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FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA

CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD

Fundamentos de Geologia – Prof. Ms. Clayton Ricardo Janoni

Meu nome é Clayton Ricardo Janoni, sou Geólogo bacharel em Geologia pelo Instituto
de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro-SP da Universidade Estadual Paulista –
UNESP e mestre em Geologia Regional pela mesma universidade. Atualmente, sou
professor efetivo do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, atuando no ensino,
pesquisa e extensão nas áreas de Geologia, Engenharia de Minas e Mineração.

e-mail: claytonjanoni@hotmail.com

Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação


Clayton Ricardo Janoni

FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA

Batatais

Claretiano

2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013

551 J36f

Janoni, Clayton Ricardo


  Fundamentos de Geologia / Clayton Ricardo Janoni – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
202 p.
  ISBN: 978-85-8377-079-4

  1. Estrutura e composição do Planeta Terra. 2. Deformações em rochas.


3. Tectônica de placas. 4. Água no sistema Terra. I. Fundamentos de
Geologia.

CDD 551

Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli
Rodrigo Ferreira Daverni
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Sônia Galindo Melo
Josiane Marchiori Martins
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami Vanessa Vergani Machado
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Rita Cristina Bartolomeu Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos

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SUMÁRIO

CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 7
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO.........................................................................................................................8
3 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 28
4 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .........................................................................................................................28

UNIDADE 1 - PLANETA TERRA: DAS ORIGENS À ESTRUTURA GEOLÓGICA ATUAL


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 29
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 29
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................29
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................31
5 GEOLOGIA: CIÊNCIA DA TERRA......................................................................................................................32
6 INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA......................................................................................................................35
7 TEMPO GEOLÓGICO....................................................................................................................................... 40
8 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO INTERNA DA TERRA.........................................................................................43
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................46
10 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 48
11 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 48
12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................48

UNIDADE 2 - CONSTITUIÇÃO DO PLANETA TERRA: MINERAIS E ROCHAS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 49
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 49
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................49
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................50
5 MINERAIS....................................................................................................................................................... 51
6 INTRODUÇÃO À PETROLOGIA ÍGNEA, METAMÓRFICA E SEDIMENTAR..........................................................57
7 CICLO DAS ROCHAS........................................................................................................................................ 79
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................80
9 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 82
10 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 82
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................82

UNIDADE 3 - DEFORMAÇÕES EM ROCHAS E TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 83
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 83
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................83
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................84
5 PRINCÍPIOS DEFORMACIONAIS......................................................................................................................85
6 ELEMENTOS ESTRUTURAIS – DOBRAS...........................................................................................................87
7 ELEMENTOS ESTRUTURAIS – FALHAS.............................................................................................................92
8 EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO TECTÔNICO................................................................................................96
9 TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS................................................................................................................98
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................103
11 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 104
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 104
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................105

UNIDADE 4 - CICLO HIDROLÓGICO E INTRODUÇÃO À PEDOLOGIA – CIÊNCIA DO SOLO


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 107
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 107
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................107
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................109
5 ORIGEM DA ÁGUA NO SISTEMA TERRA.........................................................................................................110
6 CICLO HIDROLÓGICO...................................................................................................................................... 112
7 ÁGUA SUBTERRÂNEA..................................................................................................................................... 114
8 PROCESSOS EROSIVOS PROVOCADOS PELA DINÂMICA DA ÁGUA.................................................................119
9 INTEMPERISMO: CONCEITO, TIPOS E FATORES DE CONTROLE......................................................................122
10 PEDOLOGIA: CIÊNCIA DO SOLO......................................................................................................................124
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................129
12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 130
13 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 131
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................132

UNIDADE 5 - OS AMBIENTES GEOLÓGICOS NA DINÂMICA EXTERNA DO PLANETA TERRA


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 133
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 133
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................133
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................134
5 AMBIENTES FLUVIAIS E ALUVIAIS ASSOCIADOS.............................................................................................135
6 AMBIENTES GLACIAIS..................................................................................................................................... 142
7 AMBIENTES DESÉRTICOS................................................................................................................................ 148
8 AMBIENTES COSTEIROS................................................................................................................................. 153
9 AMBIENTES DE FUNDO MARINHO.................................................................................................................156
10 INTRODUÇÃO GERAL À GEOMORFOLOGIA E À NEOTECTÔNICA....................................................................159
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS.......................................................................................................................160
12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................... 160
13 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 161
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................162

UNIDADE 6 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS RECURSOS NATURAIS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 163
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 163
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE...............................................................................................163
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................164
5 RECURSOS HÍDRICOS...................................................................................................................................... 165
6 IMPACTOS AMBIENTAIS NOS RECURSOS HÍDRICOS.......................................................................................169
7 RECURSOS MINERAIS..................................................................................................................................... 172
8 RECURSOS ENERGÉTICOS............................................................................................................................... 177
9 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RECURSOS ENERGÉTICOS................................................................182
10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................182
11 CONSIDERAÇÕES............................................................................................................................................ 183
12 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 183
13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................184

UNIDADE 7 - GEOLOGIA REGIONAL: ESTUDO APLICADO PARA LEVANTAMENTOS GEOLÓGICOS


1 OBJETIVOS...................................................................................................................................................... 185
2 CONTEÚDOS................................................................................................................................................... 185
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE................................................................................................185
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE..............................................................................................................................186
5 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.....................................................................................186
6 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS...............................................................................190
7 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL............................................................................................191
8 ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE RONDÔNIA.....................................................................................194
9 LEVANTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS ..............................................................................................................196
10 ENQUADRAMENTO DE ÁREAS EM ESTRUTURAS GEOLÓGICAS REGIONAIS..................................................197
11 ESTUDO DE CASO – ÁREAS ÍGNEAS OU DE MAGMATISMO...........................................................................198
12 ESTUDO DE CASO – ÁREAS METAMÓRFICAS OU DE FAIXAS MÓVEIS...........................................................199
13 ESTUDO DE CASO – ÁREAS SEDIMENTARES OU DE BACIAS...........................................................................200
14 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................................................................201
15 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................ 201
16 E-REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 202
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................................................202
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC
Ementa–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Evolução histórica do conhecimento geológico. Subdivisões e ramos da Geologia. Introdução à astronomia. O tempo
geológico. Estrutura e composição do Planeta Terra. Terremotos. Conceitos, origens, classificação e identificação
de minerais. Rochas Ígneas (vulcanismo e plutonismo). Rochas Metamórficas, ambientes e tipos de metamorfismo.
Rochas Sedimentares, processos e ambientes sedimentares. O ciclo das rochas. Princípios deformacionais. Dobras.
Falhas. Conceito de Tectônica. Tectônica de Placas. Regimes tectônicos. A água no sistema-Terra. Água subterrânea
e aquíferos. Intemperismo. Formação e classificação de solos. Solos brasileiros e depósitos lateríticos. Ambientes
fluviais e aluviais. Morfologia dos rios. Ambientes Glaciais e ação das geleiras. Ambientes Desérticos e ação dos
ventos. Ambientes Costeiros e ação do mar. Ambientes de fundo oceânico. Introdução à Geomorfologia e à Neotectô-
nica. Recursos Hídricos. Impactos antrópicos nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos. Recursos Minerais.
Panorama econômico mineral no Brasil e no mundo. Recursos Energéticos. Impactos ambientais na exploração de
recursos energéticos. Geologia Regional do estado de São Paulo/Distrito Federal/Minas Gerais/Rondônia. Levanta-
mentos bibliográficos. Enquadramento de áreas nas principais estruturas geológicas regionais. Análise estratigráfica
e caracterização de unidades geológicas. Estudo de casos.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Você iniciará o estudo do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-
gia. O seu conteúdo está dividido em sete unidades, que serão, resumidamente, apresentadas
a seguir.
Na Unidade 1, serão abordados os conceitos iniciais da Ciência Geológica, as áreas que
compõem esta ciência, tanto teóricas como aplicadas, as terminologias necessárias para um
maior entendimento a respeito das dinâmicas internas e externas associadas ao nosso planeta,
assim como toda a magnitude do Tempo Geológico e a atual composição e estruturação do glo-
bo terrestre.
A Unidade 2 será uma das mais importantes unidades deste material, pois nela serão
apresentados a você os elementos constituintes da crosta terrestre - minerais e rochas. Você
conhecerá as mais importantes classes de minerais que configuram a composição das três clas-
ses genéticas de rochas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas. Além disso,
identificaremos todos os processos geológicos gerais, formadores dessas rochas, que configu-
ram a crosta terrestre e a sua integração final no chamado ciclo das rochas.
Na Unidade 3, você identificará os elementos deformacionais da crosta terrestre, ou seja,
aqueles que modificam e estruturam a crosta terrestre: as dobras e as falhas e, consequente-
mente, a mais importante teoria geológica que explica a movimentação e o dinamismo do pla-
neta Terra - a Teoria da Tectônica de Placas.
8 © Fundamentos de Geologia

Já na Unidade 4, será abordado o maior bem natural que existe em nosso planeta - a água,
relacionando-a com o Ciclo Hidrológico. Você conhecerá, também, o conceito de intemperismo,
muito importante para nós que vivemos em terras tropicais. O entendimento do intemperismo
nos direcionará ao estudo integrado da Pedologia - a ciência que estuda e classifica a formação
de todos os tipos de solos que compõem a superfície terrestre.
Na Unidade 5, você compreenderá os processos da dinâmica externa do planeta e a sua
relação com os ambientes geológicos. Conhecerá toda a dinâmica geológica de formação dos
ambientes: fluvial, glacial, desértico, costeiro e de fundo oceânico e, por fim, serão apresenta-
dos os conceitos iniciais da Geomorfologia e da Neotectônica, e a influência que exercem na
estruturação dos ambientes geológicos e, especialmente, no relevo terrestre.
Na Unidade 6, você estudará os principais conceitos geológicos e geopolíticos relaciona-
dos aos recursos hídricos, minerais e energéticos, como introdução ao grande estudo dos Recur-
sos Naturais, assim como os impactos ambientais causados na exploração destes.
Por meio dos estudos da Unidade 7, você poderá conhecer os aspectos geológicos regio-
nais (composição e estruturação) de algumas localidades, bem como as técnicas necessárias
para a realização de levantamentos geológicos (mapeamentos de áreas), e, por fim, realizare-
mos o estudo de caso de alguns municípios brasileiros, analisando os aspectos geológicos do
subsolo como suporte para diversas atividades economicamente exploráveis.
Bons estudos!

2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO

Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá-
rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul-
tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva,
ética e responsabilidade social.
A Geomorfologia e outras disciplinas estão relacionadas à Geografia Física e ao Meio Am-
biente. A Geologia é muito importante no aprendizado interdisciplinar de estudantes e profis-
sionais das ciências ambientais. Na atualidade, a busca e o entendimento relacionado aos pro-
cessos físicos e aos elementos que constituem o nosso planeta - A Terra, se fazem necessários e
imediatos frente às constantes modificações e degradações que a natureza vem sofrendo.
A Geologia como ciência tenta entender a história geral do planeta Terra, desde o momen-
to em que se formarão as rochas até os presentes dias. Em termos mais expressivos, podemos
definir a Geologia como sendo a ciência que aborda a história evolutiva do Planeta Terra, como
também sua origem, composição, estrutura, além dos fenômenos naturais ocorridos durante os
diversos períodos e eras que compõem o tempo geológico.
O planeta Terra já mudou muitas vezes ao longo de sua história. Continentes nem sempre estiveram
onde estão hoje, mares se formaram e secaram, formas de vida diversas surgiram e desapareceram. As
pistas deixadas pela natureza possibilitam que o homem procure, aos poucos, desvendar essa história.
Vestígios encontrados são como peças de um grande quebra-cabeça, que aos poucos vão se encaixando
e desvendando enigmas (JORNAL DA CIÊNCIA, 2007).
© Caderno de Referência de Conteúdo 9

Este é o papel do geólogo para as sociedades atuais: buscar pistas e desvendar a história
de nosso planeta, além de contribuir significativamente na busca de soluções e correções para
os problemas ambientais.
Da mesma forma do papel aplicado da ciência geológica, a educação profissional de es-
tudantes de diversas áreas, tais como, a Geografia, a Biologia, o Turismo, a Agronomia, enfim,
áreas que se integram na busca de soluções aplicadas ao meio ambiente, também é papel e
compromisso da Geologia. Observe esta inter-relação na Figura 1.

Figura 1.

No primeiro momento, o Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-


gia tem a missão de levar a você o conhecimento de todos os conceitos iniciais e de apresenta-
ção da ciência geológica, bem como inter-relacionar esta ciência com o ensino da Geografia. O
conhecimento a respeito dos ramos que compõem a ciência geológica também será enfatizado
neste momento de forma que você possa se situar no dialeto das ciências da terra, ou seja, com-
preender a ação do geólogo juntamente com as outras áreas das geociências.
Você irá aprender também toda relação do sistema-Terra com os elementos e a dinâmica
astronômica do Universo, do Big Bang, a composição atual do sistema solar, de forma a situar
nosso planeta no tempo e no espaço.
Outro tema bastante importante e de difícil compreensão a ser destacado nesta Aborda-
gem Geral é o "Tempo Geológico", o tempo da Terra. O entendimento quantificado e qualificado
a respeito do tempo geológico é um assunto bastante complexo, em razão do uso de conceitos
das ciências exatas nesse processo de quantificação.
Por fim, você aprenderá os conceitos e dados elementares a respeito da composição e da
estrutura do Planeta Terra, dados estes de extrema importância para o ensino da geografia físi-
ca, além de conhecer e entender de forma curiosa a dinâmica interna do planeta.
Vale destacar que nenhum profissional ligado ao quadro ambiental desenvolve suas ati-
vidades e pesquisas sozinho, sempre trabalha de forma interdisciplinar com as outras áreas do
conhecimento integrado ao sistema-Terra.

Claretiano - Centro Universitário


10 © Fundamentos de Geologia

Com isso, os objetivos a serem alcançados nesse primeiro momento são:


• Compreender a evolução histórica e a subdivisão dos ramos que compõem a ciência
geológica.
• Analisar e entender os aspectos astronômicos relacionados ao Planeta Terra.
• Entender e quantificar o Tempo Geológico além da estruturação física de nosso planeta.
Comece a criar um espírito crítico junto à busca ao conhecimento, envolvendo as duas
variáveis que configuram o funcionamento do sistema-Terra, ou seja, o tempo e o espaço.
Avançando o conhecimento geológico, você poderá introduzir os conceitos relativos aos
elementos micro-mesoscópicos que constituem a crosta terrestre, ou seja, minerais e rochas.
Em todas as análises ambientais, é necessário entender os processos geológicos relacio-
nados às causas dos mais diversos problemas relativos ao sistema-Terra. E a base para um en-
tendimento maior, partindo do efeito escala de observação, é conhecer a gênese de formação,
classificações gerais e a inter-relação destes elementos (minerais e rochas) como premissas fun-
damentais para essas análises.
Inicialmente, você irá aprender o que são, como se formam e a classificação geral dos mi-
nerais que constituem as três classes genéticas de rochas, além de conhecer os métodos diretos
de identificação e reconhecimento dos principais minerais formadores de rochas.
Avançando neste entendimento integrado dos constituintes da crosta terrestre, vamos
conhecer a gênese de formação das rochas ígneas, formadoras da base da crosta terrestre e
classificada como as mais antigas nesta escala de formação. Os processos magmáticos de for-
mação destas rochas, vulcanismo e plutonismo e seus produtos, serão enfatizados para você na
forma correta de conceituação.
As rochas metamórficas continuam nesta apresentação, em que é imprescindível enten-
der o conceito de metamorfismo e seus produtos, pois ambas as rochas ígneas e metamórficas
fornecem materiais mineralógicos para a formação das rochas sedimentares. Também é impor-
tante você conhecer a gênese complexa de formação, primeiramente, dos sedimentos e, poste-
riormente, das rochas sedimentares.
Por fim, a sistemática integradora dos aspectos mineralógicos, das rochas ígneas, sedi-
mentares e metamórficas, forma o chamado Ciclo das Rochas (Figura 2). É claro que nenhuma
gênese ocorre individual e pontual, sendo fatores interdependentes na composição total da
crosta terrestre.
© Caderno de Referência de Conteúdo 11

Figura 2 Ciclo das rochas.

Para um perfeito entendimento desta grande variedade de elementos que constituem


a crosta terrestre, desenvolva uma memória fotográfica e continue a desenvolver seu espírito
crítico.
Após você conhecer os elementos formadores da crosta terrestre, vamos conhecer tam-
bém os elementos deformacionais e perturbadores das rochas, que geram condições geológicas
próprias para a formação de oceanos e cadeias montanhosas, e o surgimento de elementos
estruturais geométricos para uma análise geológica estrutural.
No decorrer dos estudos, serão discutidos o que é "deformação em rochas" e os condicio-
nantes físicos para que ocorram as deformações; além disso, apresentaremos alguns critérios
para o desenvolvimento das estruturas resultantes dos processos perturbadores e modificado-
res das rochas.
A Geologia Estrutural é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo deformacio-
nal e dos elementos resultantes destas deformações na litosfera: as dobras e as falhas. O obje-
tivo do estudo de tais elementos é mostrar as evidências sobre o dinamismo do planeta Terra,
e comprovar a origem da formação dos continentes, o surgimento de estruturas modernas ao
lado de estruturas muito antigas no modelamento dos continentes e oceanos.
Os elementos geométricos que você irá estudar são as dobras geológicas (Figura 3) e as
falhas geológicas (Figura 4).

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12 © Fundamentos de Geologia

Figura 3 Dobras geológicas.

Figura 4 Falhas geológicas.

As dobras (Figura 3) são deformações de caráter dúctil que ocorrem nas rochas devido a
esforços compressivos das porções crustais, conhecidas como placas tectônicas.
Já as falhas (Figura 4) são deformações de caráter rúptil que geram a quebra de porções
continentais, o desnivelamento das estruturas e a formação de elementos geomorfológicos (de
relevo) na superfície terrestre.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13

Consequentemente, você conhecerá os elementos deformacionais e o funcionamento da


Teoria da Tectônica de Placas, muito importantes atualmente no entendimento da estruturação
da superfície terrestre.
Nesse sentido, você passará a compreender melhor a gênese estrutural de formação dos
principais elementos de relevo.
Assim, é importante que você compreenda os fatores geotectônicos e deformacionais,
busque uma aplicação em escala global sobre os produtos resultantes e não se prenda somente
aos elementos estruturais do território brasileiro.
O funcionamento do sistema-Terra está fundamentado na compreensão dos processos
relacionados à dinâmica interna, estes vistos até o momento, e à dinâmica externa, ou seja,
aqueles que ocorrem integrados na superfície terrestre, a qual você conhecerá a partir deste
momento.
O estudo geológico da água é extremamente importante para as ciências da Terra, visto
que ela compreende o agente químico mais abundante na superfície terrestre, além de repre-
sentar um elemento essencial para a vida das inúmeras espécies de seres vivos que habitam a
superfície terrestre. Por isso, você conhecerá a gênese de formação e todo o ciclo que a água
desenvolve no funcionamento do sistema-Terra.
Como você pode notar, a água assume papel importante junto aos processos de alteração
química de minerais e rochas atuando diretamente na formação do solo. Da mesma forma, a
água é o agente erosivo mais eficiente no sistema-Terra, pois utiliza os rios para transporte dos
materiais erodidos, e os lagos e os oceanos para a distribuição e a deposição desses materiais
inconsolidados que futuramente sofrem diagênese e formam as rochas sedimentares.
Você estudará, também, todos os processos e agentes envolvidos no ciclo hidrológico (Fi-
gura 5), que, por sua vez, é responsável por uma série de efeitos climatológicos e pela formação
dos solos na superfície terrestre.

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14 © Fundamentos de Geologia

Figura 5 Ciclo hidrológico.

Ao comparar a porcentagem de água no globo terrestre e as áreas continentais, nota-se


que toda superfície terrestre representa 100% de material analisado, a água corresponde a qua-
se 75% deste montante e as áreas continentais assumem somente os 25% restantes.
© Caderno de Referência de Conteúdo 15

Pode-se notar que a ação geológica da água se dá tanto em superfície como em subsuper-
fície, formando os chamados aquíferos, que são reservatórios naturais de água junto às forma-
ções rochosas.
Outro conceito bastante importante para o estudo é o intemperismo, pois este corres-
ponde à ação geológica conjunta da água, do vento, do clima, do relevo, da fauna e da flora que
proporciona os processos de alteração química e física dos constituintes da crosta terrestre, os
minerais e rochas, formando os diversos solos presentes na superfície terrestre.
O solo, formado pela ação do intemperismo, corresponde à última camada formadora da
crosta terrestre, sendo de caráter inconsolidado, e é resultante das rochas que foram decom-
postas para a sua formação. Além disso, o solo é constituído por estruturas responsáveis sendo
diagnósticas em sua classificação.
Dessa forma, os processos geológicos relacionados à formação do solo recebem o nome
de Pedogênese, e a ciência responsável pelo estudo, análise e classificação dos solos é chamada
de Pedologia.
Como você pode observar, são várias definições que exigirão de você interpretação dos
conceitos geológicos, químicos e físicos relacionados à dinâmica da água na superfície e subsu-
perfície terrestre, da mesma forma que a Pedologia requer o desenvolvimento de uma memória
fotográfica bastante expressiva de sua parte, no ato de caracterização dos diversos tipos de so-
los, para futuras classificações em estudos ambientais aplicados.
De acordo com a Ceplac (2012): “A conservação do solo e da água melhora o rendimento
das culturas e garante um ambiente mais saudável e produtivo, para a atual e as futuras gera-
ções”.
Ambientes geológicos
De certa forma, todos os conceitos apresentados até o momento se inter-relacionam com
a formação, a composição, a morfologia e os demais aspectos dos ambientes geológicos da su-
perfície terrestre.
Conceitualmente, nosso principal objetivo será introduzir uma série de aspectos relacio-
nados à Geomorfologia, ciência responsável pelo estudo e evolução do relevo terrestre; bem
como os conceitos relacionados à Neotectônica, segmento da Geotectônica responsável pelo
estudo das estruturas geológicas envolvidas na formação do relevo.
O ambiente fluvial e aluvial associados serão os primeiros ambientes a serem discutidos,
pois os rios correspondem aos principais agentes modificadores e transformadores das paisa-
gens terrestres (Figura 6), agindo intensamente no modelamento do relevo. Além disso, apre-
sentam grande importância para a vida humana, uma vez que o homem se utiliza dos rios ou de
seus produtos para sua sobrevivência.

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16 © Fundamentos de Geologia

Figura 6 Rios – modeladores do relevo.

Entretanto, são também agentes condicionadores de catástrofes ambientais, tais como


enchentes e inundações. Enfim, conhecerão os aspectos morfológicos dos rios, a formação dos
leques aluviais e os produtos geológicos formados pela ação dos rios.
Ambiente Glacial
As geleiras correspondem a importantes elementos na composição fisiográfica do planeta
Terra. Diversos processos e fatores estão associados à dinâmica das geleiras na composição dos
ambientes glaciais, além de outros sérios fatores que são discutidos atualmente, tais como o
efeito estufa, a elevação do nível do mar, entre outros. Observe algumas áreas glaciais na Figura
7.
© Caderno de Referência de Conteúdo 17

Figura 7 Áreas glaciais do planeta.

Em meados da era Cenozoica, o planeta enfrentou diversas fases glaciais, com temperatu-
ras muito baixas, alternado com fases interglaciais (fases de superaquecimento global).
Ambiente eólico
Você conhecerá, também, o ambiente eólico, ou ambiente dominado por ventos. Ele está
associado à ação eólica agindo no modelamento do relevo, e está relacionado à movimentação
das massas de ar no deslocamento de partículas (sedimentos) pelo ar.
A formação do deserto (Figura 8) é o produto mais característico da ação do ambiente eó-
lico, pois a formação de mares de areia e consequente formação de dunas são produtos da ação
dos ventos agindo na movimentação de partículas.

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18 © Fundamentos de Geologia

Figura 8 Desertos.

Ao contrário dos rios, os ventos são agentes menos efetivos no modelamento do relevo.
Ambientes costeiros
A dinâmica evolutiva dos ambientes costeiros (Figura 9), por sua vez, está associada à ação
do mar, na interface oceano-continente. Em função disso, surgem as praias e outras feições
morfológicas, tais como as baias, os cabos etc. Você estudará, também, a ação das correntes da
maré, responsáveis por muitos processos formadores e modificadores da linha costeira.

Figura 9 Ambientes costeiros: limite continentes/ oceano.


© Caderno de Referência de Conteúdo 19

Ambientes geológicos
Por fim, em relação aos ambientes geológicos que dominam a superfície terrestre, vamos
conhecer o ambiente de fundo oceânico, que, embora pouco explorado, apresenta certa impor-
tância na dinâmica externa do planeta, pelo fato de conter uma série de estruturas geológicas
formadas e associadas à movimentação das placas tectônicas, tais como a Cadeia Meso-Atlânti-
ca e uma série de ilhas e vulcões submarinos.
Os fundos oceânicos são estruturados por diversos outros ambientes menores, em escalas
diversas.
Nesse momento, já foram apresentados os processos e fatores que configuram as dinâmi-
cas internas e externas do planeta Terra, além dos aspectos gerais da ciência geomorfológica,
julgando que o entendimento integrado da evolução e formação dos ambientes geológicos seja
pré-requisito para o entendimento das formas de relevo, resultantes de tudo isso.
Após conhecer os processo e elementos gerados pelas dinâmicas interna e externa do
planeta Terra, você continuará discutindo em torno de uma questão bastante polêmica que vem
assustando uma série de nações por todo mundo, inclusive o Brasil - os recursos naturais.
A palavra “recurso” significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de alguma coisa.
O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na Natureza, para satisfazer
suas necessidades.
No sistema-Terra ocorre uma constante troca de recursos naturais entre os seres vivos.
Contudo, os recursos naturais, após serem utilizados, podem ser renováveis, isto é, voltar a se-
rem disponíveis, ou não renováveis, isto é, nunca mais ficar disponíveis (GPCA, 2012).
A flora e a fauna são exemplos de recursos naturais renováveis. Já os minerais, como, por
exemplo, o minério de ferro e o petróleo, são classificados como recursos naturais não renová-
veis, pois, após seu uso, um dia, irão se esgotar no Planeta (GPCA, 2012).
Neste contexto, de acordo com GPCA (2012):
Conservar os recursos naturais implica em usá-los de forma econômica e racional para que, os renová-
veis não se extingam por mau uso e os não renováveis não se extingam rapidamente. Desde que, num
plano de manejo adequado, exista e se previna a ação antrópica (do homem) nociva, [a maior existência
dos] recursos naturais renováveis podem, teoricamente, acontecer.
Desde que se recicle convenientemente o recurso natural não renovável, a economia advinda possibili-
tará a dilatação do prazo de existência desse recurso na natureza.

De acordo com o site Árvores Brasil (2012):


Os recursos hídricos são de usos múltiplos. Embora o abastecimento público seja mundialmente reco-
nhecido como prioritário diante das demais demandas, a água também é utilizada para abastecimento
industrial, irrigação, [...] lazer, geração de energia elétrica, navegação conservação da biota aquática e
até mesmo para a recepção de efluentes tratados.

Observe na Figura 10 as principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

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20 © Fundamentos de Geologia

Figura 10 Principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

De acordo com o IGC (2012):


Os recursos minerais são todos os materiais retirados da crosta terrestre para nosso uso, incluindo
bens metálicos, não-metálicos, recursos energéticos e água mineral. Estes recursos estão presentes em
quase todos os aspectos do nosso cotidiano, em todos mesmo, desde as nossas roupas, casas, carros e
ruas, até alimentos e remédios.

Observe na Figura 11 algumas formas de exploração de recursos minerais.

Figura 11 Exemplos de exploração de recursos minerais.


© Caderno de Referência de Conteúdo 21

Vale ressaltar que os bens minerais podem ser utilizados em seu estado bruto ou então
após passar pelos mais variados processos industriais, desde simples moagem, até transforma-
ções mais complexas (IGC, 2012).
Os combustíveis fósseis (petróleo – Figura 12, carvão – Figura 13 e gás natural) são recur-
sos não renováveis e se enquadram nos recursos energéticos, utilizados pelas sociedades atuais,
isto é, um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, pois o seu uso
implica muita poluição do ar.

Figura 12 Fontes energéticas - petróleo.

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22 © Fundamentos de Geologia

exploração

Figura 13 Fontes energéticas - carvão.

Por esses motivos, eles estão atualmente em declínio, em especial o petróleo. Assim, o
homem teve a necessidade de encontrar energias alternativas para suprimir as suas necessida-
des energéticas e eliminar os problemas ambientais. Das alternativas possíveis, a energia eólica,
solar, hidroelétrica, geotérmica, marés, ondas, biomassa e biogás, são as alternativas viáveis
atualmente para utilização de forma sustentável destes recursos.
Enfim, você irá conhecer as gêneses de formação destes recursos naturais, como também
as formas de utilização sustentável e os impactos causados pela má utilização destes recursos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23

Vamos discutir o quadro econômico brasileiro e mundial em relação ao papel desenvolvido


pelas nações para as políticas de preservação e legislação cabíveis à utilização destes recursos.
Aplicaremos nosso conhecimento em estudos fisiográficos, pois todos os profissionais do
meio ambiente são requeridos em algum momento de sua vida profissional para realizar levan-
tamentos junto ao meio ambiente.
Na atualidade, grande número de municípios brasileiros necessitam da realização e pro-
dução de Planos Diretores, que norteiem e descrevam todas as atividades aplicadas ao uso e à
ocupação do solo, atribuindo valores conceituais e formas mitigatórias para correção de peque-
nos, médios e até grandes impactos ambientais presentes nas áreas físicas dos municípios.
Você irá conhecer os aspectos gerais relacionados ao substrato geológico que compõem
os estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rondônia.
Posteriormente, serão apresentadas formas de realização de levantamentos bibliográfi-
cos específicos para a iniciação aos estudos aplicados junto à temática geológica; com isso, a
metodologia científica será descrita a você de forma aplicada em estudos direcionados para a
complementação de estudos maiores que necessitam de suas ações como profissional do meio
ambiente.
Para estudos geológicos, é necessário que sejam realizadas pesquisas minuciosas para
caracterização das principais estruturas geológicas que configuram a base para o entendimento
das unidades rochosas presentes em determinada localidade.
Dessa maneira, os estudos serão direcionados na forma de estudos de casos para melhor
compreender como são estruturadas as áreas que apresentam seu subsolo enquadrado nas três
classes genéticas maiores de rochas: ígneas, sedimentares ou metamórficas.
Após a realização desta viagem geológica pelo tempo da Terra, você pôde ter uma noção
do que é a ciência geológica, além de seu objeto de estudo e a importância de conhecer os pro-
cessos físicos da Terra na sua formação como profissional do meio ambiente.
Devido às enormes catástrofes ambientais ocorridas na atualidade por todo globo terres-
tre, a necessidade e a procura de profissionais especialistas nos processos físicos do planeta têm
aumentado grandiosamente, daí a importância de concluirmos nossos estudos geológicos, co-
nhecendo de uma maneira geral a aplicabilidade de todos estes elementos, processos e agentes
geológicos, associados às causas e danos atribuídos ao meio ambiente.
Por fim, vale destacar o porquê de conhecer estudos de casos associados às três classes
genéticas de rochas. Todas as regiões do globo terrestre estão assentadas em uma destas três
ocorrências, sendo áreas ígneas, áreas metamórficas e áreas sedimentares.
No estudo físico do planeta Terra, tente associar os processos geológicos conhecidos por
você, e busque um ponto de partida para interpretar aqueles elementos associados a determi-
nados processos geológicos, pois, assim, seu entendimento contribuirá de forma marcante na
sociedade em que vivemos.

Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a
definição dos principais conceitos:

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24 © Fundamentos de Geologia

1) Acresção planetária: é o processo, também chamado de “colapso gravitacional”, que


ocorre entre as nuvens de gás e a poeira cósmica de alta densidade existente no uni-
verso, no momento de fusão de todos estes elementos no ato da formação do planeta.
2) Albedo: este termo diz respeito à proporção entre a energia solar refletida e a energia
solar incidente, revelando, assim, “[...] a capacidade de absorção da energia solar dos
materiais terrestres e dos organismos, rios, lagos, oceanos, geleiras continentais e flo-
restas” (SÍGOLO in TEIXEIRA, 2003, p. 249).
3) Caldeira: “[...] material fornecido por um vulcão, seja sob forma de lava ou de tufos,
muitas vezes atingindo muitos quilômetros cúbicos”. A eliminação desse volume pro-
voca uma deficiência de massa no interior, que poderá ser compensada pelo colapso
das partes exteriores (UFPA, 2012).
4) Cristalinidade: quanto melhor a formação cristalográfica dos minerais, ou seja, quan-
to maior é o tempo de resfriamento, maior cristalinidade a rocha possui.
5) Diagênese: "[...] nome dado ao conjunto de transformações que o depósito sedimen-
tar sofre após a deposição, consistindo em mudanças nas condições de pressão, tem-
peratura, Eh, pH e pressão de água, ocorrendo dissoluções e precipitações a partir
das soluções aquosas existentes nos poros. O processo termina na transformação do
depósito sedimentar inconsolidado em rocha, ou litificação” (UNESP, 2012).
6) Estado dúctil: estado máximo de deformação sem rompimento ou quebra do mate-
rial.
7) Estratigráfico: “[...] forma, arranjo, distribuição geográfica, sucessão geológica, classi-
ficação, correlação e as relações mutuais das camadas de rochas, especialmente sedi-
mentares” (PARKER, 1989, p. 1834).
8) Estuário: “[...] é uma massa de H2O costeira semifechada que possui uma ligação livre
com o mar aberto, é, portanto, extremamente afetado pela ação das marés, dentro
deles H²O doce (oriunda dos sistemas terrestres) se mistura (diluí) com H2O marinha”
(COLA DA WEB, 2008).
9) Grupo: é o nome dado ao conjunto de rochas metamórficas que apresentam as mes-
mas condições pretéritas. Um exemplo disso é o Grupo Araxá, que é formado por ro-
chas metamórficas de baixo grau, composto por quartzitos, xistos, filitos e pertencem
à Faixa de Dobramentos Brasília.
10) Isostasia: corresponde ao equilíbrio entre as porções rochosas continentais que flutu-
am e se apóiam nas porções mais densas do manto.
11) Lixiviado: compreende os minerais que se encontram na porção superior do solo e se
concentram nas porções inferiores devido à percolação de água no sistema.
12) Loess: são depósitos sedimentares que se formam devido aos sedimentos em sus-
pensão no ar por muito tempo, retirados de uma área fonte (como vulcões e erosão
glacial), são transportados pelos ventos e se depositam em regiões muito distantes
desta área fonte.
13) Matacões: fragmento de rocha maior do que bloco e que tem diâmetro maior do que
25 cm, apresentando, muitas vezes, formas esferoides (UNB, 2012).
14) Não renovável: nunca mais serão disponíveis.
15) Pedologia: é a ciência que estuda e classifica o solo.
16) Plano Diretor: é o planejamento de caráter sócio-econômico-cultural-ambiental ne-
cessário para todos os municípios para justificar suas formas de ocupação e uso do
solo.
17) Plutons: é o nome dado aos corpos intrusivos, eles estabelecem relações geométricas
com as rochas encaixantes de forma concordante ou discordante. Os corpos concor-
dantes são classificados em: sills, lacólitos, lopólitos e facólitos, já os corpos discor-
dantes são classificados em: diques, necks, apófises e batólitos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 25

18) Podzolização: é o processo de formação do solo com migração mecânica de argila do


horizonte a para o horizonte b (b textural), ou migração química do horizonte a para o
horizonte b (b espódico).
19) Renovável: que está sempre se renovando.
20) Saprólito: “Rocha decomposta por intemperismo químico para um material argiloso,
variavelmente friável, de cores amarelas a avermelhadas ou em tons de cinza, [depen-
dendo] da rocha original e do clima, podendo conter quartzo e outros minerais resis-
tentes à alteração e preservando, frequentemente, muitas das estruturas da rocha sã
que ocorre abaixo”. O saprólito ocorre na base do manto de intemperismo, mas pode
ser exposto por erosão dos níveis regolíticos, podendo apresentar dezenas de metros
de espessura em climas úmidos (UNB, 2012).
21) Seixos: fragmento de mineral ou de rocha, menor do que bloco e maior do que grânu-
lo, tamanho conhecidos como pedregulho ou cascalho, com diâmetro compreendido
entre 2,0 mm e 60 mm quando arredondados ou semiarredondados.
22) Soerguimento: a crosta terrestre exerce força de elevação sobre as rochas constituin-
tes, fazendo que rochas que estão a dezenas de metros de profundidade sejam expos-
tas em superfície sujeitas ao intemperismo.
23) Soil Survey: manual e sistema americano (USA) de classificação de solos.
24) Solução lixiviante: é uma solução que remove os detritos químicos e deixa no sistema
os materiais neoformados.
25) Tectogênica: processos pelos quais as rochas são deformadas. Refere-se, especifica-
mente, à formação de dobras, falhas, juntas e clivagem.

Esquema dos Conceitos-chave


Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apre-
sentamos, a seguir (Figura 14), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que
você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse
exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a
partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar,
de maneira gráfica, as relações entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos
mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se-
quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza-
ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu
conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos
de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se,
ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren-
dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva
do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de
ancoragem. 
Tem-se de destacar que “aprendizagem” não significa, apenas, realizar acréscimos na es-
trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con-
figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de
conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os

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26 © Fundamentos de Geologia

novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar
esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

Águas
Subterrâneas

Figura 14 Esquema dos Conceitos-chave – Fundamentos de Geologia.

Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar en-
tre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-apren-
dizagem. Por exemplo, o conceito de ciclo das rochas exige que você compreenda os conceitos
de minerais e que entenda que as rochas são constituídas por eles, sem o domínio conceitual
deste processo explicitado pelo esquema, pode-se ter uma visão confusa do tratamento da te-
mática da geologia proposto neste Caderno de Referência de Conteúdo.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27

O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se


somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem
como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu
próprio conhecimento.

Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os
conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas
dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino de Geografia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante
a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a
avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir
as suas respostas sobre as questões autoavaliativas de múltipla escolha.

As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com
seus colegas de turma.

Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.

Figuras (ilustrações, quadros...)


Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja,
elas não são meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos estudados, pois relacio-
nar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.

Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais
apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você
se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de co-
municação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com
outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece,
aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma
capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do
tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem
o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.

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28 © Fundamentos de Geologia

É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.

3. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
ÁRVORES BRASIL. O que são recursos hídricos e florestais. Disponível em: <http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=aguas_
florestas_recursos>. Acesso em: 9 fev. 2012.
CEPLAC. Conservação do solo e da água. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/conservacaosolo.htm>. Acesso em:
8 fev. 2012.
COLA DA WEB. Ambiente estuarino. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/biologia/ambienteestuarino.htm>. Acesso
em: 26 out. 2008.
GPCA. Recursos naturais. Disponível em: <http://www.gpca.com.br/gil/art80.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
IGC. Utilização de recursos minerais: argila, calcário, cimento, metais, petróleo. Disponível em: <https://docs.google.com/
viewer?a=v&q=cache:UK2rG5dKDboJ:www2.igc.usp.br/concurso/texto4.doc+Os+recursos+minerais+s%C3%A3o+todos
+os+materiais+retirados+da+crosta+terrestre+para+nosso+uso&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESh7Fgs0NuhQfk3-
j-L2aEAAdJPBP_6KWtlbR1-f0a_Z_HVGDg5AmpeGMZqlHTW4pe-lhNxssRu1aHWTPnWqtdq3iAWmqF_Rdw1Lec0Kdwe7He7Cttu
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JORNAL DA CIÊNCIA. Ciência e poesia explicam Geologia. 2007. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.
jsp?id=51274>. Acesso em: 8 fev. 2012.
UFPA. Rochas ígneas. Vicente Caputo (Org.). Disponível em: <https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:jjFno_gQiywJ:www.
ufpa.br/larhima/Material_Didatico/Graduacao/Geologia_Geral/Rochas%2520Igneas%2520e%2520magmatismo.doc+%C3
%A9+o+material+fornecido+por+um+vulc%C3%A3o,+seja+sob+forma+de+lava+ou+de+tufos&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srci
d=ADGEESjFqHiPPiQTjlz55ZjrAXhhvVivfdfig_bbbpVywSCoSWNGtYo66xwigLM1o3zdO7p7iz4bkfhQuJE_gmfAW1yUG6gZkqJ_
hhmMy1xUpaym-B3jF1ttoupsMCL7NVv1b3vkObWx&sig=AHIEtbRFJ99oGBwti3opLRKWlQBHIqdiuw>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNB. Matacões. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/matacao.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
_____. Saprólito. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/saprolito.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNESP. Rochas sedimentares. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/sedimentares.html>.
Acesso em: 9 fev. 2012.

4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Planeta Terra: das Origens à
Estrutura Geológica Atual

1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender a evolução histórica e a subdivisão dos ramos que com-
põem a ciência geológica.
• Identificar e analisar os aspectos astronômicos relacionados ao planeta Terra.
• Compreender e quantificar o tempo geológico e a estruturação física do nosso plane-
ta.

2. CONTEÚDOS
• Evolução histórica do conhecimento geológico e principais ramos de atuação do geó-
logo.
• Introdução à Astronomia: o Big Bang, o Universo, a Via láctea e o sistema solar.
• Tempo geológico: o conceito de eras, períodos e épocas geológicas.
• Estrutura e composição do planeta Terra, campo gravitacional e eletromagnético e
calor interno da terra.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
30 © Fundamentos de Geologia

1) Para obter maiores informações sobre Geologia, consulte o seguinte endereço ele-
trônico: <http://www.igc.usp.br/geologia/o_que_e_a_geologia.php>. Acesso em: 15
ago. 2011.
2) Você poderá consultar o histórico completo da ciência geológica em:
• O papel da história da exploração aurífera em Ouro Preto e a formação de professo-
res em Geologia. Disponível em: <http://www.igc.usp.br/geologiausp/downloads/
geoindex655.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• História da Geologia. Disponível em: <http://www.minera-net.com.ar/detalle-noti-
cia.asp?i=2995&t=4>. Acesso em: 6 jan. 2012.
3) Conheça mais sobre os aspectos relacionados à magnitude do tempo geológico e ana-
lise-os por meio dos endereços eletrônicos:
• Cronômetros da Terra - o tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/
geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Tempo%20
Geologico.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Tempo Geológico. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
tempo-geologico.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
4) Ao analisar os processos geológicos, tente sempre ordená-los em uma linha do tem-
po. Isso facilitará seu entendimento sobre a evolução de todos esses processos e nas
diversas escalas de observação.
5) Os aspectos relacionados à estrutura, campo gravitacional e magnético terrestre e ao
calor interno da Terra podem ser melhor aprofundados pela consulta aos seguintes
endereços:
• Gravimetria. Disponível em: <http://www.iag.usp.br/siae98/gravimetria/gravime-
tria.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Estrutura da Terra. Disponível em: <http://domingos.home.sapo.pt/estruterra_4.
html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Magnetismo Terrestre. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
magnetismo-terrestre.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
6) Para melhor compreensão do tema campo eletromagnético da Terra, observe o se-
guinte endereço eletrônico: <http://www.mporzio.astro.it/CVS/campo.JPEG>. Acesso
em: 15 ago. 2011.
7) Antes de começar seus estudos sobre os Fundamentos de Geologia, seria interessante
para você conhecer um pouco sobre a vida e a obra de alguns dos primeiros pensado-
res que discutiram a formação e a constituição da Terra e do Universo.

Tales de Mileto
Foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência
fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624/625 a.C. e faleceu
aproximadamente em 556 ou 558 a.C.
Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador
da Escola Jônica. Considerado, também, o primeiro filósofo da “physis” (natureza), porque
outros, depois dele, seguiram seu caminho buscando o princípio natural das coisas.
Tales considerava a água como sendo a origem de todas as coisas. E seus seguidores, embora
discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam
com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único” para essa natureza primordial.
Entre os principais discípulos de Tales de Mileto merecem destaque: Anaxímenes, que dizia ser o “ar” a substância
primária; e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação (texto adaptado do site
disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).
Anaxímenes de Mileto (585–528 a.C.)
Concordava com Anaximandro quanto ao a-peiron, e com as características desse
princípio apontadas por Anaximandro. Mas postulou que esse a-peiron fosse o Ar.
Foi discípulo e continuador da escola Jônica e escreveu sua obra: “Sobre a Natureza”, também em prosa.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 31
Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.
Enquanto Tales sustentava a ideia de que a água é o bloco fundamental de toda a matéria, Anaxímenes dizia que
tudo provém do Ar e retorna ao Ar.
Adágio de Anaxímenes: “Exatamente como a nossa alma, o ar mantém-nos juntos, de forma que o sopro e o ar abraçam
o mundo inteiro [...]”. (texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anax%C3%ADmenes_de_
Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).

Giovanni Arduino (1714–1795)


Foi um geólogo italiano. Fundador da estratigrafia e considerado como o “pai da geologia italiana”. Era irmão do
naturalista Pietro Arduino.
Foi professor de química, mineralogia e metalurgia em Veneza.
Arduino foi um especialista em mineração. Foi ele que possivelmente desenvolveu a primeira classificação de tempo
geológico, baseado no estudo da geologia do norte da Itália, particularmente num penhasco de Recoaro Terme,
uma região rica sob o ponto de vista geológico. Em 1735, dividiu a história da terra em quatro períodos: Primitivo
(primário), secundário, terciário e vulcânico (quaternário).
Sua teoria considerava que todos estes períodos foram delimitados por fenômenos naturais como catástrofes,
inundações, glaciações ou outros.
Seu maior trabalho foi “Due lettere sopra varie osservazioni naturali dirette al Prof. A. Vallisnieri”, de 1759, onde
propôs a divisão do período geológico da terra nas quatro ordens.
Além disso, dirigiu a exploração de algumas minas em Veneto e Toscana.
Em 1912, o geólogo Edoardo Billows dedicou-lhe um mineral que pensou ser uma nova descoberta com o nome de
“arduinita”. Porém, posteriormente foi verificado que este mineral se tratava da já famosa mordenita.
Em 1976, o cume Dorsum Arduino da lua foi nomeado em sua homenagem (texto adaptado do site disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Giovanni_Arduino>. Acesso em: 3 fev. 2012).

Abraham Gottlob Werner (1749–1817)


Foi um geólogo e mineralogista alemão, fundador da moderna mineralogia e da geognosia. Os seus trabalhos
contribuíram para a separação da geologia e mineralogia em ciências distintas, tendo sido o primeiro cientista a
classificar os minerais sistematicamente. Foi também o proponente de uma controversa teoria sobre estratigrafia e
defendeu e divulgou o neptunismo, uma teoria explicativa da origem das rochas, hoje obsoleta. Pela importância dos
seus trabalhos ao longo de sua vida e pelo contributo que deu às Ciências da Terra é considerado como o pai da
mineralogia moderna. Também elaborou teorias sobre estratificação das rochas e formação das rochas vulcânicas
(texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Abraham_Gottlob_Werner>. Acesso em: 3 fev.
2012).

James Hutton (1726–1797)


Foi um geólogo escocês, conhecido por ser o pai do uniformitarismo e do plutonismo. Ele é considerado por muitos o
pai da geologia moderna (texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/James_Hutton>. Acesso
em: 3 fev. 2012).

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta primeira unidade, daremos início aos nossos estudos introduzindo os conceitos bá-
sicos da ciência geológica, bem como a inter-relação desta ciência com o ensino da Geografia.
Assim, o conhecimento a respeito dos ramos que compõem a ciência geológica será enfa-
tizado de forma que você possa se situar no dialeto das ciências da terra, ou seja, compreender
a ação do geólogo juntamente com as outras áreas das geociências.
No decorrer do estudo desta unidade, você compreenderá toda a relação do sistema Terra
com os elementos e a dinâmica astronômica do Universo, do Big Bang à atual composição do
sistema solar, de forma a situar nosso planeta no tempo e no espaço.
Outro tema bastante importante a ser estudado será o tempo geológico, ou seja, o tempo
da Terra.
Por fim, você compreenderá os conceitos elementares a respeito da composição e da es-
trutura do Planeta Terra, dados estes de extrema importância para o ensino da Geografia Física.
Vamos lá?

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5. GEOLOGIA: CIÊNCIA DA TERRA


O que você entende por Geologia? Para as Geociências, a definição de Leinz e Amaral
(1987, p. 3) apresenta de forma explícita e objetiva o que esse ramo significa, conceitualmente,
para a sociedade.
O termo Geologia vem do grego geo, que significa terra, e logos, palavra, pensamento, ciência. A Geo-
logia, como ciência, procura decifrar a história geral da Terra, desde o momento em que se formaram
as rochas até o presente, pois corresponde a um conjunto de fenômenos físicos, físico-químicos e bio-
lógicos.

