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NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

Desde a ingestão dos alimentos pelos camarões, até a chegada dos nutrientes
às células e, posteriormente, a eliminação dos resíduos, milhares de reações
químicas ocorrem, sem as quais a vida animal não seria possível.
A nutrição só se desenvolveu como ciência, quando os pesquisadores
passaram a estudar as reações químicas e os nutrientes envolvidos nelas,
identificando-os, quantificando-os e entendendo o papel que desempenham. Só
assim, foi possível nutrir adequadamente os animais, melhorar o desempenho e
obter produtos a custos mais baixos. Rações mais simples, eficientes e de menor
custo também foram obtidas graças a estes progressos na ciência animal.
A produção animal é baseada em quatro pilares: nutrição, sanidade, genética
e manejo. Para obter resultados é necessário que todos os fatores envolvidos sejam
utilizados de maneira adequada ao mesmo tempo.
Apesar de serem igualmente importantes, a nutrição geralmente recebe maior
atenção por representar até 60 % dos custos totais de produção de camarões
marinhos.

1.1. NUTRIÇÃO
1.1.1. PROTEÍNAS
As proteínas são substâncias orgânicas formadas por moléculas muito
grandes, quando comparadas à maioria das moléculas existentes. Por isso são
incluídas na categoria das macromoléculas (macro = grande).
A molécula de proteína é formada por centenas de moléculas menores,
denominadas aminoácidos, ligados em seqüência. Todas as proteínas existentes
são formadas pela combinação de apenas 20 tipos de aminoácidos. Daí ser comum
definir proteínas como uma cadeia de aminoácidos. Essa característica confere às
proteínas uma enorme complexidade e grande possibilidade de variação.
As proteínas constituem a matéria prima com que o organismo do camarão
constrói os músculos, sangue, cutícula e todas as partes do corpo. As moléculas de
proteínas contêm carbono, hidrogênio e oxigênio, da mesma forma que os
carboidratos, mas diferindo desses pela presença de átomos de nitrogênio.
Existem vários tipos de proteínas, mas todas estruturadas a partir dos 20
diferentes aminoácidos. O próprio organismo consegue fabricar vários dos
aminoácidos de que precisa, a partir de moléculas mais simples ainda, compostas
por açucares e gorduras combinadas com nitrogênio.
Os camarões precisam consumir proteína diariamente para suprir suas
necessidades em aminoácidos. Depois da ingestão, as proteínas são digeridas ou
hidrolizadas, liberando os aminoácidos, que são absorvidos no trato intestinal e
distribuídos para vários órgãos e tecidos, onde são utilizados para síntese de novas
proteínas.
Se o suprimento de aminoácidos for inadequado ou desbalanceado, o
resultado é a redução do crescimento, seguido pela perda de peso, uma vez que as
proteínas contidas nos tecidos são consumidas pelo próprio organismo, com o
objetivo de manter suas funções vitais. Por outro lado, se a houver uma grande
quantidade de aminoácidos, mas se eles não estiverem adequadamente
balanceados, somente parte deles serão utilizados na construção de novos tecidos,
o restante, será convertido em energia. O detalhe é que as proteínas não são a fonte
mais adequada de energia para os organismos vivos, além de serem o mais caro
dos macronutrientes.
Há alguns aminoácidos, que o organismo não consegue fabricar ou o
fabricam em quantidades insuficientes. Esses têm que ser fornecidos
obrigatoriamente através da alimentação. São os chamados aminoácidos
essenciais.Por outro lado, os aminoácidos não-essenciais podem ser fabricados pelo
próprio organismo, nas quantidades necessárias para um ótimo crescimento. Os
aminoácidos essenciais são metionina, arginina, treonina, triptofano, histidina,
isoleucina, leucina, lisina, valina e fenalanina.
Rações que contenham aminoácidos em proporções próximas às existentes
nos próprios músculos dos camarões são aquelas que propiciam as melhores taxas
de crescimento e de sobrevivência durante os cultivos comerciais. Assim, qualidade
da ração não está obrigatoriamente relacionada à quantidade total de proteínas
existentes na ração, mas sim ao balanço dos aminoácidos, como apresentado na
Tabela 1.

Tabela 1. Níveis recomendados de aminoácidos em rações comerciais para camarões.


PERCENTAGEM DE
PERCENTAGEM PROTEÍNA BRUTA NA RAÇÃO
AMINOÁCIDOS
DA PROTEÍNA
36% 38 % 40 % 45 %
Arginina 5,8 2,09 2,20 2,32 2,61
Histidina 2,1 0,76 0,80 0,84 0,95
Isoleucina 3,5 1,26 1,33 1,40 1,50
Leucina 5,4 1,94 2,05 2,16 2,43
Lisina 5,3 1,91 2,01 2,12 2,39
Metionina 2,4 0,86 0,91 0,96 1,08
Metionina-cistina 3,6 1,30 1,37 1,44 1,62
Fenalalanina 4,0 1,44 1,52 1,60 1,80
Fenalalanina- 7,1 2,57 2,70 2,84 3,20
Treonina 3,6 1,30 1,37 1,44 1,62
Triptofano 0,8 0,29 0,30 0,32 0,36
Valina 4,0 1,44 1,52 1,60 1,80
PB = Proteína Bruta

