Anda di halaman 1dari 170

Gado de Corte, Leite, Ovinos e Caprinos

Produção e Utilização de
Silagem de Milho na
Nutrição de Ruminantes

Mikael Neumann
Gado de Corte, Leite, Ovinos e Caprinos

Produção e Utilização de
Silagem de Milho na
Nutrição de Ruminantes

Mikael Neumann
©2010. Instituto de Estudos Pecuários - IEPEC

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial desta obra, des-


de que citada a fonte e que não seja para a venda ou qualquer fim comercial.

A responsabilidade pelos conteúdos técnicos dos textos e imagens desta obra


é dos autores.

Esta apostila foi desenvolvida em parceria entre o Instituto de Estudos Pecuários


(IEPEC) e o professor autor Mikael Neumann.

Coordenação do projeto Professor Autor


João Gabriel D. F. Branco/IEPEC Mikael Neumann

Projeto Gráfico/Diagramação
João Gabriel D. Assunção/IEPEC
Lista de Figuras

Figura 1.1. Princípio da conservação de forragens na forma de silagem. 9

Figura 1.2. Interação entre estádio de maturidade do grão de milho e


tempo de exposição ao ar antes da ensilagem (P<0,05) para fibra em
detergente neutro e fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e
proteína, das silagens. 11

Figura 1.3. Dinâmica do pH e da temperatura da silagem nas diferentes


fases fermentativas. 14

Figura 1.4. Dinâmica do pH da silagem nas diferentes fases fermentativas,


conforme tipo de fermentação. 16

Figura 1.5. Dinâmica do acúmulo de ácido láctico na silagem nas


diferentes fases fermentativas, conforme tipo de fermentação. 18

Figura 1.6. Fases do processo de fermentação da silagem. 21

Figura 2.1. Interação entre estádio de maturidade do grão de milho e


tempo de exposição ao ar antes da ensilagem (P<0,05) para fibra em
detergente neutro e fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e
proteína, das silagens. 37

Figura 2.2. Foto do silo mostrando o arranjo experimental. 43

Figura 4.1. Pontos importantes a serem analisados na ensilagem da


planta inteira de milho. 98

Figura 4.2. Representação esquemática da estrutura do silo. 137

Figura 4.3. Relação entre investimento de lavoura e custo de produção


da silagem de milho. 149

Figura 4.4. Custos de produção de silagem de milho considerando as


teorias do custo oportunidade e do custo transferência.  150
Lista de Tabelas

Tabela 2.1. Origem das perdas energéticas em silagens. 33

Tabela 2.2. Perdas de MS e de energia através de algumas vias


fermentativas em silagens. 40

Tabela 2.3. Dados médios do teor de MS e do nível de compactação,


em função das características da massa da silagem durante a
desensilagem e profundidade dos estratos do silo. 44

Tabela 2.4. Dados médios de temperatura das silagens (T) e da


diferença de temperatura entre as silagens e o meio ambiente (DTSA),
em função das características da massa durante a desensilagem e dos
estratos do silo. 45

Tabela 2.5. Dados médios de temperatura ambiente, de temperatura


da silagem (T) e da diferença de temperatura entre o meio ambiente e
as silagens (DTSA), em função das características da massa durante a
desensilagem e dos diferentes tempos de exposição aeróbia. 47

Tabela 2.6. Dados médios de pH e dos teores de NH3 (% NT) das


silagens, em função das características da massa durante a desensilagem
e dos estratos do silo. 50

Tabela 2.7. Dados médios da matéria seca e do pH das silagens, em


função das características da massa durante a desensilagem e dos
diferentes tempos de exposição aeróbia. 52

Tabela 2.8. Diagnóstico de silagens de baixa qualidade. 54

Tabela 3.1. Matéria seca do colmo, das folhas, do conjunto brácteas


mais sabugo, dos grãos e da planta inteira do híbrido SG-6418 colhido
em diferentes estádios de desenvolvimento. 62

Tabela 3.2. Percentagem da fração colmo, folhas, brácteas mais sabugo


e grãos na estrutura física da planta (base seca) e produções de matéria
verde e matéria seca do híbrido SG-6418 colhido em diferentes estádios
de desenvolvimento  65

Tabela 3.3. Características agronômicas produtivas dos híbridos de


milho para silagem. 68
Tabela 3.4. Variação na composição da planta inteira do milho fresca
e ensilada. 72

Tabela 3.5. Critérios para classificação das silagens de milho, de acordo a


vários parâmetros. 73

Tabela 3.6a. Avaliação da qualidade da silagem por meio da análise


sensorial. 78

Tabela 3.6b. Avaliação da qualidade da silagem por meio da análise


sensorial. 79

Tabela 3.7. Avaliação da pontuação obtida na análise sensorial. 80

Tabela 3.8. Avaliação do teor de matéria seca de silagens ou forragens a nível


de campo. 81

Tabela 3.9. Influência do valor energético da silagem diferindo em 3%


do valor real e seu reflexo na eficiência do desempenho animal. 82

Tabela 3.10. Influência do teor de MS da silagem sobre a ingestão de


PB e NDT. 85

Tabela 3.11. Comparações de qualidade bromatológica de silagens de


milho. 86

Tabela 3.12. Desempenho de novilhos confinados, alimentados com


silagem de milho ou de cana-de-açúcar. 88

Tabela 3.13. Avaliação da silagem de milho e silagem de capim


elefante (var. Napier) com terneiros em confinamento. 89

Tabela 3.14. Silagem de sorgo forrageiro versus silagem de milho no


desempenho de novilhos Charolês confinados em fase de crescimento. 90

Tabela 4.1. Composição física percentual estrutural da planta (base


seca, %) da planta de milho, no momento da colheita e produções de
matéria verde e de matéria seca, sob diferentes níveis de adubação
nitrogenada. 104

Tabela 4.2. Características agronômicas produtivas dos híbridos de


milho para silagem. 108
Tabela 4.3. Valor nutricional desejável nas silagens de híbridos de
milho. 109

Tabela 4.4. Valores médios de produção de matéria verde (MV),


produção de matéria seca (MS) e produção de grãos de milho,
conforme sistema de cultivo aos 123 dias do plantio para silagem. 114

Tabela 4.5. Desempenho agronômico do milho para silagem, em


diferentes estádios de maturação. 118

Tabela 4.6. Valor nutricional das silagens de milho colhidas em


diferentes estádios de maturação. 120

Tabela 4.7. Nível de compactação obtida, na base verde e seca, nas


silagens de milho, em função do tamanho de partícula. 123

Tabela 4.8. Comportamento agronômico da planta do híbrido P-30S40


utilizado para confecção das silagens, conforme altura de colheita das
plantas. 126

Tabela 4.9. Massa específica obtida, na base verde e seca, nas silagens
de milho, em função do tamanho de partícula e da altura de colheita,
conforme estrato no silo. 129

Tabela 4.10. Exemplo de planejamento anual forrageiro de uma


propriedade leiteira visando uso de silagem de milho. 136

Tabela 4.11. Capacidade do silo de armazenamento (t) em função da


altura e comprimento, considerando largura fixa de 4,5 m e densidade
de estocagem média de 600 kg/m³. 140

Tabela 4.12. Efeito do percentual de silagem de milho deteriorada


sobre a ingestão de matéria seca e a digestibilidade de nutrientes. 141
Sumário

Capítulo 1. Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo 9

1.1. Processo bioquímico da Fermentação 9

1.2. Objetivos do processo de ensilagem 10

1.3. Desensilagem ou Desabastecimento do Silo 20

Capítulo 2. Controle de perdas durante o processo de ensilagem 27

2.1. Fatores fundamentais para ocorrência de perdas na ensilagem 28

2.2. Metodologia para determinação de perdas de nutrientes 30

2.3. Tipos de perdas: controláveis versus inevitáveis 33

2.4. Diagnóstico de silagens de baixa qualidade 55

Capítulo 3. Parâmetros para análise de qualidade da silagem 59

3.1. A Evolução da silagem de milho no Brasil 59

3.2. Análise agronômica 60

3.3. Análise química 70

3.4. Análise sensorial 78

3.5. Coleta de amostras de silagem para análises laboratoriais 84

3.6. Importância de se obter silagens de qualidade 85

3.7. A silagem de milho como planta forrageira para vacas de alta


produção 86
Capítulo 4. Produção, confecção e utilização de silagem de milho de
alta qualidade 93

4.1. Apresentação 93

4.2. Conceitos técnicos e operacionais na produção de silagem 94

4.3. Dicas práticas ao técnico-produtor para sucesso na produção de


silagem 151

Bibliografia Consultada 155

Professor autor 167


Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico
fermentativo no silo
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

1. Entendendo o processo dinâmico


fermentativo no silo

1.1. Processo bioquímico da Fermentação

O primeiro ponto importante ao produzir silagem é maximizar a preservação dos


nutrientes presentes na forragem para posterior alimentação. Contudo a fermen-
tação no silo é um processo incontrolável e pode facilmente resultar em teor
de nutrientes abaixo do ótimo. De maneira geral, uma seqüência de processos
químicos e biológicos ocorrem durante a ensilagem. O principio da conservação
da forragem, baseia-se na obtenção de um meio ambiente específico na massa
ensilada, em que a ausência de ar e a presença de álcool, gás carbônico e pro-
dução de diferentes ácidos orgânicos criam condições desfavoráveis ao desen-
volvimento de agentes microbianos indesejáveis e/ou patogênicos na massa. O
processo demora pelo menos três semanas. Ao ser recebida e acomodada no
silo, a planta forrageira, carrega consigo milhões de agentes (bactérias, fungos
e leveduras) que atuam nas modificações que vão se processando. As células
vivas da planta picada continuam a respirar, consumindo o oxigênio restante
na massa comprimida e liberando gás carbônico, gerando com isso condições
indesejáveis para bactérias aeróbicas. Nesse momento, os carboidratos celulares
combinam-se com oxigênio do ar (presente do interior do silo) e liberam gás
carbônico, água e energia em forma de calor, provocando a elevação da tem-
peratura da massa a valores superiores a 55ºC e, paralelamente redução de pH.
Tais condições favorecem a produção do ácido acético. Com o ambiente ótimo
alterado e com a redução parcial do pH, inicia-se a ação das bactérias que pro-
duzem o ácido lático, às quais contribuem para continuidade de queda de pH a
níveis inferiores a 3,8. Paralelamente a esse momento, a temperatura interna
do silo busca equilíbrio com a temperatura do meio externo. Com pH a valores
abaixo de 4,0 estabiliza-se o meio, produzindo uma espécie de esterilização do

10 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

ambiente e todas as bactérias cessam suas atividades. Normalmente, após três


semanas do enchimento/fechamento do silo, todas as transformações bioquí-
micas já ocorreram e a silagem está pronta para ser fornecida aos animais. Caso
se tenha um meio alterado, não possibilite a baixa do pH e da temperatura na
silagem resultante, surgem bactérias nocivas, que produzem o ácido butírico,
tornando-a de baixa qualidade e com má palatabilidade.

Figura 1.1. Princípio da conservação de forragens na forma de silagem.

A Figura 1.1 esquematiza que no processo de produção de silagem, ocorrem


fermentações múltiplas, sob condições variadas, hora favoráveis e/ou desfavorá-
veis, cujo principal objetivo, em ambiente isento de oxigênio, obter a acidificação
lática e estabilização da atividade microbiana no interior do silo, determinando
mínima ocorrência de perdas de matéria seca e energia, concomitantemente à
manutenção de excelente digestibilidade.

1.2. Objetivos do processo de ensilagem

O primeiro objetivo essencial em preservar forragens via fermentação é atingir


a condição anaeróbica no silo em menor tempo possível ao início do processo

O portal do agroconhecimento 11
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

de colheita da lavoura. Na prática a anaerobiose deve ser atingida com máxima


eficiência possível, que sob estas condições, o oxigênio remanescente na massa
ensilada, seja consumido pela forragem e rapidamente removido pelas enzimas
respiratórias da planta. Segundo KUNG (1993), de um ponto de vista prático, os
três maiores desafios na obtenção de silagem de qualidade são: a) rápida remo-
ção do oxigênio após enchimento do silo; b) rápida produção de ácido lático que
resulta em rápida queda do pH; e c) contínua exclusão do oxigênio na silagem
durante a estocagem e período de alimentação.

No Brasil o silo tipo trincheira tem sido o mais recomendável, ressaltando, no


entanto, que a eficiência com que a anaerobiose será obtida depende do tempo
destinado ao enchimento do silo e do grau de compactação ao final do fecha-
mento do silo. Após o fechamento do silo, torna-se importante prevenir a re-
entrada e circulação de ar durante os processos de fermentação e estocagem.
Onde o oxigênio estiver em contato, o material se torna inutilizável, impalatável
e freqüentemente tóxico (Mc DONALD, 1991).

De regra geral, recomenda-se que o silo seja vedado em um prazo inferior a 12


horas após o início de seu carregamento, dentro de uma compactação compatí-
vel à qualidade do picado e a concentração de umidade na massa, de tal forma
que a silagem resultante mantenha sua composição química o mais próximo do
material original. Tal recomendação exige que os técnicos e produtores sejam
criteriosos no planejamento e/ou execução de atividades relativas à implanta-
ção, ao manejo e à colheita da lavoura associado às características operacionais,
ao dimensionamento de silos de armazenamento, à mão-de-obra, às máquinas
e aos equipamentos disponíveis na propriedade.

VELHO (2005) ao avaliar diferentes silagens de milho de diferentes maturidades


submetidas a distintos tempos de ensilagem (Figura 1.2), concluiu que o mau
manejo de ensilagem decorrente da demora do enchimento do silo inviabiliza
o uso da silagem assim produzida, por animais de alta produção, devido aos
aumentos ocasionados nas frações de parede celular, no nitrogênio insolúvel
no detergente neutro e detergente ácido e na diminuição dos carboidratos não
fibrosos e da taxa de degradação deste alimento.

12 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

Fonte: (VELHO, 2005)


Figura 1.2. Interação entre estádio de maturidade do grão de milho e tempo de expo-
sição ao ar antes da ensilagem (P<0,05) para fibra em detergente neutro e fibra em
detergente neutro corrigida para cinzas e proteína, das silagens.

Muck (1988) relata que a respiração das plantas em momento de déficit fotos-
sintético, ou seja, após o corte, causa perdas significativas de matéria seca e re-
dução da concentração de carboidratos rapidamente fermentáveis, tanto quanto
maior for o tempo de exposição da massa colhida ao oxigênio, determinando
perdas energéticas nas plantas colhidas e reduzindo quantidade de substrato
para as bactérias lácticas, representando em diminuição do valor nutricional da
silagem resultante.

O segundo objetivo essencial é atingir o processo fermentativo desejável no silo


que baseia-se na ação de bactérias específicas, especialmente dos gêneros Lac-
tobacillus, Pediococcus e Streptococcus que transformam os açúcares hidrossolú-
veis da planta (frutose, glicose, sacarose e frutosanas) em ácido láctico. Quanto
mais rápida e eficiente essa produção de ácido láctico, um ácido forte e não
volátil, tanto menores, serão as perdas no processo. Pode ocorrer o surgimento
de outras fermentações bacterianas ou ações fúngicas, as quais produzem ácidos
mais fracos (acético e butírico) ou produzem álcoois e butileno-glicol, ou ainda,

O portal do agroconhecimento 13
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

degradam o ácido láctico já produzido e as proteínas, resultando em perdas con-


sideráveis (até 50% da massa ensilada) até a decomposição total do material
por putrefação (Mcdonald, 1991).

Na avaliação da qualidade fermentativa de silagens procura-se medir os teo-


res de produtos da fermentação, considerando-se de qualidade satisfatória as
silagens com proporção de ácido láctico acima de 60% em relação ao total de
ácidos produzidos.

Vários processos podem ocorrer no silo, de origem da própria planta, prove-


nientes da ação de microorganismos ou devidos a reações químicas. Segundo
MUHLBACH (1999), os processos vegetais de origem endógena englobam a res-
piração, a lise celular, a proteólise e a degradação enzimática de oligossacaríde-
os a açúcares simples. Pode haver ação microbiana aeróbia, devido a fungos,
leveduras e entero-bactérias, e anaeróbia, controlada ou por lactobacilos ou por
bactérias clostrídicas. Dos processos químicos que ocorrem no silo destacam-se
a reação de Maillard e a hidrólise da hemicelulose da planta devido à acidez
produzida pela fermentação. Cada um destes processos é importante por afetar
a qualidade da silagem, dependendo do tempo de ação e das condições do silo
(MUHLBACH, 1999).

No processo de ensilagem, também tem-se como obrigatoriedade, a geração de


condições ambientais e de fermentação especificas no silo visando a inativação
de atividades de bactérias do gênero Clostrídia. Segundo McDONALD (1991),
este grupo de bactérias estão comumente presentes na forragem ensilada em
forma de esporos, mas que se multiplicam assim que as condições no silo pas-
sam a ser anaeróbicas. O crescimento destes organismos é indesejável e estes
produzem ácido butírico, assim como degradam os aminoácidos para compostos
que são pobres em valor nutricional.

O meio mais comum de inibir e crescimento da Clostrídia é promover a fermen-


tação lática. As bactérias produtoras do ácido lático, também estão presentes na
forragem, são aeróbias facultativas, abeis e se reproduzem tanto na presença
quanto na ausência de oxigênio. Estes organismos fermentam os açúcares natu-

14 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

ralmente encontrados na planta (normalmente glicose e frutose), gerando uma


mistura de ácidos, mas predominantemente o lático. O ácido lático produzido na
fermentação, atua na degradação direta destas bactérias, e/ou aumenta a con-
centração de íons hidrogênio, que a partir de tal nível inibem o desenvolvimento
da Clostrídia. É difícil determinar um valor exato de pH crítico na silagem que
causa esta inibição, ressaltando que esta inibição não depende somente do pH,
mas também da acumulação e/ou da relação de concentração entre os ácidos
produzidos durante a fermentação. McDONALD (1991) sugere que a ensilagem
de forragens com baixo teor de matéria seca (< 20%), possibilite eficiente com-
pactação, expulsão imediata de oxigênio da massa e obtenção de pH a valores
inferiores a 4,0, o que indefinidamente impossibilitará a atividade Clostrídica na
silagem, desde que mantida aeração inexistente no silo.

Tal fato, no entanto não se concretiza na prática, pela formação constante de


efluentes, os quais além de carrearem os nutrientes (aminoácidos, carboidratos
solúveis e minerais) da silagem que reduzem seu valor nutricional, removem
também água e os ácidos orgânicos produzidos, promovendo aumento do pH
da massa ensilada, restabelecimento as condições ideais ao desenvolvimento
das bactérias Clostrídias. Este processo também pode determinar a aeração no
interior do silo, pela entrada do oxigênio nos espaços antes ocupados pela água,
possibilitando intensa atividade fúngica. Ressalta-se ainda, que sob estas con-
dições, ocorrem processos simultâneos de refermentação e oxidação no interior
do silo, gerando produção constante de água, CO2 e calor, tornando permanente
a produção de efluentes.

Como alternativa, outro método de inibição de desenvolvimento da Clostrídia


está na redução da umidade da forragem ensilada através de atraso da colheita
das plantas. McDONALD (1991) sugere o ensilamento das forragens com teores
de matéria seca superiores a 30%, preservando a forragem de forma satisfatória,
pois as Clostrídias são particularmente sensíveis a baixa concentração de água
no substrato.

De maneira geral, pode-se afirmar que todo o material ensilado sofre alterações
ao longo de quatro fases que se sucedem no silo (MUHLBACH, 1999).

O portal do agroconhecimento 15
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

1.2.1. Fase 1: Aeróbia e/ou fase pré-vedação (1º dia)

Esta fase contempla os momentos simultâneos de colheita, transporte, recebi-


mento e acomodação da massa verde picada no silo, ou seja, fase que ocorre
o enchimento do silo. As partículas colhidas das plantas não morrem imediata-
mente com o corte e picagem. Observa-se intensa respiração, desidratação e
degradação enzimática das células vegetais antes da compactação e vedação do
silo, concomitantemente há intensa proliferação de bactérias e fungos aeróbios,
resultando em alto consumo de oxigênio e carboidratos solúveis (glicose); alta
produção de água, energia na forma de calor e CO2, resultante da oxidação de
açúcares; e aumento de temperatura (acima de 50ºC há degradação da prote-
ína bruta). Este processo representa perdas de matéria seca e energia, tanto
maiores, quanto mais lento for o enchimento do silo. Lembra-se que os açúcares
degradados nesta fase poderiam ser utilizados pelas bactérias láticas ou pelos
animais como fonte de energia (Figura 1.3).

Figura 1.3. Dinâmica do pH e da temperatura da silagem


nas diferentes fases fermentativas.

16 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

Os açúcares perdidos na respiração são de alta digestibilidade, sendo também


o substrato preferencial dos lactobacilos. Portanto, uma perda excessiva de açú-
cares durante o enchimento do silo poderá prejudicar a fermentação láctica e,
por conseguinte, a preservação do material. A elevação da temperatura no silo
acelera todos os processos, benéficos ou prejudiciais, e caso exceder os 45ºC, es-
pecialmente com material pré-secado, com mais de 45% de matéria seca, ocor-
re a reação de Maillard (MUHLBACH, 1999). Nessa reação os açúcares e outros
glicídios reagem com aminoácidos diminuindo a digestibilidade e aumentando a
fibra em detergente neutro (FDN) e o nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) da forragem (PIGURINA, 1991).

Na fase pré-vedação também podem agir outras enzimas da planta (proteases)


que degradam a proteína. Essa proteólise não é desejável por propiciar uma
elevação do teor de nitrogênio amoniacal da silagem, o que neutraliza a acidez
(eleva o pH) e concorre para um pior aproveitamento da proteína pelo animal.
Assim, e especialmente com forragens de alto teor protéico, tenta-se evitar a
proteólise através de uma rápida vedação e início acelerado da fase fermenta-
tiva. Em outro caminho, utilizando-se de um processo de pré-emurchecimento
rápido no material colhido, também poderia reduzir a proteólise devido à inati-
vação das proteases da planta.

1.2.2. Fase 2: Transição Aeróbia-Anaeróbia (2º ao 4º dia) e/ou


Fase Pré-Fermentativa

Tão logo ocorrer a vedação total do silo há um rápido consumo do oxigênio


residual iniciando-se a fermentação anaeróbia, onde deverão predominar os lac-
tobacilos. Do 2º ao 4º dia após fechamento do silo de armazenamento, iniciando
produção de ácido acético por bactérias. Entero-fermentativas, as quais são resis-
tentes ao calor remanescentes da fase anterior e responsáveis pela acidificação
parcial da massa ensilada, onde o pH é reduzido de 6,0 para valores próximos a
4,2. A redução do pH determinará supressão da atividade das bactérias acéticas
e outros microorganismos (bactérias, fungos e leveduras). A extensão do consu-
mo dos carboidratos solúveis até o final desta fase determinará o perfil final da
fermentação.

O portal do agroconhecimento 17
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

1.2.3. Fase 3: Anaeróbia (5º ao 20º dia) e/ou Fase


Fermentativa

Esta fase dura de uma a quatro semanas encerrando-se no momento em que a


acidez produzida, associada ao teor de umidade, inibir o desenvolvimento total
dos microorganismos. A umidade com teores de matéria seca abaixo de 30%
necessitam de mais acidez (pH < 4,0) para serem bem preservadas enquanto
que com materiais mais secos (> 40% de MS) a fermentação é menos intensa
e, em conseqüência, o pH final mais elevado (> 4,5). Neste caso a maior tensão
osmótica, decorrente da concentração de nutrientes, e o menor teor de umidade
inibem o surgimento de fermentações indesejáveis, causadas por bactérias Clos-
trídicas, sem prejudicar a fermentação láctica, ainda que seja restrita. A Figura
1.4 mostra a dinâmica do pH da silagem nas diferentes fases fermentativas,
conforme tipo de fermentação.

Figura 1.4. Dinâmica do pH da silagem nas diferentes fases


fermentativas, conforme tipo de fermentação.

Forragens ensiladas frescas, com teores de MS abaixo de 28% (milho no estádio


de grão leitoso, por exemplo) podem liberar grandes quantidades de efluente
(até 280 l/t ensilada) nos primeiros 10 dias no silo, dependendo do teor de

18 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

água do material, do grau da picagem, da eficiência de compactação e da lise


da célula vegetal pela ação fermentativa. Esse efluente (95% de água) deve ser
drenado para fora do silo ou absorvido por aditivos secos (absorventes), pois
caso acumular na base do silo compromete a fermentação e pode-se tornar um
produto tóxico aos animais. O efluente é altamente poluente, devendo-se evitar
que haja contaminação do lençol freático e dos cursos d’água, sendo também
altamente corrosivo quando fermentado. Sua parte sólida é rica em nutrientes
solúveis, podendo ser aproveitada na alimentação animal.

No início da fase fermentativa, quando o pH ainda estiver elevado (5,0) poderá


ocorrer predomínio de Enterobactérias (grupo Coli) as quais consomem os açú-
cares solúveis, produzindo ácido acético, etanol, CO2 e água, causando elevação
da temperatura, por conseguinte, iniciando mal a fermentação. Caso o material
ensilado for muito úmido (menos de 25% de MS), com baixo teor de açúcares
e alto teor de proteína (grande capacidade tampão) e, eventualmente, conta-
minado com terra ou resíduos de adubação orgânica, a fermentação poderá
ser catastrófica, mesmo em condições de anaerobiose. São quatro fatores que
determinam maior capacidade tampão na silagem, o que representa dificuldade
de rebaixamento de pH, entre eles: baixo e/ou alto conteúdo de matéria seca da
forragem (< 25% e/ou > 40% de MS), alto teor de proteína da forragem (> 14%
na MS), presença intensa se sais minerais na forragem (constituinte da forragem
e/ou contaminação com terra) e produção acentuada de ácidos fracos na fase
inicial da fermentação.

Os esporos de bactérias Clostrídicas quando levados ao silo pela contaminação


com terra ou esterco e encontrado condições favoráveis para o seu rápido desen-
volvimento (alta umidade, anaerobiose e temperatura ao redor de 40ºC) passam
da fase latente à forma ativa. Inicialmente os Clostrídios sacarolíticos fermentam
os açúcares solúveis e ácido láctico eventualmente já existente, produzindo áci-
do butírico (ácido fraco) sem queda acentuada de pH. Posteriormente, nestas
condições, com pH ainda elevado, poderão surgir as bactérias clostrídicas pro-
teolíticas que degradam a proteína da forragem à amônia e aminas (putrescina
e cadaverina) levando o material à fermentação putrefativa. Assim, podem ser
produzidas silagens de forte odor rançoso (ácido butírico) e com altos teores de
amônia, e, em decorrência, de baixa palatabilidade (MUHLBACH, 1999).

O portal do agroconhecimento 19
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Na prática para que haja uma preservação satisfatória das forragens de difícil
fermentabilidade lança-se mão de aditivos estimuladores do processo (açúcares
e/ou inoculantes bacterianos e enzimáticos) visando melhorar as condições para
uma fermentação láctica, com queda rápida do pH, ou faz-se uso da prática do
emurchecimento ou da adição de material absorvente para o controle das bac-
térias indesejáveis através do aumento da tensão osmótica.

1.2.4. Fase 4: Alcançado a Estabilidade Fermentativa

A estabilidade do processo fermentativo é alcançada pela obtenção de um pH


crítico, como já visto, de 3,5 a 4,0 em materiais úmidos ou até acima de 4,5 em
forragens emurchecidas. Todavia, só há garantia de manutenção dessa estabili-
dade enquanto persistirem as condições básicas que a geraram e que não são
controláveis, ou seja, a anaerobiose e o teor de umidade. Assim a penetração,
mesmo que lenta, de ar ou umidade que possa ocorrer por deficiência na veda-
ção em qualquer tipo de silo de armazenamento, pode levar a uma desestabili-
dade do processo, inicialmente de modo localizado, mas com o tempo podendo
comprometer totalmente o silo. A Figura 1.5 mostra a dinâmica do acúmulo de
ácido láctico na silagem nas diferentes fases fermentativas, conforme tipo de
fermentação.

Figura 1.5. Dinâmica do acúmulo de ácido láctico na silagem nas


diferentes fases fermentativas, conforme tipo de fermentação.

20 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

A taxa de produção de ácido lático é um importante fator de inibição da clostrídia


e diminuição das perdas na fermentação, e é dependente da população inicial
de bactérias láticas na forragem ensilada e da proporção de substrato disponível,
sendo que esta fase é influenciada pela taxa de degradação física do material
(laceração, moagem, prensa e picagem). Neste aspecto, a regulagem das ma-
quinas ensiladeiras é de fundamental importância para padronização do tama-
nho das partículas de tal forma que o conteúdo celular seja rapidamente liberado
e as bactérias do ácido lático tenham seu crescimento favorecido.

Cabe ainda ressaltar, que a entrada de água no silo ou o acúmulo de efluen-


te produzido poderá resultar em refermentação anaeróbia, com degradação do
ácido láctico, causada por clostrídios, enquanto que a penetração de ar propicia
a deterioração aeróbia da silagem a partir de bacilos, fungos e leveduras. Esses
microorganismos transformam os produtos da fermentação e os nutrientes re-
siduais da silagem em CO2, água e calor, com grandes perdas de matéria seca
e energia, além da possibilidade de acúmulo de substâncias tóxicas, como as
micotoxinas.

1.3. Desensilagem ou Desabastecimento do Silo

O manejo da silagem nessa etapa também é de grande importância no controle


de perdas que já acontecem quando da colheita da forragem na lavoura e que
se sucedem quando ao longo da pré-secagem, do enchimento do silo e da fase
fermentativa. Geralmente, o material que fermenta bem no silo, como a planta
inteira de milho no estádio de grão farináceo, e que contém ainda quantidades
consideráveis de açúcares residuais, fica sujeito à degradação aeróbia desses nu-
trientes, quando da abertura do silo e do fornecimento da silagem aos animais.

Aqui há reflexos do manejo realizado na fase de enchimento, pois se aquele tiver


sido lento, isto é, com prolongamento da fase aeróbia, os fungos, leveduras e ba-
cilos que então se desenvolveram, e que permaneceram em latência nas fases
seguintes, agora, na presença de oxigênio, reiniciam a sua atividade, causando
perdas consideráveis de energia e matéria e matéria seca, dependendo da tem-

O portal do agroconhecimento 21
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

peratura ambiente e do tempo de exposição. Pesquisas indicam que a degrada-


ção aeróbia na desensilagem pode representar até 50% das perdas totais da MS.

O ar pode penetrar, dependendo da eficiência da compactação, entre 15 e 35 cm


por dia na massa ensilada, pelo que se recomenda o corte diário de uma “fatia”
de silagem dessa espessura e de seu fornecimento imediato aos animais. Daí
que o planejamento da construção de um silo há que se considerar as dimensões
da superfície de corte, a qual multiplicada pela espessura entre 15 e 35 cm, re-
sulte num valor correspondente ao volume da silagem consumida diariamente.

Segundo MAHANNA (1997), silagens de milho, ao final da fase de estabilização


da fase de fermentação deverão apresentar os seguintes parâmetros: pH em
valores inferiores a 3,8; concentração de ácidos orgânicos nas seguintes pro-
porções: láctico entre 6 a 8%, acético entre 1 e 2%, propiônico entre 0 e 1% e
butírico menor que 0,1%, com base na matéria seca total; teores de carboidratos
solúveis em água residuais acima de 6% na matéria seca; nitrogênio amoniacal
expresso em % do N total abaixo de 5%; nitrogênio insolúvel na fibra em deter-
gente ácido (NIDA) abaixo de 12%; temperatura com gradiente inferior a 10ºC
em relação a temperatura ambiental e presenças inferiores a 100.000 UFC/g
de silagem de bactérias aeróbia (espécies de Bacillus), de fungos (espécies de
Fusarium, Giberella, Aspergillus, Penicillium) e de leveduras (espécies ácido me-
tabolizantes de Cândida e Hansenula).

VAN SOET (1984) relata que em condições de colheita de forragens com alta e
baixa umidade (>70% e <60%, respectivamente); de fermentações secundárias
com produção acentuada de ácidos fracos (acético e butírico); de presença inten-
sa de sais minerais (contaminação com terra) e/ou plantas jovens com alto teor
de proteína da forragem (< 15%) aumentam a capacidade tampão da silagem.

A Figura 1.6 apresenta o resumo das fases do processo de fermentação da sila-


gem (adaptado de PITT & SHAVER, 1990).

22 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

Fonte: (adaptado de PITT & SHAVER, 1990)


Figura 1.6. Fases do processo de fermentação da silagem. .

Em resumo, a Figura 1.6 ilustra a necessidade que a rápida remoção do ar é


importante porque previne o crescimento de bactérias aeróbicas indesejáveis,
leveduras e fungos que competem com as bactérias benéficas pelo substrato. Se
o oxigênio não for removido rapidamente, durante o processo de confecção de
silagem, altas temperaturas e um prolongado calor são comumente observados
no silo, com conseqüente retardamento na queda do pH. Segundo KUNG (1993)
o oxigênio pode ser eliminado quando se tem o adequado teor de matéria seca
na forragem (30 a 37%), específica estrutura de armazenamento (silos apropria-
dos para otimizar a compactação da massa), picando a forragem em tamanho
correto (HEINRICHS & KONONOFF, 2002: Peneira >1,9cm: 10%; Peneira 0,7-1,9cm:
60%; Peneira < 0,7cm: 30%); rápido enchimento do silo (tempo inferior a 12
horas), boa compactação (maior que 250 kg MS/m3), distribuição adequada na
estrutura do silo e imediato selagem do silo.

Após a picagem, a respiração da planta continua por várias horas (e possível


mente por dias em silagens mal armazenadas) e as enzimas da planta (protea-
ses) estando ativas até o esgotamento do oxigênio residual na massa. O oxigê-
nio deve ser removido antes do inicio da ótima fermentação.

