CONCEITO DE ESPÉCIE
Raças são populações isoladas com caraterísticas diferentes entre si, mas pertencentes a uma mesma
espécie. Os indivíduos de uma mesma raça ou subespécie possuem capacidade de se cruzarem,
produzindo descendentes férteis.
TIPOS DE ESPECIAÇÃO
A gaivota-argêntea, de larga distribuição, terá dado origem na Europa ocidental, durante o Quaternário, a outra
espécie de gaivota, a gaivota-de-asa-escura. Nesta região, Larus argentatus e Larus fuscus são duas espécies bem
distintas, que respondem perfeitamente à definição biológica de espécie - cada uma delas é uma comunidade sexual
fechada relativamente à outra. Por outras palavras, os membros destas duas espécies não se cruzam na Europa
ocidental. Mas, no norte da Rússia existe uma população de gaivotas de aparência intermédia entre estas duas
espécies e classificada, conforme os autores, quer como subespécie de Larus fuscus quer como subespécie de Larus
argentatus. De fato, a população de Larus argentatus heuglini cruza-se, no Ocidente, com a Larus fuscus sendo,
assim, uma subespécie desta, mas cruza-se também no Leste com a Larus argentatus.
As salamandras da espécie Ensatina eschscholtzi distribuem-se em anel com populações de grande diversidade. A
pesquisa laboratorial, envolvendo a análise de enzimas, o DNA nuclear e o DNA mitocondrial, conduzida por
cientistas americanos, mostra que se trata de uma espécie complexa, formada por sete subespécies, estando em
curso um processo de especiação para duas ou mais espécies. A diferenciação genética entre as populações já é
muito significativa indicando que o processo está numa fase muito adiantada de especiação. Mas tal diferenciação,
porque acontece de forma gradual na sequência geográfica das populações, dificulta a distinção clara de espécies.
As populações de felosa-verde distribuiram-se, em forma de anel, em torno de um obstáculo geográfico, que levou
ao seu isolamento: o planalto tibetano, uma zona desabitada, sem árvores. Ao longo do anel, as populações vão
apresentando modificações graduais ao nível do comportamento e das caraterísticas genéticas, mas as populações
vizinhas podem ainda cruzar-se. Este anel une-se na Sibéria Central, onde coexistem duas espécies que não se
cruzam. Isto cria um paradoxo: há dois tipos de aves que podem ser considerados como duas espécies diferentes e
uma só ao mesmo tempo. Estes fenómenos são muito raros, mas são valiosos porque mostram todos os passos
intermédios que ocorrem durante a divergência de uma espécie, até se transformar numa outra.
Caso particular de especiação geográfica. Formam-se num curto espaço de tempo várias espécies, a partir dum
ancestral. Os nichos ecológicos dos descendentes são mais variados que o do ancestral. Provável linha
evolutiva para explicar a enorme biodiversidade biológica.
Exemplos: colonização do meio terrestre pelas plantas e vertebrados, diversificação dos marsupiais na 5
Austrália, tentilhões de Galápagos. Os arquipélagos são locais ideais pois as diversas ilhas fornecem habitats
variados, isolados pelo mar.
Autopoliploidia
A não-disjunção dos cromossomas durante a meiose pode originar gâmetas com todo o conjunto dos
cromossomas caraterísticos da espécie. A auto-fecundação, comum entre as plantas, pode constituir
zigotos poliplóides com o dobro dos cromossomas da espécie progenitora. Estes indivíduos ficam
isolados reprodutivamente dos seus antecessores constituindo uma nova espécie.
A poliploidia é um fenómeno ocasional em que, num hibrído estéril, ocorre a duplicação dos seus cromossomas
devido a uma não disjunção durante uma mitose ou uma meiose. Com a duplicação cromossómica, o hibrído passa
a ter os dois conjuntos de cromossomas, herdados dos progenitores, em pares de homólogos com consequente
produção de gâmetas através de meioses normais. Estes indivíduos possuem, então, um património genético
próprio, isolando-os reprodutivamente dos seus antecessores. Comum nas plantas mas rara nos animais, a
poliploidia apresenta maior taxa de ocorrência nos anfíbios em relação a outros vertebrados.
A espécie tetraplóide Hyla versicolor (2n=48) resultou de mutações por poliploidia em populações de Rela-
cinzenta-americana, Hyla shrysocelis (2n=24). Os indíviduos destas duas espécies apenas se distinguem, no campo,
pelas vocalizações e, no laboratório, pelos cariótipos.
Alopoliploidia
Espécies de trigo
No reino dos Passerina amoena, uma espécie pequena de ave que habita a América do Norte, é preciso ser
“bonito” ou “feio” para fazer sucesso com as fémeas. Estar entre esses extremos
é sinal de dificuldade, quando chega a hora do acasalamento. Parentes do
canário, os P. amoena têm uma coloração que varia do turquesa vívo ao
marrom desmaiado. Logo após o primeiro ano de vida, começa a busca por
parceiras. Os de coloração mais forte, por serem mais agressivos, conseguem
competir e ocupar o território de machos adultos, conseguindo assim um
número significativo de parceiras. Já os de coloração apagada invadem os
domínios alheios, mas são bem tolerados pelos machos adultos, o que lhes garante também fêmeas para o
acasalamento.
No entanto, como mostra estudo de Erick Greene e colegas da Universidade de Montana (Estados Unidos), os
de coloração intermediária acabam com o menor número de acasalamentos, pois são muito vistosos para ser
tolerados pelos machos adultos e, ao mesmo tempo, não são agressivos o suficiente para lutar por um território
próprio. 8
Seleção estabilizadora