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PAPERS n° 4

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Vers Barcelone 2018 : Les psychoses ordinaires et les autres, sous transfert

Delírios, certezas
e invenções
Como pensar
a loucura hoje?
SOMMAIRE
ÉDITO - Ana Lucia Lutterbach – EBP P 02
4. 1 Mónica Wons - EOL P 06
4. 2 Raffaele Calabria - SLP P 09
4. 3 Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros - EBP P 12
4. 4 José Fernando Velásquez - NEL P 15
4. 5 Augustin Ménard - ECF P 18
4. 6 Mercedes de Francisco - ELP P 21
4. 7 Anne Béraud - NLS P 24

Comité d’Action de l’École Une / AMP 2016-2018


Paloma Blanco - Florencia Fernandez Coria Shanahan - Victoria Horne Reinoso (coor-
dinatrice) - Anna Lucia Lutterbach Holck - Débora Rabinovich - Massimo Termini -
José Fernando Velásquez

Édition - Conception et réalisation graphique


Chantal Bonneau - Emmanuelle Chaminand-Edelstein - Hélène Skawinski
PAPERS 4.

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ÉDITO

Delírios, certezas
e invenções
Como pensar
a loucura hoje?
Ana Lucia Lutterbach – ebp
Nos PAPERS 7.7.7. anteriores acompanhamos as condições e principais efeitos do surgi-
mento, do hoje quase conceito, de Psicose ordinária, uma invenção de J.-A. Miller para
responder as questões colocadas pela prática clínica quando o Nome-do-Pai não opera
mais de acordo com a tradição. Foi apresentado de formas diferentes seu aparecimento
e demonstrado como seu uso pode nos servir na clínica naqueles casos, hoje não raros,
em que não houve um desencadeamento da psicose, nem uma metáfora delirante bem
definida. Explorou-se continuidade e descontinuidade entre psicose e neurose, os signos
discretos que caracterizam as psicoses ordinárias e alguns casos foram demonstrados.
PAPERS 7.7.7. nº 4 nos convida agora a investigar as consequências teóricas e políticas
desta prática. Do ponto de vista teórico, Miller em seu texto “Efeito do retorno à psicose
ordinária”1, amplamente citado nos PAPERS anteriores, nos aponta a boa direção para
essa investigação, ou seja, a hipótese da foraclusão generalizada. Esta perspectiva está
presente em Miller antes mesmo de falar em psicose ordinária, quando chama, a clínica
fundada sobre a inexistência do Outro, de clínica universal do delírio, a clínica que parte
do pressuposto de que “todos os nossos discursos não passam de defesa contra o real”2.

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Mas foi num dos últimos e pequeno texto de Lacan3 sobre o ensino na Universidade que
Miller extraiu a frase “Todo mundo é louco” e reconheceu aí uma nota fundamental e fez
dela uma bússola para nos guiar no último ensino de Lacan e em nossa prática recente:
”Foi por aí que Freud caminhou. Ele considerou que nada é apenas sonho, e que todo
mundo é louco, ou seja, delirante”.
O “Todo mundo é louco”, não se orienta pelo Nome-do-Pai, não se orienta por um critério
de normalidade que faltaria a uma parte da humanidade, é correlato ao “não há relação
sexual”. Lacan inaugura seu último ensino com o Seminário “Mais ainda”4, a partir dos
impasses do gozo feminino e no impacto do encontro com Joyce: “Louco, por que, afinal
de contas, Joyce não teria sido? Ainda mais porque isso não é um privilégio [...]. O que
proponho aqui é considerar o caso de Joyce como respondendo a um modo de suprir
um desenodamento do nó”5. A partir do gozo feminino e do sinthoma há uma reviravolta,
a neurose perde seu status de paradigma da normalidade e a psicose deixa de ser um
déficit, são loucuras diferentes, mas ambas são maneiras de lidar com o real.
A própria imersão na linguagem comporta em seu centro uma não-relação que nunca
é escrita, sempre a ser inventada. A psicanálise do deciframento estava voltada para a
descoberta de um sentido que já estava lá mas velado, enquanto a invenção conta com a
criação de algo novo, tal como observa Miller6, mas contando com os materiais existentes.
Vestígios de soluções anteriores que foram abandonadas, pequenas sutilezas do cotidiano
ou de pedaços de memória transformam-se em material para inventar maneiras de lidar
com o traumatismo da linguagem quando as soluções típicas não estão presentes. Numa
dialética entre a invenção e as estereotipias nas psicoses, cabe ao analista ler os recursos
singulares disponíveis para essa montagem.
Uma análise assim, se parece mais com uma instalação precária, nos diz Laurent7, como
as obras dos artistas contemporâneos que inventam com materiais frágeis, variáveis,
restos, instalações sem nenhuma intenção de sentido. Em uma análise, portanto, não se
trata de refazer uma história que foi perdida, o analista não pode se reduzir a um doador
de sentido ou aquele que restitui o sentido perdido8. Uma análise se traça pela via do
insensato pela via do que excede a todo sentido, pela via do gozo.
No entanto, essa clínica das invenções sintomáticas só é possível sob transferência e
contando com o desejo de analista.

Os 7 colegas convidados para escrever sobre o tema enfatizaram aspectos diferentes da


invenção singular e encontraram maneiras próprias de explorar o tema:
Mónica Wons em “Invenções” faz um breve mas rigoroso percurso da psicose de Freud
a Lacan e marca neste roteiro as psicoses em uma clínica da substituição ou clínica da
conexão e faz a distinção entre as invenções nas psicoses extraordinárias e nas ordinárias:
“O próximo Congresso será a ocasião para interrogar, a partir de nossa clínica sob trans-
ferência, a variedade de invenções no campo das psicoses ordinárias que, se servindo de

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um CMB, organizam um “ser-no-mundo” diferente da ordem propriamente neurótica ou
classicamente psicótica”.
Raffaele Calabria em “Inventar o Outro” também delineia um percurso mas direcionado
pelas questões do analista diante dos impasses renovados pela prática: “Uma hipótese
de trabalho que extraio de minha prática clínica é que se trata de inventar, a cada vez, o
Outro, orientados, bem entendido, pelo “a relação sexual não existe”.
Rosário Collier do Rêgo Barros, com o título “Da surpresa à invenção”, nos traz preciosas
indicações clínicas sobre essa passagem do encontro traumático com o real à invenção
sintomática: “O material para tratar o gozo traumático pode ser encontrado no campo do
Outro, nos discursos estabelecidos, mas não dispensa a necessidade de que se dê de si
para torná-lo operatório. Eles podem se tornar operatórios pela via da mortificação, man-
tendo o sujeito apegado ao sofrimento, ou pela via da vivificação, que abre para um novo
elã vital que torna suportável o peso do gozo traumático.”
Fernando Velasquez, em “Sobre invenções e consistências”, nos traz as invenções mas
o destaque está no nó borromeano como uma novidade operatória proposta por Lacan,
uma escritura das condições do gozo do Um, gozo autista, sem o Outro e as consistências
adotadas tanto na neurose quanto na psicose: “A inquietude permanente da psicanálise
reside na pergunta sobre como cada um se arranja no mundo, pela invenção que todo ser
falante está forçado a fazer, a partir da persistente ex-sistência de um enigmático estado
autista de gozo; como se inventam os modos consistentes e singulares de habitar a lin-
guagem, fazer-se um corpo e um parceiro.”
Em “Amarrar e desamarrar”, Augustin Menard trata de dois casos clínicos que nos per-
mitem identificar o desencadeamento e, ao mesmo tempo, as diferentes modalidades
de amarração que cada um se serviu: “Nesses dois casos, temos que respeitar a defesa
inventada pelo sujeito. Em outros, ao contrário, devemos desarrumar as defesas do sujeito
para elucidar ou mesmo desamarrar o que constitui a queixa do falasser a fim de lhe per-
mitir escrevê-la de outra maneira.”

Mercedes de Francisco vai se servir da novela “Tão pouca vida” de Yanagihara, para nos
transmitir através da protagonista algumas questões fundamentais que a Orientação
Lacaniana nos coloca hoje e que, segundo Mercedes, podemos condensar na expressão
“Todo mundo é louco”.
Além disso, ela ressalta uma incidência política de “Tão pouca vida”: “Sua leitura me
trazia as imagens das crianças sírias, ou de qualquer outro lugar, abandonadas e camin-
hando sozinhas nessas explanadas absolutamente vazias dos “campos de refugiados”.
Que destino, que futuro terão essas crianças as quais o Outro social trata somente como
objetos dejetos?”
Anne Béraud nos indica a paradoxal consequência do “todo mundo é louco” ao propor,
referindo-se ao ensino de Miller, “o descompletado” como norma e identifica esse tipo
de normalidade na juventude atual sustentada na invenção singular: “No plano da orien-

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tação sexual por exemplo, os sujeitos jovens não se encontram em nenhuma categoria
(homo, hetero, bi), criando sempre novas categorias. Vivem “poliamor”. Diferentemente do
ciclo habitual de contestação das gerações precedentes.
Boa leitura!
................................................................................
1 Miller  J.-A.,  “Efeito de retorno às psicoses ordinárias”, Opção Lacaniana online, nº 3. http://www.
opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_3/Efeito_do_retorno_psicose_ordinaria.pdf
2 Miller J.-A., “Clínica irônica” in Matemas I, Campo Freudiano no Brasil, JZE, Rio de Janeiro, 1988, p. 190.
3 Lacan J., “Transferência para Saint Denis? Diário de Ornicar? Lacan a favor de Vincennes”, Ornicar?, nº 17-
18, Paris, p. 278.
Correio – Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, nº 65, EBP, 2010, p. 31.
4 Lacan J., O Seminário, livro 20: Mais, ainda (1972-1973), Rio de Janeiro, JZE, 2008 (novo projeto).
5 Lacan J., O Seminário, livro 23: O sinthoma (1975-1976), Rio de Janeiro, JZE, 2007, p. 85.
6 Miller  J.-A.,  “A Invenção psicótica”, Opção Lacaniana, Revista Brasileira internacional de Psicanálise,
São Paulo, Edições Eolia, nº 36,  2003.
7 Laurent É., “O trauma ao avesso”, 2004, Papéis de Psicanálise, Belo Horizonte, Instituto de Psicanálise e
saúde mental MG, vol.1, p. 21-28.
8 Ibid.

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Invenciones
Mónica Wons – eol
Hay una relación estructural entre síntoma e invención. Lacan la destaca muy tempra-
namente cuando articula la envoltura formal del síntoma y los efectos de creación1. La
envoltura formal cubre la separación fundamental entre el sujeto y el goce, que siempre
se presenta sin mediación, traumáticamente, como puro agujero. Inventar frente a lo que
no hay, es la función del síntoma, aunque la invención –a diferencia de la creación, que es
ex nihilo– se sirva de materiales existentes2.
En el campo de las psicosis, tanto como en el de las neurosis, el sujeto inventa un sentido
a un goce real que se presenta separado de todo sentido. En las neurosis, la respuesta
fantasmática, y la sinthomática, se inventan a partir de una creencia compartida: el
Nombre-del-Padre. Pero el Nombre-del-Padre no es el único elemento del que un sujeto
dispone para interpretar lo real del goce. Las psicosis nos enseñan cómo un sujeto puede
inventar un enganche, un nudo, un sinthome, que no se sostiene del Nombre-del-Padre. El
recorrido a lo largo de la enseñanza de Lacan, nos conduce al punto donde se verifica que
“el Nombre-del-Padre en el sistema de lalengua no cumple la función de única garantía
del goce fálico, sino que, en su función de nominación, es un síntoma entre otros.”3
El trabajo hacia el próximo Congreso, como leemos en el texto de presentación del tema,
nos invita a interpelar precisamente ese punto vivo de la clínica psicoanalítica actual4: los
arreglos y desarreglos sintomáticos, las invenciones singulares frente a la inexistencia de
la relación sexual, especialmente en aquellos casos donde la psicosis no se ha desenca-
denado, donde “un sujeto inventa un nudo con lo imaginario, lo simbólico y lo real que se
sostiene sin el auxilio del Nombre-del-Padre.”5

En “De una cuestión preliminar…” leemos el caso Joyce6


A lo largo de la vasta elaboración de Lacan sobre las psicosis, encontramos la huella de un
interés permanente por localizar y precisar el elemento diferencial que cumple la función
de suplencia, de enganche, de anudamiento, aunque la elaboración teórica sobre el
estatus de ese elemento cambie a lo largo de su enseñanza.
El caso Schreber, como paradigma de las psicosis extraordinarias, es decir, de las psicosis
desencadenadas, nos enseña la función de la metáfora delirante como construcción com-

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pensatoria de la metáfora paterna forcluida. Como plantea Lacan, “a falta de poder ser el
falo que falta a la madre, le queda la solución de ser la mujer que falta a los hombres.”7
Ser la mujer de Dios es su invención sinthomática singular, que domestica un goce que
no tiene nombre8, y funciona durante algún tiempo como un aparato estabilizador de un
nuevo orden del mundo.
En el Seminario 3, Lacan se interesa por la coyuntura previa al desencadenamiento de
las psicosis. La llama prepsicosis, y en ella engloba tanto el momento de la psicosis com-
pensada imaginariamente como el de la perplejidad –momento de “confusión pánica.”9
Y destaca: “nada se asemeja tanto a una sintomatología neurótica como una sintomato-
logía prepsicótica.”10 Retoma un caso de Katan, y comenta que, en ese púber, todo faltó,
no había nada “del orden de un acceso a algo que pudiese realizarlo en el tipo viril.”11 Sin
embargo, el sujeto se las arregla durante cierto período, antes del desencadenamiento
delirante, “mediante una identificación, un enganche, siguiendo los pasos de uno de sus
camaradas.”12 Así se inventa una respuesta frente a un goce que lo interpela en el plano
de la virilidad: cómo ser un hombre.
Este enganche describe el mecanismo del “como si”, destacado por Helene Deutsch, que
Lacan define como compensación imaginaria del Edipo ausente13. Dicha identificación
imaginaria le permitió al sujeto mantener cierta relación con el Otro durante algún tiempo.
Este mecanismo reduce la función paterna a una imagen “que no se inscribe en ninguna
dialéctica triangular, pero cuya función de modelo, de alienación especular, le da pese a
todo al sujeto un punto de enganche, y le permite aprehenderse en el plano imaginario.”14
Los dos ejemplos precedentes se condicen con la clasificación suplementaria en la clínica
de las psicosis que J.-A. Miller introduce en Los inclasificables…: la clínica de la sustitución
y la clínica de la conexión15. En el primer caso, la metáfora delirante sustituye la metáfora
paterna forcluida, paradigma del funcionamiento metafórico en las psicosis extraordi-
narias. En la clínica de la conexión, en cambio, destacamos lo que Lacan llama puntos de
enganche – identificaciones, por ejemplo. A partir de los desarrollos de Miller sobre las
psicosis ordinarias, podemos entenderlos como “índices metonímicos respecto del ele-
mento que falta”16, “signos a veces ínfimos de la forclusión.”17

“Un estar en el mundo”18


Lacan destaca que estos puntos de enganche permiten a los “psicóticos vivir com-
pensados, tienen aparentemente comportamientos ordinarios considerados como
normalmente viriles, y, de golpe, Dios sabe por qué, se descompensan.”19 Estos compor-
tamientos ordinarios, con un semblante de normalidad, pueden sostenerse durante largo
tiempo, nos dice. En otros casos, como en el ejemplo del Seminario 3, las muletas imagi-
narias demuestran ser un elemento compensatorio insuficiente frente al encuentro con
Un-padre20.
Tanto en las psicosis ordinarias como en las extraordinarias, en el lugar del Nombre-del-
Padre hay un agujero. A partir de las psicosis ordinarias, Miller muestra que en las psicosis
puede haber algo allí, un aparato suplementario llamado CMB, Compensatory make-be-
lieve21. A eso queda finalmente reducida la función del padre: a un “como si” en el que se
cree. Cualquier elemento puede funcionar en su lugar.

