Anda di halaman 1dari 87

FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

APOSTILA

AUXILIAR VETERINÁRIO 1
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Auxiliar Veterinário

MÓDULO I
Sumário

Origem dos Canídeos 03


Introdução a Anatomia e Fisiologia Animal 12
Sistema Nervoso 26
Sistema Circulatório 30
Afecções Cardíacas 36
Sistema Respiratório 40
Sistema Digestivo 42
Patologias do Sistema Digestivo 48
Reprodução 57
Cruzamento 63
Gestação 68
Parto 72
Intervenções Cirúrgicas 76

2º edição – AGOSTO/2009

AUXILIAR VETERINÁRIO 2
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

1o MÓDULO

Aula 1 Origem dos Canídeos


Se admitirmos que as origens da Terra
remontam, aproximadamente, a 4,5 bilhões de anos,
as origens dos primeiros mamíferos (100 milhões de
anos), a dos primeiros canídeos (50 milhões de anos)
e, seguidamente, as dos primeiros hominídeos (3
milhões de anos) afiguram-se extremamente
recentes. Com efeito, se compararmos a história da
Terra a um percurso de 1 km, a vida dos mamíferos
representaria apenas os últimos metros e a dos
canídeos os últimos centímetros!

Os canídeos são mamíferos caracterizados por dentes caninos pontiagudos,


dentição adaptada a um regime onívoro e um esqueleto dimensionado para a
locomoção digitígrada.

A sua evolução e diversificação teve início no continente norte-americano, com o


aparecimento de uma família de carnívoros semelhantes à doninha atual - os
miacídeos – que proliferaram nesse continente há 40 milhões de anos, compreendendo
na altura 42 gêneros diferentes, enquanto que hoje apenas se subdivide em 16. A
família dos canídeos atuais comporta 3 sub-famílias: os cuonídeos (licaon), os
otocinonídeos (otocion da África do Sul) e os canídeos (cão, lobo, raposa, chacal,
coiote).

A domesticação do lobo

A descoberta de pegadas e ossadas de


lobo nos territórios ocupados pelo homem na
Europa ascende a 40 000 anos, se bem que a
sua utilização real não tenha sido autenticada
pelo Homo sapiens nos frescos pré-históricos.
Nesta época, o homem não era ainda
sedentário e alimentava-se com os produtos
das suas caçadas, cujas migrações
acompanhava. As mudanças climatéricas – o
final de um período glacial e o aquecimento
brutal da atmosfera – ocorridas há,
sensivelmente, 10 000 anos durante a
passagem do Pleistoceno para o Holoceno,
levaram à substituição das tundras pelas
florestas e, consequentemente, à diminuição
de mamutes e bisontes, cujo lugar foi
ocupado por veados e javalis. Esta redução

AUXILIAR VETERINÁRIO 3
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

da caça tradicional impeliu o Homem a inventar novas armas e a adaptar as suas


técnicas de caça. Nesta fase, tinham de competir com os lobos que se alimentavam do
mesmo tipo de presas e utilizavam as mesmas técnicas de caça em matilha com
recurso a "batedores".

Como tal, o homem teve, naturalmente, de procurar converter o lobo num aliado
de caça, tentando, pela primeira vez, domesticar um animal muito antes de ele próprio
se tornar sedentário e de se dedicar à criação de animais. Assim, o cão primitivo, era
indiscutivelmente, um cão de caça e não um cão pastor.

Resultados da seleção realizada pelo Homem


Muito embora se encontre a descrição de "galgos" na
paleontologia egípcia ou de "molossos" na história assíria, na
realidade tratavam-se apenas de subespécies de Canis familiaris,
variedades ou tipos de clãs. O aparecimento das raças caninas, tais
como as conhecemos na atualidade, constitui um fenômeno muito mais
recente do que a domesticação, uma vez que data da Antiguidade.

Para além de algumas raças caninas, como o Bichon, cuja


identidade racial foi possível conservar num território limitado, a maioria
das raças caninas resultam da seleção exercida pelas nossas civilizações,
da ação possibilitada pela domesticação e da orientação dos
acasalamentos.

O aparecimento de diferentes tipos de cães


Tendo surgido durante o terceiro milênio na Mesopotâmia,
delinearam-se, então, dois grandes tipos de cães constituídos pelos
Molossóides, encarregados da proteção dos rebanhos contra os predadores (o urso, e
ironia do destino, do seu antepassado, o lobo!) e o tipo "galgo" adaptado à corrida e às
regiões desérticas, que se tornou num precioso auxiliar de caça para o homem.
Juntamente com esses dois tipos básicos, encontravam-se já, sem dúvida, os tipos de
cães correspondentes atualmente aos principais grupos classificados pela Sociedade
Central Canina.

Origem dos felinos


Os Felídeos primitivos

Durante o período Oligoceno, esboça-se


claramente nos Felídeos uma tendência para a
individualização de duas linhagens distintas de
felinos. Por um lado, animais grandes e
robustos, embora lentos, providos de enormes
caninos semelhantes a lâminas de sabre: os
Eusmilus; e por outro, os grandes gatos mais
ágeis e mais rápidos com uma dentição próxima
dos atuais Felídeos, os Proailurus, e mais tarde

AUXILIAR VETERINÁRIO 4
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

os Pseudailurus cuja locomoção se as-semelha à dos Viverrídeos. Por exemplo, o atual


Fossa (Crytoprocta ferox) constitui um verdadeiro fóssil vivo. O Pseudailurus seria
assim o primeiro membro da família dos gatos modernos dos quais o Smilodon, na
América, é um representante espetacular. Os pequenos felinos foram-se adaptando a
regiões tão diversificadas como os desertos, florestas, estepes e pântanos.

Sobrevém a era do Mioceno, durante a qual, em França, existia o Felis zitteli,


animal muito próximo do gato selvagem atual. Posteriormente, no período Pleistoceno
da era quaternária, surgiu o gênero Felis, enquanto que, por outro lado, os felinos
primitivos, Smilodons e Machairodus, espécie de tigres dentes de sabre, vão
desaparecendo.

A domesticação dos gatos


A domesticação do gato permanece envolta em bastante mistério e, como tal,
não pode ser estabelecida com uma certeza absoluta. Segundo a crença tradicional, a
domesticação terá ocorrido no Egito, local onde foram encontrados os primeiros
vestígios da domesticação do gato, por volta do ano 4500 AC. O gato egípcio seria
assim descendente de uma das subespécies do Gato selvagem Felis silvestris libyca.
Inicialmente, este gato começou por ser um comensal do Homem, partilhando a sua
alimentação; posteriormente, estabeleceu-se uma relação de maior proximidade entre
o Homem e o animal, que primeiro se tornou "familiar" e, mais tarde, de "companhia”.
Desde a época do Novo Império (sensivelmente nos anos 1580-1070 AC) até ao
período ptolomeico (do ano 300 ao ano 30 AC), os egípcios chegaram mesmo a
permitir a aproximação dos gatos selvagens e a sua domesticação. Mais tarde,
mandaram também mumificá-los, tal como o faziam aos espécimes domesticados há
muito tempo.

No Antigo Egito, o gato doméstico, trazido do sul ou do oeste por volta do ano de
2.100 a.C., é considerado um ser divino, de tal ordem que, se um deles morrer de
morte natural, as pessoas da casa raspam as sobrancelhas em sinal de luto.

Deusa Bastet, em forma de gata,


evidenciando a adoração do povo
egípcio pelos felinos.

CURIOSIDADES!!! Ao contrário dos grandes felinos, os pequenos felinos


caracterizam-se pela particularidade do seu osso hióide ser completamente rígido,
o que não lhes permite rugir. Ronronam durante a inspiração e a expiração,
enquanto que nos grandes felinos o ronronar só se produz durante a expiração.
Todos os felinos de pequenas dimensões pertencem ao mesmo grupo, até mesmo o
Puma, que tem o tamanho de uma pantera.

AUXILIAR VETERINÁRIO 5
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 2 A primeira escola de veterinária


Em 1761, Claude Bourgelat, um dos melhores
cavaleiros da Europa, dirigia, há vinte anos, a
Academia do Rei, estabelecida em Lyon, França.
Disciplinas como a equitação, as armas, a música e a
matemática eram ensinadas. Mas, o seu interesse pela
anatomia e pela patologia equinas, levou Bourgelat a
refletir sobre as bases de um ensino veterinário, capaz
de preservar e melhorar a espécie equina, e de
proteger o gado das epidemias que o dizimavam.
Conseguiu convencer Bertin, controlador geral das
finanças, a atribuir-lhe um subsídio para criar o primeiro
estabelecimento veterinário em Lyon. Assim, a Escola
da Guillotière é fundada em 1762.

Ao contrário do ensino universitário da época, o ensino veterinário privilegiava a


reflexão e a observação, a habilidade manual e a memória visual. Desde o início, os
estudantes praticavam através de consultas e hospitalizações de animais. Muito
rapidamente, esta primeira escola atraiu alunos estrangeiros e foi uma referência em
matéria de Medicina Veterinária. Tornou-se Escola Real Veterinária em 1764.

O ensino veterinário evoluiu juntamente com as descobertas científicas. A sua


missão de formação expandiu-se para o campo da investigação. As colaborações entre
Médicos e Médicos Veterinários permitiram vencer numerosas doenças. Podemos citar
os trabalhos do Médico Veterinário Henry Bouley e de Pasteur sobre a vacinação
contra o carbúnculo, de Camille Guérin e o médico Albert Calmette, que desenvolveram
a B.C.G. contra a tuberculose, e de Auguste Ramon, que descobriu as anatoxinas anti-
tetânicas e anti-diftéricas.
A Medicina Veterinária atual se beneficia das melhores técnicas médicas e
cirúrgicas. Ecografia e endoscopia fazem parte da prática quotidiana e, por vezes, os
animais até se beneficiam da ressonância magnética. As investigações atuais tendem a
melhorar os cuidados dados aos animais e contribuem, assim, para o progresso da
Medicina Humana. Para isso é cada vez mais necessário o auxílio de profissionais não-
veterinários, como o auxiliar de veterinário, para manter sempre o padrão de qualidade
e de funcionabilidade de hospitais, clínicas, zoológicos e pet’s shops.

Principais ramos da medicina veterinária


A veterinária divide-se em 2 grandes ramos: a produção animal e a medicina
veterinária propriamente dita.

Na produção animal são estudados tópicos como criação de animais (também


chamado zootecnia) como bovinocultura, equicultura, psicultura, caprino-ovinocultura,
apicultura; estudo de pastagens; melhoramento animal; reprodução.

A medicina veterinária propriamente dita estuda a medicina preventiva dos


animais, a sanidade, patologia, cirurgia e a clínica médica. Dentro destas áreas

AUXILIAR VETERINÁRIO 6
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

diversas subáreas já são bem definidas, sendo que já existem médicos veterinários que
são anestesistas, odontólogos, oftalmologistas, obstetras, pediatras, patologistas
clínicos, ortopedistas, nutricionistas, dentre outros.

Dentro da veterinária, ainda existem aqueles profissionais que lidam com


animais selvagens (também chamados silvestres), sendo que eles se ocupam tanto da
clínica e cirurgia, da nutrição, quanto da criação destes animais.

O auxiliar de veterinária
É cada vez mais crescente o mercado de trabalho para os
médicos veterinários, de todas as áreas. Neste contexto se
destaca uma área em especial, a do chamado Mercado Pet, que
é uma das áreas comerciais que mais crescem na atualidade.
Sendo assim, a necessidade de mão de obra qualificada para o
trabalho nos mais variados estabelecimentos veterinários
também tem crescido bastante. É justamente nesse mercado
crescente que o auxiliar de veterinária pode se enquadrar,
ajudando em todas as seções e repartições dos pet shops,
consultórios, clínicas ou hospitais veterinários, além de
zoológicos e fazendas.

Dentre as atividades que podem ser realizadas pelo auxiliar de veterinária, dentro
da rotina clínica, estão:

• Aferir temperatura

• Observar condições físicas e


neurológicas dos animais

• Informar as condições de saúde dos


animais ao veterinário

• Auxiliar na coleta de materiais para a


realização de exames

• Controlar sinais vitais do animal,


como temperatura, pulso, perfil
capilar

• Ministrar medicamentos sob a


supervisão do médico veterinário

• Aplicar injeções

• Fazer curativos

• Alimentar os animais

AUXILIAR VETERINÁRIO 7
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Exercitar os animais

• Higienizar o local de estada dos animais

• Glosar e arrancar dentes de cavalos

• Prestar primeiros socorros

• Pesar o animal

• Conter o animal

• Auxiliar nos procedimentos de acesso


intravenoso

• Fazer a tricotomia de animais antes da


cirurgia

• Selecionar as caixas cirúrgicas

• Preparar o material cirúrgico

• Auxiliar no procedimento de intubação do animal

• Posicionar o animal na mesa de cirurgia

• Fazer a assepsia do animal

• Transportar o animal dentro do estabelecimento

• Recolher o material utilizado (instrumentos)

• Separar materiais descartáveis

• Separar o lixo hospitalar

• Embalar o lixo hospitalar para descarte

• Lavar os instrumentos cirúrgicos

• Montar a caixa de cirurgia

• Dobrar panos, aventais e uniforme

• Esterilizar materiais, instrumentos e o ambiente

AUXILIAR VETERINÁRIO 8
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Dentre as atividades que podem ser feitas pelo auxiliar de veterinária, no que diz
respeito às outras áreas do pet shop, consultório, clínica e hospital estão:

• Atender a clientes-proprietários dos animais

• Buscar os animais

• Conversar com os proprietários

• Informar sobre normas e regulamentos do estabelecimento

• Orientar sobre noções de saúde, higiene e alimentação

• Indicar o atendimento do animal pelo médico veterinário

• Entregar o animal

• Orientar sobre cuidados especiais para estética


• Orientar sobre tipos e raças de animais para aquisição

• Administrar o local de trabalho

• Solicitar material e medicamentos

• Repor material e medicamentos

• Controlar óbitos

• Embalar cadáveres

• Encaminhar os cadáveres para necropsia ou para o aterro sanitário

• Enviar materiais coletados para os laboratórios

• Limpar e lubrificar equipamentos

• Desinfetar equipamentos

• Demonstrar competências pessoais

• Demonstrar capacidade no trato com animais

• Demonstra paciência

• Demonstrar autocontrole

• Demonstrar bom humor

• Demonstrar concentração

• Demonstrar paciência

AUXILIAR VETERINÁRIO 9
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Avaliar riscos

• Demonstrar senso estético

• Administrar conflitos

• Demonstrar conhecimento teórico

EXERCÍCIOS
1. O que você entende por canídeos? E por felídeos?

2. Explique com suas palavras como se deu a domesticação dos cães e gatos.

3. O que fez com que os gatos selvagens se aproximassem do homem pela primeira
vez? Em que região do mundo se deu essa aproximação?

4. Quando surgiu a primeira escola de Medicina Veterinária? Em qual país? Qual era a
principal espécie animal estudada?

5. Para você, quais são as 10 principais funções de um Auxiliar de Veterinária?

Aula 3 A morfologia do cão


Com base no tamanho, os cães podem ser divididos em:

• Pequenos (menos de 46 cm);

• Médios (de 46 a 61 cm);

• Grandes (mais de 61 cm).

Duchshund: exemplo Bulldog inglês: cão de Pastor Alemão: cão de


de cão porte pequeno porte médio porte grande

Com base no peso, a divisão é a seguinte:

• Pequenos (menos de 10 kg);

AUXILIAR VETERINÁRIO 10
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Médios (de 11 a 25 kg);

• Grandes (de 26 a 45 kg);

• Gigantes (acima de 46 Kg )

O São Bernardo, raça de porte gigante


que pode chegar a 100kg de peso!

Todos os cães possuem regiões do corpo idênticas:


• Zona anterior: composta pela cabeça, pescoço e membros anteriores;

• Corpo: composto pelo dorso, rins, caixa torácica e abdome;

• Zona posterior: composto por ancas, membros posteriores e cauda.

O corpo do cão: as 3
grandes regiões: zona
anterior, corpo e zona
posterior.

AUXILIAR VETERINÁRIO 11
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

1. Trufa
2. Chanfro (zona posterior do nariz)
3. Olho
4. Orelha (pavilhão)
5. Pescoço (região dorsal)
6. Espádua
7. Cernelha ou Garotte
8. Dorso
9. Rim
10. Garupa
11. Cauda
12. Coxas
13. Articulação (joelho)
14. Perna
15. Jarrete (tarso)
16. Metarso
17. Região inguinal (virilha)
18. Prepúcio
19. Flanco
20. Ventre
21. Braço
22. Pescoço (zona ventral)
23. Bochecha
24. Boca
25. Codilho (cotovelo)
26. Ante-braço
27. Carpo
28. Mão (dedos)
29. Unhas
30. Esterno
31. Ponta da espádua
32. Peito ou costelas
33. Garganta
34. Nuca
35. Extremidade das nádegas
36. Extremidade do cotovelo

Classificação zoológica do cão:


Classe : Mamíferos
Subclasse : Eutérios
Supra-ordem : Carnívoros
Ordem : Carnívoros terrestres
Família : dos canídeos
Género : Canis
Espécie : Canis familiaris – cão doméstico

AUXILIAR VETERINÁRIO 12
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 4 Introdução à anatomia e fisiologia


animal
O corpo do cão é descrito por regiões. Cada uma corresponde a um setor anatômico
preciso. Encontram-se, assim, definidas 52 regiões que permitem, nomeadamente ao
perito de certificação ou ao juiz de exposição, apreciar o espécime apresentado e
explicar as decisões tomadas ao seu proprietário.

Cabeça Pescoço Tórax


1. região frontal
2. r. parietal 11. r. da laringe 17. r. interescapular
3. r. temporal 12. r. da parótida 18. r. dorsal
4. r. auricular 13. r. dorsal do pescoço 19. r. Lombar
5. r. zigomática 14. r. lateral do pescoço 20. r. da espádua
6. r. orbital 15. r. ventral do pescoço 21. r. do pré-esterno
7. r. intraorbital (r. traqueal) 22. r. do esterno
8. r. nasal 16. r. pré-escapular 23. r. das costelas
9. r. bucal 24. r. do hipocôndrio
10. r. massetérica

AUXILIAR VETERINÁRIO 13
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Abdome Pelve Membro torácico


25. r. xifoidiana 31. r. do sacro 36. r. da articulação
26. r. do flanco 32. r. coccígea ou escapulo-humeral
27. r. umbilical r. caudal 37. r. do braço
28. r. hipogástrica 33. r. dos glúteos 38. r. bicipital
29. r. inguinal 34. r. da tuberosidade 39. r. do codilho
30. r. do prepúcio coxal 40. r. do ante-braço
35. r. da tuberosidade 41. r. do carpo
isquiática 42. r. do metacarpo
43. r. metacarpo-
falangiana
Membro pélvico 44. r. ungiculada
45. r. da articulação da
anca 49. r. da perna
46. r. da coxa 50. r. do tarso
47. r. do joelho 51. r. do metatarso
48. r. póplitea 52. r. metatarso-falangiana

O aparelho locomotor do cão e do gato


O esqueleto é a estrutura do cão e do
gato. Trata-se de um conjunto de ossos
organizados entre si por meio de articulações
que podem ser de tipos distintos de acordo com
o grau de amplitude entre dois ossos: algumas
são totalmente fixas (ossos do crânio), outras
permitem movimentos em três dimensões
(articulação entre o crânio e a coluna vertebral).
A mobilidade do esqueleto é assegurada pelos
músculos estriados que, por meio de tendões, se
inserem sobre ossos diferentes. A sua contração
implica movimentos ao nível das estruturas
ósseas, umas em relação às outras, tal como nos
movimentos de flexão e extensão.
As contrações musculares são
comandadas pelos nervos através do sistema
nervoso central: o cérebro e o cerebelo para os
movimentos voluntários, a espinal-medula para
os reflexos. Os neurônios que tomam parte no
comando dos movimentos são designados por
neurônios motores em oposição aos neurônios
sensitivos que conduzem a informação ao
cérebro.

