Em conformidade com a Associação Psiquiatrica Americana, a depressão é um
transtorno heterogêneo, muitas vezes manifestado com sintomas nos níveis psicológico, comportamental e fisiológico. Este transtorno afetivo atinge até 5% da população adulta nos Estados Unidos da America. O surgimento da primeira classe de antidepressivos, os inibidores da Monomina oxidase foram um grande avanço no manejo desta patologia. Desde então, uma série de outros fármacos (ex. Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina) surgiram oferecendo medicamentos que são tão eficazes quanto os mais velhos, mas são geralmente mais toleráveis e seguros nos casos de overdose. Apesar dos avanços na compreensão da neurobiologia da depressão, um terço dos pacientes não recebendo nenhum beneficio no uso de antidepressivos e outros dois terços não sofrem remissão completa quando em monoterapia. Diante deste cenário, os extratos vegetais tem sido uma das fontes mais atraentes para produção de novas drogas com resultados promissores no tratamento. O açafrão ( Crocus sativus, pertencente a família das iridáceas) é uma planta com propriedades terapêuticas conhecidas há séculos. É considerado um excelente agente para patologias gástricas, atuando através de efeito antiespasmódico, auxiliando na digestão e com propriedades orexigenas. Também atua aliviando cólicas renais, reduzindo a tensão e recentes estudos tem indicado seu potencial como agente anti-câncer e aprimorador da memória. Uma outra propriedade desta platnta que já era conhecida pelos Persas consiste no seu efeito antidepressivo. A partir desta ideologia o presente estudo propõe- se a comparar a eficácia do açafrão com a fluoxetina no tratamento de depressão leve a moderada, por intermédio de um estudo duplo-cedo com período de seguimento de 6 semanas. Metodologia Este estudo trata-se de um estudo clinico randomizado duplo cego que foi realizado no ambulatório do Hospital Psiquiatrico Roozbeh, na cidade Teerâ no Irã, entre janeiro de 2002 e março de 2004. Os pacientes selecionados foram aqueles indivíduos adultos que apresentavam critérios diagnósticos para depressão maior em conformidade com os critérios estipulados pelo DSM IV (Manual diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais) e que também apresentam-se uma pontuação maior que 18 no instrumento escala de Hamilton para depressão (HAM-D 17 item). Foram excluídos do estudo: (1) aqueles pacientes com história previa ou atual de desordem cognitiva, esquizofrenia, transtorno bipolar e personalidade esquizotipica (2) Aqueles que apresentaram risco de suicídio, identificada por avaliação de examinador ou por pontuação maior que 2 no critério suicido do questionario HAM-D (3) gestantes e mulheres não adeptas a medidas de controle de natalidade (4) indivíduos que apresentaram piora do seus estado psiquiátrico no transcorrer da pesquisa. Os pacientes selecionados apresentavam entre 18 e 55 anos, eram obrigados a estar livres de medicamento durante por pelo menos 4 semanas antes do estudo e assinaram o termo de consentimento informado antes de entrarem na pesquisa,. O açafrão utilizado no estudo foi identificado e aprovado pelos órgãos de regulamentação do Irâ, sendo que a parte da Crocus sativus utilizada foi o estigma. O extrato do estigma foi preparado como se segue: 120 g de estigmas secos e moídos que foram percolados com o uso de 1800 mL alcool etilico 80%.O extrato etanólico foi seco por evaporação em temperatura entre 35 e 40° C. Cada cápsula tinha extrato seco de açafrão (15 mg), lactose (carga), estearato de magnésio (lubrificante) e glicolato de amido sódico (desintegrante). A dose de cada Cápsula foi calculada de acordo com um estudo em animais (Karimi Et al., 2001).. Cada Cápsula tinha 0,30-0,35 mg de safrana. Os pacientes foram submetidos a avaliação psiquiatrica em seguida foram randomizados pelo computador em dois grupos: capsula de açafrão 30 mg/dias ou capsula de fluoxetina 20 mg/dia numa proporção de 1:1 . O farmaceutico do hospital Roozbech acompanhou a randomização e alocação dos fármacos. Após esta fase inicial, os pacientes foram avaliados por um R3 de psiquiatria nas semas 1, 2, 4 e 6. A avaliação do estado depressivo era realizada por intermedio do HAM-D, sendo que redução da pontuação foi considerada como principal evidencia de melhora da doença. Nenhuma diferação estatistica foi identificada entre os dois grupos randomizados, sendo similares no que tange aos aspectos demograficos basicos, tais como idade e genero,No grupo do açafrão e da fluoxetina ocorreu abandono de um paciente, nao constituido diferença significativas em termos de abandono.Ao todo, 38 paceintes completarao o estudo. A presença de efeitos coalterais foi avaliada pelos residentes de psiquiatiria nos dias 3,7,14,21,28 e 42. Resultados Os dados demograficos dos individuos e a frequência de efeitos adversos foram comparados por intermedio do teste de fisher. Não foram observados efeitos colaterais durante o estudo e nem diferenças demograficas significativas entre os dois grupos. A avaliação da depressao foi realizada por intermédio do calculo da média da pontuação no questioario de HAS-D, tendo sido também calculado o erro padrão da média, um valor que estima a variabilidade entre amostras. Não foram observadas diferenças significativas no valor desta média entre os dois grupos. O comportamento dos dois tratamentos foram homogêneos ao longo do estudo (F=1.82; d,f=1.73; p=0.17). A análise da variância demonstrou que o tratamento foi significativo para os dois protocolos (p<0.0001). A diferença entre os dois grupos não foi significava ao termino (semana 6) (t=1,68; d.f=38; p=o.o9). Ao compararmos a redução da pontuação media que ocorreu em cada protocolo constatamos -12,20 ± 4,67 (média ± DP) e -15,00 ± 5,88 para açafrão e fluoxetina, respecticamente. As diferenças nos valores de redução nao foi significativa. (T = 1,66, d.f. = 38, P = 0,10). Discussão Neste pequeno estudo preliminar randomizado duplo-cego o açafrão nesta dose apresentou eficácia semelhante a fluoxetina no tratamento de transtorno depressivo moderado. A relevância destes achados são enfatizadas pela redução das pontuações na escala de HAS-D naqueles individuos que fizeram uso de açafrão. Importante ressaltar que não ocorreu nenhum dos efeitos secundarios já relatados com o uso de Crocus sativus, tal como sangramentos anormais. Os achados deste estudos estão em cossonância com os observados na pesquisa de Karimi et al, 2001. Esta pesquisa sugeriu que dois componetnes do açafrão, cocin e safranal, inibem a recaptação de norepinefrina, dopamina e serotonina, sendo, portanto, capazes de atuar na fisiopatologia da depressao, Um outro resultado importante apontado por estes pequisadores é o de que o açafrao pode inibir a adesão plaquetária, sendo contra indicado na gravidez. Paciente e suas familias podem ver neste estudo a compovação para uma medicina dita alternativa, que pode ser empregada como tratamento complementar ou até superior as medicações convencionais. Na maioria dos casos não há evidencias que sejam subisidios para prescrição destas formulações, entretanto, há interesse da medicina tradicional em comprovar, por meio de estudos, a eficacias das suas terapeuticas. As limitações deste estudo incluem a fata deum grupo placebo, o pequeno número de participantes e o curto espaço de tempo utilizado no seguimento. Conclusão. Os resultados deste estudo indicam a eficácia de Crocus Sativus L. no tratamento de depressão leve a moderada, sendo que tais resultados demandam maior investigação.