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EDUCAÇÃO PERMANENTE DOS PROFISSIONAIS DO SUAS (SISTEMA

ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL)

Nome do aluno

2. MARCO TEÓRICO

2.1 ORIGEM DO SUAS

Como já ressaltado por historiadores contemporâneos, a história da


ingerência do Estado na regulação das relações sociais no Brasil não se
diferencia dos padrões revelados pela experiência de outros países no que
tange o predomínio do capitalismo mercantil e o seu poder ideológico, mas no
Brasil temos peculiaridades conforme veremos no recorrer deste capítulo.
Como destaca Santos (1987, p.68), a primeira Constituição Brasileira,
de 1824, não apresenta nenhuma originalidade em relação às demais
constituições da época, no que diz respeito à problemática social. Constituição
esta que centrava seu passo com a modernidade do início do século XIX,
revelando-se reacionária e omissa quanto ao sistema de proteção social,
principalmente no problema do trabalho escravo. Mostrava-se a inexistência de
uma legislação que assegurasse a responsabilidade por parte do Estado,
provocando, de forma ainda embrionária, como uma resposta as inovações das
regras do jogo do processo de acumulação, o surgimento das associações
privadas, restritas a ofícios, tais como: 1834 - Sociedade Musical Beneficente e
1838 - Sociedade Animadora da Corporação de Obras.
Posteriormente, o poder público reconhece que a problemática social
não era de caráter privado e se mobiliza no sentido de organizar as primeiras
tentativas de proteção social em termos de categoria profissional, com base na
lógica do processo de acumulação. Surge então neste período (1888) a
tradicional Caixa de Socorro, promovendo pequenas ajudas durante o período
da doença, garantindo o auxílio funeral, amparando os empregados da estrada
de ferro do Estado.
Uma vez iniciado o processo de proteção social, a política republicana
amplia este sistema disseminando por extratos cada vez mais amplos da
sociedade e cobrindo incidentes cada vez mais diversos. As categorias
beneficiadas eram, a princípio, talvez, as “ocupações estratégicas do Estado”.
Desde o século XVIII, a filantropia e a Assistência Social associavam-
se intimamente às práticas de caridade no Brasil, pois dependiam de iniciativas
voluntárias e isoladas de auxílio aos pobres e desvalidos da “sorte”. Essas
iniciativas partiam das instituições religiosas que, sob o prisma da herança
moral cristã, dispensavam seus cuidados, oferecendo abrigos, roupas e
alimentos, em especial às crianças abandonadas, aos velhos e doentes em
geral.
Analisando o assunto, Sposati (2006) assevera que a presença de
formas laicas no campo da Assistência Social no Brasil se deu após a
Proclamação da República, tendo em vista a separação oficial da igreja com o
Estado, porém o conservadorismo de uma sociedade elitista foi mantido como
característica na formação sócio histórica brasileira.
Somente em 1988 é que a Assistência Social ganha um novo
significado e emerge no campo político e social. A pedra fundamental de sua
nova roupagem se deu com o advendo da Constituição, com a posterior
regulamentação de tais finalidades direcionadas aos setores mais vulneráveis
da população, foi editada a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) em
1993.
Juntos, ambos os diplomas enfatizam a assistência como política
pública de direitos de cidadania e dever do Estado. Todavia, a assistência é a
política que mais vem sofrendo restrições: morosidade na sua regulamentação
como direito (a Lei Orgânica só foi sancionada em 1993 e efetivada a partir de
1995); baixa cobertura; redução de recursos em vários projetos; e, finalmente,
reforço do caráter filantrópico e clientelista na condução da política, em
detrimento de seu fortalecimento como direito social e política integrante da
seguridade social (BOSCHETTI, 2003).
Diante dessas reflexões, analisam-se as especificidades e a
importância da implementação de uma política pública de Assistência Social no
Brasil, uma vez que o percurso foi diferente dos países centrais, no que
concerne à consolidação do Welfare State em suas modalidades, a partir da
discussão teórica de Titmus e de Esping-Andersen. Foi a partir da Segunda
Guerra Mundial que se consolidou de forma heterogênea nos países
desenvolvidos o Estado de Bem-Estar Social que no enfrentamento da questão
social vai aliar a política de pleno emprego ao salário justo, a criação de
serviços sociais extensivos a toda população.
No Brasil, no período anterior a 1930, denominado por Pereira (2002)
de período laissefariano, no conjunto das políticas sociais, as áreas que
tiveram maior atenção do Estado foram o trabalho e a previdência, mas de
forma precária e limitada.
Dentre as medidas adotadas destaca-se a criação da Lei Elói Chaves –
referente à previdência social, e as áreas da saúde, da educação e da
habitação que tiveram um tratamento residual. Com relação à política social,
ficou marcada a famosa frase do então presidente da República Washington
Luiz: “A questão social é questão de polícia”. As ações do Estado objetivavam
reparação de problemas emergenciais.
O Estado brasileiro, a partir da década de 1930, assume uma
intervenção reguladora frente à emergência da questão social, a qual passa a
exigir do Estado medidas de proteção necessárias para atender às demandas
decorrentes da industrialização nascente, do processo de urbanização, da
emergência de uma classe operária (YASBEK, 2006).
Nesse período, são criadas as primeiras medidas de proteção social,
como a consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), o salário mínimo, entre
outras com características controladoras, assistencialistas e paternalistas. A
intervenção reguladora do Estado representou, por conseguinte, um avanço em
relação às práticas filantrópicas que configuravam a assistência social até
então (YASBEK, 2006).
A regulamentação da Assistência Social iniciou-se com Vargas em
1938, com a criação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), com a
função de repassar subsídios às instituições privadas de amparo social. O
CNSS foi o primeiro órgão de Assistência Social regulamentado no país
(MESTRINER, 2001).
O Estado, pautado pelo princípio da subsidiariedade4, enquanto cria
legislação e organização de proteção social aos trabalhadores das categorias
mais reivindicativas, transfere à sociedade civil e à filantropia, as atenções à
grande massa de trabalhadores sem carteira assinada, inseridos no mercado
informal e desempregados, desenvolvendo diretamente para os mais pobres,
apenas ações emergenciais (MESTRINER, 2001).
Em 1942, em virtude da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial,
o governo brasileiro cria a Legião Brasileira de Assistência (LBA) com a
finalidade de prestar assistência e apoio às famílias dos soldados convocados
para a Guerra. Nesse período, torna-se visível a política de convênio com as
instituições de prestação de serviços assistenciais (YASBEK, 2006).
Esse período, denominado por Pereira (2002) de populista-
desenvolvimentista, retrata que:

