Novembro de 2014
INTRODUÇÃO
partem do México e dos países ao sul. Por que então que esses países também não
proibiram as drogas? A resposta é complicada, só se pode dizer que não era tão fácil assim.
Durante a Contracultura americana (o boom do movimento hippie durante a
Guerra do Vietnã), a cocaína dos americanos vinha da Bolívia, que faturou muito com a
“rebeldia” daquela geração. Os cultivos bolivianos de folha de coca passaram de 3 mil
hectares em 1963 para 11,3 mil em 1975. Exemplos como esse ajudam a explicar o porquê
era difícil simplesmente proibir as drogas nesses países. Eram países pobres, ex-colônias
que passaram por terríveis momentos para se consolidar, a única opção que lhes restava
para fazer a economia girar era o cultivo e a venda de drogas.
Os povos que viviam em altas altitudes consomem folha de coca para suportar
a pressão em viver a tantos metros acima do nível do mar. A maconha tem princípios
medicinais que colaboram no tratamento de várias doenças. Como elas podiam se tornar
perigosas?
Na época, os Estados Unidos tiveram que lidar com três tipos de países: os que
se recusavam e protestaram até quando puderam contra a pressão, que é o caso do México
e da Colômbia; os que aceitaram por não se considerarem muito afetados pela questão do
narcotráfico na época, que é o caso do Brasil (pagamos o preço hoje por subestimarem o
problema); e aqueles que cederam às pressões e concordaram com a política americana
antidrogas pois não poderiam se dar ao luxo de perder a assistência financeira, que é o
caso do Paraguai.
Os esforços de Nixon para combater as drogas lhe deram ainda mais dor de
cabeça: ao invés de diminuir, o tráfico aumentou. Agora o problema não era mais a máfia
francesa e sua heroína, mas a mexicana e a maconha; o combate ficou mais difícil pois ele
se espalhou pelo mundo invés de concentrar-se em uma região como era antes; e o
narcotráfico ficou ainda mais rentável.
Era uma “coberta curta”: os Estados Unidos cobriam uma parte e descobriam outro; eles
combatem o narcotráfico, mas também são um dos maiores mercados de droga do mundo.
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Outro narcotraficante famoso pelo poder que acumulou foi o colombiano Pablo
Escobar. Quando esteve sob sua direção, o Cartel Medellín foi responsável por assassinar
mais de cinco mil pessoas. Sua fortuna equivaleria em R$ 68,7 bilhões. Sua fazenda de
3000 hectares era o símbolo de sua glória como um dos mais violentos narcotraficantes do
mundo. Foi morto pela polícia colombiana em 1993.
Trecho do Senador Cristovam Buarque à Folha de São Paulo: "A partir das
audiências no Senado, entendi que o proibicionismo fracassou. Estamos perdendo a guerra
contra as drogas porque o consumo está aumentando e porque há dois novos problemas:
a violência do tráfico e a repressão a jovens usuários, presos como traficantes, que ficam
com as vidas marcadas para sempre."
Por outro lado, a legalização quer dizer que os consumidores não correm o risco
de serem punidos (a não ser, por exemplo, que fumem em locais públicos) e que o cultivo,
transporte e venda também é legal.
Esse ano o Chile reuniu em mais uma manifestação mais de 150 mil pessoas
reivindicando uma nova política de drogas (descriminalização do uso) e o direito de cultivar
a maconha para o consumo próprio e ainda a legalização para uso terapêutico seguindo o
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exemplo do Uruguai, que introduziu recentemente uma legislação que prevê a produção e
comercialização da maconha controladas pelo Estado.
Já a estratégia para pôr fim ao domínio das organizações criminosas que atuam
na fronteira entre Brasil e Paraguai é quase de guerra.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
moral e socialmente usar maconha do que beber cerveja ou vinho embora o consumo sem
moderação deste último pode se tornar tão ou mais perigoso que o primeiro.
Um dia o uso das drogas ilícitas foi bem aceito na sociedade. Agora nos resta
apenas esperar que o uso do álcool, do tabaco e de alguns remédios sem controle médico
também possam se tornar um tabu.
Enquanto isso, os países da América Latina passam por grande trabalho para
combater as drogas que já são consideradas ilícitas. Tudo porque passaram anos e anos
ignorando o problema que estavam embaixo de seus narizes (o trocadilho é válido nesse
momento).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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brasileira. Brasília: FUNAG, 2013.
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___. #SUG8: Apertem os cintos – os proibicionistas fugiram; Saiba como foi a última
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2014
PRATES, Maria Clara. Brasil e Paraguai se unem contra o tráfico de drogas. Disponível
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20se%20unem%20contra%20o%20tr%E1fico%20de%20drogas> Acesso em 10 nov 2014