RESUMO
Este trabalho tem por objetivo central a apresentação das características de organizações
contemporâneas que focam na captação e retenção de talentos como uma forma de evitar o
Turnover. Foram pesquisadas farmácias da cidade de São João del Rei/MG, num total de 15
profissionais entrevistados de 5 redes de atendimento ao público, com o objetivo de observar
fatores que atraem e retém os mesmos nas organizações. Constatou-se que o grande volume
de entradas e saídas de colaboradores, de afastamentos, sejam estes com justa causa ou não,
estão diretamente ligados à forma como as organizações se apresentam para os colaboradores,
destacando a forma como estas procuram atrair e ao mesmo tempo reter os mesmos
trabalhando em seu contexto profissional. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário, aplicado com colaboradores da área administrativa e operacional das redes
farmacêuticas. Ao final os resultados que se apresentaram nos sugeriram que a captação e
permanência é uma consequência da junção de fatores como a remuneração e os benefícios, a
cultura e o clima organizacional, o desenvolvimento do trabalho em equipe, a avaliação de
desempenho, o plano de carreira, todos estes conjugados promovendo a rotatividade,
denominada de Turnover. Entretanto, conclui-se que esse processo de rotatividade é um
fenômeno administrativo organizacional com grande dificuldade de ser resolvido no seio das
organizações, pois ele é motivado por uma gama diferenciada de fatores organizacionais e
pessoais.
ABSTRACT
This paper aims to present the characteristics of contemporary organizations that focus on
capturing and retaining talent as a way to avoid the Turnover. Pharmacies were surveyed in
the city of São João del Rei / MG, in a total of 15 professionals interviewed from 5 public
service networks, in order to observe factors that attract and retain them in organizations. It
was verified that the large volume of employees' contributions and withdrawals, whether they
are due or not, are directly related to the way organizations present themselves to employees,
highlighting the way they seek to attract and at the same time retain them working in their
professional context. The data collection was done through a questionnaire, applied with
collaborators of the administrative and operational area of the pharmaceutical networks. In the
end, the results that have been presented have suggested that the capture and permanence is a
consequence of the combination of factors such as compensation and benefits, culture and
organizational climate, the development of teamwork, performance evaluation, career, all
these conjugados promoting the rotation, denominated of Turnover. However, it is concluded
that this process of rotation is an organizational administrative phenomenon with great
difficulty to be solved within organizations, because it is motivated by a differentiated range
of organizational and personal factors.
De acordo com Chiavenato (2004) observa-se que as pessoas passam boa parte de suas vidas
trabalhando em organizações como colaboradores e de alguma forma procuram atingir seus
objetivos pessoais e profissionais. Por outro lado as organizações também procuram por meio
de seus programas de metas produzirem seus bens e assim desenvolverem-se consolidando o
crescimento e a solidificação no mercado. Percebe-se nessa colocação a relação de
dependência entre os colaboradores e a organização, certamente um não existiria sem o outro.
A gestão de pessoas desenvolve-se nesse meio como uma ciência capaz de capacitar,
desenvolver e envolver colaboradores e organizações a fim de procurar uma valorização das
relações humanas. Trata-se de uma área de gerenciamento humano muito sensível aos
objetivos pretendidos pela organização e que difere em determinado momentos dos desejados
pela organização. Determinados aspectos interferem na situação como, por exemplo, ser um
momento situacional e contingencial caracterizado e influenciado pela cultura, pela estrutura,
pelo contexto do ambiente vivenciado, pelas tecnologias aplicadas. Há também aspectos
determinantes como a realização dos processos internos e das variáveis internas existentes nas
organizações, Chiavenato (2004).
As mudanças ao longo dos últimos anos, majoritariamente nas duas últimas décadas
propiciaram uma mudança de visão e no trato das organizações com seus colaboradores. As
organizações se propuseram a desenvolver ações estratégicas que objetivam valorizar mais os
colaboradores, pois sabem que as pessoas representam o sucesso ou o fracasso das metas a
serem atingidas. A gestão, portanto se apresenta como um processo de gestão dos recursos
humanos caracterizado pelos atos de agregação, recompensas, aplicações, monitoramento,
manutenção ou retenção de pessoas, conforme enfocado por Dutra (2008).
E é sobre esta última característica que propõe-se desenvolver a pesquisa, pois captar um
talento retê-lo no seio da organização, gerir um novo talento, demonstra a capacidade de
indicar o sucesso das organizações, uma vez que nem sempre possuir pessoal colaborador
significa ter talentos em seus quadros. Para ter talento, a pessoa precisa possuir algum
diferencial que a valorize. (CHIAVENATO, 2004).
No momento em que menciona-se o mercado de recursos humanos moderno, evidencia-se
uma necessidade maior de manter talentos. A gestão de pessoas deve se preocupar com uma
avaliação do ambiente de trabalho, propiciando condições de trabalho satisfatórias e
prazerosas aos colaboradores, um grande dilema dos gerenciadores de recursos humanos,
principalmente quando se trata de manter os chamados talentos conforme Almeida (2004).
2 A CAPTAÇÃO E A RETENÇÃO DE TALENTOS
Analisando o significado de talento, observamos que o mesmo vem do grego (tálantos) e
passa com a influência dos romanos ao latim como (talentum) e não significa dinheiro
passando a ser uma aptidão natural ou uma habilidade adquirida, podendo ser também uma
inteligência excepcional. Segundo Gretz ( 1997), o talento está associado a algo valioso,
usado para denominar pessoas que se destacam por alguma habilidade marcante.
