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Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG

Faculdade de Engenharia – FaEnge – Campus João Monlevade


Graduação em Engenharia de Minas

CAIO VELOSO DE LIMA


RAFAEL PEDRO DE SOUSA SILVA

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE UM ROMPIMENTO DE BARRAGEM: Caso


Mina Retiro do Sapecado

João Monlevade
2015
CAIO VELOSO DE LIMA
RAFAEL PEDRO DE SOUSA SILVA

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE UM ROMPIMENTO DE BARRAGEM: Caso


Mina Retiro do Sapecado

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial
para obtenção do grau de Engenheiro
de Minas na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Estado de Minas
Gerais.

Professor Orientador: Robson Pereira


Lima

zzzzzzzzzzzzzz

João Monlevade
2015
1  
 

CAIO VELOSO DE LIMA


RAFAEL PEDRO DE SOUSA SILVA

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE UM ROMPIMENTO DE BARRAGEM: Caso


Mina Retiro do Sapecado

Este Trabalho de Conclusão de Curso


foi julgado e aprovado para a
elaboração do TCC no Curso de
Engenharia de Minas da Faculdade de
Engenharia de Universidade do Estado
de Minas Gerais.

___________________________________________________________________
Robson Pereira Lima

___________________________________________________________________
Nome e titulação do membro da banca

___________________________________________________________________
Nome e titulação do membro da banca

___________________________________________________________________
Nome e titulação do membro da banca

João Monlevade, 29 de junho de 2015

 
2  
 

Dedicamos este trabalho aos nossos pais


que nos deram apoio para conclusão de
mais uma etapa de nossas vidas.

 
3  
 

AGRADECIMENTOS

As vezes paro e reflito por tudo que já passei em minha vida e onde pude chegar,
sinceramente é difícil acreditar que apesar de todas as adversidades que enfrentei,
hoje estudo em uma universidade que me possibilitou obter minha formação.
Confesso que não foi nada fácil chegar até aqui, mas com o apoio dos meus pais,
irmãos e amigos este sonho está se tornando realidade.

Sou grato à Deus pela dádiva da vida e por ter me dado condições de conquistar
meus objetivos.

À Faculdade de Engenharia Faenge e todos os professores que contribuíram para


minha formação, com todo conhecimento teórico e prático.

Ao professor Robson Pereira Lima, pela orientação, pelo aprendizado e apoio nos
momentos necessários.

À Republica Alambique que foi meu lar aqui em João Monlevade e a todos os seus
moradores que viraram minha família nesses últimos anos.

E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a minha formação.

 
4  
 

RESUMO

Esta monografia apresenta os estudos realizados para identificar quais são os reais
impactos socioambientais ocasionados com o rompimento da barragem da mina
Retiro do Sapecado, operada pela empresa Herculano Mineração, Itabirito MG.
Apresentamos os principais métodos construtivos de barragem, qual o seu propósito
e principais causas de rompimento, mas focamos em realizar um estudo das reais
consequências dessas tragédias para a comunidade atingida. Para descobrir e
analisar quais foram os impactos sentidos pela população realizamos entrevistas
com questionário estruturado, e a partir desse questionários chegamos aos
resultados e discussões apresentados nesta monografia.

Palavras-chave: Impactos. Barragem. Itabirito

 
5  
 

ABSTRACT

This monograph presents the studies carried out to identify what are the real social
and environmental impacts caused by the disruption of Retiro mine of Sapecado,
operated by the company Herculano Mining, Itabirito MG. We present the main dam
construction methods, for what purpose and main causes of disruption, but we focus
on conducting a study of the real consequences of these tragedies for the affected
community. To discover and analyze what were the impacts felt by people we
interviewed with a structured questionnaire, and from that we come to the
questionnaires and results presented in this monograph discussions.
Keywords:  Social and environmental impacts, Dams, Itabirito.

 
6  
 

LISTAS DE FIGURAS

FIGURA 3.1: MÉTODO DE ALTEAMENTO À MONTANTE....................................29

FIGURA 3.2: MÉTODO DE ALTEAMENTO À JUSANTE........................................30

FIGURA 3.3: MÉTODO DE ALTEAMENTO POR LINHA DE CENTRO..................31

FIGURA 3.4: VISTA DE UMA BARRAGEM DE REJEITO.......................................32

FIGURA 4.5: ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA MINA RETIRO DO SAPECA –


ITABIRITO-MG...........................................................................................................47

FIGURA 4.6: ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA MINA RETIRO DO SAPECA –


ITABIRITO-MG...........................................................................................................48

FIGURA 4.7: ROMPIMENTO DA BARRAGEM DA MINA RETIRO DO SAPECA –


ITABIRITO-MG...........................................................................................................49

 
   
7
 

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1: PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS COM O ROMPIMENTO DE


BARRAGEM DE REJEITO........................................................................................23

 
8  
 

LISTA DE QUADROS

QUADRO 3.1: EXEMPLOS DE RUPTURAS DE BARRAGENS DE


CONTENÇÃO DE REJEITOS ................................................................24

QUADRO 3.2: PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES EM


BARRAGENS DE REJEITO ..................................................................25

 
  9  
 

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 4.1: CAUSAS APONTADAS PARA O ROMPIMENTO DA


BARRAGEM...........................................................................................................34

GRÁFICO 4.2: PRINCIPAL IMPACTO CAUSADO PELO ROMPIMENTO DA


BARRAGEM...........................................................................................................36

GRÁFICO 4.3: RESPONSÁVEL PELO ROMPIMENTO DA BARRAGEM...........38

 
10  
 

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental


ICOLD International Commission on Large Dams
CETEM Centro de Tecnologia Mineral
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
PNSB Política Nacional de Segurança de Barragens
SNISB Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MTE Ministério do Trabalho e Emprego

 
11  
 

SUMÁRIO
 

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

1.1 Justificativa ................................................................................................. 16

2 METODOLOGIA..................................................................................................... 17

2.1 Caracterização da pesquisa .......................................................................... 17

2.2 Metodologia de coleta de dados ................................................................... 17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 19

