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D I S C I P L I N A Astronomia

Galileu e a
nova Física

Autores

Auta Stella Medeiros Germano

Joel Câmara de Carvalho Filho

aula

09
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
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Projeto Gráfico Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ivana Lima Thaísa Maria Simplício Lemos
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Revisores de Estrutura e Linguagem Banco de Imagens Sedis - UFRN
Eugenio Tavares Borges Fotografias - Adauto Harley
Jânio Gustavo Barbosa Stock.XCHG - www.sxc.hu
Thalyta Mabel Nobre Barbosa

Revisora das Normas da ABNT


Verônica Pinheiro da Silva

Divisão de Serviços Técnicos


Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”

Carvalho Filho, Joel Câmara de.


   Astronomia: Interdisciplinar  /  Joel Câmara de Carvalho Filho, Auta Stella de Medeiros Germano. – Natal,
RN: EDUFRN, 2007.
   300 p. : il.

1. Astronomia.  2. Sistema Solar.  3. Fenômenos astronômicos.  4. Astrofísica.  5. Cosmologia. 


I. Germano, Auta Stella de Medeiros.

ISBN
CDD 520
RN/UF/BCZM 2007/54 CDU 52

Copyright © 2007  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação

N
esta aula, estudaremos as grandes mudanças ocorridas na Ciência, particularmente
na Física e na Astronomia, durante os séculos XVI e XVII. Com a divulgação do
sistema heliocêntrico de Copérnico e a revisão das idéias e conceitos aristotélicos,
astrônomos e matemáticos como Tycho Brahe, Johannes Kepler, Galileu Galilei e Isaac Newton
puderam desenvolver uma teoria do universo baseada não apenas em hipóteses, mas em
observações e experimentos. Assim, nasce a Ciência Moderna e o método científico como
o conhecemos hoje. Veremos a revisão dos conceitos de Aristóteles sobre o movimento
dos corpos e as conseqüências disso nas novas idéias introduzidas por Galileu e suas
grandes descobertas.

Objetivos
Entender as idéias de Aristóteles sobre a constituição do
1 universo e sobre o movimento dos corpos no ambiente
terrestre e no mundo dos objetos celestes.

Descrever as críticas feitas à Física aristotélica por Galileu


2 e os experimentos realizados por ele, os quais constituem
o advento do método científico e da Ciência Moderna.

Conhecer as contribuições de Galileu para a Astronomia


3 com a utilização pioneira do telescópio.

Aula 09  Astronomia 


A teoria aristotélica
sobre o movimento

V
ocê deve estar lembrado que, como mencionamos na aula anterior, Aristóteles
(Figura 1) acreditava que o mundo terreno ou sublunar (a Terra e todos os objetos
que nela existem) era formado pelos quatro elementos fundamentais: terra, água, ar
e fogo. Esses elementos possuíam lugares bem definidos no Universo que seriam o “lugar
natural” de cada um. Por outro lado, o cosmos e os objetos celestes eram compostos por
um quinto elemento chamado “quintessência”, o qual conferiria um caráter de perfeição aos
corpos celestes e ao cosmos ou mundo supralunar, em contraposição ao caráter imperfeito
do mundo sublunar.

Ele acreditava que o movimento dos objetos era determinado pela natureza da substância
da qual era feito. Por exemplo, uma pedra caía no chão porque a pedra e o chão eram feitos
de uma substância similar, no caso, “terra”. Ou, ainda, a pedra caía porque o lugar natural dos
corpos pesados era o centro do Universo e era por essa razão que ali estava a Terra (Figura
2). Quanto mais pesado um corpo, mais terra ele continha e mais rápido caía no chão.

FONTE: <http://web.hao.ucar.edu/public/education/sp/images/
aristotle.html>  Acesso em: 18 jun. 2007.

Figura 1 - O filósofo Aristóteles

No caso da água, ela se espalhava pelo chão porque seu lugar natural é a superfície da
Terra. As gotas de chuva que estão no ar caem em direção à Terra sobre a qual está a água,
seu lugar natural. As bolhas de ar na água subiam à procura da camada de ar que fica mais
alta. A fumaça subia porque, sendo feita de ar e fogo, procuraria estar junto do ar e longe da
terra e da água. Por sua vez, como o fogo fica na esfera mais alta acima de nós, as chamas
queimam para cima.