AUXILIAR VETERINÁRIO 14
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

O cão possui três a quatro formas de locomoção, com maior ou menor grau de
desenvolvimento consoante a raça: passo, trote, galope, passo travado. O cão é um
bom saltador e um nadador médio, apresentando sempre variações em função da raça.

O esqueleto do cão

1. Mandíbula 8. Íleo 17. Metatarso


2. Face 9. Sacro 18. Falanges
3. Crânio 10. Vértebras 19. Metacarpo
4. Vértebras caudais 20. Carpo
cervicais 11. Ísquio 21. Rádio
5. Vértebras 12. Fémur 22. Ulna
torácicas 13. Rótula 23. Esterno
6. Costelas 14. Fíbula 24. Úmero
7. Vértebras 15. Tíbia 25. Escápula
lombares 16. Tarso

• O esqueleto. A coluna vertebral, formada por diferentes tipos de vértebras,


desempenha o papel de eixo axial na qual se inserem 13 costelas, 10 das quais
ligadas pelo esterno, formando a caixa torácica. O crânio articula-se com a
primeira vértebra cervical em forma de receptáculo, o atlas. Este articula-se com
a seguinte, o axis, em forma de "pivot", de tal forma que a cabeça se pode
movimentar em volta do eixo formado por estas duas vértebras.

• Os membros posteriores, verdadeiro sistema de propulsão do cão, engrenam-se


na bacia ao nível da articulação da anca, estando a bacia, por sua vez, unida à
coluna através de um sistema de ligamentos complexos. Os membros

AUXILIAR VETERINÁRIO 15
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

anteriores, com um papel menos ativo na propulsão, estão simplesmente ligados


à coluna torácica por meio da escápula e músculos adjacentes.

• Os ossos são formados por uma estrutura fibrosa calcificada. Esta calcificação
ocorre progressivamente no decurso da vida fetal e durante a fase de
crescimento. Esta última fase é muito longa no caso dos cachorros de raças
grandes, pelo que se aconselha uma grande prudência em relação aos aportes
de cálcio da alimentação para evitar carências e excessos. O cálcio ósseo
constitui, ao longo de toda a vida do cão, uma reserva que aumenta ou diminui
ao passo que o teor de cálcio sanguíneo permanece constante. O centro dos
ossos é constituído pela medula óssea, tecido esponjoso que produz as células
sanguíneas.

O esqueleto do gato
O esqueleto do gato é composto por 279 a 282 ossos, geralmente alongados,
esguios e finos, mas muito resistentes.

• Coluna vertebral: 50 a 54 vértebras distribuídas por 5 segmentos ou regiões.


Inclui 7 vértebras cervicais, 13 dorsais ou torácicas, 7 lombares, 3 sagradas e 20
a 24 caudais ou coccígeas (cauda);

• Tórax: esterno; 13 pares de costelas, 9 das das quais esternais;

• Cabeça: o osso frontal é extremamente curto e o crânio é volumoso e globular.


As fossas temporais e as órbitas são muito extensas. As mandíbulas são fortes
e curtas.

AUXILIAR VETERINÁRIO 16
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

1. Mandíbula 10. Vértebras caudais 18. Falanges


2. Face 11. Ísquio 19. Metacarpo
3. Crânio 12. Fémur 20. Carpo
4. Vértebras cervicais 13. Rótula ou Patela 21. Rádio
5. Vértebras torácicas 14. Fíbula 22. Ulna
6. Costelas 15. Tíbia 23. Esterno
7. Vértebras lombares 16. Tarso 24. Úmero
8. Íleo 17. Metatarso 25. Escápula
9. Sacro

Aula 5 Introdução à anatomia e fisiologia


animal (continuação)
As articulações e músculos do cão

• As articulações

São diferentes de acordo com os movimentos que condicionam: a simples


soldadura que impede qualquer movimento (ossos do crânio), a sínfise cartilaginosa
que permite um ligeiro movimento entre duas estruturas ósseas (sínfise púbica), a
verdadeira articulação em que as superfícies em causa se encontram cobertas por uma
cartilagem hialina e por uma cápsula comum às 2 articulações. Esta cápsula recobre
uma cavidade repleta por um líquido viscoso, a sinóvia, que desempenha
simultaneamente um papel nutritivo e lubrificante para a cartilagem. A cartilagem é um
tecido muito frágil, não renovável caso seja destruído, razão que explica a importância
dessa dupla proteção sinovial. Frequentemente, a cápsula articular está envolvida por
um revestimento fibroso e numerosos ligamentos que reforçam a contenção articular.
Caso duas extremidades ósseas não sejam estritamente complementares, pode estar
inserido um disco ou menisco cartilaginoso complementar entre as duas superfícies
articulares (articulação do joelho).

• Os músculos
São constituídos por um conjunto de células contráteis
ligadas entre si por membranas que formam feixes musculares.
Esses feixes reúnem-se formando tendões fibrosos que se ligam
às zonas de inserção óssea. As células contráteis possuem
constituintes específicos que lhe vão permitir encurtar-se,
situação que produz, à escala muscular, a contração. Esta
requer a energia transportada pelo fluxo sanguíneo, armazenada
e metabolizada a nível celular. A determinação desta contração
é nervosa, designando-se por placa motriz a junção entre a
célula nervosa e a célula muscular. Trata-se de um sistema
complexo que permite a transformação da informação nervosa
em contração muscular. O sistema muscular está assim

AUXILIAR VETERINÁRIO 17
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

estreitamente interligado ao sistema circulatório e nervoso, qualquer alteração a nível


de um deles implica repercussões imediatas no aparelho locomotor.

Músculos superficiais do cão

As articulações e músculos do gato

1. Glândula parótida 12. Semitendinoso 24. Bíceps braquial


2. Glândula mandibular 13. Gastrocnêmio 25. Peitoral
3. Braquicéfalico 14. Músculo flexor dos dedos 26. Tríceps
4. Esterno-cefálico 15. Tendão calcanear comum braquiais
5. Trapézio 16. Músculos extensor longo 27. Deltóide
6. Grande dorsal dos dedos 28. Esterno-hióideo
7. Abdominais (músculo 17. Músculo tíbial cranal 29. Orbicular da
oblíquo externo do 18. Músculo intercostal interno boca
abdómen) 19. Peitoral profundo 30. Zigomático
8. Glúteo médio 20. Flexor ulnar do carpo 31. Levantador
9. Músculos 21. Músculo extensor do carpo naso-labial
sacrocaudais 22. Músculo extensor comum 32. Masseter
10. Músculo tensor da dos dedos 33. Orbicular
fáscia lata 23. Músculo extensor radial do 34. Temporal
11. Bíceps fémurais carpo

As articulações são notavelmente flexíveis e móveis. Os membros conseguem


efetuar uma rotação completa sem risco de luxação. O esqueleto é extremamente
flexível e a cauda pode assumir todas as posições.

AUXILIAR VETERINÁRIO 18
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Os músculos da cabeça são caracterizados pelo seu grande desenvolvimento,


complexidade e interligação com os músculos subcutâneos. Os músculos mastigadores
são extremamente desenvolvidos.

A região cervical é composta por uma espessa massa muscular que está
subdividida em 4 camadas. Os músculos do abdome são muito desenvolvidos,
conferindo à parede abdominal a sua textura carnuda e espessura característica. Os
músculos da anca e coxas são bastante fortes. As características específicas dos
músculos dos membros são baseadas no número dos dígitos das mãos e dos pés. Os
membros possuem músculos rotatórios (de pronação e de supinação: movimentos de
rotação de 180¼ da face palmar ou plantar das mãos e pés). Os membros posteriores,
mais fortes que os anteriores, estão sempre preparados para o relaxamento ou
propulsão do animal. No caso do gato, a corrida é composta por uma série de saltos
longos e rasantes. O gato é um corredor de velocidade e não de distâncias longas. Os
seus músculos e garras permitem-lhe escalar e trepar com facilidade. Consegue saltar
muito alto e, quando a altura é suficiente, consegue criar sobre as 4 patas.

Músculos superficiais do gato

1. Músculo trapézio 8. Músculo oblíquo externo do


2. Músculo grande dorsal abdómen
3. Fáscia toracolombar 9. Músculo recto do abdómen
4. Músculo glúteo médio 10. Músculo tríceps do braço
5. Músculo tensor da fáscia lata 11. Músculo braquiocefálico
6. Músculo sacrocaudal 12. Músculo esternocefálico
7. Músculo gastrocnêmio

AUXILIAR VETERINÁRIO 19
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Afecções do aparelho locomotor


A artrose
Afecção das articulações caracterizada pela destruição progressiva da
cartilagem articular associada à formação de osteófitos (pequenos ossos) e de
modificações do osso subcondral e da membrana sinovial. É a evolução sistemática de
uma articulação dolorosa. Dor, agravada pela umidade e pelo frio. Melhora com o
exercício moderado, mas agrava-se sob exercício muito violento. Estes sintomas
representam o estágio 1. O estágio 2 é caracterizado por episódios agudos, como
ganidos e supressão de apoios. A doença evolui para o bloqueio total da articulação
acompanhado por uma diminuição da dor (estágio 3).

As artrites
São inflamações da articulação. Podem ter diferentes origens: sépticas, com a
presença de um microorganismo infeccioso na articulação (a inoculação do
microorganismo na articulação pode, por exemplo, ocorrer por ocasião de dentadas),
ou estéreis, podendo ser imunológicas (poliartrites, as mais freqüentes) ou não.

A artrite séptica é caracterizada por uma inflamação (vermelhidão, calor,


tumefação, dor) com inchaço nítido e eventualmente supressão de apoios. Pode atingir
uma ou várias articulações que são mais frequentemente as grandes articulações ou as
articulações intervertebrais. As poliartrites apresentam os mesmos sintomas, sendo
algumas, no entanto, mais específicas de uma raça.

A displasia coxo-femural
Trata-se de uma afecção congênita, de caráter hereditário contestado,
caracterizada por um desenvolvimento anormal da articulação coxo-femural, que tem
como conseqüência uma má imbricação do fêmur na cavidade articular do quadril. É
freqüente nos cães grandes e tem desenvolvimento rápido (Terra-Nova, Labrador,
Pirinéus, Pastor Alemão).

AUXILIAR VETERINÁRIO 20
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

A primeira fase, dominada pela dor, é observada nos cães em fim de


crescimento. Pode ser suspeitada nos seguintes casos: marcha anormal
"desengonçada" dos posteriores, posição em "X" dos posteriores vistos por trás, recusa
em trotar; galope de lebre: o cão não desenvolve o movimento de flexão-extensão
característico; recusa do salto; coxear constante; dor à manipulação forçada em flexão-
extensão. A segunda fase ocorre por volta dos 3 anos de idade: existem os mesmos
sintomas, exacerbados pela artrose.

Aula 6 A pele do cão e do gato

A pele, no sentido mais puro, representa o limite


entre o organismo e o meio exterior. Inclui duas
estruturas: a pele, no sentido estrito, ou seja, a estrutura
queratinizada e os seus anexos (pêlos e diversas
glândulas).

Estrutura da pele
A pele possui uma estrutura queratinizada. Podem
distinguir-se 3 níveis na espessura da pele:

1. A epiderme, composta por uma camada basal, constituída por células em


divisão e células produtoras de melanina (pigmento responsável pela cor da pele); uma
camada clara (duas a três camadas celulares) muito espessa ao nível da trufa e das
almofadinhas. Trata-se de células resultantes de divisões anteriores e de macrófagos
(responsáveis pela "eliminação" dos elementos estranhos); de uma camada granulosa
em que as células se aplanam; de uma camada córnea composta por células muito
planas sem núcleo, contendo uma quantidade considerável de queratina; uma camada
superficial onde se situam as células de descamação.

AUXILIAR VETERINÁRIO 21
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

2. A derme, separada da estrutura anterior por uma lâmina basal e que representa
uma camada espessa da pele: 1,3 mm no dorso até 2,5 mm nas almofadinhas. Contém
fibras elásticas e colágeno que asseguram a elasticidade e a resistência a pele.

3. A hipoderme, que forma a camada mais profunda, rica em adipócitos (células


gordas ou lipídicas).

Apenas a derme e a hipoderme são vascularizadas e inervadas, atuando como


receptores das informações provenientes do exterior e do interior.

1. Pêlo primário
2. Epiderme
3. Derme
4. Músculo eretor do pêlo
5. Gordura subcutânea
6. Glândula sebácea
7. Glândula sudorípara
8. Pêlo secundário
9. Papila

Os anexos da pele
São compostos por diversas formações:

• Os folículos pilosos, constituídos por um pêlo e sua respectiva bainha, uma


glândula sebácea e um músculo eretor, responsável pelo eriçar do pêlo.

• As glândulas sudoríparas: as apócrinas, situam-se na derme profunda e o seu


canal desemboca a jusante da glândula sebácea. Estão presentes em todo o
corpo. As exócrinas, localizam-se na junção da hipoderme e da derme profunda.
Encontram-se, apenas, sobre as almofadinhas plantares e a trufa. Os seus
respectivos canais desembocam ao nível da epiderme independentemente do
folículo piloso.
• As outras glândulas compreendem as glândulas anais, que servem para a
marcação territorial, e as glândulas supra-caudais, situadas sobre a base da
cauda.

AUXILIAR VETERINÁRIO 22
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Vista palmar do membro torácico do cão:

1. Almofadinha do carpo
2. Almofadinha palmar (metacarpo)
3. Almofadinhas digitais
4. Unha
5. Esporão

EXERCÍCIOS

1. Cite, de acordo com os seus conhecimentos, 3 raças de cães de porte pequeno,


3 de porte médio e 3 de porte grande. (você ainda não estudou as raças,
portanto, pode ser que não saiba todos, mas pelo menos tente!).

2. O que é o esqueleto? O que garante sua mobilidade?

3. Cite os anexos da pele.

Afecções mais comuns da pele


Alergias cutâneas
São fenômenos de
hipersensibilidade de expressão cutânea
que ocorrem em animais sensíveis. O
alérgeno pode penetrar no organismo por
quatro vias: a inalação (pode então
provocar uma atopia urticária), a ingestão
(provoca uma alergia alimentar,
medicamentosa, urticária), através da
pele (alergia por contacto) ou a via
parenteral (caso das dermatites por
alergia à picada de pulga – DAPP -,
injeções de medicamentos ou urticária).

Alopecias
São definidas como uma perda anormal de pêlos, deixando aparecer a pele.
Podem ser: localizadas, regionais, gerais, bilaterais e simétricas e não simétricas.
Existem vários tipos de alopecias conforme a sua origem:

AUXILIAR VETERINÁRIO 23
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Reversíveis: podem ser: de origem endócrina não ligada ao sexo


(hipertiroidismo, síndrome de Cushing, síndrome de Cushing iatrogênicas,
nanismo hipofisário), ligada ao sexo (disfunção endócrina de origem ovariana ou
testicular: sertolinoma, síndrome feminilizante dos machos); devidas a uma
infecção bacteriana (piodermite) e fúngica; resultado de afecções parasitárias:
sarna (sarcóptica), demodécica, queiletielose, trombiculose, pulicose, DAPP,
leishmaniose; ou de origem pouco conhecida: acantose pigmentar, seborréias,
dermatites piotraumáticas.

• Irreversíveis: Podem ser hereditárias:


alopecia congênita do cão, alopecia mutante
de cor (Doberman, Setter, Chow-Chow);
ligadas a um processo necrosante: agente
físico e químico, piodermite profunda, micose
profunda, lúpus eritematoso disseminado ou
discóide, doença de Lyell, de tipo neoplásico.

Dermatite atópica
Trata-se de uma dermatite pruriginosa alérgica, de predisposição hereditária,
causada por alérgenos inalados (pólen, poeiras, escamas). Manifesta-se em animais
com 1 a 3 anos de idade nas raças Terrier, Dálmata, Setter irlandês e Pequinês e
apresenta um caráter sazonal.

Dermatite de contato
É uma reação inflamatória da pele causada pelo contato direto com uma
substância irritante (sabão, detergente, solo, inseticidas, ácidos, alcatrão, gasolina) ou
alergênica (depois de contactos repetidos, ocorre o aparecimento local de uma
dermatite nas regiões de contacto. Ex.: vegetais, lã, tapetes sintéticos, plástico, coleira
inseticida, cobertores).

Dermatite de lambedura
Esta dermatite é causada por lambidela das patas. É típica das grandes raças,
muito ativas, que ficam sós durante o dia.

Dermatite por picada de pulgas (DAPP)


É provocada pela presença
de pulgas na pelagem e cuja picada
leva a uma hipersensibilização do
tegumento do animal à saliva do inseto.
As regiões do pescoço, dorso-lombar,
abdominal e a cauda são as mais
atingidas.

AUXILIAR VETERINÁRIO 24
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Seborréias
Manifesta-se sob a forma de uma afecção cutânea caracterizada por uma
produção anormal de sebo pelas glândulas sebáceas dos folículos pilosos e
escamação exagerada. Muitas vezes é secundária a uma dermatose (demodicose,
sarna). Pode ser primária nos Cockers, Épagneuls, Terriers ingleses e Pastores
alemães. Com freqüência, há um desequilíbrio hormonal (genital na fêmea) que é a
causa determinante.

Principais sintomas: Aspecto gorduroso e escamoso da pele. Odor de ranço


característico. Prurido ausente a moderado. Evolução crônica, podendo complicar-se
por uma infecção bacteriana ou parasitária.

As sarnas
A sarna do cão é uma doença de pele causada por um
pequeno ácaro microscópico chamado Sarcoptes Scabiei. O parasito
'cava' túneis nas camadas mais profundas da pele causando intensa
coceira, o sintoma mais conhecido da sarna tanto em humanos como
em animais. Mas é claro que nem todo prurido (coceira) significa
sarna.

Os ácaros penetram na
camada mais profunda da epiderme,
denominada germinativa,
responsável pela regeneração da
pele, perfurando-a e revestindo-a
com queratina, fazendo com que se
crie uma parede cornificada,
provocando assim esfoliação das
camadas superiores. Novas
camadas de camada córnea são
geradas em reação defensiva frente
aos ácaros, Como resultado há
uma maior vascularização da
epiderme com conseqüente rubor e
calor, que se detecta como uma
inflamação.

Os parasitos carregam consigo germes que são os causadores das infecções


secundárias que se estabelecem no local, e que põe em alerta as defesas naturais do
organismo do cão, que passa a combater não apenas um invasor parasita, mas
também a bactéria ou fungo, o que complica ainda mais o quadro clínico.

Além da coceira, que pode ter tão intensa que faça com que o animal pare de
comer pelo estresse, a sarna causa perda de pêlos, descamações e crostas na cabeça,
orelhas e patas, podendo alastrar-se para todo o corpo do animal, se não for tratada.

AUXILIAR VETERINÁRIO 25
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE
No gato, a sarna é causada por um outro ácaro, o Notroedis cati. Os sintomas
são praticamente os mesmos que nos cães, porém, encontramos lesões principalmente
na cabeça e orelhas.

O ácaro pode também infestar


outras espécies como o cão, o coelho, o
burro e ainda o Homem. A sarna
notoédrica é altamente contagiosa, quase
sempre por contacto direto. À semelhança
do Sarcoptes scabiei (sarna canina), este
ácaro resiste alguns dias no ambiente fora
do hospedeiro. Desta forma, as camas e os
utensílios de limpeza (escovas, pentes,
tosquiadoras...) podem ser fontes de
contágio.

