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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES
2ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1024131-04.2016.8.26.0053 e código 35F8FE5.
VIADUTO DONA PAULINA Nº 80, São Paulo - SP - CEP 01501-000
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

SENTENÇA

Processo nº: 1024131-04.2016.8.26.0053 - Ação Popular


Requerente: Daniel Atencio

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LAIS HELENA BRESSER LANG AMARAL, liberado nos autos em 15/08/2017 às 16:24 .
Requerido: Subprefeitura da Subprefeitura do Butantã e outro

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Lais Helena Bresser Lang

Vistos.

Trata-se de ação popular ajuizada por Daniel Atencio contra Prefeitura Municipal de
São Paulo e Subprefeitura da Subprefeitura do Butantã, em que pretende seja anulado o ato que
determinou o corte e remoção do abacateiro em frente ao laboratório do instituto de geociências
dentro do campus da USP. Narra que em razão de ter entrado água no laboratório, foi solicitada à
Prefeitura de São Paulo autorização para remoção do abacateiro, sob o argumento de que os galhos da
árvore estariam destruindo as telhas do laboratório e que havia risco de queda, o que foi autorizado
pela Subprefeitura do Butantã, entretanto, a árvore em questão é sadia, ocnforme verificado pelo IPT,
e o real motivo de ter entrado água são telhas podres. Argumenta que a ordem de corte e remoção
violou a Lei orgânica do Município, em especial os arts. 181 e 186. Sustenta que a competência para
manutenção das árvores no campus é do Estado em razão de a USP ser uma autarquia estadual.
Requereu a tutela antecipada, juntou documentos e deu à causa o valor de R$ 1.000,00.
A liminar foi deferida às fls. 69/70.
A Municipalidade apresentou contestação às fls. 86/93 argumentando que mesmo
sendo uma autarquia estadual, a USP, no tocante à vegetação do campus, se submete à legislação
municipal, sendo sua competência a autorização de supressão de árvores. Sustenta que em vistoria
feita em julho de 2015, foi constatada a inclinação do abacateiro em direção à edificação do instituto
de geociências. Afirma que o abacateiro é considerado uma árvore exótica e não recomendado para
arborização urbana, sendo mais adequado ao interesse público sua remoção e substituição por
exemplar nativo. Alega ainda que a autorização se deu em caráter excepcional e a requerimento do
interessado em razão do dano ao patrimônio público e por apresentar riscos de queda, impactos de
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frutos no telhado e entupimento de calhas, além de se situar em local impróprio e inconveniente às


atividades do instituto. Pugnou pela improcedência da ação.
Réplica às fls. 113/126 informando que o instituto de geociências teve suas telhas

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LAIS HELENA BRESSER LANG AMARAL, liberado nos autos em 15/08/2017 às 16:24 .
trocadas na área de influência do abacateiro e que outra parte do telhado foi substituída por concreto e
proteção adicionais, que o telhado tem sido varrido constantemente a fim de evitar entupimento de
calha e que os frutos têm sido colhidos e distribuídos entre os funcionários, estando o problema
resolvido e o abacateiro saudável não há porque manter a ordem de remoção da árvore. Impugnou
ainda a argumentação de por ser uma árvore exótica deveria ser substituída por uma vegetação nativa
de São Paulo.
O Ministério Público se manifestou às fls. 130 requerendo a regular instrução do
feito, conforme requerido pelo autor.

Relatados. Fundamento e decido.

Somente a autora requereu a produção de prova pericial e oitiva de testemunhas,


entretanto, entendo suficientes os documentos apresentados nos autos para o deslinde do feito e, com
base no art. 370, parágrafo único, do NCPC, indefiro a produção de prova. Anoto ainda que como a
Municipalidade não requereu a produção de prova alguma, não há que se falar em cerceamento de
defesa.
Passo então ao julgamento antecipado, conforme autorizado pelo artigo 355, inciso I
do Código de Processo Civil.
A pretensão merece guarida.
Estabelece a Lei 4.717/65 em seu art. 2º, que são nulos os lesivos ao patrimônio das
entidades mencionadas no artigo anterior, dentre outras hipóteses, nos casos de ilegalidade do objeto
e de inexistência dos motivos e o parágrafo único apresenta os conceitos de ilegalidade e inexistência
de motivos:
Art. 2º Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade
observar-se-ão as seguintes normas:
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em
violação de lei, regulamento ou outro ato normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de
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direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou


juridicamente inadequada ao resultado obtido.

No caso em tela, o que se impugna é a legalidade do ato que autorizou o corte e a

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remoção de um abacateiro, em frente ao instituto de geociências da USP. Dentre suas alegações, o
autor defende que a competência para autorizar a remoção não pode ser do Município, por se tratar de
espécie localizada em campus de autarquia estadual.

Neste ponto, equivoca-se o autor, isto porque a Lei 10.365/87 determinou, em seu art.
9º que a supressão da vegetação de porte arbóreo, excluídas as hipóteses dos artigos 5º, 6º e 7º, da
citada lei, em propriedade pública ou privada, no território do Município, fica subordinada à
autorização, por escrito do Administrador Regional competente, ouvido o Engenheiro agrônomo
responsável.

Superada a questão da competência, passo à análise dos motivos que fundamentaram


a remoção. Ao que consta dos autos, em especial dos documentos de fls. 94 e 100, o motivo para a
remoção do abacateiro foi o dano ao patrimônio público, mais precisamente danificação das telhas e
entupimento de calhas do edifício dos laboratórios de geociências.

A prefeitura da USP, campus da capital, apontou ainda que haveria risco de queda em
função de desequilíbrio da árvore e que os frutos caem no telhado danificando as telhas, ocorre que de
acordo com o laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas elaborado pelo Centro de Tecnologia De
Recursos Florestais, assinado por engenheira agrônoma, ecóloga e biólogo, com processos de
biodeterminação do lenho, juntado às fls. 22/34 verificou-se que a espécime em questão está
perfeitamente sadia e que não apresenta risco de queda.

Os profissionais concluíram: "a árvore se apresenta vigorosa, sem qualquer indício


da ocorrência de organismos que atacam o lenho. Nas análises externa e interna não foram
observadas quaisquer alterações, sendo necessária apenas a poda para remoção do galho que se
encontrava quebrado. O exemplar arbóro não apresenta evidências objetivas de risco de queda".

A Municipalidade não impugna as conclusões do laudo do IPT, apenas afirma que em


vistoria realizada em julho de 2015 teria verificado o risco de queda, porém, extrai-se do laudo de
vistoria que nos campos indicativos do estado vegetativo/fitossanitário do abacateiro, nenhum dos
campos foi assinalado, deixando em dúvida o real risco de queda da árvore (fls. 100).
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Por isso, apesar de a árvore apresentar inclinação ao prédio do instituto de
geociências, não há nos autos provas que indiquem o perigo de queda a justificar a remoção de um
exemplar arbóreo. Note-se que a própria legislação ambiental municipal, exige para a supressão da
árvore a ocorrência de alguns fatos, como por exemplo, o estado fitossanitário da árvore;
quando a árvore ou parte desta apresentar risco iminente de queda e nos casos em
que a árvore esteja causando comprováveis danos permanentes ao patrimônio
público ou privado.

Art. 11 - Nas demais hipóteses, a supressão ou a poda de árvores só poderá


ser autorizada nas seguintes circunstâncias:
I - em terreno a ser edificado, quando o corte for indispensável à realização
da obra;
II - quando o estado fitossanitário da árvore a justificar;
III - quando a árvore ou parte desta apresentar risco iminente de queda;
IV - nos casos em que a árvore esteja causando comprováveis danos
permanentes ao patrimônio público ou privado;
V - nos casos em que a árvore constitua obstáculo fisicamente incontornável
ao acesso de veículos;
VI - quando o plantio irregular ou a propagação espontânea de espécimes
arbóreos impossibilitar o desenvolvimento adequado de árvores vizinhas;
VII - quando se tratar de espécies invasoras, com propagação prejudicial
comprovada.
No caso dos autos, das hipóteses que poderiam justificar a supressão do exemplar em
questão, já foram afastados o estado fitossanitério da árvore o risco iminente de queda. Também não
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há que se falar em ocorrência de danos permanentes ao patrimônio público, pois como já salientado
na decisão de fls. 69/70, "o entupimento de calhas, o barulho e o impacto dos frutos no telhado
(motivos utilizados para justificar o corte, conforme documento de fls. 19), não podem ser

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considerados danos permanentes ao patrimônio público a justificar a excepcional supressão da
árvore".

Além disso, de acordo com as informações apresentadas em réplica, em especial as


fotos juntadas, verifica-se que os possíveis danos foram contornados, com a substituição das telhas e
de parte do telhado e para evitar a queda de frutos passou-se a ser feita a colheita dos abacates e para
evitar o entupimento das calhas há limpeza frequente no telhado. E mesmo que estas medidas ainda
não tivessem sido adotas, seriam de fácil adoção,o que afasta a caracterização de "danos
permanentes" e consequentemente a necessidade de remoção da árvore.

Quanto à alegação da Municipalidade de que o abacateiro não é uma espécie nativa de


São Paulo e que deveria ser substituída por árvores nativas, há uma distorção por parte do Município
do teor do inciso II, do parágrafo único do art. 2º, da lei 10365/87. O que o referido dispositivo
autoriza é a supressão de árvores que, por não serem nativas da região, estariam prejudicando o
ecossistema local. No caso em tela, o abacateiro não gerou nenhum prejuízo à vegetação próxima,
não havendo motivo para a supressão da árvore.

De todo o exposto, verifica-se que o ato que determinou a remoção do abacateiro é


ilegal, nos termos do art. 2º, da Lei 4147/65, pois violou o art. 11, da lei 10.365/87, bem como não
estão presentes os motivos que fundamentaram o ato, consequentemente referido
ato é nulo.

Por fim, quanto ao pedido do autor para excluir a frase de fls. 92, não vislumbro a
ofensa alegada, não verificando a necessidade de determinar a exclusão da frase dos presentes autos.
Caso entendam ofensiva a expressão à sua honra, deverão o autor e o seu patrono se valerem de ação
própria para discutir este ponto específico.

Ante o exposto, julgo procedente o pedido inicial e extinto o processo, com base no
art. 487, I, do Código de Processo Civil de 2015 para anular a ordem de corte e remoção do abacateiro
situado em frente ao Instituto de geociências na Cidade Universitária, na Rua do Lago 562,
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confirmando a liminar. Ante a sucumbência, conforme disposto no art. 12, da Lei 4.717/65, arcará a
parte ré com as custas e despesas processuais e honorários. Tendo em vista o valor da causa, fixo os
honorários com base no art. 85, §8º, do NCPC, por equidade no montante de R$ 2.000,00 (dois mil

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LAIS HELENA BRESSER LANG AMARAL, liberado nos autos em 15/08/2017 às 16:24 .
reais). Oportunamente, com o trânsito em julgado, ao arquivo, com as devidas anotações. Dispensado
o reexame necessário, nos termos do art. 496, §3, II, do NCPC. Oportunamente, com o trânsito em
julgado, ao arquivo, com as devidas anotações.

Dê-se ciência ao Ministério Público.

P.R.I.

São Paulo, 14 de agosto de 2017.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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