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O narcotráfico na América Latina: pequena visão sobre as suas


consequências no desenvolvimento dos países

Por Celso Assis

Novembro de 2014

INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, o narcotráfico foi assunto reservado a órgãos públicos


vinculados a saúde. Agora, é agenda nas principais reuniões entre países cujo
envolvimento com as drogas é tremendo, como os da América Latina e os Estados Unidos,
para usar um exemplo mais próximo ao nosso.

O narcotráfico tornou-se questão de segurança nacional e um perigo para


soberania. O ex-secretário geral das Nações Unidas, Boutros Ghali (1992-1996) incluiu
entre as novas dimensões da segurança: o crescimento descontrolado da população, o
peso da dívida externa, as barreiras ao comércio internacional, as drogas e a disparidade
entre os ricos e os pobres, pondo especial atenção aos problemas ecológicos e ao
surgimento de novas enfermidades.

O objetivo deste trabalho é listar os efeitos do narcotráfico no desenvolvimento


dos países da América Latina. Convém dizer que a guerra contra as drogas acontece há
décadas, empenho majoritário do governo americano que, usando de influência e
chantagem financeira, alia-se aos países latinos para combater o narcotráfico.

O EMBATE DOS ESTADOS UNIDOS CONTRA O NARCOTRÁFICO: A SÍNDROME DA


“COBERTA CURTA”

Em termos genéricos, o narcotráfico na América Latina tomou tamanhas


proporções porque seus maiores clientes moram em países onde o consumo e o comércio
de narcóticos é proibido. A maior parte das drogas que são consumidas nos Estados Unidos
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partem do México e dos países ao sul. Por que então que esses países também não
proibiram as drogas? A resposta é complicada, só se pode dizer que não era tão fácil assim.
Durante a Contracultura americana (o boom do movimento hippie durante a
Guerra do Vietnã), a cocaína dos americanos vinha da Bolívia, que faturou muito com a
“rebeldia” daquela geração. Os cultivos bolivianos de folha de coca passaram de 3 mil
hectares em 1963 para 11,3 mil em 1975. Exemplos como esse ajudam a explicar o porquê
era difícil simplesmente proibir as drogas nesses países. Eram países pobres, ex-colônias
que passaram por terríveis momentos para se consolidar, a única opção que lhes restava
para fazer a economia girar era o cultivo e a venda de drogas.

Os povos que viviam em altas altitudes consomem folha de coca para suportar
a pressão em viver a tantos metros acima do nível do mar. A maconha tem princípios
medicinais que colaboram no tratamento de várias doenças. Como elas podiam se tornar
perigosas?

Aparentemente inofensivas, a descoberta do princípio ativo dessas substâncias


possibilitou que seu uso passasse de mero tratamento medicinal para uso recreativo. Em
outras palavras, seu poder psicoativo e entorpecente era atraente para pessoas que
queriam fugir de seus compromissos. Em 1860, descobriu-se o princípio ativo da folha de
coca, então a ser usada como remédio antidepressivo. Entretanto, como causa muita
dependência, alto consumo nos EUA, por exemplo, causou problemas severos de saúde e
de ordem social, pois era muito popular entre os afro-americanos, fortalecendo o
preconceito e a segregação.

Os Estados Unidos começaram o combate às drogas no século XX. O desafio


era imenso. O trabalho envolvia desde a conscientização das pessoas dos riscos destas
substâncias até a imposição ferrenha contra os narcotraficantes que começavam a surgir.
Mesmo sendo proibido, os dependentes não iriam interromper seu vício e fariam tudo que
podiam para continuar a consumir maconha, cocaína, crack ou qualquer outra droga que
fosse oferecida. Os produtores de droga na América Latina encontraram o pote de ouro no
fim do arco-íris.
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Os produtores da maconha mexicana e da cocaína dos países andinos não


encontraram muitos concorrentes dentro dos Estados Unidos e da Europa pois lá o ópio já
levara desgraça o suficiente para forçar estes países a proibirem tais substâncias. Logo, a
demanda era alta.
Os países produtores da América Latina não se preocupavam com o narcotráfico
pois pensavam que os problemas sociais e de saúde pública não os atingiam. Estavam
terrivelmente enganados. A indústria ilícita era na verdade um veneno para a economia
nacional de cada país envolvido, seja produtor ou receptor. A quantidade de dinheiro trazida
a esses países deu força aos narcotraficantes e a lavagem de dinheiro.

