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NOTA INTRODUTÓRIA

O Relatório sobre o Estado do Ambiente (REA) do Município de Dondo, É um instrumento


orientador que fornece informação sobre o estado actual do ambiente, as causas das mudanças do
ambiente e as acções a ter em conta perante estas mudanças no meio urbano. Este documento
torna-se de extrema importância na medida em que vai contribuir para melhor compreensão das
questões ambientais e fundamentar orientações para a gestão equilibrada do ambiente e do
Desenvolvimento Sustentável em geral no meio urbano em particular.

A necessidade de elaborar o REA no Município de Dondo, surge na medida em que com a evidência
da degradação do ambiente urbano a avaliação e monitoria do ambiente é um imperativo para
identificar, na medida do possível, e chamar atenção às tendências a mudanças irreversíveis com
impactos sobre: (i) A biodiversidade e os sistemas ecológicos que sustentam a vida humana; (ii) A
estabilidade do clima e microclima, bem como a vulnerabilidade a calamidades naturais como
ciclones, cheias e estiagem; (iii) A saúde, segurança e bem-estar dos cidadãos; (iv) A economia
urbana e nacional, incluindo a atracção para investimentos económicos, nacionais e estrangeiros; e
(v) O património histórico nacional público e privado.

A finalidade do REA está inserida no contexto a redução da pobreza absoluta e no quadro de


protecção ambiental em que este vai facilitar a sociedade, vigiar as condições do ambiente
sistematicamente, para que possa mitigar ou adaptar-se adequadamente às mudanças ambientais em
favor de um desenvolvimento ecologicamente sustentável. Em suma o REA é um instrumento que
pode ser usado na gestão ambiental urbana para 3 finalidades nomeadamente: Educativa:
Fornecendo uma informação que joga um papel de esclarecimento e consciencialização dos actores
envolvidos com a problemática sócio-ambiental; Negociação: fornecendo informação estratégica
para o processo de planeamento, capaz de fomentar a negociação social e as possibilidades de
parceria para a formulação de políticas e; Participação: fornecendo informação com legitimidade
social baseada na participação da população na identificação de solução dos problemas ambientais.

Foi precisamente por esta razão que o CDS-ZU achou imprescindível iniciar um processo
simplificado de elaboração do REA em Moçambique com 2 propósitos: Determinar o estado actual
do ambiente nos centros urbanos seleccionados, por um lado, e chamar atenção à necessidade de
recolha científica e sistemática de um leque de dados sobre o ambiente, no seu sentido mais amplo.
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Com a recolha sistemática dos dados, espera-se que o processo REA se estabeleça como uma
actividade permanente e sustentável, com relatórios regulares nos Municípios (idealmente de 3 em 3
ou 4 em 4 anos) e a criação de observatórios locais de monitoria ambiental.

Nampula, Dezembro de 2013

Lucas Cumbeza
Director do CDS-Zonas Urbanas
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METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DO REA DE DONDO

O enfoque da análise neste estudo é a acção do desenvolvimento urbano sobre o meio ambiente na
perspectiva da sustentabilidade. Não se trata, portanto, de examinar as características do processo de
desenvolvimento urbano em si mesmo, e sim de avaliar o impacto gerado pela urbanização sobre o
estado do meio ambiente através de indicadores das dinâmicas sociais, económicas, políticas e
territoriais.

Desta forma, é importante conhecer as características das principais actividades económicas do


Município, a estrutura social da cidade, os principais determinantes da ocupação do território, a
organização institucional local e as formas de participação das organizações sociais nas questões
ambientais e urbanas.

Em síntese, o objectivo principal dos Informes REA é avaliar especificamente como a urbanização
incide sobre o meio ambiente natural e vice-versa, através da análise dos factores que pressionam os
recursos naturais e os ecossistemas locais, e as consequências que provocam quanto (i) ao estado do
meio ambiente, (ii) aos impactos na qualidade de vida nas cidades e (iii) às respostas dos agentes
públicos, privados e sociais aos problemas gerados.

Estrutura de análise

A metodologia se baseou na análise de indicadores inseridos na matriz conhecida como Pressão-


Estado-Impacto-Resposta (PEIR). Esta matriz busca estabelecer um vínculo lógico entre seus
diversos componentes, de forma a orientar a avaliação do estado do meio ambiente, desde os
factores que exercem pressão sobre os recursos naturais, os quais podem ser entendidos como as
causas do seu estado actual, passando pelo estado actual do meio ambiente (.efeito.), até as respostas
(reacções) que são produzidas para enfrentar os problemas ambientais em cada localidade.

Os componentes da matriz que expressam diferentes formas de relacionamento urbano-ambiental e


atributos do meio ambiente e da qualidade de vida local correspondem, por sua vez, à tentativa de
responder a quatro perguntas básicas sobre o meio ambiente, em qualquer escala territorial: (1) O
que está a ocorrer com o meio ambiente? (2) Por que ocorre isto? (3) Que podemos fazer e o que
estamos a fazer agora? (4) O que acontecerá se não actuarmos agora?

Eles formam, em conjunto, o que se chama de Relatório sobre o Estado do Ambiente, que tem a
finalidade de produzir e comunicar informações pertinentes sobre as interacções-chave entre o meio
ambiente natural e a sociedade. Os componentes da matriz PEIR podem ser classificados em:
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 Pressão exercida pela actividade humana sobre o meio ambiente, geralmente denominada
causas ou vectores de mudança. O conhecimento dos factores de pressão busca responder à
pergunta: Porque ocorre isto?
 Estado ou condição do meio ambiente que resulta das pressões. As informações referentes
ao estado respondem, por sua vez, à pergunta: O que está a ocorrer com o meio ambiente?
 Impacto ou efeito produzido pelo estado do meio ambiente sobre diferentes aspectos,
como os ecossistemas, qualidade de vida humana, economia urbana local;
 Resposta é o componente da matriz que corresponde às acções colectivas ou individuais
que aliviam ou previnem os impactos ambientais negativos, corrigem os danos ao meio
ambiente, conservam os recursos naturais ou contribuem para a melhoria da qualidade de
vida da população local. Podem ser preventivas ou paliativas. Os instrumentos deste
componente respondem à pergunta: O que podemos fazer e o que estamos fazendo agora?..

Além disso, as respostas à pergunta. O que acontecerá se não actuarmos agora?. Orientam a análise
das perspectivas futuras do meio ambiente local. A lógica subjacente à matriz PEIR permite
estabelecer uma ponte para projectar os desdobramentos futuros das condições do meio ambiente,
incluindo o exercício de análise das consequências possíveis de nossas acções atuais (cenários). Com
isto, existe a possibilidade de uma acção estratégica visando à correcção dos rumos dos problemas
ambientais de cada localidade. O diagrama expresso na Figura 1.1 apresenta as inter-relações
possíveis entre os componentes da matriz PEIR.
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Gráfico 1: Inter-relações possíveis entre os componentes da matriz PEIR

PRESSAO

ESTADO

IMPACTO

RESPOSTA

Fonte: Adaptado pelos autores com base na metodologia Geo cidades

A matriz PEIR é um instrumento analítico que permite organizar e agrupar de maneira lógica os
factores que incidem sobre o meio ambiente, os efeitos que as acções humanas produzem nos
ecossistemas e recursos naturais, o impacto que isto gera à natureza e à saúde humana, assim como
as intervenções da sociedade e do Poder Público.

Sendo um dos propósitos da produção do REA contribuir para a tomada de decisões no âmbito das
políticas públicas relacionadas com a interacção urbano-ambiental, torna-se importante avaliar o
impacto ambiental das acções e políticas em curso. Desta forma é possível analisar medidas
correctivas, adoptar novos rumos no enfrentamento dos problemas ambientais e identificar
competências e níveis de responsabilidade dos agentes sociais comprometidos.

Adaptação metodológica para o caso do Município de Dondo

O desenvolvimento do estudo para o município de Dondo, decorreu em paralelo à elaboração da


metodologia, o que conduziu a diversas alterações durante o processo de trabalho. Apesar de estas
mudanças não terem sido de cunho estrutural, muitas delas acarretaram dificuldades na recolha e
análise dos dados. Além disso, há de se considerar também o fato de esta abordagem ser de carácter
recente para o âmbito de Dondo. O Relatório sobre o Estado do Ambiente do Município de
Dondo, constitui uma ferramenta preliminar, disponível para o agente público responsável pelas
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decisões, e de extrema utilidade para alertar os diferentes actores sobre os principais problemas
ambientais.

O processo de elaboração dos REA´s priorizou o envolvimento efectivo das diversas áreas de
Governo responsáveis pela implementação das políticas sectoriais afectas à questão ambiental
urbana. Tal envolvimento aconteceu na medida em que foram contactadas diferentes instituições
públicas daquela autarquia e da Província de Sofala em geral

A matriz de indicadores básicos proposta pela metodologia GEO CIDADES foi a base utilizada
para a escolha dos principais indicadores ambientais e de sustentabilidade de Dondo. Na recolha de
informações e dados para construir os indicadores, as fontes consultadas foram os órgãos
governamentais (provinciais, distritais e municipais), organizações não governamentais (ONGs)
locais e nacionais para além de empresas publicais, participaram de discussões que contribuíram na
escolha e construção dos indicadores.

No processo de elaboração do REA de Dondo muitas demandas foram levantadas, em especial


aquelas relacionadas às limitações da pesquisa (tanto para a equipa de elaboração, quanto para o
pessoal dos órgãos consultados).

O Relatório foi produzido mediante um processo participativo que envolveu todas as partes
interessadas, tanto nas instituições governamentais como na sociedade civil, através de entrevistas a
autoridades nacionais e provinciais, agentes económicos e organizações da sociedade civil, workshops
de discussão de relatórios temáticos e integração de sugestões. Uma equipa conjunta do Conselho
municipal e do CDS-Zonas Urbanas procedeu à recolha de dados. A redacção do relatório,
compilação e edição do relatório final foram efectuadas pelo Técnicos do CDS-Zonas Urbanas.

Limitações para recolha de dados e informações

No processo de recolha de dados e informações foram observadas algumas limitações que se


destacam:

1. Dificuldade na obtenção de alguns dados por parte de órgãos públicos: demora no


encaminhamento e recebimento da informação.
2. Dificuldade na identificação da fonte original dos dados dentro da organização pública
consultada.
3. Falta de homogeneidade de alguns dados dentro de uma mesma organização ou entre
organizações diferentes, pertencentes ao mesmo nível de Governo ou a instâncias distintas.
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4. Descontinuidade de dados sequenciais, seja na recolha, seja na análise, e até na


disponibilização.
5. Falta de homogeneidade nas metodologias adoptadas para recolha de informação,
impossibilitando a análise de uma série histórica e a comparação entre diferentes bases de
dados.
6. Falta de sistematização de uma base de dados para muitos dos temas abordados.
7. Ausência de algumas bases de dados com série histórica, o que impossibilitou comparações e
análise de tendências.
8. Maior volume de informações para determinados temas, em contraposição a outros.

Limitações para elaboração do Relatório.

No processo da elaboração do REA para a cidade de Dondo, foram observadas algumas limitações
como:

1. Pouco envolvimento dos demais actores (Governo, ONGs, empresas, universidade) para a
disponibilização e análise dos dados solicitados.
2. Dificuldade e até falta de interlocutor (es) nas organizações governamentais consultadas, em
alguns temas, destacando-se maior problema junto às governamentais.
3. Heterogeneidade nas definições conceituais e técnicas para indicadores e temas a serem
adoptados no relatório.
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DEFINIÇÕES

A maioria das definições apresentadas foram retiradas da Lei N.º 20/97 de 1 de Outubro- Lei do
Ambiente – e, em casos assinalados com (*), do documento do Programa Nacional de Gestão
Ambiental (PNGA) do Ministerio Angolano do Ambiente.

Actividade: qualquer acção de iniciativa pública ou privada, relacionada com a utilização ou a


exploração de componentes ambientais; aplicação de tecnologias ou processos produtivos, planos,
programas, actos legislativos ou regulamentares que afectam ou podem afectar o ambiente.

Ambiente: conjunto dos sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores
económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres
vivos e a qualidade de vida dos seres humanos.

Áreas de Protecção Ambiental: espaços bem definidos e representativos de biomas ou


ecossistemas que interessa preservar, onde não são permitidas actividades de exploração dos
recursos naturais, salvo, em algumas delas, a utilização para turismo ecológico, educação ambiental, e
investigação científica. As áreas de protecção ambiental podem ter várias classificações de acordo
com o seu âmbito e objectivo.

Auditoria Ambiental: (*) instrumento de gestão ambiental que consiste na avaliação documentada e
sistemática das instalações e das práticas operacionais e de manutenção de uma actividade poluidora,
com o objectivo de verificar: o cumprimento dos padrões de controlo e qualidade ambiental; os
riscos de poluição acidental e a eficiência das respectivas medidas preventivas; o desempenho dos
gerentes e operários nas acções referentes ao controlo ambiental; a pertinência dos programas de
gestão ambiental interna ao empreendimento.

Avaliação de Impacto Ambiental: instrumento da gestão ambiental preventiva e que consiste na


identificação e análise prévia, qualitativa e quantitativa dos efeitos ambientais benéficos e perniciosos
de uma actividade proposta.

Biodiversidade: variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, entre


outros, os dos ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, assim como os
complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, de
entre as espécies e de ecossistemas.
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Componentes Ambientais: diversos elementos que integram o ambiente e cuja interacção permite
o seu equilíbrio, incluindo o ar, a água, o solo, o subsolo, os seres vivos e todas as condições
socioeconómicas que afectam as comunidades; são também designados correntemente por recursos
naturais.

Controlo ambiental: (*) faculdade da Administração Pública de exercer a orientação, o


licenciamento, a fiscalização e a monitorização, sobre as acções referentes à utilização dos recursos
naturais, de acordo com as directrizes técnicas e administrativas e as leis em vigor.

Degradação ou Dano do Ambiente: alteração adversa das características do ambiente, e inclui,


entre outras, a poluição, a desertificação, a erosão e o desflorestamento.

Desenvolvimento Sustentável: desenvolvimento baseado numa gestão ambiental que satisfaça as


necessidades da geração presente sem comprometer o equilíbrio do ambiente e a possibilidade de as
gerações futuras satisfazerem também as suas necessidades.

Desertificação: processo de degradação do solo, natural ou provocado pela remoção da cobertura


vegetal ou utilização predatória que, devido a condições climáticas, acaba por transformá-lo num
deserto.

Desflorestamento: destruição ou abate indiscriminado de matas e florestas sem a reposição devida.

Ecossistema: complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e micro-organismos, e o seu


ambiente não vivo, que interage como uma unidade funcional.

Educação Ambiental: (*) processo de formação e informação social orientado para o


desenvolvimento de consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como
crítica a capacidade de captar a génese e a evolução dos problemas ambientais, tanto em relação aos
seus aspectos biofísicos, quanto sociais, políticos, económicos e culturais; o desenvolvimento de
habilidades e instrumentos tecnológicos necessários à solução dos problemas ambientais; o
desenvolvimento de atitudes que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio
ambiental.

Erosão: desprendimento da superfície do solo pela acção natural dos ventos ou das águas, que
muitas vezes é intensificado por práticas humanas de retirada de vegetação.
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Estudo de Impacto Ambiental: componente do processo de avaliação de impacto ambiental que


analisa técnica e cientificamente as consequências da implantação de actividades de desenvolvimento
sobre o ambiente.

Factor Ambiental: (*) elemento ou componente ambiental considerado do ponto de vista de sua
função específica no funcionamento dos sistemas ambientais

Gestão Ambiental: maneio e utilização racional e sustentável dos componentes ambientais,


incluindo a sua reutilização, reciclagem, protecção e conservação. Pode também definir-se (*) pela
administração, por parte de um governo, do uso dos recursos naturais, por meio de acções ou
medidas económicas, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de
manter ou recuperar a qualidade do ambiente, assegurar a produtividade dos recursos e o
desenvolvimento social. Este conceito, entretanto, ampliou-se nos últimos anos para incluir, além da
gestão pública do ambiente, os programas de acção desenvolvidos por empresas para administrar
suas actividades dentro dos modernos princípios de protecção ambiental.

Habitat: (*) lugar onde vive ou o lugar onde pode ser encontrado um organismo, uma espécie ou
uma comunidade biótica inteira.

Impacto Ambiental: qualquer mudança do ambiente, para melhor ou para pior, especialmente com
efeitos no ar, na terra, na água, na biodiversidade e na saúde das pessoas, resultante de actividades
humanas.

Legislação Ambiental: abrange todo e qualquer diploma legal que reja a gestão do ambiente.

Licença ambiental: (*) certificado expedido pelo Ministério para Coordenação da Acção Ambiental
(MICOA) a requerimento do interessado, que atesta, do ponto de vista da protecção do ambiente, a
actividade que está em condições de ter prosseguimento.

Licenciamento ambiental: (*) instrumento de gestão ambiental instituído pela Lei de Bases do
Ambiente, que consiste num processo destinado a condicionar a construção e o funcionamento de
actividades poluidoras ou que utilizem recursos naturais à emissão prévia de licença ambiental do
MICOA.

Ordenamento do Território: processo integrado da organização do espaço biofísico, tendo como


objectivo o uso e transformação do território de acordo com as suas capacidades, vocações
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permanência dos valores de equilíbrio biológico e de estabilidade geológica, numa perspectiva de


manutenção e aumento da sua capacidade de suporte à vida.

Padrões de Qualidade Ambiental: níveis admissíveis de concentração de poluentes prescritos por


lei para os componentes ambientais, com vista a adequá-los a determinado fim.

Património Genético: inclui qualquer material de origem vegetal, animal, de micro-organismos ou


de outra origem, que possuam unidades funcionais de hereditariedade de valor actual ou potencial.

Planeamento da gestão ambiental: (*) processo dinâmico, contínuo, permanente e participativo,


destinado a identificar e organizar em programas e projectos coerentes o conjunto de acções
requeridas para resolver uma situação problemática ou atingir um determinado objectivo, por meio
da gestão ambiental.

Política Ambiental: articulação de ideias e atitudes dos cidadãos, que determinam um rumo na vida
da sociedade humana com vista ao aumento da Qualidade de Vida, sem pôr em risco os ciclos
biogeoquímicos indispensáveis à manutenção da biodiversidade, onde se inclui a sobrevivência do
ser humano. Pode também definir-se (*) por parte da política governamental que se refere
especificamente à protecção e à gestão do meio ambiente e, mesmo tendo seus próprios objectivos,
estes estão subordinados aos objectivos da política maior, devendo se compatibilizar e integrar às
demais políticas sectoriais e institucionais desse governo

Poluição: deposição no ambiente, de substâncias ou resíduos, independentemente da sua forma,


bem como a emissão de luz, som e outras formas de energia, de tal modo e em quantidade tal que o
afecte negativamente.

Programa Nacional de Gestão Ambiental (PNGA): conjunto de medidas legislativas e executivas


do aparelho de Estado que conduzem a vida nacional para uma Política Ambiental de acordo com
os princípios do desenvolvimento sustentável.

Qualidade de Vida: resultado da interacção de múltiplos factores no funcionamento das sociedades


humanas que se traduz no bem-estar físico, mental e social e na afirmação cultural do indivíduo.

Qualidade do Ambiente: equilíbrio e sanidade do ambiente, incluindo a adaptabilidade dos seus


componentes às necessidades do homem e de outros seres vivos.

Recursos Naturais: (*) elementos naturais bióticos e abióticos de que dispõe o homem para
satisfazer suas necessidades económicas, sociais e culturais.
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Resíduos ou Lixos Perigosos: substâncias ou objectos que se eliminam, que se tem a intenção de
eliminar, ou que se é obrigado por lei a eliminar, e que contêm características de risco por serem
inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas ou radioactivas, ou por apresentarem
qualquer outra característica que constitua perigo para a vida ou saúde das pessoas e para a qualidade
do ambiente.

Sistema ambiental: (*) processos e interacções do conjunto de elementos e factores que compõem
o ambiente, incluindo-se, além dos elementos físicos, bióticos e socioecónomicos, os factores
políticos e institucionais.
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CAPITULO I

1.1 INTRODUÇÃO Á CIDADE DE DONDO

A cidade do Dondo foi em tempos, uma circunscrição de Neves Ferreira, criada em 01 de Outubro
de 1892 pela Ordem no 25. Esta Circunscrição abraçava na margem esquerda do Rio Púngòe em
direcção à sua foz, todo o grande prazo de Cheringoma, que na altura se estendia de Urema até ao
mar, limitando-se ao norte pelos prazos de Chupanga e Milambe e na margem direita do Rio Púngòe
ia até aos Territórios de Chimoio e Morimbane.

Em Nyanja, Dondo significa floresta, bosque sagrado ou arvoredo. O mais provável é que o termo
seja derivado de uma árvore abundante na região, chamada Dondo- Cientificamente conhecida por
Cordyla Africana Lour; cujo fruto é Tondo (Cabral, 1975:47).

A primeira povoação neste local surgiu com a construção da linha férrea Beira-Umtali e a construção
da estação, isto por volta do fim do século XIX. Elas foram construídas pela ``The Beira Raillways’’
sociedade fundada com capitais britânicos (The British South Africa Company) que construiu o
caminho de ferro Beira-Macequesse conforme o acordo de fronteiras de 11 de Junho de 1891, tendo
sido concluídas em 10 de Julho de 1900. Contudo só em 13 de Novembro de 1920 foi criada a
povoação com sede da Subcircunscrição do Dondo, dependente do conselho da Beira. A vila foi
criada em 1921 como estação dos caminhos-de-ferro, por Ordem no 4269, de 3 de Novembro de
1921 da Companhia de Moçambique.

Em 14 de Agosto de 1922 a Subcircunscrição foi extinta, e as suas terras foram integradas na


circunscrição de Cheringoma. Em 8 de Janeiro de 1923 passou a ser a sede do Posto Fiscal e a 1 de
Maio de 1928, sede do Posto da 2a Classe.

A 15 de Maio de1933 o Posto de novo anexado ao Conselho da Beira até 11 de Maio de 1937 data
em que voltou a ser incorporado à circunscrição de Cheringoma.

Por volta de 1953, na vila do Dondo já existia o posto administrativo e com estatuto de PA de
Dondo. Em 1955, na base da Portaria n o 11208 do BO 53/1955, volta a extinguir o Posto e integra a
sua área no Posto Administrativo de Vila Machado. Nos anos 1962/63, foi criado no Dondo a
Câmara Municipal do Dondo, ou seja a Vila do Dondo ascendeu ao título de câmara municipal
como um município. Em 1978 a Câmara Municipal foi transformada em Conselho Executivo ao
abrigo da Lei no 7/78 de Abril.
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Em 26 de Julho de 1986 segundo a resolução n o 8/86 da Assembleia popular no seu artigo 1, n o 6


publicado no BR no 30, 1a Série, a Vila do Dondo transitou para o título de Cidade do Dondo com a
categoria D.

Em 1998, a 30 de Junho são eleitos os primeiros órgãos no quadro das eleições municipais, para
gerirem os destinos do município cujos titulares são um presidente do Conselho municipal e uma
Assembleia Municipal.

Mapa 1: Enquadramento geral da cidade de Dondo no País e na Província de Sofala

Fonte: Plano de Estrutura Urbana

O Município da Cidade do Dondo, situa-se na Província de Sofala, Região Centro do Pais, a 30 Km


da Cidade da Beira. A sua posição geográfica é privilegiada sob ponto de vista económico, uma vez
que dista a 30 km do Porto da Beira sendo atravessada pelo Corredor de Desenvolvimento da Beira
e através da EN6 e, conjugado pela passagem da linha férrea Dondo-Beira, e Dondo-Zimbabwe ou
Malawi, aliado ao potencial em termos de complexos industriais o que faz de Dondo a segunda
maior cidade da Província de Sofala e com todos suportes para crescer economicamente.
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1.1.1 Principais características físicas

O relevo é o principal agente físico que interfere a ocupação urbana. Normalmente, essa se inicia em
áreas mais favoráveis e, somente depois, com a expansão urbana acabam ocupando áreas impróprias.
É neste âmbito que se insere o estudo integrado das características físicas do relevo no perímetro
urbano da cidade de Dondo. Para o efeito serão analisadas cada variável relacionada com a
localização da cidade, hidrografia e bacias hidrográficas urbanas, clima, declividade, exposição de
vertentes, solos e formas de relevo). Conhecer as características físicas do espaço urbano, as
limitações e as potencialidades torna-se de grande valia para o estabelecimento de práticas mais
racionais de uso do solo e de um planeamento urbano mais condicente com tais especificidades.

1.1.1.1 Localização da cidade

A Cidade de Dondo, sede do distrito do mesmo nome, situa-se entre as coordenadas 10º 18’ 49” e -
19º36’33” Latitude Sul e 14º 25’ 23” e 34º44’35” Longitude Oeste.

A cidade é limitada à:

 Norte - pela Estrada que vai a Máguacua até ao Rio Chone;

 Oeste - pelo Rio Púngòe, Bairros de Mandruze, Canhandula, Macharote e sobe em sentido
norte em direcção Mizimbite, ligando a estrada 213 entre a linha férrea Dondo- Savane,
incluindo os Bairros de Nhamaiabwe, Centro Emissor e Samora Machel;

 Sul - pelo Rio Muadzidze, marcos que limitam as áreas de paiol militar e a estrada que vai a
fábrica de Cimento, passando pelo Bairro de Nhamainga até ao Rio Púngòe e

 Leste - o Rio Savane descendo através da linha coordenada 705.000 até ao Rio Muadzidze,
abarcando os Bairros Canhandula e Nhamainga.

O Município da Cidade do Dondo tem uma superfície de aproximadamente 382 km 2 e uma


população estimada em cerca de 70.817 habitantes (Censo 2007), dos quais 35.232 são do sexo
feminino com uma densidade populacional de 185 hab/Km 2.

Este Município é subdividido administrativamente por quatro Localidades Municipais e 10 Bairros.


Destes, apenas dois bairros são consolidados (Central e Consito) e os restantes semi-urbanizados e
não urbanizados. As Localidades são Nhamaiabwe (constituído pelos Bairros Nhamaiabwe e
Samora Machel), Mafarinha (Mafarinha, Thundane e Nhamainga), Mandruze (Mandruze,
Canhandula e Macharote) e localidade de Consito (Consito e Central).
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Mapa 2: Divisão Administrativa do Município de Dondo.

Fonte: Plano de Estrutura Urbana (2010)

Ao nível dos Bairros existem 51 Unidades comunais e 244 Quarteirões compostos por 15065
comissões de moradores (vulgo chefe das 10 casas).

No Município da Cidade do Dondo, não existe régulo, sendo o responsável pela jurisdição deste
território, o régulo de Mafambisse, embora existam 2 chefes do grupo de povoação denominado
M`Pfumu que pertencem ao 2o escalão, estando um em Macharote e outro em Canhandula, eles
chefiam 11 Saphandas (pequenos chefes de povoação).

1.1.1.2 Geografia e topografia

A geografia procura ter conhecimento do lugar onde vivem os homens, as plantas e os animais, a
localização dos rios, dos lagos, das montanhas e das cidades assim como o que motiva o encontro e
a localização desses elementos e suas inter-relações.

Topografia estuda todos os acidentes geográficos definindo a sua situação e localização na Terra
bem como os princípios e métodos necessários para a descrição e representação das superfícies
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destes corpos, em especial para a sua cartografia. Ela visa determinar analiticamente as medidas de
área e perímetro, localização, orientação, variações no relevo, etc e ainda representá-las graficamente
em cartas (ou plantas) topográficas.

Neste subponto, pretende-se apresentar os principais elementos chaves que caracterizam a geografia
e o clima do Município de Dondo nomeadamente o Relevo O Clima, Os solos e a Hidrografia
locais.

Relevo

O Município é caracterizado pela ocorrência de duas zonas geomorfologicamente distintas, sendo


uma de formações aluvionares recentes, representada por uma topografia plana e praticamente sem
declives e outra com planícies e depressões acentuadas, como o vale de Mandruze, onde correm
linhas de água que se dirigem ao Rio Púngòe, formando alguns charcos ou lagoas no seu percurso.
Os principais condicionantes topográficos podem ser observados no mapa abaixo

Mapa 3: Condicionantes topográficos

Fonte: Plano de Estrutura Urbana:2011


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Ao longo dos rios, riachos e lagoas, as terras são ricas para a prática da agricultura e pastagem de
gado Bovino e Caprino. Antigos meandros do rio também formam depressões descontínuas do
terreno, conservando a água das chuvas durante todo o ano, sendo nestas zonas onde
coincidentemente ocorre a erosão.

Clima

O clima descreve estatisticamente quantidades relevantes de mudanças do tempo meteorológico


num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. Tais quantidades são geralmente
variações de superfície como temperatura, precipitação e vento que num sentido mais amplo é o
estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global.

Segundo classificação climática de Koppen, o clima de Dondo está compreendido na zona de


transição de clima tropical para o de estepe com estação seca no inverno. O Município da Cidade do
Dondo está localizado numa região de clima tropical com uma estação quente e chuvosa (Outubro a
Março) e fresca e seca (Abril a Setembro) sendo este último em transição para estepe. Este tipo de
clima leva a alternância de períodos de cheias seguidas por anos de seca.

As temperaturas médias no município de Dondo são:

 Média Anual: 27oC.


 Amplitude Média: 7o C (cerca de 27,5 em Janeiro e 21o C em Julho/Agosto)
 Média dos valores máximos anuais: Janeiro/Fevereiro (32o C – 33o C) com os mínimos em
Julho (26oC- 27oC).
 Média dos valores mínimos anuais: Julho (18o C- 19o C), com os valores mais altos em
Janeiro-Fevereiro (22o C) e os mais baixos em Julho (14o C- 15oC).

Gráfico 2: Variação da temperatura anual A humidade relativa ronda os 75-


76% com pequena variação ao
longo do ano. A precipitação
média anual varia de 1.000 mm a
1.459 mm, com os valores mais

Fonte: Instituto de Meteorologia da


Beira.
33

altos na zona próxima da costa e diminuindo progressivamente para a montante e o pico acontece
no intervalo de Janeiro e Fevereiro.

A precipitação ocorre normalmente entre Outubro e Abril e com maior intensidade de Fevereiro a
Abril com uma evapotranspiração potencial média anual na ordem de 1.496 mm.

Hidrografia

O Município da Cidade de Dondo apresenta uma rede hidrográfica bastante considerável, onde são
encontrados rios de regime periódico e outros de regime permanente. Neste Município destaca-se a
Bacia do Rio Púngoè, tendo o Rio do mesmo nome regime permanente e sempre com um caudal
aceitável tendo grande impacto no desenvolvimento da pesca e agricultura em particular no Vale do
Mandruze.

Para além deste Rio ainda são de regime permanente os rios Savane e Muadzidzi enquanto os rios
Chone, Chicuredi e Muzimbite são de regime periódico, sendo úteis na prática de agricultura e pesca
artesanal.

Solos

No Município da Cidade do Dondo, são encontrados solos aluvionares profundos, cinzento escuros,
textura mediana, relativamente pobres em matéria orgânica, e os sais solúveis não aparecem em
quantidade suficiente para criar limitações na sua utilização agrícola.

Ainda ocorrem no município, solos aluvionares moderadamente profundos (> 70 em <100 cm), cor
cinzenta escura a preta, textura pesada, argilosa e estrutura bem desenvolvida, podendo ocorrer uma
camada bastante argilosa e cimentada.

Ao longo dos rios, desenvolvem-se solos aluvionares, hidromórficos, salinos, com manchas de sais a
superfície, completamente inaptos para agricultura (solos de mangal).

Recursos da Terra, Aptidão agrícola

Nas zonas aluvionares dos grandes rios, os solos apresentam boa fertilidade e possibilidade para a
prática de agricultura de regadio. No seu conjunto, a zona de influência do Município da Cidade do
Dondo apresenta recursos da terra bastante fracos, o que, aliado a constrangimentos de ordem
climática e económica, criam situações de escassez na produção alimentar e nas culturas de
rendimentos.
34

Caixa.1. Habitats terrestres

Os principais tipos de vegetação no Distrito do Dondo incluem matas indiferenciadas, pradarias


arborizadas, mangais e vegetação de aluvião. Wild e Barbosa (1967) sugerem que o Distrito de
Dondo é maioritariamente constituído por florestas húmidas de baixa altitude, mas pensa-se que
existem algumas manchas de floresta seca.
A maior parte da área do Distrito de Dondo é ocupado por matagal aberto, cerca de 524 km2, são
comuns as espécies de Combretum e palmeiras como Hiphaene coriacea e Raphia farinifera. Neste
Distrito, o matagal disperso ou pradaria são também abundantes e constituem 423 km2.
As terras húmidas no Dondo constituem 544 km2 da área total do Distrito primariamente devido à
sua posição geográfica, dado que este Distrito situa-se na margem esquerda do Rio Pungué que vai
desaguar junto da cidade da Beira.
As áreas de cultivo ocupam aproximadamente 312 km2, e de um modo geral, este distrito é
conhecido por possuir potencialidades agrícolas. Por esta razão, a agricultura é uma das principais
actividades económicas das famílias.
A floresta do mangal ocupa apenas 38 km2 e pensa-se que as espécies Rhizophora
mucronata,Bruguiera gymnorrhiza e Avicennia Marina são das mais comuns nesta zona. Embora a
faixa onde existe mangal seja estreita, os mangais nesta zona são também usados para a construção
de habitações e como lenha pelas comunidades costeiras.
Fonte: Perfil do Distrito de Dondo: 2012

Dentro do território Municipal, as planícies de Mandruze, Canhandula e Macharote ocupam um


espaço de referência no que concerne ao desenvolvimento da agricultura, pelo facto de possuírem
boas condições.

1.1.1.3 Ecologia Física e o Clima

Ecologia urbana procura entender os sistemas naturais dentro das áreas urbanas. Ela lida com as
interacções de plantas, animais e de seres humanos em áreas urbanas na qual se estudam árvores,
rios, vida selvagem e áreas livres encontrados nas cidades para entender até que ponto esses recursos
são afectados pela poluição, urbanização e outras. Neste ponto vai se descrever os principais
elementos que constituem a ecologia física local nomeadamente: a vegetação e a fauna locais.

Vegetação

O Município de Dondo apresenta condições ecológicas favoráveis, observando-se formações


vegetais caracterizadas por savana herbácea a e arbustiva na parte leste, na região central e oeste
desenvolve-se floresta aberta de Miombo, são espécies de madeira predominantes o Jambir, Umbila,
Chanfuta, Mizimbite, Umbaua, Missassa, Missanda e Mepepe.
35

Por outro lado, algumas florestas comunitárias desenvolvem-se nos Bairros Mafarinha, Central,
Consito, Canhandula, Nhamainga, Mandruzi, Macharote, Nhamaiabwe, Samora Machel e Thundane
onde são criadas espécies vegetais como o eucalipto, casuarinas, chanfutas, Missassa , Panga-panga e
Mutongolo.

Contudo, com a expansão da urbe, o desenvolvimento da agricultura, exploração florestal para


madeira, carvão, lenha e queimadas descontroladas, se tem verificado grande desflorestação da flora
e consequentemente o verde natural dá lugar a edifícios e campos agrícolas.

Fauna

Dentro do território Municipal, outrora desenvolveu-se espécies animais, caracterizadas por uma
grande diversidade, como são os casos de Palapala, Changos, Gondongas, Pivas, Cabritos do mato,
Leões, Hipopótamos, Crocodilos, Macacos, Búfalos, Porcos, Galinhas do mato e outras espécies.
Contudo, com a expansão habitacional e urbanização das zonas outrora habitats destes animais,
aliado ao desbravamento e queimadas com vista ao desenvolvimento da agricultura, alguns destes
animais emigraram para outras regiões circunvizinhas como o Parque Nacional de Gorongosa ou
para o território distrital do Dondo.
36

CAPÍTULO II

2.1 CONTEXTO SÓCIO-ECONÓMICO E POLÍTICO (PRESSÕES)

Neste capítulo consideramos as diversas fontes de pressão sobre o meio ambiente trazidas pelo
processo de urbanização: a dinâmica populacional, a dinâmica económica, a pobreza (ou o nível de
vida da população), a ocupação do território, o consumo dos recursos naturais, o consumo da água e
da energia, as emissões atmosféricas e os resíduos sólidos. Estas pressões estão todas interligadas e
interagem, e se relacionam com a dinâmica populacional, o nível de vida e as actividades económicas
realizadas na cidade. A dinâmica populacional pode ser considerada como a fonte principal de
pressão, pois a sua influência é reforçada pelo facto de que o crescimento populacional é uma
função geométrica.

2.1.1 Evolução histórica da urbanização

O fenómeno urbano é recente e representa uma genuína concepção de sociedade do homem


moderno. Embora haja noticias que o homem vive no planeta há cerca de dois milhões de anos, isso
não significa que ele viveu durante todo esse tempo em áreas urbanas.
As cidades não se formaram repentinamente, mas resultaram de um longo processo histórico,
caracterizado pela organização cultural, política e económica, as quais, ainda, se encontram em
evolução.

Neste ponto pretendesse caracterizar o processo da evolução da ocupação do solo no Município de


Dondo, tomando em conta a sua ocupação ao longo do tempo, a distribuição de actividades
económicas e seu impacto na cidade de Dondo, o crescimento e distribuição da população, a
distribuição espacial de infra-estruturas e serviços sociais e a estrutura do sistema de suprimento de
água, saneamento, transporte, comunicações e energia.

2.1.1.1 Ocupação territorial e uso do solo ao longo do tempo

A Análise do uso do solo na cidade e Município de Dondo, pode ser vista tomando em conta dois
momentos históricos do País nomeadamente: o período antes e depois da independência como a
seguir se explica.
37

Ocupação do Solo Antes da Independência

Dondo nos anos 1916/1918 era uma simples povoação comercial constituída na altura pela casa
grande, construída em 1916, que é a segunda loja depois do Comando da Polícia no sentido de quem
vai à Maia e Dinis para o Clube do Dondo. Em 1923, foi construída a casa Jusa, que é a primeira
casa depois do Comando da Polícia no mesmo sentido da anterior. Em 1928, foi construída a casa
José António de Abreu que é a actual Maia e Diniz.