 Aula 09  Astronomia


Primeiro motor

FONTE: (PEDUZZI, 1996, p. 53).


Esfera das estrelas fixas
Esferas planetárias
Fogo
Ar
Água
Terra

Figura 2 - A estrutura do Universo segundo Aristóteles

É importante também notar que, para Aristóteles, os objetos mais pesados teriam uma
tendência maior de atingir o seu lugar próprio original. Dessa forma, o corpo mais pesado
cairia mais rapidamente que o mais leve. Como veremos mais adiante, essa idéia, juntamente
com outros conceitos da Física aristotélica, foi contestada experimentalmente por Galileu.

Para Aristóteles, os diferentes objetos que encontramos no mundo terreno, sublunar


(em oposição ao mundo da esfera celeste, supralunar), são constituídos de diferentes
proporções dos quatro elementos fundamentais terra, água, ar e fogo. Assim, um objeto
pode ser mais ou menos pesado de acordo com a proporção que possua de cada um dos
quatro elementos.

Em relação à quintessência, considerada a substância mais perfeita, os corpos celestes


que dela eram feitos deviam executar um movimento também perfeito no céu, ou seja, o
movimento circular.

Por outro lado, no seu modelo geocêntrico, Aristóteles propunha que, para além de
todas as esferas celestes, para além da esfera das estrelas fixas, havia o que ele chamava
de Primeiro Motor. Este era o motor imóvel que impulsionava todas as coisas sem que ele
mesmo se movesse. Os corpos celestes eram impulsionados em suas esferas de fora para
dentro pelo Primeiro Motor, o qual os fazia moverem-se numa trajetória circular perfeita com
velocidade constante.

Outro aspecto fundamental da Física aristotélica é que os objetos só se movem enquanto


forem empurrados. As esferas celestes se movem porque sofrem a ação do Primeiro Motor,
que está continuamente aplicando uma força às esferas mais externas e que faz se mover todo
o cosmos. Os objetos na Terra param de se mover se removermos a força a eles aplicada.

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Atividade 1
Um argumento contrário a essa teoria é: como explicar o fato de uma
flecha continuar se movendo no ar mesmo depois de deixar o arco e não
estando mais em contato com a corda que exerce a força que a impulsiona?
Tente explicar tal situação a partir das idéias de Aristóteles. Mais tarde,
indicaremos uma resposta.

Como você pode ver, na cosmologia aristotélica, cada coisa tem seu lugar, e ali deve
permanecer. Se você desloca um objeto de sua posição própria ou natural, ele tende a voltar
imediatamente para a mesma, por meio de um “movimento natural”. Por essa razão, um
objeto pesado quando elevado do chão cai de volta, pois o chão é o seu lugar “próprio”.
Essa lei aplica-se tanto aos objetos inanimados como às coisas vivas, de maneira que, por
exemplo, os pássaros voam e os peixes nadam porque essa é a sua natureza.

Note que a Física de Aristóteles está muito próxima do senso comum e da nossa
experiência quotidiana. É bastante freqüente pensar que não pode haver movimento sem força
e que força e velocidade são proporcionais. Contudo, para a Física Moderna, essas noções não
são corretas e as idéias de Aristóteles significaram um entrave ao desenvolvimento científico
durante toda a Idade Média. Como veremos a seguir, coube a Galileu demonstrar suas falhas
e erros e estabelecer um novo método de investigação da natureza e uma nova Física.

 Aula 09  Astronomia


Voltando à atividade 1, podemos oferecer uma explicação possível para o caso
da flecha com base na Física aristotélica. Ao se movimentar pelo ar, a flecha
criaria um vácuo atrás dela. O ar então tenderia a preencher esse vácuo e uma
força seria aplicada à flecha, impulsionando-a para frente.

A revolução de Galileu -
contexto histórico

A
s mudanças na visão de mundo predominante durante toda a Idade Média
tiveram lugar no período compreendido entre os séculos XVI e XVII. Profundas
transformações sociais ocorreram a partir do século XIV na Itália e aprofundaram-
se durante o Renascimento na literatura, artes plásticas, música, ciências, tecnologia,
cosmologia e filosofia. Uma verdadeira revolução científica acontece em tal período, fruto
de uma grande efervescência intelectual que propunha uma nova maneira de conhecer e
explicar o mundo. A humanidade redescobria o conhecimento greco-romano e rompia com
a tradição cristã medieval.