1.1.2. LIPÍDIOS
O termo lipídio é utilizado para gorduras e substâncias gordurosas. Lipídios
são definidos como componentes do alimento que são insolúveis em água e solúveis
em solventes orgânicos, tais como éter etílico, éter, acetona, clorofórmio, benzeno e
álcoois.
Existem dois tipos diferentes de lipídios: os simples e os complexos. Os simples
apresentam em sua constituição apenas átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e
oxigênio (O), compreendem os glicerídeos, cerídeos e os esteróides. Os complexos,
além de C, H, O, apresentam nitrogênio (N), fósforo (P) e enxofre (S). Os mais
importantes são os fosfolipídeos e os esfingolipídeos.
Os lipídios representam uma fonte importante de energia, apresentando
elevado potencial calórico, com uma energia metabolizável de cerca de 9 kcal/g,
contra 4 kcal/g dos carboidratos. São requeridos como fontes dos ácidos graxos
essenciais, necessários para síntese dos tecidos e membranas celulares, além de
serem requeridos para absorção e utilização normal das vitaminas
lipossolúveis. Essas funções são, em grande parte, assegurada por ácidos graxos
polinsaturados essenciais (não sintetizados pelo organismo) presentes nos
alimentos. O aporte adequado dessas matérias-primas é, assim, indispensável para
a manutenção das funções vitais dos camarões.
Há quatro ácidos graxos que são considerados essenciais para os camarões:
linoléico (18:2n6), linolênico (18:2n3), eicosapentaenóico (20:5n3) e
decosahexaenóico (22:6n3). Geralmente, óleos vegetais são ricos em 18:2n6 e
18:3n3, enquanto isso, óleos provenientes de animais marinhos são ricos em 20:5n3
e 22:6n3. Os níveis recomendados para lipídios nas dietas de camarões variam
entre 4-7% (Tabela 2).
Tabela 2. Níveis recomendados de ácidos graxos e de fosfolipídios em rações
comerciais de camarões.
ÁCIDOS GRAXOS PERCENTAGEM NA
RAÇÃO
18:2n6 0,4
18:3n3 0,3
20:5n3 0,4
22:6n3 0,4
Fosfolipídios totais 2,0
Lecitina 1,0

1.1.3. CARBOIDRATOS
Composto por carbono e água, como o nome diz, também conhecido como
glicídios. São classificados pelo número de açúcares simples em combinação: a)
Monossacarídeos: unidade básica dos carboidratos, a terminação "ose" indica que
se tratam de açúcares. A glicose, frutose e galactose são os monossacarídeos com
importância nutricional. b) Oligossacarídeos (poucos monossacarídeos -
dissacarídios), os 3 principais dissacarídios para os camarões são a sacarose e a
maltose. C)
Polissacarídios, como, por exemplo, o glicogênio que é sintetizado a partir da
glicose.
Carboidratos são considerados a fonte de energia mais barata nas dietas de
camarões, mas sua utilização e metabolização é limitada. Entretanto, na ausência
de carboidratos ou de lipídios na dieta, os camarões utilizam as proteínas como
fonte de energia. Quando os níveis de energia na ração são suficientes, as proteínas
serão utilizadas para o crescimento.
Os carboidratos também servem como precursores para vários produtos
metabólicos necessários para o crescimento, como, por exemplo, aminoácidos não-
essenciais, ácidos nucléicos e quitina.

1.1.4. VITAMINAS
Vitaminas são complexos orgânicos, requeridos em quantidades diminutas
para um crescimento normal, metabolismo e reprodução dos camarões.
Em sistemas de cultivo onde os níveis de produção não excedem 250 g/m2,
os alimentos naturais costumam estar presentes em quantidades suficientes prover
algumas ou até todas vitaminas essenciais para os camarões. Entretanto, em
cultivos intensivos, onde as densidades são mais elevadas, a disponibilidade de
alimentos naturais tende a ser menor. Neste caso, as vitaminas devem ser
suplementadas na dieta para que os camarões apresentem padrões normais de
crescimento.
A quantidade e o tipo de vitaminas exigidas pelos camarões são
influenciados pelo tamanho, idade e taxas de crescimento dos camarões, condições
ambientais e inter-relação entre os nutrientes presentes na dieta.
Normalmente, as rações comerciais precisam ser preparadas com
concentrações mais elevadas de vitaminas que as necessárias aos camarões, uma
vez que parte delas acaba sendo sempre perdida durante o processamento e
armazenamento das rações. A vitamina C, por exemplo, pode sofrer decomposição,
pela luz, pelo calor e pela umidade. Outra dificuldade a se considerar é que, como
os camarões se alimentam lentamente e manipulam continuamente o pélete, assim,
a ração pode permanecer várias horas na água. Se a vitamina adicionada à ração
não apresentar nenhuma forma de estabilização, ela será totalmente perdida antes
de ser consumida. Há 11 vitaminas hidrossolúveis e 4 lipossolúveis que são
essenciais para os camarões marinhos (Tabela 3)

Tabela 3. Níveis recomendados de vitaminas em rações comerciais de camarões.