Segundo Andreu Camps, 80% da receita do tráfico é lavada no sistema bancário


e financeiro internacional. Os 20% restantes são repatriados aos países produtores e aos
traficantes. A sobra dos produtos que sobravam da exportação era vendida a população
local a preços mais populares. “Ou seja, ao contrário do que ocorreu nos EUA – onde a
demanda doméstica estimulou a produção no exterior –, na América Latina o excedente de
oferta local parece ter criado sua própria demanda” (p.161), disse a autora de A questão
das drogas nas relações internacionais: uma perspectiva brasileira, Luiza Lopes da Silva.

As duas grandes guerras tiraram a atenção dos americanos concernente a


questão das drogas e os latinos produtores de drogas aproveitaram a situação justamente
por não estarem tão envolvidos. Porém, durante a Guerra Fria, os Estados Unidos voltaram
a pressionar os países produtores. Os debates, congressos e conferências a respeito do
combate do narcotráfico passaram a ser ignorados pelos países produtores. Segundo eles,
os Estados Unidos queriam que eles combatessem o narcotráfico, mas sem o dinheiro que
provinha da prática eles certamente quebrariam.
O governo americano na década de 1970 colocou os países produtores em uma
saia-justa. Luiza Lopes da Silva, explica esse dilema:

A guerra militarizada que haviam impingido aos países produtores


impusera àqueles governos o desafio de atingir um equilíbrio delicado:
colaborar na destruição de um segmento imensamente lucrativo de suas
economias, sem criar o caos econômico ou uma crise social. Um passo
em falso em uma direção acarretaria sanções comerciais e outras formas
contundentes de retaliação; em outra, poderia despertar represálias
violentas de associações de camponeses, movimentos das guerrilhas e
dos próprios narcotraficantes. (pp. 155-156)
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Na época, os Estados Unidos tiveram que lidar com três tipos de países: os que
se recusavam e protestaram até quando puderam contra a pressão, que é o caso do México
e da Colômbia; os que aceitaram por não se considerarem muito afetados pela questão do
narcotráfico na época, que é o caso do Brasil (pagamos o preço hoje por subestimarem o
problema); e aqueles que cederam às pressões e concordaram com a política americana
antidrogas pois não poderiam se dar ao luxo de perder a assistência financeira, que é o
caso do Paraguai.

O Paraguai tinha envolvimento com a máfia francesa, famosa por contrabandear


heroína. Para que essa droga não mais entrasse nos EUA via Paraguai, o governo
americano ameaçou cortar investimentos ao país latino-americano. Em 1971, o presidente
americano Richard Nixon iniciou uma grande guerra contra as drogas e atropelou quem
quer que atrapalhasse seu objetivo de combater o narcotráfico.

O presidente do Paraguai na época viu que os EUA realmente falavam sério


quando a verba deixou de vir. Extraditou o mafioso francês e assinou um acordo antidrogas
com os EUA. Poucos anos mais tarde, o Paraguai voltou a envolver-se com tráfico de
drogas, dessa vez o de cocaína e de maconha, mas agora em direção ao Brasil.

Os esforços de Nixon para combater as drogas lhe deram ainda mais dor de
cabeça: ao invés de diminuir, o tráfico aumentou. Agora o problema não era mais a máfia
francesa e sua heroína, mas a mexicana e a maconha; o combate ficou mais difícil pois ele
se espalhou pelo mundo invés de concentrar-se em uma região como era antes; e o
narcotráfico ficou ainda mais rentável.

Segundo o autor Adalberto Santana, em seu livro El narcotrafico em América


Latina,

se partirmos de um feito histórico, político e econômico que mostra a


demanda de drogas que se origina em determinados setores dos
Estados Unidos e nos países desenvolvidos, é em última instância, o
pivô central que estimula a oferta latino-americana de drogas” (p.9).

Era uma “coberta curta”: os Estados Unidos cobriam uma parte e descobriam outro; eles
combatem o narcotráfico, mas também são um dos maiores mercados de droga do mundo.
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O orçamento governamental para combate às drogas aumentou drasticamente


(chegou a US$ 1 bilhão em 1974). Isso ajudou a estabilizar o consumo dentro dos EUA. O
governo e a opinião pública chegaram até a tolerar o consumo de maconha, tanto que
alguns estados americanos legalizaram o uso. Consideravam o consumo de maconha
razoável, como o de tabaco e álcool. Mesmo combatendo ferrenhamente o tráfico de
maconha vinda da Colômbia, os EUA não tiveram sucesso ao erradicar de vez o
narcotráfico.