Nesse contexto, surge a figura de Galileu Galilei que, com suas idéias e pesquisas,
principalmente no campo da Astronomia e da Mecânica, formulou o método experimental e
estabeleceu os fundamentos da Ciência Moderna. No entanto, por sua audácia e determinação,
pagaria um preço bem alto. A reação da Igreja Católica ao movimento separatista da Reforma
Protestante, o qual questionou seus dogmas e práticas, veio com a Contra-Reforma,
intensificando a perseguição àqueles que desafiavam suas crenças. A Inquisição seria agora
implacável, não somente com feiticeiros e bruxas, mas também com os sábios e cientistas
cujas idéias fossem consideradas heréticas. Quem se atrevesse a propagar opiniões opostas
aos dogmas religiosos da Igreja era banido, torturado ou executado.

O homem medieval estava limitado às verdades contidas na Bíblia e não cabia a ele
questioná-las. O seu conhecimento tinha como fronteira a fé e a teologia. Segundo São
Tomás de Aquino, todas as coisas que, nas ciências, iam contra a verdade da teologia eram
condenadas como falsas. Com o Renascimento, abriram-se novos horizontes: separava-se a
“ordem divina”, a “ordem humana” e a “ordem natural”, de maneira que se podia investigar e
explorar a Natureza através da razão. O homem não mais contempla a Natureza para a glória
de Deus, mas pode agora intervir sobre ela e dominá-la.

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Galileu Galilei -
uma breve biografia

G
alileu Galilei (Figura 3) nasceu em Pisa, Itália, no dia 15 de fevereiro de 1564. O pai
dele, Vincenzo Galilei, era músico e mercador e a mãe chamava-se Julia Ammanati
di Pescia. Galileu foi o primeiro dos seis filhos do casal. Apesar de ser descendente
de nobres florentinos, sua família não possuía muitos recursos. No início do anos 1570,
a família se mudou para Florença onde Galileu completou seus estudos. Seu pai era um
homem de cultura e desejava uma boa posição social para o filho. Assim, aos dezessete
anos, ele ingressou na Universidade de Pisa como estudante de Medicina. Contudo, após
dois anos Galileu abandonou o curso e descobriu a paixão pela Física e pela Matemática.

FONTE: <http://br.geocities.com/saladefisica9/biografias/
galileu.htm>  Acesso em: 22 jul. 2007.
Figura 3 - Galileu Galilei

Nessa época, mais precisamente em 1581, realizou suas primeiras observações:


estudou o movimento do pêndulo. Diz-se que, observando as oscilações do candelabro da
Catedral de Pisa, ele, sentindo o próprio pulso, usou os batimentos do coração para medir
o seu período. Mas, somente em 1602, fez a mais importante descoberta sobre o assunto.
Concluiu que a oscilação de um pêndulo apresenta uma freqüência constante que independe
da sua amplitude, um fenômeno chamado de isocronismo. Tal descoberta o levaria mais
tarde a estudos adicionais sobre os intervalos de tempo e o desenvolvimento de um relógio
de pêndulo.

Depois de abandonar a universidade contra a vontade do pai, Galileu voltou para


Florença em 1585, dedicando-se por conta própria ao estudo da Física. Suas pesquisas no
campo da Mecânica resultaram na invenção da balança hidrostática em 1586 que despertou
a atenção do grão-duque da Toscana, Fernando de Médici. Com isso, conseguiu um posto
para lecionar Matemática na Universidade de Pisa, em 1589. Mais tarde, em 1592, o cientista
mudou-se para Pádua, onde assumiu a Cátedra de Matemática com o apoio dos Médici.