A subordinação dos valores da equidade e da justiça social aos


interesses da maximização econômica impediu que o envolvimento
estatal na regulação e na provisão sociais viesse a significar
ponderável mudança no padrão da política social herdado do período
anterior. (PEREIRA, 2002, p. 130)

A partir de 1946, a LBA passa a atuar na assistência à infância e à


maternidade, distribuindo benefícios sociais, com caráter assistencialista,
visando à legitimação do Estado junto às classes mais pobres. A criação da
LBA caracterizou-se por ações paternalistas e de prestação de auxílios
emergenciais e paliativos à miséria, interferindo na sociedade e mobilizando o
trabalho voluntário, feminino, e a profissionalização dos assistentes sociais
(SPOSATI, 2006).
Com o processo da industrialização, houve um adensamento da
questão social e ao mesmo tempo um progresso da consciência sócio-política
dos trabalhadores, os quais começaram a pressionar por solução dos
problemas sociais. No período de 1945- 1964, o Estado, necessitando obter o
consenso e a hegemonia, estabelece uma política de colaboração entre as
classes, e medidas de antecipação das demandas sociais com finalidade de
controle social (SILVA, 2000).
A nascente industrialização no país favorece a uma organização de
sociedade em que a força de trabalho exige uma remuneração – o salário.
Inicialmente, a relação salarial estabelecida foi o que Castel (1995) denominou
de condição proletária, na qual o trabalhador estava submetido a condições de
trabalho com salário apenas suficiente para sua reprodução e de sua família.
Para Mestriner (2001, p.16):
[...] a assistência social vai se estruturando nas relações com a
sociedade civil e no interior do Estado, pois se constitui em práticas
passíveis de serem tratadas com 'sobras' de recursos, diferentemente
da política, que exige responsabilidade, compromisso e orçamento
próprio. Assim, o Estado vai persistentemente resistir em fazê-la
emergir de forma clara como política, o que só virá a acontecer no
Brasil com a Constituição Federal de 1988.