No processo de crescimento da Cidade do Dondo, foram sendo construídas fábricas ao longo da


EN6 e da linha férrea. Assim, em 1951 foi construída a fábrica de Cimentos de Moçambique, depois
desta, foram sendo construídas outras fábricas dela derivada como a Lusalite em 1945.

Ocupação do Solo Após a Independência

1975-1981: Neste período houve organização dos bairros em Comunais, onde foram observados
vastos parcelamentos e atribuições de terrenos nas zonas adjacentes aos centros urbanos, assim
como periferias.

Em 1983 foi preparado o Plano de Estrutura do Dondo pelo Instituto Nacional de Planeamento
Físico com o apoio dos Serviços Provinciais de Planeamento Físico.

Em 1999 foi elaborado o Plano Director Beira/Dondo com validade de 10 anos, plano este que foi
sendo implementado durante este tempo, tendo o Município crescido com obediência do mesmo,
apesar da deficiente fiscalização na implementação do mesmo facto este que provocou a ocupação
desordenada, em particular junto as linhas de protecção tanto de energia de alta tensão, caminhos-
de-ferro, vales dos rios, etc.

No ano 2004 foi elaborado o Plano de Ordenamento (Pormenor) do bairro de Nhamainga;

Em 2005 foi levado a cabo um Plano de Reordenamento do bairro de Mafarinha que se encontrava
ocupado de forma espontânea e sem vias de acesso;

Nos anos 2008 e 2009 foi elaborado e implementado o Plano de Pormenor de algumas parcelas de
terra do Bairro Nhamaiabwe;

Em 2010 parte do Bairro Mafarinha foi ordenado tendo sido elaborado um Plano de Pormenor que
está sendo implementado. Ainda no mesmo ano iniciou a implementação do Plano de Pormenor de
Mafarinha através do parcelamento e demarcação de talhões para construção de casas de habitação.
38

Igualmente no Bairro Canhandula, iniciou o processo de indemnização e reassentamento de 30


famílias residentes no Bairro Canhandula para instalação duma fábrica de lacticínios.

O Plano de Estrutura Urbano do Conselho Municipal elaborado em 2011 define duas zonas para o
uso do solo pelos bairros nomeadamente:

 Thundane, Mandruzi e Mafarinha – zonas Agro-pecuária e habitacionais;

 Canhandula, Nhamainga e Samora Machel – zonas habitacionais, Industriais e de Comercio;

 Nhamaiabwe, Macharote, Cosito e Central – zonas habitacionais.

2.1.1.2 Distribuição das actividades económicas e seu impacto na estrutura da cidade

O sector primário (representado pela agricultura e pesca) e o sector terciário (comércio formal e
informal), representam cerca de 83% da população activa a trabalhar.

A agricultura é a actividade dominante no município, praticada maioritariamente em sistema de


pousio e envolve a maioria dos agregados familiares. Ela é desenvolvida em pequenas explorações
familiares em regime de consociação de culturas com base em variedades locais. Outras actividades
não menos importantes são a pesca, venda de carvão e lenha.

De um modo geral, a agricultura é praticada tradicionalmente recorrendo-se ao uso de enxadas de


cabo curto, emprego de métodos tradicionais de fertilização dos solos, como o pousio das terras, a
incorporação de restos de plantas no solo, estrume ou cinza. Por um lado, a dependência dos
factores climáticos, as pragas, a seca, a falta ou insuficiência de sementes e pesticidas cria
constrangimentos havendo oscilação da produção de ano para ano.

Por outro lado a actividade industrial e prestação de serviços ocupam um lugar privilegiado no que
concerne a oferta de postos de emprego. Estes 2 sectores possuem cerca de 96 centros de trabalho
registados na Delegação do INEFP do Dondo que dão emprego a cerca de 2.787 trabalhadores dos
quais 201 são mulheres, 85 estrangeiros e os restantes 2.501 são homens. Em termos de volume de
mão-de-obra são considerados 3 tipos de centros de trabalho a saber: empresas com um número
superior a 50 trabalhadores totalizando nove estabelecimentos, 18 médias empresas com um número
de trabalhadores que varia de onze a cinquenta e 69 pequenas empresas com um número de
39

trabalhadores que varia de um a dez. Estes 2 sectores contribuem com cerca de 10% de mão-de-
obra local.

A função Pública representada pelo Estado é o segundo maior empregador formal através do
Governo Distrital do Dondo e Municipal (Cidade do Dondo) com um total de 1.909 funcionários
empregados o que correspondendo a cerca de 7%. Os sectores da educação e saúde são os que
apresentam maior número de funcionários com cerca de 1.375 e 202 respectivamente. Alguma parte
da população da Cidade do Dondo, apesar de residir neste município, encontra-se a trabalhar na
cidade da Beira e na Açucareira de Mafambisse localizada no Distrito do Dondo, observando-se
deste modo a migração pendular que se torna possível graças a existência de transportes públicos e
privados interurbanos.

Não obstante, a maioria da população local encontra-se distribuída na economia informal,


organizada em volta dos mercados existentes em quase todos os Bairros mas com maior ênfase para
os mercados municipais Central e Manuel Cambezo e de mercados mais pequenos em cada um dos
Bairros. Dondo ostenta também lojas de vestuário, mobiliário, géneros alimentícios, meios
circulantes como Bicicletas, material de construção e outros artigos, para além de bancos, pensões,
restaurantes, etc.

Globalmente, a economia do município da Cidade do Dondo baseia-se no sector primário e


comércio informal, o que de certa maneira acaba contribuindo para o equilíbrio das contas do
município através dos vários impostos que as populações são sujeitas a pagar.

Agricultura
O Município da Cidade do Dondo, apresenta uma rede hidrográfica e solos propícios para a prática
de agricultura em particular no vale de Mandruze. Neste município são cultivadas
predominantemente as culturas de arroz, mandioca, variedade de hortícolas (couve, folha de
abóbora, repolho, folha de batata doce, mandioqueira dentre outras), fruteiras como ananaseiros,
cajueiros, mangueiras e citrinos em pequena quantidade.

Para a produção destas culturas, recorre-se à exploração familiar através da consociação de culturas e
a exploração privada (Quintaleiro). No Município, a maior área de produção localiza-se no vale de
Mandruze com cerca de 8 mil hectares, dos quais 32 hectares são explorados com uso do sistema de
regadio. Os 32 hectares estão divididos em duas associações, cabendo a Associação Agrícola de
40

Mandruze 30ha e a Associação Agrícola de Tambararane 2 hectares, na restante área pratica-se


agricultura de sequeiro.

Tabela 1: Evolução da produção agrícola no distrito de Dondo

Ano Área cultivada por ha Rendimento por tonelada

2007/2008 600 900

2008/2009 950 1.425

2009/2010 12.222 21.115

2010/2011 41.071 76.450

2011/2012 43.571 88.546,54

Fonte: DEL:2012 e SDAE:2013

Como se observa na tabela acima, na época 2007 a 2010, houve uma evolução na produção agrícola
de culturas diversas, tendo a produção crescido na ordem dos 36,8% na época 2008/2009 e 93,2%
na época de 2009 a 2010. De 2008 a 2010 houve um incremento da produção na ordem de 26732
toneladas. A maior produção na época 2009 a 2010 em comparação com as duas anteriores épocas,
deve-se ao aumento considerável das Foto 1: a pratica da cultura da bata doce dentro do Quintal
áreas cultivadas em cerca de 95%.

Na campanha agrícola de 2013 a


2014, os Serviços Distritais de
Actividades Económicas, projecta o
cultivo de uma área de cerca 51.458
ha, o que poderá segundo os
mesmos, poderá ter resultados de
produção na ordem de 130.456
toneladas de culturas diversas.

A produção local de culturas tem


41

como destino o consumo familiar e comercialização no mercado interno do Dondo e no município


da Beira.

De acordo com a Vereação de Desenvolvimento Económico Local (DEL), a área cultivada no


Território municipal na última campanha agrícola (2012/2013) representou cerca de 13.329,4ha de
culturas diversas para uma produção de aproximadamente 21.635,727 toneladas.

Tabela 2: Produção global do Posto Administrativo Sede – Campanha Agrícola 2012/2013

Culturas (1ª Época) Área cultivada (ha) Renda Produção (ton)

Cereais 10.785,84 3.7 14.251.032

Leguminosas 1.316,4 1.63 773.775

Tubérculos 814 20 4.884

Oleaginosas 236,7 0.6 142.02

Frutas 176,1 9 1.585,9

Fonte: DEL: 2012

De acordo com a tabela acima, verifica-se que a maior área cultivada no Território Municipal
destina-se para as culturas de cereais (milho, mapira e arroz) com cerca de 10.785,84ha
comparativamente a área destinada para o cultivo de tubérculos (mandioca, batata doce e batata
reno) com cerca de 814ha. E, olhando em termos de renda para as famílias verifica-se que os
tubérculos contribuem significativamente com um total de 20% comparativamente as culturas de
cereais com apenas 3.7%.

Por sua vez, para melhores resultados na produção, o município tem apoiado os camponeses através
de alocação de extensionistas que prestam assistência técnica, oferta de insumos agrícolas,
capacitação dos membros das associações, preparação de terras com mobilização de meios privados
e do estado nas lavouras, uso de insecticidas, dando drogas em casos de epidemias ou pragas,
distribuição de tracção animal, alocação de juntas, existindo actualmente 22 alocadas ao sector
familiar, escoamento da produção com tractor do município, melhoramento das vias de acesso, etc.
Actualmente encontra-se a velar por esta actividade um extensionistas do Município. No que
42

concerne a produção agrícola na campanha de 2009/2010, foram cultivados 12.222 ha de culturas


diversas, com um rendimento de produção na ordem de 21,115 toneladas.

Pecuária
A actividade pecuária do município da Cidade do Dondo está ainda numa fase incipiente,
caracterizada por repovoamento pecuário embora as áreas de pastagem sejam dispersas, estando em
estudo a identificação de uma área específica para o pasto o que levará a transferência das zonas de

pastos em princípio para Thundane onde existe uma área extensa, bons pastos e água. Em termos de
efectivo de gado bovino, os Bairros Samora Machel Mandruze e Mafarinha são os que apresentam
maior efectivo, destacando-se este último também na criação de Aves.
Fotos 2 e 3: Gado bovino em pastagem

Fonte: CMCD

Neste município a criação é em regime familiar onde são criadas cerca de 690 cabeças de gado
bovino, 418 de gado suíno, 320 de gado caprino, 4 de gado ovino e mais de 93.000 Aves enquanto
no sector privado e associativo (Associação Jovens de Mandruze) têm actualmente um efectivo de
1.163 cabeças de gado bovino, 613 suínos, 734 caprinos, 178 ovinos, 133 coelhos e 145.000 Aves.

Tabela 3 : Efectivo de Gado, Município do Dondo – Sector Privado

Nº Espécie Nº de animais

01 Bovino 690

02 Suíno 418

03 Caprino 320
43

04 Ovino 04

05 Galinhas 93.000

Total 94.432

Fonte: DEL:2010

Para além do sector, privado, também pode se registar a criação de efectivos do gado no sector
familiar como demonstra a tabela abaixo.

Tabela nº 4: Efectivo de Gado, Município do Dondo – Sector Familiar – 2010

Nº de Efectivo de Gados
Localização
Bovino Suíno Caprino Ovino Aves

Samora Machel 265 119 120 3 6.000

Mandruzi 193 80 27 1 12.000

Mafarinha 151 140 37 - 63.000

Macharote 34 - 46 - 12.000

Canhandula 6 44 33 - -

Thundane 32 35 57 - -

Nhamainga 6 - - - -

Nhamaiabwe 3 - - - -

Total 690 418 320 4 93.000

Fonte: DEL – Cidade do Dondo, Março 2011.

O destino da produção familiar é para a venda e consumo nos mercados locais enquanto para
criadores privados é para corte e produção de leite que é vendido dentro da área municipal e na
Cidade da Beira. A produção pecuária não satisfaz as necessidades dos munícipes em leite, frangos e
carne.
44

No entanto, para o aumento da produção, o município tem prestado apoio aos criadores através da
capacitação, maneio, administração de vitaminas, vacinações obrigatórias aos animais contra
Newcastle, Raiva canina, tuberculose bovina, carbuco sintomático e assintomático.

Quintas

Existem no Municipio, cerca de 121 quintas distribuidas pelos oito bairros suburbanos sendo
Mandruze, Samora Machel e Mafarina os que possuem quintas acima de vinte e Nhamainga e
Nhamaiabwe os que possuem menos quintas com 4 e 6 respectivamente de acodo a tabela abaixo.

Tabela 5: Distribuiçao de quintas no Municipio de Dondo

Nº Bairros Nº de Quintas

01 Mandruze 24

02 Samora Machel 25

03 Canhandula 15

04 Mafarinha 22

05 Thundane 14

06 Nhamaiabwe 6

07 Nhamainga 4

08 Macharote 11

Total 121

Fonte DEL:2013

Pesca
Dondo possui uma rede hidrográfica invejável, levando ao desenvolvimento de pesca artesanal,
praticada ao poente do Rio Púngòe e em Físsula onde os pescadores instalaram uma zona de
acampamento. Como instrumentos de pesca usam canoas, linha ou rede de malha 2,5 a 3, onde
produz-se uma variedade de peixe desde Garoupa, Tainha, camarão, caranguejo e Bagri, tendo a
45

produção como destino venda no mercado local e raramente para a dieta alimentar dos pescadores.
A produção não satisfaz as necessidades dos munícipes.

Comércio
O Município da Cidade do Dondo tem uma rede comercial ainda em crescimento, apresentando
uma localização privilegiada ao longo do corredor da Beira, a existência de um complexo industrial
invejável, dai ser considerada a segunda maior cidade de Sofala. No Município do Dondo, existem
33 lojas, 103 bancas fixas, 100 quioques, 4 restaurantes e bar para além de 07 mercados oficiais que
desenvolvem as suas actividades comerciais. Actualmente, tem se notado um crescimento rápido da
rede comercial, através de instalação de grandes supermecados, como a Shoprite, PEP, Protea e o
Complexo Nkomazi;.

Mapa 4: Polos de Desenvilvomento comercial e industrial

Fonte: Plano de Estrutura Urbana:2011


46

Existem 12 (doze) mercados dos quais 9 (nove) Municipais como são os casos de Canhandula,
Manuel Cambezo, Nhamainga, Mafarinha, Balanço, Mesquita, Machorote, Tchunga, sendo o
principal mercado o Central localizado no Bairro Central, com mais de 456 bancas fixas e capacidade
de albergar 34 bancas móveis e outros comunitários localizados nos Bairros Central, Campo, e
Paragem todos albergando mais de 1196 vendedores. (vide tabela 6)

Tabela 6: Distribuição de mercados do Município do Dondo

Nº de Nº de Nº de
Material de Produtos Nº de
Mercado Localização vendedores Bancas Bancas
Construção Vendidos WC
Fixas Móveis

Central 234 Convencional Diversos 456 34 01


Central*

Central 103 Precário Pão/Div. - 06 01


Paragem

Central 49 Precário Diversos 07 - -


Mesquita

Campo Consito 59 Precário Diversos 49 - -

Tchunga* Consito 60 Convencional Diversos 07 - 01

M. Nhamaiabwe 225 Convencional Diversos 305 - 01


Cambezo*

P.Central Nhamaiabwe 37 Precário Diversos 40 - -

Mafarinha* Mafarinha 210 Convencional Diversos 10 03 01

Canhandula Canhandula 63 Convencional Diversos 68 05 -


*

Nhamainga Nhamainga 48 Convencional Diversos 20 - -


*
47

Balança Samora 45 Convencional Diversos 45 03 01


Machel

Macharote* Macharote 33 Convencional Diversos 02 - 01

Total 12 1196 1009 51 07

Fonte: DEL- Cidade de Dondo, Novembro de 2010. *Mercados Oficiais

No entanto apesar da produção de Arroz, carne, cebola, tomate, Couve, Alface, tubérculos como a
batata-doce e mandioca conjugado com produtos industriais como chapas de Lusalite, Cimento e
travessas, de produtos importados dos países vizinhos e distritos circunvizinhos, a preços
competitivos, verifica-se ainda uma fraca comercialização de mercadoria no mercado local, o que
poderá resultar claramente do baixo poder de compra por parte da população e o hábito de comprar
na Beira.

Indústria
A actividade industrial no Município da Cidade do Dondo é bastante desenvolvida, facto pelo qual
Dondo é considerado a Cidade com o segundo maior complexo industrial a nível da província.

Nos últimos tempos, a Cidade do Dondo tem verificado um crescimento industrial muito avançado,
dada a implantação de novas unidades industriais. Antes do período de municipalização,
funcionavam no Dondo, as empresas de Lusalite, Cimentos, Moflor, Promac e CFM. Mas agora, já
se encontram a trabalhar as fábricas de Agua Mineral, Etanol, brevemente Austral Cimentos, fábrica
de material de construçao, fábrica de betão armado, várias serrações de madeiras, futuramente a
fábrica de Nestlé, para além de outras que estão em processo de preparação, como é o caso de Porto
Constroi.

Estas indústrias têm um grande impacto na absorção de mão-de-obra local e das regiões
circunvizinhas, estando actualmente empregados nas mesmas cerca de 492 trabalhadores.
48

Tabela 7: Unidades Industriais de Média e Grande Escala no Município do Dondo

Força de Trabalho
Estabelecim
entos Bairro Produto Homem Mulher
industriais Total
Nac. Estrang Nac. Estrang

CIMENTOS Nhamainga Cimento 193 02 14 0 209

Chapas onduladas,
lisas, minionda, Tubos
LUSALITE Mafarinha 299 05 24 01 329
sem e com pressão,
moldados

MOFLOR Nhamaiabwe Travessas, Madeira 80

FÁBRICA Consito Travessas 100


DE
TRAVESSAS

PREMAP Centro Manilhas 25 01 492


Emissor

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010.

A indústria de produção de travessas, é composta por trabalhadores sazonais resultante da sua


própria característica, isto é, surge com objectivo de produção de travessas para a reconstrução da
linha férrea de Sena. Para além desta, a indústria de produção de cimento desempenha um papel de
relevo na construção de infra-estruturas na região, não obstante, o cimento produzido em Dondo
ser mais caro nesta urbe em comparação com a Cidade da Beira, facto que constitui um
constrangimento para os munícipes e limita na construção de casas com material convencional.
49

Tabela 8: Unidades Industriais (Serração, Serralharia e Carpintaria) no Município do Dondo

Unidade Bairro Produto Força de trabalho

H M Total

PROMAC Consito Madeira 20 0 20


(MARFER)

Carpintaria Central Madeira S/Informação S/Informação 12


Jemuce

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010

Para o abastecimento local em produtos farináceos, encontram-se estabelecidas algumas unidades de


produção, sendo produzido com maior predominância o pão em comparação com outros produtos
derivados da farinha de trigo. (Vide tabela 9)

Tabela 9: Unidades Industriais de Média Escala (Padarias e Pastelarias), Município do Dondo

FORÇA DE
Nº de TRABALHO
UNIDADE BAIRRO PRODUTOS
Ord. TTA
H M
L
01 Padaria Barreto Central Pão 01 13 0 13

02 Padaria Dondo Central Pão 01 09 01 10

03 Fornos Caseiros Mafarinha Pão 08 -

04 Fornos Caseiros Nhamainga Pão 01 01 01 02

05 Fornos Caseiros Canhandula Pão 01 02


01 03

06 Pastelaria Rico - Pão

07 Ndedinha Central Pão 01 01 02


50

01

08 Padaria Dondo Central Bolos 01 0 02 02

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010

As unidades industriais de média escala encontram-se distribuídas por todos os pontos do


Município, apresentando os Bairros de Mandruze e Nhamaiabwe, um número maior destas.

Tabela 10: Unidades Industriais de Média Escala (Moageiras), Município do Município, 2010

FORÇA DE
PRODUT
Nº de Ord. UNIDADE BAIRRO TRABALHO
OS
H M TTAL
01 Baptista J. Fernando Central Farinha 02 01 03

02 Joaquim Mafucha Nhamaiabwe 02 01 03

03 Sónia Ana Medengue Mafarinha 02 01 03

04 Carolina M. Canhandula 01 01 02
Gonçalves

05 Mafarinha 01 01 02

06 Maria M. Pascoal Consito 02 - 02

07 Afonso Lambão Nhamaiabwe 01 01 02

08 Joana T. Domingos Madruzi 01 0 01

09 Manbrunde Gorias Madruzi 02 0 02

10 Avelino A. Manuel Madruzi


01 0 01

11 Yochinho Macharote 01 0 01

12 Carlos José Vicente -


01 0 01
51

13 Joaquim Jantar Nhamaiabwe 02 0 02

14 Lucas S. Lucas 01 0 01

15 Manuel A. Trindade Consito 02 0 02

16 José Olece 02 0 02

17 Zarina Ibraimo Nhamaiabwe


01 0 01

18 Luís Ngirue Consito 01 0 01

19 Ester F. Matola Mandrube 02 0 02

20 Lucas Paulo S. Machel 01 0 01

21 Gabriel Chumbo 02 0 02

22 José M. Monteiro Consito 01 0 01

23 Chimamang Nace Central 18 02 10

Total (23) 40 08 48

Fonte: SDAE - Dondo Novembro de 2010.

N. B.: * Encerrada

Artesanato
No artesanato são desenvolvidas a cerâmica, escultura, tecelagem e cestaria. São actividades feitas em
pequenas oficinas caseiras e os produtos são expostos em feiras para a sua posterior venda. Existe
no município duas (2) Associações nomeadamente Artesanal de Dondo e Artesanato Domingos
Dondo.

Turismo
A actividade turística no Município da Cidade do Dondo encontra-se ainda pouco explorada, apesar
da existência de algumas paisagens naturais apreciáveis e de um tráfego intenso ao longo deste
território. Todavia, pratica-se algumas modalidades do turismo como o Cultural com a apreciação de
alguns números de dança Útse e Marimba, a gastronomia local caracterizada por Chima com peixe
52

fresco (Nsomba), Chima com folhas piladas da Mandioqueira (Ntxocobwe ), Chima com peixe seco e
Chima com carne seca (Xincuio), no turismo cinegético pode-se apreciar alguns animais selvagens e
algumas construções típicas com base em material local, para além de quartos construídos no meio
duma floresta em particular no Complexo Zanib que apesar de constituir um ambiente rústico é
extremamente acolhedor.

O município não possui Hotel, possuindo apenas alguns locais de lazer (Bares e Discotecas) e
acomodação, onde pode-se encontrar a Pensão Maia e Dinis, oferecendo serviços de Bar e
restaurante, para além deste, encontram-se outros estabelecimentos tais são os casos de Yeya Guest
House, Zanib, Quinta Esperança, John e Gaskin Guest House, Chidengo, Joana Machado,
Complexo Tassiana em Nhamaiabwe, Ganço e Mica Mambuque no Bairro Samora Machel e ainda
Quinta Cajual.

Tabela 11: Estabelecimentos de Acomodação, Município do Dondo

Nome da Localização Capacidade Força de Trabalho


Unidade
No No H M Total
Quart. Cama

Zanibe Nhamaiabwe 02 02 11 03 14

Yeya Guest Macharote 19 19 12 04 16

Quinta Esperança Mandruzi 10 14 05 02 07

Casas de Central 16 15 06 01 07
Hóspedes

Chidengo Mafarinha 08 08 03 01 04

Joana Machado Macharote 02 02 01 - 01

Total 94 84 21 06 49

Fonte: DEL- Dondo, Novembro de 2010

Nesta componente incluem também restaurantes, bares e pastelarias de acordo a tabela abaixo
53

Tabela 12: Restaurantes, Bares e Pastelarias do Município do Dondo

Nome da Localização Capacidade Força de Trabalho


Unidade
No de No de H M Total
Mesas Cadeiras

Garrafão B. Central 15 60 07 01 08

LITA B. Central 05 20 02 0 02

Califórnia B. Central 34 09 43

Clube do Dondo B. Central 16 54 04 02 06

Maia e Dinis B. Central 20 80 05 07 12

Total 56 214 18 10 28

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010

Com vista ao desenvolvimento do ecoturismo e outras manifestações turísticas, foi identificado uma
área no Bairro Samora Machel, que devido as suas boas condições físico-naturais, caracterizadas por
floresta herbácea aberta, terras ainda virgens torna-se susceptível ao desenvolvimento desta
actividade.

Prestação de Serviço
As empresas de prestação de serviços neste Município, são representadas pela Banca, Estações de
Serviço e Oficina Auto.

Tabela 13: Oficinas, Estações de Serviço, Construção Civil e Parques de estacionamento do Município do
Dondo

Nome de Serviço Localização Força de Trabalho

(Bairro) H M Total

Auto-Monitor Central 12 02 14
54

Auto-Vulcanizadora Central 04 04

Auto- Dondo Central 05 01 06

Serralharia Marques Central 04 04

Auto-Buja Central 06 06

Oficina Bate Chapa Pintura Consito 06 06

Majo-Construções Central 04 02 06

Estação de Serviço do Dondo Central 05 05

Estação de Serviço GALP Central 05 05

Total 42 05 44

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010

O município do Dondo possui 04 bancos com um total de 04 ATM, todos localizados no Bairro
consolidado do município, isto é Bairro Central de acordo a tabela abaixo:

Tabela 14: Serviços de Banca, Seguros e Segurança no Município do Dondo

Nome de Serviço Localização Força de Trabalho

(Bairro) H M Total

BCI Central 05 05 10

BARCLAYS Central 05 05 10

BIM Central 04 02 06

Banco Oportunidade Central S/Informação S/Informa S/Informação


ção

Total 14 12 16

Fonte: SDAE, Dondo, Novembro de 2010.


55

2.1.1.3 Crescimento e distribuição da população

Segundo dados do Censo Populacional de 2007, o Município da Cidade do Dondo apresenta uma
população de cerca de 70,817 habitantes, dos quais 35,232 são mulheres, correspondendo a 49,7% e
uma densidade populacional de 185 hab/km 2. A população do Município não está regularmente
distribuída, havendo Bairros com maior e outros com baixa densidade populacional.

O Bairro Nhamaiabwe apresenta maior densidade populacional ao nível do município se comparado


com os restantes Bairros seguido pelo Bairro de Mafarinha, enquanto os Bairros Thundane e
Nhamainga apresentam baixa densidade populacional, por se tratar de Bairros ainda desprovidos de
equipamentos sociais e infra-estruturas, dai não haver atractivos para a população.

Em termos de custos em cada 100 indivíduos da população activa existem 79 jovens dependentes
desta, pressupondo que um adulto deve cuidar de aproximadamente um jovem, acarretando
encargos em alimentação, vestuário, despesas escolares, saúde e outros.

O mesmo fenómeno vai acontecer em relação à população idosa que constitui 3% e é também
dependente da segurança social, subsídio de alimentação, acomodação proporcionado pelo
município bem como pela população activa, neste caso em cada 100 indivíduos de população activa,
vão existir cerca de 5 idosos por cuidar. Deste modo, o índice de dependência total, isto é, os
encargos da população jovem e idosa que vai pesar sobre a população activa é de 84 dependentes em
cada 100 indivíduos da população activa, o que significa que cada indivíduo da população activa terá
sob sua responsabilidade aproximadamente um indivíduo.

Como demonstra a pirâmide abaixo e o gráfico n o 2, no município da Cidade do Dondo, a


população é maioritariamente adulta, cobrindo cerca de 53% do total. A existência duma população
adulta pressupõe a criação de condições de emprego dentro do município, facto este que
actualmente não acontece
56

Tabela 15 : Distribuição da Pop. por idade no Município de Dondo


Gráfico 3: Pirâmide etária da
população em Dondo por sexo
Idade Homens Mulheres
0– 4 5,378 5,403
5–9 4,829 4,724
10 – 14 4,937 5,091 Homens Mulhere

15 – 19 4,357 4,280 s

20 – 24 3,830 3,637
25 – 29 2,776 2,507
30 – 34 2,003 2,021
35 – 39 1,577 1,793
40 – 44 1,521 1,380
45 – 49 1,287 1,080
50 – 54 962 969
55 – 59 809 679
60 – 64 499 584
65 – 69 319 414
70 – 74 231 295
75 – 79 158 201
80 + 112 174 Gráfico 4 : Percentagem da população por idade

% da População por idade


%, Idoso,
3, 3%
%, Jovem,
43, 43%

%,
Adulto,
54, 54%

Com base nos dados fornecidos pelo INE no censo de 1997, o Município do Dondo tinha uma
população estimada em 71,644 habitantes, passados 10 anos, verifica-se que ela passou para 70,817
habitantes, tendo-se observado uma redução de 827 habitantes.
57

Pode-se considerar que a taxa de crescimento do município do Dondo reduziu, devido


provavelmente a migração da população desta Urbe para outras cidades a procura de melhores
condições de vida como emprego, educação, saúde, dentre outras, aliado a este factor, observa-se
um elevado índice de HIV provocando a redução da população, para além de que na altura do censo
de 1997 passavam apenas 5 anos após os acordos gerais de paz e nesta altura nem todos os
refugiados haviam regressado às suas zonas de origem. Todavia, devido a crescente procura de
espaços em particular por residentes da cidade da Beira para construção de casas de habitação, aliado
ao incremento de mais indústrias, levando ao crescimento económico vertiginoso do município,
estes factores poderão provocar nos próximos anos uma explosão demográfica.

Com base no índice do crescimento natural da província e tendo como base a população de 2007,
prevê-se que os Bairros Nhamaiabwe, Mafarinha e Consito até ao ano de 2021 continuem a acolher
maior número de habitantes e a Cidade no seu geral poderá possuir um total de cerca de 95,277
habitantes um crescimento médio anual de 0,29%, o que denota a necessidade do município reforçar
os equipamentos sociais e infra-estruturas de prestação de serviço como hospitais, escolas, rede de
distribuição de água, electricidade e estradas para além de reforço em postos de trabalho e planos
para as novas áreas de expansão.

Tabela: Projecção da População do Município por Bairros para o ano de 2021.

Bairro População População População População


2007 2011 2016
2021

Central 4,211 4,630 5,213 5.869

Mafarinha 12,508 13,116 14,767 16,626

Nhamaiabwe 16,756 17,570 19,782 22,273

Consito 10,492 11,002 12,387 13,946

Thundane 1,039 1,089 1,227 1,381

Nhamainga 3,703 3,883 4,372 4,922


58

Samora Machel 4,533 4,753 5,352 6,025

Macharote 6,732 7,059 7,948 8,948

Mandruze 4,995 5,238 5,897 6,639

Canhandula 6,504 6,820 7,679 8,645

Total 70,817 75,160 84,624 95,277

Fonte: Projecções na base de III RGPH 2007. A taxa de 2.4%

2.1.1.4 Estrutura do sistema de suprimento de água, saneamento, transporte,


telecomunicações e energia

Como recurso natural, a água é essencial para todas as actividades humanas e é um componente
indispensável de todos os ecossistemas terrestres. Ela ocupa um lugar central nas análises destinadas
a avaliar o estado do meio ambiente em todo o mundo.
À medida que cresce a população (e as actividades económicas e sociais) e se expande o
desenvolvimento urbano, amplia-se também a demanda por água, o que faz com que este recurso
venha de regiões cada vez mais distantes dos centros urbanos aumentando seus custos de captação,
tratamento e distribuição. Com o crescimento das cidades cresce também a contaminação e a
agressão aos mananciais, a água se torna escassa e aumentam os conflitos por sua apropriação e uso.
O que está em jogo, portanto, é a quantidade e a qualidade de água doce disponível.
Indicador para captação e distribuição água:

 A percentagem da população com acesso à água potável canalizada


 O consumo de água (canalizada)
 O preço de água

Suprimento de água
Para responder a demanda de água pelo crescimento populacional nas Cidades da Beira, Dondo e
dos aglomerados em redor, o FIPAG construiu uma estação de captação de água localizada no
Dingue Dingue, braço do Rio Pùngué a 18km a montante da captação de Mafambisse,
compreendendo a construção de uma conduta adutora de 11 km de extensão, uma câmara de
recepção de água bruta, uma linha de energia de tensão de 22 KV e a montagem de dois
transformadores de 1000 MA
59

Fotos 4 e 5: Estação de captação de água de Dingue Dingue

Fonte: Equipa do REA


.De acordo com o FIPAG, o tratamento desta água é feito na Estação de Tratamento de Água
(ETA) de Mutua, a cerca de 12km de distância. A mesma é composta por 3 módulos,
nomeadamente, ETA1 (construída em 1953 para tratamento de 20.000m³/dia), ETA2 (construída
em 1974 para 10.000m³/dia) e ETA3 (construída em 1997 para 30.000m³/dia).
O FIPAG procedeu a reabilitação da ETA3 para viabilizar a capacidade instalada na estação de
Dingue Dingue de 60.000m³/dia, anteriormente referida.
Em paralelo a esta construção da Estação de Captação de Água de Dingue Dingue e reabilitação da
ETA de Mutua, ocorreu um conjunto de obras que visam o melhoramento e expansão do
abastecimento de água como é o caso do Centro Distribuidor de Dondo, localizado na cidade
Municipal.
Fotos 6 e 7: Estação de Tratamento de Agua (ETA) Mutua

Fonte: Equipa técnica do REA


60

Fornecimento de água potável

Actualmente a cidade de Dondo apresenta em termos estatísticos cerca de 95% da população do


Município de Dondo consomem água potável, fruto de uma operação conjunta entre o Conselho
Municipal e o Fundo Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG). A extensão
da rede de água canalizada é de aproximadamente 82 Km 2. Para o interior dos bairros Thundane e
Canhandula são fornecidos pelo sistema de furos.

Foram construídos nos últimos 5 anos 21 fontes de água e reabilitadas outras 37 distribuídos pelos
bairros de Macharote, Nhamaiabwe, Canhandula, Mandruzi e Samora Machel. Existem na área
municipal cerca de 54 fontanários públicos distribuídos pelos bairros de acordo a tabela abaixo

Tabela 16: Distribuição de fontanários e furos de água pelos bairros.


Número de
familias Número
Númer
consumidoras Número de Número de de
Número o de
de água familias consumidores Membros
Bairro de fontená
através de consunidoras de poço e de
fontes rio
furos com de FIPAG outras fontes Comité
FIPAG
Bomba de Água
AFRIDEV
Central 492 169 181 7 2 1
Consito 1.025 671 402 11 8 2
Nhamaiabwe 1.904 850 597 20 10 2
Nhamaínga 342 234 164 7 25 3
Mafarinha 1.605 601 295 15 6 4
Macharote 706 352 288 18 1 2
Canhandula 701 - 599 17 - 1
Mandruzi 580 221 198 14 2 2
Thundane 97 - 110 2 - 1
S. Machel 640 - 266 15 - 4
Total 8.092 3.098 3.100 126 54 22
Total % 56% 20%
Fonte: CUI:2013.

No período entre 2009 a 2013 foram realizadas as seguintes actividades no sector de água:

 Construção de 21 fontes de água e reabilitação de outras 37 distribuídos nos Bairros de


Macharote, Nhamaiabwe, Canhandula, Mandruzi e Samora Machel, totalizando 126 fontes
existente;
61

 Construção de 44 fontenários, totalizando 54 fontenários;


 Extensão da rede de água canalizada em 82km 2 para interior dos bairros Thundane e
Canhandula;
 A água canalizada (da torneira), já se encontra em 8 bairros, com a excepção de Thundane e
Canhandula que se beneficiam apenas de furos.

No município de Dondo apenas cerca de 5% da população do Município ainda se abastece de água


através de fontes pouco seguras (p.e. poços e/ou furos não protegidos e corpos naturais de água,
como rios, lagoas e riachos). Entretanto, a falta de água potável nestas comunidades deve-se as
características do lençol freático.

Sistema de Saneamento
Dados do Censo de 2007, revelam que 48,9% dos agregados familiares ao nível do distrito não
possui uma latrina, presumindo-se que o fecalismo a céu aberto ainda é uma prática comum.
Comparativamente ao cenário provincial e nacional, a situação do distrito apresenta-se melhor, visto
que a proporção de agregados familiares sem latrina equivale a 64,3% e 53,6%, respectivamente.
Neste âmbito, o Distrito de Dondo encontra-se também numa situação favorável relativamente aos
distritos costeiros de Moçambique, onde se regista uma média de 61,4% de agregados familiares sem
latrina.
No entanto, apenas 5,1% dos agregados familiares do distrito possui meios de saneamento com a
retrete ligada à fossa séptica. Relativamente aos restantes distritos costeiros de Moçambique, onde a
média de agregados familiares com acesso a esses sistemas de saneamento corresponde a 0,9%, a
situação do distrito é melhor. De notar que para os níveis provincial e nacional a percentagem de
agregados familiares com acesso a tais sistemas corresponde a 5,7% e 3,4% respectivamente.
Há a referir que 15,2% dos agregados familiares no distrito tem acesso a latrinas melhoradas,
indicando uma situação melhor que a da província (4,7%) e a do país (12,3%). Destacar ainda que
30,8% dos agregados familiares possui latrinas tradicionais não melhoradas. Importa referir que em
2011,foram construídas 3.953 latrinas, das quais 276 melhoradas, 608 tradicionais melhoradas e
3.069 tradicionais (Governo do Distrito de Dondo, 2012). Este facto contribui por um lado para a
redução do fecalismo a céu aberto verificado neste distrito e por um outro, o aumento de agregados
familiares com recurso a latrina melhorada bem como da tradicional.
62

Foram construídos pelo Conselho Municipal de Dondo 10 sanitários, dos quais 9 afectos às escolas
e um no Cemitério Municipal (na fase conclusiva). Latrinas melhoradas - 100; ecológicas -16. No
entanto, este número corresponde ao que o Município construiu. Porem, os Munícipes, por causa da
sensibilização tem respondido positivamente na construção de mais latrinas, o que tem permitido a
redução drástica do fecalismo a céu aberto e de doenças endémicas (Cólera, diarreias, etc.)

Transporte e Comunicações

Actualmente, o transporte de pessoas e mercadorias são uma necessidade cada vez maior, facto que
leva à procura incessante do mesmo. Dondo possui uma localização geográfica privilegiada, fazendo
parte do corredor da Beira, atravessado pela EN6 e uma linha férrea que o liga as cidades e países
vizinhos apresentando a rede de transporte em franco desenvolvimento.

