦 𝑎𝑥
i e , com (ver Figura 1.3.6). Todo triângulo pode
p
𝑥
ser
a representado desta forma (a posição dos triângulos relativa aos
eixos coordenados é imaterial). Por geometria elementar, a área x
l
.
deste triângulo é, ( ) , e segue que 𝑦 𝑏𝑥

Figura 1.3.6
∬ ∫∫
( )

∫( )
( )

A altura deste triângulo relativa à base vertical é , enquanto a altura de seu centroide relativa
a esta mesma base é ⁄ , o que prova a afirmação.
Seção 1.3, Integrais Duplas 25
u
r
1.3.6 Exercícios a

1.3.1. Calcule as integrais duplas a seguir. Transforme para coordenadas polares, se con- 1
.
veniente. 3
.
∬ E
(a) (b) ∬ r
r
o
!
∬√
( ⁄ ) A
(c) (d) ∬ p
e
(Dica: na integral iterada, utilize n
a substituição .) a
s
∬( )
∬ o
(e) (f)
Primeiro quadrante. d

o
c
1.3.2. Calcule a integral
u
m
e
∬( ) n
t
o
na região do Exemplo 1.3.2 utilizando para isto o método nele proposto.
p
1.3.3. Calcule a integral r
i
n
√ c
∬ ⁄
( ) i
p
sobre o anel circular da Figura 1.3.5. a
l
.
1.3.4. Prove que o sólido envolvido pelo elipsoide

possui um volume de .

1.3.5. Encontre o volume do sólido limitado em cima e


em baixo pelo cone e nas laterais pelo cilindro
( ) (Figura 1.3.7). Figura 1.3.7

1.3.6. Calcule a integral imprópria ∬ ( ) para


(a) ( )
26 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a (b) ( )

1 (c) ( )
.
(Você pode utilizar a fórmula ∫ .)
4
. (d) ( ) ( )
E √
(Você
r
pode utilizar a fórmula ∫ ∫ .)

r
o 1.3.7. Calcule a média da função ( ) no trapézio de vértices ( ), ( ),
!
( )e( ).
A
p 1.3.8. Seja a densidade de carga elétrica no ponto ( ) fornecida por ( ) . Encontre
aecarga líquida no plano se
n
a (a) ( ) (b) ( )
s
1.3.9. Calcule o centro de massa de uma chapa metálica sobre a região cuja
o
densidade no ponto ( ) é ( ) .
d
o 1.3.10. Mostre que o centroide de um semicírculo de raio dista ⁄( ) de sua base.
c
1.4
u Integrais Triplas e -uplas
m
e A teoria construída até aqui para integrais duplas pode ser facilmente estendida para nos
conduzir
n à definição de integrais em regiões de três ou mais dimensões. Para três dimensões,
t
temos as integrais triplas, que podem ser definidas como segue. Seja ( ) uma função
o
contínua em uma região fechada do . Dividimos tal região por planos paralelos aos planos
p, e em paralelepípedos e, numerando os paralelepípedos internos à região de a ,
sendo
r o volume do - ésimo paralelepípedo, definimos
i
n
c ∭ ( ) ∑ ( )
i
p
a
onde ( ) é um ponto arbitrário dentro da -ésima região. Outra possível definição é
l
obtida
. dividindo pelos planos , e em
paralelepípedos e, sendo ( ) contínua em , escrevendo

∭ ( ) ∑∑∑ ( )

onde ( ) é um ponto arbitrário tal que , ,


, , e . A extensão destas formulações para
definir integrais -uplas

∫∫ ∫ ( )

é óbvia.
Seção 1.4, Integrais Triplas e -uplas 27
u
r
Boa parte do restante da teoria desenvolvida aqui para integrais duplas, incluindo trans- a
formação em integrais iteradas, divisão de regiões de integração, integrais impróprias etc.,
1
pode ser aplicada para integrais -uplas, , com pequenas modificações. As integrais - .
uplas, são todas chamadas de integrais múltiplas. 4
.
1.4.1 Cálculo de Integrais Triplas por Integrais Iteradas E
r
Se a região puder ser descrita por inequações da forma r
o
( ) ( ) ( ) ( ) !

então o cálculo da integral tripla ∭ ( ) pode ser realizado a transformando A


p
em integrais iteradas da forma
e
( ) ( ) n
a
∫ ∫ ∫ ( ) s
( ) ( )
o
Note que a integral mais interna resulta em uma função de e , a integral intermediária re-
sulta em uma função de e a integral mais externa resulta em uma constante. Invertendo os d
o
papéis de , e nas inequações, se possível, encontraremos outras formas de iterar a inte- c
gral tripla. De fato, se todas as ordens forem possíveis, teremos seis formas de iterar a mesma u
integral. m
e
Exemplo 1.4.1 n
t
Seja o sólido interior ao tetraedro de vértices ( ), ( ), ( )e( ) . Este o
tetraedro é formado no encontro entre os planos , , e . A in-
p
terseção do plano com o plano é a reta , e obtemos que uma r
forma de descrever é pelas inequações i
n
c
i
Portanto, a integral tripla de ( ) em é calculada por p
a
l
.
∭ ∫∫ ∫ ∫∫ ( )

∫∫ ( )

∫[ ( ) ( ) ( ) ( )

( ) ( ) ]
28 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
1.4.2
a Aplicações das Integrais Triplas
1 As integrais triplas, por serem mais gerais que as duplas, possuem aplicações mais gerais
que
. elas, podendo ser utilizadas para resolver os mesmos problemas que elas ou problemas
4
mais gerais. Por exemplo, da definição das integrais triplas, é imediato que a integral
.
E
r

r
o
!
fornece o volume de , mostrando a utilização das integrais triplas no cálculo de volumes. Esta
nova
A expressão para volumes é mais simétrica que a expressão ∬ ( ) utilizada an-
p
tes, de modo análogo à simetria da expressão ∬ em relação à expressão ∫ ( ) no
e
cálculo de áreas. Também em analogia com este outro caso, uma vantagem da expressão
n
∭a sobre a expressão ∬ ( ) está no fato de que a primeira calcula o volu-
me
s de um sólido arbitrário, enquanto a segunda calcula o volume de um sólido limitado pelo
gráfico de uma função, pelo plano e por um cilindro reto (ver anota de rodapé 6, p. 10).
o
Também aqui podemos concluir que os dois métodos estão conectados, pois, se uma região
éddescrita pelas inequações , ( ) ( ), ( ) ( ) então
o
seu volume pode ser calculado pela diferença entre as integrais duplas iteradas
c ( ) ( )
∫u ∫ ( ) ( ) e∫ ∫ ( ) ( ) , e segue que
m
e ( ) ( ) ( )

n ∫ ∫ ( ) ∫ ∫ ( ) ∫ ∫ [ ( ) ( )]
t
( ) ( ) ( )
o
( ) ( )

p ∫ ∫ ∫ ∭
r ( ) ( )
i
n Todas as aplicações de integrais duplas apresentadas na seção 1.3.5 podem ser estendi-
c
das
i para integrais triplas. Assim, o valor médio de uma função de três variáveis
( ) em
uma
p região de volume pode ser definido pela expressão
a
l
. ∭ ( )

a massa de uma distribuição de massa com densidade ( ) em uma região pode ser
calculada por