Os animais podem pegar sarna no contato direto com outros cães ou gatos
doentes, ou pelo contato indireto através de cobertores, roupinhas, toalhas, escovas,
etc., contaminados. Por isso, no tratamento da doença, é importante não apenas tratar
o animal, mas também os objetos usados por ele, lavando-os com água quente e, se
possível, passando a ferro em temperatura alta.

A escabiose não deve ser confundida com demodicose ou "sarna negra". Essa
última é causada por outro agente, o Demodex canis, não é transmissível de um animal
para outro, mas sim da mãe para o filhote. Enquanto a escabiose pode ser tratada, a
sarna negra não tem cura, mas controle.

Caso não seja devidamente tratada, além de


causar queda de pêlos generalizada, pode levar à
morte, pela infecção secundária que se estabelece na
pele do animal causada por entidades patogênicos
encontradas inclusive na terra ou pelagem dos próprios
animais, agravada ainda pela comichão intensa que
provoca, levando a escoriações causadas pelas unhas
do próprio animal.

A sarna demodécica não é contagiosa para o


homem, não havendo necessidade de maiores cuidados
por parte das pessoas que com o animal doente tenham
tido contato.

Uma dúvida freqüente é sobre a possibilidade dos animais passarem a sarna


para o homem. Embora exista um tipo de ácaro da escabiose para cada espécie (cães,
gatos, homem, etc.), a sarna dos animais pode, eventualmente, contaminar as pessoas
também. As lesões de sarna no ser humano se manifestam como pontos avermelhados

AUXILIAR VETERINÁRIO 26
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

nos braços e tórax, justamente as áreas onde as pessoas têm contato direto com os
animais quando os carregam. A coceira é o sintoma característico e esse tipo de sarna
no homem tem tratamento fácil, na maioria das vezes.

Para diagnosticar a sarna é preciso raspar as lesões da pele do animal,


especialmente as áreas com descamações. Ao microscópico, esse raspado de pele irá
revelar ácaros ou seus ovos. Muitas vezes as lesões da pele e o histórico são tão
característicos de sarna que nem é necessário o exame. Porém, a escabiose pode ser
confundida com algumas dermatites que também causam coceira, como as alergias.
Assim, antes de iniciar um tratamento contra sarna, o veterinário deve ser consultado
para confirmar se realmente trata-se dessa doença.

As micoses
Alguns tipos de fungos são os causadores de micoses, tanto no homem quanto
nos animais. Esses fungos podem viver no solo, nas plantas ou na pele.

Mesmo sendo tão facilmente encontrados, os fungos só irão causar micoses na


presença de condições especiais como baixa resistência do organismo. Assim, numa
mesma casa com vários animais, um deles pode apresentar micose em vários locais do
corpo e os outros não.

A micose mais conhecida e comum nos animais é causada por um fungo


denominado Microsporum. Popularmente, essa micose é conhecida por "tinha". Ela é
transmissível ao homem, porém, da mesma maneira que nos animais, a pessoa só
será afetada se estiver numa condição de baixa resistência.

Cães e gatos podem apresentar micose em


qualquer local da pele. Ela se inicia com uma crosta que,
ao ser retirada, revela uma lesão arredondada, sem
pêlos, em formato moeda (pode ser irregular também).
As micoses de pele geralmente não causam coceira,
porém, alguns animais desenvolvem alergia ao fungo e
passam a coçar e morder o local afetado. O diagnóstico
é feito pelo aspecto da lesão e/ou por raspados de pele
que vão revelar a existência de fungos.

No caso de uma lesão isolada, o tratamento é feito com cremes ou pomadas


aplicadas no local (tópicas). Mas há animais que apresentam lesões espalhadas pelo
corpo todo. Nesses casos, e nas vezes em que só a medicação tópica não foi
suficiente, fazemos uso dos antimicóticos por via oral. Normalmente as micoses são
tratadas com facilidade e os pêlos começam a crescer em 15 ou 20 dias. Casos
resistentes requerem a mudança de tratamento, associação de medicamentos por via
oral ou cultura de fungos. Animais que constantemente apresentam micoses podem
recorrer a vacinas específicas.

AUXILIAR VETERINÁRIO 27
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 7 O sistema nervoso


O sistema nervoso recolhe as informações provenientes
do exterior ou produzidas pelo organismo, o que se dá o nome
de estímulos. Liberta também impulsos que vão determinar a
contração dos músculos voluntários e involuntários (os músculos
do esqueleto que controlam os movimentos e os que fazem parte
das vísceras, a secreção das glândulas).

O sistema nervoso é composto por células exclusivamente


nervosas, os neurônios e células de suporte que as envolvem e
que formam a neuróglia.

Os neurônios podem funcionar como receptores quando


recebem um estímulo, ou emissores quando enviam impulsos
nervosos, ou ainda atuar em associação quando estabelecem
uma relação entre dois neurônios diferentes.

As diferentes fibras nervosas caracterizam-se pela sua excitabilidade e


condutividade. A velocidade de condução da periferia para o cérebro e vice-versa é
aproximadamente de 30 m/segundo. Os reflexos consistem numa transformação direta,
através do sistema nervoso geral, de uma informação sensitiva externa ao sistema
nervoso para o interior, numa informação motora, secretora ou inibidora, que parte do
sistema nervoso até ao órgão implicado no reflexo em causa; tudo isto se processa
num espaço de tempo relativamente curto.

O sistema nervoso central


É composto pelo cérebro, cerebelo, bolbo
raquidiano (na cavidade craniana) e espinal-
medula. Para além da proteção óssea que o
envolve, o sistema nervoso central está recoberto
por três membranas: a dura-máter, em contacto
com o osso, o aracnóide e a pia-máter em
contacto direto com o tecido nervoso. Esta
proteção que funciona tanto em relação a
choques como a agressões internas (existe uma
"barreira" entre o sangue e as meninges
designada por barreira hematomeníngica
resistente a diversas substâncias) é justificada
pelo fato dos neurônios serem células não
renováveis. Qualquer lesão é assim irreparável.

• No cérebro estão sediados diferentes centros:


motor, sensitivo, visual, auditivo, olfativo e
gustativo. É o centro da memória e da
associação.

AUXILIAR VETERINÁRIO 28
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• O cerebelo é a sede do equilíbrio e da coordenação de movimentos.

• A espinal-medula constitui um importante centro de reflexos, tal como o bolbo


raquidiano (vômito, salivação...) que é também o centro do automatismo respiratório,
cardíaco e dilatador/constritor dos vasos sanguíneos.

A medula espinhal
1. Septo dorsal 9. Coluna dorsal
2. Veio lateral dorsal 10. Coluna ventral
3. Gânglio espinal 11. Funículo
4. Ramo dorsal ventral
5. Ramo ventral 12. Fissura ventral
6. Ligamento denteado 13. funículo lateral
7. Nervo espinal 14. canal central
8. Funículo dorsal 15. coluna lateral

Conformação exterior dos


hemisférios cerebrais

I face lateral esquerda


II face medial

1. Hemisfério cerebral
2. Cerebelo
3. Espinal-medula
4. Pedúnculos cerebrais
5. Fissura pseudo-silviana
6. Sulco rino-lateral
7. Cerebelo
8. Espinal-medula
9. Hipófise

AUXILIAR VETERINÁRIO 29
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

O sistema nervoso periférico


É constituído pela reunião das fibras nervosas em nervos que se ramificam
simetricamente para uma posterior distribuição pelo conjunto do corpo. Conduzem
assim a informação sensível da periferia para os centros de integração do sistema
nervoso central: os nervos sensitivos; ou então transportam os impulsos gerados pelo
sistema nervoso central até ao órgão alvo: os nervos motrizes. Diversos nervos são
mistos e compreendem simultaneamente fibras sensíveis e motrizes.

O sistema nervoso vegetativo


Tem na sua origem uma cadeia de gânglios
nervosos situados de ambos os lados da coluna vertebral.
Controla as funções vegetativas de organismo, cujo
funcionamento não é comandado pelo sistema nervoso
central ou periférico. Subdivide-se em dois sistemas: os
sistemas simpático e parassimpático que possuem ações
opostas, consoante o caso, ativadoras ou inibidoras das
funções de um determinado órgão. Por exemplo, o sistema
parassimpático ativa o trânsito intestinal enquanto que o
sistema simpático o inibe.
O sistema nervoso participa em numerosas
afecções e interações medicamentosas. Os danos podem
ser muito variados e exigem um bom domínio do tema.

As convulsões
O termo convulsão refere-se ao distúrbio paroxístico
(ataque súbito) involuntário do cérebro, geralmente
manifestando-se como uma atividade muscular
descontrolada. Epilepsia refere-se à recorrência ou
repetição das convulsões, particularmente se a causa
fundamental não pode ser identificada (epilepsia
idiopática). As convulsões caracteristicamente são não
precipitadas, estereotipadas e cessam espontaneamente.

Portanto, a epilepsia é uma enfermidade funcional


do cérebro caracterizada por convulsões tônico-clônicas,
periódicas, recorrentes geralmente de breve duração e
aparentemente similar à epilepsia do homem. A epilepsia
idiopática foi descrita em muitas espécies, mas com
grande freqüência nos cães, principalmente nas raças
Cocker Spaniel , Beagle, Pastor Alemão, Setter Irlandês,
etc.

Animais com epilepsia freqüentemente tem uma

AUXILIAR VETERINÁRIO 30
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

história de nervosismo e desorientação antes da convulsão. Esta fase pré-ataque é


seguida pelas próprias convulsões, que normalmente duram de 1 a 2 minutos e se
caracterizam pela perda ou perturbação da consciência, pelo olhar fixo, pela alteração
do tono muscular, movimentos dos membros (tonico-clonicos) e alguns animais
também apresentam micção, evacuação e salivação. As convulsões podem começar
no primeiro ano de vida do cão, mas com maior freqüência no segundo ano.

O local de origem das convulsões no cérebro é chamado de foco das


convulsões sendo que elas podem ser amplamente divididas em dois grupos: nas
ormas generalizadas e focal (parcial).

Exercícios
1. Cite e explique os diferentes sistemas nervosos

2. Qual sistema nervoso é responsável pelos ataques


convulsivos: o central, o periférico ou o vegetativo?
Por que?

Aula 8 O sistema circulatório


Entende-se por circulação sanguínea o estudo dos vasos (veias e artérias) e do
coração, não só no plano anatômico como também fisiológico. A circulação linfática é o
sistema de drenagem que auxilia a circulação geral.

Na seqüência de um desenvolvimento normal, o


eixo do coração do cão deve apresentar-se oblíquo em
relação ao eixo do corpo, situando-se o coração mais
à esquerda do que à direita. O coração é achatado
transversalmente, o lado direito em posição cranial
(em direção à dianteira do cão) e o lado esquerdo em
posição caudal (em direção à traseira). Assim, a base
do coração onde estão situados os vasos é
simultaneamente cranial e dorsal, enquanto que o
ápice é caudal e ventral. A sua área de inserção situa-
se entre a 3° e a 6° costela e o peso varia
consideravelmente em função da raça do cão.

AUXILIAR VETERINÁRIO 31
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

6. Ponta do coração
1. 3° costela 7. Ponta do cotovelo
2. 6° costela 8. Válvula tricúspide
3. Orifício aórtico 9. Orifício aórtico
4. Orifício pulmonar 10. 3° costela
5. Orifício átrio-ventricular esquerdo

O coração
Divide-se em quatro grandes compartimentos: o átrio direito que recebe o
sangue pobre em oxigênio e envia-o para o ventrículo direito, que o expele em direção
aos pulmões; o átrio esquerdo que recebe o sangue dos pulmões rico em oxigênio,
envia-o para o ventrículo esquerdo que por sua vez o expele para as diferentes zonas
do corpo. No adulto o coração é totalmente compartimentado, não se verificando a
mistura entre os sangues rico e pobre em oxigênio, a passagem pelos diferentes
compartimentos processa-se graças a válvulas que formam um sistema de “portas”.

Coração do cão face


auricular

1. Ventrículo direito
2. Tronco pulmonar
3. Aurícula direita
4. Veia cava cranial
5. Aorta
6. Veia cava caudal
7. Aurícula esquerda
8. Ventrículo esquerdo

AUXILIAR VETERINÁRIO 32
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Os batimentos cardíacos
Os batimentos cardíacos processam-se segundo um ciclo bem definido. Graças
à fraca pressão do retorno venoso e à abertura das válvulas átrio-ventriculares, os
ventrículos enchem-se passivamente (estando as válvulas arteriais fechadas),
seguidamente a contração dos átrios completa o enchimento: a sístole auricular (ou
atrial). Segue-se a sístole ventricular, o ventrículo encontra-se no ponto máximo de
enchimento, a pressão intraventricular aumenta, provocando o fechamento das
válvulas átrio-ventriculares no início da contração dos ventrículos. Esta contração vai
adquirindo cada vez maior intensidade até ao ponto em que a pressão intraventricular
passa a ser superior à pressão das artérias, desencadeando assim a abertura das
válvulas arteriais. Finalmente, os músculos cardíacos relaxam permitindo o
encerramento das válvulas arteriais: a fase de relaxamento. Os átrios voltam a encher-
se, as válvulas átrio-ventriculares abrem-se, os ventrículos enchem-se e tem início um
novo ciclo.

De fato, durante a auscultação com


estetoscópio, o clínico apenas percebe os
ruídos provocados por estas diferentes fases. Os
batimentos cardíacos traduzem-se no cão por dois
sons: "bum" - pequeno silêncio – "ta" -
grande silêncio. O "bum" corresponde a
um som longo uma vez que a sua origem é
múltipla: encerramento das válvulas átrio-
ventriculares, entrada do sangue sob pressão nos
ventrículos e entrada turbulenta do sangue na raiz dos
troncos arteriais mais grossos. O "ta" corresponde a um
som mais breve uma vez que a sua origem é única: o fecho das
válvulas arteriais. Ao nível do cão, qualquer ruído suplementar pode ser considerado
patológico. No entanto, graças à utilização de métodos recentes tais como a
eletrocardiografia ou a ecocardiografia, os batimentos cardíacos podem ser estudados
com maior rigor. A sua interpretação é bastante complexa e deve ser entregue a
especialistas.

Finalmente, podemos interrogar-nos


sobre a proveniência do ritmo cardíaco. De
fato, na parede muscular existem 3 tecidos,
denominados nodais, compostos por células
que podem despolarizar-se lenta e
espontaneamente, dando origem a um
potencial de ação que se propaga a todas as
células cardíacas, provocando assim a
contração do coração. É o tecido nodal situado
ao nível dos átrios que impõe o seu ritmo,
desempenhando assim a função de “marca-
passo” do coração.

AUXILIAR VETERINÁRIO 33
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Esquema geral da circulação

1. Capilar da cabeça 11. Canais linfáticos do corpo


2. Veia cava cranial 12. Veia porta
3. Tronco braquio-cefálico 13. Capilar do fígado
4. Aorta 14. Veias sub-hepáticas
5. Tronco pulmonar 15. Canal torácico (linfa)
6. Veias pulmonares 16. Veia cava caudal
7. Capilar dos pulmões 17. Ventrículo esquerdo
8. Tronco celíaco e mesentérico 18. Ventrículo direito
9. Capilar das vísceras 19. Aurícula esquerda
10. Capilares do corpo 20. Aurícula direita

O ritmo cardíaco pode ser modificado por diferentes fatores, quer externos
(percepção de um objeto estressante...) quer internos, possuindo uma ação sobre os
trajetos nervosos compostos por fibras aceleradoras ou moderadoras. De igual forma, o
pulmão e os gases sanguíneos vão influir na freqüência cardíaca por meio de
baroreceptores situados na curva aórtica. O excesso de oxigênio conduz à diminuição
do ritmo cardíaco enquanto que o excesso de gás carbônico possui um efeito
acelerador.

Aula 9 As artérias e veias


O coração desempenha apenas o papel de propulsor mas são os vasos
sanguíneos que transportam o sangue até aos órgãos. Do ponto de vista anatômico,
designam-se por artérias os vasos que saem do coração (quer o sangue seja rico ou

AUXILIAR VETERINÁRIO 34
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

pobre em oxigênio) designando-se por veias os que regressam ao coração. Estas


últimas comportam pequenas válvulas que proporcionam ao sangue uma pressão fraca
mas indispensável à circulação. É por este motivo que, quando se corta uma artéria o
sangue jorra em jatos, enquanto que no caso de uma veia o derrame se processa de
forma contínua.

A aorta, grande artéria cujo sangue se apresenta enriquecido em oxigênio, parte


da zona esquerda do coração em direção à zona anterior do animal. Curva-se
rapidamente, formando o arco da aorta, tomando então a direção da zona posterior.
Imediatamente antes da curvatura, encontra-se o início do tronco braquiocéfalico (que
vasculariza a cabeça e os membros anteriores) assim como a artéria subclávia
esquerda com destino ao tórax. Seguidamente a aorta passa pelo abdome para irrigar
todos os órgãos e membros posteriores através da ramificação em artérias
progressivamente de menor calibre.

AUXILIAR VETERINÁRIO 35
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

As veias no cão
1. Veia caudal 13. V. auricular 24. V. cava caudal
2. V. ilíaca interna 14. Glândula parótida 25. V. hepática
3. V. sacral lateral 15. V. do olho, do nariz e 26. V. porta
4. V. testicular dos lábios 27. V. hepigástrica
5. V. renal 16. Glândula mandibular 28. V. dorsal da glande
6. V. porta 17. V. facial 29. V. safena interna
7. V. intercostal 18. V. jugular externa 30. V. metatarsiana
8. V. cava cranial 19. V. axilar 31. V. safena lateral
9. V. costocervical 20. V. do coração 32. V. poplitea
10. V. cervical profunda 21. V. torácica interna 33. V. fémural
11. V. vertebral 22. V. cefálica 34. V. ilíaca externa
12. V. jugular interna 23. V. metacarpiana 35. V. pudenda interna

As artérias do cão
11. A. ilíaca interna 22. A. axilar
1. Artéria temporal 12. A. sacral 23. Tronco costo-
2. A. auricular 13. A. pudenda interna cervical
3. A.cervical 14. A. tibial 24. A.tiroidiana
4. A. escapular dorsal 15. A. safena 25. A.carótida
5. A. torácica 16. A. femoral comum
6. A. intercostal 17. A. média 26. A.vertebral
7. A.celíaca 18. A.antebraquial 27. A. carótida
8. A. mesentérica cranial 19. A. braquial externa
9. A. lombar 20 e 21.A. torácicas 28. A. facial
10. A. ilíaca externa

AUXILIAR VETERINÁRIO 36
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Uma vez chegado ao músculo ou ao órgão, a artéria divide-se num feixe de


arteríolas, artérias que permitem a distribuição do oxigênio e que em troca retiram o
dióxido de carbono. O sangue volta a sair por vênulas que confluem numa veia de
pequeno calibre. Todas estas pequenas veias partem então em direção à veia cava
cranial na zona anterior do corpo ou à veia cava caudal na zona posterior. Estas duas
veias trazem o sangue de volta ao lado direito do coração que o propulsiona
seguidamente, através do tronco pulmonar, em direção aos pulmões onde o sangue se
liberta do gás carbônico. Regressa ao coração pelas veias pulmonares para retomar a
aorta: e o círculo encerra-se.

A circulação linfática do cão e do gato


Trata-se de um sistema de drenagem que retira a linfa da circulação geral
(sanguínea). Os vasos são igualmente valvulados aglomerando-se com intervalos
reduzidos para atravessar a linfa em dois grandes troncos coletores: o ducto torácico e
o ducto linfático direito. Os vasos em si são pouco visíveis, no entanto são facilmente
detectáveis os linfonodos linfáticos (ou gânglios) que filtram a linfa da mesma região. O
seu número é relativamente considerável, alguns são superficiais e palpáveis, outros
profundos (nas grandes cavidades) e apenas podem detectados por via da radiologia
ou ecografia. Na maioria dos casos a sua hipertrofia reflete uma inflamação ao nível da
região de drenagem, razão que justifica a importância da palpação durante o exame
clínico. Trata-se também de um local de passagem privilegiado das células
cancerígenas ao transitar de um órgão para outro, explicando-se assim que se proceda
a extirpação dos gânglios quando se faz a ablação de um tumor para limitar a extensão
da doença.

Sistema linfático do cão

1. Troncos lombares
2. Tronco visceral
3. Tronco traqueal
4. Tronco torácico
5. Tronco bronco-mediastinal

AUXILIAR VETERINÁRIO 37
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Gânglios linfáticos da cabeça

1. Gânglios linfáticos retrofaríngeos laterais


2. Gânglio linfático retrofaríngeo medial
3. Gânglio linfático mandibular
4. Gânglio linfático parotídeo

Gânglios linfáticos clinicamente exploráveis

1. Gânglios linfáticos axilares acessórios


2. Gânglios linfáticos axilares
3. Gânglio linfático cervical superficial ventral
4. Gânglios linfáticos cervicais superficiais dorsais
5. Gânglio linfático retrofaríngeo medial
6. Gânglios linfáticos mandibulares
7. Gânglio linfático parotídeo
8. Gânglio linfático retrofaríngeo lateral
9. Gânglios linfáticos mediastínicos craniais
10. Gânglios linfáticos mesentéricos craniais
11. Gânglio linfático poplíteo superficial
12. Gânglio linfático inguinal superficial.

Afecções cardíacas de cães e gatos


Cardiomiopatia dilatada
As cardiomiopatias referem-se às afecções
do miocárdio (músculo cardíaco) e são
frequentemente de origem desconhecida. A
cardiomiopatia dilatada é caracterizada por uma
dilatação dos ventrículos, agravada por uma
diminuição das capacidades contrácteis do
coração, que levam a uma falha na ejeção do
sangue. Atinge principalmente os cães adultos de
grande porte, especialmente das raças
Doberman, Boxer e Cocker.

De surgimento rápido nos cães


relativamente jovens (aproximadamente 5 anos),
pode-se suspeitar desta doença quando há o
aparecimento de uma tosse principalmente
noturna cada vez mais forte, dificuldades
respiratórias (aumento da freqüência respiratória,

AUXILIAR VETERINÁRIO 38
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

discordância: não sincronismo dos movimentos respiratórios torácicos e abdominais),


cianose (a língua fica azul) e emagrecimento.

Insuficiência mitral
Pertence às insuficiências cardíacas que acometem a parte esquerda do
coração. A insuficiência cardíaca define-se como uma diminuição da função de
bombeamento do coração provocando o aparecimento de efeitos secundários graves.
No caso de insuficiência mitral, é a válvula mitral entre a aurícula e o ventrículo
esquerdo que se encontra lesada.

O refluxo de sangue no átrio esquerdo leva ao aparecimento de um edema


pulmonar. De acordo com a sua extensão, este edema caracteriza-se por uma tosse
principalmente noturna, depois cada vez mais forte, dificuldades respiratórias visíveis
apenas durante o esforço e depois espontâneas, crises significativas de asfixia,
sintoma de um edema pulmonar agudo, cianose durante o esforço e, nos casos mais
graves, uma síncope. Conforme a gravidade, os exercícios do cão deverão ser
encurtados ou até limitados a saídas higiênicas. Se esta afecção for diagnosticada logo
no início, o tratamento instaurado pelo Médico Veterinário poderá retardar o
agravamento dos sintomas.

O sangue
O sangue é um líquido viscoso, heterogéneo, composto por uma parte líquida –
o plasma – e uma parte globular formada pelos glóbulos vermelhos (hemácias),
glóbulos brancos e plaquetas. Possui uma dupla função: transporte e defesa. Permite o
transporte de:

• Gases respiratórios, como o oxigênio e o


dióxido de carbono;
• Metabólitos celulares;
• Resíduos produzidos pelas células;
• Substâncias que regulam a atividade celular,
como hormônios;
• Calor, entre as zonas de produção e as de
eliminação.

O sangue desempenha também um papel fundamental na defesa do organismo.


Graças às propriedades de hemeostase e de coagulação, as hemorragias são
estancadas em caso de ruptura da parede interna de um vaso sanguíneo. Algumas
células, como os macrófagos, desempenham um serviço de limpeza, removendo todos
os resíduos de origem interna ou invasores externos. Finalmente, o sistema imunitário
permite detectar todos os elementos estranhos "memorizados" e reconhecidos,
eliminando-os com maior eficácia.

AUXILIAR VETERINÁRIO 39
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Os glóbulos vermelhos
Com um formato discóide, os glóbulos vermelhos ou
hemácias contém hemoglobina, uma proteína composta por ferro
e que transporta oxigênio. Caracterizam-se por possuir paredes
muito elásticas, o que lhes permite atravessar os vasos capilares,
por mais estreitos que sejam. O seu tempo médio de vida é de 2
meses. Após a sua destruição por células especializadas, a
hemoglobina transforma-se num pigmento, a hemoglobina
transforma-se num pigmento, a bilirrubina, que por sua vez é
transformada e eliminada através da bílis e urina, o que lhes
confere uma coloração amarela ou verde.

Os glóbulos brancos
Os glóbulos brancos ou leucócitos atuam simultaneamente na limpeza e no
patrulhamento organizado contra os invasores. Com efeito, são compostos por
diferentes tipos celulares especializados que cooperam ativamente na troca
permanente de informações, graças a mensageiros químicos denominados citocinas.
Conseguem detectar todos os elementos estranhos e resíduos, destruindo, envolvendo
e digerindo-os. Estão dotados de uma grande capacidade de aprendizagem - a função
imunitária - que lhes permite reconhecer com maior eficácia um elemento já
anteriormente detectado (antígeno), atacando-o graças à presença de anticorpos
específicos. A vacinação tira partido desta capacidade de memória.

As plaquetas
São pequenas células que entram em atividade logo que surge um elemento
estranho no sangue, ou ao entrarem em contato com o tecido conjuntivo, no local de
uma pequena ruptura vascular. Possuem a capacidade de aderirem a essa área, onde
rapidamente se aglomeram, formando uma espécie de tampão. Simultaneamente, os
vasos contraem-se localmente e a hemorragia é estancada. Este processo é conhecido
por hemostase.

Os elementos do sangue
1. Plaquetas
2. Leucócitos
3. Hemácias

AUXILIAR VETERINÁRIO 40
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Exercícios
1. Explique resumidamente as funções dos glóbulos vermelhos, dos glóbulos brancos e
das plaquetas.

Aula 10 A respiração
A respiração é a função que permite ao organismo fornecer oxigênio às células e
tecidos e, simultaneamente, eliminar o dióxido de carbono (trocas gasosas).

O aparelho respiratório divide-se em duas partes: o aparelho respiratório


superior e o inferior.

Aparelho respiratório superior


É constituído pelas cavidades nasais,
nasofaringe, laringe e traquéia. As cavidades
nasais estão situadas no chanfro e na fronte
do cão e abrem-se para o exterior através das
narinas que, por sua vez, se encontram na
trufa. Dotadas de uma estrutura cartilaginosa,
evidenciam uma boa abertura e permitem a
entrada de ar.

Cavidade nasal do cão


1. Osso nasal
2. Osso incisivo
3. Maxilar
4. Cartilagem lateral
5. Septo nasal

As cavidades nasais e a nasofaringe. As cavidades nasais no seguimento das


narinas são constituídas por cornetos e seios nasais. São separadas por um septo
ósseo médio cujos ossos se apresentam enrolados sobre si mesmos (cornetos). A
mucosa que os recobre é bastante extensa o que permite amplificar o seu papel:

AUXILIAR VETERINÁRIO 41
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

ricamente vascularizada, aquece o ar saturando-o de vapor de água. Além disso, as


glândulas nasais nela contidas segregam um muco que capta as partículas agressivas
do ar (pó, micróbios...). Outra parte da mucosa, a olfativa, permite ao cão a percepção
dos odores. Após a passagem nas cavidades nasais, o ar é encaminhado pelas
coanas, para a nasofaringe situada no final da boca. Encontra-se, agora, a uma
temperatura praticamente idêntica à do organismo e liberto das suas impurezas.

A laringe. O ar prossegue o seu trajeto até aos pulmões pela laringe e traquéia.
A laringe é constituída por quatro cartilagens (cricóide, tiróide, aritenóide e epiglote) e
está ligada aos ossos do crânio pelo osso hióide. Um conjunto de músculos permite a
mobilidade das cartilagens umas em relação às outras. Assim, a laringe abre-se para a
respiração e fecha-se quando o cão deglute evitando a passagem dos alimentos para a
traquéia, caso empreendessem a via errada. Modula, também, o débito de ar fechando-
se em maior ou menor grau. A laringe comporta, também, as cordas vocais que vibram
por meio da passagem de ar, emitindo sons: rosnados, latidos.

A traqueia. É um tubo comprido constituído aproximadamente por 40 anéis


cartilaginosos fechados por um músculo traqueal. Conduz o ar da laringe (na garganta)
até aos brônquios (no tórax). A contração do músculo traqueal diminui o diâmetro da
traquéia, modulando consequentemente o débito de ar ou evitando a sua dilatação
excessiva em caso de tosse, por exemplo.

O aparelho respiratório inferior


É composto pelos brônquios e pulmões situados no interior da cavidade torácica
da qual se encontram separados pela pleura. O tórax do animal está delimitado,
lateralmente pelas costelas e, na zona posterior, pelo diafragma. Os pulmões estão
separados da parede costal pela pleura que define a cavidade pleural. Mantém-se,
assim, sempre cheios de ar. Os pulmões do cão estão divididos em 7 lobos: 3 à
esquerda (lobo apical, médio e diafragmático) e 4 à direita (lobo apical, médio e
diafragmático e acessório).

Esquema geral do aparelho


respiratório do cão

1.Cavidade nasal
2. seios nasais
3. Coana
4. Faringe
5. Laringe
6. Esôfago
7. Traquéia
8. Terminação da traquéia
9. Bordo basal do pulmão esquerdo
10. Projeção do diafragma
11. Pulmão esquerdo

AUXILIAR VETERINÁRIO 42
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Os brônquios dividem-se e asseguram a condução do ar até aos alvéolos


pulmonares: o número de brônquios é idêntico ao dos lóbulos pulmonares. Dividem-se,
seguidamente, em bronquíolos de calibre progressivamente menor.

Os pulmões são, também,


amplamente vascularizados de forma a
permitir as trocas de oxigênio e dióxido de
carbono (hematose) numa grande
superfície.
A hematose

A hematose designa o conjunto de


trocas gasosas entre o ar alveolar e o
sangue. Resulta de fenômenos puramente
passivos, envolvendo os gradientes da
pressão parcial dos gases entre o ar e o
sangue. O oxigênio, mais concentrado
nos alvéolos do que no sangue, passa do
ar para o sangue. O dióxido de carbono
segue o caminho inverso. A única forma
que o animal tem de agir sobre essas
mudanças é fazer variar as pressões
parciais, modificando o débito de
ventilação. Qualquer aumento do débito
de ventilação (hiperventilação) acelera a
renovação do ar alveolar, aumentando as
trocas gasosas. Os receptores localizados
nas artérias carótidas e na aorta analisam
permanentemente a composição do
sangue arterial, adaptando a ventilação a
qualquer variação, de forma a manter sempre os mesmos níveis de pressão parcial de
oxigênio e dióxido de carbono.

Afecções respiratórias
A broncopneumonia

É uma inflamação purulenta dos bronquíolos e dos alvéolos


pulmonares adjacentes. Conduz à produção de toxinas e a uma
impossibilidade de drenagem pelos bronquíolos, que são
destruídos.

Principais sintomas: Dificuldades respiratórias com aumento


da freqüência respiratória; sopro labial (os lábios levantam-se
quando o cão expira); pequena tosse curta, dolorosa e violenta,
febre com hipertermia irregular e abatimento acentuado, eventual
afecção cardíaca.

AUXILIAR VETERINÁRIO 43
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

O estado geral do cão requer uma consulta veterinária. Evitar as atmosferas


secas e as mudanças bruscas de temperatura que agravam as dificuldades
respiratórias. Da mesma forma, é preferível fracionar a ração do cão, ou seja aumentar
o número de refeições diminuindo as quantidades. Isto permitirá melhorar o estado
geral de saúde. Se o cão ficar muito tempo deitado, é preciso virá-lo de vez em quando
para evitar a estagnação dos líquidos no mesmo lado dos pulmões.

A paralisia de laringe
É uma diminuição do orifício da laringe, que provoca dificuldades respiratórias e
uma respiração ruidosa. A intensidade dos sintomas varia caso a paralisia atinja um
lado da laringe (cão de guarda preso, cirurgia) ou os dois (Bouviers, Bull-Terriers,
animais idosos braquicéfalos, origem neurológica). Em alguns casos basta uma
intervenção cirúrgica para obter resultados.

Aula 11 O sistema digestivo


Graças à digestão, o animal dispõe de nutrientes (moléculas diretamente
utilizáveis pelas células) enquanto ingere alimentos com uma natureza molecular
demasiado complexa para serem simultaneamente absorvidos pelo intestino e
utilizados pelas células. Por conseguinte, o tubo digestivo do cão e do gato está
totalmente direcionado para a simplificação molecular dos alimentos (carboidratos,
lipídeos, proteínas) e a absorção dos nutrientes. Divide-se em três seções anatômicas:
a primeira – ingestiva - é formada pela língua, dentes, glândulas salivares, faringe e
esôfago; a segunda – digestiva - compreende o estômago, intestino delgado, intestino
grosso e as glândulas anexas (fígado e pâncreas); a terceira - evacuação - engloba a
extremidade do intestino grosso e o canal do ânus.

A ingestão dos alimentos


• A boca. O cão abocanha os alimentos para
seguidamente os ingerir. Tal como todos os
carnívoros, os dentes dos canídeos possuem um
papel específico em termos da mastigação.
Atualmente, quer a alimentação do cão seja caseira
ou industrial, o animal limita-se a engoli-la sem ter
de efetuar uma pré-mastigação mecânica. As
glândulas salivares - em número par - libertam a
saliva na cavidade bucal; os seus componentes
aquosos e mucosos humidificam os alimentos e
facilitam o seu trânsito no esôfago. No momento da
deglutição, a língua empurra os alimentos em
direção à orofaringe, a epiglote fecha-se (evitando
assim que estes transitem para a traquéia) e os
alimentos são conduzidos para o esôfago.

AUXILIAR VETERINÁRIO 44
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• O esôfago. A chegada da refeição e as contrações musculares do esôfago conduzem


os alimentos através do tórax e diafragma até ao estômago passando por uma região
deste último designada por cárdia.

A digestão do alimento

Os alimentos são constituídos por três tipos de moléculas: os glicídios, as


proteínas e os lipídios. A digestão de cada um destes grupos implica a atividade de
mecanismos e enzimas diferentes situados em lugares distintos do tubo digestivo. Será
interessante referir, neste ponto, as diferenças que se prendem com o formato do cão:
assim, o tubo digestivo de um cão de raça pequena representa 7% do seu peso
corporal, este valor é aproximadamente 3% no caso de um cão de raça grande,
circunstância que o torna globalmente mais “frágil” do ponto de vista digestivo.

Disposição geral do aparelho digestivo do cão


1. ânus 10. Molares
2. Reto 11. Caninos
3. Cólon descendente 12. Língua
4. Estômago 13. Traqueia
5. Fígado 14. Diafragma
6. Cárdia 15. Piloro
7. Esôfago 16. Intestino delgado
8. Glândula mandibular 17. Duodeno
9. Parótida

AUXILIAR VETERINÁRIO 45
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• O estômago. Situa-se na zona esquerda da cavidade abdominal, por trás das


abas costais, ultrapassando ligeiramente o esterno. O seu volume é considerável
comparativamente ao do intestino devido ao regime alimentar carnívoro do cão.

Quando o animal termina a refeição, o seu volume aumenta: totalmente dilatado,


pode chegar a ocupar metade da cavidade abdominal. No estômago, os alimentos são
submetidos a uma digestão simultaneamente mecânica e química. As contrações das
túnicas musculares produzem uma agitação que dá origem à mistura dos alimentos
com o suco gástrico, verificando-se, então, uma importante digestão química.

• O intestino delgado. O quimo (alimentos parcialmente digeridos) é


seguidamente propulsionado pelo piloro em direção ao duodeno, a primeira parte do
intestino delgado. No entanto, o intestino é frágil e o esvaziamento gástrico processa-
se lentamente, controlado, simultaneamente, pelo piloro e pela zona inicial do duodeno.

• As glândulas digestivas. O conjunto do bolo digerido transita, então, para o


intestino delgado onde é submetido à seqüência da digestão química por intermédio
das secreções pancreáticas e hepáticas libertadas no duodeno pelos canais
secretores.

• O pâncreas. E um órgão bastante


alongado, em forma de "V", nos carnívoros. Esta
glândula é constituída por um conjunto de células
denominadas ácinos, que produzem e libertam as
enzimas digestivas no canal pancreático: o suco
pancreático. Esta secreção ocorre apenas durante
as refeições. As enzimassão libertadas sob uma
forma inativa (caso contrário destruiriam os
órgãos que atravessassem!) sendo ativadas
posteriormente através de processos químicos
que ocorrem no intestino. Estas enzimas são,
assim, as precursoras das proteases, lipases e
amilases. O suco pancreático é, também,
constituído por bicarbonatos que permitem
neutralizar o conteúdo do intestino acidificado
pelo estômago.

• O fígado é um órgão com múltiplas funções, entre as quais a digestiva. Situa-se


por trás do diafragma, do lado direito. As células do fígado estão organizadas em lobos
hepáticos. A bílis segregada é expelida através dos canais biliares, conducentes à
vesícula biliar, onde a bílis se encontra armazenada fora das refeições. Assim, a
segregação da bílis é contínua ao longo do dia. Quando o quimo atinge o duodeno, a
vesícula contrai-se e provoca a descarga biliar. A bílis entra, assim, em contacto com
os alimentos pré-digeridos no duodeno. A bílis é constituída por água, sais minerais,
pigmentos biliares e sais biliares. Os pigmentos biliares não possuem qualquer função
na digestão (são produtos de degradação da hemoglobina) e são, efetivamente,

AUXILIAR VETERINÁRIO 46
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

excretados pelo tubo digestivo. Pelo contrário, os sais biliares possuem um papel
fundamental na digestão dos lipídios.

• A flora digestiva. O intestino do cão, tal como o de qualquer espécie animal,


possui uma microflora importante constituída por microorganismos essencialmente
bacterianos que participam ativamente nos fenômenos da digestão. Esta flora intestinal
é extremamente sensível a variações em termos da qualidade alimentar (o cão é um
carnívoro) o que explica que, contrariamente ao homem (que é onívoro), a alimentação
do cão não deva ser alterada a cada refeição sob pena de provocar a destruição da
flora intestinal e a ocorrência de diarréias.

Este fenômeno justifica:


- a necessidade imperiosa de se respeitar uma fase de transição alimentar de 8 dias,
sempre que se proceda à alteração da alimentação,

- o fato de determinadas bactérias lácteas incorporadas na alimentação evidenciarem


propriedades digestivas muito positivas para o animal (referimo-nos aos "probióticos").

A digestão dos nutrientes


• A digestão dos glucídios. Os glicídios estão presentes na alimentação sob diversas
formas caracterizadas por um grau de maior ou menor complexidade. A molécula de
base tem a designação ose: glicose, frutose, por exemplo. As outras moléculas
constituem um encadeamento destas oses. O amido é, por conseguinte, uma enorme
molécula constituída por uma grande quantidade de moléculas de glicose.