3.1 Rejeito de Mineração ..................................................................................... 19

3.1.2 Categorias dos Rejeitos ............................................................................. 20

3.1.3 Disposição do Rejeito de Mineração.......................................................... 21

3.2 Projetos de Barragem de Rejeito .................................................................. 22

3.2.1. Acidentes com barragens ......................................................................... 23

3.2.2 Conceitos básicos de um projeto de barragem de contenção de rejeitos . 26

3.2.3 Métodos Construtivos de Barragens de Rejeito......................................... 27

3.2.3.1 Método à montante ................................................................................. 28

3.2.3.2 Método à jusante..................................................................................... 29

3.2.3.3 Método da linha de centro....................................................................... 30

3.2.4 Legislação sobre Barragens ...................................................................... 32

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 33

5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 38

 
12  
 

6 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 40

ANEXO A .................................................................................................................. 42

ANEXO B .................................................................................................................. 43

ANEXO C – FIGURAS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM.................................. 46


 

 
13  
 

1 INTRODUÇÃO

Existe no Brasil vários barramentos de diversas dimensões e variadas utilizações,


como barragens de infraestrutura para acumulo de águas ou geração de energia,
diques para retenção de sedimentos ou resíduos provenientes de indústrias,
barragens de contenção de rejeito de mineração, entre outros.

A Deliberação Normativa COPAM no 62, de 17 de dezembro de 2002, define


barragem como qualquer estrutura – barragem, barramento, dique ou similar – que
forme uma parede de contenção de rejeitos, de resíduos ou que forme um
reservatório de água.

Na mineração, as barragens são estruturas construídas para armazenar os materiais


provenientes do tratamento do minério. O tratamento de minérios é o conjunto de
operações unitárias de redução e separação de tamanhos, separação de espécies
minerais e separação de sólidos e líquidos, bem como a arte de combiná-las em
fluxogramas de modo a obter concentrados e produtos aceitáveis pelo mercado. Os
rejeitos resultam do processo de beneficiamento de minério e podem conter elevado
grau de toxidade, além de partículas dissolvidas e em suspensão, metais pesados e
reagentes (LOZANO, 2006), devendo ser transportados e armazenados em locais
adequados. Geralmente é construída ou ampliada em estágios na medida em que
os rejeitos são gerados (Chaves, 1996).

Uma parcela dessas construções é mantida impecavelmente, atendendo todas as


normas de segurança para barramento, entretanto outras não atendem fielmente
estas normas, enquanto que ainda há algumas que são totalmente negligenciadas, e
portanto, sujeitas a acidentes como transbordamento e rompimentos de suas
estruturas.

 
14  
 

Conforme Brasil (2002), as barragens são obras geralmente associadas a um


elevado potencial de risco devido à possibilidade de um eventual colapso, com
consequências catastróficas para as estruturas das próprias barragens, ao meio
ambiente, com destruição da fauna e flora, e, principalmente, pela perda de vidas
humanas. Assim, para assegurar a realização de um empreendimento minerário de
barragens de rejeitos com segurança, é necessária a fiscalização pelos órgãos
competentes, a manutenção e o controle periódico e o gerenciamento adequado das
barragens de rejeitos.

Um deficiente controle operacional pode causar falhas nas estruturas da barragem


de contenção de rejeito, custando vidas e causando danos ambientais significativos.
Acidentes graves resultaram em grandes volumes de rejeitos descarregados no
meio ambiente nos últimos rompimentos de barragem, causando em muitos casos,
danos irreversíveis ao meio ambiente e a sociedade.

Do ponto de vista socioambiental, um dos aspectos mais relevantes hoje, não só no


setor minerário, mas em qualquer empreendimento, é a preocupação com o
desenvolvimento sustentável. A mineração não pode parar suas atividades, visto
que ela é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma
significativa para o desenvolvimento do território e da sociedade, desde que suas
operações sejam executadas com responsabilidade ambiental, social e com
segurança. Medidas de controle operacional visam minimizar os riscos ambientais e
sociais que uma barragem de rejeitos pode trazer como, poeira, contaminação dos
corpos de água, ruptura de sua estrutura, entre outros.

O aumento na segurança de uma barragem de rejeitos é atingido com o aumento


nos custos para que seja reduzido o risco de rompimento em níveis aceitáveis e com
a implementação de um procedimento de gestão de emergência, assegurando que
não haverá perdas de vidas com o rompimento da barragem. A redução do risco
 
15  
 

pode incluir melhorias estruturais, melhorias nas operações, manutenção e


inspeção, melhorias na instrumentação, preparação de mapas de inundação a
jusante, implementação e manutenção de procedimentos e sistemas para
advertência de emergências.

As consequências geradas com a ruptura de uma barragem de rejeitos afeta


economicamente o empreendimento, incluindo custos para reparo ou reconstrução
da barragem, efeitos na operação da estrutura pela perda temporária de descarte de
rejeitos e danos ambientais, quando o vazamento de resíduos materiais afeta uma
grande área a jusante.

Assim as barragens de contenção de rejeito são estruturas de grande


responsabilidade e necessitam de monitoramento constante do seu desempenho
operacional e estrutural ao longo da vida útil do empreendimento, visto que,
procedimentos operacionais de operação, manutenção e inspeção mal feitos ou
ausentes podem trazer riscos ao meio ambiente e à vida humana, além de
influenciar nos custos, o que não seria viável para o empreendimento.

Apesar da legislação, das tecnologias disponíveis e dos conhecimentos técnicos, as


barragens de contenção de rejeitos continuam rompendo e causando prejuízos
econômicos, ambientais e sociais. O objeto de estudo desta monografia é levantar
os impactos socioambientais causados pelo rompimento de uma barragem de
rejeitos da Mina Retiro do Sapecado, pertencente a empresa Herculano Mineração,
em Itabirito-MG.

