Anda di halaman 1dari 36

Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

Direito Constitucional II – 10 de março

O Poder Legislativo:

1- Funções:

 Típicas: legislar e fiscalizar (exemplos de fiscalização: art.58- CPI, art.49 e


art.48).
 Atípicas: não são tradicionais, mas que o poder exerce por determinação
constitucional. O Legislativo exerce funções atípicas executivas e atípicas
judiciais. Executiva porque realiza administração (art.51, IV e art. 52, XIII) e
judiciais (art.52, I e II) porque julga, como no caso em que a CF atribui ao
Senado a competência de julgar o presidente e o vice por crime de
responsabilidade, o procurador geral da rep, o advogado geral da união, os
ministros do STF, todos esses também por crime de responsabilidade.

2- Composição:

Âmbito nacional (bicameral):

- CNAC:

 Congresso Nacional  representante do povo  sistema proporcional  8 a 70


deputados por estado  513 deputados  mandato de 4 anos.
 Senado  representantes dos estados e do DF  Sistema majoritário simples 
3 senadores por Estados (26 estados + DF) = 81 senadores  mandato de 8 anos
alternância de 1/3 ou 2/3 de 4 em 4 anos. Senadores sempre são eleitos com
02 suplentes.
 OBSERVAÇÃO: O TSE e o STF, em 2007, decidiram que o mandato é do
partido e não do indivíduo eleito primeiro e, portanto, se ocorrer a mudança de
partido sem justa causa (de um partido para outro) o parlamentar poderá perder o
mandato. O procedimento de perda foi delegado ao TSE, com respeito ao
contraditório, ampla defesa e devido processo legal. Porém, em 2015, o STF
decidiu que a regra de que o mandato é do partido se aplica apenas aos
mandatos do sistema proporcional (vereadores, deputados estaduais e
federais). Portanto, essa regra não se aplica aos mandatos do sistema majoritário

1
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

(como o senado, por exemplo). Decisão acertada do STF! Corrigiu uma


distorção.
 OBSERVAÇÃO 02  CASO DA AULA: Parágrafo primeiro do artigo 45 
Lei Complementar 78 de 1993. Resolução 23389 do TSE, que mudava o número
de deputados a serem eleitos. ADI ajuízada no STF, que decidiu pela
inconstitucionalidade da resolução, que usurpou a função legislativa.

3- Funcionamento:

- Legislatura: lapso temporal de 04 anos que indica o exercício das atividades


parlamentares. Tanto na Câmara quanto no Senado. Corresponde a um mandato de
deputado federal. Os senadores vão exercer duas legislaturas, em um mandato de 08
anos. 01 mandato Dep. Fed = 01 legislatura / 01 mandato Sen. = 02 legislaturas.

- Sessão legislativa: o lapso temporal anual, ou seja, o ano legislativo. EC 50/2006: o


ano começa 02/02 até 17/07, depois 01/08 até 22/12, totalizando 55 dias de recesso.
Antes da emenda de 2006, eram 90 dias de recesso. Duas exceções = no primeiro ano da
legislatura, os trabalhos começam dia 1º de fevereiro (01/02), dia em que ocorre a posse
dos novos deputados/senadores e a escolha das mesas presidenciais. A outra exceção é a
seguinte: a sessão legislativa não se encerra sem a aprovação do PLDO (projeto de lei
de diretrizes orçamentárias). A lei orçamentária pode ser aprovada no ano seguinte,
só as diretrizes orçamentárias que não podem ficar sem aprovação no final da
sessão legislativa.

- Período legislativo: lapso temporal semestral (dois períodos legislativos por ano)

- Sessão ordinária: sessões nas quais há discussão, votação, deliberação. É o dia


legislativo, em que temos as discussões e as deliberações. Na Câmara, as sessões
ordinárias são de terça a quinta-feira. No senado, de segunda a sexta-feira.

 Pequeno expediente = 60 minutos. Várias participações curtas.


 Grande expediente = 50 minutos (sim, o maior é mais curto).Aqui, são os
grandes comentários, duas participações de 25 minutos previamente inscritas.
 Ordem do dia = 3 horas. Quórum mínimo de maioria absoluta (257 presentes).

No senado:

 Período do expediente = 120 minutos


2
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Ordem do dia = 150 minutos (quórum mínimo de 41 senadores).

- Sessão extraordinária = aquelas que ocorrem em dias ou horários diferentes das


sessões ordinárias, dentro de um período legislativo. Geralmente ocorre mais ao final do
ano.

- Sessão legislativa extraordinária = são aquelas que ocorrem no recesso, em virtude de


convocação extraordinária, nos termos do artigo 57, parágrafo 6º ao 8º. Só pode ser
convocado pelo presidente do Senado. A não ser por urgência pública relevante, que
pode ser convocada pelo presidente da republica, presidente da câmara ou senado, ou a
maioria absoluta das duas casas. Essas sessões só podem votar o que está previamente
na pauta (com exceção das Medidas Provisórias  havendo MP em vigor na data de
convocação extraordinária, as MPs vão automaticamente para a pauta). Obs.: A Emenda
50/2006 vedou qualquer tipo de remuneração aos parlamentares por comparecer nas
sessões extraordinárias.

_______________________________________________________________

Direito Constitucional II – 17 de março:

Estrutura das Casas:

- Mesas = são os órgãos máximos das casas, tanto administrativamente como na


condução dos trabalhos legislativos.

 Câmara: 01 presidente, 02 vices, 04 secretários.


 Senado: 01 presidente, 02 vices, 04 secretários.
 Congresso Nacional: a mesa do Congresso só desenvolve seus trabalhos em
situações específicas que envolvem sessões conjuntas. Exemplo: artigo 57
parágrafo 3º da CF. O presidente é o presidente do Senado (no caso, é também o
presidente do Congresso) e os outros cargos são alternados entre os membros da
Câmara e do Senado. Ou seja: 01 presidente (presidente do Senado), 02 vices (o
primeiro é o vice da câmara, o segundo é o vice do senado) e 04 secretários (1º
secretario da câmara, 2º do senado, assim sucessivamente).
 O mandato das mesas é de 02 anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na
eleição subsequente. Ou seja, é proibida a reeleição para o mesmo cargo. A mesa
3
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

pode ter os mesmos integrantes em cargos diferentes. Porém, a Câmara e o


Senado têm tido uma interpretação restritiva dessa proibição, pois entendem que
tal proibição se restringe a mesas de uma mesma legislatura, não alcançando a
mudança de legislatura (ou seja, nos dois anos finais de uma legislatura, uma
mesa pode se reeleger para os mesmos cargos para os dois primeiros anos da
legislatura seguinte).

- Comissões:

 Permanentes: são aquelas em regra temáticas, que subsistem às legislaturas


(ultrapassam as legislaturas). Exemplo: CCJ (comissão de constituição e justiça)
e Comissão dos Direitos Humanos.
 Temporárias: não subsistem às legislaturas. Nascem com o objetivo definido e,
alcançado este, finalizam seus trabalhos, nos termos regimentais. Exemplo:
CPI’s.
 Mistas: são compostas por deputados e senadores:
 Comissão mista permanente  exemplo: Comissão de Finanças.
 Comissão mista temporária  exemplo: CPMI’s (Comissões
Parlamentares Mistas de Inquérito) – a dos correios, por exemplo
(presidida por Delcídio, inclusive).
 Representativas: encarregadas de representar o Congresso Nacional nos períodos
de recesso, nos termos do artigo 58, parágrafo 4º da CF. É indicada pelos
partidos. É MISTA!
 Parlamentares de Inquérito (CPI):
1) Conceitos: compostas apenas por parlamentares, que exercem funções típicas
do poder legislativo, de cunho fiscalizatório, para a apuração de fato
determinado, mediante prazo certo.
2) Requisitos: artigo 58, parágrafo 3º da CF: quórum – 1/3 dos deputados (171
membros), senadores (27 membros), congresso nacional (198 membros)- para
instaurar a CPI (I); apurar fato determinado – é possível investigar fatos
conexos (STF), que aditem, ou seja, acrescentem o objeto inicial (II); prazo
certo – segundo o STF e o regimento interno das casas, o prazo da CPI pode
ser prorrogado, porém ele não pode ultrapassar a legislatura (III).
OBSERVAÇÃO: Segundo o STF, as CPI’s são direito público subjetivo de

4
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

minorias, portanto a maioria não pode obstaculizar a instauração ou a


tramitação das CPI’s (cabe Mandado de Segurança quando alguma CPI estiver
sendo dificultada – exemplo do MS 28431).

3) Poderes de investigação próprios de autoridade judicial: artigo 58, §3º. Segundo


o STF, são os poderes que o juiz é dotado na fase de instrução processual (não existe a
figura do Juiz investigador no Brasil, como existe na Itália).