VITAMINA QUANTIDADE
(POR KG DE RAÇÃO)
Tiamina 50 mg/kg
Riboflavina 40 mg/kg
Pirodoxina 50 mg/kg
Ácido Pantotênico 75 mg/kg
Niacina 200 mg/kg
Biotina 1,0 mg/kg
Inositol 300 mg/kg
Colina 400 mg/kg
Ácido Fólico 10 mg/kg
Cianocobalamina 0,1 mg/kg
Ácido Ascórbico 1.000 mg/kg
Vitamina A 10.000 UI/kg
Vitamina D 5.000 UI/kg
Vitamina E 300 mg/kg
Vitamina K 5 mg/kg

1.1.5. MINERAIS
Como a maioria dos animais aquáticos, os camarões podem absorver e
excretar minerais diretamente pela superfície do corpo e pelas brânquias. Assim, a
necessidade de suplementação mineral da ração depende da composição química
da água em que os camarões estão sendo cultivados.
O sistema digestivo dos camarões não é muito ácido. Por isso, os
suplementos minerais que são hidrossolúveis são mais facilmente assimilados pelos
camarões. Entre os minerais requeridos, o fósforo é considerado o mais limitante
nas rações. O nível recomendado de fósforo é de 0,9%, mantendo-se uma relação
Ca:P entre 1,1-1,5 :1,0.

Tabela 4. Níveis recomendados de minerais em rações comerciais de camarões.


MINERAIS QUANTIDADE
(POR KG DE RAÇÃO)
Cálcio Máximo de 2,3 %
Fósforo total 1,5%
Magnésio 0,2%
Sódio 0,6%
Potássio 0,9%
Ferro 300 ppm
Cobre 35 ppm
Zinco 110 ppm
Manganês 20 ppm
Selênio 1 ppm
Cobalto 10 ppm

1.2. BIOLOGIA ALIMENTAR DOS CAMARÕES


Os camarões são animais onívoros, isto é, alimentam-se de praticamente
qualquer tipo de material orgânico disponível no viveiro, o que inclui detritos,
microalgas e pequenos animais. Mas há diferenças de preferência alimentar entre as
principais espécies de camarões cultivadas. O camarão-rosa, F. paulensis, cultivado
por vários anos na região Sul, por exemplo, apresenta hábitos alimentares
acentuadamente carnívoros, necessitando de alimentos com mais de 50% de
proteína bruta em sua dieta. L. vannamei, por outro lado, necessita de alimentos
bem menos ricos em proteína, sendo suficientes dietas a partir de 30% de proteína
bruta. Já L. schmitti, P. aztecus e P. duorarum, caracterizam-se por apresentar uma
tendência alimentar herbívora.

Alimentos naturais: os camarões aproveitam praticamente todos os pequenos


organismos existentes no viveiro, como, por exemplo, copépodos, anfípodos,
moluscos, nematóides, larvas de insetos, etc. Contudo, há uma marcada preferência
por poliquetas, um alimento duas vezes mais rico em proteínas que as rações
normalmente utilizadas.

Os camarões procuram o alimento caminhando sobre o fundo do viveiro. A


sua visão é bastante deficiente e, como a transparência da água geralmente não é
elevada, o camarão depende de estruturas sensitivas, localizadas nas antenas,
antênulas maxilípides e quelas, para encontrar o seu alimento.
Os 3 primeiros pares de pereiópodes desempenham importante papel na
captura do alimento, que, dependendo do seu tamanho, pode ser parcialmente
triturado antes de ser levado à boca. O camarão tem a capacidade de se alimentar
rapidamente. Em cerca de 10 minutos, ele pode preencher completamente o seu
estômago.
A digestão, propriamente dita, começa no estômago, onde o alimento entra
em contato com enzimas digestivas, além de passar pela fase final de trituração.
Quando o alimento passa pelo estômago, ele se transforma em uma pasta bastante
fluída, que pode ser absorvida pela glândula digestiva. A digestão se processa em
um período máximo de 6 horas. Nesse período, as reservas energéticas aumentam
e a glândula atinge sua capacidade máxima de armazenamento.

1.3. ALIMENTAÇÃO
Adotar um programa eficiente e correto de arraçoamento (fornecimento de
ração) talvez seja o maior desafio que o produtor enfrentará para aumentar a
margem de lucro de seu empreendimento.
A ração é o item de maior importância na definição dos custos finais de
produção. Erros de arraçoamento poderão ocasionar:
a) Em caso de fornecimento de ração abaixo da quantidade necessária: a
taxa de crescimento dos camarões ficará aquém da ideal; os camarões
ficarão sub-alimentados e, por isso mesmo, mais estressados e sujeitos a
enfermidades (Tabela 5).
b) Em caso de fornecimento de ração acima da quantidade necessária: os
resultados serão ainda piores, pois praticamente se estará jogando dinheiro
fora; a água tenderá a se tornar eutrofizada, isto é, muito rica em nutrientes,
provocando grandes blooms de fitoplâncton. Como resultado, as
concentrações de oxigênio dissolvido na água poderão atingir níveis críticos
e as concentrações de matéria orgânica no fundo do viveiro aumentarão
acima dos níveis desejados (no caso de não se utilizarem bandejas
alimentares). Essa perda de qualidade da água e do solo também estressará
os camarões e aumentará os riscos de ocorrência de enfermidades. Nos dois
casos, o resultado final é um só: prejuízo.

Tabela 5. Possíveis conseqüências da adoção de um programa inadequado de


arraçoamento.
SUB-ALIMENTAÇÃO SUPER-ALIMENTAÇÃO
Taxa de conversão alimentar Baixa Alta
Gastos com ração Menor Maior
Taxas de crescimento Baixa Baixa
Riscos de enfermidade Alto Alto
Eutrofização Baixo risco Alto Risco
Oxigênio dissolvido Não afetado Queda nas concentrações
Fundo do viveiro Não afetado Anaeróbio
RESULTADO Prejuízo financeiro Prejuízo financeiro

Com o fornecimento correto de rações o carcinicultor pode:


• Adequar a densidade de cultivo;
• Explorar todo o potencial de crescimento da espécie cultivada;
• Garantir o bom estado sanitário do plantel ;
• Manter uma melhor qualidade da água;
• Garantir uma maior produtividade e, portanto, uma maior receita.

Alimentação: Existem alguns fatores a serem considerados em relação à


alimentação dos camarões:
• Em cultivos com densidade de povoamento superior a 12 camarões/m2, o alimento
a
natural existente no viveiro tende a se esgotar, em média, por volta da 8 semana
de cultivo. Portanto, a partir daí o arraçoamento deve ser muito bem feito para evitar
a perda de rendimento do cultivo.
• Animais de até 0,5 g comem em qualquer horário do dia;
• Camarões com 0,5 - 3 g tendem a comer mais à noite;
• Camarões com mais de 3 g preferem se alimentar à noite.
1.4. ARRAÇOAMENTO
1.4.1. QUALIDADE DA RAÇÃO UTILIZADA
O princípio é simples, quanto melhor for a ração utilizada, mais rapidamente
os camarões terão a sensação de saciedade, mais rapidamente a glândula digestiva
atingirá sua capacidade máxima de armazenamento e menos alimento precisará ser
ingerido.
A qualidade da ração depende de diversos fatores, como:
• a presença de ingredientes adequados, que contenham os nutrientes e a energia
necessários para o crescimento dos camarões;
• a combinação adequada dos nutrientes;
• a estabilidade que apresenta na água;
• a capacidade de atrair os camarões;

Importante: A qualidade da ração não pode ser determinada apenas com base em
análises químicas (laboratoriais). Níveis elevados de proteína isoladamente não
significam nada e não determinam, por isso, a qualidade da ração. A real qualidade
da ração deve ser avaliada a partir das taxas de crescimento, conversão alimentar e
sobrevivência dos camarões cultivados.

1.4.2. USO DE BANDEJAS DE ALIMENTAÇÃO


O técnico tem duas opções para fornecimento de ração, por meio de
bandejas alimentares ou a lanço (Tabela 6).
O método de fornecimento de ração a lanço pode ser praticado manualmente
ou mecanicamente. A experiência, entretanto, tem mostrado que o uso de bandejas,
apesar de mais oneroso, propicia os melhores resultados.

Tabela 6. Comparação entre os métodos de arraçoamento por bandeja e a lanço.


BANDEJAS LANÇO
Distribuição da ração Heterogênea Homogênea
Perdas de ração Pequena Grande
Poluição ambiental Baixa Alta
Acesso dos camarões à ração Menor Maior
Competição pelo alimento Maior Menor
Permite a avaliação das taxas de alimentação Sim Não
Tempo de arraçoamento Longo Curto
Custos operacionais Altos Baixos
Taxa de conversão alimentar Baixa Alta
Relação custo/benefício Favorável Desfavorável

As bandejas são confeccionadas com "virolas" (arco de metal e borracha) de


pneus, onde são fixadas telas de náilon de 1 mm, utilizando-se, para isso, pregos
de latão ou de ferro galvanizado. A elevada densidade da bandeja faz com que ela
naturalmente afunde, sem a necessidade de qualquer outro sistema complementar
de lastro. A bandeja é presa por cordas de náilon e afixadas em estacas colocadas
nos viveiros.
Os comedouros são geralmente distribuídos em proporção entre 20-50
unidades/ha, dependendo da densidade de camarões nos viveiros. Quanto maior a
densidade, maior deve ser o número de bandejas.

Após se definir a proporção exata de bandejas que serão colocadas, divide-


se o viveiro em quadrados. Nos vértices de cada uma desses quadrados são
colocadas estacas de fixação, que deverão ficar afastadas dos diques em pelo
menos 5 metros. Pode-se ainda fixar em cada estaca pequenas alças de arame
em formato de W, contendo diversas argolas de PVC de diferentes diâmetros, com
valores arbitrados, de modo a se registrar a quantidade total de ração colocada em
cada bandeja. Assim, o número de arames com argolas deve ser igual ao número de
vezes que os camarões são alimentados durante um dia. O ideal é que o produtor
possua caiaques de fibra-de-vidro, movidos a remo para o fornecimento da ração
nas bandejas. Em média, um funcionário consegue fornecer ração em 8-12 ha de
viveiro por dia.

Exemplo: Supondo que a ração seja fornecida duas vezes ao dia e que seja
colocado 1 kg de ração na primeira alimentação e 1,5 kg na segunda, o
procedimento a ser adotado é o seguinte:
• O encarregado da primeira alimentação do dia levanta a bandeja e observa se
sobrou ou não ração fornecida no período anterior.
• Em caso de haver sobras, ele pode retirar uma argola que representaria, por
exemplo, 100 g, deixando um número suficiente de argolas para que o responsável
pela segunda alimentação coloque exatamente 1,4 kg de ração na bandeja.
• No seu turno, o responsável pela segunda alimentação levanta a bandeja e
igualmente observa se houve sobras ou não, em relação ao período anterior.
• Depois ele coloca na bandeja a quantidade de ração anteriormente determinada e
deixa registrada a quantidade de ração que deverá ser fornecida no próximo
período.