 
16  
 

1.1 Justificativa

É importante que o estudante de Engenharia de Minas tenha em sua formação a


preocupação de que a atividade minerária envolve não só a empresa, mas também
o meio ambiente e a sociedade. A boa pratica desta atividade é de vital importância
para harmonia de todas as partes, empresas, sociedade e meio ambiente. Este
trabalho tem por finalidade retratar as consequências para os stakeholders
envolvidos no rompimento de uma barragem de rejeito.

O Engenheiro de Minas tem como responsabilidade mitigar ao máximo os impactos


causados pela atividade mineraria, e no projeto, construção e manutenção de uma
barragem não pode ser diferente. A empresa mineradora deve-se ter o cuidado de
ter uma boa gestão de segurança, pois o rompimento de uma barragem pode trazer
custos com multas e indenização pelos danos, causar perda na confiança perante a
sociedade, perda também em valor de mercado e dificuldade no licenciamento de
novos projetos.

Além dos impactos ambientais, temos também os danos causados a sociedade


atingida direta ou indiretamente, como produtores rurais, comerciantes, criadores de
animais e demais grupos sociais atingidos de alguma forma. Diante disso, achamos
pertinente uma análise dos impactos socioambientais provocados pelo rompimento
da barragem da Mina Retiro do Sapecado, operada pela empresa Herculano
mineração, no município de Itabirito / MG. Para tanto, realizou-se uma pesquisa in
loco dos impactos causados e da forma como eles afetaram a sociedade.

 
17  
 

2 METODOLOGIA

Os procedimentos abaixo, descrevem como foi realizada a pesquisa.

2.1 Caracterização da pesquisa


 

No caso deste trabalho, foi feita uma pesquisa exploratória no perímetro da área
atingida pelo rompimento da barragem, fazendo uso de levantamento bibliográfico e
entrevistas com população para saber as consequências do rompimento, e suas
gravidades. Possibilitando assim uma avaliação dos fatos estudados.

Este trabalho foi realizado localizado no município de Itabirito, que fica a 55


quilômetros da capital Belo Horizonte, com 543.007 km² de área, 823m de altitude, e
uma população de 45.484 habitantes (IBGE, 2010). Sua economia gira em torno
da mineração, siderurgia e comércio, sendo que os dois últimos dependem
invariavelmente da atividade mineral desempenhada no município. De acordo com o
secretario municipal de Planejamento, Hudson Souza, até o final de 2014, antes do
inicio das operações da fabrica da Coca-Cola, a atividade mineraria era responsável
por 70% da receita do município.

2.2 Metodologia de coleta de dados

As metodologias utilizadas na coleta de dados foram imagens fotográficas tiradas


pelo corpo de bombeiro, logo após o acidente, e história oral através de entrevistas
semi-estruturada e questionários.

 
18  
 

O trabalho foi desenvolvido nos dias 10 e 11 de Abril de 2015. As entrevistas foram


realizadas junto à população urbana de forma aleatória, ou seja, não ouve uma
escolha preferencial de publico para realizar a entrevista sendo que o foco deste
trabalho é saber o quanto que o rompimento da barragem afetou a vida da
população de Itabirito.

Foram entrevistadas 31 pessoas de diferentes faixas etárias e profissões, não


havendo preferência de idade ou profissão. A pesquisa foi realizada com essa
quantidade de entrevistados, devido ao fato de que ao decorrer das entrevistas foi
observado desinteresse pelo assunto e até mesmo desconhecimento do acidente.

 
19  
 

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesse capitulo será apresentado informações que guiam o desenvolvimento desse


estudo, no que tange as barragens de rejeito e suas características. Os aspectos de
operação e desativação não serão abordados, pois não integram o escopo do
trabalho. Este trabalho está focado em avaliar os impactos causados à sociedade e
ao ambiente pelo rompimento de uma barragem.

3.1 Rejeito de Mineração

Segundo Lozano (2006) e Abraão (1979), os resíduos estéreis são materiais sem
nenhum valor econômico produzido durante o decapeamento da jazida, dispostos
geralmente em pilhas e/ou utilizados como material de empréstimo para construção
de barreiras de contenção. Ainda segundo Lozano (2006) e Abraão (1979), os
rejeitos são resultantes do processo de beneficiamento físico do minério e, também,
eventual tratamento químico. Assim como os resíduos estéreis, os rejeitos não
possuem valor econômico, porém diferem dos rejeitos, pois estes últimos possuem
grande quantidade de água.

Na grande maioria das vezes, o minério encontrado na natureza precisa passar por
processos para ser comercializado, processos esses conhecido como tratamento de
minério.

De acordo com Lozano (2006), o tratamento e armazenamento dos resíduos sólidos


devem ser de grande significância para as empresas, pois os mesmos são os
principais impactantes ao meio ambiente das atividades mineradoras.

 
20  
 

Tratamento ou Beneficiamento de minérios consiste de operações aplicadas aos


bens minerais visando modificar a granulometria, a concentração relativa das
espécies minerais presentes ou a forma, sem contudo, modificar a identidade
química ou física dos minerais. Há, no entanto, autores que defendem um conceito
mais amplo para o tratamento, como sendo um processamento no qual os minerais
podem sofrer até alterações de ordem química, resultantes de simples
decomposição térmica ou mesmo de reações típicas geradas pela presença do
calor.

3.1.2 Categorias dos Rejeitos

Segundo Bates (2002):

A maioria dos rejeitos encontrados nas minas brasileiras, especialmente


aquelas jazidas com intemperismo, consistem de:

a) Areia, areia natural, silte;

b)Lama ou resíduos micáceos, mica;

c)Argila

d)Pedras, seixos

e)Solos de decapeamento, incluindo turfa.

Frequentemente as barragens e pilhas são construídos por um desses materiais ou


uma combinação deles. Embora seja possível se projetar obras estáveis de material
misto, existe a necessidade de se manter um controle rígido durante sua construção,
a fim de evitar a formação dos planos de fraqueza que podem permitir a infiltração e
uma falha eventual. Devido à dificuldade de se fiscalizar e manter um controle
adequado durante a construção, é preferível não misturar os materiais e despejar
cada tipo de rejeito separadamente, conforme a classificação acima relacionada.
 
