Resumo:
Os anos de João Goulart no cargo de presidente do Brasil, desde o seu caminho para
ascensão após renúncia de Jânio Quadros, merecem nossa atenção por ser o período
onde ocorreu o golpe civil-militar de 1964. Apoiado nas concepções da nova história
política, analisamos o “Diário do Paraná”, importante periódico da capital paranaense,
para compreender como o jornal se posicionou em relação ao presidente e suas reformas
de base, procurando entender de que forma a mídia impressa paranaense representou o
presidente de sua posse até a sua queda e perceber como o jornal mudou suas posições
através dos anos e acontecimentos que marcaram o governo Goulart.
Introdução
Nas prensas da imprensa, mais do que no papel, o que se tenta moldar é uma
imagem pública sobre os acontecimentos, as ideias sobre a economia e política, e os
personagens envolvidos com elas. É este “papel” agora digitalizado, que pretendemos
analisar para descobrir o que de João Goulart e suas “reformas de base”1 o jornal o
Diário do Paraná tentou imprimir na opinião pública no período em que ele foi
presidente do Brasil, que fatidicamente culminou em um golpe civil-militar pelas forças
que lhe faziam oposição.
É preciso compreender que a chegada de João Goulart ao poder em 1961 foi
conturbada. Jango, como era chamado João Belchior Marquez Goulart, ainda em missão
oficial na China comunista, foi informado da súbita renúncia de Jânio Quadros, de quem
ele era o vice-presidente. Aparentemente, Jânio pretendia voltar ao poder nos braços do
povo, mas a população manteve-se inerte sobre sua renúncia. Inicia-se então um
conchavo político-militar para manter João Goulart afastado da presidência. Os
comandantes das forças armadas, que no período possuíam status de ministro,
declararam que por questão de segurança nacional o regresso de João Goulart era
1
“Sob essa ampla denominação de "reformas de base" estava reunido um conjunto de iniciativas: as
reformas bancária, fiscal, urbana, administrativa, agrária e universitária. Sustentava-se ainda a
necessidade de estender o direito de voto aos analfabetos e às patentes subalternas das forças armadas,
como marinheiros e os sargentos, e defendia-se medidas nacionalistas prevendo uma intervenção mais
ampla do Estado na vida econômica e um maior controle dos investimentos estrangeiros no país,
mediante a regulamentação das remessas de lucros para o exterior.”
FERREIRA, Marieta de Moraes. As reformas de base, disponível em:
<http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base>.
Acessado em: 10/10/2017.
2
O Diário do Paraná
8
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e História do Brasil. 2ª ed. São Paulo: contexto, 1994. p.
13.
9
LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla
Bassanezi(org.). Fontes históricas.São Paulo: Contexto, 2008.
4
10
Verbete Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo disponível em:
<http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/francisco-de-assis-chateaubriand-
bandeira-de-melo>. Acessado em 20/08/2017.
11
LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla
Bassanezi(org.). Fontes históricas.São Paulo: Contexto, 2008. p. 140-142.
12
Uma categoria de deputados presente na constituição de 1934 que visa assegurar a representação dos
trabalhadores no parlamento.
5
13
CÔRTES, Op. Cit. p. 25-27.
14
“O sentido da nossa luta”. O Diário do Paraná. Curitiba, 29 de Março de 1955. p. 2.
15
CHARTIER, Roger. História Cultural – Entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1990. p. 17.
16
MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Em guarda contra o “perigo vermelho”: O anticomunismo no Brasil
(1917-1964), São Paulo, Perspectiva/FAPESP, 2002 p. 25.
6
Um caminho já traçado
Esse estudo não está sozinho no meio acadêmico, outros autores já traçaram
caminhos similares antes, uma delas chegando a trabalhar inclusive com o mesmo
periódico. Andrea Beatriz Wozniak Gimenes17 trata no seu trabalho dos jornais o Diário
do Paraná, Última Hora e Correio do Paraná, mas em uma busca das representações
anticomunistas. Pesquisa de relevância, ainda mais tendo em vista que poucas obras
referentes a essa temática e período foram encontrados.
Temos também outros expoentes como a pesquisa de Rodrigo Patto Sá Motta18,
sobre o anticomunismo no Brasil, que estudou como nesse processo houve
modificações e permanências nas representações anticomunistas, mantendo a atenção
principalmente nos dois momentos de rupturas democráticas, em 1935/1937 e em 1964,
usando também jornais, revistas e imagens.
Em uma relação mais abrangente sobre o período disposto, não se pode deixar
de citar os trabalhos de Carlos Fico19, Jorge Ferreira20 e Rodrigo Motta21, onde
encontramos semelhanças e divergências, sobretudo sobre a importância alçada aos
fenômenos que foram mais relevantes na consolidação do golpe. Assumindo aqui o
risco de simplificar suas teses, podemos dizer que encontramos em Motta o
reconhecimento do poder do anticomunismo, e seus meios, de uma capacidade de se
alastrar e tornar mesmo os não-radicais em aliados do golpe de estado, sobre a ameaça
17
GIMENEZ, Andréa Beatriz Wosniak. As representações anticomunistas na grande imprensa
curitibana (1961/1964). 1999. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em História) - Universidade
Federal do Paraná.
18
MOTTA, Op. Cit.
19
Fico, Op. Cit.
20
FERREIRA, Jorge. Op. Cit. p. 345-404.
21
Motta, Op. Cit.
7
do “perigo vermelho”. Ferreira, por sua vez, compreende que o clima de radicalismo
tanto da esquerda quanto da direita em não querer negociar seus diferentes planos
políticos, criou um ambiente propício ao golpe. Enquanto Fico percebe as ações dos
agentes históricos, entre eles governadores, parlamentares, lideranças civis e até o
governo dos EUA como estrategistas e conspiradores que tomaram as atitudes decisivas
para a realização do golpe, efetivado como golpe civil-militar.
O que temos então são visões divergentes, e complementares, sobre os
fenômenos determinantes, mas que em sua análise não negam que outros fatores tenham
contribuído para a realização do golpe civil-militar. Nos atemos aqui então, a utilizar de
ambos os autores quando se mostrar mais pertinente a situação, onde apontam para a
influência que os jornais tiveram, conscientes na construção de uma conjuntura que no
fim levou a queda do Presidente Goulart.
Portanto, realizamos uma pesquisa que visa contribuir, com uma abrangência
de visão a história das representações da mídia paranaense, mais especificamente do
Diário do Paraná, não restringindo nosso recorte ao anticomunismo, e sim a um dos
elementos mais importantes do governo João Goulart, as “reformas de base”.
A queda de Jânio
O editorial é o “espaço destinado à exposição das ideias e causas defendidas pelos donos do periódico”
23
24
“Crise Desnecessária”. O Diário do Paraná, Curitiba, 25 de agosto de 1961. p. 2
25
Idem.
26
“Intervenção democrática” O Diário do Paraná, Curitiba, 25 de agosto de 1961. p. 2
27
A chamada intentona comunista foi um movimento revoltoso ocorrido em novembro de 1935, de
inspiração ideológica comunista que pretendeu derrubar o governo de Getúlio Vargas.
9
28
O Diário do Paraná, Curitiba, 26 de agosto de 1961. p. 1.
29
“Povo Paranaense (calmo) Aguarda os esclarecimentos: Razões da Renúncia”. O Diário do Paraná,
Curitiba, 27 de agosto de 1961. p. 3.
30
“Deputados de todas as bancadas manifestam seu apoio à Carta Magna e pela posse de J. Goulart”. O
Diário do Paraná, Curitiba, 28 de agosto de 1961. p. 2.
31
“Paz e Legalidade”. O Diário do Paraná, Curitiba, 27 de agosto de 1961. p. 2.
32
“Humus, propriedade privada e liberdade”. O Diário do Paraná, Curitiba, 26 de agosto de 1961. p. 2.
33
“Considerações sobre a reforma agrária”. O Diário do Paraná, Curitiba, 27 de agosto de 1961. p. 2.
34
“Reforma Agrária Homeopática”. O Diário do Paraná, Curitiba, 27 de agosto de 1961. p. 2.
35
“Organização Agrária sem comunismo”. O Diário do Paraná, Curitiba, 30 de agosto de 1961. p. 2.
36
“Organização Agrária sem comunismo”. O Diário do Paraná, Curitiba, 03 de setembro de1961. p. 2.
10
governança deva ser realizada de maneira moderada, ou seja, sem avançar nas reformas,
buscando nesse período reforçar as representações com posições contrárias aos projetos
de reforma agrária.
O que desperta a atenção é que a reforma agrária não é ligada apenas ao
comunismo, como já era de se esperar, é também representada recorrentemente no
jornal como uma experiência também anticristã. Podemos destacar então alguns
elementos que se repetem nesses textos.
“Não é possível se esperar grande coisa de qualquer reformismo agrário, ainda
que, aparentemente justo”37. A recusa da reforma agrária é unânime, apesar de feita com
certas ressalvas em todos os artigos, mas ao fim o autor representa essa reforma a
auferindo uma impossibilidade de êxito. Além de considerarem a reforma
intrinsecamente fadada ao fracasso, frequentemente é associada também a princípios
anticristãos.
O ponto de vista dos grandes produtores de terra também é frequentemente
defendido, como o exalta Mario Rolim: "Os agricultores reconhecem e se revoltam
contra o abandono do homem do campo mais do que os que apregoam a reforma agrária
por que mais de perto assistem a sua miséria, lutando para atenuá-la."38. O que não pode
ser desprezado é o fato de que os grandes produtores de café eram também
financiadores do jornal em questão.
Percebemos então nesse caminho à presidência de João Goulart os jornalistas e
o comando editorial do Diário do Paraná preocupados em oferecer destaque a discursos
de legalidade, pela posse do Presidente, ao passo que defendiam que João Goulart
demonstrasse moderação e disposição em negociar favoravelmente àqueles que se
encontravam no poder. Para além, nesses dias em que se decide o destino do presidente,
no dia seguinte o jornal pública artigos que fazem críticas a proposta de reforma agrária,
principal indicativa das reformas de base.
37
“Humus, propriedade privada e liberdade”. O Diário do Paraná, Curitiba, 26 de agosto de 1961. p. 2.
38
“Considerações sobre a reforma agrária”. O Diário do Paraná, Curitiba, 27 de agosto de 1961. p. 2.
11
39
“Esqueçamos as mágoas e Trabalhemos Pelo Brasil”. O Diário do Paraná, Curitiba, 08 de setembro de
1961. p. 1.
40
FERREIRA, Jorge. Op. Cit. p. 348-349.
41
Idem.
42
Ibidem. P358-360.
43
“Regime Parlamentar pode ser Adaptado Perfeitamente às condições do Brasil”. O Diário do Paraná,
Curitiba, 09 de setembro de 1961. p. 2.
12
44
“Com o Parlamentarismo Brasil obteve longo período de paz”. O Diário do Paraná, Curitiba, 12 de
setembro de 1961. p. 2.
45
“Plebiscito: O Povo Paranaense Ainda Não Tomou Maior Interesse Pelo Problema”. O Diário do
Paraná, Curitiba, 11 de setembro de 1962. p. 2.
46
“Apaziguamento Necessário”. O Diário do Paraná, Curitiba, 13 de setembro de 1962. p. 2.
47
“Governo de Jango será chamado à opção ideológica para sobreviver”. O Diário do Paraná, Curitiba,
01 de janeiro. 1963. p. 2 (Com datação equivocada de 30/12/1962).
48
O Diário do Paraná, Curitiba, 08 de janeiro. 1963. p. 1.
49
Idem.
50
“As metas principais eram as de combater a inflação sem comprometer o desenvolvimento econômico e,
em seguinte,implementar reformas, sobretudo no aparelho administrativo, no sistema bancário, na
13
estrutura fiscal e, em particular, na estrutura agrária.” FERREIRA, Jorge. Op. Cit. p. 364.
51
FERREIRA, Jorge. Op. Cit p. 370-371.
14
hierárquica, promovida por alguns de seus porta vozes”52 Onde destaca-se novamente a
imagem de um João Goulart imprudente e agitador, afirmando que para além da revolta
dos sargentos, desde que assumiu a presidência, essa situação de degeneração da ordem
se iniciou.
Na mesma edição, o editorial “Nossa opinião: Presença de Goulart”53 exalta a
responsabilidade e compromisso do presidente com o Paraná, que foi afetado pelo
grande incêndio florestal de 1963, que chegou a devastar pelo menos 10% do território
estadual.54 O editorial enfatiza “Mostrou o sr. João Goulart medir em toda a sua
extensão as angustias dos paranaenses. Não se limitou a providências burocratizadas
tomadas à distância.”55
Enquanto Alzira Alvarez de Abreu identifica um momento de virada de
posição para o discurso radicalizado, onde impelia-se o golpe contra Goulart nos
jornais56, o que podemos identificar no Diário do Paraná, é a continuidade da crítica ao
presidente, tal como a continuidade do espaço aos seus opositores.