Este sistema foi implementado no Brasil em 1994 e revolucionou a


carcinicultura nacional, pois apresenta uma série de vantagens:
• Possibilita a redução significativa da quantidade de alimento fornecido e do
desperdício, uma vez que o controle alimentar pode ser feito de acordo com
a taxa de ingestão dos camarões, regulada a cada período alimentar, em
cada uma das bandejas;
• Atua como um biofiltro permanente (semelhante ao formado nos substrato
verticais);
• Permite a observação freqüente dos camarões, dada a sua presença nas
bandejas;
• Permite uma estimação mais efetiva da biomassa presente nos viveiros;
• Aumenta a eficiência na aplicação de medicamentos ou complementos
alimentares, caso esses sejam necessários;
• Reduz o deslocamento dos camarões na procura de alimento;
• Provê proteção para os camarões durante as mudas;
• Aumenta a disponibilidade de substrato para a utilização pelos camarões;
• Contribui com a redução da poluição da água e do solo, em função de
permitir a retirada de todas as sobras de alimento dos viveiros;
• Reduz a necessidade de trocas d’água, uma vez que a água se mantém em
melhor qualidade durante os cultivos, reduzindo, também os custos de
bombeamento;
• Possibilita até a redução dos níveis de estratificação da água no viveiro, uma
vez que as bandejas são levantadas e abaixadas pelo menos duas vezes ao
dia, promovendo a movimentação da água.

Antes da ração ser transferida para as bandejas de alimentação, recomenda-


se que ela seja previamente umedecida, para que ela não flutue e escape durante a
descida da bandeja.

Dica: Após encerrado um ciclo de produção, as bandejas devem ser suspensas e


expostas ao sol. Se preciso, deve-se adicionar calcário ou cal hidratada no fundo
para promover a oxidação dos excessos de matéria orgânica abaixo da posição
original de cada bandejas.

1.4.3. QUANTIDADE DE RAÇÃO FORNECIDA


Nos primeiros 30 dias de vida nos viveiros, as PLs apresentam grandes taxas
de crescimento percentual, mas taxas muito pequenas de crescimento absoluto (em
gramas por semana, por exemplo). Isso é relativamente fácil de ser entendido, pois
as larvas chegam à fazenda com um tamanho muito reduzido e multiplicam por 3, 4
ou 5 o seu peso médio a cada semana. Porém, a multiplicação de um número
muitíssimo reduzido por 5, continua gerando um número final reduzido. Por
exemplo, suponha que as PLs sejam transferidas para os viveiros com 0,01 g. Se
elas multiplicarem seu peso por 5, ao final de uma semana pesariam 0,05 g.
Pois bem, nessa fase em que o crescimento é exponencial, os camarões
necessitam de alimento com teores mais elevados de proteína, uma vez que eles
precisam ganhar massa muscular e seus músculos são basicamente constituídos
por proteínas. O metabolismo dos animais nessa fase também é muito elevado,
então, eles consomem até 12% de seu peso corporal por dia. Assim, como os
camarões gastam muita energia nessa fase, a ração deve também conter elevados
níveis de energia, caso contrário, a proteína consumida será utilizada como fonte de
energia e as taxas de crescimento serão baixas.
A medida que crescem, o ganho percentual de peso diminui e o ganho
absoluto aumenta. Nessa fase, a necessidade por proteína também diminui um
pouco, como pode ser observado na Tabela 7.

Tabela 7. Variação dos níveis protéicos ideais na ração de camarões marinhos e das
taxas diárias de arraçoamento em função do seu peso.
Peso médio Proporção de Taxa diária de
dos camarões de proteína na Arraçoamento*
dieta (%)
(%)
0,3 - 3,0 g 45 12, %
3,1 - 4,0 g 42 8,0%
4,1 - 7,5 g 40 6,0 %
7,5 - 8,5 g 39 5,5 %
8,5 - 9,5 g 38 5,0 %
9,5 - 10,5 g 36 4,5 %
10,5 - 11,5 g 35 4,0 %
11,5 - 12,5 g 35 3,5 %
12,5 - 13,5 g 35 3,0 %
13,5 - 14,5 g 35 2,5 %
* Em relação à biomassa dos camarões

1.4.4. FREQÜÊNCIA ALIMENTAR


Assim que a ração entra em contato com a água, começa o processo de
lixiviação dos nutrientes contidos nela. Em outras palavras, os nutrientes começam a
se dissolver e a ração passam a perder as suas características físicas e químicas.
Outra questão a ser considerada é que o estômago dos camarões pode ser
rapidamente preenchido. Quando isso acontece, os animais param de se alimentar e
passam a digerir o alimento.
Assim, quanto maior o número de vezes que a ração é fornecida, menor será
a perda de nutrientes e a ração estará disponível por mais tempo para ser
consumida. Deve-se fornecer a ração pelo menos 3 vezes ao dia, ainda que
algumas fazendas o façam até 5 vezes ao dia.
É importante lembrar ainda, que, apesar de L. vannamei apresentar hábitos
noturnos, ele não se enterra tanto quanto outras espécies, como F. paulensis, por
erxemplo. Logo, ele está mais ativo e come mais a noite, mas também pode se
alimentar durante o dia. Assim, os melhores resultados são obtidos seguindo-se o
recomendado na Tabela 8.