No atual cenário das organizações caracterizado por um mercado altamente competitivo,
conquistar talentos deixou de ser somente o grande objetivo das organizações. O talento
passou a ser uma necessidade dentro das organizações, pois ele está acima da média ao
enfrentar os problemas visto que ele é um excelente profissional para se buscar para o
contexto organizacional, sobre isso Chowdhury aponta que:
De acordo com Almeida (2004 p. 17), “muitos talentos tornam-se candidatos passivos, isto é,
mesmo empregados, estão sempre antenados para captar novas oportunidades”, desta maneira
a competição entre os próprios colaboradores internos é uma constante. Diante disso, é
fundamental mantê-los no seio das organizações pelo maior tempo possível.
Percebe-se que os talentos não são grandes genialidades ou tão pouco, pessoas com dons
especiais, tratando-se de pessoas normais com as mesmas potencialidades mentais e
gerenciais que todos nos possuímos. O que as difere é a capacidade perceptível do que
realmente pode ser feito com um grande senso de responsabilidade sobre a organização
transformando o senso de responsabilidade em uma capacidade cada vez melhor.
Outra importante definição nesse momento é a clara definição do termo “captação”. De
acordo com a maioria dos autores pesquisados, o termo tem relação com a atração de pessoas
para exercer uma determinada posição ou cargo, dentro ou fora da organização, ou seja,
captação aparece como sinônimo de recrutamento.
De acordo com Chiavenato (2000, p. 197) o recrutamento é “um conjunto de técnicas e
procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar
cargos dentro da organização”. Prosseguindo na mesma linha de análise, Marras (2000, p. 69)
nos diz que recrutamento
Mas outras interpretações podem ser aceitas como a de Dutra (2008, p. 81) que define
captação como sendo “toda e qualquer atividade da empresa para encontrar e estabelecer uma
relação de trabalho com pessoas capazes de atender a suas necessidades presentes e futuras”.
É importante perceber que o diferencial buscado por uma organização é a implementação de
uma solução diferenciada que busque atrair e reter o talento que, por vezes,se encontra no seio
da organização. Trata-se de uma problemática que vem se complicando com o passar dos
tempos, pois a mudança no cenário organizacional tem exigido tal condição humana em maior
quantidade e qualidade. Se por um lado as organizações apresentam novas características, não
tenha dúvida que os mais jovens que entram no cenário das organizações também mudaram
seus objetivos, passaram a procuram ambientes onde prevaleça a autonomia e a liberdade, e
fundamentalmente algo desafiante para suas vidas, além do óbvio que é uma grande
compensação financeira, justa pelo trabalho realizado. No sentido de atrair novos talentos as
organizações precisam se apresentar como valorizadoras dos capitais humanos que possuem,
de acordo com Chowdhury(2003), devem-se valorizar “modus operandi” que se utilize de
características como:
Percebida a grande alteração dos objetivos da gestão de pessoas, o desafio de agora do setor
de RH é de nível estratégico, pois se trata de desenvolver uma política de gestão de pessoas
voltada para atrair e reter pessoas, compreendendo que a retenção está mais difícil que a
atração.
Segundo, Chowdhury (2003, p.82) novos talentos conduzem um processo que “um talento
atrai outros, um pacote de remuneração baseada em desempenho é outra chave para atrair e
manter talentos. Ao final do dia, tem-se que criar um ambiente onde os talentos sintam que
serão financeiramente independentes”.
Atrair é uma manifestação sobre o que a organização pode oferecer e a retenção depende do
que verdadeiramente a organização pode cumprir.
Para Chiavenato (2004, p.53) o “talento, é preciso saber atrair, aplicar, desenvolver,
recompensar, reter e monitorar esse ativo precioso para as organizações”. Enfatizando essa
especificidade pode-se dizer que a retenção de talentos é o grande desafio da atualidade
mediante a criação de uma sistemática que atraia, desenvolva e retenha os talentos no seio da
organização. Para Covey (2002)
Satisfeitos
47%
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Fonte: Dados da Pesquisa
Cultura Organizacional
Fraca
14%
Satisfatória
20%
Muito Bom
66%
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Fonte: Dados da Pesquisa
Outro aspecto analisado pela pesquisa foi a cultura e clima organizacional das organizações,
onde em uma escala de fraca ou ruim, encontramos 02 colaboradores, correspondendo a
13,5%. Outros 03 colaboradores compreendem a situação da organização como satisfatória ou
boa, correspondendo a 20,0% do total, finalmente outros 10 colaboradores compreendem que
na organização o clima e a cultura são muito bons, excelentes, correspondendo a 10
colaboradores. De acordo com Michelman (2007, p. 25), este afirma que:
Trabalho em Equipe
Fraco/Ruim
Excelente 15%
33%
Satisfatório
54%
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Fonte: Dados da Pesquisa
Quando nos recorremos a trabalho em equipe os resultados mostraram que 13,5%, ou seja, 02
colaboradores classificam o trabalho desenvolvido na organização como fraco ou ruim. No
entanto, para 53,5%, 08 colaboradores, classificam os trabalhos em equipe da organização
como satisfatórios ou bons e para 33,0%, 05 colaboradores a gestão do trabalho é muito boa
ou excelente. Nas palavras de Michelman (2007, p. 55), este sugestiona que
Plano de Carreira
Excelente Ruim/Fraco
33% 15%
Satisfatório
54%
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Fonte: Dados da Pesquisa
________. Idalberto. Recursos Humanos – Ed. Compacta. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
_______. Idalberto. Gestão de pessoa: e o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. 2º edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CHOWDHURY, Subir. A Era do Talento: Obtendo Alto Retorno sobre o Talento.São Paulo:
Pearson Education, 2003.
HANASHIRO, Darcy Mitiko Mori. Gestor do Fator Humano. São Paulo: Saraiva, 2008.