O eixo de transporte é constituído por 2 ramais principais, ligando Dondo a Cidade da Beira numa
extensão de 30 km e outra ligando o município ao Posto Administrativo de Mafambisse numa
extensão de 15 km. Em Dondo observa-se fluxo de transportes inter-urbano que escalam Beira e
inter-provinciais ligando-se a Manica, Zambézia e outros pontos do país e países vizinhos. Para além
do transporte rodoviário, a linha férrea ligando Dondo às cidades e países vizinhos complementam a
rede de circulação de pessoas e mercadorias.

Transportes Inter-Urbano e Inter-Provincial

O transporte de passageiros, encontra-se em franco desenvolvimento, pelo facto deste Município


fazer parte do corredor da Beira, havendo muitos transportadores explorando a N6 de para Beira,
proveniente de vários cantos do país e dos países vizinhos.

Embora Dondo possua uma paragem que é usada como terminal, a maior numero dos
transportadores não a usa como ponto de partida e chegada, acabando por ser intermédia
dificultando o escoamento dos munícipes do Dondo para as várias partes do país devido ao facto
dos autocarros passarem do município já superlotados, em particular os provenientes da Beira para
as Cidades de Chimoio, Maputo, Nampula e Quelimane.
63

Para o transporte inter-Urbano Foto 8: Machimbombo Transporte dos TPB

(Dondo-Beira), Dondo beneficia-


se dos 03 autocarros dos TPB e
51 transportes semi-colectivos de
passageiros licenciados, dos quais
apenas 39 se encontram a operar
no troço Beira-Dondo. Ainda
com vista a reforçar a área dos
transportes, encontram-se
licenciados dentro do município,
05 automóveis turismos para o
serviço de TAXI.

Por outro lado, os munícipes do


Dondo, tem o privilégio de possuir no seu território, uma linha férrea que liga o Município as
províncias e aos países vizinhos, o que de certo modo contribui para a maior mobilidade de pessoas
e bens, facilitando deste modo as trocas comerciais. Este meio de transporte efectua também o inter-
urbano garantindo diariamente o transporte de passageiros da Beira para Dondo e vice-versa, à
excepção de sábado e Domingo.

O Comboio proveniente de Marromeu transporta Melaço, os provenientes de Sena, Machipanda e


países vizinhos transportam produtos diversos como Adubo, trigo, contentores para Beira e desta
para os países vizinhos granitos, cobre
e contentores com produtos diversos.
Aliado ao transporte de matéria-prima
está o comboio que transporta calcário
de Muanza para a fábrica de Cimento
do Dondo.

Dentro do território Municipal


existem algumas rotas de transportes
Urbanos de passageiros que exploram
os troços Canhandula e Samora
Machel atraves da EN6, existem
Foto 9: Carro de caixa aberta transportando pessoas
64

localmente carinhas de caixa aberta não licenciadas e sem nenhuma segurança para os passageiros
que tem feito as rotas Bairro Central/Savane e Canhandula/Mandruze. A ligação entre os outros
Bairros é pedestre.

O Município do Dondo não possui um terminal dos transportes Semi-colectivo de raiz, o único
local usado como tal é uma paragem que se encontra junto a EN6 próximo do Comando provincial.
Este local não possui vedação, está ao longo da EN6 e sem faixa de protecção, perigando a
segurança dos utentes. Outro constrangimento resulta do facto de apresentar dimensões diminutas,
dai haver uma capacidade de parqueamento muito reduzida.

Telecomunicações

No que toca à Telecomunicações, na Cidade do Dondo, está montada a central técnica da


Telecomunicações de Moçambique, que facilita a comunicação dos munícipes.

O Município do Dondo dispõe das redes de telefonia móvel (Mcel, Vodacom e Movitel), satélite e
internet que enquadram nas novas tecnologia de comunicação e informação.

No ramo de comunicação social (rádio e televisão), a Cidade do Dondo, para além de se beneficiar
de uma rádio local que emite sua emissão em 45 km, recebe o sinal da Televisão Pública e privadas.

Energia Eléctrica
O sistema de energia eléctrica beneficia a maior parte dos Bairros do Município, através de ligações
domiciliárias, iluminação pública, instituições públicas e indústrias. A energia que abastece o
Município é derivada duma linha de alta tensão proveniente da barragem de Cahora Bassa. Para o
abastecimento do município, existe uma subestação localizada no Bairro de Macharote e 17 postos
de transformação (PT’s) com uma capacidade total de 3300 KVA.

Encontram-se no município 4.153 consumidores ligados a rede nacional de energia eléctrica sob
gerência da Electricidade de Moçambique (EDM) e cuja maior parte dos consumidores está
concentrada nos Bairros Central, Nhamaiabwe e Consito, e em menor número nos Bairros semi-
urbanizados como Mafarinha, Macharote, Nhamainga, Mandruze, Samora Machel e Centro Emissor
como se observa na tabela abaixo:
65

Tabela 17: Distribuição da energia eléctrica por bairro, consumidores nr de PTs e capacidade instalada.

Localização (Bairro) Número de Número de PT Capacidade KVA


consumidores

Central 823 02 945

Nhamaiabwe 920 02 475

Mafarinha 492 02 320

Consito 845 04 835

Macharote 325 01 320

Nhamainga 276 02 260

Mandruze 237 03 575

Samora Machel 235 04 620

Total 4, 153 17 3300

Fonte: EDM, Cidade do Dondo, Novembro 2010

A avaliar pelo número de consumidores actualmente existentes no município, logo depreende-se que
a rede de cobertura de energia eléctrica está abaixo das necessidades dos munícipes.

Em alguns Bairros como é o caso de Thundane, não existe energia eléctrica, enquanto o Bairro
Centro emissor apresenta apenas 40 consumidores. Deste modo, urge a necessidade de expansão
destes serviços para os Bairros que apresentam baixo número de consumidores e naqueles que
possuem um número considerável de consumidores deve-se priorizar a iluminação pública.

Os maiores consumidores de energia eléctrica de média tensão no município são as indústrias de


Cimento, Fábrica Lusalite, Rádio Moçambique e a própria EDM como retrata a tabela abaixo:
66

Tabela 18: Consumidores de Energia de Média Tensão

N.º Nome do Consumidor Localização


Potência em KVA

01 EDM n.º 1 500 Bairro Central

02 EDM n.º 02 160 Nhamaiabwe

03 EDM n.º 03 200 Consito

04 EDM n.º 04 315 Nhamaiabwe

05 EDM n.º 05 315 Consito

06 EDM n.º 06 100 Consito

07 EDM n.º 07 250 Balança

08 EDM n.º 08 100 Nhamaianga

09 EDM n.º 09 200 Consito

10 EDM n.º 10 200 Mafarinha

11 Brigada da Linha de Sena 500 Dondo

12 Lusalite de Moçambique 1000 Dondo

13 Cimento de Moçambique 1000 Dondo

14 Conselho Municipal 400 Dondo

15 Projecto Missão Luz da Paz para o Povo 50 Dondo

16 Radio Moçambique 1000 Dondo

17 Telecomunicações de Moçambique 50 Dondo

18 Centro de Instrução Militar 100 Dondo


67

19 Snail Gani 50 Dondo

20 António Pinho 50 Dondo

21 Fernando Izidro Chiuale 80 Dondo

22 Mateus Zacarias Caueia 25 Dondo

Fonte: Fonte: DEL:2013

2.1.1.5 Infra-estruturas e serviços sociais (saúde, educação, cultura e lazer) e sua


distribuição espacial

Neste ponto, pretende-se caracterizar algumas infra-estruturas e serviços sociais que funcionam no
Município de Dondo com destaque para os sectores de Saúde, Educação e Cultura. O mapa abaixo,
faz indicação da localização de algumas infra-estruturas sócias sobre tudo a educação e a Saúde.

Mapa 5: Equipamentos Sociais – Rede Escolar e Saúde

Fonte: PEU:2011
Saúde
68

No que tanque a rede sanitária, existe um hospital rural, cinco centros de saúde e dois postos de
saúde, perfazendo um total de oito unidades sanitárias, das quais 03 são privadas. Nos Bairros
Samora Machel, Thundane, Canhandula e Macharote, houve a construção de centros de saúde e
casas para enfermeiros devidamente condiciondas, segudo a tabela abaixo:

Tabela 19: Rede sanitária no Município de Dondo

Nº Unidade Sanitária Localização

01 Hospital Geral do Dondo ( Tipo 1) Bairro Consito

02 Centro de Saúde de Macharote Bairro Macharote

03 Centro de Saúde Samora Machel Bairro Samora Machel

04 Centro de Saúde de Thundane Bairro Thundane

05 Centro de Saúde Igreja Baptista (privado) Bairro Mafarinha

06 Centro de Saúde de Canhandula Bairro Canhandula

07 Posto de Saúde de Lusalite (privado) Bairro Mafarinha

08 Posto de Saúde dos Cimentos (privados Bairro Nhamainga

Fonte: SDMAS:2013

A Unidade de maior cobertura é o Hospital Geral de Dondo Sede, com uma maternidade e
capacidade de internamento de 75 camas. Esta unidade possui 03 Médicos de Clínica Geral, 01
Bacharel em Enfermagem, 04 Técnicos de Medicina Geral, 01 Técnica de Oftalmologia, 01 Técnico
de Odontoestomatologia, 02 Técnicos de Laboratório, 03 Enfermeiros Gerais, 01 Enfermeiro Geral
Especializado, 02 Técnicos de Farmácia, 05 Enfermeiras de SMI Nível Médio, 02 Agentes de
Medicina Geral, 03 Agentes de Medicina Preventiva, 02 Agentes de Farmácia, 02 Agentes de
Laboratório, 07 Enfermeiros Básicos, 06 Enfermeiras de SMI Básicas, 04 Enfermeiros Elementares,
01 Parteira Elementar e 34 Serventes. A maior parte dos pacientes frequentando esta unidade
sanitária provém do próprio Município e do PA de Mafambisse sob jurisdição do Governo Distrital
do Dondo.
69

Para além do Centro de Saúde de Dondo, existem ainda mais 06 unidades sanitárias, das quais as de
Canhandula e Macharote possuem maternidade e com capacidade de internamento de 03 camas para
cada, fazendo consultas internas e externas com o seguinte efectivo de pessoal Médico:

Tabela 20: Força de trabalho por Unidade Sanitária, Município do Dondo

Tipo Localização No de Pessoal Médico Outros


Camas Funcionários
Enferm Partei Agente de
eiros ras serviço

C.Saúde III Canhandula 03 02 - 01 Sem informação

C.Saúde IIIl Samora 03 01 - - Sem informação


Machel

C. Saúde III Macharote 03 03 - - 01

Posto de Lusalite 01 01 01 01 Sem informação


Saúde

Posto de Nhamainga 01 01 - 01 Sem informação


Saúde

Posto de Igreja 01 - - Sem informação


Saúde Baptista

Fonte: SDSMAS do Dondo, 2013

Em termos patológico, a população do Município padece de várias enfermidades sendo as mais


frequentes a malária, infecções e doenças de transmissão sexual, incluindo o HIV/SIDA, doenças de
parasitas intestinais e anemia. Nas endémicas as mais críticas são a tuberculose, doenças diarreicas e
a malária. As principais causas das doenças são a inobservância de alguns princípios básicos de
saneamento de meio, higiene individual e a não utilização de meios preventivos no caso do
HIV/SIDA.

No Município, a principal causa de óbitos é o HIV/SIDA, pelo facto da autarquia encontrar-se em


pleno corredor da Beira e também devido a vulnerabilidade da rapariga resultante da pobreza e
70

necessidade de sustentar a família aliado a ignorância do uso de preservativo com a fundamentação


de procriação.

Os trabalhos de parto são feitos na sua maioria nas unidades sanitárias, havendo casos em que se
realizam dentro da própria comunidade o que reduz circunstancialmente a mortalidade infantil e taxa
de mortalidade da mulher durante o parto.

Tabela 21: Resumo de SMI de 01/2010 a 10/2010

Nados
Mortos Óbitos Taxa de
Mortalida
Partos na Óbitos Partos Matermos de Natilida
Unidade Sanitária Maternida Matern Assistidos de
na Materna
de os Comunida (x100.00
na (x100.000)
Comunid de 0)
ade

S/Informaç
DONDO SEDE 2,247 2 172 ão 87 1,680

S/Informa
MACHAROTE 19 5 31 ção 26,315

S/Informa S/Informa
CANHANDULA 124 0 21 ção ção 3,225

Total 2390 7 224 113.315 4.905

Fonte: SDSMAS do Dondo, Novembro de 2013

Em termos de cobertura da rede sanitária, os habitantes do Bairro Thundane são os que mais se
ressente da falta duma unidade sanitária no seu Bairro, percorrendo em média 15 km até ao Centro
da Saúde mais próximo enquanto as populações dos Bairros de Mandruze e Nhamaiabwe percorrem
em média 3 km. Deste modo, pode-se concluir que a rede de cobertura sanitária ainda não satisfaz as
necessidades dos munícipes, se considerado o padrão fornecido pelo MISAU:

 (0-5Km) – Acesso favorável


 (5-10Km) – Acesso moderadamente favorável
71

 (Mais de 10Km) – Acesso não favorável


Tomando em conta a número total da população, estas infra-estruturas ainda não conseguem
atender toda a população do Município e principalmente nas zonas de expansão.

Educação
A autarquia do Dondo, neste momento, conta com 25 escolas, das quais 3 do ensino secundário
geral sendo uma privada, oito escolas completas, sete do ensino primário, duas universidades
(Centro de Recursos de Ensino à Distância da Universidade Pedagógica - Delegação da Beira e um
Instituo de Ciências e Gestão – INSG, privado), um Instituto Industrial e Comercial, um centro de
formação de emprego e 3 escolas de condução. De referir que desde da autarcisação desta Cidade,
houve maior atenção no ramo da educação, tendo como resultados, a electrificação das escolas, a
construção de raíz de 4 salas de aulas e 2 blocos administrativos, apetrechamento em mobiliários e
materiais didácticos e assistência.

O Ensino Primário do 1o Grau (EP1) é servido por 09 escolas, com um total de 32 salas de aulas, o
Ensino Primário Completo (EPC) possui 08 escolas com um total de 96 salas de aulas e por último
o Ensino Secundário Geral possui 02 escolas com um total de 31 salas de aulas.

Na EP1 e EPC as aulas são leccionadas em 2 turnos em geral e 3 turnos em alguns casos
particulares, a saber: o 1o das 07H00 às 12H15, o 2o das 12H30 às 17H35 e 3o turno das 17H45 às
22H15. No ESG, as aulas são leccionadas em três turnos diurnos como atesta o horário abaixo:

 1º Turno: 6H30 — 12H15;


 2º Turno: 12H30 — 17H45;
 3o Turno: 17H45 - 22H15.
No ano lectivo de 2010 foram matriculados no subsistema de educação do Município um total de
27.849 alunos, dos quais 13.438 no EP1, 5.992 no EPC, 6.968 alunos no ESGI e 1.451 alunos no
ESGII.

No município, nota uma evolução constante de efectivos escolares nos últimos anos, ou seja, desde
o ano 2006 até então, os mesmos tendem a aumentar de ano para ano de acordo ma tabela abaixo:
72

Tabela 22: Evolução da população estudantil de 2006 a 2010.

Ano Nível de Ensino Total

EP1 EPC ESG1 ESG2

2006 13861 4713 5341 1086 25001

2007 14053 5415 6113 1213 26794

2008 13102 5632 6133 1373 26240

2009 13406 5448 6414 1297 26565

2010 13438 5992 6968 1451 27849

Fonte: Vereação de Educação:2013

Com base na tabela no 2 observa-se que no subsistema de educação do Município da Cidade do


Dondo, o EP1 tem apresentado nos últimos 5 anos o maior número de alunos matriculados,
comparativamente com os outros níveis de ensino, sendo o ESG2 o que apresenta menor efectivo
estudantil. O facto de o EP1 apresentar o maior número de matriculados pode dever-se a factores
como a disponibilidade do livro gratuito neste nível, a isenção no pagamento de propinas e
matrículas, em suma, devido a obrigatoriedade da frequência do ensino básico.

Em contrapartida, os níveis subsequentes em particular no secundário geral, estas facilidades já não


se observam pois, os pais tem a obrigatoriedade de matricular seus filhos sem isenção tanto de
propinas bem como de matrículas, os livros deixam de ser gratuitos, a disponibilidade de professores
e salas de aulas é menor, para além de que neste nível geralmente os alunos o frequentam com idade
superior a 16 anos o que faz com que muitos alunos desistam do ensino e procurem emprego
localmente bem como nas províncias e distritos circunvizinhos.

Analisando a evolução da população estudantil nos últimos 5 anos no subsistema de educação do


Município da Cidade do Dondo, verifica-se que apesar de um ligeiro crescimento do número de
alunos matriculados de 2006 a 2010, o incremento da percentagem de alunos matriculados foi
sempre inferior a 6%, tendo havido apenas um ligeiro ascendente em 2007 na ordem dos 6,6%. Nos
73

anos 2006, 2008 e 2009 o crescimento da população estudantil matriculada foi sempre inferior ao do
ano de 2007, à excepção do número de matriculados de 2010. Comparando a população estudantil
de 2006 com a de 2010, verifica-se que esta última cresceu nos últimos quatro anos em cerca de
10,2%.

Tabela 23: Efectivo docente por EP1 e EPC, 2010

No Nome da Escola Bairro Prof. Com Formação Total

H M HM H M HM

01 EP1 1o Maio Mandruze 05 01 06 05 01 06

02 EP1 Mandruze Mandruze 08 06 14 08 06 14

03 EP1 dos Combatentes Mafarinha 07 11 18 10 13 23

04 EP1 El Shaddai Mafarinha 01 09 10 01 09 10

05 EP1 Macharote Macharote 07 03 10 09 03 12

06 EP1 C. Ac. Macharote Macharote 06 13 19 09 18 27

07 EPC 25 de Setembro Mafarinha 12 41 53 13 44 57

08 EPC Josina Machel Central 20 31 51 13 31 54

09 EP1 Centro Emissor Samora Machel 03 06 9 05 07 12

10 EPC Marcação Samora Machel 07 04 11 08 05 13

11 EPC Consito Consito 12 30 42 15 33 48

12 EPC Eduardo Mondlane Canhandula 18 24 42 01 42 43

13 EPC Antigos Combatentes Nhamainga 11 39 48 09 39 48

14 EPC 7 de Abril Nhamayabwé 22 34 56 25 37 62

15 EPC C. Ac. Cheringoma Namayabwé 21 16 37 23 18 41


74

16 EP1 Tundane Thundane 06 02 08 06 02 08

17 EP1 Nghutu Nghutu 03 02 05 03 02 05


(Canhandula)

Fonte: SDEJT, Dondo, 2010

Para atender estes efectivos, durante o período observou-se igualmente o aumento do efectivo
docente, segundo demonstra a tabela abaixo:

Tabela 24: Evolução do efectivo docente no Município de Dondo 2006 a 2012

Ano Nível de ensino Total


EP1 EPC ESG1 ESG2
2006 105 63 64 13 245
2007 118 70 74 14 276
2008 192 77 74 16 359
2009 241 77 74 19 441
2010 366 117 109 19 661
2011
2012
Total
Fonte: Vereação de Educação:2013

O Ensino Primário Completo apresenta maior número de docentes comparativamente aos outros
níveis abrangendo cerca de 59,9% do efectivo docente total do Município.

Comparativamente com outros níveis de ensino, neste o crescimento tem sido exponencial, tendo
havido um incremento de cerca de 303 professores nos últimos quatro anos. Este crescimento deve-
se a promoção do ensino básico obrigatório associado a massificação de formação de professores
nos IFP do nível primário bem como ao elevado número de salas de aulas que este nível ostenta
havendo dai necessidade da satisfação da procura.

O Ensino Secundário do 2o Ciclo apresenta um efectivo docente muito reduzido, resultando do


facto do Município possuir um número reduzido de salas de aulas e consequentemente poucos
alunos neste nível.
75

Observando-se a evolução do efectivo docente nos últimos 5 anos, verifica-se que anualmente
houve sempre um aumento do número de docentes tendo sido de 31 no ano lectivo de 2007, 83 em
2008, 52 em 2009 e 200 no ano lectivo de 2010. Portanto, nos últimos 5 anos o MINED contratou
só para as escolas do Município cerca de 366 novos docentes.

No que concerne ao raio de cobertura, no subsistema de educação do Município foram matriculados


no ano lectivo de 2010 cerca de 19430 alunos no ensino básico contra 111 salas existentes, podendo-
se concluir que as salas existentes albergavam em média 88 alunos considerando apenas os 2 turnos
(manhã e tarde) número considerado muito elevado tendo em conta que o ideal seria 45 alunos por
turma.

Por outro lado, considerando uma sala 3 turnos então tem-se 58 alunos número igualmente
considerado muito elevado. Sendo assim, para melhor cobertura do número de matriculados no
referido ano, seriam necessárias 216 salas considerando 2 turnos e 144 considerando 3 turnos. Deste
modo, considerando apenas 2 turnos, observa-se que no município houve défice de 105 salas de
aulas no ano lectivo de 2010 enquanto para 3 turnos o défice foi de 33 salas.

Enquanto isso, dos 8419 alunos matriculados no ano lectivo de 2010 no ensino secundário geral,
havia 34 salas disponíveis. Sendo assim, considerando apenas 2 turnos verificava-se que cada sala
albergava em média 124 alunos por turma e considerando 3 turnos a média era 83 alunos. Para 2
turnos o défice em salas de aulas era de 60 salas de aulas, sendo necessário total de 94 enquanto para
3 turnos o défice era de 28 salas de aulas sendo necessário cerca de 62 salas.

Todavia, considerando apenas a população vivendo dentro do município e tendo em conta que o
MINED considera 15% como sendo a população em idade escolar para o ensino básico, então pode
observar-se com base no quadro no 15 que apenas os Bairros Central, Nhamainga, Samora Machel e
Canhandula apresentam um nível de cobertura óptimo de salas de aulas, considerando o indicador
do MEC (1turno/45alunos) ou seja uma sala 90 alunos subdivididos em dois turnos enquanto os
restantes Bairros apresentam um défice de salas de aulas na ordem de 29 salas de aulas.
76

Tabela 25 : Nível de Cobertura da Educação para EP1 e EPC em 2010

Localização População em Número de salas


idade Escolar
Existentes Nível Óptimo Necessidades

Central 637 19 07 0

Mafarinha 1 876 17 21 04

Nhamaiabue 2 513 19 28 09

Consito 1 574 08 17 09

Thundane 156 00 02 02

Nhamainga 555 12 06 0

Samora Machel 680 09 08 0

Macharote 1 009 07 11 04

Mandruze 749 07 08 01

Canhandula 976 13 11 0

Total 10 725 111 119 29

Fonte: SDEJT do Dondo, Novembro de 2010

Para o ensino secundário e usando o mesmo indicador, o Município possuía cerca de 5,665 alunos
contra 34 salas, significando que cada sala tinha em média 83 alunos, havendo necessidade de
incremento de 29 salas.

A maioria das escolas foram construídas com material convencional (Cimento) à excepção da EP1
de Thundane construída com material precário, elas apresentam-se em bom estado de conservação
na sua maioria e são abastecidas com base em Bomba manual.

Em termos de docentes no EP1 e EPC, o município apresenta um total de 483 docentes, sendo 272
do sexo feminino, 439 possuem formação, correspondendo a 90%. Contudo, apesar de o município
77

possuir um número considerável de docentes formados, existe ainda um longo caminho por
percorrer de modo que nos próximos anos, se tenha escolas com docentes totalmente formados e
para além disto, é de salutar a maior abrangência de mulheres neste processo totalizando 56%.

Com vista a réplica do programa um aluno uma árvore ou um líder uma floresta, o Município possui
um viveiro municipal no Bairro de Canhandula. Neste desenvolvem-se espécies arbóreas como o
eucalipto, cajueiro e acácias, sendo estas últimas em menor quantidade. Deste projecto já foram
beneficiadas as escolas primárias completas de Consito e Mandruze. No que concerne a residência
para professores é de realçar que actualmente existem cerca de 20 casas destinadas a acomodação de
professores.

Cultura e Desporto
O Município da Cidade do Dondo apresenta actividade cultural bastante intensa, existindo na
autarquia até ao momento da elaboração deste documento 13 grupos culturais, sendo 09 de música
ligeira e 04 de teatro como se observa na tabela abaixo:

Tabela 26: Distribuição de grupos culturais no Município do Dondo

NOME DO GRUPO LOCALIZAÇÃO TIPO DE ACTIVIDADE

Conjunto Puto Nhamajuia Samora Machel Música Ligeira

Afro 1 DMESS Central Música Ligeira

Romântico Nhamayabwé Música Ligeira

Família Pastor Nhamayabwé Música Ligeira

Magnésio Nhamayabwé Música Ligeira

Marfanhado Nhamayabwé Música Ligeira

Tchondo Nhamayabwé Música Ligeira

Irmãos Sanzaiane Nhamayabwé Música Ligeira

Malissane Central Música Ligeira


78

Grupo Teatral Tafica Nhamayabwé Teatro

Centro Educacional Dondo Central Teatro

ACCADATE Nhamayabwé Teatro

Escola Secundária Macharote Macharote Teatro

Fonte: Vereação de Educação e Cultura, Dondo, 2013

Apesar da existência duma intensa actividade cultural no Município, os grupos deparam-se com
problemas de vária ordem, desde espaços para ensaios, instrumentos de trabalho, equipamentos e
outros constrangimentos.

A actividade religiosa está consolidada existindo actualmente no município 76 igrejas registadas,


embora existam muito mais não registadas. A religião católica romana é a predominante e com mais
membros seguida pela cristã protestante enquanto a muçulmana apresenta o menor número, se
comparada com as referidas acima, sendo professada grandemente no Bairro Central.

Na Cidade do Dondo existem 10 campos de futebol, dos quais um campo municipal, situado no
Bairro Cosito e nove campos para o campeonato recreativo nos restantes Bairros. Os campos
situados nos Bairros Consito e Mafarinha se apresentam em bom estado de conservação para a
prática do desporto do nível distrital ou provincial, o municipal possui algumas bancadas, tribuna de
honra e vedação, mas carece de uma reabilitação total. Neste Município, cada Bairro possui 1 campo
de futebol pelado. Para além dos campos de futebol 11, pode-se encontrar um pavilhão pertencente
ao Clube do Dondo no qual se pratica Andebol, Voleibol e Basquetebol. Todos campos de futebol
onze carecem de melhoramento para uma melhor prática de futebol.

Em termos de Clubes Desportivos, existem nesta cidade 31, dos quais 5 são federados e 26
recreativos realizando campeonatos recreativos entre Bairros e os federados participando no
campeonato provincial. O Campo polivalente existente carece de reabilitação total.
79

Tabela 27: Clubes desportivos do Município do Dondo

CLUBES DESPORTIVOS LOCALIZAÇÃO TIPO DE CAMPEONATO

Escola Prática do Exército Samora Machel Recreativo (Futebol 11)

Fanta de Mandruze Mandruze Recreativo (Futebol 11)

OJM de Nhamaiabwe Nhamaiabwe Recreativo (Futebol 11)

Desportivo de Mafarinha Mafarinha Recreativo (Futebol 11)

Futebol Clube de Consito Consito Recreativo (Futebol 11)

Futebol Clube da Viragem Mafarinha Recreativo (Futebol 11)

OJM de Nhamainga Nhamainga Recreativo (Futebol 11)

Força de Mudança Bairro Central Alta Competiçao (Futebol 11)

FC de Arsenal de Mafarinha Mafarinha Recreativo (Futebol 11)

Sporting da Balança Samora Machel Recreativo (Futebol 11)

F.C. de TZR Mafarinha Recreativo (Futebol 11)

MOFLOR Nhamaiabwe Recreativo (Futebol 11)

Sport Waza Consito Recreativo (Futebol 11)

Clube Desportivo veteranos Central Vetranos (Futebol 11)

Académica de Nhamaiabwe Nhamaiabwe Recreativo (Futebol 11)

ACADECO Central Andebol

Mambinhas Jovens de Mudança Mafarinha Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Vila United Central Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Real Madrid Consito e Nhamainga Recreativo Juvenil (Fut. 11)


80

Sporting de Consito Consito Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Brigada de Reconstrução da Linha de Consito Recreativo Senior (Fut. 11)


Sena

Barcelona F.C. Mafarinha Recreativo Juvenil (Fut. 11)

EPC Eduardo Mondlane Nhamainga Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Provoca Febre Mafarinha Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Chama da Unidade Mandruze Recreativo Juvenil (Fut. 11)

Spark da Baptista Central Federado (Andebol) e Futsal

Clube do Dondo Central Federado (Andebol) e Futsal

Luz para os povos Mafarinha Federado (Futsal)

Usa Inteligência (Iniciados, Juvenis e Consito Federado (Xadrez)


Seniores)

Clube Desportivo da UP Central Atletismo (Alta competição)

Nucleo de Atletismo da Cidade de Consito Atletismo (Alta competição e


Dondo recreação)

ONP Central Veteranos (Futebol onze)

Novas Estrelas Canhandula Recreação (Futebol onze)

25 de Setembro Canhandula Recreação (Futebol onze)

Flamengos Central Futsal

Escola Secundária de Dondo Consito Futebol, Andebol e Futsal

Liga Muçulumana Canhandula Recreação (Futebol onze)

Leões da Vila Central Futsal


81

Favela Team Consito Futsal

Chuto certo Mafarinha Futebol onze infantil

Desportivo da Força da Mudança Macharote Futebol onze recreativo

Futuras Novas Estrelas Central Futebol Feminino

Clean Star Samora Machel Futebol onze

F.C. EDM de Dondo Central Futebol onze (recreação)

Conselho Municipal de Dondo Central Futebol onze

Kimura Shukokay Central Artes Marciais

Escola Secundaria de Macharote Macharote Futebol, Basquetebol, Xadrez,


Atletismo

Fabrica de Comentos de Nhamainga Futebol onze


Moçambique

Onze Irmãos Canhandula Recreação (Futebol onze)

Futebol Clube da Papeline Canhandula Recreação (Futebol onze)

Zona Quente Canhandula Recreação (Futebol onze)

Fonte: Vereação de Educação, Juventude e Cultura de Dondo, 2013

2.1.2 Descrição da estrutura político-administrativa local

O Poder Executivo é exercido pelo Presidente do Conselho Municipal. O titular do cargo máximo
do Município é o Presidente, eleito directamente pelo voto popular, que exerce funções políticas,
executivas e administrativas. Os vereadores são indicados para o cargo pelo Presidente e actualmente
em Dondo existem 6 vereadores.
O Conselho Municipal de Dondo exerce o Poder Legislativo através da Assembleia Municipal e é
constituída actualmente por 21 membros eleitos pelo povo, através do voto directo, para um
82

mandato de cinco anos, coincidente com o mandato do Presidente. A Assembleia Municipal,


trabalha com cinco comissoes noeamdamente: (i) Comissão de Agricultura, Mercados, Indústrias e
Feiras; (ii) Comissão de Plano, Orçamento e Finanças; (iii) Comissão de Legalidade e Petições; (iv)
Comissão de Construção, Água e Saneamento; e (v) Comissão de Assuntos Sociais.

A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Município e das


entidades da administração directa, indirecta e fundacional quanto à legalidade, legitimidade,
economicidade, razoabilidade e aplicação das subvenções e renúncia de receita é exercida
pela Inspecção Municipal.
A inspecção municipal é dirigida por inspector chefe, indicado pelo Presidente do Conselho
Municipal e tem jurisdição própria e privada e competência específica em relação ao controle
externo da administração financeira e orçamentária do Município do Dondo.
O Conselho Municipal está organizado em órgãos da Administração Directa e Indireta. Os órgãos
de administração directa, estão de acordo com o organograma do Conselho Municipal apresentado
abaixo:
Gráfico 5: Organigrama do Conselho Municipal do Dondo

Fonte: CMCD:2013
83

Para o seu melhor desempenho, o município da Cidade do Dondo é composto por 06 Vereações
que são: Vereação de Construção, Urbanização e Infra-estruturas, Vereação de Saúde, Acção Social e
Género, Vereação de Educação, Cultura e Desporto, Vereação de Desenvolvimento Económico
Local, Vereação de Plano e Finanças e Vereação de Serviços Urbanos e Gestão Ambiental. Por
outro lado, estas vereações coordenam e articulam as actividades cuja competência é ou não
exclusiva do Conselho Municipal sob jurisdição do Presidente do Conselho Municipal e Membros
da Assembleia Municipal.

2.1.3 Análise dos factores socioeconómicos local

2.1.3.1 Dinâmica demográfica

A população urbana, assim como a densidade populacional, é um indicador que mede as pressões
sobre os recursos ambientais como a água, o solo, o ar e a biodiversidade, tanto da zona urbana
como das zonas vizinhas. Tem influência directa na exploração dos recursos naturais como a água e
o solo; na produção de resíduos sólidos e efluentes líquidos; e na poluição atmosférica pelo trânsito,
pelas indústrias e pelo uso doméstico de combustíveis lenhosos1 Assim, a dinâmica demográfica é
uma das principais forças motrizes da mudança ambiental.

Indicadores seleccionados:

 População em assentamentos urbanos formais e informais


 Crescimento populacional

No município da Cidade do Dondo, a população é maioritariamente adulta, cobrindo cerca de 53%


do total. A existência duma população adulta pressupõe a criação de condições de emprego dentro
do município, facto este, que actualmente tende a se regenerar devido o surgimento de grandes
investimentos no ramo industrial.
Com base nos dados fornecidos pelo INE no censo de 1997, o Município do Dondo tinha uma
população estimada em 71,644 habitantes, passados 10 anos, verifica-se que ela passou para 70,817
habitantes, tendo-se observado uma redução de 827 habitantes.

Pode-se considerar que a taxa de crescimento do município do Dondo reduziu, devido


provavelmente a migração da população desta Urbe para outras cidades a procura de melhores
condições de vida como emprego, educação, saúde, dentre outras, aliado a este factor, observa-se
um elevado índice de HIV provocando a redução da população, para além de que na altura do censo
de 1997 passavam apenas 5 anos após os acordos gerais de paz e nesta altura nem todos os

1
PNUMA, Manual para a Elaboração de Relatórios GEO Cidades, Manual de Aplicação, Versão 2, 2004, p. 29.
84

refugiados haviam regressado às suas zonas de origem. Todavia, devido a crescente procura de
espaços em particular por residentes da cidade da Beira para construção de casas de habitação, aliado
ao incremento de mais indústrias, levando ao crescimento económico vertiginoso do município,
estes factores poderão provocar nos próximos anos uma explosão demográfica.

2.1.3.2 Dinâmica Económica

A dinâmica económica é, na maioria dos casos, o factor determinante do desenvolvimento urbano


dos países e um importante factor de pressão sobre o meio ambiente. As actividades económicas
que afectam o meio ambiente podem ser definidas como: consumo de matérias-primas; uso do solo
como suporte para suas actividades produtivas (agricultura, construção de instalações, estradas e ruas,
armazenagem, etc.); destinação final de resíduos sólidos e líquidos resultantes do processo
produtivo.

Tabela 28: Pressões sobre os recursos ambientais criadas pelas actividades industriais
MEIO AMBIENTE
ACTIVIDADES AR ÁGUA SOLO BIODIVERSIDADE
CONSTRUÍDO
SECTOR

POLUIÇÃO POLUIÇÃO E
POLUIÇÃO QUALIDADE DEGRADAÇ DESFLOREST- DETERIORA CONTAMINA
ATMOS- ESCASSEZ CONTAMINA
SONORA (POLUIÇÃO) ÃO AÇÃO ÇÃO ÇÃO
FÉRICA ÇÃO

ABATE DE AVES
MATADOURO
ALIMENTAR

MOAGEIRAS
PANIFICADORAS
FABRICO DE BEBIDAS (PEQUENA ESCALA)
MACHAMBAS DE SUBSISTÊNCIA
PECUARIA DE SUBSISTÊNCIA
OFICINAS AUTO
CONSTRUÇÃO TRANSPORTES

POSTO DE GASOLINA, LUBRIFICANTES


RECONDICIONAMENTO DE PNEUMÁTICOS
BATE CHAPAS/ PINTURA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO E
FERROVIARIO
SERRALHARIAS
SERRAÇÕES
CARPINTARIAS
OBRAS DE CONSTRUÇÃO CIVIL
EXTRAÇÃO DE AREIA
FABRICA DE CIMENTOS
INDÚSTRIAS

FABRICA DE LUSALITE
DIVERSAS

FABRICA DE ETANOL
FABRICA DE TRAVESSAS
ALFAIATARIA
ESTOUFARIA
BARES E RESTAURANTES
SERVIÇOS

HOTÉIS E MOTÉIS
FARMÁCIA
HOSPITAL/POSTO DE SAÚDE
COMÉRCIO GROSSISTA E RETALHA

No Município da cidade de Dondo, as actividades industriais, quer do sector formal quer do


informal, poluem o meio ambiente sem qualquer preocupação evidente por parte dos donos,
85

enquanto o Conselho Municipal não tem a capacidade (em termos de equipamentos para medir e
registar, posturas e pessoal capacitada) para instigar um controlo ambiental adequado, apesar da
consciência da importância deste controlo para a saúde e bem-estar da população.

No que refere ao sector formal, as padarias consomem grandes quantidades de lenha e as diversas
fábricas especialmente as de produção de cimento e álcool precisam de grandes volumes de água.
Observa-se que as moradias próximas à fábrica de cimento, ficam cobertas da poeira, e não há
conhecimento sobre as substâncias que contêm e o seu impacto para a saúde dos moradores.

Indicador seleccionado

 Índice de Gini (desigualdade social)

Para os propósitos da elaboração do Informe GEO CIDADES, a desigualdade social está para além
da desigualdade de renda entre segmentos sociais, ainda que esta seja um componente central da sua
caracterização. Ela traduz-se na desigualdade de acesso dos habitantes a serviços urbanos essenciais
para a qualidade de vida (como o abastecimento de água potável, o sistema de esgoto e a colecta do
lixo doméstico) e a terrenos urbanos de qualidade para a construção de habitações adequadas.

A ausência de serviços para os habitantes das áreas marginalizadas das cidades pressiona o meio
ambiente local, contribui para a contaminação da água e do solo, e afecta os recursos da fauna e da
flora - plantas, árvores e animais diversos. Estes grupos marginalizados são, com frequência, os
primeiros a serem afectados pela degradação ambiental, expressa pela proliferação de mosquitos
transmissores da malária e outras doenças (como a febre amarela e o dengue, p.ex.), que têm um
sério impacto sobre a saúde humana e a qualidade de vida.

