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Sociedade e Currículo: Conceitos e

Implicações

WEB AULA 12
Unidade 2 – O Currículo e sua implementação

Iniciaremos nosso estudo da Unidade II


abrindo com discussões acerca da estrutura do currículo. Na Unidade
I discutimos sobre os conceitos de currículo como um instrumento
essencial para a construção da formação do educando e da ação
gestora. Até aqui, nossas reflexões sustentam que os conceitos de
currículo escolar:
¤ são o fundamento de qualquer sistema de ensino e suas propostas
educacionais;
¤ constitui um conjunto de conhecimentos selecionados e
organizados disponíveis em um determinado momento histórico que
são traduzidos em uma prática pedagógica;
¤ sua concretização ocorre por meio das práticas pedagógicas,
sociais e culturais da escola, tornando-se uma experiência de
formação humana;
¤ não é um instrumento passivo ou neutro, pois tem uma força
poderosa e ativa que pode legitimar ideologias, sistemas sociais,
políticos e econômicos transmitidos pela escola;
¤ não está distante de uma relação de poder (SILVA, 2001) e,
portanto, é um instrumento de democratização da escola. Diante
dessa afirmativa há uma relação bem próxima entre poder e saber,
significando que a organização do conhecimento escolar presente no
currículo está longe de ser neutra;
¤ vincula-se àquilo que nós somos e àquilo que nos tornamos, ou
seja, é parte de uma aprendizagem que é planejada e orientada pela
escola;
¤ está intimamente ligado ao próprio percurso histórico e pedagógico
da escola no sentido intencional de obter consequências educacionais
para um grupo de alunos dentro ou fora da escola.

Na Unidade I
apresentamos na relação entre as tendências pedagógicas e Teorias
Curriculares por meio de um quadro-resumo que situa apenas as
Tendências Pedagógicas num contexto muito maior: as Teorias do
Currículo. Minha intenção era apresentar esse quadro para que vocês
pudessem ter uma visão panorâmica, já que é impossível
compreender as teorias curriculares sem o contexto no qual elas se
situam. Relembrando que “[...] a palavra tendência, compreendida
como uma determinada orientação geral do pensamento curricular, à
luz da qual e no seio da qual se desenvolvem determinadas
orientações específicas (MOREIRA, 2009, p. 42)”.

O Currículo e suas facetas


O currículo é vivido no contexto escolar de forma articulada e
integrada com a atuação da equipe gestora. À equipe gestora cabe
“[...] a direção do processo de organização e o funcionamento de
instituições comprometidas com a formação humano do cidadão [...]
por meio de um novo conhecimento que ilumine as diversas formas
democráticas de condução do processo educacional (MOREIRA, 2009,
p. 104)”.
As pesquisas educacionais indicam as formas pelas quais o currículo é
concretizado no âmbito escolar, ou seja, apresenta uma classificação
de “tipos de currículo” existentes. Essa temática também pode ser
encontrada na literatura pedagógica como “modalidades do
currículo”.

ENCONTRO NO FÓRUM
Lück (2010, p. 41) afirma que “[...] a gestão democrática ocorre na
medida em que as práticas escolares sejam orientadas por filosofia,
valores, princípios e ideias consistentes, presentes na mente e no
coração das pessoas, determinando o seu modo de ser e de fazer”.
Quais relações você estabelece entre a gestão democrática
conceituada por Lück e o currículo escolar? Registre seu parecer no
fórum da disciplina.

De acordo com Grande (1998), dentro do processo de execução do


currículo, encontramos três modalidades que todas as escolas
ensinam. Com base nessa autora e de maneira didática apresento-as
abaixo.

¤ Currículo formal, prescrito ou explícito: conjunto dos conteúdos


culturais explicitamente declarados nos guias curriculares, materiais
de ensino.
¤ Currículo não-explícito ou oculto: conjunto de situações escolares
não publicamente declaradas, isto é, aquilo que os alunos aprendem
no cotidiano escolar, mas que não é intencionalmente ensinado pela
escola.
¤ Currículo nulo: diz respeito ao currículo que a escola não ensina.
Trata-se da ausência da oportunidade de aprendê-los. Essa ausência
é tão significativa como a presença de outros conteúdos.
A primeira noção que
estudaremos é a expressão “currículo oculto”. Será que o currículo
oculto constitui uma teoria? A resposta a essa questão é “não”.
Porém, a sua noção deve sempre ser contextualizada no interior de
cada teoria curricular, pois envolve certos processos da vida cotidiana
que, muitas vezes, passam despercebidos nos espaços e tempos
escolares (são o “pano de fundo” e as entrelinhas). Para enxergá-lo,
é preciso um olhar atento, cuidadoso... bem especial. A lente para
enxergá-lo é a nossa bagagem teórica.
O currículo oculto é composto pelos diversos aspectos que compõem
o ambiente escolar que não estão “escritos” no currículo oficial (ou
explícito), mas influenciam de maneira tácita as aprendizagens que
acontecem no cotidiano (SILVA, 2001).

O currículo oculto é constituído por todos aqueles aspectos do


ambiente escolar que, sem fazer parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de
forma implícita para aprendizagens sociais relevantes [...] o que se aprende no
currículo oculto são fundamentalmente atitudes, comportamentos, valores e
orientações [...] (SILVA, 2001, p. 78).
Para sabermos quais são os “diversos aspectos” que compõem o cotidiano escolar, temos que
determinar antes “o que” se aprende por meio do currículo oculto e “quais” os meios e
instrumentos utilizados para que ele se concretize.

APRENDA MAIS!
Indico-lhe um texto muito interessante para que aprofunde seus
conhecimentos. O texto é de Alice Casimiro Lopes e o título é
“Discursos nas Políticas de Currículo”. O texto traz uma discussão
entre as relações entre as políticas curriculares e os discursos que as
sustentam epistemologicamente.
Confira em: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-
biblioteca/pdf/discurso_nas_politicas_de_curriculo_Lopes.pdf

De um modo geral, o currículo oculto é expresso:


- Relações que se expressam entre os professores e os alunos;
- Relações entre a equipe gestora, professores e alunos;
- Entre os próprios alunos;
- Entre pais e a escola;
- Na organização dos espaços físicos da escola e de seus tempos.
[...] a acepção do currículo como conjunto de experiências planejadas é
insuficiente, pois os efeitos produzidos nos alunos por um tratamento pedagógico
ou currículo planejado e suas consequências são tão reais e efetivos quanto podem
ser os efeitos provenientes das experiências vividas na realidade da escola sem tê-
las planejado, às vezes, nem sequer ser conscientes de sua existência. É o que se
conhece como currículo oculto (SACRISTÁN, 2000, p. 43).

O currículo formal ou prescrito é


aquele que se apresenta na organização e da distribuição das
disciplinas (com os seus objetivos, conteúdos programáticos,
estratégias didáticas e procedimentos de avaliação). Nele encontra-se
expresso os acordos propostos e estabelecidos por todos os
participantes do seu processo de construção. O trabalho realizado na
escola, a elaboração da Proposta Pedagógica e o planejamento do
professor sofrem a influência direta do currículo formal. Porém, como
já ressaltamos, o que é vivido no cotidiano escolar é bem mais amplo
do que está no papel (currículo formal). No decorrer da rotina e do
planejamento do professor esse currículo passa a ser real, pois se
confronta com a realidade do contexto. Aqui estamos nos referindo
ao currículo real ou em ação.
Segundo Sacristán (2000), o currículo
é um objeto que se constrói como resultado de diversas forças que
nele intervêm. Na verdade, o que temos é um processo de
construção curricular complexo, no qual o objeto do currículo sofre
múltiplas transformações. O autor propõe um modelo de
interpretação do currículo distinguindo seis fases do processo de
construção curricular.
Para Philippe Perrenoud (1995, p. 51), que estuda o tema, o currículo
formal e o currículo real não são da mesma natureza. Ele expõe que
"[...] o currículo formal é uma imagem da cultura digna de ser
transmitida, com o recorte, a codificação e a formalização
correspondentes a esta intenção didática; o currículo real é um
conjunto de experiências, de tarefas, de atividades que geram ou que
se supõe que gerem aprendizagens". O currículo formal é encontrado
nas leis, nos parâmetros e diretrizes curriculares.
O currículo real acontece explicitamente nas manifestações não prescritas pelo currículo
formal. Apresento abaixo uma estrutura geral do discutido até aqui.