21  
 

3.1.3 Disposição do Rejeito de Mineração

As empresas de mineração continuam procurando novas alternativas para a


disposição dos rejeitos de forma mais eficiente, econômica e segura. Pois, os
rejeitos, além de não possuírem valor econômico, são produzidos em grande escala,
o que torna necessário a utilização de processos sistemáticos de disposição.

É importante ressaltar que a barragem de rejeito continua sendo um passivo


ambiental1 da mineração, mesmo após o encerramento das atividades mineradoras,
assim a análise de riscos dos critérios econômicos e a segurança da barragem
devem ser feitos com muita cautela.

A ruptura dessas estruturas, além dos impactos à população do entorno, ao meio


ambiente e a perda de vidas, podem ainda prejudicar a empresa, levando em alguns
casos à falência da empresa e proprietários, visto às pesadas multas e indenizações
que são aplicadas. Logo a segurança é, sem duvida, o critério que deve ser
priorizado e não deve-se buscar uma economicidade nesse quesito.

A disposição do rejeito pode ser feita de três maneiras principais, a céu aberto,
subterrânea, ou subaquática. Segundo Lozano (2006), a disposição a céu aberto é a
mais utilizada entre as três e pode ser feita em pilhas ou por estruturas de
contenção.

                                                                                                                       
1
 Passivo ambiental é o conjunto de todas as obrigações que as empresas têm com a natureza e com
a sociedade, destinado exclusivamente a promover investimentos em benefícios ao meio ambiente.  
 
22  
 

O processo mais viável economicamente do transporte do rejeito é por via hidráulica.


Esses rejeitos são depositados através de técnicas de aterros hidráulicos, que são
aterros construídos pela técnica de hidromecanização (CRUZ, 1996).

3.2 Projetos de Barragem de Rejeito

A indústria mineral esta, cada vez mais, lavrando minérios de baixo teor,
acarretando com isso em um aumento na geração de rejeito resultante do processo
de beneficiamento. Com isso ocorre, também, um aumento do número de barragens
e das suas dimensões, podendo aumentar o numero de incidência e rompimento
das mesmas. Para evitar que isso ocorra questões como operação, segurança e
viabilidade econômica do projeto são de suma importância para a disposição de
rejeitos em barragens.

O projeto e construção da barragem de rejeito é semelhante ao das convencionais,


diferenciando apenas na tecnologia aplicada. Nas barragens convencionais os
materiais aplicados na construção são mais propícios, pois são feitos com material
mais resistentes como o concreto, e sempre bem compactados, já os materiais de
barragem de rejeito tem muito mais água em sua composição, podendo ocorrer
assim problemas com liquefação2.

                                                                                                                       
2
 O conceito do fenômeno de liquefação pode ser resumido como a perda da resistência ao
cisalhamento do material, induzido por acréscimos de poropressão.  
 
23  
 

3.2.1. Acidentes com barragens

No relato histórico de acidentes com barragens reportados pela ICOLD 2001, o


rompimento de barragens tem como principais consequências: vazamentos em rios
ou lagos, Interrupção no fornecimento de água, mortalidades de peixes,
contaminação da água com metais pesados, destruição da vegetação nativa,
alteração brusca da paisagem, entre outras consequências como mostrado na
Tabela 3.1.

TABELA 3.1: Principais consequências com rompimento de barragem de


rejeito

Fonte: ICOLD (2010)

Casos de rompimento de barragens são registrados em toda parte do mundo, tendo


também vítimas como mostrado no Quadro 3.1.

 
24  
 

QUADRO 3.1: Exemplos de rupturas de barragens de contenção de rejeitos.

Fonte: (Arnez, 1999)

De acordo com CETEM (2010):

registra-se ainda, que entre 1970 a 1998 ocorreram 25 grandes acidentes


com barragens de contenção de rejeito. A maioria resultou de
condicionantes geológico e geotécnicos (sismos, fundações, entubamentos
ou piping, liquefação e materiais de construção entre outros).

No quadro 3.2 são detalhadas as principais causas de acidente de barragens.

 
25  
 

QUADRO 3.2: Principais causas de acidentes em barragens de rejeito

Fonte: Arnez, 1999.

Os fatores que influenciam na redução do número de acidentes em uma barragem


de rejeito são o conhecimento das características do material que irá ser depositado
na barragem, além do ritmo de construção, o conjunto de operações da mina e o
clima do local.

O ICOLD (International Commission on Large Dams), produziu nos últimos anos


boletins, dentre eles o Boletim 121, que apresenta e analisa incidentes e acidentes
de barragens de rejeito nos últimos anos, recomendando as melhores práticas de
segurança.

As tecnologias para evitar, tais tipos de rupturas já foram desenvolvidas, mas


mesmo assim várias empresas não as empregam para não aumentar custos
operacionais, comprometendo assim a segurança de trabalhadores, meio ambiente
e comunidade.

Embora haja conscientização, principalmente das empresas de maior porte em


respeito a segurança de barragem, grande parte das empresas de porte menor não
cumprem as boas práticas de segurança de barragem. Para tanto o IBRAM tem feito
seminários, workshops, cursos e treinamentos em segurança de barragem de
rejeitos para as empresas (MELLO, 2011).
 
26  
 

3.2.2 Conceitos básicos de um projeto de barragem de contenção de rejeitos

A Deliberação Normativa COPAM no 62, de 17 de dezembro de 2002, que dispõe


sobre critérios de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório
de água em empreendimentos industriais, em seu Artigo 1º no Anexo A.

Qualquer projeto de barragem de contenção de rejeitos deve possuir medidas de


operação, manutenção e inspeção que vão evitar que quaisquer danos ambientais
ocorram, minimizando os riscos que estes podem trazer para o local, à população e
o meio ambiente.