O portal do agroconhecimento 23
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Uma vez removido o ar, a fermentação se inicia. As bactérias ácido láticas uti-
lizam os carboidratos solúveis para produção de ácido lático, o primeiro ácido
responsável por incrementar acidez e diminuir o pH na silagem. A força do ácido
na silagem irá determinar o pH final da silagem. Dependendo da forragem, o
pH do material original (planta) no momento da colheita pode variar de entre
5 e 6,5 e decrescer até um pH entre 3,5 e 4,5 após a produção de ácidos. Uma
rápida redução no pH da silagem irá ajudar a limitar a queda de proteína no silo
pela inativação das proteases da planta. De mesma forma, um rápido decrésci-
mo do pH após fechamento do silo, irá inibir o crescimento de microrganismos
anaeróbicos indesejados como Enterobactérias e Clostrídia. Seqüencialmente, a
contínua produção de ácido lático e decréscimo do pH inibem o crescimento de
todas as bactérias.

Em geral, uma vez que a fermentação se completa, a silagem se manterá está-


vel sem chance de decomposição ou produção de calor. É por isso que o enchi-
mento e a selagem rápidos do silo são tão importantes. Contudo, dependendo
dos produtos finais da fermentação, a silagem pode estragar rapidamente se
exposta ao ar durante a estocagem ou alimentação. Um conceito comum, porém
errôneo, é que somente os fungos são os responsáveis por estragar a silagem
quando exposta ao ar. Contudo, leveduras (não fungos) são os microorganismos
primários que causam a deterioração aeróbica e aquecimento. Segundo KUNG
(1993), quando a silagem é exposta ao ar, as leveduras metabolizam o ácido
lático que causam o aumento do pH da silagem, assim as bactérias que eram
inibidas pelo baixo pH, passam a se multiplicar na massa. Silo com boa compac-
tação e retirada diária suficiente de silagem para alimentação podem ajudar a
prevenir a deterioração aeróbia.

Embora o processo de ensilagem pareça bastante simples, muitos fatores podem


afetar que tipo de fermentação ocorrerá no interior de um silo e assim, os pro-
dutos finais desta. Por exemplo, a capacidade tampão da forragem pode afetar
a fermentação. Alfafa tem um alto poder tampão em comparação com o milho
(MUHLBACH, 1999). Assim, necessita de maior produção de ácido para reduzir
o pH na silagem de alfafa que na de milho, resultando na forma de dificultar o

24 IEPEC
Capítulo 1
Entendendo o processo dinâmico fermentativo no silo

processo de confecção. A matéria seca contida na forragem pode também ter


maiores efeitos na ensilagem via diferentes mecanismos: a) silagens secas não
compactam bem, assim é difícil expulsar todo o ar da massa; b) com o aumento
da matéria seca, o crescimento da bactéria acido lática é reduzido e também a
taxa e extensão da fermentação (por exemplo, a acidificação ocorre a baixa taxa
e o montante de ácidos produzidos é menor); c) bactérias indesejáveis chama-
das Clostrídias tendem a crescerem em silagens muito úmidas e pode resultar
em excessiva degradação de proteína, perda de matéria seca, e produção de
toxinas. O ideal é ensilar o material com cerca de 30-37% de matéria seca, que
pode reduzir a incidência de Clostrídia, porque este organismo não é tolerante a
baixa umidade. Porém, colheita tardia da lavoura pode resultar em acúmulo ex-
cessivo de ar e menor quantidade de carboidratos solúveis. Os tipos e o número
de bactérias na planta determinam profundo efeito na fermentação da silagem.
Populações naturais de bactérias ácido lácticas e bactérias heterofermentativas
no material original (planta) são variáveis em número, onde o produto final da
fermentação poderá ser outro, que não o ácido lático, logo, em suma, se o ar não
é removido da massa da silagem, outros tipos de fermentação podem ocorrer.

O portal do agroconhecimento 25
Capítulo 2
Controle de perdas durante o
processo de ensilagem
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

2. Controle de perdas durante o


processo de ensilagem

Silagens de milho ou de sorgo são alternativas de alimentos volumosos funda-


mentais na cadeia produtiva intensiva tanto de bovinos de leite como de corte,
em função dos índices de produtividade da cultura, da estabilidade de produção,
do valor nutritivo e da concentração de energia, o que possibilita os profissionais
da área a adotar práticas de conservação de forragens, principalmente na forma
de silagem.

Os sistemas de produção de leite ou corte somente serão eficientes e susten-


táveis com utilização de práticas de conservação de forragem de alta qualidade
e de baixo custo de produção, para que o giro de capital investido seja rápido
e constante. No entanto, qualquer cultura utilizada para produção de silagem
predispõe de um planejamento e organização dos recursos naturais e financeiros
da propriedade rural, de tal forma, a se explorar o máximo potencial produtivo
e qualitativo da cultura.

A produção de silagem é um aspecto que deve ser considerado com bastante


cuidado, pois além de representar uma atividade que exige recursos financei-
ros e técnicos significativos para sua implementação, tem efeito importante no
desempenho dos animais. Logo, a associação entre técnicas agronômicas que
visem incrementos de produtividade da cultura (entre elas: manejo e conserva-
ção de solo, adubação e calagem, escolha de híbridos adaptados às condições
de meio, criteriosidades no estabelecimento da lavoura, controle de plantas da-
ninhas, pragas e doenças), técnicas de manejo de colheita (entre elas: ponto
de colheita, tamanho das partículas e altura de corte) e processo de ensilagem
(localização e tipo de silo, transporte e compactação da massa colhida, uso de
aditivos, inoculantes microbiológicos, tempo de enchimento e vedação do silo),
tornam-se de fundamental importância para obtenção de um volumoso de alto

28 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

valor alimentício, de baixo custo de produção, de reduzidas perdas e de excelen-


te aceitabilidade pelos animais.

Existe um consenso crítico e muito relevante apresentado pelos técnicos da área


de produção animal e pelos produtores de leite e carne sobre a utilização de sila-
gens de alta qualidade na dieta dos animais, visto que esta tecnologia tem con-
tribuído significativamente para incrementos nos índices produtivos do rebanho
bovino e na redução dos custos de produção e operacionais do setor. No entanto,
aspectos simples, ligados ao setor de produção, conservação e manutenção do
valor nutritivo da silagem, notadamente são ignorados pelos produtores, o que
evidência a necessidade de mais estudos nesta área.

É de fundamental importância a quantificação das perdas de silagem que ocor-


rem entre os processos de ensilagem e desensilagem para a determinação dos
reais custos de produção, disponibilidade e qualidade de alimentos para nutrição
dos animais e conseqüente viabilização dos sistemas de produção de leite e de
carne.

2.1. Fatores fundamentais para ocorrência de


perdas na ensilagem

Segundo MÜHLBACH (1999) vários processos ocorrem no interior do silo, oriun-


dos da própria origem da planta ensilada, como da ação de microorganismos
e/ou reações químicas, as quais se destacam como fatores fundamentais para
ocorrência de perdas e/ou para manutenção da qualidade da silagem.

a) Perdas ocasionadas por processos vegetais de origem endógena


da planta:

Respiração celular;
Lise celular;
Degradação enzimática por proteólise;
Degradação enzimática de oligossacarídeos a açúcares simples.

O portal do agroconhecimento 29
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

b) Perdas ocasionadas por ação microbiana:

Aeróbia, ação direta e associativa entre fungos, leveduras e ente-


ro-bactérias;
Anaeróbia controlada, por lactobacilos ou por bactérias clostrídicas.

c) Perdas ocasionadas por outros processos que ocorrem no silo:

Reações químicas, como a de Maillard;


Hidrólise da hemicelulose da planta.

A eficiência dos sistemas de conservação de forragens não deve ser avaliada


somente pelo seu valor nutritivo, mas também as perdas que ocorrem entre a
colheita e a alimentação dos animais. WATSON e NASH (1960) transcreveram
resultados de 800 experimentos mostrando a ocorrência de perdas de matéria
seca (MS) e de nitrogênio (N) durante a ensilagem na ordem de 16,1 e 15,2%,
respectivamente. Já ZIMMER (1967) analisando perdas de MS de 504 experimen-
tos envolvendo diferentes forrageiras, encontrou perdas de MS variando de 0,8
a 71%, com média de 19,4%.

As principais fontes de perdas de energia e MS das silagens são (Tabela 2.1):

a) Produção de efluente, durante o processo de pré-secagem no


campo (trânsito lavoura-silo);

b) Respiração celular residual durante o enchimento do silo e imedia-


tamente após sua vedação;

c) Tipo de fermentação que ocorre no interior do silo;

d) Produção de efluente durante o período de armazenagem;

e) Fermentação secundária durante o período de armazenagem;

30 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

f) Deterioração aeróbia durante a estocagem da silagem e durante a


retirada da forragem do silo.

Estas perdas, em conjunto, podem atingir patamares acima de 40% segundo


McDONALD (1991). As maiores perdas de MS e de energia por fermentação são
promovidas pela atuação de microorganismos do gênero Clostridium (BOLSEN,
1996), onde os principais produtos finais desse tipo de fermentação são o ácido
butírico, a água e o dióxido de carbono que, em conjunto, podem assimilar per-
das da ordem de 50% para MS e 18% para energia (Tabela 2.2). A fermentação
clostrídica também pode resultar na produção de subprodutos de degradação de
proteínas, como as aminas, que têm sido relacionadas com a redução no consu-
mo voluntário de silagens (PHUNTSOK et al., 1996).

2.2. Metodologia para determinação de perdas de


nutrientes

No Brasil poucos trabalhos de pesquisa quantificaram as perdas absolutas que


ocorrem na ensilagem, e na maior parte esses não representam a real situação
do produtor, pois a maioria das pesquisas foram conduzidas utilizando-se de
silos laboratoriais (comparando efeitos de tratamentos) em condições que não
refletem a realidade do processo. Em especial, não se dispõe de dados siste-
maticamente produzidos sobre as perdas que ocorrem durante a “ensilagem” e
“desensilagem” do material ensilado.

NEUMANN (2007) infere que os técnicos e os produtores estão condicionados


a avaliarem a ocorrência de perdas do processo de ensilagem, como sendo,
aquelas decorrentes sob aspectos físicos visuais, o que não estabelece nenhuma
relação com custo final de produção, redução de valor nutritivo e qualidade da si-
lagem e muito menos com a resposta animal. Devemos entender que as perdas
podem ser decorrentes sob aspectos físicos como químicos, que podem ocorrer
simultaneamente e/ou isoladamente numa dada situação de armazenamento.

O portal do agroconhecimento 31
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

As perdas físicas visuais são representadas pela parcela de silagem descartada


no desabastecimento do silo de armazenamento, enquanto que as perdas quí-
micas são representadas pela redução de volume de matéria seca associada à
redução de concentração de nutrientes digestíveis contida na massa desensilada,
e que gera conseqüente limitação no desempenho animal (seja por redução do
potencial de consumo diário de MS e/ou de digestibilidade da silagem).

NEUMANN (2007), avaliando o efeito do tamanho de partícula e da altura de


colheita das plantas de milho sobre perdas durante o processo fermentativo
associado a período de utilização das silagens e estrato de silo, evidenciou de
forma clara que as perdas físicas visuais são de menor importância às químicas.
Os dados médios do experimento evidenciaram perdas de MS de 3,7%, de pro-
teína bruta de 16,7% e de fibra em detergente neutro de 1,4%, enquanto que
as perdas físicas visuais representaram apenas 2,1%.

As perdas de um alimento ensilado podem ser quantificadas via desaparecimen-


to de MS ou energia durante o processo de ensilagem. Outro ponto de consenso
é que as perdas de energia são proporcionalmente menores do que as perdas
de MS, pois durante a fermentação no interior do silo ocorre concentração da
energia no material ensilado (Tabela 2.2).

A metodologia empregada para determinação de perdas de nutrientes é des-


crita por NEUMANN (2007). A metodologia baseia-se, durante a ensilagem, na
locação de “bags” no perfil do silo (exemplo porção inferior e porção superior)
contendo material original com peso conhecido. A designação de “bag” refere-se
a um saco de náilon maleável 100% poliamina, com poros de 85 micrômetros,
dimensões de 12 x 50 cm de diâmetro e comprimento, respectivamente, com
capacidade média de 2.000 g e nível de compactação prévio aproximado de 350
kg/m³ de matéria verde (material original). Para vedar os “bags” são utilizados
lacres do tipo braçadeira flexível de PVC e a compactação final da massa contida
nos “bags” passa ser efetuada pelo trator no silo, buscando a mesma compacta-
ção entre material original do “bag” e do silo.

32 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

No momento de inserção dos “bags” no silo, paralelamente, amostras seme-


lhantes (homogêneas e representativas) do material original devem ser cole-
tadas para análises químicas. Cada “bag”, devidamente identificado, deve ser
pesado individualmente vazio e novamente pesado após enchimento com ma-
terial original durante a ensilagem e após seu resgate no desensilamento, em
uma balança digital com precisão de um grama. O resgate dos “bags” ocorre
com o aparecimento dos mesmos no painel dos silos no decorrer do período de
desensilagem.

Amostras do material original e da silagem contida em cada “bag” resgatada


no desensilamento devem ser pesadas e pré-secadas em estufa de ar forçado a
50 ºC até peso constante, sendo seqüencialmente, retiradas da estufa e pesada
novamente para determinação do teor de matéria parcialmente seca e moída
em moinho tipo “Wiley”, com peneira de malha de 1 mm. Nas amostras pré-
secas, seqüencialmente, determina-se a matéria seca total em estufa a 105 ºC,
proteína bruta pelo método micro Kjeldahl conforme AOAC (1995) e teores de
fibra em detergente neutro conforme VAN SOEST et al. (1991), utilizando-se α
amilase termo-estável.

Realizando-se relação entre o material original ensilado e o resgatado na forma


de silagem, quanto ao volume de MS associado a concentração de nutrientes,
obtem-se as perdas de nutrientes, decorrentes do processo.

Exemplo: Cálculo para determinação de perdas de MS (PMS).

Peso do bag vazio no dia do ensilamento: 90g


Peso do bag cheio com material origina no dia do ensila-
mento: 2090g

Peso do bag cheio resgatado na desensilagem: 2030g


Peso do bag vagio resgatado na desensilagem: 92g
Teor de matéria seca do material original equivalente ao bag
inserido no ensilamento: 32,5%

O portal do agroconhecimento 33
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Teor de matéria seca da silagem do bag resgatado no desen-


silamento: 31,7%

Fórmula: 

PMS = [1 - (g de MS de silagem ÷ g de MS de material origi-


nal)] x100

PMS = [1 - (614,3g ÷ 650g)] x 100 = 5,5%, onde:

g de matéria seca de material original = (2090g - 90g) x


0,325 (MS,%) = 650g de MS

g de matéria seca de silagem = (2030g – 92g) x 0,317


(MS,%) = 614,3g de MS

2.3. Tipos de perdas: controláveis versus


inevitáveis

Critérios têm sido utilizados para seleção de híbridos de milho e sorgo para pro-
dução de silagem, entre eles, altura de planta, produtividade de MS, produção
de grãos, resistência à doenças e pragas e tolerância à estiagens (NUSSIO, 1991),
no entanto, para alguns pesquisadores (PESCE et al., 2000), num programa de
melhoramento genético, também deve-se identificar características agronômi-
cas herdáveis de cultivares mais apropriados para a ensilagem, que estejam
relacionadas ao processo de fermentação, visando a redução de perdas de MS
e demais nutrientes durante os processos de ensilagem e desensilagem, bem
como a manutenção dos coeficientes de digestibilidade, consumo de forragem e
desempenho animal, além de considerar a estrutura percentual dos constituintes
da planta e qualidade da fibra dos constituintes da parede celular da planta.

McDONALD (1991) classificou as perdas como controláveis ou inevitáveis e tais


aspectos definem a importância de se quantificar as perdas de silagem que
ocorrem durante e após o processo de ensilagem (Tabela 2.1), visto que estas

34 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

perdas podem restringir os índices produtivos e/ou inviabilizar economicamente


os sistemas de produção de bovinos de leite e corte. Mcdonald (1991), genera-
liza que as perdas por efluentes, re-fermentação, degradação aeróbia no arma-
zenamento e degradação aeróbia na desensilagem (controláveis) podem repre-
sentar valores superiores a 31% da massa ensilada, enquanto que as perdas por
pré-secagem, respiração celular e fermentação indesejável (incontroláveis) não
chegam a 15%.

Tabela 2.1. Origem das perdas energéticas em silagens.


Fonte: adaptado de McDONALD (1991).
Estimativa de Classificação
Processo:
Perdas (%) das perdas

Respiração residual 1–>2 Inevitáveis

Fermentação 2–>4 Inevitáveis

Inevitáveis/
Efluente (silo) 5->7
Controláveis

Efluente durante a secagem no


2–>5 Controláveis
campo

Fermentações secundárias (refer-


0->5 Controláveis
mentação)

Deterioração aeróbia na estocagem 0 - > 10 Controláveis

Deterioração aeróbia na desensila-


0 - > 15 Controláveis
gem

TOTAL 7 - > 40 -

Lembra-se, no entanto, que as perdas iniciais ao processo de ensilagem que


se referem àquelas originadas no ato da colheita da forragem (ineficiência de
colheita: ponto de colheita, corte e transporte) e as perdas finais que se referem
àquelas no ato de alimentação dos animais (ineficiência de alimentação: forma
de fornecimento da silagem aos animais e desperdícios de forragem), o que não
é contemplado na Tabela 2.1. VILELA et al. (1998) observaram perdas iniciais de

O portal do agroconhecimento 35
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

2,8% (base seca) entre a lavoura e o silo durante a colheita da forrageira. Já IGA-
RASI (2001) observou perdas iniciais de colheita de 4,3% do total de forragem
disponível.

Ressalta-se ainda, que todo investimento financeiro aplicado no processo de


planejamento e execução de lavouras de silagem podem ser desperdiçados, não
alcançando os objetivos pré determinados para o sistema de produção, caso não
ocorra ações criteriosas quanto aos fatores que afetam diretamente a ocorrência
de perdas da silagem, como na manutenção do valor nutritivo e no custo real
de produção da silagem. Aspectos estes nem sempre observados pelos técnicos
e produtores:

a) Tamanho das partículas ensiladas;

b) Tipo de silo utilizado

c) Sistema de enchimento de silo – sanidade de ambiente;

d) Tempo de fechamento do silo;

e) Sistema de compactação e vedação utilizada;

f) Tempo para abertura do silo de armazenamento;

g) Sistema de desensilagem após a abertura do silo.

2.3.1. Controle de perdas: tamanho de partículas x


compactação do ensilado

Entre os fatores que definem a qualidade final da silagem, está o tamanho do


picado ensilado, visto que este é variável (5 a 230 mm) nos diferentes tipos de
sistemas de produção de silagem e que relaciona-se diretamente com a deman-
da de potência tratorizada necessária para o processo de colheita das lavouras
para silagem.

36 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Partículas pequenas, teoricamente facilitam o processo de ensilagem, permitindo


maior densidade de transporte do material colhido ao local de armazenamento,
assim como facilita o processo de compactação e redução de perdas, pois condi-
ciona a melhor fermentação anaeróbia e por conseqüência atua na manutenção
do valor nutritivo da massa ensilada. HOLMES e MUCK (1999) relatam perdas
de MS na ordem de 20,2 e 10,0%, respectivamente, quando as densidades da
massa ensilada apresentaram-se com valores de 160 e 360 kg de MS/m³.

Segundo BALSALOBRE et al. (2001) apesar da redução da perda total de MS não


ser significativa em silagens mais úmidas, a redução no tamanho da partícula
deve ser objeto de qualquer programa de ensilagem, pois o menor tamanho da
partícula apresenta menor custo de produção, por determinar maior densidade
da forragem e por isso, redução no custo de transporte. Além disso, promoverá
menores perdas físicas durante a retirada e distribuição da silagem no cocho.

De forma geral, a densidade do silo, quando comandada pelo tamanho da par-


tícula, torna-se determinante na qualidade final da silagem, por associar-se à
porosidade da silagem, que condiciona a taxa de movimentação do ar e, conse-
qüentemente, o potencial de deterioração durante o armazenamento e após a
abertura do silo (HOLMES e MUCK, 1999).

O tamanho da partícula também atua favoravelmente no consumo de matéria


seca e no aumento da passagem da digesta pelo trato digestivo, que por conse-
qüência aumenta o aporte de energia, porém pode afetar negativamente a fer-
mentação ruminal, uma vez que menor tamanho de partícula resulta em menor
tempo de ruminação e produção de bicarbonato por parte do animal (depende
da espécie vegetal, concentração de grãos na massa e do nível de concentrado
na dieta). FITZGERALD (1996) comparou silagens cortadas com amplitude entre
10 e 15 cm contra a amplitude de 2 a 5 cm, observando que o tempo de reten-
ção no rúmen de carneiros foi maior para silagens de partículas maiores. Desse
modo, essas silagens apresentaram menor consumo e, conseqüentemente, os
animais que consumiram o material picado de menor tamanho apresentaram
maiores taxas de ganhos de peso.

O portal do agroconhecimento 37
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Convém ressaltar, porém que além do tamanho da partícula, diversos fatores


afetam a densidade da silagem (RUPPEL et al., 1995), entre eles, pode-se des-
tacar:

»» Peso de compactação;

»» Tempo de compactação;

»» Espessura da camada colocada no silo;

»» Taxa de enchimento do silo;

»» Forma de enchimento de silo;

»» Teor de MS da forragem.

2.3.2. Controle de perdas: fechamento e vedação do silo de


armazenamento

Dentre os fatores já mencionados, evidencia-se ainda a importância do sistema


de vedação do silo de armazenamento, que também tem determinado a ocor-
rência de acentuadas perdas de silagem, principalmente em decorrência dos
altos níveis da respiração das partículas ensiladas e atuação de microorganismos
aeróbios, devido a alta densidade de moléculas de oxigênio presente entre as
partículas ensiladas.

VELHO (2005) ao avaliar diferentes silagens de milho de diferentes maturidades


submetidas a distintos tempos de ensilagem (Figura 2.1), concluiu que o mau
manejo de ensilagem decorrente da demora do enchimento do silo inviabiliza
o uso da silagem assim produzida, por animais de alta produção, devido aos
aumentos ocasionados nas frações de parede celular, no nitrogênio insolúvel
no detergente neutro e detergente ácido e na diminuição dos carboidratos não
fibrosos e da taxa de degradação deste alimento.

38 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Fonte: (VELHO, 2005).


Figura 2.1. Interação entre estádio de maturidade do grão de milho e tempo de expo-
sição ao ar antes da ensilagem (P<0,05) para fibra em detergente neutro e fibra em
detergente neutro corrigida para cinzas e proteína, das silagens.

MUCK (1988) relata que a respiração das plantas em momento de déficit fotos-
sintético, ou seja, após o corte, causa perdas significativas de matéria seca e re-
dução da concentração de carboidratos rapidamente fermentáveis, tanto quanto
maior for o tempo de exposição da massa colhida ao oxigênio, determinando
perdas energéticas nas plantas colhidas e reduzindo quantidade de substrato
para as bactérias lácticas, representando em diminuição do valor nutricional da
silagem resultante.

2.3.3. Perdas por efluentes

As perdas durante os processos da fermentação são dependentes das caracterís-


ticas da planta forrageira, estando estas associadas às práticas de implantação,
manejo e colheita das lavouras e sistema de armazenamento. BALSALOBRE et al.
(2001) inferem que as perdas físicas promovidas pelo efluente, pela produção
de gases durante a fermentação no silo e pela retirada da forragem e sua distri-

O portal do agroconhecimento 39
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

buição aos animais tem grande importância, pois oneram os custos do sistema
de produção e podem inclusive inviabilizá-lo economicamente.

Segundo BALSALOBRE et al. (2001) para uma planta forrageira produzir uma boa
silagem, existem premissas básicas que devem ser respeitadas, entre elas, a
capacidade de fermentação da forrageira que é definida como a relação entre o
teor de carboidratos solúveis, teor de umidade e o poder tampão presentes em
sua composição. Sob estes aspectos, ressalta-se que plantas C4, como o sorgo
e os capins tropicais não graníferos, apresentam baixos teores de carboidratos
solúveis, enquanto que o teor de umidade pode ser controlado com práticas de
manejo e colheita das plantas para ensilagem. Assim, a obtenção de silagem
de alta qualidade, com perdas insignificantes assume certas restrições com re-
lação aos teores de umidade e carboidratos solúveis, que podem ser corrigidos
segundo CRESTANA et al. (2000) e AGUIAR et al. (2000), pela adição de açúcares
(substratos), como a polpa cítrica, para promover o aumento do teor de matéria
seca, acelerando, assim, a fermentação inicial para que o pH apresente declínio
mais acelerado. AGUIAR et al. (2000) também constataram a redução do pH em
silagem de gramínea tropical através da adição de açúcares solúveis (10% de
polpa cítrica). Segundo NEUMANN (2001) os teores de MS entre 30 a 35% e
pH com índices entre 3,5 a 3,8 são parâmetros que permitem alta eficiência na
manutenção do valor nutritivo da silagem e maior tempo de armazenamento,
sem detrimento desta.

As principais fontes de perdas de energia são os efluentes, produzidos duran-


te o processo de pré-secagem no campo (trânsito lavoura-silo), a respiração
residual durante o enchimento do silo e imediatamente após sua vedação, o
tipo de fermentação que ocorre no interior do silo, a produção de efluente e a
fermentação secundária durante o período de armazenagem e, a deterioração
aeróbia durante a estocagem da silagem e durante a retirada da forragem do
silo. Estas perdas (Tabela 2.1), em conjunto, podem atingir patamares acima de
40% (McDONALD, 1991).

As maiores perdas por fermentação, tanto em relação ao teor de MS como de


energia, são promovidas pela atuação de microorganismos do gênero Clostri-

40 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

dium (BOLSEN, 1996). Os principais produtos finais desse tipo de fermentação


são o ácido butírico, a água e o dióxido de carbono que, em conjunto, podem
assimilar perdas da ordem de 50 e 18% para MS e energia, respectivamente.
A fermentação clostrídica pode resultar em subprodutos de degradação de pro-
teínas, como as aminas, que têm sido relacionadas com a redução no consumo
voluntário de silagens (PHUNTSOK et al., 1996).

Microorganismos do gênero Clostridium têm sua máxima eficiência em ambien-


tes com alta atividade de água, elevado pH (> 5,0) e alta temperatura. Logo,
segundo MARTHA Jr. (2000) a adoção de práticas de manejo que promovam a
redução do teor de umidade e a rápida queda pH, reduzem os efeitos negativos
da ação destas bactérias, uma vez que, provocarão redução da atividade da
água, menores pH e temperatura (diminuição de fermentações indesejáveis) da
massa ensilada.

Segundo BALSALOBRE et al. (2001) na produção de silagens de gramíneas tropi-


cais, devido às características de planta e de manejo da produção desse tipo de
ensilagem levam a um ambiente propício ao desenvolvimento das clostrídias.
Já em silagem de milho, o conteúdo de MS é maior, o que permite que ocorram
menores perdas em decorrência da elevação da pressão osmótica associada a
sensível redução da atividade de água e maior concentração de carboidratos so-
lúveis na massa ensilada tende a uma fermentação láctica, com pouco impacto
sobre perdas de MS e de energia.

A formação de efluentes é um sério problema para os sistemas de produção de


silagem, pois constitui-se em perdas significativas de MS e energia do material
ensilado. Segundo REIS e JOBIM (2001), relatam que em situação de formação
de efluentes, há elevação significativa nos valores de fibra em detergente ácido
com o processo de ensilagem, que pode ser explicada pelo efeito de diluição, em
que, com o decréscimo nos conteúdos dos carboidratos solúveis e de hemicelu-
lose, gera como resultado a elevação proporcional destes valores, uma vez que
os dados são expressos em % da MS. SENGER et al. (2005), sob condições de
compactação adequada (700 kg/m3 de MV) e compactação deficiente (400 kg/

O portal do agroconhecimento 41
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

m3 de MV), verificaram que em silagens de milho com elevado teor de umidade


(20% de MS) os teores de fibra em detergente neutro da silagem resultante fo-
ram superiores à forragem fresca, devido possivelmente à perda de açúcares so-
lúveis, causando aumento dos carboidratos fibrosos, enquanto em silagens com
menor teor de umidade (28% de MS) os teores de fibra em detergente neutro
foram diminuídos com o processo de ensilagem em relação à forragem fresca,
devido à redução da fração de hemicelulose consumida durante a fermentação.

2.3.4. Perdas por gases

As perdas por gases estão associadas ao tipo de fermentação ocorrida na sila-


gem. Na produção do lactato as perdas de matéria seca são reduzidas, assim
como, quando a fermentação ocorre via bactérias homofermentativas utilizando
a glicose como substrato onde as perdas são mínimas. Porém, segundo McDO-
NALD (1991) quando a via de produção de lactato é com o uso de citrato ou
malato como substrato, ocorre a produção de CO2 e, desse modo, as perdas são
consideráveis (29,7 e 32,8% de matéria seca, respectivamente), mesmo sendo
por bactérias homofermentativas, haja visto no entanto, que as perdas em ener-
gia serem neglivíveis (Tabela 2.2).

Quando ocorre a produção de álcool (etanol ou mantinol) verifica-se um aumen-


to considerável de perdas por gases, esse tipo de fermentação é promovido por
bactérias heterofermentativas, por enterobactérias e por leveduras.

Tabela 2.2. Perdas de MS e de energia através de algumas vias fermentativas em


silagens.
Fonte: McDONALD, 1991.
Perdas Perdas
Microorganismo Substrato Produto em em
% MS % energia

Homofermentativa Glucose Lactato 0 0,7

Lactato, Acetato
Homofermentativa Citrato 29,7 + 1,5
e CO2

Homofermentativa Malato Lactato e CO2 32,8 + 1,8

42 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Perdas Perdas
Microorganismo Substrato Produto em em
% MS % energia

Lactato, Etanol
Heterofermentativa Glucose 24,0 1,7
e CO2

Lactato, Ace-
Heterofermentativa Frutose tato, Manitol e 4,8 1,0
CO2

Clostrídia Lactato Butirato e CO2 51,1 18,4

Acetato, Etanol,
Enterobactéria Glucose 41,1 16,6
H2 e CO2

Leveduras Glucose Etanol e CO2 48,9 0,2

A concentração do efluente varia de 10.000 a 100.000mg/l-¹, que tende a au-


mentar durante o período de armazenamento. Com exceção dos carboidratos
solúveis e possivelmente a proteína verdadeira, a maioria dos componentes do
efluente aumenta sua concentração com o passar do tempo, especialmente os
produtos da fermentação como ácido lático e ácido acético. Perdas com car-
boidratos solúveis, particularmente de forragens úmidas, pode ser alto, e esta
depleção do material recente na fermentação pode ser outro fator relevante
para determinar se a predominância será por lactato ou butirato como produto
da fermentação (MC DONALD, 1991).

As perdas de nutrientes solúveis como proteína bruta, carboidratos e minerais


ocorrem em quantidades significativas através do efluente produzido por gramí-
neas ensiladas com elevado teor de umidade, fator este, que contribui de forma
negativa na qualidade final do material conservado. Outra característica que me-
rece destaque é o elevado potencial poluente do efluente, constituindo um sério
problema ambiental para os solos e lençóis de água. Portanto, medidas como a
ensilagem de forragens com adequado conteúdo de umidade, utilização de adi-
tivos absorventes em situações de material com baixo teor de matéria seca, uso
de técnicas de reaproveitamento e tratamento do efluente são procedimentos
necessários para se obter maior controle das perdas por efluente, e assim garan-

O portal do agroconhecimento 43
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

tir a não ocorrência de possíveis e significativos aumentos no custo de produção


por perda de nutrientes, e também diminuir os riscos de poluição ambiental.

2.3.5. Estabilidade aeróbia e perdas de silagem na


desensilagem

As perdas após a abertura do silo estão associadas ao manejo imposto na uti-


lização da silagem do silo. Quanto maior a taxa de retirada de material do silo,
menores serão as perdas, também, quanto maior a movimentação da massa
ensilada maior será a deterioração do painel do silo. Entretanto, a extensão de
deterioração do material após a abertura do silo está associada à estabilidade
aeróbia da silagem. Segundo BALSALOBRE et al. (2001) a estabilidade aeróbia,
conceitualmente pode ser avaliada como sendo o tempo observado para a mas-
sa de silagem, após a retirada do silo, apresente elevação em 2ºC em relação
à temperatura ambiente. Como alternativa, a estabilidade aeróbia pode ser ca-
racterizada como sendo a diferença de temperatura entre a silagem e o meio,
acumulada de até o 5º dia pós sua abertura.

Revisões de literatura evidenciam que silagens incubadas com aditivos bacteria-


nos apresentam menor estabilidade aeróbia que os tratamentos controle (KEADY
e STEEN, 1995). O provável motivo da menor estabilidade de silagens incubadas
ou contendo fontes de carboidratos, está relacionado ao maior teor de ácido
láctico dessas. Os microorganismos aeróbios degradam o ácido láctico com faci-
lidade após a abertura do silo, gerando CO2, etanol e ácido acético, além de alta
geração de calor.

Trabalhos científicos realizados por NEUMANN et al. (dados não publicados) evi-
denciam maiores ocorrências de perdas de nutrientes da silagem por ocasião
do desabastecimento do silo. Trabalhando com a abertura de dois silos de sorgo
de duplo propósito, em média, 150 dias após a confecção da silagem, aspectos
relacionados à temperatura, pH e N amoniacal da silagem durante dinâmica do
processo de desensilagem comparando a degradação aeróbia do material com-
pactado da face do silo com o material desensilado e desestruturado puderam

44 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

confirmar tal afirmação: T1 – massa compactada na face do silo e T2 - massa


desensilada e desestruturada.

