Meu nome é Clayton Ricardo Janoni, sou Geólogo bacharel em Geologia pelo Instituto
de Geociências e Ciências Exatas de Rio Claro-SP da Universidade Estadual Paulista –
UNESP e mestre em Geologia Regional pela mesma universidade. Atualmente, sou
professor efetivo do Instituto Federal do Espírito Santo - IFES, atuando no ensino,
pesquisa e extensão nas áreas de Geologia, Engenharia de Minas e Mineração.
e-mail: claytonjanoni@hotmail.com
FUNDAMENTOS DE GEOLOGIA
Batatais
Claretiano
2013
© Ação Educacional Claretiana, 2010 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
551 J36f
CDD 551
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e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Você iniciará o estudo do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-
gia. O seu conteúdo está dividido em sete unidades, que serão, resumidamente, apresentadas
a seguir.
Na Unidade 1, serão abordados os conceitos iniciais da Ciência Geológica, as áreas que
compõem esta ciência, tanto teóricas como aplicadas, as terminologias necessárias para um
maior entendimento a respeito das dinâmicas internas e externas associadas ao nosso planeta,
assim como toda a magnitude do Tempo Geológico e a atual composição e estruturação do glo-
bo terrestre.
A Unidade 2 será uma das mais importantes unidades deste material, pois nela serão
apresentados a você os elementos constituintes da crosta terrestre - minerais e rochas. Você
conhecerá as mais importantes classes de minerais que configuram a composição das três clas-
ses genéticas de rochas: rochas ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas. Além disso,
identificaremos todos os processos geológicos gerais, formadores dessas rochas, que configu-
ram a crosta terrestre e a sua integração final no chamado ciclo das rochas.
Na Unidade 3, você identificará os elementos deformacionais da crosta terrestre, ou seja,
aqueles que modificam e estruturam a crosta terrestre: as dobras e as falhas e, consequente-
mente, a mais importante teoria geológica que explica a movimentação e o dinamismo do pla-
neta Terra - a Teoria da Tectônica de Placas.
8 © Fundamentos de Geologia
Já na Unidade 4, será abordado o maior bem natural que existe em nosso planeta - a água,
relacionando-a com o Ciclo Hidrológico. Você conhecerá, também, o conceito de intemperismo,
muito importante para nós que vivemos em terras tropicais. O entendimento do intemperismo
nos direcionará ao estudo integrado da Pedologia - a ciência que estuda e classifica a formação
de todos os tipos de solos que compõem a superfície terrestre.
Na Unidade 5, você compreenderá os processos da dinâmica externa do planeta e a sua
relação com os ambientes geológicos. Conhecerá toda a dinâmica geológica de formação dos
ambientes: fluvial, glacial, desértico, costeiro e de fundo oceânico e, por fim, serão apresenta-
dos os conceitos iniciais da Geomorfologia e da Neotectônica, e a influência que exercem na
estruturação dos ambientes geológicos e, especialmente, no relevo terrestre.
Na Unidade 6, você estudará os principais conceitos geológicos e geopolíticos relaciona-
dos aos recursos hídricos, minerais e energéticos, como introdução ao grande estudo dos Recur-
sos Naturais, assim como os impactos ambientais causados na exploração destes.
Por meio dos estudos da Unidade 7, você poderá conhecer os aspectos geológicos regio-
nais (composição e estruturação) de algumas localidades, bem como as técnicas necessárias
para a realização de levantamentos geológicos (mapeamentos de áreas), e, por fim, realizare-
mos o estudo de caso de alguns municípios brasileiros, analisando os aspectos geológicos do
subsolo como suporte para diversas atividades economicamente exploráveis.
Bons estudos!
Abordagem Geral
Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe-
rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo
de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada
unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá-
rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul-
tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva,
ética e responsabilidade social.
A Geomorfologia e outras disciplinas estão relacionadas à Geografia Física e ao Meio Am-
biente. A Geologia é muito importante no aprendizado interdisciplinar de estudantes e profis-
sionais das ciências ambientais. Na atualidade, a busca e o entendimento relacionado aos pro-
cessos físicos e aos elementos que constituem o nosso planeta - A Terra, se fazem necessários e
imediatos frente às constantes modificações e degradações que a natureza vem sofrendo.
A Geologia como ciência tenta entender a história geral do planeta Terra, desde o momen-
to em que se formarão as rochas até os presentes dias. Em termos mais expressivos, podemos
definir a Geologia como sendo a ciência que aborda a história evolutiva do Planeta Terra, como
também sua origem, composição, estrutura, além dos fenômenos naturais ocorridos durante os
diversos períodos e eras que compõem o tempo geológico.
O planeta Terra já mudou muitas vezes ao longo de sua história. Continentes nem sempre estiveram
onde estão hoje, mares se formaram e secaram, formas de vida diversas surgiram e desapareceram. As
pistas deixadas pela natureza possibilitam que o homem procure, aos poucos, desvendar essa história.
Vestígios encontrados são como peças de um grande quebra-cabeça, que aos poucos vão se encaixando
e desvendando enigmas (JORNAL DA CIÊNCIA, 2007).
© Caderno de Referência de Conteúdo 9
Este é o papel do geólogo para as sociedades atuais: buscar pistas e desvendar a história
de nosso planeta, além de contribuir significativamente na busca de soluções e correções para
os problemas ambientais.
Da mesma forma do papel aplicado da ciência geológica, a educação profissional de es-
tudantes de diversas áreas, tais como, a Geografia, a Biologia, o Turismo, a Agronomia, enfim,
áreas que se integram na busca de soluções aplicadas ao meio ambiente, também é papel e
compromisso da Geologia. Observe esta inter-relação na Figura 1.
Figura 1.
As dobras (Figura 3) são deformações de caráter dúctil que ocorrem nas rochas devido a
esforços compressivos das porções crustais, conhecidas como placas tectônicas.
Já as falhas (Figura 4) são deformações de caráter rúptil que geram a quebra de porções
continentais, o desnivelamento das estruturas e a formação de elementos geomorfológicos (de
relevo) na superfície terrestre.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13
Pode-se notar que a ação geológica da água se dá tanto em superfície como em subsuper-
fície, formando os chamados aquíferos, que são reservatórios naturais de água junto às forma-
ções rochosas.
Outro conceito bastante importante para o estudo é o intemperismo, pois este corres-
ponde à ação geológica conjunta da água, do vento, do clima, do relevo, da fauna e da flora que
proporciona os processos de alteração química e física dos constituintes da crosta terrestre, os
minerais e rochas, formando os diversos solos presentes na superfície terrestre.
O solo, formado pela ação do intemperismo, corresponde à última camada formadora da
crosta terrestre, sendo de caráter inconsolidado, e é resultante das rochas que foram decom-
postas para a sua formação. Além disso, o solo é constituído por estruturas responsáveis sendo
diagnósticas em sua classificação.
Dessa forma, os processos geológicos relacionados à formação do solo recebem o nome
de Pedogênese, e a ciência responsável pelo estudo, análise e classificação dos solos é chamada
de Pedologia.
Como você pode observar, são várias definições que exigirão de você interpretação dos
conceitos geológicos, químicos e físicos relacionados à dinâmica da água na superfície e subsu-
perfície terrestre, da mesma forma que a Pedologia requer o desenvolvimento de uma memória
fotográfica bastante expressiva de sua parte, no ato de caracterização dos diversos tipos de so-
los, para futuras classificações em estudos ambientais aplicados.
De acordo com a Ceplac (2012): “A conservação do solo e da água melhora o rendimento
das culturas e garante um ambiente mais saudável e produtivo, para a atual e as futuras gera-
ções”.
Ambientes geológicos
De certa forma, todos os conceitos apresentados até o momento se inter-relacionam com
a formação, a composição, a morfologia e os demais aspectos dos ambientes geológicos da su-
perfície terrestre.
Conceitualmente, nosso principal objetivo será introduzir uma série de aspectos relacio-
nados à Geomorfologia, ciência responsável pelo estudo e evolução do relevo terrestre; bem
como os conceitos relacionados à Neotectônica, segmento da Geotectônica responsável pelo
estudo das estruturas geológicas envolvidas na formação do relevo.
O ambiente fluvial e aluvial associados serão os primeiros ambientes a serem discutidos,
pois os rios correspondem aos principais agentes modificadores e transformadores das paisa-
gens terrestres (Figura 6), agindo intensamente no modelamento do relevo. Além disso, apre-
sentam grande importância para a vida humana, uma vez que o homem se utiliza dos rios ou de
seus produtos para sua sobrevivência.
Em meados da era Cenozoica, o planeta enfrentou diversas fases glaciais, com temperatu-
ras muito baixas, alternado com fases interglaciais (fases de superaquecimento global).
Ambiente eólico
Você conhecerá, também, o ambiente eólico, ou ambiente dominado por ventos. Ele está
associado à ação eólica agindo no modelamento do relevo, e está relacionado à movimentação
das massas de ar no deslocamento de partículas (sedimentos) pelo ar.
A formação do deserto (Figura 8) é o produto mais característico da ação do ambiente eó-
lico, pois a formação de mares de areia e consequente formação de dunas são produtos da ação
dos ventos agindo na movimentação de partículas.
Figura 8 Desertos.
Ao contrário dos rios, os ventos são agentes menos efetivos no modelamento do relevo.
Ambientes costeiros
A dinâmica evolutiva dos ambientes costeiros (Figura 9), por sua vez, está associada à ação
do mar, na interface oceano-continente. Em função disso, surgem as praias e outras feições
morfológicas, tais como as baias, os cabos etc. Você estudará, também, a ação das correntes da
maré, responsáveis por muitos processos formadores e modificadores da linha costeira.
Ambientes geológicos
Por fim, em relação aos ambientes geológicos que dominam a superfície terrestre, vamos
conhecer o ambiente de fundo oceânico, que, embora pouco explorado, apresenta certa impor-
tância na dinâmica externa do planeta, pelo fato de conter uma série de estruturas geológicas
formadas e associadas à movimentação das placas tectônicas, tais como a Cadeia Meso-Atlânti-
ca e uma série de ilhas e vulcões submarinos.
Os fundos oceânicos são estruturados por diversos outros ambientes menores, em escalas
diversas.
Nesse momento, já foram apresentados os processos e fatores que configuram as dinâmi-
cas internas e externas do planeta Terra, além dos aspectos gerais da ciência geomorfológica,
julgando que o entendimento integrado da evolução e formação dos ambientes geológicos seja
pré-requisito para o entendimento das formas de relevo, resultantes de tudo isso.
Após conhecer os processo e elementos gerados pelas dinâmicas interna e externa do
planeta Terra, você continuará discutindo em torno de uma questão bastante polêmica que vem
assustando uma série de nações por todo mundo, inclusive o Brasil - os recursos naturais.
A palavra “recurso” significa algo a que se possa recorrer para a obtenção de alguma coisa.
O homem recorre aos recursos naturais, isto é, aqueles que estão na Natureza, para satisfazer
suas necessidades.
No sistema-Terra ocorre uma constante troca de recursos naturais entre os seres vivos.
Contudo, os recursos naturais, após serem utilizados, podem ser renováveis, isto é, voltar a se-
rem disponíveis, ou não renováveis, isto é, nunca mais ficar disponíveis (GPCA, 2012).
A flora e a fauna são exemplos de recursos naturais renováveis. Já os minerais, como, por
exemplo, o minério de ferro e o petróleo, são classificados como recursos naturais não renová-
veis, pois, após seu uso, um dia, irão se esgotar no Planeta (GPCA, 2012).
Neste contexto, de acordo com GPCA (2012):
Conservar os recursos naturais implica em usá-los de forma econômica e racional para que, os renová-
veis não se extingam por mau uso e os não renováveis não se extingam rapidamente. Desde que, num
plano de manejo adequado, exista e se previna a ação antrópica (do homem) nociva, [a maior existência
dos] recursos naturais renováveis podem, teoricamente, acontecer.
Desde que se recicle convenientemente o recurso natural não renovável, a economia advinda possibili-
tará a dilatação do prazo de existência desse recurso na natureza.
Vale ressaltar que os bens minerais podem ser utilizados em seu estado bruto ou então
após passar pelos mais variados processos industriais, desde simples moagem, até transforma-
ções mais complexas (IGC, 2012).
Os combustíveis fósseis (petróleo – Figura 12, carvão – Figura 13 e gás natural) são recur-
sos não renováveis e se enquadram nos recursos energéticos, utilizados pelas sociedades atuais,
isto é, um dia se esgotarão completamente; eles também são muito poluidores, pois o seu uso
implica muita poluição do ar.
exploração
Por esses motivos, eles estão atualmente em declínio, em especial o petróleo. Assim, o
homem teve a necessidade de encontrar energias alternativas para suprimir as suas necessida-
des energéticas e eliminar os problemas ambientais. Das alternativas possíveis, a energia eólica,
solar, hidroelétrica, geotérmica, marés, ondas, biomassa e biogás, são as alternativas viáveis
atualmente para utilização de forma sustentável destes recursos.
Enfim, você irá conhecer as gêneses de formação destes recursos naturais, como também
as formas de utilização sustentável e os impactos causados pela má utilização destes recursos.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con-
ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a
definição dos principais conceitos:
novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar
esses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons-
trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua
aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia
parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).
Águas
Subterrâneas
Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma
visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar en-
tre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-apren-
dizagem. Por exemplo, o conceito de ciclo das rochas exige que você compreenda os conceitos
de minerais e que entenda que as rochas são constituídas por eles, sem o domínio conceitual
deste processo explicitado pelo esquema, pode-se ter uma visão confusa do tratamento da te-
mática da geologia proposto neste Caderno de Referência de Conteúdo.
© Caderno de Referência de Conteúdo 27
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os
conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas
dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do
ensino de Geografia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante
a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a
avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar
seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabarito, que lhe permitirá conferir
as suas respostas sobre as questões autoavaliativas de múltipla escolha.
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por
sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos
ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas
obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há
nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com
seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só
a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais
apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você
se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de co-
municação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com
outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece,
aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma
capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do
tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem
o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de
Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de
produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co-
teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às
videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im-
portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram
significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro-
cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é parti-
cipar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de
Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
3. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
ÁRVORES BRASIL. O que são recursos hídricos e florestais. Disponível em: <http://www.arvoresbrasil.com.br/?pg=aguas_
florestas_recursos>. Acesso em: 9 fev. 2012.
CEPLAC. Conservação do solo e da água. Disponível em: <http://www.ceplac.gov.br/radar/conservacaosolo.htm>. Acesso em:
8 fev. 2012.
COLA DA WEB. Ambiente estuarino. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/biologia/ambienteestuarino.htm>. Acesso
em: 26 out. 2008.
GPCA. Recursos naturais. Disponível em: <http://www.gpca.com.br/gil/art80.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
IGC. Utilização de recursos minerais: argila, calcário, cimento, metais, petróleo. Disponível em: <https://docs.google.com/
viewer?a=v&q=cache:UK2rG5dKDboJ:www2.igc.usp.br/concurso/texto4.doc+Os+recursos+minerais+s%C3%A3o+todos
+os+materiais+retirados+da+crosta+terrestre+para+nosso+uso&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESh7Fgs0NuhQfk3-
j-L2aEAAdJPBP_6KWtlbR1-f0a_Z_HVGDg5AmpeGMZqlHTW4pe-lhNxssRu1aHWTPnWqtdq3iAWmqF_Rdw1Lec0Kdwe7He7Cttu
Tx74PvdG2NIlDVKg-GHicX&sig=AHIEtbREJYVOTOrY9n9X7ejWj1FvGmOdsQ&pli=1>. Acesso em: 9 fev. 2012.
JORNAL DA CIÊNCIA. Ciência e poesia explicam Geologia. 2007. Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.
jsp?id=51274>. Acesso em: 8 fev. 2012.
UFPA. Rochas ígneas. Vicente Caputo (Org.). Disponível em: <https://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:jjFno_gQiywJ:www.
ufpa.br/larhima/Material_Didatico/Graduacao/Geologia_Geral/Rochas%2520Igneas%2520e%2520magmatismo.doc+%C3
%A9+o+material+fornecido+por+um+vulc%C3%A3o,+seja+sob+forma+de+lava+ou+de+tufos&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srci
d=ADGEESjFqHiPPiQTjlz55ZjrAXhhvVivfdfig_bbbpVywSCoSWNGtYo66xwigLM1o3zdO7p7iz4bkfhQuJE_gmfAW1yUG6gZkqJ_
hhmMy1xUpaym-B3jF1ttoupsMCL7NVv1b3vkObWx&sig=AHIEtbRFJ99oGBwti3opLRKWlQBHIqdiuw>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNB. Matacões. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/matacao.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
_____. Saprólito. Disponível em: <http://vsites.unb.br/ig/glossario/verbete/saprolito.htm>. Acesso em: 9 fev. 2012.
UNESP. Rochas sedimentares. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/sedimentares/sedimentares.html>.
Acesso em: 9 fev. 2012.
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2003.
EAD
Planeta Terra: das Origens à
Estrutura Geológica Atual
1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender a evolução histórica e a subdivisão dos ramos que com-
põem a ciência geológica.
• Identificar e analisar os aspectos astronômicos relacionados ao planeta Terra.
• Compreender e quantificar o tempo geológico e a estruturação física do nosso plane-
ta.
2. CONTEÚDOS
• Evolução histórica do conhecimento geológico e principais ramos de atuação do geó-
logo.
• Introdução à Astronomia: o Big Bang, o Universo, a Via láctea e o sistema solar.
• Tempo geológico: o conceito de eras, períodos e épocas geológicas.
• Estrutura e composição do planeta Terra, campo gravitacional e eletromagnético e
calor interno da terra.
1) Para obter maiores informações sobre Geologia, consulte o seguinte endereço ele-
trônico: <http://www.igc.usp.br/geologia/o_que_e_a_geologia.php>. Acesso em: 15
ago. 2011.
2) Você poderá consultar o histórico completo da ciência geológica em:
• O papel da história da exploração aurífera em Ouro Preto e a formação de professo-
res em Geologia. Disponível em: <http://www.igc.usp.br/geologiausp/downloads/
geoindex655.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• História da Geologia. Disponível em: <http://www.minera-net.com.ar/detalle-noti-
cia.asp?i=2995&t=4>. Acesso em: 6 jan. 2012.
3) Conheça mais sobre os aspectos relacionados à magnitude do tempo geológico e ana-
lise-os por meio dos endereços eletrônicos:
• Cronômetros da Terra - o tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/
geociencias/cporcher/Atividades%20Didaticas_arquivos/Geo02001/Tempo%20
Geologico.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Tempo Geológico. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
tempo-geologico.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
4) Ao analisar os processos geológicos, tente sempre ordená-los em uma linha do tem-
po. Isso facilitará seu entendimento sobre a evolução de todos esses processos e nas
diversas escalas de observação.
5) Os aspectos relacionados à estrutura, campo gravitacional e magnético terrestre e ao
calor interno da Terra podem ser melhor aprofundados pela consulta aos seguintes
endereços:
• Gravimetria. Disponível em: <http://www.iag.usp.br/siae98/gravimetria/gravime-
tria.htm>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Estrutura da Terra. Disponível em: <http://domingos.home.sapo.pt/estruterra_4.
html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
• Magnetismo Terrestre. Disponível em: <http://www.algosobre.com.br/geografia/
magnetismo-terrestre.html>. Acesso em: 6 jan. 2012.
6) Para melhor compreensão do tema campo eletromagnético da Terra, observe o se-
guinte endereço eletrônico: <http://www.mporzio.astro.it/CVS/campo.JPEG>. Acesso
em: 15 ago. 2011.
7) Antes de começar seus estudos sobre os Fundamentos de Geologia, seria interessante
para você conhecer um pouco sobre a vida e a obra de alguns dos primeiros pensado-
res que discutiram a formação e a constituição da Terra e do Universo.
Tales de Mileto
Foi o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência
fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia Menor, atual Turquia, por volta de 624/625 a.C. e faleceu
aproximadamente em 556 ou 558 a.C.
Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia Antiga. Além disso, foi o fundador
da Escola Jônica. Considerado, também, o primeiro filósofo da “physis” (natureza), porque
outros, depois dele, seguiram seu caminho buscando o princípio natural das coisas.
Tales considerava a água como sendo a origem de todas as coisas. E seus seguidores, embora
discordassem quanto à “substância primordial” (que constituía a essência do universo), concordavam
com ele no que dizia respeito à existência de um “princípio único” para essa natureza primordial.
Entre os principais discípulos de Tales de Mileto merecem destaque: Anaxímenes, que dizia ser o “ar” a substância
primária; e Anaximandro, para quem os mundos eram infinitos em sua perpétua inter-relação (texto adaptado do site
disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tales_de_Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).
Anaxímenes de Mileto (585–528 a.C.)
Concordava com Anaximandro quanto ao a-peiron, e com as características desse
princípio apontadas por Anaximandro. Mas postulou que esse a-peiron fosse o Ar.
Foi discípulo e continuador da escola Jônica e escreveu sua obra: “Sobre a Natureza”, também em prosa.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 31
Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.
Enquanto Tales sustentava a ideia de que a água é o bloco fundamental de toda a matéria, Anaxímenes dizia que
tudo provém do Ar e retorna ao Ar.
Adágio de Anaxímenes: “Exatamente como a nossa alma, o ar mantém-nos juntos, de forma que o sopro e o ar abraçam
o mundo inteiro [...]”. (texto adaptado do site disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anax%C3%ADmenes_de_
Mileto>. Acesso em: 2 fev. 2012).
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta primeira unidade, daremos início aos nossos estudos introduzindo os conceitos bá-
sicos da ciência geológica, bem como a inter-relação desta ciência com o ensino da Geografia.
Assim, o conhecimento a respeito dos ramos que compõem a ciência geológica será enfa-
tizado de forma que você possa se situar no dialeto das ciências da terra, ou seja, compreender
a ação do geólogo juntamente com as outras áreas das geociências.
No decorrer do estudo desta unidade, você compreenderá toda a relação do sistema Terra
com os elementos e a dinâmica astronômica do Universo, do Big Bang à atual composição do
sistema solar, de forma a situar nosso planeta no tempo e no espaço.
Outro tema bastante importante a ser estudado será o tempo geológico, ou seja, o tempo
da Terra.
Por fim, você compreenderá os conceitos elementares a respeito da composição e da es-
trutura do Planeta Terra, dados estes de extrema importância para o ensino da Geografia Física.
Vamos lá?