Em outras palavras, podemos definir a ciência geológica como a ciência cujo objeto de
estudo é o Planeta Terra, suas transformações e sua história. Essas transformações geram ele-
mentos ou fenômenos naturais que atuam de forma direta e indireta em nossas vidas.
Por exemplo, foi por meio do conhecimento geológico que se chegou à determinação da
idade da Terra, 4,6 bilhões de anos, e também à criação e ao desenvolvimento de teorias como
a Tectônica de Placas, uma teoria importante, balizadora dos aspectos evolutivos e de movimen-
tação das placas tectônicas que compõem a crosta terrestre.
A Geologia apresenta uma relação intrínseca com muitas outras ciências, em especial com
a Geografia, a Biologia e a Engenharia Ambiental. Por outro lado, a Geologia fundamenta-se por
dados e ferramentas disponibilizados pelas ciências exatas, daí o enorme grau de complexidade
no entendimento de diversos processos relacionados a essa história evolutiva.
Atualmente, o geólogo tem um papel nobre nas sociedades, em consequência da frequen-
te ocorrência de problemas e contrastes ambientais catastróficos, auxiliando na compreensão
dos processos naturais e no entendimento da dinâmica evolutiva desses processos.
Vale lembrar que nenhum profissional ligado ao quadro ambiental desenvolve suas ativi-
dades e pesquisas sozinho. Ele sempre trabalha de forma interdisciplinar com as outras áreas do
conhecimento integrado ao sistema Terra.
Cabe ao geólogo, ainda, a missão de localizar e propor métodos corretivos relacionados
ao uso e à extração de recursos naturais, como o petróleo, o gás natural e o carvão e, na pros-
pecção e exploração de metais gerados na crosta terrestre, como o minério de ferro utilizado
na metalurgia e na siderurgia, da bauxita para produção do alumínio, do urânio como mineral
energético etc.
Ou seja, a Geologia relaciona-se com muitas ciências que têm como foco de atuação o
meio ambiente. Veja na Figura 1 a inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio am-
biente na interface de atuação.

Figura 1 Inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio ambiente na interface de atuação.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 33

O conhecimento geológico atingiu um grau de evolução bastante avançado se comparado


a décadas passadas, como 1970 e 1980.
Essa evolução não se deveu apenas às aceleradas pesquisas geológicas perante o con-
traste ambiental do ciclo natural terrestre, fundamentais para a valorização das relações entre
o agente antrópico (homem) e a natureza. Ela também tem relação com a criação de um perfil
mais crítico e consciente frente ao ritmo acelerado no desenvolvimento de cidades e na gestão
de recursos naturais.
Assim, uma das premissas fundamentais das pesquisas geológicas atuais é o estabeleci-
mento de critérios investigativos para evitar danos futuros ao meio ambiente nas várias ativida-
des humanas, além da valorização da relação entre o ser humano e a natureza.
Os objetivos da ciência geológica resumem-se ao estudo das características do interior e
da superfície da Terra, na compreensão dos processos físicos, químicos e físico-químicos, res-
ponsáveis pela formação dos elementos constituintes na estruturação atual do Planeta Terra.
Além desses segmentos geocientíficos, existem outras ciências que se apoiam de alguma
forma no sistema-Terra, como é o caso da Agronomia, da Engenharia Ambiental etc.

Evolução histórica do conhecimento geológico


Você sabia que as primeiras ideias referentes ao estudo da Geologia se deram quando o
homem, como agente social, buscou a utilização de minerais e rochas em vários segmentos de
sua vida?
A seguir, veja, por meio dos períodos da história, uma breve relação da ordem cronológica
dos fatos que levaram ao desenvolvimento da ciência geológica.
De acordo com Eicher (1996), em sua obra O tempo geológico, as primeiras utilizações de
recursos naturais aconteceram na Pré-História, quando o homem buscava no solo ferramentas
para o manuseio da vida.
Posteriormente, as primeiras observações e questionamentos vieram dos gregos na anti-
guidade clássica, período em que a ocorrência dos fatos levava a suposições de caráter abstrato
e especulativo e, a maioria delas, apresentava um fundamento geológico de acordo com os
conceitos da atualidade.
Entre os primeiros pensadores, Eicher (1996) cita Tales de Mileto (século 5º a.C.), que
supôs que a água seria o agente formador da terra; Anaxímenes (século 4º a.C.), com a ideia
de ser o fogo e o ar o agente formador, e Aristóteles (século 2º a.C.), com a suposição de que
os terremotos seriam formados pelo sopro de fortes ventos no interior da Terra, entre outros.
Na Idade Média foram poucos os progressos da ciência geológica. Somente no final do
século 15 surgem as ideias de Leonardo da Vinci, com proposições bastante enriquecedoras no
entendimento de formação dos fósseis, formação das montanhas, origem dos rios etc. Giorgio
Agricola (1494-1555) também aparece nesse cenário investigativo, contribuindo de forma gran-
diosa com a criação do primeiro manual de Mineralogia.
Outros cientistas renomados pela história da humanidade colaboraram para o suces-
so atual da Geologia, tais como: Copérnico, Galileu Galilei, Ptolomeu, Giordano Bruno, Isaac
Newton, entre outros.
No século 17, surgem nomes como Nicolas Steno, com conceitos bastante enriquecedores
no ramo da Geologia Histórica e W. G. Leibniz, aprofundando as ideias de René Descartes sobre
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a origem da crosta terrestre. Já no século 18, surgem Giovanni Arduino, Buffon e Cuvier com as
primeiras noções sobre o tempo geológico, como afirmam Teixeira et al. (2003).
Foi no início do século 19 que Abraham G. Werner e James Hutton remodelaram a ciência
geológica, dando-lhe aspectos modernos. Werner aplicava a teoria do Netunismo, a qual propõe
que todas as rochas teriam sido formadas em um oceano espesso que cobria toda a superfície
terrestre; Hutton aplicava a teoria do Plutonismo, que propunha ser o magma o agente forma-
dor das rochas, sem desprezar a água como agente formador de outras rochas, além de estabe-
lecer o conceito de erosão.
Já Charles Lyell estabeleceu os conceitos da Geologia Física e da Estratigrafia. Eduard
Suess estabelece a história de formação da crosta terrestre, entre outros. A partir desse período,
a Geologia veio se desenvolvendo no ramo científico progressivamente.
Eicher (1996) afirma que, no Brasil, a Geologia manifesta-se no final do século 18 com as
ideias e tratados de José Bonifácio, criados a partir de suas viagens científicas pelo estado de
São Paulo. Segundo ele, também a chegada da corte portuguesa, quando vieram para o Brasil
os alemães Eschewege e Varnhagen, estabeleceu diversos estudos na área da mineração e da
metalurgia.
Já no final do século 19, foi criada a Comissão Geológica do Império do Brasil, comandada
por diversas celebridades da ciência geológica brasileira como Derby, Branner, entre outros.
Até hoje a ciência geológica caminha em ritmo acelerado diante da imensa necessidade
de investigações e criações de novas técnicas para o entendimento e a correção de problemas
ambientais, além da criação de tecnologias modernas e avançadas para o processo de correção
do meio ambiente.

Subdivisões e ramos da Geologia


De acordo com Leinz e Amaral (1987, p. 3-4), a ciência geológica divide-se em dois níveis
de investigação:
• Geologia Teórica e Conceitual - composta pelas seguintes áreas: Geologia Geral, Mineralogia e
Mineralogia Óptica, Petrologia Ígnea, Metamórfica e Sedimentar, Paleontologia, Estratigrafia, Fo-
togeologia, Geologia Estrutural, Geotectônica, Geomorfologia, Geoquímica, Pedologia e Geologia
Histórica.
• Geologia Aplicada - composta pelas seguintes áreas: Geologia Econômica, Hidrogeologia, Mecâ-
nica de Solos e Rochas, Prospecção e Pesquisa mineral, Mapeamentos geológicos, Geologia de
Engenharia, Lavra de minas e Tratamento de minérios, Geologia Ambiental, Geologia do Petróleo,
Recursos Energéticos e Geofísica.

Veja na Figura 2 um quadro descritivo dos ramos que compõem a ciência geológica.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 35

Figura 2 Quadro descritivo dos ramos que compõem a ciência geológica.

6. INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA
O que você entende por Astronomia? Veja o conceito apresentado a seguir e compare
com as suas ideias.
Maciel (2001) definiu a Cosmologia como a ciência responsável pelo estudo não só da
evolução e origem do Universo, como também das maiores estruturas existentes nele. Com isso,
pertencente ao estudo maior da Cosmologia, encontra-se a Astronomia.
Teixeira et al. (2003) afirmam que Astronomia é a ciência que busca informações por meio
de investigações e análises espaciais dos fenômenos físicos relacionados à Terra e à sua atmos-
fera, estudando as origens e a evolução de todos os objetos que podem ser observados no céu,
em escala cosmológica.
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A Astronomia fundamenta suas descobertas na monitoração de fenômenos espaciais tem-


porários. Além disso, da mesma forma que as outras ciências do sistema Terra, baseia seus es-
tudos no método científico, associando observações científicas extraterrestres para confirmar
algumas teorias terrenas.
A Figura 3 mostra uma representação da Astronomia como a ciência da observação do
céu, das estrelas e do universo.

Fonte: Enciclopédia Astronomia, (v. 1, 1985, p. 18).


Figura 3 Astronomia - a ciência da observação do céu, das estrelas e do universo.

Mas por que estudar a Astronomia?


Você já se perguntou o que existe além daquilo que os seus olhos podem enxergar no céu?
Muitas perguntas sobre esse tema já possuem respostas, embora muitas outras ainda estejam
no campo das investigações.
É importante destacar que, além de respostas para as causas astronômicas, o exercício da
Astronomia esbarra em questões filosóficas, metafísicas e religiosas, sendo bastante delicada a
forma de abordagem.
Nesse sentido, vale lembrar que o objetivo maior de apresentar a você os conceitos as-
tronômicos não é defender uma teoria ou outra, mas sim apresentá-lo às diversas teorias que
existem a respeito do assunto. Caberá a você decidir, por meio de evidências, qual se adequa
melhor ao seu ponto de vista.
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Origem e estrutura do Universo: a teoria do Big Bang


Você já notou que ao olharmos para o céu observamos milhares de estrelas refletindo
suas luminosidades em diferentes intensidades?
Assim, um dos primeiros passos para entender a Astronomia é tentar hierarquizar os ele-
mentos que nela estão presentes. As estrelas se agrupam, formando as galáxias, que podem
conter uma infinidade de elementos estelares. As galáxias podem apresentar sua morfologia, ou
seja, suas formas de dois tipos: espiral e elípticas (TEIXEIRA et al., 2003, n.p.).
• Galáxia Elíptica: Estruturas do universo que apresentam formato esférico ou elipsoidal, estas apre-
sentam cor avermelhada do sol, com estrelas que se distribuem de forma uniforme pela estrutura
oval.
• Galáxia Espiral: Estrutura do universo que apresenta formato circular onde existe um aglomerado
de estrelas na porção central e um disco achatado onde se distribuem as estrelas.

Aumentando a escala de observação, podemos agrupar as galáxias em aglomerados, que


são conjuntos de galáxias reunidos por sua proximidade. Por exemplo, a Galáxia de Andrômeda,
as Nuvens de Magalhães e a Via Láctea, compõem o chamado Grupo Local.
No entanto, o maior nível hierárquico astronômico são os superaglomerados, formados
por aglomerados de até dezenas de milhares de galáxias. Observe na Figura 4 a morfologia geral
das galáxias.

Fonte: Zeilik; Smith, (1987, n.p.).


Figura 4 Morfologia geral das galáxias.

O Universo encontra-se em expansão devido ao aumento contínuo do espaço entre os


aglomerados galácticos que não se ligam pela atração gravitacional. Esses critérios astronômicos
de abertura ou fechamento do universo se dão pela chamada Constante de Hubble (18 Km/s.
106 anos-luz).
De acordo com Cordani (2003), a Astronomia não está totalmente segura se o universo se
encontra realmente em expansão ou em fechamento por causa das incoerências entre a Cons-
tante de Hubble e a densidade crítica do Universo.
Mas e se o Universo fosse fechado?
Croswell (1999), em uma suposição inversa, afirma que se o universo fosse fechado, sua
velocidade de expansão diminuiria até anular-se, formando o chamado Cosmocrunch. Toda a
matéria estaria reunida em um único ponto com uma densidade muito alta e, nessa singularida-
de, o tempo não teria sentido.
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Esse fato pode ter ocorrido há 15 bilhões de anos, com um único ponto de partida no qual
toda a matéria e energia estariam reunidas, ocorrendo, assim, uma grande explosão denomina-
da Big Bang. A Figura 5 mostra a sequência de eventos no Big Bang.

Figura 5 Sequência de eventos no Big Bang.

Após essa grande explosão surgiram o espaço, o tempo e a energia universal e, em con-
sequência da expansão do espaço, surgiram as quatro forças fundamentais da natureza: Força
Eletromagnética, Força Nuclear Forte, Força Nuclear Fraca e Força Gravitacional (ANDERSON,
1989).
Ainda de acordo com Anderson (1989), posteriormente se deram as condições para a for-
mação de matéria e a consequente formação dos elementos químicos. As estrelas e as galáxias
formaram-se mais tarde e, devido ao resfriamento, a matéria agrupou-se em nuvens de gás,
conhecidas por nebulosas, que entraram em colapso, formando as primeiras estrelas.
A Figura 6 mostra um quadro esquemático dos eventos astronômicos com as respectivas
idades.

Figura 6 Quadro esquemático dos eventos astronômicos com as respectivas idades.


© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 39

Sistema Solar
O Sistema Solar, com idade de 4,6 bilhões de anos, é formado pelo Sol (que pode ser con-
siderado uma estrela mediana composta por hidrogênio e hélio), planetas, satélites, asteroides
e cometas (TEIXEIRA et al., 2003).
Todos esses elementos formaram-se simultaneamente em termos de massa e volume to-
tal do Sistema Solar: o Sol corresponde a 99% da massa total, enquanto os outros corpos corres-
pondem a menos de 1%.
Veja na Figura 7 a composição do Sistema Solar.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 11).


Figura 7 A composição do sistema solar.

O funcionamento do Sistema Solar está ligado ao fato de os planetas desenvolverem órbi-


tas elípticas em torno do Sol, ou seja, a órbita do planeta é definida por dois momentos próxi-
mos e dois momentos distantes do Sol.
Os planetas são classificados em:
• Internos (telúricos): Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - apresentam massa e densidade
média pequena, possuem poucos satélites e atmosferas finas.
• Externos (jovianos): Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - apresentam massa e densidade
média grande comparada ao Sol, possuem inúmeros satélites e atmosferas bastante
espessas com predomínio de H e He.
Vale destacar que Plutão foi considerado um planetoide, não se classificando mais como
um planeta devido a convenções da União Astronômica Internacional. O mesmo fazia parte dos
planetas externos; no entanto, apresentava características totalmente diferentes dos demais
planetas desse grupo.
Segundo Croswell (1999), entre os planetas internos e os externos existe o chamado Cin-
turão de Asteroides, formado por uma infinidade de corpos menores que manifestam, também,
órbitas elípticas, acompanhando o movimento dos planetas.
De acordo com Safronov (1992), o Sistema Solar formou-se devido à alta concentração
de poeira cósmica, gerando uma nebulosa em formato de um disco circular de baixa rotação, a
estrela central, o Sol. Este, entra em processo de fusão nuclear elevando a temperatura dos cor-
pos mais proximais, que, depois, entram em processo de resfriamento e, consequentemente,
ocorre a condensação dos gases em matérias sólidas, causando a acresção planetária, guiadas
pela força da gravidade.

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A acresção planetária é um processo também chamado de colapso gravitacional, que


ocorre entre as nuvens de gás e a poeira cósmica de alta densidade existente no universo, no
momento de fusão de todos esses elementos no ato da formação dos planetas.
Com essa sequência se deu a formação dos chamados planetésimos que se aglomeraram
em porções maiores gerando os protoplanetas e, consequentemente, a formação do Sistema
Solar.
Após a formação dos planetas, devido à proximidade do Sol, foi ocorrendo diferenciação
geoquímica entre os materiais constituintes. Os planetas internos apresentam núcleos metá-
licos (Fe e Ni) envolvidos por um espesso manto de material silicático, e os planetas externos
apresentam núcleos sólidos silicáticos envoltos por espessas camadas gasosas, voláteis de H e
He.
Outros elementos importantes pertencentes ao Sistema Solar são os meteoritos, frag-
mentos rochosos provenientes do Cinturão de Asteroides. Os meteoros são considerados estre-
las cadentes que se volatilizam ao entrar na atmosfera terrestre.
Os meteoritos maiores, ao atingirem a superfície terrestre, produzem enormes crateras
de impactos. A Antártica é o local onde os cientistas mais encontram amostras de meteoritos,
devido ao degelo das calotas polares e, também, à facilidade de observação na paisagem branca
e gelada.
Segundo Gomes e Keil (1980, p. 14), os meteoritos são classificados de acordo com a sua
estrutura interna e suas composições químicas e mineralógicas em:
• Meteoritos rochosos: Condritos e Acondritos, compostos somente por minerais silicáticos, estes
perfazem um total de 95% dos meteoritos encontrados na superfície terrestre.
• Meteoritos Ferro-Pétreos (siderólitos): mistura de minerais silicáticos com minerais metálicos, cor-
respondem a 1% do total.
• Meteoritos Metálicos (sideritos): formados somente por minerais metálicos, correspondem a 4%
do total.

O significado geológico para o estudo e a importância dos meteoritos corresponde a asso-


ciações da composição destes com a composição das rochas ígneas presentes na crosta terrestre
no momento de formação do planeta.
A composição desses meteoritos é similar à composição dos planetésimos, fragmentos
que, se submetidos a análises radiométricas para datações, apresentam a mesma idade da for-
mação primitiva do sistema solar – 4,6 bilhões de anos.
As duas maiores ocorrências de queda de meteoritos na Terra foram no deserto do Arizo-
na nos Estados Unidos, formando uma cratera de 1.200 metros de diâmetro, e nas proximidades
da cidade de São Paulo, produzindo uma cratera da ordem de 3.600 metros de diâmetro, hoje
preenchidas por sedimentos e que, provavelmente, corresponde à bacia de São Paulo.

7. TEMPO GEOLÓGICO
A Geologia é uma ciência de caráter estritamente histórico, que depende totalmente da
variável "tempo". Cabe ao geólogo não somente estudar os processos geológicos, como tam-
bém ordená-los no tempo, segundo uma cronologia própria do Planeta Terra, mediante regis-
tros em rochas e minerais.
A ordenação dos processos e eventos geológicos segue a padronização da escala do tem-
po geológico, aplicada em todos os países do mundo. A criação dessa escala foi baseada em
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 41

datações de rochas por métodos geocronológicos ou por datações de fósseis. Foram a partir
dessas datações que se chegou à idade de 4,56 bilhões de anos para o Planeta Terra.
As primeiras ideias de tempo, na Geologia, foram desenvolvidas por Nicolau Steno. Por
meio de observações feitas em rochas sedimentares, ele definiu três aspectos importantes para
o estabelecimento das idades desses materiais: o princípio da superposição, o princípio da ho-
rizontalidade original e o princípio da continuidade lateral das camadas.
No entanto, com o passar do tempo, esses princípios, que eram primordiais ao entendi-
mento evolutivo da formação das rochas, passaram a apresentar algumas incoerências. Surgiu,
então, a seguinte pergunta: onde se enquadram as rochas ígneas e metamórficas nessa ordena-
ção de eventos geológicos?
Hutton, em meados do século 18, criou o princípio das causas naturais, estabelecendo a
relação de discordâncias entre rochas, ou seja, durante a formação destas havia hiatos de tempo
na formação de uma para outra sequência de rocha, gerando novos questionamentos no pro-
cesso de constituição delas.
Atualmente, são conhecidos três tipos de discordâncias:
• Não conformidade.
• Discordância angular.
• Desconformidade.
Esses fatos são apenas exemplos da evolução do conhecimento geológico para a criação
da escala do tempo geológico. Em 2004 foi criado pela Comissão Internacional de Estratigrafia
da União Internacional das Ciências Geológicas o Quadro Estratigráfico Internacional, que apre-
senta a seguinte divisão: Eons, Eras, Períodos, Épocas e Idades.
São três Eons: Arqueozoico (4,56 b.a.), Proterozoico (2,5 b.a.) e Fanerozoico (545 m.a.).
Eon corresponde à maior subdivisão do tempo geológico, correspondendo em termos filosófi-
cos à eternidade ou ao mundo eterno.
O Eon Arqueozoico não apresenta subdivisões e corresponde ao Eon mais antigo na escala
do tempo geológico. É nesse Eon que se deu a formação das rochas graníticas mais antigas da
formação da crosta terrestre.
O Eon Proterozoico apresenta três subdivisões: Paleoproterozoico, Mesoproterozoico e
Neoproterozoico. Neste Eon ocorreram as formações das faixas móveis ou de dobramentos,
com as respectivas sequências de rochas metamórficas.
Por fim, o Eon Fanerozoico, que é o mais novo deles, dividido em três eras geológicas: Era
Paleozoica, Era Mesozoica e Era Cenozoica. Foi durante o Eon Fanerozoico que se formaram as
maiores bacias sedimentares do globo terrestre.
A Era Paleozoica é composta por seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Silu-
riano, Devoniano, Carbonífero (Mississipiano e Pensylvaniano) e Permiano. A Era Mesozoica,
compreende três períodos geológicos: Triássico, Jurássico e Cretáceo e a era Cenozoica é com-
posta pelo Terciário e pelo Quaternário.
O período Terciário, da Era Cenozoica, é dividido em dois subperíodos: Paleógeno (com-
posto pelas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno) e o Neógeno (composto pelas épocas Mio-
ceno e Plioceno). Por fim, o período Quaternário apresenta uma subdivisão em duas épocas:

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Pleistoceno e Holoceno.
Em relação às idades, não entraremos em detalhes a respeito das subdivisões por não ser
necessário nessa escala de observação desse estudo. Observe a representação gráfica dessa
escala na Figura 8.

Figura 8 Escala do Tempo Geológico.


© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 43

É muito importante entender a escala do tempo geológico, pois todos os processos


geológicos são ordenados de acordo com os períodos dessa escala.
Além disso, existem duas formas de datações em rochas: por métodos geocronológicos,
utilizando elementos químicos radioativos para os testes químicos, por exemplo, o método Po-
tássio-Argônio, o Urânio-Chumbo, o Samário-Niodímio e o Rubídio-Estrôncio; ou pelo apare-
cimento de fósseis nas camadas sedimentares, por exemplo, o Peixe Dastilbe elongatus, com
ocorrência na Bacia do Parnaíba, no Cretáceo do Ceará.

8. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO INTERNA DA TERRA


Atualmente, não é possível atingir o centro do planeta para obter informações diretas a
respeito de sua estrutura e composição. As teorias e dados quantificados disponíveis apoiam-se
em princípios geofísicos, nos quais as aplicações e as análises de ondas sísmicas nos permitem a
dedução de várias características em relação à estrutura interna do Planeta Terra.
Nessa conceituação, é interessante conhecer os mecanismos envolvidos na dinâmica da
Terra, tais como: a composição das diversas camadas internas que estruturam o planeta, o fluxo
de calor interno, o magnetismo terrestre e a força gravitacional, além de conceitos gerais como
a forma, as dimensões, entre outros.
A Terra apresenta uma forma esférica achatada nos polos, não totalmente circular, pois
na região equatorial o raio terrestre é da ordem de 6.378 Km e na região polar, de 6.357 km. A
maior elevação dá-se no Himalaia e a maior depressão, na fossa das Filipinas. A Terra apresenta
uma densidade média da ordem de 5,5 g/cm3.
A estrutura geral do planeta Terra é composta por domínios heterogêneos: crosta terres-
tre, manto e núcleo, além das descontinuidades entre as zonas de transição.
No próximo tópico, veja o comportamento geológico dos diferentes materiais presentes
em cada estrutura e as características físicas desses materiais.

Crosta terrestre
A crosta terrestre corresponde à camada sólida mais externa do planeta Terra, sendo divi-
dida em duas porções: a crosta continental e a crosta oceânica.
A crosta continental apresenta espessura em torno de 30 km a 40 Km (crátons) e de 70 km
a 80 Km (cadeias montanhosas). A porção superior da crosta continental é composta por rochas
siálicas de caráter granítico e a porção inferior por rochas ferro-magnesianas de caráter básico.
Entre as duas porções da crosta continental ocorre a descontinuidade de Conrad, responsável
pela mudança de composição geral dos materiais geológicos ali presentes.
Na porção superior da crosta continental ocorrem os três grupos de rochas: ígneas, meta-
mórficas e sedimentares.
Já a crosta oceânica apresenta espessura média de 8 Km, é composta por rochas predomi-
nantemente vulcânicas máficas (ferro-manesianas) e ocorrência de delgadas camadas de sedi-
mentos inconsolidados na porção superior da região crustal.

Manto
O manto terrestre é a porção intermediária da estrutura geral do planeta, que apresenta
duas subdivisões: o manto superior e o manto inferior. Entre a crosta terrestre e o manto ocor-
re outra importante interface, a descontinuidade de Mohorovicic.
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44 © Fundamentos de Geologia

O manto superior apresenta rochas conhecidas como ultramáficas, ou seja, rochas negras
compostas por minerais totalmente ferro-magnesianos. Essa porção mantélica ainda preserva
características de materiais sólidos, similares à composição da porção inferior da crosta conti-
nental e oceânica. A porção inferior do manto superior assume comportamento plástico dos
materiais.
O manto inferior apresenta características de uma zona composta por materiais em es-
tado plástico, ou seja, materiais não mais sólidos, e sim em estado dúctil, estado máximo de
deformação sem rompimento ou quebra de material. Além disso, apresenta características de
material pastoso quando sujeito a altas pressões e composição ferro-magnesiana.
No conjunto total apresentado até o momento, podemos agrupar as porções sólidas da
crosta terrestre com a porção superior do manto superior e denominar esse conjunto de Litos-
fera, isto é, a esfera rochosa ou sólida da Terra.

Núcleo
O núcleo terrestre também é divido em duas porções: o núcleo externo e o núcleo inter-
no. O conjunto dessas duas porções nucleares é separado das porções mantélicas, ou seja, das
porções que formam o manto como um todo, de acordo com a Descontinuidade de Gutenberg.
O núcleo externo é composto por uma liga metálica de ferro e níquel em estado de fusão
(material viscoso); já o núcleo interno apresenta caráter sólido composto pelo mesmo mate-
rial. Assim, acredita-se que, com a consolidação gradativa do núcleo externo, a tendência é o
aumento do núcleo interno. Observe a Figura 9, que traz um arranjo estrutural do Planeta Ter-
ra evidenciando as camadas principais com suas respectivas espessuras e as descontinuidades
presentes.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 45

Fonte: adaptado de Teixeira, et al. (2000, p. 65-85).


Figura 9 Arranjo estrutural do Planeta Terra evidenciando as camadas principais com suas respectivas espessuras e as
descontinuidades presentes.

Campo gravitacional e magnetismo terrestre


Você sabia que a gravidade é uma das quatro forças fundamentais exercidas sobre a ma-
téria? É graças a ela que temos a sensação de estarmos grudados na Terra e não flutuamos no
espaço.
A Terra exerce a força gravitacional de atração exercida pelo núcleo terrestre sobre todos
os objetos presentes nela, desde os mais leves, até os mais pesados nos quais ela se manifesta
de forma mais intensa.
Assim, podemos afirmar que a gravitação é a responsável pela atração e pela permanência
de todos os corpos celestes presentes no universo.
Um exemplo interessante para entender o conceito de gravidade são os astronautas nas
estações espaciais que se mantêm em órbita ao redor da Terra. Nessas estações, o movimento
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46 © Fundamentos de Geologia

relativo entre a nave e os astronautas é praticamente nulo, fazendo que eles flutuem no interior
das aeronaves. Quanto mais nos afastamos da Terra, menor é a força gravitacional, ou seja, me-
nor é a ação do campo gravitacional terrestre exercida sobre o corpo.
Um conceito bastante importante no entendimento do equilíbrio geral das porções con-
tinentais siálicas sobre as porções ferro-magnesianas é o conceito de Isostasia, apoiado em
princípios hidrostáticos. A isostasia corresponde ao equilíbrio entre as porções rochosas conti-
nentais que flutuam e se apoiam nas porções mais densas do manto.
Da mesma forma que ocorre a força gravitacional na Terra, ocorre também a força eletro-
magnética. A Terra possui um campo magnético dividido em duas partes: o campo horizontal e
o campo vertical. Um exemplo bastante conhecido com relação à presença de um campo mag-
nético na Terra é o funcionamento das bússolas.
Uma das hipóteses de formação do campo eletromagnético terrestre fundamenta-se na
rotação da Terra entre as partes líquidas do núcleo e as partes sólidas do manto, compostas por
elementos químicos metálicos.
Mas qual é a finalidade do campo magnético?
O campo magnético serve como proteção contra os raios solares mais intensos, liberados
durante as erupções solares, evitando, assim, danos aos ecossistemas terrestres.
A região terrestre dominada pelo campo magnético é conhecida como Magnetosfera.
Outra ideia interessante é com relação ao paleomagnetismo, ou seja, as evidências mag-
néticas deixadas nas rochas em épocas remotas e passadas. As rochas preservam as caracte-
rísticas magnéticas em sua estrutura no momento de formação, por isso, elas servem como
ferramentas interpretativas para a remontagem da história magnética do planeta Terra.

Calor interno da terra


Atualmente, sabe-se que quanto mais próximos do interior da Terra, maior é a temperatu-
ra comparada à superfície terrestre.
Chamamos de grau geotérmico a quantidade de metros necessária para aumentar em
1° C a temperatura interna. Por exemplo, o caso da superfície terrestre que apresenta 25° C,
mantendo-se até a profundidade de 25 metros.
O transporte do fluxo de calor no interior da Terra acontece de duas formas: por condução
ou por convecção. Vale destacar que esse fluxo de calor é o responsável pela movimentação das
placas tectônicas.
As correntes térmicas de convecção desenvolvem-se em sentidos ascendentes e descen-
dentes circular, similar a uma máquina térmica.

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tra-
tam da temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão
desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocor-
re de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus
colegas.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 47

Nesta primeira unidade do material, estudamos os principais pensadores relacionados à


Geologia e também o surgimento do planeta Terra e sua estrutura interna. Para que você tenha
maior domínio sobre o que está sendo estudado, propomos a seguir algumas questões. Tente
resolver os exercícios e confira suas respostas.
1) É a ciência que busca informações por meios de investigações e análises espaciais dos fenômenos físicos rela-
cionados à Terra e à sua atmosfera:
a) Climatologia.
b) Astronomia.
c) Geologia.
d) Geomorfologia.
e) Biologia.
2) As alterações da superfície da Terra são demoradas. Para sabermos sobre elas, devemos recorrer à busca de
informações que são viáveis para os seres humanos, e que possibilitam o conhecimento da geologia atual de
porções crustais. Desta forma, assinale a alternativa mais plausível:
a) Observamos as alterações in loco.
b) Aguardamos as mudanças geológicas sobre a litologia.
c) Recorremos a estudos feitos por cientistas do passado, que observaram as alterações.
d) Buscamos evidências em rochas, pois estas alterações acontecem em milhões de anos.
e) Enviamos sondas para o interior do Planeta Terra.
3) A porção do Planeta Terra que está em constante movimento e que determina a movimentação das Placas
Tectônicas é:
a) Crosta.
b) Litosfera.
c) Manto.
d) Núcleo Interno.
e) Núcleo Externo.
4) É muito importante entender a escala de tempo geológico, pois todos os processos geológicos são ordenados
de acordo com os períodos desta escala. Para estabelecer esta escala, a comunidade científica conta com alguns
artifícios. Assinale a alternativa que indica os mais plausíveis:
a) Observação das alterações ao longo do tempo.
b) Observação das alterações ao longo do tempo e datação de rochas.
c) Busca de registros de cientistas do passado que observaram processos de alterações da superfície terrestre.
d) Datação de rochas e observações de fósseis.
e) Nenhuma das anteriores.
5) A porção do Planeta Terra que está em estado sólido é:
a) Litosfera.
b) Manto Inferior.
c) Núcleo Interno.
d) Núcleo Externo.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.

2) d.

3) a.

4) d.

5) a.

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48 © Fundamentos de Geologia

10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você obteve conhecimentos sobre os objetivos, os ramos de atuação e por
que é necessário para você, futuro licenciado em Geografia, estudar e conhecer as Geociências.
Com isso, o desafio de situar nosso planeta numa escala de observação astronômica, co-
nhecer e saber quantificar o tempo geológico e compreender a estruturação do planeta Terra
são metas que já foram atingidas.
Por fim, vale destacar que os conceitos iniciais estudados servem de base teórica e concei-
tual para avançarmos a um entendimento em escalas menores de observação geológica.

11. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 5 Sequência de eventos no Big Bang. Disponíveis em: <http://www.lip.pt/~outreach/posters/9112020_3_pt.jpg>.
<http://www.vista-arts.com/media/images/immersive_images/vista_web_big_bang_1.jpg>. Acesso em: 21 out. 2011.
Figura 8 Escala do tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/.../image032.jpg>. Acesso em: 25 out. 2007.

Site pesquisado
O GLOBO. Plutão perde status de planeta. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2006/08/24/285396239.asp>.
Acesso em: 21 out. 2011.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ANDERSON, D. L. Theory of the Earth. Boston: Blackwell, 1989.
CLARK JÚNIOR, S. P. Yociteru Hasui [Trad.] Estrutura da Terra. Traduzido do original: Structure of the Earth. São Paulo: Edgard
Blücher, 1973.
EICHER, D. L.; FARJALLAT, J. E. S. Tempo geológico. São Paulo: Edgard Blücher, 1975.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1987.
MACIEL, W. J. O nada que existe. São Paulo: Rocco, 2001.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Constituição do Planeta Terra:
Minerais e Rochas

1. OBJETIVOS
• Conhecer a gênese, identificar e classificar os elementos mineralógicos que compõem
a estrutura do sistema Terra.
• Compreender e interpretar a gênese geral de formação das rochas ígneas, sedimenta-
res e metamórficas.
• Identificar e relacionar a formação dos três tipos gerais de rochas no chamado ciclo das
rochas.

2. CONTEÚDOS
• Minerais: conceitos gerais, critérios de identificação e classificação das principais clas-
ses mineralógicas.
• Rochas ígneas: vulcanismo e plutonismo.
• Rochas sedimentares: classificação geral, processos e ambientes sedimentares.
• Rochas metamórficas: classificação geral, ambientes e tipos de metamorfismo.
• Ciclo das rochas.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
50 © Fundamentos de Geologia

1) Para ficar mais interado sobre os assuntos desta unidade, leia o capítulo 2 da obra
Decifrando a Terra de TEIXEIRA (2000). Uma dica para seu estudo é fazer anotações
sobre o capítulo do livro e socializar com seus colegas, em ambiente virtual, as infor-
mações colhidas.
2) Tente buscar nas bibliografias indicadas, em livros que você conhece e em sites con-
fiáveis da internet, o máximo de informações sobre minerais. Perceba que eles são
elementos ou compostos químicos que possuem estrutura bem definida, dentro de
alguns limites.
3) Busque informações complementares que o ajudem a compreender o que é um ele-
mento químico e um composto químico. Isso irá ajudar na leitura desta unidade.
4) Observar as características pode ajudar a identificar alguns minerais e a perceber que
cada um deles tem comportamentos específicos quanto a cada uma destas caracte-
rísticas.
5) Busque entender as diferentes origens das rochas e saiba quais são as características
de cada uma delas. É fundamental perceber que existe mais de um tipo de rochas
magmáticas, sedimentares e metamórficas. Estes diversos tipos de rochas, dentro de
cada uma destas classificações, são frutos de processos de formação diferentes. No
caso das rochas magmáticas, por exemplo, elas podem ser vulcânicas ou plutônicas, a
diferença entre as duas tem relação com a sua formação.
6) Estude com cuidado alguns conceitos referentes às rochas sedimentares. Este tipo de
rocha é bastante importante na formação da parte da superfície da Terra onde está o
território brasileiro.
7) Não deixe de acessar os endereços eletrônicos indicados no material para ter mais
informações, além de observar várias imagens sobre os tipos de minerais e rochas
estudados.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você compreenderá os conceitos relativos aos elementos micromesoscó-
picos que constituem a crosta terrestre, ou seja, minerais e rochas.
Em todas as análises ambientais, é necessário entender os processos geológicos relaciona-
dos às causas dos mais diversos problemas relativos ao sistema Terra.
E para um entendimento maior, partindo do efeito da escala de observação, conhecer a
gênese de formação, as classificações gerais e a inter-relação desses elementos (minerais e ro-
chas) como premissas fundamentais para essas análises é de extrema importância para a com-
preensão da ciência geológica.
Inicialmente, você compreenderá o que é, como se formam e qual é a classificação geral
dos minerais que constituem as três classes genéticas de rochas, além de conhecer os métodos
diretos de identificação e reconhecimento dos principais minerais formadores de rochas.
Avançando no entendimento integrado dos constituintes da crosta terrestre, conhecere-
mos a gênese de formação das rochas ígneas, formadoras da base da crosta terrestre, classifica-
das como as mais antigas nessa escala de formação. Veremos, também, os processos magmáti-
cos de formação das rochas ígneas, vulcanismo, plutonismo e seus produtos.
As rochas metamórficas também serão abordadas neste estudo, pois é imprescindível en-
tender o conceito de metamorfismo e seus produtos. E já que as rochas ígneas e metamórficas
fornecem materiais mineralógicos para a formação das rochas sedimentares, você conhecerá,
também, a gênese complexa de formação, primeiramente, dos sedimentos e, posteriormente,
das rochas sedimentares.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 51

Por fim, a integração dessas gêneses petrológicas configurará o chamado ciclo das rochas,
elemento conclusivo tanto para o entendimento geral dos materiais constituintes da crosta ter-
restre, como para os processos geológicos na escala geotectônica de formação dos continentes.
Esta unidade tem por finalidade apresentar a você os elementos formadores da crosta
terrestre. Logo, é necessário que você comece a desenvolver a sua memória fotográfica, para
registrar mentalmente a configuração morfológica e visual desses elementos para uma futura
classificação e explanação como professor.

5. MINERAIS
A questão que introduz este tópico é: o que são minerais? De acordo com Dana (1976, p.
28):
Minerais, por conceituação científica, são compostos ou substâncias químicas definidas de origem inor-
gânica, que se formam na natureza terrestre ou extraterrestre no estado sólido. As espécies minerais
apresentam um arranjo geométrico na estrutura interna de átomos, e é este arranjo é que define as
classes mineralógicas nas quais se enquadram cada espécie mineral .

O estudo de todos os tipos de minerais é realizado pelo ramo da Geologia chamado Mi-
neralogia.
As espécies minerais são diferentes dos seres vivos por não apresentarem um arranjo fi-
siológico. Em contrapartida, é dos minerais que todos os seres vivos extraem a matéria essencial
que precisam para as suas funções vitais.
Foi, também, a partir dos minerais que a espécie humana conseguiu construir as cidades,
os bens de consumo, as indústrias químicas e farmacêuticas, embasados na transformação dos
bens naturais.
Um aspecto interessante dos minerais é em relação aos arranjos cristalinos dos átomos
que os compõem. Isso porque um mesmo mineral sempre manterá a regularidade do padrão
estrutural atômico, definindo, assim, os arranjos geométricos cristalinos.
Uma espécie mineral pode formar-se em conjunto com outros minerais, compondo as
rochas em geral, ou ocorrer na forma elementar, isto é, apresentar um arranjo cristalino unitá-
rio, nesse caso, chamado de cristais. O quartzo em quaisquer de suas ocorrências possui forma
hexagonal, formando, assim, um cristal de quartzo, sendo classificado geneticamente como um
mineral.
Os minerais ocorrem como formadores das rochas. Eles são unidos por forças químicas e
podem ser separados por meio de processos geológicos, tais como o intemperismo. Os aspectos
físicos do mineral, como, por exemplo, o arranjo cristalino, resultam em diversas combinações
na composição químico-mineralógica das rochas.
Você sabia que a origem dos minerais está ligada às mais diversas formas de processos
ígneos, metamórficos e hidrotermais?
Muitos minerais ocorrem a partir da solidificação e do resfriamento do magma em am-
biente geológico com temperatura bastante alta, como é o caso da olivina, piroxênios, anfibó-
lios, feldspato, micas e quartzo.
Outros minerais ocorrem associados ao metamorfismo de rochas preexistentes, gerando,
dessa forma, novos minerais. Esse processo de alteração mineralógica, tanto na composição
química como na estrutura do mineral, acontece com a cianita, a clorita, o epidoto, as granadas,
entre outros.

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52 © Fundamentos de Geologia

Entretanto, existem minerais que se formam associados a processos hidrotermais. Neles


ocorre a liberação de fluídos, conduzindo elementos químicos diversos que se combinam com a
composição das rochas preexistentes, formando novos minerais, como, por exemplo, os sulfetos
em geral.

Classificação de minerais
Há vários critérios para a classificação dos minerais, no entanto, o mais utilizado é o cri-
tério químico relacionado à estrutura cristalina do mineral. Geralmente, os minerais classifica-
dos em um mesmo grupo apresentam características similares, tanto na estrutura morfológica
quanto na composição química.
Dana (1976), um dos mais famosos mineralogistas do mundo, estabeleceu relações entre
esses critérios de classificação de minerais e definiu as classes mineralógicas de acordo com a
sua composição química. Ele definiu a classe dos silicatos, os mais importantes por constituírem
95% da crosta terrestre, além do grupo dos sulfetos, dos carbonatos, dos óxidos, entre outros.
Para que você possa compreender melhor, acompanhe, a seguir, a classificação sistemática.

Silicatos
São minerais classificados de acordo com a combinação de tetraedros, ou seja, a unidade
cristalográfica responsável pelo arranjo dos silicatos (SiO4) na razão direta entre o silício e o
oxigênio. De acordo com Dana (1976), eles compreendem seis classes mineralógicas, as quais
podemos ver com maiores detalhes no Quadro 1.

Quadro 1 Classes mineralógicas dos Silicatos.

CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver como são os nesossilicatos,
acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.mineraltown.com/
Reports/montana_mines/mine_
a) Estaurolita.
summit_wulfenite.jpg>. Acesso em: 24
b) Willemita.
out. 2011.
c) Olivina.
Apenas um d) Granadas • <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
tetraedro (piropo, banco/silicatos/nesossilicatos/zircao.
de (SiO4) A Olivina de almandita, gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
Nesossilicatos
combinado com fórmula química grossulária e • <http://www2.igc.usp.br/museu/
os elementos (Mg,Fe)2SiO4. andradita). images/amigosdomuseu.jpg>. Acesso
químicos e) Zircão. em: 24 out. 2011.
índices. f) Cianita. • <http://www.degeo.ufop.br/Imagens/
g) Topázio. mn_image/topaz1.gif>. Acesso em: 24
h) Dumortierita. out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/nesossilicatos/piropo.
gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 53

CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver como são os sorossilicatos, visite
os endereços eletrônicos indicados a
seguir:
• <http://www.unicamp.br/unicamp/
unicamp_hoje/ju/marco2006/
fotosju317-online/ju317pg12a.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
a) Hemimorfita. • <http://www.fabreminerals.com/
b) Epidoto. specimens/s_imagesE1/NA14E1fm.jpg>.
Dois tetraedros O Epidoto
c) Allanita. Acesso em: 24 out. 2011.
de (SiO4) de fórmula
Sorossilicatos d) Vesuvianita.
combinados química Ca2(Al, • <http://www.fabreminerals.com/
e) Lawsonita.
com o íon OH. Fe)3(SiO4)3(OH). specimens/s_imagesE2/TE76E2m.jpg>.
f) Prehnita.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.fabreminerals.com/
specimens/s_imagesG2/RX14G2fm.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.edelweissminerals.com/
Fotos%20Web/Morocco/Prehnita-
mar-2-4.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.

Para que você tome contato visual com


os ciclossilicatos, visite os seguintes
endereços eletrônicos:
Conjunto de a) Axinita.
• <http://www.fabreminerals.com/
tetraedros de O Berilo de b) Berilo.
forum/Foro-Mensajes/files/ferro_
Ciclossilicatos (SiO4) dispostos fórmula química c) Cordierita.
axinita_449_162.jpg>. Acesso em: 24
em forma Be3Al2(SiO4)6. d) Turmalina.
out. 2011.
circular.
• <http://www.uned.es/cristamine/fichas/
cordierita/cordierita2682.jpg>. Acesso
em: 24 out. 2011.
Visite os endereços eletrônicos a seguir
para ver como são os inossilicatos.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/inossilicatos/piroxenios/
diopsidio.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.dicionario.pro.br/
dicionario/images/thumb/7/70/Kunzite.
jpeg/300px-Kunzite.jpeg>. Acesso em:
a) Diopsídio. 24 out. 2011.
Tetraedros • <http://www.mayasautenticos.com/
b) Espodumênio.
que seguem a images/jade.jpg>. Acesso em: 24 out.
c) Jadeíta.
relação SiO3 O Diopsídio de 2011.
d) Augita.
Inossilicatos e não (SiO4) fórmula química
e) Rodonita. • <http://www.uned.es/cristamine/min_
(grupo dos CaMg(Si2O6).
f) Actinolita. descr/grupos/piroxeno/augita20.jpg>.
anfibólios e dos
g) Hornblenda. Acesso em: 24 out. 2011.
piroxênios).
• <http://www.uned.es/cristamine/
fichas/rodonita/rodonita8.jpg>. Acesso
em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/inossilicatos/anfibolios/
actinolita.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.uned.es/cristamine/
fichas/ferrohornblenda/hornblenda56.
jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.

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54 © Fundamentos de Geologia

CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver algumas ilustrações dos
filossilicatos, visite os endereços
eletrônicos a seguir:
a) Caolinita. • <http://i106.photobucket.com/albums/
b) Serpentina. m270/jes_86/Talc_block.jpg>. Acesso
Tetraedros de c) Talco. em: 24 out. 2011.
(SiO4) dispostos d) Moscovita.
A Moscovita de • <http://www.windows.ucar.edu/earth/
de forma e) Biotita.
Filossilicatos fórmula química geology/images/mica2.JPG>. Acesso
laminar (grupo f) Lepidolita.
KAl2Si3O10(OH,F)2. em: 24 out. 2011.
das micas e dos g) Clorita.
argilominerais). h) Margarita. • <http://www.mineraltown.com/
i) Flogopita. Reports/32/c538.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/filossilicatos/margarita.
gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
Para observar como são os tectossilicatos,
acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.degeo.ufop.br/Imagens/
mn_image/quart1.gif>. Acesso em: 24
out. 2011.

a) Quartzo. • <http://www.gemshine.com/
b) Calcedônia. enciclopedia/images/calcedonia001.
c) Opala. jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
d) Feldspato - • <http://www.geomine.it/S.Bachisio-
Ocorrência de O Feldspato
microclínio. ortoclasio.jpg>. Acesso em: 24 out.
tetraedros de (microclínio) de
Tectossilicatos e) Ortoclásio. 2011.
(SiO4) de forma fórmula química
f) Plagioclásios.
irregular. KAlSi3O8. • <http://www.dicionario.pro.br/
g) Sodalita.
h) Escapolita. dicionario/images/thumb/3/35/
i) Zeólitas. Kianite1.jpg/300px-Kianite1.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.uned.es/cristamine/fichas/
sodalita/sodalita8.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
• <http://www.museumin.ufrgs.br/
AntasApofilitaRudy.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
Fonte: adaptado de Dana (1976).

Elementos nativos e haloides


Há alguns elementos químicos que são considerados nativos por ocorrerem de forma
elementar e mineralógica na natureza. Entre os principais podemos citar o ouro, a prata, o
chumbo, o cobre, o diamante e o enxofre.
Os haloides correspondem à outra classe mineralógica formada por minerais compostos
por halogênios combinados com metais ou semimetais. Os mais importantes são: fluorita de
fórmula química CaF2, halita de fórmula química NaCl, silvita, atacamita.
Geralmente, esses minerais correspondem à chamada sequência evaporítica, que veremos
mais adiante.

Visualização de elementos nativos e haloides–––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Visite os endereços eletrônicos, a seguir, para observar alguns dos principais elementos nativos e haloides:
• <http://edafologia.ugr.es/arefin/media/cobre1.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://diariodeunteleco.files.wordpress.com/2007/05/diamante_10102006.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 55
• <http://ichn.iec.cat/Bages/geologia/Imatges%20Grans/halita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://ichn.iec.cat/Bages/geologia/Imatges%20Grans/silvina.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Sulfetos e óxidos
Os sulfetos são minerais resultantes da combinação entre o enxofre (S) e os metais e os
semimetais. Os mais importantes são: pirita (FeS2), galena (PbS), calcopirita (CuFeS2), pirrotita,
marcassita e arsenopirita.