4) Amplitude. As CPI’s podem, diretamente:

 quebrar sigilo bancário, e de dados telefônicos. Ou seja, a própria Comissão


Parlamentar manda ofício para as agências que fazem esse tipo de
monitoramento, sem necessidade de autorização judicial.
 Determinar perícias;
 Ouvir testemunhas e investigados  sem desrespeitar o direito constitucional ao
silêncio
 Determinar buscas e apreensões genéricas;

5) NÃO podem (impedimentos da CPI): observação > as CPIs não são dotadas de
poder geral de cautela (poder que o Juiz tem para garantir a eficácia de uma eventual
sentença condenatória > somente o Juiz tem esse poder):

 Determinar prisões temporárias ou preventivas (com exceção à prisão em


flagrante, que qualquer cidadão ou ente pode realizar – exemplo: a CPI pode
determinar a prisão em flagrante por falso testemunho, ou desacato. Já aconteceu
de depoente desrespeitar a CPI e ter voz de prisão);
 Determinar o arresto, sequestro, hipoteca ou impedimento de bens;
 Impedir a saída de indivíduos do país ou de comarca;
 Realizar atividades que envolvam clausula de reserva jurisdicional, que são
normas previstas na CF reservadas APENAS ao Poder Judiciário: buscas e
apreensões domiciliares (artigo 5º, XI), interceptações telefônicas (artigo 5º,
XII). OBSERVAÇÃO: a quebra dos sigilos telefônicos não pode ser feita pela
CPI, somente a quebra dos DADOS telefônicos, que nada mais é do que a
descrição de chamadas recebidas e discadas (horário e duração das chamadas). A
interceptação (vedada para as CPIs) é a receptação de conversas telefônicas,

5
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

feita por terceiros (geralmente polícia ou ministério público) sem conhecimento


do interceptado, mediante autorização judicial, regulado pela Lei 9296/96.

6) Considerações finais sobre as CPIs:

 As decisões das CPIs devem ser fundamentadas, nos termos do artigo 93, IV, da
CF, sob pena de invalidade das decisões. As decisões, para serem declaradas
inválidas, devem ter MS impetrado junto ao STF (já que as autoridades que
estão sendo questionadas possuem foro privilegiado).
 As decisões de uma CPI devem ser tomadas em colegiado por maioria de votos;
 As CPIs devem respeitar o nexo causal com a gestão da coisa pública = as CPIs
só podem investigar questões que envolvam bens, serviços e interesses da União
ou da sociedade. Devem investigar o patrimônio público. Essa orientação vem
do direito americano para limitar o poder das CPIs de fazer politicagem.
 As CPIs têm que respeitar o princípio federativo (pacto federativo) > CPI
nacional investiga questões apenas nacionais. As questões estaduais e
municipais devem ser investigadas pelas CPIs estaduais e municipais,
respectivamente.
 STF na ACO 730 (Ação Cível Originária - informativo 362), por 6x5, decidiu
que CPIs estaduais podem quebrar o sigilo bancário de seus investigados. STF
usou o Princípio da Simetria para determinar que a ALERJ (Assembleia
legislativa do RJ) poderia quebrar o sigilo.
 Ler a lei 10.001/200 > Lei muito bem elaborada. Necessária.

______________________________________________________________________

Direito Constitucional II – 07 de abril

Estatuto dos Congressistas:

É o conjunto de normas que dizem respeito ao regime jurídico dos parlamentares,


sobretudo no que tange às imunidades e vedações.

 Imunidades parlamentares:
 Finalidades: garantir a independência do poder Legislativo frente aos outros
poderes e à sociedade.
6
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Imunidade material x imunidade formal


o Material => artigo 53 (caput) da CF. É aquela que determina que os deputados e
senadores são invioláveis civil e penalmente por suas opiniões, palavras e voz.
Também chamada de imunidade substancial ou de inviolabilidade. A norma
constitucional em questão afasta a incidência da norma penal e civil. A imunidade
material tem determinadas características (requisitos): i) as opiniões ou palavras
devem guardar relação com o mandato (em função do mandato – nexo de
causalidade entre o proferimento e o mandato. O STF vem desenvolvendo uma
exceção: se o proferimento se der em Plenário, não há necessidade de guardar
relação com o mandato, ou seja, há imunidade mesmo que não tenha relação com o
mandato > 2007 e 2014). Exemplo: deputado que dê entrevista sobre Projeto de
Lei de Licitações em tramitação e critica o projeto e chama o presidente de ladrão
> guarda relação, portanto cabe a imunidade; ii) independe do logradouro (recinto)
do proferimento (deputado federal, senador, deputado estadual, deputado distrital e
vereador), no entanto o vereador só tem imunidade material na circunscrição do
município. Todos os outros podem falar em qualquer lugar do país e do mundo,
com exceção do vereador; iii) eficácia temporal absoluta. Mesmo após o fim do
mandato, o parlamentar vai conservar para sempre a imunidade que ele teve no
curso do mandato.
o Formal: em relação à prisão x em relação ao processo.
 Em relação à prisão = é aquela imunidade que determina que os
deputados e senadores, após a expedição do diploma da Justiça Eleitoral,
não poderão ser presos (ressalta-se, não é após a posse, antes da posse já
têm a imunidade). Há duas exceções para a prisão. A primeira está
expressa na CF: prisão em flagrante de crime inafiançável (mesmo nesse
caso, os autos da prisão em flagrante deverão ser encaminhados em 24h
à Casa, para que ela decida se o parlamentar vai permanecer preso –
quórum de maioria absoluta, votação aberta). A segunda exceção é por
condenação criminal transitada em julgado (STF), exemplo da AP473,
Natan Donadon, condenado em outubro de 2010 a 13 anos de reclusão.
Após recorrer, em 2013 o STF determinou o trânsito em julgado e
Donadon foi preso, mesmo sendo deputado. Vereador não tem
imunidade formal em relação à prisão.

7
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Considerações finais sobre a Imunidade Formal em relação à prisão:


o STF no HC 89.417, presente no informativo 437, relativizou o artigo
53 parágrafo 2º, não o aplicando de forma absoluta, flexibilizando o
dispositivo com o fundamento em uma anomalia institucional, ética e
jurídica na Assembleia Legislativa de Rondônia (Operação Dominó).

- Imunidade formal no processo: possibilidade de sustação de AP (Ação Penal)


contra deputado/senador por crime praticado pelo mesmo após a diplomação.
Observação: antes da EC 35/2001, havia a necessidade de autorização da Casa para o
STF iniciar a Ação Penal. A Emenda Constitucional foi incentivada pelo caso do
“Deputado Serra Elétrica”. Após a sua aprovação, não há mais a necessidade de
autorização da Casa para iniciar AP contra parlamentar no STF.

 Procedimento da imunidade formal em relação ao processo:


1. Procurador Geral da República  denúncia  STF (AP pública) – artigo
102, I-b e artigo 53,§1º da CF;
OU:
Ofendido  Queixa crime  STF (AP privada)
2. Denúncia/queixa crime  STF  Mesa da Casa (o STF comunica do
acolhimento da denúncia/queixa à casa correspondente do Réu no
Congresso).
3. Um partido político com representação no Congresso pode provocar a Mesa
para que ela coloque em votação um pedido de sustação da Ação Penal. Essa
prerrogativa é exclusiva de um partido político, e não de políticos. A mesa
terá 45 dias para colocar em votação (obrigatório colocar em votação, não
sendo possível indeferir).
4. Para sustar a Ação Penal, o quórum é de maioria absoluta (257 votos na
Câmara e 41 no Senado). Voto aberto em plenário.
5. Sustada a AP, suspende-se a prescrição.
6. A suspensão da ação penal e da prescrição dura até o final do mandato. Obs:
caso o parlamentar que conseguiu a suspensão da AP se reeleja, todo o
processo de votação em Plenário terá que ser percorrido novamente.