O trabalho consistiu na efetuação da desensilagem de uma fatia de 20 cm de


comprimento do perfil do silo tipo torta (altura de 80 cm, sendo esta dividida em
quatro estratos de 20 cm; 3,0 m de largura; e 20 cm de comprimento), sendo na
seqüência, cada estrato de silagem, pesada, desestruturada e acondicionada em
uma caixa de madeira sob mesmas dimensões de altura (80 cm) e largura (3,0
m), porém com comprimento de 0,3 m. A superfície do perfil do silo foi deixada
o mais homogênea possível, a fim de evitar desuniformidade na entrada de
oxigênio na massa estruturada (Figura 2.2 e Tabela 2.3).

Figura 2.2. Foto do silo mostrando o arranjo experimental.

A exposição da face do silo (massa estruturada) e da superfície da caixa de


madeira (massa desensilada e desestruturada) foi delimitado num sistema de
mosaico, composto por quatro estratos (A: 0 a 20 cm; B: 20 a 40 cm; C: 40 a 60
cm; e D: 60 a 80 cm), onde cada estrato constituiu-se das seguintes dimensões:
20 cm de altura, 30 cm de largura e 20 ou 30 cm de comprimento, conforme
perfil de massa estruturada no silo ou massa desestruturado na caixa, respecti-
vamente (Figura 2.2 e Tabela 2.3).

O portal do agroconhecimento 45
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tabela 2.3. Dados médios do teor de MS e do nível de compactação, em função


das características da massa da silagem durante a desensilagem e profundidade
dos estratos do silo.
Estratos dos silos
Mé-
Característica
A B C D dia
da massa
(0 a 20 (20 a 40 (40 a (60 a geral
cm) cm) 60 cm) 80 cm)

MS, %

Face do silo 40,0


38,7 40,5 41,4 38,9
“Estruturada” A

“Desensilada”
40,4
“Desestrutu- 39,2 40,0 42,2 40,3
A
rada”

Nível de compactação, kg/m3 de matéria verde

Face do silo 469,5


545,9 487,5 437,5 407,1
“Estruturada” A

“Desensilada”
298,0
“Desestrutu- 369,9 331,4 277,1 258,3
B
rada”

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes, para cada variável,


diferem pelo F a 5%.

Durante o período experimental foram realizadas coletas de amostras e deter-


minadas temperaturas da silagem nos estratos do silo, em diferentes tempos
de exposição aeróbia da massa da silagem: 0, 6, 12, 18, 24, 30, 36, 48, 60 e 72
horas após a abertura do silo, numa profundidade de 8 cm, tanto para a massa
estruturada na face dos silos como à massa desensilada e desestruturada.

Na análise da Tabela 2.4, sob condições de massa desensilada e desestruturada


maiores (P<0,05) dos valores de T e DTSA (26,1 versus 24,3 ºC e 6,1 versus 7,9
ºC, respectivamente) em relação à condição de face estruturada de silo.

46 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Tabela 2.4. Dados médios de temperatura das silagens (T) e da diferença de tem-
peratura entre as silagens e o meio ambiente (DTSA), em função das características
da massa durante a desensilagem e dos estratos do silo.
Estratos do silo
Característica Média
da massa A B C D geral
(0 a 20 (20 a (40 a (60 a
cm) 40 cm) 60 cm) 80 cm)

Temperatura da silagem (ºC)

Face do silo
24,7 24,4 24,2 24,0 24,3 B
Estruturada

Desensilada
Desestrutu- 25,2 25,9 26,8 26,7 26,1 A
rada

Diferença de temperatura da silagem e meio ambiente (ºC)

Face do silo
6,4 6,2 5,9 5,7 6,1 B
Estruturada

Desensilada
Desestrutu- 6,9 7,7 8,6 8,4 7,9 A
rada

Médias na coluna seguidas de letras maiúsculas diferentes, para cada variável,


diferem pelo F a 5%.

Para McDONALD et al. (1991), uma das maneiras de se avaliar a dinâmica de


processos relacionados à atividade microbiana na desensilagem e/ou no tempo
de exposição da massa ao meio ambiente, é a capacidade de manter estabilida-
de da temperatura da massa desensilada. Os dados da Tabela 2.5 mostram que
o aumento da temperatura nos silos com o avanço do tempo de exposição ae-
róbia foi resultado da atividade microbiana, sendo esta atividade dependente da
disponibilidade de compostos solúveis para seu desenvolvimento, sugerindo que
nas fases iniciais do processo de ensilagem, bem como durante a compactação
e vedação do silo ocorreu a paralisação do crescimento microbiano, porém com

O portal do agroconhecimento 47
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

a exposição da massa a aerobiose, os compostos solúveis foram rapidamente


utilizados como substrato prontamente disponível para o crescimento microbia-
no elevando assim a temperatura. A temperatura e/ou do gradiente entre a
temperatura das silagens a do meio ambiente nos silos foi diferente entre face
de silo estruturada e silagem desensilada e desestruturada, o que pode ser atri-
buído ao efeito associativo entre o balanço diferenciado da disponibilidade de
compostos solúveis nos diferentes estratos dos silos e o grau de compactação
da massa.

As silagens bem conservadas, isto é, em plenas condições de anaerobiose com


boas compactações (>250 kg de MS/m³), segundo NUSSIO et al. (2001), evitam
a produção de ácido butírico e restringem a produção de ácido acético, porém
favorecem a instabilidade aeróbia da silagem causada pela grande concentração
de ácido lático. Segundo mesmo autor, o sucesso da estabilidade da silagem é
o equilíbrio entre a participação de ácido acético em associação ao ácido lático.
A assimilação aeróbica de lactato da silagem por fungos, leveduras e Bacillus
diminui o potencial de conservação devido a conversão aeróbica de lactato a
acetato, ou degradação anaeróbica de lactato a ácido butírico ou acético, com
conseqüente elevação do pH. Conforme McDONALD et al. (1991), os microrga-
nismos aeróbicos degradam o ácido lático com facilidade após a abertura do silo
gerando CO2, etanol, ácido acético e liberação de calor (reação exotérmica).

A qualidade da silagem é determinada pela fermentação da massa, caracterís-


ticas bromatológicas da planta ensilada e pela micoflora existente. NEUMANN
(2001) destaca que alguns fatores operacionais durante a ensilagem podem
afetar a qualidade da massa e entre eles a localização e o tipo de silo, transporte
e compactação da massa colhida, uso de aditivos microbiológicos, tempo de en-
chimento e vedação do silo. Analisando os valores de densidade dos estratos, na
média geral, a silagem de estratos superiores sempre é confeccionada sob pior
grau de compactação comparativamente aos estratos inferiores, o que favoreceu
a presença de maior concentração de oxigênio no interior da massa durante a
ensilagem, que conseqüentemente veio a propiciar maior taxa de respiração das
partículas ensiladas e maior consumo da concentração de compostos solúveis

48 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

e energia, disponíveis no conteúdo celular da planta, limitando dessa forma o


crescimento microbiano por ocasião da abertura do silo.

Outro ponto importante durante a conservação de forragens na forma de sila-


gem, ao avaliar a deterioração de diferentes tipos de silagens, está na compre-
ensão das perdas do processo que ocorre em diferentes velocidades de degra-
dação, conforme a composição química da silagem, verificando que a silagem
apresentou velocidade de degradação maior, fato indicado pela elevação rápida
da temperatura, pH e produção de CO2.

Na Tabela 2.5 são apresentados os dados referentes à dinâmica de comporta-


mento da temperatura das silagens nos diferentes tempos de exposição aeróbia,
conforme características da massa durante a desensilagem.

Tabela 2.5. Dados médios de temperatura ambiente, de temperatura da silagem


(T) e da diferença de temperatura entre o meio ambiente e as silagens (DTSA),
em função das características da massa durante a desensilagem e dos diferentes
tempos de exposição aeróbia.
Face do silo -
Tempo de Massa Desensilada e
Ambiente Massa estrutu-
Exposição Desestruturada
rada

(horas) (ºC) Temperatura da silagem (ºC)

0 21,7 27,5 29,2

6 22,0 24,6 23,4

12 20,0 25,9 22,3

18 19,5 25,2 22,3

24 20,0 23,1 22,6

30 22,8 23,9 24,9

36 16,1 25,1 26,8

48 14,5 23,8 27,0

60 15,0 22,0 28,9

72 11,0 22,0 33,8

O portal do agroconhecimento 49
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Face do silo -
Tempo de Massa Desensilada e
Ambiente Massa estrutu-
Exposição Desestruturada
rada

Diferença de temperatura entre silagem e


(horas) (ºC)
meio ambiente (ºC)

0 21,7 5,8 7,5

6 22,0 2,6 1,8

12 20,0 5,9 2,3

18 19,5 5,7 2,8

24 20,0 3,1 2,6

30 22,8 1,1 2,1

36 16,1 9,0 10,7

48 14,5 9,3 12,5

60 15,0 7,0 13,9

72 11,0 11,0 22,8

Testruturada = 26,1700 – 0,0607H (R2 = 0,2637; CV = 9,46%; P=0,0001; onde H = exposi-


ção aeróbia da silagem variando de 0 a 72 horas);
Tdesestruturada = 26,1355 – 0,2098H + 0,0044H2 (R2 = 0,2101; CV = 23,96%; P=0,0001);
DTSAestruturada = 4,6242 – 0,0295H + 0,0016H2 (R2 = 0,3189; CV = 50,78%; P=0,0001);
DTSAdesestruturada = 4,494 – 0,1622H + 0,0058H² (R2 = 0,4934; CV = 81,77%; P=0,0001);

A temperatura é um fator físico que afeta a taxa de deterioração da silagem,


pois seu aumento está diretamente relacionado a oxidação da matéria seca (MS)
provocando perdas na forma de dióxido de carbono. A temperatura da silagem é
resultante do balanço entre a taxa de calor produzida pela atividade microbiana
e as perdas de calor por condução, radiação, evaporação e convecção. O balanço
final de energia fornece calor para o crescimento microbiano até níveis ótimos
para seu desenvolvimento (WILLIANS et al., 1997). Estes mesmos autores estu-
dando a estabilidade aeróbia de silagens observaram mudanças significativas da
temperatura após 7 dias de aeração. Entretanto, HILL & LEAVER (2002), obtiveram

50 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

aumento de temperatura e produção de CO2 até 10 dias de exposição aeróbia da


silagem, juntamente com o aumento da atividade microbiana, após este período
ocorreu a diminuição da temperatura e produção de CO2, o que foi justificado
pelos autores, como reflexo dos processos limitantes da colonização microbiana,
ocasionada pela diminuição do fornecimento de fontes disponíveis de carbono
e nitrogênio.

De modo geral, independente do tempo de exposição aeróbia das silagens ava-


liadas, verificou-se que a temperatura sempre esteve superior a temperatura
ambiental, da mesma forma que maiores diferenças entre a temperatura inicial
e final também são obtidas na estrutura de massa desestruturada do silo. Vale
ressaltar que, mesmo em temperaturas ambientes baixas (11°C) a silagem apre-
sentou elevação da temperatura, principalmente na estrutura desestruturada,
chegando à 33,8°C na massa desensilada e desestruturada, assim, logo conclui-
se que com temperaturas ambientes maiores a elevação da temperatura da
silagem também tende a ser maior, visto que este parâmetro é considerado um
ativador das reações químicas e microbiológicas.

Segundo McDONALD et al. (1991) a desestruturação da massa ensilada cau-


sa maior permeabilidade ao oxigênio na massa, e conseqüente aumento de
alterações da composição química das silagens, as quais são acompanhadas
pelo aumento do pH, temperatura e nitrogênio amoniacal da massa ensilada,
ocasionadas principalmente por processo de oxidação da massa e atividade de
microorganismos aeróbios. Sabe-se que as perdas da silagem ocorrem via libe-
ração de CO2 por ação dos microorganismos aeróbios e pela oxidação da matéria
orgânica. NUSSIO et al. (2001) reforça tal fato, inferindo que a exposição da
silagem ao ar, após a abertura e/ou durante seu fornecimento aos animais,
é ocasionalmente acompanhada por deterioração aeróbica, o que resulta em
perdas econômicas, visto que perdas de MS e de energia passam a interferir
diretamente no desempenho zootécnico dos animais.

De acordo com os dados apresentados por NUSSIO et al. (2001), as silagens com
aproximadamente 30% de MS apresentaram maiores teores de ácido lático, sen-

O portal do agroconhecimento 51
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

do mais instáveis com o aumento da MS. A deterioração aeróbia é caracterizada


pelo aumento da temperatura e do pH, ocasionando perdas de MS e crescimento
de fungos na superfície do silo. Fatores como alto teor de carboidratos solúveis,
baixo teor de ácido acético e presença de leveduras, acompanhado de com-
pactação insuficiente da massa contribuem para a diminuição da estabilidade
aeróbia da silagem. Entretanto, as medidas recomendadas para obter adequada
fermentação da silagem com a máxima conservação de energia (carboidratos)
poderão proporcionar silagens mais instáveis às condições de exposição aeróbia
quando ocorre a abertura do silo.

Na média geral (Tabela 2.6), independente do estrato de silo, a silagem da


fase do silo estruturada apresentou menores valores de pH (33,85 contra 3,91)
e N-NH3 (3,9 contra 4,3%) em massa desensilada e desestruturada. A silagem
mantida no painel do silo apresentou melhor qualidade de conservação, pois
segundo NUSSIO et al. (2001), as silagens de boa qualidade devem apresentar
índice máximo de pH 4,0, sem que ocorram perdas de qualidade da silagem por
reações de proteólise na massa de silagem.

Tabela 2.6. Dados médios de pH e dos teores de NH3 (% NT) das silagens, em fun-
ção das características da massa durante a desensilagem e dos estratos do silo.
Estratos do silo
Característica Média
da massa A B C D geral
(0 a 20 (20 a (40 a (60 a
cm) 40 cm) 60 cm) 80 cm)

pH, índice

Face do silo
3,83 3,82 3,86 3,90 3,85 B
Estruturada

Desensilada
Desestrutu- 3,86 3,91 3,89 3,96 3,91 A
rada

52 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Estratos do silo
Característica Média
da massa A B C D geral
(0 a 20 (20 a (40 a (60 a
cm) 40 cm) 60 cm) 80 cm)

NH3 (% NT)

Face do silo
3,9 3,5 3,9 4,4 3,9 b
Estruturada

Desensilada
Desestrutu- 4,0 3,6 4,2 4,7 4,2 A
rada

Médias, na coluna, seguidas de letras maiúsculas diferentes, diferem (P<0,05)


pelo teste F.

Ao avaliar a estabilidade aeróbia da silagem de capim elefante emurchecido


e inoculado, GUIM et al. (2002), obteve diferenças significativas (P<0,05) em
relação aos índices de pH, quando a silagem chegou ao oitavo dia de exposição
aeróbia. O índice de pH, se considerado isoladamente, pode tornar um índice de
qualidade de silagens de pequena valia, pois geralmente o pH acompanha as
mudanças que ocorrem no conteúdo de N-NH3 e ácidos orgânicos.

A fermentação clostridica resultante da umidade e pH da massa ensilada pode


gerar condições favoráveis para o catabolismo de ácido lático a butírico e, de
aminoácidos a compostos como amônia, dióxido de carbono e aminas. A pro-
dução de ácido butírico resulta em grande perda de MS devido à produção de
dióxido de carbono e perda expressiva de energia, além de intensa proteólise,
provocando perdas em relação às frações nitrogenadas da silagem (NUSSIO et
al., 2001), como conseqüência as perdas de MS via compostos voláteis como
amônia e CO2 irão proporcionar maiores concentração de cinzas ou matéria mi-
neral na silagem.

O portal do agroconhecimento 53
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tabela 2.7. Dados médios da matéria seca e do pH das silagens, em função das
características da massa durante a desensilagem e dos diferentes tempos de expo-
sição aeróbia.
Face do silo com Massa desensilada e
Tempo de Exposição
massa estruturada desestruturada

(horas) pH, índice

0 3,95 3,90

6 3,85 3,95

12 3,85 3,90

18 3,95 4,05

24 3,90 3,80

30 3,80 3,90

36 3,90 3,90

48 3,80 3,90

60 3,85 3,95

72 3,90 3,95
Nitrogênio Amoniacal (% NT)

0 5,25 4,15

6 4,35 3,55

12 3,60 3,35

18 4,20 3,95

24 4,25 4,10

30 3,35 3,50

36 4,30 3,95

48 3,30 4,30

54 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Face do silo com Massa desensilada e


Tempo de Exposição
massa estruturada desestruturada

(horas) pH, índice

60 4,30 4,90

72 3,60 4,05

NAestruturada = 4,7706 – 0,0455H + 0,00047H2 (R2 = 0,0950; CV = 27,04%; P<0,0215);


NAdesestruturada = 4,0044 – 0,0816H + 0,0035H2 - 0,000032H3 (R2 = 0,1300; CV =
22,69%; P<0,0138);

O conteúdo de N-NH3 é um parâmetro importante na determinação da qualidade


da silagem, pois as mudanças que ocorrem na qualidade da silagem modificam
o conteúdo de N-NH3 da silagem, sendo que estas mudanças serão acompa-
nhadas pelas mudanças de pH e ácidos orgânicos. Pode-se dizer que as silagens
em estudo foram bem conservadas durante o período de armazenamento, pois
na abertura dos silos apresentaram valores satisfatórios de N-NH3 (Tabela 2.7),
conforme parâmetros citados por LAVESSO (1992).

Durante a deterioração aeróbia da silagem ocorrem perdas de matéria orgânica


por volatilização (via produção de CO2), sendo essas perdas decorrentes da fer-
mentação butírica e proteólise, promovida por Clostrídias, onde o CO2 é um dos
produtos finais do seu metabolismo.

A proteólise da silagem promovida por bactérias do gênero Clostridium provoca


liberação de N-NH3 que é acompanhada por perdas de matéria orgânica. Para
melhor entendimento da dinâmica do processo fermentativo após a desensila-
gem, sob condições aeróbias torna-se necessário a realização de análises micro-
biológicas a fim de estudar o processo de colonização dos microorganismos, pois
segundo GUIM et al. (2002), a deterioração da silagem é governada por agentes
microbianos e as micotoxinas produzidas são responsáveis por grande parte dos
problemas reprodutivos em vacas de corte e leiteiras.

O portal do agroconhecimento 55
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

De maneira geral, conclui-se que a exposição aeróbia da silagem proporciona


perdas quantitativas e qualitativas do material ensilado de forma crescente com
o passar do tempo, assim como a exposição aeróbia constitui-se num fator de
perdas quantitativas e qualitativas do material ensilado, sendo, portanto neces-
sário após a desensilagem realizar em menor tempo possível a alimentação dos
animais.

2.4. Diagnóstico de silagens de baixa qualidade

A Tabela 2.8 resume um diagnóstico de silagens mal produzidas e seu conhe-


cimento poderá servir de orientação na preservação, controle e eliminação das
suas possíveis causas. A conscientização da necessidade de se evitar as perdas
controláveis e de se minimizar a perdas inevitáveis resultará em diminuição do
custo real de produção das silagens.

Tabela 2.8. Diagnóstico de silagens de baixa qualidade.


Fonte: Adaptado por Mülhbach, 1999 de Holland e Kezar (1990).
Características Possíveis causas

Umidade excessiva, má fermentação, laceração exces-


Efluente
siva (facas mal afiadas).

Enchimento lento, má vedação, desensilagem prolon-


Esquentamento gada, pré-secagem excessiva, forragem maturada, má
picagem, má compactação.

Caramelização Aquecimento durante a ensilagem (respiração inicial e


(odor adocicado, aeração), enchimento lento, pré-secagem excessiva,
cor marrom) má picagem, má compactação.

Enchimento lento, aeração, má picagem, má compac-


Silagem mofada
tação, má vedação, desensilagem lenta.

Fermentação butírica, forragem com alto teor de


Cheiro rançoso umidade e baixo teor de açúcares, fermentação láctica
insuficiente.

56 IEPEC
Capítulo 2
Controle de perdas durante o processo de ensilagem

Características Possíveis causas

Fermentação acética, forragem com alta umidade e


Cheiro de vinagre
baixo teor de açúcares.

Fermentação por leveduras, fermentação láctica


Cheiro alcoólico insuficiente, aeração inicial prolongada, má vedação,
desensilagem lenta.

Forragem colhida fora do ponto (maturada ou imatu-


ra), má desensilagem, má fermentação, fermentação
Baixa ingestão butírica, alto teor de nitrogênio solúvel, contaminação
com terra, inços plantas tóxicas, silagem mofada ou
esquentada, dieta mal balanceada.

Usualmente a silagem de milho é o volumoso mais utilizado principalmente


pelos produtores de leite. No entanto, o seu preparo consome uma série de ope-
rações e insumos que encarecem o produto final e a quantificação do custo real
final da silagem não tem recebido a devida atenção dos produtores no que se
refere às perdas de MS que ocorrem durante o processo de produção e utilização.

VILELA et al. (1998) trabalhando com a produção de silagem e armazenamento


em silos tipo superfície e trincheira observaram, respectivamente, um custo final
da silagem se não considerassem as perdas de 20,20 e 21,84 US$/t, no entanto,
a quantificação de perdas mostraram valores médios de 41,5 e 28,0%, durante
o processo de produção e utilização de silagem (etapas de colheita, armazena-
mento e alimentação dos animais), o que elevou o custo final da silagem (US$/t)
para 32,37 e 28,98, respectivamente. A exemplo, se um silo é enchido com 100 t
de milho a um custo de U$ 20,00/t de forragem (implantada, manejada, picada,
compactada e vedada), mas são desensiladas e consumidas pelos animais ape-
nas 75 t de silagem, o custo final sobe para U$ 26,66/t. Racionalizando, sendo
as perdas diminuídas e os animais consumirem 90 t de silagem de milho o custo
final seria de U$ 22,22/t e desempenho dos animais provavelmente maior, face
a melhor qualidade nutritiva da silagem produzida com menos perdas.

O portal do agroconhecimento 57
Capítulo 3
Parâmetros para análise de
qualidade da silagem
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

3. Parâmetros para análise de


qualidade da silagem

Os nutricionistas vêm insistentemente tentando estabelecer parâmetros para


avaliar a qualidade e o valor nutritivo de forragens. O objetivo final deste esforço
é o de conseguir incrementos na eficiência do processo de nutrição animal e,
conseqüentemente, interferir positivamente na produtividade dos rebanhos.

Várias maneiras têm sido utilizadas no estabelecimento destes parâmetros, sob


aspectos de análise agronômica, química-bromatológica, sensorial e de desem-
penho animal.

3.1. A Evolução da silagem de milho no Brasil

A evolução da prática de produção, confecção e utilização de silagem de milho


no Brasil ocorreu em distintas 4 fases:

»» 1ª Fase: A escolha do híbrido de milho para alimento volumoso


dependia de sua altura (quanto mais alto melhor), devido maiores
produções de massa verde, não levando-se em consideração o
valor nutritivo e a qualidade da silagem resultante. Objetivava-se
a produção de um volumoso de custo mínimo para ser utilizado
em momentos de escassez de alimentos.

»» 2ª Fase: Os técnicos recorreram aos híbridos de milho recomenda-


dos para a produção de grãos. Foi um passo importante na evo-
lução onde se observou que nem sempre um milho bom para
produção de grãos era bom para silagem. Considerava-se somente
a questão porcentagem de grãos na estrutura da planta, esque-

60 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

cendo dos demais componentes estruturais da planta: brácteas,


sabugo, folhas e colmo, que representam de 55 a 70% da silagem
e interferem significativamente no desempenho animal.

»» 3ª Fase: Iniciou-se avaliações mais criteriosas dos híbridos de mi-


lho recomendados para a produção de grãos, visando paralela-
mente, a produção de silagem, que poderiam ser utilizados com
bons resultados na nutrição animal, mas ainda ficando muito abai-
xo dos valores nutricionais requeridos para sistemas tecnificados
de produção de carne ou leite.

»» 4ª Fase: Atualmente a pesquisa vem avaliando diferentes híbridos


de milho comerciais para produção de grãos, que tenham carac-
terísticas particulares à obtenção de silagem de alto valor nutriti-
vo e qualidade, sendo direcionados à alimentação animal, onde
diferenciam-se os híbridos em função da realização de ensaios
com desempenho animal. Busca-se associar produtividade de nu-
trientes por unidade de área, operacionalização do processo de
confecção da silagem por meio de escolha de híbridos com esta-
bilidade produtiva e de “janela de colheita”, baixos teores e maior
digestibilidade da fibra em detergente neutro contida na matéria
seca da silagem e comprovada resposta animal.

3.2. Análise agronômica

São vários os parâmetros de avaliação da qualidade e do valor nutritivo de si-


lagem de milho. Porcentagem de grãos e colmo na planta, digestibilidade da
fração fibrosa da planta, porcentagem de fibras (solúveis em detergentes ácido e
neutro), entre outros, são utilizadas em diferentes métodos de análise, baseados
em diversos modelos estatísticos.

A segunda fase da evolução do desenvolvimento da silagem de milho no Brasil


considerava que tanto quanto maior a porcentagem de grãos na planta maior se-

O portal do agroconhecimento 61
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

ria a qualidade final na silagem. Atualmente, além de considerar a participação


percentual de grãos na estrutura da planta, outros parâmetros como textura de
grão, participação percentual e valor nutricional dos colmos, folhas e estruturas
reprodutivas (brácteas+sabugo) também tem sido considerados na seleção de
genótipos para produção de silagem. A correlação encontrada entre porcenta-
gem de grãos na estrutura da planta e qualidade resultante na silagem não tem
sido constante em grande parte dos experimentos, o que reforça a necessidade
de se recorrer a parâmetros como da digestibilidade do colmo, folhas e estrutu-
ras reprodutivas, apesar de muitos trabalhos mostraram que, em determinados
híbridos de milho a porcentagem de grãos é a responsável pelo aumento da
digestibilidade dentro da planta e conseqüente incremento na produção animal.

Segundo OLIVEIRA (2010), algo intolerável está na discussão de análises quanti-


qualitativas de diferentes tipos de silagem em situações em que as plantas
apresentam variações na porcentagem de grãos, em função de serem colhidas
em diferentes estádios do grau de maturação fisiológica (algo muito presente
nos artigos científicos brasileiros).

A história tem nos mostrado que o aumento no potencial de produção de matéria


seca de híbridos de milho é fruto do contínuo melhoramento genético das plantas
para aumentar a produção de grãos, ficando o restante da estrutura da planta pra-
ticamente inalterado (SILVA, 1997). Os programas de melhoramento genético para
híbridos de milho, sempre foram orientados para produção de grãos. A pesquisa
mostra que a energia digestiva dos grãos, superior a de outros componentes da
planta, deve-se a remobilização dos nutrientes de colmo e das folhas para eles, ou
seja, drenam seus nutrientes na fase reprodutiva do enchimento dos grãos. Essa
mobilização é notada quando analisados os teores de açúcar e amido no início e
aproximadamente 30 dias após o início da fase reprodutiva do milho. O teor de
açúcar reduz-se de 25% para 10%, enquanto que o teor de amido acresce de 2%
para 20%, ou seja, com o avanço do ciclo fenológico da planta, o açúcar é transferi-
do para produção de amido, visto que a quantidade de açúcar na fração vegetativa
mantém-se inalterada (RITCHIE et al., 2003).

62 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

A porcentagem de grãos não apresenta correlação com digestibilidade do colmo,


enquanto que a produção de grãos é bem correlacionada à produção total de
matéria seca. Referente á parede celular, a porcentagem de grãos tem correla-
ção média com a fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) da planta, enquanto
que a porcentagem de matéria seca da planta é inversa a de FDA, com aumento
da porcentagem de grãos (LAUER et al., 2001). Entre os melhores parâmetros
de avaliação de silagens, está a digestibilidade de planta, a qual é bem correla-
cionada com o teor de lignina (JOHNSON et al.,2002). Iniciativas também foram
realizadas quanto a análise da digestibilidade da planta, subtraindo-se o compo-
nente grãos, no sentido de evidenciar a qualidade da fração fibrosa da planta e
seu impacto no desempenho animal.

Trabalhos de pesquisa também mostraram que outro ponto interessante na


análise da qualidade de silagem é o teor de carboidratos solúveis na planta.
Em silagens produzidas com valor menor que 20% de carboidratos solúveis,
encontram-se aproximadamente 50% das silagens de má qualidade, enquanto
que em silagens com teor de carboidratos solúveis superior a 25%, apenas 5%
das silagens são de má qualidade.

Entre os fatores que mais interferem no desempenho econômico e qualitativo


dos híbridos de milho para silagem e que por conseqüência mascara o efeito do
genótipo, está o ponto de colheita das plantas para silagem (determinante na
porcentagem de grãos na planta e na acumulação de matéria seca), visto que
este determina os reais custos de produção por kg de massa seca ensilada e o
potencial de consumo e desempenho dos animais. São necessários mais estu-
dos sobre mecanismos de transformação de nutrientes da parte vegetativa para
grãos e sobre os componentes da parede celular.

As Tabelas 3.1 e 3.2 mostram a dinâmica da cultura do milho na fase reprodu-


tiva, quanto ao acúmulo de matéria seca, estrutura da planta e produção de
nutrientes.

O portal do agroconhecimento 63
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Os teores de MS do colmo permaneceram relativamente constantes entre 107 e 128


dias após a emergência (R3 a R5). Porém para os demais componentes, de maneira
geral, os teores de MS, mostraram taxas crescentes de secagem média diária de
0,7048% nas folhas, de 0,4255% no conjunto brácteas mais sabugo, de 0,9930%
nos grãos e, conseqüentemente, de 0,5865% na planta inteira (Tabela 3.1).

Tabela 3.1. Matéria seca do colmo, das folhas, do conjunto brácteas mais sabugo,
dos grãos e da planta inteira do híbrido SG-6418 colhido em diferentes estádios de
desenvolvimento (Safra 2009/2010).
Dias após emergências das plantas (DAE),
(data da avaliação)¹
Equações de regressão²
107 dias 114 dias 121 dias 128 dias
(19/02) (25/02) (03/03) (10/03)
R3 R3 a R4 R4 R5

Teor de matéria seca do componente colmo, %

Y = 24,1604 – 0,0079D
24,1 22,6 22,1 24,1 CV: 6,56; R²: 0,0022;
P=0,9161

Teor de matéria seca do componente folhas, %

Y = -52,3561 + 0,7048D
22,4 27,3 36,3 35,8 CV: 10,47; R²: 0,7994;
P=0,0027

Teor de matéria seca do componente brácteas mais sabugo, %

Y = -20,1475 + 0,4255D
25,3 27,3 36,3 35,8 CV: 8,11; R²: 0,7160;
P=0,0081

Teor de matéria seca do componente grãos, %

Y = -61,6675 + 0,9930D
42,1 54,9 59,2 63,9 CV: 4,93; R²: 0,9163;
P=0,0001

64 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Dias após emergências das plantas (DAE),


(data da avaliação)¹
Equações de regressão²
107 dias 114 dias 121 dias 128 dias
(19/02) (25/02) (03/03) (10/03)
R3 R3 a R4 R4 R5

Teor de matéria seca da planta inteira, %

Y = -35,4325 + 0,5865D
27,1 31,6 35,9 39,4 CV: 2,60; R²: 0,9738;
P=0,0001

1
- Escala de desenvolvimento nos estádios reprodutivos: R1 = pleno florescimento,
R2 = grão leitoso, R3 = grão pastoso, , R3-R4= grão pastoso a farináceo, R4 = grão
farináceo e R5 = grão farináceo a duro.
2
- D= dias após emergência das plantas.

As variações nas taxas de secagem da planta inteira e dos componentes estru-


turais são segundo RITCHIE et al. (2003) resultado da taxa de desenvolvimento
da planta relacionada com a temperatura e a umidade relativa do ar. Segundo
mesmos autores, o período de tempo entre os diferentes estádios de desenvol-
vimento do milho pode variar significativamente de acordo com ocorrências de
estresses ambientais, determinando, nestes casos, o encurtamento dos estádios
reprodutivos. Não havendo estresses ambientais, verifica-se de forma direta que
o colmo é o componente estrutural da planta que melhor conserva seu teor de
umidade e/ou que menor taxa de secagem apresenta com o avanço do ciclo
cultural (Tabela 3.1).

ZOPOLLATTO (2007) avaliando seis híbridos de milho em duas safras, observaram


que o avanço da maturação aumentou os teores de MS das frações colmo (de 16,9
para 28,0%), folha (de 23,2 para 48,8%), sabugo (de 10,0 para 55,5%) e grãos
(de 50,4 para 70,9%), o que condicionou ao aumento das proporções de MS acu-
mulada nos sabugos (de 1,6 para 9,2%) e grãos (de 0 para 43,4%) e redução na
proporção de colmo (de 63,4 para 29,5%) e folhas (de 27,5 para 10,8%).

O portal do agroconhecimento 65
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tal resposta agronômica quanto aos teores de MS nos diferentes componentes


estruturais, dada em função dos diferentes estádios de maturação do híbrido
avaliado, ocorreu segundo LOPES e MAESTRI (1981), em função do comporta-
mento de crescimento do híbrido e explica-se às transformações sob condições
internas de crescimento da planta (composição morfológica e translocação de
nutrientes) associada às condições externas de meio (temperatura, umidade,
insolação e ventos). O efeito sobre a porcentagem de MS da planta pode ser
explicado pelas alterações ocasionadas pela maturação na participação dos com-
ponentes e na translocação de nutrientes entre estas frações da planta.

Na Tabela 3.2, com o avanço no estádio de maturação das plantas de milho,


contatou-se via equações de regressão gerais, que as participações percentuais
de grãos na estrutura da planta de milho acresceram linearmente na ordem de
0,8111% ao dia, devido à compensação dos processos de formação e translo-
cação de substâncias orgânicas para os grãos, enquanto que a participação de
colmo, folha e brácteas e sabugo na estrutura da planta decresceram do estádio
R3 para R5.