O governo dos Estados Unidos tomou a liberdade de avaliar o desempenho dos


países produtores de entorpecentes e certificá-los. “A ameaça de descertificação (sic)”, nas
palavras do então senador americano Joseph Biden, “tem sido muito eficaz para pressionar
países relutantes a aderirem à luta contra o narcotráfico”.

Sob a ameaça de descertificação, vários países viram-se forçados


a ceder às exigências de militarização do combate às drogas,
erradicação de cultivos, assinatura de acordos bilaterais
antidrogas, operações de interdição, extradição de criminosos,
aceleração de reformas legais e investigações sobre lavagem de
dinheiro e outras medidas. (p.144)

No relatório emitido anualmente desde 1987, constantemente países da América


Latina correram o risco de perderem a certificação. A Venezuela, por exemplo, foi reprovada
por cinco anos seguidos (2005-2009). A atenção dos Estados Unidos, entretanto, realmente
está na América Latina. Mesmo sendo dados de 1988, é preocupante observar a estimativa
do Comitê de Inteligência dos Consumidores de Narcóticos dos EUA de que nossa região
fornecia 66% da heroína, 80% da maconha e toda a cocaína usada em território americano.

ALGUNS REFLEXOS NA AMÉRICA LATINA

O narcotráfico virou caso de ameaça à segurança nacional. A onda de violência


no México é tão devastadora, que registra-se entre 2006 e 2010 cerca de vinte mil pessoas
mortas relacionadas direta e indiretamente ao crime organizado – rixas entre grupos rivais,
execuções por dívida, embate com a polícia e o exército. Mesmo que o alvo dos
narcotraficantes seja o mercado americano de narcóticos, as consequências ficam em seu
próprio território.
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No aspecto político, países como a Bolívia foram desprivilegiados com a ânsia


americana de combater as drogas. O foco deles era tal que muitas vezes a soberania dos
países latino-americanos era ameaçada. Em 1989, a Bolívia propôs às Nações Unidas um
plano de assistencialismo a países europeus, “coca em troca de desenvolvimento”. Os
Estados Unidos não gostaram da ideia e lançaram várias denúncias do envolvimento de
membros do governo boliviano no narcotráfico, do rompimento da assistência e da
descertificação. A Bolívia não teve outra escolha senão voltar atrás e continuar dependente
dos Estados Unidos.

O Brasil passou praticamente todo o século XX como espectador dos entraves


entre os Estados Unidos e a Colômbia, o Equador, o Peru, a Bolívia, o Paraguai e o México.
Não era muito percebido que o Brasil, contudo, era um corredor entre nossos vizinhos
produtores e os consumidores no Hemisfério Norte. E por passar por nosso território, a
mancha e a devastação causada por esse terrível mercado também nos afetaria.

A segunda metade do século mostrou as consequências de tanta negligência


por parte brasileira: a criminalidade e a corrupção governamental e judicial aumentaram
consideravelmente devido ao elo das organizações criminosas, que não só traficavam
drogas, mas armas também.

OS BENEFICIADOS EM TAMANHA DESGRAÇA

O narcotráfico surge como uma maneira alternativa de acumular capital. Pode


ser altamente rentável pois não se precisa pagar impostos sobre nenhuma mercadoria
fabricada, comprada ou vendida, e a demanda é alta, principalmente entre países
desenvolvidos, como os Estados Unidos.

Quem se envolve no tráfico são pessoas que ganham absurdamente ou que


dependem disso, como os "mulas", responsáveis por atravessar divisas e fronteiras com
certa quantidade de drogas escondida, até mesmo dentro do próprio corpo. Como é uma
prática marginal, ou em outras palavras, não condizente com a lei, os envolvidos se
submetem a certas rupturas no padrão ético e moral. A corrupção e a extorsão no meio
político e jurídico é comum para que alguns "favores" se garantem.
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Em março deste ano, a Organização das Nações Unidas divulgou um dado


alarmante. O secretário-geral adjunto Jan Eliasson informou que "as drogas ilegais geram
cerca de US$320 bilhões anuais, e esse valor é calculado por baixo." Parte deste dinheiro
vai para políticos, policiais, militares, empresários e artistas, cúmplices nesse moderno,
gigantesco e cruel movimento de capital. Entretanto, o grande montante vão para as mãos
dos traficantes, os verdadeiros criminosos, nas palavras do secretário Eliasson.