∭ ( )

as coordenadas do centro de massa da mesma distribuição são

∭ ( )
Seção 1.4, Integrais Triplas e -uplas 29
u
r
e as coordenadas do centroide 13 de são a

1
∭ .
4
.
E
onde deve ser substituído por , e nestas expressões e, outra vez, é o volume de . r
r
Exemplo 1.4.2 o
!
O volume do sólido descrito pelas inequações , e
é A
p
e
n
∫∫ ∫ ∫ ∫( )
a
s
A altura de seu centroide é o

d
∫∫ ∫ ∫∫ ( ) o
c
u
1.4.3 Transformação de Integrais Triplas para Coordenadas Cilíndricas e Esféricas m
e
A introdução de coordenadas polares se mostrou de grande utilidade no cálculo de inte- n
grais duplas. Também há um dispositivo similar para integrais triplas, a saber, a transformação t
para coordenadas cilíndricas ou esféricas (ver o apêndice 3.1). o

p
O princípio é similar ao da subseção 1.3.3. Abandonamos a divisão da região de integra-
r
ção em sub-regiões cartesianas, escolhemos uma nova forma de dividir a região e calculamos o
i
volume de cada sub-região, expressando-o em termos das variações das coordenadas do novo n
sistema. Para o caso das coordenadas cilíndricas, o novo volume é c
i
p
( ) a
l
o que concluímos utilizando parte da demonstração da fórmula da transformação para coor- .
denadas polares. Introduzindo ( ) e utilizando a definição de integrais triplas,
concluiremos que a fórmula correta para a transformação em coordenadas cilíndricas é

∭ ( ) ∭ ( )

onde ( ) ( )e é mapeada na região pela mudança de coordenadas.

A fórmula da transformação para coordenadas esféricas é

13
Como no caso de uma região bidimensional plana, o centroide de uma região tridimensional é
o centro geométrico desta região.
30 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a
∭ ( ) ∭ ( )
1
.
4
Embora
. seja possível construir uma demonstração similar às anteriores para esta fórmula,
optaremos
E por prová-la utilizando a teoria geral de mudanças de variáveis em integrais múlti-
r
plas, a ser discutida mais adiante.
r
o
Exemplo 1.4.3
!
Considere a integral
A
p
e
n ∭
a
s
na região definida pelas inequações ,√ . Descrevemos estas
o
inequações em coordenadas cilíndricas por , , . Portanto, a integral
pode ser calculada por
d
o
c
u ∭ ∫∫∫ ∫∫
m
e
n ∫ ( )
t
o
Exemplo 1.4.4
p
r Calculemos a altura do centroide do hemisfério superior de uma esfera de raio . Pela
i
subseção
n 1.4.2, esta altura é
c
i
p ∭
a
l
onde
. é o hemisfério e seu volume. O hemisfério pode ser descrito em coordenadas esféri-
cas pelas inequações , ⁄ , . Portanto,

∭ ∭ ∫∫ ∫

∭ ∭ ∫∫ ∫

e segue que

( ⁄ )
Seção 1.5, Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas 31
u
r
isto é, a altura do centroide é ⁄ do raio do hemisfério. a

1.4.4 Cálculo Numérico de Integrais Múltiplas 1


.
5
.
1.4.5 Exercícios E
r
1.4.1. Calcule as integrais triplas a seguir. Transforme para coordenadas cilíndricas ou es- r
féricas, se conveniente. o
!

∭( ) A

p
(a) (b) e
n
a
s

∭ o

(c) (d)
Intersecção entre o cone d
Esfera . e a esfera o
, com . c
u
m

∭ e
(e) (f) n
t
√ o

1.4.2. Podemos estender para o conceitos geométricos inerentes ao . Por exem- p


r
plo, no , uma região é um subconjunto deste espaço, que pode ser especificada por inequa-
i
ções como , ( ) ( ), ( ) ( ). O volume desta região
n
pode ser calculado pela integral c
i
∭ p
a
ao longo dela. No , uma região pode ser definida também como um subconjunto deste es- l
paço, possivelmente especificada por inequações como .

1.4.3. Por exemplo, no O volume de um sólido

1.5 Mudança de Variáveis em Integrais Múltiplas14


Vimos que as transformações para coordenadas polares, cilíndricas e esféricas são úteis
na simplificação de algumas integrais múltiplas. Veremos agora que tais transformações são
um caso especial da fórmula geral para mudança de variáveis em integrais múltiplas.

14
O conteúdo dos apêndices sobre coordenadas curvilíneas e jacobianos é requisito para esta s e-
ção.
32 Capítulo 1, Integrais Múltiplas
u
r
a Ao realizar as transformações para coordenadas polares, cilíndri cas e esféricas, surgiu
nos integrandos os fatores , e . Tais fatores aparecem em decorrência das novas
1
subdivisões
. escolhidas na definição da integral. Para ilustrar, na transformação de integrais
duplas
5 para coordenadas polares, a nova subdivisão era composta não por retângulos, mas por
.
setores circulares, cuja área era o produto entre as variações das novas coordenadas e o fator
E
r( ), que no limite se tornou .
r
o Como nos casos anteriores, a transformação de integrais múltiplas para novas coordena-
!
das arbitrárias consiste em escrever a integral em termos de uma nova subdivisão, agora arbi-
trária. As regiões resultantes da nova subdivisão arbitrária serão em geral diferentes das regi-
A
ões
p retangulares da subdivisão cartesiana. Portanto, a área destas regiões não será em geral
apenas
e o produto entre as variações das coordenadas, como no caso cartesiano, mas sim tal
n
produto multiplicado por um fator.
a
s Formulemos a teoria para o caso das integrais duplas. Suponha que introduzimos novas
coordenadas
o pelas equações

d ( ) ( )
o
Seja
c uma região do plano que é descrita pelas coordenadas quando elas percorrem
auregião . Nestas condições, se o jacobiano ( ) ⁄ ( ) nunca se anula, então a fórmu-
m
la geral para a transformação é
e
n
t ( )
o ∬ ( ) ∬ ( ( ) ( )) | |
( )
p
r Para o caso geral de uma integral múltipla de ordem , supondo condições análogas, a
i
fórmula é
n
c ( )
i ∫ ∫ ∫ ∫ | |
p
( )
a
onde
l ( ) é expressa em termos de no membro esquerdo e de
.
no membro direito. Note que, para , esta fórmula se torna equivalente à fórmula para
integrais ordinárias
( )

∫ ( ) ∫ ( ( ))
( )

quando é introduzida a variável pela expressão ( ), de inversa ( ). Isto mostra


que o aparecimento do fator ⁄ ao ser realizada a mudança de variável de para em
uma integral ordinária é um caso especial desta teoria geral.