Os sectores sociais mais ricos contribuem para pressionar o meio ambiente construindo, por
exemplo, condomínios residenciais em locais de protecção ambiental. As indústrias e empresas de
construção civil afectam de maneira destrutiva a natureza, lançando substâncias poluentes e
avançando sobre áreas de reprodução natural das espécies da fauna local.

2.1.3.3 Ocupação do território

A ocupação do território é o resultado e a expressão material/ambiental da interacção das dinâmicas


demográficas e económica. Ocupação territorial é a progressiva adequação e incorporação dos
recursos ambientais do território à expansão da mancha urbana, o que implica em algum grau de
destruição e ameaça à integridade dos ecossistemas.
O processo de urbanização pressupõe necessariamente a ocupação do território, base física sobre a
qual se desenvolve o conjunto de actividades urbanas como: a construção de habitações, a abertura
86

de ruas e avenidas, a construção de plantas industriais, a construção de depósitos, a construção de


hotéis e lojas, o preparo da terra para a produção agrícola orientada ao consumo urbano, a
construção de templos assim como de equipamentos para o lazer, a atenção à saúde e à educação
dos habitantes, e, a construção da infra-estrutura de esgoto e abastecimento de água e energia para as
residências.

Indicadores seleccionados:

 Superfície e população em assentamentos urbanos formais e informais


 Volume total de águas residuais domésticas não tratadas
 Distribuição modal (Densidade habitacional)
 Mudança de solo não urbano para solo urbano
 Redução da cobertura vegetal

A ocupação do solo no município caracteriza-se por uma diferenciação nítida entre zonas
densamente habitadas e urbanizadas cuja génese está directamente ligada a instalação da linha férrea
e a fábrica de Cimento. As zonas de características rurais com ocupação habitacional dispersa estão
sempre associadas a agricultura e pecuária.

O núcleo urbano principal do Município da Cidade do Dondo corresponde a uma área aproximada
de 70.600 hectares, e constitui a parte de ocupação habitacional densa paralelamente a zona
suburbana onde as ocupações caracterizam-se por assentamentos informais.

No que concerne a ocupação do solo, o Município possui uma variedade de zonas, desde as
urbanizadas que ocupam uma área de 70.6Km 2, semi-urbanizada com 127.9Km2 e as não urbanas
ocupando uma área de 183.28Km2 (com uma densidade populacional é de 20,8, 32,9 e 0,9
respectivamente). A zona industrial apresenta-se distribuída de forma irregular, encontrando casos
em que esta se encontra localizada junto as zonas residenciais enquanto o equipamento comercial
localiza-se grandemente no Bairro Central.

Tabela 29: Uso do Solo, Tipo de ordenamento e habitação em 2010

Classificaçã
Bairros Acesso à Terra Ordenamento Habitação Infra-estruturas
o

Formal, Planos de Permanente


Zonas Água domiciliar e
Central licenciamento e Urbanização prédios e
Urbanizadas electricidade
titulação coloniais moradias
87

Água domiciliar,
Formal, Planos de
Permanente, drenagem subterrânea,
Consito licenciamento e Urbanização pós
unifamiliares electricidade e ruas
titulação independência
pavimentadas

Alguns sem
acesso aos
DUAT,

Ocupações
Fontanários, algumas
Nhamaiab espontâneas Alguns com Tradicional, ligações de água
we, Atribuição de planos parciais de melhorada e domiciliárias e no quintal.
Zonas sub- Macharote Título ou licença urbanização, parcialmente Electricidade e estradas
urbanizadas , provisória – a talhões parcelados consolidada, de terra.
Mandruze, pedido ou e outros com a
Canhandul registo forma de Tradicional. Fontanários, poucas
a e Samora sistemático ocupação Pouco ligações de água
Machel espontânea consolidada domiciliares e no quintal.
Licença Estradas de terra.
provisória – a
pedido ou
registo
sistemático

Tradicional
Ligações de água no
Ocupações pouco
Mafarinha, quintal, alguns
espontâneas e consolidada na
Zonas não Nhamaing fontanários e
Ocupação ilegal plano parcial nos sua maioria,
urbanizadas a e electricidade. Vias de
caminhos-de- convencional
Thundane acesso estreitas, uso de
ferro nas residências
poços a céu aberto.
dos CFM

Fonte: CUI:2013.

A zona urbanizada ocupa uma pequena superfície do Município (os Bairros Central e Consito),
nestes encontram-se concentradas a maioria das infra-estruturas desde as estradas asfaltadas,
abastecimento de energia, indústrias, variedade de estabelecimentos comerciais, locais de
acomodação, escolas, hospitais e várias instituições de prestação de serviços. Deste modo, os
edifícios que lá se encontram na sua maioria são usados como escritórios razão pela qual a densidade
populacional é relativamente baixa, enquanto nas zonas periféricas dos Bairros encontram-se
implantadas muitas residências que se beneficiam destes serviços devido a sua proximidade.
88

Zonas Urbanizadas

Estas correspondem a espaços urbanos caracterizadas por estarem planificados, consolidados na sua
estrutura e com infra-estruturas completas.

Dentro do Município do Dondo, os Bairros Central e Consito apresentam-se consolidados, com


uma rede viária assinalável, apresentando estradas largas e com sistema de drenagem funcional. É
nestes Bairros que se encontram concentradas a maioria dos equipamentos sociais como escolas e
hospitais, serviços e outros equipamentos.
Nestes Bairros, são encontradas maior
parte das infra-estruturas político-
administrativas como são os casos do
Tribunal Judicial, Conselho Municipal,
Registo Civil, Serviços Distritais de
Educação, Juventude e Desportos,
Direcção de Identificação Civil e Sedes
dos partidos políticos. Parte das
habitações foi construída com material
convencional. Não obstante a concentração de infra-estruturas e equipamentos sociais, a
concentração populacional actualmente é reduzida dado que as casas são do tipo unifamiliar e de
baixa altura onde os naturais que beneficiaram-se das habitações do período colonial arrendam suas
residências às empresas sendo estas transformadas em escritórios, lojas e outros sectores de
prestação de serviço.

Zona Sub-urbanizadas

As Zonas Suburbanas são aquelas que já tiveram algumas acções planificadas de urbanização,
principalmente a demarcação de talhões, abertura de acessos e infra-estruturas como redes de
distribuição de energia e água canalizada, isto é, áreas planificadas com algumas infra-estruturas por
completar e áreas não planificadas com algumas infra-estruturas sobretudo de abastecimento de água
e energia, com sistema viário predominantemente em terra e regra geral de média densidade
habitacional (entre 20 e 60 casas por hectare). Ocorrem alguns casos com densidades mais altas, não
obstante o facto de as casas serem unifamiliares e de baixa altura na maior parte dos casos. Isto
sucede porque de forma não controlada, os talhões vão sendo ocupados por mais de uma família.
89

Fazem parte desta zona os Bairros


Nhamaiabwe, Macharote, Mandruze,
Canhandula, Samora Machel e Centro
Emissor. Estes apresentam uma
ocupação em forma de assentamentos
informais, existindo terrenos de
dimensões que não permitem o
estabelecimento de casas e espaço para a
realização doutras actividades, são
desprovidos de sistema de escoamento
das águas pluviais, valas naturais de escoamento entupidas e cheias de arbustos e a maior parte delas
são aproveitadas pela população para a prática de agricultura de pequena escala e hortícolas, as casas
construídas com material precário com base em pau a pique, barro, estacas e cobertas de palha,
sendo algumas semi-convencionais de construção precária. Territorialmente, estas áreas
caracterizam-se por apresentar maior concentração da população em condições informais e mal
distribuídos.

Zona não urbanizadas

São áreas que foram ocupadas sem terem sido precedidas de acções de planeamento urbano. Nestas
áreas observa-se uma acelerada densificação em baixa altura, em locais carentes de ordenamento
urbano e infra-estrutural, num processo descontrolado que dificultará no futuro o melhoramento
das condições básicas de vida dos seus ocupantes.

São os casos dos Bairros Mafarinha, Nhamainga e Thundane. Os dois últimos Bairros, são os que
apresentam menor densidade populacional estando desprovidos de equipamentos sociais e infra-
estruturas. Nestes Bairros, verifica-se a ausência de ordenamento, falta de sistemas de drenagem,
residências dispersas, extensão enorme de espaços que são ocupados por quintas muitas das quais
subaproveitadas retardando a urbanização das referidas áreas. A prestação de serviço é inexistente,
observando-se a falta de escolas, unidades sanitárias e outros.

Área Comercial

A actividade comercial desenvolve-se com maior fluxo no Bairro central onde se encontram a
maioria de locais de prestação serviços e população com maior poder de compra. Neste local, pode-
90

se encontrar uma variedade de lojas, desde as de vestuário, alimentação, mobiliário e outras. A maior
parte dos estabelecimentos comerciais deste Bairro são bancas fixas e barracas maioritariamente
pertencentes ao sector informal. Nos restantes Bairros desenvolve-se um comércio informal,
caracterizado por existência de um número considerável de barracas e vendedores ambulantes.

Área Industrial

A actividade industrial encontra-se em franco desenvolvimento no município, contudo o


estabelecimento de complexos industriais não obedece as regras de ordenamento territorial, pois,
estas encontram-se dispersas sendo algumas das quais como a Lusalite e de travessas rodeadas por
casas de habitação, levando a incompatibilidade de usos.

Área Habitacional

O tipo de casas predominante no município, é de construção precária basicamente pau-a-pique,


bambú, estacas, tijolo burro queimado e as paredes maticadas com argila e cobertura de capim e
chapas Lusalite produzidas localmente e sem instalação eléctrica nem água canalizada. Grande parte
delas situa-se nas zonas de ocupação espontânea, havendo também algumas casas de tipo
convencional nos Bairros Central e Consito.

Na parte consolidada do Bairro Central, a maior parte das casas são construídas com material
convencional usando-se predominantemente Cimento, a tipologia de habitação é de um piso
incluindo construções para fins comerciais ou serviços, existindo também um número considerável
de edifícios de 2 ou mais pisos.

2.1.2.4 Desigualdade social

A desigualdade sócia e a pobreza têm muitas dimensões e definições. Alguns dos aspectos da
desigualdade social é a pobreza traduzida na falta de rendimento familiar, recursos insuficientes e
vulnerabilidade a abalos sociais, económicos e biofísicos. De acordo com May (1998) 2, a pobreza
pode ser caracterizada pela “incapacidade de indivíduos, agregados familiares e comunidades de
obter recursos suficientes para satisfazer um padrão de vida mínimo que é socialmente aceitável.”

2
May, J (1998) Poverty and Inequality in South Africa. Report prepared for the Office of the Executive Deputy
President and Inter-Ministerial Committee for Poverty and Inequality.
http://www.polity.org.za/html/govdocs/reports/poverty.html (Tradução do CDS-Zonas Urbanas)
91

Na avaliação do Estado do Ambiente é essencial considerar a pobreza e a vulnerabilidade por causa


da sua estreita relação com as condições ambientais. As questões de população, pobreza e o estado
do ambiente são intrinsecamente ligadas, pois a população pobre tem uma dependência imediata nos
recursos naturais (por exemplo, pelo uso de lenha e carvão), está mais exposta a problemas
ambientais (por exemplo a poluição do ar, incluindo fumos de cozinha, poeiras, emissões industriais)
e tem menor capacidade de lidar com os seus efeitos.

Os grupos populacionais vulneráveis e pobres são também as principais vítimas das mudanças
ambientais, que tem consequências mais severas para esses grupos. Por outro lado, os grupos
vulneráveis são também os agentes da mudança ambiental, e por isso a degradação ambiental é
frequentemente o resultado da sua luta para adquirir as necessidades básicas de alimentação, água,
habitação e combustível.

Os indicadores seleccionados para monitorar a pobreza e vulnerabilidade estão apresentadas na lista


a seguir. Infelizmente, para alguns dos indicadores não foi possível obter dados que referem apenas
à Cidade de Dondo, pois os dados disponíveis referem à totalidade da Província de Sofala onde as
condições de vida, e os níveis da pobreza, variam entre as zonas costeiras e o interior, e entre as
zonas urbanas e as zonas rurais.

Indicadores seleccionados

 Percentagem da população em pobreza absoluta


 Taxa de analfabetismo de adultos
 Esperança de vida
 Mortalidade infantil
 Prevalência de HIV/SIDA

Para avaliar a desigualdade social no Município da cidade de Dondo, podemos citar alguns exemplos
que descrevem este facto, destacando que nos dez (10) bairros da autarquia, apenas os bairros
Central e Consito encontram providos de serviços básico e de infra-estruturas sociais e privadas de
realce, designadamente, saúde, estabelecimentos de ensino, comercio, serviços de administração, a
banca bem como a rede eléctrica, água canalizada.
Os restantes bairros, embora existir esforços por parte do Governo local para prover de serviços
básicos e infra-estruturas sociais, ainda estão aquém das necessidades da população. Por e.x, os
bairros de Nhamainga, Mandruze e Samora Machel, em que o número de consumidores de energia
92

eléctrica totaliza 748 consumidores comparativamente como bairro de Nhamaiabwe que chega a
ultrapassar mais de 920 consumidores.

2.1.2.5 Consumo de energia


O consumo urbano de energia está ligado ao desenvolvimento, à saúde e à qualidade de vida dos
habitantes das cidades, e tem fortes implicações para o meio ambiente nacional e global. Na medida
em que a produção de energia nesses países envolve o uso da terra, ela produz efeitos sobre o
equilíbrio ambiental.

As perspectivas para o aumento de fornecimento de fontes renováveis são promissoras, mas


dependem de altos investimentos; uma fonte com grande potencial de investimento, nas próximas
décadas é o metano (CH4), originado dos aterros sanitários. Na maioria dos casos, o gás é queimado
em tochas para evitar explosões, mas sua queima controlada pode gerar energia para abastecer redes
locais (o volume gerado não supriria a cidade em grande escala). A prática representaria também
uma contribuição para a redução de emissões causadoras de efeito estufa, no espírito do Protocolo
de Quioto, que estimula alternativas energéticas de baixo impacto.

O consumo de energia relaciona-se com o nível de desenvolvimento e a disponibilidade do serviço


de abastecimento de energia, e outros combustíveis. Dependendo dos tipos de energia usados e as
suas fontes, o consumo de energia pode ter um impacto local em termos de emissões atmosféricas
ou um impacto principalmente a nível macro, contribuindo para a acumulação dos gases de estufa e
portanto à mudança climática.

Indicadores seleccionados para consumo deenrgia

 O consumo de energia (eléctrica) per capita (Wh per cápita/por ano)

No município da cidade de Dondo, a energia eléctrica é a principal fonte para o uso industrial,
comercial, para a iluminação pública e fins domésticos gerais. A energia eléctrica provém da Central
Hidroeléctrico de Cahora Bassa. Portanto pode ser considerada uma forma de energia limpa, que
não produz emissões atmosféricas. Contudo, tem outros impactos ambientais significativos ao longo
do vale do Rio Zambeze.

No sector doméstico o uso de energia eléctrica é praticamente limitado à iluminação e à alimentação


de bens electrodomésticos. Como já foi referido é pouco usada para a cozinha devido ao seu custo,
Na cidade de cimento, utilizam-se fogões de carvão vegetal (mesmo nas varandas dos prédios),
93

enquanto nos bairros se utilizam fogões de carvão ou fogueiras de lenha O uso de gás para cozinhar
está a crescer nas famílias mais abastecidas. Petróleo é pouco usado para cozinhar em Moçambique,
embora seja usado para iluminação.

O sistema de energia eléctrica beneficia a maior parte dos Bairros do Município, através de ligações
domiciliárias, iluminação pública, instituições públicas e indústrias. A energia que abastece o
Município é derivada duma linha de alta tensão proveniente da barragem de Cahora Bassa. Para o
abastecimento do município, existe uma subestação localizada no Bairro de Macharote e 17 postos
de transformação (PT’s) com uma capacidade total de 3300 KVA.

Encontram-se no município 4.153 consumidores ligados a rede nacional de energia eléctrica sob
gerência da Electricidade de Moçambique (EDM) e cuja maior parte dos consumidores está
concentrada nos Bairros Central, Nhamaiabwe e Cosito, e em menor número nos Bairros semi-
urbanizados como Mafarinha, Macharote, Nhamainga, Mandruze, Samora Machel e Centro Emissor
como se observa na tabela abaixo:

Tabela 30: número de consumidores de energia eléctrica por bairro

Localização (Bairro) Número de consumidores Número de PT Capacidade KVA

Central 823 02 945

Nhamaiabwe 920 02 475

Mafarinha 492 02 320

Consito 845 04 835

Macharote 325 01 320

Nhamainga 276 02 260

Mandruze 237 03 575

Samora Machel 235 04 620

Total 4, 153 17 3300

Fonte: CMCD, Setembro 2013


94

A avaliar pelo número de consumidores actualmente existentes no município, logo preende-se que a
rede de cobertura de energia eléctrica está abaixo das necessidades dos munícipes. Em alguns Bairros
como é o caso de Thundane, não existe energia eléctrica, enquanto o Bairro Centro emissor
apresenta apenas 40 consumidores. Deste modo, urge a necessidade de expansão destes serviços
para os Bairros que apresentam baixo número de consumidores e naqueles que possuem um número
considerável de consumidores deve-se priorizar a iluminação pública.

Os maiores consumidores de energia eléctrica de média tensão no município são as indústrias de


Cimento, Fábrica Lusalite, Rádio Moçambique e a própria EDM como retrata a tabela abaixo:

Tabela 31 : Consumidores de Energia de Média Tensão

N.º Nome do Consumidor Localização


Potência em KVA

01 EDM n.º 1 500 Bairro Central

02 EDM n.º 02 160 Nhamaiabwe

03 EDM n.º 03 200 Consito

04 EDM n.º 04 315 Nhamaiabwe

05 EDM n.º 05 315 Consito

06 EDM n.º 06 100 Consito

07 EDM n.º 07 250 Balança

08 EDM n.º 08 100 Nhamaianga

09 EDM n.º 09 200 Consito

10 EDM n.º 10 200 Mafarinha

11 Brigada da Linha de Sena 500 Dondo

12 Lusalite de Moçambique 1000 Dondo

13 Cimento de Moçambique 1000 Dondo


95

14 Conselho Municipal 400 Dondo

15 Projecto Missão Luz da Paz para o Povo 50 Dondo

16 Radio Moçambique 1000 Dondo

17 Telecomunicações de Moçambique 50 Dondo

18 Centro de Instrução Militar 100 Dondo

19 Snail Gani 50 Dondo

20 António Pinho 50 Dondo

21 Fernando Izidro Chiuale 80 Dondo

22 Mateus Zacarias Caueia 25 Dondo

Fonte: Fonte: CMCD, 2013

2.1.3.6 Consumo de água

O sistema que abastece a água consumida no Município do Dondo, pertencente à empresa FIPAG
que para além de abastecer Dondo abastece igualmente a Cidade da Beira. Em Dondo, o sistema de
Mafarinha é constituído por um reservatório de água (tanque elevado) com capacidade de
armazenamento de 3000 m3, bombeando 1m3 de água por hora. Actualmente existem cerca de 4.456
famílias que consomem água potável, sendo 440 ligações domiciliárias, 1710 torneiras no quintal, 54
fontanários, 02 poços com bomba e 123 furos com bomba manual como atesta a tabela abaixo:

Tabela 32: Distribuição da rede de abastecimento de água na Cidade do Dondo

No de Poço Furos com


Fontanários
famílias Ligações s Bomba Manual
Torneira com
Bairro consumind domiciliár Ope Inope Inoper
no Quintal Bom Operac
o água ias raci racio acional
potável ba ional
onal nal
Man
96

ual

Central 800 210 300 02 01 07 -

Consito 1652 128 400 08 - 11 01

Mafarinha 126 79 300 06 03 15 03

Nhamaiabwe 107 08 500 10 03 20 02

Macharote 168 03 40 01 - 01 17 01

S.Machel 640 - - - - 14 04

Nhamainga 342 05 120 25 - 07 -

Canhandula 279 02 - - - 01 15 03

Mandruze 265 05 50 02 - 13 01

Thundane 77 - - - - 02 -

Total 4, 456 <440 <1710 54 07 02 123 15

Fonte: CURBA, Dondo, Novembro, 2013

Como ilustra a figura 3, algumas povoações recorrem aos cursos dos rios para lavar roupa e tomar
banho, os Bairros Samora Machel e Thundane são os que mais sofrem, não possuem sistema de
abastecimento de água canalizada, sendo servidos apenas por furos com bomba manual, havendo
necessidade de instalação deste sistema nestes Bairro.

Actualmente a cidade de Dondo apresenta em termos estatísticos cerca de 95% da população


Municipal consome água potável, fruto de uma operação conjunta entre o Conselho Municipal e o
Fundo Investimento e Património de Abastecimento de Água (FIPAG). Actualmente a rede
canalizada tem uma extensão de cerca de 82 Km2 para o interior da área municipal sendo que
apenas, os bairros de Thundane e Canhandula são fornecidos pelo sistema de furos.
Foram construídos nos últimos 5 anos 21 fontes e reabilitadas outras 37 distribuídos pelos bairros de
Macharote, Nhamaiabwe, Canhandula, Mandruzi e Samora Machel. Existem na área municipal cerca
de 54 fontanários públicos distribuídos pelos bairros de acordo a tabela abaixo.
97

Tabela 33: Consumidores por tipo de fonte de abastecimento de água


Número de
Número de
familias Número de Número Número de
familias Número
consumidora consumidores de Membros
Nr Bairro consunidor de
s de fontes de poço e fontenári de Comité
as da rede fontes
com Bomba outras fontes o FIPAG de Água
do FIPAG
AFRIDEV
01 Central 492 169 181 7 2 1
02 Cosito 1.025 671 402 11 8 2
03 Nhamaiabwe 1.904 850 597 20 10 2
04 Nhamaínga 342 234 164 7 25 3
05 Mafarinha 1.605 601 295 15 6 4
06 Macharote 706 352 288 18 1 2
07 Canhandula 701 - 599 17 - 1
08 Mandruzi 580 221 198 14 2 2
09 Thundane 97 - 110 2 - 1
10 S. Machel 640 - 266 15 - 4
Total 8.092 3.098 3.100 126 54 22
Total % 56% 20%
Fonte: CUI, 2013.

Actualmente, a Cidade do Dondo apresenta em termos estatísticos, cerca de 95% de consumidores


de água potável, no fruto de uma operação conjunta entre o Conselho Municipal de Dondo e o
FIPAG. No município de Dondo apenas cerca de 5% da população do Município ainda se abastece
de água através de fontes pouco seguras (p.e. poços e/ou furos não protegidos e corpos naturais de
água, como rios, lagoas e riachos). Entretanto, a falta de água potável nestas comunidades deve-se as
características do lençol freático.

2.1.3.7 Emissões atmosféricas


Os centros urbanos são as principais áreas emissoras de gases poluentes na atmosfera. A existência,
nas cidades, de uma variedade de fontes de poluição faz com que seja necessário analisar a pressão
que exerce sobre a qualidade do ar.

Em Moçambique a poluição do ar urbano tem cinco causas principais, designadamente: (i) o uso de
combustíveis lenhosos; (ii) as emissões em processos industriais, (iii) os gases expelidos por veículos
em circulação; (iv) a queima de lixo, tanto nas lixeiras oficiais como em outros locais de depósito; (v)
poeiras devido aos solos (geralmente arenosas) expostas aos ventos, devido à falta de cobertura
vegetal nos quintais e nos arruamentos, que maioritariamente de terra natural.
98

Deve-se analisar, em primeiro lugar, as fontes móveis, como carros, comboios, ônibus e caminhões,
que são a principal fonte dos gases causadores do “efeito estufa”, (responsável pelo processo de
aquecimento global do planeta). Os gases que mais contribuem para este fenómeno resultam da
queima de combustíveis fósseis: o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2), o óxido nitroso
(NOx) - um dos gases precursores do Ozónio (O3) - e o dióxido de enxofre (SO2).

O principal indicador das pressões sobre o ambiente, recomenda-se a apresentação de um inventário


de emissões (em toneladas/cápita/ano) de (a) SO2; (b) NOx; e (c) CO2. Usualmente, o inventário de
emissões é desagregado pelas principais fontes emissoras móveis e fixas 3. Também é recomendada a
elaboração do indicador “emissão dos gases produtores de chuva ácida”, na forma da emissão total
per capita e por hectare de NH3, NOx e SOx. Contudo, não existem os dados necessários para a
elaboração destes indicadores para a Cidade de Dondo, pois em Moçambique ainda não existe a
prática de monitoria das emissões.

Indicadores seleccionados para emissões atmosféricas

 A Taxa de Motorização (e tendência)

A intensidade da utilização de automóveis na cidade e sobre tudo pelo corredor da Beira, através da
EN6, constitui uma das pressões principais sobre a qualidade do ar, em razão da queima de
combustível fóssil, fonte principal de Co2, SO2, NOx e outros gases que contribuem para o efeito
estufa. Todavia, na cidade de Dondo o uso de combustível lenhoso, o carvão para cozinhar seja
provavelmente uma das fontes principais da poluição atmosférica, mas nunca foi medida ou
analisada o grau de poluição bem como do seu impacto na cidade.

Fotos 10 e 11: Deposição de lixo céu aberto na lixeira Municipal

3
idem
99

Outra fonte de fumos é a queima de lixo, que é praticada nas lixeiras informais, casas particulares e
por indústrias. O lixo doméstico e o lixo recolhido pelo município têm conteúdo misto, incluindo
materiais como solventes ou plásticos que emitem gases tóxicos (dioxinas, furanos) quando
queimados.

Emissões de ruído

Para além da poluição atmosférica devido aos gases dos automóveis há que considerar o aspecto da
poluição sonora associado com a sua circulação.

O corredor da Beira que atravessa o centro da cidade e o tráfego ferroviário está a aumentar com o
desenvolvimento económico do País.

Outras fontes de poluição sonora são os locais de diversão nocturnos, discotecas e clubes de vídeo
em alpendres (parcialmente abertos) que colocam aparelhagens com volume muito alto para atrair
clientes.

2.1.3.8 Produção de resíduos

O crescimento acelerado da população, o aumento exponencial do consumo de todo tipo de


produtos, a falta de recursos financeiros e técnicos para a colecta e a disposição adequada e o
depósito em locais inadequados, são alguns dos factores que tornam preocupante o problema dos
resíduos.

Estima-se que os centros urbanos produzam uma média de 1 kg/dia/per capita de lixo, com variações
que ultrapassam esse valor entre os segmentos sociais mais ricos de cada sociedade e entre os
habitantes dos países desenvolvidos. Além do volume, a qualidade dos resíduos domésticos também
constitui um problema, na medida em que a composição dos detritos passou a incorporar
quantidades cada vez maiores de produtos não biodegradáveis como plásticos, alumínio, vidro e
embalagens de papelão, além de um vasto conjunto de substâncias perigosas – tóxicas, corrosivas,
radiactivas, inflamáveis, reactivas ou infecciosas - que ameaçam o meio ambiente e a saúde humana.
Às dificuldades para a disposição final dos resíduos somam-se as limitações para a aplicação das
normas legais existentes em cada país ou cidade.

Indicadores seleccionados.

 Produção de Resíduos Sólidos


100

 Disposição de Resíduos Sólidos

Os principais resíduos identificados no município de Dondo identificados no Diagnóstico sobre os


Resíduos Sólidos, são os domiciliares e os resíduos oriundos de serviços e dos mercados municipais.
Os resíduos provenientes das actividades industriais são recolhidos e destinados pelos próprios
geradores sem intervenção nem controlo das autoridades municipais.

O município conta, em sua estrutura organizacional com órgão específico para gestão dos resíduos
sólidos, sendo que os serviços de limpeza urbana estão afectos directamente à Vereação de Serviços
Urbanos e Gestão Ambiental (SUGA).

A secção de limpeza urbana tem a responsabilidade de fazer a recolha do lixo, a limpeza de vias
públicas, limpeza e recolha do lixo dos mercados, do cemitério, resultante de actividades comerciais.

Para atender os serviços sob sua responsabilidade o sector de limpeza conta com um efectivo de 30
técnicos incluindo o Vereador, 01 técnico, 27 serventes de varredura e recolha, 03
motoristas/tractoristas.

Disposição de Resíduos Sólidos

A Cidade conta com tambores de 200l e 16 contentores para acondicionamento e armazenagem


provisória de lixo. Em termos de meios de transporte, o município dispõe os seguintes meios:

Tabela 34: Meios de recolha e a quantidade de lixo recolhido por mês pelo Conselho Municipal

Item Descrição do meio Qt. Capacidade do meio Qt. de lixo recolhido por
semana
01 Tractor 2 3m3 90m3
02 Tractor 5m3 150m3
03 Camião Jac 1 5m 150m3
04 Camião porta contentor 1 96m3
(contentores de 6m3)
05 Total de lixo recolhido 486m3

Fonte: SUGA, Setembro de 2013.

Os 2 tractores bem como o camião JAC, realizam por dia 5 viagens durante 6 dias por semana e
assumindo que em média transporta a totalidade da capacidade de cada meio resulta as quantidades
101

acima. Enquanto para o camião porta contentores, recolhe 1 vez por semana os 16 contentores
distribuídos nos pontos de acondicionamento temporário.

Sistema de recolha dos resíduos sólidos na urbe

O CM-DONDO tem um horário de 2ª a sábado das 06 às 13 horas do primeiro turno e das 13 as 19


horas segundo turno, esta escala no Verão e enquanto no inverno reduz-se menos uma hora, por
motivo de visibilidade e segurança dos trabalhadores. Para o lixo doméstico recolhe-se porta a porta
dentro da cidade e conservados nos tambores de 0.5m3, nos contentores de 6m 3 para os mercados e
bairros suburbanos em pontos de concertação predefinidos. O Conselho Municipal não recolhe o
lixo industrial e hospitalar, sendo da responsabilidade das unidades sanitárias e industriais.

Varredura, limpeza das vias públicas

O município conta com o trabalho de 27 serventes que fazem a limpeza, trabalhando com um
roteiro especificado. Não existe trabalho conjunto com a área da saúde, que se responsabiliza pela
limpeza e recolha interna, bem como pela destinação dos resíduos biomédicos gerados na área.

Formas de tratamento, valorização e deposição final dos resíduos sólidos

O lixo recolhido é depositado a céu aberto há 3 km da cidade e 15 km do último ponto de recolha.


O lixo é depositado a céu aberto, na lixeira municipal, posteriormente faz a queima do mesmo sem
nenhum tipo de tratamento.

No contexto da reciclagem e reutilização dos resíduos, não existem grupos informais que se dedicam
a recolha dos resíduos para posterior reutilização ou venda dos materiais para o seu
reaproveitamento.

Programas de educação ambiental para gestão do lixo

Quanto à participação social, apesar dos serviços de limpeza urbana dependerem fundamentalmente
da contribuição da população para a manutenção da limpeza e dos equipamentos colocados na via
pública para acondicionamento do lixo, para o cumprimento dos horários de colocação do lixo nos
contentores, para a redução do desperdício e da geração de resíduos, bem como para a separação
dos materiais recicláveis no âmbito da recolha selectiva, ainda são insuficientes os esforços e
resultados da educação ambiental e de mobilização social nos sistemas de gestão de resíduos sólidos
102

Caixa 2: Sustentabilidade económica – financeira (Taxa cobrada via EDM)


O CM-DONDO cobra a taxa pela prestação de serviços de limpeza urbana e recolha de lixo. O
valor é 15 MT e paga-se via factura de energia eléctrica, não havendo diferenciação do valor por
categoria de produtor (doméstico, comercial e industrial) e cerca de 25% do valor arrecado ficam
com a Electricidade de Moçambique (EDM) por custos administrativos. Assim sendo, em média,
mensalmente a EDM transfere para o CMCN cerca de ?????? MT.
Entre a EDM e o CMCD não existe transparência sobre o universo dos contribuintes, de forma a
fazer-se uma avaliação lógica entre o valor estimado pela cobrança e valor realmente transferido pela
EDM.
Fonte: Diagnostico sobre Resíduos Sólidos no Município de Dondo:2011

Apesar de não existir dados palpáveis para aferir as informações fornecidas pelo Serviços Urbanos e
Gestão Ambiental (SUGA), isto por falta de um controle dos custos operacionais e de manutenção
do serviço por parte dos Serviços, os valores recebidos mensalmente junto à EDM são muito
inferiores aos custos operacionais e de manutenção com o serviço.

Olhando numa perspectiva de sustentabilidade do serviço, a taxa a pagar pelos munícipes deveria
permitir a recuperação total dos custos de operação, manutenção e de depreciação do equipamento,
tendo em conta a possibilidade de se estabelecerem determinadas excepções para que os grupos de
baixo rendimento também tenham o serviço disponível. Por outro lado, é necessário que se faça
uma diferenciação da taxa de lixo por categoria de produtor, de forma que o comercial e o industrial
não pague a mesma taxa de lixo que um produtor doméstico.
2.1.3.9 Tratamento de esgoto

Em geral, as águas residuais domésticas e os efluentes industriais não tratados são drenados até as
bacias hidrográficas por efeito da gravidade (inclusive as chuvas), resultando na contaminação das
águas superficiais, subterrâneas. Esta contaminação tem impactos sobre o meio ambiente, a
qualidade de vida e a saúde da população, provocando, entre outros fenómenos, as doenças de
veiculação hídrica, a proliferação de plantas tóxicas e o aumento do custo de tratamento da água
para consumo doméstico. Por esta razão é preciso monitorar este mecanismo de pressão sobre os
recursos naturais nas cidades.

Indicador seleccionado

 Volume de águas residuais tratado

Actualmente, dentro do município não existe nenhum sistema de drenagem pública para águas
negras nas habitações, o único que existia para as 50 casas encontra-se em desuso e em péssimo
estado. Neste momento as construções que estão sendo erguidas optam em usar fossas sépticas para
a drenagem das águas negras e limpas.
103

Dondo apresenta um sistema de drenagem em péssimo estado de conservação, embora existam


obras de reabilitação do mesmo.

Na parte urbana, existe um sistema de drenagem obsoleto que outrora servia para escoar águas
negras de 50 casas, que eram despejadas no Rio N’tengo. Devido a obsolência deste sistema de
drenagem, em novas construções recorre-se a fossas sépticas.

Fotos 12 e 13: Sistema de Drenagem para o saneamento das águas.

Fonte: CMCD,2013

Na altura da recolha de dados, estava em curso o projecto de abertura de valas de drenagem, já


tinham sido construídos 700m de vala de drenagem na parte consolidada do Município, isto é, no
Bairro central. Para além desta, estava em curso a construção da vala de drenagem de raiz que partia
da Av. 25 de Setembro até ao vale de Mandruze e nos Bairros, central, Consito e Nhamaiabwe com
vista ao escoamento de águas pluviais.

Os munícipes usam latrinas tradicionais, melhoradas e algumas individualidades como líderes


comunitários usam latrinas ecológicas. Foram construídos pelo Conselho Municipal de Dondo 10
sanitários, dos quais 9 afectos às escolas e um no Cemitério Municipal (na fase conclusiva). 100
Latrinas melhoradas; 16 latrinas ecológicas. No entanto, este número corresponde ao que o
Município construiu. Porem, os Munícipes, por causa da sensibilização tem respondido
positivamente na construção de mais latrinas, o que tem permitido a redução drástica do fecalismo a
céu aberto e de doenças endémicas (Cólera, diarreias, etc.)
104

Caixa 3: Situação do Saneamento no Distrito de Dondo


Dados do Censo de 2007 revelam que 48,9% dos agregados familiares ao nível do distrito não
possui uma latrina, presumindo-se que o fecalismo a céu aberto neste, ainda é uma prática comum.
Comparativamente ao cenário provincial e nacional, a situação do distrito apresenta-se melhor, visto
que a proporção de agregados familiares sem latrina equivale a 64,3% e 53,6%, respectivamente.
Neste âmbito, o Distrito de Dondo encontra-se também numa situação favorável relativamente aos
distritos costeiros de Moçambique, onde se regista uma média de 61,4% de agregados familiares sem
latrina.
No entanto, apenas 5,1% dos agregados familiares do distrito possui meios de saneamento com a
retrete ligada à fossa séptica. Relativamente aos restantes distritos costeiros de Moçambique, onde a
média de agregados familiares com acesso a esses sistemas de saneamento corresponde a 0,9%, a
situação do distrito é melhor. De notar que para os níveis provincial e nacional a percentagem de
agregados familiares com acesso a tais sistemas corresponde a 5,7% e 3,4% respectivamente.
Há a referir que 15,2% dos agregados familiares no distrito tem acesso a latrinas melhoradas,
indicando uma situação melhor que a da província (4,7%) e a do país (12,3%). Destacar ainda que
30,8% dos agregados familiares possui latrinas tradicionais não melhoradas. Importa referir que em
2011,foram construídas 3.953 latrinas, das quais 276 melhoradas, 608 tradicionais melhoradas e
3.069 tradicionais (Governo do Distrito de Dondo, 2012). Este facto contribui por um lado para a
redução do fecalismo a céu aberto verificado neste distrito e por um outro, o aumento de agregados
familiares com recurso a latrina melhorada bem como da tradicional.
Fonte: Perfil do Distrito de Dondo
105

CAPITULO III
3.1 O ESTADO DO AMBIENTE
Este capítulo analisa o estado do meio ambiente do Município de Dondo, no que diz respeito a
temas prioritários, como água, ar, vegetação, e resíduos, entre outros. Ele deve proporcionar um
panorama ou uma “fotografia” do meio ambiente da cidade, assim como do estado do seu
ecossistema, a partir do uso de exemplos concretos e de indicadores, devendo responder à questão:
O que está ocorrendo com o meio ambiente?

3.1.1 Ecossistema local

Os ecossistemas a serem analisados são indicados a partir de uma delimitação físico-territorial do


município que nem sempre coincide com os limites naturais definidos, por exemplo, por cursos
d’água ou por características geo-morfológicas específicas da região. Além disso, estes ecossistemas
são associados ou ligados a outros sistemas naturais fora do contexto da análise, embora essas
interacções também devam ser consideradas.

