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DANIEL LIBESKIND E O MUSEU JUDAICO DE BERLIM

Damaceno, Andre1; Espolador, Thais1; Santos, Leonardo1; Oliveira, Ana1; Rodrigues,


Joyce1; Turi, Yohan1; Costa, Korina2.

1- Discente do curso de arquitetura e urbanismo da Unoeste na disciplina de projetos contemporâneos.


2- Docente do curso de arquitetura e urbanismo da Unoeste na disciplina de História e Teoria da
Arquitetura III.

1. RESUMO
O presente trabalho visa reportar-se sobre como o desconstrutivismo se
apresenta, se evidencia, e como é concebido; suas características fundamentais para
um próspero avanço da arquitetura, em âmbitos tecnológicos, sociais e culturais. A tal
vertente, descaracteriza qualquer tipo de rigor que exista sobre os preceitos de
edificação, principalmente a rigidez da física com suas leis absolutas, tão logo é vista
como a maneira de desafiar a natureza, e junta e prontamente de causar sensações
e provocar sentimentos, não sendo estáticas em seus espíritos. A partir de então,
exemplifica com métodos e formas de concepções de Daniel Libeskind, com sua
forma de compactuar com os direcionamentos, seu arbítrio livre, e a preocupação com
o todo, partindo da história, englobando a parte cultural e de crença da liberdade que
triunfa em cada povo, buscando atingir representatividade, simbologias e
possibilidades, respeitando e mais que isso interagindo, sempre de forma sustentável.
Palavras chave: Daniel Libeskind, desconstrutivismo, cultura, liberdade, sentimento.

2. INTRODUÇÃO
De acordo com a fundamentação teórica em aula, a arquitetura
desconstrutivista pauta-se em um novo caminhar, amparada por novas tecnologias, e
empenhada para encontrar a essência do ambíguo, despertando os sentidos. É a
arquitetura do contraste, causadora e despertadora de sentimentos e sensações,
tocando o emocional do ser, sendo cada qual com afeto diferente; usa-se caminhos,
direções para tal, nada programático ou definido, porém de certo é que se deve
quebrar e romper com a racionalidade, rompimento esse que é a base e a essência
da situação vigente para iniciar algo no desconstrutivismo. Um de seus idealizadores
(talvez o primeiro e mais importante para o decorrer) foi Peter Eiseman, que explicara
as três fontes de toda a capacidade de ação que havia e pairava sobre a arquitetura,
sendo elas a razão, a representatividade, e a história. Cada qual das citadas tendo
sua característica imponente, fazendo-se a ideia de verdade absoluta (muitas vezes
por mensagem da ciência), a auto evidência, e a origem temporal, respectivamente
as sustentações soberanas dos princípios citados por Eiseman.
Foi Peter que começara o conceito de renovação na arquitetura, de
compreensão, noção, e entendimento, no quesito de alternância no modo geral; a
partir de então, os contemporâneos, arrojados e progressistas arquitetos, que não se
encaixavam nem se acomodavam em aceitar a “mesmice” da monótona direção de
edificação que raramente causara impactos de forma a aguçar e instigar as pessoas,
tinham um fronte para se apoiarem, um caminho aberto a seguirem, e mais que isso,
a segurança de uma possível união e independência perante o modo investido pela
maioria, pois mirava-se e aproximava-se cada vez mais um novo e seleto grupo,
associação essa de pessoas de espíritos aventureiros e sãos, pronto para serem
diferentes de qualquer algo já visto.
Alguns nomes despontaram na nova jornada amparada por novas ideologias.
D entre os expoentes estão Frank Ghery , que na execução de suas obras, joga com
os volumes, formas e texturas, experimentando estas formas por meio de maquete ;
Zaha Hadid, arquiteta iraquiana, que em suas obras desfruta na utilização de linhas
que compõem o volume da edificação , e outros nomes como o de Santiago Calatrava
e Jean Nouvel que apesar de não atuarem claramente neste período, alguns autores
como Rodrigo Marques atrelam seus nomes ao desconstrutivismo pelo alto uso de
tecnologia associada a forma, e o despojamento pertinente de suas edificações; esses
entre inúmeros outros nomes, que marcaram lugares, povos, e perpetuam como forma
de atuar e influenciar de modo consistente e inovador em suas obras, assim
enquadram-se nesse âmbito que surgira. Compondo o período do desconstrutivismo,
destaca-se também o arquiteto Daniel Libeskind, do qual o presente trabalho
discorrerá a seguir.