 Aula 09  Astronomia


FONTE: <http://www.galileo.org.br/instrumentos.htm>  Acesso em: 23 jul. 2007.
Figura 4 - Balança hidrostática

Ao contrário de muitos dos cientistas contemporâneos de Galileu, ele não era apenas
um teórico, mas possuía também um senso prático. Um bom exemplo disso foi a invenção
da balança hidrostática, concebida quando ele tinha apenas 22 anos (Figura 4). Possuía um
grande interesse pela mecânica e costumava ir ao porto de Veneza, onde aprendeu muito
sobre a tecnologia da construção naval. Em 1594, o Senado de Veneza concedeu-lhe a
patente de uma bomba capaz de puxar água com o uso da tração de cavalos (Figura 5). Já
mencionamos anteriormente seus estudos sobre o isocronismo do pêndulo que levariam
à construção de relógio de pêndulo, cuja precisão era muito maior que a dos relógios
usados na  época.
FONTE: <http://www.galileo.org.br/instrumentos.
htm>  Acesso em: 23 jul. 2007.

Figura 5 - Maquete da bomba d’água de Galileu

Em 1593, Galileu inventou o termoscópio, um tipo primitivo de termômetro (Figura 6).


Ele acoplou um fino tubo de vidro a uma esfera oca também de vidro. A esfera era então
aquecida com as mãos e a extremidade do tubo submergido num recipiente com água.
Depois que a esfera era resfriada, a água subia pelo tubo. Desenvolvimentos posteriores,
atribuídos a outros inventores, incluíram a substituição da água por álcool e, depois, pelo
mercúrio e o uso de tubos fechados.

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FONTE: <http://www.galileo.org.br/instrumentos.htm>  Acesso em: 23 jul. 2007.
Figura 6 - Modelo do termômetro concebido por Galileu

Construiu também um instrumento (o setor) que auxiliava no apontamento preciso


dos canhões de artilharia (Figura 7). Como muitos estudantes de Galileu eram membros da
nobreza européia que, além dos temas tradicionais, precisavam aprender assuntos práticos,
ele os ensinava fortificação, cosmografia e o uso do setor. Em 1598, Galileu escreveu um
manual que ensinava o uso do setor e contratou um artesão para fabricar e vendê-lo a
seus discípulos.

FONTE: <http://brunelleschi.imss.fi.it/esplora/
compasso/dswmedia/storia/estoria1.html>
Acesso em: 23 jul. 2007.
Figura 7 - O setor desenvolvido por Galileu e seu emprego no apontamento de canhões

O mais importante instrumento do século XVII, que se constituiu num fator decisivo
para a revolução científica ocorrida naquele período, é sem dúvida alguma o telescópio. Ele
teve uma grande influência na controvérsia entre os defensores do modelo geocêntrico de
Ptolomeu e os defensores das idéias propostas por Copérnico no seu modelo heliocêntrico.
Pela primeira vez na história, o Homem estendia seus sentidos, o que permitia a qualquer um
observar e investigar os fenômenos naturais.

Pode-se dizer que o telescópio foi o protótipo dos instrumentos científicos modernos.
Contudo, o seu desenvolvimento não foi apenas obra de cientistas, mas, principalmente,
de artesãos, o que torna difícil a determinação exata da sua origem. As lentes já tinham

 Aula 09  Astronomia


sido introduzidas na Europa Ocidental no século XIII; com a melhoria da qualidade dos
vidros, houve um grande aperfeiçoamento na confecção de lentes; e, por volta de 1350,
já se construíam óculos para leitura. Estes eram feitos de lentes convexas que produziam
imagens aumentadas dos objetos. Óculos feitos com lentes côncavas foram usados para
corrigir a visão de pessoas míopes em meados do século XV. Um telescópio podia agora ser
construído usando uma combinação desses dois tipos de lente.

FONTE: <http://galileo.rice.edu/images/things/g_telescope.gif>
Acesso em: 23 jul. 2007.
Figura 8 - O telescópio de Galileu

Hoje, sabemos que os primeiros telescópios apareceram na Holanda. Em outubro de


1608, Hans Lipperhey e Jacob Metius requereram a patente de um dispositivo capaz de
“aproximar” coisas distantes. Era constituído de uma lente convexa e uma côncava colocadas
em um tubo, sendo essa combinação capaz de ampliar três ou quatro vezes. Instrumentos
similares se espalharam rapidamente pela Europa e, numa visita a Veneza em 1609, Galileu
ficou sabendo da invenção. De volta a Pádua, conseguiu adquirir um desses instrumentos
(Figura 8). Em agosto de 1609, ele apresentou ao senado veneziano um instrumento com
poder de aumento de oito vezes. Em outubro ou novembro do mesmo ano, usou um
instrumento com poder de aumento de vinte vezes para a observação do céu.