Tabela 8. Forma recomendada de fornecimento de rações


PERCENTAGEM DA
PERÍODO
RAÇÃO A SER FORNECIDA
Manhã (apenas quando as
concentrações de oxigênio dissolvido 25 %
estiverem dentro de limites aceitáveis)
Tarde 25 %
Noite (entre 18:00 – 22:00 h) 50 %

Por exemplo, se a quantidade de alimento a ser aplicado no viveiro for de 30


kg, o técnico deverá fornecer 7,5 kg pela manhã, 7,5 kg à tarde e 15 kg à noite.
No entanto, o produtor deve também considerar que manter equipes
arraçoando em diferentes períodos do dia implicará em aumento dos custos de
produção, em função do aumento dos custos de mão de obra. Esses custos deverão
ser calculados antes da definição de qualquer programa de arraçoamento.

IMPORTANTE: As rações comerciais existentes no mercado nacional


costumam apresentar grandes oscilações de qualidade, de acordo com o lote
produzido. Por isso, é recomendável que o produtor utilize sempre ração de
outra marca (de qualidade), como testemunho, em pelo menos dois viveiros
da propriedade. Dessa forma, será possível avaliar sempre a qualidade do
produto principal e até decidir se vale a pena trocar de marca. Outra
alternativa é a troca de informações técnicas com produtores que utilizem
outras marcas de ração.
% consumido /

1.4.5. LOCAIS DE DISTRIBUIÇÃO DA RAÇÃO


Os camarões procuram sempre as zonas de maior conforto do viveiro. Assim,
é importante conhecer tais zonas para o fornecimento adequado da ração.
Os juvenis, por exemplo, preferem se concentrar nas zonas mais rasas do
viveiro, sendo normalmente encontrados mais próximos aos taludes. Com o tempo,
os camarões passam a se deslocar para zonas mais profundas, evitando as zonas
rasas durante o dia, mas se distribuindo de forma mais homogênea durante a noite.
Nas ocasiões em que as concentrações de oxigênio dissolvido caem a níveis
críticos, os camarões acabam se concentrando mais próximo às comportas, onde as
concentrações de oxigênio são maiores.
Nas duas primeiras semanas, recomenda-se que a ração seja distribuída
apenas nas bandejas da borda dos viveiros. Para aumentar a eficiência do
arraçoamento, pode-se distribuir um pouco de ração por meio de voleio, próximo aos
taludes.

1.5. TAXA DE CONVERSÃO ALIMENTAR


Taxas de conversão alimentar consideradas satisfatórias costumam variar
entre 0,9-1,5 : 1,0, dependendo, é claro, da densidade de camarões utilizada.
Porém, quanto maior essa relação, mais ração terá sido gasta e, portanto, mais
dinheiro o produtor vai gastar para produzir o seu camarão. Assim, uma fazenda em
que a taxa de conversão alimentar esteja alta apresenta algum tipo de problema,
pois isso significa que a eficiência dos camarões no aproveitamento da ração é
baixa.
A taxa de conversão alimentar é um parâmetro muito importante para o
produtor, pois ele poderá acompanhar durante o próprio cultivo a variação dessa
taxa e descobrir quando há problemas no cultivo. Dessa forma ele poderá resolver
rapidamente esses problemas e evitar perdas.

TAXA DE CONVERSÃO ALIMENTAR MENOR QUE 1:1: Uma taxa de conversão


alimentar menor que 1:1 só é possível em função de dois fatores: 1) da presença de
alimentos naturais no viveiro e 2) porque tanto os camarões quanto a ração
possuem água em sua constituição. O corpo do camarão é composto por
aproximadamente 75% de água e 25% de matéria seca. Já a ração possui cerca de
10% de umidade e 90% de matéria seca. Assim:
• 100.000 camarões de 15g apresentam biomassa total de 1.500 kg
(100.000/1.000 X 15 = 1.500);
• Considerando uma taxa de conversão alimentar de 0,9:1,0, serão gastos 1.350
kg de ração (1.500 x 0,9 = 1.350);
• 1.500 kg de camarões apresentam, na realidade, 375 kg de matéria seca (1.500
x 0,25 = 375);
• 1.350 kg de ração correspondem a 1.215 kg de matéria seca (1.350 x 0,9 =
1.215);
• Assim, seriam utilizados 1.215 kg de matéria seca de ração para cada 375 kg de
matéria seca de camarões, ou seja, uma taxa de conversão alimentar, em termos de
matéria seca, de 3,2:1,0. Qualquer que seja o caso, a taxa de conversão alimentar
real nunca é menor que 1:1.

1.6. ARRAÇOAMENTO E MUDA


A muda é sempre um processo que envolve um grande gasto de energia e
provoca estresse nos camarões. Nos períodos de muda, tanto em função do
aumento do estresse, como pelo fato de que as peças bucais se tornam moles e
incapazes de manipular adequadamente o alimento, as taxas de ingestão caem
consideravelmente.
A freqüência de muda vai diminuindo ao longo do tempo. Camarões com 2-5
g mudam uma vez a cada 8 dias. Camarões com 13 g mudam a cada 10-12 dias.
Em época de mudança (virada) de lua, para quarto crescente ou para quarto
minguante, deve-se observar o comportamento dos camarões, em relação à
freqüência de muda e à diminuição no consumo de ração, que pode ocorre de
forma mais ou menos sincronizada. Uma vez constatado o fato, o técnico pode
diminuir em até 75% a quantidade de ração fornecida.