No entanto, não pode-se deixar de notar, se não encontramos editoriais como
“Basta” do Jornal do Brasil57, onde é feito um pedido direto pela intervenção das
Forças Armadas, as críticas a Goulart não cessam em boa parte das notícias. Sua
“suposta” incompetência e instabilidade é o tema mais explorado nas notícias que o
fazem menção, e a reforma agrária continua a aparecer como uma pauta inconsequente
do governo.
52
“A Responsabilidade”. O Diário do Paraná, Curitiba, 14 de setembro de 1963. p.2.
53
“Nossa opinião: Presença de Goulart”. O Diário do Paraná, Curitiba, 14 de setembro de 1963. p.3.
54
Maior incêndio do Paraná aconteceu há 50 anos, disponível em:
<https://www.tibagi.pr.gov.br/noticias/modules/news/article.php?storyid=303> Acessado em: 30/11/2017.
55
“Nossa opinião: Presença de Goulart”. O Diário do Paraná, Curitiba, 14 de setembro de 1963. p.3
56
ABREU, Alzira Alves de. A Participação da imprensa na queda do Governo Goulart. In: Seminário 40
anos do Golpe: Ditadura Militar e Resistência no Brasil, Rio de Janeiro: 7 Letras, 2004.
57
Idem.
58
FERREIRA, Jorge. Op. Cit. p.388.
15
João Goulart. Em 10 de outubro de 1963 temos “A espera do Sinal”59 onde fica claro o
início da denuncia à uma intenção não democrática do presidente, onde evidenciam o
seguinte: “Urgida insensatamente com o destino de um grande povo, encontra-se nos
primeiros capítulos. A comparsaria vermelha está vigilante, esperando que o contra-
regra dê o sinal para sua entrada em massa”60, ou seja, o presidente agora é comparado
ao contrarregra que no teatro é aquele que com um sinal dá início a ação teatral.
João Goulart e o PTB, seu partido, não são o único alvo da crítica, a postura
branda do PSD na oposição ao pedido de estado de sítio é o alvo do texto de Assis
Chateaubriand em “O dono da Rapadura”61 onde indica a grande derrocada de três
lideranças, Juscelino Kubitschek, Benedito Valladares e Tancredo Neves, “Os mineiros
olham para as lideranças do PSD e a encontram lutando para que o Brasil não saia deste
lodo”.62
Os textos condenando a postura do governo com o pedido de estado de sítio
não cessam, e a postura anticomunista do jornal se demonstra cada vez mais evidente: O
projeto do golpe comunista é continuamente anunciado, ao mesmo tempo em que uma
conduta mais enérgica é exigida das lideranças nacionais, que quando não a tomam são
duramente atacadas pelas páginas do periódico.
Apesar do acirramento da oposição do Diário do Paraná contra Goulart, o
jornal ainda mantém-se preso ao discurso legalista, condenando qualquer ação golpista
nesse fim de ano de 1963, focando insistentemente na alegação de eminência de um
golpe comunista no país. Mas se há alarde para um possível golpe comunista no Brasil,
os jornalistas já se ocupam a pensar na sucessão presidencial.63
59
“A espera do Sinal”. O Diário do Paraná, Curitiba, 10 de outubro de 1963. p.2.
60
Idem.
61
“O dono da Rapadura”. O Diário do Paraná, Curitiba, 10 de outubro de 1963. p.2.
62
Idem.
63
“Nenhuma Aliança Entre PSD e PTB com Vista a Sucessão Presidencial” O Diário do Paraná, Curitiba,
14 de novembro de 1963. p.2.
64
FERREIRA, Jorge. Op. Cit. p.382.
16
sobre o governo, pois Goulart com esse e outros comícios assumia uma postura mais
agressiva às reformas de base, demonstrando por meio da ação que faria de tudo para
forçar o congresso a aceita-las e para isso vai em busca do apoio popular.
A ala de oposição não deixara o comício nem o seu planejamento passar
despercebido. Se havia disposição ao golpe civil-militar, esse foi o motivo utilizado
como justificativa para ele se fazer necessário. O Diário do Paraná não esteve ausente
na construção dessa representação. Já no dia 3 de março de 1964 o jornal publicava o
“Afastamento de Pinheiro Neto e Devassa nas Operações da SUPRA”65. Pois SUPRA
era a superintendência de política agrária, o órgão do governo responsável por
coordenar a reforma agrária. Mas se em alguns momentos as reformas foram pouco
presentes no jornal, no mês de março de 1964 sua presença está garantida em
praticamente todas as edições. O comício na Central do Brasil traz consigo essa
preocupação. Em 4 de março é noticiado em capa “Não Contaria com apoio Militar
comício no CGT”66. A manchete por si só já demonstra um afastamento dos militares,
no caso da Guanabara, em relação as propostas do comício e a sua realização. Coloca
ainda mais a frente, no texto abaixo da manchete, em duvida a realização do comício e a
ausência de decisão de Goulart nas questões referentes ao evento, sendo o CGT
responsável por tudo.