Visualização de sulfetos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para ver alguns dos principais sulfetos, acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://allancotrim.files.wordpress.com/2007/01/pirita1.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://fireflyforest.net/images/firefly/2006/April/galena.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.mineraltown.com/galeria/1c/arsenopirita-papiol.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os óxidos são minerais formados pela combinação entre o oxigênio (O) e os metais e os
semimetais. Os mais importantes são: hematita (Fe2O3), cassiterita (SnO2), goethita (FeO), mag-
netita, cromita e coríndon.

Visualização de óxidos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos a seguir para observar alguns dos principais óxidos:
• <http://www.windows.ucar.edu/earth/geology/images/hematite_med.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://inf.unisinos.br/~goedert/disciplinas/fiseletr/Cuba/magnetita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.cdcc.sc.usp.br/elementos/cromita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.uned.es/cristamine/fichas/corindon/corindo4.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Carbonatos, sulfatos e fosfatos


Da mesma forma que os grupos anteriores, a composição química dos minerais fundamenta-
se na combinação do ânion CO3 para os carbonatos, SO4 para os sulfatos e PO4 para os fosfatos,
com os metais e os semimetais.
Os carbonatos são minerais que entram quase na totalidade da composição dos calcários,
rochas sedimentares de origem marinha. Os mais importantes são: calcita (CaCO3) dolomita,
malaquita e azurita.
Os sulfatos são minerais que ocorrem associados a uma gênese sedimentar marinha e em
conjunto com veios de sulfetos. Os que mais se destacam são: barita (BaSO4), celestita, gipso e
anidrita.
Os fosfatos são minerais muito utilizados como fertilizantes e apresentam uma gênese
geológica que pode variar entre ígnea, sedimentar e metamórfica. Os mais importantes são:
monazita (CeLa)PO4, apatita, lazulita e piromorfita.
Além das classes de minerais apresentadas, existem outras de menor importância, como
os hidróxidos, os nitratos, os boratos, os cromatos, os arseniatos, os vanadatos, os tungstatos e
os molibdatos.

Visualização de carbonatos, sulfatos e fosfatos–––––––––––––––––––––––––––––––––––


Veja, nos endereços eletrônicos relacionados a seguir, alguns dos principais carbonatos, sulfatos e fosfatos:
• <http://www.telefonica.net/web2/k59/courel/calcita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.epsilones.com/imagenes/laboratorio/min-dolomita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.

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56 © Fundamentos de Geologia

• <http://www.smcr.fisica.unam.mx/_imagenes/640x480/malaquita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.


• <http://www.cepvi.com/medicina/imagen/azurita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.degeo.ufop.br/Imagens/mn_image/barit.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.dykrom.com.br/mineralogia/fotos_produtos/minerais_guia/gipso.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.museumin.ufrgs.br/GemGeolita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.sibusca.com.br/minerais/images/monazita004.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.cdcc.sc.usp.br/elementos/apatita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://usuarios.lycos.es/pmminerales/AlmeriaPM1_LazulitaCuevasdeAlmanzoraencuadre5cm.JPG>. Acesso
em: 24 out. 2011.
• <http://www.fabreminerals.com/forum/Foro-Mensajes/files/piromorfita_162.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Propriedades físicas dos minerais


Os minerais apresentam propriedades físicas que são utilizadas como diagnósticos para
classificações e identificações das espécies mineralógicas analisadas. De acordo com Deer
(1966), dentre as propriedades físicas mais conhecidas e utilizadas, podemos destacar:
1) Dureza: expressa a dureza do mineral por meio do ato de ser riscado por outro mine-
ral mais resistente, ou seja, baseado na escala de Mohs, que hierarquizou dez minerais
segundo a dureza de 1 a 10. Essa escala funciona da seguinte forma: um mineral de
dureza 4 só pode ser riscado por minerais de dureza 5 a 10; outro mineral de dureza
8 só pode ser riscado por minerais de dureza 9 e 10. Pela escala de Mohs: 1/talco, 2/
gipsita, 3/calcita, 4/fluorita, 5/apatita, 6/ortoclásio, 7/quartzo, 8/topázio, 9/coríndon,
10/diamante.
2) Clivagem: propriedade do mineral em se partir ou quebrar em planos paralelos de
acordo com sua estrutura cristalina. Outra propriedade similar à clivagem é a fratura,
na qual alguns minerais estabelecem planos de ruptura cristalina de forma irregular.
A clivagem pode ser classificada em perfeita, imperfeita e boa, e também em relação
às sete classes mineralógicas. Um exemplo bastante interessante é a calcita, com cli-
vagem perfeita e hexagonal.
3) Traço: esta propriedade mineralógica estabelece como princípio de análise a cor do
pó deixado pelo mineral após ser riscado em uma placa de porcelana branca. Alguns
minerais opacos apresentam traços coloridos e outros translúcidos apresentam traços
brancos.
4) Cor: os minerais apresentam cores em razão da taxa de absorção de luz diante da pre-
sença de elementos químicos de transição na composição. As cores fundamentais dos
minerais são: branco, amarelo, vermelho, castanho, azul verde, cinza e preto. Existem
também as tonalidades que cada mineral recebe no processo de caracterização física,
por exemplo: galena - branco-acinzentado.
5) Brilho: refere-se à quantidade de luz que o mineral reflete. Os minerais metálicos
apresentam a maior quantidade de luz refletida; já os não metais são translúcidos e
transparentes, apresentando brilhos característicos, como, por exemplo, adamantino,
vítreo, sedoso, resinoso.
6) Hábito cristalino: corresponde à forma geométrica que o mineral apresenta em suas
características externas. Os hábitos mineralógicos mais comuns são: prismático, ta-
bular, acicular, laminar, fibroso e irregular. As micas, geralmente, apresentam hábi-
tos laminares; os anfibólios apresentam hábito acicular; e o quartzo apresenta hábito
prismático.
7) Densidade: expressa a relação de quanto pesa o volume de um mineral em relação
ao peso do mesmo volume de água. A densidade média dos minerais varia de 2 a 4,
enquanto outros minerais, como os elementos nativos, atingem até 20 de densidade.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 57

As propriedades físicas dos minerais são critérios para identificação rápida. Portanto, me-
diante alguma dúvida de classificação, aplique um dos métodos de identificação apresentados e
complemente com outros métodos até chegar à classificação correta do mineral.

Gemas - pedras preciosas


A Gemologia é o ramo da Geologia que estuda o caráter físico e químico dos minerais, me-
tais e outros materiais usados na produção de joias e objetos de decoração pessoal, de origem
inorgânica ou orgânica. Para que um mineral seja considerado gemológico, é preciso que ele
apresente, simultaneamente, beleza, raridade e durabilidade.
Os minerais que se enquadram nessas sistemáticas recebem o nome de gemas, já que
os termos “pedra preciosa” e “pedra semipreciosa” são considerados vagos na classificação e
caracterização desses materiais gemológicos. Além de minerais, outros materiais podem ser
usados na produção de joias, tais como: coral, pérola, âmbar, marfim, entre outros.
As gemas podem ser de duas origens: ígnea, encontradas em pegmatitos, como é o caso
do berilo, topázio, turmalina, citrino, ametista e o diamante associado ao Kimberlito, entre ou-
tras, ou metamórfica, formadas durante os processos de metamorfismo, como é o caso da es-
meralda, do rubi, da safira, da andalusita, do lápis lazulli, do citrino, do olho de tigre, da zircônia
etc.

Visualização de gemas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para observar algumas das principais gemas, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.ourivesariauniversal.com/topazio.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.zonalibre.org/blog/moe/archives/imagenes/diamante.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://mural.uv.es/joruten/images/rubi_pera.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.ourivesariauniversal.com/safira.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.joygems.com.br/joy8.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.pbs.org/wgbh/nova/diamond/images/gp09lapislazuli.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.exoticcreations.com.br/images/citrino_lapidado.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.ourivesariauniversal.com/olho_de_tigre.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

6. INTRODUÇÃO À PETROLOGIA ÍGNEA, METAMÓRFICA E SEDIMENTAR


Como discutimos anteriormente, a crosta terrestre é constituída, essencialmente, por ro-
chas. Por definição, rochas são elementos constituintes da crosta terrestre, formada pela conso-
lidação de agregados minerais de forma natural.
Cada rocha apresenta uma gênese específica de formação e, individualmente, apresenta
minerais com afinidades químicas que definem uma série de parâmetros para a sua classifica-
ção. Por exemplo, estrutura, textura, composição mineralógica e ambientes de formação.
A Petrologia é o ramo da Geologia que estuda diretamente as gêneses de formação das
rochas. De acordo com Deer (1966), a Petrologia subdivide-se em três ramos específicos:
• Ígnea: dedicada ao estudo das rochas ígneas ou magmáticas.
• Sedimentar: responsável pelo estudo das rochas sedimentares, tanto as de origem con-
tinental como as de origem marinha.
• Metamórfica: dedicada ao estudo das rochas metamórficas e às causas do metamor-
fismo.

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58 © Fundamentos de Geologia

A composição geral das rochas fundamenta-se na presença de minerais essenciais, aque-


les que aparecem em abundância na estrutura dessas rochas, e de minerais acessórios, os que
ocorrem de forma individual.
O estudo das Petrologias ígnea, metamórfica e sedimentar é bastante extenso e exige
atenção no que diz respeito ao entendimento das gêneses de formação, composições mineraló-
gicas e classificações. Portanto, fique atento quanto às terminologias.

Rochas ígneas ou magmáticas


Segundo a abordagem de Press e Siever (1998), a origem das rochas ígneas está relacio-
nada à consolidação direta do magma ou da lava vulcânica em condições de elevadas tempe-
raturas, tanto nas porções mais profundas da crosta terrestre quanto na superfície. Mediante
o resfriamento lento ou rápido do magma, seja na superfície, seja em subsuperfície, geram-se
diferentes rochas magmáticas e suas distintas composições mineralógicas.
As rochas ígneas perfazem um total de 70% da crosta terrestre. Por apresentarem alta
resistência, foram utilizadas desde os primórdios da humanidade com os mais diversos fins:
utensílios de caça, revestimentos de construção ornamentais etc.
Conceito de magma
O magma corresponde ao material rochoso fundido em temperaturas da ordem de 650°C
a 1250°C, encontrado nas porções superiores do manto e na base da crosta terrestre, deslocan-
do-se para diferentes ambientes geológicos por diferenças de pressão e temperatura.
O conceito de magma é diferente do conceito de lava. Magma é a denominação desse
material rochoso fundido em subsuperfície; já lava é esse mesmo material, mas quando atinge
a superfície terrestre por meio de processos vulcânicos.
No estudo do magma, uma série de parâmetros físicos deve ser levada em consideração.
Por exemplo, a composição química, o grau de cristalização dos minerais de acordo com a série
de Bowen (que será abordada mais adiante) e o teor de gases voláteis presentes.
Os magmas podem ser muito ou pouco viscosos em virtude do seu caráter ácido ou bá-
sico, sendo esta uma diferença que estabelece séries próprias de rochas. Quanto à origem dos
magmas, podemos definir que são procedentes tanto da fusão de rochas preexistentes do man-
to superior quanto da base da litosfera.
Vale destacar que o magma se encontra em locais específicos na astenosfera e na base da
litosfera em consequência dos processos tectônicos.
A tendência dos magmas é se alojar nas porções superiores da crosta terrestre ou, até mes-
mo, extravasar na superfície por meio de fraturas, falhas e condutos vulcânicos. Assim, quando
grandes volumes de magmas instalam-se na base da crosta, formam-se as câmaras magmáticas
ou hots pots.
Os magmas apresentam composição essencialmente silicática, podendo ser ácidos (Si,
Al, K) ou básicos (Fe, Mg). A classificação geral deles fundamenta-se no teor de sílica presente
(SiO2), gerando, portanto, magmas graníticos, andesíticos e basálticos.
Série de Bowen
Outros fatores relacionados à gênese das rochas ígneas estão associados às características
de magmas em função de profundidade, temperatura, rocha-fonte que será fundida, entre ou-
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 59

tros. Uma primeira análise relacionada a todos esses fatores diz respeito aos processos gerado-
res dos magmas: quanto mais profundas as regiões onde ocorre a fusão de rochas preexistentes,
maior será a diversidade dos magmas das mais diferentes composições que serão gerados.
Os magmas podem ser basálticos, andesíticos e graníticos. Cada um deles está relaciona-
do às condições físicas específicas de sua formação. Veja, a seguir, a origem de cada um deles.
Os magmas basálticos são gerados a partir da fusão das rochas peridotíticas do manto
superior, apresentando minerais de composição predominantemente ferro-magnesiana.
Já os magmas andesíticos (magmas intermediários) ocorrem por causa dos processos tec-
tônicos de subducção e geração de arcos de ilhas de composição andesítica.
Por fim, os magmas graníticos se formam em consequência da fusão de rochas da base da
crosta continental e apresentam composição silicática. Veja na Figura 1 o esquema evolutivo no
processo de cristalização dos minerais estabelecido pela Série de Bowen.

Figura 1 Série de Bowen - esquema evolutivo no processo de cristalização dos minerais.

Segundo Skiner e Porter (1987), a Série de Bowen definiu a sequência de cristalização dos
minerais analisando um magma primário basáltico, ou seja, a formação de rochas variando de
composição ultrabásica (peridotito), passando para as rochas básicas (basalto), seguindo para as
rochas intermediárias (andesitos), até chegar às rochas ácidas (granitos).
Em síntese, a Série de Bowen é definida por duas séries de reações: contínua e descontínua.
Duas variáveis são analisadas nesse processo de cristalização de minerais seguindo uma ordem:
os tipos de magmas (basáltico, andesítico e granítico) e a temperatura envolvida.
Estrutura e textura de rochas ígneas
A estrutura e a textura das rochas ígneas são critérios, juntamente com a composição
química dos minerais presentes, fundamentais para uma perfeita classificação da rocha e,
consequentemente, da nomenclatura correta.
De acordo com Leimaitre (1989), a estrutura das rochas reflete o processo de consolidação
do magma no momento de formação. São caracterizadas em rochas extrusivas, aquelas que

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60 © Fundamentos de Geologia

se consolidam na superfície pelo resfriamento rápido da lava, e as rochas intrusivas, as que se


consolidam no interior da crosta terrestre. Veja no Quadro 2 a estrutura de cada uma delas.

Quadro 2 Estrutura das rochas extrusivas e intrusivas.


• Ligadas ao escape de gases: vesicular, amigdaloidal,
escoriácea.
Rochas extrusivas
• Ligadas à movimentação das lavas: cordada, fluidal.
• Ligadas ao resfriamento rápido das lavas: conchoidal,
esferolítica, compacta.
• Ligadas ao resfriamento: compacta.
Rochas intrusivas • Ligadas à movimentação do magma: fluidal, xenolítica,
bandada.
• Ligadas à variação local nas condições de cristalização:
shlieren, maculada.

Visualização de estruturas das rochas magmáticas––––––––––––––––––––––––––––––––


Visite os endereços eletrônicos a seguir e conheça algumas das principais estruturas das rochas magmáticas:
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/amigdaloidal.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/vesicular.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/escoriacea.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/cordada.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/fconchoidal.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/esferulitica.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/compactarap.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/compacta.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/bandeada.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/estruturas/maculada.htm>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

A textura das rochas ígneas ou magmáticas são características presentes nas rochas das
quais se leva em consideração elementos como o grau de cristalinidade, o grau de visibilidade, o
tamanho relativo dos cristais, a forma geométrica e articulação entre os cristais e o arranjo ou a
trama dos minerais. Para entender a cristalinidade: quanto melhor é a formação cristalográfica
dos minerais, ou seja, quanto maior é o tempo de resfriamento, maior cristalinidade a rocha
possui.
As rochas de granulação muito finas apresentam textura afanítica, e as rochas com cris-
tais maiores, visíveis a olho nu, textura fanerítica. Quando uma rocha apresenta cristais muito
sobressalentes no tamanho, comparado ao restante da associação mineralógica presente, po-
demos dizer que ela apresenta uma textura porfirítica, na qual os cristais maiores são chamados
de fenocristais.
Os tipos de texturas de rochas ígneas existentes são:
1) Magmáticas: aplítica, sal-pimenta, intersticial, granular, ofítica, spinifex, maculada e
pegmatítica.
2) De intercrescimento: mimerquíticas e gráficas.
3) De reações: coronadas.
4) Cataclásticas: cataclasítica, milonítica e flaser.
5) Cumuláticas: adcumulática, mesocumulática e ortocumulática.
6) De fluxo: fluidal e feutro.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 61

Classificação das rochas ígneas


As rochas ígneas ou magmáticas são classificadas de acordo com sua composição minera-
lógica. Elas agrupam-se geneticamente em rochas intrusivas e extrusivas, e segundo o teor de
sílica presente, podendo ser classificadas em: ácida, intermediária, básica e ultrabásica. Observe
a Tabela 1.

Tabela 1 Principais rochas magmáticas classificadas de acordo com a composição química.


COMPOSIÇÃO
MODO
DE OCORRÊNCIA Ácida Intermediária Básica Ultrabásica
(>66%SiO2) (66-52%SiO2) (52-42%SiO2) (<45%SiO2)

Intrusiva Granito Diorito Gabro Peridotito


Extrusiva Riolito Andesito Basalto Komatiito
Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 339).

Visualização de rochas magmáticas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Para ver algumas das principais rochas magmáticas, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.aerogramar.com.br/catalogo/images/produtos/granito%20azul%20noruegues%20det.jpg>. Acesso
em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/quartzodiorito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://petrol.sci.muni.cz/poznavanihornin/magmatity/image/velke/854.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.dct.uminho.pt/rpmic/images/amostras/mao/ma9.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/magmaticos/andesito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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Plutonismo
Plutonismo é a designação geológica dada aos processos magmáticos que ocorrem no
interior da crosta terrestre, especificamente nas regiões mais profundas. A grande maioria das
rochas arqueozoicas e proterozoicas da crosta terrestre foram geradas por processos magmáticos
intrusivos, como, por exemplo, o grupo dos granitoides.
Plutons é o nome dado aos corpos intrusivos que estabelecem relações geométricas
com as rochas encaixantes de forma concordante ou discordante. Os corpos concordantes são
classificados em: sills, lacólitos, lopólitos e facólitos; os corpos discordantes são classificados
em: diques, necks, apófises e batólitos
Veja na Figura 2 a geometria dos corpos magmáticos intrusivos concordantes e discordantes.

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62 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 339).


Figura 2 Geometria dos corpos magmáticos intrusivos concordantes e discordantes.

Vulcanismo
Press e Siever (1998) consideram que, ao contrário do plutonismo, o vulcanismo
corresponde aos processos magmáticos de ascensão e extravasamento dos magmas até a
superfície terrestre na forma de lavas vulcânicas. Esses materiais podem ser líquidos, sólidos ou
gasosos, e utilizam como conduto, até a superfície, os vulcões e as fendas abertas na superfície
por processos tectônicos distensivos (abertura).
A Vulcanologia é o ramo da ciência geológica responsável pela gênese e pela dinâmica
dos vulcões. Vários fatores são analisados no entendimento dos processos genéticos, tais como
o edifício vulcânico, no qual se levam em consideração as crateras e as caldeiras formadas na
morfologia das montanhas vulcânicas, os tipos de erupções vulcânicas, os tipos de lavas, os
gases vulcânicos, enfim, todos os elementos que configuram a atividade vulcânica no planeta
Terra.
Visualização da morfologia dos vulcões–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para que você possa compreender melhor, observe a morfologia dos vulcões no seguinte endereço eletrônico:
<http://domingos.home.sapo.pt/ap_vulcao.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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A atividade vulcânica pode ser associada a vários ambientes geológicos, mas, no geral,
está associada a rupturas na crosta terrestre. A dinâmica das placas tectônicas proporciona a
atividade vulcânica como produto dos regimes tectônico de abertura e tectônico convergente,
gerando atividades fissurais e vulcanismo central, ou seja, os vulcões.
As erupções fissurais estão relacionadas a aberturas ou fendas formadas na crosta terres-
tre que promovem a ascensão do magma até a superfície. Elas estão associadas a sistemas de
falhas verticais do tipo "rift-valleys”, um tipo de vulcanismo que pode ser exemplificado pela
formação da cadeia meso-oceânica oriunda da abertura do Oceano Atlântico.
Já as erupções centrais estão associadas à formação do edifício vulcânico e à atividade dos
vulcões, propriamente dita. Outro exemplo de atividade vulcânica central são os "hot spots”,
os pontos quentes na crosta que estão relacionados à formação dos arcos de ilhas no meio dos
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 63

oceanos, como é o caso do cinturão de ilhas do Havaí e, também, do Arco das Aleutas, no limite
entre as placas Eurasiana e do Pacífico.
Um aspecto bastante interessante no estudo da Vulcanologia é a caracterização das lavas
vulcânicas, ou seja, as rochas em estado de fusão. Elas podem ser classificadas em basálticas,
riolíticas e andesíticas. As lavas basálticas são as mais frequentes e podem ser classificadas em:
lavas almofadas, lavas pahoehoe e lavas “aa”.
As lavas almofadas (pillow lavas) são consideradas subaquáticas, ou seja, o vulcanismo
ocorre no fundo oceânico; as lavas pahoehoe são subaéreas associadas ao vulcanismo de extra-
vasamento, gerando os arcos de ilhas e também podem ser chamadas de lava em cordas; por
fim, as lavas "aa" também são subaéreas, mas, por causa do rápido escape dos gases, apresenta
uma textura bastante compacta, formando blocos.

Visualização de lavas vulcânicas basálticas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Observe alguns tipos de lavas vulcânicas basálticas acessando os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://decobed.club.fr/PillowLava.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.invivo.fiocruz.br/media/magma2.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.bishopmuseum.org/exhibits/pastExhibits/2001/xtreme/images/pahoehoe.jpg>. Acesso em: 24 out.
2011.
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Vale destacar que, durante a explosão inicial que antecede a erupção vulcânica, são proje-
tados aos ares uma série de materiais que bloqueiam a cratera vulcânica. Ou seja, uma espécie
de rolha forma-se com fragmentos de materiais formados em momentos eruptivos anteriores,
os quais são chamados de materiais ou fragmentos piroclásticos. Dentre os fragmentos mais
comuns estão os tufos vulcânicos, as bombas, os blocos, a lapilli e a cinza.

Visualização de fragmentos piroclásticos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Para ver os fragmentos piroclásticos mais comuns, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.celtabrasil.com.br/imagens_site/zeolitas.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.dicionario.pro.br/dicionario/images/thumb/f/fe/MountCleveland.jpg/300px-MountCleveland.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Como último elemento de caracterização, os gases vulcânicos são emitidos no momento
da erupção vulcânica, quando uma série de gases e vapores desprende-se do magma em sis-
temas hidrotermais associados a câmaras magmáticas ou por meio da lava na formação dos
derrames.
Dentre as ocorrências, há as fumarolas que emitem vapores por meio de pequenos edi-
fícios de rochas, tanto nos fundos oceânicos como em superfície. Outro elemento associado à
emisão de vapores e fontes térmicas são os gêiseres, os quais lançam jatos de vapores em terre-
nos com atividade vulcânica. Por fim, as plumas hidrotermais ocorrem nos fundos oceânicos e
emitem vapores com teores elevados de metais e semimetais, sendo uma das fontes principais
de formação dos sulfetos.

Visualização de fontes emissoras de vapores vulcânicos–––––––––––––––––––––––––––


Observe as fontes emissoras de vapores vulcânicos nos seguintes endereços eletrônicos:
• <http://fotos.sapo.pt/topazio1950/pic/0004bcr1>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.geolsoc.org.uk/webdav/site/GSL/shared/images/geoscientist/BowlerBlackSmokerResized.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
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Principais províncias magmáticas do Brasil


No território brasileiro, as rochas magmáticas agrupam-se em províncias magmáticas ou
na forma de corpos ígneos isolados, formando os magmatismos isolados.
As maiores estruturas geológicas que abrigam as províncias magmáticas são chamadas
de "crátons". Os maiores crátons no território brasileiro são: Cráton das Guianas, Cráton do
Tapajós, Cráton do São Francisco, Cráton Luis Alves, Cráton de São Luis (ALMEIDA, 2004).
Os crátons são estruturas muito antigas da história geológica da Terra. Eles compreendem
as porções crustais silicáticas com raízes muito profundas, sendo áreas muito resistentes aos
processos tectônicos. Acompanhe no mapa da Figura 3 as principais províncias magmáticas
brasileiras.

Figura 3 Províncias magmáticas do Brasil.

Rochas sedimentares
As rochas sedimentares apresentam um novo episódio da história evolutiva da Terra, pois
sua gênese está relacionada aos processos erosivos de rochas preexistentes ígneas, metamór-
ficas e, até, sedimentares. O palco para a formação das rochas sedimentares são os ambientes
geológicos de sedimentação, presentes na superfície terrestre, tais como os rios, os desertos, as
geleiras, o oceano, as praias etc.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 65

A crosta terrestre apresenta 3/4 da superfície recoberta por rochas sedimentares, tanto
nos continentes quanto nos fundos oceânicos. As rochas sedimentares formam apenas uma co-
bertura superficial sobre as rochas magmáticas e metamórficas na composição total das rochas
crustais.
O local de ocorrência das rochas sedimentares são as bacias sedimentares, espalhadas
por todo o globo terrestre nas mais variadas proporções. São áreas rebaixadas na superfície
terrestre em virtude dos processos tectônicos, nos quais se acumulam espessas camadas de
sedimentos, seguindo a ordem evolutiva dos ambientes.
Em síntese, podemos afirmar que as rochas sedimentares são produtos de outras rochas
que foram intemperisadas, erodidas e transportadas por diferentes agentes, como a água, o
gelo e o vento, até sua sedimentação final em áreas rebaixadas da crosta terrestre, denomina-
das bacias sedimentares.
As rochas sedimentares podem ser classificadas geneticamente em dois conjuntos: as
formadas pela deposição de grãos minerais ou de rochas intemperizadas, classificadas como
rochas siliciclásticas ou terrígenas, e as formadas pela precipitação de compostos químicos ou
pela atividade de organismos em ambientes marinhos, classificadas como rochas sedimentares
químicas.
Processos e produtos envolvidos na sedimentação
No estudo das rochas sedimentares, é necessário compreender o que são os sedimentos
e toda a sua gênese evolutiva. A deposição de sedimentos corresponde à fase de acumulação
de detritos em meio aquoso (dentro dos corpos de água) ou aéreo (sobre a superfície), perante
condições geológicas (físicas e químicas) normais na superfície terrestre.
Na gênese inicial de formação das rochas sedimentares, devemos abordar as variáveis
envolvidas desde o processo de alteração química ou física da rocha-matriz até os processos
de diagênese na formação das rochas sedimentares. Veja na Figura 4 as etapas do processo de
formação sedimentar.

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Figura 4 Bloco diagrama dos processos sedimentares.

A atuação dos processos intempéricos (alteração química e física) nas rochas que se loca-
lizam em regiões de maiores altitudes comparadas ao nível do mar é o primeiro condicionante
sedimentar para toda essa gênese evolutiva. Isso acontece porque o clima, as condições atmos-
féricas e as taxas pluviométricas exercem forte influência como processos decompositores da
rocha matriz.
Vale destacar, ainda, que a ação intempérica age juntamente com as taxas de soerguimen-
to de áreas elevadas. Paralelamente, em outras regiões ocorrem os processos de subsidência de
porções crustais. No soerguimento, a crosta terrestre exerce força de elevação sobre as rochas
constituintes, fazendo que as rochas que estão a dezenas de metros de profundidade sejam
expostas em superfícies sujeitas ao intemperismo.
Após os processos de decomposição química ou física das rochas preexistentes, a erosão
passa a atuar como agente sucessor do intemperismo, mediante a retirada dos detritos de sua
área fonte. Assim, as maiores ou menores taxas erosivas de uma região são condicionadas pela
estrutura do relevo local, pois quanto mais elevadas e íngremes são as áreas, maiores são as
taxas erosivas que serão transportadas para as regiões de subsidência crustal (bacias sedimen-
tares).
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 67

Depois da atuação da fase erosiva ou de retirada de sedimentos, passa a atuar a variável


"transporte" de sedimentos, que pode ser dividida em dois tipos: o transporte mecânico e o
transporte químico. Como sedimento é sinônimo de deposição em áreas arrasadas (subsidên-
cia), o fator gravidade é primordial nesse entendimento integrado na deposição.
Além disso, como os sedimentos influenciados pelas áreas fontes exercem comportamen-
tos diferentes dentre os transportes mecânicos e químicos, podemos, dessa forma, definir o
transporte de grãos livres ou soltos e, também, o transporte gravitacional ou denso. Algumas
formas de transporte de baixo fluxo de sedimentos são: suspensão, saltação, arrasto, rolamento
e tração.
O fator deposição, como já foi destacado anteriormente, ocorre nas áreas rebaixadas, de-
nominadas de bacias sedimentares. Essas bacias podem ser tanto marinhas como continentais,
já que o nível do mar é o elemento geológico balizador desses processos de retirada, transporte
e deposição de sedimentos. Isso acontece porque se alguma área encontra-se abaixo do nível
do mar, ela é considerada uma área deposicional, isto é, que recebe os sedimentos de porções
mais altas.
No entanto, se as áreas continentais encontram-se acima do nível do mar, a tendência e
a influência dos processos intempéricos é de promover a erosão dessas áreas em amplitude
vertical, ocorrendo, então, a erosão dessas porções até a região nivelar-se ao nível do mar. Para-
lelamente, existe um equilíbrio geodinâmico entre as taxas de soerguimento de algumas áreas
e de subsidência de áreas próximas às elevações.
Por fim, ocorre a fase da diagênese sedimentar, ou seja, a ocorrência dos processos quími-
cos, físicos ou biológicos atuantes nos sedimentos que vão estruturar e definir o tipo de rocha
sedimentar formada.
Podemos classificar esses sedimentos como alóctones ou autóctones. Os alóctones são
aqueles que procedem de uma região e são depositados em outras bastante distantes. Os agen-
tes condutores são os rios, os ventos, as geleiras e o mar, elementos de caráter terrígenos ou
siliciclásticos. Já os sedimentos autóctones são aqueles que foram retirados de uma região e não
sofreram transporte, redepositando-se nos mesmos locais. Eles apresentam caráter químico ou
marinho.
Componentes deposicionais
Os sedimentos agregam-se nos processos deposicionais que antecedem a fase da dia-
gênese, ou seja, anteriores à fase da compactação final e formação da rocha sedimentar. Eles
apresentam componentes químicos e físicos que estabelecem relações de contatos entre os
componentes deposicionais: arcabouço, matriz e porosidade primária são os três elementos
que constituem a geometria entre os grãos antes da fase de compactação.
O arcabouço é o componente detrítico fino ou grosso no agregado sedimentar, e é por
meio da composição química e mineralógica dele que será dado o nome da rocha sedimentar. Já
a matriz corresponde aos detritos mais finos presentes nesse agregado e, geralmente, apresen-
ta composição siltica-argilosa.
A porosidade primária corresponde aos espaços intersticiais (poros) entre os grãos no
momento da deposição dos sedimentos. De acordo com o acúmulo de mais sedimentos que vão
formar a pilha sedimentar, esse elemento tende a modificar-se, ou seja, conforme aumenta a
entrada de sedimentos no sistema deposicional, ocorre uma compressão dos materiais já depo-
sitados, diminuindo a porosidade inicial.

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Nos processos diagenéticos, os componentes deposicionais ou agregados sedimentares


são os mesmos, apenas são incluídos o cimento e a porosidade secundária. A relação porosidade
primária e secundária corresponde à modificação dos tamanhos dos poros em consequência
da interação dos grãos e da matriz com as águas inclusas. A Figura 5 mostra os elementos que
constituem os componentes deposicionais.

Figura 5 Componentes deposicionais: matriz, arcabouço e poros intersticiais.

Diagênese
Diagênese é o conjunto de fatores que transforma os sedimentos em rochas sedimenta-
res, alterando as condições químicas e físicas do sedimento, podendo ser tanto terrígenas como
calcária (marinha).
São quatro os processos mais importantes da diagênese. Veja, a seguir, quais são e a de-
finição de cada um deles:
1) Compactação: ocorre de forma mecânica, causando a dissolução de alguns minerais.
O aspecto mais importante desse processo, notável nas rochas terrígenas, é a quebra
mecânica dos grãos presentes.
2) Dissolução: acontece por causa da pressão causada nas fases finais de soterramento,
ocorrendo a corrosão de minerais susceptíveis pelas águas intersticiais.
3) Cimentação: é causado pela precipitação de minerais em águas ionizadas, formando
os cimentos de composição, na maioria das vezes silicosos, podendo ocorrer, também,
em outras composições.
4) Recristalização diagenética: corresponde a mudanças mineralógicas de alguns mine-
rais preexistentes transformando-se em outros, como, por exemplo, os carbonatos.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 69

Classificação de rochas sedimentares siliciclásticas ou terrígenas


As rochas sedimentares siliciclásticas, também chamadas de terrígenas, detríticas ou
clásticas, são formadas por fragmentos de rochas preexistentes de caráter continental. As
rochas sedimentares clásticas são agrupadas de acordo com os minerais presentes e o tamanho
relativo dos grãos. Rochas cujos clastos têm menos de 0,006 mm de diâmetro são classificadas
como folhelho/argilito/ritmito; com clastos entre 0,006 mm e 0,2 mm são os arenitos, e as de
clastos maiores que 2,0 mm denominam-se brechas ou conglomerados. Observe a Tabela 2.

Tabela 2 Relação entre clastos e tamanhos granulométricos.

CLASTOS GRANULOMETRIA (mm)


Matacão >200
Bloco 20 - 200
Seixo 2 - 20
Grânulo 1-2
Areia Grossa 0,2 - 1
Areia Média 0,1 – 0,2
Areia Fina 0,02 – 0,1
Areia Muito Fina 0,01 – 0,02
Silte 0,002 – 0,01
Argila < 0,002
Fonte: Suguio (1980, p. 35).

As rochas siliciclásticas também recebem designações de acordo com o caráter do sedi-


mento presente: os conglomerados são chamados de ruditos ou psefitos, os arenitos são cha-
mados de psamitos e os folhelhos, siltitos e argilitos são denominados lutitos ou pelitos.
Quando você ouvir dizer que uma rocha é pelítica, é porque ela apresenta composição por
sedimentos finos, do tipo silte ou argila.
Visualização de rochas sedimentares siliciclásticas: argilitos, folhelhos, ritmitos e
siltitos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos relacionados a seguir e veja as principais rochas sedimentares siliciclásticas:
argilitos, folhelhos, ritmitos e siltitos.
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/galeria/glacial4619.JPG>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://e-geo.ineti.pt/bds/geobases/petrografia/imagens.aspx?ID=39&BD=Amostras&Width=400&Height=0>.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://jasper.rc.unesp.br/corumbatai/vd/cp07/fts/7.8.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/folhelho1.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.utp.br/geo/Geologia/rochas/s/folhelho.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/siltito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://geoturismobrasil.com/Imagens/06-fossil-concha.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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Visualização de rochas sedimentares siliciclásticas: arenitos, tempestitos, turbiditos e
conglomerados––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos relacionados a seguir e veja as principais rochas sedimentares siliciclásticas:
arenitos, tempestitos, turbiditos e conglomerados.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/tempestito2.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.scielo.br/img/fbpe/rem/v54n3/3a03f4.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/turbidito2.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.sju.edu/research/bear_gulch/images_other_art/Microturbidite1-cropped.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.utp.br/geo/Geologia/rochas/s/arenito.jpg>
• <http://formiguense.com/geologia_files/image010.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://roble.pntic.mec.es/~hotp0039/jaznar/imagenes/conglomerado.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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70 © Fundamentos de Geologia

De acordo com Leeder (1982), os argilitos correspondem às rochas sedimentares mais


finas, apresentam aspecto de rocha compacta e são compostos por argilominerais.
Conforme aumenta o grau de compactação, os argilitos transformam-se em folhelhos (óti-
ma rocha geradora de petróleo e, também, no processo intempérico), que se decompõe em
lâminas paralelas e finas. Os folhelhos podem ser negros, silicosos, aluminosos e calcíferos.
Os ritmitos são rochas clásticas características por apresentar alternâncias de estratos,
ou seja, são compostas pela alternância de camadas de folhelho escuro com níveis arenosos ou
sílticos de coloração clara. Um exemplo bastante interessante de ritmitos são os varvitos de Itu.
Aumentando a granulometria das rochas sedimentares, ocorrem os siltitos, rochas compostas
por partículas do tamanho silte e compostos, também, por quartzo, micas e argila.
Os arenitos são rochas compostas por areias litificadas, constituídas por quartzo, feldspato
e fragmentos de outras rochas preexistentes. Podem ser arenitos muito finos ou grossos, varian-
do em arenitos quartzosos, arcosianos, líticos e grauvacas.
Por fim, ocorrem os conglomerados formados pela litificação de clastos grossos em meio
a cimento. Eles são classificados em ortoconglomerados e paraconglomerados: os primeiros
apresentam mais clastos do que matriz, enquanto os segundos apresentam mais matriz do que
clastos.
É importante mencionarmos, ainda, a ocorrência de tempestitos e turbiditos, ambas ro-
chas sedimentares que apresentam composições variadas entre minerais finos (argilominerais)
e níveis arenosos. A primeira é formada pela ação de ondas de tempestades nos fundos oceâni-
cos e a segunda pela ação de correntes de turbidez.
Classificação de rochas sedimentares químicas
As rochas sedimentares químicas são formadas a partir da precipitação de soluções ioni-
zadas, e, também, em consequência das altas taxas de evaporação das águas salinizadas (eva-
poritos); já as de origem orgânica são formadas por causa do acúmulo de restos de organismos
marinhos (calcários).
Os calcários são compostos por minerais de carbonato de cálcio (calcita e dolomita). A
gênese de formação dos calcários está associada a locais de águas rasas, calmas e quentes, ou
seja, áreas próximas à região equatorial.
Essas rochas são poligenéticas, podendo variar de calcilutitos (calcário com presença de
clastos argilosos), calcisiltito, calcarenitos etc. Os calcários apresentam coloração geralmente
acinzentada e estrutura compacta e, em seção petrográfica, é possível observar restos de cara-
paças microscópicas de animais marinhos.
Dentre outras rochas sedimentares de caráter orgânico e químico, podemos citar:
• Coquinas: formadas quase na totalidade por carapaças calcárias de bivalves, como, por
exemplo, as conchas marinhas.
• Chert: compostas por organismos silicosos de fundo oceânico.
• Evaporitos: rochas sedimentares químicas formadas pelas altas taxas de evaporação de
águas solubilizadas, como, por exemplo, a halita, a silvita etc.

Visualização de rochas sedimentares químicas e orgânicas–––––––––––––––––––––––––


Observe algumas das principais rochas sedimentares químicas e orgânicas disponíveis nos seguintes endereços
eletrônicos:
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/calcario.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://ichn.iec.cat/bages/geologia/Imatges%20Grans/silvina.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 71

Estruturas de rochas sedimentares


Segundo Suguio (1980), as rochas sedimentares apresentam estruturas próprias que ser-
vem para a determinação das condições dinâmicas em que os sedimentos foram depositados.
Elas podem ser consideradas segundo dois aspectos: as formas de leito e as estruturas deposi-
cionais.
As principais estruturas observadas nas rochas sedimentares são: estratificações ou aca-
mamento (cruzada, plano-paralela, gradacional), marcas onduladas ou de ondas, gretas de con-
tração etc.
As estratificações cruzadas de pequeno porte estão associadas aos ambientes fluvio-lacus-
tres, e as de grande porte, aos ambientes eólicos, dominados por dunas de médio a grande por-
te. As estratificações plano-paralelas são estruturas típicas de ambientes lacustres e marinhos
de baixa energia, nos quais os sedimentos decantam e formam extratos paralelos.
As marcas de ondas relacionam-se aos ambientes costeiros dominados por elas. Nesses
ambientes, as marcas de ondas oscilam a estrutura dos sedimentos depositados, e, por fim, as
gretas de contração estão associadas à deposição de materiais lamíticos (silte e argila) e em vir-
tude da exposição em superfície, contraem-se liberando espaços entre os fragmentos maiores.
Bacias sedimentares
Como já abordamos anteriormente, o local de ocorrência das rochas sedimentares são as
bacias sedimentares, compostas por várias camadas de sedimentos consolidados. O nome dado
à ocorrência de uma rocha sedimentar dentro da bacia é formação.
Cada bacia sedimentar apresenta uma história específica relacionada ao empilhamento
estratigráfico, ou seja, o empilhamento das formações sedimentares.
Uma formação sedimentar é composta por unidades menores, as fácies e os membros, no
entanto, estes são utilizados dependendo da escala de observação.
No quadro geológico brasileiro, ocorrem bacias paleozoicas, mesozoicas e cenozoicas. As
maiores bacias brasileiras são chamadas de intracratônicas, devido ao fato de estarem localiza-
das no meio das placas tectônicas. Ocorrem, também, bacias mesozoicas e terciárias que rece-
bem o nome de bacias rift ou costeiras.
Nas bacias sedimentares ocorre a formação do petróleo, do gás natural e do carvão
mineral.
Na Unidade 7, conheceremos a Bacia Sedimentar do Paraná, que recobre praticamente
todo o Sul e parte do Sudeste brasileiro. Veja no mapa da Figura 6 onde estão localizadas as
bacias sedimentares brasileiras.

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Figura 6 As bacias sedimentares brasileiras.

Rochas metamórficas
As rochas metamórficas correspondem à terceira classe genética de rochas. Como o pró-
prio nome sugere, ocorre pelo processo de metamorfismo e é similar ao significado da palavra
“metamorfose” (sinônimo de transformação, alteração, mudança). As rochas metamórficas são
produtos resultantes do metamorfismo aplicado a rochas preexistentes, podendo ser rochas
ígneas, rochas sedimentares ou, até mesmo, outras rochas metamórficas (YARDLEY, 1994).
O nome dado às rochas preexistentes, antes de serem submetidas ao metamorfismo, é
protólito. Os processos metamórficos, na grande maioria, ocorrem associados aos processos
tectônicos de regime convergente, pois é devido a esse regime que se formaram as grandes
cordilheiras montanhosas de borda de placa.
As áreas de ocorrência de rochas metamórficas são denominadas de faixas móveis ou cin-
turões metamórficos e são sempre associadas à ocorrência de rochas ígneas intrusivas.
Uma característica importante no entendimento das rochas metamórficas é a ocorrência
de reações metamórficas que geram a modificação química e física dos minerais.
Os principais parâmetros físicos associados ao metamorfismo são a temperatura e a pres-
são, pois, de alguma forma, esses elementos modificam a estrutura primária da rocha e deixam
evidências para a associação da composição do protólito.
Em síntese, os processos metamórficos ocorrem nas profundezas da crosta, próximo ao li-
mite com o manto, zona importante para o fornecimento de temperatura e aumento da pressão
litostática. A Figura 7 mostra o modelo de formação das rochas metamórficas.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 73

Figura 7 Modelo de formação das rochas metamórficas.

Principais condicionantes do metamorfismo


Os principais agentes envolvidos no processo de metamorfismo são: as características da
rocha pretérita ou do protólito, as condições ideais de temperatura, de pressão e a presença ou
não de fluídos. A combinação desses agentes permite o processo de metamorfismo, causando
modificações composicionais da rocha pretérita.
Veja, a seguir, a definição de cada agente:
1) Temperatura: as principais fontes de fornecimento de calor para a ocorrência do me-
tamorfismo são o núcleo e o manto. Os fluxos térmicos são conduzidos até as porções
inferiores da crosta por meio das chamadas correntes de convecções térmicas. Outra
fonte de fornecimento de temperatura são as intrusões ígneas na crosta continental,
que é mais quente do que a crosta oceânica, e as quais liberam calor para o metamor-
fismo das rochas encaixantes. A temperatura ideal para o desenvolvimento do meta-
morfismo é em torno de 200°C.
2) Pressão: as pressões atuantes na crosta terrestre podem ser de duas formas: litostá-
tica, que é a pressão exercida por todo conjunto de rochas acima da região envolvida,
e a dirigida, que é a pressão exercida pela presença de água intersticial entre os grãos
minerais da rocha. A pressão causa a orientação dos minerais, que se agrupam pela
afinidade química, gerando bandeamento na rocha. Quanto mais profunda é a região
envolvida no metamorfismo, maior é a pressão litostática envolvida.
3) Fluídos: a presença de minerais hidratados na composição geral da rocha pretérita
gera sistemas metamórficos de alteração dos minerais. O termo “pressão de fluídos”
é a pressão causada pelos fluídos intersticiais na rocha. Esses fluídos são responsáveis
pela formação de níveis de sulfetos em veio de rochas metamórficas, ou seja, respon-
sáveis pela formação de minério.
4) Tempo: esse fator é relativo nos processos metamórficos, pois as reações envolvidas,
geralmente, levam muito tempo para ocorrer. Dessa forma, a velocidade de alguns
processos acaba por ser lenta, já que a formação de alguns terrenos metamórficos
dura até 50 M.a.

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Tipos de metamorfismo
O desenvolvimento dos processos metamórficos ocorre em diversos níveis crustais em
locais próprios para o metamorfismo. Nesses locais, combinam-se variados fatores, tais como os
aspectos físicos envolvidos e os diversos tipos de rochas metamórficas que se formaram.
Os principais tipos de metamorfismo que se enquadram de acordo com os condicionantes
metamórficos são:
1) Regional: também conhecido como metamorfismo dinamotermal, é o tipo mais ex-
pressivo, e responsável pela formação da grande maioria de rochas metamórficas na
crosta terrestre. Desenvolve-se nas porções mais profundas da crosta e sempre está
associado a regimes tectônicos convergentes. A combinação dos fatores físicos nesse
tipo de metamorfismo é praticamente completa, gerando o metamorfismo regional
progressivo, cujas principais evidências são a deformação completa dos protólitos e
a intensa recristalização mineral. As rochas metamórficas formadas apresentam-se
foliadas com estruturas bem definidas e sempre associadas a intenso magmatismo
granítico.
2) De contato: recebe, também, o nome de metamorfismo termal, ou seja, as intrusões
ígneas liberam calor suficiente para causar metamorfismo nas rochas encaixantes
gerando os hornfells, rocha metamórfica produto do metamorfismo de contato. Ge-
ralmente, em torno das intrusões forma-se uma auréola metamórfica, zoneada com
assembleias mineralógicas distintas. Esse tipo de metamorfismo costuma ocorrer em
níveis superficiais e intermediários da crosta, em torno de corpos ígneos menores,
diques e sills.
3) Cataclástico: conhecido também como metamorfismo dinâmico, ocorre associado a
zonas de falhas e de cisalhamento (movimentação e ruptura das porções superficiais
da crosta). Apresentam deformações e recristalização dos minerais presentes, que po-
dem ser do tipo rúptil, causando quebra da estrutura atual da rocha, ou deformações
dúcteis, causando a formação de novos minerais.
4) De soterramento: ocorre associado a bacias sedimentares, pois a pressão causada pe-
las formações superiores sobre as inferiores gera mudanças estruturais das rochas so-
brejacentes, gerando sutis deformações, que deixam as rochas ligeiramente foliadas.
Ocorre, ainda, a formação de novos minerais devido à influência dos fluídos presentes
nos porros da rocha, e a temperatura pode atingir até 300°C.
5) Hidrotermal: ocorre nas bordas de intrusões ígneas e em zonas geotermais, onde a
percolação de fluídos quentes gera a recristalização de novos minerais do tipo sulfe-
tos, formando veios mineralizados. A temperatura varia entre 100°C e 350°C.
6) De impacto: está associado à ocorrência de quedas de meteoritos na superfície ter-
restre. Com a queda, ocorre a liberação de altas taxas de energia, na forma impac-
tante e de calor, gerando as crateras de impacto. As rochas encaixantes são fundidas
gerando o metamorfismo do quartzo em virtude das altas temperaturas que atingem
até 5000°C. Esse processo metamórfico pode ocorrer em outros corpos planetários,
com a ocorrência de enormes crateras de impacto.
As ilustrações a seguir apresentam os modelos de ocorrência do metamorfismo. Na Figura
8, estão representados os metamorfismos regional, de contato e cataclástico. Na Figura 9,
aparecem os metamorfismos de soterramento, hidrotermal e de impacto.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 75

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 389).


Figura 8 Modelo de ocorrência do metamorfismo regional, de contato e cataclástico.

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76 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 389).


Figura 9 Modelo de ocorrência do metamorfismo de soterramento, hidrotermal e de impacto.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 77

Mineralogia geral das rochas metamórficas


A composição mineralógica associada a cada rocha metamórfica está diretamente ligada
à composição do protólito. Podem se apresentar compostas com um único mineral ou podem
conter assembleias mineralógicas complexas, com a neoformação de minerais em vários proces-
sos do metamorfismo.
As rochas metamórficas são enquadradas de acordo com o grau do metamorfismo a que
estão sujeitas, podendo ser divididas em três graus. As rochas podem ser de baixo grau meta-
mórfico, como as sedimentares que foram metamorfizadas; por exemplo, classe das ardósias,
filitos, mármores e alguns gnaisses e xistos.
Ocorrem, também, as rochas de médio grau metamórfico, compostas por rochas ígne-
as básicas e ultrabásicas metamorfizadas, gerando os xistos, anfibolitos e gnaisses; por fim, as
rochas de alto grau metamórfica, chamadas de migmatitos, ou seja, rochas graníticas e outros
gnaisses que foram metamorfizados em altíssimas temperaturas, quase atingindo o estado total
de fusão, prestes a voltar a granitogênese.
As rochas de baixo grau metamórfico, na grande maioria, apresentam na sua composição
argilominerais, epidoto, clorita, talco, anfibólio (actinolita) e micas. As rochas de médio grau
apresentam hornblenda, plagioclásio, micas (biotita, muscovita), granada, cianita e sillimanita.
Já as rochas de alto grau, apresentam minerais desidratados, ortopiroxênio, quartzo, wollasto-
nita etc.
Principais estruturas das rochas metamórficas
Da mesma forma como foi apresentado anteriormente o conceito de estrutura em relação
às rochas ígneas e sedimentares, nas rochas metamórficas a estrutura é um critério de análise
que permite observar evidências a respeito dos processos envolvidos no metamorfismo da ro-
cha.
De modo geral, as rochas metamórficas podem apresentar-se na forma maciça ou na for-
ma orientada, isso dependendo da atuação, ou não, do fator pressão dirigida.
De acordo com Bucher (1994), os principais tipos de estruturas em rochas metamórficas
são:
1) Maciça: não apresenta minerais tabulares e fibrosos, como é o caso do mármore,
quartzito e hornfels.
2) Xistosa: desenvolve-se por causa da presença de minerais placoides em filitos e xistos.
3) Gnáissica: caracterizada pelo bandamento da rocha, gerando bandas claras (quartzo,
plagioclásio, feldspato) e bandas escuras (anfibólios, piroxênios e olivina), estrutura
típica dos gnaisses de forma geral.
4) Migmatítica: o bandamento da rocha torna-se mais acentuado e de forma caótica,
subdividindo-se em uma série de pequenas classificações.
5) Clivagem ardosiana: é uma estrutura típica das ardósias, composta por filossilicatos
placoides, gerando planos paralelos de fratura e partição.

Visualização de estruturas em rochas metamórficas–––––––––––––––––––––––––––––––


Para observar algumas das principais estruturas em rochas metamórficas, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/galeria/micaxisto.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://ciencias3c.cvg.com.pt/images/Gslb.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/simbolometa.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.helsinki.fi/hum/ibero/xaman/articulos/2003_01/04granito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://domingos.home.sapo.pt/ardosia.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.casinhasantunes.pt/Verde-india.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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Classificação de rochas metamórficas


A classificação das rochas metamórficas está diretamente ligada à nomenclatura atribuída
a elas.
Uma tarefa bastante difícil é classificar uma rocha metamórfica, pois é comum encontrá-
-la com aspectos ainda preservados do protólito. Para esses casos, utiliza-se o termo “meta”.
Por exemplo, um arenito que ainda não atingiu a estrutura de quartzito pode ser chamado de
metarenito.
As rochas metamórficas são consideradas de acordo com os termos fundamentais, e, em
consequência de análises mais detalhadas, atribuem-se nomes de minerais de acordo com a
proporção que ocorrem. Por exemplo, um gnaisse com composição de 40% de anfibólio, 25% de
biotita, 20% de plagioclásio e 15% de quartzo recebe o nome de biotia-anfibólio-gnaisse.
Veja na Tabela 3 os termos para a classificação das rochas metamórficas.
Tabela 3 Termos fundamentais de classificação das rochas metamórficas.
TERMOS PROTÓLITO GRAU METAMÓRFICO
Ardósia Folhelho Baixo grau
Filito Argilito/Folhelho Baixo grau
Xisto Argilito Baixo a médio grau
Quartzito Arenito Médio grau
Gnaisse Granito/outros gnaisses Médio grau
Mármore Calcário Médio grau
Anfibolito Rochas ígneas básicas Médio a alto grau
Migmatito Granito/Gnaisse pré-fundidos Alto grau
Cataclasito Zona de falhas transcorrentes Baixo grau - regime rúptil
Milonito Zona de falhas transcorrentes Médio grau - regime dúctil
Fonte: Leinz; Amaral (1987, p. 52).

Visualização de rochas metamórficas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Para observar algumas das principais rochas metamórficas, acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.casinhasantunes.pt/Verde-india.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/filitograflamin.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.parquenoudar.com/multimedia/imagens/xisto-PNN.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.granisintra.com/materiais/quartzite/QUARTZITO_CAPA.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/dedo_de_deus/5m.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/anfibolito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/gnaisse.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/milonito.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.unb.br/ig/glossario/fig/cataclasito_Bombinhas_DSC00590.JPG>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://web.uct.ac.za/depts/geolsci/dlr/106s_01/mig1.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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Terrenos metamórficos - faixas móveis brasileiras
De acordo com Almeida (2004), no território brasileiro estão presentes extensas áreas de
ocorrências de rochas metamórficas. E, como dito anteriormente, o conjunto de rochas meta-
mórficas recebe o nome de faixas móveis ou cinturões metamórficos.
As principais faixas móveis no Brasil são: a Faixa Ribeira, a Faixa Brasília, a Faixa Araçuaí,
a Faixa Paraguai, a Faixa Tocantins e a Faixa Seridó. Essas áreas apresentam idades variando do
mesoproterozoico ao neoproterozoico. Em cada uma ocorrem rochas específicas dos regimes
metamórficos: a Faixa Brasília é composta por rochas de baixo a médio grau metamórfico; já a
Faixa Ribeira é composta por rochas de médio a alto grau.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 79

Geralmente, as áreas das faixas móveis bordejam as áreas cratônicas, pois representam
antigas áreas de sedimentação, ou seja, mares bordejando aos crátons, gerando a formação de
rochas sedimentares em meio a zonas de magmatismo. Por exemplo, o Cráton do São Francisco
é bordejado a oeste pela Faixa Brasília e a leste pela Faixa Araçuaí.
Veja na Figura 10 as principais faixas móveis de ocorrência das rochas metamórficas no
Brasil.

Figura 10 Principais faixas móveis de ocorrência das rochas metamórficas.

7. CICLO DAS ROCHAS


O ciclo das rochas corresponde à integração de processos e fatores geológicos das três
classes gerais de rochas: as ígneas (plutônicas e vulcânicas), as sedimentares (clásticas ou quí-
micas) e as metamórficas.
As rochas ígneas, sedimentares e metamórficas, quando expostas à superfície e à atmos-
fera terrestre, estão sujeitas às ações do intemperismo, por meio de mudanças composicionais,
tanto químicas quanto físicas.
O intemperismo provoca a degradação mineralógica das rochas, promovendo a produção
de sedimentos, que desenvolverão todas as etapas para a formação das rochas sedimentares
(erosão, transporte, deposição, diagênese e consolidação).

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Em síntese, podemos afirmar que o intemperismo faz com que as rochas percam sua coe-
são e sejam facilmente erodidas, transportadas e depositadas em depressões e, após a diagêne-
se, passam a constituir as rochas sedimentares.
Quando as rochas sedimentares são depositadas nas bacias sedimentares, as formações
profundas estão sujeitas aos processos de metamorfismo, podendo se transformar em rochas
metamórficas de baixo grau, e as superiores, que já se encontram aflorando em superfície, são
intemperizadas, fornecendo novamente sedimentos.
A cadeia de processos de formação de rochas sedimentares pode atuar sobre qualquer
rocha, seja ela ígnea, metamórfica ou sedimentar, exposta à superfície da Terra. Por causa do
deslocamento das placas tectônicas durante o tempo geológico, as rochas podem ser levadas a
ambientes muito diferentes daqueles em que se formaram (INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS, 2012).
Todos os tipos de rochas, quando sujeitas às transformações relacionadas ao ambiente de
formação, como altas pressões e temperaturas, passam por mudanças mineralógicas, estrutu-
rais e texturais, tornando-se uma rocha metamórfica. Se as condições de metamorfismo forem
muito intensas, as rochas podem se fundir, gerando magmas que, ao se solidificar, darão origem
a novas rochas ígneas.
Veja na Figura 11 a integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas.

Figura 11 Integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas.

8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
As informações sobre a composição e estrutura dos minerais são fundamentais para que
você entenda a formação das rochas e da própria crosta da Terra. Para que você tenha contato
com estes conteúdos novamente, leia e busque resolver as questões a seguir:
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 81

1) Assinale a alternativa mais plausível quanto ao conceito de minerais:


a) Composto de substâncias químicas definidas de origem orgânica.
b) Composto de substâncias químicas não definidas de origem orgânica.
c) Composto de substâncias químicas não definidas de origem inorgânica.
d) Composto de substâncias químicas definidas de origem inorgânica.
e) Nenhuma das anteriores.
2) A propriedade mineral de se partir ou quebrar em planos paralelos de acordo com sua estrutura cristalina é:
a) Clivagem.
b) Traço.
c) Cor.
d) Hábito Cristalino.
e) Densidade.
3) Assinale a alternativa que está relacionada com rochas sedimentares:
a) Cristalização a frio e alta resistência.
b) Cristalização quente e elevada pressão.
c) Elevada pressão e temperatura.
d) Elevada temperatura e áreas de dobras.
e) Cristalização a frio e deposição de sedimentos.
4) A propriedade mineral que está relacionada com a cor do pó deixado pelo mineral após ser riscado em uma
porcelana branca é:
a) Clivagem.
b) Traço.
c) Cor.
d) Hábito Cristalino.
e) Densidade.
5) Assinale a alternativa que está relacionada com rochas metamórficas:
a) Baixa pressão e alta temperatura.
b) Baixa temperatura e alta pressão.
c) Acúmulo de sedimentos e alta pressão.
d) Litificação e alta pressão.
e) Alta pressão e alta temperatura.
6) A forma geométrica que o mineral apresenta em suas características externas (como prismática, tabular etc.)
tem relação com:
a) Clivagem.
b) Traço.
c) Cor.
d) Habito Cristalino.
e) Densidade.
7) Assinale a alternativa que está relacionada com a formação de rochas ígneas extrusivas:
a) Resfriamento rápido.
b) Resfriamento lento.
c) Cristalização fria.
d) Acúmulo de sedimentos.
e) Nenhuma das anteriores.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.

2) a.

3) e.

4) b.

5) e.

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6) d.

7) a.

9. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da Unidade 2, na qual conhecemos os elementos que constituem a cros-
ta terrestre, os minerais e as rochas.
Os conceitos relacionados à gênese dos minerais é um assunto bastante complexo que en-
volve conceitos de ciências exatas como a química, a física e a matemática. Por esse motivo não
entramos em detalhes aprofundados em relação à composição química de minerais, abordando
apenas os minerais mais importantes na constituição das três classes genéticas de rochas.
Por fim, você pôde compreender a sistemática integradora dos aspectos mineralógicos
das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas, que formam o chamado ciclo das rochas. Com
o aprendizado desse processo ficou claro que nenhuma gênese ocorre de forma individual e
pontual, já que são fatores interdependentes na composição total da crosta terrestre.

10. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 4 Bloco diagrama dos processos sedimentares. Disponível em: <http://fossil.uc.pt/imags/Ciclo%20sedimentar.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
Figura 5 Componentes deposicionais: matriz, arcabouço e poros intersticiais. Disponível em: <www.igc.usp.br/ensino/graduacao/
disciplinas_web/geologiageralbiologia/Rochas%20Sedimentares.ppt>. Acesso em: 3 mar. 2008.
Figura 11 Integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas. Disponível em:
<http://www.soultones.com/canyon/canyon5_LG.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
<http://apod.nasa.gov/apod/image/0510/etnaboom_fulle.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011; <http://www.geopor.pt/gne/GIFS/
igneas.gif>. Acesso em: 24 out. 2011; <http://www.theodora.com/wfb/photos/brazil/canela_rio_grande_do_sul_brazil_photo_
gov_tourist_ministry.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.

Site pesquisado
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS. O ciclo das rochas. Disponível em: <http://www2.igc.usp.br/replicas/rochas/ciclo.htm>. Acesso
em: 3 fev. 2012.

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALMEIDA, F. F. M. Fundamentos geológicos do relevo paulista. Bol. Inst. Geogr. Geol. São Paulo, 1964. v. 41.
DANA, J. D. Manual de mineralogia. Porto Alegre: LTC, 1976.
DEER, W. A. Minerais constituintes das rochas: uma introdução. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1966.
LEEDER, M. R. Sedimentology: process and products. London: George Allen & Unwin, 1982.
PRESS, F.; SIEVER, R. Understanding Earth. 2. ed. New York: W. H. Freeman, 1998.
SKINER, B. J.; PORTER, S. C. Physical Geology. New York: John Wilwy, 1987.
SUGUIO, K. Rochas sedimentares. São Paulo: Edgard Blücher/Edusp, 1980.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
YARDLEY, B. W. D. Introdução à petrologia metamórfica. Brasília: Ed. UnB, 1994.
EAD
Deformações em Rochas
e Teoria da Tectônica de
Placas
3

1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender os princípios deformacionais na evolução geotectônica do
planeta.
• Distinguir e classificar os principais elementos deformacionais: dobras e falhas.
• Compreender a Teoria da Tectônica de Placas e os regimes tectônicos na estruturação
da crosta terrestre.

2. CONTEÚDOS
• Princípios deformacionais da crosta terrestre.
• Conceitos e classificações de dobras e falhas.
• Evolução do conhecimento e do conceito de tectônica.
• Teoria da Tectônica de Placas e regimes tectônicos.
• Movimentação dos continentes.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
1) Assim que você conhecer os elementos e os regimes tectônicos, faça um estudo inte-
grado de cada continente do globo terrestre, fazendo um levantamento das principais
estruturas presentes. Isso facilitará seu entendimento sobre a chamada Geografia dos
84 © Fundamentos de Geologia

Continentes. Para mais informações, consulte o dicionário estrutural no seguinte ende-


reço eletrônico: <http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php?title=Geologia_
Estrutural>. Acesso em: 24 out. 2011.
2) Sobre o assunto que vamos estudar a recomendação é que você busque informações
e figuras em sites confiáveis e também faça a leitura do Capítulo 6 da obra: TEIXEIRA,
W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
3) Nesta unidade, estudaremos deformações às quais as rochas estão sujeitas. É impor-
tante que você tente mentalizar as alterações que partes da crosta podem sofrer, bem
como os processos que geram essas transformações.
4) Já estudamos que a maioria das dinâmicas que ocorrem no planeta Terra, no tocante
à Geologia, gasta milhares de anos para ocorrer. Este é o chamado tempo geológico.
Assim, é importante que tenha em mente que as alterações em rochas que estudare-
mos agora também seguem esta escala de tempo.
5) Assim que você conhecer os elementos e os regimes tectônicos, faça um estudo inte-
grado de cada continente do globo terrestre, fazendo um levantamento das principais
estruturas presentes, isso facilitará seu entendimento.
6) É interessante notar que o estudo geológico estrutural das dobras fornece subsídios
teóricos para várias práticas exploratórias de recursos naturais, sendo de grande valia
para a humanidade.
7) Busque mais informações sobre a Teoria da Tectônica de Placas, ela é fundamental
para entender as dinâmicas envolvidas na formação do relevo.
8) Além de observar a distribuição das placas, pesquise e observe como são os mecanis-
mos que motivam estes movimentos.
9) Observe o mecanismo e o funcionamento das correntes de subducção, visitando o se-
guinte endereço eletrônico: <http://www.cienciaviva.pt/rede/space/home/convecao.
jpg>. Acesso em: 3 fev. 2012.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Esta unidade tem o propósito de apresentar a você os elementos deformacionais e per-
turbadores das rochas que modificam condições geológicas iniciais próprias para a formação
de oceanos e cadeias montanhosas, e o surgimento de elementos estruturais geométricos para
uma análise geológica estrutural.
Num primeiro momento, vamos discutir o que é "deformação em rochas" e os condicio-
nantes físicos para que ocorram as deformações, além de apresentar alguns critérios para o
desenvolvimento das estruturas resultantes dos processos perturbadores e modificadores das
rochas.
A Geologia Estrutural é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo deforma-
cional da litosfera, e dos elementos resultantes dessas deformações, tais como as dobras e as
falhas. O objetivo do estudo desses elementos é mostrar as evidências sobre o dinamismo do
planeta Terra e comprovar a origem da formação dos continentes e o surgimento de estruturas
modernas ao lado de estruturas muito antigas no modelamento do relevo terrestre.
Os elementos geométricos que vamos estudar são: as dobras, deformações de caráter
dúctil que ocorrem nas rochas devido aos esforços compressivos das porções crustais, conheci-
das como placas tectônicas, e as falhas, deformações de caráter rúptil que geram a quebra de
porções continentais, o desnivelamento das estruturas e a formação de elementos geomorfoló-
gicos (de relevo) na superfície terrestre.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 85

Esse estudo abrange grande parte dos métodos exploratórios de recursos minerais e ener-
géticos. Também aborda as contribuições técnicas aplicadas para o desenvolvimento de proje-
tos de engenharia civil, nos quais a superfície terrestre é o palco dos empreendimentos – por
exemplo: pontes, túneis, estradas e barragens que necessitam de bases geológicas estruturais
para os planejamentos aplicados. Vamos conhecer, também, os mecanismos geradores dos três
regimes tectônicos abordados pela Teoria da Tectônica de Placas.
Por fim, após conhecer os elementos deformacionais e o funcionamento da Teoria da
Tectônica de Placas, você passará a compreender melhor a gênese estrutural de formação dos
principais elementos de relevo.
Assim, é importante que você compreenda os fatores geotectônicos e deformacionais,
busque uma aplicação em escala global sobre os produtos resultantes e não se prenda somente
aos elementos estruturais do território brasileiro.
Bons estudos!

5. PRINCÍPIOS DEFORMACIONAIS
As primeiras observações geológicas a respeito dos processos deformacionais foram feitas
em rochas sedimentares, partindo do princípio de que elas são formadas por estratos horizon-
talizados e, com o passar do tempo, as formações apresentavam-se inclinadas e deformadas.
Mas quais foram os fenômenos geológicos envolvidos no processo deformacional?
Dúvidas como essas eram frequentes no campo das Geociências antes do surgimento da
Teoria da Tectônica de Placas, estudo que contribuiu para a construção do pensamento geoló-
gico.
Por meio desse estudo, constatou-se que todos os corpos rochosos são submetidos a es-
forços que modificam as suas estruturas originais. Com isso, foram definidos os processos físi-
cos, pois os corpos rochosos podem ser modificados por rotação, dilatação e contração, e o
conjunto desses três processos físicos gera a deformação dos materiais geológicos.
Para um entendimento maior a respeito do campo das deformações, é necessário que
você compreenda os seguintes conceitos físicos definidos por Loczy e Ladeira (1976):
• Força: é a propriedade física vetorial de alteração do estado de repouso dos materiais.
Geologicamente, pode ser a força de um corpo relacionada ao volume do material ana-
lisado e a força de contato associada aos materiais de superfície.
• Esforço: é uma propriedade física relacionada à aplicação de uma força em qualquer
superfície material.
A Geologia Estrutural compromete-se com o estudo de corpos geológicos deformados,
associando as movimentações tectônicas às formas geométricas (LOCZY; LADEIRA, 1976).
Geneticamente, as deformações podem ocorrer de duas formas: deformações rúpteis
(relacionadas à quebra dos materiais) e deformações dúcteis (deformações plásticas nas quais
ocorrem apenas alterações de volume do material).
O estudo das deformações implica na imposição de algumas propriedades físicas primor-
diais ao entendimento integrado, definidas por Ragan (1968) como:

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1) Pressão hidrostática/litostática: variam em relação à profundidade dos corpos ro-


chosos, pois quanto mais fundo na litosfera, maior é a pressão atuante sobre esses
corpos. Ambas as pressões, de alguma forma, provocam as deformações dúcteis.
2) Condições termodinâmicas: ocorrem de forma similar à pressão, pois quanto mais
profundos os materiais geológicos estão na litosfera, maior é a quantidade de calor
envolvido nos processos deformacionais, provocando deformações dúcteis.
3) Esforços na rocha: as deformações ocorrem na litosfera de forma lenta, em milhões
de anos, devido à dimensão e à escala dos processos.
4) Natureza dos materiais rochosos: em virtude das propriedades físicas e mineralógicas
distintas a cada uma das três classes genéticas de rochas, as rochas ígneas e as meta-
mórficas de alto grau oferecem maior resistência à deformação, enquanto as rochas
sedimentares e as rochas metamórficas de baixo grau são facilmente deformadas.
Para que você possa compreender melhor, observe a Figura 1. Ela apresenta os domínios
da deformação em função da pressão e da temperatura.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 403).


Figura 1 Domínios da deformação em função da pressão e da temperatura.

No campo das deformações rúpteis acontece a quebra de materiais geológicos em diver-


sas escalas. Ocorre, no momento da quebra ou da partição, uma enorme liberação de energia,
promovendo epicentros localizados, bem como terremotos e tremores de terra em regiões pró-
ximas ao local do encontro de placas litosféricas.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 87

Em síntese, podemos afirmar que ocorrem dois domínios deformacionais que definem e
configuram as estruturas geológicas: o superficial, campo das deformações rúpteis ou de que-
bra, e o profundo, campo das deformações dúcteis, no qual os corpos rochosos podem, ou não,
se fundir parcialmente.
Portanto, as estruturas rúpteis e dúcteis definem os elementos estruturais de análise de-
formacional: as dobras e as falhas.
No estado da Califórnia, oeste dos EUA, uma estrutura geológica bastante importante no
contexto geotectônico, a chamada Falha de San Andreas, é transcorrente de movimentação
lateral, pois a cada momento de acomodação das estruturas internas ocorrem grandes terre-
motos com altas intensidades. Esses terremotos são causados pela ruptura e movimentação de
porções crustais praticamente rasas em comparação à superfície.

6. ELEMENTOS ESTRUTURAIS – DOBRAS


Os materiais curvados e flexionados presentes na crosta terrestre recebem o nome de
dobras, as quais são consideradas elementos estruturais dúcteis, gerados por processos tectôni-
cos. Antes dos dobramentos, as estruturas apresentavam-se horizontalizadas e acamadas, mas,
progressivamente, foram submetidas a esforços compressivos e de cavalgamentos.
A formação de dobras nos materiais rochosos ocorre de forma bastante lenta, da mesma
forma que os outros eventos deformacionais ocorrem numa escala de milhões de anos. Veja na
Figura 2 os aspectos gerais de apresentação das dobras.

Figura 2 Aspectos gerais de apresentação das dobras.

As dobras podem se formar em todas as escalas de tamanho, desde dobras vistas em


seção petrográfica (lâmina delgada), até dobras formando montanhas e serras alongadas. As
dobras são os primeiros elementos deformacionais que se formam nos processos tectônicos. De
acordo com Leinz e Amaral (1987), a evolução das dobras e falhas pode ser descrita por meio
de três eventos:
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• Compressão e diminuição da rocha (fase elástica).


• Aumento dos esforços e deformação plástica.
• Fase da ruptura (evento rúptil que encerra a fase deformacional).
As dobras apresentam uma série de elementos geométricos e estruturais. O conjunto des-
sas feições recebe o nome de estilo. Associado sempre a uma família de dobras, o estilo varia
com a composição das rochas, lembrando que cada classe genética de rocha apresenta caracte-
rísticas físicas próprias.
O plano de perfil da dobra é o primeiro elemento de análise estrutural, é um plano per-
pendicular ao plano axial, e na interseção entre eles se encontra o eixo da dobra. Observe na
Figura 3 os elementos estruturais de uma dobra.

Figura 3 Elementos estruturais de uma dobra.

Outro elemento geométrico é a linha de charneira, que corresponde à união dos pontos
da curvatura máxima da superfície dobrada. Quanto à união dos pontos mínimos, esta é chama-
da de linha de inflexão da dobra, que, por sua vez, pode ser retilínea ou curvada. Se retilínea,
pode ser chamada de eixo da dobra.
A crista é outro segmento geométrico que une os pontos máximos e mínimos da dobra.
Por fim, como elemento geométrico das superfícies dobradas, o plano axial corresponde a um
plano que contém a linha de charneira da dobra (TEIXEIRA et al., 2003).
O estudo geológico estrutural das dobras fornece subsídios teóricos para várias práticas
exploratórias de recursos naturais.
Um dos critérios de classificação das dobras está relacionado à superfície dobrada, onde
ocorre o estabelecimento de retas tangentes nos pontos de inflexão. Com isso, as dobras são
classificadas em relação à abertura e ao fechamento dos flancos. Acompanhe:
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 89

1) Dobras suaves: abertura entre 100° a 180°.


2) Dobras abertas: abertura entre 100° a 70°.
3) Dobras fechadas: abertura entre 70° a 30°.
4) Dobras apertadas: abertura entre 30° a 0°.
5) Dobras isoclinais: abertura paralela (TEIXEIRA et al., 2003).
Agora, visualize os principais tipos de dobras na Figura 4.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 409-410).


Figura 4 Principais dobras classificadas por critérios geométricos.

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90 © Fundamentos de Geologia

Classificação morfológica de dobras


Em relação ao aspecto morfológico, Loczy e Ladeira (1976) apresentam outra classificação
utilizada para as dobras. Acompanhe a descrição de cada uma delas e a representação de ima-
gens que mostram a formação de anticlinais e sinclinais (Figura 5) e os diferentes tipos de dobras
também segundo critérios morfológicos (Figura 6):
1) Dobra anticlinal: os flancos abrem-se para baixo e as camadas inferiores do anticlinal
são mais antigas que as camadas superiores.
2) Dobra sinclinal: os flancos abrem-se para cima e, ao contrário das dobras anticlinais,
as camadas mais jovens estão na parte interna da dobra.
3) Dobra isoclinal: os dois flancos da dobra mergulham para a mesma direção.
4) Dobra monoclinal: chamada, também, de flexão, a maior parte da dobra permanece
na posição original enquanto ocorre uma ligeira flexão em um extremo da área defor-
mada.
5) Dobra em leque: na porção mediada da dobra os flancos encontram-se. As dobras em
leque podem ser anticlinais ou sinclinais.
6) Dobra inclinada: um dos flancos da dobra apresenta ângulo de mergulho maior que
o outro. Esta dobra pode também ser chamada de dobra assimétrica, segundo a mor-
fologia.
7) Dobra revirada: apresenta uma ligeira inclinação, mas a característica principal é o
plano axial assimétrico.
8) Dobra deitada: chamada de recumbente, o plano axial é horizontalizado, geometrica-
mente.
9) Dobra falhada: o plano axial da dobra encontra-se falhado, gerando o deslocamento
dos flancos.
10) Dobra de arrasto: são dobras menores dentro de uma dobra maior. As camadas que
compõem a dobra apresentam caráter competente e incompetente e encontra-se
uma sequência de pregas dobradas interpretadas na determinação da posição real da
dobra.

Figura 5 Formação de anticlinais e sinclinais classificadas por critérios morfológicos.

Visualização da formação dos anticlinais e dos sinclinais–––––––––––––––––––––––––––


Observe algumas imagens relacionadas à formação dos anticlinais e dos sinclinais, visitando os seguintes endereços
eletrônicos:
• <http://www.geol-alp.com/chartreuse/photos_chartr/10_sappey_bastille/anticlinal_ecoutoux_c5.jpg>. Acesso em:
24 out. 2011.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 91
• <http://www.genciencia.com/images/Anticline%20anticlinal.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://web.usal.es/~geologia/Images/CARABANZOS.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://domingos.home.sapo.pt/DobraAnticlinalSinclinalOldRedSandstoneUK.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.sierradesegura.com/patr_natural/geo/imag/eig_borosa_tec2.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Figura 6 Classificação geral das dobras por critérios morfológicos.

Em áreas metamórficas, as rochas são, geralmente, estruturadas na forma de uma sequ-


ência de dobramentos em escala macroscópica (de relevo), compostas por uma sequência de
anticlinais e sinclinais, promovendo ondulações na superfície e ajustadas por falhas geológicas.
Acompanhe no próximo tópico.

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92 © Fundamentos de Geologia

7. ELEMENTOS ESTRUTURAIS – FALHAS


De acordo com Teixeira et al. (2003), ao contrário das dobras, produto das deformações
dúcteis, as falhas são elementos estruturais, produto das deformações rúpteis, ou seja, ocorre a
quebra de porções crustais que apresentam deslocamentos verticais e horizontais entre blocos.
Uma região onde o padrão de falhas é acentuado recebe o nome de zona de falha. Neste
local, é nítida a presença de estruturas rúpteis verticais de menor expressão, conhecidas como
fratura.
Próximo à presença de uma falha, é possível notar que o padrão de fraturamento aumenta
quando nos aproximamos da linha de falha.
As fraturas são um critério importante nos estudos estruturais, devido ao fato de eviden-
ciarem a presença de uma estrutura falhada.
As falhas são elementos que podem ocorrer em várias escalas de observação, podendo
se apresentar desde níveis microscópicos até grandes falhas delimitadoras de placas tectônicas.
As falhas são facilmente vistas em elementos cartográficos, tais como imagens de satélite
e fotografias aéreas. Observe na Figura 7 aspectos gerais de apresentação das falhas.
A ocorrência das falhas pode estar associada aos regimes tectônicos diversos, na forma
de distensões (gerando falhas normais), de compressões (gerando falhas inversas) e na forma
cisalhante (formando as falhas transcorrentes). As falhas são formadas nas diversas porções
crustais, podendo ocorrer, inclusive, no manto.

Figura 7 Aspectos gerais de apresentação das falhas.


© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 93

Elementos geométricos das falhas


Loczy e Ladeira (1976) afirmam que as falhas, enquanto elementos estruturais, apresen-
tam uma série de elementos geométricos que permitem descrevê-las e classificá-las de acordo
com os seguintes critérios:
1) Superfície falhada: principal local de busca de evidências para a constatação da pre-
sença de uma falha.
2) Estrias de atrito: elemento estrutural de alguns centímetros, formado na superfície da
falha, indicando o sentido do deslocamento.
3) Espelho da falha: superfície brilhante-perolada que ocorre na superfície falhada por
causa da presença de minerais deformados e orientados no sentido do deslocamento.
4) Muro (lapa): na formação de uma falha normal ocorrem deslocamentos de blocos. O
bloco superior é chamado de lapa.
5) Teto (capa): corresponde ao bloco inferior no processo de deslocamento após a for-
mação de uma falha, ou seja, o bloco abatido.
6) Rejeito: tamanho do deslocamento apresentado entre os blocos soerguidos e abati-
dos, após o deslocamento da falha.
7) Traço: linha formada em superfície na ocorrência de uma falha. Pode ser retilínea ou
com deslocamentos laterais, dependendo do tipo de falha.
Para que você possa compreender melhor, observe a Figura 8.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 412).


Figura 8 Elementos geométricos das falhas.

Segundo Davis e Reynolds (1996), a maior feição apresentada pela ocorrência de uma fa-
lha de grande porte na superfície terrestre é a presença de escarpas. Na área do plano falhado

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do bloco superior são desenvolvidos sulcos erosivos devido ao intemperismo das rochas expos-
tas, formando, assim, uma escarpa de forma festonada (ondulada).
Para Stewart e Hancock (1990), a presença de falhas e dobras no relevo terrestre permite a
compartimentação dos blocos nas porções crustais maiores. Nelas ocorrem mudanças de relevo
devido à presença desses elementos estruturais, além de permitir o estabelecimento de mode-
los geomorfológicos evolutivos para a confirmação da formação do relevo.
Observe na Figura 9 o modelo evolutivo de formação das escarpas de falhas.

Fonte: Loczy; Ladeira (1980, p. 334).


Figura 9 Modelo evolutivo de formação das escarpas de falhas.

Classificação das falhas


Com relação ao movimento relativo dos blocos, as falhas são classificadas em normais,
reversas e direcionais. Normalmente, as falhas normais estão associadas aos regimes tectôni-
cos distensivos, ou seja, tectônica de abertura, de modo que também podem ser chamadas de
falhas de gravidade.
As falhas inversas estão associadas aos regimes tectônicos compressivos e podem ser cha-
madas, também, de falhas de empurrão. Já as falhas direcionais estão associadas aos movimen-
tos cisalhantes horizontalizados e são chamadas, também, de falhas transcorrentes, transfor-
mantes ou direcionais (LOCZY; LADEIRA, 1976).
De acordo com Teixeira et al. (2003), no processo classificatório devemos levar em consi-
deração o rejeito das falhas e o tamanho do deslocamento estabelecido pelos blocos falhados.
Em falhas normais e inversas, os rejeitos correspondem ao deslocamento associado ao mergu-
lho da falha; em falhas transcorrentes, o rejeito é direcional. Os esforços aplicados nas rochas da
crosta terrestre são esforços verticais em falhas normais e horizontais em falhas inversas e trans-
correntes. Observe a classificação das falhas em normais, inversas e transcorrentes na Figura 10.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 95

Fonte: Stewart; Hancock (1994, p. 30).


Figura 10 Classificação das falhas em normais, inversas e transcorrentes.

As falhas normais, segundo Ramsay (1987), estão associadas aos regimes tectônicos dis-
tensivos ou de abertura, são de alto ângulo com deslocamento vertical e têm a movimentação
convencionada pelo plano da falha. As falhas normais são geradas no desenvolvimento das ca-
deias meso-oceânicas e nas bacias sedimentares e estão associadas à formação de grabens,
relacionados com os blocos rebaixados ou abatidos, e os horts, relacionados aos blocos altos ou
soerguidos.
As falhas inversas são associadas aos regimes tectônicos compressivos ou de fechamento
de crosta e apresentam baixo ângulo de mergulho. Elas podem ser chamadas, também, de fa-
lhas de empurrão ou de cavalgamento. Os esforços associados às falhas inversas são horizontais
e os traços dessas falhas, observados em superfície, são sinuosos. Geralmente, próximos a zonas
de falhas inversas desenvolvem-se rochas cataclásticas.
Loczy e Ladeira (1976) afirmam que as falhas transcorrentes são associadas aos limites de
placas litosféricas e são de caráter horizontal, com plano de falha vertical. Também recebem a
designação de falhas transformantes e laterais.
Os termos dextral e sinistral são utilizados para estas falhas dependendo da escala de
observação na associação dos movimentos relativos dos blocos. As falhas transcorrentes mais
expressivas em mapas geológicos atuais são do período pré-cambriano, mas foram reativadas
no período Terciário.
O ramo da Geotectônica responsável pelo estudo dessas estruturas (falhas e dobras) rea-
tivadas é a Neotectônica. A Figura 11 ilustra as estruturas geológicas associadas ao desenvolvi-
mento das falhas.

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Fonte: Stewart; Hancock (1994, p. 45). Summerfield (1991, p. 123).


Figura 11 Estruturas geológicas associadas ao desenvolvimento das falhas.

8. EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO TECTÔNICO


O planeta Terra apresenta um dinamismo próprio, com continentes se deslocando, ocea-
nos se abrindo e cadeias montanhosas se formando.
De acordo com Summerfield (1991), no século 16 surgem as primeiras ideias de que a
litosfera é fragmentada em microplacas crustais que se movimentam devido à energia (calor)
fornecida pelo manto.
O aprimoramento dos conceitos evolutivos avançou na criação dos primeiros modelos
tectônicos, quando especulações científicas eram constantemente analisadas. Com isso, surge
a ideia de que ocorre a formação e a destruição contínua das placas tectônicas, comprovando
ainda mais o dinamismo terrestre. A partir daí, são lançadas no cenário tectônico as primeiras
noções da Deriva Continental (LEIZ; AMARAL, 1987).
A tectônica global é a ferramenta para a compreensão da história evolutiva do planeta
Terra. As primeiras pesquisas tectônicas deram-se no século 17, após o surgimento de questões,
tais como: A linha costeira do Brasil se encaixa na linha costeira da África? Os continentes eram
unidos em um único continente no início da história do planeta Terra?
Nos séculos posteriores ocorreram milhares de questionamentos de âmbito tectônico, os
quais originaram algumas teorias devido às argumentações científicas.
Já no início do século 20, surgem as primeiras afirmativas de Alfred Wegener sobre a Teo-
ria da Tectônica de Placas. Ele continuava com a ideia de que a linha costeira do Brasil e da África
se encaixava, afirmando que a Terra era um “quebra-cabeças” formado por peças (os continen-
tes) que poderiam estar unidos em um único continente gigante (TEIXEIRA et al., 2003).
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 97

Os autores citados anteriormente afirmam, também, que este supercontinente iniciava a


evolução da Deriva Continental e que, posteriormente, se deu a quebra, gerando toda a movi-
mentação e a configuração dos continentes atuais.
O nome dado a esse supercontinente é Pangea, e o processo de fragmentação deu-se no
período Triássico (220 M.a., formando, inicialmente, dois outros continentes separados por um
imenso oceano: o bloco superior chamado de Laurásia e o bloco inferior conhecido por Gon-
dwana, ambos separados pelo Mar de Thetys.
Veja na Figura 12 uma imagem ilustrativa da configuração do Pangea, da formação da Lau-
rásia, Gondwana e o Mar de Thetys, e a tendência da atual configuração.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 98-99).


Figura 12 Imagem ilustrativa da configuração do Pangea, da formação da Laurásia, Gondwana e o Mar de Thetys, e a tendência
da atual configuração.

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98 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 263).


Figura 13 Configuração do relevo da Cadeia Meso-Atlântica e abertura do oceano Atlântico.

De acordo com Summerfield (1991), em 1960 surge um novo ramo nas ciências da terra, a
Geocronologia, responsável pela datação de minerais e rochas.
A partir de análises, foram realizadas datações nas rochas dos fundos oceânicos, obtendo-
-se idades bastante expressivas. As idades mais antigas dessas rochas atingiam 200 M.a.
Foi notada a ocorrência de faixas simétricas de rochas da mesma idade de cada lado da
cadeia Meso-Atlântica. Também foi observado que as rochas mais jovens estavam próximas a
essa cadeia e as mais antigas, próximas aos continentes. Observe a Figura 13.
Outra contribuição bastante enriquecedora no âmbito geotectônico é o estudo do mag-
netismo terrestre, que contribuiu significantemente para um entendimento maior a respeito da
crosta continental (RAMSAY, 1987).
Algumas evidências foram surgindo nesse segmento, tais como a mudança do eixo magné-
tico da Terra em eras geológicas passadas, a presença de paleomagnetismo nas rochas de fundo
oceânico etc.
A partir da década de 1970, a Teoria da Deriva Continental já havia sido bastante divulgada
no meio científico. Foi quando surgiu, então, uma teoria remodelada e com justificativas aceitá-
veis no âmbito científico: a Teoria da Tectônica de Placas (SKINNER; PORTER, 1989).

9. TEORIA DA TECTÔNICA DE PLACAS


Os primeiros conceitos iniciam-se com a hipótese da expansão dos fundos oceânicos, hi-
pótese que se completa com os estudos a respeito do paleomagnetismo contido nas rochas.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 99

Todas as estruturas submarinas estão relacionadas ao elevado fluxo térmico provindo das
correntes de convecção e extravasamento de material originário do manto por meio da Dorsal
Meso-Oceânica.
Segundo Loczy e Ladeira (1976), a deposição de material vulcânico ocorre de forma lateral
a dorsal, promovendo a abertura e a expansão do assoalho oceânico. As correntes de convecção
são responsáveis pela energia necessária para a movimentação das placas tectônicas, tanto pro-
movendo a expansão da crosta oceânica como a sua destruição.
Em resumo, a Tectônica de Placas pode ser definida como processos de abertura e de des-
truição da crosta oceânica por meio das zonas de subducção. Isso porque, com o mergulho da
crosta oceânica sob a crosta continental, ocorre a fusão da crosta subductada com a assimilação
do material fundido pelo manto ou no retorno desse material por meio de pulsos magmáticos,
gerando as câmaras ígneas em crosta continental.

Visualização da distribuição das Placas Tectônicas––––––––––––––––––––––––––––––––––


Veja a distribuição das Placas Tectônicas no globo terrestre acessando o site: <http://usuarios.lycos.es/naturis/
images/distribucion_placas.gif>. Acesso em: 25 out. 2011.
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Visualização do mecanismo e do funcionamento das correntes de subducção–––––––––


Observe o mecanismo e o funcionamento das correntes de subducção, visitando o seguinte endereço eletrônico:
<http://www.cienciaviva.pt/rede/space/home/convecao.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
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De acordo com Hobbs (1976), as placas tectônicas apresentam seus limites e relações de
contato de três formas. Observe a descrição desses limites entre placas e a representação deles
na Figura 14:
• Limite divergente: afastamento das placas tectônicas; ocorre a formação de crosta oce-
ânica; tem como exemplo a Dorsal Meso-Oceânica.
• Limite convergente: colisão de placas tectônicas; ocorre a destruição da crosta onde a
mais densa mergulha sob a menos densa, gerando a fusão parcial da placa mergulhan-
te; ocorre a formação de cordilheiras de montanhas nesse tipo de limite entre placas.
Por exemplo, a Cordilheira dos Andes, formada em consequência da colisão entre as
placas de Nazca e Sul-americana.
• Limite transcorrente: deslizamento de placas tectônicas; ocorre o deslizamento de pla-
cas lateralmente, sem formação ou destruição de crosta. Por exemplo, a Falha de San
Andreas, colocando lateralmente as placas do Pacífico e a Norte-americana.

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100 © Fundamentos de Geologia

Figura 14 Limites entre placas tectônicas.

Em função dos regimes tectônicos, em torno desses limites ocorrem terremotos, vulcanis-
mo e orogênese. Como vimos anteriormente, as correntes de convecções servem de motor para
a movimentação das placas tectônicas; no entanto, alguns cientistas acreditam que só elas não
são suficientes para gerar essa movimentação.
As placas apresentam um eixo de rotação em razão de a superfície terrestre ser convexa e
apresentar alguns pontos que se deslocam mais rápido do que outros.
De acordo com Hasui (1990), algumas placas estão estagnadas por estarem bordejadas
por limites divergentes. Segundo o autor, um elemento geológico bastante importante para a
determinação da velocidade de deslocamento de uma placa tectônica são os hot spots, pontos
quentes relacionados à atividade magmática, pois em consequência da ascensão das plumas
mantélicas, estas se alojam na crosta formando as câmaras magmáticas.
As placas movem-se sobre esses pontos quentes deixando feições lineares sobre eles.
Alguns exemplos de estruturas resultantes desses processos são as cordilheiras de montanhas
e ilhas vulcânicas etc.
Em relação aos processos colisionais entre placas tectônicas, Summerfiel (1991) afirma
que eles podem estar associados a colisões entre crostas continentais, entre crostas oceânicas e
entre crosta continental com crosta oceânica.
Veja exemplos de processos colisionais entre placas tectônicas.
• Crosta oceânica - Crosta oceânica: no processo de convergência ocorre a formação de
arcos de ilhas vulcânicas associados a pulsos magmáticos junto à borda da placa sub-
ductada. Um exemplo é o arquipélago que forma o Japão.
• Crosta oceânica - Crosta continental: ocorre a formação de arco magmático junto à
borda da placa continental. Um exemplo é a Cordilheira dos Andes.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 101

• Crosta continental - Crosta continental: não ocorre vulcanismo expressivo, mas inten-
sos processos de metamorfismo. Temos como exemplo a Cordilheira do Himalaia.

Visualização da convergência entre placas tectônicas––––––––––––––––––––––––––––––


Para que você tome contato visual da convergência entre placas tectônicas, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.smis.org.mx/imgs/sm/fig8.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://domingos.home.sapo.pt/Esquema_placas_convergentes.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Hasui (1990) afirma que outro processo tectônico, a obducção, está associada aos proces-
sos colisionais, pois ocorre o mergulho de uma placa oceânica sob uma crosta continental.
Entretanto, durante esse processo, fragmentos ou lascas de porções mantélicas são colo-
cados em meio à placa continental, gerando, assim, os chamados ofiolitos (conjunto litológico
ou sequência típica de crosta oceânica, apresentando rochas máfico-ultramáficas serpentiniza-
das originadas nas zonas de riddges das cadeias meso-oceânicas em um edifício pluto-vulcânico-
-sedimentar).
De acordo com Brito Neves (1990), as margens continentais mostram evidências de an-
tigos processos de separação e junção entre placas tectônicas. Por esse motivo merecem ser
abordadas conceitualmente junto à teoria das placas tectônicas. A margem continental pode
ser:
• Ativa: limites entre placas convergentes com atividades tectônicas significativas geran-
do os processos orogenéticos.
• Passiva: limite entre placas divergentes sem atividades tectônicas significativas. Ocorre
a formação de bacias em consequência dos processos de rifteamento, ou seja, ocorrem
as fases iniciais de formação de uma bacia, onde são geradas falhas normais e abati-
mentos de blocos.
Veja, na Figura 15, a disposição das margens continentais passivas.

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102 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 109).


Figura 15 Placas divergentes e margens continentais passivas.

Como vimos anteriormente, o funcionamento geral das placas tectônicas está relacionado
a fragmentações e junções de porções crustais. Com base nessa informação, podemos associar
processos de abertura e fechamento de oceanos e subducção de placas em margens continen-
tais ativas. Esta sequência de processos geológicos é conhecida como Ciclo de Wilson (HASUI,
1990).
Após observar os processos de formação e de destruição da crosta terrestre, é possível
associar os processos de movimentação das porções crustais formadas, configurando, assim, a
evolução e a movimentação dos continentes.
Uma primeira afirmativa diz que processos iguais à fragmentação do Pangea já ocorreram
em épocas geológicas anteriores, aos 200 M.a, e que esse foi o último produto de formação dos
processos de aglutinação e fragmentação de continentes, de acordo com as ideias de Tassinari
apud Teixeira et al. (2003).
Sempre houve processos de fragmentação e aglutinação de porções crustais na história
geológica do planeta. Os primeiros núcleos crustais formaram-se há 3,96 B.a.
Por causa das orogêneses (conjunto de processos geológicos que resultaram na formação
de uma cadeia de montanhas – orógeno – e relacionado à tectônica compressional de placas
tectônicas), esses núcleos crustais foram aumentando as dimensões.
A seguir, acompanhe a sequência de eventos de fragmentação e aglutinação de porções
crustais e os respectivos produtos continentais:
1) 3,96 B.a. - formação dos primeiros núcleos continentais chamados de Ártica, Atlântica
e Ur;
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 103

2) 2,0 B.a. – fragmentação dessas três porções continentais formadas inicialmente;


3) 1,3 B.a. – aglutinação e formação do primeiro supercontinente, chamado de Rodínia;
4) 1,0 B.a. – fragmentação do Rodínia;
5) 800 M.a. – aglutinação e formação do Gondwana;
6) 550 M.a. – aglutinação de outras porções continentais menores ao Gondwana e for-
mação do supercontinente chamado de Panótia;
7) 500 M.a. – fragmentação do Panótia;
8) 340 M.a. – nova aglutinação e formação do Pangea;
9) 200 M.a. – fragmentação do Pangea e movimentação até a configuração atual dos
continentes (TEIXEIRA et al., 2003).
Veja na Figura 16 a configuração e a movimentação dos paleocontinentes até os continen-
tes atuais.

Fonte: Teixeira et al. (2003, p. 111-112).


Figura 16 A configuração e a movimentação dos paleocontinentes até os continentes atuais.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
As alterações em rochas são fundamentais para a gênese evolutiva do nosso planeta. Ten-
te testar seus conhecimentos relacionados a dobras e falhas respondendo às questões a seguir:
1) As porções da crosta que estão sendo sujeitas a deformações de caráter dúctil têm ligação com:
a) Falhas.
b) Dobras.
c) Fraturas.
d) Rifte.
e) Horst.
2) Regimes tectônicos distensivos estão relacionados com:
a) Falhas Transcorrentes.
b) Falhas Normais.
c) Falhas Inversas.
d) Dobra Anticlinal.
e) Dobra Sinclinal.

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104 © Fundamentos de Geologia

3) As porções da crosta que sofrem deformação de caráter rúptil estão relacionadas com:
a) Falhas e Horst.
b) Dobras e Sinclinal.
c) Sinclinal e Anticlinal.
d) Anticlinal e Graben.
e) Horst e Anticlinal.
4) Os regimes tectônicos compressivos em superfície estão ligados a:
a) Falhas Transcorrentes.
b) Falhas Normais.
c) Falhas Inversas.
d) Dobra Anticlinal.
e) Dobra Sinclinal.
5) Áreas mais elevadas da crosta terrestre que têm sua formação ligada à dobramentos recebem o nome de:
a) Falhas Transcorrentes.
b) Falhas Normais.
c) Falhas Inversas.
d) Dobra Anticlinal.
e) Dobra Sinclinal.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) b.