Para o REA, é estabelecido o limite de abrangência espacial da análise, assim como as variáveis consideradas.
Tal decisão estabelece as prioridades da avaliação integrada, mantendo em vista a noção de um
sistema inter-relacionado. A caracterização dos ecossistemas locais, considera os ecossistemas mais

importantes da cidade de Dondo, com base em sua contribuição para:

 A reciclagem dos recursos naturais do meio ambiente - água, ar, biodiversidades, etc.;
 A qualidade de vida da população local - fornecendo água, regulando a temperatura local,
oferecendo "serviços ambientais"; e
 As actividades económicas que dão sustentação à vida urbana local.

3.1.2 Análise do estado dos recursos naturais do meio ambiente

Na avaliação do estado do meio ambiente local, a primeira abordagem é reducionista: analisa-se cada
um dos recursos naturais em separado. Em um segundo momento, a abordagem se tornará mais
geral e integrada.

Existem diferentes maneiras de incorporar os recursos naturais ao ciclo da interação


desenvolvimento urbano/meio ambiente: como matéria prima, como sumidouro para os resíduos
gerados pelas actividades urbanas, ou como suporte territorial.
106

Os dados (quantitativo e qualitativo) relativos ao estado destes recursos indicam, portanto, o


resultado dessa interacção do ponto de vista ambiental, assim como a qualidade de vida da
população que depende destes recursos.

A análise apresenta uma definição dos pontos essenciais para avaliar os diferentes sectores
ambientais e seus respectivos indicadores.

Primeiramente, consideram-se as transformações já sofridas na cidade de Dondo em função do


modelo de desenvolvimento local adoptado. Embora a metodologia proposta neste trabalho tenha
como foco a avaliação do estado do meio ambiente decorrente das pressões antrópicas, ela também
inclui elementos importantes para a análise do processo de desenvolvimento urbano como um todo.

Neste contexto, o(s) ecossistema(s) em que a cidade se insere reflecte o modelo de desenvolvimento
e seus elementos, seja como fonte de recursos naturais, seja como repositórios de dejectos dos
processos urbanos, revelados através dos indicadores de estado, de sua condição e capacidade de
suporte.

O resultado desse processo pode ser verificado nos ecossistemas locais e no seu estado do ponto de
vista qualitativo e quantitativo, que se estende para além de seus limites bio-regionais. É importante
observar que a avaliação do estado de meio ambiente local não prescinde de uma consideração
regional, de acordo com o ecossistema e o elemento em questão.

Embora o eixo das acções seja antropocêntrico, a análise privilegia os indicadores ambientais que
incluem: (i) os recursos hídricos em suas diferentes manifestações (corpos d’água, fontes, águas
subterrâneas, superficiais e marinhas, entre outras); (ii) o ar (recursos atmosféricos em nível local,
regional e global); (iii) o solo (geomorfologia, uso e ocupação); (iv), a biodiversidade (fauna e flora,
nativa e exótica, tipologia, presença e quantidade) e (v) o ambiente construído, característico do
ecossistema urbano artificial (habitações, obras de infra-estrutura urbana, equipamentos, edifícios e
conjuntos arquitectónicos).

A análise inclui ainda a vulnerabilidade da área urbana e seus efeitos sobre a população que vive em
áreas de risco ou sujeitos a desastres naturais considerando elementos quantitativos e qualitativos,
pois a relação entre ambos os tipos de variáveis é bastante estreita e mutuamente determinante. Com
efeito, quando se busca avaliar o estado do meio ambiente, o que se pretende, essencialmente, é
determinar sua qualidade a partir dos elementos que o constituem e dos ecossistemas que o
107

compõem. Para que este objectivo possa ser alcançado, utilizam-se como referência para a avaliação
os parâmetros definidos e aceitos nacional e/ou internacionalmente.

3.1.2.1 O Estado da Água


A água é o elemento essencial à vida das espécies, ecossistemas e sociedades. Seus usos
fundamentais incluem o abastecimento doméstico e industrial, a geração de energia, o transporte e,
ainda, o lazer. Do ponto de vista ambiental, é um recurso vital para os ciclos naturais de renovação
dos ecossistemas.

A complexidade da gestão ambiental urbana se revela, com bastante evidência, na análise do estado
da água. A escassez de água é uma ameaça para muitas populações do mundo não industrializado.
Embora a água seja abundante nos países em via de Desenvolvimento como é o caso de
Moçambique, sua distribuição e gestão são precários.

Do ponto de vista urbano, a demanda por água ocorre principalmente nos sectores industrial e
doméstico. Para avaliar este recurso, consideram-se aspectos de qualidade para abastecimento,
disponibilidade e acesso, e capacidade de renovação dos corpos d’água. Na análise, considera-se a
fonte (superficiais, subterrâneas), o tipo (doce, salobra e salina) e o ecossistema (zonas costeiras,
manguezais, lagos, rios, etc.).

Com vista apresentar o estado da água no município de Dondo, em seguida analisam-se os


diferentes recursos hídricos (rios e riachos), o sistema de captação da água, a potabilidade da água
consumida pelos munícipes, de entre outros factores.

Recursos Hídricos
Rios e riachos
No município de Dondo os rios são pouco significativos. Mas de noroeste a sudeste do Município,
existe o Rio Pungoe.que limita a área municipal ao distrito de Mafambisse. Para alem do Pungoe,
também existem os rios Savane e Muadzidzi, Chone, Chicuredi e Muzimbite. Ainda existem os
pequenos cursos de água sobretudo nos bairros da urbe.

Indicadores seleccionados para recursos hídricos

 A poluição química e física das águas em corpos de água seleccionados: características


organolépticas e físicas, concentração de metais pesados e outras substâncias químicas
 A concentração de coliformes fecais em corpos de água seleccionados
108

Não existem levantamentos sobre a qualidade química, física e microbiológica dos recursos hídricos.
Ao pé das encostas, especialmente na zona urbana, alguns cursos de água não permanentes são
alimentados fundamentalmente por descargas domésticas, industriais e pluviais provenientes da zona
de cimento. Trata-se de água que à partida é imprópria para uso e que ao longo do seu percurso
pelos bairros peri-urbanos se enriquece em matéria orgânica e contaminantes predominantemente de
natureza biológica, pois a população deposita lixo e defeca nas margens e nas próprias ravinas
abertas pelas águas.

Contudo, de acordo os resultados das análises feitas sobre a qualidade de água dos rios e riachos
pelos Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social demostram que ela é impropria para o
consumo pois apresenta sinais de poluição química e microbial da água subterrânea nas zonas
industriais e do vale de Mandruzi, bem como os resíduos removidos das fossas sépticas da cidade.
(ver tabela sobre a qualidade da água no ponto 3.1.1.3).

Captação e Distribuição da Água

A captação de água é feita a partir de Dingue Dingue, braço do Rio Pùngué a 18km a montante da
captação de Mafambisse, compreendendo a construção de uma conduta adutora de 11 km de
extensão, uma câmara de recepção de água bruta, uma linha de tensão de 22 KV e a montagem de
dois transformadores de 1000 MA. A media do volume de água captado é de 1.056.053 m3/mês

O tratamento desta água é feito na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Mutua, há cerca de
12km de distância. A mesma é composta por 3 módulos, nomeadamente, ETA1 (construída em
1953 para tratamento de 20.000m³/dia), ETA2 (construída em 1974 para 10.000m³/dia) e ETA3
(construída em 1997 para 30.000m³/dia). O FIPAG procedeu a reabilitação da ETA3 para viabilizar
a capacidade instalada na estação de Dingue Dingue de 60.000m³/dia.

Tabela 35: Fontes de abastecimento de água no Município de Dondo

Característica da fonte Existentes A funcional Avaliados Por ligar

Fontes com bombas 118 108 10 1


manuais AFRIDEV

Ex tenção .FIPAG 25km 25km 0 0


109

Fontenárias Publicas de agua 28 24 4 1


canalizada

Fonte: SDSMAS, 2013

A cobertura de abastecimento de água na Cidade situa-se em 95.0%. ou seja do universo de cerca de


14.290 familias consomem: (i) 8.092 agua atraves bomb aaAFRDEV; (ii) 3.098 são consumidores do
FIPAG; (iii) 3.100 consomem agua dos poços e outras fontes.

Indicador para captação e distribuição água:

 A Escassez de Água

Para o efeito de avaliação do estado da água em termos de quantidade e disponibilidade da água


potável, considera-se a frequência, intensidade e extensão de episódios de falta de água (escassez de
água).

O indicador reflecte o estado das fontes de captação de água, inclusive fora do território urbano.
Reflecte também o desempenho das autoridades responsáveis pela gestão do sistema de
abastecimento de água e o comportamento dos usuários. Descreve também as iniquidades na
distribuição da água potável, pois algumas zonas da cidade podem ser afectadas por falta de água,
enquanto outras, não. Políticas que estabelecem o regime do abastecimento e/ou racionamento da
água e a sua aplicação revelam a disponibilidade do recurso na cidade. 4

No Município de Dondo, com a reabilitação do sistema de abastecimento de água para Dondo e


Beira pelo FIPAG, o período de escassez verifica-se entre os meses de Outubro e Dezembro e
durante este período, as populações recorrem a água dos furos e poços na sua maioria.

A capacidade actual de produção é de cerca 990.000 m3 de média por mês, a capacidade de


armazenamento actual é de 2.500 m3 e o fornecimento de água é de dez horas por dia segundo
FIPAG.

O município durante os últimos 5 anos, beneficiou de muitos projectos de abastecimento de água


através de furos, ou seja bombas AFRIDEV, o que veio auxiliar o abastecimento de água nos bairros
periféricos e nestes o abastecimento é de cerca de 24 sobre 24 horas.

4 PNUMA (2004), Metodologia para a elaboração dos Relatórios GEO Cidades, Manual de Aplicação, Versão 2, p. 52
110

A Qualidade (Potabilidade) da água para consumo

Para descrever a qualidade da água abastecida ou, no caso dos grupos sem acesso à água canalizada,
a qualidade da água disponível, foi seleccionado o seguinte indicador:

Indicador para qualidade de água para consumo

 A qualidade (potabilidade) da água

Este indicador trata da percentagem das amostras de água que contém concentrações de bactérias e
coliformes fecais superiores aos níveis definidos pelo Ministério da Saúde (vide Diploma Ministerial
no 180/2004 de 15 de Setembro - Regulamento sobre a Qualidade de Água para o Consumo
Humano). Portanto o indicador avalia a qualidade da água de que dispõem as comunidades para
satisfazer as suas necessidades básicas.

A tabela abaixo, apresenta os resultados de análise água efectuadas pelos SDMAS de Dondo entre os
meses de Janeiro a Julho de 2012.

Tabela 36: Resultados da análise da agua testada entre Janeiro a Agosto de 2012

Fonte Nr de Água própria para Água impropria para


amostras consumo consumo

Total % Total %

Tratada e canalizada 16 16 100 00 00

Não tratada (furos e 88 87 98.9 01 1.1


poços)

Outras fontes (Rio e 03 00 00 03 100


Lagoas)

Total 107 103 95.4 04 4.6

Fonte: SDMAS:2013.
111

De acordo a tabela, durante o período foram feitas analises sobre o estado da água consumida ao
nível dos bairros constata-se que: (i) das 16 amostras colhidas da água canalizada, todos resultados
foi própria para o consumo; (ii) foram feitas análises sobre a água dos furos e poços em que das 88
amostras colhidas, uma foi considerada impropria e as restantes como sendo própria para o
consumo, e (iii) das três amostras colhidas da água dos rios e lagoas todas foram consideradas
improprias para o consume humano.

Neste sentido, pode-se considerar que a água da canalizada das fontes e dos furos e poços é água
própria para o consume dos munícipes. Por sua vez, a água dos rios e lagos na sua totalidade é
imprópria para o consumo humano. Tomando em conta que a taxa de cobertura de água potável
ronda entre os 95% da população, percebe-se as populações consome água própria.

Água Canalizada
A questão da qualidade da água prende-se com o cumprimento dos parâmetros estabelecidos para a
potabilidade, incluindo a turvação, a microbiologia e o cloro residual. A estação de tratamento de
Mutua faz o tratamento de acordo com os padrões internacionais para a qualidade de água. De
acordo com as análises do FIPAG, a água é própria para o consumo humano e os resultados da
amostra de análises feitas pelos SDSMAS, indicam que ela é própria para o consumo.

A monitoria da qualidade da água é feito pelos Serviços Distritais de Saúde de Dondo, que as vezes,
faz o envio para o CHAEM na cidade da Beira. Faz-se análises de água canalizada e de furos,
procedendo às colheitas seguindo os padrões definidos pelo MISAU através do Diploma Ministerial
no 180/2004.

O custo actual para a ligação doméstica está fixado em 2000,00Mt (dois mil meticais) para uma
torneira dentro do quintal e o FIPAG tem o registo de cerca de 5.400 clientes entre moradores dos
bairros, empresas, instituições públicas e privadas locais.

No fontanário publico, a água é adquirida a um preço simbólico de 1,00Mt sobre tudo para as
famílias que não tem a capacidade de ligar água dentro do seu quintal.

Água dos Poços e Furos

Os SDSMAS de Dondo, tem feito a clorinação dos furos e poços como acção preventiva. Quando
um poço ou furo tiver água imprópria, quer por causa de poluição fecal quer porque está salobra, os
Serviços aconselha a sua lavagem.
112

De acordo os resultados das amostras de análise de água dos poços e furos do ponto 3.1.1.3, do
universo de 88, apenas um resultado foi negativo, ou seja, detectou a água ser impropria para o
consumo. Neste sentido, pode concluir que a água dos poços e furos consumida é própria.

Águas residuais e saneamento


A ausência de saneamento é um dos problemas urbano-ambientais mais frequentes nos países em
desenvolvimento. Embora o problema do acesso à água tenha sido resolvido em muitas cidades, a
situação de atendimento a áreas carentes e do tratamento de esgoto é diferente. Os problemas mais
sérios referem-se à poluição por esgoto doméstico sem tratamento, ao lançamento de resíduos e
efluentes industriais em corpos d'água, à salinização e à erosão.

O lançamento, em corpos d’água, de efluentes não tratados de esgoto doméstico é fonte importante
de contaminação biológica, que pode afectar a saúde humana. A mortalidade infantil, causada por
doenças de veiculação hídrica a partir do contacto frequente das crianças com água contaminada por
coliformes fecais, é exemplo recorrente desse problema nos países africanos.

Indicador:

 Qualidade da água de abastecimento, medida através da demanda biológicade oxigênio, DBO, e


da concentração de coliformes fecais.Sítios contaminados

Foi construído um sistema de drenagem de águas pluviais nos bairros central, Consito e Nhamainga
numa extensão de 5.400 metros de toda a área municipal. Os outros bairros não tem sistema de
drenagem para escoar as águas em período de chuva.

Não foi possível colher dados de amostra sobre a qualidade das águas dos riachos ou pequenos
cursos de água, proveniente das valas de drenagem por onde são drenadas as águas para os bairros.

Mesmo assim, é possível notar a presença de corpos que poluem as águas dos cursos de águas
estagnadas, por um lado, e de águas não tratadas provenientes de esgotos não tratados por outro.

A prática da cerimónia tradicional “Kupita-Kufa” (que serve para purificar a família enlutada depois
da morte de um dos membros da mesma através da deposição dos seus pertences junto aos cursos
de água) também contribui para a contaminação destes cursos ou então o assoreamento das valas de
drenagem.
113

3.1.2.2 O Estado do Solo

Do ponto de vista do desenvolvimento urbano, os problemas relacionados ao Solo se revelam por


meio das características da sua ocupação, distribuição, grau de impermeabilização, nível de
contaminação por resíduos sólidos, áreas erodidas.

Como recurso natural, o solo fornece matéria-prima e suporte para os outros sistemas da biosfera e
serviços ambientais, como a drenagem. A transformação do uso do solo na escala urbana pode gerar
sérios impactos do ponto de vista ambiental, social e económico. À medida que os assentamentos
humanos se expandem de maneira desordenada sobre áreas naturais nas periferias das cidades, a
qualidade do solo se deteriora em conjunto com os outros elementos dos ecossistemas, causando
desmoronamento, erosão e assoreamento de corpos d‘água.

Os solos da cidade

Nas zonas urbanas o solo é o meio de suporte para os edifícios e infra-estruturas, enquanto nas
zonas rurais é a base da produção agrícola. Também é a camada que protege as águas subterrâneas.
A danificação do solo na cidade (por exemplo pela contaminação, erosão ou inundação) poderá
implicar que perca a sua capacidade de suportar construções e a sua utilidade para a ocupação
humana, ou seja, perca o seu valor económico e social. Nas zonas agrícolas, implica a perda de
fertilidade.

O Município de Dondo caracteriza-se pelos seguintes tipos de solos:

 Aluvionares, profundos, cinzento-escuro, textura mediana, relativamente pobres em matéria


orgânica, e os sais solúveis não aparecem em quantidade suficiente para criar limitações na
sua utilização agrícola.
 Aluvionares moderadamente profundos (> 70 em <100 cm), cor cinzenta escura a preta,
textura pesada, argilosa e estrutura bem desenvolvida, podendo ocorrer uma camada
bastante argilosa e cimentada; e
 Ao longo dos rios, desenvolvem-se solos aluvionares, hidromórficos, salinos, com manchas
de sais a superfície, completamente inaptos para agricultura (solos de mangal).
114

A Contaminação do solo

A contaminação do solo, quer por resíduos químicos ou dejectos humanos, afecta a saúde humana e
o próprio ambiente, provocando o empobrecimento da biodiversidade. Em qualquer zona, as
substâncias poluentes passarão do solo para as águas superficiais, subterrâneas ou marinhas e, por
fim, poderão atingir o homem através do consumo de água e alimentos.

Indicador para contaminação

 Sítios contaminados

A tabela abaixo, apresenta a lista de alguns locais que apresenta a contaminação do solo, a sua
localização, assim como as razões ou causas que levam a contaminação.

Tabela 37: Locais com solos contaminados no Município de Dondo

Local Localização Causas


contaminado

Lixeira e cemitério Bairro Deposição a Céu aberto de resíduos com matéria


municipais Mafarinha inorgânica que contaminam os solos

Locais de extracção Bairro Extracção de areias fora dos padrões considerados e


de solos Thundane falta de reposição de solos ou da cobertura vegetal
pelos operadores licenciados

Vale do Mandruzi Bairro Mandruzi Possível contaminação pela emissão de efluentes da


açucareira de Mafambisse; acção da erosão dos solos; e
a falta de rotação de culturas o que leva ao
empobrecimento dos solos

Junto ao HGD Bairro cimento Abertura de vários atermos não controlados a volta do
hospital local para deposição do lixo biomédico

A volta da Cimentos Bairro Libertação de alguns efluentes líquidos sem o controlo


de Moçambique Macharote para as áreas residenciais

Fonte: Adaptado pela Equipa Técnica

Existem outros locais não de menor importância que apresentam algumas características de
contaminação como: as lixeiras informais e outros terrenos com acumulação de lixo. Tendo em
115

conta que não existe qualquer separação dos diferentes tipos de lixo e não existe controlo do
depósito do lixo, os líquidos lixiviantes produzidos pelo lixo podem conter metais pesados (de
baterias, pilhas, etc.).

Também incluem os terrenos poluídos por óleos usados e outros efluentes industriais e hospitalares.
Para além de contaminação por resíduos químicos, existem terrenos contaminados por resíduos
humanos e biológicos.

O único Cemitério formal localiza-se no bairro de Mafarinha, está em boas condições e tem espaço
amplo para as necessidades dos próximos anos. Está dividido em zonas maometana e cristão. Assim
a grande maioria dos enterros é feita nos cemitérios familiares e comunitários, dispersos em todos os
bairros, alguns dentro das zonas habitacionais e sem vedação, podendo entrar crianças ou animais
como cães. Alguns são tidos como ‘quase oficiais’ enquanto outros são reconhecidamente em más
condições ou em locais inadequados e as próprias comunidades estão a encerrá-los.

Fotos 14 a 17: Alguns locais com solos contaminados

Extração de areia no Bairro Thundane Lixeira Municipal

Aterro de lixo biomédico no HGD Aguas negras ao longo dos cursos de agua

Fonte: Equipa do REA Dondo:2013

Erosão

Em Moçambique, a erosão é sem dúvidas um dos maiores problemas ambientais, o qual é agravado
pelos níveis elevados de pobreza em que vive a maioria da população rural e peri-urbana do país. O
116

efeito combinado da falta de recursos e a necessidade de satisfação da exigências básicas de


sobrevivência tem vindo a conduzir à sobre exploração ou utilização indevida dos recursos naturais
disponíveis com implicações graves para o ambiente provedor e dependente desses mesmos
recursos.

Algumas das causas de ocorrência de erosão são apontadas como sendo falta de sistema de
drenagem ou obsoletos; extracção de solos, desmatamento para a prática de agricultura, obtenção de
lenha, madeira para construção, construções em zonas declivosas e abate do mangal.

Indicador para efeitos erosivos

 A superfície afectada pela erosão (ha).

O Município da Cidade do Dondo, apresenta uma configuração topográfica plana em quase a sua
totalidade não sendo propenso à erosão, contudo devido a acção humana, o município encontra-se
neste momento a sofrer pressão devido, a extracção de areia e saibro para construção e nivelamento
de vários terrenos que se encontram em zonas baixas na Cidade da Beira.

A Erosão dos Solos é notória em quase todos os Bairros do município, onde verifica-se a extracção
da areia e saibro sem observância das normas de gestão do solo. Observa-se no Município a abertura
de crateras e algumas câmaras de empréstimo abandonadas e sem reposição do solo, sobre tudo no

Foto 18: Erosão dos solos no bairro Thundane bairro Thundane.

A abertura de crateras devido a extracção de


areia tem afectado algumas residências e para
além disto, verifica-se a formação de pântanos
devido a estagnação das águas pluviais e pelo
facto do território apresentar um lençol freático
alto, podendo constituir este facto grande foco
de doenças. Não se tomando medidas drásticas
com vista ao estancamento destas práticas,
Dondo poderá num futuro muito breve ser
avassalado por erosão, o que poderá limitar a
disponibilidade de terra para a instalação de infra-estruturas e prática de agricultura. Os Bairros
Thundane, Macharote, Samora Machel são os mais vulneráveis.
117

3.1.2.3 O Estado do Ar
O ar é o recurso natural que menos se limita ao plano local, embora a medição da qualidade do ar
nesta escala territorial seja fundamental para a avaliação da qualidade ambiental urbana e de vida dos
habitantes das cidades. A perda de qualidade do ar têm implicações ambientais, sociais e económicas
e suas consequências se estendem a longo prazo, podendo mesmo ser irreversíveis, como no caso da
perda de biodiversidade ou do impacto sobre a saúde de crianças e idosos (causando doenças
respiratórias que podem chegar ao óbito).

Embora a poluição atmosférica seja uma das manifestações mais agudas da falta de qualidade
ambiental, ela não é uma prioridade absoluta em muitas cidades do mundo.

Os dados directos mais facilmente obtidos sobre qualidade do ar de cidades são os relativos à
concentração de material particulado e às emissões de veículos automotores. Nas últimas décadas, as
indústrias têm diminuído sua contribuição para a poluição do ar, principalmente em nível local,
devido às melhorias tecnológicas dos processos produtivos e à mudança no perfil das actividades
concentradas em áreas urbanas (cada vez mais no sector de serviços). As emissões veiculares têm se
configurado como as principais responsáveis pela poluição atmosférica em todos os níveis de
agregação territorial.

Outros índices podem ser agregados conforme as características locais. Por exemplo, as emissões de
gases que destroem a camada de ozónio, medidas através de produção e consumo de gases da
família dos fluorcarbonatos (CFCs), ou a concentração de ozónio troposférico, que tem impacto
direto sobre a saúde humana.

A Qualidade do Ar

A qualidade do ar é afectada de modo negativo por emissões de fontes móveis e fixas, que são
directamente ligadas ao consumo de energia, à política ambiental, a capacidade de controle, à
densidade urbana, ao transporte por veículos motorizados e à concentração de indústrias, entre
outros factores. As concentrações dos poluentes têm efeitos agudos e crónicos sobre a saúde
humana, a vegetação, as edificações e o património cultural.

Indicador de estado do ar

 A Qualidade do Ar
118

A qualidade do ar é medida pelo número de dias por ano em que os padrões da OMS (ou padrões
locais) são excedidos quanto aos parâmetros: dióxido de enxofre (SO2), ozónio (O3), monóxido de
carbono (CO), dióxido de nitrogénio (NO2), fumaça negra, partículas em suspensão (MP) e chumbo
(Pb)..

No Município de Dondo a fábrica de cimentos no seu processo produtivo, emite para atmosfera
muita poeira. Como consequência, nota-se uma mudança física nas características da biodiversidade
local (sobretudo nas plantas), o que pressupõe que haja poluição do ar devido a emissão destas
poeiras.

Tendo em conta que a indústria de fabrico de cimento tem tendência de produzir emissões diversas,
incluindo de particulados, recomenda-se que a UEM ou outras instituições de investigação que
possui equipamento, sejam convidada a efectuar a medição do nível de particulados em locais
seleccionados na Cidade de Dondo.

Poluição Sonora

Não existem dados sobre níveis de ruído das fontes de poluição sonora na Cidade de Dondo. Para
além da poluição atmosférica devido aos gases dos automóveis há que considerar o aspecto da
poluição sonora associado com a circulação.

A cidade de Dondo é atravessada pelo Corredor de Desenvolvimento da Beira através da EN6 e,


conjugado pela passagem da linha férrea Dondo-Beira, e Dondo-Zimbabwe ou Malawi. Ao
circularem nesta via, comboios e automóveis, tendem sempre a emitir barulho, tanto das buzinas
assim como dos seus motores.

Outras fontes de poluição sonora são os locais de diversão nocturnos, discotecas e clubes de vídeo
em alpendres (parcialmente abertos) que colocam aparelhagens com volume muito alto para atrair
seus clientes.

3.1.2.4 O Estado da Biodiversidade

A diversidade biológica associa-se a actividades de sobrevivência de comunidades e centros urbanos.


Embora a importância da conservação da biodiversidade esteja mais relacionada às escalas nacional,
regional e global, a fragmentação de áreas naturais florestadas (que confina espécies e limita sua
sustentabilidade) também se origina da urbanização. As actividades ligadas à urbanização que
ameaçam a diversidade biológica incluem desmatamento, pesca excessiva, introdução de espécies
119

exóticas, poluição do ar e da água e ocupação de áreas de risco, que aumentam a vulnerabilidade das
espécies em risco de extinção.

A manutenção da biodiversidade é essencial para o bem-estar dos ecossistemas. A biodiversidade


tem três níveis principais: a diversidade de ecossistemas, a diversidade de espécies (flora, fauna e
microorganismos); e a diversidade genética. A biodiversidade do município inclui, assim, a totalidade
dos recursos vivos ou biológicos e dos recursos genéticos e seus componentes presentes.

A biodiversidade também tem valor para o Homem, pois algumas espécies e ecossistemas podem ter
valor económico, medicinal, espiritual, estético, recreativo, científico ou ecológico, actualmente ou
no futuro. Ao mesmo tempo tem um valor intrínseco: cada espécie é o produto de um processo de
milhões de anos de adaptação e pode se considerar que cada espécie tem o ‘direito’ de não ser
eliminado pelo Homem.

O desenvolvimento da indústria de turismo dependerá da manutenção da beleza das praias e dos


ecossistemas marinhos e submarinos, os quais abrigam as espécies de interesse para os
mergulhadores, pescadores desportivos e os turistas em geral.

A maior parte da informação nesta secção foi tirado do “Perfil Ambiental e Mapeamento do Uso do
Solo actual da terra nos distritos da Zonas Costeira – Dondo, elaborado pelo MICOA, em 2012, no
âmbito do Projecto de Avaliação Ambiental Estratégica da Zona Costeira – Moçambique. Tal
informação faz referência a área distrital e municipal de Dondo

A. O estado dos ecossistemas e habitas

Na figura abaixo é apresentado um mapa de uso e cobertura da terra no Distrito de Dondo . Neste é
possível observar a heterogeneidade de habitats, bem como os principais pólos de ocupação urbana
no Distrito.
120

Mapa 6: Uso e cobertura da terra no Distrito de Dondo

Habitats
terrestres

Os principais
tipos de
vegetação no
Distrito do
Dondo incluem
matas
indiferenciadas,
pradarias
arborizadas,
mangais e
vegetação de aluvião. Wild e Barbosa (1967) sugerem que “ o Distrito de Dondo é maioritariamente
constituído por florestas húmidas de baixa altitude, mas pensa-se que existem algumas manchas de
floresta seca”.

A maior parte da área do Distrito de Dondo é ocupado por matagal aberto, cerca de 524 km2, são
comuns as espécies de Combretum e palmeiras como Hiphaene coriacea e Raphia farinifera. Neste
Distrito, o matagal disperso ou pradaria são também abundantes e constituem 423 km2. As terras
húmidas no Dondo constituem 544 km2 da área total do Distrito primariamente devido à sua
posição geográfica, dado que este Distrito situa-se na margem esquerda do Rio Pungué que vai
desaguar junto da cidade da Beira.

As áreas de cultivo ocupam aproximadamente 312 km2, e de um modo geral, este distrito é
conhecido por possuir potencialidades agrícolas. Por esta razão, a agricultura é uma das principais
actividades económicas das famílias.

A floresta do mangal ocupa apenas 38 km2 e pensa-se que as espécies Rhizophora mucronata, Bruguiera
gymnorrhiza e Avicennia Marina são das mais comuns nesta zona. Embora a faixa onde existe mangal
121

seja estreita, os mangais nesta zona são também usados para a construção de habitações e como
lenha pelas comunidades costeiras.

A.1 Zonas de transição litoral

Mangais

Os mangais que se encontram neste distrito são formações arbóreas e ou arbustivas com as
seguintes espécies constituintes: Rhizophora mucronata, Bruguiera gymnorhiza, Avicennia marina, Ceriops
tagal entre outras que existem em menor escala.

Mapa7. Distribuição e localização de mangais no Distrito de Dondo

A área
ocupada
por mangais
no Dondo é
pequena, e
as manchas
existentes
são na costa
e ainda na
margem do
Rio Pungoé
na zona
interior do Distrito. Na zona costeira, os mangais constituem a vegetação típica sujeita à influência
das marés. Nestas zonas pode-se observar sinais de danificação do mangal na costa maioritariamente
devido à exploração da madeira. A margem do rio Pungoé é também constituída por mangais que
sofrem a influência da actividade humana devido ao facto da maior parte da população estar aqui
localizada.

A protecção do mangal é importante para a protecção das áreas costeiras contra a erosão e intrusão
salina. A Província de Sofala regista uma taxa de desmatamento de 1972 a 1990 de 4.9 % que
constitui a segunda maior taxa registada para as províncias costeiras de Moçambique. Esta taxa de
122

desmatamento tem aumentado ao longo dos anos, desta forma é provável que os habitats de uma
variedade de espécies como pássaros, crustáceos, peixes e moluscos sejam afectados.

Estuários

Em termos de estuários nesta região, é importante referir que o estuário do Rio Pungoé encontra-se
adjacente ao Distrito do Dondo. Este estuário é circundado por uma floresta de mangal que se
expõe durante as marés baixas.

Os estuários são zonas ecologicamente importantes devido ao facto de um grande número de


organismos depende deles e perturbações nesta zona ecológica podem ter repercussões graves
noutras áreas. Os estuários são importantes pela sua alta produtividade jogando um papel ecológico
importante na exportação de nutrientes e matéria orgânica para outros ecossistemas, fornecem
abrigo para muitas espécies e constituem viveiros para espécies migratórias. Deste modo, é
importante manter o estuário do Rio Pungoé saudável para evitar futuras repercussões ecológicas no
Dondo.

A.2 Fauna terrestre

Mamíferos terrestres

A fauna de mamíferos terrestres do Distrito de Dondo não se encontra inventariada. Para o Distrito
de Cheringoma, adjacente ao Dondo, existem levantamentos e registos faunísticos de mamíferos de
grande e pequeno porte e dada a semelhança de habitats, assume-se que existem variações pequenas
em termos de mamíferos terrestres nesta região (Tabela em anexo 1).

O perfil distrital de Dondo (2005) afirma que os cabritos-do-mato e os porcos-do-mato são animais
de extrema importância para a alimentação das famílias. Outras espécies incluem pala-palas, changos,
pivas, gondongas, cabrito vermelho, leões, hipopótamos e crocodilos.

Aves

Em Sofala estão presentes duas das quinze Áreas Importantes para Aves (IBAs em inglês) que foram
identificadas em Moçambique, o Delta do Rio Zambeze e o Parque Nacional da Gorongosa. Estas
IBAs são muito importantes pois suporta uma população muito diversificada e grande de aves em
123

habitats de terras húmidas como rios, planícies e pradarias, pântanos, entre outros. Nenhuma destas
IBAs ocorre no Distrito de Dondo.

Embora a avifauna não tenha sido inventariada para esta região, através dos mapas da Lista
Vermelha da IUCN, foi possível identificar as áreas abrangidas pelas diferentes espécies. A
compilação de espécies indica a existência de 139 espécies cujo habitat é terrestre e 136 espécies cujo
habitat é terrestre e de água doce (Tabela A2 no Anexo 1). Nesta região somente sete espécies
foram identificadas como aquáticas de água doce. A maioria destas aves apresenta uma distribuição
ampla por diversos tipos de habitats que ocorrem na região do Dondo.

No Distrito de Dondo, em termos de estado de conservação global, as espécies Abutre do Egipto e


Abutre de capuz encontram-se em perigo. Espécies classificadas como ameaçadas incluem a
Narceja-real, Abutre-do-dorso-branco, Águia-cobreira-barrada, Águia-bailarina, Águia-marcial, Pisco
de Gunning, Beija-flor-de-garganta-azul e o Beija-flor de Neergard.

Espécies classificadas como vulneráveis incluem Grou-carunculado, Abutre-de-cabeça-branca,


Flamingo-pequeno, Calau-gigante e Grou-corado-austral.

Herpetofauna (Répteis e Anfíbios)

A herpetofauna do Distrito de Dondo não foi estudada de forma aprofundada, não se encontrando,
para a maioria dos Distritos circunvizinhos levantamentos detalhados. A herpetofauna – cágados,
lagartos, cobras, crocodilos, anfisbénios e anfíbios – no geral, constituem a composição de répteis e
anfíbios em algumas regiões da Província de Sofala e outros ainda referem a distribuição de várias
espécies por grandes regiões, incluídas no grande mosaico costeiro do este de África, que englobam
a Província.

A Tabela A3 no Anexo 1 apresenta uma listagem de várias espécies de répteis e anfíbios


identificados nos estudos mencionados. De acordo com esta compilação, existem pelo menos 35
espécies de répteis e 36 espécies de anfíbios. Répteis que pelos registos se confirmam a sua
existência no Dondo incluem a cobra-de-lista, a mamba-negra, a lagartixa-da-erva, o lagarto-
achatado-do-Pùngoé e a cobra-estilete.
124

Anfíbios que pelos registos se confirmam a sua existência nesta região incluem o sapo da Beira, o
sapo-pontado, o sapo-das-árvores sarapinhas, a rela-vermelha, a rã-das-costas-douradas e sapo-do-
dorso-chato.

Importa referir que muitas das espécies de répteis e anfíbios encontradas na região de Dondo não se
encontram listadas na Lista Vermelha da IUCN. O estado local de conservação tanto de anfíbios
como de répteis não é, de uma forma geral, conhecido.

Conflito Homem-Animal

O Distrito de Dondo não apresenta uma grande incidência de casos de conflito Homem-animal. De
acordo com o censo nacional da fauna bravia em Moçambique (MINAG, 2008), o qual reuniu
registos de casos de conflito Homem-animal (ataque a pessoas, ataque a gado, destruição de culturas
ou apenas presença do animal) entre Julho de 2006 e Setembro de 2008. Contudo, acredita-se que
no Dondo existem conflitos relacionados com a invasão de machambas por porcos-do-mato e
subsequente destruição de culturas que servem de alimentação das famílias ali estabelecidas.

A.3 Fauna marinha

Mamíferos marinhos

Ao longo do Canal de Moçambique ocorrem 18 espécies de mamíferos marinhos, entre golfinhos,


baleias e dugongos. Algumas destas apresentam uma ocorrência confirmada por estudos, enquanto
outras têm uma ocorrência provável (Tabela A4).

Os golfinhos Turciops truncatu (Golfinho narigudo) e Sousa chinensis (Golfinho corcunda do Índico)
foram observados ao longo de toda a extensão da costa moçambicana (Hoguane, 2007). Assume-se
que as águas desta zona são usadas por estes mamíferos como rota de migração ou como área de
reprodução

Um estudo descreveu a distribuição da Baleia Jubarte em Moçambique sugerindo que a zona central
e sul constituem áreas de reprodução enquanto o norte constitui uma rota de migração. Esta baleia
encontra-se presente na costa oriental de África, de Junho a Outubro.

O conhecimento do comportamento e do estado de conservação dos mamíferos marinhos é


importante face aos impactos de diversas actividades humanas (prospecção sísmica, pesca,
125

actividades relacionadas com o turismo, etc). A Tabela A5 resume algumas das características,
estado e ameaças a estas espécies.

Tartarugas marinhas

As tartarugas marinhas apresentam uma distribuição ampla ao longo das águas marítimas de toda a
costa Moçambicana. As espécies que ocorrem nas águas ao largo de toda a zona costeira incluem a
tartaruga coriácea - Dermochelys coriacea, a tartaruga cabeçuda – Caretta caretta, a tartaruga olivacea -
Lepidochelys olivacea e a tartaruga imbricata ou bico de falcão -Eretmochelys imbricata. A única que não
ocorre na zona costeira sul é a tartaruga verde (Chelonia mydas).

A pesca comercial de arrasto de camarão é referida como tendo efeitos negativos sobre a população
de tartarugas marinhas no Banco de Sofala onde estas são pescadas acidentalmente. As espécies mais
afectadas são a tartaruga verde e a tartaruga cabeçuda.

A Tabela A6 apresenta as principais espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Norte de


Moçambique e aspectos sobre os seus habitats, dinâmica das populações, reprodução, ameaças e
estado de conservação.

Peixes

A zona marinha do Distrito de Dondo pertence ao Banco de Sofala. Esta caracteriza-se por
apresentar fundos arenosos-lodosos, de sedimentos moles e arrastáveis, e ambientes estuarinos
entremeados por praias de areia. A fauna aqui existente é adaptada a estas condições.