3. BIOGRAFIA
Segundo Mariana Carrillo (2011), Daniel Libeskind nasceu em 12 de maio de
1946 na Polônia, o país em si passava por momentos conturbados de militância
política, sua família não comungava do comunismo e antissemitismo (momento atual
do país), pois era judia, então migraram à Israel em 1957, pois haviam passado por
dificuldades e perseguições, e dois anos após mudar-se para Israel, mudam-se
novamente, agora o destino é EUA, pois em Israel seu pai encontrou dificuldades para
arranjar trabalho, e os EUA fora visto como lugar de oportunidade e prosperidade.
Ainda segundo Mariana Carrillo (2011), em Israel, Libeskind havia estudado
música, pois havia aptidão para tal, porém nos EUA, ele resolve estudar arquitetura,
já que entendia ele que a arquitetura é uma extensão da música, logo, forma-se em
1970 pela Cooper Union for the Advancement of Science and Art, de Nova Iorque,
(talvez uma das mais conceituadas e seletivas faculdades de arquitetura do país), e
em seguida em 1972 obtém o título de mestre em História e Teoria da Arquitetura da
School of Comparative Studies, na Inglaterra.
Desde graduado, inicia sua carreira em forma de docente, atuando em várias
conceituadas instituições de ensino em torno de inúmeros países; sua prática e
realização de edificação começa em torno de 1980, quando encontrava-se em Milão
na Itália, no momento em que começou a participar e envolver-se em concursos
arquitetônicos, prática essa que tornara comum para Daniel (participação em
torneios), tão logo, na data, juntamente à sua iniciação profissional técnica, ele funda
seu primeiro estúdio, vindo de então, firmou-se como líder de seu próprio império que
se inicia juntamente com sua mulher e sócia Nina Libeskind, em Berlim na data de
1989, sendo um dos motivos a vitória na seleção do concurso que escolheria o
arquiteto autor do museu judaico de Berlim; escritório esse que em 2003 migra-se
para Nova Iorque, em razão de que Daniel foi escolhido como planejador máster da
ambientalização da reformulação do novo World Trade Center, projeto em andamento.
De acordo com Marise Machado (2005), a crença do arquiteto na
responsabilidade individual de ajudar, continuadamente, a reconstruir este mundo
ferido e assustado, consegue influenciar a sociedade sobre o significado da
transmissão da memória, como um legado de geração em geração. "Ele tem a incrível
capacidade de fundir história, memória e estrutura. Cria símbolos corajosos, espaços
que gritam contra o mal e endossam a liberdade mundo afora". Dentro desse contexto
histórico imposto pelo arquiteto, percebe-se isso em algumas de suas principais obras
que o caracterizam muito.

3.1 Principais Obras

3.1.1 Museu Felix Nussbaum (Osnabruk, Alemanha, 1998)


Segundo o site oficial Daniel Libeskind
(2015), o museu se dedica à obra de um artista
judeu condenado à morte em Auschwitz. Com
pausas bruscas de suas vias, cruzamentos
imprevisíveis, espaços claustrofóbicos, e
becos sem saída, a estrutura do edifício reflete
Imagem1- Museu Felix Nussbaum. situação do Nussbaum como um pintor judeu
Fonte: Site Oficial Daniel Libeskind, 2015.
em alemão antes da Segunda Guerra
Mundial. Os visitantes entram por um corredor central alto e estreito, cujo concreto
exterior é uma tela em branco e cujo interior é um espaço restrito sem horizonte,
evocando uma sensação visceral de como Nussbaum pintava durante suas prisões.