É no contexto de regime militar que a política social se constituiu em


ferramenta para o desenvolvimentismo. Com o golpe militar de 64, a política
social se tornou uma estratégia do governo, pois o Estado passou a estimular a
produção elevando o crescimento econômico. Mas, em compensação, houve
um empobrecimento absoluto da classe operária em todo o país, consolidando
a estrutura da desigualdade social.
No período compreendido entre 1964 e 1985, o Estado torna-se
tecnocrático e centralizado, e a política social integra o conjunto de estratégias
de governo. “De um lado, o estímulo à produção e a concentração de riquezas
e, de outro lado, a legitimação de um modelo de desenvolvimento considerado
como o melhor para a nação [...]” (SILVA, 2000, p.68).
Prado (2006) destaca que tal período tecnocrático militar apresenta um
modelo econômico concentrador e excludente, com destaque para a
valorização do capital estrangeiro e para o autoritarismo. Diante disso, o que se
analisa no país é o menosprezo pelas massas, valorização do capital e a
concepção de política social como uma decorrência do desenvolvimento
econômico.
Faz-se importante sinalizar que os programas sociais tinham como
principal objetivo atender aos interesses da economia de empresa, embora
integrados na ação do Estado. Foi um período de repressão aos direitos civis e
políticos (PEREIRA, 2002).
Data de 1966 a criação do Instituto Nacional de Previdência social
(INPS), que unificou os Institutos de Previdência num único organismo, ficando
a administração nas mãos da tecnocracia. Em 1974, os idosos pobres com
mais de 70 anos foram contemplados com uma renda mensal vitalícia no valor
de um salário mínimo, para os que houvessem contribuído pelo menos um ano
com a Previdência Social. Data deste ano também a criação do Ministério da
Previdência Social com a incorporação da LBA; Fundação para o Bem-Estar do
Menor (FUNABEM); Central de medicamentos (CEME) (FALEIROS, 2000).
Para Soares (apud MONTAÑO, 2002), no período compreendido entre
1964 e 1970, foi consolidado o esboço político-institucional das políticas sociais
brasileiras, transformando suas bases institucionais e financeiras, no intuito de
exceder a fragmentação existente. A partir daí puderam ser desenvolvidas
políticas de massa de cobertura significativa.
No final da década de 1970, conforme destaca Soares (apud
MONTAÑO, 2002) há indícios de esgotamento e crise desse padrão de
intervenção estatal, nos aspectos organizacional, social e, sobretudo,
financeiro. A partir de 1985 e 1988, as importantes modificações introduzidas
nas políticas sociais brasileiras foram determinadas por todo um complexo
quadro de transformações políticas, sociais e econômicas.
Entretanto, tais mudanças sinalizadas acima por Soares, podem indicar
um movimento de reação, mas não são respostas suficientes para alterar a
trágica totalidade da realidade brasileira, concebida historicamente ao longo
dos últimos quinhentos anos. Nessa perspectiva dialética, outros autores
enriquecem o debate, confrontando as idéias.
Estudos destacam que, tradicionalmente, prevaleceram no Brasil
políticas sociais com características clientelistas, populistas e paternalistas,
marcando a particularidade do caso brasileiro, que não constituiu um sistema
de proteção com pleno emprego, ampliação da cidadania e da democracia.
Segundo Silva (2000), no Brasil as políticas sociais se desenvolveram
de forma lenta e gradual. Os problemas derivados da relação entre o capital e o
trabalho foram inicialmente tratados como questão de polícia. Nesse sentido, a
concepção da política social era vista como desestimuladora do trabalho e
incentivadora de um conformismo social.
Draibe (1995, p.18) mostra que na entrada dos anos 80 os sistemas de
proteção social dos países da América Latina 8 caracterizavam-se por sua baixa
equidade e pelo alto grau de exclusão social. Os principais problemas
apresentados pela autora dizem respeito à “[...] ineficácia do gasto; má focalização
dos objetivos; baixa efetividade social [...]”. Além disso, algumas características
organizacionais contribuíram na formação de imperfeitos sistemas de Bem-Estar
Social, ou seja algumas dimensões como:
[...] forte centralização, fragmentação institucional e corporativismo, e
fracas capacidades estatais e participativas – concorrem para tornar
os sistemas de políticas pouco transparentes, e para inibir ou
restringir a força dos mecanismos de correção, modernização ou
inovação institucionais [...] (DRAIBE, 1995, p. 18)

