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A origem da arquitetura popular dos Acores GUNTER WEIMER’ Resumo: Este trabalho examina as carateristicas da arquitetura resi- dencial popular dos Acores, suas origens no continente europeu e€ estabelece as relacdes desta com a da arquitetura marroquina, em especial, do norte deste pais. Abstract: This paper analyzes the popular residential architecture characteristics of the Azorian islands. The origin in european conti- nent and the relationship with the Morocco architecture, specially with north Morocco, were also evaluated. Palavras-chaye: Arquitetura popular acoriana, Arquitetura popular portuguesa. Arquitetura popular marroquina. Key words: Popular architecture of Azores. Popular portuguese archi- tecture. Popular architecture of Morocco. Apesar de sua importancia e significado, os estudos so- bre a arquitetura da imigragdo agoriana' no sul do Brasil fica- ram muito aquém daqueles que trataram de outras correntes ” Arquiteto pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1963; Especialista em Desenho Industrial pela Hochschule fiir Gestaltung, de Ulm/Alemanha, em 1967; Mestre em Histérta da Cultura pela Pontificia Universidade Catdlica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em 1981; Doutor em Arquitetura pela FAU da Universidade de So Paulo (USP), em 1991. Coordenador do Departamento de Teoria ¢ Histé- ria da Faculdade de Arquitetura ¢ Urbanismo da PUCRS. ‘Ha quem conteste este conceit, pois quando a mesma se processou tanto os Agores como o Brasil faziam parte integrante do territério portugués, Teria sido, portanto, apenas uma migragiio interna e niio uma imigracdo., Esta nos parece ser uma interpretagao um tanto limitada devido a muitos fatores como 4 posterior independéncia do Brasil, pelo tamanho deste deslocamento que nao foi apenas de continente como até de hemisfério e de condic¢io peografi- ca (troca de ilhas por terra firma) ¢ ainda pelo fato de que numerosos autores brasileiros, portugueses ¢ agorianos assim a tém tratado. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v.XXVI, n?2, p. 57-90, dezembro 2000 58 Estudos lbero-Americanos. PUCRS, v.XXVI, n?2, p, 57-90, dezembro 2000 imigratérias, especialmente, da alemé ¢ italiana. Somente o fato de que os ilhéus chegaram trés quartos de século antes do ale- mes e mais de um século antes dos italianos, e, mais do que isso, pela quantidade de descendentes deixados bem como pela importancia estratégica das posigGes que passaram a ocupar, impde-se um melhor conhecimento de sua presenga no Estado e de sua forma de viver. As raz6es dessa assimetria talvez possam ser encontra- das na relativamente pequena bibliografia existente sobre a ar- quitetura portuguesa e, ainda mais, pelas dificuldades de aces~ s0 aos estudiosos brasileiros as publicagGes lusitanas e, princi- palmente, agoritas. A par disso, ha uma dificuldade ainda mais profunda naquilo que teria de ser estabelecido no que tange a diferenciagao entre a arquitetura do continente e da dos ilhéus. Grande parte dos tratados que pretendem qualificar a arquite- tura portuguesa simplesmente omitem a que foi produzida nas ilhas. Parece que a autonomia desejada pelos ilhéus correspon- de a consenso entre os continentinos. Arquimedes, o de Mileto, dizia que se tivesse um ponto de apoio, moveria o mundo. Tal- vez, seja exatamente esse o cerne da questao. Falta um sdélido ponto de partida para deslanchar a investigacao. A isso ainda devem ser agregadas duas ordens de pro- blemas inerentes 4 cultura portuguesa. De um lado, estaéo os preceitos e os preconceitos que constituem os fundamentos de qualquer cultura, e da portuguesa, em particular. A histérica confrontacéo entre o Portugal cristéo setentrional contra 0 isla- mico do sul sempre tem privilegiado o primeiro, que se orgulha de sua condigao de vencedor sobre os “infiéis”. Em conseqiién- cia, a balanca sempre tem pendido mais para o norte que para 0 sul, E os estudiosos da filogenia da arquitetura agoriana tende- ram a apontar a minhota como seu paradigma. De outro lado, tem-se enfatizado muito a participacao das culturas normandas, bretas e/ou inglesas na formacdo ética e cultural dos Agores. Conseqiientemente, seria de esperar que sua arquitetura tivesse absorvido, de uma forma ou outra, algumas