Considerações finais sobre a Imunidade Formal no Processo:

8
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Quem tem imunidade formal no processo? Deputado federal, Senador, Deputado


Estadual e Deputado distrital (perceba, Vereador não goza de imunidade formal
no processo).
 Só haverá imunidade formal em relação ao processo para crimes praticados
APÓS a diplomação. Se o crime foi praticado antes da diplomação, haverá
apenas o deslocamento de competência para o STF. O STF vai aproveitar, sim,
os atos processuais já feitos em instâncias inferiores.
 O fim do mandato implica na mudança de competência. Ilustração: Deputado
Federal  crime no mandato  após o fim do mandato, haverá o deslocamento
do processo para a instância devidamente competente, isso em virtude do
cancelamento da Súmula 394 do STF (em 1999). Portanto, não prevalece a ideia
da atualidade do foro em relação ao mandato. Findo o mandato, o processo é
deslocado para instância inferior, não permanecendo na Suprema Corte > o foro
privilegiado pertence ao CARGO e não à pessoa.
 Exceção à regra acima: dezembro de 2007: deputado federal da Paraíba, Cunha
Lima, mandou matar o governador de seu estado; não conseguiu; foi processado
no STF. Cinco dias antes do julgamento, Cunha Lima renunciou ao mandato
(observando a Súmula 394) para ser julgado pelo Tribunal do Júri da Paraíba.
Então, pela primeira vez, Joaquim Barbosa levantou a tese do abuso de direitos e
fraude processual. O deputado ficou 3 anos em silêncio durante a tramitação do
processo do STF, para, a 5 dias do julgamento na corte suprema, renunciar. A
tese de Barbosa relativiza a Constituição Federal para que esta não possa ser
utilizada contra si mesma. Gilmar Mendes foi contra a tese, dizendo que o
deputado tinha o direito constitucional de renunciar e, portanto, de ser julgado
pelo Tribunal da Paraíba. A tese não foi maioria, mas merece destaque por ter
iniciado o debate acerca do tema. Em 2010, o mesmo tema volta ao foco do
STF, com o caso Natan Donadon, quando este renunciou ao mandato 1 dia antes
do julgamento do processo no STF, com o intuito de mandar o julgamento para
o Tribunal da Rondônia. Carmem Lúcia invocou a tese do abuso de direitos e da
fraude processual e, desta vez, a mesma tese saiu vencedora do plenário do
Supremo. A partir daí, o STF passou a adotar a tese do abuso de direitos e fraude
processual, sendo o réu condenado a 13 anos de prisão. Portanto, a exceção é a
seguinte: se o parlamentar comete abuso de direito e a fraude processual, a

9
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

renúncia ao cargo não transfere o processo para a eventual competência devida.


Para determinar se isso (abuso e fraude) ocorreu, depende de cada caso (Eduardo
Azeredo, p/ex., renunciou sem que seu processo sequer estivesse na pauta de
julgamento do STF, por isso foi remetido à instância inferior – não houve,
portanto, abuso de direito e fraude processual).
 Concurso de Pessoas: se um parlamentar cometer o ilícito em concurso com
criminosos que não têm o foro especial, a competência para julgar vai depender
da conveniência da instrução processual. Acerca disso, o STF tem dois
posicionamentos: (1) o Supremo já decidiu que todos seriam processados na
suprema corte (exemplo do mensalão, AP 470 > fundamento na súmula 704 do
STF: não ofende o juiz natural, ampla defesa e devido processo); (2) em
2008,2009 e 2014, em vários julgados, o STF decidiu pelo desmembramento da
competência. Em suma, o STF adota em maior escala a segunda posição, qual
seja a do desmembramento processual.
 Informativo 525, 556 e 734 do STF.

Outras imunidades: (artigo 53)

- imunidade testemunhal: deputados e senadores não são obrigados a testemunhar,


desde que guarde relação com o mandato > artigo 53, §6º.

- imunidade no que tange à incorporação nas forças armadas (§ 7º). A CF diz que,
parlamentares militares, em tempo de Guerra, só poderão ser incorporados ás forças
armadas se a respectiva Casa autorizar.

* Observação: as imunidades parlamentares são irrenunciáveis? Sim, pois elas não são
dos indivíduos e sim do cargo que eles exercem. Tais mecanismos são inerentes ao
cargo, impreterivelmente. Portanto, para renunciar às imunidades o parlamentar deve
renunciar ao mandato.

* Observação 2 (olhar o artigo 56 da CF): se um deputado vira ministro de Estado, e,


portanto, deputado licenciado, ele perde as imunidades, pois as imunidades são do cargo
de parlamentar. Porém, o STF, no MS 25.575/2005, decidiu que o Parlamentar, quando
assume o cargo de ministro, não carrega o bônus das imunidades, mas carrega o ônus de
poder perder o cargo de deputado por quebra de decoro enquanto Ministro > caso do
José Dirceu, que perdeu o cargo de deputado federal por atos praticados como Ministro.

10
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

Comentário > a interpretação é incoerente, ele deveria ter sido processado por
responsabilidade administrativa, já que não estava exercendo o cargo de parlamentar. O
deputado tem que manter o decoro mesmo licenciado, entendeu o STF.

- imunidade no Estado de Defesa/ Estado de Sítio: os parlamentares NÃO perdem as


imunidades nessas circunstâncias. Existe uma exceção: no Estado de Sítio, perde-se a
imunidade se preenchidos os três requisitos: (1) praticar atos fora do Congresso
Nacional, (2) esses atos têm que ser incompatíveis com as medidas do Estado de Sítio e
as casas têm que aprovar a perda de imunidade por dois terços (3).

 Impedimentos parlamentares: (artigo 54)

- Artigo 55 da CF  hipóteses da perda de mandato (seis hipóteses):

1) Infringir o artigo 54;


2) Atividade incompatível com o decoro parlamentar (quebra de decoro
parlamentar);
3) Deixar de comparecer a um terço das sessões legislativas ordinárias numa
legislatura;
4) Perda ou suspensão dos direitos políticos;
5) Decretação pela Justiça Eleitoral;
6) Condenação criminal transitada em julgado (no STF).

*Procedimentos:

 Nos casos das hipóteses 1, 2 e 6, a perda de mandato é decidida pela CASA


por maioria absoluta (257 na Câmara e 41 no Senado). A votação é aberta,
desde a EC 76/2013 (olhar caso do Natan Donadon). Antes era secreta.
 Nos casos das hipóteses 3 e 5, a perda de mandato será declarada pela mesa
da Casa, de ofício ou por provocação (partido político com representação no
Congresso Nacional). Votação aberta.

___________________________________________________________________

Processo Legislativo:

1- Conceito: Conjunto de regras (fases e atos pré-definidos) que visam a produção


(elaboração) de normas em nosso ordenamento.

11
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

2- Espécies normativas: primárias, do artigo 59 da CF. Ou seja, são as espécies


constitutivas de novo direito para o ordenamento jurídico, a saber:
 Emendas constitucionais;
 Leis complementares;
 Leis ordinárias;
 Leis delegadas;
 Medidas Provisórias (obs.: as MPs não surgem do processo legislativo, já
vêm prontas do Poder Executivo – ressalta-se que as MPs não estavam
elencadas no texto original do art. 59. Por conta disso, aduz-se que o
constituinte acolheu as MPs neste dispositivo da CF porque elas, apesar de
elaboradas pelo Executivo, devem ser aprovadas pelo Legislativo);
 Decretos legislativos;
 Resoluções do legislativo.
3- Tipos de processo legislativo (pelo aspecto técnico-jurídico – o aspecto político não
será abordado):
I) Processo legislativo ordinário (visa produção das leis ordinárias);
II) Processo legislativo sumário (dotado de maior celeridade – também
chamado de regime de urgência constitucional  art.64, §1º):
o Características: i) deflagrado por solicitação do Presidente da
República em matérias de sua iniciativa (privativa ou concorrente);
ii) pelo caráter sumário, o prazo é de 45 dias na Câmara, 45 dias no
Senado e 10 dias para a apreciação das Emendas > prazo máximo do
processo é de 100 dias; iii) se houver o descumprimento do prazo, a
sanção é de que todas as matérias da Casa descumpridora serão
sobrestadas (paralisadas) até que se vote o processo legislativo
sumário > exceção: exceto as matérias com prazo
constitucionalmente determinado (exemplo: Medidas Provisórias,
que têm o prazo constitucional de 60 dias e LDO – Lei de Diretrizes
Orçamentárias); iv) o prazo de tramitação do processo legislativo
sumário é suspenso no recesso; v) esse processo sumário não se
aplica à projetos de Códigos, tendo em vista que é impossível
elaborar um Código Penal ou Civil, p.ex, em 100 dias; vi) existe
também, além do regime de urgência constitucional, o regime de

12
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

urgência regimental (previsto no regimento das Casas) que é


deflagrado por solicitação dos PARLAMENTARES, e não do
Presidente da República, e é ainda mais rápido do que o regime de
urgência constitucional (a exemplo da Câmara, o regimento
estabelece que nesses casos há a necessidade de apenas 02 sessões
para que a urgência seja aprovada pela Mesa da Câmara – se houver
recurso da decisão da Mesa, a urgência deve ser aprovada pelo
Plenário).
III) Processo legislativo especial:
 EC;
 Leis Complementares;
 Leis delegadas;
 Medidas Provisórias;
 Decretos legislativos;
 Resoluções.
IV) Fases do Processo Legislativo: há aqui 03 fases:
1ª. Fase = iniciativa > faculdade atribuída a um ente para iniciar o processo,
pode ser: parlamentar, extraparlamentar, privativa (artigo 61, parágrafo 1º e
art. 93), concorrente (art.61 caput), conjunta (difícil de ser realizado, muitos
interesses de complicada conciliação) >> apresentação da proposição, onde o
processo é deflagrado; fase introdutória;
2ª. Fase = constitutiva > tramitação; é a fase onde há discussão e
deliberação. Segundo entendimento da corrente majoritária, aqui é o
momento em que nascem as novas espécies normativas do ordenamento
pátrio;
3ª. Fase = complementar > integração de eficácia >> promulgação +
publicação >>> conclusão do processo.
V) Análise do processo legislativo: partindo do processo ordinário, analisemos
as três fases:

- Projeto de Lei Ordinária (processo legislativo ordinária

- 1ª Fase = iniciativa (introdutória)  Projeto de Lei Ordinária (PLO) é apresentado


à Casa Iniciadora. Obs.: A Casa Iniciadora deve sempre ser a Câmara dos
Deputados quando o PLO for de iniciativa: (i) do Presidente da República; (ii) do
STF; (iii) Dos Tribunais Superiores e (iv) de iniciativa popular (art.61 §2º e
art.64 caput).

13
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

- 2ª Fase = constitutiva. Essa fase envolve as duas casas do Congresso Nacional e a


Presidência da República (de antemão reitera-se que o veto/sanção faz parte da fase
constitutiva)  PLO chega à Mesa da Casa Iniciadora  Recebe uma numeração,
deve ser lido em Plenário, publicado no Diário Oficial e em avulsos (impressos de
projetos e documentos relacionados ao processo legislativo)  Presidente da Casa:
1) juízo de admissibilidade; 2) regime de tramitação; 3) comissões.

1. Juízo de admissibilidade:

 Formalidade do PLO (deve ser barrado sem a devida formalidade, com


única exceção do projeto de iniciativa popular, que será levado à CCJ);
 Análise regimental (se o PLO não contraria o regimento interno);
 Verificação de competência da Casa;
 Constitucionalidade do PLO (se não é evidentemente inconstitucional).

2. Regime de tramitação: observa-se o art.58, §2º, I da CF:

 Regime tradicional = deliberado em Plenário (se aprovado em Plenário


por maioria simples  segue para a Casa Revisora / se rejeitado em
Plenário  arquivado, nos termos do art.67).
 Regime conclusivo = deliberado no âmbito interno das Comissões (se
aprovado por maioria simples  segue para a Casa Revisora / se
rejeitado  arquivado, nos termos do art. 67).

3. Comissões: determina por quais Comissões o PLO passará (mesmo que


colocado em regime tradicional para deliberação em Plenário, os PLO passam
pelas Comissões). É OBRIGATÓRIO PASSAR PELA CCJ – COMISSÃO DE
CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA (controle de constitucionalidade, legalidade,
jurisdicidade, regimentalidade, técnico). A CCJ pode dar pareceres terminativos,
ou seja, se verificar uma irregularidade, tem o poder de arquivar o PLO.

* OBS.: contra essas decisões do Presidente da Casa, cabe recurso se alcançado


a assinatura de 1/10 dos membros da mesma Casa – art.58, §2º, I.

Se aprovado em Plenário (Regime tradicional de tramitação) ou no âmbito das


comissões (regime conclusivo de tramitação)  Mesa da Casa Revisora 
Presidente da Casa Revisora = mesmos procedimentos adotados pelo Presidente
da Casa Iniciadora > obs.: se na Casa Iniciadora for determinado o Regime
de Tramitação Tradicional (deliberado em Plenário), o PLO deve seguir o
mesmo rito na Casa Revisora. Portanto, o Presidente da Casa Revisora tem
uma discricionariedade reduzida, nesse sentido. Também na Casa Revisora é
necessário passar pela CCJ.

14
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

- Passando pela Mesa da Casa Revisora, o PLO segue seu curso de acordo com o
Regime de Tramitação, e será deliberado nas Comissões ou em Plenário (com a
exceção grifada acima).

- Se no momento deliberativo da Casa de revisão o PLO for REJEITADO 


arquivado (nos termos do art.67).

- Se no momento deliberativo da Casa de revisão o PLO for APROVADO com


EMENDAS, ele retorna à Casa Iniciadora para posterior análise:

 Emendas aditivas = acrescentam algo ao texto da proposição principal;


 Emendas supressivas = retiram algo do texto da proposição principal;
 Emendas aglutinativas = aquela que resulta da fusão do texto de outras
emendas ou que propõe fundir texto de emenda com texto da proposição
principal;
 Emendas modificativas = propõem alterações pontuais ao texto da
proposição principal, mas não alteram sua essência;
 Emendas substitutivas = substituição do texto da proposição principal – é
uma alteração material;
 Emendas de reparação = reparação da linguagem ou da técnica
empregada na proposição principal.

- A Casa Iniciadora deve analisar as Emendas propostas pela Casa Revisora (não
é necessário analisar todo o PLO novamente, apenas as emendas)  se as
Emendas forem rejeitadas pela casa iniciadora, segue o PLO original para a
sanção presidencial. Se as Emendas forem aprovadas pela casa iniciadora,
segue o PLO emendado para o gabinete presidencial. Ou seja, a palavra final
é da Casa Iniciadora (art.65).

* Obs.: STF O Supremo, em algumas oportunidades, relativizou o parágrafo


único do art.65 da CF, ao entender que somente as Emendas que trazem
alterações substanciais ao PLO devem retornar para a análise da Casa Iniciadora.
Portanto, emendas de redação, por exemplo, que são puramente formais, não
necessitam de regressar à Casa inicial para deliberação – MS 23679 STF.

- Restando superada todas as análises do PLO e suas emendas pelo Congresso


Nacional (casa iniciadora + casa revisora), forma-se o autógrafo (documento
oficial com o texto em definitivo da norma aprovada pelo Congresso) e este é
enviado para o gabinete da Presidência da República, para sanção (aquiescência)
ou veto (art. 66).

 Na mesa presidencial:

15
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

Pode ser sancionado ou vetado.

- Sanção:

 Fase de aquiescência (concordância) – sanção.


 Prazo decisivo: 15 dias! Se o Presidente sancionar assinando o PLO até
15 dias, a sanção será expressa; se não assinar a contra o PLO (veto),
dentro do prazo de 15 dias, a sanção será tácita;

Sanção expressa 15º dia sanção tácita

* obs.: para a doutrina majoritária, a sanção presidencial é um ato constitutivo,


pois é o que transforma o PLO em Lei!

 Sanção total ou parcial

- Veto:

 Discordância com o PLO;


 Da leitura do §1º do art. 66, o veto pode ser jurídico (a), político (b) ou
jurídico-político (c):
a) Jurídico = PLO inconstitucional;
b) Político = PLO contrário ao interesse público;
c) Jurídico-político = PLO inconstitucional + contrário ao interesse
público.
 Características do veto:
1. Expresso = somente expresso, nunca tácito;
2. Motivado = deve ser devidamente fundamentado, sob pena de ser
nulo;
3. Formalizado = reduzido à forma escrita adequada;
4. Texto integral = o texto da proposição do PLO vetado é sempre
integral, ou seja, veta-se artigo completo, parágrafo completo, alínea
completa, etc. Não é possível vetar só algumas expressões da redação
– caso contrário o Presidente estaria legislando;
5. Irretratável = uma vez vetado, não há volta por parte do Presidente;

16
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

6. Supressivo = somente subtrai do PLO, jamais acrescenta, a fim de


evitar que o Presidente legisle;
7. Relativo = não é absoluto, é passível de superação pelo Congresso
Nacional;

 É possível que o Presidente vete apenas parte do Projeto. Desta maneira, a


parte não vetada (sancionada) será promulgada e publicada. Retornará ao
Congresso somente os dispositivos vetados;
 Uma vez que o Projeto passa pela Presidência, esta, ao encaminhar seus
vetos para análise parlamentar, já encaminha na forma de Lei, não de
PLO;
 Portanto, o Congresso recebe o(s) veto(s) presidenciais da Lei, e tem 30
dias corridos após o recebimento deste(s) pela Mesa do Congresso
Nacional para votar se mantém ou derruba o(s) veto(s), por maioria
absoluta em votação aberta (estipulado pela EC 76/2013) e sessão
conjunta. Se o Congresso Nacional não o fizer dentro do prazo, o veto vai
automaticamente para a ordem do dia da primeira sessão seguinte,
paralisando todas as outras matérias do Congresso Nacional em sessão
conjunta.
* obs.: corrente majoritária  veto = natureza legislativa, visto que ocorre
no decorrer do processo legislativo.

 Sintetizando a fase constitutiva (2ª fase):

17
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

• Recebido pela Mesa da Casa Iniciadora > Presidente da Casa: juízo de


admissibilidade, Regime de Tramitação, Comissões;
• Aprovação do PLO pela CCJ e por deliberação parlamentar;
Casa • Aprovação ou não das emendas da Casa Revisora (seta preta) - obs: pode haver
Iniciadora emendas ao PLO original ainda na Casa inicial, mas passará a fazer parte do PLO.