A digestão dos glicídios simplifica as grandes


moléculas para assim facilitar a sua absorção. Algumas
enzimas participam nesta reação química: são amilases
produzidas pelas glândulas salivares (em pequena
quantidade) e pelo pâncreas. A simplificação dos glicídios
processa-se majoritariamente no intestino delgado.

• A digestão dos lipídios. Os produtos da digestão dos


lipídios são os triglicérides. Estas moléculas são digeridas
graças à lípase pancreática (enzima específica dos lipídios)
e aos sais biliares do fígado. Estes últimos formam uma
emulsão com os triglicérides aumentando, assim, o contato
com as lipases. Estas hidrolisam parcialmente os lipídios
para dar origem às microparticulas de lipídios.

• A digestão das proteínas. As proteínas são cadeias mais


ou menos importantes de aminoácidos. Apenas estes
últimos são passíveis de ser absorvidos: algumas enzimas em condições específicas
permitem a simplificação das moléculas.

AUXILIAR VETERINÁRIO 47
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

No estômago, a acidez e as proteases (enzimas específicas das proteínas) do


suco gástrico dão início à digestão das proteínas que prossegue no intestino por ação
das proteases pancreáticas.

A absorção dos nutrientes


• O intestino é o local onde se processa a maior parte da digestão e a absorção dos
nutrientes. Forma curvas que se distribuem pela cavidade abdominal: mede seis vezes
o comprimento do corpo do cão e apresenta-se dobrado no abdome. O conjunto das
vísceras abdominais está envolvido pelo omento maior, que permite manter uma certa
topografia constante dos órgãos.

A parede do intestino delgado é constituída por pregas: por conseguinte, a sua


superfície de absorção aumenta. As células que constituem as microvilosidades
(últimas pregas da parede a nível celular) não possuem o mesmo papel. As células da
zona inferior segregam, sobretudo, muco e as da zona superior absorvem os nutrientes
digeridos. Além disso, a degradação das células mortas vai libertar outro tipo de
enzimas. Assim como a natureza do quimo, a absorção processa-se
diferenciadamente.

Cavidade abdominal do cão em decúbito


dorsal

1. Fígado
2. Arco costal
3. Estômago
4. Baço
5. Cólon descendente
6. Parte ascendente do duodeno
7. Parede do abdómen
8. Canal deferente
9. Bexiga
10. Zona transversal do duodeno
11. Jejuno
12. Íleo
13. Ceco
14. Cólon ascendente
15. Cólon transverso
16. Pâncreas
17. Zona descendente do duodeno

A evacuação das fezes


AUXILIAR VETERINÁRIO 48
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

As zonas intestinais que se seguem são as


diversas partes do intestino grosso: o ceco, o cólon,
o reto e o ânus.

• O ceco e o cólon O ceco, muito curto,


desempenha o mesmo papel que o cólon. Este
encontra-se dorsalmente sob o lombo. Tem como
função absorver os nutrientes não absorvidos pelo
intestino delgado: que é, sobretudo, o caso da água.
O resto do quimo é parcialmente digerido graças à
flora microbiana intestinal, no entanto, trata-se de
uma ação acessória ao nível do cão; os nutrientes
resultantes são absorvidos, tal como no caso do
intestino delgado. Desempenham também um papel
na formação, armazenagem e evacuação das
matérias fecais, as fezes.

• O reto e o ânus Encontram-se situados na cavidade pélvica. O seu papel consiste


em armazenar as matérias fecais (exatamente como em todos os carnívoros) e
proceder à sua evacuação.

• A defecação A expulsão das matérias fecais processa-se em três fases. A primeira,


essencialmente comportamental, corresponde à procura do local: os cães têm
tendência a afastar-se do local onde vivem. Seguidamente ocorre uma fase de
preparação mecânica: a contração de diversos músculos leva o cão a assumir uma
posição específica. A última, a fase de evacuação propriamente dita resulta de uma
acentuada contração do intestino grosso.

EXERCÍCIOS
1. Explique a seqüência que o alimento percorre até o final da digestão.

2. Explique como ocorre a digestão dos glicídios, dos lipídios e das proteínas.

Aula 12 As patologias do sistema digestivo


O aparelho digestivo inclui o conjunto dos tecidos e dos órgãos encarregados do
destino dos alimentos no organismo. Cada um desses elementos pode ser objeto de
perturbações ou de lesões, cujas repercussões podem ser tanto locais como gerais.

AUXILIAR VETERINÁRIO 49
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

A cavidade bucal
O cachorro possui 32 dentes
quando nasce, que são substituídos por uma dentição definitiva de 42 dentes por volta
dos quatro meses de idade. Os dentes do adulto gastam-se mais ou menos depressa
conforme os hábitos alimentares do cão, mas também conforme as suas brincadeiras.
Por este motivo é de evitar dar-lhe pedras ou brinquedos de materiais duros. Durante o
seu crescimento, os dentes do cão podem ser afetados por diferentes anomalias. Em
primeiro lugar, é freqüente que os primeiros dentes não caiam, especialmente nas
raças pequenas. Estes dentes supranumerários deverão ser extraídos se o cão
manifestar dor durante a alimentação. Inversamente, alguns dentes podem faltar, sem
que isto cause problemas para o comportamento alimentar do cão. Observam-se
também anomalias de posicionamento que perturbam, entre outros, o bom fechamento
da boca. Alguns dentes podem apresentar anomalias de constituição como, por
exemplo, um defeito na qualidade do esmalte.

O cão também sofre com freqüência de abscessos ou fístulas. Embora


excepcionalmente, também pode haver a formação de cáries, como nos seres
humanos. Em todos os casos, somente o Médico Veterinário poderá avaliar a
necessidade de uma extração ou de um tratamento dentário. Porém, a afecção mais
comum encontrada no cão ainda é o aparecimento de tártaro. A boca do animal emite
um odor nauseabundo característico, denominado halitose. Além disso, o tártaro
provoca lesões graves nos dentes e nas gengivas que podem levar à perda dos
dentes. O animal sofre bastante e não consegue alimentar-se. Nesta fase , só a
extração de alguns dentes, ou até de todos eles, irá aliviar o cão. Por este motivo, é
necessário verificar o estado dos dentes e remover o tártaro regularmente.

Do conjunto das lesões mais freqüentes


encontram-se as rânulas. Trata-se da formação
de uma bolsa de saliva entre o maxilar e o lábio,
em resposta a uma obstrução dos canais das
glândulas salivares. De acordo com a natureza
da obstrução e o tamanho da retenção de
líquido, o Médico Veterinário decidirá ou não
praticar a exérese das glândulas salivares. Por
vezes, estas lesões podem ser observadas ao
nível do pescoço e, neste caso, são sinais de
uma obstrução alta no trajeto salivar.

O esôfago

AUXILIAR VETERINÁRIO 50
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Há três categorias de perturbações que podem afetar este tecido mole. Em


primeiro lugar, uma dilatação do esôfago, que pode ser generalizada e, neste caso,
corresponde a um megaesôfago, ou localizada em divertículo, constituindo um papo
esofágico. O megaesôfago pode ser congênito ou adquirido. A sua origem precisa
ainda é pouco conhecida. O papo esofágico indica a existência de um obstáculo no
trajeto do esôfago. Conforme a idade do animal, poderá estar relacionado com uma má
formação congênita, um corpo estranho ou um tumor. Os sintomas observados são
dificuldades de deglutição e regurgitação do bolo alimentar. O cão emagrece e
enfraquece progressivamente. O diagnóstico desta afecção passa por um exame
radiológico que permitirá, entre outros, determinar o prognóstico com precisão.

O segundo tipo de afecção do esôfago


corresponde aos estados inflamatórios. As
esofagites têm duas origens principais: a ingestão
de produtos cáusticos e o refluxo de sucos
gástricos. Alguns corpos estranhos contundentes
também podem ser responsáveis por este
problema. O cão manifesta uma hipersalivação,
dificuldade em deglutir e recusa a alimentação. A
esofagite é uma perturbação secundária e é
importante determinar a sua causa por meio de
exames adequados.

Finalmente, o esôfago pode ser perfurado


por um corpo estranho, especialmente ossos de
frango. Conforme a sua localização, as
conseqüências são variáveis, desde simples ferida
à perfuração de um pulmão. Em geral, o cão
manifesta incomodo e dor. Tenta vomitar e tossir de
maneira contínua.

O estômago
O sintoma característico de uma afecção gástrica é o vômito que ocorre nos
minutos ou horas depois da refeição. Entre as afecções mais clássica estão as lesões
da mucosa gástrica, as anomalias de funcionamento e os tumores do estômago. A
primeira categoria agrupa as gastrites agudas ou crônicas e as úlceras. As gastrites
agudas têm origens variadas. Alimentos não adaptados, substâncias tóxicas, corpos
estranhos, afecções parasitárias ou infecciosas ou ainda anomalias hormonais são
causas possíveis. As gastrites crônicas, que se caracterizam por uma persistência dos
vômitos frequentemente refratários aos tratamentos clássicos, fazem parte de uma
síndrome complexa, causada frequentemente por fenômenos inflamatórios, alérgicos
ou ainda metabólicos. O estado geral do cão é afetado de forma mais ou menos rápida.
Quanto às úlceras gástricas, caracterizam-se por vômitos sanguinolentos, um mau
estado geral e dores abdominais. Às vezes são a conseqüência de uma gastrite aguda.
Mas, na maioria dos casos, os agentes responsáveis são medicamentosos como a
aspirina, tóxicos e, mais raramente, infecciosos ou parasitários. Não se conhecem
úlceras de origem psíquica no cão.

AUXILIAR VETERINÁRIO 51
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

As anomalias de funcionamento do estômago levam a refluxos do bolo alimentar


no esôfago ou a retenções alimentares que se traduzem por vômitos de alimentos
pouco digeridos, várias horas após a refeição. O cão emagrece muito depressa. A sua
origem reside numa estenose do piloro ou numa anomalia nervosa da motricidade
gástrica. Poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica.

Finalmente, não é possível falar de


patologia gástrica sem evocar a síndrome de
dilatação-torção do estômago, uma afecção
particular que atinge os cães de raças
grandes. Caracteriza-se pelo inchaço do
abdômen, episódios de vômitos mais ou
menos violentos, mas improdutivos, e um
declínio rápido do estado geral. O cão entra
em fase de choque e morre se não houver
uma intervenção cirúrgica rápida. Para evitar a
ocorrência desta síndrome fatal, algumas
regras elementares devem ser respeitadas:
não incentivar o cão a brincar depois da
refeição e fornecer alimentos digeríveis, de
preferência em duas refeições diárias.

Medidas práticas de prevenção do síndrome de


dilatação-torção do estômago :
- Alimentar o cão isoladamente e calmamente

- Dividir a quantidade diária em 2 refeições

- Escolher um alimento muito digerível

- Rehidratar ligeiramente o alimento antes da sua administração

- Respeitar um período de descanso após as refeições.

Os intestinos
As patologias intestinais são denominadas
enterites. Estas inflamações severas e mais ou
menos agudas da mucosa intestinal têm diferentes
origens: agente infeccioso, alimento não adaptado,
parasitas ou corpos estranhos, entre outros.
Conforme a sua duração, podem ser enterites
crônicas ou agudas. Os sintomas são muito
variáveis indo da constipação à diarréia, da
hipertermia ao abatimento. Se estiverem
associadas a uma patologia gástrica fala-se, então,
de gastroenterite. Pelas perturbações metabólicas

AUXILIAR VETERINÁRIO 52
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

que geram, as enterites podem levar a um grave estado de desidratação que pode ser
fatal para os animais mais fracos.

As oclusões e as obstruções intestinais fazem parte das causas de intervenção


cirúrgica mais freqüentes. Geralmente são conseqüência da ingestão de corpos
estranhos, como pedaços de cordel ou brinquedos de plástico.

Deve ser atribuída uma atenção especial ao


parasitismo intestinal. O cão pode estar infestado por
vermes redondos (áscaris, tricurideos, ancilóstomas) e/ou
achatados (tênia dipilydium, equinococos). São ingeridos
quando o cão escava o solo ou por intermédio de vetores,
como as pulgas. Estes parasitas provocam
emagrecimento, vômitos e diarréias.

O cão manifesta o seu incômodo arrastando o ânus


pelo chão. Os animais podem ser afetados em qualquer
idade, principalmente cachorros. Deve ser adotado um
esquema de desverminação quadrimestral juntamente
com o Médico Veterinário.

A colite crônica é uma inflamação crônica que ocorre no intestino grosso ou


cólon. A sua origem é, mais uma vez, muito diversa: de ordem alimentar ou alérgica,
parasitária ou metabólica, inflamatória ou simplesmente desconhecida. Manifesta-se
por fezes viscosas, com dor na defecação e episódios mais ou menos severos de
diarréia.

O fígado
As hepatites são causadas por doenças infecciosas, como
a hepatite infecciosa no cachorro, ou intoxicações. O fígado está
congesto e o seu volume aumentado. Podem surgir estados
cirróticos irreversíveis e fatais. Os sintomas são episódios de
diarréias com fezes claras, em alternância com constipações. O
abdômen fica doloroso e o cão abatido.

A insuficiência hepática aguda manifesta-se por


perturbações digestivas e nervosas. A etiologia é variada:
infecciosa, tóxica, medicamentosa, metabólica, traumática. O
tratamento deve ser feito com urgência, pois podem existir
repercussões por vezes fatais.

A insuficiência hepática crônica evolui mais lentamente, mas de forma


igualmente perigosa. Ela causa um emagrecimento do cão e declínio do estado geral
de saúde, acompanhados por perturbações digestivas. Devem ser realizados exames
complementares pelo Médico Veterinário para determinar a sua causa.

As hérnias

AUXILIAR VETERINÁRIO 53
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

As hérnias umbilicais congênitas são muito freqüentes no cachorro.


Correspondem a um não fechamento do anel umbilical após o nascimento. Observa-se
a formação de uma pequena excrescência, que é reabsorvida quando nela se exerce
uma pressão. Sem representar um verdadeiro perigo para o animal, as hérnias
geralmente são corrigidas por meio de uma intervenção cirúrgica. As hérnias
diafragmáticas devem-se a um traumatismo do diafragma, que deixa então passar uma
parte das vísceras abdominais para a cavidade torácica. Causam perturbações
respiratórias e digestivas, sendo necessária uma intervenção cirúrgica.

Aula 13 Os vômitos
Na natureza, os carnívoros são predadores
temíveis, perfeitamente adaptados à caça. Eles têm a
capacidade de ingerir quantidades de carne fenomenais
numa única refeição. Também podem regurgitar esta
comida sem o menor esforço para alimentar as crias.
Esta capacidade requer não apenas um estômago capaz
de se dilatar em proporções significativas, mas também
um mecanismo reflexo que facilite a regurgitação dos
alimentos e, portanto, o vômito.

O cão, carnívoro doméstico por excelência, não


perdeu esta capacidade. É comum os proprietários
observarem um animal regurgitar depois de uma refeição
muito abundante. No maioria dos casos, não há nada de
alarmante neste comportamento; contudo, por vezes o
vômito aparece como um dos primeiros sinais de uma
patologia subjacente.

As etapas do vômito
Geralmente, um episódio de
vômito é precedido por uma estado
de náuseas em que o cão manifesta
um incômodo, movimenta-se em
círculos e, por vezes, tenta ingerir
relva. Daí a expressão do cão que
se "purga", que não reflete
exatamente a realidade. O vômito,
propriamente dito, surge depois
deste estado. Observam-se, então,
movimentos violentos do flanco e do
tórax.

O cão tem a cabeça baixa e parece sorrir. Depois de um último esforço, o


conteúdo estomacal é rejeitado. Tendo em conta a violência do fenômeno e da fadiga

AUXILIAR VETERINÁRIO 54
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

muscular que acarreta, por vezes são necessários alguns instantes para que o animal
se recomponha desta crise. No caso de uma regurgitação apenas do conteúdo
esofágico, não se observa esforço prolongado, pois os alimentos são facilmente
expelidos para o exterior por simples reflexo.

O mecanismo fisiológico do vômito


Como todo o ato reflexo, o vômito envolve mecanismos nervosos. A sua origem
pode ser central, o que significa que são diretamente oriundos do cérebro (uma
perturbação do funcionamento normal do sistema nervoso central, a chegada de
substâncias especiais pelo sangue ou até um estímulo olfativo, fazem reagir o centro
do vômito), ou periférica, envolvendo receptores situados nos órgãos abdominais ou
torácicos. As informações são coletadas por um sistema de ligações nervosas e
veiculadas até ao centro do vômito no cérebro.

Nos dois casos, este centro provoca, em resposta, a ativação das ações musculares
que irão levar ao vômito.

As causas do vômito
Na maioria dos casos, o vômito é a
expressão de uma inflamação ou de uma
distensão excessiva dos órgãos, incluindo os do
tubo digestivo: esôfago, estômago, intestino e
fígado. As causas destas afecções são
numerosas. As mais clássicas incluem:
envenenamentos, gastrites, úlceras,
gastroenterites, corpos estranhos, obstruções
intestinais, dilatações-torções do estômago ou
ainda uma alimentação incorreta. O vômito pode
também fazer parte dos sintomas de uma
doença infecciosa ou viral (cinomose,
parvovirose, leptospirose, as mais conhecidas,
mas também infecção uterina, peritonite...). A
ingestão de alimentos em quantidade excessiva,
de corpos estranhos ou de substâncias que
impedem o esvaziamento do estômago no
intestino delgado provocam a distensão gástrica
e, portanto, o vômito. Finalmente, o vômito
podem se sinal de doenças que afetam outros
órgãos, especialmente as insuficiências renais e
hepáticas ou, até mesmo, o sistema nervoso,
como no caso de enjôo de viagens.

Evolução
É possível observar dois modos de evolução em caso de vômito: agudos ou
crônicos. No primeiro caso, os vômitos aparecem brutalmente e de forma passageira.

AUXILIAR VETERINÁRIO 55
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

No segundo, instalam-se progressivamente e reincidem durante mais de um mês. São


mais freqüentes durante o dia, associados ou não às refeições.

Conseqüências
O vômito leva a uma desidratação e a uma desnutrição mais ou menos severas,
bem como a perturbações do equilíbrio sanguíneo, que, mais cedo ou mais tarde, irão
repercutir no estado geral do cão. Por este motivo, devem ser rapidamente tratados,
principalmente nos animais jovens.

Para ajudar o Médico Veterinário a estabelecer um diagnóstico, é importante


notar a freqüência do vômito, o momento em que aparece (depois da refeição ou não),
bem como o seu aspecto. Todos estes elementos permitirão orientar o Médico
Veterinário sobre a sua origem e sobre o tratamento adequado.

As diarréias
O termo diarréia designa um aumento da freqüência de
emissão de fezes que são também mais ou menos fluidas e
abundantes. É uma das perturbações mais freqüentes no cão.
É importante ter em atenção que o estado das fezes varia
muito conforme a qualidade e a quantidade da alimentação.
Portanto, o erro alimentar é uma causa principal do
aparecimento da diarréia. Tal como para o vômito, distinguem-
se diarréias agudas e crônicas. Tanto a sua origem quanto as
suas manifestações são diferentes e podem afetar o intestino
delgado ou o cólon.

Diarréias agudas
Surge rapidamente e de forma brutal. Em geral, têm repercussões significativas
no estado geral do cão e a sua origem é múltipla.

Evidentemente, o erro alimentar é a causa mais freqüente (modificações do


alimento sem respeitar um período de transição, responsável pela destruição da
microflora intestinal muito frágil do cão).

Em seguida, a diarréia pode ser o sinal de uma infecção viral como a cinomose e
a parvovirose, de uma infecção bacteriana, na qual os germes se multiplicam sobre e
dentro da mucosa intestinal. Os parasitas intestinais, nomeadamente os vermes e os
fungos, também causam frequentemente sintomas de diarréia, bem como as
substâncias tóxicas ou alergênicas. Finalmente, um certo número de afecções
patológicas metabólicas completam este quadro.