carateristicas da das daquelas regiGes. Por mais que tivéssemos procurado iden- tificar as mesmas na arquitetura das ilhas em visita realizada recentemente, nada de concreto pode ser identificado. Alguns A origem da arquitetura popular dos Agores 59 estudos sobre os nomes que sao apontados como sendo de ori- gem daquelas imigragdes, demonstraram ser numericamente insignificantes. Em conseqiiéncia, a cultura trazida pelos imi- grantes do norte deve ter sido absorvida pela majoritaria, o que explicaria a inexisténcia de perceptiveis carateristicas inglesas ou normandas na arquitetura popular local. As ilhas foram descobertas no primeiro quartel do sécu- lo XV, mas sua ocupacao comecou a efetivar-se apenas por vol- ta de 1440,* Como é corrente em regides de imigrag&o, os novos ocupantes vieram das mais diferentes regides de Portugal, e trouxeram os mais variados conceitos de arquitetura e de pro- cedimentos construtivos. Da mesma forma, como aconteceu na coloniza¢ao do Brasil, esse deslocamento nao foi homogéneo, e as regiGes que forneceram maior numero de imigrantes, obvia- mente, acabaram por condicionar mais profundamente a arqui- tetura local. Esta, no entanto, nado é uma equacao aritmética, posto que questGes funcionais ¢ de poder de dominacao dese- quilibram os fatores eminentemente quantitativos. Em termos de arquitetura isso significa que a formagio basica dos proce- dimentos construtivos e estruturadores do espago sio de ori- gem diversificada, o que dificulta a identificagao das carateristi- cas regionais dominantes da arquitetura do continente que fo- ram mantidas. Outro fator complicador é o fato de que as condigdes de vida nas ilhas obrigatoriamente teriam de se adequar ao novo meio, 0 que implica na adaptagaéo dos procedimentos tradicio- nais 45 novas condig6es ambientais. Noutros termos, a arquite- tura teria de passar por um processo de criacao inovadora. Dai decorre a necessidade de identificar, por um lado, os elementos de permanéncia da arquitetura continental e, por outro, as mu- dan¢as introduzidas, e que viriam a imprimir carateristicas no- vas que poderiam ser qualificadas como “tipicas” das ilhas. No sul do Brasil, a questao agoriana também tem sido vitima de variados preconceitos. Possivelmente, as naturais JOHNSON, H. B. “A colonizagio portuguesa do Brasil, 1500-1580". In: BETHEL, Leslie. Histéria da América Latina, S40 Paulo: EdUSP, 1998, p. 242/53, 60 Estudios Ibero-Americanos. PUCAS, v.XXVI, n?2, p. 57-90, dezembro 2000 reacdes dos habitantes das colénias, quando se armam pela conquista de sua independéncia, se constituam num meio de cultura propicio 4 criagao de conceitos nada lisonjeiros dos do- minadores. Essa certamente é a origem dos preconceitos por nés alimentados referentes aos lusitanos. Para driblar essa dura realidade, surgiu como alternativa a criagao do mito acoriano que pés-se a criar imagindrios ilhéus de carateristicas diame- tralmente opostas aos do continente. Embora as ilhas se consti- tuissem numa das partes mais pobres e atrasadas de Portugal, a imagem que tem sido divulgada entre nds tem deserito as Ilhas como uma espécie de paraiso imaculado, e que pouco, muito pouco, tem a ver com o continente. Nesse contexto, o mito ou a supervalorizacao de eventuais influéncias de imigragdes “nér- dicas” cai como uma luva. Como exemplos dessa postura, po- de-se citar o prédio da Prefeitura de Porto Alegre, oficialmente denominado de “Pago dos Acorianos”, quando, na realidade, se trata de uma edificacdo de inspiracao italiana, projetada por um arquiteto nascido e formado em Veneza, construido por italo- brasileiro, e com toda a imagindria de inspiracdo comteana; a “Ponte dos Acorianos” foi mandada construir pelo futuro Du- que de Caxias por projeto de seu Secretario de Obras, Joao Al- vares d’Eilly, e & imagem de outra construida no Vale da Fi- gueira, na Estremadura; a insisténcia em apontar os acorianos como fundadores de Porto Alegre, quando, na realidade, ape- nas haviam invadido a sesmaria da terra onde viria ser fundada a cidade e tivessem sido transferidos para Taquari bem antes da fundagao da Capital. Exemplos dessa ordem poderiam ser cita- dos 4 exaustao. Uma primeira aproximacao O estudo da arquitetura regional do extremo sul, desde cedo, nos levou a reunir toda a bibliografia acessivel sobre