Fase 1: Currículo prescrito: são as


prescrições e orientações administrativas referentes aos conteúdos do
currículo. Elas servem de ponto de partida para a elaboração de
propostas pedagógicas. Exemplos: Diretrizes Curriculares.
Fase 2: Currículo apresentado aos professores: assim como o
currículo prescrito é muito genérico, não sendo suficiente para
orientar a atividade educativa nas aulas. Exemplos: Parâmetros
Curriculares, livros didáticos, propostas pedagógicas.
Fase 3: Currículo moldado pelos professores: o professor é um
agente decisivo na concretização do currículo, moldando a partir de
sua cultura profissional qualquer proposta que lhe é feita. Exemplos:
planos de ensino.
Fase 4: Currículo em ação: é o momento da aula, no qual o currículo
se transforma em método a partir da prática docente.
Fase 5: Currículo realizado: são os efeitos produzidos pela prática e
refletem no processo de aprendizagem dos alunos e professores.
Fase 6: Currículo avaliado: é o momento da avaliação.

Importante ressaltar que cada uma dessas fases intervém na


determinação do currículo e que possuem certo grau de autonomia,
embora mantenham relações de determinação recíproca ou
hierárquica com as outras. A citação abaixo que eu recortei de
Isambert-Jamat (apud FORQUIN, 1993, p. 192) é bem longa, mas
muito esclarecedora. Vamos ler?
Os conteúdos prescritos pelas autoridades (o currículo formal ou oficial) são o
produto, ao longo do tempo, de todo um trabalho de seleção no interior da cultura
acumulada, um trabalho de reorganização, de mudança de delimitações, de
enfraquecimento de hierarquia entre as disciplinas. Quanto aos conhecimentos em
via de serem elaborados, os autores de programas, quando não estão
simplesmente atrasados em relação a esses conhecimentos, transpõem-nos em
função da ideia que eles fazem dos públicos escolares. Mas as prescrições não
podem ser mais do que indicativas. Todo capítulo de programa se presta a muitas
interpretações. Os docentes, por sua vez, selecionam os temas, colocam ênfase em
tal ou qual aspecto, apresentam os saberes sob diversos modos. Cada sala de aula
segue, assim, seu currículo real, o qual, no limite, é diferente dos outros.

Antes de iniciarmos a próxima seção de aprendizagem, convido-o a


realizar uma leitura necessária ao nosso curso que diz respeito aos
níveis de planejamento educacional. O planejamento educacional
apresentado em um currículo comporta basicamente três níveis de
concretização que estão inter-relacionados e são discutidos por Souza
(2005). Você deve acessar
o linkhttp://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-
biblioteca/pdf/educacao_texto1.pdf. Após a leitura, registre no fórum
os principais pontos do texto que possam subsidiar as práticas
gestoras.

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seu browser, faça o download clicando aqui ou ative o mesmo.
A equipe gestora e a comunidade escolar
arquitetam, planejam e executam os currículos. Nesse processo,
todos estabelecem prioridades, atividades e ações pedagógicas
direcionadas ao ensino e à aprendizagem. A isso chamamos de
processo de construção de currículos. A comunidade escolar e a
equipe gestora produzem, selecionam e organizam os conhecimentos,
metodologias e recursos para implementar o projeto de formação da
instituição escolar.
Uma teoria curricular não pode ser indiferente às complexas determinações de que
é objeto a prática pedagógica, nem ao papel que desempenham nisso os processos
que determinam a concretização do currículo, antes de ser um objeto idealizado por
qualquer teorização, se constitui em torno de problemas reais que se dão nas
escolas, que os professores têm, que afetam os alunos e a sociedade em geral
(SACRISTÁN, 2000, p. 48).

Como já afirmamos anteriormente, os alunos são os sujeitos aos


quais se direcionam todas as experiências educativas previstas neste
currículo. Por essa razão consideramos que planejar o currículo tendo
em vista os alunos no seu contexto social e histórico é fundamental
para que a equipe gestora concretize um aspecto essencial da gestão
democrática: o direito à educação. O direito à educação e ao currículo
são questões centrais para pensar em uma formação de qualidade
que possibilite o acesso ao conhecimento, à cultura e à ciência.

APRENDA MAIS
Amplie seus conhecimentos sobre o conceito jurídico do “direito à
educação” presente Constituição Federal de 1988. Acesse em:

De acordo com Zabala (1998), os conteúdos de aprendizagem não se


resumem somente às contribuições das disciplinas ou matérias
tradicionais, pois abarcam as capacidades motoras, afetivas, de
relação interpessoal e de inserção social. O autor classifica os
conteúdos em quatro grupos, conforme mostra o quadro ao lado.
Tais conteúdos deveriam ser trabalhados por meio do
estabelecimento de níveis, desafios e avaliações apropriados às
necessidades dos alunos. Em outras palavras, é preciso considerar a
diversidade dos alunos como eixo estruturante do processo de
seleção, desenvolvimento e avaliação dos conteúdos escolares.
Até esse ponto de nossos estudos, espero que você já tenha
percebido que as concepções acerca do currículo são divergentes e se
manifestam contraditoriamente no cotidiano. Além disso, há muitas
discussões acerca do princípio da seletividade dos conteúdos: quais
conteúdos devem ser ensinados tendo em vista a concepção de
homem que queremos formar?
Quais tipos de habilidades e competências, valores e comportamentos
devem estar expostos no currículo escolar?

SAIBA MAIS!
Convido você a assistir ao vídeo “O projeto político-pedagógico e a
gestão democrática” do professor Vasco Moretto. Vasco Moretto
apresenta a relação entre o projeto político-pedagógico e a gestão
democrática. Nossa tarefa será:
¤ Assistir ao vídeo disponível no link abaixo:

¤ Após, escreva sua contribuição baseando-se em algum autor de


sua preferência e poste no fórum da disciplina.

Em outras palavras, há muitas disputas acerca da seleção dos


conteúdos escolares, dos saberes e das práticas que devem estar
presentes no currículo. De um modo bem sintético, podemos dizer
que a decisão de inserir determinados conhecimentos em detrimento
de outros no currículo escolar é um processo político. Na perspectiva
do multiculturalismo, por exemplo, temos um autor chamado James
Bank (1993) que apresenta o conhecimento escolar (objeto central do
currículo escolar) em quatro tipos de conhecimentos:

¤ O Conhecimento pessoal ou cultural é aquele que cada pessoa leva


consigo a partir da influência direta da educação recebida no contexto
social, da universidade e da cultura na qual está inserida. Podemos
relacioná-lo com os conhecimentos prévios que nossos alunos trazem
para a universidade.
¤ O conhecimento popular faz parte do cotidiano de nossas vidas e é
veiculado por todas as instâncias sociais: jornais, revistas, televisão,
internet. Eles influenciam na construção da identidade pessoal e
social do sujeito.

APRENDA MAIS!
Indico-lhe um texto muito interessante para que aprofunde seus
conhecimentos. O texto é de Antônio Flávio Barbosa Moreira e o título
é “O campo do Currículo no Brasil: os anos noventa”. Moreira é um
dos estudiosos do currículo em nosso país. O texto aborda a produção
e a concepção de currículo em três discussões significativas: a
teorização do currículo enquanto campo de estudos, a presença do
ensino das questões de currículo na formação acadêmica e a sua
concretização no âmbito escolar. A leitura do artigo pode ser muito
interessante já que Moreira sugere perguntas interessantes que
também podem servir de problema de pesquisa para sua monografia.
Confira em: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-
biblioteca/pdf/moreira.pdf

¤ O conhecimento acadêmico hegemônico é aquele elaborado no


contexto das teorias e pesquisas. Aparece nos conceitos e ideias
científicas e culturais. Por exemplo, a disciplina que estamos
estudando “Currículo, Conhecimento e cultura escolar” é uma das
expressões deste conhecimento.
¤ O conhecimento acadêmico transformador é aquele composto por
teorias e saberes que buscam romper com outros paradigmas. Ele
prima pela transformação e criatividade.

Saiba mais pesquisando nos seguintes livros:


 CANDAU, V. M. F.; MOREIRA, A. F. Currículo, conhecimento
e cultura. Documento em versão preliminar. 2006.
 MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T. Sociologia e teoria crítica do
currículo: uma introdução. In MOREIRA, A. F.; SILVA, T. T.
(orgs.). Currículo, cultura e sociedade. 6. ed. São Paulo:
Cortez (1994), 2002, p. 7-37.

 SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introdução às


teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

ENCONTRO NO FÓRUM
Encontrei alguns vídeos bem interessantes no Youtube que podem
subsidiar reflexões significativas entre a gestão escolar e as políticas
públicas curriculares.
Segue abaixo os links:
Vídeo Tematizador 1: A gestão das políticas públicas na gestão
escolar - parte 1
Vídeo Tematizador 2: A gestão das políticas públicas na gestão
escolar - parte 2

Apontamos que
o currículo está ligado às práticas escolares. Portanto, as questões “o
que ensinar”, “como e quando ensinar” e “como avaliar” são
pertinentes à nossa disciplina e indicam os componentes curriculares.
Iremos analisa-los no decorrer do texto. Atenção! Irei apresentá-los
separadamente para ficar “mais didático”, mas eles jamais podem ser
concebidos de maneira independente.
ENCONTRO NO FÓRUM
Antes de expor nossa discussão, proponho que registre aí num
cantinho do seu caderno tudo aquilo que você entende por ensinar.
Escreva todas as palavras que lhe vem à mente.
Solicito que exponha criticamente no fórum da disciplina sustentando
suas afirmações em algum autor de sua preferência.
Vídeo tematizador “A gestão da sala de aula”, de Celso
Vasconcellos.