Em outras palavras, podemos definir a ciência geológica como a ciência cujo objeto de
estudo é o Planeta Terra, suas transformações e sua história. Essas transformações geram ele-
mentos ou fenômenos naturais que atuam de forma direta e indireta em nossas vidas.
Por exemplo, foi por meio do conhecimento geológico que se chegou à determinação da
idade da Terra, 4,6 bilhões de anos, e também à criação e ao desenvolvimento de teorias como
a Tectônica de Placas, uma teoria importante, balizadora dos aspectos evolutivos e de movimen-
tação das placas tectônicas que compõem a crosta terrestre.
A Geologia apresenta uma relação intrínseca com muitas outras ciências, em especial com
a Geografia, a Biologia e a Engenharia Ambiental. Por outro lado, a Geologia fundamenta-se por
dados e ferramentas disponibilizados pelas ciências exatas, daí o enorme grau de complexidade
no entendimento de diversos processos relacionados a essa história evolutiva.
Atualmente, o geólogo tem um papel nobre nas sociedades, em consequência da frequen-
te ocorrência de problemas e contrastes ambientais catastróficos, auxiliando na compreensão
dos processos naturais e no entendimento da dinâmica evolutiva desses processos.
Vale lembrar que nenhum profissional ligado ao quadro ambiental desenvolve suas ativi-
dades e pesquisas sozinho. Ele sempre trabalha de forma interdisciplinar com as outras áreas do
conhecimento integrado ao sistema Terra.
Cabe ao geólogo, ainda, a missão de localizar e propor métodos corretivos relacionados
ao uso e à extração de recursos naturais, como o petróleo, o gás natural e o carvão e, na pros-
pecção e exploração de metais gerados na crosta terrestre, como o minério de ferro utilizado
na metalurgia e na siderurgia, da bauxita para produção do alumínio, do urânio como mineral
energético etc.
Ou seja, a Geologia relaciona-se com muitas ciências que têm como foco de atuação o
meio ambiente. Veja na Figura 1 a inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio am-
biente na interface de atuação.
Figura 1 Inter-relação das diversas ciências que utilizam o meio ambiente na interface de atuação.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 33
a origem da crosta terrestre. Já no século 18, surgem Giovanni Arduino, Buffon e Cuvier com as
primeiras noções sobre o tempo geológico, como afirmam Teixeira et al. (2003).
Foi no início do século 19 que Abraham G. Werner e James Hutton remodelaram a ciência
geológica, dando-lhe aspectos modernos. Werner aplicava a teoria do Netunismo, a qual propõe
que todas as rochas teriam sido formadas em um oceano espesso que cobria toda a superfície
terrestre; Hutton aplicava a teoria do Plutonismo, que propunha ser o magma o agente forma-
dor das rochas, sem desprezar a água como agente formador de outras rochas, além de estabe-
lecer o conceito de erosão.
Já Charles Lyell estabeleceu os conceitos da Geologia Física e da Estratigrafia. Eduard
Suess estabelece a história de formação da crosta terrestre, entre outros. A partir desse período,
a Geologia veio se desenvolvendo no ramo científico progressivamente.
Eicher (1996) afirma que, no Brasil, a Geologia manifesta-se no final do século 18 com as
ideias e tratados de José Bonifácio, criados a partir de suas viagens científicas pelo estado de
São Paulo. Segundo ele, também a chegada da corte portuguesa, quando vieram para o Brasil
os alemães Eschewege e Varnhagen, estabeleceu diversos estudos na área da mineração e da
metalurgia.
Já no final do século 19, foi criada a Comissão Geológica do Império do Brasil, comandada
por diversas celebridades da ciência geológica brasileira como Derby, Branner, entre outros.
Até hoje a ciência geológica caminha em ritmo acelerado diante da imensa necessidade
de investigações e criações de novas técnicas para o entendimento e a correção de problemas
ambientais, além da criação de tecnologias modernas e avançadas para o processo de correção
do meio ambiente.
Veja na Figura 2 um quadro descritivo dos ramos que compõem a ciência geológica.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 35
6. INTRODUÇÃO À ASTRONOMIA
O que você entende por Astronomia? Veja o conceito apresentado a seguir e compare
com as suas ideias.
Maciel (2001) definiu a Cosmologia como a ciência responsável pelo estudo não só da
evolução e origem do Universo, como também das maiores estruturas existentes nele. Com isso,
pertencente ao estudo maior da Cosmologia, encontra-se a Astronomia.
Teixeira et al. (2003) afirmam que Astronomia é a ciência que busca informações por meio
de investigações e análises espaciais dos fenômenos físicos relacionados à Terra e à sua atmos-
fera, estudando as origens e a evolução de todos os objetos que podem ser observados no céu,
em escala cosmológica.
Claretiano - Centro Universitário
36 © Fundamentos de Geologia
Esse fato pode ter ocorrido há 15 bilhões de anos, com um único ponto de partida no qual
toda a matéria e energia estariam reunidas, ocorrendo, assim, uma grande explosão denomina-
da Big Bang. A Figura 5 mostra a sequência de eventos no Big Bang.
Após essa grande explosão surgiram o espaço, o tempo e a energia universal e, em con-
sequência da expansão do espaço, surgiram as quatro forças fundamentais da natureza: Força
Eletromagnética, Força Nuclear Forte, Força Nuclear Fraca e Força Gravitacional (ANDERSON,
1989).
Ainda de acordo com Anderson (1989), posteriormente se deram as condições para a for-
mação de matéria e a consequente formação dos elementos químicos. As estrelas e as galáxias
formaram-se mais tarde e, devido ao resfriamento, a matéria agrupou-se em nuvens de gás,
conhecidas por nebulosas, que entraram em colapso, formando as primeiras estrelas.
A Figura 6 mostra um quadro esquemático dos eventos astronômicos com as respectivas
idades.
Sistema Solar
O Sistema Solar, com idade de 4,6 bilhões de anos, é formado pelo Sol (que pode ser con-
siderado uma estrela mediana composta por hidrogênio e hélio), planetas, satélites, asteroides
e cometas (TEIXEIRA et al., 2003).
Todos esses elementos formaram-se simultaneamente em termos de massa e volume to-
tal do Sistema Solar: o Sol corresponde a 99% da massa total, enquanto os outros corpos corres-
pondem a menos de 1%.
Veja na Figura 7 a composição do Sistema Solar.
7. TEMPO GEOLÓGICO
A Geologia é uma ciência de caráter estritamente histórico, que depende totalmente da
variável "tempo". Cabe ao geólogo não somente estudar os processos geológicos, como tam-
bém ordená-los no tempo, segundo uma cronologia própria do Planeta Terra, mediante regis-
tros em rochas e minerais.
A ordenação dos processos e eventos geológicos segue a padronização da escala do tem-
po geológico, aplicada em todos os países do mundo. A criação dessa escala foi baseada em
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 41
datações de rochas por métodos geocronológicos ou por datações de fósseis. Foram a partir
dessas datações que se chegou à idade de 4,56 bilhões de anos para o Planeta Terra.
As primeiras ideias de tempo, na Geologia, foram desenvolvidas por Nicolau Steno. Por
meio de observações feitas em rochas sedimentares, ele definiu três aspectos importantes para
o estabelecimento das idades desses materiais: o princípio da superposição, o princípio da ho-
rizontalidade original e o princípio da continuidade lateral das camadas.
No entanto, com o passar do tempo, esses princípios, que eram primordiais ao entendi-
mento evolutivo da formação das rochas, passaram a apresentar algumas incoerências. Surgiu,
então, a seguinte pergunta: onde se enquadram as rochas ígneas e metamórficas nessa ordena-
ção de eventos geológicos?
Hutton, em meados do século 18, criou o princípio das causas naturais, estabelecendo a
relação de discordâncias entre rochas, ou seja, durante a formação destas havia hiatos de tempo
na formação de uma para outra sequência de rocha, gerando novos questionamentos no pro-
cesso de constituição delas.
Atualmente, são conhecidos três tipos de discordâncias:
• Não conformidade.
• Discordância angular.
• Desconformidade.
Esses fatos são apenas exemplos da evolução do conhecimento geológico para a criação
da escala do tempo geológico. Em 2004 foi criado pela Comissão Internacional de Estratigrafia
da União Internacional das Ciências Geológicas o Quadro Estratigráfico Internacional, que apre-
senta a seguinte divisão: Eons, Eras, Períodos, Épocas e Idades.
São três Eons: Arqueozoico (4,56 b.a.), Proterozoico (2,5 b.a.) e Fanerozoico (545 m.a.).
Eon corresponde à maior subdivisão do tempo geológico, correspondendo em termos filosófi-
cos à eternidade ou ao mundo eterno.
O Eon Arqueozoico não apresenta subdivisões e corresponde ao Eon mais antigo na escala
do tempo geológico. É nesse Eon que se deu a formação das rochas graníticas mais antigas da
formação da crosta terrestre.
O Eon Proterozoico apresenta três subdivisões: Paleoproterozoico, Mesoproterozoico e
Neoproterozoico. Neste Eon ocorreram as formações das faixas móveis ou de dobramentos,
com as respectivas sequências de rochas metamórficas.
Por fim, o Eon Fanerozoico, que é o mais novo deles, dividido em três eras geológicas: Era
Paleozoica, Era Mesozoica e Era Cenozoica. Foi durante o Eon Fanerozoico que se formaram as
maiores bacias sedimentares do globo terrestre.
A Era Paleozoica é composta por seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Silu-
riano, Devoniano, Carbonífero (Mississipiano e Pensylvaniano) e Permiano. A Era Mesozoica,
compreende três períodos geológicos: Triássico, Jurássico e Cretáceo e a era Cenozoica é com-
posta pelo Terciário e pelo Quaternário.
O período Terciário, da Era Cenozoica, é dividido em dois subperíodos: Paleógeno (com-
posto pelas épocas Paleoceno, Eoceno e Oligoceno) e o Neógeno (composto pelas épocas Mio-
ceno e Plioceno). Por fim, o período Quaternário apresenta uma subdivisão em duas épocas:
Pleistoceno e Holoceno.
Em relação às idades, não entraremos em detalhes a respeito das subdivisões por não ser
necessário nessa escala de observação desse estudo. Observe a representação gráfica dessa
escala na Figura 8.
Crosta terrestre
A crosta terrestre corresponde à camada sólida mais externa do planeta Terra, sendo divi-
dida em duas porções: a crosta continental e a crosta oceânica.
A crosta continental apresenta espessura em torno de 30 km a 40 Km (crátons) e de 70 km
a 80 Km (cadeias montanhosas). A porção superior da crosta continental é composta por rochas
siálicas de caráter granítico e a porção inferior por rochas ferro-magnesianas de caráter básico.
Entre as duas porções da crosta continental ocorre a descontinuidade de Conrad, responsável
pela mudança de composição geral dos materiais geológicos ali presentes.
Na porção superior da crosta continental ocorrem os três grupos de rochas: ígneas, meta-
mórficas e sedimentares.
Já a crosta oceânica apresenta espessura média de 8 Km, é composta por rochas predomi-
nantemente vulcânicas máficas (ferro-manesianas) e ocorrência de delgadas camadas de sedi-
mentos inconsolidados na porção superior da região crustal.
Manto
O manto terrestre é a porção intermediária da estrutura geral do planeta, que apresenta
duas subdivisões: o manto superior e o manto inferior. Entre a crosta terrestre e o manto ocor-
re outra importante interface, a descontinuidade de Mohorovicic.
Claretiano - Centro Universitário
44 © Fundamentos de Geologia
O manto superior apresenta rochas conhecidas como ultramáficas, ou seja, rochas negras
compostas por minerais totalmente ferro-magnesianos. Essa porção mantélica ainda preserva
características de materiais sólidos, similares à composição da porção inferior da crosta conti-
nental e oceânica. A porção inferior do manto superior assume comportamento plástico dos
materiais.
O manto inferior apresenta características de uma zona composta por materiais em es-
tado plástico, ou seja, materiais não mais sólidos, e sim em estado dúctil, estado máximo de
deformação sem rompimento ou quebra de material. Além disso, apresenta características de
material pastoso quando sujeito a altas pressões e composição ferro-magnesiana.
No conjunto total apresentado até o momento, podemos agrupar as porções sólidas da
crosta terrestre com a porção superior do manto superior e denominar esse conjunto de Litos-
fera, isto é, a esfera rochosa ou sólida da Terra.
Núcleo
O núcleo terrestre também é divido em duas porções: o núcleo externo e o núcleo inter-
no. O conjunto dessas duas porções nucleares é separado das porções mantélicas, ou seja, das
porções que formam o manto como um todo, de acordo com a Descontinuidade de Gutenberg.
O núcleo externo é composto por uma liga metálica de ferro e níquel em estado de fusão
(material viscoso); já o núcleo interno apresenta caráter sólido composto pelo mesmo mate-
rial. Assim, acredita-se que, com a consolidação gradativa do núcleo externo, a tendência é o
aumento do núcleo interno. Observe a Figura 9, que traz um arranjo estrutural do Planeta Ter-
ra evidenciando as camadas principais com suas respectivas espessuras e as descontinuidades
presentes.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 45
relativo entre a nave e os astronautas é praticamente nulo, fazendo que eles flutuem no interior
das aeronaves. Quanto mais nos afastamos da Terra, menor é a força gravitacional, ou seja, me-
nor é a ação do campo gravitacional terrestre exercida sobre o corpo.
Um conceito bastante importante no entendimento do equilíbrio geral das porções con-
tinentais siálicas sobre as porções ferro-magnesianas é o conceito de Isostasia, apoiado em
princípios hidrostáticos. A isostasia corresponde ao equilíbrio entre as porções rochosas conti-
nentais que flutuam e se apoiam nas porções mais densas do manto.
Da mesma forma que ocorre a força gravitacional na Terra, ocorre também a força eletro-
magnética. A Terra possui um campo magnético dividido em duas partes: o campo horizontal e
o campo vertical. Um exemplo bastante conhecido com relação à presença de um campo mag-
nético na Terra é o funcionamento das bússolas.
Uma das hipóteses de formação do campo eletromagnético terrestre fundamenta-se na
rotação da Terra entre as partes líquidas do núcleo e as partes sólidas do manto, compostas por
elementos químicos metálicos.
Mas qual é a finalidade do campo magnético?
O campo magnético serve como proteção contra os raios solares mais intensos, liberados
durante as erupções solares, evitando, assim, danos aos ecossistemas terrestres.
A região terrestre dominada pelo campo magnético é conhecida como Magnetosfera.
Outra ideia interessante é com relação ao paleomagnetismo, ou seja, as evidências mag-
néticas deixadas nas rochas em épocas remotas e passadas. As rochas preservam as caracte-
rísticas magnéticas em sua estrutura no momento de formação, por isso, elas servem como
ferramentas interpretativas para a remontagem da história magnética do planeta Terra.
9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar as questões a seguir que tra-
tam da temática desenvolvida nesta unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se você encontrar dificuldades em responder a essas questões, procure revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que você faça uma revisão
desta unidade. Lembre-se de que, na Educação a Distância, a construção do conhecimento ocor-
re de forma cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus
colegas.
© U1 - Planeta Terra: das Origens à Estrutura Geológica Atual 47
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) a.
4) d.
5) a.
10. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você obteve conhecimentos sobre os objetivos, os ramos de atuação e por
que é necessário para você, futuro licenciado em Geografia, estudar e conhecer as Geociências.
Com isso, o desafio de situar nosso planeta numa escala de observação astronômica, co-
nhecer e saber quantificar o tempo geológico e compreender a estruturação do planeta Terra
são metas que já foram atingidas.
Por fim, vale destacar que os conceitos iniciais estudados servem de base teórica e concei-
tual para avançarmos a um entendimento em escalas menores de observação geológica.
11. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 5 Sequência de eventos no Big Bang. Disponíveis em: <http://www.lip.pt/~outreach/posters/9112020_3_pt.jpg>.
<http://www.vista-arts.com/media/images/immersive_images/vista_web_big_bang_1.jpg>. Acesso em: 21 out. 2011.
Figura 8 Escala do tempo Geológico. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/.../image032.jpg>. Acesso em: 25 out. 2007.
Site pesquisado
O GLOBO. Plutão perde status de planeta. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2006/08/24/285396239.asp>.
Acesso em: 21 out. 2011.
1. OBJETIVOS
• Conhecer a gênese, identificar e classificar os elementos mineralógicos que compõem
a estrutura do sistema Terra.
• Compreender e interpretar a gênese geral de formação das rochas ígneas, sedimenta-
res e metamórficas.
• Identificar e relacionar a formação dos três tipos gerais de rochas no chamado ciclo das
rochas.
2. CONTEÚDOS
• Minerais: conceitos gerais, critérios de identificação e classificação das principais clas-
ses mineralógicas.
• Rochas ígneas: vulcanismo e plutonismo.
• Rochas sedimentares: classificação geral, processos e ambientes sedimentares.
• Rochas metamórficas: classificação geral, ambientes e tipos de metamorfismo.
• Ciclo das rochas.
1) Para ficar mais interado sobre os assuntos desta unidade, leia o capítulo 2 da obra
Decifrando a Terra de TEIXEIRA (2000). Uma dica para seu estudo é fazer anotações
sobre o capítulo do livro e socializar com seus colegas, em ambiente virtual, as infor-
mações colhidas.
2) Tente buscar nas bibliografias indicadas, em livros que você conhece e em sites con-
fiáveis da internet, o máximo de informações sobre minerais. Perceba que eles são
elementos ou compostos químicos que possuem estrutura bem definida, dentro de
alguns limites.
3) Busque informações complementares que o ajudem a compreender o que é um ele-
mento químico e um composto químico. Isso irá ajudar na leitura desta unidade.
4) Observar as características pode ajudar a identificar alguns minerais e a perceber que
cada um deles tem comportamentos específicos quanto a cada uma destas caracte-
rísticas.
5) Busque entender as diferentes origens das rochas e saiba quais são as características
de cada uma delas. É fundamental perceber que existe mais de um tipo de rochas
magmáticas, sedimentares e metamórficas. Estes diversos tipos de rochas, dentro de
cada uma destas classificações, são frutos de processos de formação diferentes. No
caso das rochas magmáticas, por exemplo, elas podem ser vulcânicas ou plutônicas, a
diferença entre as duas tem relação com a sua formação.
6) Estude com cuidado alguns conceitos referentes às rochas sedimentares. Este tipo de
rocha é bastante importante na formação da parte da superfície da Terra onde está o
território brasileiro.
7) Não deixe de acessar os endereços eletrônicos indicados no material para ter mais
informações, além de observar várias imagens sobre os tipos de minerais e rochas
estudados.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, você compreenderá os conceitos relativos aos elementos micromesoscó-
picos que constituem a crosta terrestre, ou seja, minerais e rochas.
Em todas as análises ambientais, é necessário entender os processos geológicos relaciona-
dos às causas dos mais diversos problemas relativos ao sistema Terra.
E para um entendimento maior, partindo do efeito da escala de observação, conhecer a
gênese de formação, as classificações gerais e a inter-relação desses elementos (minerais e ro-
chas) como premissas fundamentais para essas análises é de extrema importância para a com-
preensão da ciência geológica.
Inicialmente, você compreenderá o que é, como se formam e qual é a classificação geral
dos minerais que constituem as três classes genéticas de rochas, além de conhecer os métodos
diretos de identificação e reconhecimento dos principais minerais formadores de rochas.
Avançando no entendimento integrado dos constituintes da crosta terrestre, conhecere-
mos a gênese de formação das rochas ígneas, formadoras da base da crosta terrestre, classifica-
das como as mais antigas nessa escala de formação. Veremos, também, os processos magmáti-
cos de formação das rochas ígneas, vulcanismo, plutonismo e seus produtos.
As rochas metamórficas também serão abordadas neste estudo, pois é imprescindível en-
tender o conceito de metamorfismo e seus produtos. E já que as rochas ígneas e metamórficas
fornecem materiais mineralógicos para a formação das rochas sedimentares, você conhecerá,
também, a gênese complexa de formação, primeiramente, dos sedimentos e, posteriormente,
das rochas sedimentares.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 51
Por fim, a integração dessas gêneses petrológicas configurará o chamado ciclo das rochas,
elemento conclusivo tanto para o entendimento geral dos materiais constituintes da crosta ter-
restre, como para os processos geológicos na escala geotectônica de formação dos continentes.
Esta unidade tem por finalidade apresentar a você os elementos formadores da crosta
terrestre. Logo, é necessário que você comece a desenvolver a sua memória fotográfica, para
registrar mentalmente a configuração morfológica e visual desses elementos para uma futura
classificação e explanação como professor.
5. MINERAIS
A questão que introduz este tópico é: o que são minerais? De acordo com Dana (1976, p.
28):
Minerais, por conceituação científica, são compostos ou substâncias químicas definidas de origem inor-
gânica, que se formam na natureza terrestre ou extraterrestre no estado sólido. As espécies minerais
apresentam um arranjo geométrico na estrutura interna de átomos, e é este arranjo é que define as
classes mineralógicas nas quais se enquadram cada espécie mineral .
O estudo de todos os tipos de minerais é realizado pelo ramo da Geologia chamado Mi-
neralogia.
As espécies minerais são diferentes dos seres vivos por não apresentarem um arranjo fi-
siológico. Em contrapartida, é dos minerais que todos os seres vivos extraem a matéria essencial
que precisam para as suas funções vitais.
Foi, também, a partir dos minerais que a espécie humana conseguiu construir as cidades,
os bens de consumo, as indústrias químicas e farmacêuticas, embasados na transformação dos
bens naturais.
Um aspecto interessante dos minerais é em relação aos arranjos cristalinos dos átomos
que os compõem. Isso porque um mesmo mineral sempre manterá a regularidade do padrão
estrutural atômico, definindo, assim, os arranjos geométricos cristalinos.
Uma espécie mineral pode formar-se em conjunto com outros minerais, compondo as
rochas em geral, ou ocorrer na forma elementar, isto é, apresentar um arranjo cristalino unitá-
rio, nesse caso, chamado de cristais. O quartzo em quaisquer de suas ocorrências possui forma
hexagonal, formando, assim, um cristal de quartzo, sendo classificado geneticamente como um
mineral.
Os minerais ocorrem como formadores das rochas. Eles são unidos por forças químicas e
podem ser separados por meio de processos geológicos, tais como o intemperismo. Os aspectos
físicos do mineral, como, por exemplo, o arranjo cristalino, resultam em diversas combinações
na composição químico-mineralógica das rochas.