os Acores. Sempre desconfiamos da existéncia de uma contradigdo fundamental e inerente em sua produgao arquiteténica. En- quanto a arquitetura palaciana tendia muito mais para uma filiagao da do norte de Portugal, a popular pendia mais para o A origem da arquitetura popular dos Agores 61 sul. PublicagGes’ com belas fotografias aéreas mostravam a pre- dominancia de Strassendirfer (aldeias-rua) & imagem das que tinhamos visto no Algarve ou no Alentejo. A profusao de casas integralmente caiadas indicava na mesma diregao. Mais. do que isso, chama especial atengao o largo emprego de muros divisé- tios de terrenos agricultados funcionando como paraventos, comuns no sul de Portugal, e que sao de origem marroquina. Tudo estava a indicar, ao contrario das idéias dominantes, que a origem desta arquitetura tendia mais para o sul que para o nor- te. A essa altura, todas estas conjeturas néo passavam de impressées, que sé poderiam ser aceitas se fossem devidamente comprovadas. Dai ter surgido o sério problema de como poder fazé-lo. O material de pesquisa’ Apdés muitas reflexdes sobre o modo de poder enfrentar esse problema, veio em nosso socorro uma exposigdo acompa- nhada de uma acervo de fichas de levantamentos realizados por arquitetos’ da Associagao dos Arquitetos Portugueses, Durante os meses de verao de 1982 e 83, os mesmos cruzaram de ponta a ponta as ilhas ¢ recolheram um rico material cuja publicagéo se torna mais do que urgente. Dada a diversidade e complexidade do material levantado, foi necessario limitar 0 nosso campo de pesquisa em razao do que nos limitamos ao estudo das casas de cardter popular, com um ntimero maximo de cinco comparti- * Entre elas, as de VALDEMAR, Anténio. Ageres vistas do céu. Lisboa: ‘Argentum, 1998; OLIVEIRA, Alamo & ABREU, Mauricio. Agores. Setibal: Abreu, 1987; LIMA, Diogénia de Bettencourt & GODARD, Daniel Luc. Os Agores, o paraiso desconhecido, Lisboa: Bertrant, 1992; RONN, Undine von & GRAU, Javier. Agores. Rio de Mouro: Everest, 1997; GIL, Julio. As mais belas vilas e aldeias de Portugal ¢ As mais belas eidades de Portugal, entre oulras. 4 Lodos os desenhos deste artigo sdo de autoria de G, Weimer, * Estes arquitetos foram Ana TOSTOES, Filipe Jorge SILVA, Joao Vieira CALDAS, José Manuel FERNANDES, Maria de Lurdes JANEIRO, Nuno BARCELOS e Vitor MESTRE 62 Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v.XXVI, n? 2, p. 57-90, dezembro 2000 mentos internos’ posto que as de maior ntimero tendiam a ex- cepcionalidade (palacetes, arquitetura de prestigio, programas complexos, funcdes combinadas, etc.) e, devido a isso, fugiam do cerne de nossas reflexdes. A limitacdo 4 arquitetura residen- cial deveu-se ao fato de ser a mais bem contemplada pelo levan- tamento, de ser a mais bem conhecida e o programa mais co- mum. Nesse levantamento foram encontradas 7 residéncias de dois compartimentos’ (9%), 32 de trés (41%), 23 de quatro (30%) e 16 de cinco (20%). Estas 78 construcdes tinham um arranjo em planta baixa na seguinte proporgao: 59% em forma linear; 24%, em L; 3%, em T e 13% em X. Isto significa que o programa do- minante é o da casa de trés compartimentos com arranjo linear. Mais relevante que esses ntimeros foi a constatagao de uma peculiaridade notavel. Embora estas residéncias se carate- rizassem por ocuparem uma drea muito reduzida, seis delas (8%) eram assobradadas; 29 (37%), se constituiam em falsos sobrados, isto 6, em construcées térreas que aproveitavam o declive do terreno para agregar uma loja, um porao ou um de- * Devido avg dados disponiveis, este niimero de compartimentos refere-s¢ exclusivamente aos de carter residencial, no sendo computados os com- plementares como lojas, pordes, depdsitos, atafonas, etc. Wilhelm GIESE cita a existéncia de casas de um s6 compartimento que descreve da seguinte forma: © edificia apresenta um telhado de duas verten- tes, muito inclinadas, cobertas de patha e quatre paredes de pedra tosca, sem argamassa, que ndo sde caiadas, A frente ¢ a parte de trds rematam superiormente em tridngulos de lados iguais. A parede da frente ndo vai até 9 tape; a parte mais alta é formada por tibuas de madeira horizontais. Na parede da frente encontra-se wma porta de tdbwas verticais 4 qual se chega por dois degraus, As paredes laterais sao muita baixinhas, O interior é de um sé