3.1.2 Plano Diretor do One World Trade Center (Nova York, NY, 2003)
Segundo o site oficial Daniel Libeskind (2015), o
arquiteto trabalhou sabendo que era fundamental
equilibrar a memória da tragédia com a necessidade de
promover um bairro vibrante e trabalhador. Para Jake
Craven, a visão de Libeskind está repleta de simbolismo:
a altura do edifício (1776) representou o ano em que a
América tornou-se uma nação independente; o alto
pináculo, ligeiramente inclinado ecoou a tocha
Imagem 2-One World Trade
levantada da Estátua da Liberdade; em seu museu Center. Fonte: Site Oficial Daniel
Libeskind, 2015.
subterrâneo a parede pasta que resistiu ao ataque
terrorista; além de em seu entorno haver obras dedicadas à memória da tragédia de
2001. Libeskind escreveu que a torre de vidro iria restaurar o "pico espiritual para a
cidade." Enquanto ele continuou a trabalhar sobre o regime geral para a reconstrução,
outro arquiteto, David Childs, começou a repensar Freedom Tower.

3.1.3 Crystals at CityCenter (Las Vegas, Nevada, 2009)

De acordo com o site oficial Daniel Libeskind (2015), o The Shops at Crystals é
considerado a "cidade dentro da cidade”. A estrutura é uma obra de arquitetura para
se ler de muitos ângulos diferentes. A forma e as claraboias de seu telhado espiral e
dramático se fazem soar sobre o varejo de
luxo e jantar, além de acomodar um espaço
público que apresenta uma característica
da água na entrada e escadaria que conduz
ao Casino adjacente. O projeto dramático
foi obtido por meio de práticas e materiais
ambientalmente conscientes (refrigeração Imagem 3- Crystal at CityCenter. Fonte: Site
por piso, madeira de terceirização Oficial Daniel Libeskind, 2015.

certificadas, luminárias de água, claraboias, incentivo ao uso de combustíveis


alternativos).

3.1.4 Vanke Pavilion (Milão, Italia, 2015)


Segundo o site oficial Daniel
Libeskind (2015), o pavilhão para a
corporativa Vanke China explora questões
fundamentais relacionadas com o tema da
Expo Milano 2015, "Alimentar o planeta,
energia para a vida". O conceito para o
Imagem 4- Vanke Pavilion. Fonte: Site Oficial Pavilhão de Vanke incorpora três ideias
Daniel Libeskind, 2015.
extraídas de cultura chinesa relacionada
com a alimentação: a shi-tang; a paisagem; e o dragão. O projeto apresenta um
padrão geométrico sinuoso que flui entre interior e exterior. A grande escadaria,
vestida de cinzento concreto quente, esculpe através do formulário de serpentina
vermelha e orienta os visitantes para o nível superior. A plataforma de observação no
piso superior com um jardim plantado irá proporcionar uma vista deslumbrante sobre
o lago próximo ao pavilhão. Os painéis de cerâmica geométrica não apenas criam um
padrão expressivo que é evocativo de uma pele de dragão, mas também possuem
propriedades de autolimpeza e purificação do ar altamente sustentáveis. A superfície
tridimensional é revestida com uma coloração metálica que muda de acordo com a
luz a fim de deslocar os pontos de vista, às vezes, ele aparecerá como o carmesim
profundo, ouro brilhante, ou branco com brilho

3.1.5 Dancing Tower (Seoul, Coréia do Sul, em projeto)


Segundo o site oficial Daniel Libeskind (2015), o
conceito de design para as três torres residenciais de 41
andares foi inspirado em uma dança tradicional coreana
budista, Seung-Moo, em que as mangas esvoaçantes de
um vestido de bailarina são graciosamente movidos por
seus movimentos. Neste caso, uma rotação sutil na forma
das torres cria a ilusão de movimento, onde a engenharia
sofisticada faz essa ilusão possível de 'dança', além das
Imagem 5- Dancing Tower. Fonte: aberturas de espaços interiores para vistas
Site Oficial Daniel Libeskind, 2015.
panorâmicas.
A localização geral e das três torres permitem a entrada de luz em espaços
residenciais e oferecem vista para a água, o desenvolvimento do distrito, da cidade
de Seoul e as montanhas além.

4. MÉTODO PROJETUAL

De acordo com Marise Machado (2005), Daniel Libeskind viveu em sete países
e fala cinco idiomas, o que o fez de caráter culto, e de índole sã, logo que é de etnia
e seguidor de preceitos judaicos. É pessoa de fibra pedagoga, uma vez que iniciou
realmente sua carreira lecionando, algo que fez por muito tempo em muitos lugares,
sua bagagem e conhecimento ultrapassa as barreiras e limites físicos e morais
impostos por fronteiras, e tem por natureza a busca de acima de qualquer
condicionante a realização do significado, tendo em mente e como objetivo que
necessariamente tem que ser inovador, expressivo, e refletor da dinâmica vida
contemporânea; porém esses fatores só se fazem insólitos e absolutos se seguirem
uma sustentabilidade, e, se houver de adequar-se dentro de orçamentos e
possibilidade dos clientes.
Sua preocupação com a sustentabilidade vai além de simples medidas de
economias e autonomias de suas obras (consumos básicos, água, energia etc.), pois
enquadram-se assim no conceito de parte da célula, algo da cidade, que não pode
destoar, não no sentido estético, mas no sentido de participação, de segregação, e
mais primordial, no quesito cultural; preocupa-se muito Daniel com a cultura de um
povo, acima de suas leis que são mundanas e passageiras, tenta resgatar com todas
as possibilidades as marcas de etnias que se perderam ao longo da história,
respeitando-as e garantido assim que sejam salvaguardadas de relevância e de
respeito; entende ele que um povo vive pelo que foi, pelo que é, cada qual com seus
costumes e crenças, seja em qualquer lugar do mundo, à vista disso trabalha
amparado pela esperança da representatividade, e tão logo é grato pelos que foram
atendidos.
Cidades são como pessoas, têm personalidade. Acho que a arquitetura pode
captar alguns aspectos implícitos da "personalidade" da cidade e contribuir
com ela. Um prédio muda não só a paisagem de uma rua, de um bairro, mas
o modo como as pessoas ali se relacionam. A "sustentabilidade", sobre a qual
tanto se fala, está na escolha dos materiais, mas está também no impacto do
prédio sobre a vida da cidade. (LIBESKIND, 2010).

Segundo Mariana Carrillo (2005), Libeskind enxerga, vê e entende que


arquitetura é uma arte pública, e que é responsável pelo aquilo que constrói, mantendo
apreço pela comunidade. Diz ele “Pensar o projeto antes de executá-lo é muito
importante. Estudar a história do terreno, o que o prédio deve dizer, tudo isso precisa
ser feito”. 2. Mantendo-se assim cético à gostos, modas, tendências e afins. Quando
encontrada e meditada a essência de um projeto novo, ele segue uma linha tênue
entre o que representará e denotará, e sua linguagem (de Daniel); expressa-se Daniel
por um dialeto e modo díspar, que abrange em ângulos imponentes, espaços
labirínticos, planos inclinados e geometrias que se intersectam em abstração; assim
encaixando-se na vertente desconstrutivista, não por ele, pois para o próprio a
liberdade é equivalente à produção.

5. MUSEU JUDAICO DE BERLIM

Segundo Andrew Kroll (2005), o Museu Judaico de Berlim, obra do arquiteto


judeu-polonês Daniel Libeskind, é uma das construções mais emblemáticas que
retratam o holocausto. Ainda segundo o mesmo autor, em um edifício cheio de
simbolismo, Daniel conseguiu retratar o sofrimento e a angustia que envolveu o evento
em que mais de seis milhões de Judeus foram perseguidos e assassinados durante a
Segunda Guerra Mundial, dando ao visitante que se propõe a andar pelos corredores
do Museu Judaico de Berlim uma intensa viagem cheia de emoções e sensações.
De acordo com informações retiradas do site oficial da respectiva obra, assim
como de Andrew Kroll (2005), em 1987, o governo de Berlim organizou um concurso
visando à seleção de um projeto para a expansão do museu judaico original
inaugurado em 1937, um edifício com formato em “U” e pertencente ao barroco que
foi fechado um ano após sua abertura pelo regime nazista em 1938. O Museu
permaneceu fechado até o ano de 1975, quando um grupo cultural judaico prometeu
reabri-lo com o intuito de trazer novamente para Berlim a presença judaica perdida
após os anos de domínio Nazista.
Em 1988, de acordo com Andrew Kroll (2005), Daniel Libeskind foi declarado o
vencedor do concurso em meio a milhares de arquitetos de renome internacional, seu
projeto era o único que implementou uma identidade formal radical como uma
ferramenta que expressava o estilo de vida judaico, antes e depois do holocausto. Em
1999 o projeto de Libeskind foi concluído, porém como não havia objetos para serem
expostos ele foi aberto somente para visitação. Em 2001, segundo o site oficial da
obra, o museu Judaico de Berlim foi oficialmente inaugurado com mais de 4 mil objetos
que contavam a história dos judeus e com a grande responsabilidade de resgatar e
representar o espirito incorporado culturalmente e socialmente em Berlim, formando
assim, somado ao prédio barroco original um complexo arquitetônico.

Imagem 6- Fonte: Blogspot.com, 2011.

Para Libeskind, ainda segundo Andrew Kroll (2005) a expansão do museu


judaico era muito mais do que um concurso a ser ganho, tratava-se na verdade de
estabelecer e garantir uma identidade dentro de Berlim que se perdeu em meio ao
massacre vivido na Segunda Guerra Mundial. Conceitualmente, segundo o autor,
Libeskind queria expressar sentimentos de ausência, vazio e invisibilidade,
sentimentos esse que representam o desaparecimento de toda a cultura judaica. O
uso da arquitetura como forma de contar uma história, proporcionando aos visitantes
uma experiência totalmente emocional dos fatos e efeitos ocorridos durante o
holocausto, tanto na cultura judaica quanto na cidade de Berlim, foi o toque de mestre
de Daniel Libeskind nessa obra mundialmente reconhecida, analisada e apreciada.

5.1 LUGAR
O local onde o museu está implantado consiste em um bairro totalmente
reconstruído nos anos 60, após ele ser completamente destruído pelos ataques e
bombardeios que ocorreram naquela década. Antes da execução do projeto,
Libeskind ao visitar o local diz que estavam todos preocupados com a área em que o
edifício seria implantado e por mais que o lugar fosse considerado importante por ele,
não era o essencial, pois segundo Daniel (apud, MACHADO, 2009):

“A história dos judeus na cidade não está ao nível do solo e sim um


pouco mais abaixo, enterrada não muito profundamente. Aquele não era um
projeto que eu precisasse ir as bibliotecas ou tirar fotografias para saber
exatamente que orientação dar a ele. A orientação já estava pronta. Poderia
ser vista mundo afora, mas tinha existido primeiramente ali, na catástrofe, na
completa exterminação imposta ao povo judeu. E também na topografia da
cidade, em nomes, endereços e pessoas que não eram entidades abstratas
ou apenas números de identificação, mas cidadãos de fato, que continuavam
a viver no seu estado de ausência, e costumavam assombrar, tal qual
fantasmas, o lugar.” (Apud, MACHADO, 2009).