Homens de poder, novos integrantes da elite de seus países, os narcotráficos


ostentam riqueza a base de vidas arruinadas e interrompidas ao longo da dependência e
do tráfico de entorpecentes. A sua influência atinge o governo de tal modo que o poder
público por vezes fica de mãos atadas. Para citar dois casos mais famosos, Luiz Fernando
da Costa, ou Fernandinho Beira-Mar como é mais conhecido, era líder do Comando
Vermelho, uma das maiores e mais perigosas facções criminosas do Brasil.

O Comando Vermelho controla parte do Rio de Janeiro e seu movimento


financeiro parte não apenas do narcotráfico, mas também do tráfico de armas, de órgãos,
assaltos e sequestros. O “empreendimento” rendeu fortuna para Beira-Mar: quando foi
preso em 2002, seu patrimônio era de milhões de reais convertido em 48 imóveis, 36 contas
bancárias e 12 automóveis em quatro Estados brasileiros, segundo relatório do Ministério
Público Estadual do Rio de Janeiro.

Outro narcotraficante famoso pelo poder que acumulou foi o colombiano Pablo
Escobar. Quando esteve sob sua direção, o Cartel Medellín foi responsável por assassinar
mais de cinco mil pessoas. Sua fortuna equivaleria em R$ 68,7 bilhões. Sua fazenda de
3000 hectares era o símbolo de sua glória como um dos mais violentos narcotraficantes do
mundo. Foi morto pela polícia colombiana em 1993.

Andreu Camps afirma que o que ainda mantem o narcotráfico é o sistema


financeiro internacional. Os bancos trabalham com os bilhões de dólares da receita das
drogas. Os números são antigos (convém manter na mente o montante revelado pelo
secretário-adjunto da ONU), mas as informações são relevantes ainda hoje.

Antes de mais nada, é preciso saber que a relação entre o custo de


produção e extração da droga e seu preço no mercado é de 1 para 1000.
Nenhuma mercadoria no mundo permite uma tal rentabilidade. Mas esta é uma
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mercadoria cujo efeito direto é a destruição da força de trabalho, das forças


produtivas. Isso exprime ainda melhor o caráter parasitário da economia
imperialista. Se tomamos as cifras da Interpol de 500 bilhões de dólares, dos
quais entre 350 e 400 bilhões são ‘produzidos’ pela América latina, podemos nos
perguntar para onde vai este dinheiro. Segundo cifras mais ou menos
aproximadas, apenas 10 a 15 bilhões de dólares são repatriados à Colômbia, ao
Peru, ao Equador ou à Bolívia. É portanto uma parte relativamente modesta deste
enorme pacote, em dois terços proveniente do mercado americano e em um terço
do mercado europeu, que é repatriado pelos barões da droga, com o acordo dos
governos e sob a supervisão do FMI.

DESCRIMINALIZAÇÃO E LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL

No período de junho a outubro de 2014 foram realizadas seis audiências públicas


pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, tendo
como relator o Senador Cristovam Buarque (PDT). O jornalista Maurício Linhares faz uma
crítica em seu artigo A pauta viciada da legalização da maconha e levanta várias questões
sobre as consequências da legalização da maconha para uso recreativo.

A crítica é embasada na falta de interesse em ouvir os que posicionam contra


essa legalização, como médicos, psicólogos, psiquiatras, promotores da infância e
juventude, mães e pais de família, usuários de drogas que vivem em constante luta para
não serem derrotados pelo vício. A falta de interesse e o descaso dos integrantes das
audiências e da mídia em ouvir os mesmos deixam seus leitores a entender que o interesse
pela legalização é para uso recreativo, pois pouco se fala sobre seu uso para fins medicinais.

O enfoque dessas audiências foram os argumentos de que a maconha deve ser


regularizada da mesma forma que as bebidas alcoólicas e os cigarros, e com essa
regularização os traficantes além de ganhar menos diminuiria a violência, os crimes e a
corrupção gerada em torno da proibição. Com isso teríamos um número menor de jovens
nos presídios, porque o usuário não seria penalizado. A regulação da maconha permitirá
que o governo obtenha os recursos deste mercado, que hoje movimenta mais de um bilhão
de dólares ao ano. Esse dinheiro será investido em educação, saúde e prevenção ao uso
de drogas.
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Trecho do Senador Cristovam Buarque à Folha de São Paulo: "A partir das
audiências no Senado, entendi que o proibicionismo fracassou. Estamos perdendo a guerra
contra as drogas porque o consumo está aumentando e porque há dois novos problemas:
a violência do tráfico e a repressão a jovens usuários, presos como traficantes, que ficam
com as vidas marcadas para sempre."

