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Espírito Conservador – II
Conservadores do Brasil
Brasil, janeiro de 2017
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e acendei neles o
fogo do Vosso Amor.
Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da
terra.
Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com a luz do Espírito
Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo este mesmo
Espírito e gozemos sempre de Sua consolação.
Por Cristo, Senhor nosso
Amém
EDITORIAL
Somos todos, meu caro leitor. Você e eu. Cada um de nós. Ninguém em
nossos dias nasce sem essa mácula, nem nascerá nos dias vindouros. Há,
entre nós, uma geração de olhos altivos, que calunia seus pais e julga-se pura,
porém, não está limpa da sua mancha, a qual lhes contamina os pensamentos
e atos.
Apenas uma sólida formação moral pode controlar os efeitos maléficos
desses espinheiros que crescem fundo em nossos corações. Há, pelo menos,
2.000 anos que moral no Ocidente é sinônimo de cristianismo.
Para os filhos da Cristandade, aceitem ou neguem a venturosa herança,
o cristianismo é o fundamento da sua formação moral, a régua que separa um
procedimento ético de um não ético. Quanto mais ético mais cristão. Quanto
menos ético menos cristão.
Alguns imprevidentes esperam fugir dessa regra, assumindo referências
morais de outras filosofias, contudo, enganam-se. Em nossa civilização, tais
filosofias só são éticas se convergirem ao cristianismo. Elas próprias são
mero realinhamento dos mesmíssimos valores cristãos, havendo divergência
em pontos particulares, geralmente algum assunto da moda, do qual o adepto
adota uma leitura alternativa, na maioria das vezes por incapacidade de
analisar a consistência dos seus princípios como um todo.
Já outros acreditam num padrão ético completamente independente, o
qual, na prática, dispõe de tanta chance de sucesso quanto, no início do
século XXI, de se construir um trem-bala entre as cidades de São Paulo e do
Rio de Janeiro. A história das reengenharias sociais testadas pelo mundo
reitera esse trágico fracasso com a sua óbvia e profícua produção de
cadáveres.
Qualquer filosofia que se baseie no princípio da boa natureza humana
está condenada ao fracasso. Qualquer filosofia que se assente em punir
mortalmente seus opositores de boa fé está condenada à barbárie. Desconfie
de qualquer moral que produza pessoas com as quais você não queira
conviver como amigas ou inimigas.
Na política brasileira, o relativismo ético disseminado advém de
décadas de enganação, em que, para se elegerem, políticos fingem abraçar os
mesmos princípios éticos do restante da população, apenas para depois eles
mesmos os deturparem, alegando que estes jamais haviam sido possíveis,
necessários ou sequer desejáveis. Proclamam “boa intenção” ou “ignorância”
e, por meio delas, alienam os mesmos princípios pelos quais foram eleitos.
Enaltecem os fins em detrimento dos meios, ignorando serem os meios
determinantes dos fins. Ventilam a falibilidade geral e indiscriminada e, com
isso, buscam se isentar dos seus desvios e crimes. Como crianças, almejam
usufruir das vantagens da matriz moral, mas sem arcarem com o fardo de se
submeter a ela.
No cristianismo, a falibilidade é motivo de constante alerta, não de
justificação. O perdão ocorre somente nos casos de ignorância do agente ou
de arrependimento sincero pelos erros cometidos. Em nenhum caso, contudo,
cabe isenção das compensações possíveis, das penitências devidas e das
orações indispensáveis à Santa e Infinita Misericórdia de Deus. A exigência é
que se seja perfeito, como o Pai Celeste é perfeito[2]. Cada erro tem seu preço,
cada falha está registrada, toda falta é motivo potencial para condenação. Foi
dito, em verdade, que dessa prisão não se sairá antes que seja pago até o
último centavo[3].
A moral cristã, alicerce da nossa civilização, não é frouxa ou
displicente, como advogam os oportunistas. Apesar de calorosa e
compreensiva, ela sabe ser dura e inflexível quando necessário. Somos todos
corruptos, mas uma sólida formação moral pode servir como escudo contra as
tentações e desvios inatos.
Ao escolhermos representantes que não proclamam os valores cristãos –
requisito indispensável, ainda que insuficiente para elegê-los –, não devemos
nos surpreender quando sua conduta ética diverge daquilo que consideramos
justo e belo. ...É bom nos lembrarmos disso nas próximas eleições.
IV
Por que não há um partido conservador no Brasil?
Marcelo Hipólito