Março/2011
GOVERNADOR DO ESTADO
ANTONIO AUGUSTO JUNHO ANASTASIA
COMANDANTE-GERAL DA PMMG
CEL PM RENATO VIEIRA DE SOUZA
CHEFE DO ESTADO-MAIOR
CEL PM MÁRCIO MARTINS SANT’ANA
SUPERVISÃO TÉCNICA
Cel PM Eduardo de Oliveira Chiari Campolina
Diretor de Apoio Operacional
REDAÇÃO
Maj. PM Alexandre Nocelli
Maj. PM Cláudio José Dias
Maj PM Edgard Antonio de Souza
Cap. PM Alexandre Magno de Oliveira
Cap. PM Vanderlan Hudson Rolim
1º Ten. PM Marcelo Ribeiro Vilas Boas
2º Ten. PM Ricardo Pereira de Araújo Gomes
REVISÃO FINAL
Maj. PM Alexandre Nocelli
Direitos exclusivos da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG)
Reprodução proibida – circulação restrita.
ADMINISTRAÇÃO
Estado-Maior da Polícia Militar
Quartel do Comando-Geral da PMMG
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CEP 31.630-900
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3
DIRETRIZ PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SEGURANÇA PÚBLICA Nº
3.01.06/2011-CG
Elaborada a partir:
4
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
QUADRO Nº 1 CARACTERÍSTICAS DAS ERAS DO POLICIAMENTO..................................................12
5
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BC Base Comunitária
CG Comando-Geral
Ch Chefe
Cmt Comandante
6
ISPA Indicador de Serviço de Prevenção Ativa
PE Ponto de Estacionamento
Subcmt Subcomandante
7
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................10
2 OBJETIVOS..................................................................................................................................11
2.1 GERAL ......................................................................................................................................11
2.2 ESPECÍFICOS.............................................................................................................................11
3 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................11
3.1 ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO .............................................................................11
3.2 ESTRATÉGIAS INSTITUCIONAIS, O QUE ELAS REPRESENTAM? ..............................14
3.3 ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO: DO POLICIAMENTO PROFISSIONAL AO
POLICIAMENTO COMUNITÁRIO .................................................................................................15
3.3.1 Policiamento profissional .................................................................................................15
3.3.2 Policiamento estratégico ..................................................................................................15
3.3.3 Policiamento orientado para o problema ........................................................................16
3.3.4 Polícia comunitária ..........................................................................................................17
4 POLÍCIA COMUNITÁRIA: CONCEITOS E PRINCÍPIOS (ANALISADOS) ....................18
4.1 CONCEITO ................................................................................................................................18
4. 2 OS PRINCÍPIOS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA .............................................................................20
5 COMPARAÇÕES ENTRE POLÍCIA TRADICIONAL E POLÍCIA COMUNITÁRIA......23
8
ANEXO “A” (CONCEITOS BÁSICOS) À DPSSP N° 3.01.06/11- CG...........................................47
9
DIRETRIZ PARA A PRODUÇÃO DE SERVIÇOS DE
SEGURANÇA PÚBLICA Nº 3.01.06/2011-CG
1 INTRODUÇÃO
Para alcançar seus objetivos institucionais, fundamentados na atual
Administração Pública Gerencial, a PMMG busca, por meio de decisões, ações e
operações orientadas por resultado, servir e proteger os cidadãos e a sociedade,
bem como, garantir a segurança dos bens públicos e privados, prevenir e coibir os
ilícitos penais e as infrações administrativas.
Além disso, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) tem como principais
linhas de ação: ênfase nas pessoas, liderança participativa, inovação na solução de
problemas, foco na sociedade e no cidadão, polícia orientada para a solução de
problemas e melhoria contínua da qualidade de vida das comunidades.
Nesse sentido, a filosofia da Polícia Comunitária tem se firmado, tema
central da presente Diretriz, cuja estratégia básica é melhorar a qualidade da gestão
operacional da PMMG, com ênfase nas metodologias de mobilização social,
resolução de problemas, integração, parceria e conscientização comunitária no que
diz respeito à solução de problemas de segurança pública e análise dos fatores
intervenientes para a sua execução.
Ainda convém lembrar, que a filosofia de Polícia Comunitária representa
progresso, inovação e mudanças fundamentais na estrutura e na administração das
organizações policiais, gera segurança pública, diminui as taxas de criminalidade,
reduz o medo do crime, faz o público se sentir menos desamparado, refaz a conexão
da polícia com a sociedade e reconhece que esta não pode ter sucesso em atingir
seus objetivos básicos sem o apoio, tanto operacional quanto político, da sua própria
comunidade.
Trata-se, portando, de uma polícia moderna, proativa, que estabelece laços
da confiança, do respeito aos Direitos Humanos, da Democracia, da Idoneidade, da
Ética e Consciência Policial tão indispensável a qualquer pessoa, profissional, grupo
ou Instituição.
Sendo assim, a atual Diretriz vem estabelecer novos princípios
direcionadores para a implantação, implementação e institucionalização da filosofia
de Polícia Comunitária pela Polícia Militar de Minas Gerais, através do policiamento
comunitário na consecução dos objetivos e metas estabelecidas para o alcance das
chances de sucesso na arte de fazer uma polícia moderna, mais eficiente, científica
e sustentada pelos pilares da parceria da governança e polícia democrática-
comunitária-humanitária, promotora dos direitos humanos na busca da (re) solução
conjunta dos problemas comunitários e da segurança pública.
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2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Sedimentar a Filosofia de Polícia Comunitária, alinhada a missão, visão e
valores da PMMG, com ênfase na prevenção situacional da violência, do crime, da
criminalidade e na resolução de problemas.
2.2 Específicos
2.2.1 Orientar aos integrantes da PMMG, nos diversos níveis, quanto ao conceito,
parâmetros e as ações necessárias para a consolidação da filosofia de polícia
comunitária;
2.2.2 Interagir com órgãos públicos e privados, em âmbito Internacional, Nacional,
Estadual e Municipal;
2.2.3 Investir de autoridade decisória, de fato e de direito, dos profissionais de
segurança pública que atuam em interface direta com a comunidade;
2.2.4 Referenciar a produção doutrinária a cerca da implantação dos serviços do
policiamento comunitário.
3 CONTEXTUALIZAÇÃO
Parece complexo compreender o que é polícia comunitária, embora,
essencialmente, esta filosofia represente apenas uma estratégia organizacional.
Compreender este conceito é mais fácil quando primeiramente analisamos a história
da evolução social das instituições policiais. Assim, como forma de melhor
compreensão desta história e consequente surgimento da filosofia de polícia
comunitária será apresentado um breve relato sobre os períodos pelo qual o
policiamento moderno passou até que chegasse a este novo conceito de estratégia
organizacional. Também, muito importante, é entender o que representa uma
estratégia organizacional e quais são seus objetivos e o porquê dela existir.
De forma institucionalizada, a implantação da filosofia de polícia comunitária
na PMMG iniciou-se na década de 90 com a elaboração da Diretriz de Planejamento
Operacional (DPO) 3008/93 e ainda é muito nova se comparada com a história
bicentenária da instituição. Como toda mudança, enfrenta muita resistência interna e
também na própria comunidade. Como fator agravante desta resistência destaca-se
as constantes interpretações equivocadas desta filosofia de polícia e a falta de
conhecimento de sua origem e real objetivo.
11
por um policiamento que desempenhava diversas funções sociais e sem
profissionalização. O 2º período, “Era da Reforma ou Profissional”, foi o momento
em que surgiram as Academias de Polícia com o objetivo de formar profissionais
com foco no combate ao crime, e 3º Período, “Era de resolução de problemas da
comunidade”, orienta-se na construção de um relacionamento de cooperação entre
a polícia e a sociedade. Este último tem como base a participação dos agentes
comunitários.
A seguir é apresentado um quadro com as principais características destas
três eras:
QUADRO 1 - Características das Eras do Policiamento
Fonte adaptada de: KELLING, George L.; MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro, 1993.
MOORE, Mark Harrinson; Trojanowicz, Robert C... Estratégias Institucionais para o Policiamento.
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitário e Controle sobre a Polícia: A Experiência Norte-
Americana. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.
12
As maiores críticas à era política foram à violência e a corrupção policial.
Outro grave problema era a forma de ingresso na carreira, resumida a uma
oportunidade de emprego para protegidos políticos. Os únicos requisitos necessários
para a indicação de um policial eram a influências política e a força física. Não havia
necessidade de treinamento preliminar. Os policiais eram considerados
suficientemente preparados para o exercício de suas funções se portassem um
revólver, cassetete, algemas e vestissem um uniforme. Tratava-se de uma era de
incivilidade, ignorância, brutalidade e corrupção.
Baseando-se nestas contradições várias críticas surgiram, principalmente
dentro da própria polícia. Para aprimorar este serviço os defensores das reformas
defendiam a incorporação dos métodos gerenciais e operacionais da iniciativa
privada, o objetivo era criar um departamento policial “perfeito” – afora comumente
chamado de modelo profissional. Portanto, havia um consenso que era preciso
blindar a polícia de interferências da política externa, centralizar as estruturas
internas de comando e controle, delimitar a função do policial para prender os
infratores da lei e formar o profissional de polícia.
Este modelo profissional dá ênfase à eficiência operacional, conquistada a
partir de um controle centralizado, linhas nítidas de organização, melhor e mais
efetiva utilização dos agentes policiais, maior mobilidade, intensificação dos
treinamentos e crescente uso de equipamentos e tecnologia.
Com a reforma surge um novo policiamento onde o policial tem um mandato
fixo, estabilidade e autonomia no emprego.
As características desta era policial são um serviço profissional, distante da
comunidade, focado no combate repressivo do crime e que utiliza principalmente o
automóvel e o telefone para implementar o radiopatrulhamento. É inegável que
surge uma máquina burocrática eficiente e um corpo profissional treinado com as
melhores tecnologias para o momento, mas os policiais não conseguem ainda
identificar os problemas cotidianos dos cidadãos.
As atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que deve
haver uma relação sólida e consistente entre a polícia e a sociedade para que ocorra
eficácia na política de prevenção criminal e na produção de segurança pública.
Assim, o policiamento comunitário fomenta um ambiente organizacional e cultural
voltado ao alinhamento da conduta policial às características locais.
As eras do policiamento moderno americano são apresentadas para uma
análise temporal. Nesta síntese é possível perceber quais são as principais
características de cada período e como ocorreu esta transformação que influenciou
as principais estratégias de policiamento que surgiram na Era da Reforma e na Era
de Solução de Problemas com a Comunidade. Deve-se ter o cuidado para não
simplificar a análise de uma era policial somente em algumas características, sob o
risco de distorcer todo um contexto histórico-social. Uma característica, total ou
parcial, de um período pode repetir em outro, por exemplo: o relacionamento íntimo
entre a polícia e a comunidade, presente na era política e na era da comunidade.