Associados aos fundos existe uma grande variedade de peixes demersais havendo registos de cerca
de 233 espécies capturadas pela pesca artesanal. Em águas de baixa profundidade, existe abundância
de corvinas (família Sciaenidae), peixes-fita (Trichiuridae) e bagres (Ariidae).

Em águas de maior profundidade são comuns salmonetes (Mullidae), peixes-banana (Synodontidae),


bagas (Nemipteridae) e roncadores (Haemulidae). Associados a alguns habitats rochosos que
ocorrem no Banco de Sofala, entre Angoche e Quelimane e a sul da Beira, outros demersais que
ocorrem são os pargos (Lutjanidae), imperadores (Lethrinidae) e garoupas (Serranidae).

No Dondo, espécies de pequenos pelágicos que ocorrem em grande número incluem carapaus e
xaréus (Carangidae), cavalas (Scombridae), ocares e anchovetas (Engraulididae), sardinhas
126

(Clupeidae), barracudas (Sphyraenidae) e patanas e sabonetes (Leiognathidae). O grupo dos grandes


pelágicos é constituído principalmente por atuns, serras e grandes cavalas. Existem registos de
aproximadamente 113 espécies de pelágicos capturados pela pesca artesanal.

Importa referir que uma das espécies mais comuns de tubarão presentes nesta região pretence à
família Carcharhinidae.

Diferentes espécies de atuns (gaiado, albacora e voador), no grupo dos grandes pelágicos, ocorrem
em águas oceânicas, sendo alvo de uma pescaria industrial de cerco e de palangre a partir das 12
milhas náuticas.

A Tabela A7 apresenta uma listagem de várias espécies de peixes encontradas, no Banco de Sofala.
Uma composição de espécies idêntica será provavelmente encontrada em ambientes semelhantes no
Dondo, fora a área municipal

Invertebrados de áreas entre-marés

A fauna bentónica e epibentónica de áreas entre-marés no Distrito de Dondo não se encontram


descritas. Porém, de acordo com os habitats costeiros presentes (praias, mangais, estuários) é certo
que se encontrará uma apreciável diversidade de bivalves, gastrópodes, crustáceos e esponjas.

Na região do Banco de Sofala foram efectuados alguns estudos sobre a composição da fauna
bentónica e epibentónica em praias e estuários (Abreu e Júnior, 2007; Coastal and Environmental
Services, 1998b). A compilação destes levantamentos indica a presença de pelo menos 14 espécies de
bivalves, 11 de gastrópodes, 56 de crustáceos, e 5 de esponjas (Tabela A8, no Anexo 1).

Os camarões penaeídeos constituem a componente mais importante da pesca, em especial da


industrial e semi-industrial, na região. Cinco espécies foram registadas na região. O camarão branco
(Fenneropenaeu sindicus) é dominante, seguido pelo camarão castanho (Metapenaeus monoceros), camarão
tigre gigante (Penaeus monodon), camarão flor (Penaeus japonicus) e camarão tigre (Penaeus semisulcatus).
Estas espécies fazem uso dos estuários e mangais durante a fase de crescimento.
127

Aves costeiras e marinhas

As aves marinhas são aquelas que passam grande parte das suas vidas no mar e na sua maioria
reproduzem-se em grandes colónias em pequenas ilhas. As aves costeiras são normalmente aves
residentes costeiras ou aves aquáticas e pernaltas migratórias.

A avifauna costeira e marinha do Distrito de Dondo não se encontra descrita. Contudo foi possível
a compilação de uma lista de espécies de aves marinhas e costeiras através da bibliografia disponível
(Tabela A9) que indicou a existência de cerca de 6 espécies que ocorrem somente no ambiente
marinho, 9 espécies que ocorrem no ambiente marinho e terrestre e 57 espécies que ocorrem tanto
no ambiente marinho como nos ambientes terrestres e de água doce. Em termos de preservação das
espécies, é importante mencionar que não se encontrou nenhuma espécie classificada como uma
espécie ameaçada.

B. Áreas de conservação

No Distrito de Dondo não existem áreas de conservação. As áreas de conservação que são
adjacentes ao Distrito de Dondo são o Parque Nacional da Gorongosa e a Coutada 8 (Figura 17).

Mapa 8: Áreas de conservação adjacentes ao Distrito de Dondo


128

O Parque Nacional da Gorongosa criado em Julho de 1960 (Decreto Lei 1993) constitui uma reserva
florestal e animal de dimensão nacional para além de ser um grandioso centro turístico. Outra área
de conservação próxima é a região Monte Gorongosa – Vale do Rift – Complexo de Marromeu,
reconhecida entre outras em Moçambique pelo seu alto valor biológico em termos de elevada
diversidade e endemismo. As suas florestas constituem uma prioridade para a conservação no
quadro estratégico de acções a serem desenvolvidas na Ecoregião das Florestas Costeiras do Este de
África dado que fazem parte do Complexo Inhamitanga/Marromeu/Cheringoma/Dondo (Caixa 3).

Caixa 4: Eco-Região de Florestas Costeiras da África Oriental

A Eco-Região de Florestas Costeiras da África Oriental (EFCAO) constitui um mosaico de manchas


fragmentadas de florestas e outros habitats que se estendem ao longo da costa oriental de África
desde a Somália até Moçambique. Estas manchas florestais, dominadas por espécies cuja distribuição
é limitada a esta eco-região, apresentam árvores com alturas que variam de 10 a 50 ou mais metros;
nelas as copas das árvores sobrepõem-se e entrelaçam-se com lianas. A EFCAO é uma das eco-
regiões a beneficiar de um programa integrado de acções, coordenado pela WWF, de forma a atingir
as metas da conservação e uso sustentável dos recursos na região.

A EFCAO estende-se por 6 países: Somália, Kenya, Malawi, Moçambique, Tânzania e Zimbabwe. A
Este a EFCAO faz limite com a grande Eco-Região Marinha da África Oriental (EMAO) e a oeste
com a Eco-Região de Florestas de Miombo, ambas prioritárias nas acções de conservação da WWF
e seus parceiros.

3.1.2.5 O Ambiente construído

No sentido estrito do termo, o meio ambiente construído não integra os ecossistemas naturais, mas
é, de facto, parte característica do ecossistema urbano. Está associado ao processo civilizatório, à
organização e produção das sociedades humanas. A análise do meio ambiente construído é
complexa porque envolve a economia (deterioração do património histórico), a desigualdade social
(migração) e a qualidade de vida (paisagem urbana e infra-estrutura básica eficiente) - Refere-se às
áreas ou edifícios urbanos com importância histórica ou arquitectónica para a cidade.

Os temas relevantes sobre o meio ambiente construído são: (i) a qualidade do ambiente construído,
expressa pelo estado de conservação da paisagem urbana e seus edifícios; (ii) a herança cultural,
129

arquitetónica e histórica dos edifícios e dos conjuntos de edificações; e, (iii) a infraestrutura urbana e
seus serviços.

Indicador do ambiente construído

 Percentagem de áreas (centros históricos ou edificações) degradadas em relação ao total de


área construída da cidade

É um indicador com sinal negativo, que pressupõe o reconhecimento do estado de degradação de


algo cujo valor permite sua consideração como património. É importante que outros indicadores
sejam considerados na análise como um todo para que o indicador tenha valor adequado no
conjunto da avaliação.

O Município de Dondo possui uma superfície de 382 km2. A parte consolidada é constituída de
cerca de 10 km2 perímetro da Cidade (abrangendo os bairros Central e Consito). Esta área é de usos
misto para habitação, comércio, armazéns, serviços e equipamentos e espaços verdes. Nestes bairros
a rede viária é assinalável, apresentando-se asfaltada no bairro central e terra batida no Consito. Para
esta área, existe planos de urbanização tendo sido o primeiro elaborado antes da independência e o
segundo, após esta.

Nesta área e de acordo o PEU (2011), propõe-se:

 A manutenção do uso actual do solo existente (o residencial e o de equipamentos, sem


exclusão da localização de outras actividades, designadamente comerciais, de serviços,
industriais e de armazenagem); e

 O melhoramento das infra-estruturas em particular as vias de acesso algumas das quais


desprovidas de passeios e outras sem sistema de drenagem o que leva a inundações em
algumas artérias no período chuvoso.

A. Áreas de importância do ponto de vista histórica ou da paisagem urbana

A paisagem urbana de Dondo é bastante diversificada. Os bairros possuem características


específicas, mesclando elementos do quadro natural, muitos deles de beleza exuberante com um
conjunto edificado que destaca exemplares arquitectónicos históricos e modernos. As áreas de
maiores amenidades ambientais concentram edificações, usos e espaços colectivos sofisticados, dado
130

o alto valor imobiliário do solo e convivem com assentamentos irregulares ou subnormais


encravados nestes espaços.

Ao nível do Município podem se observar infra-estruturas públicas e privadas que dão uma beleza a
cidade e aos seus moradores. Podem se encontrar também espaços públicos construídos como a
Praça dos Heróis frente a Administração e ao edifício da Assembleia Municipal.

Desde o período colonial, em Dondo foram erguidas infra-estruturas comerciais como: a Fabrica de
Cimentos, Fabrica Lusalite, a estação de comboio, entre outras. Nos últimos anos, o município tem
registado igualmente o aumento de infra-estruturas modernas como: Parques, Jardins, Infra-
estruturas comerciais, que dão outra beleza a cidade como por exemplo: O Complexo comercial
NKOMAZI, a Fabrica de Etanol, a SHOPRITE e PEP, entre outras.

Fotos19 a 22: Pormenor do ambiente construído na zona urbanizada

Fonte: Equipa do REA Dondo:2013


131

B. O ambiente construído e as habitações nos bairros suburbanos


Os bairros Nhamaiabwe, Macharote, Mandruze, Canhandula, Mafarinha Samora Machel,
Nhamainga e Thundane, estão em zonas semi urbanizadas, com uma superfície estimada em 373
Km2. Esta área, é caracterizada por tipologia habitacional unifamiliar (e em alguns casos
multifamiliares) com infra-estruturas por completar, encontram-se áreas por planificar. Esta situação
faz com que não seja possível fazer a demarcação e registo no cadastro municipal por um lado, e
dificulta o acesso dos seus utentes às infra-estruturas sociais básicas por outro.

Para estas áreas, de acordo o PEU, deve-se contemplar nos Planos Parciais de Urbanização no
sentido de integrá-las tendo como base a necessidade de garantir a manutenção do traçado viário
organizado, o incremento da densidade e a provisão de infra-estruturas e equipamentos sociais de
que os mesmos carecem (instalações educacionais, sanitárias, culturais, desportivas e de segurança
pública, com infra-estruturas viárias).

Para a materialização dos planos e a consequente transformação dos espaços semi-urbanizados em


urbanizados, o CMCD deve transformar gradualmente os locais já planificados, existentes no
Município, em Espaços Urbanizados, a partir da indicação de locais potencialmente favoráveis para
o efeito, determinando as regras de compensações e incentivos aos residentes afectados pelas
operações urbanísticas.

Para a recuperação ou melhoramento dos espaços não aproveitados actualmente, deve-se prover
equipamentos sociais como Escolas, Postos de Saúde e/ou infra-estruturas sociais tais como o
abastecimento de energia eléctrica, água potável, escoamento das águas pluviais e residuais.

C. A condição da rede viária, ruas e passeios

O Município do Dondo goza de uma posição privilegiada no contexto geral da província devido a
sua localização geoestratégica que lhe confere características que podem facilitar e dinamizar o seu
rápido crescimento e desenvolvimento suportado pelo sistema rodoviário e ferroviário que
funcionam como corredor de desenvolvimento, com facilidades de acesso ao porto da Beira, as
províncias de Manica e Zambézia e ainda aos países vizinhos como Zimbabwe e Malawi
respectivamente.

O Município possui uma rede viária com cerca de 150 km de estrada, dos quais vinte (20) km
revestidos, quinze (15 ) km referentes a EN6 que liga à cidade da Beira a sul e às cidades de Chimoio
132

e Quelimane a norte, cinco (5) km de estrada interna asfaltada e cento e trinta (130) Km constituído
por estradas terraplanadas e terciárias

A partir do Município é possível proceder-se as seguintes ligações rodoviárias:

 Do Município de Dondo à Cidade Capital Beira com uma extensão de cerca de 30km. Esta via
está em bom estado, encontrando-se totalmente revestida.
 Do Município de Dondo ao Posto Administrativo de Mafambisse no Distrito de Dondo com
cerca de 15 km totalmente revestido e em bom estado.
 Do Município de Dondo ao Distrito de Buzi com uma extensão de cerca de 98 km de estrada
em bom estado mas com limitações na época chuvosa.
 Do Município de Dondo ao Distrito de Nhamatanda com uma extensão de cerca de 70 km de
estrada em terra batida mas em bom estado, carecendo de manutenção permanente, em
particular na época chuvosa.
No território municipal a rede viária é na sua maioria terra planada, principalmente a que dá acesso
aos Bairros com um total de cerca de 200 Km. Devido a sua configuração topográfica, foram
construídas algumas valas de drenagem e pontecas:

 1.450 m em Nhamainga
 5.342 m no Bairro central
 1.000 m no bairro Consito

Deste modo, cerca de 200 Km de estradas do Município é de terraplagem, 4,5 km de estradas está
asfaltada e apenas cerca de 161 m de Estrada revestida de pavê. As ligações internas no Município
apresentam-se em estado precário, devido a deficientes vias de acesso para o interior em particular
na época chuvosa, com destaque o bairro de Thundane.

Tabela 38: Características da rede de estradas do Município de Dondo

Classificação
Extensão (Kms) Percurso
da Estrada

EN6 15 CMC do Dondo- PA Mafambisse


133

EN6 30 CMC do Dondo- CMC da Beira

ER 98 CMC do Dondo- Distrito de Buzi

EN6 70 CMC do Dondo- Distrito de Nhamatanda

Fonte: SDPI, Dondo, 2013

Para além das estradas primárias e secundárias, apresentadas na tabela acima encontramos ainda as
Estradas Vicinais (EV) e Não Classificadas que permitem ligações entre os Bairros, todas em terra
batida e na sua maioria transitáveis, algumas com dificuldades, principalmente na época chuvosa.

Tabela 39: Rede de Estradas Vicinais no Município de Dondo

Troço Extensão (m) Situação

B. Central/B. Consito 1,120 Transitável

B. Central/B. Nhamainga 14, 300 Transitável

B Central/B. Nhamaiabwe 6.000 Transitável

B. Central/B. Mafarinha 1, 230 Transitável

B. Central/ B. Mandruzi 5,340 Transitável em todo período

B. Central/ B. Thundane 17, 700 Transitável no período seco

B. Central/ S. Machel 5, 000 Transitável

B. Central/ Macharote 1, 120 Transitável com ponte

B. Central/ Canhandula 16, 150 Transitável

Fonte: CUI, Dondo - 2013

A rede ferroviária do Dondo foi construída nos finais do Século XIX. Ela desempenha papel
preponderante no transporte de pessoas, bens e mercadorias, garantindo a circulação ao longo do
134

corredor da Beira. Ela permite o contacto do Dondo com os distritos de Marromeu, Machipanda,
Sena, Muanza, Beira e países vizinhos a exemplo do Zimbabwe e Malawi.

Quanto aos transportes, estão licenciados 70 transportadores privados que operam na rota Dondo –
Beira. No ano 2009, a edilidade contactou a Empresa Transportes Publicos da Beira, com vista a
aumentar a frota de autocarros de 2 para 4 machimbombos para responder com as necessidades dos
munícipes nesta via. Recentemente foi introduzido o sistema de taxi em carros e em motorizadas, o
que tem vindo a facilitar a deslocaçao de muitos utentes entre os bairros.

Segurança Rodoviária

Existem muitos pontos de conflito nas estradas, especialmente ao longo da EN6, com cerca de
cinco (5) km de estrada interna asfaltada, quinze (15) km referentes a EN6 que liga à cidade da Beira
a sul e ao Posto administrativo de Mafambisse. Numa tentativa de melhorar as condições de
segurança, têm sido investidos pelo governo central em sinais verticais, importadas da África do Sul,
para garantir a sinalização desta.

Há muitos acidentes de viação, especialmente na única rua que atravessa a cidade. Para além da
estrada, igualmente verificam-se acidentes ao longo da linha férrea Beira a Dondo, aliada a
negligência de alguns moradores locais, na travessia daquela linha.

Não foi possível colher dados das instituições locais sobre os acidentes rodoviários e ferroviário
ocorridos assim como informações sobre a evolução dos acidentes ao longo do tempo.

3.1.2.6 Resíduos Sólidos


Os resíduos sólidos, tanto os industriais (sobre os quais se tem maior controle na fonte) quanto os
domésticos (que representam o maior volume de resíduos destinado a lixões e aterros sanitários),
talvez sejam a maior fonte de contaminação ambiental do solo.

A composição do lixo, em muitas cidades Moçambicanas, mudou nas últimas décadas,


acompanhando o crescente consumo de produtos industrializados. O lixo, antes orgânica e
compacto, passou a a ser mais volumoso e não-degradável, com grande quantidade de plástico e
metais. A elevação do padrão de vida é directamente proporcional ao volume e à composição do lixo
urbano.
135

As cidades dos países em desenvolvimento vêm assimilando determinados padrões globais sem que
as autoridades consigam gerenciar as consequências dessas mudanças. A falta de capacidade
gerencial resulta em disposição inadequada do lixo, contaminação do solo, da água e do ar, e em
impactos severos sobre a qualidade de vida e a saúde, sobretudo das populações de baixa renda.

A produção de resíduos aumenta e a colecta de lixo precisa também se expandir, mas é na forma de
disposição destes resíduos que residem os maiores problemas. A maior parte dos resíduos sólidos é
depositada em "lixões" a céu aberto, sem tratamento, provocando graves danos ambientais -
contaminação do solo e de lençóis freáticos, por exemplo - e à qualidade de vida humana.

Indicador

 Sítios contaminados

Segundo plasmado na Lei Autárquica Nº 2/97, de 18 de Fevereiro, artigo nº6, alínea 1, é da


competência dos conselhos municipais velar pela execução dos serviços de limpeza urbana e recolha
do lixo nas áreas sob sua jurisdição, garantindo assim serviços abrangentes e de qualidade.

Os locais contaminados devido a deposição inadequada de resíduos sólidos se destacam: os


depósitos de lixo nos mercados; a volta dos contentores de deposição transitória de lixo ao longo
das vias públicas e a área da lixeira municipal que localiza no bairro Mafarinha.

O CMCD possui código de postura, que foi aprovado em 2009 pela Assembleia Municipal.
Contudo, tem havido dificuldades em fazer cumprir as posturas, assim como penalizar os
infractores, devido a deficiências no sistema de fiscalização e na forma de obrigar os penalizados a
pagar as devidas taxas. Esta situação faz com que a impunidade ambiental se torne num incentivo
para a degradação constante do ambiente por falta de uma fiscalização ambiental mais eficiente por
parte da autarquia, em coordenação com outros sectores da sociedade e do governo.

Assim, o reforço da componente organizativa jurídica e de fiscalização deve merecer primeira


atenção no contexto da prestação de melhores serviços de limpeza urbana e recolha de lixo na
Cidade de Dondo, com destaque para os seguintes aspectos: (i) Aumento do pessoal da área de
fiscalização dos serviços; (ii) Criação duma unidade de fiscalização permanente sobre as posturas
municipais que inclui os sectores da Policia da República de Moçambique (PRM), Ambiente, Saúde e
136

Polícia Camarária; (iii) A construção de um aterro sanitário para a deposição final do lixo recolhido
ao nível do Município; e (iv) Montagem de uma unidade municipal (tribunal) de execuções fiscais.

3.2 SÍNTESE DO ESTADO DO AMBIENTE LOCAL

Nesta etapa pretende-se fazer uma síntese sobre as condições gerais do meio ambiente local,
avaliando cada elemento e as relações entre os ecossistemas e as actividades urbanas. Aproveitam-se
os indicadores transversais para estabelecer essas relações, tanto entre os elementos do ambiente
urbano quanto entre os diferentes níveis de análise na matriz pressão-estado-impacto-resposta
(PEIR).

Esta avaliação é instrumental para integrar políticas públicas sectoriais e demonstrar as


consequências das medidas parciais sobre o conjunto da cidade. Ela vai, portanto, uma abordagem
integrada da gestão ambiental urbana.

Os recursos hídricos em suas diferentes manifestações são caracterizados por: os rios e riachos
apresentam alguns sinais de poluição porque são depositados alguns corpos e nos cursos de água ao
longo dos bairros, também há sinais de poluição devido ao despejo de dejectos e águas negras sem o
devido tratamento. As fontes de captação de água consumida pelo maior número da população,
tanto do FIPAG assim como dos furos, são seguras e a água própria para o consumo humano, a
excepção das águas dos rios e riachos.

Não há dados sobre qualidade do ar ao nível local. Mas alguns pontos localizados como a volta da
fabrica de Cimentos de Moçambique (por causa das poeiras) e ao longo EN6 e da linha férrea (por
causa dos fumos dos automóveis e do comboio), podem ser considerados como sendo alguns
pontos de poluição do ar.

O solo de Dondo apresenta alguns sinais de poluição localizados ao longo dos bairros como: na
lixeira municipal onde o lixo é depositado a céu-aberto e sem tratamento; junto ao HGD em que o
lixo biomédico é depositado em aterros sanitários sem o tratamento por falta de um aterro
controlado; nas zonas de extracção de solos nos bairros aliada a não reposição dos solos e da
vegetação pelos operadores, provocando erosão dos solos e nos locais transitórios de deposição de
resíduos.
137

A diversidade biológica ao nível do Município tem estado afectada com a expansão da cidade e
aumento do número de moradores. A fauna nos últimos anos, está a ser gradualmente afectada e na
área municipal não existem espécies animais que anteriormente povoavam porque estas migraram
para área distrital e distritos circunvizinhos. A flora também está ser destruída com o processo de
urbanização e abate de espécies florestais nativas. Alguns pontos localizados da área municipal faz-se
a reposição com a introdução de algumas espécies exóticas como eucaliptos, casuarinas, fruteiras,
entre outras.

O ambiente construído, é caracterizado por infra-estruturas sociais e comerciais de construção


melhorada ao nível da zona de cimento, seguida de construções mistas entre tradicionais e
melhoradas nos bairros semi-urbanizados e totalmente tradicionais nos bairros não urbanizados,
onde se podem observar casas construídas de material local (blocos ou paus a pique com cobertura
de capim)

A gestão dos resíduos sólidos no Município de Dondo, é da inteira responsabilidade do Conselho


Municipal. ao nível local, apenas o Código de Posturas Camarárias regulamenta a limpeza urbana e
em contra partida, esta ainda é deficiente aliada a fraca capacidade institucional do Conselho
Municipal.
138

CAPÍTULO IV

4.1 IMPACTOS GERADOS PELO ESTADO DO MEIO AMBIENTE

Este capítulo, inclui informação sobre o impacto causado pelo estado do meio ambiente nos
ecossistemas naturais e seus elementos constitutivos (água, ar, solo, biodiversidade), à qualidade de
vida dos habitantes, ao ecossistema artificial, ou meio ambiente construído (edifícios, infra-estrutura
urbana, etc.) e às actividades económicas que impulsionam o desenvolvimento da cidade. Esta
informação deverá ajudar a responder à questão: Qual é o impacto causado pelo estado do meio
ambiente?
Os impactos incluem a vulnerabilidade a acidentes naturais ou provocados, que podem ser
traduzidos em dados quantitativos para subsidiar a análise de gestão dos riscos urbanos. Os
indicadores de impacto favorecem a análise estratégica, na qual os tomadores de decisão identificam
as prioridades de acção e investimento. Os dados de impacto agregados para a análise geral são
voltados para a avaliação de aspectos económicos e sociais; podem, portanto, colaborar para que os
formuladores de políticas dimensionem como os factores externos prejudicam o meio ambiente. Os
dados quantitativos são organizados por temas: ecossistema, qualidade de vida, economia urbana,
nível político e institucional e vulnerabilidade urbana. No caso da análise de impactos sobre a
qualidade de vida, os dados subsidiam também uma avaliação mais qualitativa.
A avaliação dos impactos será detalhada de acordo com as necessidades específicas o gestor local.
Sempre que possível, os dados objectivos devem observar também as fontes internacionais ou
nacionais para garantir que a análise contribua para uma visão comparativa.
A avaliação do impacto ambiental deverá contemplar, portanto: (i) Impactos sobre os ecossistemas;
(ii) Impactos sobre a qualidade de vida e saúde humanas; (iii) Impactos sobre a economia urbana;
(iv) Impactos sobre o meio ambiente construído (vulnerabilidade urbana); e (v) Impactos ao nível
político-institucional

4.1.1 Impactos sobre os ecossistemas

A ocupação urbana de áreas naturais, desmatadas ou aterradas , a adaptação da terra para fins
agrícolas, a emissão de resíduos e produtos contaminantes vazados directamente no ambiente e o
consumo de recursos naturais variados (água, minerais diversos, plantas e animais) tornam o
crescimento das cidades um vector de impactos ambientais.
139

Os impactos sobre os ecossistemas incluem a destruição imediata ou progressiva da fauna e da flora


original, por meio da remoção de vegetação, introdução de espécies exóticas, aterros de áreas
húmidas e restingas, desmonte de morros, drenagem de lagos e rios. As actividades económicas de
extracção de produtos florestais em comunidades menores, a pesca predatória e a ocupação de áreas
de protecção ambiental por assentamentos ilegais também têm impacto directo sobre os
ecossistemas. O despejo de resíduos domésticos ou perigosos em cursos d’água e em locais
inadequados, sem controlo sanitário, é outro factor gerador de dano, contaminando também o solo.
A demanda da população urbana local por alimento transforma o solo natural para o uso agrícola.

Nas áreas urbanas, a modificação dos ecossistemas implica na fragmentação de áreas naturais, e na
alteração da dinâmica natural e da cadeia alimentar da biota original, com perda de biodiversidade da
fauna e da flora.

A análise local ira incorporar todos os factores considerados relevantes como expressão do impacto
gerado pelo crescimento urbano sobre os ecossistemas e o meio ambiente locais, direccionando as
conclusões para indicar os problemas a serem prioritariamente tratados pelas autoridades locais.

Indicador

 Perda de biodiversidade

A presença da biodiversidade numa cidade se relaciona directamente com a qualidade de vida. Tanto
no que concerne à qualidade advinda de um ambiente mais saudável, livre de contaminação - já que
a biodiversidade implica no equilíbrio ambiental - como no que se refere à qualidade visual, advinda
da beleza cénica de paisagens naturais bem conservadas. Em Dondo, a biodiversidade relaciona-se
também com a sua base económica, a pesca e o turismo, e impactos sobre a biodiversidade trarão
impactos económicos para a cidade.

A biodiversidade natural da Cidade de Dondo foi grandemente destruída pela transformação, ao


longo dos últimos 100 anos na transformação de uma área rural numa área urbana e peri-urbana. As
florestas naturais foram cortadas e os mamíferos de maior porte foram todos extintos a nível local.

A deterioração dos ecossistemas, presentes na cidade de Dondo, levou ao desaparecimento de


espécies mais sensíveis a modificações no equilíbrio dinâmico de seu habitat não dados quantitativos
sobre a área reduzida mas torna-se evidente que algumas espécies arbóreas e arbustivas tendem a
desaparecer, a olhar pelo nível de procura dos mesmos pelas populações locais.
140

Outros exemplos de impacto causado pela deterioração de ecossistemas na cidade de Dondo pode
ser descrita como a Mortandade de peixes, causado pela eutrofização das lagoas (aumento da
concentração de matéria orgânica) e pela diminuição de oxigénio associado a um aumento de
temperatura.
4.1.1.1 Pegada ecológica
Os impactos ambientais da cidade de Dondo transbordam de longe aos seus limites administrativos,
pois os efeitos ecológicos que derivam do abastecimento em combustível lenhoso, a produção de
alimentos, e a disposição das águas residuais. Assim a influência da cidade faz-se sentir em todo o
distrito de Dondo, em muitas partes dos distritos de Nhamatanda, Gorongoza Muanza, Beira, ao
longo do corredor da Beira (EN6 e a linha férrea), a ao longo do rio Púngòe, ao longo do vale de
Mandruzi entre outros.
Por causa da extracção desenfreada de materiais lenhosos, existe uma cintura em torno da cidade
onde quase todas as árvores importantes já foram tiradas e transportadas para a cidade. As anteriores
florestas, deram lugares a planícies limpos onde a maioria das árvores são de fruta e o combustível
lenhoso é actualmente extraído até 60 km da cidade.
Na Bacia do Rio Púngòe, foram identificados sinais claros de sobre-exploração e falta de controlo
no abate do mangal e outras espécies florestais. Esta situação é agravada pela inexistência de planos
de reflorestamento para reposição dos habitats e florestas indígenas.
As águas residuais da cidade, bem como outros efluentes industriais e resíduos sólidos são
despejadas nos rios e riachos sem qualquer tratamento, assim causando poluição das águas à jusante.
Seguindo o declive topográfico, parte destes pequenos riachos escorrem para a bacia do Rio Púngòe.
Esta condição da sua génese torna este rio especialmente vulnerável à acção humana, pois a
destruição da vegetação em redor dos inselbergs e os fenómenos subsequentes de perda de solos
podem perturbar irreversivelmente as zonas de captação da nascente.

4.1.2 Impactos sobre a qualidade de vida e a saúde humanas

As pressões antrópicas trazem consequências para as populações, expressas na incidência de doenças


causadas pela degradação ambiental. Por isso, a deterioração das condições de reprodução da força
de trabalho (diminuição da capacidade física humana, comprometimento das condições de acesso à
recreação e ao desporto vinculados aos recursos ambientais) e o aprofundamento da desigualdade e
da pobreza urbanas são centrais para avaliar o impacto do estado do meio ambiente.
141

Entre as doenças que comprometem a qualidade de vida da população, destacam-se as relacionadas


às condições de saneamento e limpeza urbanas (doenças de veiculação hídrica) e à contaminação das
condições atmosféricas locais (doenças cárdiorespiratórias).
Para as doenças de veiculação hídrica, os fatores determinantes são o estado ou a qualidade da água
consumida pelos habitantes (que pode estar contaminada por bactérias causadoras de diarréia, por
exemplo) e as condições de saneamento básico às quais tem acesso a população (existência de valas
negras e cursos d'água contaminados).
As doenças de veiculação hídrica manifestam-se, sobretudo, entre as populações de baixa renda que
ocupam áreas degradadas, ilegais ou sem infra-estrutura urbana adequada. Podem ser assentamentos
irregulares, cabanas ou acampamentos onde a precariedade - das habitações e das condições
ambientais – facilita a proliferação dos vectores de doenças infecciosas. As doenças causadas pela
degradação ambiental, recorrentes nos países em desenvolvimento, estão directamente associadas à
pobreza e à desigualdade social; são elas: diarréia, malária, infecções intestinais, tuberculose e
desidratação.
A principal causa dessas doenças é a falta de saneamento básico. A maioria da população com
menor rendimento não é atendida por sistemas de esgoto e coleta de lixo. Os habitantes desses
assentamentos acabam lançando o esgoto a céu aberto, em córregos ou, por meio de ligações
clandestinas, na rede de águas pluviais, e ainda utilizam latrinas comunitárias com sistemas de fossa
negra que contaminam o lençol freático, expondo a população aos riscos de consumir produtos
(pesca ou hortaliças, por exemplo) contaminados por coliformes fecais.
O resultado é um aumento na incidência de doenças que geram custos para a saúde pública, causam
perda de produtividade, baixo rendimento escolar e altas taxas de mortalidade infantil. A
contaminação química dos solos também acarreta danos para a saúde humana. Este tipo de
contaminação pode originar-se de efluentes químicos de indústrias, do chorume de lixões ou aterros
sanitários, ou de depósitos clandestinos de lixo tóxico. Seu gerenciamento inadequado configura
uma ameaça à qualidade de vida nas cidades.
No caso da contaminação por metais pesados, os principais responsáveis são as indústrias que
depositam resíduos e efluentes também sem controle, prejudicando a saúde da população de baixa
renda que ocupa os arredores de indústrias e periferias, em busca de emprego ou em função do
baixo custo da terra em loteamentos ilegais; ou que consome produtos contaminados por metais
pesados, como é o caso do pescado de rios, lagoas ou regiões costeiras contaminadas.
142

Por último, os efeitos do desenvolvimento urbano sobre o meio ambiente em relação à qualidade de
vida da população local incluem também a deterioração da qualidade ambiental urbana, manifesta
em ilhas de calor e enchentes resultantes do alto índice de impermeabilização do solo urbano, da
contaminação de áreas de mananciais e da poluição atmosférica.
Indicadores:

 Incidência de doenças por veiculação hídrica, associadas à pobreza;


 Incidência de doenças cárdio-respiratórias associadas à poluição do ar e ao estresse urbano,
 Incidência de doenças por intoxicação e contaminação associadas à contaminação do solo e
à degradação do espaço urbano;
 Alteração do micro-clima, relacionada ao conforto ou desconforto térmico na cidade;
 Taxa de infracções juvenis das populações em área de risco,
 População residente em áreas de vulnerabilidade urbana

Em relação à qualidade de vida humana, o meio ambiente e a sua má qualidade são responsáveis por
comprometimento do bem-estar físico, mental e social. Como exemplo, pode-se citar a ocorrência e
agravo de diversas doenças, perdas de vidas humanas, redução da produtividade, através de perdas
de horas de trabalho e abstenções e comprometimento das actividades de lazer e desporto.

A poluição atmosférica provoca o aumento de doenças respiratórias, como asma, bronquite e


enfisema pulmonar, desconforto físico. Como irritação nos olhos, nariz, garganta, dor de cabeça,
cansaço, tosse, além de agravar doenças cardiovasculares e câncer pulmonar

Os efeitos do monóxido de carbono na saúde, por exemplo, não são percebidos pelos sentidos. Ele
causa perturbação na visão, diminuição dos reflexos e da capacidade de estimar intervalos de tempo.
(Menegat et al., 1998).

Na cidade de Dondo, as águas estagnandas, devido à falta de um sistema adequada de drenagem,

constituem a principal causa da ocorrência de malária. A inexistência de adequados sistemas de


saneamento e tratamento de águas residuais, a par com um sistema de recolha de resíduos sólidos,
constituem as principais causas para a ocorrência de doenças diarreicas, incluindo a cólera.

Nos subúrbios, o efeito do despejo do lixo tem impacto negativo profundo na saúde pública e nas
condições da vida da maior parte da população. A poluição dos recursos do solo e da água causada
pelo lixo despejado provoca doenças diarreicas. As crianças que andam descalças na areia expõem-se
aos parasites. Vectores de doença como moscas e ratos alimentam-se do lixo. O lixo a degradar-se
emite cheiros nauseabundos, gases e esporos fungais.
143

As mulheres e crianças que utilizam a lenha nas cozinhas fechadas ficam vulneráveis às doenças
respiratórias que podem encurtar a sua vida e mesmo causar baixo peso dos seus filhos ao nascer.
Além disso, nos bairros suburbanos, existe a pratica de queima de todos os tipos de resíduos
misturados, assim criando fumos tóxicos.

A tabela abaixo, indica as principais causas de internamento nos anos 2009 e 2012 o número de altas
e óbitos ocorridos.

Tabela 40: Causas de internamento e óbitos (2009 e 2012)

2009 2012
Taxa de Taxa de
letalidade letalidade
em em Diferença
Óbito percentage Alta Óbito percentage : 2012 vs
Doença Atas s m s s m 2009
Diarreia 147 17 11.6 26 3 11.5 -0.1
Sarampo 0 0 0 0 0 0 0
Malaria
Confirmada 714 27 3.8 977 54 5.5 1.7
Pneumonia 184 13 7.1 292 28 9.6 2.5
Malnutrição 126 28 22.2 101 17 16.8 -5.4
Anemia 172 19 11 212 18 8.5 -2.5
Tuberculose 61 13 21.3 39 9 23.1 -1.8
1.Hiv/Sida 336 140 41.7 467 175 37.5 -4.2
2.Outras 475 37 7.8 376 56 14.9 7.1
3.... 0 0 0 0 0 0 0
4.... 0 0 0 0 0 0 0
Total 2.215 294 13.3 2.490 360 14.5 1.2

Fonte: SDSMAS:2012

Enquanto em 2009 dos 2.609 doentes que foram internados no hospital local, 294 resultaram em
óbitos, perfazendo uma taxa de letalidade de 13.3%. as doenças que mais provocaram mortes foram:
o HIV/SIDA (140 óbitos dos 376 internados), Mal nutrição (28 óbitos dos 154 internados), Malária
confirmada (27 óbitos dos 213 internados) e tuberculose (13 óbitos dos 74 internados). Por sua vez,
em 2012 foram internados 2.850 doentes que resultaram em 360 óbitos, perfazendo uma taxa de
letalidade de 14.5%. as principais causas das mortes foram: HIV/SIDA (com 175 dos 642
internados), as outras doenças (56 óbitos dos 432 internados) e a malária confirmada (54 óbitos dos
1032 internados).
144

Entretanto, dados epidemiológicos em geral devem ser considerados com cautela. Em primeiro
lugar, porque a causa de uma doença está relacionada a diversos fatores . ambientais e não
ambientais. Em segundo lugar, ao se tentar mapear as áreas de maior incidência de uma determinada
doença, deve-se considerar a mobilidade da população. O local de moradia não deveria ser
considerado para todas as estatísticas de dados epidemiológicos, uma vez que as pessoas podem
adquirir. As doenças nas áreas de trabalho, nos centros educacionais e nas áreas de lazer. Os dados
registados em postos de saúde muitas vezes não permitem uma correlação estatística significativa.
Além disso, a população com maior renda vai a consultórios e hospitais particulares e muitas vezes
as doenças não são notificadas aos órgãos públicos.

Olhando para os dois anos em referência verifica-se que houve uma ligeira subida das taxas de
letalidade das doenças como na caixa abaixo.

Caixa 5: A incidência de doenças respiratórias, por tipo de infecção


No que refere aos riscos de saúde da exposição à fumaça da lenha, durante muito tempo tem havido
um conhecimento geral sobre uma carga aumentada de sintomas respiratórios, com denominações
diferentes em diferentes regiões. É reportado principalmente nos Países em vias de
Desenvolvimento onde a lenha e outros combustíveis de bio-massa são queimadas diariamente para
a cozinha e, periodicamente, para o aquecimento. A combustão destas bio-massas é feita
frequentemente em “palhotas” ou outros espaços confinados onde a concentração dos produtos
associados, como as partículas, óxidos de nitrogénio e hidrocarbonetas, pode ser alta.
Com base em vários estudos epidemiológicos, é estimado que a poluição do ar dentro da casa,
causada pelos combustíveis sólidos, é responsável por mais de 1,6 milhões de casos de morte
prematura por ano, causados por exemplo pela doença de obstrução pulmonar crónica, tuberculose,
cancros e infecções respiratórias. As mulheres nestes tipos de ambientes são particularmente mais
afectadas, provavelmente por que são mais expostas ao ar interior que é poluído pela fumaça de
lenha. Foi recentemente sugerido que a exposição de mães à fumaça do bio-massa poderia também
causar o baixo peso ao nascimento4, o que significa que o problema tenha outra dimensão.
A fumaça de lenha, tal como outros tipos de poluição de particulados, pode causar o aumento dos
sintomas da asma. Existem também constatações indicativas da América Latina, Índia e Suécia de
que a prevalência e incidência da asma possa ser associada com a exposição à fumaça de lenha.
1 Extracto do artigo no “European Respiratory Journal, 2006, Vol 27, p. 446-447. Tradução pelos
autores do REA. As referências neste artigo foram omitidas, podendo o leitor procurar o artigo
completo e as referências no www.erj.ersjournals.com/cgi/content/full/27/3/446.

Não é possível elaborar o indicador mais adequado, o de acidentes por viatura por quilómetro, que
podia ser comparado com outras cidades pelo mundo. Todavia, tendo em conta o número baixo de
viaturas por mil habitantes (Capítulo 2), o número de sinistros e feridos e mortos parece muito alto.
145

Num contexto de aumento constante de número de viaturas de todos os tipos, o número de


acidentes de viação na cidade subiu drasticamente entre 2009 e 2012. A melhoria das condições da
rede viária provavelmente contribuiu para a redução do número de acidentes.

4.1.3. Impactos sobre a economia da cidade e o bem-estar económico da população

O estado degradado do ambiente urbano da Cidade de Dondo produz impactos económicos e


financeiros diversos, que incluem impactos na economia da cidade e no bem-estar da população. Os
custos da degradação ambiental poderiam ser avaliados com base nas despesas ou custos defensivos
(isto é, os custos reais da protecção ambiental necessários para prevenir ou neutralizar uma redução
na qualidade ambiental), bem como nas despesas reais que são necessários para compensar ou
remediar os impactos negativos de um ambiente já deteriorado.

Por outro lado, esses custos da degradação ambiental não se cingem apenas aos impactos ambientais
mas também, com as suas repercussões em outras áreas, como a saúde humana, as receitas
municipais e os custos dos serviços públicos. Assim, os custos ambientais consistem dos custos da
protecção ambiental (que podem ser subdivididos em custos de prevenção e custos de restauração) e
os custos das repercussões (que podem ser divididos em custos de prevenção e custos dos danos e o
seu tratamento)

Impactos na pesca
• Redução das capturas e queda do valor do pescado devido à:
 Perda de habitats (pesca destrutiva; desenvolvimento urbano e turístico)
 Poluição (descargas de esgotos, derrames de óleos, etc.)

Impacto no clima para investimentos externos em geral


O ambiente físico de uma cidade é um factor para atracção de investimentos externos. Investidores
estão interessados em investir em cidades com ambiente saudável e agradável, com boas condições
de vida, habitação e serviços públicos eficazes, pois nestas condições seria fácil atrair mão de obra de
boa qualidade.
Onde existem graves problemas ambientais, como por exemplo, fraco sistema de limpeza e gestão
inadequada dos resíduos sólidos urbanos ou condições insatisfatórias de água e saneamento,
potenciais investidores poderiam decidir investir numa outra cidade que tenha melhores condições
146

de vida que ajudariam a atrair pessoal qualificado. No Município de Dondo, as potencialidades para
investimentos estão devidamente visíveis nas áreas para a prática de Agricultura, instalações de
indústria diversas para produção e processamento , Turismo, entre outras.

Impactos nas finanças públicas.


As receitas do Município incluem as receitas próprias, as transferências do Orçamento do Estado
bem como os fundos providos através de projectos específicos. As receitas próprias do Município
provêm da cobrança dos impostos e taxas autárquicas, concessão de licenças, taxas e tarifas por
prestação de serviços; multas e coimas; heranças, e doações; e rendimentos de serviços e bens
próprios. As transferências do Orçamento de Estado incluem do Fundo de Compensação
Autárquica, do Fundo de Investimento de Iniciativa Local, Fundo de Estradas e, no caso específico
de Dondo, fundos para a reabilitação ambiental.

De uma forma geral, o Município do Dondo, investiu em 249 milhões de meticais para execução das
actividades municipais durante o período 2009 a 2012.

As receitas próprias do Município de Dondo evoluíram paulatinamente de 7,997,000.00 MTn em


2009) para 25,107,000.00 MTn em 2012. As fontes principais da receita têm sido as taxas de
Mercado, bancas e lojas e nas taxas de foro, talhões e licenças de construção. Em contraste, a
cobrança das receitas fiscais (IPRA, IPA) tem sido relativamente fraca.

Em 2009, as receitas correntes de todas as fontes totalizaram cerca de 42,045,000.00 MTn. Até 2012,
o total duplicou para 86,612,000.00 MTn. Assim, para cumprir as tarefas de gestão urbana o
Conselho Municipal contou com orçamento de cerca de 268,20MTn por habitante ano, montante
reduzido para prestar os serviços públicos aos munícipes.
Para além das receitas correntes, o município recebe receitas de capital dos fundos do governo
(Fundo de Investimento de Iniciativa Local e um fundo especial de reabilitação ambiental criado nos
anos 1990 especialmente para a cidade de Dondo) que totalizaram 52.507.000,00MTn. Também tem
recebido apoio de projectos financiados pelas agências de desenvolvimento internacional, incluindo
o Projecto de Desenvolvimento (PDM) (2003-2006), P13 vs PDA (2009 ate a data) e PROGOV.
147

Tabela 41: Receitas do Conselho Municipal entre 2009-2012 (MTn)

Designação 2009 2010 2011 2012 Total Estr%

Receitas
7,997,000.00 17,854,000.00 25,015,000.00 25,107,000.00 75,973,000.00 31%
locais

Fundo de
Compensaçã 10,039,000.00 12,788,000.00 18,020,000.00 21,708,000.00 62,555,000.00 25%
o Autárquica

Fundo de
Iniciativa 10,718,000.00 9,680,000.00 13,821,000.00 18,288,000.00 52,507,000.00 21%
Local

Fundo de
1,897,000.00 4,409,000.00 9,010,000.00 15,316,000.00 7%
Estrada

Fundo de
13,291,000.00 12,841,000.00 4,419,000.00 12,499,000.00 43,050,000.00 18%
cooperação

Total 42,045,000.00 55,060,000.00 65,684,000.00 86,612,000.00 249,401,000.00 100%

Fonte: CMCD: SPPF:2013

Tomando em conta a evolução das receitas apresentada, também torna-se importante levantar
alguns impactos que podem afectar ao nível do estado e do Conselho Municipal.
A nível do estado
• Necessidade de aumentar os gastos nos serviços de saúde curativa, devido a
 Poluição do ar,
 Deficiente gestão de resíduos sólidos (incluindo tóxicos)
 Deficiente gestão dos efluentes industriais
• Perda de receitas fiscais devido a não realização de investimentos externos
A nível local/municipal
• Custos de degradação dos solos, devido à contaminação ou erosão.
 Contaminação: custos de prevenção, contenção e restauração
148

 Erosão: custos de prevenção, contenção e restauração, custos de perda de terras para


construção, custos de danos às infra-estruturas públicas (soterramento dos drenos), de
refixação da população que tem que mudar.
• Maiores custos de captação e tratamento de água devido à poluição das fontes subterrâneas
ou superficiais.
• Custos de reconstrução dos sistemas de drenagem entupidos com lixo e outros obsoletos assim
como a construção de novos sistemas.
• Os investimentos feitos pelo governo e o município para melhorar as condições de vida local
são constantemente prejudicados pelos efeitos das mudanças climáticas (ciclones, cheias e
inundações).
Impactos no bem-estar económico da população
• Perda de rendimento familiar devido a doenças, acidentes de viação, etc.
• Maiores custos para a obtenção dos materiais de construção e combustível lenhoso.
• Perda dos investimentos da população (casas, machambas, etc.), devido a erosão e inundações.
• Perda de infra-estruturas sociais devido a fenómenos atmosféricos extremos (causados por
mudanças climáticas).
• A não realização de potenciais investimentos externos implica, a não criação de novos postos de
emprego.

4.1.4 Impacto sobre o meio ambiente construído

Se por um lado a degradação do património construído e paisagístico possa ter impactos


económicos, tais como a perda da atracção turística, por outro lado, poderia representar uma perda
de valores históricos, culturais, estéticos ou de outra forma intrínseca.

A zona de cimento da cidade de Dondo tem valor histórico e cultural que não pode ser valorizado
simplesmente em termos monetários. O seu estado actual representa uma identidade única do
património histórico não só da cidade mas também do país.
As concessões de terreno na para quintas nos diversos bairros e zonas de expansão da urbe
deveriam ser seguidas pelo seu uso e aproveitamento, principalmente para fins instalação de
empeendimentos industriais, turísticos e de outras actividades a fins. Isto sem dúvidas implicará
grandes transformações na paisagem natural, incluindo nas margens do rio Púngué.
149

4.1.5 Impacto no plano político-administrativo.

A combinação dos impactos acima tratados, pode originar um efeito aparentemente secundário em
importância, mas que tende a tornar-se central na dinâmica urbana, pois pode vir a afectar a
capacidade regulatória e interventora do poder público local. Trata-se dos efeitos negativos que o
estado do meio ambiente pode representar para a instância politico-institucional.
Se até recentemente as questões ambientais eram colocadas em segundo plano pelo Executivo,
pautado pela necessidade política de criar as condições para que os centros urbanos se
desenvolvessem economicamente, atraindo investimentos e gerando empregos e impostos na
localidade, hoje este mesmo poder público vê-se pressionado a incorporar a questão ambiental como
centro das políticas públicas, sob pena de ver afetada sua capacidade de induzir adequadamente o
desenvolvimento local.
As questões ambientais não só passaram a fazer parte da agenda pública com um peso político
crescente, como também podem representar prejuízos importantes para a administração e a gestão
urbanas locais.
Os problemas ambientais provocam a elevação dos gastos públicos na área da saúde (para combater
doenças causadas pela má qualidade da água e do ar, e pela falta de saneamento), em obras de
contenção de encostas e áreas de risco ocupadas, visando evitar ou combater os efeitos sócio-
ambientais das inundações e enchentes, e em acções de engenharia ambiental (na busca de solução
para problemas de poluição, contaminação e desmatamento).
Provocam também perda de receita pública pela retracção da actividade económica – turismo e
serviços, indústria e comércio, afectando a capacidade de intervenção do poder público na cidade em
torno de uma gestão urbano-ambiental sustentável.
Apesar da possível dificuldade de mensuração adequada deste impacto, em função da necessidade de
se desenvolverem instrumentos mais refinados de medição, é preciso que ele seja avaliado e que se
torne parte permanente do processo de avaliação do estado do meio ambiente em nível local.
No município de Dondo, não foi possível medir este indicador aliada a falta de informação e dados
sobre a capacidade de algumas instituições locais, mas foi possível perceber por exemplo, que a
Direcção Provincial para Coordenação da Acção Ambiental de Sofala, através dos Serviços Distritais
de Planeamento e Infraestruturas de Dondo, tem uma capacidade técnica limitada para avaliar o
nível de emissão de poeiras emitidas pela fábrica de cimento de Dondo com vista a encontrar formas
de intervir junto da empresa.
150

As cheias e inundações sobre o Rio Púngòe que ciclicamente fustigam o distrito e Município de
Dondo, têm criado transtornos ao INGC de Sofala e do Governo do Distrito. Muitas vezes estas
instituições vêm-se limitadas de meios para apoiar as famílias que têm sido afectadas nestas zonas.

4.1.6 Vulnerabilidade a desastres naturais e tecnológicos

A vulnerabilidade a desastres ambientais, actualmente, está associada às mudanças climáticas globais,


com reflexos sobre as sociedade humanas.
Foto 23: Inundações nos bairros suburbanos de Dondo
As questões da Agenda Marrom ( que
se refere aos grandes temas da agenda
pública mundial
em torno da preservação/protecção do
meio ambiente e indicam,
respectivamente, as questões relativas à
poluição/contaminação do ambiente, as
questões relacionadas às florestas e ao
desmatamento, e os problemas que
remetem à qualidade e à quantidade dos
recursos hídricos do mundo) adquirem
mais relevância, nos países em desenvolvimento, pois os efeitos cumulativos da degradação
ambiental são agravados em situações de pobreza urbana. A falta de infra-estrutura de apoio
(transporte, hospitais, abrigo e comida) eleva o número de vítimas dos desastres naturais para além
do esperado.
A pobreza aumenta a vulnerabilidade aos desastres naturais. O grupo social mais afetado por
desastres – e também pela degradação ambiental – é quase sempre o mais pobre da população, que
não tem condições de participar do mercado habitacional formal.
Esta população é, assim, empurrada para áreas menos adequadas à ocupação, economicamente
marginais, vulneráveis e poluídas e sem infra-estrutura adequada, sendo ela a mais afetada quando da
ocorrência de enchentes e desmoronamentos de encostas provocados pela chuva.
Dondo pela sua localização geográfica e um Município vulnerável a ocorrência de desastres naturais
como: Ciclones e Cheias principalmente. O Município foi atingido pelos efeitos do ciclone Jokwe e
das cheias de 2013, com consequências incalculáveis na vida das populações.
151

CAPÍTULO V

5.1 POLÍTICAS PÚBLICAS E INSTRUMENTOS (RESPOSTAS)

A forma predominante de responder aos problemas ambientais em Moçambique é a elaboração de


instrumentos políticos, legislativos e técnicos e tecnologicos, principalmente a nível nacional mas
também a nível municipal. Esta secção descreve os principais instrumentos que foram aprovados ao
longo dos últimos dez anos em resposta às principais questões da gestão ambiental urbana em
Dondo.

Ao longo dos 15 anos de municipalização de Moçambique, o Poder Público, nas três instâncias
administrativas, estruturado institucionalmente para atender às demandas da área ambiental. No
Município de Dondo foi institucionalizado o sistema de gestão ambiental através da criação do
Sector de Serviços Urbanos e Gestão Ambiental (SUGA).

Enquanto o Poder Executivo vem se organizando, através da criação de órgãos para a formulação da
política, a aplicação dos instrumentos de controle ambiental e o desenvolvimento de programas e
projectos para o planeamento e recuperação ambiental, o Poder Legislativo tem se sensibilizado para
a questão e diversos diplomas legais têm sido elaborados de forma a atender diretamente ou
indiretamente à questão.

A Justiça parece ainda não ter se sensibilizado para questões de poluição ambiental pois não houve
dados ou informação sobre casos julgados por causa das violações ambientais embora a lei assim
preveja.

O presente capítulo tenta responder à pergunta “o que está a ser feito agora” em face ao estado
actual do ambiente, as pressões sobre o ambiente, e aos impactos causados pelo estado do ambiente
no Município de Dondo

5.1.1 Identificação dos principais actores relacionados ao meio ambiente urbano

Esta secção identificam-se os principais actores locais e os grupos de interesse – as pessoas e


organizações que exercem um papel relevante quando se trata de recursos ambientais; coletivamente,
eles são chamados actores-chave ou “stakeholders”. O propósito é conhecer a amplitude destes e
compreender as maneiras pelas quais eles normalmente – ou potencialmente – afetam o processo de
Desenvolvimento urbano e a gestão ambiental. Esta secção inclui os actores-chave no sector public
152

local, distrital, provincial e nacional, mas também no setor privado, nas ONGs, nas comunidades e
demais setores.

5.1.1.1 Instituicoes ao nivel distrital

O Governo do Distrito de Dondo

O Governo do Distrito (Administração e Serviços Distritais) representa o Estado e os ministérios


centrais a nível local, sendo responsável pelos serviços públicos que não são da competência do
Município. Quatro dos Serviços Distritais têm responsabilidades directamente ligadas ao estado do
meio ambiente da cidade:

 Planeamento e Infra-estruturas (Obras Públicas, incluindo a gestão da água, vias de acesso,


construção de infra-estruturas públicas). Estes serviços possuem uma equipa técnica que tem
estado a trabalhar com o Conselho Municipal, atraves das vereações de CUI e SUGA, em
aspectos ligados ao uso do solo, ordenamento territorial, consciencializacao ambiental, Agua
e Saneamento, infraestruturas e limpeza urbana.
 Actividades Económicas (Agricultura incluindo terras, florestas e fauna bravia; Pescas;
Indústria e Comércio; Turismo). Este sector trabalha em coordenação com o sector do DEL
em actividades ligadas a Agricultura, Industria, Comercio e Turismo ao nivel do Municipio.
 Saúde, Mulher e Acção Social- estes serviços trabalham emm coordenação com o Conselho
Municipal na area de saúde atraves de construção de infra-estruturas sanitárias,
disponibilização de pessoal tecnico para as unidades sanitárias ao nivel local, acolhimento a
pessoas vulneráveis e a promoção de igualdade de género.
 Educação, Juventude e Tecnologia – a colaboração destes serviços está associadas a alocação
de infra-estruturas de lazer, recreação para os jovens no municipio.
As responsabilidades relevantes destes serviços são resumidas abaixo, nas descrições dos respectivos
ministérios.

5.1.1.2 Empresas Públicas

Electricidade de Moçambique

A Electricidade de Moçambique (EDM) é o único fornecedor de energia eléctrica na cidade e


também é responsável pela iluminação pública. Por ter um sistema implantado de cobrança dos
153

consumidores, faz a cobrança mensal da Taxa do Lixo para o Conselho Municipal. Esta taxa,
portanto, é paga apenas pelos consumidores de energia eléctrica.

Fundo de Investimento e Patrimonio de Abastecimento de Agua

A lei-quadro municipal estabelece apenas que as autarquias estão incumbidas do investimento


público nos sistemas municipais de abastecimento de água. No entanto, e em contraste, a legislação
específica do sector da água, aprovada no contexto da reforma e restruturação política para permitir
a delegação da gestão dos sistemas públicos de abastecimento de água ao sector privado, estabelece a
transferência da gestão dos sistemas de abastecimento de água em benefício dos municípios.
Em termos legais, a gestão dos sistemas de abastecimento de água dos sistemas urbanos dirigidos
pelo Estado, está presentemente atribuída ao FIPAG, cuja responsabilidade inclui o abastecimento
de água.
5.1.1.3 Instituições de nível provincial vs central

Ao nível do Governo Central as responsabilidades e competências para a gestão do ambiente urbano


estão distribuídas por vários sectores e nem sempre duma forma muito clara. Serão aqui referidas
apenas os principais instituições e sectores envolvidos.

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável (CONDES)

É um órgão consultivo do Conselho de Ministros e de auscultação da opinião pública sobre


questões ambientais. É presidido pelo Primeiro Ministro.

O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) vs DPCA Sofala

O MICOA é ministério com funções de coordenação. Neste contexto, na área de planeamento e


gestão do ambiente urbano o MICOA é responsável por:

a. Preparar e coordenar o Programa de Gestão do Ambiente Urbano;


b. Preparar e coordenar a execução de estratégias para a solução de problemas ambientais
prioritários nos centros urbanos em Moçambique;
c. Preparar propostas de regulamentos e outra legislação apropriada para áreas chaves de
gestão ambiental urbana;
d. Promover e zelar pela realização de actividades de consciencialização, treinamento e
assistência técnica, especialmente para os conselhos municipais e sociedade civil
154

Estas funções são exercidas principalmente através do Departamento de Ambiente Urbano (DAU)
da Direcção Nacional de Gestão Ambiental (DNGA), o Departamento de Planeamento Urbano da
Direcção Nacional de Planeamento Territorial (DINAPOT) e pelo Centro de Desenvolvimento
Sustentável das Zonas Urbanas (CDS-Zonas Urbanas).

Ao nivel da Provincia de Sofala o MICOA é representado pela DPCA de Sofala que tem como
responsabilidade monitorar a situação ambiental ao nível da província e definir estratégias
provinciais e coordenar acções nesta área. Tem Departamentos de Gestão Ambiental (DGA),
Planeamento e Ordenamento Territorial (DPOT), Avaliação de Impacto Ambiental (DAIA) e
Promoção e Educação Ambiental (DPEA) que desempenham as funções das direcções nacionais a
nível provincial.

O Centro de Desenvolvimento Sustentável das Zonas Urbanas (CDS-Zonas Urbanas)


baseado em Nampula e têm competências de nível nacional. As suas atribuições são:

 Coordenação e promoção de estudos, monitorização e colheita de dados em questão


relacionadas com a gestão ambiental nos centros urbanos, incluindo o estabelecimento de
banco de dados;
 Coordenação, promoção e implementação de actividades experimentais e de demonstração
no âmbito da protecção e gestão do meio ambiente nos centros urbanos;
 Prestação de assistência técnica aos governos locais, e outras instituições locais no domínio
da gestão ambiental urbanos;
 Colheita, compilação e divulgação de informação de natureza técnica e científica relevante
para a gestão ambiental das zonas urbanas;
 Promoção de programas de formação no domínio da gestão ambiental urbana.
Este centro prestou apoio e assistência técnica ao Município de Dondo no âmbito Prograama das 13
Cidades, financiado pela Danida, Cooperaçao Austriaca e Cooperaçao Suiça.

O Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH) vs DPOH de Sofala

O MOPH e as suas Direcções Provinciais têm diversas responsabilidades relacionadas com a


qualidade do ambiente urbano designadamente:
155

a. Gestão dos recursos hídricos e elaboração de políticas para as áreas de abastecimento de


água e saneamento (Direcção Nacional de Águas (DNA) e os Departamentos de Água e
Saneamento das DPOPHs)
b. Elaboração de políticas e programas para a área de habitação e a promoção de alternativas de
habitação a baixo custo. Será desenvolvida através da Direcção Nacional de Habitação e
Urbanismo (DNHU).
c. Elaborar e garantir a observância dos padrões da qualidade das construções e edificações
públicas (Direcção Nacional de Edificações e os Departamentos de Edificações das
DPOPHs)
d. Gestão das casas e outros edifícios nacionalizadas, através da Administração do Parque
Imobiliário do Estado (APIE);
e. Construção e manutenção das estradas principais, pela Administração Nacional de Estradas.
O abastecimento de água é gerido pelo Fundo de Paatrimónio e Abastecimento de Agua (FIPAG)
tutelado pelo MOPH/DNA.

O Ministério da Saúde (MISAU) vs DPS de Sofala

São múltiplas as responsabilidades acometidas a este sector no âmbito da gestão do ambiente


urbano, sendo de destacar as seguintes:

a. Prevenção e combate de epidemias


b. Promoção de saneamento básico
c. Monitoria e controle da qualidade da água para consumo (de diversas fontes)
d. Monitoria de controlo de alimentos
As actividades de monitoria são levadas a cabo pelo Laboratório Nacional de Higiene de Alimentos
e Águas (LNHAA), uma instituição subordinada ao Ministério da Saúde, vocacionada ao controle,
fiscalização, selecção e oficialização de métodos de análise e regulamentação para avaliação da
qualidade de alimentos e águas, factores ambientais susceptíveis de causar danos ao Homem, directa
ou indirectamente. Existem laboratórios provinciais, ainda denominados CHAEM (Centro de
Higiene Ambiental e Exames Médicos).
A Direcção Provincial de Saúde (DPS) e a Direcção da Saúde da Cidade (Serviços Distritais da
Saúde), gerem a rede sanitária da cidade e têm a responsabilidade de monitorar a situação da saúde
pública e levar avante campanhas de prevenção e controlo das grandes epidemias.
156

O Ministério da Administração Estatal (MAE)

O Ministério da Administração Estatal superintende o processo de descentralização no País, define


os limites das unidades territoriais e exerce a tutela administrativa sobre as autarquias locais. Através
da sua Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico, fornece assistência técnica e leva a cabo
actividades de capacitação institucional aos municípios.

O Ministério das Pescas vs DPP de Sofala

Para os efeitos da gestão das pescas, as instituições do Ministério das Pescas têm as seguintes
responsabilidades e papeis:

O Serviço Provincial de Pescas (SPP) é responsável pela administração e monitoria do sistema de


Co-Gestão participativa, a liderança dos Conselhos de Co-Gestão e o estabelecimento da
interlocução entre o governo e os intervenientes.

O Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala (IDPPE) tem o papel de desenvolver


acções para melhorar as condições de vida das comunidades pesqueiras. Promove e capacita os
Conselhos Comunitários de Pesca em matéria de co-gestão, divulga informação aos níveis local e
nacional e apoia os CCPs na gestão dos recursos pesqueiros, promovendo artes de pesca
apropriados para pesca responsável.

O Instituto de Investigação Pesqueira (IIP) realiza pesquisa aplicada sobre o estado dos recursos
pesqueiros que vão justificar a tomada de decisões de gestão numa base científica. Divulga os
resultados das pesquisas ao nível local e nacional.

O Fundo de Fomento Pesqueiro (FFP) concede créditos para equipamento pesqueiro, sob
aconselhamento do IDPPE. No que refere especificamente ao sistema de co-gestão, em
coordenação com o IDPPE e o IIP, é responsável por garantir a alocação de fundos para custear as
despesas do trabalho de co-gestão.

Outras entidades que contribuem potencialmente na gestão ambiental urbana são:

 o Ministério da Educação e Cultura, responsável pela educação formal e informal da


população, incluindo o desenvolvimento dos currículos de ensino que agora têm espaço para
introduzir matérias ligadas com as questões de importância local, incluindo questões ambientais.
157

 O Ministério da Agricultura, responsável pela formulação de políticas e programas/ projectos


de extensão rural e de gestão de áreas florestais para o abastecimento em combustível lenhoso.
Ao nível provincial, o Serviço Provincial de Terras e Florestas apoia o município na área de
gestão de terras.

5.1.1.4 Coordenação Institucional

A coordenação institucional e inter-sectorial, especialmente entre o município e os outros actores,


tem importância elevada na gestão ambiental da cidade mas na prática enfrenta dificuldades.

Por um lado, apesar da descentralização evidenciada pelo estabelecimento das autarquias, ainda
existem fortes vestígios do sistema centralizada e vertical nalguns aspectos de gestão municipal. Os
órgãos provinciais e locais do Estado, bem como a empresa estatal EDM, obedecem em grande
medida, na sua planificação de actividades, as orientações vindas do nível central.

5.1.1.5 A Participação Comunitária na Governação Local

A gestão ambiental melhorada será o resultado do envolvimento amplo da sociedade local, cabendo
em princípio aos órgãos autárquicos a responsabilidade de actuar energicamente criando assim uma
dinâmica de trabalho que encoraje os outros intervenientes. Isto é ainda mais importante na situação
existente onde os meios humanos e materiais e financeiros de que dispõe o Conselho Municipal são
ainda bastante reduzidos, e as entidades de nível sectorial deparam em geral com as mesmas
dificuldades.

O município de Dondo é falado pela planificação participativa. Existem dez (10) bairros no
município de Dondo e em cada bairro existe um núcleo de desenvolvimento. Estes núcleos de
desenvolvimento de bairro têm como função principal a agregação das preocupações e interesses
populares e lhes canalizar ao CM para sua inclusão no plano anual de actividades. As propostas dos
núcleos de desenvolvimento são apresentadas ao Gabinete de Estudos e Assessoria que, por sua vez,
faz a triagem, projectando uma proposta de plano e orçamento. Da filtragem sai um documento que
é apresentado à população nos bairros, uma espécie de informação daquilo que, dentre as propostas
populares, o CM tem efectivamente capacidade para realizar, em conformidade com as suas
capacidades financeiras. Com as rectificações possíveis, o documento é apresentado e discutido no
Conselho Consultivo (órgão de consulta do edil que congrega figuras influentes no município,
158

independentemente da sua orientação política), por ele convocado e presidido. Após conclusão, o
documento é apresentado à AM para aprovação.

Os núcleos de desenvolvimento são um importante potencial para o controle social, sobretudo pela
demonstrada capacidade em apresentar as propostas daquilo que querem que seja feito, incluindo a
localização desses empreendimentos. O secretário de bairro e o presidente do núcleo de
desenvolvimento vão, perante o Fórum Consultivo, apresentar e defender as propostas de plano dos
seus respectivos bairros. Há, no entanto, dois aspectos a serem tomados em conta quanto ao
potencial dos núcleos de desenvolvimento em realizar o controle social, (i) nas discussões dos
núcleos de desenvolvimento não entram questões orçamentais, apenas o que querem que seja feito,
por exemplo, reabilitação de rua, abertura de fontanário de agua, etc; e (ii) os núcleos de
desenvolvimento, pelo menos o núcleo de desenvolvimento do bairro Mandruzi, não apresentou
evidências de que as propostas tenham, efectivamente, vindo da população, organizada pelas seis (6)
unidades residenciais que compõem o bairro. Neste caso, as evidências seriam actas/relatórios ou
outro tipo de documento referente aos vários encontros havidos no seio do núcleo e entre o núcleo
e as seis (6) unidades residenciais que constituem o bairro Mandruzi.

Estruturas de base

Não obstante a introdução de multipartidarismo, as estruturas de base (os Secretários de Bairro e


Chefes de Quarteirões) ainda têm um papel activo e um tanto quanto controverso na gestão urbana
das zonas suburbanas.

Estas Estruturas exercem um papel de controlo social, resolução local de conflitos, transmissão de
orientações da autoridade local e do partido no poder, sendo ao mesmo tempo estruturas políticas e
administrativas. Jogam um papel importante na gestão urbana, como elo de ligação e mobilizadores
dos residentes dos Bairros para a realização de actividades de educação cívica e ambiental e de
intervenções várias, incluindo a re-localização de famílias vivendo em zonas críticas.

Outros líderes e influentes


A Cidade de Dondo faz parte da zona centro com maior número da população cristã. Os líderes
religiosos cristãos (Pastores e Padres) têm uma grande influência no seio da população, e são
amplamente considerados como importantes elos de ligação com as comunidades. Líderes de outras
confissões religiosas também têm influência, mas abrangem menor quantidade de população.
159

Organizações da Sociedade Civil

As ONG’s baseadas em Dondo operam principalmente nos Distritos circunvizinhos e são poucas as
que têm actividade no Município. Neste município, existe uma experiencia que se possa considerar
modelo ao nível dos Municípios de Moçambique, de criação de Núcleos de Desenvolvimento dos
Bairros. Estes Núcleos foram criados ao nível de todos os bairros do Município e constituem os
grupos de consulta do Conselho Municipal.

Neste respeito, consultas a pessoas influentes na cidade, feitas no âmbito da revisão do Plano
Director/ elaboração do Plano de Estrutura, constataram a existência de problemas de tribalismo e
regionalismo, e existe uma tensão permanente entre os apoiantes dos principais partidos políticos na
cidade.

5.1.2 Implementação de políticas ambientais e instrumentos


Para analisar algumas respostas importa rever e analisar o grau de implementação das principais
politicas e estratégias ligadas a gestão ambiental urbana, elaboradas tanto ao nível nacional, regional,
provincial ou local. Em seguida apresentam tais politicas tomando em conta cinco componentes
nomeadamente: administrativo, economic, tecnológico, intervençao física e sócio-
culturais/educacionais e de comunicaçao pública

5.1.2.1 Político-administrativos
Legislação Nacional

Nos anos recentes foi aprovada uma vasta gama de legislação referente ao ambiente urbano, da qual
as peças principais são resumidas a seguir, em ordem cronológica.

O Regulamento sobre a Gestão de Lixos Bio-Médicos (Decreto no 8/2003 de 18 de Fevereiro)

Este regulamento dá competência a MICOA para emitir e divulgar directivas de cumprimento


obrigatório relativos aos processos de gestão de lixos bio-médicos, licenciar as viaturas, instalações e
locais para o transporte de lixo bio-médico, e fiscalizar o cumprimento das normas e directivas sobre
a gestão de lixos bio-médicos. Ao mesmo tempo define as normas para o armazenamento e
identificação dos vários tipos de lixo bio-médico, directivas para a sua deposição e transporte.
160

Estipula que todas as unidades sanitárias, as instituições de investigação e as empresas abrangidas


pelo regulamento deverão desenvolver um plano de gestão do lixo bio-médico por elas produzido.

Na prática, este regulamento ainda não está a implementado ao nível do Municipio de Dondo.

O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (Decreto


no 18/2004 de 2 de Junho)

Este regulamento define os parâmetros para a manutenção da qualidade do ar, da água de várias
categorias e dos solos. Também define padrões para a emissão de poluentes atmosféricos, para a
emissão ou descarga de poluentes ou efluentes líquidos industriais e para a emissão de ruídos.
Finalmente, com base no princípio do poluidor-pagador, define taxas a pagar para a autorização de
emissões em excesso das estipuladas e multas para infracções.

Este regulamento também não está a ser implementado na prática, por falta da capacidade de
medição das emissões por parte das entidades competentes.

O Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto no 45/2004 de


29 de Setembro)

Este regulamento aplica-se a todas as actividades públicas ou privadas que directa ou indirectamente
possam influir nas componentes ambientais. Categoriza as actividades de acordo com as suas
características e envergadura e define o conteúdo e procedimentos para a Avaliação do Impacto
Ambiental e o licenciamento ambiental das actividades.

Embora a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental seja o MICOA, através da DNAIA, os


projectos são frequentemente submetidos primeiro aos Conselhos Municipais no processo de
requerimento para a concessão de um terreno para a sua construção. Os Conselhos Municipais
devem informar o requerente se o projecto proposto precisa de um estudo de Avaliação do Impacto
Ambiental. Na prática, os Conselhos Municipais nem sempre fazem este informe e em consequência
alguns projectos avançam sem o devido AIA e licenciamento ambiental.

A Lei das Autarquias confere plenos poderes aos municípios e o MICOA não pode intervir se estes
não avisam os proponentes que devem submeter o estudo de AIA. O Regulamento da Lei de
Ordenamento do Território deverá ajudar a fechar esta brecha, pois obriga os municípios a elaborar
161

planos, que terão força da lei e portanto a terra só poderá ser concedida para actividades que estão
em conformidade com os planos.

O Regulamento do solo urbano (Decreto 60/2006 de 26 de Dezembro), cobre as áreas das


cidades e vilas. O Regulamento define a hierarquia de planos de ordenamento dos aglomerados
populacionais:

 Plano de estrutura urbano – estabelece a organização espacial da totalidade do território do


município, os parâmetros e as normas para a sua utilização;
 Plano geral ou parcial de urbanização – instrumento de gestão territorial de nível municipal
que estabelece a estrutura e qualifica o solo urbano
 Plano de pormenor – define com detalha a tipologia de ocupação de qualquer área específica
do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano, dispondo sobre usos do
solo e condições gerais de edificações, o traçado das vias de circulação, as características das
redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes.
Os municípios são dados a competência para elaborar os planos de ordenamento, em colaboração
com as entidades competentes do governo central (MICOA, MAE, MOPH), e para aprovar os
planos e submetê-los a MAE para ratificação.

A elaboração do plano deve se precedido de um inquérito aos ocupantes da zona do plano com vista
a identificar a situação jurídica dos terrenos que ocupam. O regulamento estabelece também que, nas
cidades e vilas, a urbanização é um pré-requisito à atribuição do direito do uso e aproveitamento de
Terra. A aquisição do direito de uso e aproveitamento da terra por ocupação de boa fé é reconhecida
no quadro dos resultados do inquérito, desde que a ocupação seja enquadrável no plano de
ordenamento e que o ocupante assuma o compromisso de respeitar as regras nele estabelecidas.

O regulamento define três níveis de urbanização:

 Urbanização básica – estabelecida quando na zona estão cumulativamente reunidas, pelo


menos, a delimitação física dos talhões; arruamentos traçados, que permitem a circulação de
viaturas com acesso pedestre a cada morador; fornecimento de água por fontanários
públicos, furos ou poços; e arruamentos arborizados.
 Urbanização intermédia — estabelecida quando na zona estão cumulativamente reunidas,
pelo menos, a delimitação física dos talhões; arruamentos acabados com solos de boa
162

qualidade e mecanicamente estabilizadas; existência de um sistema a céu aberto de drenagem


das águas pluviais; abastecimento de água e energia eléctrica por redes de distribuição
domiciliário; arruamentos e zonas verdes completamente arborizadas.
 Urbanização completa — estabelecida quando na zona estão cumulativamente reunidas, pelo
menos, a demarcação física dos talhões; arruamentos acabados com asfalto ou betão, rede de
drenagem das águas pluviais; abastecimento de água e energia eléctrica por redes de
distribuição domiciliário; arruamentos e zonas verdes completamente arborizadas; passeios
públicos revestidos; existência de rede de comunicações telefónicas.
Os municípios têm a competência de promover ou realizar a urbanização em zonas abrangidas por
planos de pormenor aprovados, mas são também permitidas iniciativas de apoio de órgãos centrais e
provinciais do Estado.

O Municipio de Dondo tem um Plano de Estrutura Urbana para o período 2011 a 2017 que foi
elaborado com apoio do MICOA através da Direccao Nacional de Planeamentop e Ordenamento
Territorial em 2011.

Foi revisto o Plano de Estrutura do Municipio de Dondo e para alem deste, também foram
elaborados e aprovados os Planos de Pormenor de Urbanização e de reordenamento que têm vindo
a ser implementados em cada bairro, com destaque nos seguintes: 663 parcelas em Nhamaiabwe;
352 parcelas em Nhamaínga; 93 parcelas em Mafarinha e 472 parcelas em Samora Machel.Machel

A Lei de Ordenamento Territorial (Lei 19/2007 de 18 de Julho) foi aprovada depois do


Regulamento do Solo Urbano. Os seus objectivos incluem:

a) Requalificar as áreas urbanas de ocupação espontânea, degradas ou aqueles resultantes de


ocupações de emergência;
b) Defender, preservar e valorizar o património construído e da paisagem natural ou
transformada pelo homem;

c) Compatibilizar e articular as políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento sócio-


económico, respeitando as formas actuais de ocupação do espaço;

d) Gerir os conflitos de interesse, privilegiando sempre o acordo entre as partes.