• Recebido pela Mesa da Casa Revisora > Presidente da Casa: juízo de admissibilidade,
Regime de Tramitação (exceção se ja vier em Regime Tradicional da Casa Revisora),
Comissões;
Casa • Aprovação do PLO pela CCJ e por deliberação parlamentar + inclusão de emendas
Revisora (seta laranja)

• No caso de sanção (expressa ou tácita) total > promulga-se a nova Lei;


• No caso de sanção parcial ou veto (expresso) > volta a Lei ao Congresso Nacional
Presidente (seta azul)
da •Promulgação/publicação da Lei após aprovação/rejeitação das emendas pelo
Congresso (seta vermelha).
Republica

3ª fase = complementar  integração de eficácia da espécie normativa 


promulgação + publicação:

 Promulgação = atestado de que a ordem jurídica foi inovada com a mais recente
Lei => ato meramente declaratório! (Lembrando que o ato constitutivo de novo
direito ocorreu na 2ª fase);
 Publicação = oficialização para todo o território nacional  força vinculante da
Lei:
 A lei entra em vigor na data de sua publicação;
 Vacatio legis – 45 dias;
 A própria Lei estabelece um determinado prazo para sua publicação.
 Obs.: A promulgação e a publicação não precisam ser feitas conjuntamente. É
possível que ocorra a promulgação apenas, num primeiro momento, e
posteriormente a publicação.

 Processos legislativos especiais:

1. Projeto de Lei Complementar – PLC:

- Espécie normativa primária sobre matérias taxativamente previstas na Constituição


Federal + quórum diferenciado para aprovação: maioria absoluta (PLO é maioria
simples).

18
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

- Esse processo é estudado a partir das diferenças para com o PLO. Principais
diferenças:

 Diferença material = LC (Lei Complementar)  exige matéria prevista


taxativamente (expressamente) pela CF. Ex.: § único do art.22; § único do
art.79; art.93 caput /// LO (Lei Ordinária)  é de matéria subsidiária na CF
(expressões como: “nos termos da Lei”, “segundo a Lei”, “em hipóteses que a
Lei estabelecer).
 Diferença formal = LC  maioria absoluta (art.69); /// LO  maioria simples;
 Diferença no regime de tramitação = LC  SEMPRE tradicional, SEMPRE em
Plenário (orientação regimental) /// LO  tradicional ou conclusivo.

2. Lei Delegada – LD:

- Espécie normativa elaborada pelo Presidente da República em virtude de autorização


do Poder Legislativo nos limites impostos por este. Doutrina majoritária: lei delegada =
delegação externa de função legiferante  o legislador delega ao Poder Executivo a
faculdade de fazer leis > ideia desenvolvida na Europa, em virtude de questões que
envolvem tempo, necessidade e circunstâncias transacionáveis (essa ideia baliza a
existência de leis delegadas no ordenamento pátrio – por vezes, o legislador acaba não
tendo condições de legislar, e delega essa função).

1. Fase iniciativa: deflagrada pela iniciativa solicitadora > o Presidente da


República solicita junto ao Congresso Nacional;
2. Fase Constitutiva: apreciação da solicitação pelo Congresso Nacional, em sessão
conjunta, por maioria simples, após a solicitação ter passado por parecer de
comissão especial mista. ATENÇÃO: NÃO É POSSÍVEL LEIS
DELEGADAS SOBRE AS MATÉRIAS ESPECIFICADAS NO ART.68,
§1º!!.
Se a solicitação for aprovada, a delegação será efetivada por uma
RESOLUÇÃO do Congresso Nacional, fixando o conteúdo, os termos e os
limites da delegação (art.68, §2º);
 Tipos de delegação:
 Própria: aquela delegação em que o Legislativo, mediante resolução,
autoriza o Presidente a elaborar o Projeto de Lei e, posteriormente,

19
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

promulgar e publicar a Lei; é um verdadeiro cheque em branco para o


Executivo;
 Imprópria: aquela delegação em que o Legislativo, mediante resolução,
autoriza o Presidente a elaborar o Projeto de Lei que, posteriormente,
será enviado ao Congresso Nacional para apreciação em votação única,
vedada a apresentação de emendas (§3º do art.68)!
3. Fase Complementar: se, após a delegação imprópria, o Congresso aprovar o
Projeto de Lei (sessão única e conjunta), este segue automaticamente para a
promulgação (não há sanção, obviamente) e publicação (não necessariamente
em conjunto com a promulgação).
4. OBS.: Controle político: Após todo esse processo, ainda é permitido ao
Congresso sustar a Lei Delegada que já está no ordenamento jurídico, nos
termos do art. 49, V, sob a alegação de que o Presidente excedeu a delegação.
Essa sustação opera com efeito ex-nunc, ou seja, não retroage – somente a partir
desse momento e para o futuro, suspende-se a eficácia da Lei Delegada. No
entanto, quem for prejudicado por um longo tempo de efeito da Lei Delegada
prejudicial, pode judicializar a questão e conseguir efeito ex-tunc.

3. Medida Provisória – MP:

- Ato normativo excepcional elaborado e editado pelo presidente da República, com


força de lei (não é lei, tem apenas força de Lei), sob fundamento de relevância e
urgência, que deve ser apreciado pelo Congresso Nacional no prazo de 60 dias,
prorrogáveis mais 60 dias. Art.62, §1º => matérias vedadas para a edição de MP.

- Importante: Quando o Presidente encaminha a MP ao Legislativo, esta passa por um


exame de parecer elaborado por uma comissão mista de deputados e senadores (art.62,
§9º). Após o parecer favorável, a aprovação não se dá em sessão conjunta, como é o
caso das Leis Delegadas. A deliberação da MP se inicia na Câmara dos Deputados
(art.62, §8º).

- MARCO PARA O ESTUDO DAS MP’s: EC 32/2001:

 Antes da EC:
 Prazo para tramitação e validade das MPs era de 30 dias;

20
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 O STF permitia a reedição de MPs, caso não apreciada no prazo de 30 dias >
era vantajoso pro Presidente, pois graças à inércia legislativa, suas MPs
seguiam se revalidando;
 Prazos da MP (30 dias) não eram suspensos no recesso;
 Não existia regime de urgência;
 Deliberação realizada em sessão conjunta do Congresso Nacional.
 Depois da EC:
 Prazo para apreciação de 60 dias, prorrogáveis mais 60 dias; passados 120
dias, se a MP não foi aprovada pelas duas Casas, ou se não foi rejeitada
expressamente por uma das Casas, ocorre a rejeição tácita;
 Proibido a reedição de MPs (rejeição tácita);
 Prazo de tramitação é suspenso no recesso, no entanto, ainda que com
tramitação suspensa, a MP continua válida e vinculando condutas. Portanto,
na prática, apesar da formalidade determinar o prazo máximo de 120 dias, a
MP pode demorar mais de 120 dias para ser analisada. OBS.: o prazo no
recesso pode voltar a correr por convocação extraordinária (art.57, §8º).
 Existe regime de urgência (nos moldes do art.62, §6º)  após o 45º dia de
tramitação da MP, na Casa em que estiver para análise, TODAS AS
MATÉRIAS DA CASA ficarão sobrestadas (paralisadas) até que se vote
a MP.
 Deliberação das MPs, primeiro na Câmara, depois no Senado.

- As MPs podem ser aprovadas com ou sem emendas:

 MP aprovada SEM emenda:


 Presidente publica a MP  Congresso Nacional (Mesa)  Comissão Mista
Temporária (12 dep, 13 sem) – parecer  Câmara dos Deputados – maioria
simples aprova  Senado – se aprovado por maioria simples  Presidente da
República publica a Lei Ordinária (MP vira Lei Ordinária);
 MP aprovada COM emenda:
 Presidente publica MP  Congresso Nacional (mesa)  comissão mista
temporária (12 dep, 13 sen) – o Congresso tem 06 dias para apresentar emendas
(resolução 01/2002 do CNAC) – parecer sobre a MP + parecer sobre as
Emendas apresentadas – se aprovadas por maioria simples  projeto de lei de
conversão  Câmara dos deputados – aprovada  Senado – aprovada  a MP

21
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

com emendas aprovadas pelo CNAC é convertida em Projeto de Lei Ordinária


 sanção ou veto do Presidente da República – sanciona  promulgação 
Lei ordinária OU – VETO  art.66.
 É importante ficar atento para a diferença entre a MP aprovada sem emendas e a
MP aprovado com emendas, pois a maior diferença está NO FINAL do
processo.

- Rejeição da MP:

 Expressa = ocorre no iter (no decorrer) da tramitação, dentro de um prazo de 60


dias, prorrogados mais 60 dias:
MP 50º dia Rejeição = rejeição expressa!  ex-tunc!
 Tácita = ocorre após a tramitação da MP, após o prazo de 60 dias e prorrogados
mais 60 dias, em virtude da MP não ter sido aprovada pelas duas casas, ou
rejeitada expressamente por uma delas:
MP 120º dia - = rejeição tácita!  ex-tunc!
 EFEITO EX-TUNC  REJEIÇÃO DE MP É RETROATIVA, PERDE
EFICÁCIA DESDE A EDIÇÃO  Artigo 62, §3º.
 Obs.: art.62, §3º  a perda de eficácia por rejeição da MP deve ser sanada por
DECRETO LEGISLATIVO do CNAC (para regular as relações jurídicas
pendentes por causa da MP rejeitada). No entanto, o art.62, §11, estabelece que
se o CNAC não editar o decreto no prazo estipulado, os efeitos da MP rejeitada
serão conservados para as relações prejudicadas.

4. Processo de elaboração de uma Emenda Constitucional (EC):

1. Conceito: é uma espécie normativa que exige um procedimento e quórum


especiais e que, se aprovada, agrega ao texto constitucional (torna-se norma
constitucional). A única diferença entre as normas constitucionais originárias e
uma EC, é que as ECs podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
2. O procedimento: Projeto de Emenda Constitucional (PEC);
 1ª fase (iniciativa): Art.60, I, II e III;
 2ª fase (constitutiva): Art.60, §2º;

22
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 3ª fase (complementar): Art.60, §3º.

(1) Apresentação da PEC pelos agentes capacitados (vamos supor que fora
protocolada na Câmara dos Deputados)  (2) Mesa da Casa  (3) CCJ –
juízo de admissibilidade; se não admitida, arquivada; se admitida  (4)
Comissão especial temporária: em 40 sessões, deve elaborar um parecer
sobre a PEC, na Casa onde foi protocolada a PEC; se aprovada  (5)
Plenário da Casa – se aprovada em DOIS TURNOS, por TRÊS QUINTOS
 (6) Senado (Mesa)  (7) CCJ do Senado > juízo de admissibilidade +
parecer (ao contrário da CD); se admitida  (8) Plenário do Senado – se
aprovada por 3/5 e em DOIS TURNOS  (9) Promulgada pela Mesa da
Câmara e pela Mesa do Senado! As duas têm que assinar (obs.: não há que
se inserir a mesa do CNAC nesse processo). Se uma das duas mesas não
assinar, não há EC (cabe MS para o caso da não assinatura).
*OBS: no Senado não há comissão especial, apenas análise da CCJ (as Casas
têm modus operantis diferentes).
**OBS: EC rejeitada não pode ser apreciada no MESMO ANO (art.60, §5º).

5. Decretos legislativos:

- Espécie normativa de competência exclusiva do CNAC (Congresso Nacional) que


vincula matérias, em regra, com efeitos externos ao Poder Legislativo.

 Exemplo: art. 62, §3º e art.49, I, III e IV.

- Não há sanção ou veto do Presidente da República .

6. Resoluções legislativas:

- Espécie normativa, de competência privativa do CNAC, da Câmara ou do Senado, que


vincula matérias, em regra, com efeitos internos ao poder legislativo.

 Exemplo: aprovação do Regimento Interno das Casas; perda de mandato (como o


parlamentar vai deixar o ambiente parlamentar).

*obs.:: existem exceções de Resoluções com efeitos externos > nos casos de Leis
Delegadas, é necessária uma resolução do CNAC, que regule a delegação ao Presidente
da República, art. 68, §2º.

- Não há sanção ou veto do Presidente da República.

23
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 O poder Executivo:

1. Funções:

 Típica: administrativa;
 Atípica: Legislativa = art.62 (Medidas Provisórias) e art.68 (Leis Delegadas) +
Judiciária = contencioso administrativo (processos administrativos julgados
internamente pela administração direta ou indireta).

2. Composição:

 Presidente da República:
1. Requisitos:
 Brasileiro nato;
 Gozo dos direitos políticos;
 Filiado a algum partido;
 Idade mínima de 35 anos.
2. Modo de investidura:
 Sistema eleitoral majoritário complexo (maioria absoluta) 50%
dos votos válidos (não contam os brancos e nulos). Em caso de não
ocorrer, convoca-se segundo turno. Obs.: se em segundo turno, um
dos dois candidatos morrer, p.ex, convoca-se o terceiro candidato
mais votado e seu respectivo vice (ou seja, o vice do candidato que
morreu não concorre e tampouco o partido pode indicar um novo
nome);
 Mandato: 04 anos, com possibilidade de uma única reeleição. Obs.:
CF 88  originalmente, o mandato era de 05 anos; com a ER
(EMENDA DE REVISÃO) 05/94, passou a ser de 04 anos e, com a
EC 16/97, a reeleição passou a ser permitida.
 Linha sucessória = Presidente, VP, Preside Câmara, Presidente
Senado, Presidente do STF / Instituto da Dupla vacância = ocorre
quando há falta do presidente e do vice-presidente, de forma
definitiva (morte, impeachment, reprovação das contas eleitorais)

24
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

assume o presidente da Câmara, de forma temporária, para


convocar eleições diretas (+ de 02 anos para findar o mandato) em 90
dias ou indiretas (- de 02 anos para findar o mandato) num prazo de
30 dias, votando o CNAC (colégio eleitoral – herança da ditadura) 
quem assumir nessas ocasiões, apenas completará o mandato restante
(mandato tampão).
3. Atribuições = rol exemplificativo da CF (art.84): funções de chefia de
Estado (art.84, VII, VIII e IX) e funções de chefia de Governo (art.84, I a
VI).
 Vice-presidente:
1. Requisitos: os mesmos do Presidente;
2. Modo de investidura: conjuntamente com o Presidente;
3. Atribuições:
 Funções próprias (sucessão do Presidente de modo definitivo,
substituição do Presidente de modo temporário, participação no
Conselho da República e no Conselho de Defesa e outras funções
definidas em lei complementar);
 Funções impróprias (missões especiais a serem designadas pelo
presidente da República)  Art.79, parágrafo único.
 Ministros de Estado (auxiliares do Presidente da República na direção da
Administração Federal):
1. Requisitos: brasileiro (nato ou naturalizado – exceção do Ministro da Defesa,
que tem de ser obrigatoriamente nato) + gozo dos direitos políticos + idade
superior a 21 anos;
2. Modo de investidura: livre nomeação do Presidente da República (porém,
também é de livre desoneração  cargos demissíveis ad nutum – a qualquer
momento e sem necessidade de motivo).
3. Atribuições: rol exemplificativo previsto no art. 87 da CR.
4. Observações: Foro privilegiado  ministros são julgados pelo STF por
crime de responsabilidade autônomo e por crimes comuns > Se o crime de
responsabilidade for conexo com o Presidente da Repúblicas, os ministros
são julgados pelo Senado Federal.
5. STF: ADI 3289  Presidente do Banco Central se transformou em cardo de
Ministro de Estado.
25
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Conselho da República (art. 89 e art.90): órgão superior de consulta do


Presidente da República, que emite pareceres não vinculantes, consultivos.
Membros natos: Presidente, VP, Presidente da Câmara, Presidente do Senado,
líderes da maioria e minoria da Câmara dos Deputados, líderes da maioria e
minoria do Senado, Ministro da Justiça + 06 cidadãos brasileiros natos maiores
de 35 anos (02 indicados pelo Presidente, 02 eleitos pelo Senado, 02 eleitos pela
Câmara) com mandato de 03 anos, sem recondução.
 O Conselho da República versa sobre intervenção federal, estado de
defesa, estado de sítio, estabilidade das instituições democráticas;
 Podem receber Ministros se houver pauta relacionada com o respectivo
ministério.
 Conselho de Defesa: órgão de consulta do Presidente da República, que emitem
pareceres não vinculantes. Membros natos: Presidente da República + VP +
Ministro da Justiça + Ministro da Defesa + Ministro das Relações Exteriores +
Ministro do Planejamento + Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.
 Conselho de Defesa opina nas hipóteses de declaração de guerra e
celebração da paz, e sobre a decretação do estado de defesa, estado de
sítio e intervenção federal, além de propor sobre os critérios e condições
de utilização de áreas essenciais para a segurança nacional e propor
ações que garantam a independência nacional e o Estado Democrático.