Outra característica importante apresentada na Tabela 3.2 é a dinâmica da produ-


ção acumulada de matéria verde e matéria seca com o avanço do ciclo produtivo
da cultura do milho. A produção de matéria verde reduziu em 20,6%, enquanto
que a produção de matéria seca acresceu em 15,5%, dos 107 a 128 dias após
a emergência (R3 a R5), ou seja, para cada dia de avanço no estádio fenológico
reduziu-se 580,4 kg/ha o acúmulo de matéria verde paralelamente ao aumento
de 111,3 kg/ha de matéria seca, o que evidencia a oportunidade de redução
de custos de produção de nutrientes paralelamente a obtenção de melhoria da
qualidade da silagem resultante avaliando-se o avanço do ciclo da cultura.

66 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Tabela 3.2. Percentagem da fração colmo, folhas, brácteas mais sabugo e grãos
na estrutura física da planta (base seca) e produções de matéria verde e matéria
seca do híbrido SG-6418 colhido em diferentes estádios de desenvolvimento (Safra
2009/2010).
Dias após emergências das plantas (DAE), Equações de regres-
(data da avaliação)¹ são²

99 dias 106 dias 113 dias 120 dias


(24/01) (31/01) (07/02) (14/02)
R3 R3 a R4 R4 R5

Percentagem de colmo na planta, % na MS

Y = 34,5182 –
0,0988D
23,9 23,7 21,7 22,3
CV: 6,13; R²: 0,2881;
P=0,1702

Percentagem de folhas na planta, % na MS

Y = 72,7921 –
0,4306D
28,3 20,9 21,6 18,0
CV: 11,49; R²: 0,6994;
P=0,0097

Percentagem de brácteas mais sabugo na planta, % na MS

Y = 55,7289 –
0,2817D
26,0 23,1 21,6 19,9
CV: 4,97; R²: 0,8369;
P=0,0014

Percentagem de grãos na planta, % na MS

Y = -63,0393 +
0,8111D
21,8 32,4 35,0 39,8
CV: 8,73; R²: 0,8712;
P=0,0007

Produção da Matéria Verde, kg/ha

Y = 119690,0 –
580,3684D
57976 53388 48587 46035
CV: 16,34; R²: 0,2320;
P=0,0001

O portal do agroconhecimento 67
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Dias após emergências das plantas (DAE), Equações de regres-


(data da avaliação)¹ são²

Produção da Matéria Seca, kg/ha

Y = 3949,7 +
111,3296D
15717 16854 17428 18124
CV: 15,37; R²: 0,1030;
P=0,0159

¹ - Escala de desenvolvimento nos estádios reprodutivos: R1 = pleno florescimento,


R2 = grão leitoso, R3 = grão pastoso, R3-R4= grão pastoso a farináceo, R4 = grão
farináceo e R5 = grão farináceo a duro.
² - D = dias após emergência das plantas.

JOHNSON et al. (2002) relatam que os componentes da planta de milho variaram


nos diferentes estádios de maturação. LAVEZZO et al. (1997), avaliando quatro
estádios de maturidade de híbridos de milho, verificaram redução na participa-
ção de folhas de 34,1 para 23,6% e de colmos de 33,3 para 27,1% e aumento
na participação de espigas de 35,5 para 49,1% na estrutura da planta, à medida
que as plantas foram colhidas com os grãos no estádio leitoso (R3) para o semi-
duro (R4). De forma semelhante, os dados da Tabela 3.2 mostraram, que houve
no estádio de maior maturidade (R5) redução da participação do colmo e folhas,
concomitantemente, a incrementos significativos na participação dos grãos ao
avanço no estádio de desenvolvimento da planta de milho.

Quanto à composição dos constituintes da planta de milho, vários trabalhos foram


desenvolvidos no sentido de identificar a possível influência destas na qualidade
da planta (NUSSIO e MANZANO, 1999; THOMAS et al., 2001; CAETANO, 2001;
VILELA, 2006; ZOPOLLATTO, 2007). De fato, os constituintes da planta influenciam
na silagem de milho, que é um alimento particular, uma vez que, é constituída
por duas frações distintas: a fração grãos e a fração fibrosa, compreendida pelo
colmo, folhas, brácteas e sabugo (SILVA, 1997).

PAZIANI et al. (2009) observaram que as produções de matéria verde e matéria


seca ocorreram com a elevação nas proporções de folhas (0,44 e 0,26) e colmo
(0,29 e 0,14) e nas menores proporções de espigas (-0,43 e -0,27) e grãos

68 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

(-0,34 e -0,11). Dessa forma, os mesmos autores observaram que as frações


folha e colmo se correlacionaram negativamente com a espiga (-0,62 e -0,74) e
grãos (-0,19 e -0,43), o que evidencia o efeito de diluição destas frações com o
aumento da fração forrageira da planta.

Pesquisadores consideram que a maior participação de grãos na silagem é de


suma importância, assim, os melhores híbridos para grãos são recomendados
para silagem. Segundo SILVA (1997), isto ocorre devido ao grande número de
trabalhos desenvolvidos até a década de setenta, que demonstraram que os
grãos são mais digestíveis do que folhas e colmo da planta, assim, aumentando
a sua proporção, aumenta a qualidade da silagem.

Diante desta situação, alguns trabalhos relacionam a participação de grãos como


fator fundamental, sendo que à medida que aumenta a participação de grãos,
ocorre um incremento na qualidade da silagem. Dessa maneira, a proporção de
grãos tem sido enfatizada com critério para auxiliar na escolha de híbridos para
silagem, por estar correlacionado com o potencial de produção de grãos e maté-
ria seca total da planta (NUSSIO e MANZANO, 1999).

Com o avanço tecnológico, ocorreu um aumento na relação grão para a fração


fibrosa nos modernos híbridos de milho. Segundo LAUER et al. (2001), o au-
mento da produção e qualidade da silagem de milho possa ser atribuída a um
incremento na produção de grãos. No entanto, o aumento na produção de grãos
na matéria seca total melhora a qualidade da silagem é contestada, pois, não
se confirma em muitos trabalhos, em função das correlações negativas entre a
digestibilidade da fração fibrosa e participação de grãos na planta (HUNT et al.,
1992; SILVA, 1997; LAUER et al., 2001).

Conforme, SILVA (1997) quanto maior proporção de espiga na matéria seca da


planta, menor a concentração de carboidratos não estruturais na porção colmo
e folhas, e menor a digestibilidade ruminal dessa fração. No entanto, quando
avaliaram a digestibilidade da planta inteira de milho, constatou que a proporção
de espiga na matéria seca pouco afetou os resultados obtidos.

O portal do agroconhecimento 69
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Nesse sentido, características agronômicas, além da porcentagem de grãos na


massa, são importantes em programas de seleção de híbridos para silagem, so-
bretudo os demais constituintes da planta como: colmo, folhas, brácteas e sabu-
go; além da porcentagem de folhas verdes; porcentagem de folhas secas; altura
da planta; altura da espiga; porcentagem de plantas acamadas e porcentagem
de plantas mortas (ZOPOLLATTO, 2007).

Há carência de híbridos de milho desenvolvidos especificamente para a pro-


dução de silagem e com características edafo-climaticas as diferentes áreas de
cultivo do Brasil. A maioria dos híbridos de milho utilizados para produção de
silagem, são genótipos adaptados, principalmente devido a sua alta produtivida-
de de grãos (GOMES, 2003), que possuem efeitos negativos nos componentes
físicos e estruturais da planta de milho. De modo geral, sempre houve pouco in-
teresse no desenvolvimento de híbridos específicos, que podem ser justificados
conforme NEUMANN et al. (2003) pela participação inferior a 10% das sementes
comercializadas anualmente serem destinadas à produção de silagem, portanto,
não há interesse comercial em desenvolver novos híbridos com características
para este fim e tal constatação, segundo mesmos autores, leva a necessidade de
estudar os híbridos novos que são lançados no mercado para produção de grãos
e avaliar o seu potencial para produção de silagem. O prof. Mikael Neumann
sugere que um dado híbrido de milho para ser recomendado para produção de
silagem tenha as características agronômicas produtivas descritas na Tabela 3.3.

Tabela 3.3. Características agronômicas produtivas dos híbridos de milho para


silagem.
Fonte: Núcleo de Produção Animal (NUPRAN) da Universidade Estadual do Centro-
Oeste do Paraná (UNICENTRO).
Características agronômicas Faixa Ideal

Número de folhas secas por planta na colheita <5

Altura de espiga, m 0,8 a 1,2

Altura de planta, m 1,9 a 2,6

Produção de matéria verde, kg/ha > 55.000

Produção de matéria seca, kg/ha > 18.000

70 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Características agronômicas Faixa Ideal

Produção de grãos, kg/ha > 7.000

Taxa de secagem da planta, %/dia < 0,50

Estabilidade nutricional na colheita, dias (janela de co-


> 10
lheita)

Composição
Constituintes físicos estruturais da planta: da planta, %
na MS

Colmo < 25

Folhas > 15

Brácteas mais sabugo < 25

Grãos > 35

3.3. Análise química

Além das características agronômicas, a análise do valor nutricional e da quali-


dade da silagem, por métodos químicos laboratoriais, pode ser utilizada como
critério na escolha híbridos de milho. A análise do valor nutricional da silagem
é determinada por composição bromatológica, densidade energética estimada
(nutrientes digestíveis totais, NDT) e digestibilidade. A composição (teor de pro-
teína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, amido, ma-
téria mineral e extrato etéreo) dos materiais a serem selecionados pode, por si
só, ser um critério, bem como, também ser aplicada em fórmulas para estimativa
da densidade energética (NDT).

A estimativa do conteúdo de parede celular (FDN) é uma das análises químico-


bromatológicas que geram alguma controvérsia. A estimativa de FDN, inicial-
mente proposta em VAN SOET (1967), vem sendo revisada e modificada por
pesquisadores. No entanto, alguns laboratórios não tem sido consistentes nas
alterações, o que pode provocar erros de interpretação ao se compararem dados
de FDN entre laboratórios. Atualmente a metodologia mais apropriada para esti-

O portal do agroconhecimento 71
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

mativa de FDN foi proposta por VAN SOEST et al. (1991), e encontra-se descrita
detalhadamente na AOAC (1995) e SILVA & QUEIROZ (2009).

Um dos grandes erros na determinação da FDN está no não uso da enzima


α-amilase, que quando não utilizada, gera variações nos resultados finais, fato
ocorrido pela gelatinização do amido na digestão da amostra e conseqüente
resgate do mesmo como resíduo do detergente neutro. Outro erro gravíssimo
na determinação da FDN recai na não correção para cinzas e proteína. Ambos os
casos determinam super estimação dos resultados e equívocos de interpretação
dos laudos laboratoriais.

A estimativa de densidade energética ou NDT implica, como o próprio nome


sugere, em um cálculo sob uma amostra de alimento, de quanto de seus nu-
trientes potencialmente são totalmente digestíveis. O problema é que existe
uma diversidade de equações que, indiretamente, estimam o NDT de alimentos
com base apenas na composição química da amostra, logo se existir qualquer
possibilidade de erro na determinação destas, o NDT estimado será equivocado.
Esse enfoque pode gerar erros, pois, em muitas equações, utiliza-se apenas uma
análise quantitativa, como a FDA (Tabela 3.9).

A equação proposta para unificação da estimativa de NDT foi desenvolvida na


Universidade de Ohio, em que os nutrientes são somados dentro da equação,
ponderados quanto à disponibilidade para os animais, determinando-se, assim,
os teores de nutrientes digestíveis totais. Há muitas equações para estimar a
densidade energética e que os laboratórios fazem distintas análises, podendo
haver grandes erros devidos a problemas analíticos (NRC, 2001).

A estimativa de digestibilidade dos materiais é mais um critério para avaliação


nutricional das amostras de silagens. Métodos químicos e biológicos (in vitro ou in
situ) são utilizados para detectar diferenças relativas de digestibilidade entre amos-
tras, sendo estes valores usados como critérios de seleção (ZOPOLLATTO, 2007).

A análise de digestibilidade das silagens mais comum é pelo método in vitro, em


que o material é incubado por 48 horas em situação semelhante ao ambiente

72 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

ruminal (SILVA & QUEIROZ, 2009). Há correlações boas in vitro e in vivo, mas
não há exatidão dos dados, devido a variações laboratorial e de inóculo, animal,
manejo e dieta. Conhecendo-se isso, porém, controle e padronização são possí-
veis, visto que em forrageiras, a análise in vitro não representa a digestibilidade
máxima. Além disso, os dados são superestimados com relação a dietas de va-
cas de alto consumo (em lactação), e subestimados no caso de vacas de baixo
consumo (em manutenção). Assim, os valores somente podem ser usados para
classificação de híbridos e/ou silagens sob ponto de vista relativo.

A avaliação da cinética da digestão, que é uma técnica mais elaborada e utiliza


repetições das amostras em vários tempos de incubação, pode elevar a variação,
mas, ao mesmo tempo, ser uma informação adicional aos dados sobre a taxa e
extensão de digestão. A alternativa de avaliação que vem tendo destaque é a
análise in situ. Nela, é possível avaliar taxa e extensão da digestão, embora as
causas de variação sejam mais difíceis de controlar. É possível correlacionar as
informações agronômicas e/ou bromatológicas, com as obtidas no processo in
vitro, possibilitando comparações relativas. Já a alternativa in vivo para determi-
nação de digestibilidade detém potencial limitado, devido ao reduzido número
de híbridos e/ou silagens que podem ser avaliados.

Segundo ZOPOLLATTO (2007), comparativa e resumidamente, os três métodos


têm as seguintes características: o in vitro possibilita maior controle sobre limita-
ções, apresenta relativa homogeneidade e tem custo compatível com a realida-
de industrial; o in situ não é tão padronizado; o in vivo apresenta desempenho
e informações melhores sobre digestibilidade, mas tem custo alto e potencial
para avaliação de poucos híbridos. Sugere-se como forma ideal para avaliação
de híbridos após pré-seleção de materiais, que eles deveriam ser submetidos a
ensaios de desempenho animal, permitindo, assim, avaliar os materiais nutricio-
nalmente sob uma ótica mais realista.

Outra possibilidade de técnica para determinação do valor nutritivo da silagem,


e de menor custo e maior agilidade seria o uso do NIRS, equipamento de infra-
vermelho que permite estimativas químico-bromatológicas e de digestibilidade
in vitro.

O portal do agroconhecimento 73
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Outro ponto importante a ressaltar que nas silagens, vários aspectos influenciam
sua qualidade tais como o teor de umidade, pH, composição química dentre
outros, afetando não só a quantidade de nutrientes presentes no material ensi-
lado como também o consumo deste pelos animais. O processo de ensilagem
se fundamenta na fermentação de carboidratos solúveis e, em menor escala,
ocorre também a utilização de proteínas presentes na forragem original, resguar-
dando as frações menos digestíveis das mesmas (Tabela 3.4). Neste contexto,
não recomenda-se analisar a forragem do dia do ensilamento visando inferir a
qualidade do material resultante na forma de silagem

Tabela 3.4. Variação na composição da planta inteira do milho fresca e ensilada.


Fonte: adaptado de Erdman (1993).
Planta intei-
Planta inteira do
Parâmetros ra do milho
milho fresca
ensilado

Matéria seca, % 29,4 30,0

pH 5,2 3,9

Proteína bruta, % MS 8,2 8,0

Proteína Solúvel, % NT 68,0 62,0

Fibra em detergente ácido, % MS 24,5 24,5

Ácido Lático, % na MS - 4,6

Nitrogênio Amoniacal, % NT 5,5 8,0

Açúcares, % 10,8 1,6

A ensilagem resulta ainda na produção de ácidos orgânicos, principalmente o


ácido lático, incluindo ainda os ácidos acético, propiônico e o butírico. Similar-
mente, frações protéicas solúveis são degradadas no processo, dando origem a
outros compostos nitrogenados como as aminas e amônia principalmente.

A análise química-bromatológia é uma importante ferramenta na determinação


da qualidade e do valor nutritivo das silagens de milho. Baseado em revisão de

74 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

diversas de literaturas, pode-se estabelecer critérios para avaliação e classifica-


ção das silagens de milho (Tabela 3.5).

Tabela 3.5. Critérios para classificação das silagens de milho, de acordo a vários
parâmetros.
Classificação das silagens de milho
Parâmetros¹
Muito Boa Boa Média Ruim

< 20,9 ou
MS,% 30 - 37 25 - 29,9 21 - 24,9
> 37,1

PB, % MS 7 - 10 - - < 6,0

PD, % MS 5-7 - - < 4,0

pH, índice
≤ 3,8 3,81 – 4,2 4,21 – 4,6 > 4,61
acidez

DMS,% > 65 58 - 64,9 53 - 57,9 < 52,9

Amido, % MS > 30 24 - 29,9 17 - 23,9 < 19,9

NDT, % MS > 70 65 - 69,9 55 - 64,9 < 54,9

FDA, % MS < 30 30,1 - 38 38,1 – 43 > 43,1

FDN, % MS < 42 42,1 - 53 53,1 – 65 > 65,1

ELl, Mcal/kg
> 1,55 0,96 - 1,54 0,78 - 0,95 < 0,77
MS

CNF, % MS > 40 33 – 39,9 25 - 32,9 < 25

CMSP, % PV > 3,0 2,3 – 2,99 1,8 – 2,29 < 1,79

VRA > 150 115 - 149 90 - 115 < 90

NI-H2O, % PB > 50 - - 35 - 45

NV, % PB < 15 - - > 20

NIDA, % PB <5 - - > 15

N-NH3/NT <10,0 10,0 – 15,0 15,0 – 20,0 > 20,0

O portal do agroconhecimento 75
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Classificação das silagens de milho


Parâmetros¹
Muito Boa Boa Média Ruim

AcL, % MS 6-8 5-6 4-5 <4

EE, % MS 2-5 - - < 2 ou > 5

ENN, % MS > 50 45 - 49,9 42 - 44,9 < 41,9

MM, % MS 2-5 - - < 2 ou > 5

FB, % MS < 27 27,1 - 35 35,1 - 40 > 40,1

¹ - MS: matéria seca; PB: proteína bruta; PD: proteína digestível; DMS: digestibili-
dade estimada da MS; NDT: nutrientes digestíveis totais; FDA: fibra em detergen-
te ácido; FDN: fibra em detergente neutro; ELl: energia líquida da lactação; CNF:
carboidrato não fibroso; CMSP: consumo de MS em função do peso vivo; VRA: valor
relativo do alimento; NI-H2O: nitrogênio insolúvel em água quente; NV: nitrogênio
volátil; NIDA: nitrogênio insolúvel em detergente ácido; N-NH3/NT: nitrogênio amo-
niacal; AcL: ácido láctico; EE: extrato etéreo; ENN: extrativos não nitrogenados; MM:
matéria mineral (matéria orgânica, MO = 100 – MM) e FB: fibra bruta.

Lembra-se, o valor nutritivo de uma silagem de milho pode variar amplamente,


dependendo do tipo de híbrido, densidade de plantio, condições de crescimento,
maturidade e teor de umidade à colheita e altura de corte da planta, além do
tamanho de picado e condições de ensilagem (SATTER & REIS, 1997).

3.3.1. Estimativas de parâmetros qualitativos ajustados à


silagem de milho e sorgo:

O Cálculo de nutrientes digestíveis totais (NDT) da silagem é executado utilizan-


do-se da Equação de regressão recomendada pela LATIN AMERICAN TABLES OF
FEED COMPOSITION (1974), com base nas análises do método Weende (1864).

NDT (% na MS) = -72,943 + 4,675*(FB) – 1,28*(EE) +


1,611*(ENN) + 0,497*(PB) – 0,044*(FB)2 - 0,76*(EE)2 –
0,039*(FB)*(ENN) + 0,87*(EE)*(ENN) – 0,152* (EE)*(PB) +
0,074*(EE)2*(PB)

76 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Atualmente, por muitos laboratórios, segundo BOLSEN (1996), o NDT está sendo
estimado unicamente a partir da análise de FDA da silagem.

NDT (% na MS) = 87,84 – (0,70 × FDA)


1 kg de NDT ≈ 4,41 Mcal de ED/kg de MS
EM (Mcal/kg de MS) = ED x 0,82 ou 1 kg de NDT = 3,62 Mcal de EM
ELl (Mcal/lb) = 1,50 – (0,0267 × FDA),
Obs.: 1 libra = 0,454 kg
ELm (Mcal/kg de MS) = 1,37EM – 0,138EM2 + 0,0105EM3 – 1,12
ELg (Mcal/kg de MS) = 1,42EM – 0,174EM2 + 0,0122EM3 – 1,65
DMS (%) = 88,9 – (0,779 × FDA)
CNF (% na MS) = [100-(FDN+PB+EE+MM)]
PD (% na MS) = [(PB × 0,908) – 3,77]
ENN (% na MS) = 100 – ( PB + EE + FB + MM)
CMSP (% PV) = 120 ÷ FDN
VRA = (DMS × CMSP) ÷ 1,29,
Obs.: alimento padrão com 41% FDA e 53% de FDN, onde:
MS: matéria seca; PB: proteína bruta; PD: proteína digestível;
EE: extrato etéreo; ENN: extrativos não nitrogenados; MM:
matéria mineral (matéria orgânica, MO = 100 – MM) e FB:
fibra bruta; DMS: digestibilidade estimada da MS; NDT: nu-
trientes digestíveis totais; FDA: fibra em detergente ácido;
FDN: fibra em detergente neutro; ED: energia digestível, EM:
energia metabolizável; ELl: energia líquida da lactação; ELm:
energia líquida de mantença; ELg: energia líquida de ganho;
CNF: carboidrato não fibroso; CMSP: consumo de MS em fun-
ção do peso vivo; VRA: valor relativo do alimento.

3.3.2. Determinação de matéria seca por meio de microondas


(PEREIRA, Informativo Pioneer):

Equipamentos:

a) Um forno microondas;

b) Uma balança graduada em gramas (mínimo de 1 g de precisão);

O portal do agroconhecimento 77
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

c) Pratos de papel (tamanho médio a grande);

d) Um recipiente de vidro (capacidade 200-300 ml);

e) Três plantas da lavoura colhidas em altura de corte da ensiladeira


e picadas.

Metodologia:

a) Pesar o prato de papel e anotar o valor;

b) Colocar 300 g de amostra de plantas picadas;

c) Colocar um recipiente de água com ¾ de sua capacidade ao fun-


do do forno de microondas para evitar danos durantes o uso do
aparelho;

d) Programar o tempo do forno para 5 minutos em potência máxima


do aparelho;

e) Após 5 minutos, retirar o prato, pesar novamente, anotar o valor e


revirar o material do prato;

f) Ajustar o tempo para mais 3 minutos na mesma potência;

g) Após 3 minutos, retirar o prato, pesar novamente, anotar o valor e


revirar o material do prato;

h) Continuar com intervalos de 1 minuto de secagem, sempre revi-


rando a amostra até que se obtenha peso constante.

Obs.:
Cuidar para não carbonizar o material vegetal e perder parte
da amostra ao revirar o material.

78 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

A água do recipiente deve ser renovada a cada nova seqüên-


cia para evitar que fervura sobre a amostra.

i) Quando o peso estiver constante entre pesagens, a secagem po-


derá ser interrompida;

j) Cálculo da % de umidade da amostra:

PU = (Peso do prato + Peso da amostra úmida) – Peso do prato


PS = (Peso do prato + Peso da amostra seca) – Peso do prato
% Umidade = [(PU-PS)/PU] x 100, logo % MS = 100 - %
umidade, onde:

PU = peso úmido & PS = peso seco

3.4. Análise sensorial

Tão importante quanto à determinação dos grupos de nutrientes por meio da


análise química no laboratório, a análise sensorial da silagem se constitui em um
método eficaz em fornecer informações valiosas sobre o estado de conservação
do material, aspectos sanitários, composição botânica e valor nutritivo. É um
recurso didático muito importante que possibilita mostrar aos produtores onde
estão os pontos de estrangulamento no processo de produção, confecção ou uso
das silagens.

A metodologia foi desenvolvida por MEYER et al. (1989) e se baseia na manipula-


ção do material observando-se sua coloração, textura, odor, presença de substân-
cias estranhas, contaminação por fungos ou leveduras dentre outros (Tabela 3.6).

O portal do agroconhecimento 79
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tabela 3.6a. Avaliação da qualidade da silagem por meio da análise sensorial.


Fonte: Adaptado de MEYER et al. (1989).
Características Associadas ao Valor Nutritivo
Parâmetro Pontos
- Análise Sensorial

Agradável (Teores moderados de ácido láctico


17
e cheiro aromático típico)

Teores moderados de ácido acético


Silagem excessivamente ácida
Cheiro agradável de vinagre, moderadamente 12
queimado ou caramelizado

Olfato Traços de ácido acético


Teores moderados de ácido butírico
6
Cheiro de queimado intenso

Cheiro alcoólico 4

Odor intenso de ácido butírico


Traços de odor amoniacal
2
Cheiro de rançoso

Teor de MS adequado (30 a 35%) 6


Análise via
manipulação Teor de MS próximo ao adequado (28 a 37%) 4
do material Teor de MS inadequado (25 a 27% ou 37 a 40%) 2
ensilado
Teor de MS inadequado (< 25% ou > 40%) 0

Ocorrência Ausência de contaminação 3


de agentes Contaminação presente (barro, líquidos diver-
contaminantes 0
sos, esterco, pedras, etc...)

Típica (verde amarelada) 2

Coloração Moderadamente clara ou escura 1

Muito clara ou muito escura 0

Ervas daninhas ausentes 2


Presença de
plantas dani- Ervas daninhas em baixa proporção 1
nhas
Ervas daninhas em alta proporção 0

80 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Tabela 3.6b. Avaliação da qualidade da silagem por meio da análise sensorial.


Fonte: Adaptado de MEYER et al. (1989)

Parâmetro Aspectos Sanitários - Análise Sensorial Pontos

Nenhuma anormalidade 0

Presença de algumas leveduras -2

Presença de leveduras
Olfato -4
Natureza alcoólica na silagem

Presença de fungos
-6
Cheiro de bolor ou rançoso

Presença intensa de fungos


- 10
Odor fecal

Material ligeiramente aquecido


Material com temperatura até 5ºC acima da -2
temperatura ambiental

Presença fermentação secundária


Análise via Material com temperatura até 10ºC acima -4
manipulação da temperatura ambiental
do material
ensilado Perda da estrutura típica por ação de micro-
organismos
-8
Material com temperatura superior a 11ºC
da temperatura ambiental

Consistência pegajosa ou pastosa - 10

Observação Ausência de contaminação 0


de agentes Contaminação presente (barro, líquidos
contaminantes -2
diversos, esterco, pedras, etc...)

Pontos brancos, esverdeados ou escuros


característicos de contaminação por fungos
de diferentes gêneros:
Coloração
Pouco freqüentes no painel do silo -4

Muito freqüentes no painel do silo - 10

O portal do agroconhecimento 81
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Parâmetro Aspectos Sanitários - Análise Sensorial Pontos

Ervas daninhas ausentes 0


Presença de
plantas Ervas daninhas em baixa proporção -1
daninhas
Ervas daninhas em alta proporção -2

A pontuação obtida pelas silagens avaliadas pela metodologia da análise senso-


rial é então somada e classificada de acordo com o estabelecido na Tabela 3.7.

Tabela 3.7. Avaliação da pontuação obtida na análise sensorial.


Fonte: Adaptado de MEYER et al. (1989).
Características associadas Características associadas
Pontos Pontos
ao valor nutritivo ao estado sanitário

26 a 0
Boa a Muito Boa 30 Boa a Muito Boa a-5
pontos pontos

20 a Avaliar os riscos em fun- -5


Satisfatória 25 ção do tipo de contami- a - 10
pontos nação pontos

16 a - 11
Regular 19 Inadequada a - 20
pontos pontos

< 15 - 20
Insatisfatória Deteriorada
pontos pontos

Em ambiente de campo, pode-se determinar ainda com certo grau de acuidade


o teor de MS da silagem ou material a ser ensilado levando-se em consideração
os aspectos descritos na Tabela 3.8.

82 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Tabela 3.8. Avaliação do teor de matéria seca de silagens ou forragens a nível de campo.
Fonte: Adaptado de MEYER et al. (1989).
Teor de MS Análise via manipulação do material ensilado

Menor que Fluido escorre em significativo volume entre os dedos da


20 % mão quando submetido à pressão moderada.

Sob baixa pressão a superfície interna da mão apresen-


20 a 25 % ta-se úmida. Sob pressão moderada, o fluido é observa-
do com facilidade.

Ao se abrir a mão, após ter se exercido ligeira pressão


no material, o formato arredondado do mesmo perma-
25 a 30 %
nece. Consegue-se obter o fluido, exercendo de modera-
da a alta pressão.

Ao se abrir a mão, após ter se exercido ligeira pressão


no material, há dificuldade de se obter um formato arre-
dondado. Não se consegue obter o fluido, mesmo exer-
30 a 35 %
cendo moderada pressão. O fluido, neste caso, só será
obtido com a torção do material. A superfície interna da
mão torna-se umedecida com a pressão do material.

A superfície interna da mão torna-se ligeiramente úmida


35 a 40 %
com a torção do material.

Sob pressão ou torção a superfície interna da mão tende


40 a 50%
a permanecer mais seca.

Maior que 50 Material tende a tornar-se semelhante ao feno, mais


% seco e volumoso.

A produção de carne ou leite baseada no fornecimento de forragens conserva-


das como a silagem, por exemplo, pressupõe o consumo de certas quantidades
de nutrientes, contidos nesses volumosos, que sejam capazes de atender as
necessidades nutritivas do grupo de animais a ser alimentado, possibilitando se
alcançar níveis produtivos compatíveis com o alimento fornecido.

Para que se possa predizer, com certo grau de acuidade, o potencial da forra-
gem em suprir as exigências dos animais em questão, são indispensáveis os
conhecimentos sobre a composição de nutrientes da forragem assim como seu

O portal do agroconhecimento 83
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

provável consumo pelos animais. Comumente, a sub ou super-estimativa dos


valores referentes ao valor nutritivo do alimento induz a redução da eficiência do
desempenho animal e/ou aumento dos custos de produção (Tabela 3.9).

Tabela 3.9. Influência do valor energético da silagem diferindo em 3% do valor


real e seu reflexo na eficiência do desempenho animal.
Silagem de milho
Parâmetro
NDT Real NDT (Real - 3%)

Silagem de milho (NDT, % na MS) 68,0 65,0

Concentrado (NDT, % na MS) 76,5 76,5

Exigência de consumo de MS (kg/


18,6 18,6
vaca/dia)1

Exigência de consumo de NDT (kg/


13,3 13,3
vaca/dia)

Consumo de silagem (kg MS/vaca/


10,02 9,1
dia)

Consumo NDT via silagem (kg/vaca/


6,8 6,0
dia)

Consumo de concentrado (kg MS/


8,6 9,5
vaca/dia)

Consumo NDT via concentrado (kg/


6,5 7,3
vaca/dia)

Custo da dieta (R$/vaca/dia)3 6,74 7,09


1
Consumo de 3% do peso vivo, animal pesando 620 kg.
2
Assumindo-se a participação de 54% de MS da silagem na dieta total.
3
Concentrado com 89% de MS e custo de R$0,52/kg in natura & Silagem de milho
com 35% de MS e custo de R$0,06/kg in natura.

Os dados da simulação de uma dieta (Tabela 3.9) mostram claramente que a


diferenças de 3% no NDT da silagem de milho, determina no aumento de uso
de concentrado para suprir a exigência diária de NDT para dado nível de produ-
ção, incrementando o custo da dieta em R$0,35/vaca/dia, além de possibilitar
ocorrências de disfunções metabólicas pelo acréscimo de concentrado à dieta.

84 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

3.5. Coleta de amostras de silagem para análises


laboratoriais:

A representatividade e a qualidade das amostras são fundamentais para a ava-


liação das silagens. A recomendação para amostragem baseiam-se em grande
número de sub-amostras, não devendo a coleta ser feita a mão, mas, sim, com
o auxílio de uma concha ou instrumento similar desinfectado. A silagem deve ser
coletada em vários pontos do painel do silo exposto à desensilagem, devendo
seqüencialmente, ser bem homogeneizada para formação de amostra única,
visto que em pontos diferentes de um mesmo silo, observam-se variações de
MS entre 25 e 40% e de FDA entre 25 e 35%.

A amostragem na pré-ensilagem pode antecipar resultados, porém estes são de


pouca utilidade, pois o processo de fermentação, mesmo que adequado, altera
significativamente a composição do material resultante na forma de silagem.

Na prática, a coleta de amostras de silagem deve ser realizada diretamente no


painel do silo exposto a desensilagem, visto, porém que tal prática não seria
recomendável pela dificuldade em se obter uma amostra representativa ao todo.
Por outro lado, em função da facilidade, tal prática torna-se indispensável para
trabalhar com valores mais próximos aos reais nas formulações de rações.

O ideal, levando-se em conta a representatividade, seria amostrar a silagem


por ocasião do fornecimento aos animais, tirando amostras diárias ou semanais,
gerando em grande número de sub-amostras. Logo, o envio destas sub-amostras
aos laboratório, passaria ser rotineiro, tanto quanto, da maior necessidade do
resultado para ajustes nutricionais na dieta dos animais. Lembra-se que tal pro-
cedimento deve considerar a elevação de custos com análises laboratoriais e
operacionais no período entre o início e término de uso do silo.

O extremo cuidado na retirada correta de amostras de silagem para análise labo-


ratorial é de grande importância na medida em que deve representar de forma
fidedigna o material que foi ensilado. O procedimento adequado recomenda que
a amostragem tenha origem em vários locais no silo, desprezando-se os pontos

O portal do agroconhecimento 85
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

que venham a conter silagem deteriorada, localizada via de regra, nas porções
de superfície e bordas do silo.