Uma demonstração rigorosa do que podemos chamar de fórmula geral para mudança de
variáveis em integrais múltiplas exige um conhecimento razoável da teoria de sistemas curvilí-
neos de coordenadas e de jacobianos. Por este motivo, tal demonstração será omitida.
Capítulo 2 Integrais em Regiões Curvadas

Nas integrais simples o domínio de integração era uma reta. Este conceito foi então ge-
neralizado, conduzindo às integrais duplas, que possuem um domínio de integração bidime n-
sional. Esta não é a única generalização possível para as integrais ordinárias. De fato, se esco-
lhermos uma curva arbitrária ao invés de uma reta como domínio de integração, obteremos
uma nova extensão das integrais ordinárias, conhecida como integral de linha. Podemos seguir
um caminho análogo para obter uma generalização também para as integrais duplas. Notamos
primeiro que o domínio de integração de uma integral dupla é uma região bidimensional con-
tida em um plano coordenado, que pode ser vista como uma superfície contida neste plano.
Substituindo estas superfícies de integração restritas por superfícies mais gerais, que se e sten-
dam além de um plano coordenado, obteremos uma generalização da integral dupla conheci-
da como integral de superfície. Estas integrais mais gerais, que podemos chamar de integrais
em regiões curvadas, são o assunto principal deste capítulo. 1

2.1 Integrais de Linha


As integrais de linha, também chamadas de integrais curvilíneas, podem ser definidas
como segue. Considere uma curva no espaço descrita pelas equações paramétricas

() () ()

onde ( ) , ( ) e ( ) são funções contínuas com derivadas seccionalmente contínuas (o que


implica que a curva é lisa). Considere também um arco desta curva ligando os pontos e
com coordenadas ( )e ( ), respectivamente, correspondendo aos valores de
no intervalo . Se uma função contínua ( ) for definida em uma região con-
tendo este arco, então, na intersecção de tal região com este arco, ela será uma função
( ( ) ( ) ( )) de apenas. Considere que dividimos o arco em pequenas peças pelos
pontos com e e denotamos a diferença entre as abcissas de e
de por . Formamos a soma

∑ ( ( ) ( ) ( ))

onde é qualquer valor no intervalo do parâmetro correspondente ao arco entre e .


Se o número de subdivisões crescer sem fronteiras e assumirmos que o comprimento do maior
dos arcos tende a , então podemos esperar que esta soma tenderá para um limite defini-
do. Denotamos este limite por

∫ ( )

1
Antes de estudar este capítulo, é aconselhável ver os apêndices 3.5 e .
34 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
eao chamamos de integral de linha da função ( ) sobre a curva . Que este limite existe
e independe da escolha dos pontos de subdivisão do arco podemos demonstrar diretamente
2
da
. definição de integral ordinária. Para isto, reescrevemos a soma anterior na forma
1
.
E ∑ ( ( ) ( ) ( ))
r
r
onde
o denota o incremento do parâmetro quando nós passamos de um ponto da subdivi-
são
! para o outro. Pela definição da integral ordinária, a passagem ao limite desta soma tend e-
rá a
A
p
e
n ∫ ( ( ) ( ) ( ))
a
s
que é uma integral ordinária. Assim, não só provamos a existência do limite, mas obtemo s a
o
fórmula

d
o
∫ ( ) ∫ ( ( ) ( ) ( ))
c
u
m 2
que
e expressa a integral de linha em termos de uma integral com respeito ao parâmetro .
Note
n que a integral ordinária é um caso especial desta nova classe de integrais, obtido quando
t é uma porção do eixo .
o
Utilizando uma mudança de variável de integração na integral do membro direito da
p ( ) , contínua no intervalo
fórmula anterior para uma variável , introduzida pela função
r
considerado,
i obtemos
n
c
∫i ( ( ) ( ) ( )) ∫ ( ( ) ( ) ( )) ∫ ( ( ) ( ) ( ))
p
a
l
onde e são os valores de correspondentes aos mesmos pontos extremos de que os
.
valores de e . Isto verifica o importante fato de que a integral de linha depende apenas da
curva de integração, e não da forma como tal curva é parametrizada.

Aqui vale uma ressalva. Consideramos no parágrafo anterior que, em todas as possíveis
parametrizações em termos do novo parâmetro , a curva é percorrida do mesmo ponto
inicial até o mesmo ponto final que quando parametrizada em termos do parâmetro . Se na
nova parametrização a curva for percorrida no sentido inverso, isto é, iniciando no ponto final
da parametrização em termos de e terminando no ponto inicial de tal parametrização, então
a integral será multiplicada por . Concluímos isto notando que, se a nova parametrização
percorrer a curva no sentido contrário, então os limites de integração na integral ordinária
para a qual a integral de linha é transformada serão trocados, resultando em multiplicar a i n-

2
O leitor deve notar que a palavra parâmetro possui aqui um uso completamente distinto do que
teve na discussão sobre integrais paramétricas do capítulo 1.
Seção 2.1, Integrais de Linha 35
u
r
tegral original por . A diferença entre percorrer a curva em um sentido ou no outro nos a
motiva à formulação do conceito de curva orientada. Uma curva orientada é definida não só
2
pelo seu conjunto de pontos, mas pelo sentido pelo qual ela deve ser percorrida. Para que .
uma integral de linha seja expressa sem ambiguidades, o sentido no qual a curva deve ser pe r-1
corrida deve ser especificado, isto é, a curva de integração deve ser orientada. Em todas as .
E
integrais de linha aqui as curvas de integração serão orientadas. Quando quisermos especificar
r
a curva obtida de uma curva invertendo sua orientação, utilizaremos o símbolo . r
o
Apenas mudando o papel das variáveis x, y e z nas definições anteriores, podemos definir !
as integrais
A
p
e
∫ ( ) ∫ ( ( ) ( ) ( ))
n
a
s
e
o

∫ ( ) ∫ ( ( ) ( ) ( )) d
o
c
Nas aplicações, as integrais de linha amiúde ocorrem na seguinte combinação. Sejam u
( ), ( )e ( ) três funções contínuas em uma região contendo . Conside- m
e
ramos a soma de três integrais de linha n
t
o
∫ ( ) ∫ ( ) ∫ ( )
p
r
que podemos escrever como i
n
c
∫ ( ) ( ) ( ) ∫( ) (2.1.1) i
p
a
l
onde ⁄ e assim por diante. As integrais de linha anteriores podem ser vistas como
.
casos especiais desta integral mais geral, obtidos fazendo duas das funções ( ),
( )e ( ) serem iguais a zero.

Supondo que as funções , e são componentes de um vetor ⃗ e que ⃗ é o vetor do


ponto ( ) da curva, podemos escrever esta integral na forma condensada

∫ ⃗ ⃗ ∫ ⃗ ⃗

onde o ponto nestas integrais denota um produto escalar, ⃗ ⃗⁄ e o significado de ⃗ na


integral à esquerda é óbvio.

Podemos considerar o caso especial em que está no plano , chegando às integrais


36 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
∫ ( ) ∫ ( ) ∫
2
.
1
Indo na direção oposta, podemos estender o conceito para definir integrais de linha em uma
.
curva
E contida em um espaço de dimensões parametrizada por () ( ).
Seguindo
r um caminho análogo ao anterior, podemos definir as integrais
r
o
! ∫ ( () ( )) ∫ ( () ( ))
A
p
onde outra vez e são os valores extremos do parâmetro, bem como a integral mais geral
e
n
a
s ∫ ∫( )

o
onde são todas funções das variáveis . Introduzindo os vetores ⃗ e ⃗ de
d
componentes ( )e ( ) podemos condensar esta expressão outra vez em
o
c
u
m ∫ ⃗ ⃗ ∫ ⃗ ⃗
e
n
2.1.1
t Propriedades Gerais
o
Decorre da definição de integrais de linha que, se a curva for formada pela união de
duas
p curvas e — o que denotaremos em símbolos por —, então a relação
r
i
n ∫ ∫ ∫
c
i
p
vale, sendo o significado da notação óbvio. Esta expressão nos possibilita definir integrais de
a
linha
l
em curvas lisas por partes 3, pois a utilizando poderemos dividir uma curva lisa por partes
em
. porções nas quais é lisa e definir a integral em separado para cada porção. Também da
definição podemos concluir que

∫[ ( ) ( )] ∫ ( ) ∫ ( )

Uma desigualdade obedecida pelas integrais de linha é

3
Uma curva lisa por partes é uma curva contínua formada pela união de curvas lisas.
Seção 2.1, Integrais de Linha 37
u
r
onde é o máximo absoluto de √ em e é o comprimento de . A prova é a
baseada na inequação 2
.
1
| | √ √( ) ( ) ( ) .
E
r
que decorre direto da desigualdade de Schwarz. Temos r
o
!
∫ ∫( ) ∫| |
A
p
e
∫√ √( ) ( ) ( ) n
a
s
∫ √( ) ( ) ( )
o

d
onde e são outra vez os valores inicial e final, respectivamente, de na parametrização e o
c
se utilizou o fato bem conhecido de que ∫ √( ) ( ) ( ) fornece o comprimen- u
to de . m
e
Exemplo 2.1.1 n
t
Seja o segmento , , . Então, o

p
r
∫ ∫( ) ∫[( ) ( ) ( )( ) ] i
n
c
Quando a curva de integração é uma curva fechada, em algumas situações é costumei- i
ro adicionar um círculo no sinal de integração, originando o símbolo ∮ . Restringindo-se a inte- p
grais de linha sobre o plano , se for uma curva simples e fechada, então faz sentido falar a
l
que em um sentido uma das possíveis orientações a curva será percorrida no sentido trigono- .
métrico, enquanto na outra será percorrida no sentido horário; podem então ser utilizados os
símbolos e , respectivamente, para expressar a orientação da curva de integração. 4

Dividindo uma curva simples e fechada em duas no-


vas curvas fechadas e , de mesma orientação que ,
através de um segmento, notamos que as duas curvas e
possuirão em comum o segmento, mas que em e
tal segmento é percorrido em sentidos opostos (Figura
2.1.1). Na soma ∫ ∫ , as partes das duas integrais
correspondentes ao segmento se cancelarão. Concluímos,

Figura 2.1.1
4
A introdução do círculo no sinal de integral é apenas para ênfase, não sendo obrigatória.
38 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
portanto a relação ∫ ∫ ∫ , sugerindo que as curvas e atuam como partes de
2, nos motivando a introduzir a notação , assim como aconteceu antes no caso
.
análogo para curvas abertas.
1
.
2.1.2 Cálculo de Trabalho
E
r A integral de linha está diretamente relacionada com o conceito de trabalho em mecâni-
r Se uma partícula se move em linha reta sob uma força ⃗ constante, então o trabalho reali-
ca.
o
zado
!
pela força pode ser calculado por

A ⃗ ⃗
p
onde
e ⃗ é o vetor deslocamento da partícula. Se a mesma partícula se move agora ao longo de
n
uma curva arbitrária sob a influência de uma força ⃗ de componentes , e que podem
a
variar
s
de um ponto ao outro do espaço, então, em ordem de obter uma estimativa para o tra-
balho total realizado, podemos selecionar em os pontos e ligar tais pontos através
o
de segmentos de reta, e assumir que ⃗ varia pouco sobre cada segmento, de modo que uma
estimativa para o trabalho será
d
o
c
u ∑ ⃗( ) ⃗ ∑[ ( ) ( ) ( ) ]
m
e
onde
n
os símbolos com representam as variações de um ponto ao outro da sequência. No
limite
t quando e o comprimento do maior dos segmentos tende a zero, a estimativa
o o trabalho se tornará exta, e a soma se tornará a integral de linha sobre . Segue que a
para
fórmula
p
r
i
n ∫ ⃗ ⃗ ∫
c
i
fornece
p o trabalho de uma partícula percorrendo sob a ação do campo de forças ⃗ .5
a
Exemplo
l 2.1.2
.
Seja ⃗ um campo de forças de componentes , , . Considere que uma partícula per-
corre a trajetória helicoidal , , , onde representa o tempo no sistema.
Então, o trabalho realizado por ⃗ sobre tal partícula do instante até o instante é

∫ ∫( ) ∫[ ( ) ]

5
Note que de modo algum é a trajetória resultante da atuação do campo de forças na partícula.
O caminho percorrido pela partícula é predefinido e independente, nesta situação, da força que nela
atua.
Seção 2.1, Integrais de Linha 39
u
r
2.1.3 Integral Independentes do Caminho a

Um caso importante nas aplicações ocorre quando o vetor ⃗ do integrando é o gradiente 2


de uma função potencial 6, isto é, quando .
1
⃗⃗⃗ ⃗⃗ .
E
ou r
r
o
!

onde ⁄ etc. Utilizando (2.1.1), obtemos A


p
e
∫ ( ) ( ) ( ) ∫( ) n
a
s
onde e possuem o mesmo significado que antes. Utilizando a regra da cadeia, a integral à
direita pode ser simplificada em o

d
o
∫ c
u
m
e, utilizando o teorema fundamental do cálculo, concluímos que e
n
t
∫ ( ) ( ) ( ) ( ( ) ( ) ( )) ( ( ) ( ) ( )) o

p
Note que o resultado obtido para a integral de linha depende apenas dos valores da fu n- r
i
ção potencial no ponto inicial e no final, e não do caminho de integração. Este resultado é de
n
grande importância teórica, e será enunciado aqui em forma de teorema. c
i
TEOREMA 1 p
a
A integral de linha de um gradiente é igual à diferença dos valores de sua função poten- l
cial nos pontos final e inicial, independentemente do caminho percorrido entre estes dois po n- .
tos.