2) b.

3) a.

4) c.

5) d.

11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, vimos que as propostas e os objetivos apresentados inicialmente foram
integrados de forma sistemática entre os elementos geológicos e os entendimentos evolutivos.
Portanto, acreditamos que o entendimento do conceito de tectônica possibilitou a você a
formação de um pensamento evolutivo sobre a história geológica do planeta, por isso, a impor-
tância da apresentação desses conceitos.
Aplique seu conhecimento estrutural na busca do entendimento em maiores escalas de
observação geológica. Viaje geologicamente pelos continentes e bons estudos!

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 2 Aspectos gerais de apresentação das dobras. Disponível em:
<http://industriadarte.blogs.sapo.pt/arquivo/Dobra%20Ponsul.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.cprm.gov.br/
gestao/ppga_valedoribeira/Registros%20fotogr%E1ficos/Fotografias/FOTO0449_1.JPG>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://
www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/itabirito.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.geopor.pt/gne/GIFS/
def.gif>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.geologia.blogger.com.br/mestrado0041.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://
mars.jpl.nasa.gov/mro/gallery/press/20070215a/cover_image_th200.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
Figura 3 Elementos estruturais de uma dobra. Disponível em: <http://www.georoteiros.pt/georoteiros/multimedia/6glossario/
dobra_crista_160.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 105

Figura 7 Aspectos gerais de apresentação das falhas. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/images/chdia/n245d.jpg>.


Acesso em: 25 out. 2011.
<http://www.ige.unicamp.br/~jundiati/geologia.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
<http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/terremotos/imagens/terremotos15.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
<http://www.geopor.pt/gne/ptgeol/tectonica/falha2.html>. Acesso em: 25 out. 2011.
<http://www.geopor.pt/gne/ptgeol/tectonica/falha1.html>. Acesso em: 25 out. 2011.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


DAVIS, G. H.; REYNOLDS, S. J. Structural Geology of rocks and regions. New York: John Wiley & Sons, 1996.
HASUI, Y. Neotectônica e aspectos fundamentais da tectônica ressurgente no Brasil. In: Workshop Neotect. Sedim. Cont. Cenoz.
se Bras., 1. ed., Belo Horizonte, 1990.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1987.
LOCZY, L.; LADEIRA, E. A. Geologia estrutural e introdução à geotectônica. São Paulo: Edgard Blücher, 1976.
RAGAN, D. M. Structural Geology, an introduction to geometrical techniques. New York: John Wiley & Sons, 1968.
SKINER, B. J.; PORTER, S. C. Physical Geology. New York: John Wilwy, 1987.
_____.; PORTER, S. C. The Dynamic Earth. New York: J. Wiley & Sons, 1995.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.

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Claretiano - Centro Universitário
EAD
Ciclo Hidrológico e Introdução
à Pedologia – Ciência
do Solo
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1. OBJETIVOS
• Conhecer e compreender o processo e a dinâmica desenvolvidos pela água no sistema
Terra.
• Analisar o conceito de intemperismo e identificá-lo como agente climático na formação
de solos e na modificação da paisagem.
• Classificar e compreender os processos pedológicos de formação dos solos.

2. CONTEÚDOS
• A água no sistema Terra.
• Água subterrânea e aquífero.
• Feições erosivas e a formação do Cárste.
• Intemperismo e relações com as zonas climáticas.
• Formação e classificação de solos.
• Solos brasileiros, tropicais e lateríticos.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
108 © Fundamentos de Geologia

1) Para pesquisar os termos específicos utilizados neste Caderno de Referência de Conte-


údo, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modu-
les/glossario/conteudo.php?conteudo=S>. Acesso em: 25 out. 2011.
2) Para dar início ao estudo do ciclo hidrológico e da Pedologia, acesse os endereços
eletrônicos indicados a seguir e se familiarize com os conceitos e as terminologias
utilizados por esta área:
• <http://www.meioambiente.pro.br/agua/guia/ociclo.htm>. Acesso em: 25 out.
2011.
• <http://www.pedologiafacil.com.br/>. Acesso em: 25 out. 2011.
3) Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você pesquise nos endere-
ços eletrônicos a seguir algumas imagens da água e, também, leia sobre a sua impor-
tância em nosso planeta:
• <http://www.youngreporters.org/IMG/jpg/agua2-2.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.telpin.com.ar/interneteducativa/Proyectos/2002/PatagoniaArgenti-
na/images/antartida.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cartolineelettroniche.com/cartoline/oceano/oceano112.jpg>. Aces-
so em: 25 out. 2011.
• <http://www.pisa.tur.br/imagens/destinos/79_g.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.naturbilder.de/staeblrobben/foto2/02.JPG>. Acesso em: 25 out.
2011.
• < htt p : / / w w w. p re n s a e s c u e l a . e s / we b /ga l l e go / l i b re r i a /get i m a ge s i ze .
php?tamano=&imagen=pc%2029m2.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://greenpeace.blogtvbrasil.com.br/img/Image/Greenpeace/2007/Marco/
water_2.jpg>>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.tourecia.com.br/pacotes/nacionais/nordeste/fernando_de_noro-
nha_topo.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
4) Para saber por que a água dos oceanos é salgada, pesquise nos endereços eletrônicos
sugeridos a seguir:
• <http://www.mananciais.org.br/site/agua/origem>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/agua.html>. Acesso em: 25 out. 2011.
5) Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você pesquise a respeito da
relação existente entre zonas saturadas e não saturadas, permeabilidade em rochas,
e padrão de fraturamento nas rochas ígneas e metamórficas nos seguintes endereços
eletrônicos:
• <http://www.sg-guarani.org/microsite/imgs/pic_big/es/x-Figura3a.jpg>. Acesso
em: 25 out. 2011.
• <http://www.dct.uminho.pt/PNPG/trilhos/pitoes/paragem2/diacl_granito.jpg>.
Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://e-geo.ineti.pt/geociencias/edicoes_online/diversos/agua_subterranea/
imagens/fig7.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
6) Para saber sobre o Aquífero Guarani, o maior reservatório subterrâneo de água doce
da América Latina, recomendamos que pesquise no seguinte endereço eletrônico:
<http://www.oaquiferoguarani.com.br/index_02.htm>. Acesso em: 25 out. 2011.
7) Para saber sobre as chuvas ácidas, recomendamos que pesquise nos sites indicados a
seguir:
• <http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2000/chuva/ChuvaAcida.htm>. Acesso em:
25 out. 2011.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 109

• <http://educar.sc.usp.br/youcan/acid/acid.html>. Acesso em: 25 out. 2011.


8) Acesse o endereço eletrônico do museu Heinz Ebert, da Unesp, para obter mais in-
formações sobre as rochas sedimentares. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/
museudpm/rochas/sedimentares/sedimentares.html>. Acesso em: 25 out. 2011.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O estudo geológico da água é extremamente importante para as ciências da Terra. Isso
porque a água é o agente químico mais abundante na superfície terrestre, representando um
elemento essencial para a vida das inúmeras espécies de seres vivos que habitam o planeta
Terra.
Por isso, nesta unidade, apresentaremos a gênese de formação e todo o ciclo que a água
desenvolve no funcionamento do sistema Terra.
Como podemos notar, a água assume um papel importante junto aos processos de altera-
ção química de minerais e rochas, atuando diretamente na formação do solo. Da mesma forma,
a água é o agente erosivo mais eficiente do sistema Terra, pois utiliza os rios para transporte dos
materiais erodidos, e os lagos e os oceanos para a distribuição e a deposição desses materiais
inconsolidados que, futuramente, sofrerão diagênese e formarão as rochas sedimentares.
A diagênese é o nome dado ao conjunto de transformações que o depósito sedimentar so-
fre após a deposição, consiste em mudanças nas condições de pressão e temperatura, ocorren-
do dissoluções e precipitações a partir das soluções aquosas existentes nos poros, terminando
na transformação do depósito sedimentar inconsolidado em rocha, ou litificação (TUBOLINHA-
-ENG, 2012).
Na superfície terrestre, a água pode apresentar-se na forma sólida, constituindo o gelo
que compõe as geleiras nas regiões polares e nas regiões de maiores altitudes, como, por exem-
plo, o topo das regiões montanhosas.
Conheceremos, também, todos os processos e agentes envolvidos no “ciclo hidrológico”,
responsável por uma série de efeitos climatológicos e pela formação dos solos na superfície
terrestre.
Ao compararmos, por exemplo, a porcentagem de água presente no globo terrestre e nas
áreas continentais, notamos que, se considerarmos a superfície terrestre como 100% de mate-
rial analisado, a água corresponderá a quase 75% desse montante, enquanto as áreas continen-
tais assumirão somente os 25% restantes.
Podemos notar, ainda, que a ação geológica da água dá-se tanto em superfície como em
subsuperfície, formando os chamados aquíferos, que são reservatórios naturais de água junto
às formações rochosas.
Outro conceito bastante importante para nosso estudo é o intemperismo. O termo é defi-
nido por Leinz e Amaral (1987) como uma ação geológica conjunta da água, do vento, do clima,
do relevo, da fauna e da flora, que causa os processos de alteração química e física dos consti-
tuintes da crosta terrestre, os minerais e as rochas, formando os diversos tipos de solos presen-
tes na superfície terrestre.
De acordo com essa concepção, concluímos que o intemperismo pode ser definido como
o produto da interação da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. Ele provoca a decomposição
química e a degradação física das rochas, gerando a formação do solo, outro importante ele-

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110 © Fundamentos de Geologia

mento geológico utilizado para uso e ocupação dos seres vivos. A atuação efetiva do intempe-
rismo é, também, responsável pela denudação (ação erosiva ampla) de áreas continentais e,
consequentemente, pelo aplainamento do relevo.
O solo, formado pela ação do intemperismo, corresponde à última camada formadora da
crosta terrestre, de caráter inconsolidado, e é resultante das rochas que foram decompostas
para a sua formação. Além disso, o solo é constituído por estruturas que são indicativas no ato
de sua classificação.
Dessa forma, os processos geológicos relacionados à formação do solo recebem o nome
de Pedogênese, e a ciência responsável pelo estudo, análise e classificação dos solos é chamada
de Pedologia.
Como podemos observar, esta unidade apresentará várias definições que exigem a inter-
pretação dos conceitos geológicos, químicos e físicos relacionados à dinâmica da água na super-
fície e na subsuperfície terrestre. Da mesma forma, a Pedologia requererá o desenvolvimento
de uma memória fotográfica bastante expressiva, no ato de caracterização dos diversos tipos de
solos, para futuras classificações em estudos ambientais aplicados.

5. ORIGEM DA ÁGUA NO SISTEMA TERRA


Toda área constituída pela água no sistema Terra é denominada hidrosfera, que está pre-
sente na atmosfera (na forma de vapores de água e CO2) e na porção superior da crosta terrestre.
A hidrosfera, por sua vez, é constituída por reservatórios naturais de água encontrados no
planeta, como oceanos, geleiras, rios, lagos e gases atmosféricos, bem como a água presente
nos seres vivos.
Cabe salientar que o volume de água presente no planeta Terra é tão grande que ele rece-
be, também, o nome de planeta água, ou planeta azul, por causa da cor apresentada pela Terra
em imagens registradas por satélites.
Há, aproximadamente, 3,5 B.a originou-se a formação da água no planeta. E, em função
dos processos de resfriamento dos primeiros núcleos crustais, foi emitida uma série de vapores
na atmosfera terrestre devido à consolidação das rochas ígneas e consequente liberação de
gases (voláteis).
Esses processos aconteceram durante a Era Arqueozoica, quando ocorreram, por muito
tempo, acentuadas chuvas ácidas, carregadas de vapores de água, CO2 e gases sulfurosos,
formando, assim, a enorme quantidade de água salgada encontrada nos oceanos.
A água doce, presente nos reservatórios continentais, é oriunda dessas águas formadas
inicialmente e assimiladas pelo ciclo das rochas. A Figura 1 mostra o surgimento da água na
Terra na Era Arqueozoica.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 111

Figura 1 Formação da água na Terra em épocas primitivas.

O perfil quantitativo da água no sistema Terra se mantém desde épocas primitivas. En-
tretanto, ocorreram pequenas variações no volume de água do planeta em função do ciclo das
rochas, ou seja, das águas que introduziram a gênese de formação das rochas ígneas e meta-
mórficas.
Muitas evidências apontam para a hipótese de que, há cerca de 3 B.a, surgiu a vida no
planeta por meio das águas primitivas e dos seres unicelulares, que formaram o primeiro reino
dos seres vivos, o reino monera (reino das bactérias).
Você sabia que o planeta Terra se formou há aproximadamente 4,5 B.a. e que a água sur-
giu há 3,5 B.a., mediante os processos de intensa emissão de vapores durante o resfriamento
das rochas preexistentes?

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112 © Fundamentos de Geologia

6. CICLO HIDROLÓGICO
Conforme estudamos anteriormente, é constante o volume total de água presente no sis-
tema Terra desde as épocas primitivas de formação. Com base nessa afirmação, iremos analisar
as etapas que configuram o ciclo hidrológico, considerando que os agentes ou efeitos envolvidos
estão associados a processos físicos e químicos.
Inicialmente, é importante destacar que as chuvas na natureza ocorrem devido à presença
de vapor de água na atmosfera. O vapor de água condensa-se, formando as gotas de água que
se precipitam e retornam à superfície terrestre. No entanto, ele pode passar tanto do estado
de vapor para o estado líquido, na forma das chuvas, como para o estado sólido, na forma do
granizo e da neve.
Há outros processos físicos que ocorrem no ciclo hidrológico. Além da precipitação, como
vimos anteriormente, acontece também a evaporação, em que parte da água precipitada retor-
na à atmosfera na forma de vapor e a outra metade associa-se aos processos de formação de
vapor pelo solo e pelas plantas, causando a chamada evapotranspiração.
Por meio da evapotranspiração, quando a água atinge o subsolo, ela pode ser infiltrada
em altas ou em baixas taxas, dependendo da falta ou do excesso de cobertura vegetal. Ao ser
infiltrada no solo, a água ocupa o poro das rochas e solos e ali fica armazenada, formando os
reservatórios subterrâneos, os chamados aquíferos.
No entanto, a água infiltrada pode exceder o volume absorvido pelo solo, causando o
escoamento superficial em áreas de maior ingrimidade entre as encostas. Nesse caso, serão
escoadas para os rios ou corpos de água próximos. Essa água pode, ainda, retornar à superfície
por meio das nascentes, das cabeceiras dos rios e das drenagens menores, formando, por meio
do conjunto dessas águas, a rede hidrográfica que escoa até os oceanos.
A evaporação pode ocorrer, também, na superfície dos oceanos, fornecendo vapor de
água à atmosfera. Completa-se, assim, o ciclo hidrológico, que novamente se inicia pelas fases
de condensação e precipitação das águas por meio das chuvas.
Nas regiões equatoriais de alta densidade vegetal, a taxa pluviométrica (quantidade de
chuvas) é elevada em razão das altas taxas de vapor de água presentes na atmosfera daquela
região, vapor que é gerado pelo processo de evapotranspiração dos vegetais presentes.
Podemos citar como exemplo a Floresta Amazônica, região muito quente com altas taxas
diárias de chuvas.
Acompanhe, na Figura 2, a representação das fases do ciclo hidrológico.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 113

Figura 2 O ciclo hidrológico.

As relações da passagem da água pelos estados físicos (sólido, líquido e gasoso) se man-
têm em equilíbrio por meio do tempo geológico. Essa relação justifica a constância do volume
total de água no sistema Terra desde a era primitiva até os dias de hoje.
Desse modo, o ciclo hidrológico pode ser: de longo prazo, relacionado à dinâmica interna
do planeta, em que a água se torna agente, também, do ciclo das rochas, ou de curto prazo,
associado à dinâmica externa.
As bacias hidrográficas assumem papel importante no processo de hierarquização dos cur-
sos de água e na quantificação da taxa de água presente no sistema. Além disso, elas correspon-
dem a áreas de captação de água, que são delimitadas por divisores de água.
Nas bacias hidrográficas toda água que entra é escoada até o último ponto da rede hidro-
gráfica, que é um rio coletor principal. Esse processo estabelece o balanço hídrico daquela bacia.
O registro das taxas e balanços hídricos é realizado por meio dos hidrogramas, que permitem
observar se as taxas de vazão das bacias hidrográficas estão baixas ou altas.

Visualização da configuração de uma bacia hidrográfica––––––––––––––––––––––––––––


Acompanhe pelo endereço eletrônico a seguir a configuração de uma bacia hidrográfica: <www.caminhodasaguas.
ufsc.br/perguntas.htm>. Acesso em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vamos ver na Figura 3 um exemplo de hidrograma e entender como ele é utilizado na
quantificação dos balanços hídricos.

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Figura 3 Hidrogramas utilizados na quantificação dos balanços hídricos.

7. ÁGUA SUBTERRÂNEA
A água subterrânea corresponde à água que ocupa os poros, ou os vazios, em rochas e
solos. A infiltração, a movimentação e a distribuição constituem os principais fatores físicos as-
sociados às águas subterrâneas.
A infiltração corresponde ao processo de recarga das águas subterrâneas. Ela pode variar
em função de fatores, tais como:
1) Tipo e condição dos materiais geológicos presentes.
2) Presença ou não de cobertura vegetal.
3) Topografia.
4) Precipitação e ocupação.
5) Uso do solo pelo agente antrópico (homem).
Os processos de distribuição e de movimentação da água no subsolo são controlados pela
força de atração das moléculas e pela tensão superficial promovida pela água nos poros das
rochas ou solos.
Nessa interface hidrogeológica, encontra-se a chamada zona freática, que corresponde
à região subterrânea, na qual estão todos os poros e os vazios de água. Acima da zona freática
encontra-se a zona vadosa, que é constituída por poros preenchidos pela água e pelo ar. O limite
entre as duas zonas é chamado de superfície freática ou nível de água subterrânea.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 115

Podemos observar que nas regiões áridas o nível freático é bastante profundo, enquanto
em áreas úmidas, com constantes taxas de recarga, o nível freático é mais raso em relação à
superfície terrestre.
No entanto, quando ocorre a interceptação do nível de água com a superfície, afloram os
rios, os córregos e as nascentes. Em áreas semiáridas, os corpos de água podem secar em con-
sequência das elevadas taxas de infiltração nas rochas locais. E, por ser baixa, a água escoada
superficialmente é logo evaporada, promovendo a salinização do solo.

Visualização da zona freática subterrânea e a zona vadosa––––––––––––––––––––––––––


Acesse o endereço eletrônico a seguir e identifique a relação existente entre a zona freática subterrânea e a zona
vadosa: <http://www.miliarium.com/Proyectos/Nitratos/Diccionario/Distribsuelo.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Visualização dos solos salinizados encontrados no Brasil––––––––––––––––––––––––––


Nos sites a seguir, podemos visualizar os solos salinizados encontrados no Brasil.
• <http://www2.uol.com.br/JC/_1999/imagens/deserto05.gif>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cnps.embrapa.br/sibcti/fotos/4mvc-011f.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.ufpe.br/salinidade/pesqueira4.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://ichn.iec.cat/Bages/impactes/imatges%20grans/22.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Algodao/AlgodaoIrrigado_2ed/solos2.jpg>. Acesso
em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Outro fator relevante para a distribuição e a movimentação da água no subsolo é a poro-
sidade. Nos materiais geológicos podemos classificar a porosidade como:
• Primária: são poros que correspondem aos vazios entre os clastos, encontrados nos
sedimentos e rochas sedimentares.
• Secundária: compreende a porosidade que é estabelecida pelas fraturas e falhas pre-
sentes nas rochas ígneas e metamórficas.
• Cárstica: são porosidades provocadas pela dissolução carbonática, encontradas nas ro-
chas solúveis.
Veja na Figura 4 os tipos de porosidade e a relação entre a porosidade e os materiais ge-
ológicos.

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116 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 121).


Figura 4 Relação entre a porosidade e os materiais geológicos.

A permeabilidade dos materiais geológicos também compõe um dos fatores que influen-
ciam a distribuição e a movimentação da água subterrânea. Ela corresponde à capacidade de
condução da água pelos poros e pela conexão entre eles, por isso cada material geológico apre-
senta sua devida permeabilidade.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 117

Da mesma forma que a porosidade, a permeabilidade é classificada em: primária, pre-


sente nas rochas sedimentares, e secundária, representada pelas zonas fraturadas dos maciços
rochosos.
Dentre os fatores mencionados, cabe destacar que o movimento da água subterrânea
pode ocorrer em função da diferença de pressão entre os materiais, caracterizando o potencial
hidráulico. É importante observar que a velocidade de movimentação da água no subsolo é pra-
ticamente lenta, entretanto, em razão das irregularidades encontradas na topografia, ela poderá
ser maior.
Você sabia que o ramo das ciências da Terra responsável diretamente pelo estudo e pelas
formas de exploração da água superficial e subterrânea é a Hidrogeologia?
No próximo tópico, conheceremos algumas formações rochosas que funcionam como
grandes reservatórios de água.

Aquíferos
Os aquíferos são formações rochosas que apresentam alta porosidade e permeabilidade,
capazes de armazenar e conduzir volumes de água significativos para a exploração.
Na Hidrogeologia, os aquíferos são classificados em:
• Aquiclude: formações rochosas que armazenam volumes significativos de água, porém
não as transmitem para o abastecimento dos poços.
• Aquifugo: formações rochosas que não armazenam nem transmitem volumes de água
para o abastecimento de poços.
• Aquitarde: formações rochosas que possuem a menor produtividade no armazena-
mento e transmissão de água para os poços.

No entanto, cabe salientar que os sedimentos inconsolidados e as rochas sedimentares


resistentes com elevado padrão de fraturamento também são aquíferos ideais para o armaze-
namento de água. Observe na Figura 5 os tipos de aquíferos e as relações entre os padrões de
reservatórios.

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118 © Fundamentos de Geologia

Figura 5 Tipos de aquíferos e relações entre os padrões de reservatórios.

Os aquíferos podem ser classificados, ainda, como:


• Livres: são aquíferos próximos à superfície, formados em meio ao material pedológico,
como por exemplo, os solos.
• Suspensos: são aqueles que ocorrem na forma de lentes sobre o aquífero principal.
• Confinados: constituem uma zona permeável confinada entre duas zonas impermeá-
veis.
É importante ressaltar que a maioria dos aquíferos profundos são explorados na forma de
artesianismo, ou seja, poços perfurados que atingem a área do aquífero, e que, por diferença de
pressão, faz que a água suba ou jorre até a superfície.
O Aquífero Guarani corresponde ao maior reservatório subterrâneo de água doce na Amé-
rica do Sul, abrange o Sul e o Sudeste brasileiro, partes da Argentina, Paraguai e Uruguai. Esse
aquífero corresponde à Formação Botucatu, do mesozoico da Bacia do Paraná formado por ro-
cha arenítica bastante porosa.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 119

8. PROCESSOS EROSIVOS PROVOCADOS PELA DINÂMICA DA ÁGUA


A água não é somente o principal agente intempérico de transformação dos minerais,
rochas e solos. Ela também provoca modificações significantes na dinâmica superficial da Terra.
Dessa forma, nota-se que a ação da água superficial e subterrânea provoca a geração de
feições geomórficas (formas de relevo) bastante notáveis na superfície terrestre. Nesse caso,
podemos citar como exemplo algumas regiões de relevo acidentado, em consequência dos mo-
vimentos rápidos de deslizamentos de materiais inconsolidados em épocas de chuvas intensas.
Quanto aos movimentos da Terra provocados pela água, consideramos como movimentos
rápidos os deslizamentos de encostas, e como movimentos lentos o rastejamento de solos. Um
conceito que deve ser ressaltado é a solifluxão, ou seja, os processos de saturação de água dos
materiais geológicos envolvidos nos processos erosivos, permitindo que esses materiais se mo-
vimentem em função da força gravitacional.
Na dinâmica externa do planeta, os processos erosivos mencionados são considerados
processos naturais, os quais contribuem diretamente na evolução das paisagens. Eles podem
ser de ordem superficial, no qual o processo se inicia com a erosão e a formação de pequenos
sulcos no solo, e acentua-se com a formação das ravinas e das voçorocas. Os processos erosivos
podem ser, também, acentuados nas regiões cársticas.

Visualização de movimentos erosivos rápidos e lentos em encostas–––––––––––––––––


Observe, nos endereços eletrônicos a seguir, os movimentos erosivos rápidos e lentos em encostas:
• <http://www.ufrgs.br/geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Movimentos%20de%20
Massa_arquivos/image009.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cvarg.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/5CC09568-BD60-48AB-8940-76233ADDB023/786/PortoFormo-
so3small.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cvarg.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/97F312BF-53DE-4F3E-93B3-C863E6F59CDB/472/SF98_36.jpg>.
Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cvarg.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/97F312BF-53DE-4F3E-93B3-C863E6F59CDB/469/SF98_92.jpg>.
Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.cvarg.azores.gov.pt/NR/rdonlyres/CAF0AD3D-7D3C-441E-8630-31E6BAA43398/484/DSC05965.
JPG>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.scielo.br/img/revistas/rem/v56n3/0033i05.gif>. Acesso em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Voçorocas
Outra feição erosiva bastante marcante e impactante ambientalmente são as voçorocas.
Elas compreendem feições relacionadas a fendas e cortes de grande porte instalados nas encos-
tas, devido à ação localizada da água superficial em conjunto com a ação da água subterrânea.
No fundo das voçorocas estão presentes os materiais inconsolidados e a água que sai em
razão da interceptação dos rasgões com o nível de água local. No entanto, a evolução desses
processos erosivos inicia-se pela formação de sulcos (feições lineares) que evoluem para ravinas
(feições lineares com profundidade) e resultam na formação das voçorocas.
Além disso, a formação das voçorocas é provocada pela alteração ou modificação das con-
dições naturais do sistema. Isso porque a ação antrópica juntamente com a retirada da cober-
tura vegetal constituem os principais motivos para a formação dessas feições erosivas maiores.
Como podemos observar, as voçorocas são feições erosivas muito comuns em áreas urba-
nas, constituídas por materiais geológicos susceptíveis a escorregamentos. A formação desses
processos geológicos é muito preocupante, pois a ocorrência de feições voçorocas pode afetar

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diretamente loteamentos residenciais e áreas de preservação em que as práticas antrópicas


desordenadas conduzem à evolução erosiva.
Veja na Figura 6 o esquema evolutivo de formação das voçorocas.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 129).


Figura 6 Esquema evolutivo de formação das voçorocas.

Visualização da formação das voçorosas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Observe algumas imagens relacionadas à formação das voçorosas acessando os seguintes sites:
• <http://www.sct.embrapa.br/diacampo/2006/img/vocorocas.gif>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.paginas.terra.com.br/.../images/vossoroca2.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/fotos/interacao/eroslin3.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Feições erosivas cársticas


Feições cársticas são ocorrências de feições erosivas em áreas de rochas calcárias ou re-
giões cársticas, assim denominadas geologicamente. A formação de sistemas cársticos (veja a
Figura 7) é originada pela ação da água subterrânea que proporciona a formação de cavidades
naturais, uma espécie de caverna, no interior do sistema.
Podemos notar que a ação conjunta do carst gera a formação de sistemas de cavernas, os
sistemas condutores de água subterrânea e a formação de feições superficiais de relevo. Os pro-
cessos cársticos estão relacionados à dissolução química de certas rochas (tais como calcários,
mármores, evaporitos e até quartzitos) pela ação da água subterrânea.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 121

Fonte: Teixeira et al. (2000, p.130).


Figura 7 Sistemas cársticos.

A presença de água superficial em áreas cársticas gera a solubilização dos minerais carbo-
náticos, como a calcita e a aragonita, causando, assim, a dissolução da rocha. Para o desenvol-
vimento dos sistemas cársticos, é preciso que a rocha seja solúvel e conduza a permeabilidade
pelas fraturas presentes.
O relevo, também, influencia na formação desses sistemas, entretanto, para conduzir rapi-
damente a água superficial aos condutos cársticos ele deve ser moderado ou alto.
As chuvas ácidas agem de forma eficiente em regiões cársticas, pois a presença de ácidos
acelera o processo de solubilização das rochas calcárias, conduzindo ao modelado de forma
acentuada.
Os sistemas cársticos estão associados a áreas quentes e úmidas em razão da elevada
presença de chuvas e do aumento do gradiente hidráulico. A evolução dos processos cársticos
inicia-se por meio da dissolução química das rochas, formando os condutos cársticos. Estes, por
sua vez, servem para dar passagem à água subterrânea, causando o abatimento de blocos e a
consequente geração de grandes salões subterrâneos, ou seja, as cavernas.
Nos condutos cársticos ocorre a formação de espeleotemas, estalactites e estalagmites,
formas subterrâneas produzidas pelo gotejamento de água carbonática devido às infiltrações
nas paredes das cavernas ou condutos.
As principais áreas cársticas no Brasil estão em Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia e
Mato Grosso do Sul.
As principais formas de relevo resultantes em áreas cársticas são as dolinas, os vales cárs-
ticos, os lapiás e os cones cársticos.

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122 © Fundamentos de Geologia

9. INTEMPERISMO: CONCEITO, TIPOS E FATORES DE CONTROLE


Intemperismo corresponde à ação geológica conjunta da água, do vento, do clima, do
relevo, da fauna e da flora que são responsáveis pelos processos de alteração química e física
dos constituintes da crosta terrestre, dos minerais e das rochas que formam os diversos solos
presentes na superfície terrestre.
Paralelo à ideia de intemperismo, outro conceito importante que deve ser destacado nes-
ta unidade é a pedogênese ou o processo relacionado à formação de solos. Com a ação do
intemperismo e o consequente desenvolvimento da pedogênese, as rochas de certa forma ten-
dem a se transformar em solos, originando o chamado perfil de alteração.
Além desses conceitos, podemos destacar outros, também importantes para a Pedologia,
ciência que estuda e classifica o solo. Vejamos:
• Saprólito: estado de transição da rocha, entre o fresco e a total alteração, conhecido,
também, como "horizonte C" na classificação pedológica.
• Solo: material inconsolidado, sem estrutura definida, composto por minerais que fo-
ram sujeitos à pedogênese, modificando as estruturas primárias.
• Manto de alteração: é o conjunto do saprólito com o solo, chamado, também, de re-
golito.
É importante destacar que, em cada domínio climático do globo terrestre, a ação do in-
temperismo e os produtos da pedogênese são diferentes, em função das condições químicas e
físicas das intempéries. Observe a Figura 8.

Figura 8 Produtos do intemperismo e pedogênese.

O intemperismo pode ser classificado em físico e em químico.


O intemperismo físico corresponde aos processos de degradação mecânica das rochas por
meio da separação e da fragmentação dos minerais presentes. O principal agente intempérico é
a temperatura, pois ocorrem processos de contração e dilatação dos materiais geológicos, muito
comuns em regiões áridas e semiáridas, nas quais a presença de água é mínima.
No entanto, podemos incluir o gelo como agente intempérico físico. Ou seja, a presença
de água congelada nas fraturas e fissuras das rochas também provoca esforços de contração e
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 123

dilatação, causando a desagregação mineralógica. As raízes dos vegetais também podem acar-
retar pressão nas fraturas das rochas, promovendo os processos de fragmentação dos compo-
nentes mineralógicos.
Já o intemperismo químico está associado à presença de água no sistema, ou seja, as ro-
chas, ao serem expostas na superfície, sofrem modificações químicas na composição primária
dos minerais presentes por meio das reações químicas existentes entre eles.
Nesse tipo de intemperismo, por causa da presença de cobertura vegetal sobre os mate-
riais geológicos, poderá ocorrer a formação de ácidos orgânicos que promovem o ataque quími-
co aos minerais presentes.
O intemperismo químico tem como produto uma etapa de caráter solúvel nas rochas e
outra residual. Na etapa solúvel, os minerais primários são modificados e transformados em
minerais secundários; na fase residual, alguns minerais mais resistentes ao ataque químico per-
manecem inalterados, concentrando-se no sistema. Como exemplo de mineral residual está o
quartzo, que compõe, quase na totalidade, os perfis de alguns tipos de solos.
Contudo, é interessante destacar que o intemperismo físico facilita a instalação do in-
temperismo químico. Isso acontece porque as rochas, ao serem desagregadas e expostas na
superfície, são facilmente atacadas pelas águas meteóricas provindas da atmosfera na forma de
chuvas.

Maiores informações sobre intemperismo físico e intemperismo químico–––––––––––––


Visualize o site a seguir para aprender mais a respeito do intemperismo físico e do intemperismo químico: <http://
www.meioambiente.pro.br/arpoador/intemperismo.html>. Acesso em: 6 fev. 2012.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O intemperismo e os processos de sedimentação estão diretamente ligados, de maneira
que o intemperismo promove a alteração e a remoção dos detritos formados, e a sedimentação
promove o seu transporte e a sua deposição.
No intemperismo químico, ocorre uma série de reações químicas nos minerais presentes
na composição geral das rochas. Ou seja, genericamente podemos afirmar que um mineral pri-
mário na presença de uma solução de alteração gera um mineral secundário e uma solução lixi-
viante. Essa solução remove os detritos químicos e deixa no sistema os materiais neoformados.
As principais reações químicas são:
1) Hidratação: ocorre quando as moléculas de água entram na composição dos minerais
neoformados. Por exemplo: KAlSi3O8 + H2O → Al2Si2O5(OH)4, ou seja, ortoclásio na
presença de água gera a caulinita.
2) Dissolução: ocorre quando os minerais sofrem solubilização, comum em rochas cárs-
ticas, sendo os minerais carbonáticos vulneráveis a esse tipo de reação. Um exemplo
dessa reação química é CaCO3 → Ca+2 + 2HCO-3, que consiste na solubilização da
calcita.
3) Hidrólise: os silicatos em contato com a água geram uma solução alcalina. Como
exemplo podemos destacar o KAlSi3O8 + 8H2O → Al(OH)3 + 3H4SiO4 + K+ + OH-, em
que o feldspato na presença de água gera a gibbsita (hidróxido de alumínio) e íons
livres. A hidrólise pode ser parcial e/ou total.
4) Acidólise: caracteriza o processo de decomposição dos minerais primários por meio
dos ácidos orgânicos. Vejamos uma acidólise: KAlSi3O8 + 4H+ + 4H2O → 3H4SiO4 +
Al3+ + K+, que compreende a alteração total do feldspato potássico em soluções áci-
das e ionizadas.

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5) Oxidação: consiste em uma reação química em que um íon ou elemento perde um ou


mais elétrons. Por exemplo: 4FeSiO3 + O2 → 2F2O3 + 4SiO2, ou seja, o piroxênio na
presença de oxigênio gera a hematita e a solução de sílica dissolvida.
É importante ressaltar que os processos intempéricos não são homogêneos em todo o
globo terrestre. Existem, também, os chamados domínios morfoclimáticos.
Basicamente, podemos classificar todas as porções continentais em regiões com alteração
química ou regiões sem a ação química de transformação dos materiais geológicos.
As regiões nas quais não se encontram os domínios do intemperismo químico são aquelas
que não apresentam água no sistema. Podemos citar como exemplos duas regiões:
• Polares: nessas regiões o gelo no estado sólido não influencia as transformações quími-
cas dos materiais geológicos.
• Desérticas: nesse caso, a taxa de evaporação é maior do que as taxas de precipitação.
Os demais ambientes geológicos apresentam alterações químicas nos materiais em virtu-
de das maiores taxas de umidade e de água no sistema.
Outra especificidade relevante no estudo do intemperismo compreende os fatores que o
controlam. Nesse caso, podemos citar a composição mineralógica das rochas, pois, segundo a
série de Bowen, descrita juntamente aos processos de formação das rochas ígneas, os primeiros
minerais a se cristalizarem são os mais vulneráveis à alteração química. Isso também acontece
com o quartzo, que, por ser o último a se formar no processo de cristalização, não se altera qui-
micamente.
Outro fator de controle intempérico é o clima. Isso porque de acordo com as taxas de
precipitação e de temperatura ocorre o controle das reações químicas de transformação mine-
ralógica. Na região dos trópicos, ocorrem as maiores taxas de alteração química das rochas e
minerais, devido às elevadas temperaturas e à presença de chuvas em grande escala.
Devemos considerar, também, a influência da topografia (relevo) no controle da água que
entra no sistema, pois a percolação é efetiva em áreas de relevo moderado. Ou seja, em áreas
de encostas íngremes, o perfil de solo formado é mínimo, enquanto nas áreas de encostas sua-
vizadas a formação do perfil pedológico é profunda, em função do tempo de água presente no
sistema.
Além disso, a biosfera e o tempo também são fatores importantes no desenvolvimento do
intemperismo químico. A biosfera fornece água da matéria orgânica referente às cobertas vege-
tais e o tempo está relacionado com a ação do clima. Podemos observar que, em condições mais
agressivas de transformação química dos materiais, o tempo de formação do perfil pedológico
é menor, e vice-versa.

10. PEDOLOGIA: CIÊNCIA DO SOLO


Nas ciências da Terra, o segmento responsável pelo estudo dos materiais mais superficiais
da crosta terrestre é a Pedologia, que tem como objeto de estudo a caracterização, classificação,
formação e evolução dos solos.
A cobertura de material inconsolidado sobre as formações rochosas recebe o nome de
solo, manto intempérico, regolito, entre outros, termos mais utilizados para a sua caracteriza-
ção.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 125

O solo, portanto, é o produto final da alteração química das rochas e até de solos mais
antigos, os chamados paleosolos.
É importante destacar que do saprólito até a formação dos horizontes finais, esse material
é caracterizado como solo. Ele é formado pela combinação de agentes supérgenos, tais como
clima, relevo, vegetação, biosfera e hidrografia. Cada área do conhecimento trata o solo como
objeto específico de aplicação particular.
De acordo com o manual e sistema americano de classificação de solos Soil Survey, o solo
é o conjunto de materiais, minerais orgânicos, água e ar não consolidado, normalmente, locali-
zado à superfície da terra, com atividade biológica e capacidade para suportar a vida das plan-
tas. "O solo inclui os materiais próximos da superfície que diferem do material rochoso subjacente,
como resultado da interação ao longo do tempo, do clima, dos organismos vivos, do material
originário e do relevo" (URI, 2012).
Para o desenvolvimento do solo, é preciso o envolvimento de uma série de fatores, tais
como a presença de organismos que vão agir diretamente na pedogênese e a composição mi-
neralógica das rochas
Cada solo apresenta características físicas e químicas específicas, as quais se manifestam
através da cor, da composição mineralógica, da espessura etc.
O saprólito, durante o processo pedogenético, pode apresentar modificações composicio-
nais do tipo, perda, adição, translocação e transformação de matéria. A vegetação atua como
agente protetor da estruturação do solo contra os processos erosivos. Essa estruturação se dá
pela formação dos horizontes, ou seja, níveis composicionais definidos que variam verticalmen-
te.

Visualização da estruturação do solo em horizontes–––––––––––––––––––––––––––––––


A estruturação do solo em horizontes é apresentada nos seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.dct.uminho.pt/pnpg/gloss/gifs/perfil_ampl.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.ipa.min-cultura.pt/cipa/geo/materiais/perfilsolo_img>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.escola.agrarias.ufpr.br/imagens/cambissolo1.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os horizontes envolvidos na estruturação do solo podem ser classificados em:
1) Horizonte O ou camada orgânica superficial: é constituído por detritos vegetais e
substâncias húmicas acumuladas na superfície, ou seja, em ambientes que não acu-
mulam água, devido à ocorrência de drenagens. Podemos visualizá-lo em áreas de
floresta e distingui-lo pela coloração escura e pelo conteúdo constituído por cerca de
20% (por cento) de material orgânico.
2) Horizonte A ou camada mineral superficial adjacente à camada O ou H: nesse tipo de
horizonte ocorre grande atividade biológica, o que lhe confere coloração escurecida
pela presença de matéria orgânica. É importante considerar entre suas especificida-
des a existência de diferentes tipos de horizontes A, que são dependentes de seus
ambientes de formação. Além disso, esta camada apresenta maior quantidade de ma-
téria orgânica do que os horizontes subjacentes B e C.
3) Horizonte E ou B: compreende a camada mineral situada mais abaixo do horizonte
A, possui menor quantidade de matéria orgânica e menor acúmulo de compostos de
ferro e argilo minerais. No entanto, tem concentração de minerais resistentes, como o
quartzo, em pequenas partículas (areia e silte). É um horizonte de coloração clara por
causa da lixiviação das argilas para o horizonte subjacente.
4) Horizonte C ou camada mineral de material inconsolidado: saprólito, ou seja, por ser
relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, o solo pode ou não ter se

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126 © Fundamentos de Geologia

formado, apresentando-se sem ou com pouca expressão de propriedades identifica-


doras de qualquer outro horizonte principal.
5) Horizonte R ou camada mineral de material consolidado: constitui substrato rochoso
contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que po-
dem apresentar porções de solos já formados (EDUCAR, 2012).
Os horizontes mais evoluídos do solo estão acima do saprólito, são constituídos por ar-
gilominerais e quartzo, além dos óxidos contidos, responsáveis pelo quimismo e coloração dos
solos.
Em regiões temperadas e frias, os solos são mais claros devido à ação do alumínio, en-
quanto nas regiões tropicais são mais escuros devido à ação do ferro. Na parte superior do solo
estão os horizontes menos evoluídos, ricos em matéria orgânica e com colorações mais escuras.
Observe na Figura 9 o perfil hipotético do solo.


Figura 9 Perfil hipotético de solo.

É importante considerar a complexidade de compreensão que se tem quanto à classifi-


cação do solo pela inter-relação dos fatores envolvidos em cada área continental do globo ter-
restre. Logo, cada país utiliza uma classificação específica, que no caso dos Estados Unidos tem
maior destaque por ser a mais divulgada nos meios científicos.
No caso dos solos brasileiros são observadas características bastante distintas em cada do-
mínio morfoclimático. A variação acontece porque os solos brasileiros são constituídos por solos
tropicais com desenvolvimento de espessos perfis de alteração e cores específicas. No entanto,
são solos mais pobres em relação à composição do que os solos gerados em zonas temperadas.
Desde o cretáceo, com a estabilização do tectonismo na plataforma sul-americana, os so-
los brasileiros estão sendo desenvolvidos, destacando-se os latossolos como os mais frequentes
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 127

e importantes. A seguir, conheceremos a classificação dos solos brasileiros e, para isso, adotare-
mos a classificação da Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa):
1) Neossolo: solo pouco evoluído, com ausência de horizonte B, nele predominam as
características herdadas do material original.
2) Vertissolo: solo com desenvolvimento restrito, apresenta expansão e contração pela
presença de argilas.
3) Cambissolo: solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente.
4) Chernossolo: solo com desenvolvimento mediano, atuação de processos de concen-
tração de argilas, podendo ou não apresentar acumulação de carbonato de cálcio.
5) Luvissolo: solo com horizonte B de acumulação (B textural), formado por argilas de
atividade alta, horizonte superior lixiviado.
6) Alissolo: solo com horizonte B textural, com alto conteúdo de alumínio extraível, solo
ácido.
7) Argissolo: solos muito evoluídos, argilosos, apresentam mobilização de argila na parte
mais superficial.
8) Nitossolo: solo muito evoluído, fortemente estruturado (em blocos), apresenta super-
fícies brilhantes.
9) Latossolo: solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais e óxidos e hi-
dróxidos de ferro e alumínio.
10) Espodossolo: solo evidenciando a atuação do processo de podzolização, forte eluvia-
ção de compostos aluminosos e presença de ácidos húmicos.
11) Planossolo: solo com forte perda de argila na parte superficial e concentração intensa
de argila no horizonte subsuperficial.
12) Plintossolo: solo com expressiva plintização (segregação e concentração localizada de
ferro).
13) Gleissolo: solo hidromórfico (saturado em água), rico em matéria orgânica, apresenta
intensa redução dos compostos de ferro.
14) Organossolo: solo essencialmente orgânico, material original constitui o próprio solo
(EBAH, 2009).

Visualização de exemplos de solos brasileiros––––––––––––––––––––––––––––––––––––


A Embrapa apresenta alguns exemplos de solos brasileiros. Visualize-os nos endereços eletrônicos a seguir.
• Neossolo:<http://www.cnps.embrapa.br/sibcti/fotos/imag0038.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Vertissolo:  <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/solosID-QubwQjBS43.jpg>. Acesso em: 26 out.
2011.
• Cambissolo:<http://www.uep.cnps.embrapa.br/imagens/fomezero/guaribas13.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Chernossolo:<http://www.exitoeventos.com.br/rbsa/xingo_clip_image002.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Luvissolo:<http://www.uep.cnps.embrapa.br/imagens/fomezero/piranhas05.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Alissolo:<http://www.zeamays.com.br/Estratificacoes_de_ambiente/imagens/img_solo.jpg>. Acesso em: 26 out.
2011.
• Argissolo:<http://www.uep.cnps.embrapa.br/imagens/fomezero/guaribas12.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Latossolo Vermelho:<http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/turismo/parque/Images/latossolo-roxo.jpg>. Acesso em:
26 out. 2011.
• Latossolo Amarelo:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Latossolo_PerfilID-FB6PAHH6yC.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2011.
• Espodossolo:  <http://200.20.158.8/blogs/sibcs/wp-content/uploads/2007/05/bancada-laterita-sao-pedro.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2011.
• Planossolo:<http://www.uep.cnps.embrapa.br/imagens/fomezero/piranhas03.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Gleissolo escuro:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/GleiID-zEDsRExiap.jpg>. Acesso em: 26 out.
2011.
• Gleissolo amarelo:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Glei_PerfilID-f0ecMiUVK2.jpg>. Acesso em:
26 out. 2011.
• Organossolo: <http://www.gerhardbechtold.com/TP/Pic_tp.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• Plintossolo:<http://www.geocities.com/rainforest/jungle/7917/sivam.13.gif>. Acesso em: 26 out. 2011.

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• Nitossolo:<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/Terra_RoxaID-NZeosikVP3.jpg>. Acesso em: 26 out.


2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O solo é considerado fonte para a produção de alimentos, base para a construção civil,
entre outras atividades específicas. É a partir dele que se dá o uso e a ocupação por meio do
agente antrópico e, por isso, torna-se recurso precioso para a humanidade.
Paralelo ao desenvolvimento do solo, nas regiões intertropicais, ocorre o desenvolvimento
de importantes recursos minerais de caráter supérgeno, tais como:
• A bauxita, minério de alumínio que se forma juntamente com os solos aluminosos.
• A hematita, minério de ferro que se forma junto aos solos do Quadrilátero Ferrífero e
na região amazônica, entre outras.
Podemos considerar que esses solos são pobres quimicamente, muito velhos e bastante
evoluídos. Esses fatores são influenciados pela contaminação do solo, que pode ser desenvol-
vida por meio de diversas ações antrópicas impactantes, como retirada da cobertura vegetal
(desmatamento), uso de produtos químicos (agrotóxicos), entre outros agentes.
O solo é considerado um recurso não renovável. Uma vez contaminado, o impacto se tor-
na irreversível, como, por exemplo, o que acontece na região amazônica, em que elevadas taxas
de desmatamento dão espaço às práticas agricultáveis.
No entanto, para a utilização do solo de forma sustentável, aplica-se o termo “manejo”,
para um conjunto de técnicas próprias associadas à correção de impactos ambientais.
Outra forma de ocorrência são os solos lateríticos, solos que contêm elementos químicos
na forma de minerais de minérios que despertam interesse econômico. Durante a formação do
solo, uma série de elementos químicos é retirada do sistema, mas esses minerais de minérios
permanecem de forma supérgena ou superficial, concentrando-se nessa camada de solo laterí-
tico.
Estes depósitos ocorrem superficialmente, na forma de mantos de cobertura laterítica
formados a partir de Cenozoico. Devido aos baixos teores que apresenta, a exploração deve ser
intensa para atingir as tonelagens necessárias para a concentração do minério. Outro fator im-
portante a considerar é a retirada desse material, que deve ocorrer a céu aberto.
O clima é o principal agente para a formação desses depósitos, por isso eles podem ser
localizados nas regiões úmidas e intertropicais. No Brasil, por exemplo, eles estão concentrados
na grande maioria dos estados, exceto no Nordeste e no Sul, devido às condições climáticas
específicas. Os principais elementos encontrados no Brasil são: Ferro (Fe), Manganês (Mn), Alu-
mínio (Al), Níquel (Ni), Nióbio (Nb) e Fósforo (P).
Esses solos lateríticos estão associados à formação de um elemento geomorfológico bas-
tante importante nos processos evolutivos: as superfícies de aplainamentos, que serão estuda-
das em Geomorfologia.
Os três exemplos de superfícies de aplainamento brasileiras são: Sul-Americana (Eoceno),
Velhas (Plioceno) e Paraguaçu (Pleistoceno-Holoceno). Eles são responsáveis pela formação dos
depósitos lateríticos brasileiros, os quais são classificados em:
1) Depósito laterítico de ferro: localizados no Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais
e na Serra dos Carajás, no estado do Pará, a rocha fonte é o itabirito, composto por
bandas de quartzo e bandas de hematita (óxido de ferro).
2) Depósito laterítico de manganês: localizados nos estados de Mato Grosso do Sul e na
região amazônica, nos estados de Rondônia, Amapá e Pará. Ocorrem devido à alte-
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 129

ração de granitos que contêm a rodocrosita (carbonato de manganês) como mineral


presente, gerando solos ricos em minério de manganês.
3) Depósito laterítico de alumínio: os depósitos de bauxita estão concentrados no es-
tado do Pará e na região de Poços de Caldas, sul do estado de Minas Gerais e estão
relacionados à alteração de rochas ígneas alcalinas.
4) Depósito laterítico de níquel: os mais importantes estão localizados na região centro-
-oeste. Ocorrem associados a solos formados pela alteração dos maciços de rochas
ultrabásicas.
5) Depósito laterítico de nióbio: os principais estão em Catalão, no sul do estado de
Goiás e em Araxá, no triângulo mineiro. Ocorrem associados à alteração química dos
carbonatitos.
6) Depósito laterítico de fósforo: os principais estão em Tapira, próximo a Araxá, no tri-
ângulo mineiro e em Jacupiranga, sul do estado de São Paulo. Esses depósitos tam-
bém ocorrem associados à alteração química dos carbonatitos.
A Figura 10 destaca os depósitos lateríticos encontrados no Brasil.