Com esse instrumento, Galileu observou a Lua (Figura 9), Júpiter e milhares de estrelas
não visíveis a olho nu. Em março de 1610, publicou um pequeno livro de 24 páginas sob
o título Sidereus nuntius (Mensageiro das Estrelas), no qual descrevia suas observações.
Constatou que a superfície da Lua não era perfeitamente lisa como se pensava até então,
mas cheia de montanhas, vales e crateras. Revelou também a descoberta das quatro luas de
Júpiter. Posteriormente, também observou as fases de Vênus, confirmando que este girava
em torno do Sol, as manchas solares e os anéis de Saturno que ele não conseguiu identificar
devido às limitações do seu telescópio.

Aula 09  Astronomia 


FONTE: <http://br.geocities.com/saladefisica9/biografias/galileu.htm>
Acesso em: 23 jul. 2007.
Figura 9 - Observações da Lua feitas por Galileu

Todas essas descobertas astronômicas realizadas em 1610 fizeram de Galileu um


homem famoso. Como conseqüência, foi designado matemático da corte do duque da
Toscana, em Florença no ano de 1611.

Nessa época, Galileu escreveu uma carta na qual argumentava que as passagens bíblicas
eram irrelevantes no contexto científico, e que a posição da Ciência não deveria depender
da fé religiosa. Em 1616, Galileu foi, pela primeira vez, proibido pela Inquisição, na pessoa
do Cardeal Bellarmino, de divulgar as idéias heliocêntricas de Copérnico. Ele ficou um longo
período em silêncio até publicar, em 1623, o livro Il Saggiatore (O Experimentador). Nesse
livro, expunha os princípios do raciocínio científico e do processo experimental.

Também em 1623, o Cardeal Barberini, amigo e patrono de Galileu, é eleito papa sob o
nome de Urbano VIII. No ano seguinte, Galileu vai a Roma e tem seis audiências com o papa.
Nessas conversas, Urbano VIII assegura que ele pode escrever sobre o sistema de Copérnico
desde que o considere apenas como uma hipótese matemática.

Mas, em 1632, seu livro intitulado Diálogos sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo
despertou a ira da Inquisição. O livro confronta os sistemas geocêntrico e heliocêntrico e
constitui-se numa defesa inconteste do sistema copernicano. Um longo processo tem então
início para apurar as acusações feitas contra ele. Uma comissão de Cardeais é encarregada
de examinar as acusações e Galileu, com quase setenta anos e muito doente, é preso e
ameaçado com torturas para que se retratasse das suas idéias. Chegou-se então a um acordo
pelo qual foi obrigado a negar suas idéias para escapar de ser queimado vivo como herege.
Finalmente, Galileu é condenado e colocado sob prisão domiciliar para o resto de sua vida.
Dizem que, após renegar sua convicção sobre o movimento da Terra, afirmando que ela não
se movia, teria murmurado em voz baixa: “Eppur si muove!” (“no entanto, ela se move!”).

Em meados de 1633, começa a trabalhar na sua segunda grande obra: Diálogos sobre
as Duas Novas Ciências, na qual lança as bases da Mecânica moderna. Nessa obra, analisa a
queda dos corpos e estabelece o princípio da inércia que seria depois usado por Newton na
concepção de sua teoria (ver próxima aula).

10 Aula 09  Astronomia


Galileu continua a realizar experimentos e fazer descobertas na sua residência em
Arcetri perto de Florença e, já completamente cego, morre em 8 de janeiro de 1642.

Um pouco da vida pessoal de Galileu


Galileu nunca se casou. Porém, teve uma relação com Marina Gamba, que ele
conheceu durante suas muitas viagens a Veneza. Moraram juntos em Pádua
onde tiveram três filhos: Virgínia, Lívia e Vincenzio. Em 1610, Galileu mudou-se
de Pádua para Florença. Ali, assumiu um posto na corte da família Médici. Ele
deixou o filho Vincenzio com Marina Gamba em Pádua e levou suas duas
filhas. Em 1613, Marina casou-se com Giovanni Bartoluzzi e seu filho foi morar
com Galileu em Florença. Nesse mesmo ano, ele decidiu colocar as filhas no
convento São Matteo. Virgínia e Lívia tornaram-se Irmã Maria Celeste e Irmã
Arcângela, respectivamente.