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Ahora bien, la constitución de un CMB exige del sujeto una invención. El próximo Congreso
será la ocasión de interrogar, a partir de nuestra clínica bajo transferencia, la variedad
de invenciones en el campo de las psicosis ordinarias que, valiéndose de un CMB, orga-
nizan “un estar en el mundo”22 diferente del orden propiamente neurótico o clásicamente
psicótico.
................................................................................
1 Lacan J., “De nuestros antecedentes”, Escritos, Buenos Aires, Siglo Veintiuno, 2008, tome 1, p. 74.
2 Miller J.-A., “La invención psicótica”, El Caldero de la Escuela, 11, 2009, p. 4.
3 Laurent É., “Parejas de hoy y consecuencias para sus hijos”, Carretel, 2, 1999.
4 Aromí A. y Esqué X., “Presentación del tema”, disponible en congresoamp2018.com.
5 Ibíd.
6 Ibíd.
7 Lacan J., “De una cuestión preliminar a todo tratamiento posible de la psicosis”, Escritos, op. cit., tome 2,
p. 541.
8 Miller J.-A., Los signos del goce, Buenos Aires, Paidós, 1998, p. 381.
9 Lacan J., El Seminario, libro 3, Las psicosis, Buenos Aires, Paidós, 1984, p. 274.
10 Ibíd., p. 273.
11 Ibíd., p. 274.
12 Ibíd.
13 Ibíd., p. 275.
14 Ibíd., p. 291.
15 Miller J.-A. y otros, Los inclasificables de la clínica psicoanalítica, Buenos Aires, Paidós, 1999, p. 411-412.
16 Ibíd., p. 412.
17 Ibíd., p. 414.
18 Miller J.-A., “Efecto retorno sobre la psicosis ordinaria”, El Caldero de la Escuela, 14, 2010, p. 20.
19 Lacan J., El Seminario, libro 3, Las psicosis, op. cit., p. 292.
20 En este momento de su enseñanza, Lacan concibe los tres registros como una estructura donde cada
uno de ellos se define por su relación con los otros. Estamos aún lejos de la elaboración borromea,
donde real, simbólico e imaginario son independientes entre sí, homogéneos y equivalentes, siendo
necesario un cuarto elemento que los distinga y los anude.
21 Miller J.-A., “Efecto retorno sobre la psicosis ordinaria”, op. cit., p. 25.
22 Ibíd., p. 20.

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Inventare l'Altro
Raffaele Calabria – slp
Nella mia pratica clinica un punto d’approdo teorico importante è stato aver realizzato
quanto la mia tensione fosse, da tempo, sempre più orientata nel far esistere l’Altro, nel
dedicare tutto il mio impegno affinché il luogo di cura fosse un posto eticamente degno
di essere appellato Altro. Molteplici modalità ho utilizzato per renderlo tangibile di volta in
volta con chi interloquivo, fedele alle diverse articolazioni e significati che di esso Lacan ci
ha trasmesso. Se guardiamo negli Scritti troviamo l’Altro declinato in differenti modi (come
« Luogo del dispiegamento della parola » ove « il significante come tale deve articolarsi....
nella sua topologia quaternaria », come « Luogo trascendentale »1 nella sua anteriorità ed
esteriorità al soggetto, ecc); modi che per brevità, sulla scia di Miller, possiamo racchiudere
semplicemente nella definizione di « grande Altro del simbolico »2. Lacan, almeno quello
classico, ci ha insegnato a fare di esso il perno attorno a cui costruire la direzione della
cura – « ... e se d’altronde, come abbiamo cercato di far intendere aprendo la dialettica
del transfert, bisogna fondare la nozione dell’Altro con un’A maiuscola, come il luogo del
dispiegamento della parola (l’altra scena, ein anderer Schauplaz, di cui parla Freud nella
Traumdeutung) »3 – e lo strumento indispensabile per installare quella terza faccia pira-
midale che mette al riparo dalla involutiva e stagnante illusorietà della relazione duale.
Il punto di svolta è, a mio avviso, operato da Miller quando sceglie « di chiamare il regime
di funzionamento attuale della civilizzazione, l’epoca in cui l’Altro non esiste »4. Afferma-
zione che potremmo prendere su due versanti: da un lato lo svuotamento generale della
tradizione e dei valori sociali, come a sottolineare quanto la contemporaneità ne abbia
frantumato la « consistenza » su cui ciascuno ha costruito i propri ideali e il proprio stile
di vita, lasciando così il soggetto solo nella ricerca di punti di ancoraggio identificatori e
pacificanti. Lo sviluppo di sintomi nuovi di massa ne sono appunto il più chiaro esempio.
Dall’altro lato l’idea che « il grande Altro è un’invenzione »5, ribaltando così la nozione che
il soggetto sia semplicemente effetto del significante e assoggettato all’Altro e alle sue
invenzioni. Idea che, ritengo, non annulla in alcun modo l’anteriorità dell’Altro rispetto al
soggetto e né ne squalifica la vitale importanza nella storia psichica del soggetto stesso.
Affermare che l’Altro non esiste e che è un’invenzione rappresenta un mutamento concet-
tuale epocale per la psicoanalisi. Non solo indica che il soggetto stesso « è condizionato a

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divenire inventore »6 visto lo sfaldamento della funzione dell’Altro, ma anche che, pur abi-
tando il linguaggio, dovrà « trovare la funzione dell’organo-linguaggio »7, un linguaggio
che sì lo determina ma che al contempo si innesta come organo, come strumento di cui
trovarne l’uso. Si potrebbe dire altrimenti che se l’Altro è il « luogo del tesoro del signifi-
cante »8 cui l’essere parlante è sottomesso, nel senso di dover essere attraversato da esso
se vuole umanizzarsi, al contempo si ritrova a dover fare i conti con il linguaggio stesso, la
cui funzione non è data in assoluto ed è nuovamente da ricercare in quanto è diventato,
nel tempo, organo esterno di cui riapprendere un proprio uso.
E a sostegno di ciò Miller ci ricorda la nozione lacaniana di extimità: ciò che è più inte-
riore al soggetto, che gli è più intimo, passa all’esterno e mette in valore l’avere oltre che
l’essere. E se il linguaggio umanizza l’uomo, nello stesso tempo si rivela come uno stru-
mento ex-sistente a lui stesso. E come tale « scalza gli organi del corpo [...] li significantizza
e li rende problematici, cioè fa in modo che ci si ponga la questione di che cosa farne »9.
Si passa così dall’essere determinato dall’Altro al fare di questo uno strumento. Non più e
non solo esseri di linguaggio, ma avere il linguaggio. Non più e non solo essere un corpo,
ma avere un corpo. E di qui l’illuminante deduzione che l’avere si articola nel « saperci
fare »10.
Sono queste alcune coordinate teoriche che ci permettono di cogliere quali siano gli inter-
rogativi cruciali che l’attualità pone alla psicoanalisi. Infatti, sperimentiamo nel moderno
disagio della civiltà quanto la pazzia abbia cambiato volto e quanto l’innovativo concetto
di psicosi ordinaria espliciti molto bene il nuovo rapporto che si è instaurato tra l’essere
dell’uomo e la sua follia: non più quest’ultima come limite della libertà del primo, ma la
follia appellata e perseguita in nome di una mortifera libertà agognata.
Ciò che oggi chiamiamo domanda spesso si situa piuttosto tra l’invocazione e l’appello,
denunciando il vuoto di significazione che attanaglia il soggetto e l’assenza di un nodo
di capitonaggio che funga da collegamento e da riferimento. Come rispondere a questi
enigmi che fanno segno al soggetto e che rivelano di un godimento insopportabile
fuori dalla portata di ogni senso? Come arginare la disperazione che accompagna l’insa-
nabile crepa che insorge a causa dell’inefficacia dei « discorsi stabiliti »11? « Il mio corpo
grida! », urla una paziente nel tentativo di liberarsi dalla morsa di un mutismo lacerante;
« E’ l’assenza che sono venuta a curare! », afferma un’altra paziente mentre racconta degli
abusi subiti nel corso della sua vita e, volendo compendiare lo smarrimento che a cin-
quant’anni ancora la assilla, aggiunge: « Nella virilizzazione si è maturato lo sgretolamento
del compiacimento! » (il padre l’aveva costretta a frequentare solo compagnie maschili
adulte).
Un’ipotesi di lavoro, che traggo dalla mia pratica clinica, è che si tratti di inventare ogni
volta l’Altro, orientati beninteso dal « non c’è rapporto sessuale » (« ... il terzo termine è
molto precisamente caratterizzato dal fatto di non essere, per l’appunto, un medium »12),
nell’intento di offrire o di dare spazio ad una rete di significanti, da cui il soggetto potrà
attingere quelli più consoni per l’istituirsi di un possibile discorso; il fine è far sì che il godi-
mento trovi un limite nelle invenzioni che il soggetto produrrà. Inventare l’Altro, nella mia