Portanto, as coletas das amostras devem ser realizadas no mínimo a 30 cm das


paredes e da superfície do silo, procurando-se apanhá-las posteriormente à face
exposta ao ar. As amostras provenientes dos diferentes locais no silo devem ser
homogeneizadas em recipiente limpo, sendo retirada uma amostra composta
contendo aproximadamente 2 kg. Em seguida, acondiciona-se o material a ser
enviado para o laboratório em um pacote plástico limpo e devidamente identi-
ficado (informações: data, local, produtor, híbrido, tipo de silo, etc.), tendo-se o
cuidado de retirar todo o ar e, preferencialmente, congelar e/ou remeter imedia-
tamente, ao laboratório, em caixas térmicas de isopor contendo gelo. O objetivo
é conservar a amostra na forma estável e que facilite a obtenção de amostras
representativas para a análise.

3.6. Importância de se obter silagens de qualidade

O teor de matéria seca (MS), se constitui em um dos fatores mais importantes


a ser considerado quando se procura avaliar a qualidade das silagens. As perdas
de nutrientes por lixiviação são maiores na medida em que a forragem ensilada
apresenta um alto teor de umidade (WALDO,1976). Pequenas diferenças no teor
de MS nas silagens, da ordem de 5% por exemplo, acarretam redução de 20%
na quantidade de MS ofertada.

A Tabela 3.10 ilustra a comparação de duas silagens, que diferem entre si apenas
no teor de MS (5%), a primeira com 30% de MS e a segunda com 25% de MS.
Ao se fornecer a vacas em lactação, diariamente 20 kg de silagem de cada uma,
estaremos ofertando 6 kg e 5 kg de MS respectivamente, representado uma
diferença de 20% na quantidade de nutrientes fornecidos. Outra questão impor-
tante a considerar que o teor de MS (normalmente relacionada ao momento de
colheita das planta) ocasiona diferenças significativas quanto aos teores de PB e
NDT da silagem resultante, gerando maior impacto no desempenho dos animais.

86 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Tabela 3.10. Influência do teor de MS da silagem sobre a ingestão de PB e NDT.


Estimativa
Ingestão Ingestão da produção
Alimento 1
de leite (kg/
PB NDT de PB via de NDT via
(20 kg/ dia)2
(% MS) (%) silagem silagem
dia)
(g/dia) (g/dia)
PB NDT

Silagem
8,0 66 400 3300 4,8 10,4
25% MS

Silagem
7,5 69 450 4140 5,4 13,7
30% MS

1
- Fornecimento de 20 kg de silagem/vaca/dia.
2
– Necessidade de 84 g de PB e de 301 g de NDT para cada kg de leite produzido
com 3,5% de gordura - sem levar em consideração as necessidades de mantença
(NRC, 1989).

A estimativa da produção de leite com base na ingestão de PB e de NDT, des-


considerando as necessidades de mantença, com base em fornecimento de 20
kg de silagem/vaca/dia, mostra que a variação de 5% na MS teoricamente,
potencializaria um aumento na produção na ordem de 12,5% e de 31,7%, res-
pectivamente.

3.7. A silagem de milho como planta forrageira


para vacas de alta produção

O milho é uma cultura capaz de fornecer até 100% a mais de energia digestível
por ha do que qualquer outra forrageira gramínea ou leguminosa (SATTER & REIS,
1997). Segundo VAN SOEST (1994), uma característica importante que distingue
o milho dos outros cereais seria o colmo, de maior espessura, porém constituído
por uma medula esponjosa, contendo glicídios de reserva, portanto, de maior
digestibilidade. A digestibilidade da fibra das forrageiras é um fator dietético que
deveria receber maior atenção por parte do produtor leiteiro, pois não somente

O portal do agroconhecimento 87
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

propicia melhor aporte energético ao animal, a custos inferiores, como também


maximiza o consumo total de MS, aumentando a produção e melhorando a
eficiência (VANDEHAAR, 1998). A silagem de milho é um volumoso de alto teor
energético com mais de 30% de amido na MS, o que permite melhor sincroni-
zação da fermentação no rúmen, favorecendo a síntese de proteína microbiana.
A grande vantagem no uso da silagem é a relativa facilidade com que os proce-
dimentos de colheita, armazenamento e fornecimento aos animais podem ser
mecanizados.

Na Tabela 3.11 são comparadas silagens de milho produzidas nos EUA e Euro-
pa com valores encontrados na literatura nacional. Apesar de que as análises
de FDN da literatura mais antiga possam ter valores superestimados (falta de
remoção do amido e/ou correção para o teor de proteína bruta e matéria mi-
neral), chama a atenção que dados da literatura nacional estejam 15 unidades
percentuais acima do valor médio do NRC (2001) e até 25 unidades percentuais
acima da silagem de milho de qualidade “média” européia. MULBACH (1999),
desconsiderando o maior teor intrínsico de FDN nos híbridos de milho de clima
tropical, sugere que tal diferença seja resultado, provavelmente, das técnicas
inadequadas de ensilagem (fase aeróbia prolongada e fermentação heterolática
ineficiente) e de “desensilagem” (aquecimento) ainda vigentes no nosso meio,
as quais resultem no desperdício excessivo de glicídios solúveis e, com isso, pro-
porcionalmente, num aumento do teor de FDN no produto final.

Tabela 3.11. Comparações de qualidade bromatológica de silagens de milho.


Fonte: MULHBACH, 1999.
Origem de
MS,% FDN, % MS FDA, % na MS
dados

EUA (NRC, 2001)1 35,0 45,0 28,1

Europa (DLG,
34,0 36,5 38,0
2001)1

Berto et al.
33,7 52,1 30,3
(1998)

88 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

Origem de
MS,% FDN, % MS FDA, % na MS
dados

Freitas et al.
28,8 60,4 34,3
(1994)

Fontaneli et al.
- 60,7 29,9
(2002)

Valadares et al.
30,9 55,7 30,8
(2001)

1
– silagem de qualidade “média”, com correção para o conteúdo de cinzas e proteí-
na bruta.

Além da qualidade bromatológica, todos os aspectos possíveis de afetar a pala-


tabilidade das silagens, como qualidade fermentativa (teor de ácido butírico e
produtos da degradação protéica, como amônia e aminas), características higi-
ênicas (presença de fungos e micotoxinas) e alterações decorrentes do manejo
das silagens (como o aquecimento causado por deficiência técnica na “desensi-
lagem”) são considerados de fundamental importância para a maximização do
potencial de consumo da vaca de alta produção (DLG, 2001). MULBACH (1999),
saliente-se que na Europa, na ensilagem do milho, o processamento do material
por esmagamento, em seqüência à picagem, é prática recomendada, pois otimi-
za a fermentação no silo e no rúmen, diminuindo as perdas de grãos nas fezes.

3.7.1. A silagem de milho como planta forrageira para


novilhos em terminação

O milho é uma das plantas mais cultivadas no mundo, tendo em vista seu valor
nutritivo e seu alto potencial para produzir energia por unidade de área, como
também um bom rendimento de massa seca, além de ser de grande aceitação
por parte dos bovinos.

A cana-de-açúcar e o capim elefante são forrageiras classificadas como gramí-


neas tropicais perenes que apresentam alta capacidade de adaptação ao solo e

O portal do agroconhecimento 89
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

clima da região Subtropical. Ambas espécies forrageiras também podem produ-


zir uma silagem de mediana qualidade, mas uma característica marcante dessas
forrageiras é o contraste que se observa entre o valor nutritivo e sua produção
de matéria seca por unidade de área. A medida que ocorre avanço do ciclo
vegetativo (maturação), ocorrem alterações na composição química e conse-
qüentemente redução do seu valor nutritivo, marcado pelo aumento do teor de
matéria seca.

Na Tabela 3.12 compara-se o uso de silagem de milho e silagem de cana de


açúcar na dieta de novilhos de corte em regime de estabulamento completo.

Tabela 3.12. Desempenho de novilhos confinados, alimentados com silagem de


milho ou de cana-de-açúcar.
Dados de pesquisa Dietas Experimentais

Silagem de
BRONDANI et al., 1994 - Novilhos Silagem de
cana-de-
Charolês milho
açúcar

Relação volumoso:concentrado 45:55 44:56

Consumo total (kg/dia de MS) 9,97 9,69

Ganho de Peso (kg/dia) 1,46 1,12

Conversão Alimentar 6,90 8,65

Silagem de
RESTLE et al., 1994 - Novilhos Silagem de
cana-de-
Hereford milho
açúcar

Relação volumoso:concentrado 68:32 68:32

Consumo total (kg/dia de MS) 9,36 8,06

Ganho de Peso (kg/dia) 1,35 1,13

Conversão Alimentar 7,11 7,14

90 IEPEC
Capítulo 3
Parâmetros para análise de qualidade da silagem

BRONDANI & RESTLE (1991) trabalhando com novilhos Charolês, verificaram o


bom desempenho dos animais alimentados com silagem de milho, seja no ga-
nho de peso médio diário como na conversão alimentar, evidenciando que os
novilhos alimentados com a dieta contendo cana-de-açúcar permaneceram 110
dias no confinamento para atingir o peso para abate (420 kg), enquanto que
aqueles alimentados com silagem de milho permaneceram apenas 88 dias. De
mesma forma RESTLE et al. (1994) trabalhando com novilhos Hereford, também
mostraram que bovinos alimentados com silagem de milho conduz à diferenças
positivas no consumo de MS e ganho de peso médio diário.

Na Tabela 3.13 estão expressos os valores relativos ao desempenho de terneiros


em confinamento, alimentados com silagem de capim elefante ou silagem de
milho.

Tabela 3.13. Avaliação da silagem de milho e silagem de capim elefante (var.


Napier) com terneiros em confinamento.
Fonte: SILVA & RESTLE, 1993.
Silagem
Parâmetros
Milho Napier 1 Napier 2

Consumo de volumoso (kg/dia in


11,7 15,0 12,7
natura)

Consumo de Concentrado (kg/dia


1,8 1,8 2,8
in natura)

Consumo total (kg/dia de MS) 4,0 4,2 4,5

Ganho de peso (kg/dia) 0,890 0,747 0,895

Conversão alimentar 4,5 5,7 5,0

Os resultados da Tabela 3.13 mostram que para se obter o mesmo ganho de


peso em novilhos alimentados com silagem de milho foi necessário aumentar a
quantidade de concentrado junto à dieta com silagem de capim elefante, expli-
cado em grande parte pela baixa digestibilidade da mesma.

O portal do agroconhecimento 91
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Na Tabela 3.14 compara-se o uso de silagem de milho e silagem de sorgo na


dieta de novilhos de corte em regime de estabulamento completo, mostrando
novamente a superioridade da silagem de milho no desempenho animal.

Tabela 3.14. Silagem de sorgo forrageiro versus silagem de milho no desempenho


de novilhos Charolês confinados em fase de crescimento.
Fonte: BRONDANI et al., 1994.
Silagem de
Silagem de
Parâmetros sorgo forra-
milho
geiro

Consumo total (kg/dia de MS) 6,58 6,25

Ganho de peso (kg/dia) 0,73 0,53

Conversão alimentar 9,0 11,8

De modo geral, considera-se que o valor nutritivo da silagem de sorgo equivale


a 85% da de milho, havendo no entanto, referências bem mais amplas entre 72
e 92%. Esta comparação está relacionada, principalmente, com a participação da
panícula na biomassa produzida.

A fase agronômica da produção de silagem de sorgo muito se assemelha aos


cuidados que se têm com a cultura de milho, notadamente com relação à esco-
lha da área, a análise de solo, a adubações, a tratos culturais, à conservação de
solo e rotação de culturas. Basicamente são citados três tipos de sorgo usados
para produção de silagem:  sorgo granífero, que, em função da grande produção
de grãos produz silagem tão boa quanto a de milho, apresentando porte baixo
e menor produção forrageira. Sorgo forrageiro apresenta pequena participação
da panícula na massa produzida, tem porte alto e produção forrageira acima do
milho. Sorgo duplo propósito, como o próprio nome diz, ele ocupa posição inter-
mediária entre os dois sorgos citados.

92 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização
de silagem de milho de alta
qualidade
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

4. Produção, confecção e utilização


de silagem de milho de alta
qualidade

4.1. Apresentação

O Brasil possui alta potencialidade de desenvolvimento tecnológico no setor da


pecuária de corte e leite. Diversos sistemas de produção encontram-se distri-
buídos nas mais distintas Regiões, porém, nem sempre se têm obtido rendi-
mentos satisfatórios, sendo grande maioria em função do espírito imediatista
e equivocado de técnicos ou produtores quanto ao uso da tecnologia “silagem
na alimentação animal”. Para um perfeito funcionamento de qualquer sistema
de produção, este deve manter-se num processo contínuo de qualidade total,
que pressupõe planejamento, organização e coordenação das atividades, obje-
tivando promover a obtenção de altos rendimentos, com economia de recursos
naturais renováveis e sem agredir o meio ambiente.

A tecnologia “silagem de planta inteira” é um alimento de composição quími-


ca relativamente homogênea e como na prática seu fornecimento aos animais
pode ser controlado, através de seu uso estratégico nos períodos de escassez,
evita-se o grande problema da pecuária bovina brasileira que é o da sazonalida-
de da produção, seja de carne ou leite.

94 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

4.2. Conceitos técnicos e operacionais na produção


de silagem
O processo de ensilagem, especialmente na Bovinocultura de leite e corte, é
uma pratica eficiente para auxiliar o produtor a resolver aquele que é o principal
entrave ao ganho econômico de seu negocio: a obtenção de produção e quali-
dade de volumosos a baixo custo. Isto significa dizer que a ensilagem representa
uma alternativa viável para produzir alimento de qualidade garantida em níveis
financeiros compensadores.

4.2.1. Conceito de silagem

È o meio de conservar forragens verdes num estado úmido, por meio de uma
fermentação ácida anaeróbica. O processo de ensilagem permite colher e arma-
zenar uma forrageira em um estágio de alto valor nutritivo como também utilizá-
la em qualquer época do ano com a mesma qualidade que a inicial. Lembra-se,
no entanto que o processo de ensilagem visa conservar, e não melhorar a qua-
lidade do material original.

4.2.2. Tipos de silagem

»» Silagem de planta inteira: É a silagem de milho comumente uti-


lizada, na qual consiste em cortar quase que totalidade da planta
de milho por meio de ensiladeiras, para posterior compactação e
vedação no silo. 

»» Silagem de parte superior: É a silagem de milho oriunda do corte


das plantas sob altura correspondente a base da espiga. O restante
do processo como compactação e vedação é idêntico ao de uma
silagem de planta inteira. Um dos aspectos importantes nesta si-
lagem  é o menor percentual de fibra e conseqüentemente, maior
digestibilidade, devido alta participação de grão na silagem.

O portal do agroconhecimento 95
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

»» Silagem de grão úmido: É a silagem obtida a partir da colheita uni-


camente dos grãos do milho. Consiste na colheita do milho quan-
do os grãos apresentarem entre 30 e 40% de umidade, por meio
de colheitadeiras convencionais, posterior trituração em moinhos
adaptados, compactação e vedação em silos.

4.2.3. Biotecnologia

As empresas de melhoramento de sementes de milho vem trabalhando na ge-


ração e oferta de sementes inovadoras para os diferentes tipos de sistemas pro-
dutivos de alimentos a obterem maior estabilidade de produtividade e maiores
ganhos econômicos.

Com as técnicas da biotecnologia moderna novos atributos podem ser agregados


aos híbridos, através da seleção e adição de um único gene junto aos milhares
de outros genes que a planta já possui. A exemplo cita-se a utilização de genes
úteis identificados que protegem as plantas naturalmente contra pragas e do-
enças, que permitem um manejo inovador de plantas daninhas, que propiciam
características agronômicas de defesas contra estresses abióticos e/ou que pro-
piciam incrementos na qualidade dos alimentos.

A disponibilização comercial de híbridos de milho possuindo um novo atributo


pela biotecnologia leva em média de 7 a 10 anos. Para que um novo gene
possa ser utilizado no desenvolvimento da nova tecnologia, primeiramente será
avaliada sua qualidade sobre o aspecto alimentar, depois sua viabilidade técnica
deverá ser comprovada em testes controlados, onde também envolverão estu-
dos de impacto relacionados ao meio ambiente. Finalmente, estes estudos são
apresentados aos órgãos regulamentadores para avaliar e, se for o caso, aprovar
o uso comercial de linhagens possuindo mais um novo atributo a partir de um
novo gene útil. A nova linhagem aprovada passa, então, a fazer parte do banco
de germoplasma, ao lado de milhares de outras linhagens, que combinadas
através de cruzamentos e seleção clássicos irão criar novos híbridos.

96 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

4.2.4. A Cultura do milho para a ensilagem

Muitos híbridos de milho de variadas tecnologias são indicados anualmente pe-


las empresas de melhoramento para ensilagem visando a alimentação de rumi-
nantes de alta produção. Tais indicações são baseadas normalmente em função
do potencial produtivo de massa seca por unidade de área e das características
químico-bromatológicas da silagem resultante, não estando estas indicações
ajustadas à operacionalidade do processo de ensilagem ou à resposta animal.

Baseado em dados de literatura, ressalta-se ainda que infelizmente a maioria


dos trabalhos de pesquisa foram realizados sob efeitos comparativos de dife-
rentes híbridos de milho para silagem sob aspectos relacionados aos índices de
produtividade e adaptação às condições edafo-climáticas ou ainda sob aspectos
de valor nutritivo das silagens produzidas em silos laboratoriais, que normal-
mente não refletem a realidade dos produtores de carne e leite, porém, muitas
vezes sem considerar nesta comparação entre híbridos, particularidade do está-
dio reprodutivo e de desenvolvimento do grão da planta de milho na ocasião da
colheita. Nas condições em que a cultura do milho é explorada no Brasil, o ciclo
dos variados híbridos atualmente comercializados varia entre 100 a 140 dias, e
mesmo num dado híbrido e/ou variedade, a duração das fases fenológicas pode
variar acentuadamente entre regiões, anos, datas de semeadura, em razão das
freqüentes mudanças climáticas. Tal fato determina a obtenção de dados cientí-
ficos e conclusões variadas a respeito da comparação entre híbridos, porém esta
situação pode ser esclarecida e validada quando se avalia a dinâmica do com-
portamento agronômico quantitativo da planta de milho em diferentes estádios
reprodutivos pela concentração de matéria seca nos componentes estruturais
que compõem a planta associada à participação percentual destas estruturas na
planta.

A taxa de secagem e estabilidade de composição física da planta de milho são


parâmetros muito importantes no sistema de produção de silagem, em nível
prático ao produtor, por determinar o tempo disponível às operações de en-
silagem e qualidade final da silagem. Quanto maior o tempo para ensilagem,

O portal do agroconhecimento 97
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

ou seja, quanto menor a taxa de secagem da planta de milho, no período do


florescimento à senescência, maior o grau de eficiência operacional na ensila-
gem devido melhor planejamento e organização das atividades de colheita e
estocagem do material original e maior a possibilidade no grau de manutenção
do valor nutritivo da planta na forma de silagem.

O professor Mikael Neumann da Universidade Estadual do Centro oeste do Pa-


raná estabeleceu uma escala de avaliação, em função da taxa de secagem di-
ária (TS) da planta inteira, para classificação qualitativa de materiais comerciais
indicados à ensilagem, baseado no período entre florescimento e senescência
das plantas ou baseado no período fenológico da planta onde o teor de matéria
seca concentra-se entre 27 a 42%. Segundo o professor, materiais com TS acima
de 0,7% são classificados como de baixa estabilidade nutricional, TS entre 0,31
a 0,69% como de média estabilidade nutricional e TS abaixo de 0,3% como de
alta estabilidade nutricional.

4.2.5. Pontos importantes a serem analisados na ensilagem


da planta inteira de milho

A produção de silagem de milho de alta qualidade é muito importante para o


produtor de leite ou carne, por propiciar redução do uso de concentrados na
dieta alimentar sem, no entanto reduzir desempenho animal. Para tanto, regras
básicas no processo de confecção da silagem devem ser rigorosamente seguidas
pelo produtor, que se iniciam antes mesmo do estabelecimento da lavoura.

O valor nutritivo da silagem normalmente é próximo ao valor nutritivo da planta


antes da ensilagem. Ressalta-se no entanto, que a redução do valor nutritivo da
silagem resultante dependerá da eficiência do processo de ensilagem (ponto
de colheita, tipo de silo utilizado, tamanho de partículas, nível de compacta-
ção empregado, sistema de vedação, tempo de enchimento do silo, sistema
de enchimento do silo e tempo para abertura do silo) e do manejo do silo na
desensilagem (tempo de exposição aeróbia, sistema de retirada da silagem do
painel do silo e forma de seu fornecimento aos animais), conforme demonstra
a Figura 4.1.

98 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

A silagem de milho é uma tecnologia voltada à verticalização dos sistemas de


produção de leite e carne:

a) Aumenta o consumo da forragem e da dieta total;

b) Diminui o custo da alimentação:


Produz mais leite ou carne por kg de concentrado usado;
Reduz a densidade energética e protéica do concentrado;

c) Viabiliza o potencial genético dos animais;


Aumenta a produção no pico da lactação;
Aumenta a persistência e a produção vitalícia;
Mantém constância no ganho de peso diário dos animais;

d) Melhora a qualidade do leite e da carne;

e) Otimiza a fermentação e a saúde do rúmen;

f) Melhora o desempenho reprodutivo;

g) Atua como uma eficaz ferramenta no manejo dos pastos, quanto


às suas variações de oferta e de qualidade nas diferentes épocas
do ano.

O portal do agroconhecimento 99
Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Figura 4.1. Pontos importantes a serem analisados na


ensilagem da planta inteira de milho.

A Fase 1 é de fundamental importância no processo de confecção de silagem de


milho. Do estabelecimento a colheita da lavoura, se ocorrerem erros agronômi-
cos, certamente observaremos:

»» Menor peso por planta;

»» Alta sensibilidade a pragas e doenças;

»» Menor concentração de nutrientes na silagem;

»» Maior teor de fibra em detergente neutro;

»» Alto custo de colheita.

4.2.6. Escolha da área de plantio e preparação do solo

Na escolha da área de plantio dar preferência por locais o mais próximo possível
do silo de armazenamento da silagem (redução de custos com transporte) ou do

100 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

ambiente de alimentação dos animais, com topografia e geometria adequadas


às operações de mecanização de manejo cultural (semeadura, pulverização e
colheita) e com solo de boa fertilidade, onde se pratica preferencialmente o
sistema de plantio direto associado às práticas de rotações de culturas e de
controle de erosão.

É muito importante a realização de um diagnóstico de uso e capacitação da terra


e de condições edáficas e climáticas presentes à região de cultivo do milho para
silagem, pois tais informações permitem definir o nível de investimento a ser
aplicado à produção de silagem.

Atualmente no mercado brasileiro existem um grande número de híbridos de


milho com características distintas que se ajustam às variações das particularida-
des de cultivo de cada região:

a) Nível de tecnologia/investimento = baixo, médio ou alto;

b) Sistema de cruzamento = variedade, duplos, triplo, simples, sim-


ples modificado;

c) Objetivo da cultura = lotes de animais em manutenção ou produ-


ção;

d) Época de semeadura = cedo, normal ou safrinha;

e) Ciclo: super-precoce, precoce, normal e tardio.

4.2.7. Ciclo de cultura

No caso do milho, os híbridos de ciclos normais apresentam ciclo de 130 a 150


dias até a maturação fisiológica, os precoces têm ciclo de 120 a 130 dias e os su-
perprecoces de 105 a 110 dias. A variação da temperatura poderá provocar ligei-
ra alteração neste ciclo. Os milhos normais exigem de 1000 a 1100 unidades de

O portal do agroconhecimento 101


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

calor do plantio até o florescimento, os precoces, 850 a 900, e os superprecoces,


abaixo de 800 unidades de calor. A unidade de calor é determinada subtraindo-
se as temperaturas médias diárias de 10ºC e somadas, dia a dia, durante o ciclo.
Temperatura esta acima da qual o milho começa a trabalhar fisiologicamente.
Para se obter uma densidade ideal de plantas na época do corte, torna-se ne-
cessário acrescer entre 15 e 20% a mais de sementes por ocasião do plantio.
Isto porque existem vários fatores que provocam redução de densidade de plan-
tas, como: qualidade das sementes, preparo do solo, profundidade de plantio,
pássaros e roedores, contato da semente com fertilizantes, pragas e doenças,
operação de tratos culturais, semeadura irregular, defeito de plantadeira, etc.

4.2.8. Análise de solo

Visa a estabelecer com critérios as ações a serem feitas com relação à correção
e/ou adubações. É importante conhecer o perfil de fertilidade do solo, e para
tanto a análise de solo deve ser feita pelo menos a cada dois anos, permitindo,
com isso, o monitoramento desta fertilidade. A cultura de milho para silagem
apresenta maior extração de nutriente do que para grãos.

4.2.9. Correção e adubação do solo

O planejamento da adubação deve ser fundamentado com base em conheci-


mentos prévios nos quesitos: finalidade da produção (grãos ou silagem); neces-
sidades nutricionais da planta – extração das plantas; fertilidade atual da área
de cultivo (análise química do solo); histórico da gleba; condições climáticas
reinantes no período de cultivo; etapas críticas de desenvolvimento da planta
(fenologia); características e nível de tecnologia do híbrido escolhido; e rendi-
mento de matéria seca desejado.

É necessário que o produtor realize, antecipadamente ao estabelecimento da la-


voura, uma análise do solo da área destinada à produção de silagem (três meses
antes), no sentido de efetivar possível calagem e reposição de macro e micro-
nutrientes necessários à obtenção de altos níveis de produção de biomassa, sem
comprometer a fertilidade do solo pela extração acentuada de nutrientes por

102 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

ocasião da colheita das plantas para silagem. De maneira geral, a produção e a


qualidade da silagem é maximizada com adubações equilibradas ano a ano de
cultivo, considerando a extração de nutrientes da safra anterior.

Com o resultado da análise de solo, pode-se constatar a necessidade da prática


da calagem, a qual pode ser realizada a intervalos de três a quatro anos, com o
parcelamento da dose em intervalos de dois anos.

A recomendação de calagem ou gessagem dependerá do resultado da análise


química do solo. É recomendável que a coleta de solos para análises sejas feitas
no mínimo três meses antes de se iniciar a aplicação do corretivo e das aduba-
ções.

Profundidade de amostragem de solos:


Áreas de plantio direto: 0 a 10 cm e 10 a 20 cm;

Áreas de plantio convencional: 0 a 20 cm.

Na execução da calagem recomenda-se: realizar aplicação em dose única se


a necessidade for inferior a 4 t/ha; realizar aplicação em dose única se utilizar
revolvimento do solo; realizar aplicação de calcário na preparação da área da
cultura de inverno (3 meses antes do plantio do milho); e não realizar calagem
e fosfatagem simultaneamente.

Na escolha do tipo de calcário considera-se a relação Ca:Mg e o teor de Mg


presente no solo. Se a relação for maior que 2:1, opta-se pelo uso de calcário
dolomítico, caso contrário, utiliza-se o calcário calcítico. Da mesma forma, se o
teor de Mg no solo for menor que 0,6 cmolc/dm³, também deve-se empregar
o uso do calcário dolomítico. Realizar a calagem no mínimo 60 dias antes da
semeadura da cultura do milho.

A escolha da fonte calcária dependerá da análise do preço por unidade de PRNT


(potencial reativo de neutralização total), a qual define seu valor econômico

O portal do agroconhecimento 103


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Preço efetivo (t) = preço do calcário (t)


PRNT

Obs.: existem 4 grupos quanto ao PRNT: Grupo A: PRNT entre


45 e 60%; Grupo B: PRNT entre 60,1 e 75%; Grupo C: PRNT
entre 75,1 e 90%; e Grupo D: PRNT acima de 90%.

4.2.10. Adubação genérica de plantio da cultura do milho

A recomendação oficial atual indica que a adubação nitrogenada seja de 35


a 50 kg/ha de N na semeadura. A adubação de cobertura deverá ser iniciada
quando as plantas apresentarem 4 folhas plenamente expandidas e finalizadas,
impreterivelmente, por ocasião da emissão da 7ª folha. O parcelamento do N é
indicado quando a quantidade a ser aplicada for maior que 150 kg/ha de N e
o solo apresentar teor de argila superior a 35%. Nestas condições recomenda-
se parcelar 2 vezes sendo 2/3 na primeira aplicação (entre 3 e 4ª folhas) e a
segunda 1/3 restante (entre 6 e 8ª folhas).

Considerar duas situações para estabelecer a necessidade N pela cultura do milho:

a) Produtividade esperada: considere que é necessário cerca de 1%


de N na composição total da MS da planta. Assim para a produção
de 9 t de grãos (18 t de MS total) a planta extrai cerca de 200 kg
de N; e

b) Cada tonelada de soja produzida na safra imediatamente anterior


disponibilizará 17 kg de N para a cultura do milho. Por exemplo, se
na safra anterior foram produzidos 4 t/ha de soja teremos dispo-
níveis cerca de 68 kg de N para a cultura do milho.

Com relação ao K, fornecer, no máximo, 50 kg/ha de K (K2O), na forma de KCl,


na semeadura (com distância mínima de 8 cm da semente) e o restante aplicar
em cobertura ou em pré-semeadura. Estabelecer critério na definição da quan-

104 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

tidade K2O a ser aplicada na semeadura, pois doses elevadas, o efeito salino
do KCl, pode afetar significativamente a arquitetura e a taxa de crescimento do
sistema radicular, além de prejudicar a germinação das sementes (em solos com
pouca umidade). Acima destes valores, realizar adubação complementar na pré-
semeadura ou na primeira cobertura.

O milho exige de 3 a 3,5 kg/ha de S por tonelada de grãos. O S apresenta menor


mobilidade que o N e, por esta razão os sintomas de deficiência poderão apa-
recer em folhas do terço internódio da planta, além de folhas jovens. Em solos
com teores de S inferiores a 12 mg/dm³ (ppm) necessitam da reposição do ele-
mento, podendo ser realizada pela aplicação dos seguintes produtos: gesso (15
a 18% de S); sulfato de amônio (24% de S); superfosfato simples (12% de S);
multifosfato magneziano (4,5 a 8% de S); ou termofosfato magneziano (5 a 6%
de S). Na prática utiliza-se o fornecimento de 30 a 40 kg/ha de S para obtenção
de rendimentos almejados superiores a 8 t/ha.

A dose de P dependerá da produtividade esperada, da disponibilidade de água


no sistema, da fertilidade atual do solo e da quantidade de N aplicada; Solos com
menos de 7 mg/dm³ de P (resina) dificilmente possibilitarão produtividades
superiores a 8 t/ha de grãos;

A fosfatagem somente é recomendável para solos arenosos, com baixa CTC ou


com baixos teores de óxido de Fe e Al. Já em solos argilosos e com alto potencial
de fixação, a melhor prática para elevar o teor de P é o plantio direto e o uso
de fontes de P com solubilidade gradual, como os termofosfatos, multifosfatos
magnesianos ou fosfatos naturais reativos.

Em resumo:

»» A Adubação de plantio segundo MANUAL DE ADUBAÇÃO E CA-


LAGEM PARA OS ESTADOS DO RS E DE SC (2004) indica aplicação,
dependendo da meta da produtividade, 10 a 30 kg/ha de N. Para
uma produção de 4 a 8 t/ha de grãos e teores no solo muito baixo

O portal do agroconhecimento 105


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

(a), baixo (b), médio (c) e alto (d), aplicar respectivamente: (a) 80
a 90; (b) 60 a 70; (c) 40 a 50 e (d) 30 kg/ha de P2O5; e, (a) 50; (b)
50; (c) 40 a 50 e (d) 20 a 30 kg/ha de K2O. No caso de milho para
silagem, doses de K2O superiores a 100 kg/ha, em solos argilosos,
aplicar uma parte do adubo a lanço, em pré-plantio, deixando ape-
nas 30 a 40 kg/ha para colocar em sulco de plantio.

»» J á a adubação de cobertura segundo Manual de Adubação e Ca-


lagem para os Estados do RS e de SC (2004), indica aplicação
de nitrogênio de acordo com a meta de produtividade e nível de
resposta do solo: para a meta de 4 a 8 t/ha de grãos e solos de
alta, média e baixa resposta, aplicar respectivamente: 60 a 100,
40 a 70 e 20 a 40 kg/ha de N, 25-30 dias após a germinação. Nas
culturas de milho para silagem, recomenda-se o uso de fórmulas
nitrogenadas e potássicas. Dependendo da quantidade de adubo
e da estrutura do solo, tem-se recomendado uma ou duas aplica-
ções, normalmente aos 25 a 30 dias e 45 a 50 dias após plantio.

Na Tabela 4.1, observa-se o comportamento linear (24,3967 + 0,0422N) cres-


cente de 0,04% na participação do componente grãos na estrutura da planta
para cada kg de N aplicado. Na análise de valores numéricos na participação
de grãos na estrutura da planta verifica-se que houve aumento significativo de
23,7% (0 kg.ha-1 de N) para 29,9% (135 kg.ha-1 de N), aspecto importante quan-
do se deseja produzir silagem de alta qualidade.

Tabela 4.1. Composição física percentual estrutural da planta (base seca, %) da


planta de milho, no momento da colheita e produções de matéria verde e de ma-
téria seca, sob diferentes níveis de adubação nitrogenada.
Fonte: NEUMANN et al. (2005).
Composição Física Estrutural da Planta (base
Produção, kg/ha
seca) %
Nível
de N
Matéria Matéria
Colmo Folhas Brácteas Sabugo Grãos1
verde2 seca3

0 26,7 25,8 11,6 12,1 23,7 37.083 14.385

106 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Composição Física Estrutural da Planta (base


Produção, kg/ha
seca) %
Nível
de N
Matéria Matéria
Colmo Folhas Brácteas Sabugo Grãos1
verde2 seca3

45 20,3 26,1 12,2 13,8 27,6 49.250 19.327

90 22,3 24,9 12,0 12,9 27,8 50.458 20.118

135 20,8 24,3 12,0 13,0 29,9 53.625 22.963

Média 22,6 25,3 12,0 13,0 27,2 47.604 19.198

C.V.,
9,30 12,50 4,96 5,62 8,23 7,04 7,59
%

P>F 0,0602 0,8469 0,6408 0,1539 0,0590 0,0040 0,0044

1
% do componente grãos na planta = 24,3967 + 0,0422N (C.V.=11,64%; R2=0,3491;
P>F=0,0431), onde N = nível de adubação nitrogenada variando de 0 a 135 kg.ha-1
de N).
2
Produção de matéria verde = 39.979 + 112,9629N (C.V.=9,40%; R2=0,6592;
P>F=0,0013).
3
Produção de matéria seca = 15.219 + 58,9493N (C.V.= 9,71%; R2=0,7522;
P>F=0,0003).