Galileu cultivou uma estreita relação de amizade com sua filha Maria Celeste. Eles
mantiveram uma extensa correspondência que demonstra o cuidado e carinho
que a filha tinha com o pai. Sua morte em 1634 deixou Galileu muito abalado.

Atividade 2
Liste as principais invenções de Galileu.

Aula 09  Astronomia 11


Atividade 3
Quais as mais importantes observações realizadas por Galileu com
o telescópio?

A Física de Galileu versus a


Física de Aristóteles

A
forma de pensar e ver o mundo passava por uma crise na Europa nos séculos XVI e
XVII. A visão medieval de Deus no centro do universo (visão teocêntrica) aos poucos
dava lugar a uma visão centrada no homem (antropocêntrica). O conhecimento e a fé
começavam a se separar e tinha início uma discussão entre os filósofos sobre a possibilidade
de um novo método baseado na experimentação.

Para melhor entender a diferença entre a nova Física que nasceu com Galileu, é importante
primeiramente notar que a Física aristotélica medieval é essencialmente qualitativa. Ou seja,
devemos conhecer a natureza das coisas, pois é isso que determina o seu comportamento.
No mundo terreno ou sublunar, o movimento de um corpo é determinado pela sua natureza
– uma pedra cai para baixo à procura de seu lugar natural junto ao elemento do qual é
constituída, ou seja, terra. Um corpo leve sobe porque, se composto de ar e fogo, procura o
seu lugar próprio, o qual está no alto.

Por outro lado, podemos explicar o movimento dos astros, um movimento circular
uniforme, devido à natureza perfeita dos mesmos. Os corpos celestes possuem movimentos
que são próprios da sua natureza perfeita e imutável. Daí eles se moverem eternamente
seguindo trajetórias circulares numa taxa uniforme. Giram eternamente em torno de um
centro comum fixo, ou seja, o centro do Universo, a Terra.

12 Aula 09  Astronomia


As observações astronômicas de Galileu revelaram que não existia diferença entre
o mundo supra e sublunar, entre o céu e a Terra. Os astros não pareciam ser feitos de
uma substância perfeita e imutável. Suas observações também confirmavam a hipótese de
Copérnico de que a Terra era apenas mais um planeta feito do mesmo material dos outros
planetas. As montanhas e vales vistos na Lua e as manchas solares, por exemplo, indicavam
que esses astros deveriam possuir a mesma natureza que as coisas na Terra e deveriam ser
governados pelas mesmas leis.

Além do mais, essas leis deveriam ter um caráter universal e quantitativo, em oposição ao
caráter qualitativo da Física aristotélica. O movimento deveria ser descrito matematicamente
a partir das medidas do espaço, tempo, massa e velocidade dos objetos estudados.

Galileu lançou as bases para o nascimento de uma nova Física que se constituiria num
“golpe mortal” para a Física e cosmologia aristotélica. Como veremos na aula 10 (Leis de
Kepler e a gravitação universal), coube a Isaac Newton fazer uma grande síntese e demonstrar
que as mesmas leis que regem o movimento dos corpos celestes se aplicam ao movimento
dos objetos na superfície da Terra.

O conceito de inércia de Galileu se opunha às idéias de Aristóteles acerca do movimento.


Voltando ao exemplo da flecha, esta continua seu movimento através do ar devido a sua
inércia. Da mesma forma, quando a força aplicada cessa de agir sobre um objeto que está
sendo empurrado sobre uma mesa ele atinge o repouso devido às forças de atrito.

As idéias de Galileu acerca do


movimento dos corpos
Nesta seção, apresentaremos as duas mais importantes idéias de Galileu sobre o
movimento, ou seja, a queda livre dos corpos e o conceito de inércia.

Corpos em queda livre


Na filosofia de Aristóteles, não existe efeito sem causa. Como já vimos anteriormente,
essa idéia aplicada aos corpos em movimento implica não poder haver movimento sem a
ação de uma força. Conseqüentemente, a velocidade seria proporcional à força. Como o
peso determina a velocidade, um objeto mais pesado cai mais rapidamente que um mais
leve. Assim, um objeto de 10 kg atingiria o solo num tempo 10 vezes menor que um de 1 kg
quando largados da mesma altura.