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ipotesi, non vuol dire ricondurre tutto al senso o restituire un senso perduto, né reificare
l’Altro, ormai inconsistente, del soggetto. Inventare l’Altro non per determinare i destini di
un soggetto ma per offrire un alveo simbolico in cui promuovere le sue trovate, le migliori
per la propria sopravvivenza.
Un’invenzione, però, « a partire da materiali esistenti »13. E quali sono i materiali esistenti?
La lalingua del soggetto innanzitutto, il suo linguaggio privato libidinizzato, la lingua
cui è connesso solo lui e che lo scollega dal legame sociale. « Occorre chiedersi sempre
quale lingua parla il soggetto, sapendo che si tratta di un bricolage particolare »14, come
ci ricorda opportunamente E. Laurent.
................................................................................
1 Lacan J., Scritti, vol. II, Torino, Einaudi, 1974, pp. 547-624-651.
2 Miller J.-A., « L’invenzione psicotica », La Psicoanalisi nº 36, luglio-dicembre 2004, p. 24.
3 Lacan J., « La direzione della cura e i principi del suo potere », Scritti, op. cit., p. 624.
4 Laurent É., « I nuovi sintomi e gli altri », La Psicoanalisi nº 21, gennaio-giugno1997, p. 48.
5 Miller J.-A., « L’invenzione psicotica », op. cit., p. 24.
6 Ibid., p. 24.
7 Ibid., p. 19.
8 Lacan J., « Sovversione del soggetto e dialettica del desiderio nell’inconscio freudiano », Scritti, vol. II,
op. cit., p. 808.
9 Miller J.-A., « L’invenzione psicotica », op. cit., p. 21.
10 Ibid., p. 24.
11 Ibid., p. 28.
12 Lacan J., Il Seminario, libro XVIII, Di un discorso che non sarebbe del sembiante (1971), testo stabilito da
J.-A. Miller, Torino, Einaudi, 2010, p. 131.
13 Miller J.-A., « L’invenzione psicotica », op. cit., p. 12.
14 Miller J.-A., (a cura di), La Psicosi ordinaria. La convenzione di Antibes, Roma, Astrolabio, 2000, p. 286.

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Da surpresa a invenção
Maria do Rosário Collier
do Rêgo Barros
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No Conciliábulo de Angers, os psicanalistas das Seções Clínicas buscavam os efeitos de
surpresa na clínica com as psicoses. Esperava-se deles o testemunho dos momentos pri-
vilegiados nos quais tinham aprendido algo de novo sob o modo da surpresa, como disse
Jacques-Alain Miller em sua fala de abertura.
Não há como ser praticante da psicanálise sem se permitir ser surpreendido e sem ousar
surpreender. Mas, lembra Jacques-Alain Miller nessa abertura1, citando Lacan, que “o que
temos de surpreender é algo cuja incidência original foi marcada como trauma”2.
De Angers a Antibes, e nas conversações clínicas que se seguiram no Campo Freudiano,
temos uma ampla casuística, por meio da qual é possível interrogar o núcleo traumático
como a incidência da fala sobre o corpo, produzindo um gozo opaco e desregulado que
necessita de alguma forma de tratamento para não se ficar à deriva das “falas impostas”.
Em 1975, em seu Seminário sobre o Sinthoma, Lacan faz referência às falas impostas
como “um parasita, ... uma excrescência, ... a forma de câncer pela qual o ser humano é
afligido”3. Nem todos percebem essa dimensão da fala, mas todos têm que se haver com
ela para não ficar totalmente à mercê do gozo opaco e desregulado, à deriva dos efeitos
devastadores que as falas impostas podem provocar. Ter que se haver com essas marcas
traumáticas é nossa condição de falasser, para ir do gozo do Um ao laço social.
Surpreender a incidência original das marcas deixadas pelo trauma da língua permite
localizar a forma de tratamento utilizada por cada um para lidar com elas e se ligar aos
outros.
É no momento em que há uma ruptura franca ou pequenos desligamentos sucessivos
dessa ligação ao Outro e ao corpo próprio que se pode localizar com quê instrumentos
se contava para realizar o tratamento do gozo. A partir do encontro com um real que
irrompe desvelando o sem sentido dessa solução ou a fixidez de uma solução que não
consegue socializar-se, faz-se necessária uma invenção. A invenção considerada não

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4.3

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como uma criação ex-nihilo, mas como um remanejamento de elementos existentes,
uma bricolagem4 que permite um novo uso do que já estava lá.
Surge a questão que nos interessa neste trabalho sobre a passagem da surpresa à
invenção: como surpreender o núcleo traumático, ou, como acolher esses momentos em
que se é surpreendido de maneira selvagem, provocando rupturas, de forma a dar uma
chance à invenção? Essa é uma questão trans-clínica, que merece toda nossa atenção. Ela
incide de forma particular sobre os casos em que só podemos localizar a modalidade de
tratamento utilizada pelo sujeito depois de alguma intervenção que teve efeitos impre-
visíveis e abalaram as soluções encontradas até então. Esses momentos são difíceis de
atravessar, mas trazem à tona o material que pode servir à invenção, ou seja, a uma nova
forma de se utilizar deles ou de produzir a partir deles algo novo.
O material para tratar o gozo traumático pode ser encontrado no campo do Outro, nos
discursos estabelecidos, mas não dispensa a necessidade de dar de si para torná-lo ope-
ratório. Eles podem se tornar operatórios pela via da mortificação, mantendo o sujeito
apegado ao sofrimento, ou pela via da vivificação, que abre para um novo elã vital que
torna suportável o peso do gozo traumático.

Da mortificação à vivificação se requer um efeito de invenção


Jacques-Alain Miller, em sua fala de abertura do Conciliábulo de Angers, explorou o
caminho da surpresa ao enigma. Em nosso propósito neste texto, podemos pensar que
para ir da surpresa à invenção se passa pelo enigma, na medida em que ele coloca em
evidência a não relação do significante e do significado quando essa relação foi colocada
à prova.
O enigma se situa na relação com um significante índice do opaco do desejo do Outro.
Quer dizer algo, mas não se sabe o quê. No lugar da significação aparece um vazio, que
Lacan designa como a significação da significação, a pura intencionalidade do signifi-
cante, sem que se possa saber a significação. Daí o parentesco da certeza com a angústia,
afeto que não engana. Há a certeza de uma falta, mas não se tem nenhuma referência
para interpretar o objeto em jogo, pois não se pode articulá-lo à significação fálica. É justa-
mente nesse ponto de um vazio sem referência a uma falta interpretável, que se necessita
de uma invenção que tenha a função de construir bordas nesse vazio, de circunscrevê-lo,
para que ele seja menos ameaçador e menos invasivo.
É pela via da surpresa que se pode vislumbrar a distância entre significante e significado.
Os significantes falam sozinhos entre eles, conspiram, e incidem sobre o corpo impondo
a ele um gozo opaco que não se pode decifrar senão produzindo seu delírio particular.
Daí a indicação de Lacan: todos deliram. Mas, no entanto, nem todo delírio faz laço social,
consegue se socializar.
Nossa hipótese é que para se ir do delírio ao laço social se necessita do recurso ao sin-
thoma, como forma singular de incluir um furo no gozo invasivo produzido pelas falas
impostas, que não conseguem ser assumidas e nem representar o sujeito em um discurso
que faça laço social.

13
4.3

PAPERS
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Jacques-Alain Miller, na Convenção de Antibes, ao inventar a expressão “psicose ordinária”,
nos oferece uma categoria lacaniana para pensarmos os casos em que não localizamos as
coordenadas próprias à neurose para estabelecer a relação entre a falta e o objeto e que
necessitam inventar à sua maneira formas particulares de fazer furo. Com isso abrem-se as
vias para não se ficar preso a uma clínica binária – neurose ou psicose –, dando a chance
de diagnósticos singulares no campo das psicoses e das neuroses contemporâneas5.
Após esse tempo de pesquisa aberto pelo sintagma “psicose ordinária”, o que continua
a nos surpreender? Esta pergunta nos conecta diretamente com aquilo que abre para
a invenção. O que faz com que, em vez de sucumbir às palavras impostas, se lance mão
dos recursos mais variados para inventar uma forma de fazer limite, de fazer furo em uma
imposição, para a partir dela produzir o que lhe é próprio, o que só funciona para você,
do seu jeito.
Os psicóticos nos ensinam sobre isso, mas nosso interesse deve ir além deles, pois os
neuróticos, em nossa conjuntura atual, estão tendo que se haver para fazer algo com o
que se escancara de forma tão selvagem da inexistência do Outro. Isso mostra mais cla-
ramente que o Nome-do-pai é uma invenção para todos e faz parte do delírio próprio a
cada um.
A pergunta que se segue é por que isso que se precisou inventar, em determinadas conjun-
turas, fica tão padronizado que se esquece o esforço de invenção que cada um teve que
fazer para se servir do pai, antes de poder dispensá-lo. É com sua invenção própria, quer a
chamemos de pai, de sintoma ou de sinthoma, que entramos no laço social. Como entrar
no laço social, deixando absorver aí sua particularidade sem se mediocrizar, desconectan-
do-se de sua invenção singular? Podemos dizer que uma análise, ou o encontro com um
analista, serve para reconectar cada um com sua invenção, o que lhe permite sustentar
sua própria idiossincrasia em sua entrada no laço social.
................................................................................
1 Jacques-Alain Miller se referindo a essa proposta de Lacan inventa um nome que não se reduz nem a
ser surpreendido, nem a surpreender: o analista como “surpreneur de reel, podemos traduzir: o analista
como surpreendedor de real.”
2 Lacan J., “Da psicanálise em suas relações com a realidade“, Outros Escritos, Jorge Zahar Editor, Rio de
Janeiro, 2003, p. 352.
3 Lacan J., Seminário, livro 23, O sinthoma, Jorge Zahar Editor Ltda, 2007, p. 92.
4 Ver Jacques-Alain Miller “A invenção psicótica“ in Revista Opção Lacaniana nº 36, Maio 2003.
5 Lacan J., “Os complexos familiares“, Outros Escritos, Zahar Editor Ltda, Rio de janeiro, p.