Aqui se assume que o caminho sempre esteja dentro da região de definição da função
potencial. A expressão é o diferencial total de , denotado por .
Portanto, já que , e , podemos escrever ( ) ( )
( ) , o que justifica que a fórmula anterior seja expressa em símbolos como

∫ ( ( ) ( ) ( )) ( ( ) ( ) ( ))

6
Se ⃗ ⃗⃗ , então é denominado a função potencial, o campo potencial, ou simplesmente o
potencial de ⃗⃗.
40 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a Integrais de linha independentes do caminho podem ser denotadas sem especificar a
curva de integração, fazendo isto apenas para os pontos inicial e final do caminho, que são
2
posicionados
. como os limites de integração de uma integral ordinária. Assim, supondo que a
1
integral ∫ ⃗ ⃗ é independente da curva de integração, podemos a denotar por
.
E
r
r ∫ ⃗ ⃗
o
!
onde e são os pontos inicial e final da curva escolhida, respectivamente.
A
p Uma integral indefinida 7 ∫ ( ) , onde e são constantes, define uma função
e
da
n
variável . Analogamente, na integral independente do caminho ∫ ⃗ ⃗ , podemos fazer
a uma constante e ser um ponto arbitrário (
ser ) e somar à expressão resultante uma
s
constante para definir uma função de três variáveis. Em símbolos, a expressão
o ( )

d ∫ ⃗⃗
o ( )
c
onde
u ( ), definirá uma função das variáveis , que podemos denotar por
m ( )
( ) . Substituindo ( ) por ( ) na expressão ( ) ∫( )
⃗ ⃗ ,
e
an integral será , por começar e terminar no mesmo ponto, e concluímos que
t( ). A expressão
o
( )
p
r ( ) ( ) ∫ ⃗ ⃗
i ( )
n
onde
c ( )e( ) são dois pontos arbitrários, é auto evidente. Esta discussão vale
i
para integrais de linha de qualquer dimensão, e em geral uma integral de linha independente
p
do caminho de dimensões definirá uma função de variáveis.
a
l
. O seguinte fato é de grande importância. A afirmação de que uma integral de linha é in-
dependente do caminho em um domínio equivale a dizer que tal integral em qualquer curva
fechada neste domínio é zero. Concluímos isto notando que, se dividirmos uma curva fechada
em dois arcos pelos pontos e , um de a e outro de a , então a soma das inte-
grais nestes dois arcos será , porque a integral em um arco será igual à integral sobre o outro
multiplicada por .

O fato de ⃗ ser um gradiente implica que a integral será independente do caminho. É na-
tural então nos perguntarmos se o fato de que uma integral é independente do caminho impli-

7
Uma integral definida possui limites de integração constantes. Uma integral indefinida é uma i n-
tegral na qual um dos limites de integração é uma variável enqua nto o outro é uma constante, somada a
uma constante. A notação mais comum ∫ ( ) para integrais indefinidas é uma abreviação da nota-
ção ∫ ( ) .
Seção 2.1, Integrais de Linha 41
u
r
ca que seu integrando é um gradiente. A resposta é positiva. Provaremos agora esta afirma- a
ção.
2
.
Para simplificar, utilizaremos integrais de linha de duas dimensões na prova. A extensão
1
para integrais de dimensões é simples. Se uma integral é independente do caminho, então, .
como vimos, ela define uma função de várias variáveis. No caso de duas dimensões, podemos E
escrever r
r
( ) o
!
( ) ∫ ( ) ( ) ( )
( ) A
p
Já que a integral é independente do caminho, podemos a calcular em qualquer caminho que e
comece em ( ) e termine em ( ). Calculemos na curva formada pela união entre os n
segmentos e que ligam os pontos ( )a( )e( ) a ( ), respectivamente. a
s
Utilizaremos as seguintes parametrizações para tais segmentos:
o

d
o
c
A integral será dividida em duas, uma sobre e outra sobre : u
m
e
( ) ∫ ( ) ( ) ∫ ( ) ( ) ( ) n
t
o
Notando que ⁄ e ⁄ ao longo de , enquanto ⁄ e ⁄ ao
p
longo de , obtemos r
i
n
∫ ( ) ( ) ∫[ ( ) ( ) ] ∫ ( ) c
i
p
a
l
∫ ( ) ( ) ∫[ ( ) ( ) ] ∫ ( ) .

Portanto,

( ) ∫ ( ) ∫ ( ) ( )

Nesta expressão, apenas a primeira integral depende de . Utilizando este fato em conjunto
com o teorema fundamental do cálculo, concluímos que

( ) ( )
42 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
onde o subscrito denota uma derivada parcial. Se fizermos este mesmo procedimento, alte-
rando apenas e , fazendo-os agora ligar os pontos ( )a( )e( )a( ), res-
2
pectivamente,
. obteremos a relação
1
. ( ) ( )
E
Portanto,
r provamos que o integrando da integral independente do caminho é um gradiente.
r
o Podemos reunir estes resultados no teorema a seguir:
!
TEOREMA 2
A
p
Se a integral ∫ for independente do caminho em um domínio , então exis-
e
n uma função (
tirá ) definida em tal que
a
s

o
em . Reciprocamente, se existir uma função tal que as expressões anteriores valham, então
adintegral ∫ não dependerá do caminho.
o
c O teorema a seguir também é de alguma importância
u
TmEOREMA 3
e
n Se ( ) e ( ) possuírem derivadas parciais contínuas em e∫ for
t
independente
o do caminho em , então

p
r
em
i .
n
c Provamos este teorema notando que, pelo Teorema 2, existe uma função ( ) tal que
i , . Portanto, considerando que e possuem derivadas parciais contínuas em
p
a,
l
.

A recíproca do Teorema 3 não é válida sem uma restrição adicional: é necessário que
seja simplesmente conexo. Intuitivamente, um domínio é simplesmente conexo quando ele
não possui buracos. De modo mais preciso, um domínio é simplesmente conexo se, para
toda curva simples e fechada em , a região formada por mais seu interior está inteira-
mente contida em . Para exemplificar, um círculo ou um quadrado são domínios simples-
mente conexos, enquanto que um anel circular ou um círculo sem o seu centro não o são 8.
Enunciemos a recíproca do Teorema 3 na forma de teorema:

TEOREMA 4

8
Os domínios que não são simplesmente conexos são chamados de multiplamente conexos. Um
domínio com um buraco é chamado de duplamente conexo, um com dois buracos, de triplamente con e-
xo, e assim por diante.
Seção 2.1, Integrais de Linha 43
u
r
Sejam ( ) e ( ) duas funções que possuem derivadas parciais contínuas em um a
domínio , e suponhamos que seja simplesmente conexo. Se
2
.
1
.
em , então∫ não depende do caminho neste domínio. E
r
A prova deste teorema será adiada para uma ocasião mais oportuna. Ressaltamos que, r
quando o teorema fala que a integral é independente do caminho em , isto equivale a fizer o
!
que a integral em qualquer curva fechada em será . O exemplo a seguir contém uma análi-
se detalhada envolvendo este teorema, e deve ser estudado com atenção. A
p
Exemplo 2.1.3 e
n
Considere a integral a
s