Outro componente significativo que tem contribuído para as inúmeras


distorções dos sistemas de proteção é a utilização do sistema político na garantia
de “interesses categoriais” (DRAIBE, 1995), ou seja, a existência de práticas como
o clientelismo e o patrimonialismo, que, segundo a autora, são próprias do padrão
conservador dos sistemas de seguridade social dos países da América Latina.
No entanto, é só a partir da Constituição Brasileira de 1988 que se
materializa a concepção de Seguridade Social no Brasil. A Assistência Social é
então inscrita como responsabilidade do Estado, compondo o tripé da seguridade
social; saúde, previdência e assistência, integrando o campo dos direitos e da
universalização dos acessos, ganhando a partir daí o status de direito social que
deverá ser concretizado por uma política pública correspondente – A Política de
Assistência Social. Logo a expressão seguridade social, inscrita na constituição,
implica uma visão sistêmica da política social, como conjunto integrado de ações,
como dever do Estado e direito do cidadão.
Em especial a Assistência Social teve um avanço substancial com a
promulgação da LOAS em 1993, principalmente se comparado às visões e
práticas anteriores. A partir de então, “[...] colocava-se o arcabouço jurídico-político
para implantar, na sociedade brasileira, uma política social compatível com as
exigências de justiça social, equidade e universalidade” (NETTO, 1999, p. 77).
Neste ordenamento, a Assistência Social é colocada como parte dos
direitos sociais, edificando junto à previdência social e a saúde o arcabouço da
seguridade social brasileira (MOTA, 2008, p.186).
A IV Conferência Nacional de Assistência Social de 2003, após 10 anos de
aprovação da LOAS, é considerada um marco para a assistência social, pois nela
foi definida a realização de uma agenda de discussões para o ano de 2004 que,
sob a coordenação do MDS, pensasse e construísse o Sistema Único de
Assistência Social.
Segundo Colin e Silveira (2007) a primeira ação para regular o SUAS foi o
Decreto 5.085, aprovado em 19 de maio de 2004, que estabeleceu o caráter
continuado das ações financiadas pelo FNAS, assegurando atendimento
sistemático aos usuários. Nesse mesmo ano foi aprovada a Política Nacional de
Assistência Social (PNAS/04), requisito essencial para dar efetividade à
assistência social como política pública.
A PNAS/04 fundamenta e define funções para a implantação do SUAS,
que foi regulado pela Norma Operacional Básica (NOB/SUAS). O sistema
unificado é um modelo de gestão para todo território nacional, que articula ações
dos três entes federativos para a assistência social.
Na V Conferência Nacional de Assistência Social, em 2005, foi deliberada
a agenda SUAS – Plano Decenal, na qual foram concretizados compromissos e
ações para a garantia da assistência social como política pública. No período de
1993 a 2004, sob influência dos princípios da contra-reforma do Estado, como já
vimos, foram realizadas poucas ações que firmassem a assistência enquanto
política de seguridade social.
Para essa mesma Conferência Nacional, o CNAS fez uma pesquisa com
os municípios intitulada “Fotografia da assistência social no Brasil na perspectiva
do SUAS”, que tinha o objetivo de analisar a política de assistência social presente
nos municípios brasileiros. A pesquisa ratificou a fragilidade presente na gestão da
assistência social, como o fato de haver um número grande de gestoras primeira-
dama, cerca de 40% em 2005, e o mais grave é quando essas assumem a
presidência do Conselho Municipal. O Estado não fica atrás desta realidade, pois
alguns também eram geridos por primeiras-damas.
O número explicitado acima diminuiu, mas ainda é considerável se
analisarmos as mudanças pelas quais a política de assistência social vem
passando nos últimos anos. Segundo dados do Munic 2009 17, 24,3% das
Secretarias Municipais de Assistência Social são geridas por primeira-dama.
Recentemente, em 2012, a NOB/SUAS 19 passou por uma reformulação
nos níveis de gestão em s Municípios serão classificados a partir do Índice de
Desenvolvimento do SUAS – ID SUAS, que será composto por um conjunto de
indicadores de gestão, serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais apurados a partir do Censo SUAS 20 e outros sistemas do
Ministérios de Desenvolvimento Social.
Com a aprovação da Lei 12.435 em 06 de julho de 2011, que altera a
LOAS, o SUAS é garantido enquanto sistema descentralizado e participativo.
Segue fragmento da lei que demonstra tal fato.
Art. 6º: A gestão das ações na área de assistência social fica
organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo,
denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os
seguintes objetivos:
I. consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a
cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo
articulado, operam a proteção social não contributiva;
II. integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e
benefícios de assistência social, na forma do art. 6º-C;
III. estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na
organização, regulação, manutenção e expansão das ações de
assistência social;
IV. definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e
municipais;
V. implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na
assistência social;
VI. estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e
VII. afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos.
(BRASIL, 2011b, p. 03)

Entre as inovações na política de assistência social estão à incorporação


das ações de educação infantil, as antigas creches, pela política de educação, e
do atendimento às pessoas com deficiência pela política de saúde; a habilitação
dos municípios em gestão inicial, básica ou plena, a integração do Programa de
Atenção Integral à Família (PAIF) ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
(PETI) e Programa Bolsa Família, a realização de conferências para discussão da
política e o investimento em serviços e ações de inclusão produtiva.

2.2 EDUCAÇÃO PERMANENTE – COMPETÊNCIAS DAS ESFERAS


MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAL

A Educação Permanente possui competecências nas três esferas:


municipais, estaduais e federais. Dentro da gestão dos municipios cabe a
preocupação em três percursos fomativos, dentre eles: de capacitação e de
formação, a saber:

a) Em relação aos três Percursos Formativos compreendidos no


âmbito desta Política, cabe realizar os seguintes tipos de ação:
o De capacitação:
I. Capacitações Introdutórias;
II. Capacitações de Atualização;
III. Supervisão Técnica.
o De formação:
I. Cursos de Aperfeiçoamento.
b) Em relação ao planejamento e oferta das ações de formação e
capacitação compreendidas no âmbito desta Política, cabe:
I. Elaborar diagnósticos de necessidades de formação e capacitação;
II. Desenhar planos de cursos e matrizes pedagógicas;
III. Pactuar e validar conteúdos;
IV. Disseminar conteúdos produzidos e sistematizados;
V. Capacitar os integrantes da rede socioassistencial do SUAS.
c) Em relação à estrutura e à configuração organizacional de
implementação desta Política, se for o caso, cabe:
I. Instituir e coordenar o Núcleo Municipal de Educação permanente
do SUAS;
II. Instituir e coordenar em cooperação com outro(s) município(s), o
Núcleo Loco-Regional de Educação Permanente do SUAS.

