Seja qual for o desporto, o treino da força, em harmonia com os vários factores do treino
(i.e., técnicos, tácticos, físicos e psicológicos) e princípios do treino (i.e., sobrecarga,
especificidade, reversibilidade, heterocronismo, especialização, continuidade,
progressão, ciclicidade, individualização e multilateralidade) dotará o atleta de mais
ferramentas para melhorar a sua performance. No ténis, a força é utilizada para gerar
velocidade, potência e resistência. É impossível ter agilidade, velocidade, potência, um
sistema anaeróbio desenvolvido e flexibilidade/mobilidade sem níveis de força óptimos
(Verstegen, 2003). Adicionalmente, o treino da força é fundamental para prevenir
lesões. Porque o ténis é um desporto que implica muitas repetições dos gestos e de
características unilaterais, é propício a desenvolver desequilíbrios musculares que
aumentam significativamente as probabilidade de lesão. No ténis a maior incidência de
lesões reside sobre os ombros e costas, seguidos por lesões no cotovelo, joelhos e
tornozelos (Kibler & Chandler, 1994). Aqui, o treino de força específico para o ténis é
essencial para manter ou restaurar o equilíbrio muscular adequado.
Definição de Força
A definição de força com base no seu conceito puramente mecânico consiste em toda a
causa capaz de modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo traduzido
por um vector com uma determinada intensidade, direcção e sentido. É o produto da
massa pela sua aceleração (F=m*a). Apesar desta definição de força ser unanimemente
aceite, dificilmente ilustra as diferentes componentes da força muscular. Isto, se
entendermos a força muscular como uma componente essencial do desenvolvimento das
habilidades motoras que se expressa na capacidade de aplicar força para ultrapassar uma
resistência (O’Sullivan & Schmitz, 1998).
Tem sido demonstrado que o treino de força adequado não só mantém os níveis de
flexibilidade como pode incrementá-los significativamente (Fox, 1984; Jensen & Fisher,
1979; O’Shea, 1976; Rash, 1979). Adicionalmente, o treino de força adequado induz
ganhos significativos aos seguintes níveis: na capacidade de trabalho, na composição
corporal (i.e., ganhos de massa magra e perda de massa gorda); optimização da
utilização energética; libertação hormonal promotora de renovação tecidular e síntese
proteica (e.g. o treino de força induz a secreção da hormona do crescimento e
testosterona); alinhamento postural; e equilíbrio muscular (Lamb,1984; Stone et al.,
1982).
No caso específico do ténis, tem sido comprovado que o treino de força fortalece o
sistema imunitário prevenindo o organismo de lesões, e é frequentemente apontado
como tendo um efeito psicológico positivo nos jogadores, pois está aliado a uma
incremento nos níveis de auto-confiança quer durante o jogo (Folkins & Sime, 1981;
Tucker, 1983), como fora do jogo (Folkins & Sime, 1981).
Idades Características
6-9 Rapazes O treino de força deve incidir em exercícios com o peso do corpo. Pode incluir
uso de bolas medicinais (de peso adequado) em exercícios com carácter lúdico. Os
6-8 Raparigas
ganhos de força nesta idade dão-se sobretudo à conta de ganhos na coordenação
motora e activação neuromuscular.
9-12 Rapazes O treino da força deve ser regular e conduzir a melhorias progressivas. Contudo,
nesta fase deve-se dar ênfase à aprendizagem e desenvolvimento motor.
8-11 Raparigas
15-17 Raparigas ter especial ênfase nos desequilíbrios musculares que os níveis mais elevados de
intensidade e volume ao nível do treino e da competição podem provocar.
Conclusão
Referências
Fox, E.L. (1984). Sports Physiology (2nd edition). Philadelphia: W.B. Saunders.
Kibler, W. B. & Chandler, T. J. (1994). Raquet Sports. In F.Fu &D. Stone (Eds.), Sports
injuries: Mecahnisms, Prevention, and Treatment. Baltimore: Williams & Williams.
O’Shea, J. P. (1976). Scientific principles and Methods of Strength Fitness (2nd edition).
Reading: Addison.Wesley.
O’Sullivan, S. B. & Schmitz, T.J. (1998). Strategies to improve motor control and
motor learning. Physical Reabilitation: Assessment and Treatement (3rd edition)
(pp.225-244). Philadelphia: F.A. davis.
Stone, M. H., Byrd, R., Carter, D. et al. (1982). Physiological effects of short-term
resistive training on middle-age sedentary men. National Strength and Conditioning
Association Journal, 4, 5, 16-20.
Verstegen, M. (2003). ITF Strength & Conditioning for Tennis. In M. Reid, A. Quinn,
& M. Crespo (Eds), Developing strength (pp. 113-135). London: ITF Ltd.