quarto... Encontramos as mesmas construgées, bastante grandes ¢ também muito pequenas, em Portela e em Granja servinda de estébulos, palheires etc. (A casa rural da ilha do Faial. In: MARTINS, Francisco Ernes- to de Oliveira (org.) Arguitectura nos Agares, Horta: Governo dos Agores, 1983, p. 42. Por esta citagdo percebe-se que niio se trata de um programa excepcional. Nao 6 citamos no corpo do texto por nao ter sido contemplado pelo levantamento dos arquitetos da AAP. MARTINS, Francisco E, de O, admite que estas cafuas teriam sido as casa dos agorianos dos sec. XV ¢ XVI (Arguitectura popular agoriano-brasileira. Angra do Heroismo: s. ¢., 1996, p. 51. A origem da arquitetura popular dos Agores 63 pésito, e isso feito de modo intencional de aparentar a duplici- dade de pisos; 21 casas (27%) apresentavam uma elevagao em sua volumetria para poder abrigar um ou dois quartos ou, pre- ferencialmente, apresentayam o forro rebaixado de modo a po- der incluir um (ou mais) quarto no desvao do telhado, numa forma muito engenhosa, que somente um observador atento pode perceber essa sutileza, quando a vé pelo lado externo. Esse quarto tem o curioso nome de “falsa”. Isto significa que, ao contrario da expectativa gerada pelos reduzidos recursos eco- némicos, as casas “legitimamente” térreas eram somente em numero de 22, ou seja, 28% do total. Sbpaabe CASA cen False” Falic tntaans Shea TERsKA O programa tipico residencial acoriano Esses dados permitem tragar as carateristicas do pro- grama dominante da arquitetura residencial das ilhas. Segundo MARTINS, 64 — Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, vXXV/, n® 2, p. 57-90, dezembro 2000 sul casa foram normalmente... divididas em trés compartimnen- tos: ao centro ficava o chamado “meio-da-casa” (quarte de en- trada); de wm tado, ¢ quarto da cama e, do lado oposta, a cozi- nha, com um recante onde se situava a lareira e 0 foro, A porta de entrada era inteiriga, tinha wm postigo ¢ extertor- mente meia porta baixa e, as vezes, duas de abrir ao meio, As paredes internas eram construidas em alvenaria de pedra seca de basalto e as divisdrias eram de madeira da regitio, que ficava a vista. © pavimento era de terra batida, ao que se chamava entijalado. Apenas o quarte de cama tinha tecto de forre ¢ 0 chao coberto dum sobrada de madeira. espaco entre o forro do tecto do quarte de cama eo travejamento de cobertura chamava-se “falsa”, ov sdtde, ¢ 0 acesso era feito por uma escada de milo encostado @ parede. .. Na cozinha sob a chaminé ficava o “ler” e um forno, cons- truido exteriormente contra a parede. Fora jd da drea da chami- né, havia untia mesa (arnassadeira), onde se amassava o pio num alguidar" de birro e se preparavam os alimentos antes de os por ao lume.” Macedo acrescenta mais alguns detalhes: O visitante sempre entrard pelo meio-da-casa, especie de sala- de-estar, as vezes com piso de madeira e sempre comum tablado ligado @ janela principal, onde duas ou trés mogas ow senhoras sentam-se para olliar a rua, bordar, tagarelar e costiurar as pe- gas do vestudrio. Pode haver, na parede ao lado da janela, ura cavidede que se chamard agulheiro, caprichoso sistema para guardar a complicada aparelhagem feminina de costurar roupas e fazer arte com as linhas de cores. Na mesma pega haverd mesa e, numa das paredes, a copetra: cavidade com prateleiras para guardar loucas e as preciosas lembrangas da familia... Nesta or- dem final abre-se a porta deixando ver a copetra, bem na frente, cor seus pratos, seus santinhios e fotografias, pequenas relf- quias de toda a familia. .A cozitha é semelhante @ da casa urbana: forno, lar, trentpe e chaminé. Estas chanunés, estreitas, mas com toda a largura da ® O destaque é nosso. ° MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira. Arquitectura popular agoriano- brasileira. Angra do Heroismo: s. e., 1996, p. 51/2. A origem da arquitetura popular dos Acores = 65 ‘fogio, sito coroadas por Hijolos que se aproximam deixamuto, a cada par, espago livre para a saida da funiaca; sao chamadas chaminés de maos postas. Além da “copeira” que entre nds foi conhecida como cristaleira e etagére, a trempe, no equipa- merito da cozinha, ¢ mats o arquibanco (arca.e banco), o cho de terra batida eo forno esférico, sie elementos que participam da nossa vida evocando o “mobilidrio” agoriano,”” Todas essas citagdes nos alertam para algumas peculia- tidades carateristicas dos Acores, e que nao temos encontrado noutras regiées. A primeira delas esta relacionada com a exis- téncia da falsa, uma sutil solucao para locar um dormitério co- mo que para preserva-lo na mais completa intimidade e longe da vista do olhar alheio, A segunda se refere ao forno de pio. Nada de novo em sua construgdo em forma de ctipula." A curi- osidade esta em que sua abertura da diretamente para dentro da cozinha enquanto que, noutras culturas, ele sempre se cons- titui numa construgao a parte do corpo da casa ou, no maximo, nela esta encostado. Portanto, seu acesso é sempre exterior, Ao contrdrio dos Acgores, ele esté abrigado por um telhado que po- de ser uma extensao do da casa ou uma construgao totalmente & parte. E, mais do que isso: noutras regiGes, ele apresenta uma chaminé no extremo oposto 4 portinhola de entrada, de modo que o ar entra pela mesma ea fumaca é “sugada” pela chaminé, que a conduz para fora, de modo a nao poluir o ar da entrada. Nos Acores nado existe uma chaminé nestas condigdes: como o forno s6 tem uma abertura, a fumaca tem de sair pela entrada, o que significa que a fumaca tem de ser despejada para dentro da cozinha, que s6 nao é poluida por existir em toda a largura do forto uma ampla chaminé em forma de piramide truncada des- ® MACEDO, Francisco R. de. “Arquitetura luso-brasileira”, In; WEIMER, Giinter (org.). A arquitenira no Rio Grande do Sul, Ponto Alegre: Mercado Aberto, 1987, p. 67/8. "A forma mais comum da constraga de fornos é a estrulura de abbada que se justifica pela facilidade na implantagdo, por uma extremidade, da portinho- fae, pelo oposto, pela sada da chaminé. Como os fornos agoritas nao possu- em a ultima, fica perfeitamente justificado a substituicio da abébada pela cfipula: se ¢ verdade que esta dificulta a implantagdo da portinhola, tem a vantagem de ser estruturalmente mais resistente. 66 Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v2O Uaeaueache aay prescieres Tete tae hone 3 TORRES & MACIAS. op. cit. P. 18. Aongem da arquitetura popular dos Acores 77 Isso evidencia que o vinculo que unia todas essas casas era exatamente a islamizacao. Mais do que isso. Oliveira assinala outra carateristica comum a todas essas casas: as avantajadas chaminés. Seu tama- nho é tao relevante que suas dimensdes ultrapassam decidida- mente a sua funcio e representam o principal ornamenta dos edificios sobre gue incide o espirito inventive dos construtores locais.", Mesmo casas modestas nao as dispensam. Segundo o mesmo autor, Para construi-las, cada construtor primeiro perguntava ao pro- Prietario quantos dias quer de chaminé, Para ele, essas chaminés apresentam acentuado cunho oriental, em que pretende encon- trar reminiscéncias dos minaretes muculmanos. E evidente que as chaminés pouco ou nada tém a ver com os minaretes, mas a situagao faz sentido por definir que oriente o autor tinha em mente, Além disso, A casa do sul é uma casa térren, feita de materiais leves e de grande plasticidade, que permite iodas as fantasins de estilo ¢ que funcionan! ao mesmo tenipo como isaladeres do calor, rebo- cadas é caiadas exterior ¢ interiormente, com poucas janelas, muttas vezes mesnio apenas cont a porta da entrada na fromta- Na, incluindo na sua estrutura arcos de fijole e, por vezes mesmo abdbadas; e com telhados de duas dguas ow terracos (que no norte da Africa se véem mesmo em substituigia daquele) e Parente de terra, calcoto ou, preferencitimente, tijolo ou la- drilfta... A cozinha,.. pode também considerar-se a divisito principal da cast, a wit tentpo cozinha, sala de estar, de trabothar, onde se recebe quem chega de fora etc. A lareira é normalmente ao nivel do solo, (ou) muma banqueta de tijolos... com cerca de 60 cnt de altura, rebocadas ¢ criadas, que, com as cantareiras, forma con- juntos musita pitorescos € harmoniosos. As lareiras so sempre abrigadas pela chaminé... Ext todas a3 chaminés em que 0 fo arde i vista, para que o calor ndo deteriore as paredes, de tia. ridis pouco resistentes, existe uma laje de espessura médin, de tyolo, ardésia, granite ou caledrio, que faz o papel de soladar; + esta pega dda o monte de & ainda ‘sempre-notua>, Essas

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