Sugestões de manejo alimentar durante lua minguante e crescente:


• Baixar e subir diariamente o nível do viveiro durante 5 dias, para estimular a muda e
promover uma rápida regularização no consumo da ração;.
• Fornecer a ração durante esse período obedecendo os seguintes critérios:
1o dia - 80% da quantidade normal de ração fornecida
2o dia - 50% da quantidade normal de ração fornecida
3o dia - 0% da quantidade normal de ração fornecida
4o dia - 50% da quantidade normal de ração fornecida
5o dia - 80% da quantidade normal de ração fornecida

1.6.1. IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO NATURAL:


A capacidade de ingestão e de digestão dos camarões é limitada pelo
tamanho do estômago e pelo tipo de alimento consumido. Como os camarões quase
sempre preferem se alimentar de alimentos naturais disponíveis nos viveiros, quanto
maior for a disponibilidade desse tipo de alimento, menor será o consumo de ração.
Em viveiros bem preparados, ricos em alimentos naturais e povoados com
baixas densidades de camarões, a produtividade natural pode ser responsável por
até 85% da alimentação dos camarões. Porém, a medida que se intensificam os
regimes de produção, diminui a importância do alimento natural na dieta dos
camarões. Mesmo assim, estima-se que os alimentos naturais contribuam com mais
de 35% da quantidade de alimentos consumidos, inclusive em regimes intensivos
de produção.
Como a alimentação natural é muito importante para aumentar a eficiência
dos cultivos e diminuir os custos de produção, esse é um assunto que vem sendo
cuidadosamente estudado por pesquisadores e por produtores.

1.7. ARMAZENAMENTO DA RAÇÃO


A seguir, serão apresentadas algumas recomendações que o técnico deve
tomar, em relação ao acondicionamento e uso de rações:
• Observar sempre a data de fabricação e as indicações de uso;
• Empilhamento de, no máximo, 6 sacos sobrepostos;
• Armazenamento dos sacos distantes da parede de concreto, para evitar a
transferência de umidade da parede para a ração;
• Armazenar a ração em local protegido da luz, como forma de prevenir a
perda de vitaminas;
• Evitar o contato da ração com fontes poluentes tais como : pó, tinta, óleo,
gasolina, agrotóxicos e outros produtos químicos.
• Armazenar a ração por, no máximo, três meses (sendo que o tempo ideal
para consumo é de 1 mês);
• A área de armazenamento deve ser mantida limpa, sem ração espalhada
pelo chão, o que atrai roedores e outros animais. Evitar áreas mal
drenadas ou com poças de água (criadores de insetos. As janelas devem
possuir tela de mosquiteiro. Se possível dedetizar previamente o local
(com pessoal qualificado e respeitando-se os prazos recomendados para
colocação da ração nesse local);
• Fazer controle do estoque, observando que as partidas de ração mais
antiga, sejam sempre utilizadas primeiro;
• Não caminhar por cima das pilhas de ração evitando desta forma que os
péletes sejam desintegrados ou danificados.
• Não colocar nunca sacos com ração recém adquirida sobre sacos de
ração já estocados anteriormente;
• Manter separados tipos e lotes de rações diferentes;
• Manter distância de 30 cm entre os estrados de madeira que servem de
base para a ração, para permitir a passagem de ar;
• Rações caseiras, preparadas na propriedade, devem ser utilizadas, no
máximo, 3 horas depois de ter sido elaborada;
• Não manter as rações armazenadas por mais de 15 dias em temperatura
ambiente entre 28 e 310C.
• Nunca usar ração úmida, embolorada ou que tenha perdido a coloração
original.
• Se possível, armazenar a ração em temperaturas inferiores a 15°C.
Nessas condições, a ração não só poderá ser utilizada por mais tempo,
como também apresentará melhores resultados em termos de ganho de
peso dos camarões.