Também é importante destacar que estas são características comuns entre
a maioria dos órgãos policiais naquele período, portanto, as datas são parâmetros.
Por exemplo, segundo Goldstein (2003), as características da era política
permaneceram em alguns órgãos policiais até 1965.
13
3.2 ESTRATÉGIAS INSTITUCIONAIS, O QUE ELAS REPRESENTAM?
Definir uma estratégia organizacional ajuda a instituição, os seus
funcionários e os seus executivos a produzirem com maior eficiência e qualidade.
Uma estratégia institucional explícita diz às pessoas de fora, que investe na
instituição, o quê a organização pretende fazer e de que maneira pretende fazê-lo?
Ela explica para os funcionários o que é considerado como contribuição importante
para a instituição; auxilia os gerentes a manter dentro de um foco consistente todo o
material que lhes chega; direciona atenção desses gerentes para aqueles poucos
programas, atividades e investimentos que são críticos para implantação da
estratégia proposta.
Para qualquer instituição, existem numerosas estratégias. O
desenvolvimento de uma estratégia institucional é uma questão complexa.
Entretanto, muitas vezes, estratégias institucionais complexas podem ser descritas
em frases ou “slogans” relativamente simples. Voltando a atenção para o
policiamento, pode-se dizer que a estratégia direciona, entre outros tópicos, os
objetivos da polícia, seu foco de atuação, a orientação de como se relacionar com a
comunidade e as principais táticas a serem utilizadas.
É importante destacar que a segurança pública acumulou experiências
policiais diversas na tentativa de atingir seus objetivos organizacionais, estabelecer
seu profissionalismo e, em alguns locais, alcançar legitimação na própria
comunidade. Para Goldstein (2003) não é um hábito registrar estas estratégias no
meio acadêmico e principalmente discuti-las nos órgão policiais. Para correlacionar a
origem das estratégias de policiamento com as respectivas eras de policiamento
recorre-se a seguinte evolução histórica, apresentada por Kelling e Moore (1993),
ilustrada na figura a seguir:
FIGURA 1 – Evolução Histórica: eras do policiamento x origens das estratégias
Fonte adaptada de: KELLING, George L.; MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de
policiamento, perspectivas em policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar
do Estado do Rio de Janeiro, 1993.
DIAS NETO, Theodomiro. Policiamento Comunitário e Controle sobre a Polícia: A Experiência Norte-
Americana. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.
14
3.3 ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO: DO POLICIAMENTO
PROFISSIONAL AO POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
3.3.1 Policiamento profissional
A estratégia de policiamento que orientou mundialmente o policiamento
moderno a partir de 1930, e até hoje direciona a grande maioria das instituições
policiais, é o policiamento profissional. É também denominado como policiamento
tradicional ou de combate profissional do crime. Ela foi concebida num contexto
histórico que buscava dirimir os conflitos urbanos que eclodiam, diante da ausência
de estratégias policiais eficientes na Era Política (1830-1930).
Ela tem como principal característica foco direto sobre o controle do crime.
Portanto, aumenta-se o status e autonomia dos órgãos policias. Para isto a
instituição policial se organiza em unidades centralizadas, com profissionais que têm
o aporte de orçamento público para pessoal, logística, tecnologia e treinamento. O
objetivo da estratégia de combate profissional do crime é criar uma força de combate
do tipo militar, disciplinada e tecnicamente sofisticada; que não pratique a
truculência no seu cotidiano. As principais tecnologias operacionais dessa estratégia
incluem a utilização de patrulhas motorizadas (de preferência automóveis),
suplementadas com rádio, atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e
respondendo rapidamente aos chamados, principalmente aqueles originados na
rede de rádio via tele-atendimentos das centrais de comunicações policiais.
As contradições e inconsistências da estratégia profissional foram revelando-
se ao longo do tempo, ou mesmo resultantes do seu próprio estilo. O caráter reativo
da tática policial, de atuar somente quando é acionada, falha na prevenção criminal,
pois não consegue identificar os problemas nas suas causas. Outra limitação é o
grande isolamento entre a polícia e a comunidade, tornando-a inacessível para as
demandas políticas inerentes ao contexto democrático. Na verdade, o
distanciamento é incentivado pelos altos escalões, pois quem entende de polícia é a
própria polícia. O isolamento policial, o estilo impessoal e a própria burocracia
centralizada é uma tentativa institucional de evitar a corrupção, a truculência e
principalmente limitar a discricionariedade do exercício policial.
Todas estas características alimentam uma estratégia de policiamento
menos eficiente na prevenção criminal, no combate da criminalidade e na
preservação da ordem pública.
15
individuais ou associações criminosas sofisticadas, que geram grande repercussão
devido ao grau elevado de violência ou ao método intricado, por exemplo: crimes de
homicídio em série, terrorismo, narcotráfico, pedofilia, xenofobia, homofobia,
descaminho ou contrabando, entre outros.
Esta estratégia de policiamento carece de uma alta capacidade investigativa,
por isso incrementou unidades especializadas de investigação. Entretanto, o
policiamento estratégico trouxe poucas melhorias à prevenção dos delitos comuns
dos bairros e ruas, apesar de haver introduzido a tática do lançamento das patrulhas
direcionadas.
O policiamento estratégico demonstra um aprimoramento da ação policial na
prevenção, no enfrentamento e na contenção do crime, superando-se as bases do
policiamento tradicional. As tecnologias disponíveis são direcionadas e utilizadas
como importantes instrumentos de investigação científica, aumentando a
independência e diminuindo a influência da política local, estabelecendo-se laços
com outras agências policiais e com o poder judiciário, principalmente atuando com
patrulhas de repressão qualificada.
16
a desordem e situações que causem medo, visando um maior controle do crime. Os
meios utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um diagnóstico das causas
subjacentes do crime, a mobilização da comunidade e de instituições
governamentais e não-governamentais. Encoraja uma descentralização geográfica e
a existência de policiais generalistas e capacitados.
A solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu
emprego regular pode contribuir para a redução, ou solução, dos crimes, melhorar a
sensação de segurança e até mesmo diminuir a desordem física e moral vivenciada
nos bairros. Solucionar problemas no policiamento não é novidade, a diferença é
que o policiamento orientado para o problema apresenta um método analítico que
mais a frente será analisado.
Fonte: MOORE, Mark H.; TROJANOWICZ, Robert C..Estratégias Institucionais para o Policiamento.
Trad. Mina Seinfeld de Carakushansky. Publicação do Instituto Nacional de Justiça, do Departamento
Nacional de Justiça e do Programa de Políticas em Justiça Criminal e Administração. Escola de
Governo John F. Kennedy, Universidade de Harward. Novembro de 1988 – Nº 6.
1
Sir Robert Peel foi primeiro-ministro britânico de 1834 a 1835 e novamente de 1841 a 1846. É mais conhecido
pela criação do Departamento Policial de Londres quanto ele ocupava a função de "Home Secretary", dando
origem a alcunha de "Bobbies" para os policiais londrinos.
18
organismo policial é, antes de tudo, um integrante do povo, ou seja, quem faz parte
da “polícia” não deixa de ser povo.
Dessa forma, torna-se necessário entender que Polícia Comunitária é um
termo que se refere exatamente à atividade policial por excelência, cujos objetivos
se dirigem à comunidade. Conforme Rosembaum (2002) e Skolnick e Bayley (2002)
o termo polícia comunitária representa um marco na mudança da forma de fazer
polícia na sociedade contemporânea, e não somente isso, mas um retorno àquilo
que sempre deveria ter sido a atividade de polícia.
Segundo Cerqueira (2001), não existe um conceito exclusivo de polícia
comunitária no Brasil, embora o mais presente entre as instituições policiais é o
seguinte:
19
e) Problema
Definido basicamente como uma questão levantada para consideração,
discussão, decisão ou busca de solução.
f) Qualidade de vida
Conjunto de condições ou situações que delineiam o viver e o conviver do
cidadão na comunidade.
Ainda de acordo com Cerqueira (2001), qualquer organismo com uma
função policial faz parte, na realidade, da sociedade. A estratégia comunitária vê o
controle e a prevenção do crime como resultado da parceria com outras atividades.
Isto significa dizer que os recursos do policiamento, articulados com os novos
recursos comunitários, são agora os instrumentos essenciais para a prevenção do
crime; em outras palavras, os membros da comunidade assumem seu real papel de
cidadãos que atuam junto da polícia para o bem comum.
Entende-se, assim, que a premissa central da polícia comunitária é que o
público deve exercer um papel mais ativo e coordenado na obtenção da segurança.
[...] Desse modo, impõe-se uma responsabilidade nova para a polícia, ou seja, criar
maneiras apropriadas de associar o público ao policiamento e à manutenção da lei e
da ordem [...] (SKOLNICK; BAYLEY, 2002, p.18).
A filosofia de Polícia Comunitária oferece então meios para o fortalecimento
do processo de empoderamento dos cidadãos, no sentido de compartilharem entre
si e a polícia a tarefa de planejar práticas para enfrentar o crime.
Conclui-se que a ideia central de Polícia Comunitária reside na possibilidade
de propiciar uma aproximação dos profissionais de segurança junto à comunidade
onde atuam, de modo a dar característica humana ao profissional de polícia, e não
apenas um número de telefone ou uma instalação física referencial. Para isto realiza
um amplo trabalho sistemático, planejado e detalhado.
Cabe ressaltar também que Polícia Comunitária não é uma atividade
especializada, particularizada, para servir somente a algumas comunidades de
cidadãos ordeiros sem obedecer aos critérios técnicos ou científicos. Da mesma
forma, Polícia Comunitária também não é uma troca de favores, nem é a
comunidade fornecer apoio financeiro ou logístico para uma determinada
corporação.
20
os anseios e as preocupações destas, a fim de traduzi-los em procedimentos de
segurança, em processos de decisão compartilhados.
Com base em uma compreensão sistêmica da defesa social e da segurança
pública e na gestão compartilhada das políticas públicas, a Polícia Militar aumenta a
sua capacidade de responsabilização pela segurança pública e o policial militar
passa a atuar como planejador, solucionador de problemas e coordenador de
reuniões para troca de informações com a população.
Esse exercício de responsabilidade depende ainda de um estilo de
administração baseado em valores prévia e claramente estabelecidos,
fundamentados na responsabilidade social do estado. Da mesma forma, é
necessário o estabelecimento de um estilo de processo decisório fundamentado em
estreita parceria dos órgãos da segurança pública com a comunidade, na
identificação dos problemas que lhes afetam, na sua discussão compartilhada e na
busca de soluções conjuntas.
b) Comprometimento da organização com a concessão de poder à
comunidade
Uma vez compreendido o funcionamento do Estado Democrático de Direito
em funcionamento no Brasil, fica claro que o país vive numa situação em que as
normas que regulam o convívio são definidas pela maioria da população por meio de
representantes eleitos.