∫ o

d
o
onde é uma curva que não contenha a origem. Pelo Teorema 4, esta integral será indepen-
c
dente do caminho em qualquer domínio simplesmente conexo que não contenha a origem, u
pois vale m
e
n
( ) ( ) t
( )
o
exceto na origem, onde as derivadas parciais das funções do integrando são descontínuas. Os
p
dois primeiros domínios representados na Figura 2.1.2 são simplesmente conexos e não con- r
tém a origem, de modo que podemos ter certeza que neles a integral será independente do i
caminho e que, equivalentemente, a integral em qualquer curva fechada contida neles será . n
c
Os dois últimos domínios representados, que também não contém a origem, não são simples-
i
mente conexos, de modo que o Teorema 4 não nos garante que a integral será independente p
do caminho neles ou que, equivalentemente, a integral em qualquer curva fechada contida a
neles será . l
.
y y y y

x x x x

Figura 2.1.2
Iremos agora generalizar nossas observações. Seja uma curva fechada que não envolve
a origem. Sempre existirá um domínio simplesmente conexo que contenha e que não conte-
nha a origem. Portanto, o Teorema 4 nos garante que em qualquer curva fechada que não
envolve a origem a integral será . Por outro lado, se for uma curva que envolve a origem,
44 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
então não haverá nenhum domínio simplesmente conexo que contenha e que não contenha
a origem. Disto concluímos que a integral em qualquer curva que envolva a origem poderá ser
2
diferente
. de , ainda que ( ) ( ) valha fora da
1
origem.
. y
E
r Para verificar nossas observações, calculemos a integral em
algumas
r curvas especiais. Seja a união das curvas
𝐶 𝐶
o
! ⁄ 𝐶
⁄ 𝐶
A ( ⁄ ) ( ⁄ ) ⁄ x
p ⁄
e Figura 2.1.3
n
(Figura 2.1.3). Temos que vale em e ⁄ em . Portanto,
a
s ⁄

o∫ ∫ ∫ [ ( ) ]

d ⁄
o

c
u
m
e
n ∫ ∫
t
o ⁄ ⁄

∫ [ ( )] ∫
p
r
i
Ao
n longo de , e ⁄ são , de modo que ∫ Analogamente,
c
ao
i longo de , e ⁄ são , de modo que ∫ . Concluímos,
p
portanto, que
a
l
.

como esperado, desde que não envolve a origem. Seja agora a curva , .
Temos que

∫ ∫ ∫

um resultado diferente de , o que é possível, desde que a curva envolve a origem.

Para concluir, verificamos que as funções ( ) ( ⁄ ) e ( )


( ⁄ ) satisfazem
Seção 2.1, Integrais de Linha 45
u
r
a

2
9 .
Estas funções ( ) são plurivalentes ; ainda sim, elas nos dão uma interpretação geométri-
1
ca da integral ∫ . Estas funções fornecem a coordenada polar do .
E
ponto ( ), exceto quando para ( ⁄ )e para ( ⁄ ) 10 . Portanto,
r
a integral ∫ resultará na variação de ao longo de . Vemos que o r
o
fato de as funções ( ⁄ )e ( ⁄ ) serem plurivalentes é expresso no fato de que !
a variação de entre dois pontos depende de quantas vezes a curva de integração entre estes
dois pontos envolve a origem. Para exempli- y y A
p
ficar, na Figura 2.1.4 estão representadas
e
duas curvas ligando os mesmos pontos, um n
na parte negativa do eixo e outro na parte a
positiva do eixo . Ao longo da primeira cur- x x s
va a variação de é ⁄ , enquanto que ao o
longo da segunda esta variação é ⁄
⁄ . Figura 2.1.4 d
o
Exemplo 2.1.4 c
u
Considere a integral m
e
n
t

o

p
Temos que r
i
( ) ( ) n
( ) c
i
e o Teorema 4 nos garante que a integral será independente do caminho em um domínio si m- p
plesmente conexo que não contenha a origem, onde as derivadas parciais das funções do inte- a
l
grando dão descontínuas. É verdade que
.

√ √ 11

A função √ é bem definida (e univalente) e, portanto, a integral será inde-


pendente do caminho mesmo em um domínio duplamente conexo como o plano com a

9
Uma função univalente possui apenas um valor em cada ponto de seu domínio. Uma função pl u-
rivalente pode possuir múltiplos valores em cada ponto de seu domínio. Por exemplo, é uma
função univalente, enquanto ( ) é uma função plurivalente.
10
Exceto na origem, estas duas condições não ocorrem ao mesmo tempo, de modo que podemos,
fora da origem, escolher a outra função quando uma delas falhar em fornecer o ângulo. Nenhuma das
funções pode fornecer o ângulo da origem, mas sabemos que o ângulo deste ponto é indeterminado.
11
Denotamos aqui por o logaritmo natural, isto é, o logaritmo na base . Em alguns livros a
notação utilizada para esta mesma função é .
46 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
origem removida. Sendo e os pontos inicial e final, respectivamente, da curva e e ,
respectivamente, seus raios, vale, para toda curva que não contenha a origem,
2
.
1
. ∫ ∫
E
r
Note
r que, ao contrário do que acontece com a integral do exemplo anterior, em uma curva
fechada
o envolvendo a origem a integral será , pois o raio inicial será igual ao final e o argu-
!
mento do logaritmo será .
A
Os dois exemplos anteriores representam uma classe geral de situações na qual a relação
p
e vale exceto em um ponto isolado. Em situações assim, a integral em uma curva
simples
n e fechada que não envolve o ponto será , fato que decorre do Teorema 4. Por ou-
a
tro lado, a integral em uma curva simples e fechada que envolve o ponto no sentido trigo-
s
nométrico terá um valor independente da curva que envolva este ponto. A prova desta afir-
mação
o é simples. Sejam e duas curvas que envolvem o ponto no sentido trigonométri-
co. Suponhamos primeiro que tais curvas não se intersectem. Considere a diferença
d
o
c
∳ ∳
u
m
Devemos mostrar que esta diferença é . Começamos por utilizar a
e
relação
n para escrever tal diferença na forma
t , isto é, para concluir que a diferença entre as duas inte- 𝑅
o
grais no sentido trigonométrico é a soma entre a primeira no senti- 𝑃
p trigonométrico e a segunda no sentido horário. Suponhamos
do
r
agora que dividimos a região entre as duas curvas por dois segmen- 𝑅
i
tos
n auxiliares, originando duas regiões e . Se somarmos as
integrais
c sobre os contornos destas regiões no sentido trigonométri-
i
co, obteremos o mesmo que , pois as contribuições dos Figura 2.1.5
p
segmentos
a auxiliares em cada integral se cancelarão. Esta situação é representada Figura
2.1.5.
l Por outro lado, já que o ponto não está contido em nenhuma das regiões e , as
.
integrais sobre os contornos de e resultam em . Concluímos, portanto, que
, de modo que as integrais nas curvas e são iguais. Supondo agora que e se
intersectam, podemos introduzir uma terceira curva que não intersecta nenhuma destas
duas curvas; em seguida, podemos repetir o procedimento anterior para concluir que as inte-
grais em e possuem o mesmo valor, o mesmo valendo para as integrais em e , o
que implica que as integrais em e também possuem o mesmo valor.