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Sobre invenciones
y consistencias
José Fernando Velásquez – nel

La invención lacaniana
Las coordenadas de la práctica clínica provienen del metalenguaje que hay en la cultura. El
problema que deriva de esta práctica proviene de suponerle toda la consistencia al goce
del sentido, al falo, a los ideales de curación, o resulta de dar a lo simbólico la primacía
como ordenador del lazo. Se extravía más cuando trata de encontrar una “psicogénesis”, la
cual no cuenta más de lo que cuenta un unicornio o un círculo cuadrado1.
La práctica psicoanalítica está refrescada, ahora dispone de herramientas. El analista que
conduce la experiencia inventa una posición que le permita localizar y subrayar aquellos
elementos nodales que han sido creación pura del Uno de ese ser hablante y que hacen
de solución consistente frente a un agujero. La innovación consiste en maniobrar, lidiar,
confrontarse con aquellas piezas de goce que quedan sueltas, sin anudamiento, y
aquellos trozos de real que resisten para sostener la estructura, como un puro HAY, EXISTE,
que aparece2 e itera. Este fue el hallazgo que nos legó Lacan: Su concepción materialista
– topológica respecto de lo “estructural” de cualquier ser hablante, contando con la sus-
tancia gozante, sus precipitados o bordes topológicos frente al agujero, y el anudamiento
de las tres dimensiones de la existencia, RSI3.
La juntura más íntima en el sentimiento de la vida, la condición de consistencia como
Uno del goce, se organiza a la manera de un anudamiento de dimensiones alrededor de
un vacío, con el que el “Hay de lo Uno” del goce opera desde sí mismo y no desde el Otro.
La invención lacaniana fue leer ese anudamiento como escritura de goce, lo cual tiene un
valor operatorio sorprendente: “El nudo borromeo es la mejor metáfora de esto: no proce-
demos sino del Uno”4. Lacan demostró el carácter de corte y de borde frente al agujero que
presentan las consistencias que adoptan el semblante, el fantasma, la realidad psíquica,
la verdad en su variedad, la lalangue, el objeto de la pulsión parcial, el acontecimiento de
cuerpo, la imagen reina. Todas tienen memoria y por ello el analista las encuentra sólidas
en ocasiones, tanto que incluso, las anticipa. O puede percibir que allí no hay nada, sino

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4.4

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una suplencia, un “como si…”. Todo sujeto se sostiene en el nudo con estas consistencias,
inventos singulares para fundamentar su sentimiento de la vida, alrededor del agujero.

Las invenciones sobre la sustancia gozante, y su papel en el encuentro con el analista.


La inquietud permanente del psicoanálisis es la pregunta por cómo se las arregla cada
uno en el mundo, por la invención que todo ser hablante está forzado a hacer, a partir de
la persistente ex - sistencia de un enigmático estado autista de goce; cómo se inventan los
modos consistentes y singulares de habitar el lenguaje, hacerse a un cuerpo y a un par-
tenaire. El analista en su apuesta ética proyecta las condiciones para incluir aquello que
Kant nombra como “la cosa en sí”, “aquello (…) imposible de conocer, la que no pasa por la
representación”5; descubre las formas que adopta la sustancia gozante, aquella que tiende,
como un péndulo, tanto al Uno - inhibición, síntoma y angustia –, como al des-anuda-
miento – crisis, inconsistencias, imposibilidades, irrupciones de lo real, suplencias.
Esas frases interrumpidas, esas piezas sueltas, esos acontecimientos de cuerpo, esas iden-
tificaciones rígidas, esas letras de goce, aquellas verdades, son las formaciones que nos
dan cuenta de los bordes o cortes de eso innombrable que es el agujero constitutivo,
imposible de conocer. Piezas del “Hay de lo Uno” que en un momento dado consisten en
una invención que permite el atravesamiento de un impasse. La solución que da cierta
consistencia puede obtenerla el psicótico como efecto de redoblar un borde o introducir
un conector. Se trata de distintos tipos de estabilidad, unos más resistentes que otros,
formas sensacionales, extraordinarias y singulares, de integrar ese goce enigmático en el
cuerpo y en el lazo social.
Lacan habla en RSI que la consistencia del nudo es imaginaria, por lo que el trabajo de
lectura analítica recae en la invención de una suplencia al narcisismo, que “no cesa de no
escribirse”, como lo demuestra Lacan en el Joyce que recibe la paliza. “Si el ego es llamado
narcisista, es que en cierto nivel algo soporta al cuerpo como imagen. Ahora bien, en el caso
de Joyce, el hecho es que esta imagen, en este caso no está interesada”6.
Joyce hace uso del mimetismo imaginario del espejo como suplencia. ¿Cómo hace el
otro?, lo averigua, lo documenta para poder escribirlo, incluso lo provoca como si fuera
un experimento, como cuando quiso escribir sobre los celos, empujaba a Nora a que
fuera con otros hombres, a que le escriba “Mí querido cornudo”, con el objetivo de afinar
la escritura. Intentó abordar a otras mujeres en el mismo sitio donde se encontró por
primera vez sexualmente con Nora, con la mala suerte de haber salido golpeado y mal-
tratado. Estas invenciones basadas en mecanismos imaginarios no bastan por sí mismas
para dar anudamiento. El trabajo de anudamiento necesita de una reinvención incesante
para lograr algo próximo a esa “juntura íntima” del Uno.
Hay invenciones pequeñas sutiles y transitorias que no anudan a nombre del sinthome.
La consistencia lograda por Joyce con el “work in progress” realizado en toda su vida, fue
el ego que goza con su objeto, de un modo suelto de los mandatos del Otro: Finnegans
Wake y la relación con Nora7.