O mecanismo de aparecimento da diarréias aguda gera uma perturbação nas


trocas hídricas que ocorrem nos intestinos. Assim, uma alimentação não adaptada
provoca uma perda de água, tornando, evidentemente, as fezes mais líquidas. Mas a
perda de água pode também ser causada por uma destruição mais ou menos
significativa das células da mucosa intestinal, encarregadas de garantir a absorção das

AUXILIAR VETERINÁRIO 56
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

substâncias nutritivas para o sangue. Os agentes citados anteriormente são


responsáveis por este tipo de lesões. Finalmente, e de forma rara, a diarréia pode
resultar de uma modificação do trânsito digestivo como é o caso da diarréia de stress.

As diarréias agudas são


acompanhadas por diferentes
sinais que podem ser observados
pelo dono. Inicialmente o animal
está abatido, poderá apresentar
febre, recusa alimentar-se e
emagrece. O abdômen está
frequentemente doloroso. A
diarréia pode ser acompanhada
por vômitos. Depois, tendo em
conta as perdas de água
ocasionadas durante a emissão de
fezes, o animal desidrata-se de
forma mais ou menos rápida.

É necessário intervir rapidamente para evitar que se instale um estado de


choque, especialmente nos animais jovens e nos idosos.

As diarréias crônicas
Caracteriza-se por uma duração de mais de um mês e uma tendência para ser
recorrente. As causas do aparecimento são um pouco diferentes da forma aguda.
Encontram-se inflamações da mucosa intestinal de origem parasitária ou alérgica e
auto-imune, às quais se somam perturbações na secreção de enzimas digestivas ou
nos mecanismos de assimilação das substâncias nutritivas pelas células intestinais.
Assim, a diarréia aguda, que levou a uma destruição significativa da mucosa digestiva,
pode evoluir para um estado crônico. Às vezes, as diarréias crônicas assinalam a
presença de tumores no organismo. Finalmente, como no caso precedente, a diarréia
pode aparecer de forma intermitente por ocasião de um stress especial e repetitivo.

Na diarréia crônica, o estado geral


do animal degrada-se lentamente. O cão
emagrece progressivamente e em
proporção mais significativa do que numa
diarréia aguda. Por outro lado, a
desidratação ocorre mais tardiamente e a
dor abdominal é menos intensa.

Assim como no caso de vômito, é


importante consultar rapidamente um
Médico Veterinário. A saúde do cão pode
deteriorar-se rapidamente, principalmente
nos indivíduos jovens ou idosos. O dono
deve registrar a data de aparecimento
dos sintomas, a freqüência das fezes, a

AUXILIAR VETERINÁRIO 57
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

sua consistência, a cor (verificar a presença de sangue) para ajudar o Médico


Veterinário no estabelecimento de um diagnóstico.

O aparelho urinário
Independentemente do sexo do animal os órgãos que tomam parte na produção
e posteriormente na eliminação da urina são idênticos. São, por ordem: os rins, dos
quais partem dois ureteres que desembocam na bexiga. Da bexiga parte uma uretra
única, que conduz a urina até ao seu ponto de evacuação para o exterior.

Todos estes elementos estão situados em posição abdominal. Os rins, em forma


de feijão, situam-se sob o arco lombar, virados para as primeiras vértebras lombares. O
rim esquerdo é ligeiramente mais caudal do que o direito. Os dois ureteres
desembocam na face dorsal da bexiga, que por sua vez se situa na parte dianteira da
bacia.

A uretra segue um trajeto


diferente nos machos e nas fêmeas.
Nas cadelas, é mais curta e
geralmente mais ampla. Desemboca
no vestíbulo da vagina através de
uma pequena papila.

Nos machos a uretra é mais


comprida, menos larga e composta
por três partes, ou seja as zonas
prostática, membranosa e peniana.

Face ventral do rim

1. Rim direito 4. Rim esquerdo


2. Veia cava caudal 5. Artéria e veias renais
3. Aorta abdominal 6. Ureter

As perturbações urinárias
Insuficiência renal crônica
Ocorre devido à lesões nos rins, provocadas por uma destruição progressiva e
irreversível dos néfrons, que são a unidade funcional dos rins. À medida que a
quantidade de néfrons diminui, a função renal fica comprometida e a insuficiência renal
aumenta. O animal que sofre de insuficiência renal crônica começa a beber mais água

AUXILIAR VETERINÁRIO 58
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

e a urinar mais que o de costume (poliúria e


polidipsia). Em seguida aparecem as
perturbações digestivas (vômitos e diarréias), que
precedem as neurológicas.

Insuficiência renal aguda


O animal entra subitamente em anorexia,
tem vômitos e diarréia súbitos, muitas vezes
hemorrágicos. Na origem desta forma de
insuficiência renal, podem estar fatores
isquêmicos (alterações na circulação sanguínea),
infecciosas (sobretudo leptospirose) e tóxicos.

Urolitíase
Nos cães podemos encontrar 4 tipos de urólitos (cálculos): os de fosfato,
geralmente associados à infecções do trato urinário; os de urato e oxalato decorrentes
de alterações metabólicas; e os de cistina, cuja ocorrência depende da predisposição
hereditária.
A presença destes cálculos no trato urinário pode levar ao aparecimento de
hematúria (sangue na urina), cistites, incontinência, retenção urinária, complicações
infecciosas e renais. Por vezes um cálculo introduz-se na uretra e não consegue
passar por certas zonas particularmente estreitas. Disso resulta uma obstrução uretral
que só poderá ser resolvida, muitas vezes, recorrendo-se à cirurgia.
Se a bexiga estiver muito repleta, ela deve ser esvaziada por sonda, cateter ou
massagem, sendo que ás vezes é necessário anestesiar o animal.

As infecções do trato
urinário
Em grande parte das vezes, a
infecção urinária é conseqüência de
infecções em órgãos vizinhos, como
próstata, útero, vagina, ou mais raramente,
infecções sistêmicas. As infecções urinárias
são causadas por germes que provém do
trato digestivo, por contaminação.

Incontinência urinária
Caracterizada pela micção involuntária, a incontinência urinária pode ter
múltiplas causas. Pode ser resultado de lesões do sistema nervoso, de mal-formações
congênitas, de lesões adquiridas na bexiga e nos esfíncteres ou de desequilíbrios
hormonais. Não existe, por isso, um tratamento único para a incontinência urinária, mas
tratamentos específicos de acordo com cada causa.

AUXILIAR VETERINÁRIO 59
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 14 A reprodução
Embora os objetivos da reprodução
sejam, naturalmente, obter cachorros, os
meios para os alcançar diferem
sensivelmente entre um proprietário
particular e um criador. Um proprietário
dum cão de companhia ou de utilidade
deixará ocasionalmente a sua cadela
reproduzir-se com a finalidade de obter
descendentes que apresentem qualidades
comparáveis, embora a reprodução não
seja, conforme diz a crença popular,
indispensável para o equilíbrio psicológico
ou fisiológico de um cão.

Na natureza o acesso à reprodução nas matilhas de cães selvagens depende


intimamente do estatuto hierárquico do indivíduo porque a monta é uma demonstração
de dominância, o que por vezes explica algumas incompatibilidades de temperamento
entre parceiros.

O criador, por seu lado, tenta selecionar os reprodutores, machos e fêmeas, em


função das suas origens, da sua descendência e das suas qualidades genéticas.
Consegue contornar o obstáculo hierárquico assistindo e dirigindo a monta entre os
reprodutores que escolheu. Em caso de recusa dos parceiros, pode, até mesmo,
recorrer à inseminação artificial para chegar aos seus objetivos.

A puberdade no macho
A idade a que é atingida a
puberdade depende essencialmente
do tamanho da raça na idade adulta
(aos 6 meses nas raças miniaturas e
aos 18 meses nas raças gigantes). No
macho, a puberdade corresponde à
produção dos primeiros
espermatozóides fecundantes.

Devido ao fato da fertilidade diminuir com a idade e de forma ainda mais precoce
nas raças grandes (fenômeno provavelmente ligado ao envelhecimento da tiróide), o
período fértil dos cães de raças grandes é mais reduzido. Nestes cães, o poder
fecundante do esperma por vezes começa a diminuir a partir dos 7 anos de idade.

AUXILIAR VETERINÁRIO 60
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aparelho genital do cão macho


10. Cabeça do epidídimo
1. Uretra
11. Prepúcio
2. ânus
12. Orifício externo da uretra
3. Músculo retractor do pénis
13. Parte alongada da glande
4. Bulbo do pénis
peniana
5. Corpo cavernoso
14. Bulbo da glande
6. Músculo ísquio-cavernoso
15. Pénis
7. Cauda do epidídimo
16. Canal inguinal
8. Escroto
17. Canal deferente
9. Testículo
18. Bexiga
19. Ureter
Aparelho genital do gato macho

1. Ducto deferente
2. Cordão espermático
3. Epidídimo
4. Glande do pénis
5. Glândula bulbouretral
6. Músculo isquiocavernoso
7. Próstata
8. Pénis
9. Prepúcio
10. Testículo
11. Ureter
12. Uretra
13. Bexiga
14. Vasos testiculares

AUXILIAR VETERINÁRIO 61
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

A puberdade na fêmea
Tal como acontece no macho, a puberdade na fêmea é atingida mais
tardiamente nas raças grandes (entre os 6 e 18 meses, dependendo do porte da raça).
Os primeiros cios geralmente são discretos e podem mesmo passar despercebidos. No
entanto, na cadela deve ser feita a distinção entre puberdade (capacidade de ovular) e
nubilidade (capacidade de levar a termo uma gestação e um parto), o que explica
porque é desaconselhável acasalar uma cadela no primeiro cio, quando a sua estrutura
pélvica ainda não está completamente desenvolvida.

A partir da puberdade, o funcionamento do aparelho genital feminino adota um


ritmo cíclico que se exterioriza geralmente por dois períodos de cio por ano.

Aparelho genital das fêmeas

1. Ovário
2. Tuba uterina (de Falópio)
3. Corno uterino (aberto à
direita)
4. Colo uterino
5. Vagina
6. Orifício externo da uretra
7. Vulva
8. Uretra
9. Ureter
10. Bexiga
11. Tecido adiposo

Ciclo sexual da cadela


O ciclo sexual da cadela é considerado monoéstrico (uma única ovulação por
cada ciclo) com ovulação espontânea (ou seja, a ovulação não é desencadeada pelo
acasalamento como acontece na gata). Divide-se em quatro fases sucessivas:

- Proestro: fase que prepara a ovulação,

- Estro: fase de ovulação propriamente dita,

- Metaestro: fase correspondente à duração de uma gestação e de uma lactação,

AUXILIAR VETERINÁRIO 62
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

- Anestro: fase de quiescência sexual.

A duração de cada uma das fases do ciclo pode ser variável. Apenas o
metaestro tem uma duração relativamente estável (120 +/- 20 dias).

A fêmea está em cio durante as fases de proestro e estro, um período que dura
em média três semanas. No entanto, a sua duração depende da data de ovulação,
sendo variável de uma cadela para outra, e na mesma cadela de um ciclo para o outro.
Assim sendo, o fato de uma cadela ter ovulado uma vez 12 dias após o aparecimento
do corrimento sanguinolento, não significa necessariamente que no ciclo seguinte a
ovulação ocorrerá com o mesmo intervalo.

As fases do ciclo
Durante o proestro, a hipófise (glândula pituitária) induz a secreção de
hormônios pelos folículos ovarianos em crescimento. Estas hormônios são conhecidas
como "estrogênios" e são responsáveis pelas modificações físicas e comportamentais
da cadela (atração de machos, busca de afeto, ato de lamber a vulva, etc.). A vulva
torna-se congesta e liberta um corrimento sanguinolento que atrai os machos. No
entanto, durante esta fase a fêmea ainda não está receptiva e não permite a monta.

AUXILIAR VETERINÁRIO 63
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

O período de aceitação do macho


corresponde geralmente ao estro.
É frequentemente acompanhado
por um reflexo de postura, caracterizado
por um desvio lateral da posição da
cauda após uma estimulação vulvar.
Contudo, este sinal deve ser interpretado
com prudência em determinadas fêmeas
que aceitam o macho fora do seu período
de ovulação.

Durante o estro as secreções


vaginais tornam-se mais claras e
transformam-se em muco que irá facilitar
o acasalamento.

Nesta fase os óvulos são


libertados ainda imaturos no estágio
dito "oocitário". Geralmente, são
necessárias 48 horas para que se
tornem fecundáveis. Ao contrário do
que acontece na maioria das outras
espécies, os ovários da cadela
começam a secretar progesterona
alguns dias antes da ovulação. O nível
sanguíneo deste hormônio aumenta
então progressivamente, quer os
oócitos da cadela sejam fecundados ou
não. Assim, a dosagem de
progesterona na cadela é um indicador
da ovulação, mas não da gestação.

Os níveis de progesterona atingem em seguida um nível que persiste durante


todo o metaestro devido à secreção deste hormônio pelos corpos lúteos do ovário que
libertou os óvulos. A progesterona prepara o útero para a nidação do embrião e para
uma eventual gestação. A sua produção decresce brutalmente dois meses depois da
ovulação, permitindo o início da lactação e a involução uterina até que o aparelho
genital feminino possa entrar em repouso completo (anestro).

Ciclo sexual da gata


A puberdade começa entre 4 e 12 meses. As raças de pêlo curto são mais
precoces (Abissínio, Birmanês e Siamês: 4 a 6 meses). Os Persas atingem a
maturidade sexual com 1 ano de idade. Na maioria dos casos, os primeiros cios

AUXILIAR VETERINÁRIO 64
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

ocorrem na Primavera, por volta do 7° mês. A vida reprodutiva termina tardiamente (15
anos ou mais).

O aparelho sexual feminino


apresenta, durante todo o período de
atividade reprodutiva, modificações
estruturais que se produzem sempre na
mesma ordem e se repetem com
intervalos periódicos, de acordo com
um ritmo bem definido para cada
espécie. Estes ciclos são apenas
interrompidos pela gestação. A gata é
uma espécie sazonal: os ciclos ocorrem
apenas num determinado período do
ano (estação sexual: principalmente de
Janeiro a Outubro). Mas um grande
número de gatas (de pêlo curto,
vivendo no interior, tipo siamês)
praticamente não tem períodos de
descanso sexual (anestro).
Aumentando o período de exposição à
luz, é possível pôr fim ao anestro.

O ciclo sexual da gata dura aproximadamente entre 15 e 28 dias. Pode ser


dividido em 4 períodos que correspondem as diferentes fases de atividade ovárica.
• Pró-estro: período de maturação folicular (o folículo ovárico contém o futuro
óvulo). Esta fase dura entre 1 a 4 dias.

• Estro (cio): período durante o qual a


gata procura o acasalamento que
desencadeia a ovulação. Na maioria dos
casos, a gata é uma espécie considerada de
ovulação induzida, ou seja, sem cópula não
existe ovulação. O número de óvulos
libertados (2 a 11) depende do número e,
principalmente, da freqüência dos
cruzamentos (3 vezes no intervalo de 3 a 4
horas). A ovulação ocorre 24 a 30 h após o
acasalamento. No decorrer do estro, a gata
executa um verdadeiro comportamento de
corte (mia, roça-se contra objetos e evidencia
uma locomoção arrítmica dos membros
posteriores e lordose). O estro dura entre 4 a
10 dias.

• Metaestro: esta fase só existe se a gata tiver sido coberta, sendo neste caso
substituída pelo início da gestação. Caso não tenha sido coberta, ou se o macho for
estéril, desenvolve-se uma pseudogestação com uma duração de 30 a 40 dias.

AUXILIAR VETERINÁRIO 65
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Anestro: período de repouso sexual. Esta fase tem uma duração variável,
dependendo das raças e das condições ambientais (iluminação, isolamento sem
macho, etc.)

Aula 15 Determinação do momento ótimo para


o cruzamento de cães
Tendo em consideração o elevado tempo de
sobrevivência dos espermatozóides no trato genital
feminino (aproximadamente 48 horas), é possível otimizar
as oportunidades de fecundação sincronizando o encontro
dos gametas "na sua melhor forma" para uma fertilidade e
uma prolificidade ótimas. O ideal é que ocorra o
cruzamento ou a inseminação nas 48 horas que se
seguem à libertação dos oócitos para que os óvulos
fecundáveis e os espermatozóides fecundantes sejam na
sua maioria capazes de chegar ao "local de encontro" (os
ovidutos).

Os óvulos permanecem fecundáveis durante um período de dois dias após a sua


maturação (nalgumas raças os óvulos parecem ficar fecundáveis durante mais de
quatro dias), explicando assim as possibilidades de superfecundação por dois pais
diferentes na espécie canina. A maior dificuldade consiste em observar, o mais
precisamente possível, os sinais biológicos da ovulação.

Para detectar o período de ovulação numa cadela em cio, o criador dispõe


de várias ferramentas de precisão variável e complementares :

• O aclaramento das descargas vulvares assinala geralmente o fim do proestro,


apesar de não ser um indicador fiável da ovulação: algumas cadelas como as de raça
Chow-Chow podem apresentar corrimento sanguinolento até ao final do estro.

• O cruzamento praticado doze dias após as primeiras perdas sanguíneas e


repetido dois dias mais tarde, é um cálculo prático, desde que estas perdas sejam
observadas muito atentamente.

Contudo, esta estimativa permanece


imprecisa, porque algumas cadelas
(aproximadamente 20%) ovulam fora deste
período e portanto, não ficarão gestantes ou irão
parir apenas alguns cachorros.

• A aceitação do macho e a observação


do reflexo de desvio lateral da cauda também
não são indicadores da ovulação. A título de
exemplo, já se observou cadelas permitirem o
acasalamento a partir do começo do proestro

AUXILIAR VETERINÁRIO 66
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

quando, na verdade, nos casos extremos, só ovulam trinta dias mais tarde!

Muitas cadelas também permitem a cópula durante os falsos cios antes do parto,
em situações de infecção urinária, ou quando há secreções de estrógenos por quistos
foliculares e que se traduzem por ninfomania.

• Consoante os corantes utilizados, os esfregaços vaginais permitem visualizar


diretamente uma mudança na morfologia das células vaginais, o que pode ser
correlacionado com as variações hormonais (principalmente de estrogênios). Esta
técnica, simples e econômica, é atualmente usada pelos Médicos Veterinários e pelos
criadores como método de rotina para realizar uma primeira estimativa da fase do ciclo
sexual da cadela.

Realização do esfregaço vaginal


Após se ter examinado o inchaço vulvar e tracionado a
comissura vulvar para baixo, introduz-se o swab verticalmente
ao longo da parede caudal da vagina de forma a evitar o
contacto com a fossa clitoriana. Uma vez atingida a parte
superior da vagina, o swab é introduzido o mais longe
possível, com um ligeiro movimento de rotação, tendo o
cuidado de não forçar. Por meio de movimentos circulares, as
secreções e as células esfoliadas são então coletadas a partir
do colo do útero.

A extremidade do swab é rodado


delicadamente numa lâmina previamente
desengordurada, evitando passar duas vezes
pelo mesmo local da lâmina afim de evitar
aglomerações de células.

O material coletado é então fixado com


um fixador celular. Posteriormente, pode ser
entregue ao Médico Veterinário para um
exame imediato.

A cópula
Depois da seleção dos progenitores e da determinação do momento exato da
ovulação, a fêmea é apresentada ao macho para um cruzamento. É útil verificar
previamente a ausência de lesões genitais nos parceiros para limitar os riscos de
doenças sexualmente transmissíveis, como é o caso do herpes vírus canino. Neste
campo, é preferível uma boa higiene preventiva (limpeza regular do forro, limpeza do
chão) e controles sorológicos regulares, a fim de evitar a utilização no último momento
de anti-sépticos espermicidas que são responsáveis por alguns fracassos de
fecundação.