Além disso, as respostas ao “o que ensinar” e ao “quando ensinar”


não determinam necessariamente o “como ensinar”.
Certamente, algumas palavras podem ter aparecido nos seus
registros: conteúdos, objetivos, aprender, aprendizagem... O que
significa a palavra aprender? Você já teve a curiosidade de buscar os
seus sentidos? Aprender é uma palavra que vem do latim e que
significa fazer um sinal; marcar com um sinal. Muito significativo, não
acham? Aquele que ensina deixa muitas marcas no sujeito que
aprende. Para que esse aprender “aconteça”, aquele que ensina
determina os objetivos e traça estratégias para que possa alcançá-
los.
Ao selecionar os conteúdos (ou conhecimentos escolares) utilizamos
como referência a cultura, Forquin (1993) aponta que o ato de
ensinar representa um ato de desejo de que o aprendente conquiste
um nível intelectual, pessoal e social desejável. Continua ainda
afirmando que ensinar é colocar o outro na presença de certos
elementos da cultura para que ele os incorpore na sua estrutura e, ao
mesmo tempo, construa a sua identidade intelectual e pessoal em
função deles. Ensinar é impregnar todos os atos educativos a partir
de intenções educacionais. O trabalho docente não pode ser
espontâneo, mas intencional, ou seja, com finalidade. Traçar as
intenções educativas não é tarefa fácil e exige a competência do
educador para realizar escolhas, selecionar os conhecimentos
curriculares, fazer opções teóricas coerentes.
Mas não para por aí. Depois da seleção é
preciso pensar nas maneiras como iremos concretizá-las
adequadamente a fim de orientar todas as nossas ações de maneira
sequenciada, lógica e dentro de um determinado tempo. Por fim,
precisamos planejar a avaliação que nos indicará se as intenções
educativas foram alcançadas.
Nesse percurso está justamente o maior desafio do gestor: pensar
nas intenções educativas, transformá-las em objetivos educacionais e
realizar uma prática pedagógica coerente, eficaz e eficiente para que
o aluno aprenda.

Para refletir!
E você gestor, diante dessas “cenas” o que fazer? Será que essa
seleção de conteúdos e organização do currículo têm a ver com
gestão democrática?
Assista ao vídeo disponível abaixo:
Algo chamou sua atenção? Partilhe no fórum da disciplina

Quando estudamos a História da Educação, a questão acerca das


intenções educativas materializava-se por meio dos conteúdos
escolares. Estes, por sua vez, concretizavam no trabalho do professor
por meio das disciplinas. Etimologicamente, disciplina é um conjunto
de conhecimentos organizados com a finalidade de proporcionar o
acesso e a aprendizagem dos alunos. Porém, preciso ressaltar que
esse “conjunto de conhecimentos organizados” nem sempre é eleito
consensualmente por aqueles que elaboram o currículo escolar. Além
disso, não se trata de um campo sem disputas ou conflitos.
Ao pensarmos em quando iremos ensinar, isto é, na
operacionalização das intenções educacionais, inevitavelmente vem a
palavra: tempo. O tempo escolar é uma dimensão muito importante
na organização do trabalho pedagógico e relaciona-se com a
categoria pedagógica denominada “rotina escolar”. O tempo escolar
se expressa por meio do calendário escolar, datas de avaliações,
reuniões... Contudo, o tempo escolar deve ser novamente significado
a partir de outro olhar: o do cotidiano escolar.
As mudanças curriculares oficialmente implementadas assumem um enfoque
sobretudo prescritivo, e cabe às escolas, dentro das suas possibilidades,
materializar as orientações recebidas. É no cotidiano das escolas que se dá a
devida implantação das inovações curriculares. A esfera governamental possui
um poder privilegiado na produção das políticas educacionais e na elaboração dos
currículos, porém, é na prática que as definições curriculares são recriadas e
reinterpretadas (BRASIL, 2009, grifos do autor).[1]

Então... há diferença entre rotina escolar e cotidiano escolar? Sim,


pois o cotidiano é muito mais abrangente e abarca a rotina escolar
que é algo mais inflexível. Ao falarmos em cotidiano escolar nos
referimos:
 aos tempos de aprendizagem que variam de situação para
situação, de sujeito para sujeito;
 às relações sociais estabelecidas nas práticas educativas.

A rotina é mais fragmentada, ritualizada, hierarquizada e organizada


por tempos fixos (VEIGA, 1995). Organizar o tempo escolar por meio
de rotinas rígidas influencia as relações sociais e de aprendizagem,
além de impossibilitar a integração curricular.
Ao pensarmos no “como ensinar”, nos referimos à maneira como se
ensina, ou seja, as metodologias. A pergunta de “como fazer?”
angustia muitos educadores preocupados em saber ensinar e ensinar
bem, não é mesmo? O que é um bom ensino? A resposta parece ser
bem simples: um bom ensino é aquele que considera o nível de
desenvolvimento dos alunos, bem como as suas experiências sociais
e culturais tendo em vista a construção de sua autonomia.
Mas... qual a pertinência da questão “como ensinar?” no estudo do
currículo? Isso não pertence ao campo de outras disciplinas como a
Didática? Bom... vejamos. Se partirmos da premissa de que o
currículo é uma construção social do conhecimento escolar, então
quando pensamos em uma das maneiras de concretizá-lo é pensar no
“como fazer?”.
Saber ensinar envolve um trabalho compromissado, intencional,
responsável e sério. Moysés (2001) aponta que a operacionalização
do “como ensinar” por meio do “saber ensinar” é algo que se define
pelo engajamento do educador por uma educação democrática.
Continua apontando que inclui também a alegria de ensinar (prazer)
e o desejo de instrumentalizar política e tecnicamente o seu aluno.

ENCONTRO NO FÓRUM
Sir Ken Robinson é um estudioso da educação. Como estamos
discutindo a avaliação, encontrei um vídeo do autor muito
interessante que discute sobre a criatividade. Embora o enfoque do
autor seja sobre criatividade, há um ponto de sua fala que ele discute
sobre o “erro”. O vídeo é divertido, mas ao mesmo tempo apresenta
reflexões importantes. Compartilhe no fórum da disciplina.

Avaliar é um ato complexo e


depende da maneira como dirigimos e conduzimos o nosso olhar.
Sacristán (2000) aponta que no contexto da instituição está presente
um “clima de avaliação”, já que ela atua como uma força que modela
a prática curricular ligada às Políticas Educacionais. Além de ser um
ato complexo e, ao mesmo tempo, um componente do currículo,
constitui um espaço de muitas contradições e conflitos. Por quê?
Muitas vezes, o currículo esboça uma determinada prática pedagógica
que não expressa coerência com as formas de avaliação. Contudo,
devo ressaltar que não é de todo “ruim” ou negativo as contradições
e os conflitos, pois estes: ajudam o educador a diagnosticar como
está sendo conduzido o processo; e auxilia para pensar o porquê de
certas manifestações e resultados.

ENCONTRO NO FÓRUM
Peço que você assista ao vídeo de um dos mais significativos
estudiosos da avaliação em nosso país: Luckesi.
Vídeo tematizador “A avaliação da aprendizagem” de Cipriano
Luckesi.
Após, escreva sua contribuição, baseando-se em algum autor de sua
preferência e poste no fórum da disciplina.
O que nos importa analisar nesse momento
é a justificativa da necessidade da avaliação no contexto escolar: por
que avaliar? Será que avaliamos para julgar, medir nossos alunos
para que o educador tenha nas mãos o controle do processo? Ou...
Avaliamos tendo em vista a grande importância que a avaliação tem
na formação da vida dos nossos alunos? Para finalizarmos esta seção,
trago uma citação um pouco longa de Sacristán (2000) para tentar
uma resposta ao “avaliar: para quê?”:
A função fundamental que a avaliação deve cumprir no processo didático é a de
informar ou dar consciência aos professores sobre como andam as coisas em sua
classe, os processos de aprendizagem de cada um de seus alunos que se
desencadeiam no ensino, etc. [...] se uma proposta de avaliação ou um modo de
entender como esta há de se fazer não pode ser abandonada pelos professores
dentro do andamento normal de seu trabalho, é uma proposta inútil, ainda que do
ponto de vista teórico seja correta e conveniente. A capacidade de recolher,
elaborar e interpretar informações provenientes do contexto no qual atuam é
limitada nos professores, como em qualquer ser humano (2000, p. 331).