Como a Constituição Federal prevê, no art. 144, que “a segurança pública é
dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”, e é a própria Constituição
Federal, vontade do povo brasileiro, que define as funções da Polícia Militar, é
inequívoco o raciocínio de que, na realidade, o povo é que outorga autoridade à
Polícia Militar.
Logo, dentro da comunidade, os cidadãos têm o direito e a responsabilidade
de participarem, como plenos parceiros da polícia, na identificação, priorização e
solução dos problemas afetos à mesma comunidade.
c) Policiamento descentralizado e personalizado
Para que a Polícia Comunitária exista e funcione adequadamente, é
fundamental uma descentralização da estrutura dos órgãos de segurança pública,
de forma a possibilitar a integração e interação entre eles e a comunidade.
É necessário ainda um policial plenamente envolvido com a comunidade,
presente e conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades, o que se
traduzirá também na agilidade nas respostas de qualidade às necessidades de
proteção e socorro da comunidade. Evidente ainda que esta atuação seja
beneficiada pelo emprego do policiamento no processo a pé, mais próximo e em
contato mais estreito com as pessoas.
d) Resolução preventiva de problemas a curto e em longo prazo
Entende-se como prioritária a atuação preventiva da Polícia Militar como
atenuante de seu emprego repressivo, fortalecendo a ideia de que o policial não
precise ser acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência. Com isso, o
número de chamadas das centrais de emergência tende diminuir, facilitando a
resposta ao maior número possível de acionamentos, tendentes à sua totalidade.
21
e) Ética, legalidade, responsabilidade e confiança
A prática da Polícia Comunitária pressupõe um novo contrato entre a polícia
e os cidadãos aos quais ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da
legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que
devem existir. Esta sensação é fortalecida sobremaneira pela transparência das
atividades desempenhadas pela polícia, de forma a permitir um maior controle pela
população, o que é seu direito por definição.
f) Extensão do mandato policial
O policial militar passa a ampliar sua atuação, auxiliando a comunidade a
solucionar problemas que afligem a qualidade de vida local e que, numa visão
tradicional, não seriam “problema de polícia”.Cada policial passa então a atuar como
um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de
parâmetros rígidos de responsabilidade.
Para que o policial militar assuma tal responsabilidade é preciso perguntar-
se:
- Isto está correto para a comunidade?
- Isto está correto para a segurança da minha região?
- Isto é ético e legal?
- Isto é algo que estou disposto a me responsabilizar?
- Isto é condizente com os valores da Corporação?
Se a resposta for Sim a todas essas perguntas, a possibilidade de êxito
cresce de forma expressiva.
g) Ajuda às pessoas com necessidades específicas
Valorização da vida de pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias,
pobres, deficientes, entre outros. Esse deve ser um compromisso inalienável do
policial militar.
O ponto de partida é o conceito de justiça e de segurança como sinônimo de
equidade: é justa a sociedade em que todos os membros desfrutem de modo pleno
e igual, de um conjunto de liberdades fundamentais claramente especificadas - os
direitos humanos sem discriminação e no grau máximo compatível com as
liberdades alheias.
h) Criatividade e apoio básico por parte dos diversos níveis de
Comando
Os Comandantes, nos diversos níveis hierárquicos da Corporação devem
exercitar a confiança nos profissionais que estão na linha de frente da atuação
policial, acreditar no seu discernimento, sabedoria, experiência e, sobretudo na
formação que recebeu.
Tal ambiente propiciará abordagens mais criativas para os problemas
contemporâneos da comunidade por meio da investidura de autoridade decisória, de
fato e de direito, nos profissionais de segurança pública que atuam em interface
direta com a comunidade.
22
i) Mudança interna
O exercício da Polícia Comunitária exige uma abordagem plenamente
integrada, envolvendo toda a organização. É fundamental a atualização e o
aprimoramento de seus cursos e respectivos currículos, bem como de todos os seus
quadros de pessoal, materializando um projeto de mudanças para 10 ou 15 anos.
j) Construção do futuro
Deve-se oferecer à comunidade um serviço policial descentralizado e
personalizado, com endereço certo. A ordem não deve ser imposta de fora para
dentro, mas as pessoas devem ser encorajadas a pensar na polícia como um
serviço a ser utilizado para ajudá-las a resolver problemas atuais de sua
comunidade, criando um ambiente propício para o exercício pleno da cidadania.
Quando a comunidade é composta por verdadeiros cidadãos, o equilíbrio
entre os direitos e deveres é natural e o funcionamento desta comunidade tende a
se aproximar do ideal.
23
f) O que determina a eficiência da polícia f) A eficácia da polícia é medida pela
é tão somente o tempo de resposta às ausência de crime e de desordem, pela
solicitações; sensação de segurança e pela confiança
da comunidade, mais que o tempo de
resposta;
g) O profissionalismo policial se g) O profissionalismo policial se
caracteriza apenas pelas respostas caracteriza principalmente pelo estreito
rápidas aos crimes sérios; relacionamento com a comunidade, além
da rapidez nas respostas;
h) A função do comando é prover os h) A função do comando é incutir e
regulamentos e as determinações que desenvolver os valores institucionais;
devam ser cumpridas pelos policiais;
i) As informações mais importantes são i) As informações mais importantes são
aquelas relacionadas a certos crimes em aquelas relacionadas com as atividades
particular; delituosas de indivíduos ou grupos, o
que facilita a identificação das melhores
estratégias para tratamento do
problema;
j) O policial trabalha voltado unicamente j) O policial trabalha voltado para os 98%
para a marginalidade de sua área, que da população de sua área, que são
representa, no máximo 2% da população pessoas de bem, trabalhadoras,
ali residente; cidadãos e clientes da organização
policial;
k) O policial é o do turno de serviço; k) O policial é da área, conhecido, que
auxilia a comunidade;
l) A força é empregada como técnica de l) A resolução dos problemas é
resolução de problemas; construída por meio do apoio e da
cooperação do público;
m) Presta contas somente ao seu m) O policial presta contas de seu
superior; trabalho ao superior e à comunidade;
n) As patrulhas são distribuídas somente n) As patrulhas são distribuídas
conforme o pico de ocorrências. conforme a necessidade de segurança
da comunidade, ou seja, 24 horas por
dia, além da observância dos dados
estatísticos.
Fonte: PMMG
24
6 POLICIAMENTO COMUNITÁRIO
Enquanto Polícia Comunitária é a filosofia de trabalho indistinta a todos os
órgãos com função de polícia, o Policiamento Comunitário é a ação de policiar, de
desenvolver ações efetivas junto à comunidade.
“A ideia central por trás do policiamento comunitário [...] é a de que o
trabalho conjunto e efetivo entre a polícia e a comunidade pode ter um papel
importante na redução do crime e na promoção da segurança. O policiamento
comunitário enfatiza que os próprios cidadãos é a primeira linha de defesa na luta
contra o crime” (SKOLNICK; BAYLEY, 1986; SPARROW, MOORE; KENNEDY, 1990
apud MOORE, 2003, p.139).
O policiamento comunitário se traduz assim em ações iniciadas pelas
polícias para utilizar um potencial não aproveitado na comunidade para lidar com
mais eficácia e eficiência com os problemas do crime, principalmente na sua
prevenção.
A prevenção comunitária do crime está incorporada na noção de que os
meios mais eficazes de evitar o crime devem envolver os moradores na intervenção
proativa e na participação em projeto cujo objetivo seja reduzir ou prevenir a
oportunidade para que o crime não ocorra em seus bairros. (ROSENBAUM apud
MOORE, 2003, p.153).
Tal raciocínio é apoiado pelas palavras de Wadman (1994), que define o
policiamento comunitário como uma maneira inovadora e mais poderosa de
concentrar as energias e os talentos da polícia na direção das condições que
frequentemente dão origem ao crime e a repetidas chamadas por auxílio local, o que
deve passar, obrigatoriamente, pelo comprometimento do policial militar.
Com base nos ensinamentos de diversos autores, tanto a níveis nacionais
quanto internacionais, em experiências práticas de sucesso, a Polícia Militar de
Minas Gerais tem implementado e executado serviços moldados nos ensinamentos
preconizados pela filosofia de Polícia Comunitária, com grande aceitabilidade social,
por meio de projetos e programas, cujas experiências de sucesso vêm sendo
adaptadas nas diversas unidades de execução operacional da Corporação em todo
o Estado de Minas Gerais.
De forma sucinta e genérica serão demonstradas algumas experiências já
executadas. Estas poderão servir como referência para a criação e desenvolvimento
de novos serviços de acordo com a realidade operacional e cultural de cada
unidade:
25
6.2 Base Comunitária Móvel
Estabelecido pela 3.03.07/2010-CG. É um serviço policial preventivo,
prestado por uma equipe de policiais militares, que utilizam como referência uma
viatura (tipo trailler ou Van) e, com o apoio da comunidade, desenvolvem o
policiamento orientado para o problema com o objetivo de reduzir o crime, medo do
crime e a desordem pública em áreas com alta densidade populacional sazonal.
6.3 GEACAR
Grupo Especializado no Atendimento à Criança e Adolescente em Situação
de Risco. Esse grupo atua como protagonista da Polícia Militar nos eventos de
defesa social que envolva crianças e adolescentes sejam autores ou vítimas de ato
infracional e/ou crime. Sua atuação se baseia nos princípios de Direitos Humanos,
principalmente no que tange à proteção dos grupos vulneráveis, e também na
filosofia de Polícia Comunitária. Os princípios e valores preconizados pelo Estatuto
da Criança e do Adolescente são norteadores da atuação do GEACAR, de forma a
garantir os direitos da infância e juventude.
6.4 GEPAR
Grupamento Especializado em Áreas de Risco, regulada pela Instrução nº
02/2005-CG: implementado para atuar preventivamente em favelas de BH onde o
tráfico de drogas e o crime de homicídios foram identificados com sendo problemas
crônicos. Atualmente tem sido criado também no interior; conjugam estratégias de
Polícia Comunitária, Policiamento Orientado para a Resolução de Problemas e a
Repressão Qualificada como ferramentas essenciais para o controle e prevenção da
criminalidade, restituição da paz e qualidade de vida em comunidades carentes. As
ações devem ser pautadas num diagnóstico prévio da criminalidade local,
constantemente atualizado a partir do uso, troca e análise sistemática de informação
entre os policiais integrantes do grupo, dos policiais de inteligência e das seções de
análise criminal e estatística das Companhias PM, a qual cada GEPAR faz parte. Os
resultados devem ser avaliados e monitorados de forma constante.
6.5 JCC
Jovens Construindo a Cidadania: de forma geral, o objetivo é aprimorar e
reforçar atitude proativa, preventiva e educativa nas comunidades escolares da rede
pública e privada, atuando junto aos adolescentes e jovens, ensinando valores
positivos e princípios de cidadania. O JCC, de forma mais específica, visa criar um
ambiente livre de crimes e drogas, através de um movimento liderado pelos próprios
jovens, sendo eles os principais responsáveis pela prevenção, na busca de
estabelecer uma cultura de paz em um ambiente de aprendizado.
26
tipo de policiamento, devem participar de treinamento específico, com didática
voltada especialmente para a abordagem típica junto ao público presente na zona
rural, de forma diferenciada e adequada. Objetiva oferecer maior segurança aos
moradores e fazendeiros, interagindo a população rural com a Polícia Militar, de
forma preventiva, criando laços de confiança. Geralmente utiliza-se veículo com
tração 4x4, equipada com rádio móvel, com armamento adequado para o bom
desenvolvimento das ações e operações. Pode adaptar o serviço utilizado
motocicleta como o caso do projeto Moto Patrulha Preventiva Rural, que consiste
no lançamento de Patrulheiro Rural em viatura de duas rodas com a finalidade de
desenvolver atividade preventiva de orientação aos moradores das comunidades
rurais.
27
7 TEORIA DA PREVENÇÃO AO CRIME
A Polícia Militar de Minas Gerais no que tange ao conceito de Prevenção
elencado nesta diretriz, tem como parâmetro de atuação a Prevenção secundária e
eventualmente, atua como potencializadora na Prevenção primária.
Vale ressaltar que a Instituição tem como matriz fundamental de atuação a
atividade de prevenção com ênfase na resolutividade que deverá ser o foco de todos
os comandantes nos diversos níveis da Organização (institucional, tático e
operacional).
Neste contexto, apresentaremos três tipos de prevenção que podem
produzir bons resultados em relação ao crime e à violência com a possibilidade de
serem utilizados conjuntamente ou isoladamente, dependendo do problema com o
qual se vai trabalhar. São eles:
a) Prevenção primária
No meio ambiente urbano onde em tese ocorre maior incidência da
criminalidade e violência, esta é composta por ações dirigidas ao meio ambiente
físico e/ou social, com foco prioritário nos fatores de risco e de proteção.
Poderá também incluir ações que implicam mudanças mais abrangentes na
estrutura da sociedade ou comunidade, que visa reduzir a pré-disposição para a
prática de crimes e violências na sociedade (prevenção social).
E, ainda, permitir a inclusão de ações que implicam mudanças mais restritas
e pontuais em áreas ou situações que ocorrem os crimes e violências, com o fito de
reduzir as oportunidades para a prática de crimes e violências na sociedade
(prevenção situacional).
As definições dos três tipos de prevenção, primária, secundária e terciária,
trazidas aqui, são totalmente baseadas na pesquisa da Arquitetura Institucional do
Sistema Único de Segurança Pública, elaborada em 2004, pelo Ministério da Justiça,
Secretaria Nacional de Segurança Pública, por intermédio do convênio entre a
Federação das Indústrias do Rio de Janeiro e Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento.
A ampliação dos serviços de saúde direcionados a famílias com filhos recém
nascidos, ampliação das oportunidades de educação e trabalho na comunidade são
exemplos de ações típicas de prevenção social.
O controle e a limitação do uso de armas, modificação de horários e locais
de atividades econômicas, sociais e culturais e o aumento da vigilância, são modelos
de ações típicas de prevenção situacional.
b) Prevenção secundária
É composta por ações dirigidas às pessoas e grupos mais suscetíveis de
praticar ou sofrer crimes e violências, bem como dos fatores que contribuem para
sua vulnerabilidade e/ou resiliência, a fim de evitar o seu envolvimento com o crime
e a violência ou limitar os danos causados por este envolvimento.
Abrange ainda as pessoas e grupos mais suscetíveis de serem vítimas de
crimes e violências para prevenir ou limitar os danos causados pela sua vitimização.
28
As ações de prevenção secundária são frequentemente dirigidas aos jovens
e adolescentes, membros de grupos vulneráveis, em situação de risco, inclusive
crianças, mulheres e idosos em casos de violência doméstica, intra-familiar,
mulheres em casos de violência de gênero, e afro descendentes em casos de
violência contra minorias.
c) Prevenção terciária
É composta de ações dirigidas às pessoas que já praticaram crimes e
violências, cujo objetivo é evitar a reincidência e promover o seu tratamento, a
reabilitação e reintegração familiar, profissional e social.
Nestas ações, incluem também, as pessoas que já foram vítimas de crimes
e violências, para impossibilitar a repetição da vitimização e promover o seu
tratamento, reabilitação e reintegração familiar.
A prevenção do crime e da violência pode ser realizada por distribuição de
ações em algumas áreas temáticas específicas, como comunidade, família, escola,
trabalho e geração de renda, polícia, justiça criminal, sistema prisional e saúde.
29
crime e a decadência dos bairros, inúmero programas de redução do medo foram
desenvolvidos, alguns em parceria com a comunidade (MOREIRA, 2005).
A abordagem das atividades rotineiras teve início a partir das explicações
utilizadas para os crimes predatórios em um artigo escrito por Cohen e Felson em
1979. A teoria pode ser resumida considerando que “para que um crime ocorra deve
haver convergência de tempo e espaço em pelo menos três elementos: um provável
agressor, um alvo adequado, na ausência de um guardião capaz de impedir o crime”.
(CLARKE; FELSON, 1998; MOREIRA, 2005).
Essa estratégia de policiamento implica em mudanças estruturais da polícia,
aumentando a discricionariedade do policial (aumento de sua capacidade de decisão,
iniciativa e de resolução de problemas). O POP desafia a polícia a lidar com a
desordem e situações que causem medo, visando um maior controle do crime. Os
meios utilizados são diferentes dos anteriores e inclui um diagnóstico das causas
subjacentes do crime, a mobilização da comunidade e de instituições governamentais
e não-governamentais. Encoraja uma descentralização geográfica e a existência de
policiais generalistas e capacitados.
No contexto de descentralização, Silva (2000, p. 32-34) discorre sobre este
processo e faz uma importante distinção com o termo desconcentração, baseando-se
em sua pesquisa, realizada sobre Comandante de Policiamento da Companhia
(CPCia), realizado na 1ª RPM, Belo Horizonte. Naquela ocasião estava em fase de
implementação o projeto de Policiamento por Resultados, descrito por Beato (1999).
Depois de aguçada revisão literária o autor conclui que desconcentração e
descentralização têm entendimentos diferentes entre Pereira, Silva e Bayley (apud
SILVA 2000, p.36). Entretanto, nota-se que a desconcentração e a descentralização
têm um consenso em torno da tendência de contribuir para a melhoria da prestação
de serviços de segurança pública (SILVA, 2000).
A solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu
emprego regular pode contribuir para a redução, ou solução, dos crimes, melhorar a
sensação de segurança e até mesmo diminuir a desordem física e moral, vivenciada
nos bairros. Solucionar problemas no policiamento não é novidade, a diferença é que
o policiamento orientado para o problema apresenta um método analítico. O model
SARA (modelo IARA), é formado pelo acróstico de cada fase, foi formulado por John
Eck e Bill Spelman, (fig. 3):
Fonte: GOLDSTEIN, Herman. Policiando uma Sociedade Livre. Trad. Marcello Rollemberg. São
Paulo: Universidade de São Paulo, 2003 (Série Polícia e Sociedade, n.6).
30
O funcionamento deste ciclo é de fácil compreensão, o primeiro passo é
reconhecer que as ocorrências (que possuem um mesmo padrão de repetição) são
“incidentes” de um problema maior; que precisam ter suas origens (causas) bem
compreendidas para ser solucionado. No policiamento profissional (rádio-
atendimento) a ação do policial é atuar de forma reativa. Traz alívio temporário, mas
não resolve o problema, a origem do problema permanece e a solução é provisória e
limitada. Como a polícia não solucionou as causas ocultas que gerou o problema,
ele, muito provavelmente, voltará a ocorrer.
Por sua vez, no policiamento orientado para o problema, o ideal é analisar
como que este problema está ocorrendo e neste caso atingir o ciclo de vida do
problema, para minimizá-lo ou até mesmo extinguir. Para criar uma resposta
adequada, os policiais utilizam as informações obtidas a partir do atendimento das
ocorrências, de outras fontes da própria comunidade, de pesquisas, etc., para terem
uma visão clara do problema. Após isso, podem lidar com as condições subjacentes
ao problema.
O serviço policial, no contexto do policiamento orientado para o problema, é
muito semelhante ao serviço médico preventivo. A ciência médica já conseguiu
construir um objeto de estudo, mais delineado, sob a ótica positivista da
modernidade, as doenças são classificadas em especialidades, programas
preventivos são experimentados (dentro de um sistema lógico). Em contraste, na
segurança pública a criminalidade ainda é tratada com muito empirismo pelos
operadores do sistema de segurança pública; apesar de ser um tema recorrente nas
agendas de qualquer programa de políticas públicas.
A polícia tem sido tradicionalmente ligada ao crime, assim como os médicos
têm sido relacionados à doença. Mas no campo médico, a relação é muito
mais específica: as doenças têm sido classificadas, os fatores que as
causam têm sido isolados, programas preventivos têm sido desenvolvidos e
testados, e a real capacidade do pessoal médico em prevenir e controlar
males específicos tem sido demonstrada. Em contraste, no que toca à
polícia e à comunidade, muito do que se fala em relação à criminalidade
permanece em um nível muito geral, [...]. O problema é agravado porque a
palavra é utilizada livremente – seja por políticos, pelos policiais e pela
população em geral – como se tivesse um significado uniforme
(GOLDSTEIN, 2003, p. 48-49).
31
FIGURA 4: Diagrama fontes de dados para identificar o problema
Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes; OLIVEIRA, Alexandre Magno de. Gestão pela qualidade na
segurança pública. In: BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública
(AD/BRA/98/D32). Apostila do curso nacional l de multiplicador de polícia comunitária. Rio de Janeiro,
mar. 2004. p. 137 - 166
Deve ficar claro que a comunidade não faz parte da área de inteligência das
instituições policiais, por isso os líderes comunitários não devem ser cobrados para
fazer investigação criminal. A comunidade pode e deve participar desta coleta de
dados, através da denúncia anônima, ou outra forma que preserve sua segurança.
Outra importante fonte interna de informações são os estudos acadêmicos
(monografias, dissertações, teses) desenvolvidos pelas instituições policiais e as
próprias universidades/ faculdades. (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004)
É muito comum nas primeiras reuniões com a comunidade os policiais
ficarem “perdidos”, diante de tantos problemas que são expostos, muitos deles
(inclusive), de ordem pessoal. Segundo Moreira; Oliveira (2004), o policial deve ficar
atento e ouvir as exclamações, é importante salientar que este é um momento de
auscultar as necessidades dos moradores, pois está nascendo (ou fortalecendo) um
elo de confiança entre a comunidade e o policial.
Entretanto, o policial deve propor uma maneira mais “criativa” para lidar com
estes problemas. Ou seja, se todos ficarem reclamando nada acontecerá. Portanto
deve ser exposto o formulário para classificar os problemas ao grupo. A própria
comunidade (dividida em mini-grupos de cinco pessoas – no máximo), deve discutir,
e preencher este formulário, para depois cada grupo apresentar o seu trabalho para
os demais participantes. Esta é uma metodologia simples, mas que direciona os
trabalhos de forma construtiva e lógica. O importante é ter uma visão de todos os
problemas, hierarquizá-los, e no final (de forma democrática), a própria comunidade e
a instituição policial escolherá um problema para ser solucionado (somente um
problema por vez).
A condução da reunião é facilitar quando se utiliza um formulário para
ordenar os problemas, aqui classificado em três categorias:
32
QUADRO 3 (2.2: Diagrama Classificação dos Problemas-exemplos fictícios)
33
grupos envolvidos e afetados e todas as causas possíveis do problema, avaliando
todas as atuais respostas e sua efetividade. Muitas pessoas simplesmente saltam à
fase da análise do IARA, acreditando ser óbvia a natureza do problema, sucumbindo
ante a pressa para obter a solução.
Solucionadores de problema devem resistir a esta tentação ou então se
arriscam a lidar com um problema irreal, implementando soluções inadequadas.
Para facilitar o incidente é analisado sob a ótica de um triângulo, cada lado
corresponde: (1) a um agressor, ou infrator; (2) uma vítima em potencial; e (3) um
local, ou ambiente favorável. O TAP (Triângulo de Análise do Problema) ajuda os
envolvidos a visualizar o problema e entender o relacionamento entre os três
elementos:
34
(CLARKE 1983 apud MOORE, 2003, p. 137). A Teoria das Oportunidades defendidas
por Clarke e Felson, propõe uma “lógica” para a prevenção do crime situacional, e
encontra aceitação no contexto da segurança pública na atualidade, principalmente
por substanciar teoricamente a estratégia de policiamento orientado para o problema.
A metodologia é a mesma, deixar que a própria comunidade, acompanhada
pelos policiais, descreva as causas deste problema, baseados nas informações que
possuem. Às vezes é necessário fazer várias reuniões para preencher todo o
formulário (Figura 6). É importante ter cuidado com a divulgação do conteúdo destas
informações (pessoais) para não ferir a ética das pessoas, principalmente das vítimas
ou dos próprios infratores analisados, pois o diagrama é muito objetivo (MOREIRA;
OLIVEIRA, 2004):
FIGURA 6 (2.7: Diagrama causa-efeito-espinha de peixe no policiamento (exemplo
fictício)
35
QUADRO 4 (2.3: Maneiras de lidar com o problema policial)
36
Outro formulário (Plano de Ação) pode ser utilizado com a própria
metodologia 5W2H, ou 4 Q1POC. Ele direciona o trabalho do policial e da
comunidade, pois facilita a execução das tarefas, e principalmente, estabelece com
objetividade as metas a cumprir. Por ser um formulário bem objetivo; as informações
devem ser descritas de maneira mais específica possível, para não haver dúvida na
hora de executar (MOREIRA; OLIVEIRA, 2004):
37
c) indicadores de qualidade de vida nos bairros, que podem incluir: salários
para comerciários em uma área-alvo aumentam de utilização da área, aumento do
valor venal das propriedades, diminuição da vadiagem, menos carros abandonados,
menos lotes sujos, entre outros;
d) aumento da satisfação do cidadão com respeito à maneira com que a
polícia está lidando com o problema (determinado através de pesquisas, entrevistas,
etc.);
e) redução do medo dos cidadãos relativo ao problema; entre outros.
A avaliação é a chave para o método IARA. Se as respostas não são efetivas
(eficazes e eficientes), as informações reunidas durante a etapa de análise devem
ser revistas. Nova informação pode ser necessária ser coletada antes que nova
solução possa ser desenvolvida e testada. Quando o Plano de Ação é bem objetivo,
facilita muito o trabalho de avaliação (cumprimento de metas) por todos envolvidos no
processo.
O policiamento orientado para o problema é uma estratégia “silenciosa”, pois
geralmente as ações alcançadas não são divulgadas na mídia de massa. Por isso, a
importância dos chefes policiais e lideranças comunitárias terem os objetivos bem
claros para não haver dificuldade de avaliar (diariamente, semanalmente e
mensalmente), a tarefa de cada policial. O ideal é fazer a avaliação durante todo o
processo, para justamente realinhar algum desvio. Pois, é muito comum iniciar o
cumprimento de um objetivo e surgirem outras demandas. Conforme exemplifica o
quadro a seguir uma maneira fácil é através do acompanhamento de cada objetivo,
segundo o seu cumprimento de forma percentual (%):
Quadro 7 (2.6: Avaliação quantitativa do plano de ação de policiamento – exemplos fictícios)
38
9 GESTÃO DA QUALIDADE
O termo qualidade nos serviços públicos tem sido muito utilizado nos dias
atuais. Um dos fatores para esse acontecimento se deve ao fato de a sociedade
brasileira compreender que é necessário exigir desses serviços um melhor
atendimento público e ações positivas que satisfaçam a coletividade. Segundo
Paladini (2007, p. 20), a Gestão da Qualidade Total envolve estratégias para
acompanhar as ações propostas pela instituição, com métodos quantitativos e
necessários para o futuro da organização.
Nesta seção serão apresentadas as classificações da gestão da qualidade,
segundo o nível da organização (estratégico, tático e operacional). Percebe-se na
figura a seguir que para cada nível tem um instrumento específico para desenvolver
a gestão da qualidade:
39
9.1 Avaliação da qualidade
A avaliação da qualidade, como um produto da Gestão da Qualidade, ocupa
lugar de destaque no gerenciamento das organizações, assim como da Polícia
Militar de Minas Gerais. Avaliar é a ação de apreciar se os objetivos propostos pela
organização foram alcançados. O ato de avaliar também possibilita verificar se
houve algum elemento novo no ambiente interno e externo que provoquem uma
mudança dos hábitos da organização.
Conforme aponta Paladini (2007, p. 33) a avaliação da qualidade deve ser
abrangente, contínua, fácil de ser feita, útil e válida a fim de servir de aprendizagem
e motivação para a Instituição e ajudá-la a melhorar sua prestação de serviços.
Para uma eficiente avaliação da qualidade é necessário:
a) metodologia clara e de fácil entendimento ao usuário;
b) um procedimento eficiente;
c) medir como a Instituição se relaciona com o seu usuário, sua satisfação;
d) qualquer outro meio é uma fase intermediária para se chegar a esta.
Algumas ações podem prejudicar uma eficiente avaliação da qualidade
(PALADINI, 2007, p. 34):
a) ausência de um rigor teórico e claro;
b) avaliações complexas ao invés de iniciar com mecanismos mais simples;
c) informações que apresentem pouca representatividade no processo de
avaliação;
d) ser subjetivo ao invés de mensurável;
e) propor avaliações na atividade em si, em detrimento ao efeito e impacto
que as ações poderão resultar no ambiente externo.
A prática da avaliação da qualidade nos serviços prestados pela PMMG
deve ser perene, com foco no público externo, nos resultados, bem como na forma
como ela será executada. Para isso, o policiamento comunitário possui
características que favorecem a avaliação dos serviços prestados pela PMMG por
meio de indicadores para a avaliação.
40
de mensurar e avaliar o policiamento comunitário e aperfeiçoar a qualidade deste
trabalho.
Conforme Paladini (2007, p. 38), todo indicador precisa ter condições de ser
mensurável, quantitativo, com ações claramente estruturadas e definidas. Nestes
termos, não há possibilidade de considerar como indicador o nível de sabedoria de
um indivíduo, a redução do número de acidentes em uma rodovia, a motivação da
comunidade em participar com a polícia sobre segurança pública, pois estes fatores
não possibilitam criar uma estrutura clara e precisa, bem como existem fatores que
não dependem, unicamente da ação da organização, mas do próprio indivíduo.
Na visão de Paladini (2007), Tironi et. al. (1991) e Oliveira (2008) os
indicadores apresentam características importantes: devem ser simples,
mensuráveis, compreensíveis, confiáveis, atingir as principais etapas do processo e
ter estabilidade ao longo do tempo; objetividade; clareza; precisão, viabilidade;
representatividade; visualização; ajuste; unicidade; alcance e resultados, descritos
no quadro a seguir:
41
Quadro 9 (4.1: Classificação e Análise dos Indicadores para Avaliação do
Policiamento Comunitário)
42
Figura 8 (A Formação do Indicador de Qualidade)
43
Conforme sugere Paladini (2007), quando uma organização está em
processo de transição de avaliação baseada em mecanismos estatísticos para
avaliação utilizando indicadores é necessário o envolvimento de pessoas no esforço
pela qualidade.
44
9.3.2 Indicador de Ações Preventivas nas Escolas (IAPE)
45
Periodicidade: Mensal. Para iniciar o processo é necessário um período de
04 (quatro) meses para alimentar o sistema, para depois estabelecer as metas e
indicadores para as UEOp/RPM.
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além disso, a gestão da qualidade envolve um monitoramento e avaliação
para alcançar os objetivos propostos.
10.1 Esta Diretriz deverá ser desdobrada pelas RPM, servindo como referencial em
treinamentos, planos e ordens para as frações subordinadas, devendo ser
exaustivamente difundida.
10.2 Esta diretriz entrara em vigor na data de sua publicação, revogando a DPSSP
nº 04/2002 – CG, de 16 de dezembro de 2.002.
46
ANEXO “A” (CONCEITOS BÁSICOS) À DPSSP N° 3.01.06/11- CG
1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES
1.1 Comunidade
Para não correr o risco de definições ou conceitos unilaterais, preferimos
apresentar alguns traços que caracterizam uma comunidade:
a) forte solidariedade social;
b) aproximação dos homens e mulheres em frequentes relacionamentos
interpessoais;
c) a discussão e soluções de problemas comuns;
d) o sentido de organização possibilitando uma vida social durável.
Durkheim (1989) observa que a solidariedade forte aproxima os homens.
1.2 Segurança
Jorge Wilheim (1982) diz que a segurança do indivíduo envolve:
a) o reconhecimento do seu papel na sociedade;
b) a auto-estima e a auto-sustentação;
c) clareza dos valores morais que lhe permitam distinguir o bem do mal;
d) o sentimento de que não será perseguido por preconceito racial, religioso ou
de outra natureza;
e) a expectativa de que não será vítima de agressão física, moral ou de seu
patrimônio;
f) a possibilidade de viver num clima de solidariedade e de esperança.
1.3 Áreas degradadas
Regiões cronicamente desassistidas por setores do poder público,
notadamente as áreas urbanas periféricas dos grandes centros.
1.4 Associações comunitárias
Conjunto de pessoas reunidas em torno de objetivos diferentes de sindicatos,
mas cuja concretização também os beneficie coletivamente, e que se valem da
representatividade proporcionada por sua organização, para obter, junto ao Poder
Público, melhor e mais ágil encaminhamento da solução de problemas de caráter
comum; geralmente essas entidades são registradas, possuem regimento interno e
são geridas mediante eleições periódicas de seus representantes, pelos moradores
do(s) bairro(s) em que residem. Suas atividades são fiscalizadas pelo Ministério
Público.
1.5 Cidadão
Indivíduo no pleno exercício de direitos civis e políticos, ou no desempenho de
seus deveres em relação do Estado, e que está consciente dos deveres de seus
representantes políticos e dos órgãos públicos sediados ou representados no
47
Município em que reside.
1.6 CONSEP
Sigla designativa de Conselho Comunitário de Segurança Pública.
48
1.11 Poder Público
Denominação genérica atribuída a órgão ou conjunto de órgãos integrantes da
estrutura do Estado, neste consideradas todas as formas de representação do poder
que, mediante o pagamento de impostos pelos cidadãos, tem deveres de satisfazer
necessidades coletivas.
1.12 Zonas Quentes de Criminalidade (ZQC)
Áreas com alta incidência de criminalidade, a partir das quais são planejadas
operações e estruturadas, nos CONSEP, políticas de gestão dos problemas
detectados. Quando registradas em arquivos de computador, denominados
geoarquivos, os quais unem informações espaciais de um determinado município ou
região, as ZQC apresentam coloração mais intensa, indicativa da predominância do
registro de delitos numa determinada localização do mapa da localidade considerada.
1.13 Defesa Social
Defesa Social é o conjunto de ações desenvolvidas por órgãos, autoridades e
agentes públicos, cuja finalidade exclusiva ou parcial seja a proteção e o socorro
públicos, através de prevenção, ou repressão de ilícitos penais ou infrações
administrativas. A Defesa Social visa, antes de tudo, a atingir um elenco de soluções
que levem à harmonia social. A Defesa Social consiste, então, num conjunto de
ações adotadas para proteger os cidadãos contra os riscos decorrentes da própria
sociedade. A Defesa Social é exercida pelos poderes constituídos, instituições,
órgãos e entidades públicos ou privados, que tenham por fim proteger o cidadão e a
sociedade, através de mecanismos que assegurem a ordem pública.
Os órgãos da Defesa Social que guardam mais estreita relação com a Polícia
Militar são os Corpos de Bombeiros, a Polícia Civil, o Ministério Público, o Judiciário e
o Sistema Prisional. Integram-na, ainda, os organismos que cuidam da saúde pública,
da educação e do trabalho e ação social, além de outras instituições públicas e
também privadas.
49
ANEXO “B” (PROCEDIMENTOS DE OPERACIONALIZAÇÃO DA POLÍCIA
COMUNITÁRIA) À DPSSP N° 3.01.06/2011 - CG
1 PROCEDIMENTOS DE OPERACIONALIZAÇÃO
1.1 Primeira Etapa: Identificação das lideranças locais
Verificação da existência de Sociedade Amigos de Bairro, Entidades
Religiosas, Conselhos Escolares, outras Entidades governamentais e não
governamentais.
Através de contato com a Polícia (Militar e Civil) da área e Administração
Regional.
Anotações de todos os endereços e telefones para contato e agendamento de
visita.
50
c) convidar para posterior reunião, se necessário;
d) palestra sobre Polícia Comunitária.
Após terem sido identificados os líderes dos grupos relevantes, o próximo
passo é congregá-los, convocando-os para reuniões com os seguintes objetivos:
a) facilitar a expressão de sentimentos quanto aos problemas aparentes;
b) encorajar grupos relevantes a trocar pontos de vista sobre cada um deles.
(Muitas instituições têm receios em relação às outras e, da mesma forma, os
cidadãos);
c) criar um clima favorável ao diálogo, a fim de que os mal entendidos ou as
falsas opiniões possam ser identificados e discutidos quaisquer fatores causadores
do problema;
d) identificar os grupos de auto-interesse, e mostrar de que maneira cada um
dos grupos se beneficiará do processo cooperativo de resolução de problemas para
prevenir o crime e a desordem.
51
1.5 Quinta Etapa: Coleta de informações (características sócio-econômicas,
características geográficas e ambientais)
a) informações: perfil da área (mapa preciso, número de residências, número e
tipo de comércio, escolas, igrejas, associações, postos de saúde, área de lazer etc.);
perfil dos habitantes (idade, sexo, grau de instrução, profissão, estado civil, se
empregado etc.);
b) verificação de responsáveis pela coleta de informações e locais a serem
coletadas. Estas informações podem ser fornecidas pela própria polícia, órgãos
públicos, ONGs, entidades existentes no bairro, tais como hospitais, instituições
religiosas, etc.;
c) tabulação e análise das informações. Sociabilizar as informações à
comunidade.
52
d) coordenação e planejamento atuais que estão fragmentados ou dirigidos de
maneira centralizada;
e) conflito ou cooperação, no âmbito interno ou entre as instituições; relações
entre as instituições de justiça formal e as instituições sociais.
54
Polícia Comunitária dentro da filosofia de trabalho proposta e abrir os quarteis para a
Comunidade e mostrar o que é a Polícia Militar;
i) preparação e sensibilização do público interno para a nova filosofia de
trabalho;
j) quebrar a resistência quanto à Polícia Comunitária;
k) promover cursos de Polícia Comunitária para levar ao PM um conhecimento
sobre a sua responsabilidade na execução;
l) promover maior participação da tropa nas questões de Segurança Pública e
seu maior envolvimento com a comunidade na solução destes problemas;
m) estabelecer contato com o representante da comunidade;
n) traçar perfil da comunidade para estabelecer parâmetros de trabalho;
o) levantamento sócio-cultural e geográfico local;
p) levantamento dos locais de risco e repasse das informações à comunidade;
q) proceder levantamentos junto à comunidade dos problemas na área de
atuação;
r) fazer pesquisa junto à comunidade a respeito do seu anseio quanto à
Segurança Pública;
s) promover uma maior interação com a comunidade buscando sua
organização e formação de associações comunitárias;
t) pesquisar e analisar o fenômeno criminal na área de atuação para se definir
estratégias de solução dos problemas;
u) analisar a articulação operacional da fração e proporcionar sua adaptação
aos anseios da comunidade;
v) avaliação da necessidade logística e de pessoal para uma eficaz
implementação da Polícia Comunitária;
w) promover reunião com os diversos segmentos sociais propondo trabalho a
ser realizado com a cooperação deles;
x) discutir com os demais órgãos dos poderes constituídos melhores forma de
atuação no campo da Segurança Pública;
y) sensibilização da imprensa e sua participação nas atividades de Polícia
Comunitária;
z) desenvolver marketing de divulgação das atividades de Polícia Comunitária.
55
As ações e operações serão concebidas através da prevenção e da resolução
conjunta de problemas, tendo como alvo principal a população, o cidadão e a
melhoria da qualidade de vida.
56
ANEXO “C” (QUESTIONÁRIOS DE IMPLANTAÇÃO DA POLÍCIA COMUNITÁRIA)
À DPSSP N° 3.01.06/2011 – CG
APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO POLICIAMENTO
COMUNITÁRIO JUNTO A COM UNIDADE
Você deve ter consciência da importância de sua participação na segurança
do seu bairro. Fornecer informações à Polícia é uma das melhores formas, seja
sugerindo ou até mesmo criticando. Agradecemos o seu empenho em colaborar com
a Polícia Militar ao preencher este questionário.
SEXO: ( ) MASC ( ) FEM IDADE: _____________________
Nível de Instrução: ( ) 1º GRAU ( ) 2º GRA U ( ) SUPERIOR
Situação Civil: ( ) CASADO ( ) SOLTEIRO ( ) SEPARADO ( ) OUTROS
Situação na Comunidade: ( ) Residente ( ) Trabalhador ( ) Em trânsito
Há quantos anos reside (trabalha) no bairro?_____________
57
10) Você está pessoalmente satisfeito com o seu policial comunitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
11) Você já divulgou alguma vez um bom serviço prestado pelo seu policial
comunitário?
( ) Sim ( ) Não
12) Que sugestões você daria para melhorar a segurança da sua comunidade?
a. _______________________________________________________________
b. _______________________________________________________________
c. _______________________________________________________________
58
APENDICE 2
QUESTIONÁRIO PARA OS CHEFES DE POLÍCIA
O presente questionário destina-se à avaliação do Projeto Piloto de
Implantação do Policiamento Comunitário.
Nome:______________________________________________________________
Tempo de serviço:___________________ Tempo na Cia / Btl:__________________
Área (Km²) da Cia PM / Btl:_________________
População residente:____________ População flutuante (estimativa):___________
Efetivo existente ( fixado, menos os claros):____ Efetivo real ( existentes, menos os
afastados):____
Nº de Vtr operacionais existentes:___________ Nº de PM Comunitários:__________
Nº de Postos Policiais:_______________________________ __________________
Nº de bairros patrulhados por PM Comunitários:______________________________
População estimada atingida pelo Policiamento Comunitário: ___________________
Nº de HT:_____________ Nº de computadores em funcionamento:_______________
1) O prédio é próprio ou alugado?
( ) Próprio ( ) Alugado ( ) Outros
2) Quais as suas condições?
( ) Ótimas ( ) Boas ( ) ( ) Razoáveis ( ) Ruins ( ) Péssimas
3) Você conhece profundamente a filosofia do Policiamento Comunitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Superficialmente
4) Onde e como você aprendeu sobre a filosofia e os princípios do Policiamento
Comunitário?
( ) IESP ( )CESP( ) CEGESP ( ) Estágio ( )Curso
( ) Viagem ( ) Leituras
5) Você se julga preparado para empreender o policiamento comunitário na sua
área?
( ) Totalmente ( ) Parcialmente ( ) Não
6) As comunidades de sua área estão preparadas para receber o policiamento
comunitário?
( ) Totalmente ( ) Parcialmente ( )Não
7) De quem depende a iniciativa da implantação?
( ) da Polícia ( ) das Comunidades ( ) de Todos
( ) dos Cmt ( ) dos Líderes Comunitários
59
8) Sua Unidade / Subunidade está preparada materialmente para o Policiamento
comunitário?
( ) Sim ( ) Não
9) O que falta? Cite os três itens principais.
a. _________________________________________________________________
b._________________________________________________________________
c._________________________________________________________________
10) Seu efetivo está preparado para realizar o policiamento comunitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
11) O que falta? Cite três fatores.
a._________________________________________________________________
b._________________________________________________________________
c._________________________________________________________________
12) Você tem sido apoiado por seu Cmt para realizar o Pol. Comunitário?