Algumas das questões levantadas pelo jornalista e escritor Maurício Linhares


são:

 Brasil está pronto para a legalização das drogas?


 A maconha é o maior problema de segurança no Brasil?
 Os critérios de segurança da Anvisa fazem sentido? Afinal, o canabidiol foi testado
em várias ocasiões por muitas pessoas.
 Quem se responsabilizaria caso algum efeito adverso ocorra?
 Como a importação do medicamento, aos que conseguiram a autorização de
importação, pode ser mais rápida?
 Por que alguns países super democráticos, como a Suíça, liberaram e depois
voltaram atrás de forma tão contundente que até aumentaram o rigor da repressão?
 Por que os ativistas afirmam que a legalização terminará com o tráfico e em países
onde foi liberado ele ainda existe?
 Se é uma questão de segurança pública, então por que não se discutir de modo
radical uma reforma de nosso sistema de repressão, do sistema penitenciário, da
forma como não se julgam em tempo os que estão presos?
 Por que não um embate direto de enfrentamento jurídico, político, econômico,
educacional, cultural, social e parlamentar do caso?

USO MEDICINAL DA MACONHA

Canabidiol ou CBD é uma substância extraída da folha da maconha que serve


como remédio, e a única medicação eficaz para o tratamento da Síndrome de Dravet, uma
doença rara que provoca crises graves de epilepsia e afeta o desenvolvimento do cérebro,
o CBD é diferente da droga fumada, pois não altera os sentidos e não causa dependência.
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O Canabidiol não é vendido no Brasil legalmente, precisa ser importado e com a


autorização da ANVISA, aumentando muito o seu valor final.

Um frasco do remédio importado de forma ilegal é de US$ 500 mais de R$ 1,2


mil e de forma legal com a autorização da ANVISA ficaria ainda mais cara R$ 8 mil, por
causa do alto custo e da necessidade da medicação, foi criado um grupo secreto que está
agindo fora da lei, plantando a maconha, produzindo o remédio e distribuindo de graça às
famílias que já não sabem mais o que fazer para adquirir a medicação.

Mais de 20 países já autorizam o comércio de remédios à base de maconha,


incluindo alguns estados americanos, Inglaterra, Israel e o Uruguai. O Brasil está fora desta
lista. Porque aqui, importar já é possível, mas a Anvisa impõe várias exigências ao laudo
médico, entre elas a comprovação de que o paciente pode morrer sem o medicamento.

Nesse caso a regularização, ou seja legalização, é necessária para que as


famílias tenham condições financeiras de tratar seus familiares, é fundamental que haja
segurança para o paciente, saber a dose e quantidade certa, a produção clandestina não
garante a máxima pureza da medicação no seu resultado final.

Descriminalização não significa que as pessoas possam usar drogas


impunemente. Significa que a posse de pequenas quantidades não é mais crime, o usuário
não será encarcerado.

Por outro lado, a legalização quer dizer que os consumidores não correm o risco
de serem punidos (a não ser, por exemplo, que fumem em locais públicos) e que o cultivo,
transporte e venda também é legal.

A LEGALIZAÇÃO E A DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS NO EXTERIOR

Esse ano o Chile reuniu em mais uma manifestação mais de 150 mil pessoas
reivindicando uma nova política de drogas (descriminalização do uso) e o direito de cultivar
a maconha para o consumo próprio e ainda a legalização para uso terapêutico seguindo o
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exemplo do Uruguai, que introduziu recentemente uma legislação que prevê a produção e
comercialização da maconha controladas pelo Estado.

No Chile, Carter pediu permissão às autoridades agrícolas para cultivar maconha


em terrenos municipais com fins terapêuticos, uma iniciativa inédita no país, da qual
poderiam se beneficiar doentes de câncer.

A presidente da Argentina Cristina Kirchner, autorizou a ideia de desenvolver


uma legislação sobre drogas mais branda, marcando os primeiros passos do país rumo a
adesão regional de soluções alternativas para o problema das drogas e levantando a
questão se é possível seguir o modelo uruguaio. As autoridades da Argentina dizem que o
processo será lento e que o país pode esperar para ver como será o experimento
controverso dos uruguaios antes de tomar uma decisão definitiva.

A Colômbia é um dos maiores produtores mundiais de cocaína e maconha, o


uso da maconha já não é crime e caminha para a descriminalização do Ecstasy e LSD. A
legislação de 1994 autoriza a posse e o consumo de até 20g de maconha e 1g de cocaína.
Com uma produção anual de mais de 300 toneladas a Colômbia e o Peru são considerados
os produtores mundiais número 1 desse tipo de substância.