Você sabia que a origem dos minerais está ligada às mais diversas formas de processos
ígneos, metamórficos e hidrotermais?
Muitos minerais ocorrem a partir da solidificação e do resfriamento do magma em am-
biente geológico com temperatura bastante alta, como é o caso da olivina, piroxênios, anfibó-
lios, feldspato, micas e quartzo.
Outros minerais ocorrem associados ao metamorfismo de rochas preexistentes, gerando,
dessa forma, novos minerais. Esse processo de alteração mineralógica, tanto na composição
química como na estrutura do mineral, acontece com a cianita, a clorita, o epidoto, as granadas,
entre outros.
Classificação de minerais
Há vários critérios para a classificação dos minerais, no entanto, o mais utilizado é o cri-
tério químico relacionado à estrutura cristalina do mineral. Geralmente, os minerais classifica-
dos em um mesmo grupo apresentam características similares, tanto na estrutura morfológica
quanto na composição química.
Dana (1976), um dos mais famosos mineralogistas do mundo, estabeleceu relações entre
esses critérios de classificação de minerais e definiu as classes mineralógicas de acordo com a
sua composição química. Ele definiu a classe dos silicatos, os mais importantes por constituírem
95% da crosta terrestre, além do grupo dos sulfetos, dos carbonatos, dos óxidos, entre outros.
Para que você possa compreender melhor, acompanhe, a seguir, a classificação sistemática.
Silicatos
São minerais classificados de acordo com a combinação de tetraedros, ou seja, a unidade
cristalográfica responsável pelo arranjo dos silicatos (SiO4) na razão direta entre o silício e o
oxigênio. De acordo com Dana (1976), eles compreendem seis classes mineralógicas, as quais
podemos ver com maiores detalhes no Quadro 1.
CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver como são os nesossilicatos,
acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.mineraltown.com/
Reports/montana_mines/mine_
a) Estaurolita.
summit_wulfenite.jpg>. Acesso em: 24
b) Willemita.
out. 2011.
c) Olivina.
Apenas um d) Granadas • <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
tetraedro (piropo, banco/silicatos/nesossilicatos/zircao.
de (SiO4) A Olivina de almandita, gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
Nesossilicatos
combinado com fórmula química grossulária e • <http://www2.igc.usp.br/museu/
os elementos (Mg,Fe)2SiO4. andradita). images/amigosdomuseu.jpg>. Acesso
químicos e) Zircão. em: 24 out. 2011.
índices. f) Cianita. • <http://www.degeo.ufop.br/Imagens/
g) Topázio. mn_image/topaz1.gif>. Acesso em: 24
h) Dumortierita. out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/nesossilicatos/piropo.
gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 53
CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver como são os sorossilicatos, visite
os endereços eletrônicos indicados a
seguir:
• <http://www.unicamp.br/unicamp/
unicamp_hoje/ju/marco2006/
fotosju317-online/ju317pg12a.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
a) Hemimorfita. • <http://www.fabreminerals.com/
b) Epidoto. specimens/s_imagesE1/NA14E1fm.jpg>.
Dois tetraedros O Epidoto
c) Allanita. Acesso em: 24 out. 2011.
de (SiO4) de fórmula
Sorossilicatos d) Vesuvianita.
combinados química Ca2(Al, • <http://www.fabreminerals.com/
e) Lawsonita.
com o íon OH. Fe)3(SiO4)3(OH). specimens/s_imagesE2/TE76E2m.jpg>.
f) Prehnita.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.fabreminerals.com/
specimens/s_imagesG2/RX14G2fm.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.edelweissminerals.com/
Fotos%20Web/Morocco/Prehnita-
mar-2-4.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
CLASSES
DEFINIÇÃO EXEMPLO COMPOSIÇÃO SITES PARA VISUALIZAÇÃO
MINERALÓGICAS
Para ver algumas ilustrações dos
filossilicatos, visite os endereços
eletrônicos a seguir:
a) Caolinita. • <http://i106.photobucket.com/albums/
b) Serpentina. m270/jes_86/Talc_block.jpg>. Acesso
Tetraedros de c) Talco. em: 24 out. 2011.
(SiO4) dispostos d) Moscovita.
A Moscovita de • <http://www.windows.ucar.edu/earth/
de forma e) Biotita.
Filossilicatos fórmula química geology/images/mica2.JPG>. Acesso
laminar (grupo f) Lepidolita.
KAl2Si3O10(OH,F)2. em: 24 out. 2011.
das micas e dos g) Clorita.
argilominerais). h) Margarita. • <http://www.mineraltown.com/
i) Flogopita. Reports/32/c538.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
• <http://www.rc.unesp.br/museudpm/
banco/silicatos/filossilicatos/margarita.
gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
Para observar como são os tectossilicatos,
acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.degeo.ufop.br/Imagens/
mn_image/quart1.gif>. Acesso em: 24
out. 2011.
a) Quartzo. • <http://www.gemshine.com/
b) Calcedônia. enciclopedia/images/calcedonia001.
c) Opala. jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
d) Feldspato - • <http://www.geomine.it/S.Bachisio-
Ocorrência de O Feldspato
microclínio. ortoclasio.jpg>. Acesso em: 24 out.
tetraedros de (microclínio) de
Tectossilicatos e) Ortoclásio. 2011.
(SiO4) de forma fórmula química
f) Plagioclásios.
irregular. KAlSi3O8. • <http://www.dicionario.pro.br/
g) Sodalita.
h) Escapolita. dicionario/images/thumb/3/35/
i) Zeólitas. Kianite1.jpg/300px-Kianite1.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.uned.es/cristamine/fichas/
sodalita/sodalita8.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
• <http://www.museumin.ufrgs.br/
AntasApofilitaRudy.jpg>. Acesso em: 24
out. 2011.
Fonte: adaptado de Dana (1976).
Sulfetos e óxidos
Os sulfetos são minerais resultantes da combinação entre o enxofre (S) e os metais e os
semimetais. Os mais importantes são: pirita (FeS2), galena (PbS), calcopirita (CuFeS2), pirrotita,
marcassita e arsenopirita.
Visualização de sulfetos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para ver alguns dos principais sulfetos, acesse os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://allancotrim.files.wordpress.com/2007/01/pirita1.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://fireflyforest.net/images/firefly/2006/April/galena.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.mineraltown.com/galeria/1c/arsenopirita-papiol.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Os óxidos são minerais formados pela combinação entre o oxigênio (O) e os metais e os
semimetais. Os mais importantes são: hematita (Fe2O3), cassiterita (SnO2), goethita (FeO), mag-
netita, cromita e coríndon.
Visualização de óxidos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos a seguir para observar alguns dos principais óxidos:
• <http://www.windows.ucar.edu/earth/geology/images/hematite_med.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://inf.unisinos.br/~goedert/disciplinas/fiseletr/Cuba/magnetita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.cdcc.sc.usp.br/elementos/cromita.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.uned.es/cristamine/fichas/corindon/corindo4.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As propriedades físicas dos minerais são critérios para identificação rápida. Portanto, me-
diante alguma dúvida de classificação, aplique um dos métodos de identificação apresentados e
complemente com outros métodos até chegar à classificação correta do mineral.
Visualização de gemas––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para observar algumas das principais gemas, visite os seguintes endereços eletrônicos:
• <http://www.ourivesariauniversal.com/topazio.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.zonalibre.org/blog/moe/archives/imagenes/diamante.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://mural.uv.es/joruten/images/rubi_pera.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.ourivesariauniversal.com/safira.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.joygems.com.br/joy8.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.pbs.org/wgbh/nova/diamond/images/gp09lapislazuli.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.exoticcreations.com.br/images/citrino_lapidado.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
• <http://www.ourivesariauniversal.com/olho_de_tigre.gif>. Acesso em: 24 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
tros. Uma primeira análise relacionada a todos esses fatores diz respeito aos processos gerado-
res dos magmas: quanto mais profundas as regiões onde ocorre a fusão de rochas preexistentes,
maior será a diversidade dos magmas das mais diferentes composições que serão gerados.
Os magmas podem ser basálticos, andesíticos e graníticos. Cada um deles está relaciona-
do às condições físicas específicas de sua formação. Veja, a seguir, a origem de cada um deles.
Os magmas basálticos são gerados a partir da fusão das rochas peridotíticas do manto
superior, apresentando minerais de composição predominantemente ferro-magnesiana.
Já os magmas andesíticos (magmas intermediários) ocorrem por causa dos processos tec-
tônicos de subducção e geração de arcos de ilhas de composição andesítica.
Por fim, os magmas graníticos se formam em consequência da fusão de rochas da base da
crosta continental e apresentam composição silicática. Veja na Figura 1 o esquema evolutivo no
processo de cristalização dos minerais estabelecido pela Série de Bowen.
Segundo Skiner e Porter (1987), a Série de Bowen definiu a sequência de cristalização dos
minerais analisando um magma primário basáltico, ou seja, a formação de rochas variando de
composição ultrabásica (peridotito), passando para as rochas básicas (basalto), seguindo para as
rochas intermediárias (andesitos), até chegar às rochas ácidas (granitos).
Em síntese, a Série de Bowen é definida por duas séries de reações: contínua e descontínua.
Duas variáveis são analisadas nesse processo de cristalização de minerais seguindo uma ordem:
os tipos de magmas (basáltico, andesítico e granítico) e a temperatura envolvida.
Estrutura e textura de rochas ígneas
A estrutura e a textura das rochas ígneas são critérios, juntamente com a composição
química dos minerais presentes, fundamentais para uma perfeita classificação da rocha e,
consequentemente, da nomenclatura correta.
De acordo com Leimaitre (1989), a estrutura das rochas reflete o processo de consolidação
do magma no momento de formação. São caracterizadas em rochas extrusivas, aquelas que
A textura das rochas ígneas ou magmáticas são características presentes nas rochas das
quais se leva em consideração elementos como o grau de cristalinidade, o grau de visibilidade, o
tamanho relativo dos cristais, a forma geométrica e articulação entre os cristais e o arranjo ou a
trama dos minerais. Para entender a cristalinidade: quanto melhor é a formação cristalográfica
dos minerais, ou seja, quanto maior é o tempo de resfriamento, maior cristalinidade a rocha
possui.
As rochas de granulação muito finas apresentam textura afanítica, e as rochas com cris-
tais maiores, visíveis a olho nu, textura fanerítica. Quando uma rocha apresenta cristais muito
sobressalentes no tamanho, comparado ao restante da associação mineralógica presente, po-
demos dizer que ela apresenta uma textura porfirítica, na qual os cristais maiores são chamados
de fenocristais.
Os tipos de texturas de rochas ígneas existentes são:
1) Magmáticas: aplítica, sal-pimenta, intersticial, granular, ofítica, spinifex, maculada e
pegmatítica.
2) De intercrescimento: mimerquíticas e gráficas.
3) De reações: coronadas.
4) Cataclásticas: cataclasítica, milonítica e flaser.
5) Cumuláticas: adcumulática, mesocumulática e ortocumulática.
6) De fluxo: fluidal e feutro.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 61
Plutonismo
Plutonismo é a designação geológica dada aos processos magmáticos que ocorrem no
interior da crosta terrestre, especificamente nas regiões mais profundas. A grande maioria das
rochas arqueozoicas e proterozoicas da crosta terrestre foram geradas por processos magmáticos
intrusivos, como, por exemplo, o grupo dos granitoides.
Plutons é o nome dado aos corpos intrusivos que estabelecem relações geométricas
com as rochas encaixantes de forma concordante ou discordante. Os corpos concordantes são
classificados em: sills, lacólitos, lopólitos e facólitos; os corpos discordantes são classificados
em: diques, necks, apófises e batólitos
Veja na Figura 2 a geometria dos corpos magmáticos intrusivos concordantes e discordantes.
Vulcanismo
Press e Siever (1998) consideram que, ao contrário do plutonismo, o vulcanismo
corresponde aos processos magmáticos de ascensão e extravasamento dos magmas até a
superfície terrestre na forma de lavas vulcânicas. Esses materiais podem ser líquidos, sólidos ou
gasosos, e utilizam como conduto, até a superfície, os vulcões e as fendas abertas na superfície
por processos tectônicos distensivos (abertura).
A Vulcanologia é o ramo da ciência geológica responsável pela gênese e pela dinâmica
dos vulcões. Vários fatores são analisados no entendimento dos processos genéticos, tais como
o edifício vulcânico, no qual se levam em consideração as crateras e as caldeiras formadas na
morfologia das montanhas vulcânicas, os tipos de erupções vulcânicas, os tipos de lavas, os
gases vulcânicos, enfim, todos os elementos que configuram a atividade vulcânica no planeta
Terra.
Visualização da morfologia dos vulcões–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para que você possa compreender melhor, observe a morfologia dos vulcões no seguinte endereço eletrônico:
<http://domingos.home.sapo.pt/ap_vulcao.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
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A atividade vulcânica pode ser associada a vários ambientes geológicos, mas, no geral,
está associada a rupturas na crosta terrestre. A dinâmica das placas tectônicas proporciona a
atividade vulcânica como produto dos regimes tectônico de abertura e tectônico convergente,
gerando atividades fissurais e vulcanismo central, ou seja, os vulcões.
As erupções fissurais estão relacionadas a aberturas ou fendas formadas na crosta terres-
tre que promovem a ascensão do magma até a superfície. Elas estão associadas a sistemas de
falhas verticais do tipo "rift-valleys”, um tipo de vulcanismo que pode ser exemplificado pela
formação da cadeia meso-oceânica oriunda da abertura do Oceano Atlântico.
Já as erupções centrais estão associadas à formação do edifício vulcânico e à atividade dos
vulcões, propriamente dita. Outro exemplo de atividade vulcânica central são os "hot spots”,
os pontos quentes na crosta que estão relacionados à formação dos arcos de ilhas no meio dos
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 63
oceanos, como é o caso do cinturão de ilhas do Havaí e, também, do Arco das Aleutas, no limite
entre as placas Eurasiana e do Pacífico.
Um aspecto bastante interessante no estudo da Vulcanologia é a caracterização das lavas
vulcânicas, ou seja, as rochas em estado de fusão. Elas podem ser classificadas em basálticas,
riolíticas e andesíticas. As lavas basálticas são as mais frequentes e podem ser classificadas em:
lavas almofadas, lavas pahoehoe e lavas “aa”.
As lavas almofadas (pillow lavas) são consideradas subaquáticas, ou seja, o vulcanismo
ocorre no fundo oceânico; as lavas pahoehoe são subaéreas associadas ao vulcanismo de extra-
vasamento, gerando os arcos de ilhas e também podem ser chamadas de lava em cordas; por
fim, as lavas "aa" também são subaéreas, mas, por causa do rápido escape dos gases, apresenta
uma textura bastante compacta, formando blocos.
Rochas sedimentares
As rochas sedimentares apresentam um novo episódio da história evolutiva da Terra, pois
sua gênese está relacionada aos processos erosivos de rochas preexistentes ígneas, metamór-
ficas e, até, sedimentares. O palco para a formação das rochas sedimentares são os ambientes
geológicos de sedimentação, presentes na superfície terrestre, tais como os rios, os desertos, as
geleiras, o oceano, as praias etc.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 65
A crosta terrestre apresenta 3/4 da superfície recoberta por rochas sedimentares, tanto
nos continentes quanto nos fundos oceânicos. As rochas sedimentares formam apenas uma co-
bertura superficial sobre as rochas magmáticas e metamórficas na composição total das rochas
crustais.
O local de ocorrência das rochas sedimentares são as bacias sedimentares, espalhadas
por todo o globo terrestre nas mais variadas proporções. São áreas rebaixadas na superfície
terrestre em virtude dos processos tectônicos, nos quais se acumulam espessas camadas de
sedimentos, seguindo a ordem evolutiva dos ambientes.
Em síntese, podemos afirmar que as rochas sedimentares são produtos de outras rochas
que foram intemperisadas, erodidas e transportadas por diferentes agentes, como a água, o
gelo e o vento, até sua sedimentação final em áreas rebaixadas da crosta terrestre, denomina-
das bacias sedimentares.
As rochas sedimentares podem ser classificadas geneticamente em dois conjuntos: as
formadas pela deposição de grãos minerais ou de rochas intemperizadas, classificadas como
rochas siliciclásticas ou terrígenas, e as formadas pela precipitação de compostos químicos ou
pela atividade de organismos em ambientes marinhos, classificadas como rochas sedimentares
químicas.
Processos e produtos envolvidos na sedimentação
No estudo das rochas sedimentares, é necessário compreender o que são os sedimentos
e toda a sua gênese evolutiva. A deposição de sedimentos corresponde à fase de acumulação
de detritos em meio aquoso (dentro dos corpos de água) ou aéreo (sobre a superfície), perante
condições geológicas (físicas e químicas) normais na superfície terrestre.
Na gênese inicial de formação das rochas sedimentares, devemos abordar as variáveis
envolvidas desde o processo de alteração química ou física da rocha-matriz até os processos
de diagênese na formação das rochas sedimentares. Veja na Figura 4 as etapas do processo de
formação sedimentar.
A atuação dos processos intempéricos (alteração química e física) nas rochas que se loca-
lizam em regiões de maiores altitudes comparadas ao nível do mar é o primeiro condicionante
sedimentar para toda essa gênese evolutiva. Isso acontece porque o clima, as condições atmos-
féricas e as taxas pluviométricas exercem forte influência como processos decompositores da
rocha matriz.
Vale destacar, ainda, que a ação intempérica age juntamente com as taxas de soerguimen-
to de áreas elevadas. Paralelamente, em outras regiões ocorrem os processos de subsidência de
porções crustais. No soerguimento, a crosta terrestre exerce força de elevação sobre as rochas
constituintes, fazendo que as rochas que estão a dezenas de metros de profundidade sejam
expostas em superfícies sujeitas ao intemperismo.
Após os processos de decomposição química ou física das rochas preexistentes, a erosão
passa a atuar como agente sucessor do intemperismo, mediante a retirada dos detritos de sua
área fonte. Assim, as maiores ou menores taxas erosivas de uma região são condicionadas pela
estrutura do relevo local, pois quanto mais elevadas e íngremes são as áreas, maiores são as
taxas erosivas que serão transportadas para as regiões de subsidência crustal (bacias sedimen-
tares).
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 67
Diagênese
Diagênese é o conjunto de fatores que transforma os sedimentos em rochas sedimenta-
res, alterando as condições químicas e físicas do sedimento, podendo ser tanto terrígenas como
calcária (marinha).
São quatro os processos mais importantes da diagênese. Veja, a seguir, quais são e a de-
finição de cada um deles:
1) Compactação: ocorre de forma mecânica, causando a dissolução de alguns minerais.
O aspecto mais importante desse processo, notável nas rochas terrígenas, é a quebra
mecânica dos grãos presentes.
2) Dissolução: acontece por causa da pressão causada nas fases finais de soterramento,
ocorrendo a corrosão de minerais susceptíveis pelas águas intersticiais.
3) Cimentação: é causado pela precipitação de minerais em águas ionizadas, formando
os cimentos de composição, na maioria das vezes silicosos, podendo ocorrer, também,
em outras composições.
4) Recristalização diagenética: corresponde a mudanças mineralógicas de alguns mine-
rais preexistentes transformando-se em outros, como, por exemplo, os carbonatos.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 69
Rochas metamórficas
As rochas metamórficas correspondem à terceira classe genética de rochas. Como o pró-
prio nome sugere, ocorre pelo processo de metamorfismo e é similar ao significado da palavra
“metamorfose” (sinônimo de transformação, alteração, mudança). As rochas metamórficas são
produtos resultantes do metamorfismo aplicado a rochas preexistentes, podendo ser rochas
ígneas, rochas sedimentares ou, até mesmo, outras rochas metamórficas (YARDLEY, 1994).
O nome dado às rochas preexistentes, antes de serem submetidas ao metamorfismo, é
protólito. Os processos metamórficos, na grande maioria, ocorrem associados aos processos
tectônicos de regime convergente, pois é devido a esse regime que se formaram as grandes
cordilheiras montanhosas de borda de placa.
As áreas de ocorrência de rochas metamórficas são denominadas de faixas móveis ou cin-
turões metamórficos e são sempre associadas à ocorrência de rochas ígneas intrusivas.
Uma característica importante no entendimento das rochas metamórficas é a ocorrência
de reações metamórficas que geram a modificação química e física dos minerais.
Os principais parâmetros físicos associados ao metamorfismo são a temperatura e a pres-
são, pois, de alguma forma, esses elementos modificam a estrutura primária da rocha e deixam
evidências para a associação da composição do protólito.
Em síntese, os processos metamórficos ocorrem nas profundezas da crosta, próximo ao li-
mite com o manto, zona importante para o fornecimento de temperatura e aumento da pressão
litostática. A Figura 7 mostra o modelo de formação das rochas metamórficas.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 73
Tipos de metamorfismo
O desenvolvimento dos processos metamórficos ocorre em diversos níveis crustais em
locais próprios para o metamorfismo. Nesses locais, combinam-se variados fatores, tais como os
aspectos físicos envolvidos e os diversos tipos de rochas metamórficas que se formaram.
Os principais tipos de metamorfismo que se enquadram de acordo com os condicionantes
metamórficos são:
1) Regional: também conhecido como metamorfismo dinamotermal, é o tipo mais ex-
pressivo, e responsável pela formação da grande maioria de rochas metamórficas na
crosta terrestre. Desenvolve-se nas porções mais profundas da crosta e sempre está
associado a regimes tectônicos convergentes. A combinação dos fatores físicos nesse
tipo de metamorfismo é praticamente completa, gerando o metamorfismo regional
progressivo, cujas principais evidências são a deformação completa dos protólitos e
a intensa recristalização mineral. As rochas metamórficas formadas apresentam-se
foliadas com estruturas bem definidas e sempre associadas a intenso magmatismo
granítico.
2) De contato: recebe, também, o nome de metamorfismo termal, ou seja, as intrusões
ígneas liberam calor suficiente para causar metamorfismo nas rochas encaixantes
gerando os hornfells, rocha metamórfica produto do metamorfismo de contato. Ge-
ralmente, em torno das intrusões forma-se uma auréola metamórfica, zoneada com
assembleias mineralógicas distintas. Esse tipo de metamorfismo costuma ocorrer em
níveis superficiais e intermediários da crosta, em torno de corpos ígneos menores,
diques e sills.
3) Cataclástico: conhecido também como metamorfismo dinâmico, ocorre associado a
zonas de falhas e de cisalhamento (movimentação e ruptura das porções superficiais
da crosta). Apresentam deformações e recristalização dos minerais presentes, que po-
dem ser do tipo rúptil, causando quebra da estrutura atual da rocha, ou deformações
dúcteis, causando a formação de novos minerais.
4) De soterramento: ocorre associado a bacias sedimentares, pois a pressão causada pe-
las formações superiores sobre as inferiores gera mudanças estruturais das rochas so-
brejacentes, gerando sutis deformações, que deixam as rochas ligeiramente foliadas.
Ocorre, ainda, a formação de novos minerais devido à influência dos fluídos presentes
nos porros da rocha, e a temperatura pode atingir até 300°C.
5) Hidrotermal: ocorre nas bordas de intrusões ígneas e em zonas geotermais, onde a
percolação de fluídos quentes gera a recristalização de novos minerais do tipo sulfe-
tos, formando veios mineralizados. A temperatura varia entre 100°C e 350°C.
6) De impacto: está associado à ocorrência de quedas de meteoritos na superfície ter-
restre. Com a queda, ocorre a liberação de altas taxas de energia, na forma impac-
tante e de calor, gerando as crateras de impacto. As rochas encaixantes são fundidas
gerando o metamorfismo do quartzo em virtude das altas temperaturas que atingem
até 5000°C. Esse processo metamórfico pode ocorrer em outros corpos planetários,
com a ocorrência de enormes crateras de impacto.
As ilustrações a seguir apresentam os modelos de ocorrência do metamorfismo. Na Figura
8, estão representados os metamorfismos regional, de contato e cataclástico. Na Figura 9,
aparecem os metamorfismos de soterramento, hidrotermal e de impacto.
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 75
Geralmente, as áreas das faixas móveis bordejam as áreas cratônicas, pois representam
antigas áreas de sedimentação, ou seja, mares bordejando aos crátons, gerando a formação de
rochas sedimentares em meio a zonas de magmatismo. Por exemplo, o Cráton do São Francisco
é bordejado a oeste pela Faixa Brasília e a leste pela Faixa Araçuaí.
Veja na Figura 10 as principais faixas móveis de ocorrência das rochas metamórficas no
Brasil.
Em síntese, podemos afirmar que o intemperismo faz com que as rochas percam sua coe-
são e sejam facilmente erodidas, transportadas e depositadas em depressões e, após a diagêne-
se, passam a constituir as rochas sedimentares.
Quando as rochas sedimentares são depositadas nas bacias sedimentares, as formações
profundas estão sujeitas aos processos de metamorfismo, podendo se transformar em rochas
metamórficas de baixo grau, e as superiores, que já se encontram aflorando em superfície, são
intemperizadas, fornecendo novamente sedimentos.
A cadeia de processos de formação de rochas sedimentares pode atuar sobre qualquer
rocha, seja ela ígnea, metamórfica ou sedimentar, exposta à superfície da Terra. Por causa do
deslocamento das placas tectônicas durante o tempo geológico, as rochas podem ser levadas a
ambientes muito diferentes daqueles em que se formaram (INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS, 2012).
Todos os tipos de rochas, quando sujeitas às transformações relacionadas ao ambiente de
formação, como altas pressões e temperaturas, passam por mudanças mineralógicas, estrutu-
rais e texturais, tornando-se uma rocha metamórfica. Se as condições de metamorfismo forem
muito intensas, as rochas podem se fundir, gerando magmas que, ao se solidificar, darão origem
a novas rochas ígneas.
Veja na Figura 11 a integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas.
Figura 11 Integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
As informações sobre a composição e estrutura dos minerais são fundamentais para que
você entenda a formação das rochas e da própria crosta da Terra. Para que você tenha contato
com estes conteúdos novamente, leia e busque resolver as questões a seguir:
© U2 - Constituição do Planeta Terra: Minerais e Rochas 81
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) d.
2) a.
3) e.
4) b.
5) e.
6) d.
7) a.
9. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fim da Unidade 2, na qual conhecemos os elementos que constituem a cros-
ta terrestre, os minerais e as rochas.
Os conceitos relacionados à gênese dos minerais é um assunto bastante complexo que en-
volve conceitos de ciências exatas como a química, a física e a matemática. Por esse motivo não
entramos em detalhes aprofundados em relação à composição química de minerais, abordando
apenas os minerais mais importantes na constituição das três classes genéticas de rochas.
Por fim, você pôde compreender a sistemática integradora dos aspectos mineralógicos
das rochas ígneas, sedimentares e metamórficas, que formam o chamado ciclo das rochas. Com
o aprendizado desse processo ficou claro que nenhuma gênese ocorre de forma individual e
pontual, já que são fatores interdependentes na composição total da crosta terrestre.
10. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 4 Bloco diagrama dos processos sedimentares. Disponível em: <http://fossil.uc.pt/imags/Ciclo%20sedimentar.jpg>.
Acesso em: 24 out. 2011.
Figura 5 Componentes deposicionais: matriz, arcabouço e poros intersticiais. Disponível em: <www.igc.usp.br/ensino/graduacao/
disciplinas_web/geologiageralbiologia/Rochas%20Sedimentares.ppt>. Acesso em: 3 mar. 2008.
Figura 11 Integração das três classes genéticas de rochas com o ciclo das rochas. Disponível em:
<http://www.soultones.com/canyon/canyon5_LG.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
<http://apod.nasa.gov/apod/image/0510/etnaboom_fulle.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011; <http://www.geopor.pt/gne/GIFS/
igneas.gif>. Acesso em: 24 out. 2011; <http://www.theodora.com/wfb/photos/brazil/canela_rio_grande_do_sul_brazil_photo_
gov_tourist_ministry.jpg>. Acesso em: 24 out. 2011.
Site pesquisado
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS. O ciclo das rochas. Disponível em: <http://www2.igc.usp.br/replicas/rochas/ciclo.htm>. Acesso
em: 3 fev. 2012.
1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender os princípios deformacionais na evolução geotectônica do
planeta.
• Distinguir e classificar os principais elementos deformacionais: dobras e falhas.
• Compreender a Teoria da Tectônica de Placas e os regimes tectônicos na estruturação
da crosta terrestre.
2. CONTEÚDOS
• Princípios deformacionais da crosta terrestre.
• Conceitos e classificações de dobras e falhas.
• Evolução do conhecimento e do conceito de tectônica.
• Teoria da Tectônica de Placas e regimes tectônicos.
• Movimentação dos continentes.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Esta unidade tem o propósito de apresentar a você os elementos deformacionais e per-
turbadores das rochas que modificam condições geológicas iniciais próprias para a formação
de oceanos e cadeias montanhosas, e o surgimento de elementos estruturais geométricos para
uma análise geológica estrutural.
Num primeiro momento, vamos discutir o que é "deformação em rochas" e os condicio-
nantes físicos para que ocorram as deformações, além de apresentar alguns critérios para o
desenvolvimento das estruturas resultantes dos processos perturbadores e modificadores das
rochas.
A Geologia Estrutural é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo deforma-
cional da litosfera, e dos elementos resultantes dessas deformações, tais como as dobras e as
falhas. O objetivo do estudo desses elementos é mostrar as evidências sobre o dinamismo do
planeta Terra e comprovar a origem da formação dos continentes e o surgimento de estruturas
modernas ao lado de estruturas muito antigas no modelamento do relevo terrestre.
Os elementos geométricos que vamos estudar são: as dobras, deformações de caráter
dúctil que ocorrem nas rochas devido aos esforços compressivos das porções crustais, conheci-
das como placas tectônicas, e as falhas, deformações de caráter rúptil que geram a quebra de
porções continentais, o desnivelamento das estruturas e a formação de elementos geomorfoló-
gicos (de relevo) na superfície terrestre.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 85
Esse estudo abrange grande parte dos métodos exploratórios de recursos minerais e ener-
géticos. Também aborda as contribuições técnicas aplicadas para o desenvolvimento de proje-
tos de engenharia civil, nos quais a superfície terrestre é o palco dos empreendimentos – por
exemplo: pontes, túneis, estradas e barragens que necessitam de bases geológicas estruturais
para os planejamentos aplicados. Vamos conhecer, também, os mecanismos geradores dos três
regimes tectônicos abordados pela Teoria da Tectônica de Placas.
Por fim, após conhecer os elementos deformacionais e o funcionamento da Teoria da
Tectônica de Placas, você passará a compreender melhor a gênese estrutural de formação dos
principais elementos de relevo.
Assim, é importante que você compreenda os fatores geotectônicos e deformacionais,
busque uma aplicação em escala global sobre os produtos resultantes e não se prenda somente
aos elementos estruturais do território brasileiro.
Bons estudos!
5. PRINCÍPIOS DEFORMACIONAIS
As primeiras observações geológicas a respeito dos processos deformacionais foram feitas
em rochas sedimentares, partindo do princípio de que elas são formadas por estratos horizon-
talizados e, com o passar do tempo, as formações apresentavam-se inclinadas e deformadas.
Mas quais foram os fenômenos geológicos envolvidos no processo deformacional?
Dúvidas como essas eram frequentes no campo das Geociências antes do surgimento da
Teoria da Tectônica de Placas, estudo que contribuiu para a construção do pensamento geoló-
gico.
Por meio desse estudo, constatou-se que todos os corpos rochosos são submetidos a es-
forços que modificam as suas estruturas originais. Com isso, foram definidos os processos físi-
cos, pois os corpos rochosos podem ser modificados por rotação, dilatação e contração, e o
conjunto desses três processos físicos gera a deformação dos materiais geológicos.
Para um entendimento maior a respeito do campo das deformações, é necessário que
você compreenda os seguintes conceitos físicos definidos por Loczy e Ladeira (1976):
• Força: é a propriedade física vetorial de alteração do estado de repouso dos materiais.
Geologicamente, pode ser a força de um corpo relacionada ao volume do material ana-
lisado e a força de contato associada aos materiais de superfície.
• Esforço: é uma propriedade física relacionada à aplicação de uma força em qualquer
superfície material.
A Geologia Estrutural compromete-se com o estudo de corpos geológicos deformados,
associando as movimentações tectônicas às formas geométricas (LOCZY; LADEIRA, 1976).
Geneticamente, as deformações podem ocorrer de duas formas: deformações rúpteis
(relacionadas à quebra dos materiais) e deformações dúcteis (deformações plásticas nas quais
ocorrem apenas alterações de volume do material).
O estudo das deformações implica na imposição de algumas propriedades físicas primor-
diais ao entendimento integrado, definidas por Ragan (1968) como:
Em síntese, podemos afirmar que ocorrem dois domínios deformacionais que definem e
configuram as estruturas geológicas: o superficial, campo das deformações rúpteis ou de que-
bra, e o profundo, campo das deformações dúcteis, no qual os corpos rochosos podem, ou não,
se fundir parcialmente.
Portanto, as estruturas rúpteis e dúcteis definem os elementos estruturais de análise de-
formacional: as dobras e as falhas.
No estado da Califórnia, oeste dos EUA, uma estrutura geológica bastante importante no
contexto geotectônico, a chamada Falha de San Andreas, é transcorrente de movimentação
lateral, pois a cada momento de acomodação das estruturas internas ocorrem grandes terre-
motos com altas intensidades. Esses terremotos são causados pela ruptura e movimentação de
porções crustais praticamente rasas em comparação à superfície.
Outro elemento geométrico é a linha de charneira, que corresponde à união dos pontos
da curvatura máxima da superfície dobrada. Quanto à união dos pontos mínimos, esta é chama-
da de linha de inflexão da dobra, que, por sua vez, pode ser retilínea ou curvada. Se retilínea,
pode ser chamada de eixo da dobra.
A crista é outro segmento geométrico que une os pontos máximos e mínimos da dobra.
Por fim, como elemento geométrico das superfícies dobradas, o plano axial corresponde a um
plano que contém a linha de charneira da dobra (TEIXEIRA et al., 2003).
O estudo geológico estrutural das dobras fornece subsídios teóricos para várias práticas
exploratórias de recursos naturais.
Um dos critérios de classificação das dobras está relacionado à superfície dobrada, onde
ocorre o estabelecimento de retas tangentes nos pontos de inflexão. Com isso, as dobras são
classificadas em relação à abertura e ao fechamento dos flancos. Acompanhe:
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 89
Segundo Davis e Reynolds (1996), a maior feição apresentada pela ocorrência de uma fa-
lha de grande porte na superfície terrestre é a presença de escarpas. Na área do plano falhado
do bloco superior são desenvolvidos sulcos erosivos devido ao intemperismo das rochas expos-
tas, formando, assim, uma escarpa de forma festonada (ondulada).
Para Stewart e Hancock (1990), a presença de falhas e dobras no relevo terrestre permite a
compartimentação dos blocos nas porções crustais maiores. Nelas ocorrem mudanças de relevo
devido à presença desses elementos estruturais, além de permitir o estabelecimento de mode-
los geomorfológicos evolutivos para a confirmação da formação do relevo.
Observe na Figura 9 o modelo evolutivo de formação das escarpas de falhas.
As falhas normais, segundo Ramsay (1987), estão associadas aos regimes tectônicos dis-
tensivos ou de abertura, são de alto ângulo com deslocamento vertical e têm a movimentação
convencionada pelo plano da falha. As falhas normais são geradas no desenvolvimento das ca-
deias meso-oceânicas e nas bacias sedimentares e estão associadas à formação de grabens,
relacionados com os blocos rebaixados ou abatidos, e os horts, relacionados aos blocos altos ou
soerguidos.
As falhas inversas são associadas aos regimes tectônicos compressivos ou de fechamento
de crosta e apresentam baixo ângulo de mergulho. Elas podem ser chamadas, também, de fa-
lhas de empurrão ou de cavalgamento. Os esforços associados às falhas inversas são horizontais
e os traços dessas falhas, observados em superfície, são sinuosos. Geralmente, próximos a zonas
de falhas inversas desenvolvem-se rochas cataclásticas.
Loczy e Ladeira (1976) afirmam que as falhas transcorrentes são associadas aos limites de
placas litosféricas e são de caráter horizontal, com plano de falha vertical. Também recebem a
designação de falhas transformantes e laterais.
Os termos dextral e sinistral são utilizados para estas falhas dependendo da escala de
observação na associação dos movimentos relativos dos blocos. As falhas transcorrentes mais
expressivas em mapas geológicos atuais são do período pré-cambriano, mas foram reativadas
no período Terciário.
O ramo da Geotectônica responsável pelo estudo dessas estruturas (falhas e dobras) rea-
tivadas é a Neotectônica. A Figura 11 ilustra as estruturas geológicas associadas ao desenvolvi-
mento das falhas.
De acordo com Summerfield (1991), em 1960 surge um novo ramo nas ciências da terra, a
Geocronologia, responsável pela datação de minerais e rochas.
A partir de análises, foram realizadas datações nas rochas dos fundos oceânicos, obtendo-
-se idades bastante expressivas. As idades mais antigas dessas rochas atingiam 200 M.a.
Foi notada a ocorrência de faixas simétricas de rochas da mesma idade de cada lado da
cadeia Meso-Atlântica. Também foi observado que as rochas mais jovens estavam próximas a
essa cadeia e as mais antigas, próximas aos continentes. Observe a Figura 13.
Outra contribuição bastante enriquecedora no âmbito geotectônico é o estudo do mag-
netismo terrestre, que contribuiu significantemente para um entendimento maior a respeito da
crosta continental (RAMSAY, 1987).
Algumas evidências foram surgindo nesse segmento, tais como a mudança do eixo magné-
tico da Terra em eras geológicas passadas, a presença de paleomagnetismo nas rochas de fundo
oceânico etc.
A partir da década de 1970, a Teoria da Deriva Continental já havia sido bastante divulgada
no meio científico. Foi quando surgiu, então, uma teoria remodelada e com justificativas aceitá-
veis no âmbito científico: a Teoria da Tectônica de Placas (SKINNER; PORTER, 1989).
Todas as estruturas submarinas estão relacionadas ao elevado fluxo térmico provindo das
correntes de convecção e extravasamento de material originário do manto por meio da Dorsal
Meso-Oceânica.
Segundo Loczy e Ladeira (1976), a deposição de material vulcânico ocorre de forma lateral
a dorsal, promovendo a abertura e a expansão do assoalho oceânico. As correntes de convecção
são responsáveis pela energia necessária para a movimentação das placas tectônicas, tanto pro-
movendo a expansão da crosta oceânica como a sua destruição.
Em resumo, a Tectônica de Placas pode ser definida como processos de abertura e de des-
truição da crosta oceânica por meio das zonas de subducção. Isso porque, com o mergulho da
crosta oceânica sob a crosta continental, ocorre a fusão da crosta subductada com a assimilação
do material fundido pelo manto ou no retorno desse material por meio de pulsos magmáticos,
gerando as câmaras ígneas em crosta continental.
De acordo com Hobbs (1976), as placas tectônicas apresentam seus limites e relações de
contato de três formas. Observe a descrição desses limites entre placas e a representação deles
na Figura 14:
• Limite divergente: afastamento das placas tectônicas; ocorre a formação de crosta oce-
ânica; tem como exemplo a Dorsal Meso-Oceânica.
• Limite convergente: colisão de placas tectônicas; ocorre a destruição da crosta onde a
mais densa mergulha sob a menos densa, gerando a fusão parcial da placa mergulhan-
te; ocorre a formação de cordilheiras de montanhas nesse tipo de limite entre placas.
Por exemplo, a Cordilheira dos Andes, formada em consequência da colisão entre as
placas de Nazca e Sul-americana.
• Limite transcorrente: deslizamento de placas tectônicas; ocorre o deslizamento de pla-
cas lateralmente, sem formação ou destruição de crosta. Por exemplo, a Falha de San
Andreas, colocando lateralmente as placas do Pacífico e a Norte-americana.
Em função dos regimes tectônicos, em torno desses limites ocorrem terremotos, vulcanis-
mo e orogênese. Como vimos anteriormente, as correntes de convecções servem de motor para
a movimentação das placas tectônicas; no entanto, alguns cientistas acreditam que só elas não
são suficientes para gerar essa movimentação.
As placas apresentam um eixo de rotação em razão de a superfície terrestre ser convexa e
apresentar alguns pontos que se deslocam mais rápido do que outros.
De acordo com Hasui (1990), algumas placas estão estagnadas por estarem bordejadas
por limites divergentes. Segundo o autor, um elemento geológico bastante importante para a
determinação da velocidade de deslocamento de uma placa tectônica são os hot spots, pontos
quentes relacionados à atividade magmática, pois em consequência da ascensão das plumas
mantélicas, estas se alojam na crosta formando as câmaras magmáticas.
As placas movem-se sobre esses pontos quentes deixando feições lineares sobre eles.
Alguns exemplos de estruturas resultantes desses processos são as cordilheiras de montanhas
e ilhas vulcânicas etc.
Em relação aos processos colisionais entre placas tectônicas, Summerfiel (1991) afirma
que eles podem estar associados a colisões entre crostas continentais, entre crostas oceânicas e
entre crosta continental com crosta oceânica.
Veja exemplos de processos colisionais entre placas tectônicas.
• Crosta oceânica - Crosta oceânica: no processo de convergência ocorre a formação de
arcos de ilhas vulcânicas associados a pulsos magmáticos junto à borda da placa sub-
ductada. Um exemplo é o arquipélago que forma o Japão.
• Crosta oceânica - Crosta continental: ocorre a formação de arco magmático junto à
borda da placa continental. Um exemplo é a Cordilheira dos Andes.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 101
• Crosta continental - Crosta continental: não ocorre vulcanismo expressivo, mas inten-
sos processos de metamorfismo. Temos como exemplo a Cordilheira do Himalaia.
Como vimos anteriormente, o funcionamento geral das placas tectônicas está relacionado
a fragmentações e junções de porções crustais. Com base nessa informação, podemos associar
processos de abertura e fechamento de oceanos e subducção de placas em margens continen-
tais ativas. Esta sequência de processos geológicos é conhecida como Ciclo de Wilson (HASUI,
1990).
Após observar os processos de formação e de destruição da crosta terrestre, é possível
associar os processos de movimentação das porções crustais formadas, configurando, assim, a
evolução e a movimentação dos continentes.
Uma primeira afirmativa diz que processos iguais à fragmentação do Pangea já ocorreram
em épocas geológicas anteriores, aos 200 M.a, e que esse foi o último produto de formação dos
processos de aglutinação e fragmentação de continentes, de acordo com as ideias de Tassinari
apud Teixeira et al. (2003).
Sempre houve processos de fragmentação e aglutinação de porções crustais na história
geológica do planeta. Os primeiros núcleos crustais formaram-se há 3,96 B.a.
Por causa das orogêneses (conjunto de processos geológicos que resultaram na formação
de uma cadeia de montanhas – orógeno – e relacionado à tectônica compressional de placas
tectônicas), esses núcleos crustais foram aumentando as dimensões.
A seguir, acompanhe a sequência de eventos de fragmentação e aglutinação de porções
crustais e os respectivos produtos continentais:
1) 3,96 B.a. - formação dos primeiros núcleos continentais chamados de Ártica, Atlântica
e Ur;
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 103
3) As porções da crosta que sofrem deformação de caráter rúptil estão relacionadas com:
a) Falhas e Horst.
b) Dobras e Sinclinal.
c) Sinclinal e Anticlinal.
d) Anticlinal e Graben.
e) Horst e Anticlinal.
4) Os regimes tectônicos compressivos em superfície estão ligados a:
a) Falhas Transcorrentes.
b) Falhas Normais.
c) Falhas Inversas.
d) Dobra Anticlinal.
e) Dobra Sinclinal.
5) Áreas mais elevadas da crosta terrestre que têm sua formação ligada à dobramentos recebem o nome de:
a) Falhas Transcorrentes.
b) Falhas Normais.
c) Falhas Inversas.
d) Dobra Anticlinal.
e) Dobra Sinclinal.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) b.
2) b.
3) a.
4) c.
5) d.
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, vimos que as propostas e os objetivos apresentados inicialmente foram
integrados de forma sistemática entre os elementos geológicos e os entendimentos evolutivos.
Portanto, acreditamos que o entendimento do conceito de tectônica possibilitou a você a
formação de um pensamento evolutivo sobre a história geológica do planeta, por isso, a impor-
tância da apresentação desses conceitos.
Aplique seu conhecimento estrutural na busca do entendimento em maiores escalas de
observação geológica. Viaje geologicamente pelos continentes e bons estudos!
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 2 Aspectos gerais de apresentação das dobras. Disponível em:
<http://industriadarte.blogs.sapo.pt/arquivo/Dobra%20Ponsul.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.cprm.gov.br/
gestao/ppga_valedoribeira/Registros%20fotogr%E1ficos/Fotografias/FOTO0449_1.JPG>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://
www.rc.unesp.br/museudpm/rochas/metamorficas/itabirito.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.geopor.pt/gne/GIFS/
def.gif>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://www.geologia.blogger.com.br/mestrado0041.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011; <http://
mars.jpl.nasa.gov/mro/gallery/press/20070215a/cover_image_th200.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
Figura 3 Elementos estruturais de uma dobra. Disponível em: <http://www.georoteiros.pt/georoteiros/multimedia/6glossario/
dobra_crista_160.jpg>. Acesso em: 25 out. 2011.
© U3 - Deformações em Rochas e Teoria da Tectônica de Placas 105
1. OBJETIVOS
• Conhecer e compreender o processo e a dinâmica desenvolvidos pela água no sistema
Terra.
• Analisar o conceito de intemperismo e identificá-lo como agente climático na formação
de solos e na modificação da paisagem.
• Classificar e compreender os processos pedológicos de formação dos solos.
2. CONTEÚDOS
• A água no sistema Terra.
• Água subterrânea e aquífero.
• Feições erosivas e a formação do Cárste.
• Intemperismo e relações com as zonas climáticas.
• Formação e classificação de solos.
• Solos brasileiros, tropicais e lateríticos.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O estudo geológico da água é extremamente importante para as ciências da Terra. Isso
porque a água é o agente químico mais abundante na superfície terrestre, representando um
elemento essencial para a vida das inúmeras espécies de seres vivos que habitam o planeta
Terra.
Por isso, nesta unidade, apresentaremos a gênese de formação e todo o ciclo que a água
desenvolve no funcionamento do sistema Terra.
Como podemos notar, a água assume um papel importante junto aos processos de altera-
ção química de minerais e rochas, atuando diretamente na formação do solo. Da mesma forma,
a água é o agente erosivo mais eficiente do sistema Terra, pois utiliza os rios para transporte dos
materiais erodidos, e os lagos e os oceanos para a distribuição e a deposição desses materiais
inconsolidados que, futuramente, sofrerão diagênese e formarão as rochas sedimentares.
A diagênese é o nome dado ao conjunto de transformações que o depósito sedimentar so-
fre após a deposição, consiste em mudanças nas condições de pressão e temperatura, ocorren-
do dissoluções e precipitações a partir das soluções aquosas existentes nos poros, terminando
na transformação do depósito sedimentar inconsolidado em rocha, ou litificação (TUBOLINHA-
-ENG, 2012).
Na superfície terrestre, a água pode apresentar-se na forma sólida, constituindo o gelo
que compõe as geleiras nas regiões polares e nas regiões de maiores altitudes, como, por exem-
plo, o topo das regiões montanhosas.
Conheceremos, também, todos os processos e agentes envolvidos no “ciclo hidrológico”,
responsável por uma série de efeitos climatológicos e pela formação dos solos na superfície
terrestre.
Ao compararmos, por exemplo, a porcentagem de água presente no globo terrestre e nas
áreas continentais, notamos que, se considerarmos a superfície terrestre como 100% de mate-
rial analisado, a água corresponderá a quase 75% desse montante, enquanto as áreas continen-
tais assumirão somente os 25% restantes.
Podemos notar, ainda, que a ação geológica da água dá-se tanto em superfície como em
subsuperfície, formando os chamados aquíferos, que são reservatórios naturais de água junto
às formações rochosas.
Outro conceito bastante importante para nosso estudo é o intemperismo. O termo é defi-
nido por Leinz e Amaral (1987) como uma ação geológica conjunta da água, do vento, do clima,
do relevo, da fauna e da flora, que causa os processos de alteração química e física dos consti-
tuintes da crosta terrestre, os minerais e as rochas, formando os diversos tipos de solos presen-
tes na superfície terrestre.
De acordo com essa concepção, concluímos que o intemperismo pode ser definido como
o produto da interação da atmosfera, da hidrosfera e da biosfera. Ele provoca a decomposição
química e a degradação física das rochas, gerando a formação do solo, outro importante ele-
mento geológico utilizado para uso e ocupação dos seres vivos. A atuação efetiva do intempe-
rismo é, também, responsável pela denudação (ação erosiva ampla) de áreas continentais e,
consequentemente, pelo aplainamento do relevo.
O solo, formado pela ação do intemperismo, corresponde à última camada formadora da
crosta terrestre, de caráter inconsolidado, e é resultante das rochas que foram decompostas
para a sua formação. Além disso, o solo é constituído por estruturas que são indicativas no ato
de sua classificação.
Dessa forma, os processos geológicos relacionados à formação do solo recebem o nome
de Pedogênese, e a ciência responsável pelo estudo, análise e classificação dos solos é chamada
de Pedologia.
Como podemos observar, esta unidade apresentará várias definições que exigem a inter-
pretação dos conceitos geológicos, químicos e físicos relacionados à dinâmica da água na super-
fície e na subsuperfície terrestre. Da mesma forma, a Pedologia requererá o desenvolvimento
de uma memória fotográfica bastante expressiva, no ato de caracterização dos diversos tipos de
solos, para futuras classificações em estudos ambientais aplicados.
O perfil quantitativo da água no sistema Terra se mantém desde épocas primitivas. En-
tretanto, ocorreram pequenas variações no volume de água do planeta em função do ciclo das
rochas, ou seja, das águas que introduziram a gênese de formação das rochas ígneas e meta-
mórficas.
Muitas evidências apontam para a hipótese de que, há cerca de 3 B.a, surgiu a vida no
planeta por meio das águas primitivas e dos seres unicelulares, que formaram o primeiro reino
dos seres vivos, o reino monera (reino das bactérias).
Você sabia que o planeta Terra se formou há aproximadamente 4,5 B.a. e que a água sur-
giu há 3,5 B.a., mediante os processos de intensa emissão de vapores durante o resfriamento
das rochas preexistentes?
6. CICLO HIDROLÓGICO
Conforme estudamos anteriormente, é constante o volume total de água presente no sis-
tema Terra desde as épocas primitivas de formação. Com base nessa afirmação, iremos analisar
as etapas que configuram o ciclo hidrológico, considerando que os agentes ou efeitos envolvidos
estão associados a processos físicos e químicos.
Inicialmente, é importante destacar que as chuvas na natureza ocorrem devido à presença
de vapor de água na atmosfera. O vapor de água condensa-se, formando as gotas de água que
se precipitam e retornam à superfície terrestre. No entanto, ele pode passar tanto do estado
de vapor para o estado líquido, na forma das chuvas, como para o estado sólido, na forma do
granizo e da neve.
Há outros processos físicos que ocorrem no ciclo hidrológico. Além da precipitação, como
vimos anteriormente, acontece também a evaporação, em que parte da água precipitada retor-
na à atmosfera na forma de vapor e a outra metade associa-se aos processos de formação de
vapor pelo solo e pelas plantas, causando a chamada evapotranspiração.
Por meio da evapotranspiração, quando a água atinge o subsolo, ela pode ser infiltrada
em altas ou em baixas taxas, dependendo da falta ou do excesso de cobertura vegetal. Ao ser
infiltrada no solo, a água ocupa o poro das rochas e solos e ali fica armazenada, formando os
reservatórios subterrâneos, os chamados aquíferos.
No entanto, a água infiltrada pode exceder o volume absorvido pelo solo, causando o
escoamento superficial em áreas de maior ingrimidade entre as encostas. Nesse caso, serão
escoadas para os rios ou corpos de água próximos. Essa água pode, ainda, retornar à superfície
por meio das nascentes, das cabeceiras dos rios e das drenagens menores, formando, por meio
do conjunto dessas águas, a rede hidrográfica que escoa até os oceanos.
A evaporação pode ocorrer, também, na superfície dos oceanos, fornecendo vapor de
água à atmosfera. Completa-se, assim, o ciclo hidrológico, que novamente se inicia pelas fases
de condensação e precipitação das águas por meio das chuvas.
Nas regiões equatoriais de alta densidade vegetal, a taxa pluviométrica (quantidade de
chuvas) é elevada em razão das altas taxas de vapor de água presentes na atmosfera daquela
região, vapor que é gerado pelo processo de evapotranspiração dos vegetais presentes.
Podemos citar como exemplo a Floresta Amazônica, região muito quente com altas taxas
diárias de chuvas.
Acompanhe, na Figura 2, a representação das fases do ciclo hidrológico.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 113
As relações da passagem da água pelos estados físicos (sólido, líquido e gasoso) se man-
têm em equilíbrio por meio do tempo geológico. Essa relação justifica a constância do volume
total de água no sistema Terra desde a era primitiva até os dias de hoje.
Desse modo, o ciclo hidrológico pode ser: de longo prazo, relacionado à dinâmica interna
do planeta, em que a água se torna agente, também, do ciclo das rochas, ou de curto prazo,
associado à dinâmica externa.
As bacias hidrográficas assumem papel importante no processo de hierarquização dos cur-
sos de água e na quantificação da taxa de água presente no sistema. Além disso, elas correspon-
dem a áreas de captação de água, que são delimitadas por divisores de água.
Nas bacias hidrográficas toda água que entra é escoada até o último ponto da rede hidro-
gráfica, que é um rio coletor principal. Esse processo estabelece o balanço hídrico daquela bacia.
O registro das taxas e balanços hídricos é realizado por meio dos hidrogramas, que permitem
observar se as taxas de vazão das bacias hidrográficas estão baixas ou altas.
7. ÁGUA SUBTERRÂNEA
A água subterrânea corresponde à água que ocupa os poros, ou os vazios, em rochas e
solos. A infiltração, a movimentação e a distribuição constituem os principais fatores físicos as-
sociados às águas subterrâneas.
A infiltração corresponde ao processo de recarga das águas subterrâneas. Ela pode variar
em função de fatores, tais como:
1) Tipo e condição dos materiais geológicos presentes.
2) Presença ou não de cobertura vegetal.
3) Topografia.
4) Precipitação e ocupação.
5) Uso do solo pelo agente antrópico (homem).
Os processos de distribuição e de movimentação da água no subsolo são controlados pela
força de atração das moléculas e pela tensão superficial promovida pela água nos poros das
rochas ou solos.
Nessa interface hidrogeológica, encontra-se a chamada zona freática, que corresponde
à região subterrânea, na qual estão todos os poros e os vazios de água. Acima da zona freática
encontra-se a zona vadosa, que é constituída por poros preenchidos pela água e pelo ar. O limite
entre as duas zonas é chamado de superfície freática ou nível de água subterrânea.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 115
Podemos observar que nas regiões áridas o nível freático é bastante profundo, enquanto
em áreas úmidas, com constantes taxas de recarga, o nível freático é mais raso em relação à
superfície terrestre.
No entanto, quando ocorre a interceptação do nível de água com a superfície, afloram os
rios, os córregos e as nascentes. Em áreas semiáridas, os corpos de água podem secar em con-
sequência das elevadas taxas de infiltração nas rochas locais. E, por ser baixa, a água escoada
superficialmente é logo evaporada, promovendo a salinização do solo.
A permeabilidade dos materiais geológicos também compõe um dos fatores que influen-
ciam a distribuição e a movimentação da água subterrânea. Ela corresponde à capacidade de
condução da água pelos poros e pela conexão entre eles, por isso cada material geológico apre-
senta sua devida permeabilidade.
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 117
Aquíferos
Os aquíferos são formações rochosas que apresentam alta porosidade e permeabilidade,
capazes de armazenar e conduzir volumes de água significativos para a exploração.
Na Hidrogeologia, os aquíferos são classificados em:
• Aquiclude: formações rochosas que armazenam volumes significativos de água, porém
não as transmitem para o abastecimento dos poços.
• Aquifugo: formações rochosas que não armazenam nem transmitem volumes de água
para o abastecimento de poços.
• Aquitarde: formações rochosas que possuem a menor produtividade no armazena-
mento e transmissão de água para os poços.
Voçorocas
Outra feição erosiva bastante marcante e impactante ambientalmente são as voçorocas.
Elas compreendem feições relacionadas a fendas e cortes de grande porte instalados nas encos-
tas, devido à ação localizada da água superficial em conjunto com a ação da água subterrânea.
No fundo das voçorocas estão presentes os materiais inconsolidados e a água que sai em
razão da interceptação dos rasgões com o nível de água local. No entanto, a evolução desses
processos erosivos inicia-se pela formação de sulcos (feições lineares) que evoluem para ravinas
(feições lineares com profundidade) e resultam na formação das voçorocas.
Além disso, a formação das voçorocas é provocada pela alteração ou modificação das con-
dições naturais do sistema. Isso porque a ação antrópica juntamente com a retirada da cober-
tura vegetal constituem os principais motivos para a formação dessas feições erosivas maiores.
Como podemos observar, as voçorocas são feições erosivas muito comuns em áreas urba-
nas, constituídas por materiais geológicos susceptíveis a escorregamentos. A formação desses
processos geológicos é muito preocupante, pois a ocorrência de feições voçorocas pode afetar
A presença de água superficial em áreas cársticas gera a solubilização dos minerais carbo-
náticos, como a calcita e a aragonita, causando, assim, a dissolução da rocha. Para o desenvol-
vimento dos sistemas cársticos, é preciso que a rocha seja solúvel e conduza a permeabilidade
pelas fraturas presentes.
O relevo, também, influencia na formação desses sistemas, entretanto, para conduzir rapi-
damente a água superficial aos condutos cársticos ele deve ser moderado ou alto.
As chuvas ácidas agem de forma eficiente em regiões cársticas, pois a presença de ácidos
acelera o processo de solubilização das rochas calcárias, conduzindo ao modelado de forma
acentuada.
Os sistemas cársticos estão associados a áreas quentes e úmidas em razão da elevada
presença de chuvas e do aumento do gradiente hidráulico. A evolução dos processos cársticos
inicia-se por meio da dissolução química das rochas, formando os condutos cársticos. Estes, por
sua vez, servem para dar passagem à água subterrânea, causando o abatimento de blocos e a
consequente geração de grandes salões subterrâneos, ou seja, as cavernas.
Nos condutos cársticos ocorre a formação de espeleotemas, estalactites e estalagmites,
formas subterrâneas produzidas pelo gotejamento de água carbonática devido às infiltrações
nas paredes das cavernas ou condutos.
As principais áreas cársticas no Brasil estão em Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia e
Mato Grosso do Sul.
As principais formas de relevo resultantes em áreas cársticas são as dolinas, os vales cárs-
ticos, os lapiás e os cones cársticos.
dilatação, causando a desagregação mineralógica. As raízes dos vegetais também podem acar-
retar pressão nas fraturas das rochas, promovendo os processos de fragmentação dos compo-
nentes mineralógicos.
Já o intemperismo químico está associado à presença de água no sistema, ou seja, as ro-
chas, ao serem expostas na superfície, sofrem modificações químicas na composição primária
dos minerais presentes por meio das reações químicas existentes entre eles.
Nesse tipo de intemperismo, por causa da presença de cobertura vegetal sobre os mate-
riais geológicos, poderá ocorrer a formação de ácidos orgânicos que promovem o ataque quími-
co aos minerais presentes.
O intemperismo químico tem como produto uma etapa de caráter solúvel nas rochas e
outra residual. Na etapa solúvel, os minerais primários são modificados e transformados em
minerais secundários; na fase residual, alguns minerais mais resistentes ao ataque químico per-
manecem inalterados, concentrando-se no sistema. Como exemplo de mineral residual está o
quartzo, que compõe, quase na totalidade, os perfis de alguns tipos de solos.
Contudo, é interessante destacar que o intemperismo físico facilita a instalação do in-
temperismo químico. Isso acontece porque as rochas, ao serem desagregadas e expostas na
superfície, são facilmente atacadas pelas águas meteóricas provindas da atmosfera na forma de
chuvas.
O solo, portanto, é o produto final da alteração química das rochas e até de solos mais
antigos, os chamados paleosolos.
É importante destacar que do saprólito até a formação dos horizontes finais, esse material
é caracterizado como solo. Ele é formado pela combinação de agentes supérgenos, tais como
clima, relevo, vegetação, biosfera e hidrografia. Cada área do conhecimento trata o solo como
objeto específico de aplicação particular.
De acordo com o manual e sistema americano de classificação de solos Soil Survey, o solo
é o conjunto de materiais, minerais orgânicos, água e ar não consolidado, normalmente, locali-
zado à superfície da terra, com atividade biológica e capacidade para suportar a vida das plan-
tas. "O solo inclui os materiais próximos da superfície que diferem do material rochoso subjacente,
como resultado da interação ao longo do tempo, do clima, dos organismos vivos, do material
originário e do relevo" (URI, 2012).
Para o desenvolvimento do solo, é preciso o envolvimento de uma série de fatores, tais
como a presença de organismos que vão agir diretamente na pedogênese e a composição mi-
neralógica das rochas
Cada solo apresenta características físicas e químicas específicas, as quais se manifestam
através da cor, da composição mineralógica, da espessura etc.
O saprólito, durante o processo pedogenético, pode apresentar modificações composicio-
nais do tipo, perda, adição, translocação e transformação de matéria. A vegetação atua como
agente protetor da estruturação do solo contra os processos erosivos. Essa estruturação se dá
pela formação dos horizontes, ou seja, níveis composicionais definidos que variam verticalmen-
te.
Figura 9 Perfil hipotético de solo.
e importantes. A seguir, conheceremos a classificação dos solos brasileiros e, para isso, adotare-
mos a classificação da Empresa Brasileira de pesquisa Agropecuária (Embrapa):
1) Neossolo: solo pouco evoluído, com ausência de horizonte B, nele predominam as
características herdadas do material original.
2) Vertissolo: solo com desenvolvimento restrito, apresenta expansão e contração pela
presença de argilas.
3) Cambissolo: solo pouco desenvolvido, com horizonte B incipiente.
4) Chernossolo: solo com desenvolvimento mediano, atuação de processos de concen-
tração de argilas, podendo ou não apresentar acumulação de carbonato de cálcio.
5) Luvissolo: solo com horizonte B de acumulação (B textural), formado por argilas de
atividade alta, horizonte superior lixiviado.
6) Alissolo: solo com horizonte B textural, com alto conteúdo de alumínio extraível, solo
ácido.
7) Argissolo: solos muito evoluídos, argilosos, apresentam mobilização de argila na parte
mais superficial.
8) Nitossolo: solo muito evoluído, fortemente estruturado (em blocos), apresenta super-
fícies brilhantes.
9) Latossolo: solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais e óxidos e hi-
dróxidos de ferro e alumínio.
10) Espodossolo: solo evidenciando a atuação do processo de podzolização, forte eluvia-
ção de compostos aluminosos e presença de ácidos húmicos.
11) Planossolo: solo com forte perda de argila na parte superficial e concentração intensa
de argila no horizonte subsuperficial.
12) Plintossolo: solo com expressiva plintização (segregação e concentração localizada de
ferro).
13) Gleissolo: solo hidromórfico (saturado em água), rico em matéria orgânica, apresenta
intensa redução dos compostos de ferro.
14) Organossolo: solo essencialmente orgânico, material original constitui o próprio solo
(EBAH, 2009).
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) e.
2) d.
3) e.
4) d.
5) e.
12. CONSIDERAÇÕES
Finalizamos esta unidade relembrando os principais conceitos estudados.
Inicialmente, conhecemos a importância geológica da água e o ciclo hidrológico, além das
atividades e feições geológicas provocadas pela ação das águas superficiais e subterrâneas.
Vimos que as análises ambientais se deparam quase exclusivamente com a questão da
dinâmica da água, influenciando uma série de processos e impactos ao meio ambiente. Por isso,
é fundamental para os geocientistas estudar toda a gênese evolutiva da água no sistema Terra.
A ação provocada pela movimentação da água na natureza foi direcionada com um en-
foque ambientalista. O conteúdo apresentou as causas e catástrofes ambientais, como as en-
© U4 - Ciclo Hidrológico e Introdução à Pedologia – Ciência do Solo 131
13. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Formação da água na Terra em épocas primitivas. Disponível em: <http://bitaites.org/wp-content/uploads/
photos/2006/dez/29/07.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 2 O ciclo hidrológico. Disponível em: <http://www.sg-guarani.org/microsite/imgs/pic_big/es/x-Figura1.jpg>. Acesso em:
26 out. 2011.
Figura 3 Hidrogramas utilizados na quantificação dos balanços hídricos. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/thumb/f/ff/Hidrograma_unitario.JPG/500px-Hidrograma_unitario.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 5 Tipos de aquíferos e relações entre os padrões de reservatórios. Disponível em: <www.sg-guarani.org/.../pages/pt/
info_aguas.php>. Acesso em: 26 out. 2008.
Figura 8 Produtos do intemperismo e pedogênese. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/
cc/Soil_profile.jpg/220px-Soil_profile.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
<http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/image004.gif>. Acesso em: 26 out. 2011.
Figura 9 Perfil hipotético de solo. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html>. Acesso em: 6 fev. 2012.
Sites pesquisados
EBAH. Solo: classificação, formação, importância e problemas. 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/
ABAAAA0xkAL/solo-classificacao-formacao-importancia-problemas>. Acesso em: 6 fev. 2012.
EDUCAR. Recursos naturais – solo. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo.html>. Acesso em: 6 fev.
2012.
TUBOLINHA-ENG. Home page. Disponível em: <http://tubolinha-eng.blogspot.com/>. Acesso em: 6 fev. 2012.
URI - UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES. Como interpretar e compreender as linguagens
do solo. Disponível em: <http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/g5.htm>. Acesso
em: 6 fev. 2012.
1. OBJETIVOS
• Identificar e compreender os processos da dinâmica externa do planeta e a sua relação
com os ambientes geológicos.
• Conhecer e entender as gêneses de formação dos ambientes: fluvial, glacial, desértico,
costeiro e de fundo oceânico.
• Reconhecer os conceitos iniciais da ciência geomorfológica e da Neotectônica na influ-
ência que exerce na estruturação dos ambientes geológicos.
2. CONTEÚDOS
• Ambientes fluviais, aluviais e a morfologia dos rios.
• Ambientes glaciais e a ação das geleiras.
• Ambientes desérticos e ação dos ventos.
• Ambientes costeiros e a ação do mar.
• Ambientes de fundo oceânico.
• Introdução geral à Geomorfologia e à Neotectônica.
1) Tente observar o maior número de imagens e fotos dos mais variados lugares do globo
terrestre e associe-as com os processos e ambientes geológicos. Para isso, acesse o
site: <http://www.natgeo.com.br/br/>. Acesso em: 26 out. 2011.
2) Para mais informações a respeito dos efeitos destrutivos, transportadores e construti-
vos na ação dos ventos, consulte, na Revista de Geologia da Universidade Federal do
Ceará, as notas das aulas da disciplina Geologia Geral, do professor Dr. David Lopes
de Castro, disponível em: <http://www.revistadegeologia.ufc.br/Notasdeaula.pdf>.
Acesso em: 26 out. 2011.
3) Para mais informações a respeito dos efeitos destrutivos, transportadores e constru-
tivos da ação marinha em ambientes costeiros ou litorâneos, acesse o seguinte ende-
reço eletrônico: <http://www.revistadegeologia.ufc.br/Notasdeaula.pdf>. Acesso em:
27 out. 2011.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, faremos uma abordagem integrada da formação e dos processos formado-
res dos ambientes geológicos relacionados à dinâmica externa do planeta Terra.
De certa forma, todos os conceitos apresentados até agora se inter-relacionam com
a formação, a composição, a morfologia e os demais aspectos dos ambientes geológicos da
superfície terrestre.
Conceitualmente, nosso principal objetivo será introduzir uma série de aspectos relacio-
nados à Geomorfologia, ciência responsável pelo estudo e evolução do relevo terrestre, bem
como os conceitos relacionados à Neotectônica, segmento da Geotectônica responsável pelo
estudo das estruturas geológicas envolvidas na formação do relevo.
O ambiente fluvial e aluvial, associados, serão os primeiros ambientes a serem discuti-
dos, pois os rios correspondem aos principais agentes modificadores e transformadores das
paisagens terrestres, agindo intensamente no modelamento do relevo. Além disso, apresentam
grande importância para a vida humana, uma vez que o homem se utiliza dos rios ou de seus
produtos para sua sobrevivência.
Entretanto, são, também, agentes condicionadores de catástrofes ambientais, tais como
as enchentes e as inundações. Conheceremos, portanto, os aspectos morfológicos dos rios, a
formação dos leques aluviais e os produtos geológicos formados pela ação dos rios.
Outro assunto abordado na unidade será o ambiente glacial, pois as geleiras correspon-
dem a importantes elementos na composição fisiográfica do planeta Terra. Diversos processos
e fatores estão associados à dinâmica das geleiras na composição dos ambientes glaciais, além
de outros sérios fatores que são discutidos atualmente (como o efeito estufa a elevação do nível
do mar entre outros).
Veremos que, em meados da era Cenozoica, o planeta enfrentou diversas fases glaciais,
fases com temperaturas muito baixas alternadas com as fases interglaciais (fases de superaque-
cimento global).
Conheceremos, também, o ambiente eólico, ou ambiente dominado por ventos. Ele está
associado à ação eólica agindo no modelamento do relevo e relacionado à movimentação das
massas de ar no deslocamento de partículas (sedimentos).
A formação do deserto é o produto mais característico da ação do ambiente eólico, já que
a formação de mares de areia e a consequente formação de dunas são produtos da ação dos
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 135
ventos agindo na movimentação de partículas. Mas, ao contrário dos rios, os ventos são agentes
menos efetivos no modelamento do relevo. Nesse aspecto, outros conceitos serão apresenta-
dos, tais como a Força de Coriolis, que age nos sistemas gerais de circulação da Terra.
Compreenderemos, ainda, a dinâmica evolutiva dos ambientes costeiros que, por sua vez,
está associado à ação do mar na interface oceano-continente. Em função disso, surgem as praias
e outras feições morfológicas, tais como as baias, os cabos etc. Estudaremos, também, a ação
das correntes de maré, responsáveis por muitos processos formadores e modificadores da linha
costeira.
Por fim, vamos conhecer o ambiente de fundo oceânico, estruturado por diversos outros
ambientes menores, em escalas diversas.
Embora pouco explorado, ele apresenta certa importância na dinâmica externa do plane-
ta por conter uma série de estruturas geológicas formadas e associadas à movimentação das
placas tectônicas, tais como a Cadeia Meso-Atlântica e uma série de ilhas e vulcões submarinos.
O transporte dos materiais geológicos pelas águas dos rios está associado a uma série
de fatores relacionados aos tipos de fluxo. Dessa forma, definiu-se que o fluxo laminar de um
rio retira e carrega apenas partículas pequenas, do tipo argilas e siltes. Já o fluxo turbulento,
dependendo da velocidade, poderá carregar não só partículas de argila, mas também seixos e
matacões.
Os seixos são fragmentos de mineral ou de rocha, menor do que bloco e maior do que
grânulo, de tamanhos conhecidos como pedregulho ou cascalho, com diâmetro compreendido
entre 2,0 mm e 60 mm quando arredondados ou semiarredondados.
Já os matacões são fragmentos de rocha maior do que bloco e com diâmetro maior do que
25 cm, apresentando, muitas vezes, formas esferoides.
Os rios agem na erosão das margens dos canais, apresentando, ao longo de seu curso,
áreas de erosão e áreas de deposição. Quando a velocidade das águas é alta ou muito baixa, a
forma do leito (o assoalho do rio) geralmente é plana, enquanto em velocidades médias as on-
dulações passam a ter o formato de pequenas dunas.
Para Schumm (1986), os rios apresentam uma morfologia particular associada ao seu per-
fil longitudinal, ou seja, eles apresentam equilíbrio dinâmico entre a erosão do canal e a sua
deposição, configurando, assim, o formato do vale fluvial.
Quanto ao perfil, todos os rios apresentam uma seção longitudinal e côncava. Outro ele-
mento importante é o nível de base, que corresponde ao nível (altitude) em que o rio desa-
parece, penetrando em corpo d'água, lago ou oceano. Entretanto, os rios não podem erodir e
entalhar as rochas abaixo do nível de base e o perfil longitudinal é controlado pelo nível da base
regional.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 137
De acordo com Strahler (1952), um sistema de rios hierarquizados forma bacias de drena-
gem, separadas umas das outras pelos divisores de água. Quando os rios atingem os oceanos
ou deságuam em grandes lagos, formam sistemas ramificados de canais que se cruzam e entre-
laçam (os deltas), resultantes da deposição de sedimentos fluviais, retrabalhados na costa por
agentes marinhos, como as ondas e as marés.
Divisores de água são áreas elevadas do relevo que separam duas bacias de drenagem.
Fonte: Howard (1967), compilado por Ferreira (2001) e extraído de Morales (2005, p. 86).
Figura 2 Rios, padrões de drenagem das bacias hidrográficas.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 139
Fonte: Howard (1967), compilado por Ferreira, (2001) e extraído de Morales (2005, p. 87).
Figura 2a Rios, padrões de drenagem das bacias hidrográficas.
3) às planícies de inundação;
4) às áreas de várzea, ou áreas planas, laterais ao canal.
De acordo com Schumm (1986), morfologicamente, os canais podem ser:
1) Meandrante: típicos de áreas de baixo gradiente que transportam areias e sedimen-
tos finos, formando barras em pontal (reentrâncias de sedimentos que definem a cur-
vatura do meandro).
2) Entrelaçados (braided streams): típicos de áreas mais íngremes que transportam se-
dimentos mais grossos (areias + cascalhos), a migração dos canais ocorre dentro do
vale, com a formação das barras de canal.
3) Retilíneo: rios controlados por fatores estruturais estabelecem seus cursos por longas
distâncias retilíneas, encaixados em falhas ou fraturas.
4) Anastomosado: rios que estabelecem sinuosidades ao longo de seu leito estão asso-
ciados a áreas sedimentares e apresentam ligações entre os canais em um ou mais
trechos.
5) Planície de inundação: área inundada nas cheias, que contém sedimentos finos e ve-
getação. Ocorre quando se formam os diques marginais na passagem do canal para a
planície de inundação. Nas cheias, esses diques são rompidos, inundando as áreas de
planície lateral ao canal.
Observe a Figura 3, que mostra o padrão dos canais de drenagem.
6. AMBIENTES GLACIAIS
Atualmente, cerca de 10% dos continentes são recobertos por camadas de gelo perene,
especialmente na Antártica e na Groenlândia. Segundo Leinz e Amaral (1987), essas camadas
de gelo influenciam diretamente as condições climáticas, a circulação das águas oceânicas e a
atmosfera terrestre, além de determinar a altura do nível médio dos oceanos.
A importância do gelo, para a dinâmica geológica externa do planeta, pode ser considera-
da:
• Relevante agente intempérico: erosão, transporte e deposição de grandes volumes de
material terrestre.
• Agente necessário ao modelamento do relevo das geleiras.
• Principal indicador do tempo geológico, paleoclima e paleogeografia dos continentes.
Sharp (1988) definiu as geleiras como sendo as massas continentais de gelo, de limites
definidos, que se movimentam pela ação da gravidade. A Figura 5 apresenta áreas glaciais do
planeta.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 143
Você sabe como se originam as geleiras? Compare a sua resposta com a definição apre-
sentada a seguir.
De acordo com as ideias de Mendes (1984), as geleiras originam-se pela acumulação de
neve, que é compactada por pressão, transformando-se em gelo. A acumulação de gelo se dá
em áreas em que existe mais precipitação do que degelo.
Essas regiões são definidas pela Linha de Gelo Perene, que depende da incidência dos
raios solares e da ação dos ventos. Essa linha ocorre um pouco abaixo de 5.000 metros da linha
do Equador, sobe alguns metros acima de 6.000 metros até latitudes entre 20° e 30° e, então,
desce até o nível do mar, antes de 80°(graus) de latitude.
Benett (1996), também, afirma que a neve se forma pela cristalização do vapor d'água no
interior ou pouco abaixo das nuvens. Seu tamanho varia de 0,2 mm a 12 mm e apresenta uma
estrutura cristalina hexagonal.
A densidade da neve ao cair é de 0,01 g/cm³ e no solo é compactada até formar gelo, com
densidade de 0,6 g/cm³. Depois de dez anos sendo coberta por novas camadas de gelo, sua den-
sidade pode chegar a 0,8 g/cm³. A plasticidade dos cristais de gelo faz que as geleiras migrem
lentamente pela ação da gravidade e do degelo parcial.
Segundo Teixeira et al. (2000, p. 216-217), as geleiras, dependendo das posições geográfi-
cas das porções glaciais, apresentam-se das seguintes formas e tipos:
• Alpino ou de vale: formam acúmulo maior de gelo nos vales das montanhas. Podem ter
até 100 km de comprimento e 900 m de espessura.
• Intermediária ou de Piemonte: formada em regiões montanhosas, no entanto, espa-
lham-se por vastas áreas ao redor da montanha. Formam uma conjugação de várias
geleiras de um vale.
• Continental ou de latitude: são formadas nas altas latitudes e em todas as altitudes,
alcançando espessuras superiores a 3.000 metros. Provocam o avanço do gelo sobre o
mar (icebergs). Podemos citar como exemplo a Antártica e a Groenlândia.
De acordo com Embleton (1975), os principais efeitos geológicos do gelo podem ser clas-
sificados em:
• Destrutivos: alteração da estrutura das rochas e do solo em consequência da passagem
das geleiras.
• Transportadores: capacidade de transportar quantidades imensas de sedimentos e
detritos.
• Construtivos: em razão da capacidade de transporte, apresenta, também, a capacidade
de deposição de novos materiais transportados de outras áreas.
A seguir, conheceremos, detalhadamente, cada um desses efeitos.
FEIÇÕES
Efeitos transportadores
As geleiras têm potência transportadora superior à dos rios. Blocos de dezenas de metros
de diâmetro podem ser transportados durante a migração das geleiras, segundo Leinz e Amaral
(1987).
A Figura 8 mostra as feições transportadoras das geleiras.
Visualização das feições dos depósitos sedimentares formados pela ação das geleiras–
A seguir, são indicados alguns sites que apresentam as feições dos depósitos sedimentares formados pela ação das
geleiras.
Tilitos
• <http://www.unb.br/ig/sigep/sitio037/fig2.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://jesse.usra.edu/articles/iceagemodule/resources/images/moraine_till_svalbard.jpg>. Acesso em: 26 out.
2011.
• <http://nesoil.com/images/tillcut.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Diamictitos
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/itu/campoItu_0022a.JPG>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/5079.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.igc.usp.br/glacial/imagem/glossario/17d.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
Varvitos
• <http://www.geocities.com/historiadavida1/neopaleozoicofor_arquivos/image002.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://www.unb.br/ig/sigep/sitio062/fig3.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
• <http://ecc.br/fundamental/fundamentalIIeIV/estudo_do_meio/fotos_Varvito/Dosinda/Itu_Varvito/foto39.jpg>.
Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Além disso, Mendes (1984) ressalta que as rochas sedimentares formadas nesses depósitos
são os tilitos e os varvitos. Camadas de varvitos afloram em regiões do Estado de São Paulo (Itu),
sugerindo a presença de geleiras naquelas regiões em eras glaciais pretéritas.
A cobertura glacial atual representa apenas 30% da área total coberta pelo gelo no término
da última glaciação, no período Pleistoceno (1,5 milhões de anos). No Brasil, há registros de
períodos glaciais no Paleozoico Superior (200 milhões de anos) nos estados do Sul e São Paulo,
e no Pré-cambriano (600 milhões de anos) em Minas Gerais.
Segundo Teixeira et al. (2000), uma conjugação de fatores induz importantes mudanças
climáticas ao planeta, culminando com o surgimento de períodos glaciais. Esses fatores atuam
de maneira complexa com maior ou menor grau de importância e podem ser agrupados nas
seguintes categorias.
1) Variações na radiação solar.
2) Variações na composição da atmosfera terrestre.
3) Alterações na posição paleogeográfica de oceanos e continentes.
4) Causas extraterrestres como impactos meteóricos.
A Figura 9 apresenta os períodos glaciais e interglaciais na história geológica do planeta
Terra.
INTERGLACIAIS
7. AMBIENTES DESÉRTICOS
O deslocamento das massas de ar, que formam os ventos, é fruto de diferenças de tempe-
ratura e, portanto, de densidade. Essas diferenças são geradas pela maior ou menor incidência
de energia solar sobre a superfície do planeta em função da latitude, da estação do ano e pela
diferença do albedo.
O termo “albedo” diz respeito à proporção entre a energia solar refletida e a energia so-
lar incidente, revelando, assim, “[...] a capacidade de absorção da energia solar dos materiais
terrestres e dos organismos, rios, lagos, oceanos, geleiras continentais e florestas” (SÍGOLO in
TEXEIRA, 2003, p. 249).
Por esses motivos, os ventos sopram segundo correntes de convecção na atmosfera de
regiões relativamente mais frias para regiões mais quentes, ou seja, de áreas de alta pressão
atmosférica para áreas de baixa pressão atmosférica.
Por exemplo, durante o dia o vento sopra dos oceanos para os continentes e, durante a
noite, no sentido inverso e dos polos para o Equador. Os ambientes geológicos dominados pela
ação dos ventos são os desertos.
Observe as principais áreas desérticas do globo terrestre na Figura 10.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 149
Saara
A velocidade do vento sobre a superfície terrestre depende do relevo e da vegetação. Em regiões com
relevo pouco acidentado (planos) e com pouca vegetação, a ação geológica dos ventos é potencializada,
pois há menos obstáculos para a circulação das massas de ar. Por essa razão, os desertos, as regiões
glaciais e as praias arenosas são áreas de intensas atividades eólicas.
As massas de ar deslocam-se segundo um fluxo laminar (plano-paralelo). Porém, próximo à superfície
terrestre ou a qualquer outro obstáculo, o fluxo das massas de ar torna-se turbulento por causa do
atrito das partículas em movimento com as superfícies dos obstáculos. Esse atrito é responsável pela
erosão eólica (ESTUDOS E GEOGRAFIA, 2012).
No início do século 19, mais precisamente em 1830, Francis Beaufort criou a escala de
classificação dos ventos para a utilização da Marinha Britânica, que continua sendo utilizada até
os dias atuais.
Acompanhe no Quadro 1 como Beaufort classifica os tipos de vento:
Efeitos destrutivos
Os efeitos destrutivos correspondem à erosão das rochas provocadas pelo atrito entre
as partículas suspensas e carregadas pelo vento com as rochas incidentes, gerando a chamada
erosão eólica.
As partículas envolvidas nos processos eólicos apresentam feições particulares devido
ao movimento dessas partículas na incidência com outras do mesmo porte, formando dois
processos importantes: a deflação e a abrasão das partículas. Veja, detalhadamente, cada um
deles.
• Deflação eólica: refere-se à retirada do material pelos ventos, formando os pavimentos
desérticos ou áreas de depressão, chamadas de bacias de deflação.
• Abrasão eólica: corresponde ao choque entre as partículas, promovendo feições erosi-
vas típicas da ação dos ventos. Entre os produtos formados, podemos citar os ventifac-
tos, os yardangs e as superfícies polidas.
Efeitos transportadores
A ação geológica dos ventos promove o transporte de partículas inconsolidadas,
dependendo do tamanho delas e da velocidade desses ventos. Devido à suspensão dessas
partículas por longas áreas ocorre a formação e a migração de dunas nos desertos e em regiões
litorâneas.
A Figura 11 mostras as formas de transporte das partículas pela ação dos ventos.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 151
Efeitos construtivos
De acordo com Leinz e Amaral (1987), quando ocorre a diminuição do vento, inicia-se o
processo de sedimentação das partículas, ocorrendo a formação das dunas, tanto em áreas
desérticas como em áreas litorâneas, dominadas pela ação dos ventos. Em regiões semiáridas,
podem ser desenvolvidos processos de desertificação.
A Figura 12 apresenta a formação e as morfologias das dunas.
Em relação aos produtos geológicos gerados pela ação dos ventos, os depósitos eólicos
podem ocorrer em função de erupções vulcânicas, em praias marinhas e fluviais e em desertos.
Com a atividade vulcânica e a movimentação das geleiras, as partículas são retiradas de
suas fontes e depositadas em regiões distantes. Durante as erupções vulcânicas, uma imensa
quantidade de cinzas é emitida à atmosfera e depositada em outras áreas. O mesmo ocorre com
as geleiras que, em consequência da abrasão destas com as rochas, retiram partículas muito
finas que são redepositadas pelos ventos, formando os Loess.
Os Loess são depósitos sedimentares que se formam devido aos sedimentos em suspensão
no ar por muito tempo, retirados de uma área fonte (como vulcões e erosão glacial). Eles são
transportados pelos ventos e se depositam em regiões muito distantes dessa área fonte
Acontece o mesmo com os sedimentos conduzidos pelos rios e correntes marinhas que
são retrabalhados pelo vento, formando as dunas.
Processos como esses são encontrados nos desertos, nos quais se observa uma contínua
modificação do relevo arenoso, e, também, o surgimento de lagos desérticos (perenes ou
periódicos), com alternância de sedimentos clásticos e de origem química devido à intensa
evaporação.
Observe na Figura 13 imagens de desertos, ambientes geológicos dominados totalmente
pelos ventos.
8. AMBIENTES COSTEIROS
A região costeira corresponde aos ambientes localizados na área de transição entre os
continentes e os oceanos. Ela também é conhecida como área fronteiriça ou, mais especificamente,
como ambiente de praia. Um elemento importante nesse ambiente é a chamada linha de costa,
ou seja, a linha mediana do contato da água e da praia.
Nessa região, a ação do mar, por meio de seus elementos físicos (como as correntes
marinhas, as ondas e as marés), é efetiva no ato de desnudação erosiva das praias (aplainamento)
e dos costões rochosos.
Veja na Figura 14 os ambientes costeiros e seus limites entre os continentes e os oceanos.
Visualização das posições entre a Terra, a Lua e o Sol na formação das marés–––––––––
Acesse o endereço eletrônico a seguir e observe as posições entre a Terra, a Lua e o Sol na formação das marés:
<http://www1.univap.br/~geodem/geodef/imagens/img34.jpg>. Acesso em: 26 out. 2011.
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As ondas e as marés são elementos sempre presentes nos ambientes costeiros. Elas são
responsáveis pela erosão das costas rochosas ou arenosas, redistribuindo esse material na
própria praia ou em águas rasas.
De acordo com Christofoletti (1980), os elementos morfológicos que configuram as áreas
costeiras são classificados de acordo com a topografia. Eles são constituídos pelas regiões: pós-
praia, face praial (onde ocorre o espraiamento), antepraia (zonas de surfe e arrebentação) e
plataforma continental interna.
Veja na Figura 15 os elementos morfológicos que compõem as praias.
De acordo com Suguio (1992), a atividade do mar nessa zona de transição apresenta,
também, as planícies de marés (intervalos de marés), que resultam da força gravitacional da Lua
e do Sol sobre as águas marinhas.
As marés ocorrem duas vezes ao dia, sendo duas altas e duas baixas. Influenciadas pela
energia solar, elas têm metade da altura das marés causadas pela influência da lua, uma vez
que as marés do Sol e da Lua não são sincronizadas. Quando Sol, Lua e Terra estão alinhados,
ocorrem as marés mais altas (spring tides) e as mais baixas (neap tides).
A presença das correntes de maré faz a água do mar realizar processos de subida e de
descida em relação às áreas costeiras. Elas podem ser classificadas como:
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 155
• Maré enchente: com a elevação da maré, a água forma um fluxo que sobe a costa.
• Maré vazante: com a queda da maré, o fluxo d'água inverte-se, expondo a costa.
Os produtos geológicos são gerados em torno da dinâmica das zonas e dos ambientes que
compõem os fundos oceânicos. Podemos destacar como produtos as correntes de turbidez, os
leques submarinos e os canhões submarinos.
Leinz e Amaral (1987) definiram cada um desses elementos.
• Correntes de turbidez: são sedimentos que resultam do transporte de correntes
subaquáticas de lama misturada com areia. O produto formado recebe o nome de
turbidito.
• Leque submarino: ocorre quando a corrente de turbidez atinge o sopé continental
e desacelera por causa da perda da declividade, depositando, então, os sedimentos
trazidos, de modo a formar um corpo lobado que se espraia na planície abissal. Os
leques submarinos, geralmente, são formados por turbiditos.
• Canhão submarino (canyon): são vales profundos erodidos na plataforma e no talude,
que se formam pela erosão ocasionada por correntes de turbidez.