Pimenta e Esposito (2008) apud FEAM (2009) apresentam alguns aspectos básicos
a serem considerados de um projeto de barragens de contenção de rejeitos que
serão descritos a seguir:

a) Projeção de uma barragem de rejeitos: deve levar em consideração as


características dos rejeitos e dos outros materiais constituintes, além de fatores
como, topografia, geologia, hidrologia, sismos e custo.

b) Localização da barragem: levar em conta as características físicas (volumes de


rejeitos e área requerida para deposição), condições financeiras e ambientais.

c) Topografia: levar em conta depressões e vales, para avaliar a máxima capacidade


de armazenamento, com menor quantidade de aterro.

d) Geologia: avaliar o tipo de solo onde será construída a barragem, sua capacidade
de suporte, condições de percolação, resistência, deformabilidade, estabilidade e
condições in situ, tais como, hidrogeologia da área.

e) Capacidade de suporte da barragem: avaliar o local onde será construída a


barragem, se é solo ou rocha. Também devem ser analisadas as formas de
tratamento e os possíveis agentes poluidores.

 
27  
 

f) Manutenção da superfície freática baixa: avaliar as características de deposição


do rejeito (permeabilidade, resistência e compressibilidade) e condições in situ,
como hidrologia e hidrogeologia, que são alguns dos fatores que podem afetar a
superfície freática e a estabilidade da barragem.

g) Sistema de drenagem: tem o objetivo de controlar a superfície freática, evitando a


percolação de água na barragem e danos em sua estrutura física. São construídos
no fundo da barragem de terra, formando um canal de escoamento dessa água
indesejada na barragem.

h) Geotécnica: avalia o potencial da fração granular da construção da barragem,


com base na resistência de cisalhamento e permeabilidade. Dependendo da
granulometria e densidade do rejeito, a ciclonagem5 pode ser utilizada para fazer
essa separação da fração granular.

i) Densidade in situ: importante para avaliar a resistência da barragem. 


j) Segurança e viabilidade econômica: no geral, o que as mineradoras buscam, é o


método mais seguro e com menor custo de implantação. Toda barragem de rejeito é
de terra, podendo ser construída com o material natural escavado e até com o
próprio rejeito, desde que estes possuem permeabilidade, compressibilidade e
resistência cisalhante requerida no projeto e sejam quimicamente estáveis. A opção
pelo próprio rejeito na construção da barragem é devido ao fato que este método é o
mais econômico, porém ele é altamente susceptível a formação interna de piping3 e
liquefação. 


3.2.3 Métodos Construtivos de Barragens de Rejeito

                                                                                                                       
3
Erosão progressiva de materiais do interior do maciço, fundação ou ombreira (U.S., 2014).
 
 
28  
 

As barragens de contenção de rejeitos são estruturas construídas pelas mineradoras


com o objetivo de reunir e armazenar os rejeitos produzidos em grande escala no
ato do beneficiamento do minério. A legislação ambiental brasileira impõe normas
rígidas de controle e estocagem deste rejeito em barragens.

Segundo Assis (1995):

barragens de rejeito são estruturas de contenção que retêm lama e líquidos


que devem constituir uma estrutura estável, juntamente com sua fundação.
Devem reter inteiramente o rejeito em seu reservatório e permitir o controle
adequado de toda a água percolante, para com isso garantir requisitos de
controle da poluição, segurança, economia e capacidade limite de
armazenamento.

As barragens de rejeito podem ser construídas com terra ou enrocamento,


compactadas (constituída de material de empréstimo) ou com o próprio rejeito da
usina de beneficiamento. Normalmente é construído um dique inicial, o qual deve ter
uma capacidade de retenção de rejeitos para dois ou três anos de operação, e
posteriormente, servirá como embasamento para os alteamentos sucessivos. Esse
método construtivo torna-se atraente e viável, pois distribui ao longo do tempo os
custos envolvidos no alteamento e dá flexibilidade de operação à mineradora,
(VICTORIANO, 2007).

De acordo com Abraão (1987), os alteamentos podem assumir diferentes


configurações, porem geralmente é utilizado três principais métodos construtivos de
alteamentos sucessivos, descritos abaixo.

3.2.3.1 Método à montante

O método à montante em sua etapa inicial consiste na construção de um dique de


partida, formado geralmente de materiais argilosos ou enrocamento4 compactado.
Após esta etapa, os rejeitos são depositados hidraulicamente da crista do dique de
partida, formando uma praia de rejeito que, com o tempo, adensará e servirá de

                                                                                                                       
4
 enrocamento é um maciço composto por blocos de rocha compactados.
 
29  
 

fundação para futuros diques de alteamento, estes executados com o próprio


material de rejeito.

Se, por um lado, o método à montante apresenta como vantagens a simplicidade e o


baixo custo de construção, por outro está associado à maioria das rupturas em
barragens de rejeitos em todo o mundo. Para zonas de alta atividade sísmica, não é
recomendado o alteamento de barragem de rejeito pelo método à montante pois
aumenta significativamente a probabilidade de liquefação por terremotos. A figura
3.1 mostra como é esse método.

FIGURA 3.1: Método de alteamento à montante

 
Fonte: Albuquerque Filho (2004)

3.2.3.2 Método à jusante

É um método mais conservador do que o método à montante, desenvolvido para


reduzir os riscos de liquefação em zonas de atividade sísmica. Depois da construção
do dique de partida, os alteamentos subsequentes são realizados à jusante do
mesmo, até atingir a cota de projeto como observado na figura 3.2.

 
30  
 

FIGURA 3.2: Método de alteamento à Jusante

Fonte: Albuquerque Filho (2004).

Neste processo construtivo, cada alteamento é estruturalmente independente da


disposição do rejeito, melhorando assim a estabilidade da estrutura. Todo o
alteamento da barragem pode ser construído com o mesmo material do dique de
partida, assim como os sistemas de drenagem internos podem ser também
instalados durante o alteamento, permitindo um melhor controle da superfície
freática. A principal desvantagem desde método é o custo de sua implantação,
devido ao grande volume de aterro que necessita e a grande área que sua
construção ocupa.