Exemplo 2.1.5

Calculemos a integral


( )
Seção 2.1, Integrais de Linha 47
u
r
sobre a elipse . Esta seria uma tarefa bastante trabalhosa se feita por parametri- a
zação da curva de integração proposta. Podemos verificar, entretanto, que
2
.
[ ] 1
( ) ( ) ( ) .
E
exceto na origem. Portanto, já que a elipse contorna a origem, podemos a subs- r
tituir por qualquer curva que também o faça. Utilizando a circunferência , , r
o
, obtemos
!

A
∳ ∳ ∫[ ( ) ] p
( )
e
n
∫ a
s

o
Assim, a integral sobre a elipse é – .
d
2.1.4 Teorema de Green o
O teorema a seguir é de grande importância na teoria das integrais curvilíneas no plano. c
u
TEOREMA 5 m
e
Seja um domínio do plano e seja uma curva simples, fechada e lisa por partes, n
contida em e cujo interior também está em . Considere que é a região limitada por . t
o
Sejam ( ) e ( ) duas funções definidas e contínuas em , possuindo derivadas parciais
continuas. Nessas condições, vale p
r
i
∳ ∬( ) n
c
i
Para a prova, suporemos primeiro que pode ser descrita de ambas as formas p
a
( ) ( ) l
.
( ) ( )

Neste caso, a integral dupla

( )
pode ser calculada pela integral iterada ∫ ∫ ( ) , que resulta em
48 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a ( )

∫ ∫ ∫[ ( ( )) ( ( ))]
2
( )
.
1
. ∫ ( ( )) ∫ ( ( ))
E
r
r
∫ ( ( )) ∫ ( ( )) ∳
o
!

Analogamente,
A
obtemos
p ( )
e
n ∬ ∫ ∫ ∳
a ( )
s
Subtraindo o primeiro resultado do segundo, concluímos a prova do teorema para as regiões
o
que podem ser descritas pelas inequações mencionadas. O caso em que que não pode ser
descrita
d por tais inequações pode ser tratado dividindo em regiões que o possam. Assim, se
o for dividida por segmentos auxiliares em regiões que podem ser descritas por
c
inequações da forma das anteriores, então valerá
u
m
e
n
∳ ∬( )
t
o
com . Somando em obtemos, do lado direito, a integral
p
sobre a região . Do lado esquerdo, a contribuição dos segmentos auxi-
r
liares para o resultado será , pois cada um destes segmentos é comum
i
anduas curvas que o percorrem em sentido oposto. Portanto, o resulta-
do
c da soma das integrais de linha será a integral sobre . Para ilustrar,
i Figura 2.1.6 está indicada uma região que não pode ser representada
na
p
pelas inequações anteriores, e que foi dividida em duas regiões; tais
a
regiões
l são convexas, o que é suficiente para que possam ser represe n-
tadas
. pelas inequações. As integrais de linha ao longo dos bordos das
Figura 2.1.6
duas regiões resultam na integral sobre o contorno da região completa,
pois as contribuições devidas ao segmento central são canceladas. Se não puder ser dividida
em um número finito de regiões que podem ser descritas pelas inequações, então um proces-
so de limites deve ser realizado para generalizar o resultado para tais regiões.

O Teorema de Green fornece uma forma prática de provar o Teorema 4, cuja prova havia
sido adiada. Assumindo que , temos, pelo Teorema de Green,

∳ ∬( )

Para aplicar o Teorema de Green, tal como foi estabelecido até aqui, é necessário que o domí-
nio em questão seja simplesmente conexo, de onde decorre esta exigência no Teorema 4.
Seção 2.1, Integrais de Linha 49
u
r
É possível estender o Teorema de Green para domínios multiplamente conexos. Seja a
uma curva simples e fechada limitando uma região e curvas simples e fechadas
2
dentro de limitando as regiões , respectivamente. Seja também a região multi- .
plamente conexa formada retirando de . O nosso atual Teorema de Green pode ser 1
aplicado a cada uma das regiões , de modo que .
E
r
r
∳ ∬( )
o
!

com . Ele também pode ser aplicado à região completa, de modo que vale A
p
e
∳ ∬( ) n
a
s
Somando a primeira expressão em e subtraindo o resultado da segunda, obtemos
o

d
∳ ∑∳ ∬( ) ∑∬( )
o
c
u
Pela definição de , o membro direito resultará na integral dupla sobre tal região. Podemos m
cancelar o sinal da soma no membro esquerdo fazendo com que as integrais sejam percorridas e
no sentido horário. Obtemos, portanto, no membro esquerdo, a soma da integral sobre no n
t
sentido trigonométrico e das integrais sobre no sentido horário. Em símbolos,
o

p
∳ ∑∲ ∬( ) r
i
n
Esta é a extensão do Teorema de Green para domínios multiplamente conexos. Se definirmos c
como a união de todas as bordas da região , a borda exterior orientada no sentido tri- i
p
gonométrico, e as bordas interiores orientadas no sentido horário, poderemos escre-
a
ver esta relação como l
.

∳ ∬( )

Exemplo 2.1.6

A área de uma região fechada pode ser calculada pelas integrais

∳ ∳

sobre o bordo de . Uma forma prática de provar isto é utilizando o Teorema de Green. Decor-
re dele que
50 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
∳ ∬ ∬
2
.
1
.
E ∳ ∬( ) ∬
r
r
Oo fato de que ∬ é a área de conclui a prova.
!
2.1.5 Integral em Relação ao Comprimento de Arco
A
p Seja uma curva parametrizada por ( ), ( ) e seja ( ) uma função bem
e
definida em uma região contendo . O comprimento de arco da porção de entre os pontos
n
correspondentes a e é calculado por
a
s

o ∫ √( ) ( )

d
Podemos
o fazer ser uma constante e ser o parâmetro para definir como uma função de
c
u, ( ) ∫ √( ) ( ) ; nestas condições, a função definirá um sistema coordenado
m
sobre
e a curva . Podemos subdividir a curva em pedaços escolhendo pontos ,
de
n modo similar ao que foi feito no início da seção 2.1, e considerar a soma
t
o ∑ ( )
p
onde
r é a distância percorrida na curva de até e( ) é um ponto con-
tido
i em entre tais pontos. O limite desta soma quando tender ao infinito e o comprimento
n maior dos pedaços tender a é o que chamamos de integral de (
do ) em relação ao
c
comprimento
i
de arco de . Em símbolos, podemos denotar esta integral por
p
a
l ∫ ( )
.