Em sua obra Geologia do Quaternário, Suguio (1999) afirma que as preocupações dos
ambientalistas são constantes. Isso acontece porque são inúmeras as atividades exploratórias,
tanto nas regiões das margens continentais, na forma de utilização e aproveitamento
econômico dos recursos minerais, como nas regiões oceânicas, na forma exploratória dos
campos petrolíferos. Para amenizar o problema, é necessário o conhecimento geológico para o
desenvolvimento dessas atividades.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 159
Hasui e Costa (1996) afirmam que as manifestações neotectônicas no Brasil são aquelas
relacionadas à deriva (movimentação) da Placa Sul-Americana, excluindo as manifestações de
tectônica distensiva associadas ao processo de abertura do Oceano Atlântico Sul, o qual se
encerrou no Mioceno Médio, idade considerada, pela maioria dos autores, como limite inferior
do período neotectônico.
Podemos analisar, segundo uma visão atualista e mediante as contrastantes modificações
que o meio físico vem enfrentando frente aos impactos degradantes da superfície terrestre, que
toda a causa de um processo ou de um fato aplicado à superfície reflete ao meio antrópico de
forma reversa e acentuada, de acordo com a gravidade e a intensidade do impacto.
Dessa maneira, os estudos geomorfológicos apoiados no entendimento do meio físico,
como um todo, reforçam a ideia de entendimento aplicado dos mecanismos relacionados a
esses processos e buscam explicações e formas para a correção desses impactos, de forma
sustentável.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) b.
12. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da Unidade 5, cujo objetivo foi apresentar a você os diversos ambientes
geológicos que compõem a fisiografia da superfície terrestre.
Nesse momento, já foram apresentados os processos e os fatores que configuram as dinâ-
micas internas e externas do planeta Terra, além dos aspectos gerais da ciência geomorfológica,
julgando que o entendimento integrado da evolução e formação dos ambientes geológicos seja
pré-requisito para o entendimento das formas de relevo, resultantes de tudo isso.
© U5 - Os Ambientes Geológicos na Dinâmica Externa do Planeta Terra 161
13. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Rios, maiores modeladores do relevo terrestre. Disponível em: <http://www.explorationsinc.com/PhotoGallery/
amazon-tours-river-cruise-boats/Rio-Amazonas-Pevas.JPG>. Acesso em: 27 out. 2011.
<http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/arquivos/20060608120853_Confluencia_Rio_das_Velhas_e_Sao_Francisco.jpg>.
Acesso em: 27 out. 2011.
<http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/Estruturas/images/Historia%20-%20grandes_pontes/nofoto06.jpg>. Acesso em: 27
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<http://orbita.starmedia.com/~vismar_leonardo_vitor/egitohp_nilo2.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
<http://atlas.snet.gob.sv/atlas/files/Inundaciones/imagenes/rio_yangtse.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
<http://www.jorgetutor.com/mali/rioniger/rioniger11.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
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<http://www.otba.com.ar/files/imagen/MarPatag1.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
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<http://bp2.blogger.com/_R6gvF1gIusI/RsWx9aaq95I/AAAAAAAAAFI/6Nky-nr3BPk/s1600-h/gaivotas+em+iceberg,+Groenlân
dia.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
Figura 10 Principais áreas desérticas do globo terrestre. Disponível em: <http://clientes.netvisao.pt/carlhenr/loc_desertos.jpg>.
Acesso em: 27 out. 2011.
Figura 13 Desertos, ambientes geológicos dominados totalmente pelos ventos. Disponível em: <http://ante-et-post.weblog.com.
pt/maro0661.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
<http://www.manualdoturista.com.br/fotos/CH02909atacamaW.jpg>. Acesso em: 27 out. 2011.
<http://www.bergoiata.org/fe/deserts/desert_awakenings_csg051_chihuahuan-yuccas_and_gypsum_dunes.jpg>. Acesso em:
27 out. 2011.
Site pesquisado
ESTUDOS E GEOGRAFIA. Atividades geológicas do vento. Disponível em: <http://estudosegeografia.blogspot.com/2009/12/
atividades-geologicas-do-vento.html>. Acesso em: 2 fev. 2012.
1. OBJETIVOS
• Introduzir os principais conceitos relacionados aos recursos hídricos, minerais e ener-
géticos.
• Identificar e entender os impactos ambientais relacionados à exploração dos recursos
naturais.
• Analisar o panorama econômico nacional e mundial na utilização de produtos decor-
rentes da exploração dos recursos naturais.
2. CONTEÚDOS
• Recursos hídricos: conceitos e aplicações sustentáveis.
• Impactos ambientais nos recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
• Recursos minerais: conceitos e principais gêneses de formação.
• Recursos energéticos: conceitos, ocorrências e aplicações.
• Impactos ambientais gerados pelos recursos minerais e energéticos.
1) O entendimento sobre as formas de utilização dos recursos naturais requer uma visão
geopolítica acerca dos interesses mundiais na utilização destes; por isso, mantenha-se
informado sobre a economia dos recursos naturais no mundo.
2) Para consultar o glossário de termos geológicos, disponibilizado pela home page MI-
NEROPAR, acesse: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.
php?conteudo=R>. Acesso em: 27 out. 2011.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
O ser humano, por toda a sua caminhada e evolução pelo Planeta Terra, sempre buscou
formas e condições para suprir as suas necessidades de vida, tais como moradia, alimentação e
utilidades. Para isso, recorreu aos recursos naturais.
Esses recursos, disponíveis na natureza, permitiram que o homem recorresse continua-
mente a eles. Estão constantemente presentes nas trocas entre os seres vivos, e apresentam-se
de forma renovável ou não renovável.
Podemos citar como exemplos de recursos naturais renováveis a fauna e a flora, pois se
renovam com o passar do tempo. Já os minérios e os combustíveis fósseis em geral, como o mi-
nério de chumbo, de ferro, o petróleo e o gás natural, são recursos não renováveis, ou seja, um
dia irão se esgotar no Planeta.
A utilização e a preservação ou conservação desses recursos naturais requer economia e
consciência racional por parte dos seres vivos. Isso porque, como vimos, uma grande parcela
desses recursos tende a se exaurir da superfície e da crosta terrestre.
Portanto, é o momento de preservar e reciclar para que possamos estender a existência
deles na natureza. Por exemplo, com planos de manejo – ou seja, com melhores formas de utili-
zação – elaborados para a prevenção da ação do homem (agente antrópico) de forma agressiva
ao meio ambiente.
Atualmente, outro tema bastante discutido é a biodiversidade. O homem necessita de
tempo para descobrir a função das espécies animais e vegetais para a sua própria sobrevivência.
Essa necessidade acontece porque a cura de muitos males que existem, ou que ainda existirão,
pode estar em plantas em processo de extinção ou mesmo naquelas que já foram extintas.
Para Hirata apud Teixeira et al. (2003), os recursos hídricos podem ser utilizados de várias
formas. A água, além de ser prioridade para o abastecimento mundial das necessidades diá-
rias das pessoas, é utilizada para abastecimento industrial, irrigação, lazer, geração de energia
elétrica, navegação, conservação da biota aquática e, até mesmo, para a recepção de efluentes
tratados.
Os recursos minerais são todas as concentrações minerais (minérios) retiradas da crosta
terrestre para o nosso uso. Eles estão presentes em quase todos os aspectos do nosso cotidiano,
por exemplo, os metais, a água mineral, os minérios da construção civil, entre outros.
Para Keller (1996), os combustíveis fósseis, tais como o petróleo, o carvão e o gás natural,
que são recursos energéticos utilizados pelas sociedades atuais, enquadram-se entre os recur-
sos não renováveis. Eles podem, em função de sua constante utilização, esgotarem-se comple-
tamente no futuro, além de causar a poluição do ar, motivos pelo qual seu uso está em declínio.
Diante desse contexto, Taioli apud Teixeira (2003) ressalta que o homem foi obrigado a
encontrar formas alternativas para suprimir as suas necessidades energéticas e eliminar os pro-
blemas ambientais. Das alternativas possíveis, a energia eólica, solar, hidrelétrica, geotérmica,
das marés, das ondas, da biomassa e do biogás são as mais viáveis para a utilização sustentável.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 165
Enfim, o objetivo desta unidade é apresentar e introduzir a ideia dos diferentes tipos de
recursos naturais que existem na superfície terrestre, entre eles, os hídricos, os minerais e os
energéticos. Além disso, conheceremos as formas de utilização sustentável e os impactos causa-
dos pela má utilização desses recursos.
Para concluir, discutiremos, também, o quadro econômico brasileiro e mundial em relação
ao papel desenvolvido pelas nações para as políticas de preservação e legislação cabíveis ao uso
desses recursos.
5. RECURSOS HÍDRICOS
Hirata apud Teixeira et al. (2003) afirma que a utilização dos recursos hídricos mundiais
está comprometida, pois grande parte da população sofre carências excessivas em relação ao
uso da água, especialmente pelo fato de sua distribuição ser irregular por todo globo terrestre.
A presença de água doce no planeta é muito pequena comparada às altas taxas de água salgada
que compõem os oceanos.
Ainda de acordo com os autores, as águas doces do planeta estão concentradas nas calo-
tas polares, nos rios e lagos continentais e nos aquíferos, constituindo apenas 1% de toda água
presente no planeta Terra.
Há muitas décadas já era previsto um grande colapso na utilização dos recursos hídricos,
e, atualmente, os fatos condizem exatamente com essas previsões. Podemos notar que quase
metade da população mundial já sofre problemas drásticos com a falta de água, e as previsões
para as próximas décadas indicam o aumento desses índices.
Os principais agentes que cercam os recursos hídricos são as contaminações das águas
doces por poluentes. Nas regiões costeiras, elas são causadas pela exploração do petróleo; nas
áreas urbanas pela contaminação do lençol freático por poluentes oriundos das indústrias quí-
micas; e nas áreas rurais, pelo uso de agrotóxicos na agricultura.
Essas condicionantes são responsáveis pelas altas taxas de mortalidade e pelas baixas ex-
pectativas de vida das populações de alguns países que sofrem intensamente com esses impac-
tos ambientais gravíssimos.
Segundo Custodio e Llamas (1981), as águas doces circulam pela superfície terrestre por
meio dos escoamentos superficiais (regiões impermeáveis) e subterrâneos (regiões que permi-
tem a infiltração da água superficial). A abundância desses recursos em um determinado país
está diretamente relacionada à interatividade do clima presente e aos elementos fisiográficos.
Ao analisar as áreas continentais do globo terrestre, podemos observar que as águas do-
ces estão concentradas, na sua grande maioria, no continente sul-americano e asiático, enquan-
to os outros continentes sofrem com a falta dela. As duas maiores bacias hidrográficas mundiais,
e que apresentam o maior volume de água, são a bacia Amazônica, na América do Sul, e a bacia
do Congo, na África.
A má distribuição dos recursos hídricos está condicionada, também, pelo perfil climato-
lógico a que determinadas regiões estão submetidas. Em regiões de clima árido, por maior que
sejam as precipitações de água na superfície, o clima quente favorece as taxas de evaporação,
fazendo que a água volte para a atmosfera na forma de vapores, e desapareça nessas regiões na
forma líquida. Observe a Figura 1.
Figura 1 Distribuição das zonas climáticas do globo em função da abundância e distribuição da água doce no planeta.
Para Feitosa (1997), grande parte da utilização dos recursos hídricos pela população é
destinada ao uso na agricultura, nas indústrias em geral, bem como nas cidades, para o abas-
tecimento das necessidades diárias das pessoas. De acordo com o crescimento populacional, o
consumo de água torna-se cada vez maior, aumentando assustadoramente de uma década para
outra.
Podemos afirmar, também, que a elevação do poder econômico aquisitivo da população
aumenta ainda mais o consumo de água. Isso porque em países considerados de primeiro mun-
do a taxa de consumo de água, por habitante, é muito maior do que em países emergentes e
considerados como do terceiro mundo.
Dessa forma, para Custodio e Llamas (1996), o uso da água doce na irrigação de culturas
agrícolas faz que o aumento da capacidade de uso torne a produção de alimentos provindos da
agricultura maior a cada ano.
Mas a utilização de produtos químicos no tratamento dessas culturas, juntamente com
a água utilizada, proporciona a entrada de poluentes nesse sistema, afetando diretamente as
reservas subterrâneas de água doce, ou seja, os lençóis freáticos ou os aquíferos.
A Figura 2 mostra a proporção entre o uso e a disponibilidade da água doce no mundo.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 167
Uma analogia bastante interessante é a seguinte: se toda água doce no mundo fosse divi-
dida igualmente a todos os habitantes da Terra, não faltaria água para ninguém. A carência de
água por alguns países é consequência do poder econômico abusivo dos países mais favorecidos
diante dos que não possuem reservas de água doce suficientes em seus territórios.
Vivemos em um país com uma das maiores reservas de água doce, pois mais de 50% do
total de água presente na América do Sul está no Brasil. O tamanho do território brasileiro e a
predominância de regimes climáticos, do tipo equatorial e tropical úmido, fazem que nossas
reservas sejam imensas e, consequentemente, toda a população brasileira sofra minimamente
com a falta desse recurso (HIRATA apud TEIXEIRA, 2003).
As principais bacias hidrográficas brasileiras, analisadas em relação à quantidade de água
em toda a América do Sul, são:
1) Bacia Amazônica - 72%.
2) Bacia do Paraná - 6,3%.
3) Bacia do Tocantins – 6%.
4) Bacia Parnaíba-Atlântico Norte - 3%.
5) Bacia do Uruguai – 2,5%.
6) Bacia do Atlântico Sul - 1,7%.
7) Bacia do São Francisco - 1,6%.
O Brasil apresenta uma relação de utilização de água por habitante de 35.732 m3/hab/ano;
no entanto, essa distribuição não é regular em todo o território brasileiro.
Algumas bacias brasileiras são carentes quanto à presença desse recurso. Os estados que
mais se utilizam dos recursos hídricos, de acordo com a renda per capita dos habitantes, são
Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco.
Veja na Figura 3 as principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras.
Na maioria dos centros urbanos, observamos a superexploração dos aquíferos, que cau-
sam reduções e abaixamento significante do nível de água regional. A maior parte desse recurso
é utilizada por pessoas favorecidas economicamente, e as menos favorecidas tornam-se reféns
da falta de água.
Além disso, a impermeabilização das áreas urbanas (concreto, asfalto, entre outros agen-
tes da construção civil) afeta a recarga dos aquíferos nessas regiões em razão da baixa infiltração
de água no sistema.
De acordo com Mulder e Cordani (1999), outro problema ambiental bastante sério em
áreas costeiras é a contaminação dos aquíferos por águas salinas. Esse caso pode ser explicado
pela retirada abusiva de água doce pelos poços, ocasionando a quebra do balanço entre a água
doce dos aquíferos e o nível salino de água nos sedimentos costeiros.
Figura 4 Modelo de contaminação dos aquíferos em regiões costeiras por águas salinas.
7. RECURSOS MINERAIS
De acordo com Moreschi e Bettencourt apud Teixeira (2003), recursos minerais corres-
pondem a materiais mineralógicos que, potencialmente, possam ser utilizados pelo homem.
Em outras palavras, os recursos minerais correspondem a “[...] concentrações minerais na crosta
terrestre cujas características fazem com que sua extração seja ou possa chegar a ser técnica e
economicamente [sustentável]” (MINEROPAR, 2012).
De acordo com Skinner e Porter (1995, p. 58, grifos nossos), os recursos minerais dividem-
-se em:
• Metálicos: ferro, cobre, estanho, entre outros.
• Não metálicos ou industriais: quartzo, calcário, mármore, entre outros.
Os recursos minerais são utilizados pelo homem na construção civil, nas indústrias auto-
mobilística, farmacêutica e química etc. Por isso, os impactos ambientais causados pela extração
dos recursos minerais apresentam desvantagens para o meio ambiente. Entre essas desvanta-
gens, podemos citar a liberação de resíduos sólidos na atmosfera, a destruição de ecossiste-
mas para a construção civil e a emissão de poluentes tóxicos e gasosos na atmosfera, fazendo,
na maioria das vezes, a modificação da paisagem (MORESCHI; BETTENCOURT apud TEIXEIRA,
2003).
Quanto aos recursos minerais, um termo bastante usual é o "teor do minério", ou seja,
quanto maior a quantidade de determinado elemento químico nos depósitos minerais, maior
será o seu valor geológico e econômico para as sociedades que os utilizam. Surgem, então, ter-
minologias aplicadas aos bens minerais, tais como: jazidas minerais, jazigos minerais e minérios.
A geologia econômica é o ramo das ciências da Terra responsável pelo estudo das gêneses
minerais (metalogênese) e caracterizações dos depósitos minerais de acordo com a economia
mineral brasileira e mundial.
De acordo com as ideias de Raitt (1963), os depósitos minerais estão relacionados aos
mais diversos processos geológicos de formação das rochas. Eles podem estar associados aos
produtos de intemperismo, às rochas ígneas, metamórficas e sedimentares, além da associação
às atividades hidrotermais. Raitt considera, ainda, que a terminologia “mineralização” é utili-
zada para expressar a ocorrência de minérios em meio a algum corpo rochoso de maior porte.
A água é um importante agente de formação dos depósitos minerais. É por meio dela que
uma série de fluídos minerais são carregados e depositados nas fraturas das rochas, formando
os veios mineralizados.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 173
Para Martins e Brito (1989, n.p.), há uma diferença conceitual entre os termos “minério”
e “mineral”. Vejamos:
• Mineral: é um corpo natural sólido e cristalino formado em resultado da interação de processos
físico-químicos em ambientes geológicos.
• Minério: corresponde a um mineral cujo componente metálico, segundo a sua concentração e
viabilidade das jazidas, é economicamente rentável para a sua prospecção e exploração industrial.
• Supérgenos: depósitos associados ao intemperismo, são aqueles de âmbito superficial onde os ele-
mentos fisiográficos, tais como o clima, a vegetação e as águas superficiais presentes influenciam
na alteração das rochas sobrejacentes e resultam na concentração de depósitos minerais. São de-
pósitos jovens (Cenozóicos), frequentes nas regiões tropicais, dentre os principais, podemos citar a
formação da bauxita (minério de alumínio), a Hematita (minério de ferro), além do níquel, urânio,
manganês e fosfatos em geral.
• Sedimentares: os depósitos minerais associados às rochas sedimentares podem ser de dois tipos,
os plácers (depósitos relacionados ao transporte de substâncias minerais por concentração me-
cânica) e os químicos (precipitações químicas que se formam em regiões costeiras, deltas, lagos,
planícies aluvionares etc.). Ocorre a formação de depósitos de ouro, diamante, ferro, manganês,
rochas carbonáticas, evaporitos e alguns combustíveis fósseis.
• Mágmáticos: são depósitos associados aos processos de cristalização do magma em condições ge-
ológicas ideais. São classificados em depósitos ortomagmáticos e sinmagmáticos, formando níveis
mineralizados em meio às câmaras magmáticas, como exemplos destes depósitos podemos citar a
formação da cromita, platina, cobalto, nióbio e estanho. Os pegmatitos são rochas ígneas ricas em
minerais preciosos, tais como o topázio, a turmalina, a esmeralda entre outros, e estão associados,
também, à atividade magmática.
• Metamórficos: são depósitos formados em meio às rochas metamórficas devido à ação da pressão
e da temperatura. Os fluídos contendo elementos formadores de minérios entram nos processos
de metamorfismo e, pela ação da temperatura e da pressão, formam minerais de minérios de
grande valor econômico, tais como o ouro, formando veios e filões nos gnaisses e xistos, gemas
associadas aos filitos e xistos entre outros.
• Vulcano-sedimentares: são depósitos minerais que se formam em regiões sedimentares onde
houve vulcanismo associado. Nas regiões de rifts é onde ocorre a maioria destes processos meta-
logenéticos, associados à ação das águas salgadas em meio às elevadas temperaturas dos fluídos
exalativos, formando, assim, a maioria dos depósitos de sulfetos.
• Hidrotermais: são depósitos associados à atividade das águas hidrotermais, ou seja, em regiões
onde há instalação de corpos magmáticos quentes, ocorre a liberação de fluídos em meio às rochas
sobrejacentes, formando os veios de sulfetos.
Veja nas Figuras 7 e 8 como se formam cada um dos depósitos minerais apresentados
anteriormente.
Para Martins e Brito (1989), a intensa exploração dos recursos minerais causa grande pre-
ocupação por parte das políticas públicas. Isso acontece porque as reservas estimadas para o
suprimento da população estão se exaurindo em função da falta de planejamento e ações legis-
lativas para o controle dessas atividades.
Por essa razão, identificamos a necessidade de informar tais problemas às populações.
Nesse contexto, o segmento das ciências da Terra responsável por esses planejamentos susten-
táveis é a Prospecção e a Pesquisa Mineral.
Complementando essa discussão, Evans (1994) destaca novas técnicas exploratórias, no
Brasil. Por exemplo, a pesquisa mineral, que apresenta pouco desenvolvimento e é específica
para determinados bens minerais de predomínio brasileiro.
A Figura 9 apresenta as etapas e atividades da Pesquisa Mineral.
O panorama mineral brasileiro está expresso pelas principais reservas minerais, de acordo
com a disponibilidade da matéria-prima mineral. Dentre os principais bens minerais podemos
citar o nióbio, que coloca o Brasil na posição de 1° lugar mundial, a grafita e o caulim, deixando
o Brasil na segunda colocação, além de outros minerais, tais como o ferro, o alumínio, o níquel
e o ouro (MORESCHI; BETTENCOURT apud TEIXEIRA, 2003).
Podemos observar uma relação relevante no panorama mundial dos recursos minerias,
ou seja, quanto maior o espaço territorial de cada nação, maior a possibilidade e o aumento de
ocorrências e de produções minerais.
De acordo com a quantidade de bens minerais que determinada nação produz, aumentam
ou diminuem as necessidades internas da população e da geração de capital nacional por meio
das importações e exportações de minérios.
Martins e Brito (1989) comentam que alguns bens minerais no Brasil excedem as expec-
tativas, tais como nióbio, ferro, níquel etc. Em contrapartida, o chumbo e o fosfato são insufi-
cientes para a demanda e o uso da população local, daí a necessidade de importações de bens
minerais de outras nações, fazendo que a economia mineral seja bastante variante.
Segundo Moreschi (2000, p. 466), as reservas minerais podem ser classificadas de acordo
com o tempo calculado para a exploração total dessas reservas. Elas podem ser:
• Reservas medidas - duração com mais de 20 anos.
• Reservas indicadas - duração aproximada de 20 anos.
• Reservas inferidas - duração menor que 20 anos.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 177
8. RECURSOS ENERGÉTICOS
De acordo com Keller (1996), o petróleo é considerado o bem energético mais importante
na escala de extração. Os recursos energéticos são classificados em dois tipos:
• Recursos renováveis: são os que se exaurem muito rapidamente.