Os dados de produção de matéria seca (15.219 + 58,9493N) e produção matéria


verde (39.979 + 112,9629N) quando submetidos a análise por regressão ajus-
taram-se linearmente, indicando que para cada kg de N aplicado em cobertura
na cultura do milho para silagem incrementou-se a produção em 58,95 e 112,96
kg.ha-1 de matéria seca e verde, respectivamente. Oliveira et al. (2003) traba-
lhando com milho pipoca observou respostas positivas para produção de matéria
seca sob doses residuais de 100 e 150 kg.ha-1 de N em relação a testemunha.

Maiores diferenças quanto a composição física da planta e produção de massa


seca não se concretizaram devido a baixa taxa de absorção de N pelas plantas
nos estádios iniciais de desenvolvimento, nível adequado de disponibilidade hí-
drica durante o desenvolvimento da cultura, pelo fato de em todos os tratamen-
tos terem sido aplicados 28 kg.ha-1 de N na semeadura, quantidade suficiente
para eliminar possíveis condições de deficiência de N especialmente quando em
sucessão à gramíneas hibernais e devido ao não parcelamento das doses de N

O portal do agroconhecimento 107


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

aplicados na cultura em cobertura, atribuindo-se nesta situação de manejo, pro-


vavelmente, maior ocorrência de perdas de N por lixiviação e/ou volatilização
frente ao potencial de absorção das plantas de milho.

A avaliação do efeito da adubação nitrogenada em cobertura na cultura do milho


é uma prática importante no contexto da fertilização de plantas, contribuindo na
minimização dos custos de produção, contudo ressalva-se que a eficiência da
adubação depende, entre outros fatores, das condições climáticas, do tipo de
solo, bem como da capacidade de extração de nutrientes pelas plantas durante
o cultivo.

4.2.11. Rotação de culturas

Nas áreas utilizadas para silagem por anos seguidos, a prática de rotação de
culturas utilizando-se de leguminosas e adubos verdes precisa ser adotada.
Recomenda-se uma rotação, pelo menos a cada 3 anos, ou rotacionar 25% da
área por ano. A cultura a ser usada deve ser preferencialmente uma leguminosa
(soja-grão, ervilhaca, mucuna preta, crotalária, entre outras).

4.2.12. Escolha de híbridos de milho

Existe atualmente no mercado grande número de empresas que ofertam híbri-


dos de milho de variadas tecnologias. Como apenas 10% das sementes comer-
cializadas anualmente são utilizadas para a produção de silagem, não há grande
interesse das empresas em desenvolver novos híbridos com características para
este fim e tal constatação, leva à necessidade de estudar os híbridos novos que
são lançados no mercado consumidor para produção de grãos e avaliar o seu po-
tencial para produção de silagem de planta inteira. Lembra-se que os índices de
produtividade e adaptação são influenciados pelas condições edafo-climáticas e
sabe-se que, além da genética e do ambiente, a produção é influenciada, entre
outros fatores, por qualidade da semente, época de semeadura, população de
plantas, preparo e correção do solo, controle de plantas daninhas, pragas e do-
enças e fertilização do solo.

108 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

A primeira preocupação do produtor na escolha do híbrido para silagem está na


certeza da adaptação do material à região e à época de plantio a ser realizada,
para garantir potencial de produtividade de matéria seca por unidade de área.
Uma planta de milho, no momento de colheita para ensilagem, não deve pesar
menos que 900 gramas (Tabela 4.2) e apresentar na sua composição física valor
superior a 30% de grãos (base seca).

A segunda preocupação do produtor refere-se a comprovação de qualidade nu-


tricional do híbrido escolhido para silagem (Tabela 4.3). A silagem resultante de-
verá apresentar baixos teores de fibra em detergente neutro (< 50%) e fibra em
detergente ácido (< 32%) e altos teores de nutrientes digestíveis totais (>67%).

Resolvido estas duas preocupações, altas produções de matéria seca com quali-
dade resultarão em maior desempenho animal e maior lucratividade do sistema
de produção.

De regra, indicam-se para culturas de alta tecnologia, preferencialmente híbridos


simples e triplos de alto potencial de produção de grãos, uniformes, de porte
médio, precoces, resistentes ao acamamento e quebramento do colmo. Para
culturas de média tecnologia indicam-se híbridos duplos, tolerantes ao alumínio,
de alta estabilidade de produção, resistentes a doenças e de ciclo precoce.

Dentre as características desejáveis de um híbrido de milho para silagem, pode-


se citar:

1) Alto potencial produtivo de massa verde por unidade de área (>


45 t/ha);

2) Alta participação de grãos na estrutura da planta (> 30%);

3) Uso versátil e boa adaptação a variadas regiões e épocas de plan-


tio;

O portal do agroconhecimento 109


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

4) Pronunciada sanidade da parte vegetativa;

5) Alta estabilidade de produção;

6) Baixa taxa de secagem diária (< 0,5%/dia);

7) Alta concentração de nutrientes digestíveis totais (> 65%);

8) Colmo de espessura mediana (< 3,5 cm);

9) Altura de planta entre 1,9 a 2,6 m;

10) Baixa participação de brácteas e sabugo na estrutura física da


planta;

11) Stay green acentuado.

Tabela 4.2. Características agronômicas produtivas dos híbridos de milho para


silagem.
Características agronômicas Faixa Ideal

Número de folhas secas por planta <5

Altura de espiga, m 0,8 a 1,2

Altura de planta, m 1,9 a 2,6

Produção de matéria verde, kg/ha > 55.000

Produção de matéria seca, kg/ha > 18.000

Produção de grãos, kg/ha > 7.000

Taxa de secagem da planta, %/dia < 0,50

Estabilidade nutricional na colheita,


> 10
dias

110 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Constituintes Composição da planta, % na MS

. Colmo < 25

. Folhas > 15

. Brácteas mais sabugo < 25

. Grãos > 35

Dados de literatura mostram que a relação entre teores de matéria seca dos
diferentes componentes estruturais da planta; composição física da planta e es-
tabilidade produtiva estão diretamente associados ao processo de fermentação e
de manutenção nutricional da massa ensilada e, conseqüentemente acabam por
definir o potencial de consumo e o grau de aproveitamento, tanto deste volumo-
so como da fração concentrada presente na dieta alimentar animais.

Tabela 4.3. Valor nutricional desejável nas silagens de híbridos de milho.


Parâmetros Faixa Ideal

Matéria seca, % 30 a 37

pH, índice 3,3 a 3,8

Proteína bruta, % na MS 6a9

Nutrientes digestíveis totais, % na


> 67
MS

Fibra em detergente neutro, % na


< 50
MS

Fibra em detergente ácido, % na


< 32
MS

Matéria mineral, % na MS <5

Extrato etéreo, % na MS 2a4

Consumo estimado de matéria


> 2,3
seca, % do PV

O portal do agroconhecimento 111


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Parâmetros Faixa Ideal

Digestibilidade in vitro da matéria


> 65
seca, %

Valor relativo do alimento, índice > 125

Uma vaca leiteira necessita de um híbrido de milho que lhe proporcione a maior
resposta em produção de leite, onde os nutrientes da silagem atendam as ne-
cessidades, entre outros fatores, representada pela fibra em detergente neutro
de alta digestibilidade e que associe-se a alta capacidade de ingestão de ma-
téria seca. O produtor deverá escolher o híbrido mais adequado ao seu sistema
de produção, considerando, sua produção de matéria seca por unidade de área,
adaptabilidade, estabilidade de taxa de secagem e valor nutricional comprovado.

A conquista na produção de silagem de milho de alta qualidade é conseguida,


além da escolha do híbrido de milho ideal, pelo resultado de decisões corretas e
atenção dada aos detalhes na hora da confecção da silagem, quanto aos fatores
ponto correto de colheita, tamanho de partículas do material picado, forma de
descarregar no silo, compactação, tempo de fechamento do silo, tempo de aber-
tura do silo forma de retirada da silagem e fornecimento aos animais.

De regra geral, com a escolha errada do híbrido a ser utilizado para silagem,
o produtor estará comprometendo nutricionalmente e economicamente a sua
atividade comercial (leite ou carne), pois só conseguirá bons resultados se au-
mentar o uso da fração concentrada da dieta, aumentando significativamente
seus custos de alimentação.

Na verdade cada região deveria possuir um programa de avaliação contínua de


híbridos de milho para silagem, de tal forma a obterem-se respostas equivalen-
tes às condições edáficas-climáticas de cada região.

112 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

4.2.13. Estabelecimento da lavoura

No estabelecimento da lavoura de milho para silagem, atenção especial deve


ser dada a questão de espaçamento entre linhas de plantio e adequação de
população de plantas em função da época de plantio e nível de tecnologia uti-
lizado. A precisão na semeadura visa obtenção de ótima população de plantas
e ótima distribuição espacial das plantas entre e dentro da linha de plantio para
maximizar o desempenho da cultura, sem custo adicional, indicando que a den-
sidade de semeadura é um componente importante do sistema de produção,
sendo este função da cultivar e da disponibilidade hídrica e/ou de nutrientes. De
maneira geral, há uma tendência de aumento de produtividade da cultura em
condições de manejo de espaçamento reduzido entre linhas associado a maior
densidade populacional, por mostrar vantagens potenciais quanto ao aumento
da eficiência de utilização de luz solar, água e nutrientes e melhor controle de
plantas daninhas.

No processo de estabelecimento e manejo lavoura considerar:

a) No plantio, acrescer entre 12 e 15% a quantidade de semente;

b) Organizar ruas de colheita no momento do plantio para maior efi-


ciência de colheita;

c) Se possível estabelecer menor distância possível entre silo e la-


voura;

d) Possibilidade de utilização de menor número possível de máqui-


nas na ensilagem, sendo o recomendável, na maioria dos casos
um número mínimo de quatro máquinas, distribuídas nas tarefas
de colheita, transporte e compactação;

e) Realizar escalonamento de plantio e/ou combinação de híbridos


de diferentes ciclos, tanto quanto maior for a área destinada à pro-

O portal do agroconhecimento 113


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

dução de silagem e/ou tanto quanto maiores forem os desafios


edáfico-climáticos da região de cultivo e;

f) Sempre promover a rotação de culturas.

4.2.14. Tratamento de sementes

Na ocasião do plantio promover tratamento de sementes com inseticidas espe-


cíficos visando:

»» Melhor desenvolvimento radicular e vegetativo inicial das plantas;

»» Controle efetivo de variados insetos;

»» Proteção do potencial produtivo da cultura;

»» Redução no número de plantas dominadas.

O tratamento de sementes com inseticidas proporciona algumas vantagens,


dentre elas, uniformidade de emergência das plântulas; fornecimento de micro
nutrientes que favorece o vigor inicial e a manutenção de estande de lavoura.

Independente do uso de híbridos convencionais ou trangênicos, o tratamento


de semente é recomendado. Para que as vantagens do uso do tratamento de
sementes se efetivem, este deverá possuir garantia de uniformidade de princípio
ativo por semente. Contudo, o tratamento de sementes, jamais dever ser consi-
derado como uma prática única de controle de pragas. O monitoramento cons-
tante das lavouras é o recomendado, para que em eventual situação, aplique-se
inseticida complementar se necessário.

114 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

4.2.15. Espaçamento entre linhas de plantio e população de plantas

O valor nutritivo do milho está diretamente relacionado ao arranjo de plantas,


densidade de semeadura, espaçamento entre linhas e arquitetura da planta.
Estes fatores podem interferir na composição nutricional da planta de milho. Os
trabalhos de pesquisa, de maneira geral indicam uma tendência de redução no
espaçamento e aumento na densidade de semeadura, privilegiando assim culti-
vares de arquitetura mais ereta.

Para o melhor desempenho da cultura do milho, a escolha do melhor arran-


jamento de plantas na área e a definição da melhor época para aplicação da
cobertura nitrogenada estão entre as decisões mais importantes, estando essas
aliadas à escolha do híbrido e da época de semeadura. A manipulação do ar-
ranjo de plantas em milho, através de alterações na densidade de plantas, de
espaçamentos entre linhas, de distribuição de plantas na linha e na variabilidade
entre plantas, é uma das práticas de manejo mais importantes para maximizar a
interceptação da radiação solar, otimizar o seu uso e potencializar o rendimento
de grãos.

O incremento na densidade de plantas é uma das formas mais fáceis e eficientes


de se aumentar a interceptação da radiação solar incidente pela comunidade de
plantas de milho. No entanto, o uso de densidades muito elevadas pode reduzir
a atividade fotossintética da cultura e a eficiência da conversão de fotoassimila-
dos em produção de grãos. Em conseqüência disso, há um aumento de esteri-
lidade feminina e redução do número de grãos por espiga e do rendimento de
grãos. A causa da redução do espaçamento fundamenta-se na arquitetura das
plantas dos híbridos modernos, que, por serem de porte mais baixo, com folhas
mais eretas, permitem o plantio adensado, em virtude de as mesmas desenvol-
verem menor quantidade de massa, permitindo um melhor aproveitamento de
luz e de água.

O portal do agroconhecimento 115


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

A utilização de híbridos de milho de porte baixo pode ser mais conveniente


para a produção de forragem, porque, além de oferecer maior resistência ao
tombamento, o que facilita o corte mecânico, pode ainda suportar maior número
de plantas por unidade de área, acarretando maior produção de matéria seca.
Avaliar os híbridos de milho disponíveis em diferentes espaçamentos se faz ne-
cessário, tendo em vista a necessidade de conhecer seus efeitos nas caracterís-
ticas agronômicas em diferentes ambientes com diferentes tipos de manejo da
cultura.

Lavoura 1 = 45000 plantas/ha x 1,2 kg/planta = 54 t/ha


Lavoura 2 = 60000 plantas/ha x 0,9 kg/plantas = 54 t/ha

A conta acima sugere que podemos alcançar o mesmo resultado produtivo de


uma lavoura de milho por caminhos diferentes. É bom lembrar que quando de-
seja-se manipular o espaçamento entre linhas, visando a produção de silagem,
devemos considerar as características mecânicas operacionais da máquina que
executará a colheita. O uso de ensiladeiras de uma ou duas linhas, não permite
manutenção de eficiência de colheita sob espaçamentos entre linhas inferiores
a 70 cm. Quanto a possibilidade de adensamento de plantas por unidade de
área, independente da redução do espaçamento entre linhas de plantio, este
deverá ser praticado paralelamente às melhorias de fertilidade do solo e/ou ao
incremento do fertilizante por unidade de área, de tal forma a manter a relação
gramas de fertilizante por semente.

Tabela 4.4. Valores médios de produção de matéria verde (MV), produção de ma-
téria seca (MS) e produção de grãos de milho, conforme sistema de cultivo aos 123
dias do plantio para silagem.
Espaça-
mento Produção Produção Produção
Nível de Densidade
entre de MV de MS de Grãos
Tecnologia plantas/ha
linhas (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
(m)

“Baixo” 0,4 50000 37443 14046 6400

250 kg de
70000 49196 18672 9730
NPK

116 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Espaça-
mento Produção Produção Produção
Nível de Densidade
entre de MV de MS de Grãos
Tecnologia plantas/ha
linhas (kg/ha) (kg/ha) (kg/ha)
(m)

(08-30-
0,8 50000 38835 13486 5934
20) e

150 kg de
70000 43034 15569 5918
uréia

“Alto” 0,4 50000 47048 16747 9399

500 kg de
70000 59425 21938 11415
NPK

(08-30-
0,8 50000 47345 17603 8299
20) e

300 kg de
70000 49238 18800 8839
uréia

Média nível de tecnologia: baixo 42127 b 15443 b 6996 b

Média nível de tecnologia: alto 50764 a 18772 a 9488 a

Média espaçamento 0,4 m x 50000


42245 b 15396 b 7899 b
planta/ha

Média espaçamento 0,4 m x 70000


54310 a 20305 a 10572 a
planta/ha

Média espaçamento 0,8 m x 50000


43090 b 15544 b 7116 b
planta/ha

Média espaçamento 0,8 m x 70000


46136 b 17184 b 7378 b
planta/ha

Médias, na coluna, seguidas de letras diferentes para cada variável, diferem entre
si pelo Teste F a 5% na comparação de médias entre nível de tecnologia ou Tukey
a 5% na comparação de médias da interação entre espaçamento entre linha e
população de plantas.

O portal do agroconhecimento 117


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

O milho cultivado em nível de alta tecnologia proporcionou maiores produções


de matéria verde (50764 contra 42127 kg/ha), de matéria seca (18772 contra
14443 kg/ha), e de grãos (9488 contra 6998 kg/ha) comparado ao milho culti-
vado em nível de tecnologia baixo.

Observou-se também que houve interação significativa (P<0,05) entre os fatores


espaçamento entre linhas e densidade de plantio (Tabela 4.4). O milho, indepen-
dente do nível de tecnologia, cultivado com espaçamento entre linhas de 0,4 m
e 70000 plantas por hectare determinou maiores (P<0,05) produções de matéria
verde (54310 kg/ha), de matéria seca (20305 kg/ha) e de grãos (10572 kg/
ha), comparativamente as demais associações de cultivo as quais não manifes-
taram diferenças produtivas entre si (P>0,05).

4.2.16. Momento de colheita das plantas

Na determinação do momento ideal à colheita, o primeiro ponto a se considerar


é o custo total do processo. Lavouras ensiladas antes do ponto ideal apresentam
baixo rendimento e resultam em silagem com baixo teor de matéria seca (ou
alto teor de umidade), reduzida proporção de grãos e alto teor de fibra em de-
tergente neutro (ou de baixa concentração de nutrientes digestíveis totais). Isso
significa menos quantidade de matéria seca (MS) colocada dentro do silo, o que
afeta o custo final da tonelada, por alimentar menor número de animais. Essa
menor quantidade de grãos na silagem vai significar silagem de menor valor
energético. Além disso, devido ao excesso de umidade, aumenta-se a possibili-
dade das chamadas fermentações indesejáveis que comprometem a qualidade
do produto final e a própria aceitação pelos animais, dado a facilidade do desen-
volvimento de bactérias clostrídicas neste meio.

Por outro lado, quando colhe-se tardiamente a lavoura, a forrageira apresenta


acumula maiores teores e rendimento de MS por hectare e uma melhor propor-
ção de grãos na cultura. Entretanto, não produz boa silagem, porque há maior
perda de material – principalmente de folhas – durante o corte e o transporte;
há má-fermentação devido à maior presença de ar quando o material é ensilado
mais seco; ocorre redução da digestibilidade da silagem em virtude da presença

118 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

de fibras na estrutura da planta e da dificuldade para o processamento e conse-


qüente aproveitamento dos grãos.

O ponto recomendado para ensilagem de milho, é quando essa cultura esteja


entre 30% e 37% de MS (ou seja entre 70 e 63% de umidade). É difícil precisar
em quantos dias o milho atinge essa condição (120 ±10 dias), mas uma forma
simples é avaliar a consistência dos grãos. No caso do milho, o corte deve ser
feito quando os grãos estiverem no estádio fenológico entre o farináceo (R4) a
duro (R5) – ao serem espremidos com os dedos, esfarinham-se em vez de se
transformarem em pasta aquosa como ocorre no ponto de pamonha ou leitoso
(R3). Outra indicação para a colheita de milho consiste em observar a posição da
linha do leite (milk-line) no grão. Sabe-se que o milho endurece da extremidade
superior para extremidade inferior, logo a linha do leite pode ser observada niti-
damente por meio do limite entre as partes mais endurecida e mais pastosa do
grão, formando uma linha abaulada ou em forma de meia-lua. O momento ideal
de ensilagem é aquele onde se obtém o maior acúmulo de matéria seca por uni-
dade de área e melhor qualidade nutricional da silagem, ou seja, normalmente
nos grãos quando essa linha já desceu 50% a 75% do grão.

A planta inteira de milho, no estádio de grão farináceo a duro, reúne as melho-


res condições para a ensilagem, pois contém quantidade suficiente de substrato
para uma fermentação predominantemente homoláctica (de 7 a 10% de açúca-
res hidrossolúveis na MS) num meio com teor de matéria seca entre 30 e 37%
e de baixa capacidade de neutralização (baixo teor de proteína e minerais).
Ressalta-se que a silagem de milho é um alimento volumoso que deve ter alto
valor energético (> 30% de amido e > 69% de nutrientes digestíveis totais na
MS), porém nestas condições, torna-se deficiente em proteína e minerais (espe-
cialmente o cálcio), fatores estes, no entanto positivos à uma boa fermentação.

O cultivo do milho para a ensilagem oferece a oportunidade de se produzir um


alimento volumoso de grande digestibilidade e potencial de consumo, razão
pela qual deverão ser atendidos todos os aspectos agronômicos de manejo da
cultura. Ênfase ao ponto ideal de colheita deve ser dado, pois o milho quando
ensilado antes do momento mais adequado (exemplo: estádio de grão leitoso,

O portal do agroconhecimento 119


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

R3) resulta em menor rendimento de matéria seca e de energia por unidade de


área e pior qualidade fermentativa, podendo seu menor teor de matéria seca
acarretar em perdas por efluentes e obtenção de uma silagem de baixo poten-
cial de consumo pelo animal.

Na comparação do híbrido colhido em dois estádios de maturação (Tabela 4.5),


não houve diferenças (P>0,05) quanto à altura de planta (1,22 m) e altura de
espiga (1,18 m), enquanto que para produção de matéria verde (50.565 con-
tra 62.234 kg/ha), produção de matéria seca (12.944 contra 20.288 kg/ha) e
produção de grãos (3.100 contra 8.329 kg/ha), foram obtidos menores valores
(P<0,05), quando o híbrido foi colhido no estádio R3-R4 em relação ao estádio
R5.

Tabela 4.5. Desempenho agronômico do milho para silagem, em diferentes está-


dios de maturação.
Fonte: OLIVEIRA, 2010.
Estádio1 Coefi-
ciente de
Parâmetros Média P>F
Variação,
R3-R4 R5 %

Altura, m

Planta 2,19a 2,26a 2,22 0,4768 3,62

Inserção de
primeira es- 1,16a 1,20a 1,17 0,5343 6,89
piga

Produção, kg/ha

Matéria verde 50.565b 62.234a 54.230 0,0060 1,61

Matéria seca 12.944b 20.288a 16.616 0,0308 7,91

Grãos 3.100b 8.329a 5.494 0,0002 1,33

120 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Estádio1 Coefi-
ciente de
Parâmetros Média P>F
Variação,
R3-R4 R5 %

Teores de MS dos constituintes da planta, %

Colmo 24,5 a 21,2 b 22,84 0,3084 10,60

Folhas 27,3 a 27,8 a 27,53 0,9130 15,88

Brácteas mais
24,2 b 29,4 a 26,81 0,1198 7,43
sabugo

Grãos 38,0 b 49,6 a 43,78 0,0142 3,17

Composição morfológica, % na MS da planta

Colmo 22,5 a 20,8 a 21,67 0,4813 9,35

Folhas 26,3 a 21,7 b 23,96 0,0196 2,73

Brácteas mais
33,0 a 26,0 b 29,49 0,0601 6,02
sabugo

Grãos 18,3 b 31,5 a 24,92 0,0584 13,43

Médias, na linha, seguidas de letras diferentes para cada variável, diferem entre si
pelo Teste F a 5%.
1
Escala de desenvolvimento nos estádios reprodutivos: R3-R4 = grão pastoso, R5 =
grão farináceo a duro.

O híbrido quando colhido com 25,6% de MS (R3-R4), determinou na composição


da planta maior participação de colmo (22,5 contra 20,8% da MS), de folhas
(26,3 contra 21,7% da MS) e do conjunto brácteas mais sabugo (33,0 contra
26,0% da MS), concomitantemente, menor participação de grãos (18,3 contra
31,5% da MS), comparativamente ao híbrido colhido com 32,6% de MS (R5).
Dessa forma, a ensilagem no estádio R5, proporcionou incremento na matéria
seca dos grãos na planta e reduziu participação de brácteas mais sabugo e fo-
lhas, respectivamente, frente ao colhido no estádio R3-R4 (Tabela 4.5).

O portal do agroconhecimento 121


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Segundo RITCHIE et al. (2003) a quantidade de grãos produzida pela planta de


milho relaciona-se diretamente à taxa e ao período de tempo de acúmulo de
MS. Nesse sentido, diversos autores ressaltam a importância do conteúdo de
grãos na massa ensilada. No entanto, há relatos de que nem sempre híbridos
mais produtivos produzem silagens de qualidade. Desse modo, NEUMANN &
LUPATINI (2002) constataram que híbridos que apresentaram maior participação
de grãos na estrutura da planta, não obrigatoriamente obtiveram melhores ca-
racterísticas nutricionais, logo a escolha do híbrido a ser ensilado deve considerar
não apenas a proporção de grãos, mas também as demais frações da planta

A Tabela 4.6 apresenta o valor nutricional das silagens do híbrido de milho ensi-
lado em diferentes estádios de maturação.

Tabela 4.6. Valor nutricional das silagens de milho colhidas em diferentes estádios
de maturação.
Fonte: OLIVEIRA, 2010.
Estádio1 Coeficiente
de
Parâmetros Media P>F
Variação,
R3-R4 R5 %

% na MS

Proteína bruta 8,58 a 6,85 a 7,71 0,4459 11,18

Fibra em
detergente 55,08 b 50,55 a 52,82 0,0182 3,83
neutro

Hemicelulose 21,71 a 24,43 a 23,07 0,5540 8,57

Fibra em
detergente 33,38 b 26,12 a 29,75 0,0537 2,75
ácido

Celulose 28,27 b 21,14 a 24,71 0,0278 4,99

Lignina 4,59 a 3,69 a 4,14 0,1947 8,54

Matéria mi-
4,76 a 3,95 a 4,36 0,5404 11,47
neral

122 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Médias, na linha, seguidas de letras diferentes para cada variável, diferem entre si
pelo Teste F a 5%.
1
Escala de desenvolvimento nos estádios reprodutivos: R3-R4 = grão pastoso, R5 =
grão farináceo a duro.

Conforme pode ser observado na Tabela 4.6, não houve diferença (P>0,05) entre
as silagens para os teores de proteína bruta, hemicelulose, lignina e matéria
mineral, entretanto, foram obtidas diferenças significativas (P<0,05) no teor de
fibra em detergente neutro (55,08 contra 50,55% MS) e fibra em detergente áci-
do (33,38 contra 26,12% MS) quando colhido em R3–R4 e R5, respectivamente.

O avanço no enchimento do grão e a perda da digestibilidade da fração fibrosa


são eventos concomitantes, entretanto, a variação na digestibilidade da matéria
seca é mínima com o aumento no teor de matéria seca na planta, a qual é re-
sultado do incremento na porcentagem de grão na massa ensilada, sugerindo
maior diluição da porção fibra em detergente neutro por amido, determinando
maiores valores de NDT, permitindo assim maior valor nutricional no estádio R5.

4.2.17. Regulagem de ensiladeiras - tamanho da partícula

A correta picagem da forrageira também é um ponto importante. Picar corre-


tamente significa facilitar o acondicionamento e a compactação da forrageira
dentro do silo, deixando os açucares hidrosolúveis presentes na planta expostos
para uma rápida e eficiente fermentação. No caso do milho, recomenda-se picar
a forragem de forma mais homogênea possível.

Entre os fatores que dificultam a homogeneidade da picagem do material está a


regulagem da máquina de colheita:

a) Recomenda-se que as facas da ensiladeira estejam bem ajustadas


junto à contra faca, o que proporciona cortes uniformes;

b) Promover afiação das facas entre períodos de 4 e 6 horas de tra-


balho (duas vezes diariamente);

O portal do agroconhecimento 123


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

c) Ajustar a máquina ensiladeira ao trator, de tal forma que a mesma


mantenha-se nivelada ao terreno;

d) Eliminar eventuais folgas no atrelamento da máquina ensiladeira


ao trator;

e) Promover engraxamento dos pontos de atrito em períodos não


superiores a 10 horas de trabalho;

f) Observar recomendações do fabricante quanto a melhor rotação


de trabalho.

Na ensilagem deve ocorrer na ausência de ar (processo anaeróbico), condição


esta onde se dará apenas a fermentação desejável. É vital expulsar todo o ar de
dentro do silo. Para tanto, busca-se máxima eficiência ao compactar o material
na medida em que ele vai sendo recebido no silo de armazenamento. A melhor
compactação depende do tamanho médio das partículas, e está diretamente
ligada, à melhor fermentação, a maior quantidade de forrageira acondicionada
no silo e ao melhor valor nutritivo e consumo da silagem final. Com tamanho
de partícula entre 0,5 e 1,5 cm e boa compactação, consegue-se silagens com
densidade entre 550 e 700 kg/m3, principalmente em silos do tipo trincheira.

Durante o processo de colheita das plantas de milho para silagem podem ocorrer
variações consideráveis no tamanho das partículas interferindo na qualidade físi-
ca da “dieta totalmente misturada”. Sugere-se que a qualidade física da silagem
de milho (tamanho de partícula) seja monitorada pelo equipamento “Penn State
Particle Size Separator”, ou seja um separador de partículas composto por um
conjunto de peneiras, dispostas umas sobre as outras, com malhas de diâmetro
de 19 mm na peneira superior e de 8 mm na peneira inferior. Durante a colheita
das plantas usa-se freqüentemente o separador de partículas visando ajustes
na regulagem da ensiladeira para que se obtenha, com base no peso in natura,
uma distribuição de 3 a 8% das partículas retidas na peneira superior, de 45 a
65% na peneira mediana e de 30 a 40% na parte inferior, determinando melhor

124 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

condição de compactação da massa ensilada pela melhor acomodação das par-


tículas no silo e conseqüente melhora do perfil de fermentação na conservação.

Já em manejo alimentar de “dieta totalmente misturada” para bovinos de ap-


tidão leiteira, sugere-se que a distribuição das partículas seja de 2 a 8% das
partículas retidas na peneira superior, de 30 a 50% na peneira mediana e de 45
a 65% na peneira inferior, sendo dependente da relação volumoso:concentrado
e da meta da produção animal, para que se otimize o funcionamento ruminal
e previna problemas nutricionais de paraqueratoze ruminal, laminite e acidose
ruminal em função de deficiências do teor de fibra em detergente neutro fisica-
mente efetiva.

A silagem quando colhida com ensiladeira regulada para tamanho de partícula en-
tre 2 a 6 mm mostrou diferenças na distribuição das partículas nas peneiras 1,905
cm (5,3 contra 19,3%), 0,787 a 1,905 cm (42,6 contra 55,8%) e inferior a 0,787 cm
(52,1 contra 24,9%) em relação a silagem colhida com ensiladeira regulada para
tamanho de partícula entre 10 a 20 mm. Tal fato justifica as variações encontradas
na eficiência de compactação das silagens avaliadas (Tabela 4.7).

Tabela 4.7. Nível de compactação obtida, na base verde e seca, nas silagens de
milho, em função do tamanho de partícula
Fonte: NEUMANN (2006).
Tamanho de partículas
Variáveis
Pequena Grande

Distribuição das partículas por peneira (%)

Peneira > 1,905 cm 5,3 19,3

Peneira 0,787 a 1,905


42,6 55,8
cm

Peneira < 0,787 cm 52,1 24,9

O portal do agroconhecimento 125


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tamanho de partículas
Variáveis
Pequena Grande

Massa específica da silagem (kg/m3)

Matéria verde 539 a 426 b

Matéria seca 153 a 114 b

Médias, seguidas por letras minúsculas diferentes, diferem entre si (P<0,05) pelo “F”.

O tamanho da partícula ensilada, em nível prático, notadamente relacionou-se


diretamente com a potência do trator e/ou a regulagem da ensiladeira utiliza-
da. O menor tamanho da partícula facilitou o processo de ensilagem, uma vez
que permitiu maior densidade de transporte do material colhido até o local de
armazenamento, como também aumentou a eficiência do processo de compac-
tação e permitiu melhor fermentação anaeróbia (Tabela 4.7). As conseqüências
observadas foram melhor preservação do valor nutritivo da massa ensilada e
minimização das perdas na desensilagem.

4.2.18. Altura de colheita das plantas

A altura de colheita da planta de milho é um ponto importante a se considerar


durante a confecção de silagem. Aumentando a altura de corte das plantas, via
regulagem na ensiladeira, somente a porção superior da planta de milho é colhi-
da, resultando em silagem com maior participação de grãos na matéria seca. A
parte superior da planta de milho constitui uma silagem de maior concentração
energética, indicada para uso em sistemas com animais de alta produção, em
virtude de ser um alimento de alto valor nutricional e de maior custo de produ-
ção, por apresentar normalmente rendimentos de matéria seca próximos a 80%
em relação à silagem de planta inteira.

A possibilidade de manipulação do processo de colheita do milho para ensila-


gem, com a elevação da altura de corte das plantas permite uma maior partici-

126 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

pação de grãos na massa ensilada em detrimento da participação de colmos e


folhas senescentes, resultando em melhoria da qualidade da silagem produzida
devido aos decréscimos significativos nos teores de fibra em detergente neutro
e detergente ácido da silagem. Vários trabalhos de pesquisa mostram que a per-
centagem de colmo e de grãos, para o milho, são as características agronômicas
altamente correlacionadas com medidas de qualidade da silagem, como diges-
tibilidade da matéria seca e fibra em detergente ácido, assim como o ganho de
peso médio diário e consumo de matéria seca.