3.2.3.3 Método da linha de centro

Este método é uma solução intermediária entre os dois métodos apresentados


anteriormente, possuindo uma estabilidade maior que a barragem alteada somente
com o método à montante, porém não requerendo um volume de materiais tão
significativo como no alteamento somente com o método à jusante. O sistema de
disposição é similar ao método à montante, com rejeitos lançados a partir da crista
do dique de partida. A construção prossegue de modo similar, com alteamentos com
diques sucessivos, porém permanecendo o eixo de simetria da barragem constante,
como mostra a figura 3.3.

 
31  
 

FIGURA 3.3: Método de alteamento por linha de centro

Fonte: Albuquerque Filho (2004)

Outros conceitos importantes para o projeto de construção de uma barragem são as


definições de elementos estruturais da mesma. U.S. (2014) descreve alguns desses
elementos abaixo:

a) Crista: superfície superior da barragem ou ponto mais elevado da seção de


controle do vertedouro.

b) Dreno: local onde permite a passagem de água desde o material de


fundação à superfície da estrutura.

c) Instrumentação: elementos instalados na barragem e adjacências, com o


objetivo de avaliar o comportamento estrutural e o desempenho da
barragem (ex.: piezômetros, pontos de medição, etc.).

d) Margens do reservatório: limites do reservatório. Inclui todas as áreas ao


longo do entorno do lago, acima e abaixo do nível d’água.

e) Ombreiras: laterais do vale onde a barragem se apóia, assim como as áreas


imediatamente a jusante e montante destas laterais.

f) Reservatório: vale onde a água da barragem é represada.

g) Talude de jusante: área inclinada de uma barragem de terra voltada para o


lado oposto ao reservatório.

 
32  
 

h) Talude de montante: área inclinada de uma barragem de terra que fica em


contato com o reservatório.

i) Tomada d ́água: passagem para descarga de água.

j) Vertedouro: estrutura por onde o fluxo normal ou de cheias passa, visando


proteger a integridade estrutural da barragem.

A Figura 3.4 mostra uma imagem de uma barragem de rejeito, onde é possível
destacar alguns dos elementos citados acima.

Figura 3.4: Vista de uma barragem de rejeito

Fonte: Arquivo pessoal (2015)

3.2.4 Legislação sobre Barragens

 
33  
 

No Brasil somente em 2010 obteve uma legislação federal para segurança de


barragens, Lei 12.324/2010. O estado de Minas Gerais, por ter maior ocorrência em
acidentes e rupturas de barragens de rejeito, tem fiscalização dos órgãos
reguladores como Ministério Público Estadual e a Federação Estadual do Meio
Ambiente (FEAM). O anexo B tem detalhadamente todo o artigo da Lei 12.324/2010.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

As entrevistas foram realizadas de forma aleatória, e a partir do questionário


semiestruturado foram gerados gráficos com os resultados e discussões.

O gráfico 4.1 mostra qual foi a principal causa, que na opinião dos entrevistados
gerou o acidente.

GRÁFICO 4.1: Causas apontadas para o rompimento da barragem.

 
34  
 

18   16  
16  
14  
12  
10  
8  
6   5  
4  
4  
2   0  
0  
Erro  de  projeto   Falta  de   Causas  Naturais   Outros  
manutenção  
Causas  Apontadas  Para  o  Rompimento  da  Barragem  

Fonte:  Própria

De acordo com a maioria dos entrevistados a principal causa do rompimento da


barragem foi a falta de manutenção da mesma pela empresa, e de acordo com o
laudo técnico preliminar, realizado pelo Corpo de Bombeiros de Itabirito essa
também foi a causa do rompimento.

É importante salientar que a barragem já tinha chegado a sua capacidade máxima


e, por isso, estava desativada e o rompimento ocorreu no momento que se iniciava o
processo de manutenção. Os principais atingidos foram os próprios operários da
empresa que foram soterrados, havendo três óbitos.

No capitulo referente à reavaliação da segurança de barragens do manual de


segurança e inspeções de barragens, (BRASIL, 2002) a reavaliação de segurança
de uma barragem deve ser executada em intervalos de tempo regulares, para a
barragem e suas estruturas associadas, incluindo seus planos de operação,
manutenção, inspeção e de emergência, a fim de se determinar se estes são
seguros em todos os aspectos e, caso não o sejam, determinar as melhorias
necessárias para a segurança.

 
35  
 

No gráfico 4.2 foi feita uma analise, de quais foram os principais impactos refletidos
à população com o rompimento da barragem.

As barragens de contenção de rejeitos são reconhecidas por gerarem um impacto


ambiental significante. Neste sentido, a gestão dos rejeitos está se tornando um dos
critérios pelos quais o desempenho ambiental das empresas é julgado. Além disso,
apesar da legislação, conhecimento e tecnologia disponíveis, as barragens de
contenção de rejeitos continuam rompendo e causando prejuízos econômicos,
sociais e ambientais. Uma razão comum para as falhas é que as barragens não são
operadas de acordo com critérios adequados para projeto, construção e operação.

GRÁFICO 4.2: Principal Impacto Causado Pelo Rompimento da Barragem

16  
14  
12  
10  
8  
6  
4  
2  
0  
Social   Economico   Ambiental   Outros  
Principal  Impacto  Causado  Pelo  Rompimento  

Fonte:  própria  

Como pode se observar pelos resultados obtidos no gráfico 4.2, a maioria dos
entrevistados demonstrou uma preocupação maior com o impacto ambiental do que
os outros passivos causados pelo rompimento. Isso se deve ao fato de que a mina
se localiza fora da área urbana da cidade, não atingindo diretamente a cidade e sim
o Rio das Velhas e grande área de vegetação, causando assim um grande impacto
visual.

 
36  
 

Essa preocupação por parte da população ganha respaldo do Comitê Hidrográfico


da Bacia do Rio das Velhas, que acompanha os desdobramentos do acidente,
segundo o presidente do comitê Marcus Vinicius Polignano “O processo de
recuperação é algo a longo prazo. Independentemente das medidas imediatas que
já foram tomadas, a recuperação razoável do processo de sedimentação nos
córregos e no rio deve levar ao menos dez anos”.(JORNAL ESTADO DE MINAS,
2014)

É importante salientar que os sedimentos que estavam na barragem atingiram os


cursos d’água da região. Os córregos Silva e do Eixo, além do rio Itabirito, foram
contaminados pelos rejeitos do minério. Também há registro de desassoreamento e
outros impactos no ecossistema.

Segundo resolução do CONAMA:

considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades


físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;


III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

Um dado que chamou atenção é o impacto econômico, pois a principal atividade


econômica da cidade é a mineração e com o rompimento da barragem e
consequente paralisação das atividades da mineradora, muitos funcionários pararam
de trabalhar por tempo indeterminado, causando desemprego e perda de renda para
o município. Isso pode ser verificado mais nitidamente principalmente no comercio,
mas afeta todos os níveis.

 
37  
 

De acordo com as figuras do rompimento de barragem do Anexo C, observa se o


grande impacto que foi causado.

Para a grande maioria dos entrevistados , vide gráfico 4.3, ficou claro que o principal
responsável pelo rompimento da barragem foi a empresa Herculano Mineração que
opera a mina. Eles encontram respaldo na lei federal 12.324/2010, capitulo III, Art.
4º no seguinte item:

III - o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo-


lhe o desenvolvimento de ações para garanti-la;

Vale ressaltar que segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) não havia a
presença de um engenheiro responsável pela mineração que fosse empregado da
mineradora. O MTE encontrou apenas um funcionário que prestava assessoria para
a empresa, o que é considerado uma prática ilegal.

GRÁFICO 4.3: Responsável Pelo Rompimento da Barragem


25  
21  
20  

15  

10  

4  
5  

0   0  
0  
Empresa   Prefeitura   Estado   Outro  
Responsavel  Pelo  Rompimento  Da  Barragem  

Fonte: Própria

 
38  
 

5 CONCLUSÃO

Apesar da legislação, do conhecimento e da tecnologia disponíveis, as barragens de


contenção de rejeitos e de resíduos continuam rompendo e causando prejuízos
econômicos, sociais e ambientais. Uma razão comum para as falhas é que as
barragens não são operadas de acordo com critérios adequados de projeto,
construção e operação.

Outro aspecto observado, compartilhado por grande parte dos regulamentos, é que
o proprietário e os responsáveis técnicos são identificados claramente como os
principais responsáveis pela segurança, e por isso, devem cuidar para que todas as

 
39  
 

fases do ciclo de vida da barragem sejam executadas de forma segura e com


qualidade, pois em caso de um rompimento, estes arcarão com as consequências.

O questionário foi de grande ajuda para que pudéssemos identificar essas questões
e pudéssemos analisar de acordo com as respostas da população como elas foram
afetadas pelo rompimento da barragem. E a partir de então conduzir a construção
das idéias e conclusões sobre o tema abordado.

A pesquisa realizada nesta monografia buscou identificar através da entrevista com


a população, quais foram os reais impactos sentidos pela população e a comunidade
como um todo. Nesse estudo de caso no município de Itabirito, felizmente não houve
grandes prejuízos como a destruição de lavouras, casas ou afetando diretamente a
sociedade que reside no município. Este fato fez com que parte do objetivo do
trabalho não fosse alcançado, pois a população não foi diretamente atingida pelo
rompimento da barragem.

Mas a partir deste fato observamos com a entrevista fatos que nos surpreenderam,
como a grande a preocupação ambiental em detrimentos das questões econômicas
e sociais que acreditávamos ser mais prejudiciais a população. Alguns relatos
chegaram a ser surpreendentes como de um aposentando que disse que apesar das
mortes, que são inevitáveis, o grande prejuízo que tiveram foi a destruição do meio
ambiente. E essa resposta foi corroborada por instituições especializadas na área,
como o Comitê Hidrográfico da Bacia do Rio das Velhas e a Secretária do Meio
Ambiente do Estado.

Com isso podemos observar que diferente do passado, existe sim uma grande
preocupação da população com o meio ambiente que estamos inseridos, mais até
do que o fator econômico em que era o fator predominante antigamente. Isso nos
leva a repensar, como engenheiro de minas, que apesar de nossa profissão ser

 
40  
 

naturalmente e inevitavelmente predatória ao meio ambiente, mas também de


necessidade a sociedade, que devemos realizar todos os procedimentos
necessários para que a segurança esteja sempre em primeiro lugar em detrimento
das outras questões.

As barragens de rejeito são o grande passivo da mineração, elas não podem ser
encaradas somente como prejuízo, visto que não se obtém lucro com essa parte do
empreendimento mineiro. As barragens, devido ao grande risco que oferece, devem
ser encaradas com grande responsabilidade, não evitando gastos e boas praticas de
manutenção e operação.

6 REFERÊNCIAS

ABRAÃO, P.C. Sobre a deposição de rejeitos de mineração no Brasil. Simpósio


sobre Barragens de Rejeitos e Disposição de resíduos Industriais e de
Mineração, REGEO'87, Rio de Janeiro. 1987.

ALBUQUERQUE FILHO, L.H. Avaliação do comportamento geotécnico de


barragem de rejeitos de minério de ferro através de ensaios de Piezocone.
2004. Dissertação (Mestrado)- Departamento de Engenharia Civil, Universidade de
Ouro Preto, Ouro Preto, MG, 2004.

 
41  
 

ARNEZ, V.F.I. Avaliação das principais causas de acidentes em barragens de


contenção de rejeitos devido a fatores geológicos e geotécnicos. 1999.
Dissertação (Mestrado)- Engenharia de Minas, Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, São Paulo, 1999.

ASSIS A.; ESPOSITO, T. Construção de Barragens de Rejeito Sob uma Visão


Geotécnica. III Simpósio sobre Barragem de Rejeito e Disposição
de resíduos. REGEO'95, Ouro Preto –MG, 1995.

ÁVILA, P; ESPÓSITO, T. Programa de Implementação de Procedimentos de


Gestão e Segurança das Barragens de Rejeitos. Belo Horizonte, 2008.