Já o México não legalizou e não se sabe se vai aderir a legalização e


descriminalização da droga, apesar das estatísticas mostrarem que mais ou menos 60 mil
pessoas morreram nos últimos sete anos na guerra contra as drogas. Afirma-se que sem
os recursos do narcotráfico, a economia mexicana poderia sofrer forte contração, pois é
considerada um dos maiores produtores de maconha.

Já a estratégia para pôr fim ao domínio das organizações criminosas que atuam
na fronteira entre Brasil e Paraguai é quase de guerra.

A maconha na Venezuela não é legalizada, mas o uso pessoal não é


considerado crime podendo portar entre 8 e 20g por pessoa.
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Em 2013 o Equador aprova o porte de drogas para consumo, os limites máximos


de porte são de 10 gramas para maconha, 2 gramas para pasta-base de cocaína, 1 grama
para cloridrato de cocaína, 0,01 grama para heroína, 0,01 grama para ecstasy e 0,04 grama
para anfetaminas.

No Peru, o consumo de maconha é legal e um cidadão pode transportar até 8


gramas da droga sem ser penalizado. No entanto, a produção e venda de maconha ainda
é ilegal sob a lei peruana. O ex-diretor da Comissão Nacional de Controle de Drogas do
Peru Ricardo Soberon apelou para o governo a considerar a legalização da maconha.

A Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o direitos dos bolivianos


de mastigar a folha da coca, dentro das fronteiras do país, sob o argumento de que é uma
prática cultural. A prática denominada “acullico” é usada para fins medicinais e rituais
indígenas. O reconhecimento entrou em vigor em fevereiro de 2013, ressaltando que é um
“reconhecimento internacional da identidade do povo boliviano”. O governo da Bolívia tenta
a descriminalização da plantação de coca, argumentando que faz parte da tradição dos
povos indígenas da região.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo tendo efeitos tão devastadores, o álcool e o tabaco não são


considerados ilícitos. Em janeiro deste ano, a revista Veja publicou em seu sítio na Internet
que

um novo levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas)


revelou que o Brasil está entre os países do continente americano com as
maiores taxas de mortalidade causada pelo álcool. Entre 2007 e 2009, 12,2
a cada 100 000 mortes ocorridas ao ano no país não teriam acontecido sem
o consumo de bebida alcoólica.

A mesma revista noticia o relatório da Organização Mundial da Saúde, que diz


que o tabagismo causa seis milhões de mortes ao ano e que a maioria desses óbitos
poderiam ser evitados.

A explicação para o motivo de o álcool, o tabaco e também alguns medicamentos


não serem considerados ilícitos é simplesmente o fator moral e social. É mais degradante
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moral e socialmente usar maconha do que beber cerveja ou vinho embora o consumo sem
moderação deste último pode se tornar tão ou mais perigoso que o primeiro.

Um dia o uso das drogas ilícitas foi bem aceito na sociedade. Agora nos resta
apenas esperar que o uso do álcool, do tabaco e de alguns remédios sem controle médico
também possam se tornar um tabu.

Enquanto isso, os países da América Latina passam por grande trabalho para
combater as drogas que já são consideradas ilícitas. Tudo porque passaram anos e anos
ignorando o problema que estavam embaixo de seus narizes (o trocadilho é válido nesse
momento).

O narcotráfico é caracterizado pela venda de substâncias ilícitas, sendo, assim,


uma ação ilegal. Os dados e informações que foram expostos e analisados ao decorrer do
texto apresentam a dificuldade e complicação de acabar ou minimizar ao máximo o
problema enfrentado do tráfico ilícito das drogas nos países da América do Sul e
principalmente a rota em que o Brasil se fez.

A busca em função de explicar acontecimentos importantes e graves para a


sociedade junto com as drogas foi interpretada de maneira breve, mas serve para indicar
que o narcotráfico é um estimulo de cooperação entre Estados e órgãos internacionais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, Luiza Lopes da. A questão das drogas nas relações internacionais: uma perspectiva
brasileira. Brasília: FUNAG, 2013.

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Editores, 2004.
14

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Disponível em: <http://noticias.r7.com/internacional/onu-alerta-que-drogas-movimentam-
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15

___. #SUG8: Apertem os cintos – os proibicionistas fugiram; Saiba como foi a última
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