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4.4

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El psicótico nos enseña que hay formas de crear anudamientos de las piezas de goce bajo
nominaciones con valor de uso que son independientes del sentido y de los ideales, «por
fuera de lo común»; formas de anudamientos válidos y que no tocan el saber significante;
matemas que vienen a dar cuenta del estatuto del borde de goce como texto, como letra
sin garantía en el Otro.
Es preciso al deseo del analista apoyarse en la topología de estos bordes que enmarcan
el agujero del ser, bordes que hacen un texto propicio a la lectura, a la interpretación, a
la resonancia sin significación. Hay que captarlos, asirlos, presentarlos, nominarlos, operar
con ellos. Esos son los ganchos, las gracias, con las que maniobra el analista y de esa
lectura se obtiene un saldo transferencial. El Hay de lo Uno bajo transferencia supone
cierta invención y consistencia nodal.
Esos trozos o piezas del Hay de lo Uno, no solo pueden dar la estabilidad sino además
pueden llegar a adicionarse de un modo singular e innovador al Otro de la cultura, de una
manera que Lacan llamó “sinthomática”. El sinthome fue la última invención de Lacan, una
escritura posible para cada analizante operar en su propio mundo, disyunto del vecino.
Séneca dijo que ningún genio fue grande sin mezcla de locura. Es lo que nos enseña un
caso como el de Joyce, para quién el arte tomó la forma de sínthoma porque incluyó su
singular forma de goce. “El deseo de Joyce de ser un artista que ocuparía a todo el mundo,
(…) ¿no es exactamente lo compensatorio del hecho de que su padre jamás ha sido para él
un padre? Es a ese nombre que él ha querido que sea rendido el homenaje que él mismo ha
rehusado a cualquiera”8.
En los psicóticos encontramos a veces, esa chispa disímil, ese pensamiento brillante, ese
talento que va más allá, ese toque maravilloso que transforma a una pieza común en
una obra de arte. He ahí el aprendizaje que puede obtenerse de cualquier cura con un
psicótico, si el analista se inmoviliza menos en el sentido y trabaja más el acto que vuelve
operativo al goce del síntoma; es decir, encontrar una buena manera de usar ese goce del
síntoma para introducirlo en las matrices del Otro de la civilización. Inventarse un uso de
ese goce real, y nominarlo, son un par de actos que hacen parte de un “saber hacer” que
redobla el valor de consistencia de cualquier creación.
................................................................................
1 Miller J.-A., El Ser y el Uno, Clase 7, 16 marzo 2011, Inédito.
2 Miller  J.-A., El Ser y el Uno, Clase 3. 2 de febrero 2011, Inédito.
3 Lacan J., El Seminario 24: “l´insu”, Primer capítulo: Las identificaciones. 16 de Noviembre de 1976. Inédito.
“Lo que adelanté en mi nudo borromeo de lo imaginario, lo simbólico y lo real me condujo a distinguir esas
tres esteras, esas bolas, y luego, a continuación, volver a anudarlas. Enuncié lo simbólico, lo imaginario
y lo real en el 54, titulando una conferencia inaugural con estos tres nombres, vueltos en suma por mí lo
que Frege llama nombre propio. Fundar un nombre propio es una cosa que hace subir un poquito vuestro
nombre propio. El único nombre propio en todo eso, es el mío. Es la extensión de Lacan a lo simbólico, a lo
imaginario y a lo real la que permite a estos tres términos consistir. Y no estoy especialmente orgulloso de
eso.”
4 Lacan J., El Seminario, XX, Aun. Editorial Paidós, l981, p. 154.
5 Miller J.-A., El Ser y el Uno, Clase 2. 26 enero 2011, Inédito.
6 Lacan J., El Seminario XXIII, El Sinthome, Buenos Aires, Paidós, 2006, p. 147.
7 Lacan se pregunta “¿Qué es para Joyce la relación con Nora? Yo diría que es una relación sexual, aunque
yo diga que no la hay. Es una extraña relación sexual”. Lacan J., El Seminario XXIII, El Sinthome, Buenos
Aires, Paidós, 2006, p. 81.
8 Lacan J., El Seminario XXIII, El Sinthome, Buenos Aires, Paidós, 2006, p. 86.

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Nouer et dénouer
Augustin Menard – ecf
« L’égalité clinique fondamentale entre les structures » qu’affirme Jacques-Alain Miller1,
au-delà de l’opposition névrose / psychose, ne peut s’entendre que sur le fond de la der-
nière clinique de Lacan appuyée sur l’écriture des nœuds borroméens. Centrée sur le
singulier du cas elle n’annule pas mais relativise la particularité structurale dans laquelle
s’est écrite l’histoire du sujet.
À ne plus donner la priorité au symbolique, l’Œdipe devient une suppléance « prête-à-
porter » qu’offre une culture dominée par le signifiant du Nom-du-Père, mais elle n’est pas
exclusive. L’imaginaire comme le réel, peuvent eux-mêmes en être le support2. Jacques-
Alain Miller a dégagé, pour nous, des textes de Lacan, la forclusion de base (généralisée)
derrière la forclusion restreinte du Nom-du-Père (P0) ou du phallus (Φ0). La cause en est
la percussion du signifiant sur l’organisme de l’animal parlant qu’est l’homme (parlêtre).
Face à l’impossible à supporter du réel, s’impose à tout un chacun la nécessité d’inventer
un nouage entre les trois registres c’est la fonction du sinthome, modalité propre pour le
parlêtre de « jouir de son inconscient ».
Si « nouer et dénouer [ne sont pas] des métaphores3 », nous avons à repérer au cas par cas
ce qui nouait avant et qui s’est rompu dans le déclenchement, mais aussi ce qui pourrait
renouer.
Monsieur M., comptable, se présente comme un obsessionnel méticuleux, envahi par des
doutes qui encombrent ses pensées et freinent ses actes. Mécontent de son travail, il ne
cherche pas mieux. Il a une fille d’une première compagne et vit une nouvelle liaison
difficile depuis deux ans. Il ne supporte pas le bavardage de cette femme, et elle son com-
portement. Ils ont trouvé « la juste distance » en vivant séparément : « Je me restreins »
dit-il. C’est son mode de défense. La thymie n’est pas triste mais atone. Évoquant sa famille
il dit : « J’ai trois frères » alors qu’il n’en a que deux. Il a fait plusieurs crises maniaques
typiques suivies d’épisodes mélancoliques. Toutes sont déclenchées selon lui par la prise
de haschich. De fait c’est la rencontre sexuelle qui en est la cause et la drogue lui sert à
échapper à l’insupportable auquel il est confronté.

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4.5

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Lors de ces épisodes aigus il imagine qu’Adam, Eve et les animaux sont arrivés sur terre
sous la forme d’embryons congelés, venant d’un autre monde. Il en a fait un livre mais ne
l’a pas adressé à l’éditeur pour ne pas risquer un refus. Malgré son intérêt pour la musique
et la littérature il a arrêté ses études. « J’ai raté tout ce que je voulais », dit-il.
La première crise a été déclenchée, selon lui, par une déception amoureuse. Cette femme
avait toutes les qualités physiques et morales. « Nous nous correspondions parfaitement ».
(C’est lui qu’il aimait en elle). Il provoque alors la rupture et déclenche une crise par prise
excessive de drogue déjà évoquée. Il conserve l’image idéalisée de la femme qui avait
toutes les qualités mais dont il ne peut décrire aucun trait particulier, c’est une image
globale à laquelle il compare toutes ses partenaires. La rencontre sexuelle l’a faite voler en
éclats et il fait tout pour la maintenir dans ses pensées.
Ses psychiatres l’ont déclaré « bipolaire » sur fond de névrose obsessionnelle là où la cli-
nique classique aurait dit psychose maniaco-dépressive.
Ce cas nous est précieux pour deux raisons. Il nous enseigne sur le discours qui soutenait
le sujet avant les crises et qui se retrouve après. Il illustre la particularité de la suppléance
imaginaire, dont il use singulièrement.
La première nous importe car certains sujets sont frappés d’amnésie concernant le
contenu de l’épisode aigu, seule persistant la nostalgie de l’euphorie et la crainte de la
douleur morale qui lui succède, persistent.
Ici, la clinique lacanienne nous permet, au-delà de la symptomatologie obsessionnelle,
d’évoquer une psychose que l’on pourrait qualifier d’ordinaire si nous n’avions pas eu
connaissance du délire. L’externalité se manifeste dans le domaine subjectif dans la
phrase : « J’ai trois frères » qui l’exclut comme sujet du désir. L’externalité sociale se situe
dans l’acceptation passive d’un travail qui ne lui convient pas et le refus de ce qui le valo-
riserait. Côté corps, elle s’exprime dans le domaine mental mais aussi dans le refus de ce
qui pourrait le satisfaire.
La deuxième raison est la modalité particulière liée au dénouage de l’imaginaire φ0 et à
son renouage sur un mode global excluant tout trait symbolique. L’identification est nar-
cissique et cette image se casse face à l’irruption insupportable du réel sexuel. Le renouage
se fait sur le mode d’une nomination imaginaire ; image mentale de la femme idéalisée.
Nous y reconnaissons l’inhibition4 qui la caractérise : « je me restreins ». Il a trouvé son
savoir y faire et s’en soutient avec l’aide de cet autre nouage qu’est le transfert.
Tout autre est la modalité de nouage de Madame D., en proie depuis l’enfance aux injonc-
tions hallucinatoires d’un Autre méchant qui lui intime de se prostituer ou de tuer ses
enfants. Elle a trouvé sa suppléance en faisant profession d’élever des chats Bengal qu’elle
vend par internet. Cette race provient d’un croisement de chat et de tigre. Les croise-
ments successifs atténueraient leur agressivité tout en maintenant les qualités du tigre.
Là, c’est un trait qui a été prélevé sur l’Autre. Il sert d’appui à l’élaboration d’une méta-
phore délirante suppléant à P0. En outre internet lui permet de mettre à distance les autres
potentiellement agressifs.

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4.5

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Dans ces deux cas nous avons à respecter la défense inventée par le sujet. Dans d’autres,
au contraire, nous devons déranger les défenses du sujet pour débrouiller ou même
dénouer ce qui fait la plainte du parlêtre afin de lui permettre de l’écrire autrement.
................................................................................
1 Miller J.-A., «Orientation. L’inconscient et le corps parlant- Présentation du thème du Xe congrès de l’AMP
à Rio en 2016 », Scilicet, Paris, Coll. Rue Huysmans, 2015, p. 33.
2 Lacan J., Le Séminaire R.S.I., Ornicar ?, no 4, p. 99.
3 Lacan J., « Télévision », Autres écrits, Paris, Seuil, 2001, p. 516.
4 Lacan J., Le Séminaire, Ornicar ?, no 5, bulletin périodique du Champ freudien, 1976, p. 66.

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Tan Poca Vida


Mercedes de Francisco – elp
Para esta aportación quería servirme de una creación artística: la novela “Tan poca vida”1
He encontrado en la caracterización de su protagonista, Jude, un ejemplo magnífico de
algunas de las cuestiones fundamentales que Jacques-Alain Miller ha trabajado con res-
pecto a la clínica discontinua sostenida en la diferencia entre neurosis y psicosis, y la clínica
continuista que responde a la “última enseñanza de Lacan” y que podemos condensar en
la expresión “todo el mundo es loco”2.
Frente al sin-sentido de la vida, que el personaje de la novela nombra como axioma cero3,
solamente nos queda el sentido que construimos y que, tanto si está vinculado a los dis-
cursos establecidos, como si responde a una invención privada se trata de un delirio con
el que transitamos la vida. Incluir el Edipo y la referencia al Nombre del Padre como parte
de esto, fue un salto de gran calado en la enseñanza de Lacan y en el que Jacques-Alain
Miller nos viene orientando.
Como la autora nos advierte en alguna entrevista: “es exagerado el amor, la empatía, la
compasión y sí, también el horror...», el exceso preside nuestras vidas, y tuvo que luchar
con el editor para dar cuenta de ello en su novela. Pero a pesar de los pruritos editoriales
la escritora no se regodea, sino que hace uso de la ficción para transmitir una verdad.
Jude y sus tres amigos transitan la vida juntos desde la universidad manteniendo sus
lazos de amistad. Aunque tres de ellos cuentan con familia más o menos al uso, la voz y
protagonista de la novela fue “un niño abandonado”, sería mejor decir arrojado a la basura
de un monasterio. Este origen se verá enfatizado por los decires de esos “hombres de
religión” que el único lugar que le otorgan es el de objeto de desecho.
Como sujeto estas son las palabras en las que se encontrará sumergido desde el principio.
Pero uno de esos “monjes” le ofrecerá, durante algunos años de su infancia, una “luz” de
cariño, palabras amables y algún cuidado… como artimañas de un alma perversa. De la
infancia tenebrosa, que resulta comparable con la que sufrían los personajes de Dickens,
este sujeto tendrá como saldo una desconfianza en el amor erótico y daños en el cuerpo.
Unos fueron provocados por el otro y otros son los cortes que él mismo se inflige… El
dolor, sobre todo el moral, a través de estas voces insultantes que le atormentan serán sus

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4.6

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más fieles acompañantes. Las voces no están relatadas como alucinaciones, pero tienen
el poder injuriante que preside la melancolía y que tornan su vida un infierno. Cuando la
escritora relata estos pasajes vemos ejemplificado de forma magnífica la afirmación de
Lacan “…un desorden provocado en la juntura más íntima del sentimiento de la vida en
el sujeto”4.
No se trata del relato de una muerte anunciada, sino más bien de las invenciones que
un sujeto puede hacer con su vida, el “bricolaje” del que nos habla Miller que no es una
creación ex nihilo sino un invento con los materiales con los que cuenta el sujeto.
Judes cuenta con esa “esperanza de otra cosa” que surgía en su corazón infantil y el sen-
timiento de ternura que conoció de niño hacia el monje perverso. No solamente le dejó
el saldo de la desconfianza sino los fulgores del amor que pudo desarrollar primero con
sus amigos, y más adelante en un amor basado en la ternura y exento de la sexualidad ya
que el sexo le sumergía en el pozo de la indignidad. Las palabras se muestran, al mismo
tiempo, en su versión dañina y sanadora y asistimos al surgimiento del amor como una
invención, como un “milagro” que sirve para sostenerse en la vida.
La pretensión de esta autora es “realista” en sentido lacaniano y no retrocede ni convierte
el relato en un cuento de hadas que no sería muy creíble. El mismo amor que sirve para
contrarrestar la versión del Otro de la maldad se torna una invención que no es definitiva
y, frente a un azar nefasto y a la coincidencia de dos pérdidas, le deja al sujeto sin recursos.
Si el milagro del amor le aporta “algo de vida”, el trabajo es para Jude una fuente de
dignidad que la presencia del cuerpo en el lazo amoroso siempre pone en peligro.
Cuando se producían los abusos y vejaciones “abandonaba su cuerpo y fingía que era algo
inanimado, un testigo desapasionado e insensible de la escena…” Su cuerpo le resultaba
extraño y en la novela comprobamos como este cuerpo es esa carga pesada que debe
transportar y con el que pocas veces se reconforta salvo cuando se corta. Y, sin embargo,
es este mismo cuerpo el que le sirve a su amigo pintor J.B. como inspiración para realizar
sus mejores obras.
El trabajo como un anclaje fundamental frente a la indignidad, el amor como el milagro
que permite seguir viviendo a pesar de todo, el cuerpo como esa carga pesada que el
sujeto transporta. El personaje de la novela no puede servirse de una terapia sostenida en
la palabra pues para él relatar lo acontecido le lleva a un marasmo interior imposible de
parar si no es a través de los cortes desenfrenados.
La amistad haciendo las veces de familia y la lealtad serán en esta ocasión el mejor trata-
miento para lo patológico de esta vida. Un tratamiento que no deja de mostrar sus límites
“reales”.
He elegido esta autora porque sus creaciones pueden servirnos para hacernos avanzar en
nuestro que hacer y, además, considero su narración como una muestra, como la de otros
autores, de la novela del siglo XXI tan en sintonía con lo mostrado por Lacan.
Además de todo esto, no podía dejar de ver en este tema aparentemente tan intimista y
“psicológico” de “Tan poca vida” una incidencia política. Su lectura me traía las imágenes

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4.6

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de los niños sirios o de cualquier otro lugar, abandonados y caminando solos en esas
explanadas absolutamente vacías de los “campos de refugiados” ¿Qué destino, qué futuro
tendrán esos niños a los que el Otro social solamente les trata como objetos de desechos?
Terminaré con una leyenda que escuché a la cantante francesa Zaz en su actuación en un
comedor en Buenos Aires para la gente de la calle: “hubo un incendio forestal enorme y
todos los animales estaban aterrados e impotentes, un colibrí se dedicaba a traer en su
pico gotas de agua para apagar el incendio, un armadillo harto de la situación le dijo al
colibrí, ¡estás loco!, ¿crees que vas a apagar así el incendio?, y el colibrí contestó: hago mi
parte”. Hanya Yanagihara con esta novela hace su parte, ¿nosotros psicoanalistas hacemos
la nuestra?
................................................................................
1 Yanagihara H., “Tan poca vida”, Barcelona, Lumen 2017 (libro electrónico).
2 Miller J.-A., “Todo el mundo es loco”, Buenos Aires, Paidós, 2015.
3 Yanagihara  H., “Tan poca vida”, op. cit., p. 912 (libro electrónico) “La vida en sí misma es el axioma
del conjunto vacío. Empieza en cero y termina en cero. Sabemos que ambos estados existen, pero
no seremos conscientes ni de una experiencia ni de la otra: son estados que constituyen una parte
necesaria de la vida aun cuando no pueden ser experimentados como vida.”
4 Lacan J., “Cuestión preliminar a todo tratamiento posible de la psicosis”, Escritos II, México, Siglo XXI, 1989,
15 edición, p. 540.