1.8. ARRAÇOAMENTO E POLUIÇÃO AMBIENTAL


O uso de ração de boa qualidade aumenta a produção de camarões, permite
a estocagem dos camarões em densidades mais elevadas e aumenta os lucros do
produtor. Isso é um fato inquestionável.
No entanto, sabe-se que a poluição ambiental causada por fazendas de
cultivo de camarões matinhos está também diretamente relacionada ao uso
excessivo de rações. Para cada tonelada de camarão produzido, com uma taxa de
conversão alimentar de 1:1, são produzidos efluentes com aproximadamente 500 kg
de matéria orgânica, 26 kg de nitrogênio e 13 kg de fósforo. Uma parte desses
resíduos é utilizada biologicamente pelo fitoplâncton e por outros organismos
presentes no viveiro. Entretanto, a maior parte volta para o ambiente.
A abundância e a densidade do fitoplâncton, por sua vez, são controlados
pela disponibilidade de nutrientes. A ração fornecida aos camarões acaba sendo a
fonte de nutrientes para o ambiente, tanto pela degradação dos restos alimentares
não consumidos, como pelo metabolismo dos camarões (fezes e urina). Assim, não
é exagero afirmar que a proliferação excessiva de fitoplâncton pode estar
relacionada à quantidade de ração fornecida.
Se fornecida na quantidade correta, cerca de 85% da ração será consumida
pelos camarões. Mas, mesmo se tudo for feito da maneira correta, haverá uma
perda direta de cerca de 15%. Isso ocorre principalmente porque os camarões
manipulam a ração antes de levá-la à boca e porque parte da ração se dissolve na
água.
Por outro lado, parte da ração consumida é excretada, perdida nas mudas,
através de resíduos metabólicos e eliminada através das fezes. Estima-se que
apenas 17% da ração fornecida ao longo de um cultivo seja efetivamente
transformada em carne e " recuperada" na despesca.
A ração não consumida, assim como os restos de ração contidos nas fezes,
sofrerá decomposição pelas bactérias presentes na água e no fundo. Como já foi
discutido, durante o processo de decomposição, as bactérias consomem parte do
oxigênio existente na água e liberam os nutrientes que não utilizam na água. Os
nutrientes servirão como meio para eutrofização (poluição) da água do viveiro e,
obviamente, das águas nas regiões circunvizinhas à fazenda.
Normalmente, a quantidade de nutrientes gerada em fazendas de pequeno
porte pode ser facilmente assimilada pelo próprio ambiente. Contudo, a situação
pode se tornar perigosa se for considerado que uma fazenda de porte médio pode
produzir dezenas e até centenas de toneladas de camarões por ano. Além disso, é
preciso considerar o número de fazendas existentes em uma determinada área e os
padrões de circulação local. Em estuários com limitada circulação, os efluentes
gerados por fazendas de cultivo de camarão podem ser produzidos em um ritmo
muito superior à capacidade de processamento ambiental, o que leva a um acúmulo
de nutrientes e à poluição ambiental.
Embora vários sejam os nutrientes que determinam o crescimento do fitoplâncton em viveiros
de cultivo de camarões, o nitrogênio e o fósforo são de longe os mais importantes, tanto pelo
fato de serem limitantes, quanto pelo fato de serem adicionados em grandes quantidades nos
viveiros.
Um grande aporte de nitrogênio e de fósforo é feito via ração. As rações contêm, em
média, 6-8% de nitrogênio e 1-1,5% de fósforo. Para se produzir 1 kg de camarões, são
gastos de 10 a 15 g de nitrogênio e de 3 e 5 g de fósforo. Esses números significam que 83%
dos aportes de nitrogênio e 87% de fósforo que entram em um viveiro são provenientes da
ração.
Da quantidade total de ração fornecida, se o técnico realizar um bom manejo
alimentar, mais de 80% é consumida pelos camarões. Mesmo assim, somente 25% do
nitrogênio total e 9% do fósforo aportados ao viveiro são convertidos em biomassa de
camarões, o restante é perdido para o sistema. A maior parte do nitrogênio perdido (47%)
acaba saindo do viveiro durante as renovações de água e, principalmente, durante a
despesca. Em relação ao fósforo, as perdas durante a drenagem do viveiro (44,5%) e as
perdas para o sedimento (40%) praticamente se equivalem.

Tabela 9. Exemplo do balanço de fósforo e nitrogênio em viveiros de cultivo intensivo de camarões


marinhos (em kg/ha/ciclo), após 5 meses de cultivo.
FÓSFORO NITROGÊNIO
kg/ha/ciclo % kg/ha/ciclo %
ENTRADA
Ração 165,4 86,7 502,9 82,6
Àgua (abastecimento) 7,8 4,1 84,3 13,8
Fertilizantes 17,4 9,1 19,2 3,2
Chuvas e enxurradas 0,14 0,1 2,2 0,4
Camarão Negligenciável - 0,1 0,0
Total 190,7 100% 608,7 100%
SAÍDA
Camarão 17,5 15,5 151,7 25,8
Água (drenagem) 50,3 44,5 275,4 46,8
Sedimento 45,4 40,1 161,3 27,4
Total 113,1 100 588,4 100
BALANÇO-FINAL 77,5 +40,6 20,3 + 3,3
Modificado de: Asian Shrimp Culture Council (1996)

Como as fazendas de cultivo de camarão dependem de água de boa


qualidade, ao captar uma água já poluída, elas estariam causando problemas para
si próprias. Em ambientes poluídos, as taxas de crescimento são menores, os
camarões ficam mais estressados, podendo adquirir doenças e até morrer.

Tabela 10. Taxa de conversão alimentar (TCA) e quantidade de efluentes gerados por
tonelada de camarão produzida.
Efluentes/Tonelada de camarões
TCA
Matéria orgânica Nitrogênio Fósforo
1.0 500 kg 26 kg 13 kg
1.5 875 kg 56 kg 21 kg
2.0 1.250 kg 87 kg 28 kg
2.5 1.625 kg 117 kg 38 kg

Recomentações:
• O manejo alimentar e o controle da quantidade de efluentes gerados são
preceitos fundamentais para a viabilização ou para a manutenção da viabilidade
econômica de qualquer fazenda de cultivo de camarões marinhos. A melhoria
das técnicas de manejo e a redução das taxas de conversão alimentar
contribuem para a redução dos custos de produção e da poluição, além de
aumentarem a lucratividade do empreendimento.
• A quantidade máxima de ração fornecida deve ser determinada pelos
parâmetros de qualidade de água e não pelos níveis esperados de
produtividade.

Figura 1 Destino da ração fornecida aos camarões.

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