Escrevendo a soma mencionada na forma ∑ ( ) , onde , e calculan-


do outra vez o limite, concluímos que

∫ ( ) ∫ ( ( ) ( ))

onde e são os valores inicial e final, respectivamente, de na parametrização de . Deri-

vando a relação ( ) ∫ √( ) ( ) em relação a , obtemos


Seção 2.1, Integrais de Linha 51
u
r
a
√( ) ( )
2
.
de onde decorre 1
.
E
r
∫ ( ) ∫ ( ( ) ( ))√( ) ( ) r
o
!
o que nos permite expressar a integral em termos de . Se a curva for parametrizada pelo
comprimento de arco, isto é, se a curva for parametrizada por ( ), ( ), sendo a A
distância percorrida desde o ponto inicial da curva, então esta relação é simplificada para p
e
n
a
∫ ( ) ∫ ( ( ) ( )) s

o
onde é o comprimento de arco total de .
d
O conceito de integral em relação ao comprimento de arco pode ser estendido para inte- o
grais de dimensões, com . Neste caso, a função do integrando será uma função das c
coordenadas do espaço, a curva de integração será parametrizada por u
m
() ( ), e ⁄ √( ⁄ ) ( ⁄ ) e
n
Se ( ) , então é trivial que a integral fornecerá o t
comprimento de arco de . Considerações simples mostram que, a o

integral ∫ ( ) calcula a média de ( ) em . Outra p


( ) definir uma superfície ⬚ 𝑓 (𝑥 𝑦) r
aplicação interessante é que, se
i
no espaço, então ∫ ( ) calcula a área do cilindro paralelo ∫ 𝑓(𝑥 𝑦) 𝑑𝑠
n
𝐶 c
ao eixo e de geratriz (ver a nota de rodapé 6 do Capítulo 1, p.
𝐶 i
10), limitado pelo gráfico de ( ) e pelo plano , ou, dito de (𝑥 𝑦)
p
outra forma, a área do cilindro levantado de com altura ( ) Figura 2.1.7 a
em cada ponto sobre , como sugere a Figura 2.1.7. l
.
2.1.6 Observações
A teoria formal para o cálculo de integrais de linha foi apresentada. Entretanto, há ainda
algumas observações que podem facilitar o cálculo de integrais de linha na prática. Tais obse r-
vações serão mostradas a seguir, juntas a exemplos, que devem ser estudados com atenção.

Observação 1

Em algumas situações é mais direto não parametrizar a curva por um parâmetro , mas
por uma das coordenadas. Por exemplo, se for a parábola e o ponto inicial de pos-
sui ordenada e o final ordenada , então, para calcular a integral ∫ ,
podemos substituir por e por no integrando, obtendo
52 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a
∫ ∫( ) ∫( )
2
.
1
Este procedimento é válido porque é equivalente, por uma mudança de símbolo, a calcular a
.
integral
E utilizando a parametrização , , .
r
Observação
r 2
o
! Para calcular uma integral sobre uma curva não é necessário que todos os seus com-
ponentes sigam a mesma parametrização de . Podemos sempre quebrar uma integral como
A
p
e ∫ ( ) ( ) ( )
n
a
s
na soma de três integrais de linha sobre
o

d ∫ ( ) ∫ ( ) ∫ ( )
o
c
De
u fato, foi o processo inverso que originou a integral de linha com três componentes no in í-
m da seção 2.1. Isto significa que podemos utilizar uma parametrização diferente de para
cio
e
cada componente da integral. Isto pode ser simplificador, já que uma parametrização que faz
n
com
t que uma das componentes seja simples pode fazer com que outra seja mais complicada, e
escolhendo
o uma parametrização específica para cada componente este problema não existirá.

p Em especial, se for possível expressar todas as coordenadas da integral em fun-


r
ção de , para , então, separando a integral em suas componentes, não será nece s-
i
sário
n calcular derivadas no integrando. Por exemplo, a integral da Observação 1 pode ser cal-
culada
c a separando em componentes e substituindo por na integral em e por √ na
i
integral em :
p
a
l
. ∫ ∫ ∫ ∫ ∫ √

onde os limites de integração na integral em são justificados porque varia entre e na


parábola 12 . Neste exemplo simples foi mais prático o cálculo pelo método anterior; entretan-
to, se o método anterior exigir o cálculo de derivadas complicadas, o método apresentado aqui
pode ser mais vantajoso.

Como um exemplo adicional, seja a porção da intersecção entre a esfera


e o cilindro ( ) contida no primeiro octante, percorrida de ( )a
( ) (Figura 2.1.8). Considere que queremos calcular a integral

12
Foi uma coincidência os limites de integração das duas integrais serem iguais.
Seção 2.1, Integrais de Linha 53
u
r
a
∫ ( )
2
.
1
Com certeza o cálculo escolhendo uma única parametrização
.
de para todos os componentes e utilizando (2.1.1) será tra- E
balhoso. Podemos, entretanto, quebrar a integral em suas r
componentes e procurar por uma parametrização conveniente r
o
em cada componente. Será preferível uma parametrização
!
que não exija o cálculo de diferenciais. Começamos por escre-
C
ver a integral como a soma das três integrais de linha A
p
∫ ,∫ e∫ ( ) . Calculamos então cada e
uma destas integrais em separado. n
a
Figura 2.1.8
s
Sabemos que ( ) ao longo de . Portan-
o
to, será possível escrever a integral ∫ em termos apenas de e, utilizando esta coor-
denada como parâmetro, notando que os valores inicial e final de na curva são, respectiva- d
mente, e , obtemos o
c
u
∫ ∫[ ( ) ] ∫[ ( ) ] m
e
n
t
A integral ∫ já está escrita apenas em termos de , e podemos utilizar esta coordenada o
como parâmetro, notando que começa e termina em na curva, para obter
p
r
i
∫ ∫
n
c
i
Ao longo de , vale , de modo que podemos escrever ∫ ( ) em p
termos apenas de . Parametrizando nesta coordenada, notando que ela varia de a ao a
l
longo da curva, obtemos .

∫( ) ∫( )

Portanto,

∫ ( )

Observação 3

Sempre que for possível escrever o integrando como um diferencial total, isto deve ser
utilizado para calcular a integral. Sabemos que ( ) . Portanto,
54 Capítulo 2, Integrais em Regiões Curvadas
u
r
a ( ) ( )
( )
∫ ∫ ( ) |( )
2
( ) ( )
.
1
Note
. que esta integral é independente do caminho.
E
r
r
o
!

A
p
e
n
a
s

d
o
c
u
m
e
n
t
o

p
r
i
n
c
i
p
a
l
.
Seção 3.1, Coordenadas Polares, Cilíndricas e Esféricas 55
u
r
a

Capítulo 3 Apêndices 3
.
1
.
E
3.1 Coordenadas Polares, Cilíndricas e Esféricas r
r
3.2 Sistemas Curvilíneos de Coordenadas o
!

3.3 Jacobianos A
p
3.4 Campos Escalares e Campos Vetoriais e
n
a
3.5 Introdução ao Estudo das Curvas e Superfícies s

d
o
c
u
m
e
n
t
o

p
r
i
n
c
i
p
a
l
.

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