______________________________________________________________________

 Crimes do Presidente da República:

- Imunidades:

 Material = Presidente NÃO tem imunidade material, ou seja, não é inviolável


civil e penalmente por suas palavras e opiniões;
 Formal = Presidente tem imunidade formal em relação à prisão e em relação ao
processo:
 Prisão: não pode ser preso enquanto não sobrevier sentença penal
condenatória, nos termos do art. 86, §3º da CR. Nesse aspecto, a
imunidade presidencial é melhor do que dos parlamentares, visto que o
presidente não pode ser preso sequer em flagrante;

26
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Processo: só pode ser processado por crime de responsabilidade pelo


Senado, ou por crime comum no STF, em ambos os acasos após a
autorização de 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados (a Câmara
faz o juízo de admissibilidade tanto nos crimes comuns quanto nos
crimes de responsabilidade)– ou seja, mais uma vez, a imunidade
processual do presidente é melhor que a dos parlamentares, que podem
se tornar réus em processos no Supremo sem a autorização das Casas
(EC 35/2004);
 Cláusula de irresponsabilidade penal relativa = art. 86, §4º 
Estritamente ligada ao âmbito penal. Essa cláusula determina que o
Presidente só pode ser responsabilizado penalmente no seu mandato por
atos praticados em ofício ou em razão do ofício (propter officium). Esse
dispositivo visa blindar o Presidente. Ao fim do mandato, ele pode ser
responsabilizado. Ou seja, por mais grave que o crime seja, se não
guardar relação com o mandato presidencial, o Presidente não será
responsabilizado na vigência de seu diploma. Uma discussão do
dispositivo é se se suspende a prescrição ao longo do mandato: os
constitucionalistas defendem que a prescrição seja suspensa e volte após
o fim do mandato (ao contrário dos processualistas, que costumam
entender pela não suspensão da prescrição).

- Crime de responsabilidade:

 Conceito: são infrações político-administrativas (segundo doutrina majoritária


– há divergência sobre a matéria), definidas em legislação FEDERAL, praticadas
pelo Presidente que atentam contra a Constituição e, em especial, contra o rol do
art. 85 da CR
 STF: súmula vinculante 46 do STF: Os crimes de responsabilidade serão sempre
definidos em legislação federal, e suas normas de julgamento também devem ser
definidas em legislação federal. SEMPRE em legislação federal (não podem os
Estados, p.ex, determinar o que é crime de responsabilidade em suas constituições).
Lei 1.079/1950 (Lei do Impeachment: Presidente, Ministros, Governadores) +
DC (decreto Lei) nº 201/67 (Impeachment dos Prefeitos).

27
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Observação = o rol do artigo 85 é MERAMENTE EXEMPLIFICATIVO, e não


taxativo, ou seja, o Presidente pode cometer crime de responsabilidade se agir
contrariamente a outras normas constitucionais não especificadas no artigo. No
entanto, há que se ressaltar, que o crime de responsabilidade deve ser estritamente
legal, sendo necessário haver, portanto, uma reserva legal, como é o caso da Lei
1.079.
 Procedimento de processamento dos crimes de responsabilidade
(impeachment) = 02 FASES: uma fase na Câmara, outra fase no Senado:
1. Câmara dos Deputados: Juízo de Admissibilidade = autorização de 2/3 dos
membros para o prosseguimento do procedimento.
2. Senado: Presidente processado e julgado = quórum de 2/3 dos membros da Casa
para a condenação.
 Sanções:
1. Impeachment = perda do cargo (termo com origem inglesa, mas importado do
presidencialismo estadunidense);
2. Inabilitação para o exercício de funções públicas por 08 anos (nota-se: a
inabilitação é sanção, não uma mera consequência).
 Considerações importantes:
1. Para ter o processo no Senado, a CD (Câmara dos Deputados) tem que admitir.
Para a CD admitir, tem que haver uma denúncia, e esta pode ser feita por
qualquer cidadão, nos termos do art.14 da Lei 1.079/50;
2. Quem decide se a denúncia/acusação será recebida é o Presidente da CD. O
presidente da Casa tem total liberdade para decidir sobre o pedido. ADPF 378:
O presidente da Câmara deve observar em sua apreciação se a denúncia é inepta
(descabida) se ela tem regularidade formal e, também, justa causa (muito
subjetivo); portanto, segundo o STF, a análise não é meramente burocrática, pois
envolve, além da regularidade formal, a justa causa.
3. O STF decidiu, ainda na ADPF 378, que o Presidente da República não tem
direito a defesa prévia, antes do Presidente da Casa decidir sobre a denúncia,
isso não afeta o contraditório e a ampla defesa, dado ao número de sessões
destinadas com este fim de defesa, posteriormente;
4. Também decidiu o STF, na mesma ADPF, que os impedimentos do processo
penal não se aplicam ao presidente da Casa, na fase de apreciação da denúncia.

28
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

O requerente da ADPF argumentou que Eduardo Cunha não poderia decidir


sobre o processo por estar na iminência de sofrer um processo no Conselho de
Ética, e o STF decidiu que isso não se aplicava ao caso.
5. Após o recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara, a decisão será lida
em Plenário e será designada uma Comissão Especial de 65 deputados para dar
um parecer sobre o processo de impeachment;
6. Será concedido o direito de defesa ao Presidente da República por 10 sessões.
Após a defesa, o parecer é apresentado e votado na Comissão Especial, por
maioria simples. Posteriormente, o parecer aprovado é submetido a Plenário
para deliberação sobre a autorização do prosseguimento do processo (Juízo de
Admissibilidade da Câmara, com quórum de 2/3 da CD), com votação aberta e
nominal.
7. Após a aprovação da Câmara, o procedimento é enviado ao Senado e este não é
obrigado a iniciar o processo por conta da decisão da CD. Anteriormente ao
processo de Dilma, a doutrina majoritária entendia que o Senado era obrigado,
sim, a julgar após a decisão da Câmara. Na ADPF 378, o STF, por meio de
teoria do relator Luís Roberto Barroso, foi contrariado o entendimento
doutrinário majoritário, decidindo que o processo, efetivamente, pertence ao
Senado, e que este deve decidir se vai ou não instaurar o processo (a fase da
CD é pré-processual);
8. Nesses termos, conforme a ADPF 378, cabe ao Senado decidir se inicia ou não o
processo (quórum de maioria simples no Senado, e não por maioria absoluta),
fazendo um novo juízo de admissibilidade, onde o Plenário vota o parecer de
uma Comissão Especial constituída por ¼ dos Senadores, 21 membros
(momento acusatório). No caso Dilma, o Senado aprovou a instauração do
processo por 55 votos.
9. Se o Senado inicia o processo, o Presidente é suspenso de suas funções por 180
dias;
10. O processo no Senado terá a participação da acusação e da defesa e será
conduzido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, que também será o
Presidente do Julgamento;
11. No julgamento, conduzido pelo Presidente do STF, teremos novamente a
presença da acusação e da defesa;

29
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

12. No julgamento, haverá a necessidade de 2/3 (54 senadores) para a condenação


do Presidente;
13. No caso Collor, foi alegado que existia uma pena principal e uma pena acessória
ao crime de responsabilidade (tese de Paulo Brossard > pena principal:
impeachment, pena acessória: suspensão dos direitos políticos). Por isso, Collor
renunciou para não sofrer as penas, sobretudo a pena acessória. Os senadores
decidiram que ambas as penas eram principais e autônomas e, portanto, se
Collor não poderia sofrer o impeachment (pois renunciou), o julgamento poderia
proceder para julgar a pena da inabilitação para as funções públicas por 08 anos.
14. Collor recorreu ao STF, que decidiu que a decisão do Senado era válida na
medida em que o Senado é instância originária e ÚNICA para julgar crime
de responsabilidade, ou seja, não existe recurso para o STF. O STF não
entra no mérito da decisão, apenas decide sobre os procedimentos.
 Obs.: no caso dos governadores: Lei 1.079/1950, art.74 e seguintes: denúncia crime
de responsabilidade  Maioria absoluta da Assembleia Legislativa  Suspensão de
suas funções  Julgamento em um Tribunal Especial (05 membros do Legislativo +
05 desembargadores + Presidente do TJ)  2/3 do Tribunal Especial  perda do
cargo + inabilitação por 08 anos (por força da Lei da Ficha Limpa).
 Obs.: no caos dos Prefeitos: DL 201/67  art.4º  denúncia crime de
responsabilidade  Julgamento da Câmara de Vereadores  admissibilidade por
maioria simples  processamento  condenação por 2/3 da Casa  perda do cargo
+ inabilitação por 08 anos (por força da Lei da Ficha Limpa).

______________________________________________________________________

O Poder Judiciário:

1. Funções:

 Típica: jurisdicional
 Atípicas: i) Administrativa (art.96, I, b,c,d,e,f); ii) legislativa (art.96, I, a);

2. Garantias:

 Institucionais: autonomia funcional (art.96), autonomia administrativa (art.96),


autonomia financeira (art.99);

30
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 A organização do Poder Judiciário deve ser normatizada pelo Estatuto da


Magistratura estipulado em Lei Complementar pelo STF, é o que diz o art. 93 da
CF. No entanto, tal Lei ainda não foi elaborada, e o dispositivo que rege o Poder
Judiciário é a LOMAN (Lei Orgânica da Magistratura Nacional), LC
35/1979, que foi recepcionada pela CF.
 Pros membros:
 Vitaliciedade (possibilidade do magistrado só perder o cargo por decisão
judicial transitada em julgado). No primeiro grau da magistratura, será
adquirida após dois anos de efetivo exercício da atividade (cumprimento
do estágio probatório). Antes da vitaliciedade, é possível perder o cargo
por decisão administrativa do tribunal. Obs.: nos tribunais, a
vitaliciedade é adquirida no momento da posse (quinto constitucional,
por exemplo).
 Inamovibilidade: determina que o magistrado só pode ser removido, ou
promovido, por vontade própria, ou seja, não pode ser
promovido/removido de ofício. Exceção: o magistrado poderá ser
removido por interesse público, mediante decisão da maioria absoluta do
tribunal no qual ele está alocado ou da maioria absoluta do CNJ (art.93,
VIII; art.103-B, §4º, III).
 Irredutibilidade de subsídios: subsídios não podem ser reduzidos
nominalmente no contracheque. Irredutibilidade nominal ou jurídica >
art.93, VIII; 103-B, §4º, III.
 Outras garantias = vedações do artigo 95:
 Qualquer outra função ou cargo público, com exceção da de magistério
(professor) – olhar entendimento do STF sobre esse inciso.
 Não pode receber custas processuais, nem participações em processos;
 Não pode se dedicar à quaisquer atividades políticas;
 Não pode receber nenhum tipo de auxílio ou contribuição (pecuniária ou
não pecuniária), de pessoa física ou jurídica, salvo as previstas em Lei;
 Exercer a advocacia no tribunal do qual se afastou antes de decorridos 03
anos.

3. Composição e estrutura:

31
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

Instância
extraordiná
ria STF *

Instância
especial STJ * TST TSE STM

2ª TRF TJ/TJM TRT TRE


instância

Auditoria
JF JD JT JE
1ª Militar
instância

JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA ESPECIALIZADA

* ÓRGÃOS DE SUPERPOSIÇÃO: O STF e o STJ não são Justiça Comum nem


Justiça Especial (especializada)!

- 1ª instância (olhar organograma) = são os Juízes Monocráticos (com exceção da


auditoria militar, que é colegiada em conselhos de justiça): juiz federal (JF), juiz de
direito (JD), juiz do trabalho (JT), juiz eleitoral (JE) + Auditoria Militar (colegiado).

- 2ª instância (olhar organograma) = órgãos colegiados em tribunais: Tribunal Regional


Federal (TRF), TJ (Tribunal de Justiça), TJM (Tribunal de Justiça Militar), Tribunal
Regional do Trabalho (TRT), Tribunal Regional Eleitoral (TER). Obs.: a Justiça Militar
da União, não tem um órgão nesse nível; é o Superior Tribunal Militar (STM) quem faz
o papel de segunda instância, apesar de ser um Tribunal Superior.

- Instância especial = são os Tribunais Superiores: Superior Tribunal de Justiça (STJ),


Tribunal Superior do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) + Superior
Tribunal Militar (STM), que é um Tribunal Superior com papel de 2ª instância,
conforme visto. Todos os Tribunais Superiores têm sede em Brasília!

- STF: julga casos controversos que contenham matéria constitucional (via recurso
extraordinário) + controle de constitucionalidade concentrado.

1. Competências mais relevantes (o rol completo no art. 102):


 Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI);
 Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC);
 Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF);

32
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 Representação e representação interventiva;


 Infrações penais comuns: Presidente, VP, parlamentares do Congresso
Nacional, seus próprios ministros e o PGR;
 Nas infrações penais comuns E nos crimes de responsabilidade: Ministros de
Estado + Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica (exceto quando
os crimes de responsabilidade destes forem conexos ao presidente da
república – julgamento pelo Senado) + membros dos Tribunais Superiores +
membros do TCU (Tribunal de Contas da União) + chefes de missão
diplomática permanente;
 Habeas Corpus (HC) quando coator for algum Tribunal Superior;
 Mandado de Segurança (MS) contra atos daqueles que possuem foro
especial;
 Litígios de Direito Internacional envolvendo União, Estado ou Distrito
Federal;
 Causas entre a União e os Estados, União e o DF, ou entre os próprios entes;
2. Composição e indicação: art.101:
o 11 Ministros;
o Indicados pelo Presidente da República;
o Necessária aprovação de maioria absoluta do Senado Federal
3. Observação: SÚMULAS VINCULANTES DO STF > Art. 103-A: 2/3 de seus
membros.

- O STJ: Atua nas causas controversas julgadas pelos tribunais federais comuns e pelos
tribunais estaduais.

1. Competência (Art. 105):


 Art.105, I:
 Recursal: recurso ordinário + recurso especial:
 Recurso ordinário (Art.105, II): 1) HC denegado advindo de TRF ou TJ; 2)
MS denegado por TRF ou TJ; 3) Estado Estrangeiro ou organismo
internacional x município ou residente no País.
 Recurso Especial (Art.105, III): cabe quando há decisão judicial que: 1) for
contrária a tratado/lei federal; 2) julga válido ato de governo local
contraposto a alguma lei federal; 3) atribua a uma lei federal outra
interpretação já dada por outro Tribunal.

33
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

2. Composição: Art. 104:


 Mínimo de 33 Ministros, brasileiros, mais de 35 anos e menos de 65;
 1/3 de Juízes dos TRF’s, indicados em lista tríplice pelo próprio STJ;
 1/3 dentre os desembargadores dos TJ’s, indicados em lista tríplice pelo
próprio STJ;
 1/3 dentre advogas e membros do Ministério Público federal, estadual, do
DF e territórios, alternadamente, indicados em lista sêxtupla pelos
respectivos órgãos, na forma do art.94!

Obs.: Art. 94 = Quinto Constitucional!

“Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos
Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de
membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de
advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez
anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos
de representação das respectivas classes.”

 A nomeação presidencial dos membros do STJ necessita do crivo da maioria


absoluta no Senado Federal!

- TST (Tribunal Superior do Trabalho): matéria trabalhista.

o EC 45/2004 – Alterou a composição do TST;


o Composição: Art.111-A:
 27 Ministros;
 Brasileiros, mais de 35 anos e menos de 65;
 Nomeação do Presidente > aprovação do Senado, maioria absoluta;
 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de carreira e membros do
Ministério Público do Trabalho (MPT), com mais de 10 anos de exercício
(Quinto constitucional – art.94);
 Demais membros dentre juízes do TRT, de magistratura de carreira, indicados
pelo próprio TST.

- TSE (Tribunal Superior Eleitoral): matéria eleitoral.

1. Competência: a Justiça Eleitoral têm sua competência fixada em Lei


Complementar, de acordo com o art.121;

34
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

2. Composição: art. 119:


 07 membros: 03 ministros do STF eleitos por voto secreto pelo próprio STF
+ 02 ministros do STJ eleitos por voto secreto pelo STJ + 02 advogados
nomeados pelo Presidente, em lista sêxtupla elaborada pelo STF;
 Cada ministro é eleito para um biênio, sendo proibida a recondução após
dois biênios consecutivos;
 O Presidente nomeia apenas os dois advogados;
 Não é necessária a aprovação do Senado.

- STM x TJM: Justiça Militar:

 Diferença: O STM (Superior Tribunal Militar) é a Justiça Militar da União, e ao


lado das Auditorias Militares (1ª instância), julga os membros do Exército,
Marinha e Aeronáutica, além de civis, nos casos de crimes militares impróprios,
cometidos por militares e civis, como o peculato. Já o TJM, julga apenas
policiais militares e bombeiros, em cada Estado.
 OBS: O TJM só existe em três Estados do Brasil: SP, MG e RS. No restante dos
Estados, o julgamento militar é feito por câmaras especializadas – art.125, §3;
 A Justiça Militar Estadual exerce a 1ª e 2ª instância, enquanto a Justiça Militar
da União tem a primeira instância nas Auditorias Militares e a segunda instância
no STM.
 Composição do STM: art. 123:
 15 Ministros;
 10 militares + 05 civis (01 juiz auditor – militar, 01 membro do Ministério
Público Militar, 03 advogados com mais de 10 anos de exercício
profissional);
 Escolhidos pelo Presidente da República;
 Necessária aprovação de MAIORIA SIMPLES no Senado (ao contrário
dos outros Tribunais Superiores, o quórum é menos qualificado).

 O Conselho Nacional de Justiça (CNJ):

 Não estava no texto original da Constituição > criado pela EC 45/2004;


 Composição: art.103-B da CF;

35
Direito Constitucional II – Robson Gonçalves Valadares Filho, 2016/01.

 O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, mas não tem função jurisdicional (há uma
grande crítica a isso: somente no Brasil um órgão como o CNJ é puramente
administrativo). É PURAMENTE ADMINISTRATIVO;
 Competências do CNJ: art. 103-B, §4º!
 Controle administrativo e financeiro do Poder Judiciário;
 Controle da atuação e deveres funcionais dos juízes (corregedor);

OBS.: STF, ADI 3.367 = O STF é órgão supremo do Poder Judiciário brasileiro e não
está submetido às deliberações do CNJ. O Supremo tem um regime especial. Inclusive,
compete ao STF julgar as ações contra o CNJ.

36

Anda mungkin juga menyukai