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De acordo com Zabala (1998), a ciência fragmentou o conhecimento numa multiplicidade de


disciplinas. A organização dos conteúdos na escola deu lugar a diferentes formas de relação e
colaboração entre elas. Sendo assim, o autor define três graus de relações disciplinares: a
multidisciplinaridade, a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

¤ Multidisciplinaridade: aqui a organização dos conteúdos é bem


tradicional. Os conteúdos escolares são apresentados por matérias
independentes umas das outras.
¤ Interdisciplinaridade: apresenta-se pela interação entre duas ou
mais disciplinas. Essas interações podem originar outros campos de
estudo. Exemplo: biologia + química = bioquímica.
¤ Transdisciplinaridade: é o grau máximo de relações entre as
disciplinas que favorece a unidade interpretativa com a intenção de
construir uma ciência que explique a realidade sem parcelamento.
De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), a
interdisciplinaridade deve ser entendida de uma maneira relacional.
Em outras palavras, a prática escolar deve se pautar por ligações de
complementaridade, convergência e interconexões entre os
conhecimentos.

[1] Disponível em: http://escoladegestores.mec.gov.br/site/3-


sala_fundamentos_direito_educacao/reformaeducacional_u2_pg2.htm.

E agora gestor??
Indico uma palestra de Heloisa Lück. Em alguns momentos dos
nossos estudos a citei. Ela discute questões amplas sobre gestão
escolar e educação. Simplesmente um prazer! Concebendo o gestor
escolar como um agente de mudança fundamental no âmbito escolar,
Heloisa indica o valor do estudo e formação do profissional. Que
conselhos valiosos! Imagino que você enquanto gestor escolar pode
levar o vídeo adiante para sua equipe docente. Vamos lá?

A integração entre os diferentes conhecimentos pode mudar a prática


educativa para uma perspectiva inovadora. Porém, o mesmo autor
alerta que é preciso sinalizar que interdisciplinaridade não é somente
a articulação entre as disciplinas. Vai muito mais além, compondo a
conexão com a realidade social, cooperando para o exercício da
cidadania.
Hernandez (1998) aponta que os projetos de ensino seria uma
modalidade organizativa que dá outro olhar ao conhecimento escolar.
Os projetos de ensino baseiam-se na interpretação da realidade, na
vida cotidiana dos alunos e professores e em saberes significativos.
Há muitas maneiras de composição curricular. As principais são:
 Modelo interdisciplinar: é aquele que aponta para a
interdependência, a interação e a comunicação entre campos
do saber, ou disciplinas, o que possibilita a integração do
conhecimento em áreas significativas.
 Modelo transdisciplinar: é aquele que busca a coordenação do
conhecimento em um sistema lógico, que permite o livre
trânsito de um campo de saber para outro, ultrapassando a
concepção de disciplina e enfatizando o desenvolvimento de
todas as nuances e aspectos do comportamento humano.

ENCONTRO NO FÓRUM
Vamos fazer um levantamento e organizar as principais ideais
discutidas nesta Web?
Registre no seu caderno uma breve síntese do que foi estudado na
Unidade II e escreva no Fórum para comparar suas contribuições com
as dos colegas.
Abaixo irei colocar alguns tópicos que o ajudarão a organizar o seu
registro. Não se trata de questionário, é só para orientar seu
pensamento.
¤O que dá sustentação aos saberes e fazeres na escola?
¤Por que é necessário refletir sobre o que ensinar, quando e como
ensinar? O que essas questões têm a ver com o estudo do currículo?
¤Por que o currículo é considerado muito mais do que uma listagem
de conteúdos?
¤Qual a importância da reflexão sobre a avaliação no currículo?
Há alguma relação entre os componentes do currículo e a prática
pedagógica na escola?

ENCONTRO NO FÓRUM
Espero que você tenha enriquecido sua formação teórica e
profissional a partir dos estudos e reflexões realizadas nesta
disciplina. Diante disso, solicito duas tarefas para você:
 Produza e registre no fórum um texto reflexivo comparando
seus conhecimentos prévios indicados no início do nosso estudo
com aquilo que você modificou ou ampliou em termos de
conceitos e informações.

 Coloco para você um instrumento de autoavaliação para que


verifique o cumprimento do contrato didático especificado no
início do estudo. Responda-o com sinceridade e registre suas
reflexões no fórum para que possamos discuti-lo.

Instrumento de autoavaliação
Apropriação dos conceitos
1) O conteúdo proposto pela disciplina contribuiu para a alteração de
conceitos e procedimentos anteriores? Justifique:
2) Você atingiu os objetivos propostos pela disciplina no que tange à:
a) Analisar os diferentes conceitos de sobre currículo e gestão escolar
posicionando-se mais criticamente frente a eles?
b) Reconhecer a importância do estudo sobre as questões do
currículo e sua relação com a gestão escolar compreendendo que o
currículo é um dos elementos essenciais na organização da escola?
c) Pensar alternativas para implementar os conteúdos discutidos nas
ações gestoras?
d) Qual foi para você a aprendizagem mais significativa elaborada no
decorrer da disciplina?
e) Liste os assuntos abordados no decorrer da disciplina que você
ainda precisa dedicar-se mais em pesquisar. Paralelamente, procure
determinar o motivo de suas escolhas e estabeleça ações de
superação.
3) Cite as dificuldades que encontrou para melhor participar da
disciplina, caso haja.
4) Apresente os aspectos positivos quanto ao desenvolvimento da
disciplina e à atuação da professora.
Obrigada!
Unidade 1 – Gestão, Sociedade e Currículo Escolar

Sejam bem-
vindos!
Todos os profissionais da educação têm um desejo muito grande por
conhecer as relações entre o seu trabalho pedagógico e o currículo.
Os estudos acerca do currículo constituem uma área epistemológica
que cresceu significativamente em termos de investigação. Assim,
esta web aula tem como objetivo projetar a análise sobre o currículo,
seus conceitos e suas principais tematizações. O estudo que
realizaremos não se trata de uma revisão crítica e abrangente. Dessa
forma, as experiências teóricas e interações que realizaremos o
convidarão humildemente a entender a importância do currículo e o
seu valor para as práticas de gestão e organização da escola.

Organizarei os estudos em “momentos de aprendizagem” em um


roteiro de estudo que se entrelace com textos e outros materiais
disponíveis para que você possa se sentir fortalecido teoricamente
acerca dos conceitos que são imprescindíveis para desenvolver um
trabalho de gestão e organização da escola. Espero que seja
proveitoso e que saiam mais fortalecidos teoricamente para construir
a sua própria história como gestores.
A disciplina tem um caráter teórico, mas possui um alcance muito
significativo no contexto escolar, já que o currículo e as práticas de
gestão constituem o centro de todo o processo de organização do
trabalho pedagógico, bem como o de formação profissional e pessoal
do aluno. Por isso é tão importante a leitura e estudo de todo o
material da disciplina: webs, vídeos, fórum, atividades e textos
complementares. Vamos amarrar nossos conhecimentos para que
nossa formação tenha como perspectiva um profissional reflexivo no
contexto da Educação Básica.

Disparando nossa discussão: máxima atualidade do tema!


Que tal acessar um vídeo no Youtube para esquentar nossa
discussão. Ele é importante já que mostra os principais teóricos do
currículo em nosso país. Simplesmente o máximo! Quem sabe as
discussões podem incentivá-lo a desenvolver a monografia do curso?
Vídeo Tematizador 1 “Currículo Escolar”.

Seção de Aprendizagem 1: Os Estudos do Currículo

Definições da palavra currículo não resolvem


problemas curriculares; mas realmente sugerem perspectivas a partir
das quais podemos visualizá-las (STENHOUSE, 1975, p.
1 apud MCKERNAN, 2009, p. 22).
Os estudos e as pesquisas sobre o currículo indicam que a temática
constitui, na contemporaneidade, um tema central que deve estar
presente na organização e desenvolvimento do processo de formação
do aluno no contexto escolar. Porém, o currículo torna-se um campo
investigativo intrigante porque ainda hoje “[...] muito do que os
alunos experenciam com o currículo escolar não têm importância em
suas vidas (MCKERNAN, 2009, p. 22)”. Um possível motivo desse
descompasso reside no fato de que as demandas sociais e
educacionais têm apontado a necessidade de um profissional reflexivo
com significativa sensibilidade teórica para elaborar propostas
curriculares que venham a favorecer o planejamento e a
implementação de experiências educacionais com procedimentos
teóricos e técnicos que sejam eficientemente arquitetados a partir de
uma seleção cultural relevantes.

O currículo é o “coração da instituição”, pois é ele quem determina


como as “coisas acontecem” no cotidiano da escola de forma explícita
ou implícita. Daí a necessidade de contínuas reflexões “[...] sobre o
currículo, que nos permitam avançar na compreensão do processo
curricular e das relações entre o conhecimento escolar, a sociedade, a
cultura, a autoformação individual e o momento histórico em que
estamos situados (MOREIRA, 2009, p. 5)”. Ao gestor cabe a
sensibilidade de escolher e valorizar o momento de construção e
realização do currículo pautado em experiências bem-sucedidas no
contexto da cultura escolar da instituição de ensino. O currículo é:

[...] essencialmente, uma proposta


educacional, que convida à experimentação em sala de aula. Essa
também é a ligação que torna clara a relação entre o ensino e a
pesquisa. Para testar sua prática curricular, o professor precisa
adotar um ponto de vista de pesquisa (MCKERNAN, 2009, p. 26).
Mas, certamente vem a você uma pergunta: por que estudar Teorias
do Currículo? Questão bem interessante, não acha? Apresento-lhe
três motivos:
 Os Currículos são orientadores de todas as práticas educativas.
 O currículo é parte das discussões sobre a educação básica e
mobiliza múltiplas reflexões acerca das teorias, das tendências
e das intenções políticas que permeiam a construção de uma
Diretriz Curricular, ou seja, de um Currículo.
 Os profissionais da educação são os arquitetos do currículo que
se materializam no trabalho pedagógico.

Mas, por quê professora?


Gostaria de fazer uma proposta a você. Com certeza, você ao
alcançar essa disciplina no contexto desse curso de especialização já
traz muitos conhecimentos prévios sobre os estudos do currículo.
Para lembrar, problematizar e dar visibilidade a esses conhecimentos
há palestra interessante da professora Gladys Mary Ghizoni Teive. O
arquivo é um áudio. Mas, imperdível! Assim, meu convite é:

¤ Relacionar o conteúdo no contexto da gestão e organização da


escolaApós, escreva uma contribuição baseando-se em algum autor
de sua preferência e poste no fórum da disciplina

Em palavras mais simples: “[...] o currículo se preocupa com o que é


planejado, implementado, ensinado, aprendido, avaliado e
pesquisado nas escolas em todos os níveis da educação (MCKERNAN,
2009, p. 23)”. Indicarei a você algumas problemáticas que envolvem
o estudo da disciplina. Leia abaixo e exponha no Fórum seus
argumentos e reflexões.

ENCONTRO NO FÓRUM
Apresento algumas reflexões iniciais para discutir questões
preliminares acerca do currículo. Sugiro que, após ler todos os itens,
você produza uma síntese e registre no fórum da disciplina.
 Ao refletirmos sobre a noção de currículo, quais os
questionamentos que devemos fazer se nossa intencionalidade
é formação humana?
 Ao discutir o currículo, dois conceitos são estruturantes: o de
cultura escolar e o de conhecimento escolar? O que você
entende por cada um deles?
 O que da cultura deve ser selecionado para fazer parte do
currículo?
 Quais os valores explícitos e implícitos orientam a elaboração
curricular?
 Por que se privilegia uma determinada cultura em detrimento
de outras?
 Em um país tão diverso, faz sentido a ideia de um currículo
nacional?

 Quais as forças que influenciam no planejamento curricular?


No item acima já indiquei a importância de se estudar as teorias do
currículo. Pois bem. Existe uma relação muito estreita entre currículo
e cultura, pois o primeiro realiza na sua construção a seletividade da
cultura escolar. Em outras palavras mais simples: o objeto básico do
currículo é a educação escolar que pressupõe uma ideia de homem
que quer formar. Segundo Mckernan (2009, p. 27) “Cada sociedade
instala escolas a fim de introduzir os alunos na cultura, ou seja, no
modo de ser da sociedade”. Assim, podemos entender que o currículo
ofertado é uma proposta de política educacional. Sendo assim, o
currículo seleciona os valores culturais de uma determinada época
histórica e transmite às novas gerações os modos de ver, de sentir,
de pensar, de sonhar os valores e de compreender as regras sociais.
Vejamos como essas ideias expostas são demostradas por Silva
(2010, p. 9 apud GOODSON, 1995):
Uma história do currículo não deve tampouco cair na armadilha de ver o processo
de seleção e organização do conhecimento escolar como um inocente processo
epistemológico em que acadêmicos, cientistas e educadores desinteressados e
imparciais determinam, por dedução lógica e filosófica, aquilo que melhor convém
ensinar às crianças, jovens e adultos. O processo de fabricação do currículo não é
um processo lógico, mas um processo social, no qual convivem lado a lado com
fatores lógicos, epistemológicos, intelectuais, determinantes sociais menos “nobres”
e menos “formais”, tais como interesses, rituais, conflitos simbólicos e culturais,
necessidades de legitimação e de controle, propósitos de dominação dirigidos por
fatores ligados à classe, à raça, ao gênero. [...] o currículo não é constituído de
conhecimentos válidos, mas de conhecimentos considerados socialmente válidos
(SILVA 2010, p. 9 apud GOODSON, 1995, grifos do autor).

Aprenda mais!
Assista ao vídeo “Capital Cultural”. O vídeo traz algumas reflexões
sobre a concepção de Bordieu sobre capital cultural na Educação
Básica. Assim, sua tarefa será assistir ao vídeo “Capital Cultural”:
acessando o link:
Relacionar o conceito de Bordieu no contexto da gestão e organização
da escola. Após, escreva uma contribuição baseando-se em algum
autor de sua preferência e poste no fórum da disciplina.

A Cultura transmitida no contexto da Educação Básica não é a mesma


que aprendemos em outros contextos sociais. Esta é uma questão
bem complexa e precisamos afirmar que há especificidades. Que tal,
fortalecer nossa sensibilidade teórica? Vamos ao dicionário buscar o
significa do termo “cultura”.
Cultura: Esse termo tem dois significados básicos. No primeiro e
mais antigo, significa a formação do homem, sua melhoria e
refinamento. [...] No segundo significado, indica o produto dessa
afirmação, ou seja, o conjunto dos modos de viver e de pensar
cultivados, civilizados, polidos, que também costumam ser indicados
pelo nome civilização (ABBAGNANO, 2007, p. 261).

A primeira noção apresentada por Abbagnano (2007) está


relacionada à formação do “homem culto” ou “pessoa culta”, isto é,
aquela pessoa que possui peculiaridades que a distingue de outras
pessoas que não têm essas peculiaridades. Essas expressões
pressupõem uma pessoa que foi instruída e que devido a essa
instrução tornou seu modo de ver, sentir, pensar e escolher mais
sensível e crítico. Porém, essa noção está voltada ao aspecto da
natureza humana. É preciso pensar, como disse acima para você, as
especificidades da “cultura escolar”. Para isso, vamos recorrer às
Ciências Sociais.

cultura: [...] 3. Em oposição a natura (natureza), a cultura possui


um duplo sentido antropológico: a) é o conjunto das representações e
dos comportamentos adquiridos pelo homem enquanto ser social. Em
outras palavras, é o conjunto histórica e geograficamente definido
das instituições características de determinada sociedade, designando
“não somente as tradições artísticas, científicas, religiosas e
filosóficas de uma sociedade, mas também suas técnicas próprias,
seus costumes políticos e os mil usos que caracterizam a vida
cotidiana” (Margaret Mead); b) é o processo dinâmico de socialização
pelo qual todos esses fatos de cultura se comunicam e se impõem em
determinada sociedade, seja pelos processos educacionais
propriamente ditos, seja pela difusão das informações em grande
escala, a todas as estruturas sociais, mediante os meios de
comunicação de massa. Nesse sentido, a cultura praticamente se
identifica com o modo de vida de uma população determinada, vale
dizer, com todo o conjunto de regras e comportamentos pelos quais
as instituições adquirem um significado para os agentes sociais e
através dos quais se encarnam em condutas mais ou menos
codificadas. [...] (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 61).

ENCONTRO NO FÓRUM
Vamos dar uma pausa em nosso estudo para buscar algumas
informações sobre o conceito de teorias do currículo. Acesse
o link abaixo e assista ao vídeo da série “Currículo e Programas”.
Após, registre no fórum os principais conceitos sobre currículo. A sua
contribuição deve basear-se em algum autor de sua preferência.
¤ Vídeo tematizador 1 “Currículos e Programas”.

Bom estudo!