Aula 09  Astronomia 13


Atividade 4
Pegue uma folha de papel e um outro objeto mais pesado, como
1 um limão ou uma laranja. Solte os dois (movimento de queda livre)
simultaneamente de uma altura acima de sua cabeça. Escreva a
seguir qual dos dois atinge o solo primeiro. O resultado está ou não
de acordo com as idéias de Aristóteles?

Agora, amasse bem a folha de papel até ela tomar uma forma
2 aproximadamente esférica. Repita a experiência e escreva o resultado
observado.

A que conclusões você pôde chegar a partir desse experimento? Existe


3 alguma contradição com a teoria aristotélica para o movimento?

1.
sua resposta

2.

3.

14 Aula 09  Astronomia


O que na verdade Galileu conseguiu provar em sua época é que, quando desprezamos a
resistência do ar, os objetos sofrem a ação única e exclusivamente da aceleração gravitacional.
Como você verá mais adiante, ele ainda descobriu uma relação matemática para a queda dos
corpos analisando o problema de uma forma mais precisa.

Galileu discordava de Aristóteles no que concerne à queda dos corpos. Ele realizou


vários experimentos para testar a tese aristotélica e concluiu que objetos de pesos diferentes
caem com a mesma velocidade. Mostrou também que os objetos leves eram retardados por
causa da resistência do ar. Diz a lenda que Galileu realizou experiências largando balas de
canhão de diversos pesos do alto da torre inclinada de Pisa.

Partindo dos resultados advindos da experimentação, ele anunciou que na ausência do


ar, todos os corpos caem com velocidades iguais, não importando o seu peso ou forma. Tal
afirmativa é válida até os dias atuais.

Vemos aqui o triunfo do método científico introduzido na Ciência por Galileu, a forma
mais correta de estudar o mundo em nossa volta. Segundo esse método, o cientista deve
primeiro observar o fenômeno na sua complexidade e reduzir essa complexidade em elementos
mais simples capazes de serem traduzidos quantitativamente em linguagem matemática. Em
seguida, deve formular uma hipótese para sua explicação. Na etapa subsequüente, deve
fazer experimentos para testar a validade da sua hipótese e, finalmente, formular a sua teoria
sobre o fenômeno em questão.

Atividade 5
Comente os resultados que você obteve na atividade 4, considerando as
experiências e resultados obtidos por Galileu sobre a queda dos corpos.

Aula 09  Astronomia 15


Conceito de inércia
Outro resultado obtido por Galileu e, certamente, o mais importante foi o conceito
de inércia. Nossa experiência diária parece confirmar a hipótese de Aristóteles segundo a
qual o estado de repouso seria o estado natural dos corpos. Por outro lado, um corpo em
movimento estaria num estado forçado, ou seja, tem que continuamente sofrer a ação de
uma força. Se você colocar um livro sobre a mesa, ele ali permanecerá em repouso; se
empurrar o livro, ele se movimentará até o instante em que você parar de empurrar. Quando
a força cessa, o livro retorna ao seu estado natural de repouso. Assim, a Física aristotélica
defendia que para o corpo manter seu estado de movimento retilíneo uniforme é necessária
a ação de uma força.

Galileu, ao contrário de Aristóteles, pensava que o livro voltava ao estado de repouso


devido à força de atrito entre ele e a mesa. Se fosse possível eliminar o atrito entre as
superfícies, o livro continuaria em movimento retilíneo uniforme, mesmo depois de cessada
a ação da força que o colocou em movimento.

Galileu percebeu as dificuldades de fazer medidas precisas de espaço, tempo e


velocidade. Afinal, devido a um objeto em queda livre adquirir rapidamente uma velocidade
tão grande, tornava-se difícil fazer medições precisas com os instrumentos da época. Para
sanar tal problema, ele usou o que chamamos um “plano inclinado” sobre o qual a velocidade
de deslocamento de um objeto é bem menor.