Em efetivo ( ) Sim ( ) Não
Materialmente ( ) Sim ( ) Não
Em treinamento ( ) Sim ( ) Não
Em palavras ( ) Sim ( ) Não
Em iniciativas ( ) Sim ( ) Não
Ouros incentivos ( ) Sim ( ) Não
13) Você consegue ver, com a adoção do Policiamento Comunitário, um futuro
melhor para a Instituição Policial Militar e para você como Cmt?
Para a Instituição ( ) sim ( ) não
Para mim como Cmt ( ) sim ( ) não
14) Do que você mais necessita para implementar o policiamento comunitário em sua
Unidade / Subunidade?
( ) Recursos de materiais
( ) Salários para si e para os PM
( ) Recursos humanos
( ) Instrução
( ) Horário melhor
15) Críticas e Sugestões ( máximo de cinco linhas):
__________________________________________________________________
60
APENDICE 3
QUESTIONÁRIO PARA O POLICIAL COMUNITÁRIO
61
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
12) Você se sente apoiado por seus superiores para fazer o policiamento
comunitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente
13) O que está faltando em termos de apoio? Cite três fatores principais.
a._________________________________________________________________
b. _________________________________________________________________
c._________________________________________________________________
14) A comunidade para quem você trabalha está preparada para receber o
Policiamento Comunitário?
( ) Totalmente ( ) Parcialmente ( ) Não
15) Você vê futuro no Policiamento Comunitário?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
16) Você se sente valorizado como Policial Militar?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe
17) O que está faltando para isso? Cite três fatores principais.
a. ________________________________________________________________
b._________________________________________________________________
c._________________________________________________________________
62
APENDICE 4
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DA COMUNIDADE
QUESTIONÁRIO – SERVIÇOS
GRAU DE SATISFAÇÃO
2 - SERVIÇOS
5 4 3 2 1
Presença: é constante a presença da PM na sua
região
Rapidez: a chegada do Policial-Militar está dentro
dos 10 minutos quando solicitada
Eficiência: o policiamento desenvolve seu papel
preventivo
63
GRAU DE SATISFAÇÃO
3 - COMPETÊNCIA
5 4 3 2 1
Capacitação do pessoal demonstra conhecimento
dos serviços
Atualização e inovação: a Polícia Militar inova e
aperfeiçoa constantemente os serviços oferecidos
GRAU DE SATISFAÇÃO
4 - IMAGEM
5 4 3 2 1
64
ANEXO “D” (MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO POLICIAL COMUNITÁRIO) À
DPSSP N° 3.01.06/2011 - CG
1 DA POLÍCIA COMUNITÁRIA
Art. 1º - Para os efeitos deste manual, Polícia Comunitária é entendida como a
conjugação de todas as forças vivas da comunidade, sob a coordenação de policiais
especialmente designados, no sentido de preservar a segurança pública, prevenindo
e inibindo os delitos ou adotando as providências para a repressão imediata. Deve
ser entendida também como uma nova filosofia de atuação da Polícia Militar,
marcada pela intensa participação da comunidade na resolução dos problemas
afetos à Segurança Pública.
Art. 2º - O policial comunitário não excluirá as ações de policiamento tradicional
realizadas normalmente pelo Policial. Aos enfoques da atuação tradicional serão
acrescidos procedimentos comunitários, visando adequar convenientemente o
Policial à nova filosofia.
Art. 3º - A Polícia Comunitária desempenhará suas atividades aproveitando todos os
recursos disponíveis na comunidade, desenvolvendo o sentimento de que a
segurança envolve esforço permanente e solidário.
Art. 4º - No esforço de segurança da comunidade, serão analisadas todas as
variáveis públicas: estacionamentos, diversões públicas, condições de ruas,
avenidas, praças, terrenos baldios, elevações ou depressões do terreno, rios, lagos,
plantações, número de veículos, arquitetura de segurança e outras que possam influir
direta ou indiretamente.
Art. 5º - Será organizado um banco de dados com registro de todas as informações
úteis para a segurança, participando como fonte todas as pessoas e policiais da
comunidade.
Art. 6º - O policiamento deverá ser distribuído no sentido de ocupar o espaço
territorial, atuar em pontos estratégicos, acoplando - se a um sistema de auto defesa
da própria população.
Art. 7º - O Policial Comunitário deverá responder à comunidade em três pontos
básicos: ser visível; de fácil acesso pela população; e com capacidade de resposta
imediata e adequada.
Art. 8º - Para alcançar o previsto no artigo anterior serão desenvolvidos esforços no
sentido de que homens, viaturas e equipamentos apresentem estimulação visual
atraente e agradável.
Art. 9º - O relacionamento interpessoal policial - cidadão se dará em um clima de
receptividade, boa vontade, sem tensões e conflitos.
65
cidadania para o pleno êxito do policial comunitário.
Art. 11 - O policial comunitário é um serviço que exige do Policial urbanidade e
civilidade, impondo o conhecimento e aplicação dos preceitos da boa educação,
regras de boas maneiras e cortesia no relacionamento com o público.
Art. 12 - O Policial é um profissional de segurança pública e, como tal, deve colocar
em prática, nas mais diversas situações, os princípios, normas e ensinamentos
técnicos e táticos de policiamento, bem como os de relacionamento com o público,
sempre embasados no ordenamento jurídico e nos preceitos ético - morais e
religiosos da comunidade onde atua.
3 DO POLICIAL COMUNITÁRIO
Art. 13 - O policiamento é a atividade de polícia em que o homem a pé, a cavalo, em
bicicleta, motocicleta, ou viatura, movimenta-se num itinerário constante ou variável,
visando prevenir e inibir a prática criminosa pela presença ostensiva, bem como
adotar as providências repressivas imediatas.
Art. 14 - Para o êxito de sua missão, o policial deve portar agenda com anotações,
como: endereços de hospitais, correios, repartições públicas, postos de atendimentos
assistenciais, telefones úteis e outros registros necessários para melhor servir e
informar a população.
Art. 15 - O policiamento deve ser executado conforme modelo operacional que deve
se orientar por:
a) recebimento do serviço com informações das últimas ocorrências, locais e
horários e possibilidades futuras;
b) estacionamento ou movimentação em locais onde possa ser visto e
identificado pela população, evitando conversas e ajuntamentos desnecessários com
os demais policiais de serviço;
c) atendimento à população quando solicitado ou buscando relacionamento
por sua auto-iniciativa, no sentido de integrar-se à comunidade;
d) atenção especial a crianças, mulheres, idosos e deficientes físicos,
buscando protegê-los e facilitar sua locomoção, no trânsito, nas calçadas e entradas
em veículos;
e) deslocamento da viatura em baixa velocidade quando do policiamento
normal, ficando atento ao que ocorre por onde passar, observando a circulação de
pessoas e veículos;
f) execução do policiamento e relacionamento com a população de forma
educada, polida, atenciosa, cor sabendo dosar o uso de energia quando necessário o
seu emprego;
g) conhecimento das leis, manuais e regulamentos que fundamentam o
trabalho policial, conhecendo e distinguindo as diversas infrações penais;
h) uso de linguagem comedida evitando conflitos e situações humilhantes às
pessoas envolvidas em ocorrências;
i ) arrolamento de testemunhas, esclarecendo as pessoas da necessidade dos
66
depoimentos como prova de inocência ou de culpabilidade e de sua importância para
a ação da justiça; e
j) atuação no sentido de não tomar partido na ocorrência, tratando a todos de
mesmo modo, evitando familiaridades, mesmo que se trate de conhecidos, amigos ou
parentes.
67
circunstâncias locais e o fato de a grande maioria das pessoas não serem
criminosas, mas cumpridoras das leis;
c) que as pessoas presas têm direitos e que devem ser respeitadas na sua
integridade física;
d) situações circunstanciais, como pessoas carregando sacos ou objetos
pesados; indivíduos aflitos ou nervosos sem motivo aparente; grupo de pessoas
paradas em locais ermos ou mal iluminados; alterações de comportamento em
presença da polícia; abandono de objetos na presença de policiais; pessoas sujas de
sangue ou com aparência de uso de drogas ou alcoolizadas, sem confundi-las com
pessoas doentes;
e) cuidados especiais devem ser observados com:
- pessoas que, ao verem o Policial, alteram o comportamento, disfarçando,
ou mudando de rumo, ou largando algum objeto, demonstrando de alguma forma
preocupação com a chegada do Policial;
- indivíduo cansado, suado por correr, sujo de lama ou sangue;
- indivíduo parado ou veículo parado por muito tempo, próximo a
estabelecimento de ensino;
- pessoas com odor característico de tóxico;
- indivíduo parado por muito tempo nas proximidades de estabelecimentos
comerciais ou bancários;
- indivíduo agachado, dentro ou ao lado de veículo parado ou estacionado;
- pessoa ou veículo que passa várias vezes pelo mesmo local;
- estabelecimento comercial com a porta entreaberta;
- janelas ou portas abertas em residências ou estabelecimento comercial,
especialmente no período noturno;
- ocupantes de veículo cujas aparências estão em desacordo com o tipo de
veículo;
- veículo que passa em alta velocidade, com ocupantes apavorados ou
empunhando arma;
- carro estacionado, com motorista no volante, parado há muito tempo no
mesmo local;
- veículo parado, mal estacionado, luzes acesas, portas abertas, chaves no
contato;
- veículo em movimento que procure chamar atenção do policial através de
sinais, como luzes, buzinas, freadas, etc.;
- ruídos que quebram a rotina, como gritos, explosões, disparos de arma de
fogo, etc.;
- veículo velho com placa nova, veículo com placa dianteira diferente da
traseira, veículo com lataria amassada ou vidros estilhaçados, veículos com marcas
de balas na lataria; e
68
- indivíduo estranho, muito atencioso e carinhoso com crianças nas ruas.
69
a) ser solícito, demonstrando paciência e boa vontade;
b) ter sempre consigo um guia da cidade com os principais serviços públicos,
telefones, linhas de ônibus, horários (se possível itinerário), estações rodo-
ferroviárias, aeroporto, pontos de táxi, etc.;
c) entre as informações mais frequentes encontram-se:
- hospitais;
- agências bancárias;
- distritos policiais;
- repartições públicas federais, estaduais e municipais;
- terminais rodoviário e ferroviário;
- estações de metrô;
- agências de correios;
- pontos de táxi;
- telefones públicos;
- igrejas;
- monumentos;
- escolas;
- teatros;
- cinemas;
- hotéis;
- praças de esportes;
- bancas de jornal;
- shopping center; e
- magazines famosos.
d) caso não conheça o teor de uma solicitação de informação, recorrer via
rádio ou a um colega ou pessoas que possam atender ao solicitante, que não deve
ficar sem uma resposta do policial;
e) usar linguagem acessível, principalmente com crianças e idosos. Ter
cuidados especiais com os estrangeiros, turistas e pessoas em trânsito pela cidade; e
f) usar na informação o tempo estritamente necessário para se fazer entender.