AUXILIAR VETERINÁRIO 67
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Nas raças de pêlo comprido, os cuidados para com a


fêmea através do alisamento, afastamento ou corte dos
pêlos da região perivulvar facilitam o acasalamento.

A cópula começa por uma breve fase de "namoro" e


de farejamento que faz crescer a excitação dos parceiros. A
ereção permitida pela rigidez do osso peniano e pelo fluxo
de sangue no tecido erétil permite então a introdução do
pênis. Esta, desencadeia contrações vaginais na fêmea que
favorecem a ascensão dos espermatozóides, a manutenção
da ereção e o aprisionamento do macho durante a
ejaculação.

Esta fase deve durar no mínimo cinco minutos, mas pode


durar mais de meia hora se os movimentos da fêmea manterem a
constrição dos bulbos eretores. Na maioria dos casos, se o momento
for oportuno, os dois parceiros escolhidos comportam-se muito bem
sozinhos e não é necessário perturbá-los com qualquer presença.
Uma observação discreta à distância (ou por sistema de vídeo)
geralmente é suficiente para verificar a aceitação mútua e que a
cópula de fato ocorreu. Notemos que um acasalamento sem
aprisionamento pode ser fecundante mesmo que a prolificidade seja
então reduzida.

Apesar dos progressos realizados no


diagnóstico da ovulação, é mais prudente garantir
sistematicamente a repetição do cruzamento 48
horas depois. No entanto, não é necessário garantir
mais do que dois cruzamentos quando o
acompanhamento da ovulação da cadela foi
corretamente realizado.

Embora os riscos de superfecundação


(fecundação por vários machos diferentes) sejam
menores na cadela do que na gata, é aconselhável
isolar os outros machos até ao desaparecimento
total dos sinais de estro.

Não se observa superfetação (cruzamento fecundante durante a gestação) na


espécie canina.

Alguns proprietários deixam a sua fêmea reprodutora durante alguns dias no


local de residência do reprodutor depois da assinatura de um contrato de cruzamento.
Este, pode ser inspirado pelo regulamento internacional adotado pela FCI em Junho de
1979 (em substituição ao costume de Mônaco). Um outro contrato rege as condições
pelas quais um criador cede uma reprodutora a terceiros sob reserva de obter os
cachorros desmamados.

AUXILIAR VETERINÁRIO 68
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Se, por múltiplas razões, o cruzamento natural for impossível de ser realizado
entre os dois progenitores escolhidos, é necessária a utilização das técnicas de
inseminação artificial.

Inseminação artificial
A inseminação artificial é uma técnica que
possibilita a reprodução em situações em que a mesma
seria impossível de ser realizada sem a intervenção do
Homem. Assim, segundo esta definição, mesmo a
"cópula assistida" – a simples recolha de sêmen do
macho e a sua introdução imediata no trato genital
feminino – é uma inseminação artificial, técnica
conhecida como inseminação com sêmen fresco. Esta técnica é utilizada quando os
dois progenitores não conseguem copular por razões variadas,
nomeadamente:

• incompatibilidade de temperamentos,

• inexperiência de um ou de ambos os parceiros,

• constrição do trato genital (atresia vulvar, malformações


da vagina ou da vulva, prolapso vaginal associado ao
aumento de estrogênios durante o cio),

• dor durante a cópula (devido a problemas na coluna


vertebral, nos membros posteriores, no pênis, na vagina,
etc.),

• falta de libido.

Depois de confirmado que a fêmea se encontra de fato receptiva, o Médico


Veterinário procede à coleta do sêmen do reprodutor em presença de uma fêmea no
cio (não é obrigatório que seja a cadela que vai ser inseminada). Esta recolha é
efetuada da seguinte forma:

• os bulbos eréteis devem ser exteriorizados para fora


do prepúcio antes de se iniciar o processo de recolha do
sêmen, para evitar que o seu inchaço impeça a sua
exteriorização total.

• É realizada uma massagem nos bulbos até que o cão


inicie os movimentos pélvicos.

• uma constrição localizada atrás dos bulbos permite


manter a ereção durante as três fases da ejaculação.
Geralmente, não é necessário colher todo o ejaculado

AUXILIAR VETERINÁRIO 69
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

da última fase da ejaculação (fase prostática), exceto no caso dos cães de grande
porte nos quais é necessário um maior volume de fluído para compensar o
comprimento das vias genitais femininas.

Uma vez feita a colheita, é necessário realizar uma análise laboratorial do


sêmen. Com a ajuda dum microscópio de platina aquecida podemos determinar o
número, aspecto e mobilidade dos espermatozóides. Se a qualidade for satisfatória, o
inseminador introduz o sêmen no trato genital feminino com a ajuda de uma sonda
vaginal ou uterina.

Após a inseminação, a fêmea deve ser mantida


com os membros posteriores levantados durante cerca de
dez minutos para favorecer a progressão dos
espermatozóides e limitar o refluxo. Pela mesma razão, é
aconselhável evitar que a fêmea urine nos minutos que se
seguem à inseminação.

O conjunto destas etapas deve ser realizado com


precauções múltiplas para evitar qualquer choque térmico,
mecânico ou químico aos espermatozóides.

Se estas precauções forem respeitadas, as taxas de concepção resultantes da


utilização da técnica de inseminação artificial com sêmen fresco são semelhantes às
obtidas pela cópula (a probabilidade da fêmea ficar gestante é aproximadamente 80%).

Existe também realizar a IA com sêmen refrigerado e com sêmen congelado.

Sêmen refrigerado: O Médico Veterinário que realiza a colheita do sêmen, faz a


sua análise laboratorial e posteriormente, coloca-o num líquido protetor e nutritivo à
temperatura de 4o C. A amostra é depois transportada numa embalagem térmica até ao
Médico Veterinário destinatário. Antes de realizar a inseminação artificial, este
veterinário deverá avaliar o estado de conservação do sêmen e a disponibilidade da
fêmea. O conjunto destas operações deve ser realizado nas 48 horas que se seguem à
colheita e necessita de uma perfeita sincronização de todos os envolvidos
(disponibilidade do macho, equipamento e formação específica dos Veterinários,
acompanhamento rigoroso dos cios da reprodutora e transporte rápido). Os resultados
são comparáveis àqueles observados nos cruzamentos naturais, embora as sucessivas
manipulações do sêmen aumentem o risco da diminuição da vitalidade dos
espermatozóides.

Sêmen congelado: O sêmen é recolhido usando uma


técnica idêntica às anteriores. A qualidade e o número de
espermatozóides são em seguida rigorosamente analisados
para assegurar que o sêmen congelado tenha mais de 150
milhões de espermatozóides móveis e menos de 30 % de
formas anormais. O sêmen é posteriormente diluído num
crioprotetor e acondicionado em palhetas identificadas e
conservadas em recipientes mergulhados em azoto líquido a –
196°C por um período de tempo ilimitado. O Centro de Estudos

AUXILIAR VETERINÁRIO 70
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

em Reprodução Assistida da Escola Veterinária de Alfort (França) ainda possui


palhetas congeladas há mais de treze anos! Estas palhetas não podem ser utilizadas
sem o consentimento do proprietário do reprodutor, que pode combinar com o
proprietário da fêmea um preço de venda. Assim, o banco de sêmen é apenas um
prestador de serviços.

A fecundação
É o início de um novo ser através da fusão de 2
gametas que ocorre na parte superior do oviduto.
Podemos observar dois fenômenos particulares:

• superfecundação: fecundação de diferentes


óvulos, durante a mesma ovulação, por
espermatozóides de pais diferentes. O que significa
que os filhotinhos da ninhada são provenientes de
pais diferentes.

• superfetação: 10% das gatas gestantes apresentam cio e aceitam o macho


(entre o 21° e o 24° dia da gestação). Esta particularidade leva ao desenvolvimento de
fetos com diferentes idades gestacionais na mesma ninhada. Durante o parto, a gata
poderá dar à luz fetos vivos, nados-mortos e gatinhos prematuros.

EXERCÍCIO
1. Cite uma importante diferença entre o ciclo sexual da cadela e o ciclo sexual da gata.

Aula 16 A gestação
A sua duração varia entre 63 e 68 dias nas gatas e 58 a 64 dias nas cadelas.

Diagnóstico da gestação para cadelas

A fecundação de um óvulo por um espermatozóide


resulta na formação de um ovo que deve migrar e sofrer
algumas divisões antes de ser implantado na mucosa
uterina. Na cadela esta nidação só ocorre em média 17 dias
após a fecundação, e resulta na formação de vesículas
embrionárias que apenas podem ser detectadas por ultra-
som a partir da terceira semana (no mínimo, ao 18° dia).

A partir da terceira semana, uma cuidadosa palpação

AUXILIAR VETERINÁRIO 71
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

abdominal pode por vezes detectar um útero em rosário, desde que a cadela não seja
muito gorda e que a parede abdominal não esteja tensa. Entre a quinta e a sexta
semana de gestação, o diâmetro do útero atinge um tamanho de uma alça intestinal.
Portanto, durante este período torna-se difícil distinguir através deste método um útero
grávido de uma alça intestinal contendo fezes endurecidas.

A radiografia só se torna útil no final da gestação,


quando os esqueletos dos fetos estão calcificados e se
apresentam rádiopacos ao raio-X (a partir do 45° dia).

Outras técnicas de diagnóstico de gestação


compreendem: mudanças de comportamento,
auscultação dos batimentos cardíacos dos fetos
(audíveis em algumas cadelas nas duas últimas
semanas), modificações sanguíneas (velocidade de
sedimentação, hematócrito), ou ainda o desenvolvimento
mamário da cadela gestante. Estas técnicas são, ou
muito tardias ou muito aleatórias para serem utilizadas
de forma fiável.

Atualmente, o diagnóstico de gestação mais precoce é realizado através da


ecografia (ultra-som).

Diagnóstico de gestação para gatas


Como os testes hormonais não funcionam na gata, o diagnóstico é estabelecido
pelos dados obtidos no exame clínico, radiológico e mais recentemente ecográfico:
• Exame clínico: aumento bilateral do abdômen, detectável por volta do 30° dia.

• A palpação do abdômen permite, geralmente, sentir os fetos por volta da 3°


semana. Os fetos são reconhecidos pela sua disposição em rosário e pelo seu aspecto
irregular, semelhante a uma bossa dura.

• Radiológico: a radiografia permite detectar a gestação a partir do 21° dia. O


esqueleto dos gatinhos é detectado por volta do 36° dia, tornando-se bem nítido a partir
do 40° dia.

• Ecografia: o diagnóstico pode ser feito a


partir do 20° dia. Os movimentos dos fetos surgem
por volta do 28° dia.

A partir da 6° semana, as várias partes do


feto tornam-se perceptíveis.

Fases da gestação
Na cadela, a duração da gestação pode
variar de 58 a 68 dias (em média 63 dias). Esta

AUXILIAR VETERINÁRIO 72
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

variação que é observada nas cadelas, está associada à diferença entre a data de
cruzamento e a data real de fecundação. De fato, os espermatozóides podem
sobreviver até cinco dias nas vias genitais femininas antes que os óvulos sejam
fecundados.

Após a fecundação, os ovos transformam-se em embriões que migram dos


ovidutos em direção ao útero, e espalham-se uniformemente nos dois cornos uterinos.
A nidação, ou seja, a implantação do embrião na mucosa uterina, só se efetua entre o
17° e o 19° dia após a fecundação, sendo impossível um diagnóstico de gestação
através da ultra-som antes dessa data.

A transformação do embrião no feto e o seu posterior crescimento, só é possível


através do fornecimento de nutrientes pela placenta e a existência de anexos
embrionários (âmnios e alantóide) que envolvem e protegem o feto. O crescimento dos
fetos só se torna externamente visível durante a segunda metade da gestação.

Anexos fetais da cadela

1. Córion viloso
2. Córion liso
3. Alantóide
4. âmnio
5. Vesícula umbilical
6. Orla da placenta
7. Placenta zonária do tipo
endotélio-corial

Causas de infertilidade na cadela


Em todas as espécies animais, a fertilidade de uma população nunca atinge os
100 %. Quando as condições de reprodução são ótimas, a fertilidade máxima na
criação canina não ultrapassa os 85 %.

É recomendado que uma cadela de reprodução tenha de dois em dois anos um


período de cio em que não seja cruzada.

Apenas se pode suspeitar de infertilidade


quando uma cadela cruzada em dois cios consecutivos
não fica gestante. No entanto, o Médico Veterinário
pode tentar, desde o primeiro fracasso, localizar mais
precisamente a causa da infertilidade sem que tenha
de esperar tanto tempo.

Através da realização de análises laboratoriais


ao sêmen e da observação de ninhadas recentes, é
fácil eliminar as causas de infertilidade ligadas ao
reprodutor. Se a infertilidade estiver associada ao
macho, existem geralmente poucas oportunidades de
reprodução, e o melhor será utilizar outro reprodutor.

AUXILIAR VETERINÁRIO 73
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Uma vez realizada esta verificação, as causas de infertilidade associadas à


fêmea são muito numerosas. Uma investigação cuidada que inclua informações sobre
o seu passado reprodutivo (ciclos anteriores), tratamentos realizados (particularmente
hormonais), data do cruzamento, forma como ocorreu o cruzamento, natureza dos
corrimentos vulvares, etc, permitirão identificar a causa de infertilidade.

Estas causas podem estar associadas à produção de óvulos, à fertilização, à


nidação, ou até problemas relacionados com a gestação.

As anomalias da gestação
Os primeiros dias do desenvolvimento dos
cachorros constituem uma etapa da gestação denominada
embriogênese, que corresponde à diferenciação dos
tecidos. Durante este período os fetos são especialmente
sensíveis a qualquer doença ou tóxico que possa afetar a
sua progenitora.

Para evitar os possíveis riscos de mortalidade


(reabsorção embrionária ou aborto) ou de má formação
congênita (teratogênese), é aconselhável evitar a
administração de qualquer tipo de medicamento durante
os primeiros vinte dias de gestação.

Muitos outros fatores podem estar na origem de uma interrupção da gestação:

• incompatibilidade genética entre o macho e a fêmea. Se ambos forem portadores de


um gene recessivo letal dão origem a embriões homozigotos não viáveis;

• certas anomalias cromossômicas;

• certos organismos abortivos ou teratogênicos:

– vírus: herpes vírus canino


– parasitas: Toxoplasma
– bactérias: Salmonella, Pasteurella, Brucella canis

• traumas físicos ou psíquico podem provocar abortos


completos ou parciais (expulsão de uma parte da ninhada
e prosseguimento da gestação a termo);

• involução do corpo lúteo, o qual secreta progesterona


que é indispensável à cadela durante toda a gestação.

A alimentação das fêmeas gestantes

AUXILIAR VETERINÁRIO 74
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Para um mesmo número de fetos,


a gestação mostra-se muito mais penosa
para uma cadela de raça pequena que
para uma de raça grande. Para nos
convencermos disto, basta comparar o
peso ao nascimento de um cachorro com
o da sua mãe. Esta relação é quatro
vezes mais elevada na raça Yorkshire
que no São Bernardo!

O peso de um recém-nascido é um
bom indicador das trocas feto-maternais
que ocorrem durante a gestação. Assim,
na espécie humana, os atrasos de crescimento intra-uterino estão essencialmente
associados a causas maternas como a hipertensão ou a má nutrição.

Na espécie canina, as observações são comparáveis e os cachorros que sofrem


um atraso de crescimento são frequentemente abandonados pela mãe.

O regime alimentar da cadela gestante deve ser adaptado às necessidades


fisiológicas da gestação, quer em termos quantitativos como qualitativos. Estas
necessidades são estimadas pelo número de cachorros da ninhada e pelo seu ganho
de peso diário.

Aula 17 O parto
A vigilância durante o período pré-
natal começa com uma visita ao Médico
Veterinário, a qual é indispensável para as
primíparas ou para as fêmeas de risco.
Esta consulta deverá ser realizada na
oitava semana de gestação.

Um exame ginecológico da cadela


permite detectar eventuais obstáculos ao
parto. A presença de bandas fibrosas na
vagina das cadelas primíparas (gestantes
pela primeira vez) pode dificultar a
expulsão dos cachorros.

A realização de uma ou mais radiografias abdominais durante este período torna


possível a contagem dos fetos, a qual é feita com maior precisão por radiografia do que
por ecografia. Este exame permite também detectar eventuais anomalias que são
frequentemente causas de distocias: estreitamento da bacia, mumificações fetais
(imagens de contornos pouco nítidos, deslocamentos dos ossos) ou ainda
desproporções feto-maternas. Contudo, a determinação das posições dos fetos por

AUXILIAR VETERINÁRIO 75
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

radiografia não é um bom indicador de eventuais distocias, pois os fetos podem mudar
de posição no último momento (rotação de 180°).

A realização duma ecografia uterina pode fornecer informações acerca da


vitalidade dos cachorros, através da observação dos seus batimentos cardíacos.

Sinais que antecedem o parto


A semana que precede o
parto é geralmente acompanhada
por uma modificação no
comportamento da cadela: tem
tendência para fazer o "ninho",
procura um lugar tranqüilo ou, pelo
contrário, procura a companhia do
seu dono. A diminuição do apetite e
desenvolvimento mamário são sinais
inconstantes, principalmente nas
primíparas, nas quais o
aparecimento do leite só ocorre no
próprio dia do parto ou até mesmo
nos dias que se seguem ao
nascimento dos cachorros.

Nos três dias que antecedem o parto, a vulva apresenta-se inchada e relaxada
sob o efeito do aumento de estrogênios, provocando por vezes manifestações de falso
cio.

A temperatura retal decresce 1°C nas 24 horas antes do parto. Este indicador
pode ser usado para prever o momento do parto. Assim, deve-se registrar a
temperatura da cadela de manhã e à noite durante os quatro dias que precedem a
possível data do parto. Uma queda de 1°C em relação à média dos quatro dias
precedentes assinala então a iminência do parto.

Esta hipotermia temporária é concomitante com a queda de progesterona. Estes


dois exames são sinais de maturidade dos fetos e indicam que o nascimento dos
cachorros pode ocorrer naturalmente ou por cesariana sem riscos maiores para os
recém-nascidos. A indução do parto na espécie canina é perigosa.

Finalmente, o aparecimento de corrimento mucoso (que corresponde ao


"tampão" mucoso que mantinha a cérvix fechada) é um sinal de alerta para o início do
parto e ocorre algumas horas (24 a 36 no máximo) antes das primeiras contrações.

A gata começa a evidenciar nervosismo e recolhe-se com freqüência no ninho


preparado. O parto tem uma duração aproximada de 6 horas, com intervalos de 10 a
60 minutos entre duas expulsões. A ninhada, em média, é composta por 3 a 5 crias. O
peso dos gatinhos à nascença situa-se entre 100 e 125 g. No espaço de 2 anos, a
fêmea pode ter 5 ninhadas.

AUXILIAR VETERINÁRIO 76
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Dá-se o nome de primípara à fêmea que procria pela primeira vez. A mãe
secciona o cordão umbilical e lambe vigorosamente os gatinhos. A gata permanece no
mesmo local durante 24 a 48 horas. Os gatinhos mamam pela primeira vez 1 a 2 horas
após o parto.

O parto normal
A menos que a visita pré-natal ao Médico Veterinário
tenha detectado riscos específicos, geralmente não é
necessário intervir durante o parto.

Os primeiros sinais de parto aparecem em média 60 a


63 dias após a fecundação. Um período de gestação de 65
dias pode indicar algum problema. Quando este período se
prolonga para além dos 70 dias estamos definitivamente
perante uma situação anormal.