Fonte: adaptado de Teixeira et al. (2000, p. 164).


Figura 10 Mapa de ocorrência dos principais depósitos lateríticos no Brasil.

11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Nesta unidade, você conheceu e compreendeu o processo e a dinâmica desenvolvidos
pela água no sistema-Terra. Estes processos são, entre outros, determinantes na formação de
solos e da modificação da paisagem. Para medir seus conhecimentos sobre os assuntos da uni-
dade, responda às questões a seguir:
1) A infiltração da água em reservatórios subterrâneos pode variar de acordo com alguns fatores que estão citados
nas alternativas a seguir, exceto em:

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a) Tipo de materiais geológicos presentes.


b) Topografia.
c) Presença ou ausência de cobertura vegetal.
d) Ação antrópica.
e) Erosão e sedimentação atual da área.
2) Sobre a água subterrânea, assinale a alternativa que é mais plausível:
a) É a água que está dentro de uma lagoa subterrânea.
b) É somente aquela que está dentro de grutas.
c) É a água que se encontra no nível freático.
d) É a água encontrada dentro de poros em rochas e em solos.
e) É a água que está dentro de rochas mais duras.
3) Assinale a alternativa que tem mais ligação com a origem das águas do planeta Terra:
a) Derretimento de substâncias presentes no interior das rochas.
b) Dissolução de rochas calcárias.
c) Água da atmosfera que sempre existiu no planeta.
d) Água que brotou no solo imediatamente após o resfriamento da crosta.
e) Condensamento rápido do vapor de água presente na atmosfera.
4) Assinale a alternativa que indica o horizonte do solo que possui o maior teor de rochas ainda não intemperiza-
das, ou seja, maior quantidade de material consolidado.
a) Horizonte A.
b) Horizonte B.
c) Horizonte C.
d) Horizonte R.
e) Horizonte O.
5) Assinale a alternativa que indica o horizonte do solo que contém maior quantidade de material orgânico:
a) Horizonte A.
b) Horizonte B.
c) Horizonte C.
d) Horizonte R.
e) Horizonte O.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) e.

2) d.

3) e.

4) d.

5) e.

12. CONSIDERAÇÕES
Finalizamos esta unidade relembrando os principais conceitos estudados.
Inicialmente, conhecemos a importância geológica da água e o ciclo hidrológico, além das
atividades e feições geológicas provocadas pela ação das águas superficiais e subterrâneas.
Vimos que as análises ambientais se deparam quase exclusivamente com a questão da
dinâmica da água, influenciando uma série de processos e impactos ao meio ambiente. Por isso,
é fundamental para os geocientistas estudar toda a gênese evolutiva da água no sistema Terra.
A ação provocada pela movimentação da água na natureza foi direcionada com um en-
foque ambientalista. O conteúdo apresentou as causas e catástrofes ambientais, como as en-
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 131

chentes e os escorregamentos de encostas, além da questão das reservas de água subterrânea


(aquíferos) utilizadas pelas sociedades atuais como forma de abastecimento e consumo.
Dessa forma, preservar a água no sistema Terra é preservar a vida das espécies que depen-
dem desse recurso precioso para a sobrevivência. Portanto, a água não deve ser desperdiçada,
nem poluída.
De maneira geral, a utilização da água deve ser feita com consciência e discernimento, de
forma que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração de qualidade das
reservas atualmente disponíveis. O planejamento da gestão da água deve levar em considera-
ção a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
O conceito de intemperismo também é fundamental em nosso estudo. Os tipos de intem-
perismo, as reações químicas envolvidas e os produtos finais nos fazem compreender, de forma
integrada, apenas parte da dinâmica externa do planeta Terra, já que os ambientes geológicos
que formam a superfície terrestre serão estudados na próxima unidade.
Assim como a água, o solo é outro fator importantíssimo para a organização das formas de
sustento nas sociedades atuais. Por isso conhecemos os conceitos fundamentais da pedogêne-
se, de forma sistemática, classificatória e evolutiva.
Como vimos, o solo é um recurso natural que deve ser utilizado como patrimônio da cole-
tividade, independentemente da forma utilizada. Ele é um dos componentes primordiais e vitais
do meio ambiente e constitui o substrato natural para o desenvolvimento das espécies vegetais,
compondo, assim, as coberturas vegetais, essenciais à proteção das estruturas do solo contra os
processos erosivos e de retirada do material que causam consequente assoreamento dos rios.
Podemos, portanto, concluir que a conservação do solo e da água melhora o rendimento
das culturas e garante um ambiente mais saudável e produtivo, tanto para a atual geração quan-
to para as futuras.
Nosso intuito foi proporcionar o desenvolvimento de um pensamento sistemático em re-
lação aos conceitos apresentados. A proposta é que esse novo olhar possibilite a compreensão
de formas sustentáveis de utilização da água e a consciência quanto à importância do solo para
as práticas ambientais que dependem desses recursos.
A partir de agora, passe a analisar e a observar esses fatores de forma sustentável.
Bons Estudos!

13. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Formação da água na Terra em épocas primitivas. Disponível em: <http://bitaites.org/wp-content/uploads/
photos/2006/dez/29/07.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 2 O ciclo hidrológico. Disponível em: <http://www.sg-guarani.org/microsite/imgs/pic_big/es/x-Figura1.jpg>. Acesso em:
26 out. 2011.
Figura 3 Hidrogramas utilizados na quantificação dos balanços hídricos. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/thumb/f/ff/Hidrograma_unitario.JPG/500px-Hidrograma_unitario.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 5 Tipos de aquíferos e relações entre os padrões de reservatórios. Disponível em: <www.sg-guarani.org/.../pages/pt/
info_aguas.php>. Acesso em: 26 out. 2008.
Figura 8 Produtos do intemperismo e pedogênese. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/
cc/Soil_profile.jpg/220px-Soil_profile.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
<http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/image004.gif>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 9 Perfil hipotético de solo. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html>. Acesso em: 6 fev. 2012.

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132 © Fundamentos de Geologia

Sites pesquisados
EBAH. Solo: classificação, formação, importância e problemas. 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAAA0xkAL/solo-classificacao-formacao-importancia-problemas>. Acesso em: 6 fev. 2012.
EDUCAR. Recursos naturais – solo. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html>. Acesso em: 6 fev.
2012.
TUBOLINHA-ENG. Home page. Disponível em: <http://tubolinha-eng.blogspot.com/>. Acesso em: 6 fev. 2012.
URI - UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES. Como interpretar e compreender as linguagens
do solo. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/g5.htm>. Acesso
em: 6 fev. 2012.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1980.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1987.
SUGUIO, K. Geologia do quaternário e mudanças ambientais (passado + presente = futuro?). São Paulo: Paulo´s Comunicação e
Artes Gráficas, 2001.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Os Ambientes Geológicos
na Dinâmica Externa
do Planeta Terra
5

1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender os processos da dinâmica externa do planeta e a sua relação
com os ambientes geológicos.
• Conhecer e entender as gêneses de formação dos ambientes: fluvial, glacial, desértico,
costeiro e de fundo oceânico.
• Reconhecer os conceitos iniciais da ciência geomorfológica e da Neotectônica na influ-
ência que exerce na estruturação dos ambientes geológicos.

2. CONTEÚDOS
• Ambientes fluviais, aluviais e a morfologia dos rios.
• Ambientes glaciais e a ação das geleiras.
• Ambientes desérticos e ação dos ventos.
• Ambientes costeiros e a ação do mar.
• Ambientes de fundo oceânico.
• Introdução geral à Geomorfologia e à Neotectônica.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
134 © Fundamentos de Geologia

1) Tente observar o maior número de imagens e fotos dos mais variados lugares do globo
terrestre e associe-as com os processos e ambientes geológicos. Para isso, acesse o
site: <http://www.natgeo.com.br/br/>. Acesso em: 26 out. 2011.
2) Para mais informações a respeito dos efeitos destrutivos, transportadores e construti-
vos na ação dos ventos, consulte, na Revista de Geologia da Universidade Federal do
Ceará, as notas das aulas da disciplina Geologia Geral, do professor Dr. David Lopes
de Castro, disponível em: <http://www.revistadegeologia.ufc.br/Notasdeaula.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2011.
3) Para mais informações a respeito dos efeitos destrutivos, transportadores e constru-
tivos da ação marinha em ambientes costeiros ou litorâneos, acesse o seguinte ende-
reço eletrônico: <http://www.revistadegeologia.ufc.br/Notasdeaula.pdf>. Acesso em:
27 out. 2011.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, faremos uma abordagem integrada da formação e dos processos formado-
res dos ambientes geológicos relacionados à dinâmica externa do planeta Terra.
De certa forma, todos os conceitos apresentados até agora se inter-relacionam com
a formação, a composição, a morfologia e os demais aspectos dos ambientes geológicos da
superfície terrestre.
Conceitualmente, nosso principal objetivo será introduzir uma série de aspectos relacio-
nados à Geomorfologia, ciência responsável pelo estudo e evolução do relevo terrestre, bem
como os conceitos relacionados à Neotectônica, segmento da Geotectônica responsável pelo
estudo das estruturas geológicas envolvidas na formação do relevo.
O ambiente fluvial e aluvial, associados, serão os primeiros ambientes a serem discuti-
dos, pois os rios correspondem aos principais agentes modificadores e transformadores das
paisagens terrestres, agindo intensamente no modelamento do relevo. Além disso, apresentam
grande importância para a vida humana, uma vez que o homem se utiliza dos rios ou de seus
produtos para sua sobrevivência.
Entretanto, são, também, agentes condicionadores de catástrofes ambientais, tais como
as enchentes e as inundações. Conheceremos, portanto, os aspectos morfológicos dos rios, a
formação dos leques aluviais e os produtos geológicos formados pela ação dos rios.
Outro assunto abordado na unidade será o ambiente glacial, pois as geleiras correspon-
dem a importantes elementos na composição fisiográfica do planeta Terra. Diversos processos
e fatores estão associados à dinâmica das geleiras na composição dos ambientes glaciais, além
de outros sérios fatores que são discutidos atualmente (como o efeito estufa a elevação do nível
do mar entre outros).
Veremos que, em meados da era Cenozoica, o planeta enfrentou diversas fases glaciais,
fases com temperaturas muito baixas alternadas com as fases interglaciais (fases de superaque-
cimento global).
Conheceremos, também, o ambiente eólico, ou ambiente dominado por ventos. Ele está
associado à ação eólica agindo no modelamento do relevo e relacionado à movimentação das
massas de ar no deslocamento de partículas (sedimentos).
A formação do deserto é o produto mais característico da ação do ambiente eólico, já que
a formação de mares de areia e a consequente formação de dunas são produtos da ação dos
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 135

ventos agindo na movimentação de partículas. Mas, ao contrário dos rios, os ventos são agentes
menos efetivos no modelamento do relevo. Nesse aspecto, outros conceitos serão apresenta-
dos, tais como a Força de Coriolis, que age nos sistemas gerais de circulação da Terra.
Compreenderemos, ainda, a dinâmica evolutiva dos ambientes costeiros que, por sua vez,
está associado à ação do mar na interface oceano-continente. Em função disso, surgem as praias
e outras feições morfológicas, tais como as baias, os cabos etc. Estudaremos, também, a ação
das correntes de maré, responsáveis por muitos processos formadores e modificadores da linha
costeira.
Por fim, vamos conhecer o ambiente de fundo oceânico, estruturado por diversos outros
ambientes menores, em escalas diversas.
Embora pouco explorado, ele apresenta certa importância na dinâmica externa do plane-
ta por conter uma série de estruturas geológicas formadas e associadas à movimentação das
placas tectônicas, tais como a Cadeia Meso-Atlântica e uma série de ilhas e vulcões submarinos.

5. AMBIENTES FLUVIAIS E ALUVIAIS ASSOCIADOS


Como vimos anteriormente, os ambientes fluviais cobrem vastas áreas da superfície ter-
restre e são muito importantes no modelamento do relevo dos continentes.
Os principais elementos que configuram esses ambientes são os rios, que transportam,
em média, 20 bilhões de toneladas de sedimentos para os oceanos. Uma série de atividades,
como a agricultura e a engenharia, contribui significantemente para o aumento desse volume
de carga.
Conheceremos alguns fatores associados à dinâmica dos rios, que configuram a atividade
desenvolvida e os consequentes produtos geológicos formados.
Nesse sentido, Suguio e Bigarella (1990) afirmam que um fator importante em relação à
dinâmica dos rios é o tipo de fluxo apresentado por eles. Quanto ao tipo, os fluxos podem ser
laminar ou turbulento.
Veja na Figura 1 os rios como importantes modeladores do relevo terrestre.

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136 © Fundamentos de Geologia

Figura 1 Rios, maiores modeladores do relevo terrestre.

O transporte dos materiais geológicos pelas águas dos rios está associado a uma série
de fatores relacionados aos tipos de fluxo. Dessa forma, definiu-se que o fluxo laminar de um
rio retira e carrega apenas partículas pequenas, do tipo argilas e siltes. Já o fluxo turbulento,
dependendo da velocidade, poderá carregar não só partículas de argila, mas também seixos e
matacões.
Os seixos são fragmentos de mineral ou de rocha, menor do que bloco e maior do que
grânulo, de tamanhos conhecidos como pedregulho ou cascalho, com diâmetro compreendido
entre 2,0 mm e 60 mm quando arredondados ou semiarredondados.
Já os matacões são fragmentos de rocha maior do que bloco e com diâmetro maior do que
25 cm, apresentando, muitas vezes, formas esferoides.
Os rios agem na erosão das margens dos canais, apresentando, ao longo de seu curso,
áreas de erosão e áreas de deposição. Quando a velocidade das águas é alta ou muito baixa, a
forma do leito (o assoalho do rio) geralmente é plana, enquanto em velocidades médias as on-
dulações passam a ter o formato de pequenas dunas.
Para Schumm (1986), os rios apresentam uma morfologia particular associada ao seu per-
fil longitudinal, ou seja, eles apresentam equilíbrio dinâmico entre a erosão do canal e a sua
deposição, configurando, assim, o formato do vale fluvial.
Quanto ao perfil, todos os rios apresentam uma seção longitudinal e côncava. Outro ele-
mento importante é o nível de base, que corresponde ao nível (altitude) em que o rio desa-
parece, penetrando em corpo d'água, lago ou oceano. Entretanto, os rios não podem erodir e
entalhar as rochas abaixo do nível de base e o perfil longitudinal é controlado pelo nível da base
regional.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 137

Visualização do perfil longitudinal de rios––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Para maior compreensão, visite o endereço eletrônico a seguir. Nele você encontrará imagens do perfil longitudinal
de rios: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/secao.gif>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

De acordo com Strahler (1952), um sistema de rios hierarquizados forma bacias de drena-
gem, separadas umas das outras pelos divisores de água. Quando os rios atingem os oceanos
ou deságuam em grandes lagos, formam sistemas ramificados de canais que se cruzam e entre-
laçam (os deltas), resultantes da deposição de sedimentos fluviais, retrabalhados na costa por
agentes marinhos, como as ondas e as marés.
Divisores de água são áreas elevadas do relevo que separam duas bacias de drenagem.

Visualização da configuração em planta das bacias de drenagem e dos deltas–––––––––


Pesquise nos endereços eletrônicos a seguir e observe a configuração em planta das bacias de drenagem e dos
deltas.
• <http://www.manage.uff.br/Bacia/Images/FotoItabapoana.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.sgrillo.net/sysdyn/image34H.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.geologia.com/foto/land1.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://pwp.netcabo.pt/geografia/images/delta_orinoco.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Como podemos perceber, os deltas são responsáveis pela formação dos leques aluviais,
configurando os ambientes aluviais. Essa hierarquia de rios em uma bacia de drenagem apre-
senta uma série de padrões que se configuram em diversos tipos, dependendo das característi-
cas do substrato rochoso.
Para os autores Riccomini e Coimbra (1993), os substratos podem ser caracterizados como:
• Litologia: corresponde ao caráter da rocha que se encaixa no perfil longitudinal de um
rio. É importante destacar que as rochas sedimentares erodem mais facilmente do que
rochas ígneas e metamórficas.
• Relevo: regiões com relevos íngremes apresentam rios com velocidade e capacidade de
sedimentação mais efetivas do que regiões com relevos planares, onde a sedimentação
e a velocidade passam a ser mais lentas.
• Elementos tectônicos: a presença de falhas geológicas ou mesmo dobras configura
morfologias específicas aos rios. Um curso de água, ao se deparar com um plano de
falha, muda a direção do seu curso e assume a direção do plano de falha encontrado.
Esses elementos, além de configurar a morfologia dos rios, configuram o padrão da rede
de drenagem submetida a esses processos. Veja nas Figuras 2 e 2a os padrões de drenagem das
bacias hidrográficas.
Segundo Howard (1967), os padrões de drenagem mais importantes são: dendrítico, para-
lelo, treliça, regular, radial, anelar, multi-bassinal e contorcido. Há outros mais específicos asso-
ciados aos condicionantes tectônicos.

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138 © Fundamentos de Geologia

Fonte: Howard (1967), compilado por Ferreira (2001) e extraído de Morales (2005, p. 86).
Figura 2 Rios, padrões de drenagem das bacias hidrográficas.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 139

Fonte: Howard (1967), compilado por Ferreira, (2001) e extraído de Morales (2005, p. 87).
Figura 2a Rios, padrões de drenagem das bacias hidrográficas.

Os canais fluviais apresentam morfologias e feições próprias relacionadas:


1) aos tipos de canais;
2) aos vales fluviais que são formados pelo canal no qual o fluxo de água corre;

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140 © Fundamentos de Geologia

3) às planícies de inundação;
4) às áreas de várzea, ou áreas planas, laterais ao canal.
De acordo com Schumm (1986), morfologicamente, os canais podem ser:
1) Meandrante: típicos de áreas de baixo gradiente que transportam areias e sedimen-
tos finos, formando barras em pontal (reentrâncias de sedimentos que definem a cur-
vatura do meandro).
2) Entrelaçados (braided streams): típicos de áreas mais íngremes que transportam se-
dimentos mais grossos (areias + cascalhos), a migração dos canais ocorre dentro do
vale, com a formação das barras de canal.
3) Retilíneo: rios controlados por fatores estruturais estabelecem seus cursos por longas
distâncias retilíneas, encaixados em falhas ou fraturas.
4) Anastomosado: rios que estabelecem sinuosidades ao longo de seu leito estão asso-
ciados a áreas sedimentares e apresentam ligações entre os canais em um ou mais
trechos.
5) Planície de inundação: área inundada nas cheias, que contém sedimentos finos e ve-
getação. Ocorre quando se formam os diques marginais na passagem do canal para a
planície de inundação. Nas cheias, esses diques são rompidos, inundando as áreas de
planície lateral ao canal.
Observe a Figura 3, que mostra o padrão dos canais de drenagem.

Fonte: Schumm (1986, p. 70).


Figura 3 Padrão dos canais de drenagem.

A sedimentação fluvial forma-se em razão da diminuição da energia de transporte do rio.


Nesse caso, ocorre a deposição dos materiais transportados pela água em regiões de topografia
negativa (as depressões), que podem ser parcial ou totalmente submersas, como os oceanos e
os lagos.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 141

A seguir, conheceremos os principais tipos de depósitos fluviais definidos por Suguio e


Bigarella (1990).

Sopé das montanhas


Esses depósitos, também conhecidos como depósitos de Piemonte (MIALL, 1996) ou le-
ques aluviais, formam-se na base das encostas de montanhas. Em virtude da pouca distância
percorrida, os sedimentos são grossos (blocos e matacões) e mal selecionados, com seixos an-
gulosos e fragmentos de rochas (fanglomerados). Suas principais características são a pouca
decomposição química e as estruturas internas incipientes.

Vales dos rios


Nesse caso, os sedimentos são depositados na forma de camadas irregulares (estratos)
ao longo do leito do rio ou de suas margens (planícies de inundação), formando os depósitos
aluvionares. Os grãos maiores se depositam primeiro e são sobrepostos pelos sedimentos mais
finos, processo conhecido como deposição gradacional.
Devido às variações na energia dos rios durante os períodos chuvosos e secos, anuais e
seculares, ocorre a deposição de sequências gradacionais de sedimentos. As estruturas internas
observadas nas sequências sedimentares são os registros da história de deposição de uma bacia
sedimentar.

Desembocadura dos rios


De acordo com Suguiu e Bigarella (1990), a desembocadura dos rios constitui as bacias
sedimentares costeiras (em oceanos) e interiores (em lagos) por meio de depósitos deltaicos e
estuarinos.
O ambiente de deposição é do tipo transicional (subaéreo e/ou subaquático). No ambien-
te subaéreo, predominam matéria orgânica (vegetal), sedimentos clásticos (areias) e transporte
fluvial de sedimentos. Já no ambiente subaquático, têm-se matéria orgânica marinha, sedimen-
tos de origem química (carbonatos), clásticos finos (silte e argilas) e transporte marinho (corren-
tes costeiras).
É importante ressaltar, também, que o crescimento dos deltas em direção ao mar depen-
de das variações do nível do mar, do aporte de sedimentos trazidos pelos rios e da ação das
correntes marinhas, ondas e marés. Vários campos petrolíferos estão associados à ocorrência
de depósitos deltaicos.
De acordo com Davis apud Christofoletti (1980), é importante ressaltar, também, o con-
dicionamento da drenagem que, mediante as estruturas geológicas, podem ter seus cursos de
água classificados em:
1) Consequentes: são rios que apresentam seu curso controlado pelo mergulho de estru-
tura planar, primária ou secundária, tectogênica ou não, pois se a estrutura geológica
apresentar caráter plano, o rio pode ser um plano de fratura, de junta ou mesmo de
falha (elementos tectônicos responsáveis pela estruturação e ruptura de porções crus-
tais). São denominados tectogênicos os processos pelos quais as rochas são deforma-
das, referindo-se, especificamente, à formação de dobras, falhas, juntas e clivagem.
2) Subsequentes: rios que apresentam seu curso desenvolvido ao longo de linhas de
fraqueza crustal, como fratura, contato entre litologias, discordâncias etc. Além disso,
pode ser considerado, também, um rio direcional que possui um controle estrutural
ou estratigráfico com perfil transversal de vales assimétricos.

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142 © Fundamentos de Geologia

3) Resequentes: rios ou afluentes de rios subsequentes que apresentam seu curso no


mesmo sentido da drenagem consequente, mas em nível topográfico menor.
4) Obsequentes: rios que apresentam seu curso correndo em direção oposta à drena-
gem consequente, e também correndo em sentido contrário às estruturas planares.
5) Insequentes: rios que não se apresentam controlados por qualquer parâmetro geoló-
gico, seja ele estrutural, litológico ou estratigráfico.
Observe a Figura 4. Ela mostra a classificação dos rios de acordo com sua estrutura geo-
lógica.

Fonte: Schumm (1986, p. 75).


Figura 4 Classificação dos rios pelo condicionamento à estrutura geológica.

6. AMBIENTES GLACIAIS
Atualmente, cerca de 10% dos continentes são recobertos por camadas de gelo perene,
especialmente na Antártica e na Groenlândia. Segundo Leinz e Amaral (1987), essas camadas
de gelo influenciam diretamente as condições climáticas, a circulação das águas oceânicas e a
atmosfera terrestre, além de determinar a altura do nível médio dos oceanos.
A importância do gelo, para a dinâmica geológica externa do planeta, pode ser considera-
da:
• Relevante agente intempérico: erosão, transporte e deposição de grandes volumes de
material terrestre.
• Agente necessário ao modelamento do relevo das geleiras.
• Principal indicador do tempo geológico, paleoclima e paleogeografia dos continentes.
Sharp (1988) definiu as geleiras como sendo as massas continentais de gelo, de limites
definidos, que se movimentam pela ação da gravidade. A Figura 5 apresenta áreas glaciais do
planeta.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 143

Figura 5 Áreas glaciais do planeta.

Você sabe como se originam as geleiras? Compare a sua resposta com a definição apre-
sentada a seguir.
De acordo com as ideias de Mendes (1984), as geleiras originam-se pela acumulação de
neve, que é compactada por pressão, transformando-se em gelo. A acumulação de gelo se dá
em áreas em que existe mais precipitação do que degelo.
Essas regiões são definidas pela Linha de Gelo Perene, que depende da incidência dos
raios solares e da ação dos ventos. Essa linha ocorre um pouco abaixo de 5.000 metros da linha
do Equador, sobe alguns metros acima de 6.000 metros até latitudes entre 20° e 30° e, então,
desce até o nível do mar, antes de 80°(graus) de latitude.
Benett (1996), também, afirma que a neve se forma pela cristalização do vapor d'água no
interior ou pouco abaixo das nuvens. Seu tamanho varia de 0,2 mm a 12 mm e apresenta uma
estrutura cristalina hexagonal.
A densidade da neve ao cair é de 0,01 g/cm³ e no solo é compactada até formar gelo, com
densidade de 0,6 g/cm³. Depois de dez anos sendo coberta por novas camadas de gelo, sua den-
sidade pode chegar a 0,8 g/cm³. A plasticidade dos cristais de gelo faz que as geleiras migrem
lentamente pela ação da gravidade e do degelo parcial.
Segundo Teixeira et al. (2000, p. 216-217), as geleiras, dependendo das posições geográfi-
cas das porções glaciais, apresentam-se das seguintes formas e tipos:
• Alpino ou de vale: formam acúmulo maior de gelo nos vales das montanhas. Podem ter
até 100 km de comprimento e 900 m de espessura.
• Intermediária ou de Piemonte: formada em regiões montanhosas, no entanto, espa-
lham-se por vastas áreas ao redor da montanha. Formam uma conjugação de várias
geleiras de um vale.
• Continental ou de latitude: são formadas nas altas latitudes e em todas as altitudes,
alcançando espessuras superiores a 3.000 metros. Provocam o avanço do gelo sobre o
mar (icebergs). Podemos citar como exemplo a Antártica e a Groenlândia.

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144 © Fundamentos de Geologia

Visualização de alguns tipos de geleiras–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Veja a seguir endereços eletrônicos que apresentam alguns tipos de geleiras.
Alpino ou de vale
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/5541.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Intermediário ou de Piemonte
• <http://www.turbran.aman52.nom.br/Patagonia/geleira1.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Continental ou de latitude
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/2531.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Em relação à movimentação ou migração das geleiras, Embleton (1975) afirma que, devido
à plasticidade do gelo e da presença de água nos seus interstícios proveniente de regelo, ocorre
o deslizamento lento e contínuo da geleira por gravidade. Nesse caso, a velocidade é menor
próximo às paredes e à base rochosa da geleira por causa do atrito do gelo em movimento com
as rochas.
Essas variações na velocidade do gelo, associadas às mudanças na declividade do terreno,
provocam o surgimento de fendas transversais na coluna de gelo, que podem chegar a 100
metros de profundidade e 20 metros de largura.
Observe na Figura 6 os elementos do fluxo de gelo e seus mecanismos.

Fonte: Teixeira et. al (2000, p. 219).


Figura 6 Elementos do fluxo de gelo e seus mecanismos.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 145

De acordo com Embleton (1975), os principais efeitos geológicos do gelo podem ser clas-
sificados em:
• Destrutivos: alteração da estrutura das rochas e do solo em consequência da passagem
das geleiras.
• Transportadores: capacidade de transportar quantidades imensas de sedimentos e
detritos.
• Construtivos: em razão da capacidade de transporte, apresenta, também, a capacidade
de deposição de novos materiais transportados de outras áreas.
A seguir, conheceremos, detalhadamente, cada um desses efeitos.

Efeitos destrutivos (erosão)


Leinz e Amaral (1987) fazem as seguintes observações em relação aos efeitos erosivos
provocados pela ação das geleiras:
• A água da chuva penetra nas fendas das rochas e ao se congelar aumenta o seu volume
em 9%. Com isso, formam uma pressão nas paredes rochosas pelo aumento da fenda
até o rompimento de grandes blocos de rochas, que são arrastados pela geleira até os
vales.
• O atrito da coluna de gelo em movimento causa um intenso polimento das paredes e
base das geleiras. Esse processo forma estrias na superfície das rochas e tritura frag-
mentos de rocha até se tornarem pó. A erosão intensa provoca a formação de extensos
vales em "U", diferentemente dos vales em "V" formados pela erosão fluvial. Com o
desgelo em períodos interglaciais, o imenso volume de água que derrete forma planí-
cies de inundação excessivamente largas.
A Figura 7 apresenta as feições erosivas provocadas pela ação das geleiras.

FEIÇÕES

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 223-225).


Figura 7 Feições erosivas provocadas pela ação das geleiras.

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146 © Fundamentos de Geologia

Visualização de feições de relevo geradas pela ação das geleiras––––––––––––––––––––


Acompanhe os sites indicados a seguir e observe as feições de relevo geradas pela ação das geleiras.
Geleiras em U
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/5147.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://segundavida.blogs.sapo.pt/arquivo/V%20Z.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
Geleiras em V
• <http://www.cm-fozcoa.pt/php/concelho/vales2.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011
• <http://segundavida.blogs.sapo.pt/arquivo/44%20-%20Serra%20da%20Estrela%20-%20Vale%20e%20estra-
da%20para%20as%20Cortes.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Efeitos transportadores
As geleiras têm potência transportadora superior à dos rios. Blocos de dezenas de metros
de diâmetro podem ser transportados durante a migração das geleiras, segundo Leinz e Amaral
(1987).
A Figura 8 mostra as feições transportadoras das geleiras.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 229).


Figura 8 Feições transportadoras das geleiras.

Efeitos construtivos (deposição)


Nas regiões limítrofes das geleiras, há um grande acúmulo de detritos rochosos, que for-
mam os depósitos glaciais conhecidos por "morenas" (EMBLETON, 1975). Embleton definiu as
morenas em três tipos:
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 147

• Laterais: constituídas por estreitos depósitos de detritos rochosos.


• Basais: formadas pelos fragmentos de rocha retirados da base rochosa.
• Frontais: constituem os sedimentos que atingem a porção frontal das geleiras.
Mendes (1984) afirma que os depósitos glaciais são formados por materiais rochosos
transportados pela água de degelo para os ambientes fluviais, lacustres ou marinhos. Os sedi-
mentos e fragmentos de rocha depositados sofreram um intenso intemperismo físico, contudo,
sem decomposição química relevante.
Vários tipos de minerais encontram-se pulverizados mecanicamente. São sedimentos mal
selecionados com grande variação granulométrica e matriz argilosa, siltosa ou arenosa. Os sei-
xos são facetados, arredondados e orientados segundo a direção do movimento do gelo.

Visualização das feições dos depósitos sedimentares formados pela ação das geleiras–
A seguir, são indicados alguns sites que apresentam as feições dos depósitos sedimentares formados pela ação das
geleiras.
Tilitos
• <http://www.unb.br/ig/sigep/sitio037/fig2.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://jesse.usra.edu/articles/iceagemodule/resources/images/moraine_till_svalbard.jpg>. Acesso em: 26 out.
2011.
• <http://nesoil.com/images/tillcut.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Diamictitos
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/itu/campoItu_0022a.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/5079.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/17d.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Varvitos
• <http://www.geocities.com/historiadavida1/neopaleozoicofor_arquivos/image002.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.unb.br/ig/sigep/sitio062/fig3.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://ecc.br/fundamental/fundamentalIIeIV/estudo_do_meio/fotos_Varvito/Dosinda/Itu_Varvito/foto39.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Além disso, Mendes (1984) ressalta que as rochas sedimentares formadas nesses depósitos
são os tilitos e os varvitos. Camadas de varvitos afloram em regiões do Estado de São Paulo (Itu),
sugerindo a presença de geleiras naquelas regiões em eras glaciais pretéritas.
A cobertura glacial atual representa apenas 30% da área total coberta pelo gelo no término
da última glaciação, no período Pleistoceno (1,5 milhões de anos). No Brasil, há registros de
períodos glaciais no Paleozoico Superior (200 milhões de anos) nos estados do Sul e São Paulo,
e no Pré-cambriano (600 milhões de anos) em Minas Gerais.
Segundo Teixeira et al. (2000), uma conjugação de fatores induz importantes mudanças
climáticas ao planeta, culminando com o surgimento de períodos glaciais. Esses fatores atuam
de maneira complexa com maior ou menor grau de importância e podem ser agrupados nas
seguintes categorias.
1) Variações na radiação solar.
2) Variações na composição da atmosfera terrestre.
3) Alterações na posição paleogeográfica de oceanos e continentes.
4) Causas extraterrestres como impactos meteóricos.
A Figura 9 apresenta os períodos glaciais e interglaciais na história geológica do planeta
Terra.

Claretiano - Centro Universitário


148 © Fundamentos de Geologia

INTERGLACIAIS

Fonte: Suguiu (1980, p. 37).


Figura 9 Períodos glaciais e interglaciais na história geológica do planeta Terra.

7. AMBIENTES DESÉRTICOS
O deslocamento das massas de ar, que formam os ventos, é fruto de diferenças de tempe-
ratura e, portanto, de densidade. Essas diferenças são geradas pela maior ou menor incidência
de energia solar sobre a superfície do planeta em função da latitude, da estação do ano e pela
diferença do albedo.
O termo “albedo” diz respeito à proporção entre a energia solar refletida e a energia so-
lar incidente, revelando, assim, “[...] a capacidade de absorção da energia solar dos materiais
terrestres e dos organismos, rios, lagos, oceanos, geleiras continentais e florestas” (SÍGOLO in
TEXEIRA, 2003, p. 249).
Por esses motivos, os ventos sopram segundo correntes de convecção na atmosfera de
regiões relativamente mais frias para regiões mais quentes, ou seja, de áreas de alta pressão
atmosférica para áreas de baixa pressão atmosférica.
Por exemplo, durante o dia o vento sopra dos oceanos para os continentes e, durante a
noite, no sentido inverso e dos polos para o Equador. Os ambientes geológicos dominados pela
ação dos ventos são os desertos.
Observe as principais áreas desérticas do globo terrestre na Figura 10.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 149

Saara

Figura 10 Principais áreas desérticas do globo terrestre.

A velocidade do vento sobre a superfície terrestre depende do relevo e da vegetação. Em regiões com
relevo pouco acidentado (planos) e com pouca vegetação, a ação geológica dos ventos é potencializada,
pois há menos obstáculos para a circulação das massas de ar. Por essa razão, os desertos, as regiões
glaciais e as praias arenosas são áreas de intensas atividades eólicas.
As massas de ar deslocam-se segundo um fluxo laminar (plano-paralelo). Porém, próximo à superfície
terrestre ou a qualquer outro obstáculo, o fluxo das massas de ar torna-se turbulento por causa do
atrito das partículas em movimento com as superfícies dos obstáculos. Esse atrito é responsável pela
erosão eólica (ESTUDOS E GEOGRAFIA, 2012).

No início do século 19, mais precisamente em 1830, Francis Beaufort criou a escala de
classificação dos ventos para a utilização da Marinha Britânica, que continua sendo utilizada até
os dias atuais.
Acompanhe no Quadro 1 como Beaufort classifica os tipos de vento:

Quadro 1 Velocidade do vento medida em km/h.


VENTO VL. MÍNIMA Vl. MÁXIMA
Calmaria 1,5 1,5
Aragem leve 1,5 6,1
Brisa leve 6,1 11,1
Vento suave 11,1 17,2
Vento moderado 24,1 31,6
Vento médio 31,6 38,5
Vento forte 38,5 46,4
Vento fortíssimo 46,4 55,4
Ventania forte 55,4 64,8
Furacão 64,8 64,8

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150 © Fundamentos de Geologia

Assim como as geleiras, os ventos apresentam efeitos geológicos diretos na formação e


na modificação das paisagens terrestres, que podem ser classificados como efeitos destrutivos,
efeitos construtivos e efeitos transportadores. Vejamos cada um deles.

Efeitos destrutivos
Os efeitos destrutivos correspondem à erosão das rochas provocadas pelo atrito entre
as partículas suspensas e carregadas pelo vento com as rochas incidentes, gerando a chamada
erosão eólica.
As partículas envolvidas nos processos eólicos apresentam feições particulares devido
ao movimento dessas partículas na incidência com outras do mesmo porte, formando dois
processos importantes: a deflação e a abrasão das partículas. Veja, detalhadamente, cada um
deles.
• Deflação eólica: refere-se à retirada do material pelos ventos, formando os pavimentos
desérticos ou áreas de depressão, chamadas de bacias de deflação.
• Abrasão eólica: corresponde ao choque entre as partículas, promovendo feições erosi-
vas típicas da ação dos ventos. Entre os produtos formados, podemos citar os ventifac-
tos, os yardangs e as superfícies polidas.

Visualização dos elementos de ablação e abrasão–––––––––––––––––––––––––––––––––


Acesse os endereços eletrônicos a seguir e visualize os elementos de ablação e abrasão:
• <http://www.i-voyages.net/xgalerie/img/P1040205.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://earthsci.org/education/teacher/basicgeol/windes/ventifact.gif>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://earthsci.org/education/teacher/basicgeol/windes/deflation.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Efeitos transportadores
A ação geológica dos ventos promove o transporte de partículas inconsolidadas,
dependendo do tamanho delas e da velocidade desses ventos. Devido à suspensão dessas
partículas por longas áreas ocorre a formação e a migração de dunas nos desertos e em regiões
litorâneas.
A Figura 11 mostras as formas de transporte das partículas pela ação dos ventos.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 151

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 251-253).


Figura 11 Formas de transporte das partículas pela ação dos ventos.

Efeitos construtivos
De acordo com Leinz e Amaral (1987), quando ocorre a diminuição do vento, inicia-se o
processo de sedimentação das partículas, ocorrendo a formação das dunas, tanto em áreas
desérticas como em áreas litorâneas, dominadas pela ação dos ventos. Em regiões semiáridas,
podem ser desenvolvidos processos de desertificação.
A Figura 12 apresenta a formação e as morfologias das dunas.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 255-256).


Figura 12 Dunas: modelo de formação e morfologias.

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152 © Fundamentos de Geologia

Em relação aos produtos geológicos gerados pela ação dos ventos, os depósitos eólicos
podem ocorrer em função de erupções vulcânicas, em praias marinhas e fluviais e em desertos.
Com a atividade vulcânica e a movimentação das geleiras, as partículas são retiradas de
suas fontes e depositadas em regiões distantes. Durante as erupções vulcânicas, uma imensa
quantidade de cinzas é emitida à atmosfera e depositada em outras áreas. O mesmo ocorre com
as geleiras que, em consequência da abrasão destas com as rochas, retiram partículas muito
finas que são redepositadas pelos ventos, formando os Loess.
Os Loess são depósitos sedimentares que se formam devido aos sedimentos em suspensão
no ar por muito tempo, retirados de uma área fonte (como vulcões e erosão glacial). Eles são
transportados pelos ventos e se depositam em regiões muito distantes dessa área fonte
Acontece o mesmo com os sedimentos conduzidos pelos rios e correntes marinhas que
são retrabalhados pelo vento, formando as dunas.
Processos como esses são encontrados nos desertos, nos quais se observa uma contínua
modificação do relevo arenoso, e, também, o surgimento de lagos desérticos (perenes ou
periódicos), com alternância de sedimentos clásticos e de origem química devido à intensa
evaporação.
Observe na Figura 13 imagens de desertos, ambientes geológicos dominados totalmente
pelos ventos.

Visualização de depósitos de cinzas vulcânicas, depósitos de Loess e depósitos


associados aos ambientes costeiros––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Depósitos de cinzas vulcânicas


• <http://usuarios.lycos.es/degelo/volcanes/volcan_capelinhos_3.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://static.hsw.com.br/gif/badlands-national-park-ga4.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Depósitos de Loess
• <http://skywalker.cochise.edu/wellerr/students/Aeolian/aeolian_files/image006.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.geo.edu.ro/~sedim/Petr-sed/Siliciclastite/loess-paleosol1.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Depósitos associados aos ambientes costeiros (formação de dunas nos deltas)
• <http://www.deltadorioparnaiba.com.br/galeria2/MoraesBrito140.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.webone.com.br/opiaui/fotos/Dunas%20do%20Delta.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.meuslugares.com.br/images/Natal/dunas_ini.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://viajenaviagem.files.wordpress.com/2007/04/santoamaro451.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 153

Figura 13 Desertos, ambientes geológicos dominados totalmente pelos ventos.

8. AMBIENTES COSTEIROS
A região costeira corresponde aos ambientes localizados na área de transição entre os
continentes e os oceanos. Ela também é conhecida como área fronteiriça ou, mais especificamente,
como ambiente de praia. Um elemento importante nesse ambiente é a chamada linha de costa,
ou seja, a linha mediana do contato da água e da praia.
Nessa região, a ação do mar, por meio de seus elementos físicos (como as correntes
marinhas, as ondas e as marés), é efetiva no ato de desnudação erosiva das praias (aplainamento)
e dos costões rochosos.
Veja na Figura 14 os ambientes costeiros e seus limites entre os continentes e os oceanos.

Figura 14 Ambientes costeiros: transição entre os continentes e os oceanos.

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154 © Fundamentos de Geologia

De acordo Leinz e Amaral (1987, p. 179-180, grifos nossos), os conceitos apresentados


para os elementos marinhos costeiros são classificados em:
• Ondas: são geradas pela energia dos ventos transferidas à água pelo atrito, alcançando profundi-
dade de até 30m. O impacto dessas águas contra as costas rochosas promove a remoção da areia
do fundo, que é arremessada contra os paredões.
• Marés: são formadas pela atração gravitacional do sistema luni-solar (Lua e Sol) associada à ace-
leração centrífuga da Terra, atuando sobre as massas de água dos oceanos. As variações da maré
ocorrem em períodos de aproximadamente 12 horas (da baixamar até a preamar). Suas atividades
provocam a formação de canais ou sulcos durante o fluxo e refluxo da água do mar.
• Correntes marinhas: são imensos volumes de água em circulação na forma de verdadeiros rios
submarinos. Formam-se pelas diferenças de densidade da água (temperatura e salinidade) associa-
das à ação dos ventos. Também podem estar relacionadas aos fatores externos, ou seja, os ventos,
a chuva e o congelamento dos pólos.

Visualização das posições entre a Terra, a Lua e o Sol na formação das marés–––––––––
Acesse o endereço eletrônico a seguir e observe as posições entre a Terra, a Lua e o Sol na formação das marés:
<http://www1.univap.br/~geodem/geodef/imagens/img34.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As ondas e as marés são elementos sempre presentes nos ambientes costeiros. Elas são
responsáveis pela erosão das costas rochosas ou arenosas, redistribuindo esse material na
própria praia ou em águas rasas.
De acordo com Christofoletti (1980), os elementos morfológicos que configuram as áreas
costeiras são classificados de acordo com a topografia. Eles são constituídos pelas regiões: pós-
praia, face praial (onde ocorre o espraiamento), antepraia (zonas de surfe e arrebentação) e
plataforma continental interna.
Veja na Figura 15 os elementos morfológicos que compõem as praias.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 273).


Figura 15 Perfil geral dos elementos morfológicos que compõem os ambientes costeiros: as praias.

De acordo com Suguio (1992), a atividade do mar nessa zona de transição apresenta,
também, as planícies de marés (intervalos de marés), que resultam da força gravitacional da Lua
e do Sol sobre as águas marinhas.
As marés ocorrem duas vezes ao dia, sendo duas altas e duas baixas. Influenciadas pela
energia solar, elas têm metade da altura das marés causadas pela influência da lua, uma vez
que as marés do Sol e da Lua não são sincronizadas. Quando Sol, Lua e Terra estão alinhados,
ocorrem as marés mais altas (spring tides) e as mais baixas (neap tides).
A presença das correntes de maré faz a água do mar realizar processos de subida e de
descida em relação às áreas costeiras. Elas podem ser classificadas como:
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 155

• Maré enchente: com a elevação da maré, a água forma um fluxo que sobe a costa.
• Maré vazante: com a queda da maré, o fluxo d'água inverte-se, expondo a costa.

Visualização da distribuição global e o movimento das correntes marítimas–––––––––––


O site a seguir apresenta a distribuição global e o movimento das correntes marítimas: <http://www.citi.pt/citi_2005_
trabs/antonio_carvalho/images/Distribuicao%20da%20precipitacao.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

O tsunami, caracterizado também como um elemento geológico, é produto das atividades


marinhas. Ele é formado por grandes ondas marinhas, causadas por eventos submarinos como
terremotos, explosões vulcânicas e deslizamentos, que fazem subir o nível do mar nas áreas em
que a transmissão de energia, gerada pelos processos tectônicos, reflita na elevação brusca do
nível do mar, causando enchentes e catástrofes ambientais.
Também sensíveis às mudanças do nível do mar, as linhas de costa apresentam variações,
que podem ser locais, causadas por processos tectônicos de subsidência ou elevação de porções
crustais, ou globais, causadas por glaciações, deglaciações ou derretimento das calotas polares.
Esses fenômenos aumentam o volume de água nos oceanos e consequentes transgressões
marinhas.
A atividade marinha na estruturação dos ambientes costeiros apresenta os efeitos
destrutivos, transportadores e construtivos, segundo Suguiu (1992):
• Efeitos destrutivos: ou, especificamente, aqueles relacionados à erosão marinha, ocor-
rem, principalmente, nos costões rochosos ou nas falésias. Esse processo ocasiona a
destruição da base das falésias, gerando, assim, o recuo dos paredões, devido aos pro-
cessos erosivos.
• Efeitos transportadores: estão relacionados à distribuição dos materiais retirados dos
costões pelas correntes marítimas costeiras ao longo das praias. Esses materiais são
transportados por meio de solução, de suspensão mecânica e de saltos e rolamentos.
• Efeitos construtivos: estão relacionados à sedimentação costeira, gerando as bacias
sedimentares costeiras e, consequentemente, a fase de aplainamento das praias.
De acordo com o que vimos, uma série de produtos geológicos são originados pela ação
de elementos e de sedimentos envolvidos na dinâmica costeira. Os recifes de corais compreen-
dem o mais bonito e interessante produto marinho.
Para o Prof. Dr. David Lopes de Castro, da Universidade Federal do Ceará, os recifes de
corais são construções orgânicas (plantas e animais marinhos) de forma abaulada ou de pilar,
fixadas no fundo do mar.
Para a sua formação, são necessárias temperaturas superiores a 18°C, mas com variações
anuais inferiores a 7°C (regiões equatoriais), além de água marinha limpa com salinidade normal
(3,2%). No geral, os recifes de corais formam-se em profundidades entre 4 m e 10 m, atingindo
profundidades de até 50 m. Os tipos mais comuns de corais são:
1) De franja: ocorrem ao longo da costa e crescem em direção ao mar.
2) De barreira: formam uma barragem entre a costa e o mar, formando um canal natural.
3) De pedra: bancos de areia consolidada ou rochas sedimentares pretéritas.
4) Circulares (atóis): forma circular com uma depressão interna (laguna). São corais de
barreira desenvolvidos junto a ilhas oceânicas, que foram lentamente submersas pela
subida relativa do nível do mar.

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156 © Fundamentos de Geologia

Veja na Figura 16 a morfologia e os tipos mais comuns de corais.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 264).


Figura 16 A morfologia geral dos corais.