71
3.7 DO RELACIONAMENTO COM POLÍTICOS E OUTROS REPRESENTANTES
DA POPULAÇÃO
Art. 22 - A área de policiamento poderá ser endereço de residência ou de circulação
de políticos locais ou regionais. O policial deverá:
a) conhecer os vereadores, deputados e demais políticos, mantendo-se a
partidário em suas missões;
b) reconhecer os vereadores como políticos de contato mais direto com a
população local e por isso são procurados diariamente; e
c) no relacionamento com vereadores, apresentar os problemas da
comunidade que repercutem na segurança, como iluminação pública, terrenos
baldios, serviços públicos e outros fatores ambientais.
72
f) manter a serenidade e seriedade no atendimento;
g) evitar gestos inconvenientes, exagerados ou desnecessários;
h) ser comedido no trato com senhoras ou senhoritas;
i) carregar na viatura, como carga pessoal, bolsa de nylon, contendo código
penal, guias, mapas do setor e legislação de trânsito, para consulta e informações ao
público;
j) ter no bolso da farda pequeno bloco para anotação e apito;
l) não conversar com o companheiro da viatura, quando estiver patrulhando
locais de concentração de pessoas ou ruas movimentadas;
m) não permanecer dentro da viatura, conversando com pessoas; saia e fique
de pé ao lado do veículo;
n) colaborar com os oficiais e praças da ativa, não só prestando serviços
profissionais, bem como se solidarizando em dificuldades particulares que estejam ao
seu alcance minimizar;
o) respeitar os oficiais e praças da reserva ou reformados, não só para
cumprimento das normas regulamentares, mas pelo apreço que merecem; e,
p) ao tratar com idosos e crianças, fazê-lo de maneira carinhosa, por
representarem a futura e passada gerações, tratando-os de maneira especial.
73
b) se a praça for defronte a uma igreja, estacionar a viatura antes do início e
no final das missas;
c) orientar os frequentadores para a preservação do patrimônio público, como
telefones, bancos, monumentos, jardins etc.;
d) orientar os frequentadores para o uso correto dos recipientes coletores de
lixo;
e) contatar, conhecer e se fazer conhecer pelos comerciantes que exercem
suas atividades no local;
f) observar e analisar os hábitos dos frequentadores, orientando-os em casos
de excessos;
g) organizar o trânsito nas vias próximas com o fim de proporcionar segurança
aos transeuntes e frequentadores do local; e
h) controlar o uso de bicicletas por parte das crianças e adolescentes,
orientando-as.
Art. 28 - Nas áreas residenciais:
a) contatar, conhecer e se fazer conhecer pelos moradores;
b) orientá-los nos variados aspectos de segurança pública;
c) conhecer os empregados e pessoas que frequentam as residências;
d) procurar conhecer os veículos de propriedade dos moradores;
e) ao deparar com veículos estacionados com os faróis ligados ou vidros e
portas abertas, procurar o proprietário para avisá-lo e orienta-lo;
f) ao constatar uma porta ou portão aberto, fazer contato com o morador,
orientando-o;
g) conhecer e se fazer conhecer pelos proprietários de estabelecimentos
comerciais do setor; e
h) identificar os indivíduos considerados criminosos e vândalos residentes no
setor.
Art. 29 - Nas áreas bancárias e comerciais, devem ser adotados os seguintes
procedimentos:
a) contatar, conhecer e se fazer conhecer por todos os proprietários, gerentes
e funcionários dos estabelecimentos comerciais e bancários;
b) orientar individual ou coletivamente os integrantes de cada empresa no que
tange à segurança do respectivo estabelecimento;
c) procurar identificar e dar proteção a pessoas idosas, mulheres, crianças e
adolescentes nas saídas ou chegadas aos bancos, especialmente quando portarem
valores;
d) ajudar pessoas idosas e senhoras a embarcar compras quando for o caso;
e
e) controlar o trânsito, orientando os motoristas quanto aos locais apropriados
74
para paradas e estacionamentos de veículos.
Art. 30 - O Policial, ao assumir o serviço em terminais rodos-ferroviários e aéreos,
deverá:
a) conhecer todos os compartimentos, áreas de circulação e recursos
oferecidos pelo terminal ao usuário;
b) conhecer os administradores e se fazer conhecer, mantendo com eles
contatos diários;
c) procurar identificar os hábitos dos usuários de maneira a melhor detectar as
anormalidades;
d) se houver sistema de som, procurar utilizá-lo para orientar constantemente
os usuários;
e) auxiliar e orientar os usuários quando solicitado, devendo conhecer os
principais horários de embarque e desembarque de passageiros, empresas
prestadoras de serviços, localização de telefones públicos, sanitários, bares, pontos
de táxi, vias de acesso, principalmente de deficientes físicos;
f) atentar para os pontos de ação dos marginais, reforçando o policiamento e
orientando os usuários, especialmente em:
- áreas com telefones públicos;
- áreas próximas aos sanitários e no seu interior;
- ponto de embarque e desembarque.
g) atentar para os taxistas não credenciados ao terminal, procurando identificá-
los e evitar a atuação no local; e
h) orientar as famílias que desembarcam com excesso de bagagem ou com
muitas crianças.
Art. 31 - Em salões de bailes, cinemas, circos, teatros e outras casas de espetáculos,
o Policial deverá:
a) fazer contato com os responsáveis pelo evento para saber das
peculiaridades do local e do evento;
b) estacionar a viatura em ponto estratégico, deixando-a bem visível,
principalmente antes do início e ao término do evento;
c) conhecer a localização de extintores de incêndio e saídas de emergência,
verificando se estão desobstruídas;
d) controlar e fiscalizar a entrada e saída dos frequentadores;
e) fiscalizar a ação dos guardadores de veículos;
f) dar especial atenção às bilheterias e aos locais de estacionamento,
prevenindo os delitos contra o patrimônio;
g) organizar as filas em dias de grande frequência;
h) quando houver procedimento impróprio que não configure ilícito penal por
parte de frequentadores, admoestarem os inconvenientes, agindo com rigor se não
75
for atendido; e
i) em caso de pânico, procurar acalmar as pessoas, liberando todas as saídas
e orientando a evacuação.
Art. 32 - Nas feiras livres, observar-se-ão os seguintes procedimentos:
a) estacionar a viatura nas ruas de entrada e, a pé, executar o policiamento,
procurando conhecer os feirantes;
b) de madrugada, período em que são armadas as barracas, passar pelo local,
estacionando a viatura temporariamente;
c) durante a feira, dar especial atenção a pessoas idosas, crianças e
adolescentes;
d) verificar crianças perdidas, conduzindo-as para a viatura, criando
procedimento com os feirantes para a localização de seus pais; e
e) controlar e fiscalizar a ação dos carregadores de sacolas.
Art. 33 - Nos eventos esportivos, o Policial deverá obedecer aos seguintes princípios:
a) conhecer os locais de circulação e os recursos que o local proporciona ao
público;
b) delegar, através de contatos informais com os líderes de torcidas, a
responsabilidade pelo controle e manutenção da ordem pública;
c) manter a ostensividade, postura e compostura;
d) dedicar especial atenção aos idosos, crianças e adolescentes; e
e) não criticar a ação dos envolvidos na contenda desportiva, pois poderá
estar sendo antipático.
76
b) conhecer e orientar os familiares quanto ao procedimento para a liberação
do corpo;
c) indicar a funerária municipal e a repartição pública responsável nos casos
de pessoas humildes;
d) respeitar a privacidade e os direitos das pessoas da família quanto à
divulgação da ocorrência; e
e) utilizar o centro de operações para avisar familiares com dificuldade de
localização.
5.1.4 DO SEQUESTRO
Ar t. 39 - Ao atender ocorrência de sequestro, o Policial deverá:
a) procurar tranquilizar os familiares da vítima, explicando que grupos
especializados estão preparados para esse tipo de ocorrência;
b) respeitar a privacidade e os direitos da pessoa; e
c) ao localizar o sequestrado, abrigá-lo em local seguro e confortável, avisando
77
os familiares com informações precisas.
78
c) orientá-las sobre o serviço de guincho, evitando a ação dos aproveitadores.
5.3.3 DESINTELIGÊNCIA
Art. 45 - O Policial deverá:
a) não tomar partido, principalmente se os contendores forem marido e mulher
(seguir o que prescreve a lei “Maria da Penha” nr 11.340 de 07 de agosto de 2006);
b) procurar saber as razões do impasse, orientando quanto às consequências
de um processo judicial; ( ver a possibilidade da aplicabilidade da Mediação de
Conflito) e
c) solicitar se possível, o concurso de familiares e amigos dos envolvidos,
objetivando a solução do impasse.
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BITTNER, Egon. Aspectos do Trabalho Policial, São Paulo, SP: Edusp, 2003.
FARRELL, Grahan & PEASE, Ken (Eds). Repeat Victimization. Monsey, New York:
Criminal Justice Press, 2001. (ISBN: 1-881798-26-7).
Felson, M. & Clarke, R. V. (1998). Opportunity Makes the Thief. Police Research
Series, Paper 98. Policing and Reducing Crime Unit, Research, Development
and Statistics Directorate. London: Home Office. 1998.
<http://www.homeoffice.gov.uk/rds/prqpdfs/fprs98.pdf>. Acesso em: 24 fev. 2006.
81
FERREIRA, Carlos Adelmar. Implementação da Polícia Comunitária – Projeto
para uma Organização em Mudança. SP: Polícia Militar do Estado de São Paulo,
CSP II/95, Monografia.
82
_____________. Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública nº
3.01.01/2010 – CG. Regula o Emprego Operacional da Polícia Militar de Minas
Gerais. Belo Horizonte, MG: Comando-Geral, EMPM3, 2010.
83
MOORE, Mark H.; TROJANOWICZ, Robert C.. Estratégias Institucionais para o
Policiamento. Cadernos de Polícia, n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado
do Rio de Janeiro, 1993.
MOREIRA, Cícero Nunes; OLIVEIRA, Alexandre Magno de. Gestão pela Qualidade
na Segurança Pública. In: BRASIL. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de
Segurança Pública (AD/BRA/98/D32). Apostila do curso nacional de multiplicador de
polícia comunitária. Rio de Janeiro, mar. 2004. p. 137 – 166.
84
Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG,
2000.
Sparrow, Malcolm K.; Moore, Mark H.; Kennedy, David M. Beyond 911: A New Era
for Policing. New York, USA: Basic Books, Inc. 1990.
85