Atividade 6
Nesta atividade, vamos reproduzir os experimentos de Galileu com o plano
inclinado. Tome uma tábua de aproximadamente 2 metros de comprimento,
coloque-a sobre uma superfície horizontal e numa de suas extremidades deixe
ela apoiada sobre um objeto de mais ou menos 5 cm de altura (uma pilha de
livros, por exemplo). Este é seu “plano inclinado”. Consiga uma esfera (uma
bola de gude), prenda uma fita métrica sobre a tábua e use um relógio para
fazer algumas medidas. Solte a esfera na parte mais elevada da tábua, deixe-a
rolar e tome nota de quantos centímetros ela se desloca no primeiro segundo
de tempo transcorrido desde que foi largada. Repita a medida para um tempo
transcorrido de 2 s, 3 s e 4 s. Escreva os resultados no quadro a seguir.

Tempo 1s 2s 3s 4s

Distância (cm)

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As distâncias deverão ser aproximadamente 12 cm, 49 cm, 110 cm e 196 cm.
O que faremos agora é verificar se existe uma relação matemática entre esses
números. Foi o que Galileu deve ter feito. Você poderia construir um novo
quadro como o seguinte:

Tempo 1s 2s 3s 4s

Distância 12 cm 4 x 12 cm 9 x 12 cm 16 x12 cm

4 = 2x2 9 = 3x3 16 = 4x4

Fator 22 32 42

Verifique que existe um fator multiplicativo que nos dá a distância percorrida


depois de 2, 3 e 4 segundos em função da distância percorrida no primeiro
segundo, ou seja, 12 cm. Vemos que o fator é igual ao tempo transcorrido
elevado ao quadrado. Podemos concluir que esse resultado também é válido
para um corpo em queda livre, pois, se aumentarmos a inclinação da tábua até
chegar a 90 graus, teremos a queda livre. Os tempos vão ficando menores, mas
o fator permanece o mesmo. Galileu concluiu que a distância percorrida por um
corpo em queda livre é proporcional ao quadrado dos tempos de percursos. 

Observação - Esta atividade é baseada no exercício encontrado no seguinte


endereço na internet: <http://www.fisicabrasil.hpg.ig.com.br/calculando.html>.
Acesso em: 23 jul. 2007.

Galileu usou o método experimental para demonstrar que um corpo mantém seu
estado de movimento retilíneo uniforme sem a necessidade da ação contínua de uma força,
contrariamente ao que defendia a Física aristotélica. Para tanto, largava uma esfera no
topo de um plano inclinado, deixava-a rolar através de uma superfície horizontal, para em
seguida subir por um segundo plano inclinado. As superfícies deveriam estar bem polidas
para minimizar o efeito do atrito. Ele notou que, à medida que diminuía a inclinação do
segundo plano, a esfera quase sempre atingia a mesma altura. Concluiu então que, na
ausência de atrito, se o declive do segundo plano fosse nulo e, portanto, horizontal, a esfera
rolaria indefinidamente.

Essas experiências com o plano inclinado levaram Galileu a concluir que existe uma
propriedade chamada inércia, tal que a tendência natural de um corpo é manter seu estado
de repouso ou seu estado de movimento retilíneo uniforme.

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Resumo
Nesta aula, estudamos as idéias de Aristóteles a respeito do movimento dos
corpos e vimos as grandes mudanças ocorridas na Ciência durante os séculos
XVI e XVII com a divulgação do sistema heliocêntrico e a revisão da cosmologia
aristotélica. Vimos que Galileu usou pela primeira vez o telescópio para observar
o céu e sugeriu que a constituição dos corpos celestes era semelhante aos
corpos terrestres; estabeleceu a lei que rege a queda livre dos corpos, introduziu
o conceito de inércia e formulou o método experimental que estabeleceu os
fundamentos da Ciência Moderna.

Auto-avaliação
1 O que pensava Aristóteles sobre o movimento dos corpos?

Faça uma breve descrição do contexto histórico que caracteriza o período das
2 mudanças no pensamento humano para as quais Galileu tanto contribuiu.

Como você descreveria o princípio da inércia desenvolvido por Galileu?


3
De acordo com as idéias de Galileu sobre a inércia, a afirmação de Aristóteles:
4 “Para manter um corpo em movimento, é necessário a ação contínua de uma força
sobre ele” é falsa ou verdadeira? Por quê?

Quais os principais resultados das observações de Galileu com o telescópio?


5
Descreva o método experimental usado por Galileu.
6

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Referências
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de Kepler. Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/fisica/movgrav.html>. Acesso em: 18 jul.
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sci_arttext>. Acesso em: 22 jul. 2007.

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Anotações

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