Nem pela primeira, nem pela última vez, João Goulart é colocado no texto,
como um personagem que se deixa levar, um político habilidoso, mas que não toma as
próprias decisões. Mas em contra partida, temos novamente as insinuações de uma
vontade golpista em Goulart67 que não incorre também uma única vez68. E esses textos
tomam uma forma cada vez mais direta de acusação a João Goulart, e um clamor por
uma atitude drástica, como vemos na passagem a seguir:
O discurso que já pede a ação do Congresso ou dos militares pela retirada de João
Goulart do poder continua presente nas edições seguintes do Jornal.
65
“Afastamento de Pinheiro Neto e Devassa nas Operações da SUPRA”. O Diário do Paraná, Curitiba,
03 de março de 1964. p.2.
66
“Não Contaria com apoio Militar comício no CGT”. O Diário do Paraná, Curitiba, 04 de março de
1964. p.1.
67
“Queremismo à vista”. O Diário do Paraná, Curitiba, 04 de março de 1964. p.2.
68
“CONGRESSO PREPARA-SE PARA POSSÍVEL GOLPE”. O Diário do Paraná, Curitiba, 06 de
março de 1964. p.1.
69
“V exército em ação”. O Diário do Paraná, Curitiba, 06 de março de 1964. p.2.
17
Considerações Finais
Quando pensamos a imagem que foi construída de João Goulart pelo Diário do
Paraná podemos chegar a algumas conclusões aparentemente contraditórias. Por vezes
ele é retratado como um político incompetente, incapaz de conduzir o país e propenso a
agitações desnecessárias. Em outros momentos é representado como habilidoso político,
com uma ampla capacidade de coordenar disputas.
Entretanto, em vários artigos João Goulart é esquecido, deixado em segundo
plano, e as críticas se dão aos comunistas próximos ao governo, as ideias tidas como
70
“EXPURGO TOTAL DO COMUNISMO: PRISÕES EM MASSA” O Diário do Paraná, Curitiba, 04
de abril de 1964. p.1
71
“Um general da revolução”. O Diário do Paraná, Curitiba, 04 de abril de 1964. p.2
18
72
Se em verdade ninguém além de mim escreveu cada página desse artigo, sozinho eu nunca o teria
escrito. Se há qualidade nessa pesquisa, em muito ela deve-se ao meu Orientador Marco Ântonio, sem ele
o melhor de mim não estaria aqui. Se houve força e perseverança para que ela fosse realizada, eu a devo a
minha família, especialmente a minha mãe Katia Mari Batista do Nascimento, mulher forte de quem
herdei a teimosia. Se me faltou motivação ou clareza, meus companheiros de sala e meus amigos me
apoiaram, agradeço especialmente a Adelaide por toda ajuda durante a graduação. Por fim, agradeço a
minha companheira Dâmia dos Santos Nunes, pelas incontáveis revisões desse trabalho, mas
especialmente pelas alegrias que comigo dividiu e pelas tristezas que me ajudou a suportar.
20
Referências Bibliográficas
ABREU, Alzira Alves de. A Participação da imprensa na queda do Governo Goulart. In:
Seminário 40 anos do Golpe: Ditadura Militar e Resistência no Brasil, Rio de
Janeiro: 7 Letras, 2004.
CAPELATO, Maria Helena Rolim. A imprensa como fonte e objeto de estudo para o
historiador. In: História das Américas: fontes e abordagens historiográficas, 2015.
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e História do Brasil. 2ª ed. São Paulo:
contexto, 1994.
DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do estado; ação política, poder e golpe
de classe. Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.
FICO, Carlos. O golpe de 1964: momentos decisivos. Rio de Janeiro: Editora da FGV,
2014
LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY,
Carla Bassanezi(org.). Fontes históricas.São Paulo: Contexto, 2008.
21
REMOND, René (Orgs). Por uma história política. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.