163

Estabelece como instrumentos de ordenamento territorial a nível municipal os planos de estrutura,


Urbanização e de Pormenor

Esta Lei é de aprovação recente e o seu regulamento ainda está em elaboração na data de preparação
deste REA. Contudo, com a sua ênfase na participação e nos direitos dos cidadãos, comunidades e
pessoas colectivas, a lei mostra uma abordagem marcadamente diferente da abordagem do
Regulamento do Solo Urbano.

O conjunto da nova legislação levará alguns anos para ter impacto a nível da Cidade de Pemba e a
sua implementação irá de certeza expor a algumas lacunas e conflitos de interesse. Contudo, a
promulgação de leis não é, em si, o suficiente para assegurar a sua implementação. É necessário
desencadear um processo de educação ambiental a todos os actores, desde os Presidentes e
membros dos Conselhos Municipais e Assembleias Municipais, os técnicos dos municípios e órgãos
locais do estado até aos líderes comunitários e as organizações da sociedade civil.

5.1.2.2 Legislaçao local

A legislação do governo local define as competências municipais rodoviárias como incluindo: gestão
e manutenção de estradas que fazem parte das redes urbanas e rurais, com excepção das estradas
primárias e secundárias; coordenação com a ANE relativamente a estradas primárias e secundárias
que cruzam a área municipal; financiamento de estradas e infra-estruturas de estradas urbanas
conexas; introdução de portagens para utilização de estradas e infra-estruturas conexas dentro da sua
jurisdição; e concessões de exploração de estradas sob a sua jurisdição.

Código de Posturas Municipais

O Código de Posturas de Dondo, foi aprovado em Maio de 2009. Este instrumento tem como
objecto, determinar as normas relativas a organização administrativa, política-administrativa, serviços
publicos, regimes financeiros e tributária do Municipio de Dondo.

É actualmente, o instrumento que estabelece os termos em que se opera a organização interna do


Município e o relacionamento entre os órgãos municipais e os munícipes, o âmbito da actuação dos
serviços públicos municipais, as normas financeiras e tributárias autárquicas aplicáveis no território
municipal.
164

Plano de Estrutura Urbana

O Município do Dondo, por forma a dar melhor resposta ao desenvolvimento que se faz sentir na
Cidade, ao longo deste mandato, teve a atenção de rever o Plano de Estrutura Urbana da Cidade,
para melhor definição e enquadramento da expansão habitacional, industrial e da cintura verde de
forma a proporcionar melhor conforto para investimentos, a componente Habitação e
reordenamento. Esta acção foi assessorada pela Direcção Nacional de Planeamento Territorial, e o
respectivo plano aprovado pela Assembleia Municipal em 2012.

Plano Quinquenal do Governo Municipal 2009 a 2013

O Plano Quinquenal do Governo Municipal de 2009 á 2013, se assenta da experiência positiva da


execuçào dos planos pretéritos cuja perspectiva fundamental incide na reduçào da pobreza absoluta
através da catalizaçào do desenvolvimento sócio económico sustentavél delineado através do
processo de planificaçào e orçamentaçào participativa territorial e sectorial.

No quinquénio 2009 á 2013, o Governo Municipal continuou com os esforços no sentido de


centralizar a sua acção na realização dos objectivos seguintes:

 Melhoria de vida sócio económica dos munícipes através do incremento rápido económico e
sustentável virado na criaçào de um ambiente adequado ao investimento e desenvolvimento
do micro empresariado municipal e da incidência de acçòes na educação do ensino primário
completo e saúde de cuidados priários através de transferência de competências do Estado.
 No que respeita ao desenvolvimento económico e social do município ele está orientado
para melhorar e expandir infraestruturas básicas e equipamentos sociais para proporcionar
um desenvolvimento coerente e equilibrado dos bairros municipais de acordo com as suas
caraterísticas específicas.
 O combate á corupçào, ao burocratismo e a criminalidade;
 Cultivar uma consciência de trabalho digno, apreciável e prestação de contas;
 Consolidar o poder de governação local participativa e da cooperação através de parceria
inteligente.
O Município ainda não dispõe de outros instrumentos que contemplam a gestão ambiental urbana
como: (i) Plano Municipal de Gestão Ambiental; (ii) Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos;
(iii) Regulamento de Limpeza Urbana; (iv) Plano Municipal de Saneamento; (v) Planos Directores de
combate a erosão, drenagem, etc.
165

5.1.2.3 Instrumentos Econômicos


Os instrumentos económicos e financeiros são pouco usados especificamente para promover a
gestão ambiental ou a conservação do ambiente.

Cobrança de taxas e impostos.

Muitas taxas e impostos, ainda não estão sendo cobradas pelo Conselho Municipal e as que são
cobradas resumem-se Imposto do Pessoal, Actividades Economicas, DUAT´s entre outras. De 2009
a 2013 houve um registo de crescimento em 116 % dos impostos e taxas cobradas
comparativamente ao período entre 2004 a 2009 que era 101%. Mas há muito por fazer para que, os
munícipes entendam que devem contribuir cada vez mais para o bem estar social colectivo (através
de impostos pessoal, predial, foro e diversas taxa).

Cobrança de serviços ambientais

Sao poucos os servicos municipais que têm sido objecto de cobrança. Neste sentido, destacam-se
actividades como: os servicos funerarios, as taxas cobradas pela EDM pela recolha de residuos
solidos, entre outras. Neste sentido, torna-se necessário alargar a base destes servicos ambientais que
poderao contribuir para alargar a base de receitas pelo Conselho Municipal.

5.1.2.4 Instrumentos Tecnológicos


Algumas mudanças tecnológicas têm sido desenvolvidas por empresas a operar na cidade de Dondo,
buscando produções mais limpas que resultam em melhoria na qualidade do ambiente da cidade.
Como exemplos, destaca-se: Retirada completa do chumbo tetraetila da gasolina automotiva pela
BP, oque viabilizou o uso de catalisadores nos automóveis.
Investimentos da BP na produção de um combustível mais limpo, diesel com baixo teor de enxofre
(0,2% m/m) reduzindo as emissões atmosféricas veiculares;
Nada consta sobre os instrumentos tecnológicos de destaque que tenham sido implementados no e
pelo Conselho Municipal no âmbito da gestão ambiental.

5.1.2.5 Sócio-culturais, educacionais e de comunicação pública

Realização de sessões teatrais, pinturas de murais e realização de programas infantis e debates


radiofónicos constituem alguns dos eventos mais importantes que o Conselho Municipal de Dondo
vem realizando desde 2009. Inclui a consciencialização dos munícipes sobre higiene e saneamento, a
166

promoção de latrinas melhoradas, a cloração de poços protegidos, a construção de poços protegidos


(bomba manual).

Existem várias Organizações Comunitárias (OCB’s) activas nas áreas de consciencialização,


educação e mobilização ambiental, combate a erosão, água e saneamento e arborização. Algumas
dessas Organizações realizam actividades como:

 Realização de encontros para envolvimento das comunidades no processo participativo de


planificação e orçamentação e Educação Cívica

 Limpeza das vias de acesso e do bairro em geral;

 Sensibilização da população com vista ao combate ao fecalismo a céu aberto e mobilização


da mesma para as seguintes boas práticas: Limpeza a volta das fontanários e sua boa
utilização, aterro sanitário, construção de uma latrina e casa de banho para o serviço dos
utilizadores da fontenária;

 Construção de latrinas melhoradas;

 Plantio de árvores de sombra e frutas e manutenção da floresta comunitária;

 Sensibilização da população na construção de copas;

 Sensibilização da população para a prevenção das doenças endémicas ( Cólera e Diarreias,


HIV-SIDA, etc);

 Revitalização da polícia comunitária

 Recolha de dados para o plano 2013;

 Mobilização da população para o cumprimento do pagamento de impostos e outras taxas:


Imposto pessoal autárquico, predial, de veículos, foro, e outros;

5.1.3 Intervenção física

As grandes intervenções fisicas que decorrem em resposta aos estados do ambiente e do impacto
causado, destam-se algumas intervenções:
 Na área de vias de acesso, o CMCD, abriu novas vias numa extensão de 39,95 km e garantiu
a manutenção de 30 kms das principais vias e terceárias para permitir a comunicação e os
pólos de desenvolvimento;
167

 Foram pavimentadas 1.161 m de estrada urbana, da EPC Josina Machel à Escola Secundária
do Dondo e da praça dos trabalhadores ao BIM;
 Na componente de iluminação pública, foi feita a extensão de rede de iluminação pública ao
longo da EN6 do Bairro Canhandula ao Bairro Samora Machel, numa extensão de 18 kms;
igualmente, foi estendida a iluminação pública nas vias principais dos bairros Central,
Consito, Macharote, Nhamaiabwe em direcção à substação da EDM, Mafarinha e Samora
Machel;
 Foram construídos três mercados, dos quais um na fase conclusiva; nomeadamente, nos
Bairros Samora Machel e Canhandula – concluídos; Mandruzi - na fase conclusiva.
Igualmente foram reabilitados os aplêndres dos Mercados de Consito e de Mafarinha;
 Foram construídos pelo CMD 10 sanitários, dos quais 9 afectos às escolas e um no
Cemitério Municipal (na fase conclusiva). Igualmente foram contruidas 100 latrinas
melhoradas e 16 ecológicas;

5.1.3.1 Projectos e intervenções relacionadas com a Gestão Ambiental

No município de Dondo, foram implementados projectos relacionados com a gestão ambiental,


tanto com fundos do Conselho Municipal, assim como com apoio de parceiros como: P13 vs PDA
(na componente de Serviços Municipais e Planeamento e Ordenamento Territorial, UN Habitat e
UNICEF (na component de Agua e Saneamento).

Tabela 42: Realizações do Conselho Municipal no período compreendido entre 2009 a 2013.

DESIGNAÇÃO ACTIVIDADES QTD FONT ANOS TOTAL


2009 2010 2011 2012 2013
3,000 3,000
1.Ampliar o Mercado de
Canhandula 300 300
Melhoramento 2.Construção de balneário 0
da rede de 3.Construção Mercado Feira
mercados Samora Machel 2,700 2,700
17,299
1.Manutenção de 200 kms de
Estrada FIIL 1,000 1,500 2,000 2,500 3,000 10,000
Melhoramento 2.Ponte de Mandruzi FIIL 200 200
da 3.Manutenção de
transitabilidade Equipamentos e máquinas FIIL 1,000 1,250 1,500 1,750 2,000 7,500
da rece viaria 4.Reabilitaçào Estrada de
municipal Thundane FCC/FE 5,948 4,250 4,500 4,750 5,000 24,448
168

5.construçào de valas de
drenagem FCC 4,000 4,000
6.Consultoria de valas de
drenagem FCC 400 400
7.Construção de latrinas UN-
ecológicas Habitat 625 625
8.Construção de latrinas UN-
melhoradas Habitat 250 250
9.Elaboração de plano UN-
participativo de água e Habitat 300.57 301
saneamento para o bairro de UN-
Nhamainga Habitat 0
10.Construção (5) e reabilitação
de (5) fontes de agua UNICEF 1,425 1,425
11.Capacitação Comunitária e
PEC Zonal UNICEF 300 300
12.Lançamento de tubagens de
água canalizada e construcao UNICEF 1,105 1,105
3 fontanários 0
13.Construção de latrinas
melhoradas, no âmbito UNICEF 470 470
de CLTS (saneamento
totalmente liderado pela
comunidade) 0
Melhoramento
do sistema de 14.Fiscalização das obras UNICEF 250 250
agua e 15.Formação de técnico na área
saneamento de canalização UNICEF 25 25
400 400
UN-
1.Aquisição de (vacutugs) 2 Habitat 350 350
UN-
2.Aquisição de tambores 20 Habitat 50 50
0
1.Construção de Posto de
Saúde Thundane 1
e residência;
2.Construçào de residência no
Posto de saúde Samora Machel 1
3.Instalação de energia nos
p atendimento postos de saúde Samora
de cuidados de Machel 1
4.Aquisiçào de bicicletas
ambulância para os Bairros 4
Thundane, Nhamainga,
Canhandula e Mandruze
0 450 475 500 525 550 2500
Fonte: CMCD:2013

No âmbito dos Planos de Pormenor de Urbanização e de reordenamento foram feitas as seguintes


intervenções: Canhandula (10 talhões), Nhamainga (352 talhões), Samora Machel (472 talhões),
169

Nhamaiabwe (663 talhões) e Consito. em suma dos 1400 planificados para o período 2009 a 2013,
foram parcelados e distribuídos cerca de mil, quinhentos quarenta e cinco (1545) talhões.
170

CAPÍTULO VI

6.1 PERSPECTIVAS E CENÁRIOS

Mudanças ambientais geradas pelo impacto da actividade humana, aparentemente pouco


significativas ou imperceptíveis a curto prazo, podem causar efeitos cumulativos ao longo do tempo
(para além de uma ou duas gerações). As mudanças em escala global são difíceis de reconhecer na
escala de tempo de uma vida humana ou de um mandato político; por isso, são cercadas de
incertezas e controvérsias.

É impossível prever todas as variáveis que incidirão sobre os processos de mudança ambiental. No
entanto, a ausência de certeza científica não justifica a inação em termos de proteção ambiental. Por
isso, a estratégia utilizada para identificar os pontos críticos e planejar e implementar medidas
preventivas tem como referência o Princípio da Precaução.

Neste documento, são identificadas três categorias de questões ambientais que poderão vir a se
tornar prioritárias ao longo de século XXI: (i) a) eventos imprevistos e descobertas científicas; (ii) b)
transformações inesperadas de temas recorrentes; e (iii) c) transformação de temas conhecidos que
tenham, no presente, respostas adequadas, mas que venham a produzir consequências desconhecidas
a médio e longo prazos.

6.1.1 Interacção de factores e Planeamento integrado

Um dos aspectos muito importante a ter em conta na análise das condições de saneamento e higiene
do meio, é a interacção que existe entre os diferentes factores e os efeitos secundários, as vezes
negativos que podem ter determinadas acções destinadas a melhorar aquelas condições.

A inundação dos bairros provoca a proliferação de vectores, a falta de saneamento provoca a


contaminação da água estagnada, a água estagnada contamina as fontes de água potável etc.

No caso do Dondo, é preciso considerar, para além desta interacção que já existe, alguns impactos
possíveis de acções de melhoramento, como por exemplo:

 Para melhorar a higiene, é preciso aumentar a quantidade de água disponível para cada
família. Aumentando a quantidade de água, aumentará também o problema de eliminação
das águas servidas, que já se faz sentir;
171

 A drenagem das águas pluviais nos bairros e sua evacuação rápida para fora pode causar a
salinização dos poços, que já não vão receber a recarga normal de água doce durante a
estação de chuvas;
 A construção de valas de drenagem abertas poderá criar, se o sistema não for bem operado e
mantido, riscos suplementares de contaminação do ambiente. Com efeito, a água que fica
nas valetas de betão e no depósito central não pode infiltrar, podendo ficar muitos dias em
contacto com lixo e outros factores contaminantes, e causar a proliferação de mosquitos:
 A criação do habito de uso dos sanitários públicos pode fazer aumentar a procura para
sanitários privados nas casas, mesmo em zonas onde a densidade habitacional ou a situação
do terreno não são favoráveis. Desta forma, poderia aumentar o risco de contaminação do
ambiente nas zonas residenciais, incluindo a contaminação dos poços por efluente das casas
de banho;
 Os sanitários públicos, sobre tudo nos mercados locais, se não forem bem mantidos, podem
tornar-se focos de contaminação piores do que as próprias zonas de fecalismo a céu aberto;
 Se vários factores levassem à diminuição irreversível da qualidade da água dos poços, será
necessário pensar mais na recuperação das cisternas, como fonte alternativa quando o
sistema de água canalizada for deficiente.

Estes exemplos, advogam para a preparação dum plano integrado de saneamento, que inclua todas
as componentes interligadas acautelando os efeitos indesejados, priorizando os aspectos mais
importantes e propondo as soluções mais viáveis do ponto de vista técnico económico e social.

A procura de soluções para sistemas de manutenção e gestão dos sistemas seria uma parte muito
importante do plano, assim como a avaliação dos custos e responsabilidades de manutenção e
operação de cada sistema.
172

Gráfico 6: Interacção entre os factores

6.1.2 Rercursos Narurais

A questão da disponibilidade de terra agrícola, biomassa lenhosa, recursos da pesca, etc... não pode
ser considerada de forma circunscrita nos limites territoriais do Município de Dondo, pois se a
população tiver falta de terra fértil, poderá sair do Dondo e se os poucos pescadores não
encontrarem peixe nas águas do Rio Pungoe, vão busca-lo no Posto de PPPP. As casas de Dondo
são construídas de Pau a pique, e as famílias do Distrito de Dondo queimam.

O presente estudo está circunscrito nos limites territoriais do Município de Dondo, porque os
potenciais e limitações dos recursos locais devem ser conhecidos, e os problemas tratados, a nível do
escalão de autoridade local com poderes operativos e obrigações para com os habitantes, e
competências para a gestão ambiental na sua área de jurisdição, que é neste caso o Município.

Mas é evidente que, muitas das questões levantadas, só terão uma resposta pertinente se
equacionadas a nível duma unidade territorial mais vasta, e em coordenação com as entidades
operativas das unidades vizinhas.
173

A população da zona dos bairros suburbanos, em muitos aspectos é uma população rural, mas a
antiguidade dos assentamentos humanos, a existência em tempos passados dum forte centro de
comunicação (CFM) comercio e emprego, faz com que a fixação territorial em redor do Dondo
tenha bastante força.

A este respeito, a população do Dondo deve ser considerada, e provavelmente cada vez mais, como
uma população de hábitos de vida semi-urbanos, e a faixa mais próxima da cidade, como uma zona
em transição forte do rural ao urbano.

Esta questão tem implicações fortes em termos de futuros zoneamentos, e na necessidade de


preparar-se para a inevitável gestão de conflitos de uso da terra que este tipo de dinâmica sempre
acarreta.

6.1.3 Sobrepovoamento

O sobrepovoamento de Dondo tem sido mencionado frequentemente como uma das principais
causas de degradação ambiental. A problemática do “alivio demográfico” e criação de pólos de
atracção no continente fazem parte das recomendações incluídas na maioria dos estudos existentes.

Esta problemática é de facto comum a muitas cidades em crescimento rápido, onde é necessário
criar zonas de expansão atractivas para descongestionar os bairros suburbanos mais próximos dos
centros urbanos.

O afastamento do centro é visto, no Dondo como noutros sítios, como o principal obstáculo á
aceitação das zonas de expansão. E muitas vezes, o afastamento nem é apenas físico e material, mas
é também psicológico, porque quem “deixou o mato para a cidade”, sabe porque o fez, e
dificilmente volta para trás.

No caso de Dondo, a questão é agravada pelo corte físico drástico que existe entre as diferentes
zonas de expansão, apesar da estrada que facilita a comunicação entre a Cidade da Beira e o interior
da Província de Sofala. Estar “fora da cidade” ou estar “dentro” faz, no Dondo, uma grande
diferença, ainda mais se tomarmos em conta os factores históricos e culturais que conferem à
Dondo um prestígio de que outros centros urbanos não gozam, e isto apesar da sua acentuada
degradação.
174

6.1.4 Alterações climáticas

Embora as projecções de alterações climáticas geradas pelo Instituto Nacional de Gestão de


Calamidades (INGC) permitam que seja feita uma previsão sobre o risco de calamidades naturais
para Moçambique, ainda não se encontram disponíveis estudos que permitam prever
detalhadamente o que poderá ocorrer na costa Moçambicana, e em, particular no Distrito e
Município de Dondo. Desta forma, os resultados apresentados de seguida são gerais e referem-se,
maioritariamente, às previsões para a Região Central do País. Apenas em casos particulares, onde a
informação se encontre disponível, faz-se referência a questões mais específicas para o distrito.

Neste ponto apenas se indica a influência das alterações climáticas em factores climáticos
(temperatura, pluviosidade, evaporação), na hidrologia e no risco de ciclones, cheias e secas na
Região Central (e/ou no distrito), não sendo, portanto, uma abordagem exaustiva. Estas alterações
poderão reflectir-se em questões como disponibilidade de água, risco de incêndios, perdas de
colheitas e potenciais alterações no perfil epidemiológico

Relativamente aos factores climáticos, nomeadamente temperatura média, de acordo com o estudo
do INGC (2009), em geral, em todo o País irá ocorrer um aumento da mesma, com maiores subidas
no interior e no período entre Setembro a Novembro. Inclusive, para o período entre 2046-2065,
estão previstos aumentos das temperaturas máximas entre 2.5°C e 3.0°C (estimativa média). A
variabilidade sazonal na temperatura máxima, em geral, aumentará nos períodos compreendidos
entre Março e Agosto (INGC, 2009).

A evaporação seguirá a tendência da temperatura, aumentando em todas as regiões do País. Esse


aumento poderá ser superior ao da pluviosidade, durante a estação seca (Junho a Novembro),
sugerindo que esta estação pode tornar-se mais seca em todo o País (INGC:2009).

Por sua vez, a média anual de precipitação em todo o País mostra uma ligeira subida da mesma (em
cerca de 10-25%) comparada com a média anual dos últimos 40 anos, sendo encontrados maiores
aumentos na pluviosidade em direcção à costa (INGC, 2009). Nas regiões costeiras do Centro é
provável que ocorra, igualmente, um aumento da variabilidade sazonal da pluviosidade, em particular
entre Junho e Agosto. A maior subida de precipitação parece ocorrer no período compreendido
entre Janeiro e Maio, quando o risco de cheias é maior. Relativamente à ocorrência de ciclones, quer
as tendências recentes nas observações, quer os resultados de modelação a longo prazo sugerem que
as mudanças climáticas poderão afectar as características dos mesmos no sudoeste do Oceano
175

Índico (INGC, 2009). As observações mostram que existe uma indicação de aumento quer na
frequência quer na intensidade dos ciclones, contudo, de acordo com o INGC, o número de eventos
neste período é demasiado limitado para servir de base a tendências estatisticamente significativas.

No entanto, o estudo do INGC (2009) prevê que ciclones mais severos representarão a maior
ameaça para a costa até cerca de 2030. Posteriormente, o aumento acelerado do nível médio das
águas do mar irá representar o maior perigo, especialmente quando combinado com as marés-altas e
vagas de tempestade.

De acordo ainda com o mesmo estudo, o INGC diz que a Região Central será a mais afectada
(comparativamente as Regiões do Sul e Norte) por ciclones mais intensos e pelo aumento do nível
médio das águas do mar.

No cenário de aumento do nível médio das águas do mar poderá ocorrer a inundação

permanente da costa e das zonas baixas contíguas, particularmente das zonas próximas aos grandes
estuários e deltas (INGC, 2009). No Distrito de Dondo, caso se confirmem as previsões de aumento
de temperatura e subsequente aumento do nível das águas do mar, as cotas do terreno inferiores a 5
m (zonas mais próximas à linha de costa) poderão ficar submersas, o que corresponde a cerca de
10% da área total do distrito.

Por outro lado, a subida do nível médio do mar poderá ainda agravar o fenómeno de intrusão
salina, quer nos rios quer nos aquíferos. Relativamente ao agravamento da intrusão salina nos rios, o
Centro de Moçambique poderá ser o mais afectado em termos de área sujeita a este fenómeno. Em
particular, para o Rio Pungué, prevê-se que a distância de penetração de água salina para o interior
seja relativamente elevada, o que poderá agravar o que actualmente é já um problema. Refira-se que
presentemente, em anos secos, a intrusão salina já alcança as tomadas de água das cidades da Beira e
do Dondo e da Açucareira de Mafambisse, provocando a interrupção do fornecimento de água. A
deterioração da qualidade da água de alguns aquíferos junto à costa do distrito poderá ser também
problemática visto, actualmente,

existir uma percentagem ainda elevada de população que recorre aos mesmos como principal fonte
de abastecimento de água.

Com relação ao risco de cheias, de um modo geral, espera-se uma redução ligeira da
176

frequência das cheias na Região Central, com excepção na bacia hidrográfica costeira do Pungué,
onde poderá ocorrer um ligeiro aumento da frequência e dos picos de cheias. Refira-se que, no
Dondo actualmente o risco de cheias é já elevado. Refira-se, a título de exemplo, neste distrito, caso
ocorra uma cheia com um período de retorno10 de 10 anos, a população, que poderá ser afectada
por este evento é relativamente elevada (população compreendida entre 1 000 a 5 000 hab). O
número de escolas e de hospitais potencialmente afectados é também significativo, e encontra-se
compreendido entre 1 e 10 e 1 e 5, respectivamente.

Devido às alterações climáticas, a Região Central é a que apresentará maior probabilidade de ter um
agravamento no risco de seca e de perdas de colheitas, comparativamente com as Regiões Norte
e Sul. A extensão e gravidade do risco de seca poderão aumentar consideravelmente durante o
período compreendido entre Outubro e Dezembro (INGC, 2009).

Note-se que, se esta tendência se verificar, poderá agravar o risco de secas no Distrito de Dondo,
onde actualmente o risco é já moderado (MICOA, 2007).

Relativamente à perda de colheitas, no caso de ocorrer uma seca com um período de retorno de 10
anos na Província de Sofala, estima-se que ocorra uma perda na produção relativa de milho máxima
de 5% e de mapira entre 5 e 7,5% (relativamente ao período de 2006/2007) - RMSI (2010). Deve
notar-se que, a Região Central conheceu uma maior expansão agrícola na última década (em especial
de milho e arroz), apresentando rendimentos e produção relativamente elevados.

Em termos de disponibilidade de água para consumo, na Região Central, considerando as taxas


actuais do crescimento populacional, prevê-se que a disponibilidade de água per capita desça de
aproximadamente 1900 m3/capita/ano em 2000 para aproximadamente 500 m3/capita/ano em
2050 (INGC, 2009). A partir das taxas actuais de consumo de água per capita a nível nacional, estima-
se que a actual descarga em Moçambique possa ser reduzida em cerca de 25% em 2050. Sob os
cenários que apontam para um consumo hídrico elevado (250 m3/capita/ano) e um consumo médio
(100 m3/capita/ano), o caudal de água disponível poderá diminuir em cerca de 45% e 15%,
respectivamente. Refira-se que, estes cenários relativos ao consumo de água não incluem projectos
futuros de grande dimensão no 10 Intervalo de tempo estimado de ocorrência da cheia (ou seja, é
provável que de 10 em 10 anos ocorra uma cheia com aquelas características) no Centro de
Moçambique ou nos países vizinhos, projectos esses que aumentariam significativamente o consumo
de água. No entanto, embora não se espere que a alteração do caudal no Rio Pungué (rio que
atravessa o distrito) seja significativa, (poderá apresentar uma ligeira subida) este rio dispõe, em geral,
177

de caudal suficiente para satisfazer as necessidades futuras da população (mesmo tendo em conta as
alterações climáticas).

O processo contínuo de mudança climática tem ainda o potencial de alterar a frequência,


intensidade, severidade e sazonalidade das queimadas descontroladas em Moçambique. A relação
exacta entre as mudanças climáticas e o risco de incêndio em Moçambique é, no entanto, difícil de
estabelecer devido à falta de dados históricos e ao papel das intervenções humanas, tais como o
modo de vida e a mudança da cobertura da terra (INGC, 2009).

Actualmente, de acordo com as condições climatológicas actuais; humidade e material

combustível; características topográficas, cobertura vegetal e densidade demográfica, 24% da área da


Região Central apresenta risco extremo e 37% risco elevado Na zona costeira, em particular no
Distrito de Dondo o risco de incêndio é, em geral, elevado (tendo em conta apenas a precipitação e
a evapotranspiração), de acordo com Fernandes apud (INGC:2009).

No que respeita às potenciais alterações no perfil epidemiológico em Moçambique, o facto de não


existirem séries longas de dados contínuos, torna difícil a aplicação de modelos que permitam
quantificar o potencial impacto das mudanças climáticas no risco de doenças no País. Contudo, um
enfoque nos eventos extremos climáticos revela picos na incidência de doenças associadas aos
eventos extremos. Temperaturas mais elevadas poderão estender a amplitude e prolongar a
sazonalidade da transmissão de doenças causadas por vectores, tais como a malária. A frequência e
intensidade dos eventos de clima extremo influenciam também a incidência de outras doenças
ligadas à água e causadas por roedores (Epstein apud INGC: 2009).

As projecções do IPCC (2007) de um aumento de 5-8% em terras áridas e semiáridas em África


poderão ainda aumentar a transmissão e favorecer a expansão da faixa de meningite (Epstein apud
INGC:2009). A Cólera, por sua vez, reaparece periodicamente, especialmente depois de cheias e em
meses em que a temperatura é mais elevada. A seca também pode estar associada com a cólera e
outras doenças transmissíveis pela água.
178

PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES.

Cumpridos os quatro objetivos da análise das informações e dados, no presente capítulo como que a
equipe técnica esteja apta para formular propostas e recomendações que venham a orientar os
tomadores de decisão.

As propostas deste capítulo do REA Dondo, vão oferecer aos actores sociais relevantes uma lista de
propostas de líticas urbano-ambientais orientadas para a mudança das condições que contribuem
para afetar o meio ambiente local. Tais propostas estabelecerão objetivos, metas, ações,
instrumentos e recursos, institucionais e financeiros, necessários à implementação das políticas
apresentadas no relatório. As políticas propostas articulam-se diretamente à análise contida no
relatório, indicando como a sua implementação contribuirá para alterar o estado do meio ambiente e
os impactos produzidos na qualidade de vida, nos ecossistemas e na economia urbana. As
recomendações a serem feitas incluem: (i) A necessidade de uma melhor capacitação técnica dos
diversos actores sociais; (ii) A destinação de recursos do orçamento público para ações de caráter
sócio-ambiental; (iii) A criação de órgãos específicos de intervenção urbano-ambiental (iv) A
institucionalização de canais de participação social na formulação das políticas públicas, entre outras.

A Nível de Legislação e Políticas

Conforme indicado no Capítulo 5, já foram aprovados numerosos instrumentos de legislação,


políticas, estratégias e planos, aos níveis nacional e municipal, que contém recomendações e
disposições relevantes indispensáveis para a melhoria da gestão ambiental e eventualmente do estado
do ambiente urbano. Contudo grande parte da legislação e outros documentos orientadores ainda
não estão sendo implementados em pleno.

Por isso, a primeira recomendação é de que seja necessário promover a implementação de:

a) Legislação:

 Regulamento sobre Gestão de Lixos Biomédicos

 Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

 Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (incluindo o


Licenciamento Ambiental).

 Regulamento de Ordenamento do Território


179

 Regulamento do Solo Urbano

b) Políticas e Estratégias Nacionais:

 Estratégia de Gestão do Ambiente Urbano (2004), especialmente nas acções que visam a
capacitação institucional, a educação ambiental e o envolvimento comunitário);

 Estratégia Nacional de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos (2003)

 Política de Ordenamento do Território (2006)

c) Instrumentos ao nível municipal:

 Revisão e implementação do Plano Municipal de Gestão Ambiental

 Elaboração e aprovação de Planos directores (Controle a erosão, Educação Ambiental)

 elaboração e aprovação de um Plano Municipal de Saneamento

 Revisão e implementação do Plano Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos

 Divulgação e aplicação do Código de Posturas

Reconhecendo que no Município falta instrumento para a orientação do desenvolvimento,


recomenda-se:

 Implementação do actual Plano de Estrutura seguidos de respectivos planos de pormenor,


especialmente para zonas habitacionais. Para que estes documentos possam ser
efectivamente implementados, é essencial que sejam elaborados através de um processo que
conte com a participação que abrange os diversos grupos de interesse na cidade, inclusive as
comunidades que vivem nas zonas não ordenadas.

Intervenções físicas prioritárias

 No âmbito do Plano Municipal de Gestão Ambiental, é urgente planificar e implantar


projecto (s) de urbanização básica com talhões destinadas a famílias de baixa renda, onde
será permitida a construção de casas não convencionais. O processo de planificação deverá
incorporar consultas aos actuais ocupantes e donos das árvores nas zonas abrangidas.
180

 Melhoramento da lixeira existente, incluindo o tratamento paisagística da área entre a EN6 e


a lixeira (criação de uma lomba, plantio de árvores de crescimento rápido), vedação completa
e construção de valas de drenagem.

 Identificação de uma nova área para transferência da actual lixeira e curto prazo e a médio e
longo prazo a construção de um aterro sanitário municipal.

Consciencialização e Capacitação Ambiental do Governo Municipal

A este nível, as principais recomendações vão para:

a) Consciencialização aos membros do Conselho Municipal e da Assembleia Municipal, todo o


pessoal técnico e administrativo, sobre as responsabilidades do Conselho Municipal e os
impactos da ausência do controle ambiental.

b) Capacitação do pessoal relevante nas diferentes Direcções do Município e nas instituições do


Estado, sobre a legislação existente e mecanismos de sua implementação

c) Promoção de workshops para o debate de questões como a fiscalização e controle na gestão


ambiental urbana.

d) Estabelecimento de serviços de fiscalização, divulgação de legislação e das posturas


camarárias.,

Estas acções devem ser promovidas pelo MICOA, através do CDS-Zonas Urbanas, com o
envolvimento da Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental e de outras
instituições do Estado ao nível local como os Serviços Distritais de Planeamento e Infraestruturas de
Dondo.

Consciencialização Ambiental e promoção de participação da Comunidade

a) Promoção e apoio às organizações da sociedade civil (ONGs, OCBs) que trabalhem nas
áreas de saúde ambiental ;

b) Promoção e envolvimento de ONGs e OCBs, que levam a cabo acções de sensibilização


ambiental e sanitária e sobre comportamento cívico, junto aos moradores, proprietários e
directores de actividades industriais (de todas as escalas, formais e informais) e o comércio
formal e informal.
181

c) Em relação à comercialização de produtos de espécies ameaçadas, recomenda-se que a


DPCA e o IDPPE promovam acções coordenadas de sensibilização dos CCPs e outras
OCBs.

d) Promover o Estabelecimento de um Comité de Co-Gestão do Rio Pungoe, com destaque


para o Vale de Mandruzi.

e) Promoção do estabelecimento de organizações nos bairros que zelem pela contenção da


erosão e o maneio adequado dos resíduos sólidos.

f) Promoção de organizações e micro-empresas comunitárias para efectuar a recolha de lixo e a


limpeza nas zonas suburbanas.

Nota-se que as estratégias e métodos adoptados para as actividades a), b) e c) devem basear-se nas
constatações dos estudos sócio-culturais propostos em 5 a) e b), abaixo.

Ao nível de Estudos e Pesquisa

Na área de meio ambiente, as universidades ou instituições de pesquisa sedeadas em Dondo ou na


cidade da Beira, devem ser responsáveis por diversas pesquisas, como, por exemplo, monitoria de
ecossistemas, estudos de espécies ameaçadas de extinção, avaliação da poluição ambiental, retração
da cobertura vegetal, zoneamento para Áreas de Proteção Ambiental (APA.S), entre outros. Elas
devem actuar também em pesquisas de novas tecnologias que não degradem o meio ambiente e de
projectos para recuperação de áreas degradadas.

Outras acções das universidades consistem em projetos de extensão, através de cursos de atualização
de profissionais (formação de profissionais na área ambiental) e projetos voltados para articulação e
ação nas comunidades, apoio financeiro a organizações não governamentais e estudos aplicados para
a área empresarial e para o Ministério Público.

no caso específico da cidade de Dondo, os estudos de investigação devem ser direccionados nas
seguintes áreas:

a) Estudo socio-cultural da população dos bairros suburbanos, com enfoque nas suas
percepções sobre a vida na cidade comparada com a da zona rural.

b) Estudo do impacto da urbanização nos costumes e tradições, incluindo as questões de


saneamento e higiene.
182

c) Investigação tecnológica: sistemas de saneamento, esgotos e drenagem à baixo custo


apropriados para uso nos bairros suburbanos, tendo em conta as condições físicas e socio-
culturais da cidade de Dondo.

d) Estudos sobre as condições ambientais do Município, a biodiversidade e a sua importância


para a população local:

 Avaliação da biodiversidade e estado de conservação;

 Identificação de espécies em perigo ou protegidas, ou espécies que constituam


preocupação especial no Município, sua distribuição e sazonalidade

 Mapeamento/GIS dos habitats e do uso de zonas costeiras

 Distribuição especial das actividades de uso dos recursos e seu mapeamento

 Capturas por Unidade de Esforço (CPUE) e tipos de instrumentos de pesca


utilizados ao longo do Rio Pungoe;

 Estudos sócio-económicos (comunidades dependentes de recursos naturais ao longo


do Rio Pungoe)

 Determinação da qualidade da água dos rios e riachos (com ênfase em iões nutrientes
comuns: NH4+, NO3 -,PO4-3 SiO3-2).

 Identificação das principais fontes de poluição no Município (domésticas, projecto


de aquacultura, indústria); e

 Estudos ecológicos e hidro-biológicos para a compreensão da organização e


funcionamento do Município como sistema.” 5

e) Investigação do impacto do estado do ambiente na economia da cidade e especialmente nas


finanças públicas.

Para a constituição de uma Base de Dados sólida, a equipe recomenda as seguintes acções:

a) Monitoria regular da qualidade da água canalizada, água dos poços e águas dos rios e riachos;

b) Levantamento das actividades industriais, formais e informais:

5 Macia, p.25
183

 Localização, tipo de actividades, emissões, resíduos e efluentes produzidos,


forma de tratamento.

c) Levantamento de locais de ocorrência de erosão na cidade.

d) Levantamento de habitações e outras construções nas áreas de risco ou reservas: linha de alta
tensão, zona militar, estrada nacional.

e) Mapeamento de focos de acumulação de lixo.

Ao nível da continuação do Processo REA

 Promover o estabelecimento de um Observatório do Meio Ambiente, ao nível da Cidade de


Dondo, o qual poderá integrar especialistas da UP ou de outras instituições de nivel superior
baseadas na cidade da Beira, Conselho Municipal, entidades do Governo Provincial/
Distrital e ONGs, bem como indivíduos interessados.

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