Objetivamente, o currículo deve atender às


demandas educacionais de um determinado contexto histórico e
social, pois é responsabilidade da escola transmitir a cultura que ao
longo do tempo foi considerada importante para ser perpetuado e
transmitido às novas gerações. Vejamos o que nos aponta um grande
estudioso das questões do currículo:
A cultura que a escola distribui encapsulada dentro de um currículo é
uma seleção característica organizada e apresentada também de
forma singular. O projeto cultural do currículo não é uma mera
seleção de conteúdos justapostos ou desordenados, sem critério
algum. Tais conteúdos organizados sob uma forma que se considera
mais apropriada para o nível educativo ou grupo de alunos do qual se
trate. A própria essência do que se entende por currículo implica a
ideia de que a cultura de “organizada” por certos critérios para a
escola. Os conteúdos foram planejados para formar de fato um
currículo escolar. Neste sentido dizemos que o currículo tem um
determinado formato, uma forma como consequência da tecnificação
pedagógica de que tem sido objeto (SACRISTÁN, 2000, p. 75, grifos
do autor).
De acordo com Sacristán (2000), podemos entender que a seleção
dos elementos da cultura especificados no currículo não é apenas
uma transposição dos valores culturais amplos da sociedade. Ao
contrário, eles são formatados, planejados e tecnificados
pedagogicamente. Dessa forma, denominamos os elementos culturais
do currículo como “cultura escolar”. Isso porque selecionamos e
especificamos os elementos válidos da cultura que devem ser
inseridos no currículo e que fazem parte da ação gestora na escola.
Por esses motivos é que afirmamos que o currículo deve ser aberto e
não pode ser considerado como algo pronto e acabado, mas sim
como um “processo”. Segundo Forquin (1993), a cultura escolar pode
ser definida como “o conjunto de conteúdos cognitivos e simbólicos
que selecionados, organizados, ‘normalizados’ rotinizados, sob efeitos
de imperativos de didatização, constituem habitualmente o objeto de
uma transmissão deliberada no contexto das escolas [...]”. Ainda de
acordo com Forquin (1993):
[...] a escola é também “mundo social”, que tem suas características de vida
próprias, seus ritmos e seus ritos, seu imaginário, seus modos próprios de
regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de gestão de
símbolos. E esta “cultura da escola” [...] não deve ser confundida tampouco com o
que se entende por cultura escolar (FORQUIN, 1993, p. 37, grifos do autor).

Aprenda mais!
Aqui, proponho a você o aprofundamento dos seus saberes. Minha
sugestão é que você assista a uma entrevista com Sônia Penin sobre
currículo escolar no Brasil. Sua tarefa será:
¤ Assistir ao vídeo “Entrevista com Sônia Penin sobre currículo
escolar no Brasil” acessando o link abaixo:
¤ Quais são os seus argumentos críticos acerca da discussão?
¤ Após, escreva uma contribuição baseando-se em algum autor de
sua preferência e poste no fórum da disciplina.
Ao afirmarmos que o “tipo” de cultura presente em um currículo
escolar é a “cultura escolar” nos leva a outro conceito também bem
específico: o de “conhecimento escolar”. O que entendemos por
“conhecimento escolar”? Primeiramente apontamos que ele é o ponto
central do currículo. O conhecimento escolar constitui um conjunto de
saberes socialmente produzidos pela humanidade e que podem ser
apreendidos, criticados e reconstruídos pelos alunos. Preciso dar uma
pausa aqui... Você percebeu a importância do currículo? Imagine só:
é ele quem seleciona os conhecimentos relevantes para a formação
de um grupo de pessoas.

Aprofundando o Conhecimento
Convido você a aprofundar suas leituras sobre a relação entre
conhecimento, currículo e cultura escolar a partir da leitura de um
livro clássico chamado “Currículos e Programas no Brasil” de Antônio
Flávio Barbosa Moreira. Esse livro pode ser acessado no site do
Google Books. Basta você acessar o site, digitar o título e abrir o livro
para realizar sua leitura. Com certeza será uma referência marcante
e que sofisticará sua formação e seus saberes.
Após a leitura, vale a pena registrar no fórum da disciplina suas
impressões para que possamos trocar informações de forma
colaborativa com os outros colegas.
Você pode acessar diretamente no link abaixo:
http://books.google.com.br/books?id=Pc-
Pjuvh21wC&pg=PA29&lpg=PA29&dq=teorias+curriculares&source=bl
&ots=T0nulJXbg8&sig=nGFGZf3T07_14Wd-rct71XIxR9A&hl=pt-
BR&sa=X&ei=nzxsULrVN-
b30gHu_YGgDg&ved=0CDYQ6AEwAQ#v=onepage&q=teorias
%20curriculares&f=false
Bom estudo!

Além disso, indica a responsabilidade do educador na sua ação


docente em empregar um ensino efetivo que selecione, domine,
organize e promova esses conhecimentos. Ao buscarmos uma
educação superior de qualidade, a nossa tarefa é construir um
currículo que apresente conhecimentos científicos significativos e
relevantes para mudanças sociais.
Que aspectos o caracterizam? Quem o constrói? Onde? Inicialmente, cabe ressaltar
que concebemos o conhecimento escolar como uma construção específica da esfera
educativa, não como uma mera simplificação de conhecimentos produzidos fora da
escola. Consideramos, ainda, que o conhecimento escolar tem características
próprias que o distinguem de outras formas de conhecimento. Ou seja, vemos o
conhecimento escolar como um tipo de conhecimento produzido pelo sistema
escolar e pelo contexto social e econômico mais amplo, produção essa que se dá
em meio a relações de poder estabelecidas no aparelho escolar e entre esse
aparelho e a sociedade (SANTOS, 1995 apud CANDAU, 2007, p. 22).

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ENCONTRO NO FÓRUM
Gostaria que você pesquisasse e expusesse seus argumentos no
fórum acerca da seguinte questão: ao pensar nos termos
“conhecimento”, “informação” e “conteúdo” nos referimos a conceitos
semelhantes ou diferentes? O que entendemos por cada um desses
termos? Espero suas contribuições no fórum da disciplina.
De acordo com Grande (1998), num estudo sobre
as definições de currículo no decorrer do século XX, muitas
concepções foram apresentadas:
Pelo senso comum: currículo é tudo aquilo que os professores
ensinam;
¤ Pela Escola Nova: constitui todas as experiências do acadêmico
vividas sob a responsabilidade das experiências educativas formais;
¤ Pela Tradição Acadêmica: conjunto das matérias ou disciplinas de
um curso escolar;
¤ Pelas Ciências Sociais: currículo é a parcela valorizada da cultura
social escolhida para ser ensinada pela instituição de ensino superior.
A autora destaca que nenhuma dessas concepções é certa ou errada,
falsa ou verdadeira. O que deve ser destacado é que cada uma delas
está relacionada a um determinado momento histórico e seu
compromisso com uma visão de escola e de educação. Atualmente,
as discussões do currículo relacionam-se intimamente com as
políticas educacionais que tem por norte a visão econômica. A lógica
do mercado é resultante da influência de organismos internacionais
como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que
financiam a educação brasileira e, consequentemente, ditam as
regras e procedimentos educacionais.
O currículo, nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se concentram as
relações entre a sociedade e a escola, entre os saberes e as práticas socialmente
construídos e os conhecimentos escolares. Podemos dizer que os primeiros
constituem as origens dos segundos. Em outras palavras, os conhecimentos
escolares provêm de saberes e conhecimentos socialmente produzidos nos
chamados “âmbitos de referência dos currículos”. Que são esses âmbitos de
referência? Podemos considerá-los como correspondendo: (a) às instituições
produtoras do conhecimento científico (universidades e centros de pesquisa); (b)
ao mundo do trabalho; (c) aos desenvolvimentos tecnológicos; (d) às atividades
desportivas e corporais; (e) à produção artística; (f) ao campo da saúde; (g) às
formas diversas de exercício da cidadania; (h) aos movimentos sociais (TERIGI,
1999 apud MOREIRA, CANDAU, 2007, p. 22).

Aprofundando o Conhecimento
Convido você a aprofundar suas leituras sobre o conceito de currículo
a partir da leitura do livro chamado “Currículo: Políticas e Práticasl”
organizado por de Antônio Flávio Barbosa Moreira. Esse livro pode ser
acessado no site do Google Books. Basta você acessar o site, digitar o
título e abrir o livro para realizar sua leitura. Com certeza será uma
referência marcante e que sofisticará sua formação e seus saberes.
Após a leitura, vale a pena registrar no fórum da disciplina suas
impressões para que possamos trocar informações de forma
colaborativa com os outros colegas.
Você pode acessar diretamente no link abaixo:
http://books.google.com.br/books?
id=2lg524poeC0C&printsec=frontcover&dq=curr
%C3%ADculo&source=bl&ots=vQMPTtGUII&sig=XRl9PMw8hEw-
W5zEKPbdIfaNRuM&hl=pt-
BR&sa=X&ei=YD5sUOSdFZK08AT5xYGgDQ&ved=0CDgQ6AEwAA
Bom estudo!