BATES, Jeremy. Barragens de Rejeitos. São Paulo: Signus Editora, 2002.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria de Infraestrutura Hídrica.


Manual de segurança e inspeção de barragens. Brasília, 2002.

COPAM (CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL). Deliberação


Normativa COPAM no 62, de 17 de dezembro de 2002. Disponível em:
<http://www.blogdocancado.com/wp-content/uploads/2011/02/dn_copam62-02.pdf>.
Acesso em 25 de março de 2014.

CRUZ, P.T. DA. 100 Barragens Brasileiras. Casos Históricos, Materiais de


Construção e Projeto. Oficina de Textos. São Paulo: CBDB, 2006

FEAM (FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE). Inventário Estadual de


Barragens de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG. 2009. Disponível em:
<http://www.feam.br/images/stories/arquivos/Gestao_Barragens_2006/barragens_20
09/inventrio%20de%20barragens%202009.pdf>. Acesso em 26 de março de 2015.
 
42  
 

LOZANO, F. A. E. Seleção de locais para barragens de rejeitos usando o


método de análise hierárquica. 2006.Dissertação (Mestrado)- Departamento de
Engenharia de Estruturas e Fundações.

PIGNATI, W. A.; MACHADO, J.M.H. Acidente rural ampliado: o caso das


"chuvas" de agrotóxicos sobre a cidade de Lucas do Rio Verde. Rio Verde,
Mato Grosso. 2006

U.S. Comittee on Large Dams. TADS (Training Aids for Dam Safety). Disponível
em:
<http://www.damsafety.org/media/Documents/DownloadableDocuments/TADS/Dam
SafetyProcess.pdf>. Acesso em 14 de abril de 2014.

Anexo A

A Deliberação Normativa COPAM no 62, de 17 de dezembro de 2002, que dispõe


sobre critérios de barragens de contenção de rejeitos, de resíduos e de reservatório
de água em empreendimentos industriais, em seu Artigo 1º define:

III - Dano Ambiental: é qualquer perda temporária ou permanente provocada por


ruptura ou mau desempenho da estrutura da barragem. O potencial de dano é
função das características intrínsecas da barragem: altura, volume de reservatório,
existência de vidas humanas e/ou instalações de valor econômico a jusante, e
possibilidade de impacto sobre o meio ambiente, independente da eficácia do
sistema de gestão dos riscos que será aplicado.
 
43  
 

IV - Risco: probabilidade e severidade de um efeito adverso para saúde, para a


propriedade ou para o meio ambiente. O risco é avaliado em função das condições
de implantação da barragem e da eficácia do sistema de gestão (COPAM, 2002).

ANEXO B

Lei Federal 12.324/2010

Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à


acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de
rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei
no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de julho de
2000.

Art. 1o Esta Lei estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB)


e cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).

 
44  
 

Parágrafo único. Esta Lei aplica-se a barragens destinadas à acumulação de água


para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de
resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes características:

I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou


igual a 15m (quinze metros);

II - capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões de


metros cúbicos);

III - reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas


aplicáveis;

IV - categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos,


sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas, conforme definido no art. 6o.

CAPÍTULO II

DOS OBJETIVOS

Art. 3o São objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):

I - garantir a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a


reduzir a possibilidade de acidente e suas consequências;

II - regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de


planejamento, projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento,
operação, desativação e de usos futuros de barragens em todo o território nacional;

III - promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança


empregadas pelos responsáveis por barragens;

IV - criar condições para que se amplie o universo de controle de barragens pelo


poder público, com base na fiscalização, orientação e correção das ações de
segurança;

V - coligir informações que subsidiem o gerenciamento da segurança de barragens


pelos governos;

 
45  
 

VI - estabelecer conformidades de natureza técnica que permitam a avaliação da


adequação aos parâmetros estabelecidos pelo poder público;

VII - fomentar a cultura de segurança de barragens e gestão de riscos.

CAPÍTULO III

DOS FUNDAMENTOS E DA FISCALIZAÇÃO

Art. 4o São fundamentos da Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB):

I - a segurança de uma barragem deve ser considerada nas suas fases de


planejamento, projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento,
operação, desativação e de usos futuros;

II - a população deve ser informada e estimulada a participar, direta ou


indiretamente, das ações preventivas e emergenciais;

III - o empreendedor é o responsável legal pela segurança da barragem, cabendo-


lhe o desenvolvimento de ações para garanti-la;

IV - a promoção de mecanismos de participação e controle social;

V - a segurança de uma barragem influi diretamente na sua sustentabilidade e no


alcance de seus potenciais efeitos sociais e ambientais.

Art. 5o A fiscalização da segurança de barragens caberá, sem prejuízo das ações


fiscalizatórias dos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do Meio
Ambiente (Sisnama):

I - à entidade que outorgou o direito de uso dos recursos hídricos, observado o


domínio do corpo hídrico, quando o objeto for de acumulação de água, exceto para
fins de aproveitamento hidrelétrico;

II - à entidade que concedeu ou autorizou o uso do potencial hidráulico, quando se


tratar de uso preponderante para fins de geração hidrelétrica;

III - à entidade outorgante de direitos minerários para fins de disposição final ou


temporária de rejeitos;

 
46  
 

IV - à entidade que forneceu a licença ambiental de instalação e operação para fins


de disposição de resíduos industriais.

ANEXO C – FIGURAS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM


 

 
47  
 

FIGURA 4.5: Rompimento da barragem da Mina Retiro do Sapecado - Itabirito-


MG

Fonte: Corpo de Bombeiros/ Itabirito

 
48  
 

FIGURA 4.6: Rompimento da barragem da Mina Retiro do Sapecado - Itabirito-


MG

Fonte: Corpo de bombeiros/ Itabirito

 
49  
 

FIGURA 4.7: Rompimento da barragem da Mina Retiro do Sapecado - Itabirito-


MG

Fonte: Corpo de bombeiros/ Itabirito

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