LAUER (1998) verificou que a produção de matéria seca da silagem de milho é


reduzida em 15% quando a altura de corte das plantas é elevada de 15 para 45
cm a partir do nível do solo, considerando, no entanto que a produção de leite
estimada aumentou em 12% para a mesma elevação de altura de colheita,
fato justificado à fração mais fibrosa e menos digestível do material não ter
sido colhida, apesar da constatação de redução de 3% na produção de leite por
unidade de área. A elevação da altura de colheita das plantas de milho a partir
de 15 cm do nível de solo, constitui-se em ferramenta de trabalho indicada ao
manejo alimentar de animais com alto potencial genético à produção de carne
e/ou leite. HUTJENS (2006) infere que para cada 15 cm na elevação da altura
de corte das plantas de milho, estima-se a redução de 1% no teor de fibra em
detergente neutro na silagem resultante, considerando, no entanto a redução de
850 kg/ha de massa seca ensilável.

Apesar da elevação da altura de colheita das plantas de milho melhorar a qua-


lidade da silagem resultante (NEUMANN et al., 2004), estimativas econômicas
de retorno por tonelada de matéria seca de forragem por hectare mostram-se
inferiores para as plantas colhidas na altura de corte alto, questionando-se a
viabilidade econômica do processo de elevação de altura de colheita.

As plantas colhidas em alturas superiores a 15 cm aumentam a reciclagem de


matéria orgânica e o condicionamento físico no solo, além de permitir maior re-
torno do nutriente potássio que se concentra nos internódios inferiores da planta,
que é extraído em grandes quantidades em decorrência da colheita completa

O portal do agroconhecimento 127


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

da planta de milho na ensilagem; onde segundo NUSSIO et al. (2001b), ambas


contribuições, devem ser consideradas num programa duradouro de exploração
racional das glebas, visando alta produtividade, e merecem avaliação econômica
mais criteriosa para justificar a recomendação.

A Tabela 4.8 mostra que a altura de colheita à 15,2 cm propiciou um incremento


de 11,46% na produção de matéria verde ensilável em relação à altura de corte
de 38,6 cm (59.905 contra 53.744 kg/ha), enquanto a produção de matéria
seca ensilável estimada apresentou um incremento na ordem de 7,10% (19.144
contra 17.875 kg/ha) devido ao maior teor de matéria seca das plantas com
altura de 38,6 cm (33,28%) e devido à maior participação da espiga (43,7 contra
39,6%) e menor participação da fração colmo inferior à inserção da espiga (20,7
contra 25,6%), obtida no sistema de colheita à altura de 38,6 cm em relação à
altura 15,2 cm.

Tabela 4.8. Comportamento agronômico da planta do híbrido P-30S40 utilizado


para confecção das silagens, conforme altura de colheita das plantas.
Fonte: NEUMANN (2006).
Altura de corte das plantas
Variáveis
Baixo: 15,2 cm Alto: 38,6 cm

kg/ha

Produção de matéria verde ensilável 59.905 a 53.744 b

Produção de matéria seca ensilável 19.144 a 17.875 b

Composição física da planta (base seca) %

- Colmo 32,0 a 27,8 b

- Folhas 28,4 a 28,9 b

- Brácteas + Sabugo 24,4 b 26,9 a

- Grãos 15,2 b 16,8 a

128 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Altura de corte das plantas


Variáveis
Baixo: 15,2 cm Alto: 38,6 cm

Teor de MS da planta inteira 31,95 b 33,28 a

Digestibilidade da MS da silagem 61,59 a 63,58 a

Digestibilidade da FDN da silagem 45,15 b 43,7 a

kg/dia

Ganho de peso de novilhos confi-


1,454 b 1,537 a
nados

Consumo de MS de novilhos confi-


8,72 a 8,61 a
nados
Médias seguidas por letras minúsculas diferentes, na linha, para cada variável,
diferem entre si (P<0,05) pelo Teste “F”.

Conforme pode ser observado na Tabela 4.8, verifica-se que a altura de co-
lheita não modificou (P<0,05) a digestibilidade aparente da matéria seca, com
valor médio de 62,58%, apesar da existência de uma variação de 2% entre as
silagens. Esta variação encontrada, mesmo que não tenha mostrado diferença
estatística (P>0,05) estabeleceu relação direta com o ganho de peso dos animais
em terminação alimentados com participação percentual de 62,7% para ambas
silagens avaliadas, com base na matéria seca.

4.2.19. Distância lavoura–silo

Para atender o principio de que a ensilagem deve ser confeccionada no menor


tempo possível, as lavouras não deverão estar distantes dos silos de armazena-
mento, e estes por sua vez, devem estar o mais próximo das instalações de ali-
mentação dos animais. Um indicativo para boa funcionalidade é que a colhedeira
de forragem (ensiladeira) não pare e fique à espera da próxima carreta agrícola.

O portal do agroconhecimento 129


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

4.2.20. Compactação da massa ensilada

Visando retirar o oxigênio existente na massa, no silo, um trator pesado deve


compactar de forma uniforme e contínua, toda vez que for descarregada nova
carga. A fermentação do material ensilado deve ser feita na ausência de ar, caso
contrário podem ocorrer outros tipos de fermentação que prejudicam a conser-
vação da forrageira. O ideal é expulsar o máximo de ar de dentro do silo, e, para
isso, a massa picada deve ser distribuída no silo em camadas de 20 a 30 cm
e continuamente compactada à medida que é colocado dentro do silo. Em silo
trincheira deve ser feita através de passagens consecutivas com o trator sobre a
massa distribuída. O enchimento deve ser feito do fundo para frente mantendo-
se certa inclinação. A conservação da silagem depende da eficiência da compac-
tação da massa e objetiva-se massas específicas finais com densidades entre
550 e 700 kg/m3 de matéria verde ou entre 200 e 250 kg/m3 de matéria seca.

Analisando os valores de massa específica nos estratos (Tabela 4.9), indepen-


dente do tamanho de partícula e da altura de colheita das planta, verifica-se
que na média geral o estrato superior apresentou menor (P<0,05) eficiência de
compactação em relação ao estrato inferior (433 contra 533 kg/m3 de MV e 120
contra 147 kg/m³ de MS) respectivamente, o que favoreceu a permanência de
oxigênio na massa neste estrato, sugerindo-se que a presença de oxigênio na
massa localizada no estrato superior durante a ensilagem proporcionou a respi-
ração das partículas ensiladas diminuindo a concentração de compostos solúveis
e energia, limitando dessa forma também o crescimento microbiano.

130 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Tabela 4.9. Massa específica obtida, na base verde e seca, nas silagens de milho, em
função do tamanho de partícula e da altura de colheita, conforme estrato no silo.
Fonte: NEUMANN (2006).
Altura de colheita
das plantas
Estrato
Ensilagem Média
no silo
Corte Corte
baixo alto

Compactação base verde, kg/m³

Partícula
619 572 596
pequena

Inferior Partícula
439 502 470
grande

Média 529 537 533 A

Partícula
489 477 483
pequena

Superior Partícula
370 394 382
grande

Média 429 436 433 B

Compactação base seca, kg/m³

Partícula
171 167 169
pequena

Inferior Partícula
118 132 125
grande

Média 144 149 147 A

Partícula
138 135 137
pequena

Superior Partícula
104 104 104
grande

Média 121 119 120 B


Médias, na coluna, seguidas por letras maiúsculas diferentes, diferem (P<0,05) pelo
Teste “F”.

O portal do agroconhecimento 131


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

SENGER et al. (2005) avaliando silagens de milho com distintos teores de umida-
de e níveis de compactação, concluíram que silagens com maior teor de matéria
seca (> 28%) e bem compactadas (> 650 kg/m³ de MV) preservam maior quan-
tidade de açúcares que podem ser usados como fonte de energia pelos micro-
organismos ruminais, além de apresentarem menor relação FDN/CNF e serem
mais digestíveis. Já LOURES et al. (2003) avaliando as perdas em silagens de
capim elefante sob diferentes níveis de compactação evidenciaram, que tanto o
teor de umidade como a eficiência de compactação alteraram-se em função do
estrato no silo, de tal maneira que maior teor de umidade e melhor compactação
foram constatadas na parte inferior do silo.

4.2.21. Tempo de enchimento de silos de armazenamento

O silo deve ser preenchido o mais rápido possível (tempo de enchimento não
superior a 36 horas) para aumentar a eficiência da preservação do material en-
silado. Tem-se por objetivo encher o silo com adequada compactação o mais
rápido possível, visando criar ótimas condições para uma boa fermentação. Esse
tempo depende de vários fatores: estrutura geral da propriedade, tamanho do
silo, etc. Na prática, a camada compactada mínima a ser colocada por dia no silo
não deve ser inferior a 80 cm e o tempo máximo de fechamento do silo não
deve ultrapassar o segundo dia de trabalho (36 horas).

O processo de enchimento e compactação deve ser efetivo, de forma a distribuir


pelo silo, camadas uniformes de espessura ao redor de 20 a 30 cm, sendo que
estas camadas devem ser espalhadas de forma a ficarem inclinadas em direção
a entrada do silo. Quando há ineficiência do processo de enchimento e compac-
tação, após fechamento do silo, ocorre um significativo assentamento natural da
massa ensilada, que contribui para entrada de oxigênio e deterioração da mes-
ma. É  importante que o processo de enchimento e compactação do silo não seja
interrompido por um período superior a 24 horas, quando da impossibilidade de
fechamento do silo em tempo inferior a 36 horas.

A Compactação deverá ser feita através de passagens consecutivas e ininter-

132 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

ruptas com o trator sobre  a massa distribuída. O objetivo da compactação é a


máxima expulsão do ar do silo, visando controle da respiração das partículas e
da elevação da temperatura, favorecendo a ação das bactérias produtoras de
ácido láctico.

Por ocasião do fechamento do silo, o enchimento deverá ser orientado de for-


ma a se acumular massa ao longo da linha central, a fim de que se proceda o
abaulamento do silo.

O fechamento do silo finaliza com a vedação, utilizando-se de material plástico


(polietileno), tanto para silos do tipo superfície ou trincheira como, recentemen-
te, para silo do tipo fardos redondos e silos tipo bolsa. A durabilidade do polieti-
leno é limitada e variável de acordo com sua espessura, coloração e tratamento
para raios ultra-violeta, e mesmo assim, dependendo de sua exposição aos raios
solares, o material pode tornar-se quebradiço e permeável em tempo não de-
terminado.

4.2.22. Tipos de silos de armazenamento

Os silos de armazenamento de silagem mais utilizados são os horizontais, do


tipo trincheira ou de superfície. Há também silos cilíndricos verticais, do tipo
cisterna ou aéreo, mas são menos usados no Brasil. 

Para obtenção de sucesso na atividade de produção de volumoso na forma de


silagem, ênfase especial deve ser dada ao tipo de silo a ser utilizado para arma-
zenamento do material colhido.

a) Silo tipo Trincheira: Também conhecido como silo subterrâneo ho-


rizontal. Consiste em uma trincheira locada em terreno com desní-
vel. A largura da base é calculada em função da largura do trator
(50% a mais). Havendo o problema de infiltração de água, reco-
menda-se o revestimento do mesmo para evitar maiores perdas.
Os silos trincheira são os mais disseminados, por que apresentam

O portal do agroconhecimento 133


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

um custo/benéfico melhor, sendo fáceis de construir além de pro-


porcionar boas condições de manejo. O tamanho de cada silo tam-
bém pode variar, dependendo do numero de animais, do período
de utilização e da própria quantidade de silagem oferecida aos
bovinos diariamente. Usualmente a altura das paredes é variável
entre 0,8 e 3,5 m Como as combinações entre forrageira, tipo de
silo e objetivos da silagem são variadas, é preciso muita atenção
para decidir corretamente o melhor conjunto. Isso sem considerar
que a silagem é uma técnica de alto risco de perdas. Dependendo
do tipo de silo, pode-se perder até 40% da quantidade final da
silagem efetivamente consumida pelo rebanho.

b) Silo tipo Parede: Também conhecido como silo caixão. É um silo


aéreo, horizontal, sendo as paredes construídas de concreto arma-
do ou simplesmente de pranchões de madeira com boas escoras
externas. Usualmente a altura das paredes é variam entre 1 e 2,5
m. Utilizado em locais onde o terreno é plano, ou onde tem-se
dificuldade de construir um silo do tipo trincheira.

c) Silo tipo Torta: Conhecido como de superfície. Simplesmente con-


siste em depositar a massa de forragem picada sobre o solo, em
dimensões pré-estabelecidas em função do polietileno (lona).

O preparo do silo de superfície envolve as seguintes tarefas:

1) A área de base do silo deve ser previamente demarcada, com a


finalidade de manter o alinhamento das bordas laterais. O solo
deve ser coberto com palhas ou polietileno, para evitar o contato
direto da forragem com o solo.

2) A forragem pode ser triturada no campo ou junto ao silo, utilizan-


do-se máquinas forrageiras ou colheitadeiras. O material picado
deve ser depositado no silo em camadas uniformes de 20 a 25 cm

134 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

de espessura. Cada camada de forragem deve ser cuidadosamen-


te compactada com o trator, com movimentos de vai-e-vem em
toda a extensão do silo. Uma inclinação suave deve ser deixada
nas extremidades para facilitar o trabalho do trator durante a des-
carga e compactação da forragem.

3) Quando o silo atingir entre 1 a 1,5 m de altura, o acabamento e


nivelamento da superfície da massa de forragem devem ser fei-
tos manualmente, com ancinhos e enxadas. Valetas de 20 cm de
largura por 20 cm de profundidade devem ser abertas em todas
as bordas do silo para fixação de lona de cobertura. A lona deve
cobrir toda a extensão do silo e a sua fixação deve começar na
lateral que está a favor do vento, fixando-a na valeta com areia. O
mesmo procedimento é adotado nas demais extremidades. Após
fechamento do silo, este deve ser recoberto com uma camada de
20 cm de terra, agindo como isolante térmico, além de auxiliar
na expulsão o ar remanescente, na melhoria da compactação e
na longevidade da lona, protegendo-a da ação direta dos raios
solares.

4) Após a conclusão das etapas anteriores, o silo deve ser isolado e


inspeções regulares, devem ser feitas, para a verificação e retifi-
cação de possíveis problemas na vedação. Após 25-28 dias, o silo
pode ser aberto e a retirada da silagem deverá ser feita em fatias
no sentido vertical em espessuras superiores a 25 cm.

4.2.23. Dimensionamento de silo

Os silos devem ser construídos próximos do local onde serão alimentados os


animai, evitando-se assim trabalho e custo com o transporte diário de silagem.
Recomenda-se que os silos sejam construídos em distância inferior a 25 m dos
comedouros.

O portal do agroconhecimento 135


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Conforme recomendações da EMBRAPA-Campo Grande-MS (CARDOSO, 1995),


o silo-trincheira deve ter forma trapezoidal, correspondendo a base menor (b)
ao fundo do silo. Para cada metro de altura do silo, a base maior (B), ou seja, a
largura do topo deve ter, no mínimo, 0,5 m a mais do que a largura do fundo,
para que a inclinação da parede lateral seja de pelo menos 25%. A altura (A)
ou profundidade do silo pode variar de acordo com as condições do terreno e
poderá ser de 0,8 a 3,5 m. 

Já o silo de superfície é feito em cima do solo, sem qualquer escavação ou cons-


trução, e também tem formato trapezoidal, só que, neste caso, a base maior (B)
é o fundo do silo, próximo ao solo e a base menor o topo. A altura (A) pode variar
de 1,0 a 1,5 m. O fundo do silo deve ter uma leve declividade para o lado da
“boca de descarregamento” para que a umidade da silagem (efluente) escorra
para fora. Tal silo ainda deve ser munido de valetas laterais para evitar que a
água da chuva entre no silo e desestabilize a fermentação da silagem.

Para se planejar a construção e determinar as dimensões de um silo de armaze-


namento de silagem, inicialmente questiona-se:

a) O número de animais que será alimentado, levando-se em consi-


deração o peso inicial dos animais e a produtividade que se deseja 
alcançar (carne ou leite).

b) O número de dias ou período em que os animais  receberão a


silagem.

c) Quantidade de silagem fornecida aos animais por dia, que é de-


terminada em função do peso do animal, produtividade que se
deseja alcançar e potencial produtivo dos animais.

d) A espessura de corte diário da silagem, devido ao contato com o


ar atmosférico.

136 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

e) A estrutura da fazenda ou propriedade versus o período para o


corte, enchimento, compactação e vedação do silo.

f) O tamanho do local para construção do silo e posicionamento com


relação às instalações.

g) O peso médio da silagem por metro cúbico.

h) O percentual de perdas, consideradas normais devido a processos


fermentativos e perdas diárias comuns.

Obs.: Após determinado a necessidade de silagem a ser pro-


duzida e armazenada anualmente, aconselha-se por segu-
rança, sobre esta quantidade, acrescentar um fator de cor-
reção de 10 a 20%, visando compensar eventuais perdas
que possam ocorrer entre os processos de ensilagem e de
desensilagem. Para o silo do tipo trincheira estima-se que a
compactação ideal seja superior a 650 kg/m3, ou seja, uma
tonelada (1000 kg) de silagem deverá ocupar 1,5 m3 de silo,
e com este dado será possível calcular o volume total da
trincheira. Já para o silo do tipo superfície (“torta”), estima-
se que a compactação obtida esteja margeando valores pró-
ximos a 400 kg/m3.

Cálculo do consumo  total de silagem na propriedade (Q):


Q = Nº animais x Nº de alimentações (dias) x Consumo por
animal (kg/dia)

Cálculo da silagem total considerando perdas (QT):


QT = Q + perdas (entre 10 e 20%)

Cálculo do volume do silo (VS):


Considerando eficiência de compactação de 650 kg/m3 (silo
trincheira), temos o volume do silo: VS = QT/650

O portal do agroconhecimento 137


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Cálculo do volume diário de silagem (VD):

VD = Nº animais x consumo (kg/dia) + perdas (10%)


650 kg/m3

Na Tabela 4.10 é apresentado um exemplo de planejamento anual forrageiro


de uma propriedade leiteira visando uso de silagem de milho, com vistas a de-
terminação da área de cultivo e dimensionamento do silo de armazenamento.

Tabela 4.10. Exemplo de planejamento anual forrageiro de uma propriedade leitei-


ra visando uso de silagem de milho.
Período de Consumo Necessi-
Composição
Categoria alimentação diário de dade de
do rebanho
Animal constante, silagem, silagem, t/
(nº animais)
dias kg/animal categoria

Bezerras 1-4
10 365 0 0
meses

Bezerras 4-8
8 365 3 8,8
meses

Novilhas 9-15
8 365 8 23,4
meses

Novilhas prenhez
9 365 12 39,4
16-24 meses

Vacas secas 10 365 15 54,8

Vacas em lactação 55 365 20 401,5

TOTAL (acrescido 607 tone-


100 animais - -
15% de perdas) ladas

A necessidade de silagem a ser produzida nesta propriedade será calculada com


base na multiplicação dos fatores: Número de animais de cada categoria x Pe-
ríodo de alimentação (dias) x Consumo de silagem (kg/dia) x Fator de correção
segurança (15%), ou seja: 607 toneladas.

O primeiro passo, ao estabelecer o planejamento alimentar do rebanho está na


determinação da área de cultivo de milho para silagem. Supondo que o histórico

138 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

da propriedade indique produtividade média de 40 t/ha de silagem de milho,


com base nos dados da Tabela 4.9, estabelece-se que a área de cultivo não seja
inferior a 15 ha.

O segundo passo rege à determinação do consumo diário, dividindo-se, o total


de silagem necessária por 365dias, que gera um valor médio de 1663 kg/dia.
Este valor é muito importante, para determinação das dimensões do silo (largura
e altura), visto que a fatia de corte deve ser de no mínimo 20 cm/dia.

O comprimento mínimo (C) de um silo-trincheira ou superfície é determinado


multiplicando-se o número de dias de utilização do silo (ou o número de dias de
alimentação dos bovinos) por 0,20 m, pois 20 cm é a espessura mínima da fatia
de silagem a ser retirada diariamente no desensilo.

É aconselhável que o tamanho do silo seja tal que se possa enchê-lo entre 12 e
36 horas, sendo este fator dependente do maquinário disponível para o trabalho. 

A partir destas informações e usando-se as fórmulas a seguir é possível calcular


as outras dimensões do silo (CARDOSO, 1995):

V=SxC
S = [(B+b)÷2]x A

Figura 4.2. Representação esquemática da estrutura do silo.

O portal do agroconhecimento 139


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Onde:
V = volume de silagem necessária anualmente (m3);
S = superfície ou área da seção trapezoidal (m2);
C = comprimento do silo (m);
B = base maior (m), ou seja, a largura do topo do silo-trin-
cheira ou a largura da base do silo de superfície;

b = base menor (m), ou seja, a largura do fundo do silo-


trincheira ou a largura do topo do silo de superfície;

A = altura do silo (m).

Utilizaremos o exemplo da Tabela 4.10 para determinação do tamanho de um


silo do tipo trincheira, considerando uma propriedade com rebanho estabiliza-
do em 100 animais (diferentes categorias) alimentado durante 12 meses (365
dias), recebendo 1663 kg de silagem diariamente e em situação onde a declivi-
dade do terreno permite uma altura (A) de 1,5 m para a escavação do silo.

Se uma tonelada de silagem ocupa 1,5 m3 de silo, então 607 t de silagem ocu-
parão 404,7 m3 de silo (V).

Considerando que o uso da silagem nesta propriedade é permanente, o com-


primento mínimo para este silo deverá ser de 0,2 m de fatia de corte/dia x 365
dias = 73 m.

4.2.24. Cálculo da área da seção trapezoidal

V = (S x C) ou S = (V ÷ C), logo S = (404,7 ÷ 73) = 5,54 m2 


Como S = [(B+b)÷2]+A, então pode-se escrever que 5,54 m2 =
[(B+b)÷2]+1,5, e portanto que B + b = [(5,54 m2 x 2) ÷1,5] =
7,39 m

Como a largura do topo (B) deve ter 0,5 m a mais que a


largura do fundo (b) para cada metro de altura (A) do silo,

140 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

então é possível escrever que B = b + (0,5 x A) e, usando-se


esta expressão, pode-se continuar o cálculo assim:

B + b = [(5,54 m2 x 2) ÷1,5] = 7,39 m


B + b = 7,39 m
Considerando-se B = b + (0,5 x A), logo temos b + (0,5 x A)
+ b = 7,39 m, ou seja:

2b + (0,5 x 1,5) = 7,39 m, e portanto b = [7,39 – (0,5 x 1,5)]


÷2, tendo como resultado 3,32m

Retornando à expressão anterior B + b = 7,39 e substituindo-


se o valor de b, tem-se que B + 3,32 = 7,39 e portanto: B =
7,39 – 3,32 = 4,07 m 

Assim, o silo deverá ser de 3,32 m de largura do fundo, 4,07 m de largura no


topo, 1,5 m de altura e 73 m de comprimento. 

No cálculo das dimensões do silo de superfície as mesmas fórmulas se aplica-


riam, entretanto, na prática, a largura da base (B) e a altura (A) vão depender
da largura da lona disponível. Para obter-se a quantidade de silagem necessária
varia-se o comprimento do silo (C). Por exemplo, se a lona disponível tiver 8 m
de largura, o silo de superfície deverá ter no máximo 5 m de base (B), 1,5 m de
altura (A) e 4 m de topo (b), para que a lona possa cobri-lo e haja sobra lateral
para prendê-la ao solo.

Para calcular a quantidade de silagem de um silo de superfície pode-se estimar


que em 1 m3 comportará 400 kg de silagem. Assim, um silo de superfície com
as dimensões ditas anteriormente e 10 metros de comprimento poderá arma-
zenar 27 toneladas de silagem (4,5 m de largura x 1,5 m de altura x 10 m de
comprimento).

Na Tabela 4.11 apresenta-se um exemplo de capacidade do silo de armazena-


mento (t) em função da altura e comprimento, considerando largura fixa de 4,5
m e densidade de estocagem média de 600 kg/m³.

O portal do agroconhecimento 141


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Tabela 4.11. Capacidade do silo de armazenamento (t) em função da altura e


comprimento, considerando largura fixa de 4,5 m e densidade de estocagem média
de 600 kg/m³.
Altura do silo, m

Comprimento
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
(m)

Capacidade do silo de armazenamento, t

15 40 60 81 101 121 141

20 54 81 108 135 162 189

25 67 101 135 168 202 236

30 81 121 162 202 243 283

35 94 141 189 236 283 330

40 108 162 216 270 324 378

45 121 182 243 303 364 425

50 135 202 270 337 405 472

4.2.25. Fechamento do silo

Com a chegada da última carga de material picado da lavoura ao silo, a partir


de então, recomenda-se pelo menos uma hora de compactação final com trator
para boa acomodação das partículas ensiladas na porção superior do silo, local
onde maiores perdas são observadas por ocasião do desensilo. Após a com-
pactação final, anexar uma lona de polietileno com espessura mínima de 200
µ sobre o silo, cobrindo-a posteriormente com uma camada mínima de 10 cm
de terra, livre de substâncias estranhas (pedras e cavacos) que possam perfu-
rar a lona, cuja principal função é a de isolante térmico e de proteção a lona e
conseqüentemente à silagem resultante. Outra alternativa viável é o plantio de
árvores nas imediações dos silos de armazenamento, onde a sombra promoverá
maior vida útil da lona utilizada na vedação.

142 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

Com a colocação da lona sobre o silo, promover fixação da mesma e confec-


ção de valetas laterais ao silo para evitar entrada de água (infiltração) no silo.
A vedação do silo é fator essencial, impede a entrada de ar e água, evitando
ocorrência de fermentações indesejáveis e eventuais descartes de silagem após
sua abertura. Outra recomendação diz respeito ao isolamento dos silos de ar-
mazenamento com cercas, impedindo o acesso de animais invasores. Um silo
bem vedado exige que tais recomendações sejam rigorosamente executadas na
prática, considerando-se, porém, que fatores como clima, topografia do lugar,
disponibilidade de mão-de-obra e/ou de equipamentos nem sempre permitem
a realização correta de todos os itens supracitados.

A conservação da massa ensilada deve-se ao meio anaeróbico, acidez e pre-


sença de anti-sépticos. A ausência de oxigênio impede o desenvolvimento de
microrganismos de atividade aeróbica. O abaixamento do pH (3,5 a 3,8) produ-
zido pela formação de ácidos, bem como a produção de anti-sépticos como o
álcool e o gás carbônico, impedem o crescimento também dos microorganismos
anaeróbicos, fazendo cessar a fermentação microbiana e conservando assim a
massa ensilada. Normalmente, o tempo mínimo para que ocorra a estabilização
da fermentação da silagem é de 21 dias, logo, este é o tempo mínimo de fecha-
mento total de um silo.

Tabela 4.12. Efeito do percentual de silagem de milho deteriorada sobre a inges-


tão de matéria seca e a digestibilidade de nutrientes.
Fonte: Bolsen (2006).
Silagem normal:silagem deteriorada (%)
Variável
100:0 75:25 50:50 25:75

Consumo diário de matéria seca, kg/dia

Matéria seca 7,95 a 7,35 a 6,94 bc 6,67 c

O portal do agroconhecimento 143


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Silagem normal:silagem deteriorada (%)


Variável
100:0 75:25 50:50 25:75

Digestibilidade, %

Matéria Orgânica 75,6 a 70,6 b 69,0 b 67,8 b

Proteína Bruta 74,6 a 70,5 a 68,0 b 62,8 c

Fibra em detergente
63,2 a 56,0 b 52,5 b 52,3 b
neutro

Fibra em detergente
56,1 a 46,2 b 41,3 b 40,5 b
ácido
Médias seguidas de letras diferentes na linha, para cada variável, diferem entre si
(P>0,05) pelo Teste Tukey.

A Tabela 4.12 evidencia o impacto que o percentual de silagem de milho deterio-


rada exerce sobre a ingestão de matéria seca e a digestibilidade de nutrientes, re-
forçando assim a importância de um bom fechamento do silo de armazenamento.

4.2.26. Abertura do silo para consumo

Após um período aproximado de 21-25 dias, o silo pode ser aberto para a retira-
da da silagem. Jamais a silagem deve ser contaminada com terra, o que prejudi-
caria seu consumo pelos animais.

O ciclo fermentativo da silagem, de um modo geral, se completa com 21-25


dias. Um silo bem vedado pode conservar a silagem em perfeitas condições por
vários anos. Mas, cuidado: a abertura do silo não é um processo tão simples e
representa uma etapa com grandes possibilidades de perdas. Para evitar dissa-
bores, retire apenas a quantidade de silagem que vai ser oferecida nas próximas
12-16 horas – evitar de fornecer aos animais silagem retirada no dia anterior. As
retiradas diárias devem ser feitas em camadas retas e homogêneas, de modo
que a parte exposta da silagem permaneça sempre regular e intacta. Na entrada
do silo não podem existir agentes contaminantes ou obstáculos de qualquer
natureza e após a retirada diária, fechar bem o silo.

144 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

A determinação correta do consumo diário é de fundamental importância. No


caso de vacas leiteiras o consumo é determinado pelo potencial produtivo de
cada animal individualmente, enquanto que em bovinos de corte confinados, a
determinação de consumo é realizada com base no peso médio do lote e esti-
mativa de ganho de peso diário.

Infelizmente poucos técnicos e produtores realizam a determinação do consumo


diário de silagem, o que implica no rendimento dos animais quando há falta no
fornecimento, e/ou no custo de produção, quando há sobra de silagem no cocho.

Com a maior preocupação em termos de qualidade da silagem obtida e o rendi-


mento dos animais, tem-se procurado quantificar a qualidade e o valor nutritivo
da silagem em termos numéricos e assim possibilitar o seu fornecimento con-
forme variações em qualidade, considerando potencial produtivo individual ou
de grupos de animais.

4.2.27. Desensilagem ou desabastecimento do silo

O processo de fermentação se estabiliza naturalmente a  partir dos 21 dias. A


estabilidade ocorre quando o pH apresenta-se com valores inferiores a 3,8, a
concentração do ácido láctico acima de 6% na MS, cheiro característico e tem-
peratura acompanhando o meio ambiente e/ou com gradiente inferior a 5ºC.
Assim, quando a silagem atinge este ponto, pode-se afirmar que está pronta
para ser consumida.

Após a abertura, fungos, leveduras e bactérias voltam a colonizar a silagem na


parte exposta ao oxigênio, podendo provocar deterioração e produção de calor.
Uma alta susceptibilidade das silagens à deterioração está relacionada com: pe-
ríodo prolongado de enchimento do silo, aeração da massa na ensilagem, teor
elevado de matéria seca, menor compactação e densidade da massa e tempe-
raturas ambientais elevadas.

Considera-se que o método mais efetivo de diminuir as perdas seria a remoção


e fornecimento imediato da silagem aos animais, através da retirada de cama-

O portal do agroconhecimento 145


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

das paralelas de toda a superfície, de 15 a 30 cm por dia de cima a baixo do


silo em camadas retas para deixar a face exposta da silagem bem regular, sem
promover perturbações nas camadas remanescentes. Tal recomendação mostra
que a espessura de remoção é variável, estando esta associada à temperatura
da silagem e do meio ambiente. Sugere-se que a temperatura do centro do pai-
nel do silo não esteja gerando gradientes superiores a 5ºC em relação a demais
posições do painel do silo. Gradiente superiores a 5ºC entre centro do painel e
demais posições indicam perda da estabilidade aeróbia e redução do valor nu-
tritivo da silagem.

Após a retirada diária deve-se ter o cuidado de deixar a face do silo protegida de
chuvas e mesmo dos raios solares, que podem ressecar a silagem e causar di-
minuição no consumo. Uma vez aberto o silo, eliminar as partes escuras ou com
possíveis bolores (fungos) e as partes com cheiro alcoólico, rançoso ou enjoativo,
os quais são característicos de uma fermentação butírica.

De maneira geral, a desensilagem baseia-se na remoção diária de uma fatia


de silagem do painel do silo, exposto ao ar atmosférico, de maneira uniforme e
ininterrupta, tornando-se obrigatório a remoção diária de uma camada superior
a 20 cm.

4.2.28. Máquinas utilizadas na colheita do milho e na


desensilagem

Os índices de qualidade das silagens produzidas no Brasil são abaixo das expec-
tativas do que se poderiam considerar como volumoso conservado de qualidade
satisfatória, onde os rendimentos à campo são freqüentemente baixos e irregu-
lares, fato esse que encarece sobremaneira o custo do alimento preservado e
reduz consideravelmente a disponibilidade de volumoso de alta qualidade para
o rebanho. Dentre os fatores que estão relacionados com tal fato, encontram-
se a mecanização da colheita e do desabastecimento dos silos. As máquinas
nacionais utilizadas para essas atividades, freqüentemente apresentam baixos
rendimentos, resultado de falhas de manutenção e regulagem.

146 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

De maneira geral, quando o produtor opta pela ensilagem de milho, não são
encontrados grandes entraves, pois os modelos de máquinas que realizam o
trabalho de colheita evoluíram com o passar dos anos, porém, alguns pontos
ainda deixam a desejar, como perdas de amido nas fezes por uso de máquinas
que não quebram os grãos.

»» Colheita das plantas: As empresas nacionais fabricantes de colhe-


doras para ensilagem objetivam a associação positiva entre o uso
de máquinas e as exigências nutricionais dos animais, no sentido
de um alimento com menor tamanho de corte e melhor aprovei-
tamento. Entretanto, as máquinas que passaram a desenvolver
tamanho de partícula menor, apresentaram redução na capacida-
de de colheita, que em geral os números obtidos a campo, apon-
tam para 40% do rendimento dos modelos que cortam partículas
maiores, ou seja, se a capacidade de colheita, a exemplo que era
de 30 t/h, esse rendimento para os modelos que picam menor
passou a ser de 12 t/h. Embora ainda com timidez, tem havido
melhora no sistema de picagem das forrageiras, e mais trabalhos
devem ser desenvolvidos com o intuito de se conseguir um mode-
lo com eficiência de colheita e de tamanho de partícula satisfató-
rio, para que haja produção de alimento com qualidade e a custos
mais reduzidos.