Visualização da morfologia dos corais–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––


Visualize a morfologia dos corais, visitando os endereços eletrônicos a seguir.
• <http://www.escolavesper.com.br/Images/coral_farm_wide_shot.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
• <http://viajeaqui.abril.com.br/imagem/GrandeBarreira.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
• <http://www.peninsulademarau.com/imagens/pscina_natural.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
• <http://www.radiobras.gov.br/ct/fotos/ano02/260702/atol.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

9. AMBIENTES DE FUNDO MARINHO


A superfície terrestre é composta pelos oceanos, que perfazem 71% de toda a superfície
terrestre. São eles:
1) Atlântico.
2) Pacífico.
3) Índico.
4) Ártico.
5) Antártico.
E pelos mares constituídos em corpos marinhos menores, dentre os quais, podemos
destacar:
• Mar Mediterrâneo.
• Mar do Norte.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 157

A observação geofísica e geológica do fundo oceânico contribuiu para a descoberta da


Teoria da Tectônica de Placas, como vimos na Unidade 3.
A composição química da água marinha é relativamente constante devido à introdução
de águas fluviais à mistura, por meio de correntes marinhas e da precipitação de sedimentos
marinhos, por isso apresenta o caráter salino.

Visualização dos oceanos e mares na composição da superfície terrestre–––––––––––––


Acesse o endereço eletrônico a seguir e visualize os oceanos e os mares na composição da superfície terrestre:
<http://www.caiuaficha.com.br/atlas/mundo.gif>. Acesso em: 27 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A oceanografia geológica é o estudo dos processos geológicos responsáveis pela origem,
forma, estrutura, propriedades e história do fundo oceânico e da região costeira, incluindo seus
sedimentos, rochas e depósitos minerais marinhos (KENNETT, 1982).
A oceanografia é responsável pelo mapeamento do relevo submarino e pelo estudo
das evidências paleontológicas da história climática da terra (as formas de vida passadas são
estudadas a partir dos seus fósseis), presentes por milhões de anos no fundo dos mares.
De acordo com as estimativas geográficas e populacionais, o número de pessoas residentes
e instaladas nas regiões costeiras mundiais vem aumentando consideravelmente. Com elas, os
problemas e os impactos ambientais também se fazem presentes.
Por essa razão, torna-se importante o conhecimento dos processos geológicos marinhos e
o seu reflexo nos processos naturais costeiros, tais como: a elevação no nível do mar, a erosão e
o transporte de sedimentos, capazes de destruir as construções litorâneas.
De acordo com Suguio (1992), as margens dos continentes correspondem às partes
periféricas da zona de transição com o mar. Elas são constituídas pela plataforma continental,
talude continental, elevação ou rampa continental, planície abissal e pela fossa oceânica.
Visualize, na Figura 17, a morfologia dos fundos oceânicos.

Figura 17 Morfologia dos fundos oceânicos.

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158 © Fundamentos de Geologia

A partir da região considerada como plataforma continental, há um conjunto de ambientes


no fundo oceânico chamado de sistema profundo, que vai desde a plataforma continental até a
fossa oceânica.
Esses ambientes são citados e descritos por Tessler e Mahiques apud Teixeira (2000, n.p.)
como:
1) Zona nerítica: região oceânica mais rasa, com profundidades menores do que 200m, acima da
zona batial, com fundo oceânico correspondente à plataforma continental.
2) Zona batial: região oceânica com profundidades entre 200 e 2.000m, desenvolvendo-se além
da zona nerítica, correspondente à região de fundo oceânico onde ocorre o talude e o sopé do
talude continental.
3) Zona abissal: região profunda do oceano, com mais de 2.000m e menos de 6.000m de
profundidade, fria e escura, desenvolvendo-se além da zona batial e anterior a zona hadal.
4) Zona hadal: região mais profunda do oceano, com mais 6.000m de profundidade, desenvolve-
se abaixo da zona abissal e corresponde, em grande parte, a regiões de fossas oceânicas.

Visualização da divisão dos sistemas profundos do oceano–––––––––––––––––––––––––


Acompanhe pelo endereço eletrônico, a seguir, a divisão dos sistemas profundos do oceano: <http://br.geocities.com/
anna_rgs/imagens/ambMarinho.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Os produtos geológicos são gerados em torno da dinâmica das zonas e dos ambientes que
compõem os fundos oceânicos. Podemos destacar como produtos as correntes de turbidez, os
leques submarinos e os canhões submarinos.
Leinz e Amaral (1987) definiram cada um desses elementos.
• Correntes de turbidez: são sedimentos que resultam do transporte de correntes
subaquáticas de lama misturada com areia. O produto formado recebe o nome de
turbidito.
• Leque submarino: ocorre quando a corrente de turbidez atinge o sopé continental
e desacelera por causa da perda da declividade, depositando, então, os sedimentos
trazidos, de modo a formar um corpo lobado que se espraia na planície abissal. Os
leques submarinos, geralmente, são formados por turbiditos.
• Canhão submarino (canyon): são vales profundos erodidos na plataforma e no talude,
que se formam pela erosão ocasionada por correntes de turbidez.

Visualização de elementos morfológicos encontrados na sedimentação marinha–––––––


Acesse o endereço eletrônico a seguir e conheça os elementos morfológicos encontrados na sedimentação marinha:
<http://www.cienciaviva.pt/projectos/semapp/vale.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

Em sua obra Geologia do Quaternário, Suguio (1999) afirma que as preocupações dos
ambientalistas são constantes. Isso acontece porque são inúmeras as atividades exploratórias,
tanto nas regiões das margens continentais, na forma de utilização e aproveitamento
econômico dos recursos minerais, como nas regiões oceânicas, na forma exploratória dos
campos petrolíferos. Para amenizar o problema, é necessário o conhecimento geológico para o
desenvolvimento dessas atividades.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 159

Os estudos da obra Geologia do Quaternário fundamentam-se na dinâmica dos oceanos


para justificar e buscar soluções imediatas para a comprovação e a remediação dos processos
costeiros continentais, além de servirem de espaços para a disposição de resíduos gerados pelas
sociedades atuais em épocas futuras.

10. INTRODUÇÃO GERAL À GEOMORFOLOGIA E À NEOTECTÔNICA


Como afirma Aziz Nacib Ab'Saber (1969), nada existe de tão concreto na natureza como o
conjunto heterogêneo de formas que compõem a superfície terrestre, denominada de relevo.
O relevo é algo concreto quanto às formas, mas abstrato quanto à matéria. Ele é
considerado um meio natural, apresentando uma diversidade enorme de formas, que, por mais
que pareçam estáticas, na realidade, são dinâmicas, manifestando-se ao longo do tempo e do
espaço de modo diferenciado.
Nesse sentido, Ross (2000) argumenta que com essa dinâmica permanente há modificações
no clima, na fisionomia do relevo, na cobertura vegetal, na evolução dos tipos de solos, no
ciclo das águas e na repartição dos seres vivos sobre a superfície terrestre. Sendo a gama de
fisionomias ou de ambientes naturais muito numerosa, determina-se um número infinito de
unidades de paisagens naturais.
Além disso, Ross (2000) afirma que não se pode entender a gênese e a dinâmica das formas
de relevo sem que se entenda o mecanismo motor de sua geração, e se perceba as diferentes
interferências dos demais componentes em uma determinada unidade de paisagem.
O pensamento geomorfológico refere-se a uma linha de pesquisa empírica (teórica e
conceitual) e a outra experimental (aplicada). Essa linha de pesquisa nos introduz ao estudo
da Neotectônica, segmento da ciência geológica responsável pelo entendimento dos processos
estruturais evolutivos recentes relacionados à superfície terrestre.
O termo “neotectônica” foi introduzido nas ciências da Terra, e descrito por Obruchev
apud Mescherikov (1968) como referência aos movimentos da crosta terrestre desenvolvidos ao
longo do tempo, e compreende o Terciário Superior-Quaternário. Outros autores afirmam que
os movimentos neotectônicos estariam relacionados a regimes tectônicos que continuam ativos
até o presente, sem um limite inferior rígido, podendo reativar ou não as estruturas (falhas).
Ampliando esse conceito, a Comissão de Neotectônica da International Quaternary
Association propôs, em 1978, uma nova definição. Desde então, atribui-se à neotectônica
o estudo de qualquer movimento da Terra ou deformação do nível geodésico de referência,
seus mecanismos e origem, independentemente da idade de início, implicações práticas e
extrapolações futuras.
Hasui (1990) definiu o termo “tectônica ativa” como os processos tectônicos que deformam
a crosta terrestre numa escala de tempo significativa para a sociedade humana. Essa escala
inclui os processos lentos, tais como o soerguimento ou o basculamento, e, especialmente, os
processos tectônicos capazes de produzir catástrofes, como os grandes terremotos.
A escala de tempo a ser abordada num estudo de tectônica ativa varia de acordo com as situações
encontradas, podendo ser de algumas dezenas a alguns milhões de anos, pois a atividade tectônica
contemporânea, ou atual, e a deformação associada, podem ser parcial ou predominantemente
controladas por um quadro tectônico mais antigo. No entanto, o intervalo entre 18 e 10 Ma, do
Pleistoceno Superior, é de grande interesse num estudo de tectônica ativa (STEWART; HANCOCK, 1994,
n. p.).

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160 © Fundamentos de Geologia

Hasui e Costa (1996) afirmam que as manifestações neotectônicas no Brasil são aquelas
relacionadas à deriva (movimentação) da Placa Sul-Americana, excluindo as manifestações de
tectônica distensiva associadas ao processo de abertura do Oceano Atlântico Sul, o qual se
encerrou no Mioceno Médio, idade considerada, pela maioria dos autores, como limite inferior
do período neotectônico.
Podemos analisar, segundo uma visão atualista e mediante as contrastantes modificações
que o meio físico vem enfrentando frente aos impactos degradantes da superfície terrestre, que
toda a causa de um processo ou de um fato aplicado à superfície reflete ao meio antrópico de
forma reversa e acentuada, de acordo com a gravidade e a intensidade do impacto.
Dessa maneira, os estudos geomorfológicos apoiados no entendimento do meio físico,
como um todo, reforçam a ideia de entendimento aplicado dos mecanismos relacionados a
esses processos e buscam explicações e formas para a correção desses impactos, de forma
sustentável.

11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


O principal tema desta unidade foi os processos da dinâmica externa e sua relação com a
formação de alguns ambientes terrestres. A fim de melhor fixar seus conhecimentos sobre tal
conteúdo, tente responder as questões a seguir:
1) Assinale a alternativa errada em relação à ação das geleiras:
a) Alteração das rochas e do solo.
b) Capacidade de deposição de materiais.
c) Incapacidade de transporte de sedimentos.
d) Formação de Morenas Basais.
e) Nenhuma das anteriores.
2) Assinale a alternativa que indica corretamente o nome da classificação dos rios que têm seu curso desenvolvido
ao longo de linhas de fraqueza crustal, como fraturas, contato entre litologia etc.
a) Consequentes.
b) Subsequentes.
c) Resequentes.
d) Obsequentes.
e) Insequentes.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.

2) b.

12. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da Unidade 5, cujo objetivo foi apresentar a você os diversos ambientes
geológicos que compõem a fisiografia da superfície terrestre.
Nesse momento, já foram apresentados os processos e os fatores que configuram as dinâ-
micas internas e externas do planeta Terra, além dos aspectos gerais da ciência geomorfológica,
julgando que o entendimento integrado da evolução e formação dos ambientes geológicos seja
pré-requisito para o entendimento das formas de relevo, resultantes de tudo isso.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 161

A compreensão da formação dos ambientes fluviais e aluviais é bastante aplicada em es-


tudos relacionados aos recursos hídricos, tema que abordaremos na próxima unidade. Consi-
dera-se, atualmente, que os rios, além de serem os principais agentes modeladores do relevo,
também são importantes elementos utilizados pelas diversas sociedades ao longo da história da
humanidade.
Vimos que os ambientes glaciais e todas as ações envolvidas na atividade do gelo configuram
um dos mais fascinantes ambientes morfológicos da superfície terrestre. As paisagens geladas
mostram-se com traços característicos da ação das geleiras, com formas bastante exuberantes,
enquanto nos ambientes desérticos as paisagens monótonas de dunas e areais, dominadas pela
ação dos ventos, apresentam-se dinâmicas e com processos muito interessantes.
Os ambientes dominados pelas ações do mar, costeiros e de fundos oceânicos estão as-
sociados às formas em ambientes de praias e de declive, da plataforma continental até a cadeia
Meso-Atlântica. O conjunto da distribuição dos sedimentos na costa, juntamente com a ativi-
dade do mar, proporciona uma dinâmica específica de ambientes dominados pela ação do mar,
das ondas, das marés e até mesmo das correntes marítimas.
Por fim, conhecemos a apresentação geral dos conceitos referentes à Geomorfologia e à
Neotectônica, juntamente com a dinâmica dos ambientes geológicos.
Bons estudos!

13. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Rios, maiores modeladores do relevo terrestre. Disponível em: <http://www.explorationsinc.com/PhotoGallery/
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Figura 13 Desertos, ambientes geológicos dominados totalmente pelos ventos. Disponível em: <http://ante-et-post.weblog.com.
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162 © Fundamentos de Geologia

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Figura 14 Ambientes costeiros: transição entre os continentes e os oceanos. Disponível em: <http://www.turismotimorleste.
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Figura 17 Morfologia dos fundos oceânicos. Disponível em: <http://www.amitaca.org/images/zonacio%20marina.gif>. Acesso
em: 27 out. 2011.

Site pesquisado
ESTUDOS E GEOGRAFIA. Atividades geológicas do vento. Disponível em: <http://estudosegeografia.blogspot.com/2009/12/
atividades-geologicas-do-vento.html>. Acesso em: 2 fev. 2012.

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AB’SABER, A. N. Um conceito de geomorfologia a serviço do quaternário. Geomorfologia, n. 18. São Paulo: Instituto de Geografia,
Universidade de São Paulo, 1969.
BENNETT, M. R. et al. Glacial Geology: ice sheets and landforms. Nova York: John Wiley, 1996.
CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2. ed. São Paulo: Edgar-Blücher, 1980.
EMBLETON, C. Glacial Geomorphology. Londres: Edward Arnold, 1975.
HASUI, Y. Neotectônica e aspectos fundamentais da tectônica ressurgente no Brasil. In: Workshop Neotect. Sedim. Cont. Cenoz.
se Bras., 1. ed., Belo Horizonte, 1990.
KENNETT, J. P. Marine Geology. Nova Jersey: Prentice-Hall, 1982.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. Geologia geral. 14. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 1987.
MENDES, J. C. Elementos de estratigrafia. São Paulo: Edusp, 1984.
MESCHERIKOV, Y. A. Neotectonics. In: FAIRBRIDGE, R. W. (Ed.). Encyclopedia of Geomorphology. Nova York: Reinhold, 1968.
ROSS, J. L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1990.
SCHUMM, S. A. et al. Active Tectonics studies in Geophysics. Washington: National Academic Press, 2000.
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STRAHLER, A. N. Hypsometric (area-altitude) analysis of erosional topography. Bulletin Geological Society of America, n. 63,
1952.
SUGUIO, K.; BIGARELLA, J. J. Ambientes fluviais. Florianópolis: UFSC/UFPR, 1990.
_____. Geologia do quaternário e mudanças ambientais: (passado+presente=futuro?). São Paulo: Paulo's Comunicação e Artes
Gráficas, 1999.
_____. Geologia do quaternário e mudanças ambientais (passado + presente = futuro?). São Paulo: Paulo´s Comunicação e Artes
Gráficas, 2001.
_____. Rochas sedimentares. São Paulo: Edgard Blücher/Edusp, 1980.
_____. Dicionário de Geologia marinha: com termos correspondentes em inglês, francês e espanhol. São Paulo: T. A. Queiroz,
1992.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Introdução ao Estudo dos
Recursos Naturais

1. OBJETIVOS
• Introduzir os principais conceitos relacionados aos recursos hídricos, minerais e ener-
géticos.
• Identificar e entender os impactos ambientais relacionados à exploração dos recursos
naturais.
• Analisar o panorama econômico nacional e mundial na utilização de produtos decor-
rentes da exploração dos recursos naturais.

2. CONTEÚDOS
• Recursos hídricos: conceitos e aplicações sustentáveis.
• Impactos ambientais nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
• Recursos minerais: conceitos e principais gêneses de formação.
• Recursos energéticos: conceitos, ocorrências e aplicações.
• Impactos ambientais gerados pelos recursos minerais e energéticos.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
164 © Fundamentos de Geologia

1) O entendimento sobre as formas de utilização dos recursos naturais requer uma visão
geopolítica acerca dos interesses mundiais na utilização destes; por isso, mantenha-se
informado sobre a economia dos recursos naturais no mundo.
2) Para consultar o glossário de termos geológicos, disponibilizado pela home page MI-
NEROPAR, acesse: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.
php?conteudo=R>. Acesso em: 27 out. 2011.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O ser humano, por toda a sua caminhada e evolução pelo Planeta Terra, sempre buscou
formas e condições para suprir as suas necessidades de vida, tais como moradia, alimentação e
utilidades. Para isso, recorreu aos recursos naturais.
Esses recursos, disponíveis na natureza, permitiram que o homem recorresse continua-
mente a eles. Estão constantemente presentes nas trocas entre os seres vivos, e apresentam-se
de forma renovável ou não renovável.
Podemos citar como exemplos de recursos naturais renováveis a fauna e a flora, pois se
renovam com o passar do tempo. Já os minérios e os combustíveis fósseis em geral, como o mi-
nério de chumbo, de ferro, o petróleo e o gás natural, são recursos não renováveis, ou seja, um
dia irão se esgotar no Planeta.
A utilização e a preservação ou conservação desses recursos naturais requer economia e
consciência racional por parte dos seres vivos. Isso porque, como vimos, uma grande parcela
desses recursos tende a se exaurir da superfície e da crosta terrestre.
Portanto, é o momento de preservar e reciclar para que possamos estender a existência
deles na natureza. Por exemplo, com planos de manejo – ou seja, com melhores formas de utili-
zação – elaborados para a prevenção da ação do homem (agente antrópico) de forma agressiva
ao meio ambiente.
Atualmente, outro tema bastante discutido é a biodiversidade. O homem necessita de
tempo para descobrir a função das espécies animais e vegetais para a sua própria sobrevivência.
Essa necessidade acontece porque a cura de muitos males que existem, ou que ainda existirão,
pode estar em plantas em processo de extinção ou mesmo naquelas que já foram extintas.
Para Hirata apud Teixeira et al. (2003), os recursos hídricos podem ser utilizados de várias
formas. A água, além de ser prioridade para o abastecimento mundial das necessidades diá-
rias das pessoas, é utilizada para abastecimento industrial, irrigação, lazer, geração de energia
elétrica, navegação, conservação da biota aquática e, até mesmo, para a recepção de efluentes
tratados.
Os recursos minerais são todas as concentrações minerais (minérios) retiradas da crosta
terrestre para o nosso uso. Eles estão presentes em quase todos os aspectos do nosso cotidiano,
por exemplo, os metais, a água mineral, os minérios da construção civil, entre outros.
Para Keller (1996), os combustíveis fósseis, tais como o petróleo, o carvão e o gás natural,
que são recursos energéticos utilizados pelas sociedades atuais, enquadram-se entre os recur-
sos não renováveis. Eles podem, em função de sua constante utilização, esgotarem-se comple-
tamente no futuro, além de causar a poluição do ar, motivos pelo qual seu uso está em declínio.
Diante desse contexto, Taioli apud Teixeira (2003) ressalta que o homem foi obrigado a
encontrar formas alternativas para suprimir as suas necessidades energéticas e eliminar os pro-
blemas ambientais. Das alternativas possíveis, a energia eólica, solar, hidrelétrica, geotérmica,
das marés, das ondas, da biomassa e do biogás são as mais viáveis para a utilização sustentável.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 165

Enfim, o objetivo desta unidade é apresentar e introduzir a ideia dos diferentes tipos de
recursos naturais que existem na superfície terrestre, entre eles, os hídricos, os minerais e os
energéticos. Além disso, conheceremos as formas de utilização sustentável e os impactos causa-
dos pela má utilização desses recursos.
Para concluir, discutiremos, também, o quadro econômico brasileiro e mundial em relação
ao papel desenvolvido pelas nações para as políticas de preservação e legislação cabíveis ao uso
desses recursos.

5. RECURSOS HÍDRICOS
Hirata apud Teixeira et al. (2003) afirma que a utilização dos recursos hídricos mundiais
está comprometida, pois grande parte da população sofre carências excessivas em relação ao
uso da água, especialmente pelo fato de sua distribuição ser irregular por todo globo terrestre.
A presença de água doce no planeta é muito pequena comparada às altas taxas de água salgada
que compõem os oceanos.
Ainda de acordo com os autores, as águas doces do planeta estão concentradas nas calo-
tas polares, nos rios e lagos continentais e nos aquíferos, constituindo apenas 1% de toda água
presente no planeta Terra.
Há muitas décadas já era previsto um grande colapso na utilização dos recursos hídricos,
e, atualmente, os fatos condizem exatamente com essas previsões. Podemos notar que quase
metade da população mundial já sofre problemas drásticos com a falta de água, e as previsões
para as próximas décadas indicam o aumento desses índices.
Os principais agentes que cercam os recursos hídricos são as contaminações das águas
doces por poluentes. Nas regiões costeiras, elas são causadas pela exploração do petróleo; nas
áreas urbanas pela contaminação do lençol freático por poluentes oriundos das indústrias quí-
micas; e nas áreas rurais, pelo uso de agrotóxicos na agricultura.
Essas condicionantes são responsáveis pelas altas taxas de mortalidade e pelas baixas ex-
pectativas de vida das populações de alguns países que sofrem intensamente com esses impac-
tos ambientais gravíssimos.
Segundo Custodio e Llamas (1981), as águas doces circulam pela superfície terrestre por
meio dos escoamentos superficiais (regiões impermeáveis) e subterrâneos (regiões que permi-
tem a infiltração da água superficial). A abundância desses recursos em um determinado país
está diretamente relacionada à interatividade do clima presente e aos elementos fisiográficos.
Ao analisar as áreas continentais do globo terrestre, podemos observar que as águas do-
ces estão concentradas, na sua grande maioria, no continente sul-americano e asiático, enquan-
to os outros continentes sofrem com a falta dela. As duas maiores bacias hidrográficas mundiais,
e que apresentam o maior volume de água, são a bacia Amazônica, na América do Sul, e a bacia
do Congo, na África.
A má distribuição dos recursos hídricos está condicionada, também, pelo perfil climato-
lógico a que determinadas regiões estão submetidas. Em regiões de clima árido, por maior que
sejam as precipitações de água na superfície, o clima quente favorece as taxas de evaporação,
fazendo que a água volte para a atmosfera na forma de vapores, e desapareça nessas regiões na
forma líquida. Observe a Figura 1.

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166 © Fundamentos de Geologia

Figura 1 Distribuição das zonas climáticas do globo em função da abundância e distribuição da água doce no planeta.

Para Feitosa (1997), grande parte da utilização dos recursos hídricos pela população é
destinada ao uso na agricultura, nas indústrias em geral, bem como nas cidades, para o abas-
tecimento das necessidades diárias das pessoas. De acordo com o crescimento populacional, o
consumo de água torna-se cada vez maior, aumentando assustadoramente de uma década para
outra.
Podemos afirmar, também, que a elevação do poder econômico aquisitivo da população
aumenta ainda mais o consumo de água. Isso porque em países considerados de primeiro mun-
do a taxa de consumo de água, por habitante, é muito maior do que em países emergentes e
considerados como do terceiro mundo.
Dessa forma, para Custodio e Llamas (1996), o uso da água doce na irrigação de culturas
agrícolas faz que o aumento da capacidade de uso torne a produção de alimentos provindos da
agricultura maior a cada ano.
Mas a utilização de produtos químicos no tratamento dessas culturas, juntamente com
a água utilizada, proporciona a entrada de poluentes nesse sistema, afetando diretamente as
reservas subterrâneas de água doce, ou seja, os lençóis freáticos ou os aquíferos.
A Figura 2 mostra a proporção entre o uso e a disponibilidade da água doce no mundo.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 167

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 425).


Figura 2 Proporção entre o uso e a disponibilidade da água doce mundial.

Uma analogia bastante interessante é a seguinte: se toda água doce no mundo fosse divi-
dida igualmente a todos os habitantes da Terra, não faltaria água para ninguém. A carência de
água por alguns países é consequência do poder econômico abusivo dos países mais favorecidos
diante dos que não possuem reservas de água doce suficientes em seus territórios.
Vivemos em um país com uma das maiores reservas de água doce, pois mais de 50% do
total de água presente na América do Sul está no Brasil. O tamanho do território brasileiro e a
predominância de regimes climáticos, do tipo equatorial e tropical úmido, fazem que nossas
reservas sejam imensas e, consequentemente, toda a população brasileira sofra minimamente
com a falta desse recurso (HIRATA apud TEIXEIRA, 2003).
As principais bacias hidrográficas brasileiras, analisadas em relação à quantidade de água
em toda a América do Sul, são:
1) Bacia Amazônica - 72%.
2) Bacia do Paraná - 6,3%.
3) Bacia do Tocantins – 6%.
4) Bacia Parnaíba-Atlântico Norte - 3%.
5) Bacia do Uruguai – 2,5%.
6) Bacia do Atlântico Sul - 1,7%.
7) Bacia do São Francisco - 1,6%.
O Brasil apresenta uma relação de utilização de água por habitante de 35.732 m3/hab/ano;
no entanto, essa distribuição não é regular em todo o território brasileiro.
Algumas bacias brasileiras são carentes quanto à presença desse recurso. Os estados que
mais se utilizam dos recursos hídricos, de acordo com a renda per capita dos habitantes, são
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco.
Veja na Figura 3 as principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

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168 © Fundamentos de Geologia

Figura 3 Principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.

Propriedades hídricas da água subterrânea


Neste tópico, conheceremos as propriedades hídricas da água subterrânea e a sua utiliza-
ção como fonte de extração para abastecimento das populações.
Já observamos que, em alguns países menos desenvolvidos, as reservas de água superfi-
cial estão se exaurindo. Em virtude disso, é preciso buscar novas alternativas para encontrá-la.
Uma dessas alternativas está nas reservas subterrâneas, que são mais viáveis e baratas. Assim,
em consequência dessas vantagens, há o alto consumo desse bem natural pelas sociedades
contemporâneas.
De acordo com Feitosa (1997), a água subterrânea é a solução para muitos agricultores de
pequeno e médio porte, tornando a extração regularizada em épocas de estiagem ou de seca.
As águas subterrâneas podem, ainda, ser utilizadas como reservas estratégicas em áreas de alto
risco geológico, já que seus níveis correspondem aos dos rios e lagos.
Portanto, podemos notar que quando os rios estão cheios, no máximo de suas vazões,
essa água serve para diversos fins econômicos. Da mesma forma, em épocas de seca, os níveis
naturais desses cursos de água caem bruscamente, diminuindo, também, o nível de água sub-
terrânea.
Segundo Demeny (1984), se analisarmos a América Latina, grande parte dos países utili-
zam e dependem dos recursos hídricos subterrâneos, sendo alto o número de poços perfurados
nas áreas metropolitanas para a exploração desse recurso.
Essa água apresenta as melhores qualidades naturais possíveis: possui alto grau de pota-
bilidade, abastece áreas metropolitanas e regiões inteiras, assim como o estado de São Paulo,
que utiliza, quase na totalidade, os recursos hídricos subterrâneos provindos da extração do
Aquífero Guarani para o consumo humano.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 169

Visualização das reservas de água subterrânea no Brasil e a distribuição gráfica das


reservas mundiais––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Observe as reservas de água subterrânea no Brasil e a distribuição gráfica das reservas mundiais no seguinte link:
<http://img71.imageshack.us/img71/5267/aquiferoguarani2bu4.gif>. Acesso em: 27 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

6. IMPACTOS AMBIENTAIS NOS RECURSOS HÍDRICOS


Veremos, agora, quais são os impactos ambientais causados pela exploração dos recursos
hídricos.
É importante ressaltar a preocupação dos órgãos ambientais de fiscalização quanto às
formas de exploração das reservas de água, uma vez que grande parte dos recursos hídricos é
extraída excessivamente.
De acordo com as ideias de Custodio e Llamas (1996), as áreas urbanas correspondem aos
maiores agentes que utilizam a água. A quantidade utilizada é tão grande que as reservas locais
não suprem a demanda de consumo, fazendo que novas medidas sejam aplicadas, tal como a
busca dos recursos hídricos mais próximos.
Essas medidas provocam grandes problemas ambientais, por exemplo, as modificações
nos cursos de água naturais, pois alteram o regime hídrico do local, diminuindo sua vazão. Outra
causa preocupante é a utilização da água no tratamento do esgoto, uma vez que parte dessa
água não é tratada, sendo lançada novamente no sistema hidrográfico, proporcionando desas-
tres sérios para as espécies que ali habitam.
Feitosa (1997) complementa que as reservas de água subterrânea que formam os aquífe-
ros, também, estão gravemente comprometidas. Isso ocorre pelo fato de a distribuição não ser
uniforme por todo o globo terrestre e pela exploração excessiva, fatores que são responsáveis
pelos sérios problemas de subsidência (afundamento) do terreno próximo aos poços coletores.
A extração não deve ser maior que as taxas de recarga do aquífero; caso contrário, as reservas
tendem a diminuir até comprometer os aquíferos de forma irreparável.
Nesse sentido, Feitosa (1997, p. 65) afirma que as primeiras evidências em relação à ex-
tração demasiada de água são:
• Baixa extração de água nos poços coletores.
• Maior contaminação da água doce pelas águas salinas em ambientes costeiros.
• Contaminação da água subterrânea com fluídos provindos de outras áreas de recarga.
• Diminuição do nível de água dos cursos de água superficiais.
• Abaixamento do terreno de forma marcante, comprometendo as construções civis próximas.

Na maioria dos centros urbanos, observamos a superexploração dos aquíferos, que cau-
sam reduções e abaixamento significante do nível de água regional. A maior parte desse recurso
é utilizada por pessoas favorecidas economicamente, e as menos favorecidas tornam-se reféns
da falta de água.
Além disso, a impermeabilização das áreas urbanas (concreto, asfalto, entre outros agen-
tes da construção civil) afeta a recarga dos aquíferos nessas regiões em razão da baixa infiltração
de água no sistema.
De acordo com Mulder e Cordani (1999), outro problema ambiental bastante sério em
áreas costeiras é a contaminação dos aquíferos por águas salinas. Esse caso pode ser explicado
pela retirada abusiva de água doce pelos poços, ocasionando a quebra do balanço entre a água
doce dos aquíferos e o nível salino de água nos sedimentos costeiros.

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170 © Fundamentos de Geologia

Esse desequilíbrio provoca enormes intrusões de cunhas salinas em meio ao aquífero,


causando a contaminação dos recursos subterrâneos-costeiros.
Veja na Figura 4 um modelo de contaminação dos aquíferos em regiões costeiras por
águas salinas.

Figura 4 Modelo de contaminação dos aquíferos em regiões costeiras por águas salinas.

As principais fontes de contaminação das reservas de água subterrânea são os compos-


tos inorgânicos (nitratos), emitidos pelas fontes de saneamento (como as fossas). Também são
consideradas fontes de contaminação, os fertilizantes utilizados na agricultura.
Além disso, os metais pesados podem comprometer a qualidade das águas subterrâneas,
alterando as condições físico-químicas ideais, afetando diretamente a saúde da população que
faz uso dessa água. Recentemente, foi criada uma área de pesquisa chamada de Geologia Médi-
ca para tratar das questões de saúde ambiental da população.
É importante destacar, ainda, a presença de compostos orgânicos sintéticos utilizados pela
indústria química. Eles comprometem gravemente os aquíferos, pois se espalham por grandes
áreas, tornando muito difícil a recuperação dessas reservas (FEITOSA, 1997).
Para Mulder e Cordani (1999), a emissão de poluentes por meio da rede de esgoto é
provocada pelas altas taxas de compostos orgânicos presentes nos dejetos humanos. Além dos
compostos nitrogenados que afetam significantemente os aquíferos, a utilização de fossas sép-
ticas é uma alternativa viável para áreas com baixa densidade populacional. Entretanto, a uti-
lização desse recurso em regiões de elevada ocupação humana causa contaminações sérias às
reservas de água subterrânea.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 171

Da mesma forma, os efluentes industriais, se mal estocados, causam problemas de


infiltração dos compostos químicos no solo, afetando, consequentemente, as reservas de água
subterrânea, causando a alta mortandade dos peixes presentes nos rios próximos.
A atividade agrícola segue os mesmos princípios, pois a utilização de fertilizantes,
agrotóxicos e compostos químicos para o combate das pragas causa impactos gravíssimos aos
recursos hídricos.
A Figura 5 apresenta um modelo de contaminação dos aquíferos pela rede de esgoto e
pelas atividades industriais e agrícolas.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 437-441).


Figura 5 Modelo de contaminação dos aquíferos pela rede de esgoto, atividades industriais e agrícolas.

Evans (1994) comenta que a atividade mineradora, em que há a exploração de minerais


metálicos, também compromete a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. A
contaminação acontece por conta dos processos de beneficiamento para separação desses
elementos metálicos, que geram substâncias perigosas ao meio ambiente. Da mesma forma que
nos outros processos, pode haver a infiltração dessas substâncias no solo e, consequentemente,
a contaminação dos aquíferos.
Já em áreas urbanas, Hirata apud Teixeira (2003) argumenta que o funcionamento
de postos de gasolina e locais que estocam compartimentos contendo substâncias químicas

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172 © Fundamentos de Geologia

enterrados no solo também é causa de contaminação dos aquíferos. Se há vazamento desses


compartimentos, os compostos químicos ali presentes percolam pelo subsolo até chegarem aos
aquíferos, onde a contaminação é inevitável.

Visualização do modelo de contaminação dos aquíferos pelos resíduos sólidos,


extração mineral e estocagem de compartimentos no subsolo–––––––––––––––––––––––
Para observar o modelo de contaminação dos aquíferos pelos resíduos sólidos, extração mineral e estocagem de
compartimentos no subsolo, acesse os endereços eletrônicos a seguir:
• <http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/agua_subterranea/posto_gasolina.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011
• <http://brasil.indymedia.org/images/2006/09/360869.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
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7. RECURSOS MINERAIS
De acordo com Moreschi e Bettencourt apud Teixeira (2003), recursos minerais corres-
pondem a materiais mineralógicos que, potencialmente, possam ser utilizados pelo homem.
Em outras palavras, os recursos minerais correspondem a “[...] concentrações minerais na crosta
terrestre cujas características fazem com que sua extração seja ou possa chegar a ser técnica e
economicamente [sustentável]” (MINEROPAR, 2012).
De acordo com Skinner e Porter (1995, p. 58, grifos nossos), os recursos minerais dividem-
-se em:
• Metálicos: ferro, cobre, estanho, entre outros.
• Não metálicos ou industriais: quartzo, calcário, mármore, entre outros.

Os recursos minerais são utilizados pelo homem na construção civil, nas indústrias auto-
mobilística, farmacêutica e química etc. Por isso, os impactos ambientais causados pela extração
dos recursos minerais apresentam desvantagens para o meio ambiente. Entre essas desvanta-
gens, podemos citar a liberação de resíduos sólidos na atmosfera, a destruição de ecossiste-
mas para a construção civil e a emissão de poluentes tóxicos e gasosos na atmosfera, fazendo,
na maioria das vezes, a modificação da paisagem (MORESCHI; BETTENCOURT apud TEIXEIRA,
2003).
Quanto aos recursos minerais, um termo bastante usual é o "teor do minério", ou seja,
quanto maior a quantidade de determinado elemento químico nos depósitos minerais, maior
será o seu valor geológico e econômico para as sociedades que os utilizam. Surgem, então, ter-
minologias aplicadas aos bens minerais, tais como: jazidas minerais, jazigos minerais e minérios.
A geologia econômica é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo das gêneses
minerais (metalogênese) e caracterizações dos depósitos minerais de acordo com a economia
mineral brasileira e mundial.
De acordo com as ideias de Raitt (1963), os depósitos minerais estão relacionados aos
mais diversos processos geológicos de formação das rochas. Eles podem estar associados aos
produtos de intemperismo, às rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, além da associação
às atividades hidrotermais. Raitt considera, ainda, que a terminologia “mineralização” é utili-
zada para expressar a ocorrência de minérios em meio a algum corpo rochoso de maior porte.
A água é um importante agente de formação dos depósitos minerais. É por meio dela que
uma série de fluídos minerais são carregados e depositados nas fraturas das rochas, formando
os veios mineralizados.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 173

Para Martins e Brito (1989, n.p.), há uma diferença conceitual entre os termos “minério”
e “mineral”. Vejamos:
• Mineral: é um corpo natural sólido e cristalino formado em resultado da interação de processos
físico-químicos em ambientes geológicos.
• Minério: corresponde a um mineral cujo componente metálico, segundo a sua concentração e
viabilidade das jazidas, é economicamente rentável para a sua prospecção e exploração industrial.

Os locais de exploração, nos quais são formadas as concentrações minerais, denominam-


-se minas, podendo ser divididas, de acordo com suas características, em: minas a céu aberto
ou minas subterrâneas. Seus métodos de exploração estão associados à lavra dessas minas,
que, após a retirada e o desmonte dos corpos mineralizados, são transportados até as usinas de
beneficiamento presentes dentro das minerações.
Um dos métodos de exploração de minérios, realizado informalmente, é o garimpo, que
se dá mediante as concentrações superficiais ou acumulações nas calhas dos rios (EVANS, 1994).
Veja na Figura 6 os métodos de exploração dos recursos minerais.

Figura 6 Mina a céu aberto, mina subterrânea e garimpos.

As principais gêneses de formação dos minérios, de acordo com o que estudamos


anteriormente, estão relacionadas aos processos geológicos normais e à formação das rochas.
De acordo com Moreschi e Bettencourt apud Teixeira (2003, p. 457-461), os depósitos
minerais podem ser:

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174 © Fundamentos de Geologia

• Supérgenos: depósitos associados ao intemperismo, são aqueles de âmbito superficial onde os ele-
mentos fisiográficos, tais como o clima, a vegetação e as águas superficiais presentes influenciam
na alteração das rochas sobrejacentes e resultam na concentração de depósitos minerais. São de-
pósitos jovens (Cenozóicos), frequentes nas regiões tropicais, dentre os principais, podemos citar a
formação da bauxita (minério de alumínio), a Hematita (minério de ferro), além do níquel, urânio,
manganês e fosfatos em geral.
• Sedimentares: os depósitos minerais associados às rochas sedimentares podem ser de dois tipos,
os plácers (depósitos relacionados ao transporte de substâncias minerais por concentração me-
cânica) e os químicos (precipitações químicas que se formam em regiões costeiras, deltas, lagos,
planícies aluvionares etc.). Ocorre a formação de depósitos de ouro, diamante, ferro, manganês,
rochas carbonáticas, evaporitos e alguns combustíveis fósseis.
• Mágmáticos: são depósitos associados aos processos de cristalização do magma em condições ge-
ológicas ideais. São classificados em depósitos ortomagmáticos e sinmagmáticos, formando níveis
mineralizados em meio às câmaras magmáticas, como exemplos destes depósitos podemos citar a
formação da cromita, platina, cobalto, nióbio e estanho. Os pegmatitos são rochas ígneas ricas em
minerais preciosos, tais como o topázio, a turmalina, a esmeralda entre outros, e estão associados,
também, à atividade magmática.
• Metamórficos: são depósitos formados em meio às rochas metamórficas devido à ação da pressão
e da temperatura. Os fluídos contendo elementos formadores de minérios entram nos processos
de metamorfismo e, pela ação da temperatura e da pressão, formam minerais de minérios de
grande valor econômico, tais como o ouro, formando veios e filões nos gnaisses e xistos, gemas
associadas aos filitos e xistos entre outros.
• Vulcano-sedimentares: são depósitos minerais que se formam em regiões sedimentares onde
houve vulcanismo associado. Nas regiões de rifts é onde ocorre a maioria destes processos meta-
logenéticos, associados à ação das águas salgadas em meio às elevadas temperaturas dos fluídos
exalativos, formando, assim, a maioria dos depósitos de sulfetos.
• Hidrotermais: são depósitos associados à atividade das águas hidrotermais, ou seja, em regiões
onde há instalação de corpos magmáticos quentes, ocorre a liberação de fluídos em meio às rochas
sobrejacentes, formando os veios de sulfetos.

Veja nas Figuras 7 e 8 como se formam cada um dos depósitos minerais apresentados
anteriormente.

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 457).


Figura 7 Modelo de formação dos depósitos supérgenos e sedimentares.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 175

Fonte: Teixeira et al. (2000, p. 459).


Figura 8 Modelo de formação dos depósitos magmáticos, metamórficos, vulcano-sedimentares e hidrotermais.

Para Martins e Brito (1989), a intensa exploração dos recursos minerais causa grande pre-
ocupação por parte das políticas públicas. Isso acontece porque as reservas estimadas para o
suprimento da população estão se exaurindo em função da falta de planejamento e ações legis-
lativas para o controle dessas atividades.
Por essa razão, identificamos a necessidade de informar tais problemas às populações.
Nesse contexto, o segmento das ciências da Terra responsável por esses planejamentos susten-
táveis é a Prospecção e a Pesquisa Mineral.
Complementando essa discussão, Evans (1994) destaca novas técnicas exploratórias, no
Brasil. Por exemplo, a pesquisa mineral, que apresenta pouco desenvolvimento e é específica
para determinados bens minerais de predomínio brasileiro.
A Figura 9 apresenta as etapas e atividades da Pesquisa Mineral.

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176 © Fundamentos de Geologia

Figura 9 Etapas e atividades da Pesquisa Mineral.

O panorama mineral brasileiro está expresso pelas principais reservas minerais, de acordo
com a disponibilidade da matéria-prima mineral. Dentre os principais bens minerais podemos
citar o nióbio, que coloca o Brasil na posição de 1° lugar mundial, a grafita e o caulim, deixando
o Brasil na segunda colocação, além de outros minerais, tais como o ferro, o alumínio, o níquel
e o ouro (MORESCHI; BETTENCOURT apud TEIXEIRA, 2003).
Podemos observar uma relação relevante no panorama mundial dos recursos minerias,
ou seja, quanto maior o espaço territorial de cada nação, maior a possibilidade e o aumento de
ocorrências e de produções minerais.
De acordo com a quantidade de bens minerais que determinada nação produz, aumentam
ou diminuem as necessidades internas da população e da geração de capital nacional por meio
das importações e exportações de minérios.

Visualização do mapa dos recursos minerais do Brasil–––––––––––––––––––––––––––––


Observe o mapa dos recursos minerais do Brasil, no endereço eletrônico a seguir: <http://www.logon.com.br/atlas/
images/rec_mine.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
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Martins e Brito (1989) comentam que alguns bens minerais no Brasil excedem as expec-
tativas, tais como nióbio, ferro, níquel etc. Em contrapartida, o chumbo e o fosfato são insufi-
cientes para a demanda e o uso da população local, daí a necessidade de importações de bens
minerais de outras nações, fazendo que a economia mineral seja bastante variante.
Segundo Moreschi (2000, p. 466), as reservas minerais podem ser classificadas de acordo
com o tempo calculado para a exploração total dessas reservas. Elas podem ser:
• Reservas medidas - duração com mais de 20 anos.
• Reservas indicadas - duração aproximada de 20 anos.
• Reservas inferidas - duração menor que 20 anos.


© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 177

O Brasil apresenta uma economia mineral baseada em compra e venda de produtos de


origem mineral. Cada bem mineral apresenta um valor relativo no mercado, pois dois bens
minerais diferentes, com a mesma tonelagem de produção, apresentam valores bastante
desiguais em razão da quantidade das reservas disponíveis.
As classes de consumo de bens minerais são definidas por Martins e Brito (1989) em:
1) Bens minerais primários (minério bruto).
2) Semimanufaturados (indústria de transformação mineral).
3) Manufaturados (produtos comerciais finais).
4) Compostos químicos (indústria de transformação mineral no segmento químico).

8. RECURSOS ENERGÉTICOS
De acordo com Keller (1996), o petróleo é considerado o bem energético mais importante
na escala de extração. Os recursos energéticos são classificados em dois tipos:
• Recursos renováveis: são os que se exaurem muito rapidamente.
• Recursos não renováveis: são aqueles que fornecem bases energéticas, tais como pe-
tróleo, carvão, gás natural.
As taxas de exploração desses recursos não acompanham as taxas de busca de novas áreas
potenciais à exploração, de forma sustentável. Nesse caso, o petróleo é o recurso mais preocu-
pante por causa do aumento significativo do consumo de combustíveis e derivados, consequên-
cia do crescimento da indústria automobilística.
Dentre as principais alternativas possíveis, podemos destacar as energias eólicas, solares,
hidroelétricas, geotérmicas, energia das marés, energia das ondas, biomassa e biogás (TAIOLI
apud TEIXEIRA, 2003).
Complementando o assunto, Keller (1996) afirma que, atualmente, a engenharia ambien-
tal busca formas para suprir a demanda e o consumo de certos bens industriais estabelecendo
ações ambientais.
Como exemplo dessas ações podemos citar a reciclagem, considerada muito eficaz, pois
retorna ao uso uma série de artigos derivados de produtos anteriores, poupando energia na
produção em geral.
Keller (1996) comenta, ainda, que a demanda de energia elétrica para os próximos anos
aumentará gradativamente. Além disso, o domínio do setor energético nuclear concentra-se
nas mãos dos países desenvolvidos que abrigam importantes instituições, como, por exemplo, a
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que controla e domina
a energia nuclear no mundo todo.
Para Taioli apud Teixeira (2003), há elevados sinais de que se iniciará uma grande crise
energética mundial nas próximas décadas. Entretanto, podemos perceber que há um maior con-
tato das nações com a energia nuclear, mesmo em se tratando de assuntos preocupantes como
o superaquecimento do planeta e a geração de energia pelas fontes térmicas convencionais.

Visualização do funcionamento de algumas fontes energéticas, elétricas e nucleares–––


Acesse os endereços eletrônicos a seguir e conheça esquematicamente o funcionamento de algumas fontes ener-
géticas, elétricas e nucleares.
• <http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo2B/Eletricidade/gerador.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://www.cnen.gov.br/imagens/ensino/energ_nuc/reator_pwr.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
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178 © Fundamentos de Geologia

Combustíveis fósseis
Os combustíveis fósseis são predominantes entre as fontes de energia não renováveis,
mesmo que tenham se formado há milhares de anos, ainda na era Paleozoica. Isso porque para
que se tornem combustíveis fosseis, são necessários dois milhões de anos até que essas cama-
das de matéria orgânica se transformem no que chamamos de carvão, líquido negro-petróleo,
ou ainda, gás natural.
Esses combustíveis apresentam formas de exploração e gêneses diversas. O carvão, por
exemplo, é formado por camadas negras de matéria orgânica maturada, extraídas por meio das
formas convencionais. Já o gás natural forma-se juntamente com o petróleo, concentrando-se
na parte superior das armadilhas ou trapas reservatórias, enquanto o petróleo tem consistência
de um óleo negro viscoso, presente dentro de uma rocha reservatória, explorado pela forma de
bombeamento à superfície (OMETO, 1998).
Acompanhe, pela Figura 10, os processos e a gênese de formação do petróleo.

Figura 10 Fontes energéticas: formação do petróleo.


© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 179

De acordo com Skinner e Porter (1995), a gênese do carvão está relacionada ao período
Carbonífero da era Paleozoica. Nessa época ocorreu o processo de soterramento de imensas
florestas de grande porte, fazendo que essa matéria orgânica vegetal sofresse maturação até se
transformar em carvão.
As fases que compõem a gênese do carvão são: a turfa, fase que possui menor teor de
carbono, seguida pelo linhito e, posteriormente, a hulha, que é o tipo de carvão mais abundante
e mais consumido no mundo, cerca de 80% do total. O último elemento a ser considerado é o
antracito, o mais puro, com 95% de carbono, mas também o mais raro, representando apenas
cerca de 5% do consumo mundial.
É importante destacar, também, que o carvão é considerado o combustível fóssil de maior
abundância na superfície terrestre. Os maiores produtores mundiais de carvão são os Estados
Unidos, a Rússia, a China e a Austrália. Acompanhe, pela Figura 11, a formação do carvão, as
jazidas e as formas de exploração.

exploração

Figura 11 Fontes energéticas: formação do carvão.

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180 © Fundamentos de Geologia

Segundo Press e Siever (1998), outro combustível fóssil é o gás natural. Sua gênese
ocorre associada ao petróleo em reservas subterrâneas, podendo ser explorado por meio de
bombeamento até a superfície e, em seguida, transportado para todas as regiões que participam
da concessão ao uso. Como exemplo, podemos citar o gasoduto Bolívia-Brasil.