As primeiras contrações a aparecer são uterinas, e em


geral só são detectáveis externamente pelo nervosismo da
cadela. Durante esta fase a cadela observa frequentemente os
seus flancos e procura um lugar tranqüilo para se isolar e
preparar um "ninho" confortável. A anorexia (perda de apetite)
observada durante este período é uma situação normal, e
algumas fêmeas podem inclusivamente vomitar. Esta fase
preparatória dura em média 6 a 12 horas, podendo-se prolongar
por 36 horas numa primípara. Se o proprietário estiver
preocupado, pode avaliar a dilatação vaginal através da
introdução de um ou dois dedos protegidos com luvas,
aproveitando esta manipulação para detectar a eventual
presença e a posição de um cachorro.

A progressão do primeiro cachorro


provoca o início das contrações da prensa
abdominal (reflexo de Ferguson), que vem
completar os esforços expulsivos do útero e
que devem resultar na ruptura da primeira
bolsa de água (alantóide) no espaço de duas
as a três horas. A segunda bolsa de água
(bolsa amniótica), que envolve o cachorro,
aparece pendente na vulva no máximo doze
horas após a ruptura da alantóide.

Se a membrana amniótica não foi rasgada pela passagem do cachorro, a mãe


executa essa operação no minuto que se segue à expulsão, secciona o cordão
umbilical e lambe o tórax do recém-nascido, estimulando assim os seus primeiros
movimentos respiratórios. Nesta fase, a intervenção só é necessária se o feto estiver
com uma apresentação posterior ou se o cachorro não progredir apesar da estimulação

AUXILIAR VETERINÁRIO 77
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

materna. As apresentações posteriores são encontradas em aproximadamente 40 %


dos nascimentos, e tornam a expulsão do cachorro mais demorada.

Pode-se intervir através da


realização de leves trações
sincronizadas com as contrações
abdominais. É necessário verificar que
não existem obstruções nas vias aéreas
superiores (freqüentes neste tipo de
apresentação), caso existam deve-se
limpar a zona e realizar movimentos
centrífugos que favorecem também o
afluxo de sangue ao cérebro. Se estas
manobras se mostrarem ineficazes, é
necessário utilizar água fria ou
estimulantes respiratórios.

Após o nascimento de cada cachorro a placenta e anexos são geralmente


libertados nos quinze minutos que se seguem à expulsão da cria (exceto se as
contrações forem muito intensas), e são na maioria das vezes ingeridos pela mãe. A
expulsão dos seguintes cachorros dá-se em intervalos de alguns minutos a cerca de
meia hora. Assim, um período de tempo superior a duas horas entre duas expulsões
assinala uma anomalia, que pode ser devida a uma inércia uterina primária (associada
a fadiga, hipoglicemia ou hipocalcemia), ou secundária a um obstáculo (cachorro com
apresentação transversa, presença simultânea de dois fetos, obstrução do canal
pélvico). Neste caso é necessária uma intervenção médica ou cirúrgica.

AUXILIAR VETERINÁRIO 78
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

As intervenções médicas
A ocitocina é um hormônio liberado naturalmente pela hipófise posterior e tem
como função a estimulação das contrações uterinas. É desaconselhado o uso
sistemático de ocitocina para induzir o parto. Na verdade, a utilização deste hormônio
na ausência de um diagnóstico preciso pode:

• provocar rupturas uterinas se a inércia for secundária a um obstáculo,

• favorecer a asfixia de todos os cachorros


intra-uterinos por constrição prematura dos
vasos aferentes do cordão umbilical,

• ser completamente ineficaz num útero


que apresenta um período refratário natural
à ocitocina durante os períodos de repouso
uterino (aproximadamente meia hora
depois de cada expulsão), causando
unicamente efeitos secundários
(particularmente diarréia),

• provocar uma paragem da sua secreção


pela hipófise posterior, perturbando assim a
produção de leite,

• originar eclampsia secundária.

Algumas raças são predispostas para a ocorrência de inércia uterina primária


(ausência de obstáculos anatômicos):

• cadelas de raças pequenas (Yorkshires, Poodles


anões, Galgos pequenos) ou, pelo contrário,
cadelas de raças gigantes (Bullmastiff, Dogue de
Bordeaux),

• fêmeas que estão muito calmas (Basset Hound)


ou, pelo contrário, muito nervosas (Cocker)
durante o trabalho de parto,

• cadelas obesas ou idosas,

• mães de ninhadas numerosas.

Nestes casos, o fornecimento de gluconato


de cálcio sob controle do ritmo cardíaco,
geralmente é suficiente para restabelecer as contrações uterinas. A massagem da
glândula mamária provoca como reflexo uma descarga de ocitocina endógena, a qual
preferível à administração exógena.

AUXILIAR VETERINÁRIO 79
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 18 As intervenções cirúrgicas


As manipulações obstétricas na espécie
canina e felina são muito limitadas.

Quando os tratamentos médicos não


são eficazes, ou existe uma obstrução
evidente na passagem natural do feto pelas
vias maternas, recorre-se a episiotomia
(incisão na comissura vulvar superior) ou a
cesariana. A principal razão para a realização
duma cesariana é a desproporção existente
entre o feto e a mãe. Estas desproporções
feto-maternais são frequentemente
encontradas:

• nas raças braquicefálicas: as cabeças largas


e achatadas têm dificuldade em atravessar a
bacia e são frequentemente causa de uma
apresentação lateral com a cabeça dobrada
sobre o pescoço
• quando a gravidez ultrapassa o tempo previsto ou quando a ninhada contém apenas
um ou dois fetos: o tamanho destes fetos torna-se excessivo em relação ao diâmetro
do canal pélvico,

• nas raças "miniaturas",

• quando a fêmea foi cruzada com um macho de tamanho muito superior.

A viabilidade dos cachorros depende da sua maturidade (que pode ser verificada
pela dosagem de progesterona), da duração das contrações improdutivas (levando a
um sofrimento e uma anóxia tanto do cachorro em progressão como dos intra-uterinos),
da rapidez da intervenção e do tipo de anestesia utilizada.

Cuidados após o nascimento


Uma precaução importante consiste em
dirigir cada recém-nascido para um mamilo
quando a mãe não o faz espontaneamente,
obrigando o cachorro a mamar o colostro
(primeiro leite). Os anticorpos contidos no
colostro fornecem ao cachorro uma imunidade
dita passiva por oposição à imunidade ativa
obtida após a vacinação ou infecção.

Quando o número de recém-nascidos é

AUXILIAR VETERINÁRIO 80
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

inferior às previsões feitas pelo exame radiológico, é necessário realizar uma nova
radiografia abdominal. Esta medida permite localizar o(s) filhote(s) que falta(m) e evita
a realização duma cesariana inútil caso sejam encontrados filhotes no estômago da
mãe. Não é raro que uma reprodutora ingira os natimortos ao mesmo tempo que as
placentas.

Alguns produtos fitoterápicos feitos


à base de ervas favorecem o
esvaziamento e a involução uterina. As
regras básicas de higiene permitem
prevenir as infecções ascendentes do
útero durante a expulsão da lóquia (perdas
esverdeadas durante os três dias após o
parto). A utilização sistemática de
antibióticos está desaconselhada nos
planos econômico, médico e sanitário.
Apresentam não só o risco de passarem
para o leite e intoxicarem os cachorros
(podem originar malformações no esmalte
dentário) mas também de selecionarem os
microorganismos resistentes, contra os
quais o antibiótico não poderá agir futuramente.

O gatinho recém-nascido é lambido pela mãe sendo assim libertado da


membrana que o envolve. Este comportamento de lamber tem a função de estimular e
despertar a cria e prolonga-se muito para além do nascimento. A primeira atividade da
cria consiste em encontrar as mamas da mãe.

Ao nascimento, o gatinho é
incapaz de regular a sua temperatura
corporal, é muito frágil e
extremamente dependente da mãe
que mantém o "ninho" quente. A
temperatura retal dos gatinhos muito
jovens é aproximadamente de 37°C e
vai aumentando progressivamente
para atingir os 38°C a 38,5 C por volta
das 7 semanas. Assim, será preferível
aquecer a maternidade a 33°C
durante a primeira semana, 30°C nas
semanas seguintes, 28°C por volta da
4° ou 5° semana e 26°C nas semanas
seguintes.

Controle da reprodução
Esterilização definitiva

AUXILIAR VETERINÁRIO 81
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

• Ovariohisterectomia (remoção dos ovários e do útero) antes da puberdade (6 a 7


meses) ou durante o período de repouso sexual;]

• Laqueação e secção dos oviductos;

• Castração dos machos (ablação dos testículos) entre o 6° e o 10° mês de idade.

• vasectomia dos machos

Esterilização temporária

• Prevenção dos cios pela administração de medicamentos progestagénicos (acetato


de medroxiprogesterona ou acetato de megestrol). A utilização repetitiva destes
produtos tem alguns riscos (piómetra, diabetes, obesidade, patologias mamárias);
• Interrupção do estro com progestagénios;

• Interrupção da gestação (aborto provocado) através da utilização de estrogénios


sintéticos, a realizar antes do 13° dia a seguir ao acasalamento (antes da implantação),
ou com prostaglandina (PGF2 alfa) antes do 40° dia.

Indução do estro

• Coabitação com fêmeas regularmente em estro.

• Luminosidade com duração superior a 12 h.

• Tratamento hormonal

- PMSG (durante 8 dias): ovulação 6-7 dias após o início do tratamento.


- FSH (durante 5 dias): ovulação 4-6 dias após o início do tratamento.
- HCG (1-3 injeções): ovulação 24 h após o tratamento.
- GnRH (2 injeções): estro ao 2° e 3° dias.
- Anti-prolactina (1 injeção): estro 24 h após o tratamento.

EXERCÍCIOS

1. O que é feito quando a fêmea grávida não


consegue ter parto normal?

2. Cite alguns importantes cuidados que


devemos ter com os recém-nascidos.

AUXILIAR VETERINÁRIO 82
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

Aula 19 As afecções neonatais

Os cachorros nascem cegos e surdos, mas a


sua imaturidade não se limita aos órgãos dos sentidos,
visto que também se refere à regulação térmica, à
imunidade, à hidratação e ao metabolismo, para além
de uma ausência de reservas hepáticas e de gorduras.

Todas estas insuficiências predispõem-nos a


várias afecções de origens tão diversas como os
traumatismos, infecções, hipoglicemia ou frio.

Fatores de risco da mãe

• Idade da mãe: A mortalidade e a


morbidez neonatais aumentam
com o número das ninhadas das
reprodutoras.

• Consangüinidade: O aumento da
incidência de malformações
(fenda palatina, megaesôfago,
malformações cardíacas) num
grupo conduz a que se pesquise
entre os ascendentes um excesso
de consangüinidade.

• Distocias: A distocia é um fator que favorece a mortalidade neonatal, como se


pode facilmente supor; entretanto, é preferível deixar de utilizar como
reprodutoras cadelas que tenham apresentado uma distocia, a menos que esta
tenha sido devida a uma causa excepcional evidente (obesidade transitória,
imaturidade do canal do parto, etc.).

• Medicamentos administrados durante a gestação: O período mais sensível à


ação teratogênica (levando a malformações) de certos medicamentos é
naturalmente a fase de embriogênese, que corresponde à diferenciação dos
tecidos (17 a 21 dias). Contudo, o feto também pode ser exposto mais tarde aos
riscos de malformações de alguns órgãos de diferenciação tardia, tais como o
palato, o cerebelo ou ainda o aparelho urinário.

• Perturbações da lactação: Embora a gestação e o parto representem a etapa


mais difícil a ser ultrapassada para as raças pequenas, por outro lado, é a
lactação que pode enfraquecer as reprodutoras de raças grandes e,

AUXILIAR VETERINÁRIO 83
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

consequentemente, prejudicar o crescimento rápido da ninhada. Na espécie


canina, as mamites são causadas com freqüência por um traumatismo
associado às unhas dos cachorros ou a uma infecção ascendente, transmitida
pelo ato de lamber, pela cama ou após uma infecção cutânea (piodermite).
Embora a capacidade para a produção de leite seja um caráter julgado como
"fortemente hereditário", a hipogalactia (falta de leite), a agalactia (ausência de
leite) ou o atraso do aparecimento do leite geralmente são difíceis de prever e,
portanto, de prevenir, especialmente nas primíparas. Estas situações são
frequentemente acompanhadas por perturbações do comportamento,
associadas a uma má socialização ou a um desconforto.

Fatores de risco relacionados ao cachorro


Um estudo recente demonstrou que a
mortalidade dos cachorros antes do
desmame era de 17,4 %, mas diminuía para
4,5% após o desmame. As perdas mais
importantes ocorrem durante a primeira
semana (55,6 %).O próprio desmame induz
um novo pico de mortalidade, que termina a
partir da 12° semana. Estes resultados
mostram que o esforço de prevenção deve
concentrar-se essencialmente na primeira
semana.

• Hipóxia: O parto e os primeiros movimentos respiratórios do cachorro constituem


incontestavelmente o período mais crítico para o recém-nascido.

• Hipoglicemia: Tal como o leitão, o cachorro não nasce com o tecido adiposo
castanho que permite a termogênese sem arrepios. As suas reservas
glicogênicas musculares e hepáticas são muito limitadas (autonomia de algumas
horas depois do nascimento) e dificilmente utilizáveis, o que o predispõe,
classicamente, para a hipoglicemia durante os primeiros 15 dias. O
aparecimento de crises de hipoglicemia (convulsões seguidas de apatia)
depende essencialmente da rapidez de fornecimento de colostro e da
temperatura ambiente.

• Hipotermia: De acordo com o princípio


do ar condicionado, durante o
nascimento, a evaporação do líquido
amniótico leva a um arrefecimento
proporcional à superfície corporal do
cachorro. Este fenômeno explica a
razão pelo qual os cachorros de raças
pequenas estão mais expostos à
hipotermia do que os de raças grandes
da mesma idade. Assim, como no
caso de glicemia, a temperatura do
cachorro está intimamente ligada à

AUXILIAR VETERINÁRIO 84
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

precocidade da primeira mamada e à quantidade de colostro ingerida.

• Desidratação: Nos cachorros, os fatores de risco de desidratação durante os 15


primeiros dias dependem da relação peso/superfície (mais baixa nos cachorros
de raça pequena), da imaturidade da filtração renal, da temperatura e da
higrometria ambiente, do bom aleitamento e de eventuais diarréias que ainda
passam desapercebidas, devido às lambidelas maternas (é freqüente observar
as "caudas molhadas").

Aula 20 Patologias da Reprodução


Pseudo-gestação e lactação nervosa
Estas afecções não são consideradas patológicas, na medida em que são
observadas com maior freqüência nas cadelas selvagens do que nas fêmeas
domésticas, desaparecendo espontaneamente em algumas semanas sem ser
necessário a aplicação de qualquer tipo de tratamento.

As cadelas afetadas pela "gravidez nervosa"


(pseudogestação) apresentam todos os sintomas e
variações hormonais que acompanham uma
verdadeira gestação, sem estarem na realidade
gestantes. Isto complica ainda mais o diagnóstico
de gestação na cadela, pois torna-se impossível
distinguir os sintomas que ocorrem na gestação e
na pseudogestação: mudanças de comportamento
(tendência para construir o seu ninho), aumento de
peso ou até mesmo a lactação.

Ainda não se conhece a causa exata para a


ocorrência destas perturbações, mas sabe-se que
as recidivas são freqüentes.

Raramente afetam as cadelas de criação e atingem preferencialmente as cadelas


de particulares, que apresentam uma submissão e um apego excessivo aos seus
donos. Contudo, a pseudogestação não parece ser um desejo insatisfeito de gestação,
uma vez que uma cadela que já tenha ficado gestante pode ter recidivas. A lactação
associada à pseudogestação é a causa principal da consulta veterinária. A cadela está
excitada e lambe constantemente as suas mamas cheias de leite.

O ato de lamber mantém a lactação por um mecanismo neurohormonal idêntico


ao reflexo da amamentação. O tratamento destas lactações consiste na administração
de substâncias anti-prolactina, complementada por uma restrição na ingestão de água
e a aplicação de pomadas adstringentes nas mamas. No momento desta aplicação, o
proprietário não deve massagear as mamas e deve impedir que a sua cadela se lamba,
através da colocação dum colar isabelino para evitar a manutenção de um "ciclo
vicioso" de estimulação da lactação.

AUXILIAR VETERINÁRIO 85
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

A ovariohisterectomia (retirar os ovários e o útero) é o único método definitivo


para a prevenção das recidivas.

Piometra
Se não houver corrimento vaginal purulento, os sintomas da piometra podem
não ser muito óbvios (piometra fechada). Este tipo de piometra é mais grave, uma vez
que o fluido presente no interior do útero não é drenado espontaneamente. Este fato é
devido a principalmente a três motivos:

• o colo do útero está fechado;

• a sensibilização pela progesterona mantém o útero


relaxado, tal como acontece no útero grávido;

• a posição horizontal dos cornos uterinos não


facilita a drenagem espontânea;

Clinicamente, as Piometra provocam um


fenômeno de letargia que é acompanhado por um
aumento da sede e da emissão de urina (poliúria e
polidipsia). Este quadro pode ser agravado por uma
disfunção renal devido à absorção das toxinas
formadas.

O Médico Veterinário pode confirmar o


diagnóstico através da realização de um esfregaço
vaginal, palpação abdominal, análises sanguíneas,
exames radiológicos ou ecográficos.

A quantidade de pus acumulado no interior do útero pode atingir vários litros!

O tratamento é somente cirúrgico, retirando-se o útero comprometido.

Mono e criptorquidismo
No início da vida fetal, os testículos e os
ovários situam-se na cavidade abdominal,
atrás dos rins. Ao contrário dos ovários, que
permanecem com localização intra-abdominal,
os testículos sofrem uma migração até ao
escroto passando pelo canal inguinal, sob a
influência de certos hormônios e pela tração
exercida por um ligamento (gubernaculum
testis).

Após a puberdade, a posição exterior


dos testículos é indispensável para a produção
dos espermatozóides, que necessitam de uma

AUXILIAR VETERINÁRIO 86
FORMAÇÃO PROFISSIONAL COM QUALIDADE

temperatura inferior à do corpo.

Esta migração deve estar completada nos dias que se seguem ao nascimento
do cachorro, pois durante este período o canal inguinal fica muito estreito, o que pode
impedir a passagem dos testículos.

Um animal com ectopia testicular (mau


posicionamento dos testículos) é denominado
monorquídico quando apenas um dos
testículos não desceu ao escroto, e
criptorquídico se ambos os testículos estão
afetados. A título de exemplo, o criptorquidismo
inguinal designa uma ectopia em que ambos
os testículos permanecem palpáveis na região
inguinal.

O posicionamento definitivo dos


testículos nas bolsas escrotais só é adquirida
aos 6 meses de idade, mas por vezes os
testículos podem voltar a subir
temporariamente durante este período para o
canal inguinal quando são expostos ao frio ou
quando o cachorro está em decúbito dorsal.

O Médico Veterinário deve pesquisar sistematicamente esta anomalia durante a


primeira consulta do cachorro para poder redigir precocemente um certificado de
suspeita, caso esta não tenha sido notificada no certificado de aquisição do cachorro.

A ectopia testicular é encontrada com bastante freqüência na espécie canina. Se


esta anomalia for confirmada aos seis meses de idade, pode haver uma anulação da
venda do cachorro. Embora os animais monorquídicos sejam perfeitamente capazes de
se reproduzir (ao contrário dos criptorquídicos), não é aconselhável usá-los como
reprodutores, visto que existe uma grande possibilidade de transmissão à
descendência.

Assim, para reduzir os riscos de aparecimento de tumores nos animais com


ectopia testicular, é aconselhável esterilizá-los cirurgicamente antes dos 6 anos de
idade.

AUXILIAR VETERINÁRIO 87

Anda mungkin juga menyukai