O termo “currículo” associa-se a diferentes concepções e relações.


Quando falamos do “currículo escolar” referimo-nos a um território
específico que expressa os modos como a educação escolar é
concebida de acordo com as influências históricas, políticas e sociais
que afetam a estrutura do Ensino Superior e da ação docente. De
acordo com Moreira e Candau (2007, p. 18), podemos entender o
currículo a partir das seguintes contribuições:
 os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
 as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas
pelos alunos;
 os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e
sistemas educacionais;
 os objetivos a serem alcançados por meio do processo de
ensino;
 os processos de avaliação que terminam por influir nos
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes
graus da escolarização.

Aprenda mais!
Assista ao vídeo “Currículos e Programas Educacionais VÍDEO AULA
1”. O vídeo traz alguns conceitos em autores importantes sobre
currículo.
¤ Assista ao vídeo “Currículos e Programas Educacionais VIDEO
AULA 1” acessando o link abaixo:
¤ Relacionar os conceitos no contexto da gestão e organização da
escola.
¤ Após, escreva uma contribuição baseando-se em algum autor de
sua preferência e poste no fórum da disciplina.

Porém, precisamos ter muita cautela ao tentar “definir” o currículo, já


que não há um consenso sobre uma definição. Por quê? A resposta
está no fato de que o currículo está relacionado com a complexidade
de desafios e a uma construção cultural, histórica e socialmente
determinada. Sendo assim, ao falar de concepções de currículo,
devemos contextualizá-las nas teorias que foram construídas ao
longo da história da educação. Por essas razões, é imprescindível
estudarmos as concepções de currículo no contexto das chamadas
“Teorias do Currículo”.

Aprenda mais!

Convido você a refletir sobre o conceito


de teoria. Proponho que pesquise em um dicionário o conceito do
termo “teoria”. Após, leia o texto “Currículo: uma abordagem
conceitual e histórica” de Elizabeth Silveira Schmidt que auxiliará sua
formação no sentido de relacionar o conceito de teoria com o das
teorias curriculares. O texto apresenta-se com uma linguagem clara e
bem estruturada. Após a leitura, retire algumas partes do texto que
você considera interessante e registre no fórum.
Acesse
em: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/view/4
92/493

Seção de Aprendizagem 2: Currículo: teoria ou prática?


Nossa intenção será discutir os conceitos de currículo dentro do
contexto das teorias curriculares. Vocês devem estar se perguntando
o porquê dessa contextualização. A justificativa é que não podemos
deixar de entender o currículo como um território complexo que
pressupõe um modelo de escola, de ideologias, de concepção de
homem... Soma-se a isso a concepção básica que o currículo é um
instrumento social, educacional e cultural. O termo “currículo”,
segundo Traldi (1984, p. 26), origina-se do latim “curriculum” e em
sua origem etimológica significa “curso, percurso, carreira [...] o que
ocorre no curso ou percurso efetuado... até o término da execução do
ato”. Sacristán (2000) também relaciona esse conceito acima
apresentado com a concepção de currículo escolar. Para ele, o
currículo é uma espécie de “pista de corrida”. Assim, a escolaridade
dos alunos compõe o percurso de caminhada e o currículo é a direção
que vamos realizando ao percorrê-lo. Essa direção nos indica como
faremos esse percurso e como seremos ao chegar ao seu ponto final.
Creio ser bastante interessante a postura de Menegolla e Sant’ana
(2001), ao fazerem um exercício para se pensar o conceito de
currículo. Os autores sugerem que se pense naquilo que não constitui
um currículo. Por exemplo, não pode ser considerado um currículo
uma listagem de conteúdos, a distribuição dos horários de uma
disciplina. Tais visões são muito restritas e desconsideram, por
exemplo, a relação entre o currículo e a sociedade. Em resumo: o
currículo não é neutro! Importante ressaltar que, ao estudarmos as
concepções de currículo escolar, devemos considerar: o contexto
histórico, as teorias pedagógicas, sociais e filosóficas dentro dos quais
ele foi criado. Sem a contextualização podemos cair no erro de
interpretações equivocadas ou parciais sobre a realidade educacional.

O currículo aparece, assim, como o conjunto de


objetivos de aprendizagem selecionados que devem dar lugar à
criação de experiências apropriadas que tenham efeitos cumulativos
avaliáveis, de modo que se possa manter o sistema numa revisão
constante, para que nele se operem as oportunas reacomodações
(SACRISTÁN, 2000, p. 46).
Além dessas noções vamos resgatar alguns conceitos e acrescentar
outras maneiras de concebê-lo?
 os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
 as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas
pelos alunos;
 os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e
sistemas educacionais;
 os objetivos a serem alcançados por meio do processo de
ensino;
 os processos de avaliação que terminam por influir nos
conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes
graus da escolarização;
 como uma série estruturada de resultados;
 como um conjunto de matérias;
 como intento de comunicar os princípios essenciais de uma
proposta educativa.

Diante de tantas noções, parece-nos certo que a tentativa de pensar uma definição única de
“currículo” é bem difícil, não acha? Mas essa “dificuldade” em definir o currículo já nos indica
que o campo curricular deve ser considerado a partir das diversas teorias elaboradas por
sociólogos, filósofos, professores, pedagogos. Encontrei uma citação de Silva (2001, p. 11) que
nos explica que a teoria funciona como um espelho que reflete a imagem da realidade de
acordo com o olhar do pesquisador que a constrói. Acrescenta ainda que as teorias do
currículo "[...] começaria por supor que existe, 'lá fora', esperando para ser descoberta,
descrita e explicada, uma coisa chamada 'currículo'. O currículo seria um objeto que precederia
a teoria, a qual entraria em cena para descobri-lo, descrevê-lo, explicá-lo".

ENCONTRO NO FÓRUM
Convido você a assistir uma produção de uma séria veiculada pela TV
Salto para o Futuro. Trata-se de uma série organizada em cinco
programas que apresenta temas diversificados que se relacionam
com o currículo. Basicamente, os programas da série se reportam à
Educação Básica nas tematizações realizadas. Para realizar essa
atividade, você deverá:
¿ Organizar seu estudo, pois são cinco programas com a duração
aproximadamente 50 minutos. Ao assistir cada vídeo da série, você
deve fazer um esquema e apresentar suas colocações no fórum da
disciplina.
¿ A Série Programa 1 “A construção do currículo”.
https://www.youtube.com/watch?v=elqdmXCGVAw
¿ Programa 2 “A organização do currículo”.
https://www.youtube.com/watch?v=dGwp69dnt5k
¿ Programa 3 “Currículo: tempos e espaços”.
https://www.youtube.com/watch?v=dGwp69dnt5k
¿ Programa 4 “Outros olhares sobre o Currículo”.
https://www.youtube.com/watch?v=dGwp69dnt5k
Aguardo suas contribuições no fórum da disciplina. Bom estudo!

Porém, podemos nos arriscar e dizer que o currículo pode ser


entendido como uma seleção de conhecimentos extraídos de uma
cultura mais ampla e que fundamenta qualquer sistema de ensino. O
currículo é uma força ativa e não um instrumento passivo, pois pode
conferir legitimidade ideologias e sistemas educacionais, sociais e
econômicos. Ele é gerado contendo todo o conhecimento social que
foi selecionado e organizado. Mas... olha só! Esse currículo, para
“existir”, precisa ser concretizado em tudo aquilo que for vivido,
percebido e sentido no cotidiano escolar. Em palavras mais claras,
“[...] o currículo escrito não passa de um testemunho visível, público
e sujeito a mudanças, uma lógica que se escolhe para, mediante sua
retórica, legitimar uma escolarização (GOODSON, 1995, p. 21)”.
Entre as tarefas do gestor, destacamos a sua contínua indagação:
dentre tantas noções como devo conduzir as orientações e escolhas?
Como devo olhar o currículo no contexto do sistema curricular da
Educação Básica? Ou seja, o currículo é:
[...] um campo de atividade de múltiplos agentes, com competências divididas em
proporção diversa, que agem através de mecanismos peculiares em cada caso. [...]
o currículo pode ser visto como um objeto que cria em torno de si campos de ações
diversos, nos quais múltiplos agentes e forças se expressam em sua configuração,
incidindo sobre aspectos distintos (SACRISTÁN, 2000, p. 101).

ENCONTRO NO FÓRUM
Para pensarmos juntos, imaginei fazer com você uma “tarefa
prática”. Vamos ao passo a passo?
1. Leia atentamente as afirmativas abaixo expostas sobre a noção
de currículo. Depois estabeleça um diálogo com cada uma delas
perguntando:

 Que tipo de sujeito essa noção pretender formar?