Nas esfera estadual e federal as obrigações em relação a Educação


Permanente confere:

a) Em relação aos três Percursos Formativos compreendidos no


âmbito desta Política, cabe realizar os seguintes tipos de ação:
o De capacitação:
I. Capacitações Introdutórias;
II. Capacitações de Atualização;
III. Supervisão Técnica.
o De formação:
I. Cursos de Aperfeiçoamento;
II. Cursos de Especialização;
b) Em relação ao planejamento das ações de formação e capacitação
compreendidas no âmbito desta Política cabe:
I. Elaborar diagnósticos de necessidades de formação e capacitação;
II. Desenhar planos de cursos e matrizes pedagógicas;
III. Pactuar e validar conteúdos;
IV. Disseminar conteúdos produzidos e sistematizados;
V. Capacitar os integrantes da rede socioassistencial do SUAS.
c) Em relação à estrutura e à configuração organizacional de
implementação desta Política, se for o caso, cabe:
I. Instituir e coordenar os Núcleos Estaduais e do Distrito Federal de
Educação Permanente do SUAS;
II. Instituir e coordenar, em cooperação com outro(s) estado(s), o
Núcleo Regional de Educação Permanente do SUAS.

2.3 A EDUCAÇÃO PERMANENTE X CAPACITAÇÃO NO SUAS

A situação do processo de educação permanente dos trabalhadores,


em âmbito nacional, o MDS tem procurado, desde o ano de 2005, desenvolver
programas de capacitação junto aos municípios, porém não de forma
complementar aos planos de capacitação dos estados, fato este que tem
interferido negativamente, haja vista que coincidem os mesmos temas e
público e, algumas vezes, até as datas. Dessa maneira, com vistas ao
equacionamento desta problemática ficou acordado em reunião entre o Fórum
Nacional de Secretários de Estado de Assistência Social – Fonseas e o MDS
que os programas de capacitação da União seriam planejados juntamente com
o ente federado estadual. Assim, no ano de 2012, foi pactuado na CIT o
Programa Nacional de Capacitação do Suas – CapacitaSuas.
O CapacitaSuas, ainda em processo inicial, é financiado pela União e
executado pelos estados junto aos trabalhadores de âmbito municipal e
estadual, por meio das Instituições de Ensino Superior (IES). Nesta
perspectiva, foi instituída a Rede Nacional de Capacitação e Educação
Permanente do Suas, mediante seleção pública, na qual foram credenciadas
101 IES no Brasil.
Em março de 2012 foi deliberado pelo CNAS a Política Nacional de
Educação Permanente no Suas, resultado de um amplo processo de debate
nacional, iniciado e pactuado na CIT no ano de 2011. Dentre os pontos
importantes do processo de educação permanente no Suas, a política nacional
estabelece cinco patamares de educação permanente tais como: cursos
introdutórios para nivelamento de informações; cursos para atender agendas
pactuadas; cursos de atualização; especialização e mestrado.
Em relação à forma continuada, os trabalhadores do Suas encontram
um cenário favorável ao processo de construção da identidade enquanto
trabalhadores da política de assistência social e de uma prática
socioassistencial interdisciplinar, com vistas a contribuir na garantia dos direitos
dos usuários, com a finalidade da superação das vulnerabilidades e riscos
pessoal e social. Neste sentido, esses profissionais, em expansão no país,
necessitam participar de um amplo processo de educação e formação
permanente e continuada em torno das diretrizes e eixos estruturantes do
Suas, objetivando unificar o trabalho necessário e construir vínculos entre as
categorias. É preciso considerar que muitos deles, atingidos pela precariedade
do trabalho, inserem-se na assistência social, sem possuir a identidade com
essa política pública. Portanto, não têm o conhecimento e a compreensão
necessários em relação ao significado da natureza da assistência social na
sociedade brasileira. De acordo com Carvalho e Moroni (2011, p.163 a 167), a
formação profissional com vistas à valorização dos trabalhadores no contexto
da qualificação do trabalho, circunscreve três dimensões fundamentais para
que, de fato, a assistência social seja exercida na perspectiva emancipatória,
favorecendo a construção da identidade profissional: a dimensão política, a
dimensão ética e a dimensão técnica.
A dimensão política traduz-se na capacidade de compreender e
interpretar a realidade brasileira em suas dimensões estruturais e expressões
conjunturais. Fato que fortalecerá o efetivo apoio às expressões de resistência
e de lutas nas diferentes configurações. Haja vista que no “contexto de
destituição de direitos e reconfigurações neoliberais do Estado, a formação
política é indispensável na luta pela universalização das políticas sociais
visando à ampliação dos direitos sociais e à cidadania plena” (CARVALHO e
MORONI, 2011, p.163 a 167). A dimensão ética está entrelaçada com a
técnica. As diversas profissões do Suas são normatizadas por um conjunto de
princípios éticos e técnicos, que “impõe aos profissionais o dever de perseguir
a autonomia do trabalho, assegurando a liberdade de pesquisar, planejar,
executar e avaliar” (CARVALHO e MORONI, 2011, p.163 a 167).
A rigor, isto significa que o trabalhador do Suas deve exercer sua
prática profissional visando a qualidade dos serviços prestados, pautada no
respeito à cultura, aos valores da sociedade e dos territórios, na perspectiva de
afirmação dos direitos humanos e, particularmente, de garantia dos direitos
socioassistenciais. Concluem as duas autoras:

A valorização dos trabalhadores como um imperativo do presente que


precisa encarnar- se na afirmação e reconhecimento de direitos e
conquistas a viabilizarem condições efetivas para o exercício do
trabalho qualificado na perspectiva do projeto ideo-político,
consubstanciado na assistência social, como campo de direitos a
assegurar cidadania nessa civilização do capital. (CARVALHO E
MORONI, 2011, p.163-167).

Desta maneira, no cenário da construção da assistência social, como


um campo de disputa em processo, no trânsito do clientelismo,
assistencialismo para o campo dos direitos, é fundamental a gestão do
trabalho, com vistas à materialidade da NOBRH/ Suas, na busca do
reconhecimento e valorização do trabalhador em todas as suas dimensões,
materializando e qualificando a rede de proteção e promoção social.

2.4 PROFISSIONAIS QUE COMPÕE O SUAS

As mutações no mundo do trabalho no capitalismo contemporâneo,


iniciadas no Brasil, a partir da década de 1990 e ampliada no início do século
XXI, não se restringiram ao setor privado, atingindo gradativamente o setor
público. Assim, no âmbito do Estado, sob a égide do neoliberalismo, delineiam-
se as diversas tendências de precarização do trabalho em curso, tornando-se
assim, a gestão do trabalho uma questão a desafiar a administração pública
brasileira, especialmente no que se refere ao desenvolvimento das políticas
públicas.
Para Silveira (2011), na política pública de assistência social, os
desafios adquirem dimensões próprias em decorrência de suas características
socioculturais específicas, adquiridas ao longo de sua trajetória, marcada,
principalmente, por determinados elementos cujos resquícios ainda são visíveis
em meio aos avanços e conquistas: histórico de desprofissionalização;
patrimonialismo; estruturas institucionais improvisadas; paralelismo e duplo
comando das ações e primeiro damismo.
A rigor, o trabalho no Suas é, prioritariamente, de responsabilidade
pública estatal, podendo ser realizado, de forma complementar, em parceria
com as entidades sem fins econômicos. Neste caso, torna-se necessário que
essas entidades realizem o vínculo Suas, ou seja: estejam inscritas nos
conselhos de assistência social; estejam cadastradas no órgão gestor da
política de assistência social e componham o Cadastro Nacional de Entidades
e Organizações de Assistência Social (Cneas).
Nesse sentido, o trabalho do Suas, desenvolvido por entidades e
organizações não governamentais, torna-se, também, de responsabilidade
pública estatal, à medida que tais entidades e organizações são
acompanhadas, fiscalizadas, monitoradas e orientadas pelos órgãos de
controle social e gestor da assistência social, com vistas a assegurar a
qualidade da oferta dos serviços socioassistenciais nacionalmente tipificados.
Desta forma, o processo de trabalho no Suas, na relação entre
trabalhador e usuário, vai desde a identificação até a promoção social dos
usuários, visando à superação das situações de vulnerabilidade e/ou riscos
pessoal e social. Dessa maneira, os processos do trabalho no Suas na gestão
e na prestação de serviços pressupõem preferencialmente:

a) identificação do usuário que pode ocorrer por meio da demanda


espontânea, busca ativa do trabalhador ou encaminhamentos das
diversas políticas públicas ou de outros órgãos do sistema de garantia
dos direitos;
b) realização de estudo social com a finalidade de elaboração do
diagnóstico sociofamiliar para o planejamento da intervenção
profissional;
c) elaboração, junto com as famílias, do plano de acompanhamento e
atendimento familiar interdisciplinar e intersetorial;
d) execução do plano e avaliação sistemática do processo de evolução
sociofamiliar;
e) desligamento da família que deve acontecer quando se efetivar a
segurança de autonomia que deve ser afiançada pela assistência
social.