»» Desensilagem: A inobservância dos processos de oxidação de nu-


trientes pelos microrganismos aeróbios, e a conseqüente dete-
rioração da silagem após a abertura do silo tem tido pouca im-
portância na prática por se tratar na maioria das vezes de um
problema sub-clínico. Pois, quando as silagens são expostas ao ar,
microrganismos oportunistas iniciam atividade metabólica, produ-
zindo calor e consumindo nutrientes, revelando na retirada e no
fornecimento da silagem aos animais, como um importante dreno
de matéria seca e energia durante o processo de ensilagem.

O portal do agroconhecimento 147


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

No Brasil, parte desse problema, está na dificuldade que o produtor encontra em


adquirir equipamentos que desenvolvam um trabalho considerado ideal durante
o desabastecimento do silo. A remoção de silagem deve ser realizada sem pro-
mover perturbações nas camadas remanescentes. O manejo de retirada poderá
ser auxiliado com o uso de desensiladeiras, que executam o trabalho com preci-
são promovendo o corte do painel no sentido de cima para baixo.

O uso de pás carregadeiras frontais e de garfos hidráulicos não devem ser utiliza-
dos, pois estes equipamentos alavancam toda a estrutura da massa de silagem
criando condições para que o oxigênio se insira tanto no sentido horizontal como
no vertical do silo, aumentando os riscos de depreciação do alimento.

4.2.29. Avaliação do processo de confecção de silagem

Refere-se à determinação das perdas, que devem ser inferiores a 12%. Como se
trata de um volumoso nobre e caro a silagem de milho, os aspectos relacionados
com perdas ganham importância muito grande. As pesquisas têm encontrado
perdas totais superiores a 40%, dependendo do tipo de silo.

Na fase agronômica (fase de produção), as perdas são devidas ao sistema ina-


dequado de corte, solo mal preparado, híbrido não aprovado, adubação incorreta,
colheita fora do ponto ideal de corte, sistema de plantio, sistema de conserva-
ção de solo, etc. Já na fase de ensilagem, existem aquelas perdas inevitáveis,
que são inerentes ao processo de fermentação e que são na realidade perdas
benéficas. Porém, ocorrem perdas evitáveis, ocasionadas pelo transporte inade-
quado (carretas sem conservação e com excesso de material, estradas de difícil
trânsito), corte de tamanho irregular, dificultando a compactação e a descarga,
compactação malfeita, colheita fora do ponto ótimo de corte, tipo de silo, silo
mal vedado e mal protegido, etc. Durante o uso da silagem, têm ocorrido perdas
significativas, provocadas por área de exposição irregular, quantidade de silagem
não guardando relação com as dimensões do silo, transporte do silo para o co-
cho, quantidade por animal acima do necessário e cochos mal dimensionados.

148 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

O importante é realizar a avaliação do processo de confecção de silagem, no


sentido de buscar aperfeiçoamentos no processo, objetivando redução de custos.

4.2.30. Custo benefício do uso de silagem de milho

Durante o processo de produção de silagem vários fatores determinam a ob-


tenção de alta qualidade, entre eles o potencial produtivo e a estabilidade ge-
nética da cultura associado a conservação e ao desensilo adequado da silagem
produzida. Os investimentos financeiros aplicados no planejamento e execução
de lavouras para silagem podem ser desperdiçados, caso não ocorram ações
criteriosas com relação a aspectos ligados processo de confecção de silagem de
milho, por determinar o grau de manutenção do valor nutritivo da silagem, além
de definir o real custo de produção. No sistema de produção de animais, sejam
estes suplementados a pasto, em semi-confinamento ou em confinamento total,
tal situação não é diferente e vários aspectos podem interferir nos objetivos
estabelecidos, entre eles, tipo de instalações, aptidão racial, manejo e condução
dos animais, mas principalmente a qualidade da dieta dos animais.

É muito comum questionar: Porque não produzir silagem de milho? As respostas


são formuladas com base na ineficiência de execução dos pontos importantes
relacionados à implantação e manejo das lavouras e à confecção e o uso da
silagem.

Dentre os maiores questionamentos citam-se:

a) Silagem é um problema de retenção de capital investido na terra;

b) O “Pecuarista” cultiva sem o devido conhecimento e com limita-


ções de máquinas e equipamentos;

c) O “Agricultor” não deseja cultivar para silagem, pois se preocupa


com a saída de K2O do sistema; não possui mão de obra adequa-
da (sem treinamento); necessidade estrutura física (construção de

O portal do agroconhecimento 149


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

silos); tem percepção de perdas e redução do valor nutritivo da


forragem quando o processo é mal conduzido; e a sua aptidão no
setor pecuário é normalmente questionável e/ou competitivo à
agricultura.

De outro lado, poderíamos elencar as vantagens da produção da silagem milho


e seu uso na produção de carne ou leite:

a) Maximiza rendimentos e custos compatíveis, principalmente para


pequenas propriedades agropecuárias;

b) É um volumoso de alto valor nutritivo (categoria: alimento ener-


gético);

c) Possibilita manter constante a produção de leite ou carne em


momentos de estresse ambiental (secas, chuvas, geadas) ou em
momentos que os laticínios (indústria) estabelecem contas de for-
necimento;

d) Abre oportunidades para a terceirização de serviços a campo.

e) Otimiza a produção por unidade de área e produção individual do


animal (permite explorar racionalmente a aptidão genética ani-
mal).

f) Ideal para fornecimento a animais em sistemas de suplementação


em pasto e em sistemas de semi-confinamento ou confinamento
total;

g) Possibilita operacionalidade 100% mecanizada, em muitos locais,


minimizando custos e mão-de-obra;

h) Permite o balanceamento econômico de dietas nutricionais para


os animais, com vistas a maximizar o potencial genético.

150 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

De regra geral, tem-se obtidos bons resultados econômicos quando a implanta-


ção e manejo da cultura do milho tem possibilitado produções de matéria seca
superiores a 16 t/ha (Figura 4.3).

Figura 4.3. Relação entre investimento de lavoura


e custo de produção da silagem de milho.

Os custos de produção de silagem podem ser quantificados de duas maneiras,


utilizando-se o conceito da teoria do custo oportunidade e/ou do custo opera-
cionais (Figura 4.4).

A teoria do custo oportunidade é obtida pela relação do potencial de produção


de grãos da cultura e seu valor de venda de mercado, ou seja, em situação
prática, quanto maior for a valor de comercialização dos grãos de milho e tanto
quanto maior for a produtividade de grãos da cultura, maior será o valor agrega-
do na forma de silagem para alimentação animal.

Já a teoria do custo operacional é o resultado da relação entre o investimento


pratico na condução da cultura (implantação, manejo e colheita) e a produção de
matéria seca por unidade de área, logo, quanto maiores os níveis de produção
de matéria seca/ha, tanto menor será o valor da silagem.

O portal do agroconhecimento 151


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

Figura 4.4. Custos de produção de silagem de milho considerando


as teorias do custo oportunidade e do custo transferência.

Em resumo, a questão teórica não é tão relevante quanto a forma de se calcular


o custo de produção da silagem de milho, o importante é o produtor estar ciente
de seus custos e desafios para obtenção de uma silagem de alta qualidade e alta
resposta bio-econômica animal.

4.3. Dicas práticas ao técnico-produtor para


sucesso na produção de silagem

A silagem é um alimento homogêneo com altos teores de energia e elevados


níveis de matéria seca, a qual está à disposição do produtor para incrementar a

152 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

produtividade dos rebanhos leiteiros. No entanto, é de fundamental importância


a preparação de uma silagem de qualidade a baixo custo.

Para que o uso da silagem milho seja compensador, é importante que o produtor
siga alguns passos antes, durante e depois do processo de confecção da silagem
de milho:

1) Escolha um híbrido de milho comprovadamente recomendado à


aptidão “silagem de planta inteira”, com ampla adaptação à re-
gião de cultivo e à época de plantio a ser realizada, para garantir
potencial de produção e qualidade de matéria seca por unidade
de área;

2) Promova o estabelecimento da lavoura de milho com base em


um programa efetivo de adubação, considerando quantidade de
nutrientes disponíveis no solo, nível de tecnologia do híbrido es-
colhido, etapas críticas de desenvolvimento da planta e produtivi-
dade desejada;

3) Realize manutenção de equipamentos e máquinas (tratores, en-


siladeiras, carretas, ferramentas, lona etc...) antecipadamente à
data de início das atividades de confecção da silagem. Promova
a criação de uma equipe de bons tratoristas e mão-de-obra trei-
nada;

4) Promova planejamento cultural e de colheita, estabelecendo an-


tecipadamente as dimensões dos silos e/ou a produção esperada
da área de cultivo ajustada a capacidade dos silos de armazena-
mento;

5) Para obtenção de boa compactação (> 600 kg/m³ de matéria ver-


de) em todos os pontos do silo, a largura do silo de armazenamen-
to deverá possuir dimensões mínimas de 1,5 a 2 vezes a largura
do rodado do trator utilizado para compactação da massa ensilada;

O portal do agroconhecimento 153


Produção e Utilização de Silagem de
Milho na Nutrição de Ruminantes

6) Demandar maiores cuidados na revisão de facas e pedra afiadora


da ensiladeira e promover afiagem das facas em períodos de 5
horas de trabalho;

7) Utilize de mão-de-obra treinada, experiente e conhecedora do


processo de ensilagem; Realize o corte, transporte e a compac-
tação simultaneamente. Considere a alternativa de fazê-los mais
rapidamente com união entre vizinhos de propriedade ou aluguel
de máquinas.

8) O processo de ensilagem em pequenas propriedades (colheita,


transporte, compactação e vedação) não deverá ultrapassar 36 ho-
ras. Evite interrupções durante o processo de ensilagem;

9) Atenção especial ao ponto correto de colheita das plantas de mi-


lho. A silagem resultante deverá apresentar teores de matéria
seca entre 30 e 37%

10) Distribuía camadas de material picado uniformemente no silo, de


tal forma a propiciar a menor área possível de exposição do painel
de compactação;

11) No período noturno e/ou em condições de precipitação no mo-


mento da ensilagem, a massa ensilada deverá ser protegida com
lona plástica;

12) Após a colocação de cada camada, compacte de lado a lado do silo


uniformemente. Se for silo do tipo de superfície, apare as laterais,
após cada compactação, removendo e remontando a parte mais
fofa;

13) Os silos de armazenamento de silagem devem ser enchidos no


sentido do fundo para a entrada até atingir a altura do fechamento
e o abaulamento máximo possível;

154 IEPEC
Capítulo 4
Produção, confecção e utilização de silagem de milho de alta qualidade

14) Cubra o silo com uma lona de polietileno resistente. Proceda a


vedação final colocando um peso sobre a lona equivalente a uma
camada de 10 cm de terra (80 a 100 kg/m²), afim de expelir o ar
contido na porção superior do silo. Uma segunda lona poderá ser
colocada sobre esta camada de terra, protegendo-a das chuvas e
evitando deslizamentos ou infiltrações de água, fazendo canaletas
ao redor do silo;

15) Cerque o local dos silos de armazenamento de silagem, não per-


mitindo o acesso de animais;

16) A abertura do silo deverá ocorrer após 25 dias de sua vedação.


Após abertura dos silos de silagem, havendo pontos podres ou
com bolores (fungos), estes deverão ser eliminados (não utilizar
na alimentação animal);

17) Retirar diariamente uma fatia de espessura mínima de 15 cm do


painel do silo de forma homogênea;

18) O consumo médio de silagem de milho varia de 1,2 a 1,7% do


peso vivo de um ruminante, ou seja uma vaca de leite de 400 kg
poderá consumir até 35 kg de silagem por dia;

19) A silagem de milho deve ser produzida em função dos objetivos


da propriedade e/ou da categoria animal a ser alimentada;

20) Sempre promova análises bromatológicas da silagem resultante


no processo, a fim de conferir seu valor nutritivo e promover devi-
dos ajustes na próxima safra;

21) Ao final do processo faça uma análise crítica sob aspectos técnicos
e econômico e não repita os erros evidenciados no decorrer do
processo de plantio, manejo e colheita das lavouras, como durante
nos processos de ensilagem e desensilagem.

O portal do agroconhecimento 155


Bibliografia Consultada
BOLSEN, K.K.; BOLSEN, R.E. 2006. Commun silage pitfalls. p.5-13. In: PROC. OF
THEPENN STATE DAIRYNUTRITION WORKSHOP: http:// www.das.psu.edu/dirynu-
trition/education/workshop2006/

CARDOSO, E.G. Gado de corte divulga – Silos, silagem e ensilagem. EMBRA-


PA: boletim técnico, n.2, 1995. 10p.

HUTJENS, M. Selecting corn silage varieties. Disponível em: <hyyp:// dairynet.


outreach.uiuc. edu/fulltest.cfm?section = 1 & document ID = 408> Acesso em
15/01/2006.

LAUER, J. Corn silage and quality trade-offs when changing cutting height. Agron-
omy Advice, 1998. Disponível em: <http://corn.agronomy.wisc.edu/ Publica-
tions/Advice, 1998/Cutting Height Yield. Acesso em: 15/02/2006.

LOURES, D.R.S.; GARCIA, R.; PEREIRA, O.G. et al. Características do efluente e com-
posição químico-bromatológica da silagem de capim-elefante sob diferentes ní-
veis de compactação. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.32, n.6(S2),
p.1851-1858, 2003.

NEUMANN, M.; LUPATINI, G.C. Sistemas de forrageamento e alternativas


para intensificação da produção de carne bovina integrados à lavoura. In:
MELLO, N.A.; ASSMANN, T.S. ENCONTRO DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA NO
SUL DO BRASIL, 1., Pato Branco: CEFET-PR, p.217-243, 2002.

NEUMANN, M.; RESTLE, J.; BRONDANI, I.L. et al. Avaliação de silagens de sorgo
(Sorghum bicolor, L. Moench) e milho (Zea mays, L.) na produção do novilho
superprecoce. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.3, n.3, p.438-
452, 2004.

NEUMANN, M; SANDINI, I.E.; LUSTOSA, S.B.C.; OST, P.R.; ROMANO, M.A.;


FALBO, M.K.; PANSERA, E.R. Rendimentos e componentes de produção da
planta de milho (Zea mays) para silagem em função de níveis de adu-
bação nitrogenada em cobertura. Revista Brasileira de Milho e Sorgo,
Sete Lagoas, v.4, n.3, p.253-260, 2005.

NEUMANN, M. Efeito do tamanho de partícula e da altura de colheita das


plantas de milho (Zea mays L.) sobre perdas, valor nutritivo de silagens
e desempenho de novilhos confinados., 2006, 203p. Tese (Doutorado em
Zootecnia) – Curso de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, 2006.

OLIVEIRA, M.R. Efeito do estádio de maturação na qualidade de silagens


de milho na resposta econômica de novilhos confinados. Guarapuava,
2010, 125p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Curso de Pós-graduação
em Agronomia, Universidade Estadual do Centro Oeste, 2010.

RECOMENDAÇÕES DA COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Recomen-


dações de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina. 3 ed. Passo Fundo, SBCS-Núcleo Regional Sul, 1995. EMBRAPA-
CNPT. 224p.

SENGER, C.C.D.; MUHLBACH, P.R.F.; SÁNCHEZ, L.M.B. et al. Composição química e


digestibilidade “in vitro” de silagem de milho com distintos teores de umidade
e níveis de compactação. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.6, p.1393-1399,
2005.

HEINRICHS, J.; KONONOFF, P.J. Evaluating particle size of forages and TMRs using
the new Penn State Forage Particle Separator. College of Agricultural Sciences
– Cooperative Extension DA 2-42: Pennsylvania State University: 324 Henning
Bulding, Dairy & Animal Science, 14p., 2002. <www.das.psu.edu/teamdairy>

KUNG, L., Jr.; CHEN, J.H.; KRECK, E.M.; K. KNUTSEN, K. Effect of microbial inocu-
lants on the nutritive value of corn silage for lactating dairy cows. Journal Dairy
Science. v.76, n.3763, 1993.
MAHANNA, B. Troubleshooting silage problems. Acessado em 20 de outubro de
1997. Disponível em <http://www.pioneer.com/xweb>.  

McDONALD, P. The biochemistry of silage. Edinburgh: Interscience Publication :


John Willey, 1991. 226p.

MUCK, R.E. Factors influencing silage quality e their implications form manage-
ment. Jornal of Dairy Science, Savoy, v.71, p.2992-3002, 1988.

MUHLBACH, P.R.F. Silagem: Produção com controle de perdas. In: LOBATO, J.F.P.;
BARCELOS, J.O.J.; HESSLER, A.M. Produção de bovinos de corte. Porto Alegre: Pon-
tíficia Universidade Católica, 1999. p.97-120.

PIGURINA, G. Factores que afectan el valor nutritivo y la calidad de fermentacion


de ensilajes. In: Pasturas y produccion animal de áreas organaderia intensiva.
Montevideo: Instituto Nacional de Investigacion Agropecuária, 1991. p.77-92.
(Serie Tecnica, 15).

PITT, R.E; SHAVER, R.D. Processes in preservation of hay and silage. In: DAIRY
FEEDING SYSTEMS SIMPOSIUM, Harrisburg, Pennsilvania, 1990. Proceedings...
Harrisburg: NARES, 1990. p.72-87.

VELHO, J.P. Qualidade nutritiva da silagem de milho (Zea mays, L.) “safrinha” de
planta inteira de diferentes maturidades submetidas a distintos procedimentos
de ensilagem e desensilagem. 147p. 2005. Dissertação (Mestrado em Zootec-
nia) – UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell Univer-
sity Press, 1994. 476 p.

AGUIAR, R.N.S.; CRESTANA, R.F.; BALSALOBRE, M.A.A. et al. Avaliação das perdas
de matéria seca em silagens de capim Tanzânia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIE-
DADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37. 2000. Viçosa. Anais... Viçosa: SBZ, 2000. CD
Room.
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS - A.O.A.C. 1995. Official methods
of analysis. 16.ed. Washington, D.C.: AOAC, 1995. 2000p.

BALSALOBRE, M.A.A., NUSSIO, L.G., MARTHA JUNIOR, G.B. Controle de perdas na


produção de silagens de gramíneas tropicais. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, Piracicaba, Anais... Piracicaba, 2001, p.890-911.

BOLSEN, K.K. Silage Technology. In: AUSTRALIAN MAIZE CONFERENCE, 2., 1996,
Queensland. [Proceedings…] Queensland : Gatton College, 1996. p.1-30.

CRESTANA, R.F., AGUIAR, R.N.S., NUSSIO, L.G. et al. Avaliação das perdas de sila-
gem de capim Tanzânia (Panicum maximum, jacq) pré-secado ou com adição
de polpa cítrica em três tamanhos de partículas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 8, 2000. CD Room.

FITZGERALD, J.J. Grass silage as a basic feed for store lambs. 1. Effect of wilting,
chop length and stage of maturity of grass silage on intake and performance of
store lambs. Grass and Forage Science, Oxford, v.51, p.363-377, 1996.

GUIM, A.; ANDRADE, P.; ITURRINO-SCHOCKEN, R.P. et al. Estabilidade aeróbica


de silagens de Capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum) emurchecido e
tratado com inoculante microbiano1. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,
v.31, n.6, p.2176-2185, 2002.

HAIGH, P.M. Effluent production from grass silage treat with additives and made
in large-scale bunker silos. Grass and Forage Science, v.54, p.208-218, 1999.

HILL, J.; LEAVER, J.D. Changes in chemical composition and nutritive value of urea
treated whole crop wheat during exposure to air. Animal Feed Science and
Technology, v.102, p.181-195, 2002.

HOLMES, B.J.; MUCK, R.E. Factors affecting bunker silo densities. Madison: Univer-
sity of Wisconsin, 1999. 7p.
IGARASI, M.S. Perdas na ensilagem de capim Tanzânia (Panicum maximum,
Jacq.) sob os efeitos do teor de matéria seca, do tamanho de partícula, da es-
tação do ano e da presença de inoculante bacteriano. 2002. 102f. Dissertação
(Mestrado)­– Escola Superior de Agronomia Luis de Queiroz, Universidade Federal
de São Paulo, Piracicaba, 2002.

KEADY, T.W.; STEEN, R.W.J. The effects of treating low dry-matter, low digestibility
grass with a bacterial inoculante on the intake and performance of beef cattle,
and studies on its mode of action. Grass and Forage Science. Oxford, v.50, p.217-
226, 1995.

LAVEZZO, W. Ensilagem do capim-elefante. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PAS-


TAGEM, 10., 1992, Piracicaba. Anais...Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários
“Luiz de Queiroz”, p.169-275, 1992.

MARTHA JUNIOR, G.B.; NUSSIO, L.; BALSALOBRE, M.A.A. Produção de silagem de


gramíneas tropicais: conceitos básicos e aplicados. Departamento de Produção
animal/Centro de Treinamento de recursos Humanos, ESALQ/USP, piracicaba,
2000. 35p.

NEUMANN, M. Caracterização agronômica quantitativa e qualitativa da planta,


qualidade de silagem e análise econômica em sistema de terminação de novi-
lhos confinados com silagem de diferentes híbridos de sorgo (Sorghum bicolor,
L. Moench). 208f. 2001. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Curso de Pós-
graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria, 2001.

NEUMANN, M.; MÜHLBACH, P.R.F.; NÖRNBERG, J.L.; et al. Efeito do tamanho de


partícula e da altura de colheita das plantas de milho (Zea mays L.) sobre perdas
durante o processo fermentativo e período de utilização das silagens. Revista
Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.36, n.5, p.1395-1405, 2007.

NUSSIO, L.G. Cultura do milho para produção de silagem de alto valor alimentício.
In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C. de; FARIA, V.P. de (Ed.) SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO
DE BOVINOS, 4., 1991, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ. 1991. p.59-168.
NUSSIO, L.G.; ZOPOLLATO, M.; MOURA, J.C. Milho para a silagem. Anais... Piraci-
caba: FEALQ, 2001. 127 p.

PESCE, D.M.C.; GONÇALVES, L.C.; RODRIGUEZ, N.M. et al.. Porcentagem, perda e


digestibilidade “in vitro” da matéria seca das silagens de 20 genótipos de sorgo.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária Zootecnia, v.52, n.3, p.250-255, 2000

PHUNTSOK, T.; FROESTSCHEL, M.A.; HUANG, Y.W. et al. Apparent reticulo-ruminal


passage of biogenic amines in silage and their relationship to intake of cattle.
Site: http//www.ads.uga.edu/anrpt/1996/96_143 htm.

REIS, R.A.; JOBIM, C.C. Perfil da fração de carboidratos da planta e adequação de


aditivos no processo de ensilagem. In: WORKSHOP SOBRE MILHO PAR SILAGEM,
2. Piracicaba, 2001. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2001. p.27-52,

RUPPEL, K.A.; PITT, R.E.; CHASE, L.E. Bunker silo management and its relationship
to forage preservation on dairy farms. Journal of Dairy Science. v.78, n.141-155,
1995.

VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Symposium: Carbohydrate methodo-
logy, metabolism, and nutritional implications in dairy cattle. Methods for dietary
fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal
nutrition. Journal of Dairy Science, Savoy, v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.

VILELA, D.; RESENDE, J.C.; ASSIS, A.G. Custos das perdas que ocorrem durante a
produção e utilização de silagem. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE ZOOTECNIA, 35, Botucatu, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998, p.583-584.

ZIMMER, E. Das wirtschaftseigene futter. v.13, n.271-286. 1967.

WATSON, S.J., NASH, M.J. The conservation of grass and forage crops. Oliver and
Boyd, Edinburgh. 1960.
WILLIAMS, A. G.; HOXEY, R. P.; LOWE; J. F. Changes in temperature and silo gas
composition during ensiling, storage and feeding-out grass silage. Grass and
Forage Science, v.52, p.176-189, 1997.

BELEZE, J.R.F.; ZEOULA, L.M.; CECATO, U. et al. Avaliação de cinco híbridos de milho
(Zea mays, L.) em diferentes estádios de maturação. 2. Concentração dos com-
ponentes estruturais e correlações. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,
v.32, n.3, p.538-545, 2003.

BERTO, J. L.; MÜHLBACH, P. R. F.; SANTOS, A. C. Qualidade da silagem de milho


em unidades de produção de leite no Rio Grande do Sul. Anais da XXXV
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, vol. II – Forragicultura, Botu-
catu, SP, p.206-208. 1998.

BOLSEN, K.K. 1996. Silage Technology. In: The 2nd Australian Maize Conference,
p.1-30.

BRONDANI, I.L. Efeito das Dietas contendo cana de açúcar ou silagem de milho
no desempenho de novilhos em confinamento e nas características de carcaça.
UFSM – Dissertação (Mestrado em Zootecnia), Santa Maria, 1994, 114 p.

CAETANO, H. Avaliação de onze cultivares de milho colhidos em duas al-


turas de corte para produção de silagem, 2001, 178p, Tese (Doutorado em
Zootecnia) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual
Paulista, Jaboticabal, 2001.

DLG – Deutsche Landwirtschafts-Gesellschaft e. V. 2001) Struktur- und Kohlenhy-


dratversorgung der Milchkuh. DLG-Information 2/2001, Frankfurt a.M., 46p.

ERDMAN, R. Silage fermentation - Characteristics affecting feed intake. In: Silage


Production From Seed to Animal. Proceedings from the National Silage Pro-
duction Conference, New York, 1993. p.210-219.
FONTANELI, R. S.; DÜRR, J. W.; SCHEFFER-BASSO, S. M.; HAUBERT, F.; BORTOLINI, F.
Validação do método da reflectância no infravermelho proximal para análise de
silagem de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.594-598. 2002

FREITAS, E. A. G. DE; DUFLOTH, J. H.; GREINER, L. C. Tabela de composição quí-


mico-bromatológica e energética dos alimentos para animais ruminan-
tes em Santa Catarina. Florianópolis, EPAGRI, 333p. 1994.

GOMES, M. de S. Valor genético de linhagens de milho na produção e di-


gestibilidade da silagem. 2003. 135p. Tese (Doutorado em Genética e Melho-
ramento de Plantas) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.

HUNT, C.W.; KEZAR, W.; HINMAN, D.D. et al. Effects of hybrid and ensiling and
without a microbial inoculant on the nutritional characteristics of whole plant
corn. Journal of Animal Science, v.71, n.1, p.38-43, 1992.

JOHNSON, L. M.;HARRISON, J.H.; DAVIDSON, D. J. et al. Corn silage management I:


Effects of hybrid, maturity, and mechanical processing on chemical and physical
characteristics. Journal Dairy Scienci. v.85, n.4, p.833–853, 2002.

LAVEZZO, W.; LAVEZZO, O.E.N.; CAMPOS NETO, O. Estádio de desenvolvimento do


milho. Efeito sobre a produção, composição da planta e qualidade da silagem.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.26, n.4, p.675-682, 1997.

LATIN AMERICAN TABLES OF FEED COMPOSITION. Florida: University of Florida,


1974. p.11-16.

LAUER, J.G.; COORS, J.G.; FLANNERY, P.J. Forage yield and quality of corn cultivars
developed in different areas. Crop Science, v.41, p.1449-1455, 2001.

LOPES, N.F.; MAESTRI, M. Crescimento, morfologia, partição de assimilados e pro-


dução de matéria seca do milho (Zea mays L.) cultivado em três densidades
populacionais. Revista Ceres, v.28, n.157, p.268-288, 1981.
MEYER, H. ; BRONSCH, K.; LEIBETSEDER, J. Supplemente zu Vorlesungen und Ü
bungen in der Tierernä hrung. Verlag M. e H. Schaper, Hannover, 1989.

NEUMANN, M.; RESTLE, J.; COSTA, E. C. da et al. Silagens de diferentes híbridos de


milho (Zea mays, L.) avaliados pelo desempenho de bezerros confinados. Revista
Brasileira da Agrociência, Pelotas, v.9, n.3, p.263-268, 2003.

NRC – National Research Council 2001 Nutrient Requirements of Dairy Cattle –


Seventh revised edition, National Academy Press, Washington, 381 p.

NUSSIO, L,G,; MANZANO, R,P, Silagem de milho, In: Simpósio sobre Nutrição de
Bovinos: Alimentação suplementar, 7. Piracicaba, 1999. Anais... Piracicaba, FE-
ALQ, 1999. p.27-46.

PAZIANI, S.L.; DUARTE, A.P; NUSSIO, L.G. et al. Características agronômicas e bro-
matológicas de híbridos de milho para produção de silagem. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.38, n.3, p.411-417, 2009.

PILLAR, R.C.; RESTLE, J. SANTOS, G.L.; SILVA, J.H.S. Silagens de Milho (Zea Mays) ou
capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) cv. Napier para alimentação de
terneiros de corte confinados. Ciência Rural, v.24, n.2, p. 387-392. 1994.

RESTLE, J.; SOUZA. E.V.T.; NUCCI, E.P.D.; SILVA, J.H.S. Performace of catle and buffalo
fed with different sources of roughage. In: WORLD BUFFALO CONGRESS, 4º: São
Paulo, 1994. v.2, p. 301-303

RITCHIE, S.W.; HANWAY, J.J.; BENSON, G.O. Como a planta de milho se desen-
volve. Potafos: Arquivo Agrônomo, n.15, 2003, 20p. (Informações Agronômicas,
n.103 – setembro/2003).

SATTER, L. D.; REIS, R. B. 1997 Milk production under confinement conditions –


disponível em: http://www.sbz.org.br/anais1997/Simp/palest10.pdf , acessa-
do em 03/02/2003
SILVA, L. F. P. e Avaliação de características agronômicas e nutricionais de híbridos
de milho para silagem. 1997. 98 p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo.

SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: Métodos químicos e bioló-


gicos. 3.ed. Viçosa:UFV, 2009. 235p.

SILVA, L.C., RESTLE, J. Avaliação do Milho (Zea mays) e do sorgo (Sorghum bicolor
(L.) Moench) para a produção de silagem. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA. DE ZOOTECNIA, 30: Rio de Janeiro, 1993. Anais.... p. 467. 1993.

THAYSEN, J. Spitzensilagen und wie man sie macht. In: Fuetterung der
10.000-Liter-Kuh, Erfahrungen und Empfehlungen fuer die Praxis. DLG-
Verlags-GmbH, p. 103-126, 1999

Valadares Fº. S.C.; Rocha Jr., V.R.; Cappelle, E.R.; 2001. Tabelas brasileiras de
composição de alimentos para bovinos – CBQAL 2.0. Viçosa, UFV, 297p.

THOMAS, E.D.; MANDEBVU, P.; BALLARD, C.S. et al. Comparison of corn silage hy-
brids for yield, nutrient, composition, in vitro digestibility, and milk yield by dairy
cows. Journal Dairy Science, v.84, p.2217-2226, 2001.

WALDO, D. R. Potential of chemical preservation and improvement of forages.


Journal of Dairy Scince, v. 60, p. 306 - 326, 1976.

VAN SOEST, P.J. Development of a comprehensive system of feed analysis and


its applications to forage. Journal Animal Science, v.26, n.1, p.119-128, 1967.

VAN SOEST, P.J.; ROBETSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral
detergent fiber and non-starch polysaccharides in relation to animal nutrition.
Journal Dairy Science, v.74, p.3583-3597, 1991.
VANDEHAAR M. J. SYMPOSIUM: EFFICIENCY OF PRODUCTION - Efficiency of nutrient
use and relationship to profitability on dairy farms. Journal of Dairy Science,
v.81, p.272-282, 1998

VILELA, H. H Cultivares de milho ensiladas em diferentes estádios de ma-


turidade. 2006. 102f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade
José do Rosário Vellano, Alfenas, 2006.

ZOPOLLATTO, M. Avaliação do efeito da maturidade de cultivares de milho


(Zea mays L.) para silagem sobre a produtividade, composição morfo-
lógica e valor nutritivo da planta e seus componentes. 2007. 210f. Tese
(Doutorado em Agronomia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Piracicaba, 2007.


Professor autor
Mikael Neumann

Engenheiro Agrônomo pela UTFPR (Universidade Tecnológica


Federal do Paraná, Pato Branco-PR). Mestre em Produção Animal
pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria-
RS). Doutor em Zootecnia pela UFRGS (Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre-RS). Professor Adjunto da
UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro Oeste, Guarapuava-
PR).

Professor do Curso de Mestrado “Stricto Sensu” em Produção


Vegetal da UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro Oeste,
Guarapuava-PR).

Assessor de várias propriedades rurais da região Sul do Brasil na


área de produção de ovinos, bovinos de leite e de bovinos de
corte com ênfase em Produção Animal: Manejo, Alimentação e
Nutrição de Ruminantes e Planejamento Forrageiro.

Consultor de Revistas Científicas (Revista Brasileira de Zootecnia –


UFV, Viçosa-MG; Ciência Rural, UFSM, Santa Maria-RS; Ambiência
- UNICENTRO, Guarapuava-PR e Ciência Animal Brasileira – UFG,
Goiânia-GO)
O Instituto de Estudos Pecuários é um portal que busca
difundir o agroconhecimento, realizando cursos e palestras,
tanto presenciais quanto online. Mas este não é nosso único
foco. Com o objetivo principal de levar conhecimento à
comunidade do agronegócio, disponibilizamos conteúdos
gratuitos, como notícias, artigos, entrevistas entre outras
informações e ferramentas para o setor.

Através dos cursos on-line, o IEPEC oferece a oportunidade


de atualização constante aos participantes, fazendo com
que atualizem e adquiram novos conhecimentos sem
ter que gastar com deslocamento ou interromper suas
atividades profissionais.

www.iepec.com

Anda mungkin juga menyukai