 Que tipo de sujeito precisamos formar?
 Qual a concepção de escola, de educador e do aprender ela
pressupõe?
 Quem é o sujeito que atendemos no dia a dia da escola? Essa
noção “dá conta” dos sujeitos reais que temos na escola?

Você consegue perceber que essas são questões centrais quando


pensamos na elaboração de um currículo?
Após essas discussões (espero que você esteja
“linkado (a)” a mim), faz-se necessário ressaltar, que o conceito de
currículo está relacionado com a concepção e o entendimento que
temos dos aspectos que envolvem a ideologia, a cultura e o poder.
Sendo assim, o currículo não é apenas um documento que contempla
várias disciplinas, pois precisa ser compreendido como um artefato
histórico, social e pedagógico.
O currículo é um campo permeado de ideologia, cultura e relações de poder. Como podemos
perceber, o discurso e a construção curricular no Brasil não se deu sob uma única ideologia,
mas com influência de tendências pedagógicas, objetivos e interesses diferentes. Por ideologia
segundo Moreira e Silva (1997, p. 23) pode-se afirmar que esta é "[...] a veiculação de ideias
que transmitem uma visão do mundo social vinculada aos interesses dos grupos situados em
uma posição de vantagem na organização social”. Ou seja, é um dos modos pelo qual a
linguagem produz o mundo social, e, por isso o aspecto ideológico deve ser considerado nas
discussões sobre currículo. Um currículo não surge do nada, mas de uma necessidade social e
principalmente econômica atrelada a um modelo de escola, de ensinar, de aprender, avaliar.
Complementando as afirmativas anteriores, Sacristán (2000), analisando o currículo como um
projeto seletivo de cultura, nos situa frente a um contexto que serve como base para analisar a
complexidade e qualidade da aprendizagem pedagógica que acontece na Educação Básica. De
acordo com o autor, existem três grandes grupos de desafios ou elementos que estão sempre
em interação recíprocas que concretizam a realidade curricular como cultura da escola

 Aprendizagem dos alunos: está organizada tendo como


referência um modelo ou projeto cultural de escola. Por essa
razão é que o currículo é uma seleção de conteúdos culturais
peculiarmente organizados e sistematizados no currículo.
 Modelo cultural de escola: a escola, como segmento da
sociedade, submete-se às influências das condições políticas,
administrativas e institucionais. A partir dessas influências ela
institucionalmente organiza-se por uma série de regras que
ordenam a experiência que os alunos e professores terão ao
participar desse projeto.
 Currículo como seleção de um campo social: por trás de todo
currículo existe, de forma explícita ou não, uma filosofia
curricular que orienta teórica e metodologicamente a ação
docente na escola.

Diante dessas premissas, Mckernan (2009) aponta o currículo como


uma atividade prática planejada deliberadamente. Nesse sentido, a
ação da equipe gestora influencia diretamente na construção e na
realização do currículo no contexto escolar. De acordo com o mesmo
autor, esta deliberação da equipe gestora como a comunidade escolar
implica em:
 Considerar as possíveis soluções alternativas;
 Prever as consequências e resultados de cada uma dessas
alternativas;
 Considerar fatos e valores, os meios e os fins
simultaneamente;
 Agir tendo em vista as restrições temporais;
 Considerar a deliberação como um empreendimento social que
consiste em responsabilidade, interações sociais, previsão de
eventos e tendências;
 Considerar a deliberação como algo simultâneo na qual os
diferentes atores do espaço escolar argumentam;
 Envolve elementos de interesses;
 Envolve a presença de conflitos (MCKERNAN, 2009).

ENCONTRO NO FÓRUM
Acima expusemos que os modelos de ensino e de aprendizagem
estão atrelados ao modelo cultural de escola, ou seja, aos seus
paradigmas. Convido você a assistir um vídeo tematizador muito
interessante de Ken Robinson. O vídeo é muito interessante, pois ao
mesmo tempo em que ele vai expondo suas ideias, há um ilustrador
que as sintetiza. O vídeo conta com legendas. Assista ao vídeo abaixo
e escreva sua contribuição baseando-se em algum autor de sua
preferência e poste no fórum da disciplina.
Vídeo “Mudando Paradigmas na Educação”.
Vídeo “Quebrando Paradigmas na Educação”.
Espero suas contribuições!

É aqui que vou contextualizar as teorias do currículo (Teorias não-


críticas, Teorias críticas e Teorias pós-críticas) dentro dos “percursos”
que a História da Educação Brasileira e Filosofia da Educação
construíram.
A teoria curricular e o estudo do currículo estão estreitamente interligados, uma vez
que os estudos curriculares se alimentam de teoria, mas também – talvez o mais
importante – porque os paradigmas teóricos orientam as tendências e as aspirações
do estudo sobre o currículo (GOODSON, 1995, p. 47).

Antes, é claro, explico a você que temos três grandes áreas teóricas
nos estudos do campo curricular:
Lembra-se que no início dessa web eu havia dito “o campo curricular
deve ser considerado a partir das diversas teorias elaboradas por
sociólogos, filósofos, pedagogos”? Porém, isso não quer dizer que
todas as teorias educacionais e pedagógicas são necessariamente
teorias do currículo. Pois bem, essa será a nossa tarefa para fechar
essa unidade: apresentar esse contexto. Para isso, planejei um
quadro-resumo indicando as principais ideias. Muitas delas, você já
conhece. O quadro fará apenas uma sistematização. Minha intenção é
que você se situe, para que possamos discutir mais detalhadamente,
ok.
Aprenda mais!
Porque estudar Teorias Pedagógicas? Questão bem interessante, não
é? Convido você a tematizar tal questão de forma colaborativa com o
professor Newton Duarte. A nossa tarefa será:
- Assistir ao vídeo “Teorias Pedagógicas: porque estudá-las”? Anotar
as contribuições do autor sobre a importância da análise das teorias
pedagógicas.
- Anotar partes que você considera como interessante na fala do
professor Newton;
- Relacionar as contribuições do professor escrevendo a sua
contribuição baseando-se em algum autor de sua preferência e
registrar no fórum da disciplina.

Observe atentamente o quadro. Quais tendências pedagógicas você


já ouviu falar? Já estudou alguma mais detidamente? Analise como as
contextualizei dentro das Teorias Curriculares. O importante é que
você relacione tais tendências sobre a perspectiva dessas Teorias.
Muitos autores também denominam as Teorias Curriculares não-
críticas como Teorias Tradicionais do Currículo. Silva (2001) aponta
que as tendências pedagógicas expostas são também teorias do
currículo. Qual a razão dessa afirmação desse autor? Acontece que as
preocupações voltadas para a organização escolar e ao “o que
ensinar” já fazem parte da História da Educação. Entre os exemplos
temos o livro escrito por Comenius: Didactica magna. Na verdade, os
estudos voltados especificamente ao campo do currículo originaram-
se em países europeus e ganharam grande força no contexto norte-
americano. Aqui no Brasil, os estudos e modelos curriculares norte-
americanos tiveram (e tem ainda!) muita influência.
De um modo geral, as Teorias não-críticas ou tradicionais tinham
como objetivo adaptar, ajustar e moldar o sujeito para que ele
aceitasse a estrutura social, política e econômica vigente. A tarefa
primordial do currículo era estabelecer as habilidades necessárias
para que o sujeito adaptasse ao seu contexto de origem. O quadro-
resumo abaixo apresenta o contexto das Teorias Curriculares Críticas
e Pós-críticas que abordam o currículo sem descuidar do seu contexto
social, político e econômico. O estudo aprofundado dessas teorias
denunciam duramente as Teorias não-críticas, as quais
pressupunham que o currículo é um instrumento neutro.
O multiculturalismo e suas teorias pós-
críticas, implica basicamente a transição de uma cultura comum ou
homogênea para outras culturas, visando a inclusão dos diversos
segmentos sociais vistos como “minorias”, “excluídos”,
“inferiorizados”, “diferentes”. No contexto educativo, a educação
multicultural corresponde a uma ideia de que a educação liberta de
preconceitos e promotora da diversidade cultural e do respeito aos
grupos sociais, étnicos e sexuais, visa contribuir para mudanças
estruturais e institucionais. Nessa perspectiva crítica, o que se propõe
é a formação do educador competente tanto para analisar
criticamente a sua prática, com a intencionalidade de aprimorá-la e
de desenvolver-se. Além disso, indica que o educador deve
conscientizar os alunos acerca da diversidade cultural de nossa
sociedade e incentivá-los a questionar as relações de poder
envolvidas na construção da diversidade (MOREIRA, 2009).

Pauta de Encontro no Fórum


Outra leitura necessária: “A recente produção científica sobre
currículo e multiculturalismo no Brasil” de Antônio Flávio Barbosa
Moreira.
Leia o texto e escreva sua contribuição baseando-se em algum autor
de sua preferência e poste no fórum da disciplina.

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