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PAPERS 4.7

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De la certitude
au Pas-tout
Anne Béraud – nls
Certitudes ? N’est-ce pas celles de l’analyste qui sont bousculées par le syntagme de psy-
chose ordinaire ? Ce syntagme n’est-il pas la conséquence logique de cette affirmation de
Lacan en 1978 : « Tout le monde est fou c’est-à-dire délirant1»?
La certitude, prise par ce biais, relève plutôt des a priori, et ceux ci en sont dérangés. Plus
de catégories prêtes-à-porter, mais une exigence de lecture des signes discrets qui nous
donnent l’indice de la forclusion. Plus de ségrégation qu’impliquent les classes, mais le
pousse à l’absolue singularité, alors même que chaque Un peut se loger sous une même
enseigne. En effet, « Tout le monde est fou » ne s’oriente pas du Nom-du-Père, mais s’ar-
ticule au « non-rapport sexuel ». « Comment fait-on sur le fond de cet impossible pour
obtenir quelque chose qui peut être le tenant lieu et qui permet de faire [...] avec l’im-
possible ?2 » Eh bien, on délire ! « c’est-à-dire délirant » équivaut à chacun sa façon de se
raconter son monde, son rapport à l’Autre, et avec des moyens divers, personne n’y fait
exception. Le sujet est donc contraint d’inventer.
Et il revient à l’analyste de faire advenir l’invention. Pour cela, il s’oriente du repérage des
solutions dont le sujet a pu se servir pour nouer le réel, le symbolique et l’imaginaire. C’est
donc à l’analyste aussi à inventer, à partir de la recherche du détail, du trait de singularité
qui permettra au sujet de construire une solution plus durable, plus solide, plus souple,
une invention à sa mesure.
Quelles solutions face à la certitude du psychotique qui relève d’une conviction iné-
branlable, liée à la croyance délirante ? Le psychotique a la certitude qu’il est concerné.
Il est visé par une signification dont le sens lui reste énigmatique. Cette certitude qui
advient dans le réel est une signification qui ne renvoie à rien qu’à elle-même3. Le degré
de certitude est proportionnel au vide énigmatique qui se présente d’abord à la place
de la signification elle-même4. Cette certitude, parfois discrète, qui se présente comme
un point fixe non dialectique en réponse à ce qui arrive au sujet, ne vient-elle pas à la
place où le fantasme n’a pu se constituer ? Le fantasme n’est-il pas lui-même une certaine

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4.7

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construction qui contient aussi sa propre certitude ? Davantage dialectisable certes, mais
pas si facile à lâcher. Chacun s’y cramponne parce que face au trou réel, la folie, c’est-à-dire
le délire, semble nécessaire. Freud en attestait : « La perte de la réalité serait, pour la psy-
chose, donnée au départ ; pour la névrose, il y aurait lieu de penser qu’elle y est évitée. »
Il poursuit : « cela ne s’accorde pas du tout avec […] l’expérience : […] toute névrose
[…] dans ses formes graves, signifie directement une fuite hors de la vie réelle.5» « La
différence tranchée qui sépare la névrose de la psychose est […] estompée en ce qu’il y
a dans la névrose aussi une tentative pour remplacer la réalité indésirable par une réalité
plus conforme au désir. La possibilité en est donnée par l’existence d’un monde fantas-
matique6. Ainsi, chacun répond par différentes modalités à la perturbation qu’introduit
la jouissance. Mais plus de normal, plus de pathologique. Lacan, l’attribuant à Freud, en
déduit que « tout le monde est fou c’est-à-dire délirant ». « Cette formule [...] pose comme
radicale l’inadéquation du réel et du mental7 ». C’est avec l’articulation S1-S2 qui produit un
effet de signification que commence le délire. Donc avec le langage.
Néanmoins, « cette folie générique est générale, universelle, [...] mais ça n’est pas la psy-
chose.8 9» La certitude est liée à l’incroyance par laquelle Freud définit la position du
psychotique. Lacan énonce que « on ne peut croire que ce dont on n’est pas sûr. Ceux qui
sont sûrs […] n’y croient pas. Ils ne croient pas à l’Autre, ils sont sûrs de la Chose. Ceux-là
sont les psychotiques.10 »
Face à la certitude du psychotique, la recherche, avec un analyste, de solutions singulières,
porte ses fruits. L’interprétation vise alors à produire un bord, acte qui traite d’une limite de
la jouissance, et non à ébranler la certitude qui demeurera.
Le travail consiste à trouver un point de capiton, à renforcer « une petite identification11
pour arrêter la pente qui aspire tel sujet dans le gouffre du je ne vaux rien. Les séances
servent à rabouter ce qui a chancelé, en cherchant quelques formules qui puissent ren-
forcer sa solution originale. L’analyste se fait partenaire, à la fois actif et docile, d’un sujet
qui peut se débrancher facilement. L’analyse vise à permettre, pour tel sujet mélancolique,
à introduire des modulations afin que le sujet puisse passer au plus-ou-moins du relatif et
contrer sa pente à l’infinitude.
Paradoxalement, la conséquence de la phrase « tout le monde est fou » qui s’énonce avec
une proposition universelle, c’est le pas-tout. Tout le monde est fou exclut l’exception et
produit un effet de pousse-à-la-femme. Ceci implique que la psychanalyse « prend un par
un des sujets dépareillés12 » Notre civilisation est le paradigme de ce principe : d’une part,
des sujets dépareillés peuvent trouver à s’y loger dans une sorte de normalité, puisqu’être
dépareillé est devenu la norme. Sur le plan de l’orientation sexuelle par exemple, les sujets
jeunes ne se retrouvent dans aucune catégorie (homo, hétéro, bi), tout en en créant
toujours de nouvelles. Ils vivent le « polyamour ». À distinguer du cycle habituel de contes-
tation des générations précédentes. Cela relève plutôt de tâtonnements et d’inventions
au un par un, qui peuvent laisser les sujets autant déboussolés et seuls, qu’au contraire,
soutenus par une invention singulière. Ce sont de véritables chercheurs. Ils marquent leur
corps : autant de tatouages que de façon de s’inscrire dans le lien social. Les sectes se

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multiplient, autant de croyances que de parlêtres. Montréal est le lieu par excellence où
chaque sujet peut trouver sa solution qui sera accueillie et acceptée, aussi bien dans les
familles que dans la société. Mais pas sans retour. Car d’autre part, s’est mise en place une
machine à recréer de la norme universelle avec ses systèmes d’évaluation et de formatage
de tous acabits. Face au pousse-à-la-femme qui, tel un inventaire à la Prévert, donne
des sujets dépareillés, une tentative que l’on pourrait qualifier de sécuritaire, cherche à
ordonner les sujets en les appareillant à de nouvelles normes, en fomentant de nouvelles
ségrégations. Le Québec est en première ligne sous ces deux aspects.
................................................................................
1 Lacan J., « Journal d’Ornicar ? », Ornicar ?, no 17-18, 1979, p. 278.
2 Miller J.-A., « L’orientation lacanienne. Tout le monde est fou » (2007-2008), enseignement prononcé
dans le cadre du Département de psychanalyse de Paris VIII, cours du 4 juin 2008, inédit.
3 Cf. Lacan J., Le Séminaire, livre III, Les Psychoses, Paris, Seuil, 1981, p. 43.
4 Lacan J., « D’une question préliminaire à tout traitement possible de la psychose », Écrits, Paris, Seuil,
1966, p. 538.
5 Freud S., « La perte de la réalité dans les névroses et les psychoses », Névrose, psychose et perversion, Paris,
PUF, 1988, p. 299.
6 Ibid., p. 302.
7 Miller J.-A., « L’orientation lacanienne. Choses de finesse en psychanalyse » (2008-2009), enseignement
prononcé dans le cadre du Département de psychanalyse de Paris VIII, cours du 12 novembre 2008,
inédit.
8 Miller J.-A., « L’orientation lacanienne. Tout le monde est fou » (2007-2008), enseignement prononcé
dans le cadre du Département de psychanalyse de Paris VIII, cours du 11 juin 2008, inédit.
9 À l’instar de Samuel Beckett : « Nous naissons tous fous. Quelques-uns le demeurent. », En attendant
Godot, Paris, Éd. de Minuit, 1952, p. 113.
10 Lacan J., Le Séminaire, Livre XII, « Problèmes cruciaux pour la psychanalyse », leçon du 19 mai 1965,
inédit.
11 Miller J.-A., « L’invention psychotique », Quarto, no 80/81, Le marché des symptômes, janvier 2004, p. 10.
12 Miller J.-A., « L’orientation lacanienne. Tout le monde est fou » (2007-2008), enseignement prononcé
dans le cadre du Département de psychanalyse de Paris VIII, cours du 4 juin 2008, inédit.

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