No que se refere ao trabalho do Suas na gestão da política de


assistência social, identificamos alguns eixos estratégicos essenciais para
qualificar e fortalecer a proteção social:

a) realização da vigilância socioassistencial para elaboração de


diagnóstico socioterritorial no que se refere à identificação das
vulnerabilidades, riscos pessoal e social e das potencialidades;
b) gestão financeira e gerenciamento do Fundo de Assistência Social,
com elaboração de instrumentos orçamentários e financeiros;
c) organização, reordenamento e articulação de ações e processos
institucionais no acesso aos direitos;
d) elaboração de instrumentos de gestão da assistência social, tais
como: planos, relatórios e pactos de aprimoramento do Suas;
e) gestão da informação, monitoramento e avaliação de serviços,
programas, projetos e benefícios da rede socioassistencial;
f) apoio às instâncias de pactuação e controle social do Suas;
g) gestão do trabalho no Suas, abrangendo o quadro de pessoal da
rede socioassistencial pública estatal e privada;
h) regulação do Suas com a elaboração dos instrumentos legais, como
leis, decretos, portarias e resoluções;
i) apoio e orientação técnica da União aos estados, dos estados aos
municípios e dos municípios às entidades e organizações de
assistência social;
j) coordenação dos níveis de proteção básica e especial, dos
equipamentos e dos serviços e programas e benefícios ofertados, na
perspectiva intersetorial e interdisciplinar.

Esse processo do trabalho no Suas é, desta forma, realizado,


exclusivamente, pelos profissionais que dependem de conhecimentos técnicos
e científicos, das expertises adquiridas dos campos empíricos. Assim, de
acordo com Silveira (2011, p.30):

O trabalho social aqui tratado, portanto, não se fundamenta na lógica


mecanicista do mercado, nem das práticas corporativistas que
disputam espaços e poder simbólico, sem muitas vezes garantir a
centralidade do próprio usuário e dos processos democráticos. As
práxis se complementam, explicitam suas especificidades e são
construídas no processo de democratização do acesso aos direitos e
de participação, preconizados pelo Suas. Sobressai a produção
coletiva de saberes críticos e competentes, que materializem o
compromisso político com os usuários.

Nesta perspectiva, esses profissionais, denominados “os trabalhadores


do Suas” constituem uma nova categoria de trabalhadores emergentes no
Brasil. Reconhecidos pelo CNAS, por meio da Resolução de Nº 17/2011, após
um amplo processo de debate nacional com as diferentes entidades
representantes das diversas profissões de nível superior, realizado por meio de
encontros regionais nas cinco regiões brasileiras, cujasdefinições e resoluções
foram discutidas e sistematizadas em um Encontro Nacional dos Trabalhadores
do Suas.
Os trabalhadores de nível superior apontados como necessários ao
trabalho na gestão e prestação dos serviços, programas e benefícios
socioassistenciais, por ordem alfabética são:

a) administrador responsável pelos aspectos administrativos da gestão


e do planejamento;
b) advogado para subsidiar o amplo aspecto jurídico-político da defesa
de direitos;
c) antropólogo com a finalidade de contribuir na decodificação das
representações simbólicas da diversidade cultural das etnias e grupos
populacionais tradicionais, orientando as ações relativas à diversidade;
d) assistente social distribuído na gestão e nas unidades de referência
que ofertam os serviços e benefícios da proteção social e dos direitos
sociais;
e) contador com a tarefa de contribuir na gestão orçamentária e
execução financeira;
f) economista com vistas a ancorar as ações de inclusão produtiva;
g) pedagogo responsável para orientar as ações socioeducativas;
h) psicólogo distribuído nas unidades diversas de oferta de serviços,
âncora de referência no acolhimento e no resgate de liames e outros
aspectos das relações interpessoais;
i) sociólogo como suporte indispensável nas análises situacionais e
contextos sociais;
j) além destes, foram apontados em alguns estados, o terapeuta
ocupacional, economista doméstico e musicoterapeuta. Assim, a
indicação destes profissionais não foi resultado de consenso nacional,
como os demais, mas foi deliberado pelo CNAS como trabalhadores do
Suas.

O trabalho na assistência social, realizado por esses profissionais, foi


entendido nesses encontros regionais, conforme Barata (2011, p.130), como a
“fonte de energia criadora do Suas e da materialização do Sistema” que deve
ser acessado por meio de concurso público e não por indicações e legitimado
com garantias de reconhecimento, remuneração e permanência. Este trabalho
profissional, decisivo na viabilização da política de assistência social, deve
atender a determinadas exigências: ser um trabalho com perspectiva de
carreira e de ascensão, com base em qualificações, formação continuada e
critérios de desempenho; aberto à integração, à interdisciplinaridade, à
intersetorialidade com vistas ao diálogo de saberes e de setores; ser um
trabalho pautado nas éticas profissional, pública e política; e, por fim, ser um
trabalho com condições objetivas de realização.
Em verdade, o crescimento significativo dos trabalhadores do Suas
representa uma consequência da rápida expansão do Suas por todo o território
nacional, o que vem ampliando o seu quadro de recursos humanos entre
profissionais de diversas áreas profissionais.
No que se refere ao vínculo empregatício, o censo Suas do ano de
2012 revelou, com nitidez, a precarização do trabalho no âmbito do sistema. No
universo de 260 mil trabalhadores, 128,4 mil não têm vínculo permanente, o
que representa um total de 49% de trabalhadores somente com cargos
comissionados e outros vínculos precarizados; 38% são estatutários, ou seja,
97,4 mil trabalhadores; 13%, significando 33,9 mil são celetistas. Desta forma,
juntando-se os estatutários e os celetistas, vê-se que esses dois contingentes
representam pouco mais da metade, ou seja, 51% dos trabalhadores, enquanto
os outros 49%, fazem parte da camada social do precariado brasileiro, através
de diferentes estratégias: contratos temporários; terceirizados via empresas;
terceirizados via ONGs; terceirizados via cooperativas, isto é, com vínculo
provisório.
Em se tratando dos trabalhadores de nível superior, identificamos no
Censo Suas que 40% são estatutários, ou seja, 34,4 mil. Apenas 14% são
celetistas, o que corresponde a 11,7 mil. Enquanto 46%, ou seja, 38,8 mil estão
inseridos em outros vínculos ou somente cargos comissionados, que
representam vínculos não permanentes e precarizados.
Raichelis (2011, p.41 a 49) analisando a precarização do trabalhador
no Suas afirmando:

[...] é expressa na perda de direitos duramente conquistados pela luta


coletiva dos trabalhadores e nesse cenário neoliberal a condição
“provisória” de precarização se torna permanente. A fragmentação de
coletivos, com diferentes formas de contrato e níveis salariais, muitas
vezes na mesma equipe, geram dificuldades para a luta
reivindicatória e uma diferenciação interna da própria classe
trabalhadora: divisão entre contratados e terceirizados, estáveis e não
estáveis, trabalhadores de primeira e segunda categoria. Como
consequência de tal fragmentação é a fragilização das entidades, dos
processos de organização, de construção das identidades individual e
coletivas dos trabalhadores, produzindo desvalorização e
descartabilidade das pessoas, aprofundando o processo de alienação
do trabalho, da organização política e da representação sindical
enfraquecendo a representação da classe trabalhadora.
Por outro lado, em decorrência dos vínculos precários e baixo nível
salarial se tem observado a alta rotatividade dos profissionais entre municípios
no âmbito dos estados e uma forte tendência de intensificação do trabalho no
Suas, materializado em diferentes estratégias: extensas jornadas de trabalho
para além do horário de expediente; o profissional da gestão, não raro, é o
mesmo das unidades de prestação de serviços; o trabalho extensivo ao
domicílio via tecnologias informacionais, tais como internet, telefones celulares;
e o vínculo de prestação de serviços em mais de um município, para
complementação salarial, como estratégia de sobrevivência.
A intensificação do trabalho é considerada por Raichelis (2011, p.51),
mais do que esforço físico, haja vista que envolve o conjunto de capacidades
do trabalhador a mobilizarem seu corpo, sua mente, suas emoções e
afetividade, os conhecimentos e saberes adquiridos pela formação
especializada e pela experiência acumulada e, também, as relações
estabelecidas com outros trabalhadores, chefias e demais sujeitos que
participam do trabalho coletivo e cooperado. Nesse sentido, adota-se a
conceituação de Dal Rosso (2008, p.23), que define intensificação como: “os
processos de quaisquer naturezas que resultam em maior dispêndio das
capacidades físicas, cognitivas e emotivas do trabalhador com o objetivo de
elevar quantitativamente ou melhorar qualitativamente os resultados. Em
síntese, mais trabalho.”
Em relação à terceirização, Raichelis (2011, p.233) recorre às análises
de Franco, Druck e Seligman-Silva (2010) que afirmam:

A terceirização dos vínculos de trabalho é uma das mais danosas


consequências da flexibilização das relações de trabalho, pois lança
um manto de invisibilidade sobre o trabalho real – ocultando a relação
capital/trabalho e descaracterizando o vínculo
empregado/empregador que pauta o direito trabalhista – mediante a
transferência de responsabilidades de gestão e de custos para um
terceiro. Os efeitos da terceirização para o trabalho social com as
famílias e populações nos territórios são profundos, pois ela:
a) desconfigura o significado e a amplitude do trabalho técnico
realizado pelos trabalhadores sociais;
b) desloca as relações entre a população, suas formas de
representação e a gestão governamental, pela intermediação de
empresas e organizações contratadas;
c) subordina as ações desenvolvidas a prazos contratuais e aos
recursos financeiros definidos, implicando em descontinuidades,
rompimento de vínculos com usuários, descrédito da população para
com as ações públicas;
d) realiza uma cisão entre prestação de serviço e direito, pois o que
preside o trabalho não é a lógica pública, obscurecendo-se a
responsabilidade do Estado perante seus cidadãos, comprimindo
ainda mais as possibilidades de inscrever as ações públicas no
campo do direito.

No tocante à forma de acesso a serviços públicos, PCCSs e mesas de


negociação, o censo Suas 2011 constatou que 80% dos municípios brasileiros
não realizaram concurso público, 97% não instalaram mesas de negociação e
90% não implementaram os PCCSs, contrariando o que estabelece a NOB/RH-
Suas.

CONCLUSÃO

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