Imagem 7 - Fonte: Ignez Ferraz, 2012 Imagem 8 - Fonte: Ignez Ferraz, 2012

5.2 ESTRUTURA
Os planos estruturais em concreto do museu, segundo Michel Masson (2004),
expressam em forma, texturas, dimensões, luz e sombras as mensagens do autor. A
fachada, por sua vez, é inteiramente coberta por chapas de
zinco um material que remonta à antiga história arquitetônica
de Berlim, que mudará de cor com o decorrer do tempo com
a oxidação da liga de titânio e zinco em função da exposição
ao clima, ressaltando e evidenciando as “cicatrizes” em sua
fachada.
Fendas, cortes, cicatrizes, e todas as aberturas,
segundo Marise Machado (2009), rompem completamente
Imagem 9- Fonte: com qualquer sistema de composição, seja ele moderno ou
Obiusmag.com, 2011
tradicional. São resultado da superposição de duas
diferentes “peles”. Primeiro, a funcional, destinada aos escritórios que ficam na
cobertura, para a qual o arquiteto projetou esquadrias comuns. A segunda pele diz
respeito a formal, onde Libeskind desenhou linhas sobre o mapa da cidade de Berlim,
cruzando endereços, reais ou imaginários, de figuras emblemáticas para o judaísmo
alemão. O diagrama resultante foi transposto para os volumes do edifício criando um
padrão completamente intrigante.

5.3 FORMA
Existem algumas teorias sobre a concepção da forma existente no Museu
Judaico de Berlim. A mais forte, segundo Silvia Gomes (2007), consiste na ideia de
que a forma é resultado de uma abstração envolvendo a estrela judaica de Davi, um
símbolo muito utilizado pelo judaísmo e seus adeptos representando proteção ao povo
judeu. Historicamente, segundo autores do UOL (2005), ela também foi a responsável
pela identificação dos judeus pelos nazistas durante o holocausto, já que os adeptos
do símbolo a usavam nas vestes, o que de certa forma mostra a genialidade e
sensibilidade de Daniel na busca pelo simbolismo na concepção da forma empregada
no museu, já que para ele a forma tortuosa desse “zig-zag” incorpora todas as
violências, rompimentos e rupturas sofridas pelos judeus na Alemanha.
O acesso ao Museu Judaico, de acordo com Michel Masson (2004) e Marise
Machado (2009), acontece dentro do prédio barroco, através de uma entrada larga,
feita em concreto aparente, onde pode-se avistar uma sala adjacente, sem nada
exceto uma abertura no piso, que revela uma escada que leva ao local onde se inicia
o percurso do museu, no nível subterrâneo, onde está o verdadeiro coração de todo
o projeto.
Sua planta baixa consiste
basicamente em 3 eixos que se
entrecruzam, onde segundo Michel Masson
(2004) e Marise Machado (2009), há muitas
ramificações que são parcialmente
enfatizadas pelas linhas de luz no teto, a
presença de uma espécie de “ilha” entre
Imagem 10 - Fonte: Zigadazuca.com, 2011
eles faz com que apenas possam ser
percebidos dois a dois a cada vez, estes ‘caminhos’, como denominou Libeskind,
possuem histórias separadas, apresentando as três realidades da história judaico-
germânica: continuidade, exílio e morte. Este nível se diferencia dos níveis restantes
por ser o local onde estão expostos os objetos daqueles que não sobreviveram ao
Holocausto.
O “Eixo da Continuidade”, segundo Michel Masson (2004) e Marise Machado
(2009), diz respeito à continuidade da presença dos judeus em Berlim e conduz do
primeiro ao terceiro pavimento, onde se alcança os andares de exposição. Após
comprimir o espaço, o arquiteto o expande para cima. A escada, segundo os mesmos
autores, possui a mesma medida que a passagem subterrânea e apresenta-se contida
entre duas paredes onde as vigas de concreto que estabilizam a estrutura parecem
ter enorme dificuldade de mantê-las separadas. Tudo isso serve para sublinhar o
esforço, a dificuldade de qualquer pessoa permanecer no caminho até encontrar a luz
do dia.
Prosseguindo pelo primeiro eixo, surge uma bifurcação com o Eixo do Exilio,
cujas paredes são levemente inclinadas e o piso é irregular. A luz do dia, segundo
Michel Masson (2004) e Marise Machado (2009), é visível no fim desse mesmo
corredor, que, estreitando-se conduz ao Jardim externo do Museu, representando o
exilio e a imigração dos judeus da Alemanha. O Jardim é um labirinto de pilares
inclinados que desestabilizam e de fato tombam o corpo do visitante, composto por
49 pilares onde do topo crescem ramos de olivas simbolizando paz e esperança na
tradição judaica, no entanto plantadas em pilares de concreto são também uma
imagem de aniquilamento.
O Eixo do Holocausto corta os dois anteriores levando até a Torre do
Holocausto que está fora do edifício principal e de acordo com segundo Michel
Masson (2004) e Marise Machado (2009), só é acessível pelo eixo subterrâneo,
lançando o visitante em uma espécie de cemitério cujo acesso é escondido. Este eixo,
segundo os mesmos autores, é acessado através de um pesado portão em aço e suas
paredes foram deixadas em concreto aparente. Durante o dia, a luz entra por uma
única fenda, localizada no alto da torre. O barulho da rua é audível, porém, o mundo
exterior está fora de alcance. É um espaço de experiência e reflexão individual, uma
área de memória na qual o vazio e a nudez representam as vítimas do genocídio
alemão.
Os três pavimentos superiores destinados às exposições compõem a Linha de
Conexão, responsável pela forma externa do Museu que em ziguezague impossibilita
a visão antecipada do espaço seguinte. Considerados estes aspectos, segundo
Michel Masson (2004) e Marise Machado (2009), o projeto formou-se então por duas
linhas principais de pensamento, organização e relacionamento que se expressam
fisicamente. Uma linha de conexão, já citada, tortuosa e indefinidamente contínua,
infinita, simbolizando as transformações culturais entre judeus e gentios e suas
mútuas influências. E a outra uma linha reta, porém fragmentada, denominada linha
do vazio, onde segundo os mesmos autores, é composta pela sucessão de cinco salas
vazias que se estendem do subsolo à cobertura e que funcionam como espinha dorsal
da estrutura em ângulos. A única luz vem de cima, nada existe dentro delas, a
inacessibilidade transforma a Linha de Vazios em foco central, determinando a
organização das exibições em sua volta, são a encarnação da figura final do judaísmo
alemão: a ausência. Essa linha une todo o prédio, sendo a última do Museu, também
é simbólica, prosseguindo acima de tudo o que foi destruído.

6. Conclusão
Mais que causar vivência, o desconstrutivismo é provocativo, carrega em si o
desafiar a natureza, tem intrínseco em seu caráter a simbolizar a instabilidade, da
incompletude, imperfeição e equilíbrio; é neste momento em que os adeptos libertam-
se de qualquer dogma ou repressão que exista, um arquiteto sequaz é totalmente
despojado de autoridade, é livre no maior firme da palavra, porém importa-se com um
espírito de obra, sendo a ansa de incumbir-se de representatividade. É com tudo um
protesto, um crítica ao modo que tudo é, e porque tudo é, considera-se que somos
socialmente construídos, e que isso não se insere no que já fomos, em nossa história,
deduzindo assim que estamos presos ou bloqueados.
Daniel Libeskind é enquadrado na vertente; ele é um ser dinâmico, de farta
índole cultural (pois viveu e vivenciou vários países), de cunho respeitoso, assim como
sua crença prega, e isento de qualquer tipo de doutrina. É Daniel um visionário em
quesito de criação, acreditando que deve-se ser inovador e correto, não apenas
aprovado em leis locais, mas correto com o próximo, correto com o lugar, com a
história e cultura do contexto. Libeskind quando criticado (principalmente por julgarem
suas obras não harmonizarem com os respectivos entornos) é mal interpretado, pois
sua obra é atemporal, e não segue os limites de fronteiras, elas significam algo maior,
algo de credo irredutível, onde é pensado em um todo, na obra, na pessoa, na
possibilidade, no lugar, na história, e na cultura, ainda sim atinge o ápice do design,
impressionando, tocando, criando admiração e envolvimento; essa conexão
imprescindível para um melhor diálogo entre pessoas e natureza, até com seus
respectivos passados e cultura, Libeskind concebe com extrema sabedoria e
destreza.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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