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Conceito de caso julgado

Por caso julgado, pode entender-se o caso julgado ou sobre o aspecto formal ou sobre o
aspecto material.

" O caso julgado formal, segundo uns, consiste em estar excluída a possibilidade de recurso
ordinário, não podendo a decisão ser impugnada e alterada por essa via e,segundo outros em
despachos ou sentenças, transitados em julgado, sobre questões de natureza processual.

" O caso julgado material existe, quando a decisão sobre a relação material controvertida,
transitou em julgado (v.Jorge Augusto Pais do Amaral, Direito Processual Civil),ou quando a
definição dada à relação controvertida se (pode) impor a todos os Tribunais", ( cfr. Andrade,
Manuel A. Domingues de, in Noções Elementares de Processo Civil, Coimbra Editora, Limitada,
1993, p.305)."

Efeitos do caso julgado

Portanto o caso julgado formal só tem valor intraprocessual, ou seja, só é vinculativo no


próprio processo em que a decisão foi proferida ( cfr. art.672.º,do C.P.C.)., enquanto, que o
caso julgado material, só se verifica com as decisões de mérito, que são, em principio, as
únicas susceptíveis de adquirir a eficácia de caso julgado material ( cfr. Sousa, M. Teixeira, "O
Objecto da sentença e o caso julgado material" BMJ. 325, (1983), p.148).

Fundamentos do caso Julgado

Assim, o caso julgado visa garantir fundamentalmente, o valor da segurança jurídica ( cfr.
Miranda, Jorge, in Manual de direito Constitucional, t.II, 3.ª ed., reim., Coimbra,1966, p.494),
fundando-se a protecção a essa segurança jurídica, relativamente a actos jurisdicionais, no
princípio do Estado de Direito, pelo que se trata de um valor constitucionalmente protegido

( Canotilho, Gomes, in Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Coimbra,1998, p.257).

A doutrina aponta, para que o caso julgado se apresente, sempre, em duas dimensões:

-- a dimensão objectiva que se consubstancia na ideia de estabilidade das instituições e,

-- uma dimensão subjectiva, que se projecta na tutela da certeza jurídica das pessoas ou na
estabilidade da definição judicial da sua situação jurídica.

Assim, entendido nas duas dimensões, o caso julgado destina-se a evitar uma contradição
prática de decisões, obstando a decisões concretamente incompatíveis, pois além da eficácia
intraprocessual é susceptível de valer num processo distinto, daquele em que foi proferida a
decisão transitada,( cfr.art. 479.º, n.1 e n.2 e art. 671.º, n.1, do C.P.C.); existindo caso julgado
material a título principal, quando se trata da repetição de uma causa em que foi proferida a
decisão, e caso julgado material a título prejudicial, em acção destinada a fazer valer outro
efeito dessa relação.

Como conhecer quando existe caso julgado


O princípio orientador que permite remover as dúvidas, se determinada acção é idêntica a
outra, é o da existência ou inexistência da possibilidade de duas ou mais decisões judiciais se
poderem contradizer na práctica.

- "as acções considerar-se-ão idênticas, se a decisão da segunda fizer correr ao Tribunal o risco
de contradizer ou reproduzir a decisão proferida na primeira", ( Ac.RC. de 00.5.25, Recurso
nº970/2000, in http://www.trc.pt/trc09015.html);

sendo que a contradição de decisões, é de ordem prática, por forma,a que não possam
executar-se ambas, sem detrimento de alguma delas, ( v. Juris. do T.RP., nº106, in
http://www.terravista.pt/bilene/2850/00106.html).

Pela contradição prática a que duas ou mais decisões podem conduzir, não pode defender-se,
que os limites dentro dos quais se opera a força do caso julgado material, tenha de respeitar a
tripla condição:

1. de as partes serem as mesmas;

2. ser o mesmo o pedido e

3. ser a causa de pedir, a mesma.

Essa construção temática, que considero redutora , é defendida pela doutrina e da


jurisprudência, tendo como suporte a interpretação e a aplicação literal dos art.497.º,
art.498.º, e art. 671.º, todos do C.P.C. , pesando contra si, o inconveniente de não suportar
todas as circunstâncias em que não se verifica a tripla condição e em que no entanto, existe
caso julgado.

Vejamos quanto às partes:

O principio da eficácia relativa do caso julgado, traduzido no "res inter alios judicatae nullum
aliis praejudicium faciunt", cede em todos os casos em que prescindindo-se do litisconsórcio, o
caso julgado não prejudica terceiro, mas este pode aproveitar-se do mesmo, como acontece v.
gratia,, nos condevedores solidários ( cfr.art.552, do C.C.),ou v.g. nas questões relativas ao
estado das pessoas.