Energia alternativa renovável


De acordo com Santos (1993), devido à necessidade do homem, foi preciso buscar formas
alternativas para a demanda energética no país. E, para isso, surgiram as energias renováveis,
provenientes do sol, das marés e dos ventos.
Para as sociedades atuais, essas formas de produção de energia são responsáveis por
quase 30% da energia consumida no Brasil. Entre as mais importantes podemos citar:
1) Energia solar.
2) Energia hidrelétrica.
3) Energia eólica.
4) Energia geotérmica.
5) Energia da biomassa.
6) Energia nuclear.
7) Energia das marés.
Podemos considerar o etanol um exemplo de energia alternativa renovável, uma vez
que as energias provenientes da biomassa ocupam quase 15% de toda a energia consumida
mundialmente.
Para Press e Siever (1998), uma fonte de energia bastante promissora é a produzida a
partir das marés e das ondas do mar. Esse processo funciona, sistematicamente, da seguinte
forma: quando a maré sobe, a água entra nos diques, ficando armazenada; quando a maré
abaixa, a água sai pelo dique como em qualquer outro reservatório.
Além disso, as ondas do mar produzem energia suficiente para abastecer uma grande
população, especialmente, as costeiras, pois essa energia é resultante da ação dos ventos na
superfície dos oceanos.

Visualização das fontes energéticas extraídas das marés e das ondas––––––––––––––––


Observe as fontes energéticas extraídas das marés e das ondas, acessando o seguinte endereço eletrônico: <http://
www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/energia-das-mares/imagens/energia-das-mares-13.gif>. Acesso em: 28 out.
2011.
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Outra fonte alternativa é a energia hidrelétrica, gerada pelas grandes hidrelétricas nacio-
nais. Ela é produzida pela movimentação da água de rios volumosos, ou seja, os rios são barra-
dos, armazenando água, que faz a movimentação das turbinas e, consequentemente, possibilita
a geração de eletricidade.
Para Bunterbarth (1984), a energia geotérmica existe desde que o planeta Terra foi criado.
O termo “geo” significa terra e “térmica” significa calor; logo, a energia geotérmica é aquela
produzida a partir do calor oferecido pelo nosso próprio planeta, em consequência das fontes
magmáticas e hidrotermais de algumas ocorrências na crosta terrestre.
A geração desse tipo de energia tem maior potencial em algumas regiões do país, que
são fundamentadas no hidrotermalismo, ou seja, a água aquecida atinge a superfície terrestre,
formando as pequenas termas ou furnas.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 181

Complementando esse conceito, Press e Siever (1998) destacam que, para a geração desse
tipo de energia, não é necessária a queima de combustíveis fósseis, pois os processos tornam-se
únicos e exclusivamente físicos e cinéticos.

Visualização das fontes energéticas das hidrelétricas e geotérmicas–––––––––––––––––


Observe as fontes energéticas das hidrelétricas e geotérmicas, acessando os endereços eletrônicos a seguir:
• <http://www.cepa.if.usp.br/energia/energia2000/turmaB/grupo4/apresentacao/hidreletrica_arquivos/Image6.gif>.
Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://www.moderna.com.br/moderna/didaticos/projeto/2006/1/imagem/005_tema1bim.jpg> . Acesso em: 28 out.
2011.
• <http://tq.educ.ar/tq03030/images/Egeote7.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://ecourbana.files.wordpress.com/2008/09/islandia-geotermica.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
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Outra forma de energia utilizada pelas sociedades atuais é produzida pelos ventos. A ener-
gia eólica surge da movimentação das turbinas. Um exemplo bastante claro a respeito do uso
dessa energia são os barcos que a usam para se movimentarem nos rios, praias e mares.
Esse tipo de energia é considerada uma das mais baratas e viáveis ao homem atual; no en-
tanto, não é muito utilizada em função das enormes demandas de combustíveis fósseis, como o
petróleo, para movimentação do sistema. Sem dúvida, a energia eólica é considerada uma fonte
estratégica para o futuro das sociedades atuais (BUNTERBARTH, 1984).

Energia eólica–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos a seguir para visualizar algumas imagens relacionadas ao funcionamento da
energia eólica:
• <http://jornal.eco.blog.uol.com.br/images/energia_eolica.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://energiasrenovaveis.files.wordpress.com/2007/10/010115071008-vento-em-rochas-1.jpg>. Acesso em: 28
out. 2011.
• <http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/eolica/Image25.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Finalizaremos os estudos sobre a geração de energia, apresentando outra importante fon-
te de energia: o Sol. O astro-rei sempre foi uma fonte fornecedora de energia para os seres vi-
vos, pois todas as espécies de animais e vegetais necessitam da sua energia para sobreviver. As
plantas, por exemplo, produzem seu alimento a partir dessa energia. Portanto, o Sol também é
uma fonte natural de geração energética (PRESS; SIEVER, 1998).
É importante comentar que a energia solar sempre substituiu a eletricidade, o uso de gás
natural, artificial e a queima do carvão e da madeira. Para a sua captura, geralmente, são utili-
zadas placas solares instaladas no topo de residências e empresas, que captam a energia solar e
aquecem a água que se encontra no sistema hidráulico local.

Energia solar––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para saber mais sobre a energia solar, basta acessar os endereços eletrônicos a seguir:
• <http://www.maisenergias.com/wp-content/uploads/energia-solar.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://www.jorgeneto.eprofes.net/Fotos/Colector_solar/casa_solar.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
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182 © Fundamentos de Geologia

9. IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR RECURSOS ENERGÉTICOS


Para Taioli apud Teixeira (2003), dentre os inúmeros impactos causados pelos recursos
energéticos, os mais sérios são aqueles relacionados à geração das chuvas ácidas e ao efeito
estufa.
As chuvas ácidas trazem consigo uma série de ácidos e outros poluentes, dentre os quais
os mais sérios são o ácido nítrico e o ácido sulfúrico. É importante ressaltar que as chuvas ácidas
ocorrem, também, em regiões que não foram responsáveis pela emissão dos poluentes, com-
prometendo ecossistemas inteiros.
Além disso, a incidência desses compostos é prejudicial à vegetação, causando danos ir-
reparáveis à agricultura e a uma série de outras atividades relacionadas ao uso e à ocupação do
solo. É comum, também, o aparecimento de problemas neurológicos causados pela ingestão de
águas contaminadas por esses metais pesados, comprometendo a saúde pública.
Nesse sentido, percebemos um descontrole no equilíbrio energético do planeta em conse-
quência das altas taxas de exploração dos combustíveis fósseis. Isso colabora, também, para os
problemas ambientais relacionados ao superaquecimento global da Terra, tais como o derreti-
mento das calotas polares e a subida do nível do mar afetando as populações costeiras.
Além disso, a camada de ozônio sofre sérios contrastes ao longo dos anos, e, por essa ra-
zão, parte da estrutura da atmosfera terrestre encontra-se destruída.
Outro impacto ambiental bastante sério é provocado por elementos, como:
1) Metano (um dos principais agentes que colaboram para a destruição da camada de
ozônio).
2) Vapores de água e óxidos em geral.
3) Compostos orgânicos do tipo clorocarbonetos.
4) Gases industriais (o perfluorcarbono e o hidrofluorcarbono são os mais agressivos e
aceleradores da degradação da camada de ozônio).
O aumento e o uso desses compostos, por causa do acelerado crescimento das atividades
industriais, é a principal causa para a subida repentina da temperatura geral do planeta. Nesse
desequilíbrio ambiental, as temperaturas médias estão completamente alteradas, se compara-
das às últimas décadas de sobrevivência da população mundial.

10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) Com base no que foi estudado nesta unidade, observe em noticiários de TV, jornal etc. situações em que os re-
cursos hídricos estão sendo prejudicados. Como a situação observada por você poderia ter sido evitada? Quais
serão os maiores prejudicados na sua opinião?

2) De acordo com as informações desta unidade, você considera que os recursos hídricos são abundantes no Pla-
neta Terra? Justifique.

3) O que você entende por água subterrânea e qual é a importância desse recurso natural para a humanidade?

4) Como podem ser os depósitos minerais e como a humanidade pode fazer a exploração destes?

5) Qual é a importância dos recursos energéticos para as sociedades atuais? Como podemos contornar os proble-
mas causados pela escassez desses recursos?
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 183

11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, conhecemos os recursos naturais, os recursos hídricos, minerais e ener-
géticos, compreendendo quais são os impactos gerados por essas atividades ao produzirem
energia e bens de consumo para a humanidade.
Vimos que nosso continente é permeado por recursos hídricos, constituindo uma rede de
rios e extensas reservas de água doce, como, por exemplo, as grandes bacias hidrográficas dos
rios São Francisco, Amazonas e Paraná. Essas bacias concentram, particularmente, 83% da água
doce consumida pelos brasileiros e recobre uma área de 72% de todo território nacional.
De acordo com o que estudamos, o abastecimento e a demanda de água estão compro-
metidos, causando enormes danos ambientais e má qualidade da água explorada. Essa situação
está estreitamente relacionada às elevadas taxas de crescimento das grandes capitais e áreas
metropolitanas do país.
Um assunto tão relevante quanto a utilização da água é a exploração dos recursos mine-
rais. Isso porque eles representam o elemento mais utilizado para o desenvolvimento das gran-
des sociedades atuais, tendo como reflexos diretos do seu uso, os recursos minerais utilizados
como matéria-prima geradora das inovações tecnológicas.
Para concluir a Unidade 6, identificamos a crescente necessidade de suprir as demandas
energéticas, utilizando os recursos renováveis e não renováveis.
A crescente exploração desses recursos tornou-se uma grande preocupação por parte dos
órgãos ambientais do nosso país. Há entidades que estão incentivando inúmeras pesquisas para
encontrar formas viáveis e alternativas para a situação energética do país, dentre elas, a questão
da reciclagem e do surgimento do biodiesel.

12. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 1 Distribuição das zonas climáticas do globo em função da abundância e distribuição da água doce no planeta. Disponível
em: <http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/agua_subterranea/agua_doce.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 3 Principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras. Disponível em: <http://www.geografiaparatodos.com.br/img/
infograficos/maiores_bacias_hidrograficas.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.geografiaparatodos.com.br/img/infograficos/brasil_bacias_hidrograficas.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 4 Modelo de contaminação dos aquíferos em regiões costeiras por águas salinas. Disponível em: <http://e-geo.ineti.pt/
geociencias/edicoes_online/diversos/agua_subterranea/imagens/fig10.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 6 Mina a céu aberto, mina subterrânea e garimpo. Disponível em: <http://fotos.sapo.pt/topazio1950/pic/000ecza2>.
Acesso em: 28 out. 2011.
<http://portalamazonia.locaweb.com.br/sites/meioambiente/img/upload/garimpo-grande.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.bemtevibrasil.com.br/expedicao/fotos4/garimpo.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 10 Fontes energéticas: formação do petróleo. Disponível em: <http://www.coppe.ufrj.br/ensino/cursos/coppe_
graduacao/imagens/plataforma2.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/images/1642_petroleo/2164319_1.gif>
<http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/bacia_de_campos/figura7.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 11 Fontes energéticas: formação do carvão. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/imagens/md_
ef_ci/2009-03-10_17/image010.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.thelevisalazer.com/wp-content/uploads/2009/03/strip_coal_mining3.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.

Claretiano - Centro Universitário


184 © Fundamentos de Geologia

Site pesquisado
MINEROPAR. Recursos minerais. Disponível em: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.
php?conteudo=R>. Acesso em: 7 fev. 2012.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CUSTODIO, E.; LLAMAS, R. Hidrologia subterrânea. Barcelona: Omega, 1981.
FEITOSA, F. et al. Hidrogeologia: conceitos e aplicações. Fortaleza: CPRM, 1997.
KELLER, E. A. Environmental Geology. Nova York: Macmillan, 1996.
MARTINS, R. B.; BRITO, O. E. A. História da mineração no Brasil. Edições Artísticas, 1989.
OMETTO, J. G. S. O álcool combustível e o desenvolvimento sustentado. Pic Editorial, 1998.
PRESS, F.; SIEVER, R. Understanding Earth. 2. ed. Nova York: W. H. Freeman, 1998.
SKINNER, B. J.; PORTER, S. C. The Dynamic Earth. Nova York: J. Wiley & Sons, 1995.
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Geologia Regional: Estudo
Aplicado para Levantamentos
Geológicos
7

1. OBJETIVOS
• Conhecer, entender e analisar a composição e a estruturação do substrato geológico de
alguns estados.
• Compreender a análise estratigráfica como importante instrumento para o entendi-
mento das unidades geológicas regionais de cada local.
• Compreender a aplicação das técnicas vistas anteriormente em estudos de casos.

2. CONTEÚDOS
• Aspectos gerais da geologia dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e
Rondônia.
• Levantamentos bibliográficos específicos.
• Enquadramento da área analisada nas estruturas geológicas regionais.
• Estudo de caso – áreas ígneas ou de magmatismo.
• Estudo de caso – áreas metamórficas ou de faixas móveis.
• Estudo de caso – áreas sedimentares (bacias sedimentares).

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se-
guir:
186 © Fundamentos de Geologia

1) É muito importante que você leia outras bibliografias sobre o assunto. Uma dica im-
portante para leitura é buscar informações sobre o seu município junto a órgãos res-
ponsáveis das prefeituras.
2) A riqueza geológica local também é assunto em várias obras, como a Geologia Geral,
de Viktor Leinz e Sérgio Estanislau do Amaral.
3) Para que você tome contato visual com os aspectos geológicos do município de Poços
de Caldas - MG, selecionamos alguns endereços eletrônicos para visita:
• <http://www.cprm.gov.br/Aparados/imagens/p_12_pocos_caldas.jpg>. Acesso
em: 7 fev. 2012.
• <http://www.joiahotel.com.br/pocos_de_caldas/pontos_2.JPG>. Acesso em: 7 fev.
2012.
• <http://360graus.terra.com.br/parapente/images/h_h/h_h_castelo_08.jpg>.
Acesso em: 7 fev. 2012.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta última unidade do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-
gia, você compreenderá de forma prática todo o conteúdo abordado até o momento, funda-
mental para a realização de levantamentos fisiográficos.
Atualmente, um grande número de municípios brasileiros necessita da realização e da pro-
dução de Planos Diretores e Planos de Manejo que norteiem e descrevam todas as atividades
aplicadas ao uso e à ocupação do solo.
Na prática, esses planos atribuem valores conceituais e formas para correção, de forma
sustentável, de pequenos, médios e grandes impactos ambientais presentes nas áreas físicas
desses municípios.
Ao longo de nossos estudos, conheceremos os aspectos gerais relacionados ao substrato
geológico que compõe os estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rondônia.
Posteriormente, serão apresentadas formas de realização de levantamentos bibliográficos
específicos para a iniciação aos estudos aplicados junto à temática geológica. Assim, a metodo-
logia científica será descrita a você de forma aplicada, em estudos direcionados para suas ações
como profissional do meio ambiente.
É importante que você saiba que, para os estudos geológicos, é necessário que sejam
feitas análises minuciosas para a caracterização das principais estruturas geológicas que confi-
guram a base para o entendimento das unidades rochosas presentes.
Portanto, veremos alguns estudos de casos para compreendermos como são estruturadas
as áreas que apresentam seu subsolo enquadrado nas três classes genéticas maiores de rochas:
ígneas, sedimentares ou metamórficas.
Vamos lá?

5. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO


A geologia do estado de São Paulo é representada por rochas magmáticas, metamórficas,
sedimentares e sedimentos recentes. As idades dessas rochas variam desde o período Pré-Cam-
briano, incluindo rochas antiquíssimas, até os períodos Terciários e Quaternários, nos quais se
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 187

formaram as rochas e os sedimentos mais novos.


De acordo com Almeida (1964), a coluna geológica do estado de São Paulo pode ser es-
quematicamente resumida em ordem decrescente de idades:
1) Embasamento Cristalino: rochas arqueanas e proterozoicas (Planalto Cristalino Atlân-
tico).
2) Bacia do Paraná: rochas paleozoicas a cenozoicas.
3) Bacias Terciárias (Cenozoico): Bacia de Taubaté, Bacia de São Paulo e Bacia de Santos.
4) Planície Costeira: sedimentos inconsolidados quaternários.
Observe na Figura 1 o mapa geológico do estado de São Paulo.

Fonte: adaptado de IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas (1981).


Figura 1 Mapa geológico do estado de São Paulo.

Para sua melhor compreensão, acompanhe, a seguir, a descrição de cada item da coluna
geológica do estado de São Paulo.
O Embasamento Cristalino Pré-Cambriano é composto por unidade do Arqueano (> 2.5
G.a.) e do Proterozoico (2.5 G.a. - 0.6 G.a.) com rochas metamórficas e ígneas reunidas em uni-
dades com diferentes associações litológicas, constituindo eventos geológicos distintos, além de
apresentar compartimentação por falhas (UNESP, 2012).
A Bacia do Paraná é constituída por unidades litoestratigráficas (formações), que podem
apresentar denominações e hierarquia distintas, a grande maioria, em relação à sua porção sul.
De acordo com Milani et al. (1994, p. 62-82), ela é composta por:

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188 © Fundamentos de Geologia

1) Grupo Paraná (Devoniano):


a) Formação Furnas – arenitos fluviais e costeiros.
b) Formação Ponta Grossa - folhelhos marinhos.
2) Grupo Tubarão (Carbonífero - Permiano):
a) Subgrupo Itararé - sedimentos continentais e marinhos de constituição variada,
depositados por geleiras ou sob influência glacial (ambientes proglacial ou peri-glacial).
b) Formação Tatuí - arenitos e siltitos marinhos rasos.
c) Grupo Guatá: Formação Rio Bonito e Formação Palermo.
3) Grupo Passa Dois (Permiano):
a) Formação Irati (Membros Taquaral e Assistência) - calcários, siltitos e folhelhos de
plataforma rasa.
b) Formação Corumbataí - lamitos e siltitos, subordinadamente arenitos de ambiente
marinho costeiro.
c) Grupo Estrada Nova: Formação Serra Alta e Formação Teresina.
4) Grupo São Bento:
a) Formação Pirambóia - arenitos eólicos e subordinadamente fluviais (Triássico).
b) Formação Botucatu - arenitos eólicos (Jurássico - Cretáceo inferior).
c) Formação Serra Geral - basaltos (Cretáceo inferior).
5) Grupo Bauru (Cretáceo):
a) Formação Caiuá e Formação Pirapozinho - arenitos fluviais, eólicos e lamitos lacustres.
b) Formação Santo Anastácio - arenitos fluviais.
c) Formação Araçatuba - lamitos e lamitos arenosos lacustres.
d) Formação Adamantina - arenitos e lamitos fluviais.
e) Formação Marília - arenitos imaturos de leques aluviais.
6) Unidades Cenozóicas:
a) Formações Rio Claro (Quaternário/Pleistoceno); Formação Pirassununga; Formação Santa
Rita do Passa Quatro etc.
b) Coberturas indiferenciadas.
7) Bacias Terciárias de Taubaté e São Paulo:
a) Formação Resende: arenitos e arenitos conglomeráticos de leques aluviais (Terciário:
Eoceno - Oligoceno).
b) Formação Tremembé: folhelhos escuros lacustres, com fósseis de peixes e vegetais
(Terciário: Oligoceno).
c) Formação São Paulo: arenitos fluviais (Terciário: final do Oligoceno - início do Mioceno).
d) Formação Itaquaquecetuba: arenitos fluviais (Terciário: Mioceno).
e) Formação Pindamonhangaba: arenitos fluviais (Terciário: final do Mioceno - início do
Plioceno).
f) Formação Pariqueraçu - planície costeira.
8) Bacia de Santos:
a) Início no Neocomiano (Ki), com acumulação de basaltos associada à abertura do Atlântico
Sul.
b) Descobertas recentes de grandes acúmulos de gás.

A Figura 2 apresenta a coluna estratigráfica da Bacia do Paraná.


© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 189

Figura 2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná.

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190 © Fundamentos de Geologia

6. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS


O estado de Minas Gerais apresenta uma diversidade de elementos geológicos e fisiográ-
ficos tão grande que o estudo da sua paisagem se torna sensacional diante de tantos comparti-
mentos e unidades geológicas, correspondendo à composição fisiográfica total.
Em razão dessa variedade de recursos naturais disponibilizados aos seus habitantes, Minas
Gerais destaca-se economicamente no Brasil. O estado localiza-se na região Sudeste do Brasil e
apresenta em seu substrato geológico unidades que variam desde arqueanas até quaternárias.
De acordo com Alkmin et al. (1993), nesse estado predominam conjuntos distintos de
formações sedimentares (Bacia do São Francisco e Bacia do Paraná) ao lado de faixas de dobra-
mentos modernas (metamórficas - Faixa Brasília e Faixa Araçuai) e estruturas cratônicas (Cráton
do São Francisco).
Em relação aos aspectos geomorfológicos, Minas Gerais apresenta uma grande diversi-
dade de domínio e unidade de relevo. Os maiores níveis de altitude excedem 1.200 metros,
formando as altas superfícies de erosão, ou superfícies de aplainamento. Já na porção central
do estado, localiza-se o maior divisor de águas, a Serra do Espinhaço, conduzindo a água tanto
para a Bacia do Rio São Francisco como para o oceano.
Segundo Alkmim e Marshak (1998), outra unidade geológica e geomorfológica lá presente
é o Quadrilátero Ferrífero, que tem a sua evolução morfoestrutural distinta dos demais compar-
timentos geológicos.
O Quadrilátero Ferrífero corresponde ao grande centro da economia mineral do estado de
Minas Gerais, região na qual há uma diversidade de recursos minerais (como o ferro, o alumínio,
o manganês, a prata, o ouro etc.), sendo, por isso, considerada a terceira economia do Brasil,
responsável pela produção e exportação de matéria-prima e derivados do ferro.
De acordo com Almeida (1977), a principal estrutura cratônica em Minas Gerais é o cha-
mado Cráton do São Francisco, representado por complexos granito-gnáissicos de idade arque-
ana e proterozoica.
Conforme relata Dominguez (1993), sobre essa estrutura está assentada a Bacia Bambuí,
representada por rochas sedimentares de caráter marinho e rochas metassedimentares de bai-
xo grau metamórfico. Na margem direita do cráton está a Faixa Móvel Araçuaí, formada por
rochas metamórficas de médio a alto grau, e na margem esquerda encontra-se a Faixa Móvel
Brasília, representada por rochas metamórficas de baixo a médio grau.
Segundo Leinz et al. (1966), nessa região ocorre um relevo predominantemente plano,
porém os vales encaixados provocam depressões e chapadões extensos, o que modifica brusca-
mente a paisagem de uma região para outra.
Nesse tipo de região é comum a presença de grandes chapadões e solos profundos, de-
nunciando os intensos processos de pediplanação climática durante o desenvolvimento das su-
perfícies de aplainamento atuais.
Já a Bacia do Paraná está presente na região sudoeste do estado, conhecida como Triân-
gulo Mineiro. Nela estão presentes extensos e espessos derrames de basaltos recobertos por
sedimentos do Grupo Bauru.
Para uma melhor compreensão, observe a Figura 3, que traz o mapa geológico do estado
de Minas Gerais.
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 191

Figura 3 Mapa geológico do estado de Minas Gerais.

7. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO DISTRITO FEDERAL


De acordo com Fuck (1994, n.p.):
A geologia do Distrito Federal foi recentemente revista e atualizada a partir da confecção de um novo
mapa geológico sem as coberturas de solos. O estado, por estar localizado na porção central da Faixa de
Dobramentos e Cavalgamentos Brasília, na sua transição das porções internas (de maior grau metamór-
fico) e externas (de menor grau metamórfico), apresenta uma estruturação geral bastante complexa
com superexposição de dobramentos com eixos ortogonais.

De acordo com Marini et al. (1981, n.p.), ocorrem


[...] quatro conjuntos litológicos distintos que compõem o contexto geológico regional do Distrito Fe-
deral, os quais incluem os grupos Paranoá, Canastra, Araxá, Bambuí e suas respectivas coberturas de
solos residuais ou coluvionares. Os grupos Paranoá e Canastra apresentam idade Meso/Neoprotero-
zóico (1.300 a 1.100 milhões de anos), e os grupos Araxá e Bambuí idade Neoproterozóica (950 a 750
milhões de anos).

A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre cada um desses grupos. Acompanhe.

Grupo Paranoá
De acordo com Semarh (2012):
O Grupo Paranoá ocupa cerca de 65% da área total do Distrito Federal, sendo possível caracterizar sete
unidades litoestratigráficas correlacionáveis, da base para o topo, com as sequências deposicionais Q2,
S, A, R3, Q3, R4 e PC das áreas-tipo da região de Alto Paraíso de Goiás.

Para que você possa compreender melhor, veja, a seguir, a descrição de cada uma dessas
unidades litoestratigráficas:
A Unidade Q2 é definida por quartzitos médios com canais conglomeráticos no topo da seqüência.
Esta unidade ocorre de maneira restrita na porção leste do Domo Estrutural do Pipiripau (Chapada do
Pipiripau).

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192 © Fundamentos de Geologia

A Unidade S, no Distrito Federal, é composta por metassiltitos maciços e metarritmitos arenosos em


direção ao topo da sequência. Localmente, podem ocorrer camadas de quartzitos estratificados e mais
raramente são observados, em poços, lentes de metacalcário micrítico cinza. Essa unidade aflora de
forma restrita em janelas estruturais no interior do Domo Estrutural de Brasília (região da Depressão
do Paranoá).
A Unidade A, das ardósias, é constituída por um expressivo conjunto de ardósias roxas, homogêneas,
dobradas, com forte clivagem ardosiana e com ocasionais lentes irregulares de quartzitos que ocu-
pam variadas posições estratigráficas. As ardósias são cinza-escuras, quando frescas, e intensamente
fraturadas em afloramentos. O acamamento primário é a única estrutura sedimentar observada em
afloramentos.
Os metarritmitos da Unidade R3 são caracterizados por intercalações irregulares de quartzitos finos,
brancos e laminados com camadas de metassiltitos, metalamitos e metassiltitos argilosos com cores
cinza-escuras quando frescos, que passam para tons de rosados a avermelhados quando próximos à
superfície. Além do acamamento, podem ser observadas estratificações do tipo simoidais, hummockys
e marcas onduladas.
A Unidade Q3, é composta por quartzitos de finos a médios, brancos ou rosados, silicificados e intensa-
mente fraturados. Apresentam estratificações cruzadas variadas e, mais raramente, marcas onduladas.
Sustentam o relevo de chapadas elevadas em cotas superiores a 1200 metros. Sobrepondo a Unidade
Q3, ocorrem os metarritmitos argilosos da Unidade R4. Estes são constituídos por intercalações regula-
res de quartzitos e metapelitos, com espessuras bastante regulares, de 1 a 3 centímetros. Raramente
são discriminados pacotes decimétricos de metassiltitos maciços.
Como última unidade litoestratigráfica, destaca-se, no topo do Grupo Paranoá, a [Unidade PC] com-
posta por lentes de metacalcários, camadas e lentes de quartzitos pretos e grossos interdigitados com
metassiltitos e metargilitos com cores amareladas, que passam a tons rosados quando alterados (SE-
MARH, 2012, grifos nossos).

Grupo Canastra
Segundo o Semarh (2012):
O Grupo Canastra ocupa cerca de 15% da área total do Distrito Federal, distribuído pelos vales dos rios
São Bartolomeu (na porção central do DF) e Maranhão (na porção Centro-Norte do DF). É constituído,
essencialmente, por filitos variados, os quais incluem clorita filitos, quartzo-fengita filitos e clorita-car-
bonato filitos. Além dos filitos, ocorrem subordinadamente, na forma de lentes decamétricas, már-
mores finos cinza-claros e quartzitos finos silicificados e cataclasados. Na região do DF estes filitos são
correlacionáveis às formações Serra do Landim e Paracatu.

Grupo Araxá
O Grupo Araxá está limitado ao Sudoeste do Distrito Federal, ocupando apenas 5% da área total do
território. É composto por xistos variados com ampla predominância de muscovita xistos e ocorrências
restritas de clorita xistos, quartzo-muscovita xistos, granada xistos e lentes de quartzitos micáceos (SE-
MARH, 2012).

Grupo Bambuí
Ainda de acordo com o Semarh (2012):
[Distribuído] por cerca de 15% da área total do DF, [o Grupo Bambuí é] observado na porção Leste, ao
longo do Vale do Rio Preto. É composto por metassiltitos laminados, metassiltitos argilosos e bancos de
arcóseos, com cor de alteração rosada/avermelhada e com cor de rocha fresca em vários tons de verde.
Esse conjunto litoestratigráfico corresponde às formações Serra da Saudade e Três Marias, do topo do
Grupo Bambuí.

Para facilitar sua compreensão, observe as Figuras 4 e 5. Elas apresentam, respectivamen-


te, o mapa geológico do Distrito Federal e a coluna estratigráfica do Distrito Federal.
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 193

Figura 4 Mapa geológico do Distrito Federal.

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194 © Fundamentos de Geologia

Figura 5 Coluna estratigráfica das unidades geológicas do Distrito Federal.

8. ASPECTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DE RONDÔNIA


De acordo com Sato e Tassinari (1996) e Geraldes (1999), o estado de Rondônia está locali-
zado a oeste da região conhecida como Província Tapajós, também denominada de subprovíncia
Madeira.
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 195

A extensa região que inclui o estado de Rondônia, parte do Mato Grosso e Amazonas,
adentrando em território boliviano, recebeu designações usuais de "Faixa Móvel Rondoniense",
"Cinturão Móvel Rio Negro-Juruena", "Cinturão Móvel Rondoniano", "Terreno Granito-Greens-
tone de Rondônia", "Cinturão Móvel Sunsas", "Província Colisional Rio Negro-Juruena", entre
outros.
Agora, acompanhe a coluna estratigráfica do estado de Rondônia, na qual são evidencia-
das suas principais estruturas geológicas, segundo Sato e Tassinari (1996, n.p.):
1) CENOZÓICO - COBERTURAS CENOZÓICAS:
a) Depósitos Aluvionares de Canais Fluviais e de Planícies de Inundação (QH) e Cobertura Sedimentar
Indiferenciada (TQ).
2) MESOZÓICO - BACIA DOS PARECIS:
a) Formação Parecis.
b) Formação Anari.
3) PALEOZÓICO:
a) Formação Fazenda da Casa Branca.
b) Formação Pimenta Bueno.
c) Formação Cacoal.
4) BACIA DE RONDÔNIA:
a) Formação Prosperança.
b) Formação Palmeiral.
5) NEOPROTEROZÓICO:
a) Younger Granites de Rondônia +/-1,08 Ga.
b) Suíte Ígnea Costa Marques +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
c) Formação Nova Floresta +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
6) FAIXA OROGÊNICA POLICÍCLICA GUAPORÉ:
a) Suíte Intrusiva Santa Clara +/-1,052 a +/-1,0 Ga.
b) Suíte Granítica Rio Pardo +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
7) MESOPROTEROZÓICO:
a) Suíte Intrusiva Básico - Ultrabásica Cacoal +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
b) Formação Mutum-Paraná +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
c) Sequência Metavulcano-Sedimentar Nova Brasilândia +/-1,4 a+/-1,0Ga.
d) Suíte Intrusiva São Lourenço-Caripunas +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
e) Suíte Intrusiva Alto Candeias +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
f) Suíte Intrusiva Teotônio +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
g) Suíte Intrusiva Santo Antônio +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
h) Grupo Beneficente +/-1,6 a +/-1,4 Ga.
i) Suíte Intrusiva Serra da Providência +/-1,6 a +/-1,4 Ga.
j) Suíte Vulcânica Roosevelt +/-1,6 a +/-1,4 Ga.

8) PALEOPROTEROZÓICO/MESOPROTEROZÓICO:
a) Complexo Santa Luzia +/-2,3 a +/-1,6 Ga.
b) Complexos Jamari e Jaru +/-2,3 a +/-1,6 Ga.

Veja na Figura 6 o mapa geológico do estado de Rondônia.

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196 © Fundamentos de Geologia

Figura 6 Mapa geológico do estado de Rondônia.

9. LEVANTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS
Em qualquer estudo, seja acadêmico, seja aplicado, o início das atividades se dá pela
realização do levantamento bibliográfico, pois, mediante a pesquisa, você buscará as obras
consideradas referenciais.
Assim, nesse tópico abordaremos temas que o nortearão na criação da base conceitual
para a sua familiarização com o tema estudado e, também, como suporte teórico no momento
de confecção de relatórios e pesquisas em geral.

Procedimentos para realização da pesquisa


Serão necessárias visitas a bibliotecas diversas, pois nelas você encontrará materiais úteis
ao seu entendimento, como livros, revistas, periódicos, documentos e materiais multimídias.
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 197

Para um estudo aplicado, como, por exemplo, a realização de um levantamento fisiográ-


fico de uma determinada região, que servirá como parte de um Plano Diretor, você terá de
buscar informações e materiais em secretarias municipais de planejamento, de obras e do meio
ambiente.
Vale destacar que Plano Diretor é o planejamento de caráter sócio-econômico-cultural-
-ambiental necessário para todos os municípios para justificar suas formas de ocupação e uso
do solo.
Muitos materiais de grande valia para a sua pesquisa, como os produtos cartográficos
(mapas), as fotografias aéreas e a documentação geral, considerados patrimônio do município
na forma de trabalhos científicos produzidos por autores diversos, são disponibilizados para a
administração vigente, que os disponibiliza para pesquisas públicas.
Casas da agricultura, agências de turismo e faculdades locais também dispõem de mate-
riais para a busca de informações e de documentos necessários à sua pesquisa. Portanto, não
deixe de procurar as informações nos locais certos, pois essa etapa de trabalho marca o início de
sua pesquisa ou de seu planejamento.
Um fator importante em qualquer estudo na escala ambiental é que você, como futuro
profissional do meio ambiente, faça, também, trabalhos de campo. Essas atividades, apesar de
tomarem um grande tempo de realização, enriquecerão o seu trabalho.
Seja um profissional curioso! Estabeleça metas de trabalho, faça contatos com dirigentes
ou secretários antes da visita aos estabelecimentos, pois eles poderão facilitar sua busca às in-
formações diretas. Durante a realização do levantamento bibliográfico, planeje e organize seus
trabalhos de campo, pois esta será a próxima etapa da atividade aplicada ao meio ambiente.
Uma dica importante é que você verifique as localidades, tais como vilarejos, fazendas,
reservas, parques etc., e estabeleça contatos anteriormente. Informe sua passagem pelo local
em data predeterminada, pois muitas informações e curiosidades a respeito dos aspectos geoló-
gicos, vegetativos, faunísticos e de relevo da região estudada são provindas de moradores locais
que, por meio de seus relatos, facilitam a sua busca pelos dados procurados.
Outro fator importante é a organização de seus arquivos pessoais no formato digital. Essa
tarefa facilitará o manuseio no momento de finalização e o ordenamento de utilização durante
o desenvolvimento da pesquisa.

10. ENQUADRAMENTO DE ÁREAS EM ESTRUTURAS GEOLÓGICAS REGIONAIS


Na realização de estudos geológicos, é necessário que você, antes de iniciar os trabalhos
de campo ou pesquisas de detalhes, procure situar a área que será analisada nas chamadas
estruturas geológicas regionais.
Para que você compreenda como iniciar uma pesquisa de forma correta, acompanhe a
seguir um exemplo prático.
A prefeitura do Município de Batatais, localizado na região nordeste do estado de São
Paulo, solicitou a um profissional do meio ambiente uma pesquisa para a realização de um estudo
fisiográfico de caracterização dos elementos de relevo, de aspectos geológicos e pedológicos em
geral e, também, para a caracterização dos elementos vegetativos presentes na área física do
município.

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198 © Fundamentos de Geologia

O profissional contratado é natural do estado de Goiás e não conhece os elementos geo-


lógicos regionais nem os domínios físicos de superfície. Ele iniciou o estudo realizando o levan-
tamento bibliográfico.
Após essa primeira etapa, encontrou informações referentes a estudos anteriores e veri-
ficou que o Município de Batatais está inserido nos domínios da borda nordeste da Bacia Sedi-
mentar do Paraná. Ou seja, nessa região o empilhamento das rochas presentes compreende os
domínios do Mesozoico até as formações quaternárias.
Em meio a esse conjunto de rochas sedimentares estão presentes extensos e espessos
derrames de rochas vulcânicas associadas ao vulcanismo que assolou a Bacia do Paraná no final
do Cretáceo.
Com as descobertas foi possível que o profissional direcionasse suas ações em trabalhos
de campo, compreendendo o tipo do substrato geológico e os consequentes elementos deriva-
dos desse conjunto rochoso, tais como as formas de relevo típicas de áreas sedimentares com
traços de vulcanismo.
A partir desses dados, o estudo foi dinâmico, com a realização dos trabalhos de campo de
forma rápida e bastante eficiente, e a busca de informações em campo de forma direta a esse
tipo de estrutura geológica regional.
Portanto, preliminarmente a qualquer estudo fisiográfico, no qual são necessários os tra-
balhos de campo, é imprescindível situar sua área de estudo às estruturas geológicas regionais.
Isso facilita sua realização.

11. ESTUDO DE CASO – ÁREAS ÍGNEAS OU DE MAGMATISMO


Mediante um noticiário publicado pelo Jornal da Cidade de Poços de Caldas - MG (2004, 1.
ed., n. 158), foi lançada para a população local uma pesquisa acerca do potencial geológico do
município. As informações apontavam que a estância poderia servir de base para a criação do
chamado turismo geológico.
Para que possamos compreender melhor o fundamento dessa pesquisa, vejamos, a seguir,
algumas informações sobre a região de Poços de Caldas, situada em uma área de ocorrência de
rochas ígneas ou de magmatismo.

Turismo: riqueza geológica é pouco explorada pelo município de Poços de Caldas


De acordo com Zalán et al. (1990), a importância do município no contexto geológico é
muito mais relevante e abrangente e, se bem explorado, pode atrair centenas de turistas e ala-
vancar o setor.
Apesar de o município ser um dos locais mais importantes do mundo, em aspectos ge-
ológicos, esse potencial nunca despertou maiores atenções por parte do setor turístico local,
que poderia desfrutar do “turismo geológico” como forma de tentar atrair mais visitantes para
a estância.
Estudos revelam que a atual cidade de Poços de Caldas foi, há muito tempo, um vulcão
ativo que acabou extinto, o que resultou na formação de uma caldeira de 30 quilômetros de
diâmetro. A eliminação desse volume provoca uma deficiência de massa no interior, que poderá
ser compensada pelo colapso das partes exteriores.
Segundo Björnberg (1971), formaram-se zonas de fraturamento e de abatimento de con-
formação circular, as chamadas caldeiras. Uma evolução hipotética do vulcanismo local mostra
© U7 - Geologia Regional: Estudo Aplicado para Levantamentos Geológicos 199

que o colapso da parte central determinou a formação da imensa caldeira, considerada a maior
do mundo.
Atualmente, restam apenas as elevações laterais formadas por rochas consolidadas em
profundidade, que deveriam fazer parte da câmara magmática dos vulcões que circundavam a
caldeira.
A riqueza geológica local também é assunto em várias obras, como Geologia Geral, de
Viktor Leinz e Sérgio Estanislau do Amaral.
Na escala geológica do tempo, a estância enquadra-se entre os maciços alcalinos que, ape-
sar de apresentarem idades diferentes entre si e certa heterogeneidade, pertencem ao mesmo
período. Estima-se que os maciços tenham entre 60 e 80 milhões de ano, ou seja, estão classifi-
cados no final da era mesozoica e início da cenozoica.

12. ESTUDO DE CASO – ÁREAS METAMÓRFICAS OU DE FAIXAS MÓVEIS


Segundo Drake Júnior (1980), o município de Caldas Novas, no sudeste do estado de Goiás,
está inserido numa região de rochas metamórficas e apresenta um potencial turístico bastante
expressivo em virtude da ação de águas termais presentes nesses domínios de faixas móveis.
No sudeste de Goiás, a região das águas termais constitui uma das maiores ocorrências de
águas quentes sem vinculação com vulcanismo ou outro tipo de magmatismo. São originadas a
partir das águas de chuvas que penetram no solo e nas rochas fraturadas, alcançando profundi-
dades superiores a 1000 metros e atingindo temperaturas em torno de 500 C quando aquecidas
pelo aumento do grau geotérmico em profundidade. Depois, retornam à superfície por meio do
solo e das rochas fraturadas. As águas surgem no Rio Quente e na Lagoa de Pirapitinga.
A região de Caldas Novas apresenta-se no cinturão dobrado Araxá, enquadrado na Faixa
de dobramentos Brasília, situada a oeste do Cráton do São Francisco, e encontra-se em uma área
de extrema complexidade estratigráfica (LACERDA FILHO; OLIVEIRA, 1994).
A avaliação da composição química das águas, dos tipos de rochas, do padrão de relevo e
dos sistemas de fluxo subterrâneo permite distinguir três sistemas aquíferos na região: Aquífero
Intergranular, Sistema Aquífero Araxá e Sistema Aquífero Paranoá.
Drake Júnior (1980) sugere que a Serra de Caldas seria uma janela na qual são colocadas
rochas de baixo grau metamórfico, inferior a rochas de médio a alto grau metamórfico, sob o
ponto de vista estratigráfico. Com isso, podemos constatar como é o comportamento tectônico
da Faixa Brasília sob o ângulo de uma tectônica cavalgante, com forte vergência em direção ao
Cráton do São Francisco.
Nessa região também estão presentes as rochas do Grupo Paranoá, caracterizadas por
uma sequência deposicional em ambiente marinho, agrupadas em quatro ciclos sedimentares
– os dois primeiros transgressivos, um intermediário regressivo e o último, novamente, trans-
gressivo –, no qual estão presentes rochas que variam desde metarenitos até ardósias e filitos
(FARIA; DARDENNE, 1995).

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200 © Fundamentos de Geologia

13. ESTUDO DE CASO – ÁREAS SEDIMENTARES OU DE BACIAS


O Município de Altinópolis, localizado no extremo nordeste do estado de São Paulo, está
inserido nos domínios da Bacia Sedimentar do Paraná, apresentando enorme potencial ecotu-
rístico, de acordo com Soares et al. (1973).
Segundo Bacellar (1999), o município surgiu devido à crescente movimentação do ciclo do
ouro nas Minas Gerais, que foi se exaurindo e forçando os garimpeiros a deslocarem-se em di-
reção aos sertões do atual estado de Goiás, um novo foco de exploração de elementos minerais
preciosos.
Ainda conforme Bacellar (1999), o município apresenta uma ampla malha hidrográfica,
com inúmeras nascentes e córregos que deságuam nos rios Pardo e Sapucaí-Mirim.
Essa malha está inserida na província geomorfológica das Cuestas Basáltica. Ela apresenta
unidades de relevo que variam desde níveis colinosos, passando pelas regiões intermediárias de
escarpas, até níveis planálticos de altitude, com a presença de inúmeros morros testemunhos.
Com relação aos aspectos climatológicos, Monbeig (1984) definiu claramente a ação de
três sistemas atmosféricos principais: o Tropical Atlântico (Ta), o Polar Atlântico (Pa) e o Equato-
rial Continental (Ec).
Altinópolis encontra-se numa área de transição entre dois tipos de vegetação: a região da
floresta estacional semidecidual e a região da savana, mas conhecida no Brasil pelo nome de
“cerrado” (PROJETO RADAMBRASIL, 1983).
As unidades geológicas presentes enquadram-se nos domínios do Mesozoico, represen-
tado pelo Grupo São Bento, pela Formação Itaqueri, e pelo Cenozoico por meio dos depósitos
terciários e quaternários indiferenciados.
A estrutura da região corresponde a um grande homoclinal, com o mergulho das forma-
ções sedimentares para noroeste afetado por falhas normais e transcorrentes.
Ocorre, nessa região, uma enorme diversidade de atrativos, ou seja, morfoestruturas na-
turais que configuram a prática do Geoturismo. As belezas naturais da região são representadas
por:
1) Trinta cachoeiras presentes na região da bacia do rio Sapucaí-Mirim, tendo sua gênese
marcada pelo contato entre as formações Botucatu e Serra Geral.
2) Dezenove trechos de corredeiras ao longo dos principais rios em razão das rochas
intrusivas básicas.
3) Treze cavidades naturais na forma de grutas no sopé das cuestas geradas na formação
Botucatu.
4) Nove morros testemunhos.
5) Três áreas modelo de cuestas para a prática de rapel e escaladas.
Atualmente, são produzidos inúmeros trabalhos científicos e pesquisas aplicadas na ten-
tativa de conciliar a ciência geológica à atividade turística.
Altinópolis está entre os diversos municípios brasileiros que foram alvos dessa proposta
de estudo que visa à introdução do Geoturismo como alternativa econômica e, acima de tudo,
responsável ambientalmente para suprir as demandas turísticas regionais.
Observe na Figura 7 os aspectos fisiográficos do Município de Altinópolis.
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Figura 7 Aspectos geológicos e ecoturísticos do Município de Altinópolis - SP.

14. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS


Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta
unidade:
1) De acordo com o que você estudou nesta unidade, busque entender quais são os aspectos geológicos mais
importantes da região em que você vive.

2) As rochas que afloram na região onde você mora são sedimentares, metamórficas ou magmáticas? Quais moti-
vos o levaram às suas conclusões?

15. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Após a realização dessa viagem geológica pelo tempo da Terra, estamos concluindo nossos
estudos do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geologia.
No decorrer do aprendizado, foram apresentados os processos, os elementos e os agentes
geológicos associados às dinâmicas internas e externas do planeta.
O conhecimento em relação à movimentação do sistema, associado às placas tectônicas
e aos elementos deformativos, como as dobras e as falhas, foram de fundamental importância
para a compreensão da principal teoria que explica a dinâmica terrestre em termos tectônicos,
a Teoria da Tectônica de Placas.
Você compreendeu, também, a dinâmica e a influência direta da água como principal
agente intempérico modificador da paisagem e como um bem natural de extrema necessidade
para a espécie humana. A formação do solo e o entendimento a respeito de sua gênese concluem

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202 © Fundamentos de Geologia

a apresentação dos produtos geológicos gerados por essas dinâmicas e a compreensão da


aplicabilidade na produção de culturas agrícolas.
Devido às enormes catástrofes ambientais ocorridas, na atualidade, por todo o globo
terrestre, a necessidade e a procura por profissionais especializados nos processos físicos do
planeta têm aumentado grandiosamente. Daí a importância de concluirmos nossos estudos
geológicos conhecendo, de maneira geral, a aplicabilidade de todos esses elementos, processos
e agentes geológicos associados às causas e aos danos atribuídos ao meio ambiente.
Por fim, tivemos contato com estudos de casos associados às três classes genéticas de
rochas, pois todas as regiões do globo terrestre estão assentadas em uma dessas três ocorrências:
áreas ígneas, áreas metamórficas e áreas sedimentares.
Portanto, é fundamental que você tente associar os processos geológicos e busque um
ponto de partida para interpretar os elementos de acordo com o conhecimento adquirido ao
longo desse estudo.
Assim, seu entendimento contribuirá de forma marcante com a sociedade em que vivemos.

16. E-REFERÊNCIAS

Lista de figuras
Figura 2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/coluna/images/coluna2.jpg>.
Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 3 Mapa Geológico do estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.transportes.mg.gov.br/proacesso/RAAEP_
revisado_29ago05/7b_Cap_4_4_1_2_Revisado.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2008.
Figura 4 Mapa Geológico do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/cap03/
imgs/12.gif>. Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 5 Coluna estratigráfica das unidades geológicas do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/
semarh/site/lagoparanoa/cap03/imgs/13.gif>. Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 6 Mapa Geológico do estado de Rondônia. Disponível em: <ftp://ftp.cprm.gov.br/pub/pdf/rondonia/rondonia_geoestado.
pdf>. Acesso em: 30 out. 2011.

Sites pesquisados
UNESP. Geologia do estado de São Paulo - estudo da composição litoestratigráfica e sua origem. Disponível em: <http://www.
rc.unesp.br/igce/aplicada/DIDATICOS/M%20RITA/aula14r.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2012.
SEMARH. Contexto geológico do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/
cap03/04.htm>. Acesso em: 6 fev. 2012.

17. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ALMEIDA, F. F. M. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências, 7(4), p. 349-364, 1977.
_____. Fundamentos geológicos do relevo paulista. Bol. Inst. Geogr. Geol. São Paulo, 1964. v. 41.
DOMINGUEZ, J. M. L.; MISI, A. O Cráton do São Francisco. Salvador: SBG BA-SE/SGM/CNPq, 1993.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Mapa Geológico do estado de São Paulo. São Paulo: 1981.
v. 2
LEINZ, V. et al. Sobre o comportamento espacial do trapp basáltico da bacia do Paraná. Bol. Soc. Bras. Geol., 1966.
MILANI, E. L.; FRANÇA, A. B.; SCHNEIDER, R. L. Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobrás, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1,
p. 62-82, 1994.
MOMBEIG, P. A divisão regional do estado de São Paulo. In: Assoc. Geogr. Brasil. São Paulo: s.n., 1984. v. 1.
SOARES, P. C. et al. Geologia do nordeste do estado de São Paulo. In: Congresso Brasileiro de Geologia, n. 27, 1973, Aracajú, v.
1, 1973.

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