• Recursos não renováveis: são aqueles que fornecem bases energéticas, tais como pe-
tróleo, carvão, gás natural.
As taxas de exploração desses recursos não acompanham as taxas de busca de novas áreas
potenciais à exploração, de forma sustentável. Nesse caso, o petróleo é o recurso mais preocu-
pante por causa do aumento significativo do consumo de combustíveis e derivados, consequên-
cia do crescimento da indústria automobilística.
Dentre as principais alternativas possíveis, podemos destacar as energias eólicas, solares,
hidroelétricas, geotérmicas, energia das marés, energia das ondas, biomassa e biogás (TAIOLI
apud TEIXEIRA, 2003).
Complementando o assunto, Keller (1996) afirma que, atualmente, a engenharia ambien-
tal busca formas para suprir a demanda e o consumo de certos bens industriais estabelecendo
ações ambientais.
Como exemplo dessas ações podemos citar a reciclagem, considerada muito eficaz, pois
retorna ao uso uma série de artigos derivados de produtos anteriores, poupando energia na
produção em geral.
Keller (1996) comenta, ainda, que a demanda de energia elétrica para os próximos anos
aumentará gradativamente. Além disso, o domínio do setor energético nuclear concentra-se
nas mãos dos países desenvolvidos que abrigam importantes instituições, como, por exemplo, a
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que controla e domina
a energia nuclear no mundo todo.
Para Taioli apud Teixeira (2003), há elevados sinais de que se iniciará uma grande crise
energética mundial nas próximas décadas. Entretanto, podemos perceber que há um maior con-
tato das nações com a energia nuclear, mesmo em se tratando de assuntos preocupantes como
o superaquecimento do planeta e a geração de energia pelas fontes térmicas convencionais.
Combustíveis fósseis
Os combustíveis fósseis são predominantes entre as fontes de energia não renováveis,
mesmo que tenham se formado há milhares de anos, ainda na era Paleozoica. Isso porque para
que se tornem combustíveis fosseis, são necessários dois milhões de anos até que essas cama-
das de matéria orgânica se transformem no que chamamos de carvão, líquido negro-petróleo,
ou ainda, gás natural.
Esses combustíveis apresentam formas de exploração e gêneses diversas. O carvão, por
exemplo, é formado por camadas negras de matéria orgânica maturada, extraídas por meio das
formas convencionais. Já o gás natural forma-se juntamente com o petróleo, concentrando-se
na parte superior das armadilhas ou trapas reservatórias, enquanto o petróleo tem consistência
de um óleo negro viscoso, presente dentro de uma rocha reservatória, explorado pela forma de
bombeamento à superfície (OMETO, 1998).
Acompanhe, pela Figura 10, os processos e a gênese de formação do petróleo.
De acordo com Skinner e Porter (1995), a gênese do carvão está relacionada ao período
Carbonífero da era Paleozoica. Nessa época ocorreu o processo de soterramento de imensas
florestas de grande porte, fazendo que essa matéria orgânica vegetal sofresse maturação até se
transformar em carvão.
As fases que compõem a gênese do carvão são: a turfa, fase que possui menor teor de
carbono, seguida pelo linhito e, posteriormente, a hulha, que é o tipo de carvão mais abundante
e mais consumido no mundo, cerca de 80% do total. O último elemento a ser considerado é o
antracito, o mais puro, com 95% de carbono, mas também o mais raro, representando apenas
cerca de 5% do consumo mundial.
É importante destacar, também, que o carvão é considerado o combustível fóssil de maior
abundância na superfície terrestre. Os maiores produtores mundiais de carvão são os Estados
Unidos, a Rússia, a China e a Austrália. Acompanhe, pela Figura 11, a formação do carvão, as
jazidas e as formas de exploração.
exploração
Segundo Press e Siever (1998), outro combustível fóssil é o gás natural. Sua gênese
ocorre associada ao petróleo em reservas subterrâneas, podendo ser explorado por meio de
bombeamento até a superfície e, em seguida, transportado para todas as regiões que participam
da concessão ao uso. Como exemplo, podemos citar o gasoduto Bolívia-Brasil.
Outra fonte alternativa é a energia hidrelétrica, gerada pelas grandes hidrelétricas nacio-
nais. Ela é produzida pela movimentação da água de rios volumosos, ou seja, os rios são barra-
dos, armazenando água, que faz a movimentação das turbinas e, consequentemente, possibilita
a geração de eletricidade.
Para Bunterbarth (1984), a energia geotérmica existe desde que o planeta Terra foi criado.
O termo “geo” significa terra e “térmica” significa calor; logo, a energia geotérmica é aquela
produzida a partir do calor oferecido pelo nosso próprio planeta, em consequência das fontes
magmáticas e hidrotermais de algumas ocorrências na crosta terrestre.
A geração desse tipo de energia tem maior potencial em algumas regiões do país, que
são fundamentadas no hidrotermalismo, ou seja, a água aquecida atinge a superfície terrestre,
formando as pequenas termas ou furnas.
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 181
Complementando esse conceito, Press e Siever (1998) destacam que, para a geração desse
tipo de energia, não é necessária a queima de combustíveis fósseis, pois os processos tornam-se
únicos e exclusivamente físicos e cinéticos.
Outra forma de energia utilizada pelas sociedades atuais é produzida pelos ventos. A ener-
gia eólica surge da movimentação das turbinas. Um exemplo bastante claro a respeito do uso
dessa energia são os barcos que a usam para se movimentarem nos rios, praias e mares.
Esse tipo de energia é considerada uma das mais baratas e viáveis ao homem atual; no en-
tanto, não é muito utilizada em função das enormes demandas de combustíveis fósseis, como o
petróleo, para movimentação do sistema. Sem dúvida, a energia eólica é considerada uma fonte
estratégica para o futuro das sociedades atuais (BUNTERBARTH, 1984).
Energia eólica–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Acesse os endereços eletrônicos a seguir para visualizar algumas imagens relacionadas ao funcionamento da
energia eólica:
• <http://jornal.eco.blog.uol.com.br/images/energia_eolica.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://energiasrenovaveis.files.wordpress.com/2007/10/010115071008-vento-em-rochas-1.jpg>. Acesso em: 28
out. 2011.
• <http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/eolica/Image25.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
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Finalizaremos os estudos sobre a geração de energia, apresentando outra importante fon-
te de energia: o Sol. O astro-rei sempre foi uma fonte fornecedora de energia para os seres vi-
vos, pois todas as espécies de animais e vegetais necessitam da sua energia para sobreviver. As
plantas, por exemplo, produzem seu alimento a partir dessa energia. Portanto, o Sol também é
uma fonte natural de geração energética (PRESS; SIEVER, 1998).
É importante comentar que a energia solar sempre substituiu a eletricidade, o uso de gás
natural, artificial e a queima do carvão e da madeira. Para a sua captura, geralmente, são utili-
zadas placas solares instaladas no topo de residências e empresas, que captam a energia solar e
aquecem a água que se encontra no sistema hidráulico local.
Energia solar––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para saber mais sobre a energia solar, basta acessar os endereços eletrônicos a seguir:
• <http://www.maisenergias.com/wp-content/uploads/energia-solar.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
• <http://www.jorgeneto.eprofes.net/Fotos/Colector_solar/casa_solar.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
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2) De acordo com as informações desta unidade, você considera que os recursos hídricos são abundantes no Pla-
neta Terra? Justifique.
3) O que você entende por água subterrânea e qual é a importância desse recurso natural para a humanidade?
4) Como podem ser os depósitos minerais e como a humanidade pode fazer a exploração destes?
5) Qual é a importância dos recursos energéticos para as sociedades atuais? Como podemos contornar os proble-
mas causados pela escassez desses recursos?
© U6 - Introdução ao Estudo dos Recursos Naturais 183
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, conhecemos os recursos naturais, os recursos hídricos, minerais e ener-
géticos, compreendendo quais são os impactos gerados por essas atividades ao produzirem
energia e bens de consumo para a humanidade.
Vimos que nosso continente é permeado por recursos hídricos, constituindo uma rede de
rios e extensas reservas de água doce, como, por exemplo, as grandes bacias hidrográficas dos
rios São Francisco, Amazonas e Paraná. Essas bacias concentram, particularmente, 83% da água
doce consumida pelos brasileiros e recobre uma área de 72% de todo território nacional.
De acordo com o que estudamos, o abastecimento e a demanda de água estão compro-
metidos, causando enormes danos ambientais e má qualidade da água explorada. Essa situação
está estreitamente relacionada às elevadas taxas de crescimento das grandes capitais e áreas
metropolitanas do país.
Um assunto tão relevante quanto a utilização da água é a exploração dos recursos mine-
rais. Isso porque eles representam o elemento mais utilizado para o desenvolvimento das gran-
des sociedades atuais, tendo como reflexos diretos do seu uso, os recursos minerais utilizados
como matéria-prima geradora das inovações tecnológicas.
Para concluir a Unidade 6, identificamos a crescente necessidade de suprir as demandas
energéticas, utilizando os recursos renováveis e não renováveis.
A crescente exploração desses recursos tornou-se uma grande preocupação por parte dos
órgãos ambientais do nosso país. Há entidades que estão incentivando inúmeras pesquisas para
encontrar formas viáveis e alternativas para a situação energética do país, dentre elas, a questão
da reciclagem e do surgimento do biodiesel.
12. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Distribuição das zonas climáticas do globo em função da abundância e distribuição da água doce no planeta. Disponível
em: <http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/agua_subterranea/agua_doce.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 3 Principais bacias hidrográficas mundiais e brasileiras. Disponível em: <http://www.geografiaparatodos.com.br/img/
infograficos/maiores_bacias_hidrograficas.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.geografiaparatodos.com.br/img/infograficos/brasil_bacias_hidrograficas.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 4 Modelo de contaminação dos aquíferos em regiões costeiras por águas salinas. Disponível em: <http://e-geo.ineti.pt/
geociencias/edicoes_online/diversos/agua_subterranea/imagens/fig10.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 6 Mina a céu aberto, mina subterrânea e garimpo. Disponível em: <http://fotos.sapo.pt/topazio1950/pic/000ecza2>.
Acesso em: 28 out. 2011.
<http://portalamazonia.locaweb.com.br/sites/meioambiente/img/upload/garimpo-grande.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.bemtevibrasil.com.br/expedicao/fotos4/garimpo.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 10 Fontes energéticas: formação do petróleo. Disponível em: <http://www.coppe.ufrj.br/ensino/cursos/coppe_
graduacao/imagens/plataforma2.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/images/1642_petroleo/2164319_1.gif>
<http://www.drm.rj.gov.br/admin_fotos/bacia_de_campos/figura7.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
Figura 11 Fontes energéticas: formação do carvão. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/imagens/md_
ef_ci/2009-03-10_17/image010.gif>. Acesso em: 28 out. 2011.
<http://www.thelevisalazer.com/wp-content/uploads/2009/03/strip_coal_mining3.jpg>. Acesso em: 28 out. 2011.
Site pesquisado
MINEROPAR. Recursos minerais. Disponível em: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.
php?conteudo=R>. Acesso em: 7 fev. 2012.
1. OBJETIVOS
• Conhecer, entender e analisar a composição e a estruturação do substrato geológico de
alguns estados.
• Compreender a análise estratigráfica como importante instrumento para o entendi-
mento das unidades geológicas regionais de cada local.
• Compreender a aplicação das técnicas vistas anteriormente em estudos de casos.
2. CONTEÚDOS
• Aspectos gerais da geologia dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e
Rondônia.
• Levantamentos bibliográficos específicos.
• Enquadramento da área analisada nas estruturas geológicas regionais.
• Estudo de caso – áreas ígneas ou de magmatismo.
• Estudo de caso – áreas metamórficas ou de faixas móveis.
• Estudo de caso – áreas sedimentares (bacias sedimentares).
1) É muito importante que você leia outras bibliografias sobre o assunto. Uma dica im-
portante para leitura é buscar informações sobre o seu município junto a órgãos res-
ponsáveis das prefeituras.
2) A riqueza geológica local também é assunto em várias obras, como a Geologia Geral,
de Viktor Leinz e Sérgio Estanislau do Amaral.
3) Para que você tome contato visual com os aspectos geológicos do município de Poços
de Caldas - MG, selecionamos alguns endereços eletrônicos para visita:
• <http://www.cprm.gov.br/Aparados/imagens/p_12_pocos_caldas.jpg>. Acesso
em: 7 fev. 2012.
• <http://www.joiahotel.com.br/pocos_de_caldas/pontos_2.JPG>. Acesso em: 7 fev.
2012.
• <http://360graus.terra.com.br/parapente/images/h_h/h_h_castelo_08.jpg>.
Acesso em: 7 fev. 2012.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta última unidade do Caderno de Referência de Conteúdo de Fundamentos de Geolo-
gia, você compreenderá de forma prática todo o conteúdo abordado até o momento, funda-
mental para a realização de levantamentos fisiográficos.
Atualmente, um grande número de municípios brasileiros necessita da realização e da pro-
dução de Planos Diretores e Planos de Manejo que norteiem e descrevam todas as atividades
aplicadas ao uso e à ocupação do solo.
Na prática, esses planos atribuem valores conceituais e formas para correção, de forma
sustentável, de pequenos, médios e grandes impactos ambientais presentes nas áreas físicas
desses municípios.
Ao longo de nossos estudos, conheceremos os aspectos gerais relacionados ao substrato
geológico que compõe os estados de São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Rondônia.
Posteriormente, serão apresentadas formas de realização de levantamentos bibliográficos
específicos para a iniciação aos estudos aplicados junto à temática geológica. Assim, a metodo-
logia científica será descrita a você de forma aplicada, em estudos direcionados para suas ações
como profissional do meio ambiente.
É importante que você saiba que, para os estudos geológicos, é necessário que sejam
feitas análises minuciosas para a caracterização das principais estruturas geológicas que confi-
guram a base para o entendimento das unidades rochosas presentes.
Portanto, veremos alguns estudos de casos para compreendermos como são estruturadas
as áreas que apresentam seu subsolo enquadrado nas três classes genéticas maiores de rochas:
ígneas, sedimentares ou metamórficas.
Vamos lá?
Para sua melhor compreensão, acompanhe, a seguir, a descrição de cada item da coluna
geológica do estado de São Paulo.
O Embasamento Cristalino Pré-Cambriano é composto por unidade do Arqueano (> 2.5
G.a.) e do Proterozoico (2.5 G.a. - 0.6 G.a.) com rochas metamórficas e ígneas reunidas em uni-
dades com diferentes associações litológicas, constituindo eventos geológicos distintos, além de
apresentar compartimentação por falhas (UNESP, 2012).
A Bacia do Paraná é constituída por unidades litoestratigráficas (formações), que podem
apresentar denominações e hierarquia distintas, a grande maioria, em relação à sua porção sul.
De acordo com Milani et al. (1994, p. 62-82), ela é composta por:
A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre cada um desses grupos. Acompanhe.
Grupo Paranoá
De acordo com Semarh (2012):
O Grupo Paranoá ocupa cerca de 65% da área total do Distrito Federal, sendo possível caracterizar sete
unidades litoestratigráficas correlacionáveis, da base para o topo, com as sequências deposicionais Q2,
S, A, R3, Q3, R4 e PC das áreas-tipo da região de Alto Paraíso de Goiás.
Para que você possa compreender melhor, veja, a seguir, a descrição de cada uma dessas
unidades litoestratigráficas:
A Unidade Q2 é definida por quartzitos médios com canais conglomeráticos no topo da seqüência.
Esta unidade ocorre de maneira restrita na porção leste do Domo Estrutural do Pipiripau (Chapada do
Pipiripau).
Grupo Canastra
Segundo o Semarh (2012):
O Grupo Canastra ocupa cerca de 15% da área total do Distrito Federal, distribuído pelos vales dos rios
São Bartolomeu (na porção central do DF) e Maranhão (na porção Centro-Norte do DF). É constituído,
essencialmente, por filitos variados, os quais incluem clorita filitos, quartzo-fengita filitos e clorita-car-
bonato filitos. Além dos filitos, ocorrem subordinadamente, na forma de lentes decamétricas, már-
mores finos cinza-claros e quartzitos finos silicificados e cataclasados. Na região do DF estes filitos são
correlacionáveis às formações Serra do Landim e Paracatu.
Grupo Araxá
O Grupo Araxá está limitado ao Sudoeste do Distrito Federal, ocupando apenas 5% da área total do
território. É composto por xistos variados com ampla predominância de muscovita xistos e ocorrências
restritas de clorita xistos, quartzo-muscovita xistos, granada xistos e lentes de quartzitos micáceos (SE-
MARH, 2012).
Grupo Bambuí
Ainda de acordo com o Semarh (2012):
[Distribuído] por cerca de 15% da área total do DF, [o Grupo Bambuí é] observado na porção Leste, ao
longo do Vale do Rio Preto. É composto por metassiltitos laminados, metassiltitos argilosos e bancos de
arcóseos, com cor de alteração rosada/avermelhada e com cor de rocha fresca em vários tons de verde.
Esse conjunto litoestratigráfico corresponde às formações Serra da Saudade e Três Marias, do topo do
Grupo Bambuí.
A extensa região que inclui o estado de Rondônia, parte do Mato Grosso e Amazonas,
adentrando em território boliviano, recebeu designações usuais de "Faixa Móvel Rondoniense",
"Cinturão Móvel Rio Negro-Juruena", "Cinturão Móvel Rondoniano", "Terreno Granito-Greens-
tone de Rondônia", "Cinturão Móvel Sunsas", "Província Colisional Rio Negro-Juruena", entre
outros.
Agora, acompanhe a coluna estratigráfica do estado de Rondônia, na qual são evidencia-
das suas principais estruturas geológicas, segundo Sato e Tassinari (1996, n.p.):
1) CENOZÓICO - COBERTURAS CENOZÓICAS:
a) Depósitos Aluvionares de Canais Fluviais e de Planícies de Inundação (QH) e Cobertura Sedimentar
Indiferenciada (TQ).
2) MESOZÓICO - BACIA DOS PARECIS:
a) Formação Parecis.
b) Formação Anari.
3) PALEOZÓICO:
a) Formação Fazenda da Casa Branca.
b) Formação Pimenta Bueno.
c) Formação Cacoal.
4) BACIA DE RONDÔNIA:
a) Formação Prosperança.
b) Formação Palmeiral.
5) NEOPROTEROZÓICO:
a) Younger Granites de Rondônia +/-1,08 Ga.
b) Suíte Ígnea Costa Marques +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
c) Formação Nova Floresta +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
6) FAIXA OROGÊNICA POLICÍCLICA GUAPORÉ:
a) Suíte Intrusiva Santa Clara +/-1,052 a +/-1,0 Ga.
b) Suíte Granítica Rio Pardo +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
7) MESOPROTEROZÓICO:
a) Suíte Intrusiva Básico - Ultrabásica Cacoal +/-1,3 a +/-1,0 Ga.
b) Formação Mutum-Paraná +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
c) Sequência Metavulcano-Sedimentar Nova Brasilândia +/-1,4 a+/-1,0Ga.
d) Suíte Intrusiva São Lourenço-Caripunas +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
e) Suíte Intrusiva Alto Candeias +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
f) Suíte Intrusiva Teotônio +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
g) Suíte Intrusiva Santo Antônio +/-1,4 a +/-1,0 Ga.
h) Grupo Beneficente +/-1,6 a +/-1,4 Ga.
i) Suíte Intrusiva Serra da Providência +/-1,6 a +/-1,4 Ga.
j) Suíte Vulcânica Roosevelt +/-1,6 a +/-1,4 Ga.
8) PALEOPROTEROZÓICO/MESOPROTEROZÓICO:
a) Complexo Santa Luzia +/-2,3 a +/-1,6 Ga.
b) Complexos Jamari e Jaru +/-2,3 a +/-1,6 Ga.
9. LEVANTAMENTOS BIBLIOGRÁFICOS
Em qualquer estudo, seja acadêmico, seja aplicado, o início das atividades se dá pela
realização do levantamento bibliográfico, pois, mediante a pesquisa, você buscará as obras
consideradas referenciais.
Assim, nesse tópico abordaremos temas que o nortearão na criação da base conceitual
para a sua familiarização com o tema estudado e, também, como suporte teórico no momento
de confecção de relatórios e pesquisas em geral.
que o colapso da parte central determinou a formação da imensa caldeira, considerada a maior
do mundo.
Atualmente, restam apenas as elevações laterais formadas por rochas consolidadas em
profundidade, que deveriam fazer parte da câmara magmática dos vulcões que circundavam a
caldeira.
A riqueza geológica local também é assunto em várias obras, como Geologia Geral, de
Viktor Leinz e Sérgio Estanislau do Amaral.
Na escala geológica do tempo, a estância enquadra-se entre os maciços alcalinos que, ape-
sar de apresentarem idades diferentes entre si e certa heterogeneidade, pertencem ao mesmo
período. Estima-se que os maciços tenham entre 60 e 80 milhões de ano, ou seja, estão classifi-
cados no final da era mesozoica e início da cenozoica.
2) As rochas que afloram na região onde você mora são sedimentares, metamórficas ou magmáticas? Quais moti-
vos o levaram às suas conclusões?
16. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 2 Coluna estratigráfica da Bacia do Paraná. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/coluna/images/coluna2.jpg>.
Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 3 Mapa Geológico do estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.transportes.mg.gov.br/proacesso/RAAEP_
revisado_29ago05/7b_Cap_4_4_1_2_Revisado.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2008.
Figura 4 Mapa Geológico do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/cap03/
imgs/12.gif>. Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 5 Coluna estratigráfica das unidades geológicas do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/
semarh/site/lagoparanoa/cap03/imgs/13.gif>. Acesso em: 30 out. 2011.
Figura 6 Mapa Geológico do estado de Rondônia. Disponível em: <ftp://ftp.cprm.gov.br/pub/pdf/rondonia/rondonia_geoestado.
pdf>. Acesso em: 30 out. 2011.
Sites pesquisados
UNESP. Geologia do estado de São Paulo - estudo da composição litoestratigráfica e sua origem. Disponível em: <http://www.
rc.unesp.br/igce/aplicada/DIDATICOS/M%20RITA/aula14r.pdf>. Acesso em: 6 fev. 2012.
SEMARH. Contexto geológico do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.semarh.df.gov.br/semarh/site/lagoparanoa/
cap03/04.htm>. Acesso em: 6 fev. 2012.