Na situação sub-judice, a existência de um R., o RR3, que não foi demandado na acção em que
foi proferida a decisão de mérito e que eventualmente constitui caso julgado, não constitui
entrave à existência deste caso julgado, como se demonstrará:

Na primeira acção, com sentença transitada em julgado, o tribunal, declarou que os AA. são os
únicos e exclusivos proprietários das fracções autônomas, A e B, do prédio urbano referido e
que o logradouro e serventia fazem parte deste e são comuns a todas as suas fracções.Mais
declarou, que a entrada n.XX, da Rua do Anónimo, em Ermesinde, constitui não só serventia
do prédio dos AA., mas que se constituiu a favor do prédio dos RR., uma servidão de
passagem, por destinação de pai de família, ( cfr. art.1549.º, do C.C.).
· A sentença sendo de mérito e constitutiva é oponível a todos, independentemente de terem
ou não, sido demandados todos os proprietários do prédio dominante, tanto mais que a
servidão foi constituída a favor de um prédio e não, directamente, a favor de pessoas.

Tendo os AA. na primeira acção demandado os RR.1,RR2,RR4,RR5, alegando serem os


proprietários do prédio dominante, não é, por não terem demandado naquela acção o R.R3, e
virem agora, a demandar aqueles primeiros RR, e mais este último RR3, como comproprietário
desse prédio, que deixa de haver caso julgado material , quer a titulo principal, quer a titulo
prejudicial.

A admitir-se que não se tinha operado uma regulação definitiva da existência da servidão,
violar-se-ia a definição de que o efeito útil normal, pode ser conseguido ainda que não estejam
presentes todos os interessados, ( v. por todos, Sousa, Miguel Teixeira de, in "Estudos sobre o
Novo Processo Civil", p.161).

A existência de mais um R., (o RR3), na segunda acção, não pode ter a eficácia de retirar a
força de caso julgado à primeira acção, em que se declarou a existência de uma servidão de
passagem a favor de um prédio, por a qualidade jurídica da parte, ser exactamente a mesma,
que a qualidade jurídica dos únicos primeiros RR, na primeira acção, como comproprietários
do prédio dominante, verificando-se a eficácia reflexa do caso julgado, como excepção à sua
eficácia inter partes, ( v. no mesmo sentido, Sousa, Miguel Teixeira de, in obra citada, p.590).

Se assim não fosse e acaso mais comproprietários, como RR. viessem a ser demandados pelos
AA. em ulteriores acções, o Tribunal ver-se-ia, constantemente, ao sabor das apetências dos
AA., na hipótese se de contradizer ou reproduzir a decisão proferida na primeira das decisões,
apesar de os prédios, dominante e dominado, serem sempre, os mesmos.

Quanto à causa de pedir.

Diz-se que há identidade de causa de pedir, quando a pretensão deduzida em mais que uma
acção procede do mesmo facto jurídico concreto, simples ou complexo, de que emerge o
direito do A., e fundamenta, portanto, legalmente a sua pretensão, constituindo um elemento
definidor do objecto da acção, ( cfr. art. 498.º, n.4, do C.P.C.), ( Ac. STJ, de 17/1/75, BMJ, 243.º,
p. 206; Ac. STJ, de 18/2/88, BMJ, 374.º, p. 423 e Varela, A., RLJ, 121.º, p. 147. ).

A causa de pedir nas acções, deverá ser idêntica à que sustenta o pedido formulado pelo A..
Isto é, os "factos reais, particulares e concretos (...) susceptíveis de produzir efeitos jurídicos"-
(Alberto dos Reis, Comentário, Vol. III, pág. 125.), não sendo necessário, que sejam idênticas as
demandas formuladas, mas sim, que a questão fundamental levantada nas duas acções seja
idêntica, ( Ac. STJ, de 26/10/89, BMJ, 390.º, p. 379.).

Ora na primeira acção/ reconvenção em que foi proferida sentença transitada em julgado, a
causa de pedir concreta, consistia:

Na acção- "em os AA. terem direito de propriedade sobre as fracções A e B, do prédio, do qual
faz parte exclusiva, o logradouro e serventia, pelo que dele, os RR. não se podiam servir para
acesso ao seu prédio" e

Na reconvenção- "em existir uma servidão de passagem constituída a favor do prédio dos RR.,
sobre o dito logradouro e serventia, pelo que dele se podiam servir, sem quaisquer limitações,
quer para passar a pé ou circular em viaturas, quer para estacionar estas, proceder à sua carga
e descarga e demais utilidades e comodidades normais e próprias de qualquer morador."

Esta foi a questão fundamental levantada nessa acção.

Nesta presente acção, a questão fundamental, a apreciar, é que: "os AA. têm direito de
propriedade sobre as fracções A e B, do prédio do qual faz parte exclusiva, o logradouro e
serventia, pelo que dele os RR. não se podem servir para acesso ao seu prédio, quer para
passar a pé e com veículo automóvel, como se constata pela p.i. nomeadamente pelo art. 15º,
da mesma, e que os RR. utilizam tal logradouro e serventia, por forma, que impedem o acesso
dos AA. e demais condóminos, das respectivas fracções, ao logradouro e serventia.

A questão fundamental é portanto, a mesma, pelo que existe a identidade de causa de pedir,
nas duas acções.

Abrangência do Caso julgado

Existem três tendências sobre a abrangência do caso julgado.

-- Uma tese lata, de que o caso julgado, abarca, a causa de pedir e os pressupostos da
sentença, ( Ac.RP, de 18/2/77, CJ,1978, 1.º, p.103);

-- Outra, uma tese restritiva, de que o caso julgado, sómente, abrange a parte decisória da "res
judicata",

( Ac. STJ, de 23/2/78, BMJ, 274.º, p.191);

-- e ainda, uma tese mista, de que o caso julgado, abrange, apenas, a decisão, embora a
motivação deva ser considerada, quando se torne necessário reconstruir e fixar o conteúdo
desta, ( Ac. STJ, de 17/1/80, BMJ, 293.º, p. 235. ).

Como defensores da tese mista, que se nos afigura como a mais correcta, por entendermos,
que deve ser considerada a motivação das decisões, porquanto se torna necessária para
reconstruir e fixar o conteúdo dessas decisões, evitando que o Tribunal seja colocado na
alternativa de contradizer ou de reproduzir a decisão anterior ( cfr. art. 497.º, n.2, do C.P.C.),
não podemos também olvidar, que todas essas teses têm um elemento comum; o de
considerarem a parte decisória como fulcral para apuramento da existência de caso julgado.

Tendo a primeira acção julgado parcialmente procedente o pedido dos AA., "reconhecendo o
seu direito de propriedade" e procedente o pedido reconvencional dos RR., "reconhecendo a
existência de uma servidão de passagem, sem quaisquer limitações, quer para passar a pé ou
circular em viaturas, quer para estacionar estas, proceder à sua carga e descarga e demais
utilidades e comodidades normais e próprias de qualquer morador.", teremos que verificar se
nesta acção, o pedido dos AA. estará ou não já solucionado pela decisão, trânsitada em
julgado, dada áqueles pedidos, nessa acção e nessa reconvenção.

A resposta terá de ser sempre positiva, confrontando o teor da sentença proferida na primeira
acção em que reconhece a existência de uma servidão, sem limitações.

Se a servidão foi reconhecida, sem limitações, não se pode pretender, que nesta acção, os AA.
queiram impor uma limitação a essa servidão.

Dir-se-à que todos os direitos se auto-limitam entre si e que todos têm exercício abusivo
quando excedem os fins para que foram criados.

Porém se nesta acção os AA. negam a existência da servidão, não se vislumbra como se possa
considerar, como sendo exercido por forma abusiva, um direito que os AA, entendem não
existir, quando tal direito tem a sua existência reconhecida por decisão judicial trânsitada em
julgado.

Significa que a decisão a proferir nesta acção, não pode impor uma limitação a uma servidão
que foi reconhecida sem limites, entrando numa contradição insuperável com uma decisão
judicial anterior e violando o príncipio do caso julgado.

Pelo referido anteriormente, verificada a existência de caso julgado, este como excepção
dilatória p.no art.494.º, alínea i), do C.P.C. obsta à reapreciação do mérito da causa já
precedentemente julgada.

Decisão

- "declaro verificada a excepção dilatória de caso julgado, p. no art. 494.º, al, i), do C.P.C., e
absolvo os R.R. da instância, nos termos do art.493º, nº 2., do mesmo C.P.C."

Custas pelos A.A., art.446.º, nº1, do C.P.C.

Registe e notifique.

Elaborei e revi em computador-art.138º, n.º 5, do C.P.C.

Manuel Afonso de Melo e Almeida

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