Esquema-síntese a partir de
«Para Uma Sistematização Didática das Leituras Interpretativas
do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett», de J. C. de Oliveira Martins1
1. Leitura genética
Observações:
1
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/candid12.rtf
Esta interpretação procura relacionar o conteúdo de Frei Luís de Sousa com a vida
de Almeida Garrett.
Observações:
As semelhanças entre o drama de Frei Luís de Sousa e o da vida do autor não são
verdadeiramente necessárias à compreensão da obra. Toda a obra literária exige uma
análise interna. Além disso, a criação supõe a capacidade de distanciação ou
fingimento.
3. Leitura religiosa
Observações:
4. Leitura genológica
Esta interpretação centra-se nas discussões sobre o género literário.
— Garrett descreveu a sua própria obra falando de uma espécie de hibridismo quanto
ao género: um drama romântico na forma e trágico na sua «índole».
— Características da tragédia clássica que a obra não observa: assunto antigo (o
assunto é português e do século XVI), uso do verso (a obra de Garrett é escrita em
prosa) e divisão em cinco atos (Frei Luís de Sousa apresenta três atos).
— Características da tragédia clássica de que Frei Luís de Sousa se aproxima: a
determinação da história por leis superiores, a observação (com ligeiros desvios) à
lei das três unidades (espaço, tempo e ação concentrados) e o facto de os papéis
de Telmo Pais e Frei Jorge se assemelharem ao do coro da tragédia grega.
— Procedimentos técnico-compositivos da obra de Garrett:
Desenvolvimento da ação em três atos: exposição do conflito (Ato I),
desenvolvimento e clímax (Ato II) e desenlace trágico (Ato III);
Observação:
5. Leitura político-sociológica
Segundo esta interpretação, a peça constitui uma crítica à situação política da época.
— Tal como nas Viagens na Minha Terra, Garrett daria expressão, em Frei Luís de
Sousa, à sua visão pessimista sobre o contexto político da sua época, marcado pelo
autoritarismo de Costa Cabral.
— O governo de Costa Cabral chegou a censurar alguns aspetos da peça,
nomeadamente o gesto revolucionário de Manuel de Sousa Coutinho.
— Existem semelhanças entre o governo autoritário de Costa Cabral e o período da
ocupação castelhana.
— Alguns críticos (Teófilo Braga) viram na presença do sebastianismo um sinal de
esperança. Para outros (Jacinto do Prado Coelho), o sebastianismo não seria tão
importante como o valor do patriotismo, ostensivamente representado na figura
de Manuel de Sousa Coutinho.
Enquanto obra literária, Frei Luís de Sousa não pode ser lido como mero documento
político-social. No entanto, o patriotismo de Manuel de Sousa representa, certamente,
a vontade política do próprio Almeida Garrett.
A personagem central da obra, pelos conflitos que vive, é Telmo Pais (leitura de
António José Saraiva). Telmo simboliza a alma fragmentada do autor (vive a crença no
regresso do amo e nutre um grande afeto por Maria). Telmo mata o passado por
solicitação do próprio amo.
Alguns autores destacam a oposição entre o «eu» social, construído na suas múltiplas
máscaras, e o «eu» profundo, real — uma oposição que estaria representada nas
personagens de Madalena e Telmo. O sacrifício de Manuel de Sousa Coutinho
constituiria uma síntese deste conflito, significando, ao mesmo tempo, a reabilitação
de Garrett perante a sua filha e a sociedade.
Observações: