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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Caracterização das litologias e patologias


da Sé de Lamego
Um estudo sobre alteração em monumentos graníticos

TESE DE DOUTORAMENTO EM

CIÊNCIAS DA TERRA E DA VIDA

BÁRBARA CLÁUDIA CABRAL ALVES MACHADO

VILA REAL, 2012


Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes
e Alto Douro para obtenção do grau de Doutor em Ciências
da Terra e da Vida de acordo com o artigo 29º do Decreto-
Lei nº 74/2006, de 24 de março, com as alterações
introduzidas pelos Decreto-Lei nºs 107/2008, de 25 de junho,
e 230/2009, de 14 de setembro.

Orientação:
Prof. Doutora Maria Elisa Preto Gomes
(Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

Co-orientação:
Prof. Doutor Luís Manuel de Oliveira e Sousa
(Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)

Prof. Doutora Guilhermina Miguel da Silva Marques


(Departamento de Agronomia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
Dedico este trabalho aos meus pais, que para além de pão para a boca,
sempre me deram doces para o coração.
AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Esta dissertação não teria sido possível de realizar e concretizar sem a ajuda valiosíssima de
algumas pessoas e instituições, por isso aqui fica a minha eterna estima e perpétuo
agradecimento:

À Professora Doutora Elisa Preto Gomes, que continua a ser, pelo seu profissionalismo,
competência e sabedoria, uma referência na Geologia com a qual é um orgulho trabalhar.

Ao Professor Doutor Luís Manuel Oliveira Sousa, por ser exigente e rigoroso, mas também
disponível e amável.

À Professora Doutora Guilhermina Miguel da Silva Marques, por ser paciente e generosa a
ensinar, e dedicada e empreendedora no labor.

Aos três agradeço ainda o apoio bibliográfico, os esclarecimentos e a atenta orientação.

À Professora Doutora Margarida Maria Correia Marques, responsável pela EMA.

Ao Professor Doutor João Carlos Andrade Santos, pelas sugestões e revisão do texto.

A todos os (notáveis) professores do Departamento de Geologia da UTAD e aos (excelentes)


funcionários do Laboratório de Geologia.

À Diana e ao Lav Sharma, pelo seu contributo no trabalho laboratorial relativo à identificação
dos fungos.

À UTAD pelo apoio logístico e financeiro.

A todos os professores da área de Petrologia e Geoquímica do Departamento de Geologia da


Universidade de Oviedo, por mais uma vez terem acolhido o meu trabalho e colaborado nesta
investigação.

i
AGRADECIMENTOS

À Universidade da Beira Interior, na pessoa do Professor Doutor Luís Manuel Ferreira Gomes,
pela cedência da unidade de medição das ondas P.

À Eng.ª Lisete Fernandes, da Unidade de Microscopia Eletrónica da UTAD, e à Dr.ª Elsa


Ribeiro, do Laboratório de Caracterização de Materiais da Universidade do Minho, pela captura
das imagens no MEV.

Ao LNEG, na pessoa da Eng.ª Fernanda Guimarães, pelas imagens e análises na microssonda.

Este trabalho foi co-financiado, no que respeita à aquisição de alguns dados e impressão da
tese, pelo Estado Português através da FCT - Fundação para a Ciência e a Tecnologia no
âmbito do projeto PEst-OE/CTE/UI0073/2011. Aqui fica o meu agradecimento.

À Direção Regional de Cultura do Norte/Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e


Arqueológico, na pessoa do Dr. Jorge da Costa (arquiteto). Agradeço ainda ao Eng. Fernando
Pádua Azevedo.

Ao Sr. Padre José Manuel dos Santos Ferreira e ao Sr. Rogério Oliveira da Silva (sacristão)
pela forma prestável com que abriram as “portas” da Sé de Lamego a este estudo.

À Câmara Municipal de Lamego, em particular ao Eng. António José Macedo Pina, cuja
dedicação a esta investigação ultrapassou, demasiadas vezes, as suas competências
camarárias.

Ao Museu de Lamego, pela bibliografia cedida.

Ao Sr. Joaquim Bernardes, proprietário do “Eleclerc” de Lamego, pela oferta das amostras.

À empresa “José Miguel e António Dias Lourenço – extração de saibro, areia e pedra britada”,
(Valdigem), pela oferta das amostras.

À empresa “VR Granitos Unipessoal Lda.”, na pessoa do Eng. Pinto, pelo corte dos provetes.

À empresa “Transgranitos”, pela oportunidade de trabalhar no seu Centro de Investigação e


Desenvolvimento.

À EDP, pela cedência da plataforma elevatória, em particular ao Sr. Vitor Ferreira e ao Sr.
Carlos Oliveira, por terem manobrado o aparelho.

ii
AGRADECIMENTOS

À Diretora da Escola Secundária de Arouca, Dr.ª Adília Cruz, pela forma como acolheu desde o
início este projeto e sempre se mostrou colaborante.

Aos colegas de profissão que me ampararam durante estes três anos e foram sempre uma
preciosa fonte de motivação. Agradeço particularmente aos colegas do Grupo Disciplinar 520 –
Biologia e Geologia da ESA, que participaram na oficina de formação e contribuíram
diretamente para a elaboração dos materiais didáticos aqui apresentados, e ao Tó Zé, que por
culpa das suas celestiais capacidades informáticas, foi incomodado inúmeras vezes.

À Dr.ª Ana Paula Teixeira de Sousa, o meu Mestre Ioda.

A todos os meus amigos, que por serem muitos me é impossível enumerar.

Ao Silvino, à Aldina, à Catarina e ao Daniel, por me receberem na sua casa e acolherem nas
suas vidas. Sabe bem pertencer à família Santos.

À Raquel e ao Ricardo, por (tantas e tantas vezes) ouvirem, sem nunca protestarem.

Aos meus rebentos: Dinis, Salomão e Laika, que me derramam de orgulho.

Ao meu marido Joaquim, que é o restauro (constante, tranquilo e atencioso) do meu


decaimento. Muitas vezes manifestei mau feitio, falta de paciência e alguma irritabilidade, pelo
que lhe peço as mais sinceras desculpas.

iii
RESUMO

RESUMO

A Sé de Lamego é um dos monumentos mais emblemáticos da cidade. O edifício, cuja génese


se reporta ao século XII, sofreu várias intervenções ao longo dos diferentes bispados, o que
explica a variedade de estilos presentes atualmente. Na sua construção foram utilizadas, pelo
menos, cinco rochas graníticas que afloram na região: granito de Lamego, granito de Várzea de
Abrunhais, granito de Valdigem, granito das Meadas e um aplito.

O estudo petrográfico revelou que todas as litologias em estudo apresentam alguns aspetos de
alteração hidrotermal e meteórica, com a presença de minerais secundários, de deformações
intercristalinas e de fissuras intra e intergranulares. A caracterização petrofísica e dinâmica
confirmou o estado de meteorização de todas as rochas e possibilitou o estudo do seu meio
poroso. Essa caracterização foi feita através da determinação de várias propriedades,
nomeadamente a densidade, a porosidade, a absorção de água por imersão à pressão
atmosférica, a capilaridade e a velocidade de propagação das ondas P.

No sentido de aferir a alterabilidade destes materiais pétreos foram ainda levados a cabo
ensaios de envelhecimento acelerado: ensaio de resistência à cristalização de sais, ensaio de
resistência ao envelhecimento por choque térmico e ensaio de alteração da cor.

A identificação e caracterização química dos minerais de sais solúveis do extrato solúvel de 25


amostras recolhidas na superfície das pedras de alvenarias do edifício da Sé de Lamego
revelou a predominância cloretos e nitratos, de cálcio e sódio, surgindo ainda raros sulfatos. O
cloreto de sódio cristaliza sob a forma de halite e o sulfato de cálcio sob a forma de gesso. A
origem destes sais deve-se, sobretudo, à ascensão de soluções salinas.

No monumento em estudo é possível observar várias patologias, que são responsáveis, quer
pelos danos gravosos nalgumas alvenarias, quer pelo denegrir da sua beleza estética e
arquitetónica. A partir do mapeamento cartográfico concluiu-se que a colonização biológica é a
forma de alteração dominante, seguida de alterações cromáticas, pátinas, crostas negras,
placas, desagregação granular, filmes negros e fissuras.

v
RESUMO

No estudo mineralógico destas patologias, com recurso à microscopia eletrónica de varrimento,


foi atestada a presença dos minerais de sais solúveis, como o gesso, a halite e a calcite, sendo
possível ainda correlacionar, devido à observação de cinzas volantes, a origem das crostas
negras e das pátinas com a deposição de poluentes.

A colonização biológica, dominada por líquenes, constituiu um aspeto relevante no empobrecer


da imagem deste imóvel. Através de análises moleculares, e tendo por base a amostragem de
27 espécies liquénicas, foi possível identificar 15 espécies de fungos colonizadores do
monumento. Os géneros Phoma, Epicoccum e Alternaria foram os mais comuns. Estes
microrganismos, sendo endolíticos, são responsáveis por processos de meteorização física por
penetração das suas hifas, e por uma ação bio-corrosiva, devido à secreção de ácidos
orgânicos.

Na salvaguarda dos marcos históricos, culturais e religiosos de cada território é preponderante


o papel cívico dos jovens. A preocupação destes pela perda insanável do património poderá ser
fomentada a partir do interesse despertado nas escolas pelas Geociências. Cabe aos
professores atualizar conhecimentos e práticas – através da formação contínua - por forma a
melhor traduzir a informação científica e assim viabilizar a concretização deste objetivo.

vi
ABSTRACT

ABSTRACT

The Cathedral of Lamego is one of the most emblematic monuments of the town. The building,
dating back to the twelfth century, underwent several interventions over the different dioceses,
which explains the current variety of styles. At least five granitic rocks that outcrop in the region
were used in its construction: granite from Lamego, granite from Várzea de Abrunhais, granite
from Valdigem, granite from Meadas and an aplite.

The petrographic study revealed that all these lithologies present some evidence of
hydrothermal alteration and also meteoric action, such as the presence of secondary minerals,
intercrystal deformations and intra and intergranular fractures. The petrophysics and dynamic
characterization confirmed the degree of weathering of all the rocks and allowed the study of
their porous network. That characterization was done through the determination of several
properties, namely: density, porosity, free absorption, capilar transmission, and velocity of the P
waves propagation.

In order to assess the alterability of these stones, accelerated weathering tests were also carried
out: resistance to crystallization of salts, resistance to ageing by thermal shock and a color
change testing.

The identification and chemical characterization of salt soluble minerals in the soluble extract of
25 samples taken at the surface of stones of the building revealed the predominance of
chlorides and nitrates, of calcium and sodium, and rare sulfates. Sodium chlorite crystalizes in
the form of halite and calcium sulfate in the form of gypsum. The origin of these salts is due
mainly to the underground waters that ascend by capillarity through the walls.

At the monument it is possible to observe several types of weathering forms which are
responsible, either for some significant damage in the masonry, or for denigrating their aesthetic
and architectural beauty. From the cartographic mapping it was possible to conclude that the
biological colonization is the dominant weathering form, followed by color changes, patinas,
black crusts, plates, granular disintegration, black films and fissures.

vii
ABSTRACT

In the mineralogical study of these weathering forms, using electronic microprobe, evidence of
the presence of soluble salts such as gypsum, calcite and halite, was found, making it also
possible to correlate the origin of black crusts and patinas with the deposition of pollutants due
to the observation of fly ash.

The biological colonization, dominated by lichens, is an important aspect in the impoverishing of


this building image. Through molecular techniques, and based on sampling of 27 species of
lichens, it was possible to identify fifteen fungal species colonizing the monument. Phoma,
Epicoccum and Alternaria genera were the most common. These microorganisms being
endolithic, are responsible for physical weathering truth the penetration of their hyphal, and for a
bio-corrosive action due to the excretion of organic acids.

Safeguarding some of the historic, cultural and religious milestones of each territory should be
considered a preponderant civic role of youth. The concern for the irreparable loss of heritage
could be enhanced through the interest motivated by schools for the Geosciences. Teachers will
have to update their knowledge and practices - through training – so that they can translate
scientific information better and thus enable the achievement of this goal.

viii
ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS i

RESUMO v

ABSTRACT vii

ÍNDICE GERAL ix

ÍNDICE DE FIGURAS xxv

ÍNDICE DE TABELAS xxix

LISTA DE ABREVIATURAS xxxii

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1

1.1 Introdução geral 1


1.2 Objetivos 4
1.3 Metodologias 4
1.3.1 Trabalho de campo 4
1.3.2 Trabalho laboratorial 6
1.3.3 Aplicação cientifico-didática da investigação 7
1.3.4 Pesquisa e análise bibliográfica 8
1.4 Organização da dissertação 8

ix
ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO II: ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS


11
GERAIS

2.1 Introdução. 11
2.2 O clima 15
2.3 A água 18
2.4 Os sais 19
2.5 Os contaminantes atmosféricos 21
2.6 Os seres vivos 23
2.6.1 Bactérias 24
2.6.2 Fungos 26
2.6.3 Líquenes 27
2.6.4 Plantas 30
2.6.5 Animais 31

CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO 33

3.1 Contexto histórico 33


3.2 Contexto geográfico 36
3.3 Contexto climático 39
3.4 Contexto geológico 46
3.4.1 Granito biotítico de Lamego 50
3.4.2 Granito de duas micas de Várzea de Abrunhais 51
3.4.3 Granitos moscovíticos de Valdigem e das Meadas 51
3.4.4 Aplito 52

x
ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO IV: CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA


MINERAL 53

4.1 Introdução 53
4.2 Granito de Lamego 54
4.3 Granito de Várzea de Abrunhais 57
4.4 Granito de Valdigem e granito das Meadas 61
4.5 Aplito 65
4.6 Cartografia das litologias na Sé de Lamego 67

CAPÍTULO V: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS 77

5.1 Introdução 77
5.2 Metodologia 78
5.3 Propriedades petrofísicas 80
5.3.1 Densidade aparente, densidade real e porosidade aberta 80
5.3.2 Absorção de água por imersão à pressão atmosférica 86
5.3.3 Absorção de água por capilaridade 90
5.4 Propriedades dinâmicas 93
5.4.1 Velocidade de propagação das ondas P 93

CAPÍTULO VI: ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL 101

6.1 Introdução
101
6.2 Metodologia
102
6.3 Ensaio de resistência à cristalização de sais
103
6.4 Ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico
111
6.5 Ensaio de alteração da cor
118

xi
ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO VII: CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO 129

7.1 Introdução 129


7.2 Cartografia das patologias 133
7.2.1 Alteração cromática 142
7.2.2 Pátinas 144
7.2.3 Filmes negros 147
7.2.4 Crostas negras 150
7.2.5 Colonização biológica 153
7.2.6 Desagregação granular 156
7.2.7 Placas 160
7.2.8 Fissuras/Fraturas 162
7.3 Identificação e caraterização química dos minerais de sais solúveis 163
7.3.1 Análise química dos minerais de sais solúveis 168
7.3.2 Análise microscópica de material desagregado 175
7.4 Dureza de Schmidt 190

CAPÍTULO VIII: IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE


LAMEGO 197

8.1 Introdução 197


8.2 Metodologia 199
8.3 Resultados e discussão 205

CAPÍTULO IX: APLICAÇÃO CIENTÍFICO-DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO 215

9.1 Introdução 215


9.2 Pertinência da oficina de formação 216
9.3 Objetivos da oficina de formação 218
9.4 Conteúdos abordados na oficina de formação 219
9.5 Avaliação dos formandos 220

xii
ÍNDICE GERAL

CAPÍTULO X: CONCLUSÕES 223

BIBLIOGRAFIA 231

ANEXOS 259

ANEXO A: Composição das soluções utilizadas no trabalho laboratorial de


identificação das espécies fúngicas. 259

ANEXO B: Recursos relativos à Unidade Didática “Dinâmica externa da Terra”


(Ciências Naturais – 7º ano). 263

ANEXO C: Recursos relativos à Unidade Didática “A Geologia, os geólogos e os


seus métodos” (Biologia e Geologia – 10º ano). 289

ANEXO D: Recursos relativos à Unidade Didática “Processos e materiais


geológicos importantes em ambientes terrestres” (Biologia e Geologia – 11º ano). 309

xiii
ÍNDICE DE FIGURAS

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1: Alterabilidade geoquímica de alguns minerais (adaptado de Ollier,


1975). 14

Figura 2.2: Diagrama das fronteiras climáticas das regiões morfogenéticas de


Peltier (1950) (adaptado de Ollier, 1975 e Fowler & Petersen, 2004). 16

Figura 2.3: Diagrama de Peltier (1950) relativo à importância da meteorização


física e química em função da temperatura e da precipitação (adaptado de Fowler
& Petersen, 2004). 17

Figura 2.4: Diferentes formas de crescimento dos líquenes na pedra: a) crustácea;


b) foleácea; c) fruticulosa; d) endolítica (adaptado de Lisci et al., 2003). 28

Figura 3.1: Fachada principal (W) da Sé de Lamego. 33

Figura 3.2: a) Claustros da Sé de Lamego; b) Planta da Sé de Lamego


(http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6431
[15/05/2012]). 35

Figura 3.3: a) Pinturas de Nicolau Nasoni; b) Altar-mor. 36

Figura 3.4: a) Localização de Lamego no distrito de Viseu (http://www.cm-


lamego.pt 04/11/2010); b) Freguesias do concelho de Lamego
(http://viajar.clix.pt/mapas.php?c=109&lg=pt&w=lamego [15/05/2012]). 37

Figura 3.5: Percurso do rio Coura: a azul está representado o curso do rio a
descoberto e a vermelho o curso subterrâneo. No ponto 1 localiza-se a Sé de
Lamego e no ponto 2 localiza-se o Museu de Lamego. 38

Figura 3.6: Estação meteorológica automática (EMA). 41

xv
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.7: 1 - Localização da Sé de Lamego (41º05’47.73’’N/7º48’24.35’’O); 2 -


Localização dos jardins do antigo Mercado Municipal de Lamego
(41º05’51.02’’N/7º48’33.59’’O). 41

Figura 3.8: Gráfico dos valores da temperatura do ar (°C) da cidade de Lamego,


entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev = fevereiro; Mar =
março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto; Set =
setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez = dezembro; Tmax = temperatura
máxima; Tmd = temperatura média; Tmin = temperatura mínima) 42

Figura 3.9: Gráfico dos valores da humidade relativa (%) na cidade de Lamego,
entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev = fevereiro; Mar =
março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto; Set =
setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez = dezembro; HRmax = humidade
relativa máxima; HRmd = humidade relativa média; HRmin = humidade relativa
mínima). 42

Figura 3.10: Gráfico dos valores de velocidade do vento (m/s) na cidade de


Lamego, entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev = fevereiro;
Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto; Set =
setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez = dezembro; VV = velocidade
média do vento; VVmax = velocidade máxima do vento). 43

Figura 3.11: Gráfico das anomalias da temperatura da cidade de Lamego,


registadas entre março de 2011 e fevereiro de 2012, relativamente à média das
temperaturas mensais em Viseu e Vila Real (Jan = janeiro; Fev = fevereiro; Mar =
março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto; Set =
setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez = dezembro). 44

Figura 3.12: Enquadramento da região de Lamego nas unidades geotectónicas da


Península Ibérica (segundo Ribeiro, 2006). 46

Figura 3.13: Distribuição dos granitóides variscos sin-D3 e tardi a pós-D3 no


Centro e Norte de Portugal (segundo Azevedo & Aguado, 2006). 47

xvi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.14: Mapa geológico simplificado da região de Lamego, extraído das folhas
nº 2 e 4, da Carta Geológica de Portugal, escala 1:200 000, gentilmente cedido
pelo LNEG. 48

Figura 3.15: Excertos das Cartas Militares de Portugal, escala 1:25 000 (1984), a)
Folha 126 - Peso da Régua e b) Folha 137 - Lamego, com a localização dos
pontos de amostragem: 1 – Granito de Várzea de Abrunhais (GVA)
(41°4'35.08"N/7°46'32.18"W); 2 Granito de Valdigem (GV)
(41°6'7.79"N/7°49'38.55"W); 3 - Granito das Meadas (GM)
(41°7'59.82"N/7°47'1.78"W); 4 – Granito de Lamego são (GLS) e aplito
(41°5'9.66"N/7°47'37.47"W); 5 – Granito de Lamego alterado (GLA)
(41°5'16.60"N/7°48'7.53"W). 49

Figura 4.1: Aspetos petrográficos do granito de Lamego (GLS e GLA): a)


Agregados policristalinos de quartzo (Q) e plagioclase (P) com macla da albite,
fraturada, inclusão de biotite (B) (NX); b) Plagioclase (P) zonada com o centro
saussuritizado (NX); c) Imagem de eletrões retrodispersados mostrando o
preenchimento de fissuras intergranulares na plagioclase (P) com calcite (C); d)
Imagem de eletrões retrodispersados mostrando a biotite (B) com inclusões de
apatite (Ap) e alanite (A), e fissuras com preenchimento de ilmenite (I); e) Biotite
(B) anédrica e alanite (A) (NX); f) Clorite (Cl) derivada da biotite, fraturas
transgranurares a afetar grãos de quartzo (Q) e plagioclase (P). 58

Figura 4.2: Aspetos petrográficos do granito de Várzea de Abrunhais: a) Quartzo


(Q) anédrico, com extinção ondulante e contactos endentados (NX); b) Feldspato
potássico (Fk) caulinizado, afetado por fissuras intergranulares preenchidas por
óxidos de ferro (Ox) (N//); c) Plagioclase (P) apresentado maclas polissintéticas,
fraturada e moscovitizada (NX); d) Secção basal da moscovite (Mo), granada (G),
inclusões de apatite (Ap) no feldspato potássico (Fk) (NX); e) Turmalina (T) zonada
com pleocroísmo verde azulado, grão arredondado de granada (G) intensamente
fraturado, óxidos de ferro (Ox) (NX); f) Imagem de eletrões retrodispersados
mostrando o preenchimento de fissuras intragranulares com óxidos de ferro (Ox)
na turmalina (T). 60

xvii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 4.3: Aspetos petrográficos do granito de Valdigem e do granito das Meadas:


a) Ocelo de quartzo (Q) no seio da matriz do granito de Valdigem (NX); b)
feldspato potássico (Fk) com macla em xadrez difusa e inclusões de moscovite
(Mo) e plagioclase (P) no granito de Valdigem (NX); c) Feldspato potássico (Fk)
intensamente caulinizado, fraturas na plagioclase (P) preenchidas com óxidos de
ferro (Ox), biotite cloritizada (Cl) e moscovitizada (Mo) no granito das Meadas (N//);
d) Plagioclase (P) com macla da albite e moscovite secundária (Mo) no granito das
Meadas (NX); e) Apatite (Ap) com óxidos a preencher as fissuras no granito de
Valdigem (N//); f) Turmalina fraturada (T) no granito das Meadas (N//). 63

Figura 4.4: Imagens de eletrões retrodispersados do granito das Meadas: a)


Fissuras intergranulares com óxidos de ferro e alumínio (Ox) a afetar grãos de
quartzo (Q) e palhetas de moscovite (Mo) na plagioclase (P) intensamente
fraturada; b) Fissuras intergranulares no contacto entre o quartzo (Q) e o feldspato
potássico (Fk), com óxidos de ferro (Ox). 64

Figura 4.5: Imagens de eletrões retrodispersados do granito de Valdigem: a)


Plagioclase (P) microclinizada e moscovitizada, com inclusões de epídoto (Ep) e
fluorite (Fl); b) Plagioclase (P) intensamente fraturada com inclusões de moscovite
(Mo), rútilo (R), monazite (M) e zircão (Zr). 64

Figura 4.6: Aspetos petrográficos do aplito: a) Feldspato potássico (Fk) com macla
em xadrez e plagioclase (P) com maclas polissintéticas (NX); b) Fraturas intra e
intergranulares preenchidas com óxidos de ferro (Ox) a afetar grãos de quartzo
(Q), feldspato potássico (Fk) e plagioclase (P) (N//); c) Plagioclase (P) com
inclusões de moscovite (Mo) e apatite (Ap) (NX); d) Imagem de eletrões
retrodispersados mostrando o preenchimento de fissuras intragranulares e
clivagens com óxidos de ferro (Ox) na moscovite zonada (Mo); e) Imagem de
eletrões retrodispersados mostrando a zinvaldite (Zi); f) Fosfatos secundários (F)
de Al, Fe e Mn, associados à alteração de apatite e plagioclase (NX). 66

Figura 4.7: Etapas de diagnóstico do decaimento em monumentos (adaptado de


Fitzner, 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Fitzner, 2004). 68

xviii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 4.8: Plataforma elevatória utilizada na identificação das litologias e


patologias presentes na fachada principal da Sé de Lamego. 68

Figura 4.9: Cartografia das litologias presentes na fachada principal da Sé de


Lamego. 70

Figura 4.10: Cartografia das litologias presentes nos portais da fachada principal
da Sé de Lamego. 71

Figura 4.11: Cartografia das litologias presentes na fachada oeste da torre da Sé


de Lamego. 72

Figura 4.12: Cartografia das litologias presentes na fachada sul da torre da Sé de


Lamego. 73

Figura 4.13: Cartografia das litologias presentes na fachada oeste dos claustros da
Sé de Lamego. 74

Figura 4.14: Cartografia das litologias presentes na fachada norte dos claustros da
Sé de Lamego. 75

Figura 4.15: Cartografia das litologias presentes na fachada sul dos claustros da
Sé de Lamego. 75

Figura 5.1: a) Equipamento utilizado no ensaio prático para o cálculo da densidade


aparente e porosidade; b) Equipamento utilizado na obtenção do peso saturado e
submerso dos provetes. 82

Figura 5.2: Gráfico do valor médio e desvio padrão da densidade aparente (ρb) das
rochas estudadas. 84

Figura 5.3: Ensaio de absorção de água por imersão à pressão atmosférica. 86

Figura 5.4: Gráfico da evolução do aumento de peso médio dos provetes, durante
o ensaio de absorção por imersão à pressão atmosférica (t0 = md). 89

xix
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 5.5: a) Ensaio de absorção de água por capilaridade do granito de Várzea


de Abrunhais; b) Observação da franja capilar. 90

Figura 5.6: Gráfico da absorção de água por capilaridade, em função do tempo,


das rochas estudadas. 91

Figura 5.7: Gráfico da altura da franja capilar das rochas estudadas, registada no
ensaio de capilaridade. 92

Figura 5.8: Equipamento utilizado na medição das ondas P: a) unidade de


calibração e medição; b) transdutores. 94

Figura 5.9: Gráfico da relação entre a velocidade das ondas longitudinais (Vp) e a
porosidade aberta (P0) das rochas estudadas. 97

Figura 5.10: Gráfico da relação entre a anisotropia total (∆M) e o coeficiente de


anisotropia (CA) das rochas estudadas. 99

Figura 6.1: Ciclo utilizado no ensaio de resistência à cristalização de sais. 105

Figura 6.2: Alterações provocadas na superfície dos provetes pelo ensaio de


cristalização de sais: a) arredondamento das arestas nos provetes E6 e E17
(granito das Meadas); b) perda de coesão nos provetes F1 e F9 (granito de
Valdigem). 106

Figura 6.3: Gráfico da porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada
antes e após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais. 107

Figura 6.4: Velocidade das ondas P (Vp) das rochas estudadas, medida antes e
após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais. 108

Figura 6.5: Gráfico da relação entre a variação da velocidade das ondas


longitudinais (∆Vp) e variação da porosidade aberta (∆P0) das rochas estudadas,
após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais. 109

xx
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 6.6: Gráfico dos valores médios da anisotropia total (∆M) das rochas
estudadas, após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais. 110

Figura 6.7: Gráfico dos valores médios do coeficiente de anisotropia (CA) das
rochas estudadas, após a realização do ensaio de resistência à cristalização de
sais. 110

Figura 6.8: Ciclo utilizado no ensaio de resistência ao envelhecimento por choque


112
térmico.

Figura 6.9: Gráfico da porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada
antes e após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por choque
114
térmico.

Figura 6.10: Gráfico da velocidade das ondas P (Vp) das rochas estudadas,
calculada antes e após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento
114
por choque térmico.

Figura 6.11: Gráfico da relação entre a variação da velocidade das ondas


longitudinais (∆Vp) e variação da porosidade aberta (∆P0) das rochas estudadas,
após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico. 115

Figura 6.12: Gráfico dos valores médios da anisotropia total (∆M) das rochas
estudadas, após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por
117
choque térmico.

Figura 6.13: Gráfico dos valores médios do coeficiente de anisotropia (CA) das
rochas estudadas, após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento
por choque térmico. 117

Figura 6.14: a) Colorímetro utilizado na determinação da cor das rochas


estudadas; b) Orientação dos provetes das cinco litologias, expostos nos jardins do
antigo Mercado Municipal de Lamego. 119

Figura 6.15: Aspeto das superfícies dos provetes, após exposição às condições
ambientais, pelo período de um ano. 122

xxi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 6.16: Gráfico das alterações registadas no parâmetro L* após realização do


ensaio de alteração da cor. 122

Figura 6.17: Gráfico das alterações registadas no parâmetro a* após realização do


ensaio de alteração da cor. 123

Figura 6.18: Gráfico das alterações registadas no parâmetro b* após realização do


ensaio de alteração da cor. 123

Figura 6.19: Gráfico da mudança total de cor , após realização do ensaio de


exposição às condições ambientais (F = face). 125

Figura 6.20: Porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada antes e após
a realização do ensaio de alteração da cor. 126

Figura 7.1: Localização dos 37 pontos de amostragem/medição realizados na


fachada principal (W) da Sé de Lamego (*Emplastro; *Recolha de material
desagregado; *Determinação da dureza de Schmidt). 132

Figura 7.2: Escala de deterioração das pedras de um monumento (adaptado de


Fitzner, 2002). 133

Figura 7.3: Cartografia das patologias presentes na fachada principal (W) da Sé de


136
Lamego.

Figura 7.4: Cartografia das patologias presentes nos portais da fachada principal
137
(W) da Sé de Lamego.

Figura 7.5: Cartografia das patologias presentes na fachada oeste da torre da Sé


138
de Lamego.

Figura 7.6: Cartografia das patologias presentes na fachada sul da torre da Sé de


Lamego. 139

Figura 7.7: Cartografia das patologias presentes na fachada oeste dos claustros da
Sé de Lamego. 140

xxii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 7.8: Cartografia das patologias presentes na fachada norte dos claustros da
Sé de Lamego. 141

Figura 7.9: Cartografia das patologias presentes na fachada sul dos claustros da
Sé de Lamego. 141

Figura 7.10: Alterações cromáticas (amarelecimento), fruto do envelhecimento


natural da pedra, na fachada sul da Sé de Lamego. 143

Figura 7.11: Alterações cromáticas, fruto de reações de oxidação, em pedras dos


claustros da Sé de Lamego. a), b) e d) fachada oeste; c) fachada norte. 143

Figura 7.12: Manchas de humidade na fachada norte da Sé de Lamego. Na


primeira fiada de pedras observa-se intensa colonização biológica. 144

Figura 7.13: a) Pátina na fachada oeste da Sé de Lamego; b) Pátina biológica na


fachada norte dos claustros. 144

Figura 7.14: Pátinas na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b e c). É comum


observarem-se silhares afetados por esta patologia e por placas. 146

Figura 7.15: Pátinas na fachada oeste da Sé de Lamego: a) sujidade e depósito -


pó; b) depósito – restos de solo; c) e d) depósito – dejetos. Em todas as figuras
observam-se pormenores arquitetónicos afetados por desagregação granular,
147
registando-se perda de material.

Figura 7.16: Filmes negros (F) na fachada oeste dos claustros da Sé de Lamego.
Observam-se ainda crostas (C) e alterações cromáticas (A). 149

Figura 7.17: Filmes negros (F) na fachada norte dos claustros da Sé de Lamego.
Observam-se ainda crostas (C), desagregação granular (D), placas (P) e
eflorescências (E). 149

Figura 7.18: Filmes negros na fachada oeste da Sé de Lamego (a e b). 150

xxiii
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 7.19: Crostas na fachada oeste da Sé de Lamego: a) negras; b) cinza; e c)


castanhas. Em a) observa-se o arredondamento das arestas provocado pela
desagregação granular. 152

Figura 7.20: Crostas com sinais de destacamento na fachada oeste da Sé de


Lamego (a e b). 152

Figura 7.21: Crostas com sinais de destacamento nos claustros da Sé de Lamego


153
(a e b).

Figura 7.22: Colonização biológica na fachada norte da Sé de Lamego. 154

Figura 7.23: Presença de líquenes na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b, c, e


155
d).

Figura 7.24: Colonização biológica na fachada oeste da Sé de Lamego: a) musgos;


155
b) plantas superiores.

Figura 7.25: Colonização biológica na fachada oeste da torre da Sé de Lamego. 156

Figura 7.26: Presença de pombos na fachada oeste da Sé de Lamego. 156

Figura 7.27: Desagregação granular forte a afetar pedras da soleira da porta de


acesso aos claustros (a) e no portal norte da fachada oeste (b) da Sé de Lamego. 158

Figura 7.28: Desagregação granular média localizada sob a cornija da janela norte
da fachada oeste da Sé de Lamego. 158

Figura 7.29: Perda de pormenor (a) e escamas (b) nas pedras do portal norte da
fachada oeste da Sé de Lamego. 159

Figura 7.30: a) Porta sul do altar-mor da Sé de Lamego; b) pedras afetadas por


desagregação granular forte (arenização). 159

Figura 7.31: Placas a afetar o portal sul da Sé de Lamego. A análise comparativa


de a) e b) permite verificar que esta patologia é mais intensa no lado direito (sul),
registando-se situações de desagregação granular forte (D). 161

xxiv
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 7.32: a) Placa a afetar quase a totalidade da pedra; b) Placa com mais do
que uma geração. Os dois silhares encontram-se afetados por crostas. 161

Figura 7.33: Placas nos claustros da Sé de Lamego cobertas por pátinas, filmes e
crostas (a e b). Nas duas situações regista-se a presença de filmes negros (F) e
pátinas (P). 162

Figura 7.34: Fraturas presentes na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b, c e d).


Em b) a pedra apresenta ainda áreas afetadas por pátinas (P) e crostas (C), em c)
a perda de material ocorre também devido à desagregação granular (D), e em d) a
163
alvenaria encontra-se intensamente colonizada por líquenes.

Figura 7.35: Cristalização a partir de uma solução em função da concentração e


165
temperatura (adaptado de Bland & Rolls, 1998).

168
Figura 7.36: Colocação do emplastro para recolha da amostra La8.

Figura 7.37: Gráfico da percentagem de iões (%) obtida no extrato solúvel de


172
algumas das amostras estudadas.

Figura 7.38: Diagrama ternário (relações em mg/L) - , Cl- e , relativo ao


173
extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

Figura 7.39: Diagrama ternário (relações em mg/L) - Ca2+, Na+ e K+, relativo ao
173
extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

Figura 7.40: Diagrama de caixa-e-bigodes (relações em mg/L) dos iões e catiões


174
presentes no extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

Figura 7.41: a) Minerais de sais solúveis de fosfato de alumínio e cálcio (F); b)


178
Espectro de F.

Figura 7.42: a, b e c) Cinzas volantes esféricas de superfície lisa, ricas em silício e


alumínio, com quantidades variáveis de Ca, K e Mg; d) Espectro das cinzas
179
volantes esféricas de superfície lisa.

xxv
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 7.43: Calcite: a) agregados pulverulentos de cristais anédricos; b)


agregados de cristais subeuédrico na superfície do quartzo; c) calcite com figuras
de dissolução; e d) espectro da calcite. 180

Figura 7.44: a) Cinza volante esférica porosa, rica em carbono e enxofre; b)


espectro da cinza volante esférica porosa. 181

Figura 7.45: Gesso: a e b) cristais isolados; c e d) agregados de cristais


subeuédricos a anédricos; e e f) cristais lamelares. 182

Figura 7.46: Gesso: a e b) cristais tabulares em forma de ponta de lança; c e d)


cristais lamelares de bordos arredondados, com hábito pseudohexagonal, no seio
de folhas de moscovite; e) cristais mais ou menos isométricos; f) espectro do
gesso. 183

Figura 7.47: Halite: a) cristal cúbico perfeito; b e c) cristal cúbico com os bordos
arredondados; d, e e f) agregados de halite com figuras de dissolução. 184

Figura 7.48: a) cristais subeuédricos de halite; b) espectro da halite. 185

Figura 7.49: a) Figuras de dissolução na albite; b) fissuras preenchidas por óxidos


no feldspato potássico; c) espectro da albite; d) espectro do feldspato potássico. 185

Figura 7.50: Folhetos esfoliados de micas preenchidos por minerais de sais


solúveis e vestígios biológicos (a, b, c e d). 186

Figura 7.51: a) Caulinite observada na amostra Pó La5; b) espectro da caulinite. 186

Figura 7.52: a) Apatite fissurada, observada numa amostra de desagregação


granular forte de granito de Várzea de Abrunhais; b) espectro da apatite. 187

Figura 7.53: Vestígios biológicos: a e b) Bactérias; c) Diatomácea; d) Hifas de


fungos; e) esporo de fungo; f) pólen. 188

Figura 7.54: Vestígios biológicos: a, b, c, d, e e f) Microfauna. 189

Figura 7.55: Medição da dureza de Schmidt no silhar MS5. 191

xxvi
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 7.56: Gráfico da dureza de Schmidt (R) dos granitos estudados,


considerando a média do total das medições e apenas a média das 10 medições
mais elevadas. 193

Figura 7.57: Gráfico da relação entre a dureza de Schmidt (R) e a densidade dos
granitos estudados. 194

Figura 8.1: Espécies de líquenes amostradas a 22 de Junho de 2011: a, b, c, e d)


na fachada oeste; e, f e g) na fachada norte; h) nos claustros; e i) na fachada sul
(torre). 200

Figura 8.2: Espécies de líquenes amostradas a 15 de Janeiro de 2012 na fachada


201
oeste.

Figura 8.3: Espécies de líquenes amostradas a 15 de Janeiro de 2012: a, b, c, d, e


e) na fachada norte; f e g) nos claustros; h) na fachada sul (torre). 202

Figura 8.4: Amplificação da região ITS nos diferentes isolamentos de fungos


através dos primers ITS1 e ITS4 e electroforese em gel de agarose a 1,5 %, com
os marcadores 100 bp Ladder, (Invitrogen) nas extremidades do gel. 205

Figura 8.5: Análise filogenética pelo método da Máxima Verossimilhança com um


206
bootstrap de 200 replicações.

Figura 8.6: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego no período de verão:


a, b e c) Alternaria tenuissima; d) Emericella nidulans; e) Epicoccum nigrum; f)
208
Lewia infectoria.

Figura 8.7: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego no período de


inverno: a) Ampelomyces sp.; b) Fusarium sp.; c e d) Phoma herbarum; e)
209
Pseudotaeniolina globolosa; f) Sordariomycetes sp.

xxvii
ÍNDICE DE TABELAS

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 3.1: Valores da densidade de fluxo de radiação solar global (MJ/m2) da


cidade de Lamego, registadas entre março de 2011 e fevereiro de 2012. 43

Tabela 4.1: Composição modal (%) e índice de cor médios (adaptado de Martins,
1997). 54

Tabela 4.2: Análises químicas (% peso) de alguns minerais das rochas graníticas
estudadas. 55

Tabela 5.1: Identificação dos provetes utilizados nos ensaios petrofísicos. 79

Tabela 5.2: Valor médio e desvio padrão da densidade real, densidade aparente e
porosidade aberta das rochas estudadas. 83

Tabela 5.3: Valores mínimos e máximos da densidade aparente de granitos de


monumentos e edifícios históricos do norte de Portugal. 83

Tabela 5.4: Valores mínimos e máximos da porosidade aberta determinada em


alguns granitos portugueses. 85

Tabela 5.5: Valor médio e desvio padrão da absorção, do conteúdo em água de


saturação, e do grau de preenchimento dos poros das rochas estudadas. 87

Tabela 5.6: Valores médios e desvio padrão da velocidade de propagação das


ondas longitudinais das rochas estudadas. 95

Tabela 5.7: Valores médios e desvio padrão da anisotropia total (∆M) e do


coeficiente de anisotropia (CA) das rochas estudadas. 99

xxix
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 6.1: Identificação dos provetes utilizados nos ensaios de alteração artificial. 103

Tabela 6.2: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do ensaio de


resistência à cristalização de sais. 107

Tabela 6.3: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do ensaio de


choque térmico. 113

Tabela 6.4: Valores médios iniciais dos parâmetros cromáticos (L*, a* e b*) das
rochas estudadas. 120

Tabela 6.5: Valores médios iniciais dos parâmetros L*, a* e b*, obtidos para cada
uma das 5 faces das rochas estudadas. 121

Tabela 6.6: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do ensaio de


alteração da cor. 126

Tabela 6.7: Caracterização das rochas estudadas após a realização do ensaio de


alteração da cor. 127

Tabela 7.1: Causas e agentes de patologias (adaptado de Valle, 2008). 130

Tabela 7.2: Tipologia de patologias aplicada na Sé de Lamego (adaptado de


Normal 1/88, 1990; Alves et al., 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Moreno, 2000;
ICOMOS-ISCS, 2008). 131

Tabela 7.3: Relação entre as cinco categorias de danos e a necessidade de serem


estabelecidas medidas de preservação (adaptado de Fitzner et al., 2002). 132

Tabela 7.4: Correlação entre as formas de deterioração, as categorias e a


intensidade de danos na Sé de Lamego (adaptado de Fitzner et al., 1992). 135

Tabela 7.5: Equilíbrio da humidade relativa de alguns sais (%) (adaptado de Arnold
& Zehnder, 1987). 166

Tabela 7.6: Amostras de sais recolhidas na Sé de Lamego, sua localização, cota


acima do pavimento, litologia e patologia. 169

xxx
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 7.7: Teores de sais solúveis (mg/L) no extrato solúvel de algumas das
amostras estudadas. 171

Tabela 7.8: Amostras de material raspado colhido na Sé de Lamego, sua


localização, cota acima do pavimento, litologia e patologia. 176

Tabela 7.9: Composição do material desagregado, observado por MEV, amostrado


na Sé de Lamego. 176

Tabela 7.10: Composição do material desagregado observado ao MEV por


diferentes autores, em patologias de monumentos graníticos. 177

Tabela 7.11: Valor médio e desvio padrão da dureza de Schmidt (R) calculados a
partir das 10 medições de valor mais elevado obtidos em cada um dos 24 silhares. 192

Tabela 8.1: Etapas da reação de amplificação da região ITS. 204

Tabela 8.2: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego. 206

Tabela 8.3: Géneros e espécies fúngicas identificadas por diversos autores em


monumentos. 211

Tabela 9.1: Conteúdos das diferentes disciplinas relativos aos materiais rochosos. 217

Tabela 9.2: Distribuição por ano, disciplina e unidade didática, dos materiais
elaborados pelos formandos na oficina de formação. 221

xxxi
LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE ABREVIATURAS

Ab - Absorção

AP – Aplito

Ap – Apatite

AVCOA - Centro de Formação de Associação de Escolas de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira


de Azeméis

B – Biotite

CA – Coeficiente de anisotropia

CXG – Complexo Xisto-Grauváquico

DRBA - Dichloran Rose Bengal Cloramphenicol Agar

ESA – Escola Secundária de Arouca

Fk – Feldspato potássico

G - Granada

GLA – Granito de Lamego alterado

GLS – Granito de Lamego são

GM – Granito das Meadas

GM’ – Granito das Meadas de grão grosseiro

GV – Granito de Valdigem

GVA – Granito de Várzea de Abrunhais

xxxii
LISTA DE ABREVIATURAS

GVA’ – Granito de Várzea de Abrunhais de grão fino

IC – Índice de cor

ITS - Internal Transcribed Spacer

LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia

MEV – Microscópio eletrónico de varrimento

Mo – Moscovite

N - Norte

Op – Opacos

P0 – Porosidade aberta

PCR – Polymerase Chain Reaction

PDA - Potato Dextrose Agar

Pl - Plagioclase

Q - Quartzo

R - Dureza de Schmidt

RH – Humidade relativa

S - Sul

T - Turmalina

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vp – Velocidade das ondas P

W – Oeste

Ws – Conteúdo em água de saturação

xxxiii
LISTA DE ABREVIATURAS

ZCI – Zona Centro Ibérica

Zi – Zinvaldite

ρb – Densidade aparente

ρr – Densidade real

- Mudança total de cor

∆M – Anisotropia total

xxxiv
I - INTRODUÇÃO

I. INTRODUÇÃO

1.1 Introdução Geral

A durabilidade de um monumento depende diretamente da sua arquitetura, das técnicas de


construção utilizadas, dos materiais de construção aplicados (litologias, rebocos, revestimentos,
cerâmicas, etc.) e da sua adequada manutenção (Arnold, 1997; Charola, 2004).

São muitos os monumentos emblemáticos e peças de arte simbólicas que foram edificadas em
pedra ao longo da história do Homem. A sua conservação suscita, desde sempre, um grande
interesse, muitas vezes difícil de tratar pela complexidade e desconhecimento de determinados
fenómenos a que está sujeita (Mishra et al., 1995).

Os estudos sobre alteração da pedra em arquitetura começaram a despontar como disciplina


durante a segunda metade do século XIX, início do século XX. A partir dos primeiros resultados
começou a preocupação da escolha dos materiais e a consciência da necessidade de
preservação e conservação do património edificado (Gómez-Heras, 2006). A globalização da
utilização deste tipo de material de construção conduziu ao aparecimento de estudos em
diversos países, como por exemplo Alemanha (Fitzner et al., 2002; Fitzner, 2004; Laue, 2005;
Siegesmund et al., 2010; Graue et al., 2011; Hallmann et al., 2011a, 2011b), Austrália (Young,
2008), Brasil (Fitzner et al., 2002; Barrionuevo, 2004; Batista-Neto et al., 2006), Camboja (André
et al., 2008; Siedel et al., 2010); Egipto (Fitzner & Heinrichs, 2002; Fitzner et al., 2002;
Aboushook et al., 2006), Escócia (Suihko et al., 2007); Espanha (Fort et al., 2000; Rivas et al.,
2000; Esbert et al., 2001; Rios et al., 2004; Schiavon, 2007; Cámara et al., 2008; Lopez-Arce et
al., 2009; Hermo et al., 2010; Luque et al., 2010; Sanjurjo-Sánchez et al., 2011, 2012), Grécia
(Theoulakis & Moropoulou, 1999; Christaras, 2009), Índia (Tiwari et al., 2005; Pandey et al.,
2011), Itália (Bugini et al., 2006; Veniale et al., 2008; Felice et al., 2010; Alisi, 2011), Jordânia
(Fitzner et al., 2002), Malta (Fitzner et al., 2002), Marrocos (Benzzi et al., 2006); México
(Wedeking et al., 2011; Páramo-Aguilera et al., 2012), República Checa (Prikryl et al., 2004;

1
I - INTRODUÇÃO

Sykorová et al., 2011), Sérvia (Grbic & Vulkojevic, 2009; Grbic et al., 2010) e Turquia (Topal,
2003; Zorlu, 2008).

A alteração das rochas implica mudanças na sua composição mineralógica, produzindo-se


estas através de processos físicos, químicos e biológicos (Norma UNE-EN 12670, 2003), que
se cruzam, somam e multiplicam durante o processo de decaimento. Genericamente, esse
decaimento traduz-se em modificações no brilho das pedras, aparecimento de manchas
amareladas de oxidação, crescimento gradual de microfissuras e perda de massa (Frascá &
Yamamoto, 2006; Becerra-Becerra & Costa, 2007).

Quando a pedra é colocada num monumento sobrepõem-se aos processos naturais de


decaimento, novos processos que irão conduzir ao aparecimento de patologias (Smith et al.,
2008). A alteração poderá afetar apenas uma pedra, ou uma alvenaria, e, em casos mais
extremos, poderá pôr em causa a segurança da obra e/ou a existência do edifício. A extensão
dos danos causados pela deterioração num monumento pode ser avaliada in situ através da
cartografia das diferentes patologias presentes, um procedimento não-destrutivo que permite
também estabelecer medidas futuras de preservação (conservação e restauro), manutenção e
monitorização do edifício, sustentáveis a longo prazo (Frascá, 2003). A correspondência entre
uma forma de alteração e um agente não é biunívoca: um agente pode dar origem a diferentes
patologias e estas podem ser causadas por vários agentes, que atuam isolada ou
conjuntamente (Gómez-Heras, 2006).

Como na medicina é necessário saber a história clínica do paciente, também no estudo


patológico da pedra é determinante o diagnóstico do seu estado de alteração. Prever
comportamentos de materiais pétreos em obra só será possível se se conhecer como evoluem
esses materiais ao longo do tempo (Antão & Rodrigues, 2003). Depois, é necessário tentar
reduzir os efeitos dos processos de alteração, e retardar, ou até mesmo travar, a sua evolução
(Arnold, 1997).

A tradição do uso do granito como material de construção de edifícios vários é quase milenar no
nosso país (Vasconcelos et al., 2003). Em monumentos, esta rocha é usada em estruturas,
como colunas e pilares, em paredes e pavimentações, e ainda em elementos ornamentais
(altares e pedras tumulares) (Frascá & Yamamoto, 2006).

2
I - INTRODUÇÃO

Se o granito, em profundidade, é uma rocha dura e compacta, quando aflora à superfície, a


descompressão dá origem à formação de fissuras, aumentando a sua porosidade. Estas
fissuras vão ser locais de atuação preferenciais para agentes de meteorização, nomeadamente
a água (Alemany, 2007), ou seja, a porosidade influencia a suscetibilidade da rocha aos
mecanismos de alteração aos quais estas já estão sujeitas (Begonha, 2011). A presença da
água (humidade), para além de ser responsável pela cristalização de sais solúveis, potencia a
ação dos poluentes (que se tornam mais prejudiciais na sua presença) e favorece a colonização
por organismos (Charola, 2004).

As pedras de um monumento refletem muitas vezes a geologia local e fornecem informação


importante acerca da atividade extrativa de uma região (Torok & Prikryl, 2010). No caso
particular da Sé de Lamego, foram utilizadas, pelo menos, 5 rochas graníticas na sua
construção: granito de Lamego, granito de Várzea de Abrunhais, granito de Valdigem, granito
das Meadas, e um aplito. Estão reportadas, desde a sua conceção (século XII), várias
modificações no imóvel. Nessas intervenções, para além de terem sido empregues diferentes
materiais de construção, foram ainda introduzidas novas técnicas de execução. Em todo o
edifício são evidentes os sinais de decaimento, sobretudo na sua fachada principal, onde
domina a presença de patologias como colonização biológica, alterações cromáticas, pátinas,
desagregação granular, placas, crostas negras, filmes negros e fissuras.

Os edifícios históricos têm uma identidade única, que não deve ser alterada, e não pode ser
substituída e/ou replicada, por isso a escolha de instrumentos e métodos para uma apropriada
conservação do património requer a elaboração de um projeto que mantenha a autenticidade e
integridade do monumento (Carta de Cracóvia, 2000). As fachadas dos monumentos, para além
de constituírem um dos seus mais importantes aspetos arquitetónicos, assumem muitas vezes
um papel de destaque na valorização do espaço envolvente. Como tal, a sua desvalorização
estética, em consequência do aparecimento de patologias, diminui gravemente o seu valor
patrimonial.

À responsabilidade social na preservação da herança histórico-cultural de cada região,


sobrepõe-se o papel cívico dos jovens. Cabe aos professores a tarefa (difícil) de despertar o
interesse destes pelas Geociências, pois só a compreensão dos seus fundamentos poderá
consciencializar para as multivalências que as referências arquitetónicas locais sustentam.

3
I - INTRODUÇÃO

1.2 Objetivos

A consecução desta dissertação teve por base o objetivo geral de contribuir para o
conhecimento do estado atual de conservação da Sé de Lamego. Nesse âmbito, foram
definidos os seguintes objetivos específicos:

1. Caracterizar o contexto histórico da Sé de Lamego;


2. Conhecer a geomorfologia, o clima e a geologia da cidade de Lamego;
3. Cartografar e caracterizar as litologias e as patologias presentes na Sé de Lamego;
4. Identificar espécies fúngicas colonizadoras das pedras da Sé de Lamego;
5. Contribuir para a formação de professores nesta área das Geociências, planificando,
implementando e avaliando uma oficina de formação.

1.3 Metodologias

As ações metodológicas utilizadas para a concretização dos supracitados objetivos foram


desenvolvidas nas seguintes fases:

1.3.1 Trabalho de campo:

Este ponto do programa de trabalhos centrou-se, particularmente, nas várias visitas que foram
realizadas ao monumento em estudo. Estas deslocações foram dedicadas primariamente à
identificação e caracterização macroscópica das litologias utilizadas na construção do edifício e
das patologias que afetam as pedras da sua fachada principal e dos claustros. Estas visitas ao

4
I - INTRODUÇÃO

monumento permitiram ainda o registo fotográfico dos aspetos mais relevantes. Este
procedimento foi determinante para a elaboração dos mapas cartográficos.

A cartografia das litologias presentes na fachada principal da Sé de Lamego ultimou-se com a


ajuda de uma plataforma elevatória cedida pela EDP. Quanto à cartografia das patologias, seu
grau de intensidade e danos provocados, foi necessário visitar o monumento inúmeras vezes
para conseguir registar toda a informação.

De seguida, foi feito o reconhecimento geológico dos locais de origem das pedras, nas
imediações da cidade de Lamego, com subsequente recolha de amostras das 5 litologias
identificadas, para estudo petrográfico e caracterização petrofísica e dinâmica.

Foram também recolhidas 25 amostras de minerais de sais solúveis nas pedras do monumento,
através da técnica do emplastro, para análise química do extrato solúvel, bem como 25
amostras de material desagregado para estudo mineralógico ao microscópio eletrónico de
varrimento (MEV).

No sentido de caracterizar as diferentes litologias e patologias foram ainda realizadas nas


pedras do monumento 25 determinações com o Martelo de Schmidt, nomeadamente com o
esclerómetro mecânico da marca TECNOTEST, tipo AT-241/E, com energia de impacto de
0,225 kg.

A 28 de fevereiro de 2011 foi montada uma estação meteorológica automática (EMA) nos
jardins do antigo Mercado Municipal de Lamego. Esta estrutura permitiu que durante um ano
fossem recolhidos dados meteorológicos da cidade, nomeadamente a temperatura, a humidade
relativa, a orientação e velocidade do vento e a precipitação. Por forma a determinar a
influência dos fatores climatéricos nas pedras através da ocorrência de alterações cromáticas
nas suas superfícies, foram também colocados provetes das 5 litologias em estudo, durante um
ano (entre 6 julho de 2011 e 6 julho de 2012), neste local.

O estudo da colonização biológica concentrou-se na identificação de espécies fúngicas, tendo


estas sido obtidas a partir da recolha de amostras de líquenes nas pedras do monumento. Esta
recolha foi efetuada em dois períodos distintos: no verão de 2011 e no inverno de 2011/2012. A
recolha foi feita com um bisturi esterilizado, tendo as amostras sido transportadas para a
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), separadamente, em caixas de Petri
esterilizadas, devidamente identificadas e isoladas com parafilme.

5
I - INTRODUÇÃO

1.3.2 Trabalho laboratorial:

Esta fase metodológica iniciou-se com o estudo das 5 litologias, em amostras de mão e em
lâminas delgadas e polidas, que foram elaboradas no Departamento de Geologia da UTAD. O
seu estudo foi efetuado ao microscópio petrográfico Leitz Ortholux II Pol-Bk, equipado com
câmara de video Leica DC100 e ligada a computador com software para aquisição de imagem
Leica IM50 V1.20, e na microssonda eletrónica JEOL JXA-8500F do Laboratório Nacional de
Energia e Geologia (LNEG), em S. Mamede de Infesta, tendo-se operado, genericamente, com
um potencial de aceleração de 15 kV e uma corrente de feixe de 10 nA. A metalização das
lâminas polidas foi feita com fio de grafite, tendo sido utilizados os seguintes padrões: ortóclase
(Si-Kα, Al-Kα e K-Kα), MnSiO3 (Mn-Kα), TiO2 (Ti-Kα), Fe2O3 (Fe-Kα), MgO (Mg-Kα), apatite (Ca-
Kα, P-Kα), CaF (F-Kα), albite (Na-Kα), barite (Ba-Kα), Cr2O3 (Cr-Kα) e vanadinite (Cl-Kα,
Sphalerite (Zn-Kα). As contagens foram efetuadas durante 20 segundos. O método de correção
utilizado foi o método Armstrong. A precisão dos dados é, em geral, melhor do que 2 % e o
limite de deteção é variável de acordo com o elemento analisado. Para a aquisição de imagens
de contraste de número atómico, na microssonda eletrónica, foi também utilizada uma tensão
de aceleração de 15 kV.

A partir das amostras recolhidas foram ainda obtidos provetes (cubos de 5x5x5 cm 3) para
realização dos ensaios de caracterização petrofísica e dinâmica e os ensaios de alteração
artificial. O corte dos provetes foi efetuado na empresa VR Granitos Unipessoal Lda. (Vila Real),
e os ensaios realizaram-se no Centro de Investigação e Desenvolvimento da empresa
Transgranitos (Vila Pouca de Aguiar), no Departamento de Geologia da UTAD e no
Departamento de Geologia da Universidade de Oviedo (Espanha).

A análise química do extrato solúvel dos sais recolhidos foi levada a cabo no Laboratório de
Química Analítica do Departamento de Química da UTAD, pelas seguintes técnicas:
condutividade por eletrometria; SO42-, Cl- e NO3-, por Cromatografia Iónica; Ca2+ e Mg2+ por
Espectrofotometria de Absorção Atómica com Chama; e K+ e Na+ por Fotometria de Chama de
Emissão.

6
I - INTRODUÇÃO

As observações ao MEV foram feitas em material desagregado, colhido em várias pedras do


monumento, localizadas a diferentes alturas e afetadas por patologias distintas. Estas
observações decorreram em duas fases. A primeira teve lugar na Unidade de Microscopia
Eletrónica da UTAD, no MEV, modelo FEI Quanta 400, equipado com sistema de microanálise
e por raio X (EDS - Espectroscopia de Dispersão de Energia) da EDAX. Todas as amostras
foram revestidas a ouro (alvo de Au/10%Pd) e analisadas a 25 ou 30 kV por períodos de tempo
útil (livetime) iguais a 200 segundos. As imagens foram obtidas através da deteção simultânea
de eletrões secundários e retrodispersados. A segunda fase decorreu no LabMat - Laboratório
de Caracterização de Materiais da Universidade do Minho, no MEV, modelo Leica
Cambridge S360, equipado com sistema de microanálise e por raio X (EDS) Link eXL II da
Oxford. Todas as amostras foram revestidas a ouro (alvo de Au) e analisadas a 15 kV por
períodos de tempo útil (livetime) iguais a 100 segundos. As imagens foram obtidas através da
deteção de eletrões secundários. Esta técnica, dada a elevada resolução na observação das
amostras, permitiu a identificação de minerais herdados das rochas, de minerais de sais
solúveis e de vestígios biológicos. A identificação dos minerais e dos sais foi possível a partir da
visualização dos seus hábitos e da análise dos respetivos espectros e análises químicas
quantitativas.

Por fim, procedeu-se à identificação dos fungos, obtidos a partir de amostras de pedras da Sé
de Lamego colonizadas por líquenes. Este trabalho foi realizado no Laboratório de Micologia e
Microbiologia do Solo do Departamento de Agronomia da UTAD. A identificação implicou o
cultivo dos fungos associados aos líquenes, para posterior identificação. Essa identificação só
foi possível após realização de vários procedimentos experimentais, a saber: extração do DNA,
eletroforese I, amplificação do DNA, eletroforese II, purificação dos produtos PCR,
sequenciação e análise das sequências.

1.3.3 Aplicação cientifico-didática da investigação:

Foi levada a cabo, na Escola Secundária de Arouca (ESA), entre os dias 9 de novembro de
2011 e 19 de maio de 2012, uma oficina de formação (50 horas), intitulada “Alteração e
alterabilidade das rochas graníticas – um contributo para o ensino da Geologia”. Participaram

7
I - INTRODUÇÃO

nesta oficina 8 docentes do Grupo Disciplinar 520 – Biologia e Geologia. O objetivo principal
desta oficina foi contribuir para a atualização de conhecimentos e das suas práticas
pedagógicas, culminando na elaboração de materiais didáticos que pudessem constituir
exemplos para a lecionação dos conteúdos programáticos das várias disciplinas onde a
temática é abordada.

1.3.4 Pesquisa e análise bibliográfica:

Ao longo destes dois anos todas as metodologias de índole técnica, científica e de investigação
foram acompanhadas por uma intensa pesquisa e análise bibliográfica. Esta foi aliás, o fio
condutor sem o qual seria impossível substanciar esta dissertação.

1.4 Organização da dissertação

Esta dissertação está organizada em 10 capítulos, aos quais se segue a bibliografia.

No Capítulo I é feita uma introdução geral sobre a temática em estudo, mencionando-se


também os objetivos da investigação e as metodologias adotadas. Incluiu-se para além destes
a estrutura da tese.

No Capítulo II são abordados os conceitos de alteração e alterabilidade, com referência aos


estudos desenvolvidos em Portugal sobre decaimento da pedra em monumentos graníticos.
Apresenta-se ainda uma súmula relativa aos principais agentes de alteração.

No Capítulo III explana-se o enquadramento do monumento em estudo, a Sé de Lamego,


nomeadamente o seu contexto histórico, geográfico, climático e geológico.

8
I - INTRODUÇÃO

No seguimento deste enquadramento é descrita no Capítulo IV a caracterização petrográfica e


química mineral das rochas graníticas usadas na sua construção. No final, encontra-se a
cartografia das litologias.

Constitui o Capítulo V a caracterização físico-mecânica e dinâmica das rochas amostradas,


tendo sido determinadas para tal as seguintes propriedades: densidade aparente, densidade
real, porosidade aberta, absorção de água por imersão à pressão atmosférica, absorção de
água por capilaridade e velocidade de propagação das ondas P.

Os resultados obtidos nos ensaios de alteração artificial - ensaio de resistência à cristalização


de sais, ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico e ensaio de alteração da
cor, encontram-se no Capítulo VI.

No Capítulo VII são caracterizadas as patologias identificadas na Sé de Lamego. Essa


caracterização implicou a sua cartografia, o estudo químico de minerais de sais solúveis, o
estudo microscópico de material desagregado e a determinação da dureza de Schmidt.

No Capítulo VIII encontram-se expostos os procedimentos levados a cabo para identificação de


espécies fúngicas colonizadoras das pedras do monumento em estudo.

No âmbito científico-didático foi desenvolvida uma oficina de formação que permitiu a aplicação
do presente estudo em contexto sala de aula. A contextualização e estrutura dessa oficina
encontra-se no Capítulo IX.

As conclusões encontram-se no Capítulo X.

9
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

II. ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

2.1 Introdução

A utilização de rochas como material de construção de monumentos foi uma constante ao longo
dos tempos. As rochas sedimentares, como o calcário e o arenito, dada a sua elevada
abundância relativa à superfície da Terra, bem como a facilidade no corte, foram as mais
utilizadas. No entanto, o granito, sendo um material nobre e duradouro, acabou por ser, grande
parte das vezes, a opção escolhida para garantir um maior tempo de vida à obra (Delgado
Rodrigues & Costa, 2002). A abundância desta matéria-prima, um pouco por todo o território
português, mas sobretudo no norte do país (Vasconcelos et al., 2003), também determinou esta
escolha.

Apesar de serem materiais rígidos e aparentemente estáveis, há muito que as rochas deixaram
de ser consideradas estruturas inalteradas. Atualmente, tem-se verificado que a deterioração do
património edificado sofreu uma aceleração, por culpa das mudanças ambientais, de natureza
antropogénica, registadas nos últimos anos. Essa aceleração é mais significativa nos ambientes
urbanos (Smith et al., 2008).

A tomada de consciência sobre a importância da preservação de edifícios históricos, assim


como a transversalidade da investigação da temática a geólogos, mineralogistas, químicos,
físicos, biólogos, geógrafos, engenheiros civis, arquitetos, historiadores e
restauradores/conservadores, conduziu ao aparecimento de vários estudos em Portugal sobre
alteração, como os de Alves (1997), em monumentos graníticos da cidade de Braga; Ascaso et
al. (1998), na Torre de Belém; Magalhães (2000), no Edifício do Largo do Paço; Aires-Barros
(2001), em monumentos graníticos portugueses; Begonha (2001), em monumentos graníticos
da cidade do Porto; Matias e Alves (2001), em monumentos da cidade de Braga; Aires-Barros e
Dionísio (2002), na Sé de Lisboa; Alves et al. (2002), no Mosteiro de S. Martinho de Tibães;
Delgado Rodrigues e Costa (2002), no claustro do Mosteiro de S. Salvador de Grijó; Girbal et al.

11
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

(2002), na Sé da Guarda; Mouga e Proença (2002), na Porta Especiosa da Sé Velha de


Coimbra; Schiavon (2002), na Igreja do Carmo e na Torre dos Clérigos; Begonha e Almeida
(2003), na Faculdade de Ciências do Porto; Moreno et al. (2003), na Igreja de Tibães; Moutinho
da Silva (2005), na Igreja de Santa Maria de Leça do Mosteiro de Leça do Balio; Fojo (2006), na
Igreja Matriz de Caminha; Machado (2006), na Sé Catedral de Vila Real; Moreno et al. (2006),
na Igreja Matriz de Torre de Moncorvo; Alves e Pamplona (2007), na Igreja e Mosteiro de
Salzedas; Marques (2007), na Igreja do Mosteiro de S. João de Tarouca; Begonha (2008), na
Igreja de Nossa Senhora da Lapa; Cardoso (2008), na Igreja de Paço de Sousa; Leite (2008),
na Igreja de Santa Clara; Oliveira (2008), na Igreja da Vulnerável Ordem Terceira de S.
Francisco; Almeida (2009), no edifício da Reitoria da Universidade do Porto; Begonha (2009),
na Igreja de S. Pedro de Rates e na Igreja de S. Gonçalo; Costa (2009), no Convento de S.
Francisco de Mesão Frio; Lobo e Almeida (2010), no Farol de S. Miguel-o-Anjo; Marques et al.
(2010), no Mosteiro de S. João de Tarouca; Sequeira Braga e Begonha (2010), na Sé de Évora,
na Igreja Matriz de Caminha e na Igreja de Nossa Senhora da Lapa; e Slezakova et al. (2011),
no Mosteiro da Serra do Pilar.

Por se terem gerado em condições diferentes e possuírem composição química distinta, as


rochas não se alteram todas do mesmo modo e com a mesma facilidade. Os minerais que as
constituem, e simultaneamente as definem, quando submetidos a condições exógenas, muito
diferentes dos seus ambientes de formação, entram em desequilíbrio com o meio, modificando
assim o estado original do material pétreo (Alemany, 2007).

Para além dos fatores intrínsecos, a capacidade de um material rochoso resistir à meteorização
durante a sua vida útil depende também de fatores de alteração. A rocha sai da pedreira e sofre
primariamente uma modificação devido à descompressão. Seguem-se os constrangimentos
relativos à extração e talha das pedras, até que estas passam a ser parte integrante de um
edifício, estando aí sujeitas à ação dos agentes meteóricos – precipitação, temperatura,
humidade, exposição solar, vento - à precipitação de sais, à poluição, à ação dos seres vivos e
à ação do Homem (Salavessa, 1996; Antão & Rodrigues, 2000; Almeida & Begonha, 2008). O
resultado desta combinação será sempre superior ao efeito de cada um desses fatores
isoladamente (Smith et al., 2008).

O facto das zonas de fraqueza, resultantes quer da extração, quer do corte das pedras, estarem
preferencialmente expostas aos fatores de deterioração, irá acelerar o seu processo de

12
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

decaimento (Delgado Rodrigues & Costa, 2002; Alemany, 2007; Almeida, 2009). Esta narrativa
culmina no aparecimento das chamadas “doenças da pedra” ou patologias (Aires-Barros, 2001),
que no fundo constituem a resposta das pedras às novas condições impostas pelo ambiente
local onde estão inseridas: o edifício em si, a sua construção, a arquitetura e orientação (Simão,
2003; Smith et al., 2008), bem como a posição ocupada pela pedra no edifício (Veniale et al.,
2008; Sequeira Braga & Begonha, 2010). Dado que um monumento pode sofrer alterações
várias ao longo da sua história, é importante salvaguardar que apenas são consideradas
patologias as transformações do estado inicial da pedra que não são provocadas
intencionalmente pelo Homem (Alves et al., 2002).

Os termos “alteração” e “deterioração” da pedra correspondem igualmente a uma modificação


do material pétreo, acompanhada geralmente da formação de novos produtos, mais estáveis à
superfície (Aires-Barros, 2001; Moreno, 2007; Ballesteros et al., 2010). No entanto, a
deterioração implica sempre um agravamento das suas características, sob o ponto de vista
conservativo (Normal 1/88, 1990; ICOMOS-ISCS, 2008).

Desta forma, conclui-se que a alterabilidade – suscetibilidade à alteração de uma dada rocha
(Begonha, 2001) - depende das condições em que decorreu a sua génese, da sua composição
mineralógica, e consequentemente da sua heterogeneidade (abundância relativa de cada
mineral), da sua textura e do grau de fissuração. No que se refere à composição mineralógica, é
sabido que a alterabilidade é inversamente proporcional à estabilidade geoquímica dos minerais
estabelecida pela Série de Goldich (1938). A microclina é mais resistente que a ortóclase, a
anortite altera-se mais facilmente que a albite, e a moscovite é mais estável do que a biotite.
Ollier (1975) faz referência a estudos que estabeleceram a sequência da figura 2.1.

Relativamente ao tamanho do grão, as opiniões divergem. Alemany (2007) considera que à


medida que aumenta o tamanho do grão, maior é a suscetibilidade do granito à alteração, uma
vez que os minerais mais abundantes – os feldspatos e as micas – terão maiores superfícies de
exposição ao contacto com os agentes de alteração. Por sua vez, Ollier (1975), Bland e Rolls
(1998), e Xiao-Li et al. (2008) referem que os minerais de maior tamanho são mais difíceis de
alterar, dado que um grão possui uma superfície de exposição ao contacto com os agentes de
alteração menor do que esse mesmo grão subdividido em vários grãos mais pequenos. No
entanto, os contactos numa rocha de grão fino são mais estreitos do que numa rocha de grão
grosseiro, o que torna a sua porosidade menos significativa (Xiao-Li et al., 2008), bem como a

13
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

sua permeabilidade (Bland & Rolls, 1998). Vasconcelos (2005) refere ainda que quanto maior
for o número de fronteiras entre grãos, maior é o número de planos de fraqueza que conduzem
à abertura de fissuras, como tal, a resistência da rocha diminui à medida que diminui o tamanho
do grão.

Fig. 2.1: Alterabilidade geoquímica de alguns


minerais (adaptado de Ollier, 1975).

A meteorização engloba fenómenos de desagregação mecânica e alteração química (ICOMOS-


ISCS, 2008). Expressa-se ao nível dos minerais – presença de feldspatos alterados, biotites
oxidadas e com clivagens abertas, pela presença de fissuras intra e intergranulares, e pela
identificação de minerais secundários, como a ilite, a clorite, a caulinite e a gibsite (Begonha et
al., 2010). A ocorrência de argilas no interior da rocha é potencialmente negativa, uma vez que
estas expandem na presença de água, reduzindo a resistência e, consequentemente, a
durabilidade do material pétreo (Prada et al., 1995; Bland & Rolls, 1998; Delgado Rodrigues,
2001). Pode dizer-se por isso, que a formação de um novo mineral, para além de se tratar de
um processo de alteração química, ao ser acompanhada por expansão, causa também
meteorização física (Ollier, 1975). Estes ciclos de expansão-contração das argilas têm ainda
efeitos mais nocivos na presença de sais e/ou produtos consolidantes (Charola, 2004).

A expansão dos materiais rochosos devido, quer aos efeitos térmicos (por ação da insolação ou
do gelo), quer à descompressão (por libertação de tensões), é o principal mecanismo que
conduz à alteração mecânica, sendo necessário considerar também a ação haloclástica dos
sais solúveis (Alemany, 2007). A alteração física potencia a alteração química, pois facilita o

14
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

acesso da água, e a alteração química potencia a alteração física das rochas, por
desagregação destas (White & Brantley, 1995; Bland & Rolls, 1998). Ou seja, os fenómenos
mecânicos e químicos não são isolados, coexistem e são muitas vezes as causas uns dos
outros, e consoante as condições específicas do meio, um pode prevalecer em relação aos
restantes (Smith & Prikryl, 2007).

De seguida apresenta-se uma súmula relativa aos principais agentes de alteração.

2.2 O clima

O clima é o conjunto dos estados da atmosfera num determinado local, ou seja, constitui a
descrição estatística de variáveis meteorológicas, como a temperatura, a precipitação, o vento,
a humidade, etc., durante um período de tempo, que pode ir de meses a milhões de anos
(Peixoto, 1987, in Brandão, 2006; Braga & Pinto, 2009).

Peltier (1950, in Fowler & Petersen, 2004) definiu 9 regimes climáticos, correspondendo cada
um deles a uma zona climática do globo. Estes sistemas morfoclimáticos, que Ollier (1975)
considera serem apenas reinos hipotéticos, foram estabelecidos tendo por base os valores
médios anuais de temperatura e precipitação (figura 2.2), e caracterizam-se pelos seguintes
aspetos:

- Selva: húmida e muito quente todo o ano;

- Marinho: húmido e quente todo o ano;

- Moderado: quente, mas com menor precipitação;

- Savana: baixa precipitação e temperaturas anuais variáveis (do muito frio ao muito quente);

- Semiárido: baixa precipitação, quente a muito quente;

- Árido: muito pouca precipitação e muito quente;

- Boreal: quente e com precipitação moderada;

- Periglacial: ciclos de gelo/degelo muito frequentes;

- Glacial: temperaturas muito baixas todo o ano.

15
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

Precipitação média anual (cm)

203 178 152 127 102 76 50 25

-12 Glacial
Temperatura média anual (°C)
-7

-1
Boreal
4 Savana

10 Marinho
16 Moderado Semi-árido

21

27 Selva
Árido

Fig. 2.2: Diagrama das fronteiras climáticas das regiões


morfogenéticas de Peltier (1950) (adaptado de Ollier,
1975 e Fowler & Petersen, 2004).

O autor estabeleceu ainda a distribuição dos fenómenos de alteração por regiões, de acordo
com os dois parâmetros acima referidos (figura 2.3). A análise da figura 2.3 permite verificar que
nas zonas frias a alteração depende particularmente da temperatura, e nas zonas quentes é
função da pluviosidade. Por essa razão, a meteorização química ocorre quando a presença da
água e a temperatura promovem reações químicas, enquanto as regiões caracterizadas pelas
baixas temperaturas e pela fraca precipitação são dominadas pela meteorização física.

Como tal, nas regiões glaciares predomina a meteorização física, enquanto nas regiões
desérticas a meteorização química, apesar das altas temperaturas, é ligeira dada a quase
ausência de precipitação. Na savana e na selva, a ocorrência de precipitação e as temperaturas
quentes favorecem o crescimento de vegetação, sendo a meteorização química provocada
pelos agentes biológicos, o mecanismo de alteração mais comum.

16
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

Temperatura média anual (°C)


Meteorização física
moderada

Meteorização química
moderada com formação
de gelo

Meteorização
química
Meteorização
Meteorização moderada
física e
química intensa química
ligeira

Precipitação média anual (cm)


Fig. 2.3: Diagrama de Peltier (1950) relativo à importância
da meteorização física e química em função da
temperatura e da precipitação (adaptado de Fowler &
Petersen, 2004).

De forma a tentar entender o funcionamento do sistema climático, os cientistas têm construído


modelos do funcionamento da atmosfera - GGMs (Global Climate Models). Esses modelos são
representações matemáticas do sistema climático e permitem compreender os atuais padrões
climáticos do planeta, simulando ainda o clima futuro (Braga & Pinto, 2009).

Segundo os GGMs, em 2100 prevê-se um aumento de temperatura na Península Ibérica de 4 a


7 ºC em relação às temperaturas médias registadas na última metade do século XX (Santos et
al., 2001). Os acréscimos mais acentuados no nosso país ocorrerão no verão, na zona interior
Norte e Centro (Brandão, 2006). Relativamente à precipitação, os GGMs preveem que diminua
anualmente cerca de 100 mm, apesar do seu registo aumentar no Inverno (entre cerca de 20 a
50 %) (Santos et al., 2001).

A mudança climática prognosticada irá agravar os mecanismos de alteração das rochas. Fuente
et al. (2011) fazem referência ao Projeto Noah’s Ark - Global Climate Change Impact on Built
Heritage and Cultural Landscapes, cujo objetivo é prever os efeitos das alterações climáticas no

17
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

património histórico europeu, nomeadamente sobre a forma como os processos de decaimento


poderão ser intensificados e/ou acelerados.

2.3 A água

A água é o principal meio de transporte de agentes agressores, sendo ela própria um deles
(Lourenço, 2003; Charola, 2004). É responsável por perda de coesão interna; recristalização de
soluções por evaporação; migração de sais; alternância de fenómenos de secagem/molhagem;
alternância de ciclos de gelo/degelo; e aparecimento de colonização biológica (Salavessa,
1996; Mosquera et al., 2000). O seu papel manifesta-se quer na alteração física, quer na
alteração química (Almeida, 2009).

Ao circular, a água transporta iões de um local para o outro, o que conduz a várias
combinações de reações, como a dissolução, a hidratação, a hidrólise, a carbonatação e a
oxidação. Estas têm uma tendência para aumentar com o aumento da temperatura (Ollier,
1975; Bland & Rolls, 1998; Pacheco, 2011). Assim, a alterabilidade de uma rocha aumenta com
o aumento do número de micróporos, mas também com o aumento da facilidade desta absorver
e reter água no seu interior (Prada et al., 1995).

As paredes secas também podem decair, pois se armazenarem no seu interior sais, a presença
de água potenciará a deterioração (Nappi & Lalane, 2010).

A água pode surgir sob a forma de vapor de água, entrando nos poros por absorção
higroscópica ou por condensação, ou infiltrar-se no estado líquido por ascensão capilar a partir
do solo, ou por absorção da água da chuva (retida em certas partes dos edifícios) (Charola,
2000). A condensação superficial é estimulada por humidades relativas altas e temperaturas
baixas, logo, irá ocorrer, preferencialmente, ao final da tarde ou durante a noite. A condensação
no interior da pedra (intersticial) poderá conduzir à formação de gelo se a temperatura for
suficientemente baixa. A água da chuva é forçada a penetrar no interior da pedra devido à
pressão do vento ou à sucção capilar. A presença de fissuras facilita este processo (Alemany,
2007). Importa também referir o papel dos chuviscos na ativação da acidez dos depósitos

18
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

secos, promovendo a corrosão das pedras (Salavessa, 1996), bem como a responsabilidade da
condensação na deposição de poluentes atmosféricos (Camuffo, 1995).

Quanto ao gelo, este forma-se quando a temperatura atinge os 0 ºC, ou menos. A mudança de
estado físico implica um aumento de volume de cerca de 9 %. De ressalvar que a presença de
sais reduz o ponto de congelação (Bland & Rolls, 1998).

2.4 Os sais

Apesar da fácil e recorrente conexão entre a aceleração da deterioração das pedras dum
edifício e as (mais recentes) alterações climáticas, um rápido decaimento está normalmente
associado ao mecanismo de cristalização de sais solúveis (Arnold & Zehnder, 1987). Há muito
que se conhecem as consequências deste mecanismo - Charola (2000) faz referência a Herrero
(1967), um autor que fez uma resenha sobre estudos publicados por volta de 1910 sobre o
tema.

Para causar danos os sais necessitam de se deslocar para o interior da rede porosa, processo
que exige a presença de água. Para além de se encontrarem dissolvidos nas soluções
circulantes, os sais podem ainda encontrar-se incorporados na constituição da própria rocha, ou
depositados na sua rede porosa (Nappi & Lalane, 2010).

A cristalização de sais sendo função da ascensão capilar de soluções salinas, sucede quando
as estruturas de alvenarias contactam com solos húmidos. Assim, para que a ascensão capilar
da água ocorra é necessária a presença desta, a existência de materiais de construção com
estrutura porosa, e o contacto entre ambos (Silva, 2002). A rede porosa dos granitos é do tipo
fissural, muito bem interligada, o que proporciona rápidas transferências capilares (Alves, 1997;
Begonha, 2001; Moutinho da Silva, 2005; Leite, 2008).

A ascensão capilar de água, por si só, apenas causa paredes húmidas e o cheiro característico
a bolor no interior dos edifícios, no entanto, quando combinada com a presença de sais causa
decaimento (Youg, 2008). Pode acontecer também que a porosidade diminua com a

19
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

cristalização de minerais de sais solúveis devido ao bloqueio e preenchimento dos


poros/fissuras (Doehne, 2002).

Os fatores que condicionam a cristalização de sais no interior dos poros são a porosidade, o
tamanho dos poros, as propriedades do sal (solubilidade, expansão de volume e pressão de
cristalização), o transporte e grau de saturação da solução, o local de cristalização e a
resistência do material pétreo à pressão de cristalização (Rodriguez-Navarro & Doehne, 1999;
Benavente et al., 2007a; Yu & Oguchi, 2010) e a presença de outros sais (Charola, 2000; Aires-
Barros, 2005). A complexidade deste processo, que envolve as propriedades do material pétreo
e as características do meio envolvente a que este está exposto, é a razão para que este
mecanismo de decaimento esteja apenas parcialmente compreendido (Maurício et al., 2005).
Grossi e Esbert (1994) apresentam uma sinopse onde expõem as origens prováveis dos iões
que formam os principais tipos de sais.

Os danos provocados pela cristalização de sais são função do hábito do cristal e do tamanho
atingido, estando por isso intrinsecamente relacionados com as tensões provocadas pela
pressão de cristalização (Bland & Rolls, 1998; Theoulakis & Moropoulou, 1999). A ação de um
sal é tanto mais destrutiva quanto maior for a sua solubilidade e forças de cristalização
(Begonha, 2011). O gesso, por exemplo, pode precipitar à temperatura ambiente e aumentar
até 300 vezes o seu volume, provocando danos severos (Veniale et al., 2008).

A pressão de cristalização depende do grau de saturação da solução e da estrutura da rede


porosa. A pressão de cristalização será maior em poros de menor tamanho e em soluções
sobressaturadas (Benavente et al., 2004a, 2004b; Steiger, 2005a). Rochas mais porosas, com
poros de menor tamanho, sofrem maiores danos do que rochas menos porosas com poros de
maiores tamanhos (Grossi et al., 1998; Angeli et al., 2008).

As maiores pressões de cristalização ocorrem quando um sal cristaliza num poro de maior
tamanho, mas com acessibilidades reduzidas (Tsui et al., 2003; Benavente et al., 2006). Ou
seja, se o sal cristalizar num poro de grande tamanho e bem conectado, a sua cristalização e
expansão não irá gerar grandes tensões, e consequentemente, grandes danos (Benavente et
al., 2007a). Por seu turno, Rodriguez-Navarro e Doehne (1999) consideram que numa rocha
com grande porção de micróporos, ligados por poros de maior tamanho, estes funcionam como
reservatórios de solução, alimentando os poros de menor tamanho que, como atingem a

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

sobressaturação mais facilmente, acabarão por ser o local preferencial da cristalização de sais,
conduzindo à rutura.

Steiger (2005a) faz ainda referência ao facto de que cada sal poderá encontrar-se dentro do
poro sob uma pressão de cristalização anisotrópica devido ao contacto de cada face com
soluções com potenciais químicos diferentes.

Embora cada ciclo de cristalização/dissolução possa acarretar apenas pequenas alterações,


estas acumulam-se, acabando os sucessivos ciclos por provocar a perda de coesão entre os
materiais e o aumento da porosidade, o que conduz à sua progressiva desagregação (Youg,
2008).

2.5 Os contaminantes atmosféricos

Os gases e as partículas da atmosfera depositam-se nas superfícies das pedras, podendo


considerar-se dois tipos de deposição: a deposição seca, que acontece quando partículas
sólidas, gases ou aerossóis atingem as paredes de um edifício, e a deposição húmida,
correspondente ao transporte de componentes da atmosfera pela chuva, neve ou nevoeiro
(Camuffo, 1995; Prada et al., 1995; Begonha, 2001). A deposição dos gases fez-se por difusão,
e as partículas sólidas depositam-se preferencialmente nas paredes mais frias. A sua captura é
favorecida por superfícies molhadas e rugosas (Salavessa, 1996). Em climas mediterrâneos,
não chove frequentemente no verão, logo a maioria dos poluentes é depositada na fase seca.
Esta deposição é mais significativa nas zonas urbanas (Camuffo, 1995).

As substâncias depositadas a partir da poluição atmosférica são maioritariamente gases, como


por exemplo o dióxido de carbono (CO2), o dióxido de enxofre (SO2) e a amónia (NH3). O
dióxido de enxofre se oxidado (SO3) pode reagir com a água, tornando-a mais reativa,
sobretudo com os carbonatos (Grossi & Esbert, 1994; Charola, 2004; Nappi & Lalane, 2010;
Sanjurjo-Sánchez & Alves, 2012). A quantidade de água ácida disponível depende quer de
fatores meteorológicos, como o orvalho, os chuviscos, a chuva, os aguaceiros, os gradientes de
temperatura próximos da superfície, a ventilação, a condensação e a evaporação, quer de
fatores geométrico-arquitetónicos, nomeadamente a escorrência da água da chuva sobre

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

determinadas superfícies, a orientação das superfícies e a exposição aos fatores ambientais


(Begonha, 2001).

No caso das rochas graníticas, se o SO2 se combinar com o cálcio das plagioclases poderá
formar gesso (Charola, 2004; Veniale et al., 2008). Schiavon (2007) comprovou, num estudo
realizado na Igreja de S. Jorge (Corunha, Espanha), que a caulinização dos feldspatos ocorreu
após a utilização da pedra granítica no monumento, e devido à presença de SO2 na atmosfera.
Este processo, segundo o autor, pode causar decaimento até 4-5 mm abaixo da superfície dos
silhares, a profundidades superiores do que os locais preferenciais de cristalização do gesso,
provocando por isso maiores danos.

Partículas como as cinzas volantes (principal grupo de aerossóis atmosféricos) também


desempenham um papel importante na acidificação da água da chuva. Formam-se em
consequência da queima de carvão ou fuel, e podem ser esféricas de superfície lisa,
aluminossilicatadas e com quantidades variáveis de Fe, Ca, K, Na e Ti; esféricas de superfície
lisa ou mais ou menos rugosa, essencialmente constituídas por Fe ou Ca; ou esféricas
carbonosas porosas, ricas em enxofre (Magalhães, 2000; Begonha, 2001). A deposição de
partículas ricas em Fe, Ni e Cr pode acelerar a oxidação do SO2 e, consequentemente, acelerar
os processos de decaimento, nomeadamente os relacionados com a formação de gesso e/ou
outros minerais de sais solúveis (Grossi et al., 2003).

A poluição do ar, se tiver compostos ácidos como os referidos, é muitas vezes considerada
como um dos principais fatores de deterioração da pedra (ver Alves & Sanjurjo-Sánchez, 2011,
e Sanjurjo-Sánchez & Alves, 2012), no entanto, ainda não há uma explicação clara
relativamente ao seu contributo nos processos de decaimento (Charola, 2004). Para além dos
riscos para com o património construído é necessário considerar os riscos para a saúde pública,
nomeadamente os efeitos carcinogénicos de alguns poluentes (Slezakova et al., 2011).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

2.6 Os seres vivos

As pedras de uma alvenaria podem ser o habitat para inúmeros seres vivos se instalarem e,
direta ou indiretamente, provocarem alterações (Murillo, 2008). A colonização biológica é
frequentemente um marco no impacte visual de um monumento, dificultando a observação e
admiração de pormenores arquitetónicos e/ou decorativos (Mishra et al., 1995; Mouga &
Proença, 2002).

Segundo Guillitte (1995), citado por Prieto e Silva (2005), a biorecetividade define-se como
sendo o potencial de um determinado material pétreo em ser colonizado por um ou mais grupos
de organismos. Ou seja, corresponde à totalidade de propriedades do substrato que contribuem
para a colonização (Sáiz-Jiménez & Arino, 1995; Tiano, 2002).

São vários os fatores ambientais que influenciam o crescimento e desenvolvimento dos


organismos, designadamente a temperatura, a água, a luz, o pH, o oxigénio e os nutrientes
(Warscheid & Braams, 2000). Num monumento, exposto às mesmas condições ambientais, o
fator envolvido nas diferenças de biorecetividade é o tipo de material usado na sua construção
(natureza química, propriedades físico-mecânicas e origem geológica) (Prieto & Silva, 2005;
Cámara et al., 2008), no entanto, é preciso considerar que esse substrato pétreo vai sofrendo
alterações com o tempo (Tiano, 2002), sem descurar também o facto de que os ambientes
interiores e exteriores estão expostos a distintas condições, o que gera micro-nichos ecológicos
específicos (Páramo-Aguilera et al., 2012). Coutinho (2009) refere ainda que certos aspetos
arquitetónicos/de engenharia são mais suscetíveis à ocorrência de colonização biológica,
devendo ser considerados, em condições semelhantes de material e de acessibilidade, mais
biorecetivos.

A colonização biológica, sendo epilítica, diz respeito à colonização à superfície, por sua vez, a
colonização endolítica já se refere aos agentes biológicos que ocupam posições mais internas
nos materiais pétreos (Rios et al., 2004; Murillo, 2008).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

A biodeterioração pode ser classificada, segundo Morton (2003), da seguinte forma:

- Biodeterioração mecânica, que ocorre quando o decaimento do material pétreo resulta da


atividade física dos organismos, como o seu crescimento e/ou movimento;

- Biodeterioração química assimilativa, que ocorre quando um material é alterado devido ao


seu valor nutricional para os organismos;

- Biodeterioração química desassimilativa, que ocorre devido à produção e libertação de


produtos de metabolismo.

Desta forma, pode dizer-se que os agentes biológicos podem provocar danos na pedra que
passam pela formação de biofilmes, pela promoção de reações químicas, pela produção de
pigmentos, pela penetração física no substrato e pela desagregação do material pétreo
(Warscheid & Braams, 2000). Os autores apresentam uma revisão onde destacam, para além
destes mecanismos de alteração biológica, os agentes envolvidos e as metodologias de
prevenção. De entre os organismos colonizadores mais comuns destacam-se as bactérias, as
algas, os líquenes, os fungos, as plantas e os animais.

2.6.1 Bactérias

Os microrganismos que se depositam nas superfícies das estruturas de alvenaria podem ter
origem variada, podendo ser provenientes do solo, ou ser transportados pelo ar, mais
concretamente pelo vento, ou por animais, como insetos e aves. A sua multiplicação dependerá
das condições climatéricas e da presença de nutrientes (Rosa & Martins, 2005).

A colonização de bactérias em pedras de monumentos ou em marcos históricos tem sido


estudada por diversos autores (Gómez-Alarcón et al., 1995; Sáiz-Jiménez & Ariño, 1995; Flores
et al., 1997; Ascaso et al., 1998; Magalhães, 2000; Papida et al., 2000; Schiavon, 2002;
Krumbein, 2003; Barrionuevo, 2004; Rios et al., 2004; Kiel, 2005; Rios & Ascaso, 2005; Suihko
et al., 2007; Gomes, 2008; Portillo et al., 2008; Oliveira et al., 2009; Portillo et al., 2009; Felice et
al., 2010; Alisi, 2011).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

As bactérias são seres vivos unicelulares, procariontes, que se encontram quer em ambientes
oxigenados, quer em condições de anarobiose, podendo ser auto ou heterotróficas. As
bactérias autotróficas, designadamente as bactérias nitrificantes, as sulfúricas e as férricas, são
as responsáveis pela meteorização das rochas. As bactérias heterotróficas estão envolvidas em
mecanismos de deterioração que implicam a produção de ácidos biogénicos, podendo causar
dissolução através da mobilização de catiões, tais como Ca2+, Fe3+, Mn2+, Al3+ e Si4+ (Aires-
Barros, 2001). O autor admite que 100 000 a 1 000 000 de microrganismos podem viver nas
superfícies internas de um centímetro cúbico de rocha alterada (cerca de 2 g). Rios et al. (2004)
observaram bactérias no seio de folhas de micas, que para além de serem responsáveis pela
sua separação, revelaram ser capazes de mobilizar elementos do substrato. Kiel (2005) isolou
bactérias em prédios históricos da cidade de Porto Alegre (Brasil) capazes, quer de acidificar,
quer de alcalinizar o meio. Papida et al. (2000) consideram que as bactérias preferem
substratos mais resistentes uma vez que estes oferecem, para além dos nutrientes orgânicos e
inorgânicos, um ambiente mais estável.

Chamam-se biofilmes aos agregados visíveis de microrganismos, principalmente cianobactérias


e algas, na superfície das pedras (ver Crispim & Gaylarde, 2005). A sua natureza
fotolitoautotrófica facilita a colonização por outros organismos (Tiano et al., 2011), sendo muitas
vezes a fonte de matéria orgânica para que outras bactérias e fungos se possam instalar (Bland
& Rolls, 1998; Páramo-Agilera et al., 2012). Contudo, a proliferação (pioneira) de
microrganismos heterotróficos é possível sem a presença prévia de organismos autotróficos
(Alisi, 2011).

Sabe-se ainda que os biofilmes capturam partículas sólidas e esporos (Charola, 2004) e
contribuem indiretamente para o decaimento do material pétreo através da absorção de gases,
nomeadamente SO2, conduzindo à sulfatação da rocha e à precipitação de sais sulfatados
(Papida et al., 2000; Schiavon, 2002). Os seus principais efeitos prendem-se com a formação
de crostas, depósitos e pátinas (Gómez-Alarcón et al., 1995; Prada et al., 1995; Hall et al.,
2005; Schiavon, 2002; Krumbein, 2003), e com a retenção de água na superfície dos silhares
(Barrinuevo, 2004).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

2.6.2 Fungos

Os fungos são seres vivos heterotróficos que se nutrem por absorção (Freitas, 2010). A maioria
são saprófitas alimentando-se de matéria orgânica morta, mas também existem espécies
parasitas (Howel et al., 2004) e fungos simbiontes, que vivem em associação com outro ser vivo
(Freitas, 2010).

O seu tamanho varia de poucos micrómetros a centenas de metros de extensão, por isso a
existência de várias morfologias deu origem a designações múltiplas, como leveduras, bolores,
mofo, cogumelos, etc., que se referem a estruturas vegetativas e reprodutivas.

A sua estrutura vegetativa denomina-se talo, sendo este formado por filamentos ou hifas nos
fungos filamentosos. As hifas podem ser septadas ou cenocíticas. Caracteristicamente
possuem uma parede celular rígida constituída por quitina e/ou celulose. Podem ser sexuados
ou assexuados, reproduzindo-se na sua maioria através de esporos, que se dispersam,
geralmente, através do vento (Freitas, 2010).

Estes seres vivos são encontrados em todos os locais - ar, água e terra, e muitos toleram
temperaturas elevadas e condições ácidas. Podem viver em tecidos, papel, couro e alvenarias,
podendo causar enormes prejuízos (Jones & Gaudin, 2000; Gadd, 2007).

Em monumentos ou edifícios históricos tem sido observada colonização biológica fúngica,


sendo esta influenciada por diversos parâmetros, como: o tipo de substrato (Gómez-Alarcón et
al., 1995; Hirsch, 1995; Flores et al., 1997; Ascaso et al., 1998; Hoppert et al., 2002; Prieto &
Silva, 2005; Rios & Ascaso, 2005; Grbic & Vukojevic, 2009; Gutarowska, 2010; Hallmann et al.,
2011a), as condições ambientais (Prieto & Silva, 2005; Suihko et al., 2007; Hallmann et al.,
2011a), a atmosfera poluente (Páramo-Aguilera et al., 2012), a comunidade microbiana
associada (Felice et al., 2010), o grau de alteração do material pétreo (Prieto & Silva, 2005;
Cámara et al., 2008; Alisi, 2011; Pandey et al., 2011), e a génese de patologias (Sáiz-Jiménez,
1997; Coutinho, 2009; Oliveira et al., 2009; Felice et al., 2010; Hallmann et al., 2011a).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

A ação física dos fungos pode ocorrer de duas formas: pela à penetração das hifas (Lisci et al.,
2003; Rios et al., 2004) ou por expansão dos talos e das hifas quando absorvem água (Bland &
Rolls, 1998; Allsop et al., 2004; Schiovan, 2002; Rios & Ascaso, 2005; McNamara et al., 2010).
A profundidade da penetração depende do tipo de fungo e da natureza do substrato (Lisci et al.,
2003). Também ocorrem alterações físicas devido ao aumento de biomassa dos
microrganismos (Rios & Ascaso, 2005).

Para além dos danos mecânicos, é importante considerar a atividade bio-corrosiva dos fungos
devido à secreção de ácidos orgânicos (Hirsch, 1995; Gutarowska, 2010) e à oxidação de
catiões, como o ferro e o manganês (Felice et al., 2010). A produção de substâncias ácidas,
como o dióxido de carbono, também é potenciadora de danos, sobretudo em calcários (Lisci et
al., 2003). Gutarowska (2010) refere que fungos que se desenvolvem em materiais orgânicos
caracterizam-se pela libertação de enzimas, enquanto os fungos que proliferam em materiais
inorgânicos é comum produzirem ácidos orgânicos.

De referir ainda que a colonização de edifícios por microrganismos como bactérias, algas e
fungos, pode acarretar danos para a saúde das pessoas com potencial alérgico e
hipersensibilidade, devido à libertação de esporos (Kiel, 2005; Felice et al., 2010).

2.6.3 Líquenes

Os líquenes são organismos originados da associação simbiótica entre um fungo e uma alga ou
cianobactéria. O fotobionte realiza a fotossíntese e o microbionte contribui com a absorção de
água e os compostos minerais, sendo ainda responsável pela fixação do líquen ao substrato.
Cerca de 19 % das espécies fúngicas encontram-se nos líquenes (Kirk, 2001).

Normalmente, o talo do líquen é formado pelo fungo, ocupando a alga a camada mais
superficial. A morfologia do talo (figura 2.4) depende em parte dos parceiros fotobiontes a que o
fungo está associado e segundo Lisci et al. (2003) pode ser:

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

- Crustácea – quando a aderência dos talos fecha a superfície e penetra-a, formando


uma crosta de difícil remoção;

- Foliácea – quando os talos penetram o substrato através de rizinas (raiz da estrutura


do líquen), podendo, por isso, ser facilmente removidos da superfície das pedras;

- Fruticulosa – quando os talos se desenvolvem de forma ramificada, encontrando-se


normalmente ancorados ao substrato a partir de um núcleo, podendo também ser fáceis
de remover;

- Endolítica – quando os talos crescem no interior do substrato e são difíceis de se


distinguir devido à sua cor branca semelhante à rocha calcária.

Fig. 2.4: Diferentes formas de crescimento dos líquenes na


pedra: a) crustácea; b) foleácea; c) fruticulosa; d) endolítica
(adaptado de Lisci et al., 2003).

Os líquenes possuem uma enorme capacidade de se adaptar a diferentes substratos (solo,


rochas, cimento, troncos, folhas, etc.), sendo muitas vezes os pioneiros da colonização,
sobretudo quando ocupam ambientes muito hostis para outras formas de vida. Suportam
semanas, a meses, de seca e toleram temperaturas extremas, como tal a sua ocupação
estende-se desde os polos até às selvas tropicais.

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

A sua reprodução pode ser vegetativa ou ocorrer por germinação de esporos. As condições
necessárias para ocorrer a germinação variam consoante a espécie, mas o fator mais
importante é a disponibilidade de água. São muito sensíveis à poluição atmosférica
representando um excelente papel como bioindicadores.

Cerca de 650 artigos científicos foram revistos em 2004 sobre a biodeterioração provocada por
líquenes (Piervittori et al., 2009). Tiano (2002) faz referência a estudos que isolaram os
principais géneros de líquenes colonizadores em monumentos, a saber: Protoblastenia,
Verrucaria, Caloplaca, Aspicilia, Lecanora e Xanthoria. Em Ascaso et al. (1998) também são
referidas as espécies mais comuns, nomeadamente, Squamarina crassa, Caloplaca aurantia,
Lecanora sp. e Xanthoria parietina. Silva et al. (1997), num estudo realizado no Centro de Arte
Contemporânea Galiciano (Santiago de Compostela, Espanha), identificaram os seguintes
géneros: Trapelia, Ulotrichales, Chlorococcales, Candelariella e Catillaria.

A ação destes organismos é sobretudo mecânica, devido à penetração das hifas dos fungos,
que provocam desintegração do material pétreo (Silva et al., 1999), como já foi
supramencionado. É comum que a proliferação se inicie nas argamassas, encontrando-se hifas
a profundidades de 1-1,5 cm (Sáiz-Jiménez & Ariño, 1995). Hall et al. (2005) observaram
pátinas em granitos em que a interface líquen-rocha atingia os 0,5 cm. No entanto, a sua ação
química também é conhecida. Chen et al. (2000) identificaram em rochas colonizadas por
fungos a precipitação de óxidos de ferro e a neoformação de minerais de argila.

Apesar dos líquenes afetarem a mobilidade de alguns elementos químicos, no geral, a


meteorização é semelhante na rocha colonizada e na rocha não colonizada. A mobilização dos
elementos químicos, de e para a superfície da rocha, depende da alterabilidade do mineral,
sendo que o Na+ e o Ca2+ são os iões mais facilmente removidos, uma vez que provêm das
plagioclases (Silva et al., 1999).

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II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

2.6.4 Plantas

No que diz respeito às plantas superiores pode dizer-se que a sua ação se faz sentir sobretudo
através das suas raízes, que se instalam em zonas mais frágeis, como fissuras ou junções
entre pedras. Esta ocupação resulta, quer no aumento do diâmetro dessas aberturas, quer na
formação de novas fissuras. As plantas podem desenvolver-se ainda nas argamassas ou em
substrato formado a partir de poeiras atmosféricas (Mishra et al., 1995; Lisci et al., 2003).

Os fatores que influenciam o crescimento e desenvolvimento das plantas são a luz, os


nutrientes e o clima. O seu número diminui em locais com fraca precipitação e humidade
relativa reduzida (Lisci et al., 2003), sendo que a temperatura ótima para o seu
desenvolvimento se situa entre os 15 e os 20 ºC (Mishra et al., 1995).

A ação mecânica e química de musgos e fetos é negligenciável relativamente à ação das


plantas superiores, uma vez que estes não possuem verdadeiras raízes (Tiano, 2002), no
entanto, estas (pequenas) plantas, para além de serem colonizadoras primárias, preparando o
substrato para outras plantas, dependem obrigatoriamente da água, acabando por retê-la nos
locais húmidos.

Mishra et al. (1995) referem vários autores que levaram a cabo estudos de identificação de
plantas em monumentos. Lisci et al. (2003) apresentam uma extensa lista das principais plantas
que se desenvolvem em monumentos, distinguindo a sua colonização em relação à posição,
disponibilidade de água e do tipo de plantas que se sucedem umas às outras, e Freitas (2006)
desenvolveu um estudo onde identificou várias espécies de Angiospérmicas colonizadoras de
muros antigos na cidade de Braga.

A eliminação mecânica de plantas superiores, musgos ou líquenes não mata os organismos, o


que consequentemente culmina na sua regeneração. Muitas vezes acontece que operações de
corte manual de vegetação funcionam como recargas de matéria orgânica, o que favorece a
continuidade da colonização. A existência de superfícies horizontais facilita a acumulação de
matéria orgânica, como excrementos de aves, podendo ser também um ponto a favor do
desenvolvimento de comunidades vegetais. A utilização de herbicidas tem sido o método

30
II – ALTERAÇÃO DE ROCHAS GRANÍTICAS EM MONUMENTOS – PRINCÍPIOS GERAIS

químico mais utilizado (e eficiente) para destruir ou impedir o crescimento da vegetação (Mouga
& Proença, 2002), mas existem ainda métodos físicos, como a remoção manual, e biológicos,
que envolvem a utilização de insetos (Mishra et al., 1995).

2.6.5 Animais

Quanto aos animais, há que distinguir a colonização por artrópodes (microfauna) que se
alimentam à custa de líquenes, contribuindo para a sua disseminação (Tiano, 2002), e a
colonização pela avifauna, cujas consequências se referem particularmente à acumulação de
dejetos, que gera soluções ácidas ricas em minerais de sais solúveis quando em contacto com
humidade e/ou águas de escorrência (Gómez-Heras et al., 2004).

31
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

III. ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

3.1 Contexto histórico

A cidade de Lamego nasceu com o seu Castelo. A necessidade de defesa permanente


conduziu as populações para o ponto mais alto da cidade, no entanto, o aumento demográfico
depressa conduziu à expansão desta, para lá dos limites das muralhas. O bairro da Sé terá sido
o primeiro grande aglomerado a desenvolver-se extramuros (Roseira, 1981).

Foi na capela onde era venerado São Sebastião que, por iniciativa de D. Afonso Henriques, no
século XII, se ergueu, a sul do Castelo, no centro do povoado amuralhado, a Sé de Lamego
(Monterey, 1984) (figura 3.1). A torre quadrangular, de estilo românico, é hoje o único
testemunho (já modificado), das primitivas construções medievais (Correia, 1924; Monterey,
1984; Laranjo, 1989). As sucessivas alterações que o edifício original sofreu ao longo dos
tempos (séculos XV, XVI e XVIII) deveram-se sobretudo às necessidades relativas ao culto, e
às tentativas de sanar a degradação do imóvel (Laranjo, 1990).

Fig. 3.1: Fachada principal (W) da Sé de Lamego.

33
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Devido ao anacronismo da obra, são várias as opiniões acerca da época de construção da


frontaria da Sé. Segundo Vasconcelos (1907), in Passos (1933), a obra é puramente gótica, do
século XIV. Gomes (1909), in Passos (1933), alega que a sua construção não foi contínua,
tendo-se iniciado nos finais do século XIV, inícios do século XV. A porta central é gótica, mas as
duas portas laterais apontam para o período manuelino. Costa (1979) afirma que o templo foi
dotado de novo frontispício em meados do século XV. Em Albuquerque (2000) pode ler-se que
apesar das obras se terem iniciado pelas mãos de D. João de Madureira (inícios do século XVI),
foi D. Fernando de Menezes Coutinho Vasconcelos, seu sucessor, que lhes deu continuidade, o
que resultou na construção de três portais de arco quebrado do período de transição entre o
gótico e o manuelino. A grande diversidade de elementos decorativos – vegetalistas,
animalistas e fantásticos – confirma o estilo.

Na grande reforma do século XVI, promovida pelo bispo D. Manuel de Noronha, a torre foi
transformada em sineira (Guia de Portugal, 1995). Este bispo foi também o grande responsável
pela construção, em 1557, do claustro (figura 3.2a), onde estão situadas, no primeiro piso, as
preciosas capelas de Santo António e de São Nicolau (Monterey, 1984), esta última atualmente
designada de capela de S. João Batista dado o desaparecimento, no século XIX, da primeira
capela de S. João. O piso superior sustenta um alpendre sobre uma galeria de colunas simples.

No século XVIII foi reconstruída a parte interna da Sé, em estilo barroco. De realçar o corpo
principal subdividido em três naves, correspondendo cada uma destas à sua respetiva porta de
entrada (figura 3.2b). Nas paredes laterais abrem-se vários altares. As pinturas dos tetos são de
autoria do arquiteto-pintor Nicolau Nasoni (Monterey, 1984) (figura 3.3a). Por esta altura a Sé
abria-se para um amplo adro lajeado (http://www.infopedia.pt/$se-catedral-de-lamego [2010-09-
16]). Apenas a torre e a frontaria gótica, sobreviveram às profundas alterações a que a
estrutura do edifício foi submetida (Lima, 2000).

Refira-se ainda, que até ao bispado de D. Frei Feliciano de Nossa Senhora (de 1742 a 1771), a
torre serviu de “cárcere tenebroso” (Laranjo, 1990).

Assim, e depois das diversas alterações estruturais, encontramos hoje na fachada principal da
Sé de Lamego registos de três épocas: a parte siglada da torre, de estilo românico; as três
imponentes portadas, de estilo gótico; e a zona acima dos frisos das portadas, de estilo barroco
(Monterey, 1984).

34
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

a) b)

Fig. 3.2: a) Claustros da Sé de Lamego; b) Planta da Sé de Lamego


(http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6431 [15/05/2012]).

Na década de 30, do século XX, a Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais iniciou
uma intervenção no edifício com o objetivo de recuperar as coberturas, reconstruir parcelas do
claustro, que se encontrava em muito mau estado de conservação, e de definir a Zona de
Proteção da Envolvente (prevista na Lei 1700, de 1924). A torre, que esteve habitada até 1964,
foi restaurada após essa data. Simultaneamente, foi também substituído o altar-mor (Rosas,
2010) (figura 3.3b).

A última intervenção no edifício foi realizada em 2003, pelo Instituto Português do Património
Arquitetónico, e consistiu na reparação da torre sineira e na colocação de um para-raios
(http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6431 [06/10/2010).

A Sé de Lamego é Monumento Nacional desde 1910, e encontra-se hoje sob alçada da Direção
Regional da Cultura do Norte, delegação do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e
Arqueológico (IGESPAR).

35
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

a) b)

Fig. 3.3: a) Pinturas de Nicolau Nasoni; b) Altar-mor.

3.2 Contexto geográfico

Localizado no distrito de Viseu (norte de Portugal), o concelho de Lamego, para além de fazer
fronteira a norte com o rio Douro, é ainda ladeado pelos concelhos de Tarouca, a sul; Armamar,
a este; e Resende, a oeste (figura 3.4a). O território concelhio estende-se por 151 km2 e possui
24 freguesias (figura 3.4b), sendo apenas duas delas – Almacave e Sé – de carácter urbano
(Vieira, 2006). Esta área encontra-se representada na Carta Militar de Portugal, escala 1:25
000, Folhas 126 – Peso da Régua e 137 – Lamego, publicadas pelo Serviço Cartográfico do
Exército.

A região de Lamego é montanhosa e acidentada, apresentando ainda vales estreitos e


profundos. Das áreas de maior altitude destaca-se a norte, sobranceira à cidade, a serra das
Meadas, a sul a serra de Meijinhos, a este a serra do Poio (também conhecida como serra das
Meadas), e a sudeste a serra de Montemuro, sendo que o ponto mais alto do concelho se situa
no Lugar da Fonte da Mesa, a 1124 m.

36
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

a) b)

Fig. 3.4: a) Localização de Lamego no distrito de Viseu (http://www.cm-lamego.pt


04/11/2010); b) Freguesias do concelho de Lamego
(http://viajar.clix.pt/mapas.php?c=109&lg=pt&w=lamego [15/05/2012]).

O maciço de Montemuro é separado da Serra do Marão (a norte) pelo rio Douro, de que são
tributários os cursos de água da zona (Teixeira et al., 1969). Para além deste curso que
apresenta o caudal mais volumoso, a destacar ainda o rio Balsemão, que atravessa todo o
concelho, e o rio Varosa (Barros, 2010).

Para o estudo em causa importa referir ainda a vizinhança do rio Coura à Sé de Lamego (ponto
1, figura 3.5). No século XVI este afluente do rio Balsemão tinha o seu percurso mais perto do
monumento, mas o bispo Dom Fernando de Menezes fez desviar ligeiramente o seu curso de
modo a que em frente do Paço Episcopal, que é hoje sede do Museu de Lamego (ponto 2,
figura 3.5), ficasse um grande largo. O rio passava a descoberto pela baixa da cidade até 1919,
altura em que foi iniciada a sua cobertura (figura 3.5).

37
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

1
Rio Coura

Fig. 3.5: Percurso do rio Coura: a azul está representado o curso do rio a
descoberto e a vermelho o curso subterrâneo. No ponto 1 localiza-se a Sé de
Lamego e no ponto 2 localiza-se o Museu de Lamego.

Os terrenos agrícolas ocupam 48,8 % do concelho, por sua vez os espaços florestais
correspondem a cerca de 26 % do seu território, estando localizados, preferencialmente nas
zonas oeste e sul, com predomínio do castanheiro, do carvalho e do pinheiro bravo (Barros,
2010). A exposição das rochas à superfície é mais escassa nas zonas de pasto, cultivo e
florestais, surgindo numerosos afloramentos rochosos nas áreas de relevo mais acidentado
onde predomina a vegetação do tipo arbustivo e rasteiro (Martins, 1997).

Atualmente, a principal via de acesso a Lamego é a A24, autoestrada que liga Vila Real a Viseu
e atravessa o concelho de norte a sul. A N2, que liga Castro Daire, Lamego e Régua, é a
estrada nacional de maior relevância. Existem ainda várias estradas municipais e vicinais, no
entanto, o acesso às zonas montanhosas é dificultado pela topografia acidentada.

38
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

3.3 Contexto Climático

O clima em Portugal continental, fortemente influenciado pela proximidade do Oceano Atlântico


(Miranda et al., 2004), é tipicamente mediterrâneo, com temperaturas médias anuais a variar
desde os 7 ºC nas terras altas, aos 18 ºC no Algarve. A precipitação média anual é de cerca de
900 mm (Santos et al., 2001). Aproximadamente 42 % da precipitação ocorre no inverno, sendo
o verão a estação menos chuvosa (6 %).

Desde a década de 1970-1979, que a temperatura média subiu em todas as regiões de


Portugal, a uma taxa de cerca de 0,5 ºC/década, mais do dobro da taxa de aquecimento
observada para a temperatura média mundial (Miranda et al., 2004). A temperatura média do ar
na década 1990-1999 foi a mais alta dos últimos 70 anos (Instituto Meteorológico, 2009).
Verifica-se ainda uma diminuição da amplitude térmica, pois o valor da tendência da
temperatura mínima é superior ao da temperatura máxima.

Comparando os valores médios do período 1961-1990, os últimos vinte anos do século XX


foram muito pouco chuvosos. Esta redução incidiu particularmente na primavera, no mês de
março. Relativamente aos invernos, pode dizer-se que a variabilidade interanual aumentou
devido à ocorrência de invernos mais secos e invernos mais chuvosos (Miranda et al., 2004).

A latitude, a longitude e a orografia embora variem em pequena escala, induzem a variações


climáticas que dão determinada especificidade a cada região do país. Em termos gerais, a
região de Lamego faz a transição entre a zona serrana, com características frias e agrestes no
inverno e ardentes verões; e a zona do vale do Douro, tipicamente mediterrânea, com Estios
sufocantes e invernos moderados (Roseira, 1981). No verão, as temperaturas chegam a atingir
os 40 ºC, e as chuvas são raras (Guia de Portugal, 1995). O outono e a primavera apresentam
temperaturas agradáveis, podendo surgir ocasionalmente no inverno episódios de neve (Barros,
2010).

Da análise do Atlas Climático Ibérico (2011) pode concluir-se que a área climática em estudo
está classificada, segundo Koppen-Geiger, como fazendo parte do Clima Temperado tipo Csb
(temperado com verão seco e temperado).

39
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Tendo em consideração dados relativos à cidade de Viseu, entre 1971 e 2000, verifica-se que
as temperaturas máximas são alcançadas nos meses de julho e agosto, sendo o mês de janeiro
o mês mais frio (onde as temperaturas mínimas chegam a atingir os -7 ºC). Por seu turno, a
precipitação média mensal é de cerca de 98 mm, registando-se valores máximos no mês de
dezembro (195,4 mm), e valores mínimos no mês de agosto (17,9 mm). A consulta das Normais
Climatológicas (provisórias), de 1981 a 2010, permite confirmar estes dados, verificando-se que
o mês de julho, com temperaturas médias de 21,7 ºC, é o mês mais quente, e o mês de janeiro
o mês mais frio. Quanto à precipitação, julho apresenta-se como o mês mais seco, e em
dezembro, o mês mais chuvoso, a precipitação média é de 203,4 mm (Instituto de Meteorologia
de Portugal, 2012a).

Apesar de Lamego se enquadrar geograficamente no distrito de Viseu, localiza-se a cerca de


22 km da cidade de Vila Real, encontrando-se as três cidades à mesma cota (aproximadamente
500 metros de altitude), por isso é de admitir que o seu clima obedeça a características
intermédias destas duas cidades. As normais climatológicas da temperatura do ar de Vila Real,
entre 1971 e 2000, imputam aos meses de julho e agosto as temperaturas mais elevadas,
sendo o mês de janeiro o mês mais frio (com temperaturas médias de 5,8 ºC). Em dezembro a
precipitação média – 174,6 mm, é a mais elevada, e julho e agosto são os meses menos
chuvosos (Atlas Climático Ibérico, 2011). Relativamente aos dados provisórios dos últimos 30
anos, agosto é o mês mais quente em Vila Real, e em janeiro os termómetros atingem em
média os 6,3 ºC. julho e dezembro continuam a ser, respetivamente, o mês mais seco e o mês
mais chuvoso, sendo a precipitação média mensal de aproximadamente 85 mm (Instituto de
Meteorologia de Portugal, 2012a).

O intervalo de tempo mínimo, definido pela Organização Meteorológica Mundial, necessário


para caracterizar o clima, num determinado local, são 30 anos. No caso de Lamego, essa
caracterização não é possível de se fazer, uma vez que não existe uma estação meteorológica
no concelho. No sentido de obter dados meteorológicos da cidade, foi montada uma estação
meteorológica automática (EMA) (figura 3.6), pelo período de um ano (entre 1 março de 2011 e
28 de fevereiro de 2012), nos jardins do antigo Mercado Municipal de Lamego (figura 3.7), a
cerca de 300 metros da Sé de Lamego. O curto período de funcionamento da EMA prendeu-se
com o limite da duração da investigação.

40
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

A EMA permitiu o registo dos seguintes parâmetros climáticos: temperatura do ar (figura 3.8),
humidade relativa (figura 3.9), densidade de fluxo de radiação solar global (tabela 3.1), direção
do vento, velocidade do vento (figura 3.10) e precipitação. Devido a uma avaria não detetada no
sensor da precipitação, não é exequível considerar os dados relativos a este parâmetro.

Fig. 3.6: Estação meteorológica automática (EMA).

Fig. 3.7: 1 - Localização da Sé de Lamego (41º05’47.73’’N/7º48’24.35’’O); 2 -


Localização dos jardins do antigo Mercado Municipal de Lamego
(41º05’51.02’’N/7º48’33.59’’O).

41
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

35,0
30,0

Temperatura do ar (°C)
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Tmax Tmd Tmin

Fig. 3.8: Gráfico dos valores da temperatura do ar (°C) da cidade de


Lamego, entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev =
fevereiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho;
Ago = agosto; Set = setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez =
dezembro; Tmax = temperatura máxima; Tmd = temperatura média; Tmin =
temperatura mínima).

100,0
90,0
Humidade relativa (%)

80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

HRmax HRmd HRmin

Fig.3.9: Gráfico dos valores da humidade relativa (%) na cidade de


Lamego, entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev =
fevereiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho;
Ago = agosto; Set = setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez =
dezembro; HRmax = humidade relativa máxima; HRmd = humidade relativa
média; HRmin = humidade relativa mínima).

42
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Tab. 3.1: Valores da densidade de fluxo de radiação solar global


(MJ/m2) da cidade de Lamego, registadas entre março de 2011 e
fevereiro de 2012.

Radiação Radiação
Mês solar global Mês solar global
(MJ/m2) (MJ/m2)

janeiro 209 julho 773

fevereiro 343 agosto 640

março 377 setembro 530

abril 550 outubro 410

maio 667 novembro 190

junho 796 dezembro 173

6
Velocidade do vento (m/s)

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

VV VVmax

Fig.3.10: Gráfico dos valores de velocidade do vento (m/s) na cidade de Lamego,


entre março de 2011 e fevereiro de 2012 (Jan = janeiro; Fev = fevereiro; Mar =
março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul = julho; Ago = agosto; Set =
setembro; Out = outubro; Nov = novembro; Dez = dezembro; VV = velocidade
média do vento; VVmax = velocidade máxima do vento).

43
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Os dados recolhidos permitem verificar que a temperatura média anual foi de 14,5 ºC, tendo
sido o mês de janeiro, com temperaturas médias de 5,7 ºC, o mês mais frio, e o mês de agosto,
com temperaturas médias de 21,7 ºC, o mês mais quente. A menor temperatura (-4,5 ºC) foi
registada a três de fevereiro de 2011, e a temperatura máxima registou-se a doze de agosto de
2011 – 39,2 ºC. A amplitude térmica média anual é de 12,6 ºC, sendo mais notória nos meses
de verão.

Na figura 3.11 encontram-se as anomalias da temperatura do ar relativamente às médias


mensais de Viseu e Vila Real (obtidas das normais climatológicas provisórias de 1981 a 2010).
Os meses de janeiro, fevereiro, março, julho e dezembro registaram temperaturas mais baixas
do que as registadas nas duas cidades, por sua vez, os meses de abril, maio e outubro foram
consideravelmente mais quentes. A média da temperatura anual nesses 30 anos para as duas
cidades (Viseu e Vila Real) é de 13,8 ºC.

5
4
Anomalia da Temperatura (°C)

3
2
1
0
-1
-2
-3
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Fig. 3.11: Gráfico das anomalias da temperatura da cidade de Lamego,


registadas entre março de 2011 e fevereiro de 2012, relativamente à
média das temperaturas mensais em Viseu e Vila Real (Jan = janeiro;
Fev = fevereiro; Mar = março; Abr = abril; Mai = maio; Jun = junho; Jul =
julho; Ago = agosto; Set = setembro; Out = outubro; Nov = novembro;
Dez = dezembro).

44
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

A humidade relativa varia de 55,2 %, registada no mês de julho, a 80,4 %, registada no mês de
novembro. A média anual deste parâmetro foi de 64,5 %. Os valores publicados pelo Instituto
de Meteorologia de Portugal (2012b) nos boletins meteorológicos mensais para a agricultura de
2011, relativos às cidades de Viseu e Vila Real, são muito semelhantes aos supracitados.

Quanto à radiação solar global (tabela 3.1), foi no mês de junho que se registou a maior
densidade de fluxo – 796 MJ/m2, enquanto em dezembro se assinalou o menor valor deste
parâmetro (174 MJ/m2). Estes valores são da mesma ordem de grandeza dos publicados pelo
Instituto de Meteorologia de Portugal (2012b) nos boletins meteorológicos mensais para a
agricultura de 2011, para as cidades de Viseu e Vila Real.

O vento soprou de sudoeste (entre os 214,7 º e os 236,2 º), a uma velocidade média de 0,35
m/s. Os valores máximos de velocidade do vento registaram-se em junho e julho, verificando-se
uma menor velocidade (0,10 m/s) no mês de janeiro (figura 3.10).

Após análise do clima da região de Lamego, segundo as figuras 2.1 e 2.2, verifica-se que se
trata de uma zona dominada por mecanismos de meteorização química moderada. Tratando-se
de um clima do tipo Csb, moderado com verões secos e moderados, e sendo dezembro o mês
mais chuvoso, com temperaturas médias de 7 ºC, esses mecanismos ocorrerão
preferencialmente no inverno. No entanto, as amplitudes térmicas dos meses de verão (≈15 ºC)
– época caracterizada pela fraca pluviosidade, também devem ser consideradas no que
concerne a fenómenos de meteorização física.

45
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

3.4 Enquadramento geológico

Para o estudo da geologia da região de Lamego foram considerados alguns trabalhos prévios
de índole geológica, nomeadamente os realizados por: Teixeira et al. (1967a, 1967b), Teixeira
et al. (1968), Teixeira et al. (1969), Sousa et al. (1987), Ferreira et al. (1987), Sousa e Sequeira
(1989), Ferreira e Sousa (1994), Martins (1997, 1998) e Simões (2000).

A região de Lamego insere-se, segundo Ribeiro (2006) no terreno Ibérico da Zona Centro-
Ibérica (ZCI) (figura 3.12), e compreende, genericamente, rochas do Complexo Xisto-
Grauváquico ante-Ordovícico (CXG) e séries metamórficas derivadas, rochas eruptivas, rochas
filonianas e depósitos modernos (Teixeira et al., 1969).

Fig.3.12: Enquadramento da região de Lamego nas unidades


geotectónicas da Península Ibérica (segundo Ribeiro, 2006).

46
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

As rochas metassedimentares encontram-se afetadas por metamorfismo regional de idade


hercínica, sobreposto, posteriormente, pelo metamorfismo de contacto provocado pela
implementação dos granitóides hercínicos, estando também, do ponto de vista tectónico,
afetadas pelas três fases de deformação hercínica de carácter dúctil (D1, D2 e D3), bem como
por movimentos tardi-hercínicos de carácter frágil (Martins, 1997).

Dispersas por numerosos afloramentos, são as rochas graníticas que dominam a área em
estudo. A classificação dos granitos tem sofrido várias alterações ao longo do tempo, sendo
utilizados diferentes critérios, como os petrográficos, os geoquímicos, os estruturais e os
geocronológicos. De referir as classificações de Chappell e White (1974), Ferreira et al. (1987),
Winter (2001) e Azevedo e Aguado (2006). Ferreira et al. (1987) considera que as rochas
granitóides que intruíram os metassedimentos nesta região pertencem ao grupo dos granitóides
sin-D3, e marcaram o início do magmatismo da terceira fase de deformação hercínica no norte
de Portugal, estando a sua instalação associada a zonas de cisalhamento dúctil
(nomeadamente o cisalhamento Vigo-Régua). Pode dizer-se que, no geral, se consideram dois
grandes grupos de granitos: a) granitos de duas micas, sin-tectónicos em relação a D3, tipo S; e
b) granitóides biotíticos e de duas micas, tardi a pós-tectónicos em relação a D3, tipo S, H e I
(figura 3.13), que se instalaram, respetivamente, no primeiro e segundo ciclo de atividade
magmática da orogenia Varisca no sector português da ZCI - a) ~320-310 Ma, e b) ~310-290
Ma. (Azevedo & Aguado, 2006).

Região de Lamego

Fig. 3.13: Distribuição dos granitóides variscos sin-D3 e tardi a pós-D3


no Centro e Norte de Portugal (segundo Azevedo & Aguado, 2006).

47
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Martins (1997) distingue na região de Lamego, com base em critérios de campo e petrográficos,
dois grupos de granitóides, quanto à sua idade de instalação: o grupo dos granitos sin-
tectónicos em relação a D3 e o grupo dos granitos tardi-tectónicos. No grupo dos granitos sin-
tectónicos incluem-se granitos biotíticos e granitos de duas micas. Os granitos moscovíticos,
biotítico-moscovíticos, os granodioritos e os vosguesitos inserem-se no grupo dos granitos tardi-
D3.

O estudo da geologia local, associado ao trabalho de campo, permitiu a identificação nas


pedras do edifício da Sé de Lamego (onde se inclui a igreja principal, a torre medieval e os
claustros) de, pelo menos, cinco litologias que afloram na região, a saber: granito de Lamego,
granito de Várzea de Abrunhais, granito de Valdigem, granito das Meadas e um aplito (figura
3.14). Estas litologias estão presentes nas Folhas 10C – Peso da Régua, 10D – Alijó, 14A –
Lamego e 14B – Moimenta da Beira, da Carta Geológica de Portugal, escala 1/50 000.

Legenda (assinalam-se apenas as unidades


Peso da Régua geológicas correspondentes às litologias
identificadas no monumento em estudo):

Granito de Lamego (GL)


AP
GV Granito da Várzea de Abrunhais (GVA)

GM Lamego Granito de Valdigem (GV)

Granito das Meadas (GM)


GL GVA Aplito (AP)

Tarouca
5 km

Fig. 3.14: Mapa geológico simplificado da região de Lamego, extraído das folhas nº 2 e 4, da Carta
Geológica de Portugal, escala 1:200 000, gentilmente cedido pelo LNEG.

48
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Na figura 3.15 encontram-se os pontos de amostragem.

a)

5
4

1 b)

1 km

Fig. 3.15: Excertos das Cartas Militares de Portugal, escala 1:25 000 (1984),
a) Folha 126 - Peso da Régua e b) Folha 137 - Lamego, com a localização
dos pontos de amostragem: 1 – Granito de Várzea de Abrunhais (GVA)
(41°4'35.08"N/7°46'32.18"W); 2 Granito de Valdigem (GV)
(41°6'7.79"N/7°49'38.55"W); 3 - Granito das Meadas (GM)
(41°7'59.82"N/7°47'1.78"W); 4 – Granito de Lamego são (GLS) e aplito
(41°5'9.66"N/7°47'37.47"W); 5 – Granito de Lamego alterado (GLA)
(41°5'16.60"N/7°48'7.53"W).

49
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

3.4.1 Granito biotítico de Lamego

O centro da cidade de Lamego assenta numa mancha de granito de grão médio, porfiróide,
biotítico, que Teixeira et al. (1969) denominam de Mancha de Lamego. Este granito forma um
corpo alongado que faz parte de um maciço de grandes dimensões – o maciço de Ucanha
(Ferreira et al., 1987). O granito de Lamego contacta a oeste, em parte, com o granito porfiróide
de grão grosseiro de Pretarouca, a sul com os terrenos do Ordovícico-Silúrico, e a este com o
granito de grão médio, não porfiróide (denominado granito de Várzea de Abrunhais).

Trata-se de um granito de cor escura (cinzenta azulada em amostra fresca), de textura


porfiróide, rico em quartzo, feldspato, plagioclase e biotite. Os megacristais são de feldspato
potássico, com cerca de 6 a 7 cm segundo a máxima direção (Teixeira et al., 1969; Martins,
1997; Simões, 2000). Segundo Martins (1997), esta rocha à escala cartográfica é bastante
homogénea, quer ao nível da granulometria, quer ao nível da proporção dos minerais
constituintes.

Esta rocha apresenta foliação e lineação, conferidas pela orientação dos megacristais e pela
biotite da matriz. A anisotropia planar apresentada é bastante heterogénea, uma vez que por
vezes a foliação é incipiente noutras é bastante nítida (Martins, 1997; Simões, 2000).

Podem encontrar-se encraves máficos microgranulares e “schlirens” biotíticos dispersos por


toda a macha, e xenólitos preferencialmente junto aos metassedimentos encaixantes (Martins,
1997).

50
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

3.4.2 Granito de duas micas de Várzea de Abrunhais

São várias as manchas de granito não porfiróide de duas micas que surgem entre Lamego e a
Ribeira de Tarouca, sendo a maior, o afloramento localizado entre Várzea de Abrunhais e
Lamego, que se pode designar por granito de Várzea de Abrunhais. Este corpo, de contornos
sinuosos, contacta a norte com os metassedimentos do CXG e a oeste e sul com o granito de
Lamego.

Apesar da granulometria deste granito ser bastante heterogénea, neste corpo em particular
predominam as fáceis de grão médio, sendo raras as fáceis de grão fino ou grosseiro. Esta
rocha, que se apresenta em geral muito alterada, é um granito de duas micas, podendo
predominar uma ou outra das micas (Teixeira et al., 1969; Martins, 1997).

Quanto aos encraves, são numerosos os metassedimentares, mas possui ainda “schlirens”
biotíticos. A foliação aumenta de norte para sul, tornando-se cada vez mais penetrativa
(Martins, 1997).

3.4.3 Granitos moscovíticos de Valdigem e das Meadas

A norte de Figueira, surge um afloramento que é a continuação, para sul, do granito de


Valdigem, e para oeste do granito de Paredes da Beira-Tabuaço, que afloram, respetivamente,
nas regiões de Peso da Régua e Moimenta da Beira. (Teixeira et al., 1967a; Ferreira & Sousa,
1994). Esta rocha está referenciada por Sousa e Sequeira (1989) como granito de Tabuaço,
uma vez que também aflora na região abrangida na Folha 10D - Alijó, da Carta Geológica de
Portugal, escala 1:50 000. Esta rocha é explorada numa pedreira da empresa “José Miguel e
António Dias Lourenço – extração de saibro, areia e pedra britada” (ponto 2, figura 3.15).

51
III – ENQUADRAMENTO DO MONUMENTO EM ESTUDO

Por sua vez, na orla setentrional da Folha 14A - Lamego, abrangendo grande parte das serras
do Poio e das Meadas, situa-se um afloramento alongado, de contornos irregulares, de granito
alcalino, de grão médio, designado de granito das Meadas, que se prolonga para norte, para
além dos limites da referida carta.

São granitos moscovíticos, com porções de biotite diminutas, de grão médio, ligeiramente
porfiróides, devido ao desenvolvimento de pequenos fenocristais de feldspato potássico
(observando-se também por vezes megacristais de quartzo e albite). Como minerais essenciais
encontra-se o quartzo, a plagioclase, o feldspato potássico e a moscovite (Teixeira et al.,
1967a; 1969).

3.4.4 Aplito

São vários os filões pegmatíticos, aplito-pegmatíticos e aplíticos que cortam, quer os granitos,
quer os xistos, na região em estudo. Os filões de rocha aplítica que se encontram a cortar os
granitos moscovíticos diferenciam-se muitas vezes apenas pela granularidade (Teixeira et al.,
1967a; 1969). Por sua vez, ocorrem a cortar o granito biotítico de Lamego filões aplíticos com
turmalina (Teixeira et al., 1969).

No caso da rocha amostrada, trata-se de uma rocha de grão fino ou fino a médio, constituída
essencialmente por quartzo, plagioclase, feldspato potássico e moscovite. Regista-se ainda a
presença de apatite, turmalina e óxidos.

52
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

IV. CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA


MINERAL

4.1 Introdução

A atenta observação das alvenarias do monumento da Sé de Lamego permitiu reconhecer,


como já foi referido anteriormente, algumas das litologias utilizadas na sua construção. Após
amostragem, foram elaboradas as lâminas delgadas e polidas no Departamento de Geologia da
UTAD. As lâminas foram estudadas no microscópio petrográfico tendo por base as
recomendações da Norma UNE-EN 12407 - “Métodos de ensaio para pedra natural: estudo
petrográfico” (2007). Depois, selecionaram-se para análise na microssonda do LNEG, alguns
dos seus minerais essenciais, acessórios e de alteração.

Na análise da tabela 4.1, baseada no trabalho de Martins (1997), verifica-se que o granito de
biotítico de Lamego (GL) se caracteriza pela ausência de moscovite, pela maior proporção de
plagioclase e biotite, e menor proporção de quartzo. No granito de duas micas de Várzea de
Abrunhais (GVA) o teor de moscovite é variável, mas superior ao da biotite, enquanto nos
granitos moscovíticos – onde se inclui o granito de Valdigem (GV) e o granito das Meadas (GM)
- a biotite é rara.

No que diz respeito à cor, os granitos de Várzea de Abrunhais, Valdigem e Meadas são rochas
holo-leucocráticas, e o granito de Lamego classifica-se como leucocrata.

Na tabela 4.2 encontra-se a composição química média de alguns minerais analisados nas
rochas graníticas.

53
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Tab. 4.1: Composição modal (%) e índice de cor médios (adaptado de Martins, 1997).

Amostras Q Fk Pl B Mo Ap Op IC

Granito biotítico (GL) 24,95 18,23 37,70 16,10 0,01 1,02 1,99 18

Granito de duas micas (GVA) 34,93 16,77 28,17 5,20 14,17 0,73 0,10 5

Granitos moscovíticos (GV e GM) 35,55 12,95 33,20 2,00 14,85 1,20 0,25 2
Q = Quartzo; Fk = Feldspato; Pl = Plagioclase; B = Biotite; Mo = Moscovite; Ap = Apatite; Op = Opacos; IC = Índice de cor.

4.2 Granito de Lamego

O granito de Lamego é um granito de grão médio, biotítico, porfiróide e matriz hipidiomórfica


granular. Como minerais essenciais observa-se o quartzo, o feldspato potássico, a plagioclase e
a biotite. Os minerais acessórios mais comuns são a apatite, o zircão, a monazite, a torite, a
alanite e a ilmenite, e encontram-se também moscovite, clorite, epídoto, esfena, caulinite,
calcite e óxidos de ferro como minerais secundários.

O quartzo é anédrico, com extinção ondulante e bordos serrilhados, límpido e geralmente pouco
fissurado. São frequentes os agregados policristalinos de forma arredondada e dimensão
variáveis (figura 4.1a). Ocorre como inclusão nos megacristais de feldspato potássico e surge
também associado à plagioclase formando mirmequites.

O feldspato potássico ocorre preferencialmente em megacristais, mas também na matriz. O teor


de ortóclase é de 93,6 %. Apresenta cristais subédricos a anédricos, com contornos bastante
irregulares, que mostram a macla de Carlsbad bem definida e a macla em xadrez difusa.
Contém numerosas inclusões de outros minerais, como quartzo, plagioclase, moscovite, biotite
e apatite. Estas inclusões são de menores dimensões que os grãos da matriz e mais frequentes
nos fenocristais. Surge com um aspeto sujo (caulinizado), muito fissurado, moscovitizado, e os
seus bordos estão frequentemente corroídos pelos minerais da matriz.

54
Tab. 4.2: Análises químicas (% peso) de alguns minerais das rochas graníticas estudadas.

Amostras Minerais n SiO2 TiO2 Al2O3 FeOt MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 BaO F Or Ab Fe/(Fe+Mg) Total
Fk 3 63,64 0,06 18,50 0,06 - 0,03 0,02 0,70 15,90 0,03 0,99 - 93,60 6,30 - 98,94
Granito C 5 60,08 0,01 24,66 0,07 0,02 - 6,59 7,64 0,22 0,02 0,01 - 1,24 66,76 - 99,31
Pl
Biotítico B 3 65,07 - 21,46 0,02 0 0,01 2,62 10,3 0,06 0,03 0,06 - 0,34 87,36 - 99,66
Bi 6 36,26 2,86 16,58 19,99 0,28 9,39 0,02 0,047 9,77 - - 0,58 - - 0,54 95,83
Fk 3 63,62 0,01 18,54 0,06 0,01 - - 0,25 16,87 0,57 0,04 - 97,83 2,16 - 99,93
Pl 3 68,44 0,01 19,40 0,01 0,01 - 0,18 11,35 0,079 0,12 0,01 - 0,45 98,69 - 99,62
C 1 46,25 0,11 36,72 1,29 - 0,23 0,04 0,81 10,13 - - 0,18 - - - 95,77
P
Granito de Mo B 1 46,34 0,01 36,09 1,55 - 0,19 0,01 0,74 10,28 - - 0,21 - - - 95,43
duas micas S 2 47,03 0,03 35,06 2,14 0,01 0,16 - 0,21 10,27 - - 0,28 - - - 95,30
E 2 35,84 0,22 34,24 12,14 0,15 1,59 0,06 1,60 0,034 - - 0,01 - - 0,81 85,86
T
Cl 3 35,37 0,22 33,04 13,13 0,16 1,33 0,07 1,94 0,036 - - 0,57 - - 0,85 85,41
G 7 36,20 0,03 21,07 25,43 16,94 0,15 0,17 0,03 0,01 - 0,20 - - - 0,99 100,5
Fk 3 64,12 - 18,50 0,01 0,01 - 0,01 0,69 16,19 0,47 0,04 - 93,92 6,06 - 100,02

55
Pl 5 68,33 0,01 19,60 0,01 0,03 - 0,01 11,34 0,13 - - - 0,73 98,52 - 99,8
Sz 3 46,18 0,48 30,58 4,69 0,12 0,71 0,01 0,25 10,95 - - 2,70 96,67
Granitos P C 2 44,99 0,62 30,74 3,89 0,05 1,02 - 0,71 10,60 - - 1,30 - - - 93,89
Mo
moscovíticos B 2 45,43 0,63 28,66 5,6 0,12 1,16 - 0,29 10,90 - - 1,50 - - - 94,25
S 1 47,58 0,11 29,86 5,09 0,04 0,99 0,02 0,13 10,94 - - 2,26 - - - 97,02
Ap 1 - - 0,05 0,80 2,39 0,01 52,42 0,07 - 40,04 0,09 4,21 - - - 100,14
T 2 35,59 0,65 32,21 13,92 0,084 1,64 0,02 2,23 0,01 - - 0,85 - - 0,83 86,35
Fk 1 64,64 - 18,90 0,00 - - 0,03 0,53 16,20 0,71 - - 95,12 4,75 - 101,03
Pl 4 67,62 0,03 20,00 0,02 0,04 - 0,24 11,5 0,113 0,57 0,03 - 0,63 98,23 - 100,14
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

C 4 45,72 0,18 32,10 4,31 0,14 0,29 0,01 0,28 10,91 - - 2,68 - - - 96,63
Aplito
Mo B 2 46,165 0,20 31,55 4,73 0,20 0,30 0,01 0,26 10,78 - - 3,10 - - - 97,29
Zi 2 47,70 0,07 21,42 10,13 0,24 0,39 0,01 0,15 10,51 - - 8,69 - - - 99,29
Ap 2 0,02 - 22,17 18,64 10,45 0,21 0,15 0,01 0,02 31,97 - - - - - 83,68
Fk = Feldspato potássico; Pl = Plagioclase; Mo = Moscovite; Bi = Biotite; T = Turmalina; G = Granada; Ap = Apatite; P = Primária; C = Centro; B = Bordo; S = Secundária; Sz = Sem zonamento; E =
Zona escura; Cl = zona clara; Zi = Zinvaldite; n = número de análises.
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

A plagioclase varia de albite a andesina (An6-37). Ocorre na matriz e em microfenocristais, é


anédrica a subeuédrica e frequentemente zonada. Apresenta maclas polissintéticas segundo a
lei da albite e macla de Carlsbad (figura 4.1a). Surge como inclusão no feldspato potássico,
possuindo por sua vez, inclusões de biotite, apatite e epídoto. Encontra-se microclinizada e
moscovitizada, sendo essa moscovitização localizada preferencialmente no núcleo de alguns
cristais zonados (figura 4.1b). Por vezes encontram-se alguns cristais com aspeto são, no
entanto há também cristais saussuritizados (Martins, 1997). A calcite foi identificada no seio de
fissuras que afetam este mineral e nos núcleos alterados (figura 4.1c).

A biotite é subeuédrica a anédrica e apresenta pleocroísmo que varia de castanho avermelhado


a amarelo pálido. Os grãos mais deformados exibem extinção ondulante e clivagens arqueadas
(figura 4.1d). Apresenta inclusões de apatite, zircão, monazite, alanite e ilmenite (figura 4.1e),
surgindo ainda raras inclusões de plagioclase e quartzo. A destacar associado à biotite a
presença de cristais de alanite (figura 4.1d). Nas análises da microssonda eletrónica foi possível
verificar também nalguns cristais pequenas variações nos teores de magnésio e ferro, sendo a
razão Fe/(Fe+Mg) de 0,54. A cloritização é frequente (figura 4.1f), estando por vezes associado
rútilo e/ou epídoto. A moscovitização é rara.

Presente em pouca quantidade, a moscovite secundária tem forma anédrica a subeuédrica,


sendo possível distinguir texturalmente: - moscovite resultante da alteração da plagioclase; -
moscovite resultante da substituição da biotite; e - moscovite resultante da alteração do
feldspato potássico.

A apatite é euédrica e surge frequentes vezes como inclusão na biotite, no feldspato potássico
e na plagioclase. Também possui inclusões, tendo sido identificadas a monazite, a torite e a
alanite.

A alanite é um mineral acessório referido noutros granitos biotíticos do norte de Portugal (Neiva
et al., 2000). Ocorre em secções pseudo-hexagonais, por vezes bem desenvolvidas, associada
à biotite. Apresenta forma euédrica a subeuédrica, com fraco pleocroísmo de castanho
amarelado a castanho e zonamento fino (figura 4.1e).

A clorite é um mineral de alteração da biotite substituindo-a total, ou preferencialmente ao longo


dos planos de clivagem ou na bordadura (figura 4.1f). Pode ser acompanhada por rútilo, epídoto
ou esfena.

56
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Apesar de macroscopicamente as amostras do granito de Lamego são (amostra GLS) e


alterado (amostra GLA) apresentarem algumas diferenças na cor, assinaladas, sobretudo, pela
presença de manchas amareladas na amostra GLA, microscopicamente as amostras são muito
semelhantes, podendo-se observar sinais evidentes de processos de alteração (deformação
intracristalina e recristalização) em ambas, apesar de mais comuns em GLA.

4.3 Granito de Várzea de Abrunhais

O granito de Várzea de Abrunhais apresenta textura hipidiomórfica, inequigranular, observando-


se por vezes fenocristais de feldspato que lhe confere tendência porfiróide. É um granito
constituído por quartzo, feldspato potássico, plagioclase, moscovite e biotite. Como minerais
acessórios encontra-se turmalina, granada e apatite. Os minerais secundários mais abundantes
são a moscovite, a clorite, a caulinite, e os óxidos de ferro. A presença de fissuras intra e
intergranulares afeta sobretudo a plagioclase e o feldspato potássico.

O quartzo é anédrico, com extinção ondulante e contactos endentados (figura 4.2a). Apresenta-
se fraturado, sendo as fraturas intra e intergranulares.

O feldspato potássico é anédrico, por vezes subeuédrico, sendo frequentes as maclas de


Carlsbad e em xadrez. O teor de ortóclase é elevado, em média 97,8. Apresenta-se muito
fraturado e com aspeto sujo devido à presença de caulinite (figura 4.2b). Observam-se
micropertites e inclusões de plagioclase e apatite.

A plagioclase é a albite – An0-2. É, em geral, subeuédrica, sendo comuns as maclas


polissintéticas, quer seja a macla da albite, ou esta associada à macla de Carlsbad. Este
mineral distingue-se ainda pela intensa fissuração e alguma moscovitização (figura 4.2c).

57
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

a) b)

I B
C
P A Ap

c) d)

e) f)

Fig. 4.1: Aspetos petrográficos do granito de Lamego (GLS e GLA): a) Agregados


policristalinos de quartzo (Q) e plagioclase (P) com macla da albite, fraturada, inclusão
de biotite (B) (NX); b) Plagioclase (P) zonada com o centro saussuritizado (NX); c)
Imagem de eletrões retrodispersados mostrando o preenchimento de fissuras
intergranulares na plagioclase (P) com calcite (C); d) Imagem de eletrões
retrodispersados mostrando a biotite (B) com inclusões de apatite (Ap) e alanite (A), e
fissuras com preenchimento de ilmenite (I); e) Biotite (B) anédrica e alanite (A) (NX); f)
Clorite (Cl) derivada da biotite, fraturas transgranurares a afetar grãos de quartzo (Q) e
plagioclase (P) (N//).

58
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

A moscovite ocorre sob a forma de cristais subeuédricos a anédricos, e resulta em parte de


reações tardi a pós-magmáticas. Foram observados na microssonda eletrónica, em alguns
cristais, zonamentos que revelaram o bordo mais rico em Si, Fe e F, e mais pobre em Ti, Al, Mg
e Na do que o núcleo (tabela 4.2), o que poderá ser explicado pela alteração hidrotermal,
estando esta situação já descrita noutras moscovites de granitos portugueses (Gomes & Neiva,
2000). De notar que a moscovite secundária é ainda mais rica em Si, Fe e F, e mais pobre em Ti,
Al, Mg e Na, do que o bordo da moscovite primária (tabela 4.2). De referir ainda que os cristais
apresentam extinção ondulante, bem nítida em secções basais, e clivagens curvas (figura 4.2d).

Observam-se também cristais subeuédricos de biotite, quase sempre cloritizada. A cloritização


afeta, na maioria dos casos, a totalidade dos cristais. Podem encontrar-se inclusões de apatite e
rútilo.

Quanto aos minerais acessórios, a granada surge na matriz sob a forma de grãos arredondados,
incolores, com relevo alto e bastante fraturados (figura 4.2e). Análises na microssonda
permitiram concluir que pertence à série Almandina (60 %) – Sepersatina (40 %)
[Fe1,8;Mn1,2;Al2(SiO4)3.

A turmalina é anédrica a subeuédrica e apresenta um zonamento irregular e pleocroísmo de ε =


verde-claro a ω = castanho alaranjado (figura 4.2e). Os cristais que evidenciam zonamento
irregular mostraram que as existem diferenças na razão Fe/(Fe+Mg), que é mais elevada nas
zonas mais claras (tabela 4.2). Os cristais estão afetados por intensa fissuração (figura 4.2e e
4.2f).

Os óxidos de ferro surgem a preencher as fissuras no feldspato potássico, na plagioclase, na


moscovite, na granada e na turmalina.

59
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

a) b)

c) d)

e)

Ox

f)

Fig.4.2: Aspetos petrográficos do granito de Várzea de Abrunhais: a) Quartzo (Q)


anédrico, com extinção ondulante e contactos endentados (NX); b) Feldspato potássico
(Fk) caulinizado, afetado por fissuras intergranulares preenchidas por óxidos de ferro
(Ox) (N//); c) Plagioclase (P) apresentado maclas polissintéticas, fraturada e
moscovitizada (NX); d) Secção basal da moscovite (Mo), granada (G), inclusões de
apatite (Ap) no feldspato potássico (Fk) (NX); e) Turmalina (T) zonada com pleocroísmo
verde azulado, grão arredondado de granada (G) intensamente fraturado, óxidos de ferro
(Ox) (NX); f) Imagem de eletrões retrodispersados mostrando o preenchimento de
fissuras intragranulares com óxidos de ferro (Ox) na turmalina (T).

60
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

4.4 Granito de Valdigem e granito das Meadas

Trata-se de granitos de grão médio, com textura hipidiomórfica, e tendência porfiróide devido à
presença de fenocristais de feldspato potássico. No granito de Valdigem é possível distinguir-se
também ocelos de quartzo e plagioclase. Como minerais essenciais observa-se o quartzo, o
feldspato potássico, a plagioclase, a moscovite e a biotite. São minerais acessórios a turmalina, a
apatite, o rútilo, o zircão e a monazite, observando-se como minerais tardi a pós-magmáticos a
moscovite, a clorite, a caulinite, os fosfatos de alumínio e ferro e os óxidos de ferro.

O quartzo é anédrico a subeuédrico, límpido, com extinção ondulante e contactos endentados.


São frequentes os agregados policristalinos de forma arredondada e dimensões variáveis,
surgindo ainda a preencher fissuras (quartzo tardio) especialmente no feldspato potássico. No
granito de Valdigem observa-se quartzo isolado na matriz formando ocelos (figura 4.3a).
Apresenta-se por vezes fissurado estando estas fissuras (intra e transgranulares),
frequentemente preenchidas com óxidos de ferro e de alumínio (figura 4.4a).

O feldspato potássico está presente na matriz, sob a forma de cristais anédricos, observando-se
também microfenocristais de carácter subeuédrico. Apresenta macla de Carlsbad
frequentemente e, por vezes, macla em xadrez difusa (figuras 4.3a e 4.3b). Observam-se
inclusões de plagioclase, quartzo, apatite e rara biotite. É micropertítico e surge moscovitizado,
sendo ainda evidente a presença de óxidos de ferro a preencher as fissuras intra e
intergranulares (figura 4.4b). No granito das Meadas observa-se intensa caulinização (figura
4.3c). O teor de Or é 94 %.

A plagioclase é a albite (granito de Valdigem - An0-1 e granito das Meadas - An0-2). É subeuédrica
a anédrica, com maclas polissintéticas, sendo mais frequente a macla segundo a lei da albite
(figura 4.3d). O feldspato potássico e o quartzo são as inclusões mais frequentes, tendo sido
ainda identificadas inclusões de epídoto, fluorite, moscovite, rútilo, monazite e zircão (figura 4.5a
e 4.5b). Caracteriza-se pela intensa fissuração, microclinização e moscovitização, sendo a
intensidade da alteração variável (figura 4.3d).

61
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

A moscovite é subeuédrica a anédrica e exibe extinção ondulante. Na microssonda eletrónica


observaram-se alguns cristais com zonamento irregular, com o bordo mais rico em Si, Ti, Fe, Mg
e F, e mais pobre em Al e Na do que o núcleo (tabela 4.2). Os cristais sem zonamento
mostraram-se mais ricos em Si e F, e mais pobres em Mg e Na, do que os cristais zonados
(tabela 4.2). Surgem, por vezes, inclusões de apatite. No granito das Meadas são comuns os
contactos reacionais em relação ao feldspato potássico e à plagioclase.

A biotite é muito rara, subeuédrica a anédrica, com extinção radial em algumas secções. Possui
inclusões de apatite e rútilo. Apresenta-se intensamente cloritizada e moscovitizada (figura 4.3c).
Este processo inicia-se com a descoloração do mineral, que adquire coloração verde-pálida.

A apatite surge na matriz com aspeto diferente do habitual, fraturada transversalmente e com
óxidos a preencher as fissuras (figura 4.3e). As análises da microssonda revelaram ser rica em
fluor e manganês (tabela 4.2). Para além da apatite, Cotelo Neiva (1984), e Ferreira e Sousa
(1994) registaram a presença de outros minerais fosfatados, nomeadamente a lazulite (mineral
fosfatado de cor azul), pertencente ao grupo da childrenite-vauxite. Por sua vez, Sousa e
Sequeira (1989) observaram na região de Tabuaço, manchas azuladas e esverdeadas,
resultantes da alteração de um fosfato, que poderá ser a schorzalite.

A turmalina observa-se apenas no granito das Meadas. É anédrica e possui pleocroísmo do ω =


castanho alaranjado ao ε = amarelo palha (figura 4.3f). Apresenta-se muito fissurada e com
inclusões de quartzo e moscovite. A razão Fe/(Fe+Mg) é de 0,83.

62
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 4.3: Aspetos petrográficos do granito de Valdigem e do granito das Meadas: a)


Ocelo de quartzo (Q) no seio da matriz do granito de Valdigem (NX); b) feldspato
potássico (Fk) com macla em xadrez difusa e inclusões de moscovite (Mo) e plagioclase
(P) no granito de Valdigem (NX); c) Feldspato potássico (Fk) intensamente caulinizado,
fraturas na plagioclase (P) preenchidas com óxidos de ferro (Ox), biotite cloritizada (Cl)
e moscovitizada (Mo) no granito das Meadas (N//); d) Plagioclase (P) com macla da
albite e moscovite secundária (Mo) no granito das Meadas (NX); e) Apatite (Ap) com
óxidos a preencher as fissuras no granito de Valdigem (N//); f) Turmalina fraturada (T)
no granito das Meadas (N//).

63
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Ox
Fk
P Q

Q Ox
Mo

a) b)

Fig. 4.4: Imagens de eletrões retrodispersados do granito das Meadas: a) Fissuras


intergranulares com óxidos de ferro e alumínio (Ox) a afetar grãos de quartzo (Q) e
palhetas de moscovite (Mo) na plagioclase (P) intensamente fraturada; b) Fissuras
intergranulares no contacto entre o quartzo (Q) e o feldspato potássico (Fk), com óxidos
de ferro (Ox).

Zr
P Ep
Mo P
Fl M
R

a) b)

Fig. 4.5: Imagens de eletrões retrodispersados do granito de Valdigem: a) Plagioclase (P)


microclinizada e moscovitizada, com inclusões de epídoto (Ep) e fluorite (Fl); b)
Plagioclase (P) intensamente fraturada com inclusões de moscovite (Mo), rútilo (R),
monazite (M) e zircão (Zr).

64
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

4.5 Aplito

Trata-se de uma rocha de grão fino, equigranular. Os minerais essenciais são o quartzo, o
feldspato potássico, a plagioclase e a moscovite. A apatite é o mineral acessório mais frequente.
Os minerais secundários mais comuns são a caulinite, os óxidos de ferro e os fosfatos de
alumínio, ferro e manganês.

O quartzo é anédrico a subeuédrico, com aspeto límpido, extinção ondulante e bordos


serrilhados. Possui inclusões de moscovite e plagioclase. A fissuração é intensa, observando-se
nas fissuras (intra e intergranulares) a presença de óxidos de ferro.

O feldspato potássico é subeuédrico. A presença de maclas é pouco comum, surgindo por vezes
a macla em xadrez (figura 4.6a). Apresenta-se fissurado (figura 4.6b) e caulinizado.

A plagioclase é a albite (An1-2). É subeuédrica, com macla da albite frequente, surgindo esta por
vezes com planos encurvados (figura 4.6a). Apresenta inclusões de moscovite e apatite (figura
4.6c), observando-se também óxidos de ferro a preencher as fissuras (figura 4.6b).

A moscovite é anédrica a subeuédrica, zonada e com extinção ondulante. Observa-se a


presença de óxidos de ferro nos planos de clivagem (figura 4.6d). Na microssonda eletrónica foi
identificada a presença de zinvaldite nos bordos de alguns cristais de moscovite (figura 4.6d e
4.6e), observando-se também alguns cristais com zonamento irregular, com o bordo mais rico
em Si, Ti, Fe, Mg e F e mais pobre em Al e Na do que o núcleo (tabela 4.2). Por sua vez, a
zinvaldite revelou ser mais rica em Si, Fe, Mg e F, e mais pobre em Ti, Al e Na do que a
moscovite (tabela 4.2). Trata-se de uma mica com lítio, referida em alguns filões aplito-
pegmatíticos portugueses (Neiva et al., 2011).

A apatite surge como inclusão no feldspato potássico e na plagioclase ou associada a outros


fosfatos (figura 4.6f). As análises realizadas na microssonda eletrónica assinalaram a presença
de alumínio, ferro e manganês (tabela 4.2), o que indica que poderá pertencer à série childrenite-
eosforite [(Fe,Mn)Al(PO4)(OH)2H2O], aproximando-se sobretudo da composição da childrenite
[Fe2+Al(PO4)(OH)2H2O]. A ocorrência destes fosfatos foi assinalada em vários granitos e aplitos
do norte de Portugal, por vezes com composições intermédias entre a eosforite-childrenite (Neiva
et al., 2000).

65
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

a) b)

c)

Ox

Mo

d)

f)

Zv

e)

Fig. 4.6: Aspetos petrográficos do aplito: a) Feldspato potássico (Fk) com macla em
xadrez e plagioclase (P) com maclas polissintéticas (NX); b) Fraturas intra e
intergranulares preenchidas com óxidos de ferro (Ox) a afetar grãos de quartzo (Q),
feldspato potássico (Fk) e plagioclase (P) (N//); c) Plagioclase (P) com inclusões de
moscovite (Mo) e apatite (Ap) (NX); d) Imagem de eletrões retrodispersados mostrando
o preenchimento de fissuras intragranulares e clivagens com óxidos de ferro (Ox) na
moscovite zonada (Mo); e) Imagem de eletrões retrodispersados mostrando a zinvaldite
(Zv); f) Fosfatos secundários (F) de Al, Fe e Mn, associados à alteração de apatite e
plagioclase (NX).

66
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

4.6 Cartografia das litologias na Sé de Lamego

A cartografia de monumentos é um método não-destrutivo que permite o mapeamento das


pedras de um edifício. Para além de poder ser aplicado em qualquer monumento,
independentemente do material pétreo usado na sua construção, permite ainda a caracterização
da distribuição espacial das diferentes formas de deterioração, sua intensidade e danos
provocados.

Numa primeira fase (figura 4.7), e após seleção do monumento, é necessário proceder ao estudo
da sua história e do meio em que este se localiza. De seguida, decorre a fase de diagnóstico,
relativa quer ao tipo de material de construção (suas características e estado de deterioração),
quer ao reconhecimento dos principais fatores e processos de decaimento. (Prada et al., 1995;
Fitzner, 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Fitzner et al., 2002; Fitzner, 2004).

Este reconhecimento é um processo moroso, mas de grande utilidade, pois permite avaliar o
estado de conservação do imóvel e caracterizar a distribuição das patologias, conduzindo à
interpretação de fenómenos responsáveis pelo decaimento da pedra e identificação das zonas
mais suscetíveis à deterioração (Siedel et al., 2011).

Dada a enorme dificuldade em aceder a certas zonas da Sé de Lamego, a identificação das


litologias e patologias presentes nas zonas mais altas da fachada só foi possível devido ao
recurso a uma plataforma elevatória (figura 4.8) gentilmente cedida pela EDP. Devido ao longo
período de tempo que é necessário para fazer o levantamento cartográfico (pedra a pedra) de
todo o edifício, apenas se efetuou a cartografia da sua fachada principal - oeste (W) - (figuras
4.9, 4.10, 4.11 e 4.12) e de algumas alvenarias dos claustros (figura 4.13, 4.14 e 4.15).

67
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

1. Seleção do monumento
- Localização geográfica;
- Idade e estilo artístico;
- Intervenções prévias de restauro;
- Caracterização climática da região.

2. Diagnóstico
- Identificação e caracterização do material pétreo;
- Identificação e caracterização das patologias;
- Identificação e caracterização dos danos;
- Reconhecimento dos fatores e processos de decaimento;
- Delineação de mediadas de preservação.

3. Prevenção de novos danos a longo prazo


- Adoção de medidas de preservação (conservação e restauro);
- Manutenção e monitorização do edifício.

Fig. 4.7: Etapas de diagnóstico do decaimento em monumentos


(adaptado de Fitzner, 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Fitzner, 2004).

Fig. 4.8: Plataforma elevatória


utilizada na identificação das
litologias e patologias presentes na
fachada principal da Sé de Lamego.

68
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

O levantamento foi realizado tendo por base as seguintes etapas (Aires-Barros, 2001; Begonha,
2001; Siedel et al., 2011):

1. Cartografia litológica da fachada;

2. Classificação e documentação das patologias;

3. Cartografia das patologias;

4. Amostragem.

Por culpa do estado de alteração de algumas pedras, não foi possível identificar a litologia
presente. Alguns silhares não foram delimitados por ser impossível visualizar corretamente nos
registos fotográficos as suas arestas. As alvenarias cartografadas nos claustros são
representativas de cada uma das fachadas dessa estrutura do edifício.

A análise da figura 4.9 permite verificar que na fachada oeste da Sé de Lamego é possível
encontrar todas as litologias estudadas. O granito de Várzea de Abrunhais é a rocha dominante,
no entanto há a registar uma percentagem significativa de silhares de granito de Valdigem, com
destaque para os dois cruzeiros. Quanto aos portais (figura 4.10), a sua construção foi levada a
cabo com granito de Valdigem, tendo-se aplicado a mesma litologia nos pilares. É nestas
estruturas arquitetónicas que se encontram concentrados os silhares talhados com maior
pormenor. Foi possível ainda identificar nesta área da fachada oeste algumas pedras de granito
de Várzea de Abrunhais e de granito das Meadas.

Na torre, quer na fachada oeste (figura 4.11), quer na fachada sul (figura 4.12), domina o granito
de Lamego. O cruzeiro da fachada oeste foi, como os dois já mencionados, executado em
granito de Valdigem. No caso da fachada sul deste testemunho medieval, a homogeneidade
pétrea da alvenaria foi comprometida pela recente aplicação de granito das Meadas no espaço
antes ocupado por uma entrada, verificando-se uma evidente incompatibilidade estética entre
esta litologia e o fundo antigo.

No que concerne aos claustros, podem-se encontrar as 5 litologias estudadas, dominando nas
fachadas oeste (figura 4.13) e norte (figura 4.14) o granito de Várzea de Abrunhais, e na fachada
sul (figura 4.15) o granito de Lamego. O granito de Valdigem é muito escasso nestas alvenarias,
tendo-se identificado várias pedras de granito das Meadas de carácter mais grosseiro.

Em todo o edifício da Sé o aplito é a rocha menos utilizada.

O levantamento cartográfico das patologias encontra-se no Capítulo VII.

69
70
1,75 m
Granito de Várzea de Abrunhais Granito de Valdigem Aplito Litologia não identificada

Granito de Várzea de Abrunhais de grão fino Granito das Meadas Pegmatito


IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Fig. 4.9: Cartografia das litologias presentes na fachada principal da Sé de Lamego.


71
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Granito de Várzea de Abrunhais Granito das Meadas 1,95 m

Granito de Valdigem Litologia não identificada

Fig. 4.10: Cartografia das litologias presentes nos portais da fachada principal da Sé de Lamego.
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Granito de Lamego Granito das Meadas 2,0 m

Granito de Valdigem Pegmatito Encrave

Fig. 4.11: Cartografia das litologias presentes na fachada oeste da


torre da Sé de Lamego.

72
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Granito de Lamego Pegmatito


2,0 m

Granito das Meadas Encrave

Fig. 4.12: Cartografia das litologias presentes na fachada sul da


torre da Sé de Lamego.
73
74
1,00 m
1,45 m

Granito de Lamego Granito de Várzea de Granito das Meadas Aplito


IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Abrunhais de grão fino

Granito de Várzea de Granito de Valdigem Granito das Meadas Litologia não identificada
Abrunhais de grão grosseiro

Fig. 4.13: Cartografia das litologias presentes na fachada oeste dos claustros da Sé de Lamego.
75
0,95 m 0,80 m

Granito de Várzea de Abrunhais Granito de Lamego


Aplito
IV – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS GRANÍTICAS E QUÍMICA MINERAL

Granito das Meadas Granito de Várzea de Abrunhais Aplito


Litologia não identificada

Granito das Meadas de Litologia não identificada


Fig. 4.14: Cartografia das litologias presentes na fachada norte dos grão grosseiro
claustros da Sé de Lamego.
Fig. 4.15: Cartografia das litologias presentes na fachada sul
dos claustros da Sé de Lamego.
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

V. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

5.1 Introdução

Avaliar a ação dos agentes externos de alteração numa rocha implica avaliar a quantidade de
poros e fissuras, a sua forma, tamanho e distribuição no interior da rocha (Esbert et al., 1997;
Begonha & Sequeira Braga, 2002; Benavente et al., 2004a). O estudo da rede porosa de uma
rocha pode ser feito por métodos (microscópicos) diretos, ou indiretamente através da
determinação das suas características físico-mecânicas (como a densidade real e aparente, a
porosidade, a absorção de água por imersão à pressão atmosférica e a capilaridade). Estas
ferramentas de investigação permitem estimar o estado de alteração do material de construção
e prognosticar o comportamento das pedras in situ e in tempo (Frascá, 2003; Gómez-Heras &
Fort, 2007).

Um material poroso, que absorve maior quantidade de água, é mais suscetível à alteração, pois
esta facilita vários mecanismos de decaimento (Mosquera et al., 2000; Benavente et al., 2004a;
Martínez-Martínez, 2008; Tomasic et al., 2011), nomeadamente a dissolução de minerais e o
crescimento de espécies biológicas. A água é ainda o agente responsável pelo stress interno
provocado pelos ciclos de gelo-degelo e pela hidratação e cristalização de sais solúveis.

O meio poroso é caracterizado tendo em conta a geometria e dimensão dos poros, bem como a
tortuosidade da rede porosa. São estas características que vão condicionar o fluxo, por
transferência capilar, das soluções salinas, nomeadamente a sua velocidade, quantidade e
distância percorrida no interior das pedras. É desta forma que são definidos os locais
preferenciais de evaporação das soluções e de cristalização de sais no interior dos poros
(Benavente et al., 2004b).

A área de superfície específica (SSA) é equivalente à área de superfície dos poros por unidade
de massa. Quando maior for esta variável, maior probabilidade de decaimento terá a rocha. A

77
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

SSA está inversamente relacionada com o tamanho dos poros e, consequentemente,


diretamente relacionada com a cristalização de sais (Benavente et al., 2004a). Rochas mais
porosas (com elevados valores de SSA), com poros pequenos, sofrem maiores danos do que
rochas pouco porosas, com poros de maior tamanho (Grossi et al., 1998; Rodriguez-Navarro &
Doehne, 1999; Benavente et al., 2007a). Segundo Begonha (2001) com a meteorização
verifica-se um aumento da dimensão da principal classe dos raios de acesso aos poros.

A medição da velocidade de propagação das ondas sísmicas assenta no pressuposto que as


superfícies de descontinuidade geram dispersão de energia, conduzindo à diminuição deste
parâmetro (Vasconcelos et al., 2008). Numa rocha compacta, o estreito contacto entre grãos
permite que a onda se propague apenas na parte sólida, atingindo assim maiores velocidades.
Por isso, pode afirmar-se que, de um modo geral, quanto mais densas – logo, menos porosas –
forem as rochas, maior será a velocidade de propagação dos ultrassons (González, 2008).
Desta forma, quanto maior for a quantidade de poros/fissuras menor será a velocidade de
propagação das ondas (Vasconcelos et al., 2008). Para rochas com iguais porosidades,
verifica-se menor velocidade de propagação dos ultrassons quando na rede porosa
predominam as fissuras (Sousa, 2000; Martínez-Martínez, 2008). O uso desta técnica,
associado ao estudo petrofísico, permite avaliar o dano ocorrido numa rocha e tirar conclusões
acerca da resistência desta aos mecanismos de alteração (Martínez-Martínez, 2008).

5.2 Metodologia

Para a caracterização petrofísica e dinâmica das rochas em estudo foram utilizados provetes
cúbicos (5x5x5 cm3) obtidos por corte de amostras representativas das cinco litologias em
estudo. Na tabela 5.1 encontra-se discriminada a identificação e quantidade de provetes
utilizados em cada ensaio, bem como o local onde estes foram realizados.

A determinação dos diferentes parâmetros teve por base as recomendações das seguintes
normas: Norma ISRM – “Suggested methods four determining water content, porosity, density
and related properties, and swelling” (1979); Norma UNE-EN 1925 – “Métodos de ensayo para
piedra natural: Determinación del coeficiente de absorción de agua por capilaridad” (1999);

78
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Norma UNE-EN 1936 – “Métodos de ensayo para piedra natural: Determinación de la densidad
real y aparente y de la porosidad abierta y total” (2007); Norma UNE-EN 13755 – “Métodos de
ensayo para piedra natural: Determinación de la absorción de agua a presión atmosférica”
(2008); e Norma UNE-EN 14579 - “Métodos de ensayo para piedra natural: Determinación de la
velocidad de propagación del sonido” (2005).

Antes de se iniciar os ensaios, os provetes foram secos em estufa, a 70 °C, até se obter uma
massa constante.

Tab. 5.1: Identificação dos provetes utilizados nos ensaios petrofísicos.

Provetes Ensaios

Propagação das
Capilaridade (c)
Porosidade (a)
Densidade (a)

Absorção (b)

ondas P (b)
GLS GLA GVA GV GM AP

C8 D4 A1 F9 E6 B3
C16 D5 A6 F11 E9 B6
C17 D6 A11 F17 E11 B15
C18 D9 A12 F19 E17 B17
C20 D10 A17 F20 E19 B18
C1 D3 A9 F2 E7 B2
C2 D7 A10 F5 E13 B4
C6 D11 A13 F7 E14 B5
C19 D17 A14 F12 E15 B9
C28 D18 A20 F13 E18 B10
C4 D12 A3 F10 E5 B1
C5 D13 A5 F15 E4 B7
C11 D14 A7 F17 E19 B16
C7 D1 A4 F3 E1 B11
C10 D8 A8 F4 E2 B12
C12 D15 A16 F8 E3 B14
C14 D19 A18 F18 E6 B20
C3 D2 A2 F1 E9 B6
C9 D4 A15 F6 E15 B8
C13 D7 A17 F14 E17 B9
C15 D16 A19 F16 E18 B17
GVA = granito de Várzea de Abrunhais; GV = granito de Valdigem; GM = granito das
Meadas; GLS = granito de Lamego são; GLA = granito de Lamego alterado; AP = aplito; a)
Ensaio realizado no Centro de Investigação e Desenvolvimento da Transgranitos; b)
Ensaio realizado no Departamento de Geologia da UTAD; c) Ensaio realizado no
Departamento de Geologia da Universidade de Oviedo.

79
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

5.3 Propriedades petrofísicas

5.3.1 Densidade aparente, densidade real e porosidade aberta

A densidade aparente (ρb) é a relação entre a massa do provete seco (md), e o seu volume
aparente (Vb). Este corresponde ao volume limitado pela superfície externa do cubo, incluindo
por isso, os espaços vazios (Norma UNE-EN 1936, 2007). A densidade aparente permite avaliar
o volume de poros a preencher (Salavessa, 1996), e depende diretamente do empacotamento
dos minerais. Variações neste parâmetro refletem diferentes estados de meteorização dos
materiais (Rahardjo et al., 2002).

A densidade aparente (em kg/m3) pode calcular-se através do método geométrico (Norma
ISRM, 1979) ou através da aplicação da seguinte equação (Norma UNE-EN 1936, 2007):

md
b   1000
m s  mh (1)

em que ms corresponde à massa do provete saturado de água em vácuo, pesado ao ar, e mh


corresponde à massa do provete submerso, saturado de água em vácuo, mas pesado em água.

No cálculo da densidade aparente através do método geométrico é necessário medir cada face
várias vezes, de forma a encontrar mais corretamente a média das 3 dimensões (L1, L2 e L3).
Após o cálculo da massa do provete seco, utiliza-se a fórmula:

md
b   1000
Vb

80
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

sendo:

Vb  L1  L2  L3

O volume da parte sólida corresponde à diferença entre o volume aparente e o volume dos
espaços vazios (abertos e fechados), sendo a densidade real (ρr) a relação entre a massa do
provete seco e o volume da sua parte sólida (Norma UNE-EN 1936, 2007). Segundo Carmichel
(1989), a densidade real expressa-se em kg/m3 e pode calcular-se a partir da equação:

md
r   1000
md  m s

A porosidade aberta (P0) traduz-se na relação entre o volume de poros abertos (logo,
acessíveis) e o volume aparente do provete. Por sua vez, a porosidade total (P) equivale à
relação entre o volume total de poros (abertos e fechados) e o volume aparente do provete. Os
valores de porosidade total e porosidade aberta nas rochas graníticas são, normalmente, muito
aproximados.

Segundo a Norma UNE-EN 1936 (2007), pode calcular-se a porosidade aberta (em
percentagem) através da seguinte equação:

m s  md
0   100
m s  mh

Para obtenção da massa dos provetes secos é necessário que estes sejam colocados
previamente no vazio (figura 5.1a). Após duas horas a uma pressão de cerca de 15 mmHg,
introduz-se a água destilada até todos os cubos ficarem completamente submergidos. De
seguida restabelece-se a pressão atmosférica, mantendo-se os provetes nestas condições
durante 24 horas. Por fim, obtém-se a massa dos provetes saturados e a massa dos provetes
submersos (figura 5.1b).

81
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

a) b)

Fig. 5.1: a) Equipamento utilizado no ensaio prático para o cálculo da densidade


aparente e porosidade; b) Equipamento utilizado na obtenção do peso saturado e
submerso dos provetes.

Antes de serem pesados foi retirada a água em excesso dos cubos com o auxílio de um pano
húmido.

A análise da tabela 5.2 permite verificar que a diferença entre os valores de densidade aparente
e de densidade real é pouco significativa. Este facto assenta no pressuposto da não existência
de espaços vazios isolados em rochas densas e pouco porosas, como é o caso das rochas
graníticas.

A partir dos resultados da tabela 5.2 regista-se ainda que os valores de densidade aparente
estão compreendidos entre 2,53 g/cm3 e 2,70 g/cm3. Estes valores são ligeiramente superiores
aos publicados em trabalhos anteriores relativos a monumentos e edifícios históricos graníticos
do norte de Portugal (tabela 5.3). Os resultados contidos na tabela 5.3 expressam, dependendo
do autor, a média dos provetes obtidos a partir de várias amostras, ou a média dos vários
provetes obtidos a partir da mesma amostra.

Os valores obtidos para a densidade aparente através do método geométrico e da aplicação da


fórmula (1) são também aproximados (figura 5.2).

82
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Tab.5.2: Valor médio e desvio padrão da densidade real,


densidade aparente e porosidade aberta das rochas estudadas.
Densidade Densidade Porosidade
Amostras real aparente aberta
(kg/m3) (kg/m3) (%)
GLS 2723 ± 10 2705 ± 10 0,7 ± 0,1

GLA 2723 ± 14 2705 ± 16 0,7 ± 0,1

GVA 2658 ± 12 2593 ± 12 2,5 ± 0,2

GV 2663 ± 1 2538 ± 5 4,7 ± 0,2

GM 2659 ± 7 2574 ± 8 3,2 ± 0,2

AP 2641 ± 17 2567 ± 15 2,8 ± 0,2

Tab. 5.3: Valores mínimos e máximos da densidade aparente de granitos de monumentos e edifícios
históricos do norte de Portugal.
Densidade aparente
Granito
(g/cm3)
Granito do Porto afetado por desagregação granular – Hospital de Santo
2,52 – 2,53
António (Begonha, 2001)
Granito do Porto afetado por placas – Hospital de Santo António (Begonha,
2,42 – 2,56
2001)
Granito de duas micas, de grão médio – Igreja de Santa Maria de Leça do
2,52 – 2,55
Balio (Moutinho da Silva, 2005)
Granito de duas micas, de grão médio – Igreja Matriz de Caminha (Fojo, 2006) 2,27 - 2,48
Granitos de duas micas, de grão médio a fino – Sé Catedral de Vila Real
2,48 – 2,51
(Machado, 2006)
Granitos de duas micas, de grão médio a grosseiro, porfiróides – Sé Catedral
2,52 – 2,56
de Vila Real (Machado, 2006)
Granito de duas micas, de grão grosseiro, com tendência a porfiróide,
2,53 – 2,57
meteorizado – Igreja de Santa Clara (Leite, 2008)
Granito de duas micas, de grão grosseiro, com tendência a porfiróide, muito
2,27 – 2,41
meteorizado – Igreja de Santa Clara (Leite, 2008)
Granito de duas micas, de grão médio a grosseiro – Igreja de S. Pedro de
2,39 – 2,54
Rates (Begonha, 2009)
Granito de duas micas, de grão médio a fino – Igreja de S. Pedro de Rates
2,42 – 2,53
(Begonha, 2009)
Granito de duas micas, de grão fino – Igreja de S. Gonçalo (Begonha, 2009) 2,49 – 2,52

Granito biotítico, de grão médio, porfiróide (GL) – Sé de Lamego 2,67 – 2,72

Granito de duas micas, de grão médio a fino (GVA) – Sé de Lamego 2,61 – 2,59

Granitos moscovíticos, de grão médio a fino (GV e GM) – Sé de Lamego 2,53 – 2,58

83
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

2750
Densidade aparente (kg/m3)

2700

2650

2600

2550

2500

2450
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas
Densidade aparente (kg/m3) (Norma ISRM, 1979)
Densidade aparente (kg/m3) (Norma UNE-EN 1936, 2007)

Fig. 5.2: Gráfico do valor médio e desvio padrão da densidade aparente (ρb) das rochas
estudadas.

Na tabela 5.2 é ainda evidente a relação inversamente proporcional entre a densidade aparente
e a porosidade, exibindo as rochas menos densas, maiores valores de porosidade. Assim, o
granito de Lamego é o mais denso, apresentando o menor valor de porosidade (0,7 %), e o
granito de Valdigem é o menos denso (ρb = 2538 kg/m3), como tal, o mais poroso.

Considerando que a porosidade em granitos não alterados, não deve ultrapassar o 1 %


(Begonha, 2001), pode afirmar-se que os granitos moscovíticos (GV e GM) são os que se
encontram mais meteorizados. O granito de Lamego apresenta-se ligeiramente meteorizado,
registando iguais valores de densidade e porosidade nas amostras GLS e GLA, resultados que
confirmam as observações realizadas no estudo petrográfico desta rocha. De referir que
Vasconcelos (2005) considera que os granitos sãos apresentam porosidade inferior a 1,5%.

84
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Conforme se pode verificar na tabela 5.4, os valores de porosidade aberta obtidos nas rochas
em estudo são da mesma ordem de grandeza dos determinados noutros granitos portugueses.
De salvaguardar novamente, que os resultados contidos nessa tabela expressam, dependendo
do autor, a média dos provetes obtidos a partir de várias amostras, ou a média dos vários
provetes obtidos a partir da mesma amostra.

Tab. 5.4: Valores mínimos e máximos da porosidade aberta determinada em alguns granitos
portugueses.
Porosidade aberta
Granito
(%)
Granito de duas micas, de grão grosseiro, porfiróide – Guarda (Antão &
2,90 - 3,77
Rodrigues, 2000)

Granito de duas micas, de grão médio, não porfiróide – Guarda (Antão &
0,36- 2,56
Rodrigues, 2000)

Granito de duas micas, de grão fino a médio – Afife (Vasconcelos, Lourenço,


3,07
Alves & Pamplona, 2003)

Granito de duas micas, de grão médio – Mondim de Basto (Vasconcelos et al.,


5,06 – 7,24
2003)

Granito de duas micas, de grão fino a médio e tendência porfiróide – Guimarães


0,47 - 3,54
(Vasconcelos et al., 2003)

Granito de duas micas, de grão fino a médio – Moreira do Lima (Vasconcelos et


1,17 – 5,19
al., 2003)

Granitos de duas micas, de grão médio a fino – Vila Real (Machado, 2006) 5,38 – 6,98

Granitos de duas micas, de grão médio a grosseiro, porfiróides - Vila Real


3,76 – 6,20
(Machado, 2006)

Granito de duas micas, de grão médio, são e com diferentes graus de


0,72 – 3,94
meteorização - Porto (Begonha et al., 2010)

Granito biotítico, de grão médio, porfiroide (GL) – Lamego 0,52 – 0,99

Granito de duas micas, de grão médio a fino (GVA) – Lamego 2,09 – 2,65

Granitos moscovítico, de grão médio a fino (GV e GM) – Lamego 2,95 – 5,01

85
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

5.3.2 Absorção de água por imersão à pressão atmosférica

A quantidade de água absorvida depende, em primeiro lugar, da quantidade de poros da rocha


(porosidade), e em segundo lugar, da sua forma e tamanho (Rojo et al., 2003). A absorção de
água permite estimar a velocidade de entrada de água nos espaços vazios e inferir sobre a sua
conectividade. Inicialmente são preenchidos os espaços vazios de maior tamanho, melhor
conectados, entrando posteriormente a água nos espaços vazios mais pequenos e de mais
difícil acesso.

Para a realização deste ensaio, obteve-se primeiramente o peso de cada provete seco (md’). De
seguida colocaram-se os provetes num recipiente, sobre uma rede, acrescentando-se água até
metade da altura dos provetes. Passados sessenta minutos, acrescentou-se água até alcançar
três quartos da altura dos provetes. Por fim, 120 minutos decorridos desde o início do ensaio,
acrescentou-se água até os cubos ficarem completamente submersos (figura 5.3).

Fig. 5.3: Ensaio de absorção


de água por imersão à
pressão atmosférica.

86
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Após 48 horas de imersão, retiraram-se os provetes da água, limparam-se parcialmente com


um pano húmido, e obteve-se o peso de cada provete. Setenta e duas horas depois repetiu-se
este procedimento, obtendo-se assim o peso saturado (ms’).

A absorção de água (Ab) à pressão atmosférica de cada provete expressa-se em percentagem,


e é calculada a partir da seguinte equação:

Os resultados obtidos neste ensaio para a absorção (tabela 5.5) são da mesma ordem de
grandeza dos obtidos por Grossi et al. (1998); Lima e Paraguassú (2004); Rojo et al. (2003);
Machado (2006); Rio et al. (2006); e Gárcia-del-Cura et al. (2008).

Tab. 5.5: Valor médio e desvio padrão da absorção, do conteúdo em água de saturação, e do
grau de preenchimento dos poros das rochas estudadas.

Conteúdo em água de Grau de preenchimento


Amostras Absorção (%)
saturação (%) dos poros (%)

GLS 0,22 ± 0,01 0,24 ± 0,02 91,7

GLA 0,23 ± 0,03 0,25 ± 0,05 95,8

GVA 0,85 ± 0,06 0,95 ± 0,07 89,5

GV 1,59 ± 0,04 1,85 ± 0,07 85,9

GM 1,19 ± 0,13 1,25 ± 0,08 95,2

AP 1,06 ± 0,06 1,09 ± 0,07 97,2

O conteúdo em água de saturação (Ws) permite relacionar a capacidade natural do provete em


absorver água e a sua porosidade aberta, uma vez que traduz a quantidade máxima de água
que uma rocha pode absorver quando imersa sob o vazio. Para o cálculo desta propriedade
utiliza-se a expressão:

87
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Dado que o conteúdo em água de saturação é determinado quando os provetes são submersos
no vazio, tal permite a eliminação de praticamente todo o ar retido na rede porosa, sendo este
substituído pela água. No caso do ensaio de absorção de água à pressão atmosférica o ar fica
retido nos poros de mais difícil acesso, impossibilitando assim a entrada de água. Rochas com
maior número de microporos são mais suscetíveis à formação de bolhas no seu interior (Yu &
Oguchi, 2010).

A relação entre a absorção e o conteúdo em água de saturação, expressa em percentagem,


traduz o grau de preenchimento dos poros. Na tabela 5.4 encontram-se também os resultados
relativos ao conteúdo em água de absorção e ao grau de preenchimento dos poros.

A rocha que absorveu maior quantidade de água foi o granito de Valdigem (1,59 %), tendo o
granito de Lamego absorvido a menor quantidade de água (0,22 %). Estes resultados refletem
os resultados obtidos no ensaio anterior, uma vez que o granito de Valdigem é o mais poroso e
o granito de Lamego aquele em que se obteve o menor valor de porosidade aberta.

Na análise da tabela 5.5 verifica-se ainda que a absorção determinada por imersão à pressão
atmosférica apresenta valores inferiores ao conteúdo de água de saturação. O granito de
Valdigem, o mais poroso e com o valor mais elevado de conteúdo em água de saturação (1,85
%), foi aquele que registou o grau de preenchimento de poros mais baixo – 85,9 %. O aplito, foi
a rocha que registou um grau de preenchimento de poros mais elevado (97,2 %), seguido da
amostra GLA (95,8 %).

Estes resultados pressupõem uma maior tortuosidade da rede porosa no granito de Valdigem,
onde, provavelmente, predominam os espaços vazios de menor tamanho e de mais difícil
acesso, sendo o sistema poroso do aplito o melhor conectado. Yu e Oguchi (2010) consideram
que rochas com elevada porosidade e rápida capacidade de absorção, mas com um coeficiente
de saturação baixo, são mais resistentes à meteorização.

88
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Apesar de se tratar de percentagens muito baixas, que tornam as variações muito significativas,
pode acrescentar-se que, provavelmente, o grau de alteração da amostra GLA, observado no
estudo petrográfico e semelhante ao da amostra GLS, mas mais evidente, poderá implicar, a
existência de fissuras mais largas, preferencialmente inter e transgranulares, que permitem que
a água seja absorvida com maior facilidade.

As rochas podem ter valores semelhantes de porosidade, mas conter diferentes tipos de poros,
sobretudo no que diz respeito ao seu tamanho, distribuição espacial e conectividade (Tomasic
et al., 2011). Os resultados obtidos neste ensaio para o granito de Várzea de Abrunhais e para
o aplito, rochas com valores de porosidade muito semelhantes (2,5 % e 2,8 %, respetivamente),
comprovam esta afirmação.

Na figura 5.4 é possível verificar que na primeira pesagem após imersão (t0+48h), o granito de
Valdigem apresentou o aumento de peso mais significativo (seguido do granito das Meadas e
do aplito), enquanto o granito de Lamego (amostras GLS e GLA) manteve ao longo de todo
ensaio um peso quase constante, fruto da sua reduzida porosidade.

360

350

340
Peso (g)

330

320

310

300
t0 t0+48h t0+72h t0+168h
t (h)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig. 5.4: Gráfico da evolução do aumento de peso médio dos provetes, durante
o ensaio de absorção por imersão à pressão atmosférica (t0 = md).

89
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

5.3.3 Absorção de água por capilaridade

O estudo da dinâmica do movimento das soluções no interior dos materiais pétreos é de


extrema importância dado o papel da água no decaimento. A relação entre a cinética de
absorção e a rede porosa traduz a forma como esta controla esse movimento. Coeficientes de
capilaridade baixos devem-se ao predomínio de poros de maior tamanho, onde a força de
sucção é menor e o volume a preencher é maior (Mosquera et al., 2000), por isso, a altura
alcançada pela franja capilar será tanto maior quanto menor for o diâmetro dos poros (Esbert et
al., 1997).

Para a realização deste ensaio, colocaram-se os provetes (depois de secos e pesados, até
atingirem um peso constante - md), num recipiente, sobre uma rede coberta com papel de filtro,
com a base submergida por cerca de 3 mm de água (figura 5.5a). Após secagem com um pano
húmido, foi registada a progressão da embebição da água nos seguintes intervalos: 1 min, 4
min, 9 min, 16 min, 25 min, 36 min, 49 min, 64 min, 81 min e 100 min. Sempre que necessário,
foi adicionada água em cada tabuleiro por forma a manter o seu nível constante.

Para os intervalos de tempo acima referidos foi ainda medida a altura da franja capilar (figura
5.5b).

a) b)

Fig. 5.5: a) Ensaio de absorção de água por capilaridade do granito de Várzea de


Abrunhais; b) Observação da franja capilar.

90
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

As curvas de capilaridade obtiveram-se representando a massa de água absorvida por unidade


de superfície versus a raiz quadrada do tempo (figura 5.6). A primeira parte de cada curva
corresponde à absorção de água, e a sua pendente define-se como o coeficiente de absorção
capilar, e a segunda parte corresponde ao período de saturação, onde o regime de absorção é
muito lento.

2500 2
GLS: y = 4,75x; r = 1
2
GLA: y = 4,72x; r = 1
2
2000 GVA: y = 14,98x; r = 0,96
Absorção de água (g/m2)

2
GV: y = 39,98x; r = 0,99
2
GM: y = 15,57x; r = 0,93
1500 2
AP: y = 24,53x; r = 0,97

1000

500

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
t (s0,5)

GLS GLA GVA GV GM AP

O granito de Valdigem, a rocha mais porosa, apresentou uma cinética de absorção de água por
capilaridade mais rápida, acabando por atingir a saturação aos 36 min. O aplito também saturou
por volta da sexta medição, tendo no entanto, absorvido menor quantidade de água por unidade
de superfície, em relação ao granito de Valdigem. Estes resultados confirmam, por um lado, a
boa conexão dos poros desta rocha, e por outro, o seu menor valor de porosidade.

Relativamente à figura 5.7, verifica-se que a franja capilar atingiu, no granito de Valdigem e no
granito de Várzea de Abrunhais, a altura máxima dos provetes (5 cm), aos 36 min e 81 min,
respetivamente, sendo que aos 9 min (terceira medição) a ascensão de água já tinha
ultrapassado metade da altura dos provetes no granito de Valdigem. A facilidade de sucção
destas duas rochas também reflete o seu grau de preenchimento dos poros, que é muito

91
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

similar. Recorde-se ainda que o granito de Valdigem é o mais poroso, bem como aquele que
absorveu mais água por imersão à pressão atmosférica.

6,00
Altura da franja capilar (cm)

5,00

4,00

3,00

2,00

1,00

0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
t (s0,5)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig.5.7: Gráfico da altura da franja capilar das rochas estudadas, registada no ensaio
de capilaridade.

O granito de Lamego (GLS e GLA) apenas absorveu água até alturas próximas dos 2,3 cm. Nos
primeiros minutos do ensaio a subida da franja capilar foi mais rápida na amostra GLA do que
na amostra GLS, resultados que atestam que apesar de ambas as amostras apresentarem
porosidades e cinéticas de absorção semelhantes, a amostra GLA, por se encontrar mais
alterada, oferece menor resistência à entrada da água. A partir da quarta medição (aos 16 min)
a ascensão da franja capilar foi muito pouco significativa para ambas as amostras.

De referir também que, quer o granito das Meadas, quer o aplito, mostraram no final do ensaio
que ainda poderiam embeber uma maior quantidade de água, uma vez que a franja capilar não
estabilizou. O estudo petrográfico permitiu verificar que todos os minerais constituintes do aplito
se encontravam intensamente fissurados, como tal, e apesar desta rocha apresentar a segunda
cinética capilar mais rápida, é presumível que o tamanho dos seus poros tenha retido a água,
impedindo assim a subida da franja capilar. É possível admitir ainda que a existência de poros

92
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

de diferentes dimensões, distribuídos de forma heterogénea por todo o provete, também limite o
percurso da água até ao topo dos cubos (Rahardjo et al., 2002; Lindqvist et al., 2007).

5.4 Propriedades dinâmicas

5.4.1 Velocidade de propagação das ondas P

As ondas sísmicas podem ser longitudinais (ondas P) ou transversais (ondas S). As ondas P
vibram na direção paralela à propagação da onda, sendo as primeiras a chegar. Por sua vez, as
ondas S, vibram num plano perpendicular à da propagação das ondas, chegando depois das
ondas longitudinais.

São vários os fatores que condicionam a velocidade de propagação dos ultrassons,


designadamente: a litologia, a densidade, a porosidade, a forma e o tamanho do grão, a
anisotropia, e o estado de alteração da rocha (Kahraman, 2001, 2007; Soroush & Fahimifar,
2003; Vasconcelos, 2005; Sharma & Singh, 2007; González, 2008). Como tal, a medição desta
propriedade permite não só inferir acerca das propriedades elásticas das rochas, mas também
avaliar outras características como a resistência e a microfissuração (Sousa et al., 2002).

A microfissuração pode originar-se durante a implantação e arrefecimento do magma, ou ser


consequência de tensões sofridas pela rocha à superfície, nomeadamente durante a sua
extração (Sousa, 2000). A presença de microfissuras denuncia o estado de alteração de uma
rocha, por esse motivo, verifica-se uma relação inversamente proporcional entre a velocidade
das ondas sísmicas e a alterabilidade do material rochoso.

A medição da velocidade de propagação das ondas sísmicas é um método não destrutivo, de


baixo custo e resultados imediatos, que não requer condições de segurança específicas, por
isso é possível repetir as medições sempre que necessário e realizá-las no campo (Soroush &
Fahimifar, 2003; Chaki et al., 2008; Martínez-Martínez, 2008). As principais desvantagens deste
procedimento prendem-se com a necessidade de calibração do equipamento, com a

93
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

obrigatoriedade do uso de um acopolante, e com a influência da estrutura do material pétreo


nos resultados (González, 2008).

Para a realização deste ensaio foi utilizado um equipamento de marca C.N.S. Electronics
ltd, Modelo PUNDIT (Portable Ultrasonic Non-Destructive Digital Indicating Tester), com
transdutores com frequências de ressonância de 54 kHz, que possui uma unidade de
calibração, ou seja, de ajustamento de tempo de percurso ou aferidor de velocidade (figura 5.8).

a) b)

Fig. 5.8: Equipamento utilizado na medição das ondas P: a) unidade de calibração e


medição; b) transdutores.

Uma vez que se conhece o tempo de percurso das ondas entre o emissor e o recetor, e a
distância percorrida, é possível determinar a velocidade de propagação através da fórmula
(Norma UNE-EN 14579, 2005):

onde:

VP = velocidade da onda (m/s)

L = distância percorrida pela onda (m)

t0 – t1 = tempo de percurso da onda (s)

94
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Nas medições foi utilizado mel como interface devido à facilidade deste produto ser removido
durante a lavagem com água.

Apesar das rochas granitoides parecerem texturalmente homogéneas, ou seja, isentas de


descontinuidades, apresentam muitas vezes valores de Vp distintos, mediante a direção de
medição (Sousa et al., 2002; Ceryan et al., 2008). Estas variações devem-se à presença de
famílias de fissuras e/ou alinhamento de minerais (Sousa, 2000; Alemany, 2007; Vasconcelos,
et al., 2007), sendo a velocidade de propagação das ondas maior na direção paralela ao
alinhamento das fissuras, relativamente às direções perpendiculares (Vasconcelos, 2005;
Alemany, 2007; Vasconcelos et al., 2007).

Para avaliar uma possível anisotropia de propagação das ondas longitudinais nas rochas
estudadas, mediu-se a Vp, em cada provete, segundo as três direções do espaço (L1, L2 e L3).
É necessário salvaguardar que as diferenças verificadas nos valores de Vp para cada direção,
bem como nos índices de anisotropia calculados, não são absolutos, pois a obtenção dos
provetes não obedeceu a quaisquer critérios de orientação, tendo sido apenas considerada a
direção do corte das placas a partir das quais estes foram talhados.

Os resultados obtidos encontram-se na tabela 5.6, tanto para a velocidade de propagação das
ondas P calculada a partir da média das três direções, como para a velocidade de propagação
das ondas P calculada para cada uma das direções consideradas separadamente.

Tab. 5.6: Valores médios e desvio padrão da velocidade de propagação das ondas
longitudinais das rochas estudadas.
VP VP’ VP’’ VP’’’
Rochas
(m/s) (m/s) (m/s) (m/s)
GLS 5196 ± 72 5168 ± 81 5278 ± 106 5143 ± 126

GLA 5143 ± 49 5146 ± 289 5190 ± 194 5093 ± 340

GVA 2656 ± 243 2689 ± 125 2881 ± 178 2398 ± 117

GV 2320 ± 351 1930 ± 98 2418,0 ± 100 2611 ± 98

GM 2522 ± 38 2537 ± 131 2550 ± 170 2479 ± 164

AP 2275 ± 116 2146 ± 117 2371 ± 171 2306 ± 111


VP = Velocidade de propagação das ondas P; VP’ = Velocidade de propagação das ondas P na direção L1; VP’’ =
Velocidade de propagação das ondas P na direção L2; VP’’ = Velocidade de propagação das ondas P na direção L3.

95
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

A velocidade de propagação das ondas P varia entre 5196 m/s, manifestada pela amostra sã de
granito de Lamego, e 2275 m/s, calculada para o aplito. Estes valores são consistentes com os
obtidos por outros autores em rochas graníticas, nomeadamente por: Sousa (2000); Begonha
(2001); Kahraman (2001, 2002, 2007); Begonha e Sequeira Braga (2002); Sousa et al. (2005);
Vasconcelos (2005); Rio et al. (2006); Alemany (2007); Chaki et al. (2008); Garcia-del-Cura et
al. (2008); Takarli et al. (2008); Vasconcelos et al. (2008); Gupta (2009); López-Arce et al.
(2008); Musa et al. (2010), Vázquez et al. (2010) e Sharma et al. (2011).

Delgado Rodrigues e Costa (2002) obtiveram valores de Vp entre 900 e 1400 m/s em colunas
graníticas do claustro do Mosteiro de São Salvador de Grijó em estado avançado de alteração,
e Begonha (2001) refere que em 25 tarolos de granito do Porto são (com porosidade entre 0,72
e 1,14 %), a velocidade dos ultrassons se situou entre os 5370 e os 6420 m/s. O valor de Vp
mais baixo obtido pelo autor foi de 1300 m/s em rochas com elevado grau de meteorização.

Na figura 5.9 apresenta-se a relação entre os valores de VP e os valores de porosidade aberta


das rochas estudadas, sendo possível demonstrar que os granitos mais porosos, menos
densos, apresentam menores valores de Vp. Esta correlação negativa já foi atestada por vários
autores (Sousa, 2000; Begonha, 2001; Soroush & Fahimifar, 2003; Sousa et al., 2005;
Vasconcelos, 2005; Rio et al., 2006; Martinéz-Martinéz, 2008; Takarli et al., 2008; Vasconcelos
et al., 2008; López-Arce et al., 2010 e Vázquez et al., 2010).

Assim, o granito de Lamego (GLS e GLA), mais denso e menos poroso, apresenta os maiores
valores de VP, e, por seu turno, o granito de Valdigem e o granito das Meadas, menos densos e
mais porosos, registaram os menores valores de velocidade dos ultrassons. Do mesmo modo
se pode dizer que as rochas mais alteradas (GV e GM) são aquelas que exibem menores
valores de velocidade dos ultrassons, enquanto o granito de Lamego, sendo o mais são, regista
os valores mais elevados.

A baixa velocidade dos ultrassons do aplito poderá ser explicada sobretudo pelo pequeno
tamanho do grão, e consequente maior área de superfície de contacto entre minerais, que
origina maiores perdas de energia ao longo da propagação da onda. Para além disso, como já
foi referido anteriormente, trata-se de uma rocha que se apresenta muito fissurada.

96
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

6000
GLS
5000 GLA

4000
Vp (m/s)

3000 GVA GM
AP GV
2000

1000

0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
P0 (%)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig. 5.9: Gráfico da relação entre a velocidade das ondas longitudinais (Vp) e a
porosidade aberta (P0) das rochas estudadas.

Soroush e Fahimifar (2003) comprovaram uma correlação negativa entre a velocidade de


propagação das ondas P e a absorção de água, correlação essa que também se verifica no
presente estudo.

A partir dos valores calculados para as 3 direções medidas em cada provete, foi calculada a
anisotropia total (∆M) e o coeficiente de anisotropia (CA) das rochas estudadas.

O cálculo do índice de anisotropia realizou-se de acordo com a seguinte equação (Guyader &
Denis, 1986):

[ ]

97
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

onde:

∆M = anisotropia total (%)

Vp1, Vp2 e Vp3 = velocidades das ondas longitudinais segundo as 3 direções no espaço
(m/s).

Por sua vez, o coeficiente de anisotropia (CA), foi calculado segundo a equação definida por
Thill et al. (1973):

em que:

Vmax = velocidade máxima de propagação das ondas longitudinais (m/s)

Vmin = velocidade mínima de propagação das ondas longitudinais (m/s)

Vmed = velocidade média de propagação das ondas longitudinais (m/s)

Os índices de anisotropia calculados apresentam valores muito diversos (tabela 5.7). A rocha
onde se verificou o maior valor de anisotropia total foi o granito de Valdigem (20,2 %), tendo-se
obtido para a amostra de granito de Lamego são, o menor valor deste índice – 2,6 %. Quanto
ao coeficiente de anisotropia, registou-se uma gama de valores num intervalo maior, entre 28,2
%, para o granito de Valdigem, e 3,1 % para a amostra GLS. A correlação positiva entre estas
duas variáveis encontra-se na figura 5.10, o que mostra que qualquer um dos índices permite
hierarquizar as rochas estudadas.

98
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Tab. 5.7: Valores médios e desvio padrão da anisotropia


total (∆M) e do coeficiente de anisotropia (CA) das rochas
estudadas.
∆M CA
Rochas
(%) (%)
GLS 2,6 ± 0,8 3,1 ± 0,9

GLA 3,3 ± 3,4 4,3 ± 4,1

GVA 13,2 ± 3,7 17,8 ± 4,6

GV 20,2 ± 3,9 28,2 ± 3,2

GM 5,0 ± 2,0 6,2 ± 1,9

AP 7,0 ± 3,5 10,1 ± 3,7

30,0

25,0

20,0
CA (%)

15,0

10,0

5,0

0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
∆M (%)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig. 5.10: Gráfico da relação entre a anisotropia total (∆M) e o coeficiente de


anisotropia (CA) das rochas estudadas.

99
V – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DAS ROCHAS ESTUDADAS

Os resultados dos ensaios petrofísicos revelaram que o granito de Valdigem é a rocha mais
meteorizada, no entanto, a relação entre o estado de alteração e a anisotropia não é direta, pois
esta última propriedade depende da(s) direção(ões) da(s) família(s) de fissura(s) presente(s).
Podem ter sido inclusive famílias de fissuras com direção mais marcada a facilitar o processo
de alteração desta litologia.

100
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

VI. ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

6.1 Introdução

A realização de ensaios de alteração artificial tem como objetivo reproduzir de forma acelerada,
os lentos processos de meteorização a que as rochas estão sujeitas. Desta forma, é possível
tirar ilações sobre a resistência das rochas face à atuação dos agentes de alteração (como a
cristalização de sais e a oscilação da temperatura), e correlacionar a alterabilidade destas com
as suas propriedades petrofísicas e dinâmicas.

Estes procedimentos experimentais permitem também compreender as causas das formas de


alteração encontradas em monumentos (Brea et al., 2008) e estimar a eficácia de processos de
tratamento (Villegas et al., 1995).

O ensaio de resistência à cristalização de sais utiliza-se para avaliar os danos provocados pelos
sais quando estes cristalizam no interior da rede porosa (Rivas et al., 2000). A elevadas
temperaturas a evaporação é mais rápida, cristalizando os sais no interior da rocha
(subeflorescências), por sua vez, à temperatura ambiente, a evaporação é mais lenta e conduz
à migração dos sais até à superfície, onde acabam por precipitar formando eflorescências
(Alonso et al., 2008).

Num edifício ou monumento é difícil compreender a magnitude da influência da temperatura nos


processos de decaimento, pois o regime térmico varia espacial e temporalmente (Gómez-Heras
& Fort, 2007; Gómez-Heras et al., 2008). Contudo, procedimentos experimentais com base
neste parâmetro comprovaram que o choque térmico é um agente de meteorização que oferece
significativos constrangimentos à durabilidade dos materiais de construção (Alehossein &
Boland, 2004; Torok & Hajpál, 2005; Fojo, 2006; Frascá & Yamamoto, 2006; Gómez-Heras et
al., 2006; Kiliç, 2006; Reuschlé et al., 2006; Becerra-Becerra & Costa, 2007; Chaki et al., 2008;
Takarli et al., 2008; Wanne & Young, 2008; Xiao-li et al., 2008).

101
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

A exposição às condições do meio é responsável pela alteração natural da cor das pedras,
essa alteração é função da sua composição mineralógica e/ou da presença de materiais
exógenos, como a humidade (Tiwari et al., 2005), os poluentes atmosféricos, a colonização
biológica, os consolidantes e/ou os agentes de limpeza (Iñigo et al., 1997; Fort et al., 2000;
Grossi et al., 2007).

Tiwari et al. (2005) concluíram, num estudo realizado na Porta da Índia (Mumbai, Índia), que a
medição da cor é uma técnica não destrutiva muito útil na aferição do estado de alteração do
material de construção.

6.2 Metodologia

Os ensaios de alteração artificial realizaram-se no Departamento de Geologia da UTAD, tendo


sido consideradas as recomendações das seguintes normas: Norma UNE-EN 12370 –
“Métodos de ensayo para piedra natural: Determinación de la resistencia a la cristalización de
las sales”, (1999); e Norma UNE-EN 14066 - “Métodos de ensayo para piedra natural:
Determinación de la resistencia al envilecimiento por choque térmico” (2003).

Foram utilizados provetes cúbicos (5x5x5 cm3) obtidos, por corte, de amostras representativas
das 5 litologias em estudo. Na tabela 6.1 encontra-se discriminada a identificação e quantidade
de provetes utilizados em cada ensaio. No início e no final dos ensaios foram determinadas as
propriedades petrofísicas (densidade real, densidade aparente e porosidade), e dinâmicas
(velocidade de propagação das ondas P) de cada rocha.

Antes de se iniciarem os procedimentos experimentais, os provetes foram secos na estufa, a


105 °C, até se obter uma massa constante.

102
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Tab. 6.1: Identificação dos provetes utilizados nos ensaios


de alteração artificial.

Provetes Ensaios

Alteração da cor
Choque térmico
Cristalização
de sais
GLS GLA GVA GV GM AP

C8 D4 A1 F9 E6 B3
C16 D5 A6 F11 E9 B6
C17 D6 A11 F17 E11 B15
C18 D9 A12 F19 E17 B17
C20 D10 A17 F20 E19 B18
C1 D3 A9 F2 E7 B2
C2 D7 A10 F5 E13 B4
C6 D11 A13 F7 E14 B5
C19 D17 A14 F12 E15 B9
C28 D18 A20 F13 E18 B10
C4 D12 A3 F10 E5 B1
C5 D13 A5 F15 E4 B7
C11 D14 A7 F17 E19 B16

6.3 Ensaio de resistência à cristalização de sais

São vários os autores que nos últimos anos levaram a cabo a realização de ensaios de
resistência à cristalização de sais (Rivas et al., 2000; Flatt, 2002; Tsui et al., 2003; Maurício et
al., 2005; Laue, 2005; Benavente et al., 2006; Frascá & Yamamoto, 2006; Houck & Scherer,
2006; Yavuz et al., 2006; Angeli et al., 2007; Becerra-Becerra & Costa, 2007; Benavente et al.,
2007a; Gómez-Heras & Fort, 2007; Lubelli & van Hees, 2007; Ruiz-Agudo et al., 2007; Zedef et
al., 2007; Alonso et al., 2008; Angeli et al., 2008; Brea et al., 2008; López-Arce et al., 2008;
López-Arce et al., 2010; Yu & Oguchi, 2010).

Muitas vezes os resultados obtidos nos provetes são bastante diferentes dos encontrados nas
pedras. Isto sucede porque num edifício, para além da ação dos sais solúveis, contribuem para
o decaimento outros agentes de alteração que não são considerados nestes procedimentos
experimentais simplificados (Brea et al., 2008).

103
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

O sulfato de sódio é um dos sais mais agressivos na natureza, por isso o mais indicado para
realizar ensaios de envelhecimento acelerado. Este sal pode surgir sob a forma de duas fases
estáveis, a ternardite (Na2SO4) e a mirabilite (Na2SO4·10H2O), em função da temperatura e da
humidade. A ternadite cristaliza diretamente a partir da solução, a temperaturas superiores a
32,4 ºC, e a mirabilite cristaliza a temperaturas menores, condicionada pela humidade relativa
(Grossi et al., 1997). A dissolução da ternardite produz uma solução sobressaturada de
mirabilite (Flatt, 2002; Steiger, 2005a). A cristalização de mirabilite a partir dessa solução
implica um grande aumento de volume (superior a 300 %), sendo essa a principal razão para a
ação destrutiva deste sal (Bland & Rolls, 1998; Flatt, 2002). Assim, quanto mais rapidamente a
rocha secar, mais facilmente o sulfato de sódio irá cristalizar no seu interior (Angeli et al., 2007).
Para Rodriguez-Navarro e Doehne (1999) o grau de saturação da solução e o local de
cristalização são os principais factores que influenciam o decaimento provocado por este sal,
enquanto que outros autores (Flatt, 2002; Tsui et al., 2003; Steiger, 2005a) atribuem os graves
danos provocados, principalmente, à sua pressão de cristalização. Rochas com elevado
número de microporos, apesar de pouco porosas, são mais suscetíveis à cristalização de sais
(Steiger, 2005a, 2005b; Flatt, 2002; Yu & Oguchi, 2010). O tamanho dos poros que proporciona
maiores danos varia de autor para autor: 1 μm para Benavente et al. (2004), 0,05 μm para
Steiger (2005b) e de 0,1-5 μm para Yu e Oguchi (2010).

Scherer (2000) e Steiger (2005a) definiram uma abordagem teórica para o cálculo da pressão
exercida pelo sal quando cristaliza no interior de um poro, mas Rodriguez-Navarro e Doehne
(1999) consideram que um cristal poderá crescer dentro do poro até um determinado limite,
acabando por expandir-se para o poro seguinte sem causar danos.

Os repetidos ciclos de dissolução/cristalização têm consequências quer nas propriedades


petrofísicas, como a porosidade, quer nas propriedades mecânicas, como a resistência à
compressão (Ruiz-Agudo et al., 2007), acelerando o processo de deterioração das pedras
(Laue, 2005).

104
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Na execução deste ensaio realizaram-se 15 ciclos, compostos pelas seguintes etapas (figura
6.1):

 Imersão – os provetes foram submergidos numa solução de sulfato de sódio (15 %),
durante 5 horas, à temperatura de 20 ºC;
 Secagem – os provetes foram secos numa estufa, durante 16 horas, à temperatura de
105 ºC;
 Arrefecimento – os provetes foram deixados a arrefecer, durante 3 horas, à
temperatura ambiente.

120

100
Secagem

80
Temperatura (°C)

60

40

20
Imersão Arrefecimento
0
0 5 10 15 20
Tempo (h)

Fig. 6.1: Ciclo utilizado no ensaio de resistência à cristalização de sais.

Após a realização do ensaio os provetes foram colocados em água durante 24 horas, seguindo-
se a sua lavagem em água corrente (Norma UNE-EN 12370, 1999). Neste caso, os cubos
estiveram uma semana imersos em água, tendo esta sido substituída todos os dias.

Durante o ensaio observou-se a morfologia das superfícies dos cubos, tendo-se registado as
alterações ao nível da cor, do estado de coesão e do aparecimento de fissuras. As diferenças
encontradas no aspeto das superfícies dos provetes no final da realização dos 15 ciclos
prenderam-se, sobretudo, com o arredondamento das arestas (figura 6.2a) e o aumento do

105
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

número de fissuras, bem como da densidade das fissuras pré-existentes (figura 6.2b). A perda
de material foi intensa nalguns cubos (figura 6.2b). Como resultado da alteração física
provocada por este ensaio, as rochas atravessam um processo progressivo de perda de coesão
e fragmentação, que acontece, preferencialmente, ao longo das superfícies de anisotropia
(Benavente et al., 2007).

O granito de Valdigem, o mais alterado, foi aquele que manifestou diferenças mais relevantes,
tendo o granito de Lamego mostrado ser mais resistente à alteração.

a) b)

Fig. 6.2: Alterações provocadas na superfície dos provetes pelo ensaio de cristalização
de sais: a) arredondamento das arestas nos provetes E6 e E17 (granito das Meadas);
b) perda de coesão nos provetes F1 e F9 (granito de Valdigem).

A Norma UNE-EN 12370 (1999) sugere o cálculo da perda de massa (definida como a variação
percentual da massa depois dos ensaios em relação à massa inicial), no entanto, em rochas
pouco porosas como as estudadas (com porosidade inferior a 5 %), essa perda, ao longo de
apenas 15 ciclos, é muito pouco significativa (López-Arce et al., 2010).

Benavente et al., (2007b) referem ainda que a perda de peso acontece quando a pressão de
cristalização do sal ultrapassa o “limite de coesão da rocha”, o que nem sempre se verifica, uma
vez que as fissuras podem aumentar a sua densidade sem se registar perda de material.

Na tabela 6.2 encontra-se a caracterização inicial das rochas estudadas, obtida antes da
realização do ensaio. Foi possível caracterizar a alteração das amostras provocada pela ação
física imposta pelo procedimento experimental, através da correlação entre os valores de

106
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

porosidade e velocidade de propagação dos ultrassons obtidos antes e no final dos 15 ciclos.
Os resultados encontram-se ilustrados nas figuras 6.3 e 6.4.

Tab. 6.2: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do ensaio de


resistência à cristalização de sais.
ρr ρb P0 Ws VP
Rochas
(kg/m3) (kg/m3) (%) (%) (m/s)
GLS 2723 ± 10 2705 ± 9 0,7 ± 0,1 0,25 ± 0,02 5207 ± 152

GLA 2726 ± 11 2709 ± 12 0,7 ± 0,1 0,24 ± 0,05 5144 ± 253

GVA 2660 ± 5 2594 ± 7 2,5 ± 0,1 0,97 ± 0,04 2655 ± 63

GV 2663 ± 1 2539 ± 2 4,7 ± 0,1 1,83 ± 0,05 2356 ± 37

GM 2662 ± 5 2574 ± 9 3,3 ± 0,2 1,29 ± 0,09 2500 ± 68

AP 2643 ± 7 2570 ± 7 2,8 ± 0,2 1,08 ± 0,07 2287 ± 117


ρr = densidade real; ρb = densidade aparente; P0 = porosidade aberta; Ws = conteúdo em água
de saturação; Vp = velocidade das ondas longitudinais.

Dos resultados obtidos, observa-se que a porosidade aumentou em todas as litologias, exceto
na amostra GLA. A variação desta propriedade é maior no granito de Valdigem (47 %), a rocha
mais porosa, logo mais alterada, e menor no granito das Meadas – apenas 6 %, rocha que
atingiu inicialmente o segundo maior valor de porosidade – 3,3 %. A amostra GLS registou um
aumento de porosidade de cerca de 14 %.

Rivas et al. (2000) comprovaram que as rochas mais porosas são mais suscetíveis à alteração
por haloclastia, pois o dano produzido pelo sal é diretamente proporcional à quantidade de sal
que cristaliza no seio da rede porosa. Assim, quanto mais elevada for a porosidade, mais fácil
será o acesso da solução ao interior do provete e maior poderá ser a alteração provocada pelo
ensaio. No caso do granito das Meadas, é possível que uma elevada densidade das fissuras
tenha permitido acomodar a precipitação do sal sem causar danos relevantes. Quanto à
amostra sã do granito de Lamego, pode dizer-se que a cristalização de sais conduziu à abertura
das fissuras preexistentes, provocando o aumento da porosidade.

107
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

5
P0 (%)

0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Cristalização de sais Pós Cristalização sais

Fig. 6.3: Gráfico da porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada
antes e após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais.

6000

5000

4000
Vp (m/s)

3000

2000

1000

0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Cristalização de Sais Pós Cristalização de Sais

Fig. 6.4: Velocidade das ondas P (Vp) das rochas estudadas, medida antes e após a
realização do ensaio de resistência à cristalização de sais.

108
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

A média geral da velocidade de propagação das ondas P, 3358 m/s, diminuiu para 2795 m/s
depois do ensaio, facto que se justifica pela tendência da diminuição desta propriedade com o
aumento da fissuração (Sousa, 2000). A rocha mais alterada, o granito de Valdigem, é aquela
que registou a maior variação desta propriedade, cerca de 45 %, enquanto que nas amostras
com porosidades inferiores a 1 % (GLS e GLA) não houve grandes alterações, apesar do
aumento da porosidade na amostra sã do granito de Lamego. No final do ensaio continua
também a verificar-se a relação inversamente proporcional entre a porosidade e a velocidade
de propagação das ondas P, como tal o granito de Valdigem manifestou a maior variação
destas duas propriedades, e o granito de Lamego (amostras GLA e GLS) a menor variação
(figura 6.5).

1200,0

GV
1000,0

800,0
GM
∆Vp (m/s)

600,0 GVA

GLS
400,0 AP
GLA
200,0

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
∆P0 (%)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig. 6.5: Gráfico da relação entre a variação da velocidade das ondas longitudinais
(∆Vp) e variação da porosidade aberta (∆P0) das rochas estudadas, após a
realização do ensaio de resistência à cristalização de sais.

No sentido de avaliar a influência da cristalização de sais nos índices de anisotropia, foi medida
a velocidade dos ultrassons nas 3 direções do espaço, tendo-se calculado posteriormente a
anisotropia total (∆M) e o coeficiente de anisotropia (CA) das rochas estudadas. Os resultados
encontram-se nas figuras 6.6 e 6.7.

109
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

25,0

20,0

15,0
∆M (%)

10,0

5,0

0,0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Cristalização de Sais Pós Cristalização de Sais

Fig. 6.6: Gráfico dos valores médios da anisotropia total (∆M) das rochas
estudadas, após a realização do ensaio de resistência à cristalização de sais.

30,0

25,0

20,0
CA (%)

15,0

10,0

5,0

0,0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Cristalização de Sais Pós Cristalização de Sais

Fig 6.7: Gráfico dos valores médios do coeficiente de anisotropia (CA) das
rochas estudadas, após a realização do ensaio de resistência à cristalização de
sais.

110
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

O granito de Lamego foi a rocha onde se verificou o aumento dos índices de anisotropia mais
relevante. A amostra GLS aumentou em 67 % a sua anisotropia total e em 74 % o seu
coeficiente de anisotropia. Estes resultados corroboram o supra citado aumento da porosidade
desta amostra, salvaguardando-se contudo, que pequenas variações em valores mais baixos
podem-se refletir em grandes aumentos em percentagem.

O aplito registou uma diminuição média de 35 % destes dois parâmetros. No caso da


anisotropia total, o granito das Meadas também denotou uma expressiva diminuição (24 %). No
granito de Valdigem registou-se um ligeiro aumento da anisotropia total (≈2 %) e uma
diminuição de 5 % do coeficiente de anisotropia. A variação no comportamento das rochas
depende da resposta das diferentes famílias de fissuras ao ensaio. As fissuras de maior
densidade facilmente conseguem acomodar o aumento de volume dos minerais de sais
solúveis quando estes precipitam, porém, as fissuras mais fechadas acabarão por abrir,
cedendo à pressão de cristalização.

6.4 Ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico

Os efeitos da temperatura resultam, principalmente, dos ciclos diários de insolação, que


impõem o aquecimento durante o dia e o arrefecimento durante a noite (Frascá & Yamoto,
2006; Gómez-Heras et al., 2006, 2008). O aumento da temperatura provoca a expansão da
rocha, e a diminuição da temperatura a sua contração (Ollier, 1975; Bland & Rolls, 1998). Em
rochas policristalinas como o granito, até pequenas amplitudes térmicas podem causar fissuras,
por culpa das diferenças na expansão termal de cada mineral (Ollier, 1975; Chaki et al., 2008;
Takarli et al., 2008; Xiao-li et al., 2008), sendo que cada mineral possui o seu coeficiente de
expansão e os minerais anisotrópicos expandem de diferentes formas em função da direção
(Ollier, 1975; Veniale et al., 2008).

A abertura de fissuras pré-existentes, ou a formação de novas fissuras, ocorre


preferencialmente à superfície das pedras, dado que o granito é uma rocha que conduz
pobremente o calor (Ollier, 1975; Lima & Paraguassú, 2004; Smith et al., 2008), acabando por
se propagar para o seu interior (Wanne & Young, 2008).

111
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

A temperatura à superfície depende do albedo, que determina a quantidade de calor que chega
à superfície por radiação e permanece disponível. O granito possui um albedo de 18 % (Bland
& Rolls, 1998). Esta propriedade é função da cor e do tamanho dos minerais (Gómez-Heras et
al., 2006). Os minerais mais escuros absorvem mais calor que os minerais mais claros (Ollier,
1975; Frascá & Yamamoto, 2006). Gómez-Heras et al. (2008) comprovaram que encraves de
cor mais escura que o granito hospedeiro eram mais suscetíveis à alteração por termoclastia.

As amplitudes térmicas afetam também, indiretamente, outros mecanismos de alteração, como


a cristalização de sais solúveis (Gómez-Heras et al., 2006; Gómez-Heras & Fort, 2007; Ruiz-
Agudo et al., 2007).

A realização deste ensaio implicou a repetição de 20 ciclos, constituídos por duas etapas (figura
6.8), a saber:

 Aquecimento – os provetes foram colocados na estuda, durante 18 horas, à


temperatura de 105 ºC;
 Imersão – os provetes foram submergidos em água destilada, durante 6 horas, à
temperatura de 20 ºC.

120

100
Aquecimento
Temperatura (°C)

80

60

40

20
Imersão
0
0 5 10 15 20
Tempo (h)

Fig. 6.8: Ciclo utilizado no ensaio de resistência ao envelhecimento por choque


térmico.

112
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Durante o ensaio foram-se registando as variações ao nível da cor e do estado de coesão da


superfície dos cubos, verificando-se apenas que no final dos 20 ciclos realizados os provetes
manifestaram uma cor mais amarelada.

Importa referir que este ensaio apresenta uma importante limitação, pois não é possível
reproduzir a fadiga termal da rocha, dado que o stress imposto por algumas horas de
sobreaquecimento/imersão, não é o mesmo que se gera quando o aquecimento/arrefecimento
são contínuos (Ollier, 1975; Gómez-Heras, 2006; Smith & Fort, 2006).

Na tabela 6.3 encontra-se a caracterização inicial das rochas estudadas, obtida antes da
realização deste ensaio. Relacionar a porosidade e a velocidade de propagação das ondas P
obtidas antes e no final do ensaio permitiu avaliar os danos ocorridos por choque térmico nas
rochas em estudo (figura 6.9 e 6.10).

Tab. 6.3: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do ensaio de choque
térmico.

ρr ρb P0 Ws VP
Rochas
(kg/m3) (kg/m3) (%) (%) (m/s)
GLS 2721 ± 13 2703 ± 13 0,6 ± 0,1 0,24 ± 0,03 2589 ± 62

GLA 2717 ± 18 2698 ± 22 0,7 ± 0,2 0,26 ± 0,07 5149 ± 342

GVA 2655 ± 20 2591 ± 19 2,4 ± 0,2 0,93 ± 0,10 2710 ± 158

GV 2663 ± 0 2538 ± 6 4,7 ± 0,2 1,84 ± 0,09 2315 ± 11

GM 2657 ± 9 2576 ± 9 3,1 ± 0,1 1,19 ± 0,05 2653 ± 94

AP 2649 ± 4 2575 ± 3 2,8 ± 0,2 1,08 ± 0,06 2340 ± 97


ρr = densidade real; ρb = densidade aparente; P0 = porosidade aberta; Ws = conteúdo em água de
saturação; Vp = velocidade das ondas longitudinais.

113
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

4
P0 (%)

0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Choque térmico Pós Choque térmico

Fig. 6.9: Gráfico da porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada antes e
após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico.

6000

5000

4000
Vp (m/s)

3000

2000

1000

0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Choque Pós Choque

Fig. 6.10: Gráfico da velocidade das ondas P (Vp) das rochas estudadas, calculada
antes e após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por choque
térmico.

114
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Pode começar por dizer-se que o aumento médio da porosidade (≈2 %), bem como a
diminuição média da velocidade da propagação dos ultrassons (≈11 %) foram muito inferiores
comparativamente aos verificados no ensaio de cristalização de sais.

O granito de Várzea de Abrunhais apresentou a maior variação de porosidade – 4 %, tendo a


amostra GLA e o aplito mantido os valores inicias desta propriedade (0,7 % e 2,8 %,
respetivamente). O granito de Valdigem, a rocha mais porosa, e a amostra GLS, à qual
pertencem os provetes mais sãos, registaram a mesma variação da porosidade (2 %) (figura
6.11). A expansão/contração dos granitos menos alterados leva à formação de fissuras,
enquanto que nos granitos mais porosos, a fissuração já existente acomoda as tensões
intergranulares. Por outro lado, segundo Gómez-Heras et al. (2006), a expansão termal é maior
nas rochas porfiróides, por culpa das diferenças de tamanho dos minerais.

Quando as rochas são submetidas a temperaturas elevadas, o incremento da fissuração que


daí advém, conduz à diminuição da velocidade de propagação das ondas longitudinais. Neste
caso, essa diminuição situa-se entre os 7 % e os 12 %.

600,0

500,0 GLS
GLA
400,0
∆Vp (m/s)

GM
300,0 GVA

200,0
AP GV
100,0

0,0
0,00 0,10 0,20
∆P0 (%)

GLS GLA GVA GV GM AP

Fig. 6.11: Gráfico da relação entre a variação da velocidade das ondas longitudinais
(∆Vp) e variação da porosidade aberta (∆P0) das rochas estudadas, após a realização
do ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico.

115
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

A rocha onde se observou uma maior variação foi o granito das Meadas (12 %), seguido do
granito de Várzea de Abrunhais (11 %) e da amostra sã do granito de Lamego (10 %). O granito
de Valdigem e o aplito foram as rochas onde a velocidade de propagação das ondas
longitudinais mostrou o menor valor (figura 6.10). Voltou a verificar-se a relação inversamente
proporcional entre a porosidade e a velocidade de propagação das ondas P.

O aumento da temperatura provoca um aumento da porosidade, e uma diminuição da


velocidade de propagação dos ultrassons, contudo, estas relações são mais evidentes entre os
500 ºC e os 600 ºC, devido à anisotropia de expansão do quartzo (fase de transição α→β) que
ocorre aos 573 ºC (Glover et al., 1995; Reuschlé et al., 2006; Chaki et al., 2008). A figura 6.11,
onde se expressa a relação entre a variação da velocidade das ondas P (∆Vp) e variação da
porosidade aberta (∆P0) das rochas estudadas, após a realização do ensaio de resistência ao
envelhecimento por choque térmico, atesta a afirmação anterior.

De salientar ainda que a qualidade dos granitos mais sãos após este ensaio, analisada em
termos de velocidade de propagação das ondas P, é superior à qualidade dos granitos mais
alterados, mesmo antes destes serem submetidos ao choque térmico.

À semelhança do que sucedeu no ensaio de cristalização de sais, também foi medida a


velocidade dos ultrassons nas 3 direções do espaço, por forma a permitir o cálculo dos índices
de anisotropia.

O granito de Lamego foi a rocha onde se verificou o aumento dos índices de anisotropia mais
significativo (figuras 6.12 e 6.13). No caso da amostra GLS registou-se um aumento de 83 %
para a anisotropia total e 74 % para o coeficiente de anisotropia. No granito das Meadas
observou-se um aumento de 15 % da anisotropia total e um aumento de 19 % do coeficiente de
anisotropia. O aplito manifestou novamente diminuição dos valores dos índices de anisotropia.

116
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

20,0

15,0
∆M (%)

10,0

5,0

0,0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Choque térmico Pós Choque térmico

Fig. 6.12: Gráfico dos valores médios da anisotropia total (∆M) das rochas
estudadas, após a realização do ensaio de resistência ao envelhecimento por
choque térmico.

30,0

25,0

20,0
CA (%)

15,0

10,0

5,0

0,0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré Choque térmico Pós Choque térmico

Fig. 6.13: Gráfico dos valores médios do coeficiente de anisotropia (CA) das
rochas estudadas, após a realização do ensaio de resistência ao
envelhecimento por choque térmico.

117
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

6.5 Ensaio de alteração da cor

A cor é influenciada pela distribuição natural dos minerais (textura) e pelo estado de alteração.
As irregularidades e imperfeições nas rochas, resultantes, por exemplo, de variações no
tamanho do grão, ou da presença de manchas de oxidação, são responsáveis por variações
nas suas tonalidades (Grossi et al., 2007). A rugosidade das superfícies também é um dos
factores a considerar (Benavente et al., 2003; Simonot & Elias, 2003; Sousa & Gonçalves,
2010), sobretudo quando se fala de materiais de construção e rocha ornamental (Fioretti, 2007;
Sanmantín et al., 2011; Sousa & Gonçalves, 2011).

A determinação desta propriedade é mais fácil nos granitos de grão fino, sendo imprescindível
realizar um maior número de medições em granitos de grão grosseiro para obter dados mais
íntegros (Sousa & Gonçalves, 2011), ou seja, o número de medições deve aumentar com o
aumento da heterogeneidade do material pétreo (Concha-Lozano et al., 2012). Por outro lado, o
número de medições necessárias também aumenta com a diminuição do diâmetro da área de
medição (Prieto et al., 2010).

Esta propriedade foi avaliada em todas as rochas estudadas, antes e após os provetes terem
sido colocados em exposição às condições ambientais, durante o período de um ano (entre 6
de julho de 2011 e 6 de julho de 2012), nos jardins do antigo Mercado Municipal de Lamego
(figura 3.7). Apesar de ser um espaço com acesso condicionado, ocorreu o desaparecimento
dos provetes A5 e A7, e D12 e D14, como tal, não foi possível determinar a sua cor no final do
ensaio.

A cor das rochas foi determinada com a ajuda do colorímetro X-Rite 360 (modelo 964) (figura
6.14a), com geometria 45/0, utilizando o iluminante D65 e a abertura 8 mm, e foi expressa no
sistema CIEL L*a*b*, sistema amplamente utilizado no estudo desta propriedade,
nomeadamente na aferição da influência das altas temperaturas (Hajpál & Torok, 2004; Torok &
Hajpál, 2005), da poluição (Benavente et al., 2003; Grossi et al., 2007a), e da nébula salina
(Tiwari et al., 2005) no estado de alteração das rochas, bem como na avaliação da eficácia de

118
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

técnicas de limpeza (Fort et al., 2000; Grossi et al., 2007b; Urones-Garrote et al., 2011) e da
aplicação de tratamentos de conservação (Iñigo et al., 1997; Rivas et al., 2011).

O parâmetro L* representa a luminosidade (L*= 0, negro; L*= 100, branco), o parâmetro a* é o


eixo do vermelho-verde (a*> 0, vermelho; a*< 0, verde), e o parâmetro b* é o eixo do amarelo-
azul (b*> 0, amarelo; b*< 0, azul).

Foram realizadas 20 medições em 5 faces de cada cubo. A face número um (figura 6.14b) foi
orientada para norte, a face número dois foi orientada para este, a face número três foi
orientada para sul, a quarta face foi orientada para oeste e a quinta face foi orientada para o
nadir. A sexta face não foi considerada devido ao seu emprego na identificação dos provetes.
Para cada litologia selecionaram-se 3 provetes, o que resultou na obtenção de 300 medições
(antes e após um ano de exposição), à exceção do granito de Várzea de Abrunhais (GVA) e do
granito de Lamego (GLA) pelo motivo atrás referido. Nestas duas rochas os resultados são
referentes apenas a um provete.

Foram também calculadas as diferenças na cor (∆L*, ∆a*, e ∆b*), e a mudança total de cor

( ) foi estimada a partir da expressão: =( + + )½ (Sève, 1991).

Os resultados obtidos antes da realização do ensaio encontram-se na tabela 6.4.

a) b)

Fig. 6.14: a) Colorímetro utilizado na determinação da cor das rochas estudadas; b)


Orientação dos provetes das cinco litologias, expostos nos jardins do antigo
Mercado Municipal de Lamego.

119
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Tab. 6.4: Valores médios iniciais dos parâmetros


cromáticos (L*, a* e b*) das rochas estudadas.

Rochas L* a* b*

GLS 65,0 ± 5,6 -0,6 ± 0,3 -0,5 ± 0,8

GLA 65,0 ± 5,8 -0,7 ± 0,5 0,0 ± 1,7

GVA 77,7 ± 5,2 1,1 ± 0,7 7,3 ± 1,8

GV 81,9 ± 3,0 1,0 ± 0,3 6,2 ± 0,8

GM 71,8 ± 3,5 2,6 ± 1,2 10,2 ± 2,9

AP 80,7 ± 2,0 1,1 ± 0,3 8,2 ± 1,1

Tal como o previsto os resultados são consentâneos com as características das rochas em
estudo, que apresentam cor clara pois possuem uma maior proporção de minerais félsicos
(quartzo, feldspato e moscovite). O valor de L* variou de 65,0 a 81,9, sendo que o granito de
Lamego apresenta o menor valor deste parâmetro devido ao predomínio da biotite, mineral de
cor escura. Quanto maior for a concentração de mica preta na rocha, menor será o valor de L*
(Sousa & Gonçalves, 2011). O parâmetro a* variou de -0,6 a 2,6, com predomínio do
componente vermelho, e o parâmetro b* variou de -0,5 a 10,2, prevalecendo por isso o
componente amarelo. Rochas com tonalidade mais amarelada possuem valores de b* maiores
que a* (Grossi et al., 2007a). Os maiores valores obtidos no parâmetro b* para o granito das
Meadas confirmam a sua tonalidade mais amarelada em relação às restantes litologias.

Os resultados obtidos em cada parâmetro (L*, a* e b*), para cada uma das 5 faces dos provetes
das cinco rochas estudadas, encontra-se na tabela 6.5. As amostras de grão mais grosseiro
(GLS, GLA, GVA e GM), e por isso mais heterogéneas, registaram desvios padrão mais
elevados no parâmetro L*, enquanto o granito de Valdigem e o aplito, rochas de carácter mais
fino, apresentaram os menores desvios padrão.

Pode verificar-se também, analisando a tabela 6.5, que a face 4 da amostra GLS é mais escura
que as restantes, o que se deve a uma maior concentração de biotite. Dado que as faces
possuem uma área restrita, não é possível que sejam abrangidas todas as variações texturais.
Na amostra alterada de granito de Lamego (GLA) a face 3 é mais clara que as restantes, e a
face 1 é a que possui um tom mais amarelado. No granito de Várzea de Abrunhais, as faces 1 e

120
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

3, devido à heterogeneidade textural provocada pela presença de minerais de turmalina, são


mais escuras que as faces 2, 4 e 5, apresentando também valores de a* e b* mais elevados. No
que concerne aos granitos moscovíticos (GV e GM) e ao aplito, os valores obtidos nas 5 faces
são bastante similares.

Tab. 6.5: Valores médios iniciais dos parâmetros L*, a* e b*, obtidos para cada uma das 5 faces
das rochas estudadas.

Rochas Parâmetros Face 1 Face 2 Face 3 Face 4 Face 5

L* 65,5 ± 4,8 66,9 ± 5,0 64,7 ± 6,0 60,3 ± 6,5 65,4 ± 5,9

GLS a* -0,5 ± 0,3 -0,7 ± 0,3 -0,6 ± 0,4 -0,7 ± 0,3 -0,6 ± 0,4

b* -0,8 ± 0,9 -0,3 ± 0,7 -0,4 ± 0,8 -0,5 ± 0,9 -0,4 ± 0,8

L* 63,2 ± 5,5 64,4 ± 5,6 70,3 ± 5,9 61,0 ± 6,6 65,9 ± 5,2

GLA a* -0,3 ± 1,3 -0,7 ± 0,3 -0,8 ± 0,3 -0,8 ± 0,2 -0,8 ± 0,3

b* 1,8 ± 4,4 -0,3 ± 0,9 -0,1 ± 1,0 -1,0 ± 1,0 -0,2 ± 1,1

L* 75,7 ± 5,5 78,3 ± 5,2 81,1 ± 4,8 74,5 ± 5,7 79,0 ± 4,9

GVA a* 2,0 ± 1,1 0,6 ± 0,3 0,4 ± 0,3 1,5 ± 1,0 0,7 ± 0,5

b* 9,5 ± 2,2 6,2 ± 1,2 5,7 ± 1,3 8,7 ± 2,7 6,3 ± 1,7

L* 82,5 ± 3,2 82,4 ± 2,4 82,9 ± 2,2 79,8 ± 4,9 82,0 ± 2,4

GV a* 0,9 ± 0,3 1,0 ± 0,3 0,9 ± 0,2 1,1 ± 0,4 1,1 ± 0,3

b* 5,8 ± 0,8 6,3 ± 0,8 5,9 ± 0,8 5,9 ± 0,8 6,9 ± 0,9

L* 72,1 ± 4,0 72,1 ± 3,4 72,8 ± 3,4 70,3 ± 3,4 71,9 ± 3,4

GM a* 2,9 ± 1,2 2,3 ± 1,2 2,4 ± 1,1 2,5 ± 1,2 3,1 ± 1,3

b* 11,0 ± 3,1 9,9 ± 2,6 9,5 ± 2,7 10,2 ± 3,0 10,6 ± 3,0

L* 81,1 ± 1,8 81,5 ± 1,8 80,6 ± 1,7 78,7 ± 2,4 81,5 ± 2,1

AP a* 1,0 ± 0,3 1,1 ± 0,3 1,2 ± 0,3 1,1 ± 0,3 1,1 ± 0,3

b* 7,9 ± 1,1 8,5 ± 1,1 8,7 ± 1,0 8,0 ± 0,8 7,8 ± 1,2

121
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Após os 365 dias de exposição às condições ambientais, não se verificaram, aparentemente,


diferenças no aspeto da superfície dos provetes, quer ao nível da cor, quer do estado de
coesão e aparecimento de fissuras (figura 6.15), no entanto essas diferenças foram detetadas
após medição. Nas figuras 6.16, 6.17, e 6.18 encontram-se os resultados obtidos no final do
ensaio.

Fig. 6.15: Aspeto das superfícies dos


provetes, após exposição às condições
ambientais, pelo período de um ano.

∆L* GLS GLA GVA GV GM AP


0,0

-1,0

-2,0

-3,0

-4,0

-5,0

-6,0

-7,0

Fig. 6.16: Gráfico das alterações registadas no parâmetro L* após realização


do ensaio de alteração da cor.

122
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

∆a* GLS GLA GVA GV GM AP


0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0

Fig. 6.17: Gráfico das alterações registadas no parâmetro a* após realização


do ensaio de alteração da cor.

GLS GLA GVA GV GM AP


∆b*
1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8

-1,0

Fig. 6.18: Gráfico das alterações registadas no parâmetro b* após realização


do ensaio de alteração da cor.

123
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

No que concerne ao parâmetro L*, todas as litologias apresentaram menores valores, sendo
que a maior diferença a assinalar (-6,8) se verificou no granito de Várzea de Abrunhais. Em
média, a diminuição de L* foi de 4. Quanto ao parâmetro a*, a amostra GVA voltou a evidenciar
a maior diferença, mas o granito de Valdigem também apresentou um ∆a* significativo – 0,5 –
quando comparado com as restantes amostras. A amostra GM registou a alteração positiva
menos evidente (0,2). Em média este parâmetro aumentou aproximadamente 0,3 nas rochas
estudadas. Relativamente ao parâmetro b*, registou-se um aumento nos granitos de Lamego,
Várzea de Abrunhais e Valdigem. Na amostra GM e no aplito este parâmetro diminuiu. As
diferenças assinaladas, à exceção da amostra GLA, são pouco expressivas, sendo mais
evidentes no granito de Várzea de Abrunhais (∆b* ≈ 0,8) e no aplito (∆b* ≈ -1,0).

Posto isto, pode dizer-se que no geral, com a exposição às condições ambientais, a
luminosidade das rochas em estudo diminuiu, embora de forma pouco considerável,
sucedendo-se uma alteração positiva do verde para o vermelho nas 5 litologias, bem como uma
alteração positiva do azul para o amarelo nos granitos de Lamego, Várzea de Abrunhais e
Valdigem. O aumento do parâmetro b* deve-se, na maioria dos casos, à presença de minerais
ricos em ferro (Torok & Hajpal, 2005). Para além dos fenómenos de oxidação há ainda a
considerar a ação dos raios ultravioleta e da sujidade, que contribuem mutuamente para o
escurecimento do material pétreo. Fort et al. (2000), realizaram um estudo na Catedral de
Nossa Senhora da Assunção (Valladolid, Espanha) que atestou o papel da sujidade (de origem
poluente) na alteração da cor.

Para todas as litologias foi ainda calculado o no final do ensaio. Essa estimativa foi feita
globalmente para cada litologia, bem como separadamente para cada uma das 5 faces
consideradas (figura 6.19). O valor de total varia entre 1,3 e 6,8. Para a mudança total da
cor ser percetível o terá que ser superior a 3 unidades CIELAB (Benavente et al., 2003;
Prieto et al., 2010), sendo que se trata de uma variação de cor significativa quando > 6
(Hardeberg, 1999). Desta forma, o granito de Lamego (GLS) foi o que revelou uma mudança de
cor menos expressiva ≈ 1,3). As mudanças de cor mais expressivas ocorreram na
amostra GVA, nomeadamente nas faces 1 e 5 ( ≈ 10,5 e ≈ 12,6, respectivamente).

124
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

∆E*ab 14,0

12,0

10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0
GLS GLA GVA GV GM AP

F1 F2 F3 F4 F5 Total

Fig. 6.19: Gráfico da mudança total de cor , após realização do ensaio de


exposição às condições ambientais (F = face).

Em três das cinco rochas estudadas a face 5 foi a que manifestou valores de mais
elevados. Esta face, orientada para o nadir, encontrava-se mais próxima do solo e não exposta
à precipitação, como tal, é possível admitir que as mudanças de cor se devam à sujidade. Por
outro lado, tratando-se de uma face não exposta à insolação, a humidade fica retida por mais
tempo, o que poderá conduzir a um escurecimento das superfícies.

Foram também calculadas as propriedades petrofísicas (densidade real, densidade aparente,


porosidade e conteúdo em água de saturação), de cada amostra, antes e depois do ensaio.

A rocha inicialmente mais porosa, e como tal, menos densa, foi o granito de Valdigem (tabela
6.6). O conteúdo em água de saturação varia entre 0,23 %, calculado para a amostra GLA, e
1,87 %, calculado para a amostra GV. Os resultados obtidos nesta caracterização são muito
semelhantes aos referidos no Capítulo V, tal como era esperado.

125
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Tab. 6.6: Caracterização das rochas estudadas antes da realização do


ensaio de alteração da cor.
ρr ρb P0 Ws
Rochas
(kg/m3) (kg/m3) (%) (%)
GLS 2725 ± 6 2706 ± 7 0,7 ± 0,3 0,25 ± 0,09

GLA 2717 2700 0,6 0,23

GVA 2664 2598 2,5 0,95

GV 2663 ± 1 2537 ± 3 4,7 ± 0,1 1,87 ± 0,06

GM 2656 ± 1 2568 ± 1 3,3 ± 0,2 1,29 ± 0,07

AP 2624 ± 30 2548 ± 22 2,9 ± 0,3 1,14 ± 0,09


ρr = densidade real; ρb = densidade aparente; P0 = porosidade aberta; Ws =
conteúdo em água de saturação; Vp = velocidade das ondas longitudinais.

Após realização do ensaio, a porosidade aumentou em todas as rochas estudadas, exceto nas
amostras GLS e GM que apresentaram o mesmo valor (figura 6.20). A variação média desta
propriedade foi de 6 %. As variações na densidade e no Ws foram pouco expressivas (tabela
6.7).

4
P0 (%)

0
GLS GLA GVA GV GM AP
Rochas

Pré ensaio Pós ensaio

Fig. 6.20: Porosidade aberta (P0) das rochas estudadas, calculada antes e após a
realização do ensaio de alteração da cor.

126
VI – ENSAIOS DE ALTERAÇÃO ARTIFICIAL

Tab. 6.7: Caracterização das rochas estudadas após a realização do


ensaio de alteração da cor.
ρr ρb P0 Ws
Rochas
(kg/m3) (kg/m3) (%) (%)
GLS 2706 ± 6 2686 ± 7 0,7 ± 0,0 0,27 ± 0,00

GLA 2637 2619 0,7 0,26

GVA 2637 2566 2,7 1,05

GV 2619 ± 17 2495 ± 12 5,0 ± 0,2 1,90 ± 0,10

GM 2626 ± 21 2539 ± 26 3,3 ± 0,2 1,31 ± 0,10

AP 2642 ± 2 2560 ± 10 3,1 ± 0,1 1,22 ± 0,05


ρr = densidade real; ρb = densidade aparente; P0 = porosidade aberta; Ws =
conteúdo em água de saturação; Vp = velocidade das ondas longitudinais.

127
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

VII. CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.1 Introdução

O termo patologia deve ser utilizado para designar manifestações que prejudicam o
desempenho de um determinado edifício ao longo da sua vida útil (Chaves, 2009). Estas podem
ser congénitas, construtivas, adquiridas ou acidentais (Morais, 2007). Para o estudo em causa
importa sublinhar as patologias adquiridas, naturais e/ou antropogénicas (tabela 7.1), que
resultam, quer da exposição do monumento ao (micro)ambiente em que está inserido, quer de
possíveis intervenções de manutenção inadequadas.

Entre os trabalhos realizados em monumentos graníticos em Portugal, onde são descritas


macro e microscopicamente as patologias, bem como representada a sua distribuição
cartográfica, podem referir-se os seguintes: Alves (1997), Begonha (2001), Aires-Barros e
Dionísio (2002), Alves et al. (2002), Moutinho da Silva (2005), Moutinho et al. (2005), Machado
(2006), Cardoso (2008), Leite (2008), Oliveira (2008), Almeida (2009), Begonha (2009), e
Sequeira Braga e Begonha (2010).

Fitzner e Heinrichs (2002) apresentam uma classificação estandardizada das principais formas
de alteração, subdividida em 4 grupos:

- Grupo I: perda de material;

- Grupo II: descoloração/depósitos;

- Grupo III: placas;

- Grupo IV: fissuras.

129
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.1: Causas e agentes de patologias (adaptado de Valle, 2008).

Tipos de causas Agente

- Expansão/contração do material pétreo


- Ciclos de secagem/molhagem
Físicas
- Ciclos de gelo/degelo
- Precipitação de sais

- Água (reações de oxidação-redução, carbonatação,


Químicas
hidratação, hidrólise e dissolução)
Naturais
Biológicas - Bactérias, algas, fungos, líquenes, plantas e animais

- Precipitação
- Temperatura
Climáticas - Humidade
- Exposição solar
- Vento

Na fase de - Ausência de projeto


conceção do - Má conceção
projeto - Inadequação do ambiente geotécnico/geofísico

Na fase de
- Má qualidade dos materiais
execução do
- Impreparação da mão-de-obra
Humanas projeto

- Alteração das condições de utilização


- Remodelação mal projetada e/ou executada
Na fase de
- Ausente ou insuficiente manutenção
utilização
- Poluição
- Desastres (fogo, explosões, inundações, etc.)

Em cada um destes grupos de patologias, os autores fazem uma distinção pormenorizada das
diferentes tipologias de patologias, tendo em conta as suas características macroscópicas,
referindo ainda situações em que determinadas patologias evoluem para outras (muitas vezes
de maior intensidade). Esta classificação encontra-se também na Normal 1/88 (1990).

Mais recentemente, surgiu o Glossário Ilustrado ICOMOS-ISCS (2008) que está organizado em
5 categorias de patologias: fissuras, destacamento, perda de material, descoloração e
depósitos, e colonização biológica. Alves et al. (2002) mencionam que nem sempre os termos
utilizados pelos vários autores são sincrónicos, e nem sempre os significados desses termos
são claros e inequívocos.

130
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

O estudo das patologias presentes na Sé de Lamego iniciou-se pela sua cartografia. Na tabela
7.2 encontra-se sumariamente a classificação das tipologias de patologias que foi aplicada
neste estudo. Posteriormente, foram levadas a cabo várias diligências no sentido de tentar
compreender os mecanismos de causa-efeito do seu aparecimento.

Tab. 7.2: Tipologia de patologias aplicada na Sé de Lamego (adaptado de Normal 1/88, 1990; Alves et
al., 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Moreno, 2000; ICOMOS-ISCS, 2008).
Formas de
Características macroscópicas Patologia
alteração
Alteração cromática
Alteração da cor natural da pedra.
Mancha
Depósitos finos de sujidade na superfície da pedra. Patina

Depósitos de sais pouco aderentes, de aspeto Eflorescências


cristalino e pulverulento, e cor esbranquiçada. Subeflorescências

Descoloração e Depósitos muito finos, de cor negra a castanha


depósitos escura, fortemente aderentes à superfície das Filmes negros
pedras.
Depósitos aderentes e compactos na superfície da
pedra, de espessura variável, que se distinguem Crostas negras
sobretudo pela cor escura.
Colonização de microrganismos, microfauna e/ou
Colonização biológica
plantas superiores.
Desagregação granular
Destacamento de grãos de rocha.
Arenização
Destacamento parcial de pequenas porções planares
Destacamento e da camada mais superficial da pedra, paralelas à Escamas
perda de material superfície.

Destacamento de porções de material paralelo à


Placa
superfície da pedra.
Linhas de rutura na superfície da pedra, visíveis a
Fissuras/Fraturas olho nu, que resultam da separação de duas partes Fissuras/Fraturas
de material.

Na figura 7.1 encontram-se os pontos de amostragem/ensaio realizados na fachada principal do


monumento, no entanto, essa investigação abrangeu ainda alvenarias da fachada norte e dos
claustros.

131
*

132
* *
* *
* *
* * *
* * ** *
* ** *
****
* * * * *
* * ** * ** *
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

*
Fig. 7.1: Localização dos 37 pontos de amostragem/medição realizados na fachada principal (W) da Sé de Lamego (*Emplastro;
*Recolha de material desagregado; *Determinação da dureza de Schmidt).
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.2 Cartografia das patologias

A utilização de uma tipologia de patologias, associada ao levantamento cartográfico das


mesmas, possibilita a compreensão da relação entre a ocorrência de uma determinada
patologia e o tipo de litologia ou aspeto arquitetónico e/ou localização/orientação da pedra.
Trata-se de um processo moroso, mas de grande utilidade, pois a análise do resultado final
pode ser considerado o diagnóstico ao qual se segue a terapia da limpeza e conservação. Só
assim se poderá tentar inibir ocorrências futuras.

De acordo com Viles et al. (1997), in Fitzner (2002), os danos causados pelo decaimento
podem ser classificados usando uma escala que se subdivide em quatro níveis: nanoescala,
microescala, mesosescala e macroescala (figura 7.2). Os parâmetros considerados permitem
avaliar o grau de deterioração das pedras.

Escala Parâmetros

Danos não Nanoescala Alterações nas propriedades das


visíveis ( mm) rochas (composição, textura e
porosidade)
Microsescala
(mm a cm) Descoloração e perda de material

Mesosescala
Danos visíveis Aparecimento de patologias
(cm a m)

Macroescala
Estabilidade do edifício e aparência
(toda a fachada ou
estética
edifício)

Fig. 7.2: Escala de deterioração das pedras de um monumento (adaptado de Fitzner, 2002).

133
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Através da análise da intensidade das diferentes formas de alteração presentes num


monumento, ou parte deste, bem como dos danos por estas causados, é também possível
estabelecer os índices de danos (Fitzner & Heinrichs, 2002). O cálculo de índices de danos
permite: quantificar a totalidade da pedra afetada, comparar diferentes frações do edifício em
função da sua idade, exposição e/ou orientação, e comparar a suscetibilidade de diferentes
litologias à alteração. Estas informações, que são ajustadas individualmente em função do
observado in situ, são potenciais vantagens na determinação de zonas de risco e de medidas
de preservação (tabela 7.3) (Fitzner et al., 2002).

Tab. 7.3: Relação entre as cinco categorias de danos e a necessidade de serem estabelecidas medidas
de preservação (adaptado de Fitzner et al., 2002).

Categoria de danos Medidas de preservação

0 Não há danos Não são necessárias medidas de preservação

I Danos muito ligeiros Não são necessárias medidas de preservação


Não são necessárias medidas de preservação, mas deverá ser
II Danos ligeiros
realizada uma reavaliação
III Danos moderados Aconselham-se medidas de preservação, e nova reavaliação

IV Danos severos São necessárias medidas de preservação

V Danos muito severos São necessárias, e urgentes, medidas de preservação

As diferentes tipologias de patologias podem ser representadas por cores, sendo recomendável
utilizar cores semelhantes para patologias com correlações genéticas e/ou analogias
morfológicas. Assim, selecionaram-se as cores amarelo, laranja e vermelho, para representar,
respetivamente, a desagregação granular fraca, intermédia e forte; o lilás para representar as
placas; e o azul para representar as fissuras. No caso do Grupo II de patologias
(descolorações/depósitos) optou-se pela seguinte coloração: o cinza claro para as alterações
cromáticas, o cinza escuro para as pátinas, o castanho para as crostas e o negro para os
filmes. Dado que algumas pedras se apresentavam completamente cobertas por depósitos de
pó (sobretudo nas alvenarias dos claustros), estes também foram representados com a cor
bege. A colonização biológica está mapeada com o mesmo tom de verde, independentemente
do tipo de organismo colonizador (tabela 7.4). Quando ocorrem várias patologias na mesma

134
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

pedra torna-se mais difícil a sua representação, utilizando-se uma linha na diagonal quando as
porções das patologias são semelhantes.

Tab. 7.4: Correlação entre as formas de deterioração, as categorias e a intensidade de danos


na Sé de Lamego (adaptado de Fitzner et al., 1992).
Categoria e intensidade de danos
O I – II III – IV V
Formas de deterioração P I II III IV V
Desagregação granular
Destacamento Placas
Fissuras
Alteração cromática
Pátina

Descoloração/ Sujidade
depósitos Filmes negros
Crostas negras
Colonização biológica
O = nas estruturas e elementos ornamentais; P = nas paredes do edifício.

Siedel et al. (2011) referem que uma cartografia demasiado detalhada não melhora a
objetividade dos mapas cartográficos, uma vez que a utilização de um grande número de cores
e símbolos torna a visualização e interpretação da informação demasiado complexa. Por este
motivo, foram apenas representadas em cada silhar as patologias dominantes, num máximo de
3, no entanto, inúmeras pedras mostram sinais de estarem afetadas por mais do que 3
patologias distintas.

O mapeamento das patologias foi realizado nas mesmas áreas do monumento em que foi
efetuada a cartografia das litologias (figuras 7.3, 7.4, 7.5, 7.6, 7.7 e 7.8).

De seguida, apresenta-se uma descrição detalhada das patologias que afetam mais
significativamente o edifício da Sé de Lamego, com referência à sua localização preferencial.

135
.

136
1,75 m
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Alteração cromática Filme negro Colonização biológica Desagregação granular média

Pátina Crosta negra Desagregação granular fraca Desagregação granular forte Placa

Fig. 7.3: Cartografia das patologias presentes na fachada principal (W) da Sé de Lamego.
137
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Alteração cromática Crosta negra Desagregação granular fraca 1,95 m

Pátina Colonização biológica Desagregação granular média Desagregação granular forte

Placa
Fig. 7.4: Cartografia das patologias presentes nos portais da fachada principal (W)
da Sé de Lamego.
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Alteração cromática Crosta negra


2,00 m

Pátina Colonização biológica

Fig. 7.5: Cartografia das patologias presentes na fachada oeste


da torre da Sé de Lamego.

138
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

2,00 m
Alteração cromática Depósito

Pátina Colonização biológica Fissura

Fig. 7.6: Cartografia das patologias presentes na fachada sul


da torre da Sé de Lamego.

139
140
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

1,00 m 1,45 m

Alteração cromática Filme negro Desagregação granular fraca Desagregação granular forte

Pátina Crosta negra Desagregação granular média Placa Argamassa

Fig. 7.7: Cartografia das patologias presentes na fachada oeste dos claustros da Sé de Lamego.
141
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

0,95 m
0,80 m

Alteração cromática Depósito Crosta negra Alteração cromática Desagregação granular fraca

Pátina Filme negro Placa Pátina Desagregação granular média

Depósito Placa
Fig. 7.8: Cartografia das patologias presentes na fachada norte dos
claustros da Sé de Lamego. Crosta negra Argamassa

Fig. 7.9: Cartografia das patologias presentes na fachada


sul dos claustros da Sé de Lamego.
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.2.1 Alteração cromática

A variação num dos parâmetros de definição da cor é designada alteração cromática (ICOMOS-
ISCS, 2008). Pode referir-se a uma zona ampla ou localizada, neste caso é preferível utilizar a
terminologia “mancha” (Normal 1/88, 1990).

A sua origem é variada: devido ao fogo, à humidade (ICOMOS-ISCS, 2008), à presença de


colonização biológica, à poluição atmosférica, à radiação solar, ou à oxidação/redução de
minerais (Normal 1/88, 1990; Fitzner & Heinrichs, 2002). Daniel et al. (2009) comprovaram
também a génese de manchas em rochas ornamentais (sedimentares e ígneas) a partir da ação
do ácido úrico e da ureia presentes na urina.

Todo o edifício da Sé de Lamego sofre de uma extensa distribuição de alterações cromáticas


em relação às tonalidades originais das rochas graníticas utilizadas, que, à exceção do granito
de Lamego, são muito claras. As morfologias são diversas, mas a maioria destas alterações
cromáticas devem-se ao envelhecimento natural do material pétreo (figura 7.10). Surgem ainda
manchas amareladas, fruto de reações de oxidação (figura 7.11) e manchas de humidade
(figura 7.12). Em todas as alvenarias esta patologia surge em cotas acima dos 3 metros, uma
vez que os silhares inferiores se encontram afetados (predominantemente) por outras formas de
alteração.

A presença desta patologia provoca mudanças na cor das pedras, que na maioria dos casos,
parecem ser irreversíveis, como tal o seu estudo merece ser ponderado.

Para quem visita este templo pela primeira vez, e o observa no seu conjunto, esta patologia
será a primeira a provocar um forte impacto visual. Matias e Alves (2001) também consideram
que este tipo de patologia afeta grandemente o valor estético de monumentos em Braga.

142
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Fig. 7.10: Alterações cromáticas (amarelecimento), fruto do


envelhecimento natural da pedra, na fachada sul da Sé de Lamego.

a)

b)

c) d)
Fig. 7.11: Alterações cromáticas, fruto de reações de oxidação, em pedras
dos claustros da Sé de Lamego: a), b) e d) fachada oeste; c) fachada norte.

143
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Fig. 7.12: Manchas de humidade na fachada norte da Sé de Lamego.


Na primeira fiada de pedras observa-se intensa colonização
biológica.

7.2.2 Pátinas

Considera-se pátina um revestimento fino da superfície da pedra de origem diversa (Alves et al.,
2002; Alemany, 2007). É uma alteração que se restringe à superfície do material, percetível
inicialmente como se de uma alteração cromática se tratasse (Normal 1/88, 1990). O termo
pátina é muito ambíguo, e não reúne consenso na comunidade científica internacional,
abrangendo conceitos como crosta, filme, biofilme, depósito superficial (Oliveira, 2008; Sanjurjo-
Sánchez et al., 2011, 2012) e alteração cromática resultante do envelhecimento natural ou
artificial da pedra (ICOMOS-ISCS, 2008).

Pode resultar de fenómenos naturais, como os biofilmes (pátinas biológicas) ou de fenómenos


de origem antropogénica, nomeadamente os que resultam da aplicação de conservantes, da
deposição de partículas (sólidas) de sujidade, ou da formação de crostas negras (Aires-Barros
& Dionísio, 2002; Krumbein, 2004). São mais comuns em monumentos localizados em
ambientes urbanos do que em afloramentos naturais (Sanjurjo-Sánchez et al., 2012).

144
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Fitzner e Heinrichs (2002) consideram no seu sistema de classificação a existência de


patologias de transição, podendo as pátinas resultar de alterações cromáticas ou colonização
biológica, e evoluir para crostas negras. Sanjurjo-Sánchez et al. (2012) distinguem diferentes
revestimentos – pátinas, filmes e crostas – pela sua espessura, sendo as primeiras as menos
espessas.

No ICOMOS-ISCS (2008) é feita a distinção entre pátina, “sujidade” e “depósito”. A sujidade é


um depósito muito fino de partículas exógenas que confere um aspeto sujo à superfície da
pedra, e depósito é uma acumulação de material exógeno como pó ou dejetos de pombos. A
presença de sujidade é, geralmente, indicador da circulação de partículas atmosféricas
poluentes (Alves & Sanjurjo-Sánchez, 2011; Sanjurjo-Sánchez et al., 2011). Esbert et al. (2001)
acrescentam que é extremamente difícil separar a sujidade do substrato pétreo devido quer à
rugosidade da superfície das pedras, quer a possíveis reações com o material rochoso.

Na Sé de Lamego observam-se pátinas em várias pedras, seja na fachada principal (figura


7.13a), seja nos claustros (figura 7.13b). As variações da cor e de morfologias denunciam
origens várias, entre elas a colonização biológica (figura 7.13b). As pátinas biológicas estão
sobretudo associadas a zonas de maior permanência de humidade devido, quer à escorrência
da água da chuva, quer ao facto de se tratarem de áreas abrigadas da insolação. Segundo
Sanjurjo-Sánchez et al. (2012) as pátinas biológicas são mais comuns nas fachadas orientadas
para norte, facto que é concordante com o verificado nas alvenarias dos claustros.

A utilização da plataforma elevatória permitiu o registo fotográfico de pátinas a alturas


superiores a 3 metros, nomeadamente nos arcos que ladeiam os portais da fachada principal
(figura 7.14). Nestes pormenores arquitetónicos observa-se ainda nalgumas áreas a transição
entre esta patologia e a formação de crostas, sendo por vezes difícil determinar qual das duas
domina (figura 7.14c). Por este motivo, e devido ao elevado número de silhares que constituem
estes arcos, a presença destas duas patologias foi assinalada na figura 7.4 sem o registo de
todas as arestas.

Nas reentrâncias destes arcos pode observar-se também sujidade, pó, restos de solo e dejetos
de pombos (figura 7.15), cuja presença é um claro ultraje à beleza manuelina do edifício.

A existência de pátinas a cobrir todo o silhar gerou, frequentemente, grandes dificuldades na


identificação das litologias.

145
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

Fig. 7.13: a) Pátina na fachada oeste da Sé de Lamego; b) Pátina biológica na


fachada norte dos claustros.

a) b)

c)

Fig. 7.14: Pátinas na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b e c). É


comum observarem-se silhares afetados por esta patologia e por
placas.

146
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)
Fig. 7.15: Pátinas na fachada oeste da Sé de Lamego: a) sujidade e depósito - pó; b)
depósito – restos de solo; c) e d) depósito – dejetos. Em todas as figuras observam-se
pormenores arquitetónicos afetados por desagregação granular, registando-se perda
de material.

7.2.3 Filmes negros

Fitzner & Heinrichs (2002) não consideram esta patologia na sua classificação, no entanto, a
identificação e caracterização de filmes negros surge nos trabalhos de Begonha (2001, 2011),
Machado (2006), Oliveira (2008), Almeida (2009), Sequeira Braga e Begonha (2010) e Sanjurjo-
Sánchez et al. (2012), bem como no ICOMOS-ISCS (2008). Na Normal 1/88 (1990) também
não surge a designação filme negro, mas sim a designação “película”, caracterizada como
sendo um cobrimento superficial homogéneo, de espessura muito reduzida, constituído por
substâncias distintas do substrato.

147
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Para Begonha (2001), Almeida (2009) e Oliveira et al. (2009), os filmes negros são formações
superficiais muito finas, de cor negra ou castanha muito escura, que recobrem e aderem
fortemente à superfície dos silhares, mantendo a rugosidade superficial do material pétreo. De
salvaguardar, que a presença desta patologia não impede o destacamento e queda das placas.

A sua fina espessura e forte aderência tornam muito difícil a sua remoção, prova disso são os
filmes negros observados na fachada principal da Sé Catedral de Vila Real (Machado, 2006),
cuja inestética presença é bem evidente, mesmo depois da intervenção levada a cabo pelo
Instituto Português do Património Arquitetónico, em 2004, no edifício. No estudo conduzido por
Oliveira (2008), na Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco (Porto) foi impossível
separar e individualizar da rocha granítica amostras desta patologia.

A génese deste tipo de decaimento está associada a zonas expostas, mas não sujeitas a
ventos chuvosos ou episódios de escorrência, a zonas expostas diretamente à chuva, e a
zonas de cota inferior, expostas a salpicos de chuva a partir do solo (Begonha, 2001).

Na base da sua formação dos filmes negros estarão os poluentes atmosféricos, o gesso
(Begonha, 2001; Oliveira, 2008; Oliveira et al., 2009), e os microrganismos colonizadores
(Oliveira, 2008; Oliveira et al., 2009), o que explica a sua cor negra. Oliveira (2008) refere que a
cor escura dos filmes provém do contributo conjunto de cinzas volantes e fungos, encontrando-
se o material exógeno ao material pétreo cimentado por uma matriz amorfa de composição
aluminossilicatada, de origem biogeoquímica.

No monumento em estudo esta patologia surge maioritariamente nos claustros, e afeta diversos
silhares (figura 7.16). Trata-se de zonas de cota acima de 1,5 metros, sombrias e não expostas
diretamente à chuva, associadas à presença de pátinas, placas e, mais raras vezes,
eflorescências. Aliás, estas últimas apenas surgem no monumento nos dois pontos assinaladas
na figura 7.17. Os filmes negros são baços, homogéneos, duros e muito aderentes.

Na fachada oeste foram assinaladas somente duas pedras afetadas por esta patologia (figura
7.18).

De assinalar por fim, que a grande maioria das pedras que apresentam filmes negros são de
granito da Várzea de Abrunhais.

148
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

F F F

A
F

C
A
C

Fig. 7.16: Filmes negros (F) na fachada oeste


dos claustros da Sé de Lamego. Observam-
se ainda crostas (C) e alterações cromáticas
(A)

F F

E
F
E
C
D P
C

Fig. 7.17: Filmes negros (F) na fachada norte dos claustros da Sé


de Lamego. Observam-se ainda crostas (C), desagregação
granular (D) e eflorescências (E).

149
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

Fig. 7.18: Filmes negros na fachada oeste da Sé de Lamego (a e b).

7.2.4 Crostas negras

As crostas negras são depósitos com espessura inferior a 2 mm que cobrem a superfície das
pedras (Almeida, 2009). A sua composição e morfologia é distinta do material pétreo onde se
desenvolvem (Normal 1/88, 1990), e geralmente, não acompanham a rugosidade superficial
das pedras (Begonha, 2001).

A sua cor escura varia do negro, ao cinza, podendo surgir ainda em tons acastanhados, em
função da sua génese (Fitzner & Heinrichs, 2002; Sanjurjo-Sánchez et al., 2009, 2011, 2012). É
também possível encontrar crostas de cor clara (ICOMOS-ISCS, 2008). A presença destas foi
observada por Aires-Barros e Dionísio (2002), na Sé de Lisboa, por Moutinho da Silva (2005) na
Igreja de Santa Clara do Mosteiro de Leça do Balio, e por Machado (2006), na Sé Catedral de
Vila Real.

A sua remoção é relativamente fácil (Oliveira, 2008), e em caso de destaque a superfície


exposta do material pétreo revela sinais de desagregação granular (Normal 1/88, 1990:
ICOMOS-ISCS, 2008).

Segundo Aires-Barros (2001) a origem desta patologia está associada à poluição atmosférica,
sendo que Fitzner e Heinrichs (2002) sugerem ainda como causa processos de precipitação de
minerais de sais solúveis, ferro, manganês, entre outros. No ICOMOS-ISCS (2008) e em Alves
e Sanjurjo-Sánchez (2011) também é referido que a composição deste tipo de patologia

150
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

consiste em partículas da atmosfera aprisionadas numa matriz de gesso. Quanto mais porosa
for a rocha, mais esta matriz se poderá desenvolver, o que culminará numa maior extensão de
crostas negras no edifício (Mérillou et al., 2010), por sua vez, quanto maior for a quantidade de
gesso e partículas poluentes, maior é a consistência das crostas (Camuffo, 1995; Slezakova et
al., 2011).

Sáiz-Jiménez (1997) menciona que a formação de crostas negras enriquece o substrato,


favorecendo o desenvolvimento dos agentes biológicos, como bactérias e fungos.

Begonha (2001) encontrou crostas negras em pormenores arquitetónicos salientes, como


cornijas e peitoris de janelas, bem como em zonas recuadas relativamente aos planos de
fachada, abrigadas da chuva direta e não submetidas a escorrência. Na Igreja da Vulnerável
Ordem Terceira de São Francisco (Porto), a predominância de crostas negras também foi
observada nas zonas abrigadas da intempérie (Oliveira, 2008). Esta ideia é ainda reforçada por
Sanjurjo-Sánchez & Alves (2011).

No ICOMOS-ISCS (2008) é feita a distinção entre crosta negra e “incrustação”, sendo que esta
última é uma crosta muito aderente resultante da infiltração de água.

No caso da Sé de Lamego as crostas apresentam cor negra, cinza e acastanhada (figura 7.19).
São duras e compactas, mas o seu grau de aderência é variável. Verifica-se frequentemente
perda de material paralelo à superfície devido ao seu destacamento (figuras 7.17, 7.20 e 7.21).
As zonas destacadas apresentam sinais de desagregação granular.

A sua espessura é em média 2 mm, sendo que nas crostas mais espessas se verifica que nem
sempre acompanham a rugosidade superficial do substrato. Begonha (2001) assinalou a
presença de crostas negras com 1 a 2 mm de espessura (podendo estas atingir os 5 mm), já
Moutinho da Silva (2005) assinala espessuras que não ultrapassam os 0,5 mm. As crostas
amostradas no Mosteiro da Serra do Pilar exibiam espessura entre os 3 e os 7 mm (Slezakova
et al., 2011), e as crostas observadas na Igreja da Lapa (Porto) possuem espessura entre os 2
e os 7 mm (Begonha, 2011).

Ao nível da localização, encontram-se em zonas recuadas relativamente aos planos de


fachada, abrigadas da chuva, a cotas que variam entre os 0,5 e os 4 m. Em vários silhares
tornou-se difícil mapear esta patologia, uma vez que resultava da evolução de pátinas.

151
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a)

b) c)
Fig. 7.19: Crostas na fachada oeste da Sé de Lamego: a) negras; b) cinza; e c)
castanhas. Em a) observa-se o arredondamento das arestas provocado pela
desagregação granular.

a) b)

Fig. 7.20: Crostas com sinais de destacamento na fachada oeste da Sé de Lamego (a


e b).

152
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)
Fig. 7.21: Crostas com sinais de destacamento nos claustros da Sé de Lamego (a e b).

7.2.5 Colonização biológica

A colonização biológica deve-se à presença de organismos na superfície das pedras (Fitzner &
Heinrichs, 2002). A existência de zonas com intensa ocupação biológica ladeadas por outras
zonas sem colonização denuncia a ocorrência de condições microclimáticas mais ou menos
favoráveis ao seu desenvolvimento (Delgado Rodrigues & Costa, 2002). Na proliferação
seletiva é necessário ainda considerar as variações da composição química e mineralógica, e
da textura da pedra (Ríos et al., 2004).

Esta é uma das patologias mais expressivas da fachada principal da Sé de Lamego bem como
das pedras situadas mais próximo do pavimento (0,5 m) na fachada norte (figuras 7.12 e 7.22).
Aliás, Sáiz-Jimenez (1997) refere que a presença de organismos fotoautotróficos é mais comum
nas fachadas norte dos edifícios.

Caracteriza-se pela presença de vários organismos, como líquenes (figura 7.23), musgos (figura
7.24a) e plantas superiores (figuras 7.24b e 7.24c), que se distribuem em função das condições
de humidade e insolação. Essa distribuição atinge inclusive, no caso da fachada oeste, o topo
do edifício.

153
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

No caso dos líquenes, encontram-se variedades incrustantes (que apresentam um elevado grau
de aderência à superfície dos silhares) e variedades folhosas. As cores variam do cinza ao
verde, existindo ainda organismos com coloração amarelada e alaranjada. O seu
desenvolvimento atinge zonas expostas, como as alvenarias da torre (figura 7.25), e
pormenores arquitetónicos.

As plantas e os musgos desenvolvem-se nas áreas mais húmidas e/ou sombrias, como fissuras
e juntas abertas, onde a escorrência e a permanência de água são maiores. As pedras abaixo
dos frisos das janelas também são locais preferenciais de propagação. Esta predominância
também foi observada por Begonha (2001), Leite (2008), Cardoso (2008) e Almeida (2009).

Na figura 7.26 foi assinalada a presença de pombos.

Os efeitos do entrançado biológico prendem-se especialmente com a génese de alterações


cromáticas e pátinas diversas, que impossibilitam muitas vezes a identificação das litologias, e
contribuem grandemente para o desabono da estética original da fachada oeste. De
acrescentar ainda, que a quantidade e diversidade de organismos colonizadores variam
temporal e espacialmente.

Fig. 7.22: Colonização biológica na fachada norte da Sé de Lamego.

154
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

Fig. 7.23: Presença de líquenes na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b, c e d).

a) b)
Fig. 7.24: Colonização biológica na fachada oeste da Sé de Lamego: a) musgos; b)
plantas superiores.

155
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Fig. 7.25: Colonização biológica Fig. 7.26: Presença de pombos na


na fachada oeste da torre da Sé fachada oeste da Sé de Lamego.
de Lamego.

7.2.6 Desagregação granular

Segundo Begonha (2001, 2009) esta patologia resulta da ação da cristalização de minerais de
sais solúveis, sobretudo halite, mas também gesso, calcite e niter, no interior das pedras ou
próximo da superfície. Estes sais são responsáveis pela génese de tensões que provocam a
desagregação do material pétreo. A exposição a sul tende a aumentar o número de vezes que
o sal precipita (Delgado Rodrigues & Costa, 2002). A principal consequência deste processo é a
desintegração da rocha em pequenos fragmentos, seguida de queda de material (grãos ou pó)
(Normal 1/88, 1990; Aires-Barros, 2001; Alves et al., 2002; Fitzner & Heinrichs, 2002; Benzzi et
al., 2006).

O desgaste dos feldspatos (minerais menos resistentes) conduz ao aumento da rugosidade


devido à dominância de grãos de quartzo mais salientes. Esta patologia é responsável ainda
pelo arredondamento das arestas (figura 7.17) e pelo endossamento das formas, que é

156
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

acompanhado pela perda de pormenor de cantarias e esculturas (figura 7.15), e/ou em casos
mais severos, do desaparecimento de elementos arquitetónicos.

A perda de material pode afetar uniformemente toda a pedra, observando-se um recuo


completo de toda a superfície do silhar, ou ser diferencial. Matias e Alves (2001) verificaram, em
monumentos graníticos da cidade de Braga, que a presença à superfície de irregularidades,
como fenocristais e encraves, resultava frequentes vezes em erosão diferencial.

Geralmente o decaimento inicia-se à superfície, mas pode ocorrer em profundidade - esta varia
com o tipo de rocha (ICOMOS-ISCS, 2008). Aparece associada às seguintes áreas:

- Zonas húmidas localizadas nas áreas mais baixas, submetidas à ascensão capilar de
soluções salinas; (Begonha, 2008; Cardoso, 2008; Leite, 2008; Begonha, 2009; Lobo &
Almeida, 2010)

- Zonas expostas, sobretudo orientadas para ventos chuvosos (Begonha, 2008; Cardoso, 2008;
Leite, 2008; Begonha, 2009; Lodo & Almeida, 2010)

- Zonas sob cornijas, adjacente a juntas abertas (sem argamassa) onde há circulação de água
(Begonha, 2008; Leite, 2008; Begonha, 2009; Lodo & Almeida, 2010)

Pode ser classificada da seguinte forma: desagregação granular de intensidade fraca, com
perda de material muito pequena ou nula; desagregação granular de intensidade intermédia; e
desagregação granular de intensidade forte, com perda de material facilmente percetível ao
toque. Neste último caso é comum usar-se o termo arenização.

No presente estudo a desagregação granular é, de um modo geral, de intensidade média. A


desagregação granular forte surge nos claustros (figuras 7.27a), e no portal norte da fachada
oeste do edifício (figura 7.27b). Para além de afetar silhares localizados a cotas entre os 0,5 e
os 2 metros, surge também a cotas superiores (figura 7.28).

Por culpa desta patologia são já muitos os pormenores que desapareceram por completo
(figura 7.29a). A perda significativa de material pétreo que se verifica atualmente permite afirmar
que a extensão das áreas afetadas tende a aumentar. Na figura 7.29b, é possível observar
pedras que se encontram num estado de transição entre esta patologia e o desenvolvimento de
placas.

157
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

No interior do templo, junto ao altar, também foram observadas pedras intensamente


arenizadas na porta sul (figura 7.30). Este é um local húmido, sem exposição solar, que deixa
transparecer ser afetado pela ascensão capilar de soluções salinas.

a) b)
Fig. 7.27: Desagregação granular forte a afetar pedras da soleira da
porta de acesso aos claustros (a) e no portal norte da fachada oeste
(b) da Sé de Lamego.

Fig. 7.28: Desagregação granular média


localizada sob a cornija da janela norte
da fachada oeste da Sé de Lamego.

158
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

Fig. 7.29: Perda de pormenor (a) e escamas (b) nas pedras do portal
norte da fachada oeste da Sé de Lamego.

a) b)
Fig. 7.30: a) Porta sul do altar-mor da Sé de Lamego; b) pedras
afetadas por desagregação granular forte (arenização).

159
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.2.7 Placas

As placas são formações pouco espessas que se caracterizam por acompanhar a superfície
exterior das pedras, sendo delimitadas por duas superfícies paralelas (Begonha, 2001; Fitzner
& Heinrichs, 2002). A sua espessura varia de milímetros a centímetros (ICOMOS-ISCS, 2008).

Resultam da cristalização de minerais de sais solúveis no interior das pedras num plano
paralelo à superfície. Hermo et al. (2010) atestam a relação direta entre a formação de placas
(plaquetas e escamas) e a presença de sulfato de cálcio.

No final da sua evolução, após se destacarem progressivamente da pedra, acabam por cair,
deixando uma chaga perfeitamente reconhecível. A face interior da placa que se destaca
apresenta aspetos de desagregação granular (Begonha, 2001). Apesar de na maioria dos
casos terem forma planar, no caso das colunas exibem formas cilíndricas ou troncocónicas.

Surgem, normalmente, no primeiro metro acima da superfície (Tomasic et al., 2011), em zonas
húmidas, não lixiviadas, submetidas a ascensão capilar de soluções salinas, normalmente
abaixo das pedras intensamente afetadas por desagregação granular (Begonha, 2001;
Cardoso, 2008; Leite, 2008).

Na Sé de Lamego as placas encontram-se localizadas preferencialmente nos portais da


fachada oeste do monumento e na fachada norte dos claustros. No portal sul, o mais afetado
por esta patologia, a perda de material pétreo é bastante significativa (figura 7.31), no entanto
há pormenores arquitetónicos nos três portais que apresentam placas. Ao contrário do
registado por outros autores a maioria das placas situa-se em cotas acima das situações mais
intensas de desagregação granular (> 3m).

De um modo geral, apresentam uma espessura que varia de 2 a 10 mm (média de cerca de 5


mm). Ocorrerem situações onde a placa ocupa praticamente toda a superfície da pedra (figura
7.32a), e nalgumas situações verifica-se a existência de mais do que uma geração (figura
7.32b).

160
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Morfologicamente pode dizer-se que são pouco duras e compactas, e é comum apresentarem a
face exterior coberta por pátinas. Este fenómeno também foi registado por Machado (2006) e
por Benzzi et al. (2006). Nos claustros encontram-se as placas de maior espessura e extensão,
quase na sua totalidade cobertas por crostas, filmes e pátinas, localizadas em zonas húmidas e
sombrias (figuras 7.32 e 7.33).

Nalgumas pedras, o destacamento de material restringe-se a pequenas porções planares da


superfície – escamas, sugerindo, como já foi referido anteriormente, um estado de transição
entre a desagregação granular e as placas. É nos silhares localizados acima dos arcos do
portal central da fachada oeste que esta situação é mais evidente (figura 7.4).

D
D

a) b)
Fig. 7.31: Placas a afetar o portal sul da Sé de Lamego. A análise comparativa de a) e
b) permite verificar que esta patologia é mais intensa no lado direito (sul), registando-
se situações de desagregação granular forte (D)

a) b)
Fig. 7.32: a) Placa a afetar quase a totalidade da pedra; b) Placa com mais do
que uma geração. Os dois silhares encontram-se afetados por crostas.

161
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

P
F
P

a) b)

Fig. 7.33: Placas nos claustros da Sé de Lamego cobertas por pátinas, filmes e crostas (a e
b). Nas duas situações regista-se a presença de filmes negros (F) e pátinas (P).

7.2.8 Fissuras/fraturas

As fissuras ou fraturas correspondem a linhas de rutura (Alves et al., 2002), associadas à


concentração de tensões num determinado ponto (Almeida, 2009), que surgem, sobretudo, nas
arestas e vértices das pedras (Begonha, 2001).

Podem atravessar completamente todo o silhar, ou apresentar dimensões inferiores a 0,1 mm.
Por vezes estão associadas a planos de fraqueza, nomeadamente a planos de clivagem
(ICOMOS-ISCS, 2008).

As suas causas podem ser antropogénicas, quando produzidas durante a extração e talha e
derivadas dos esforços mecânicos das estruturas do edifício, ou inerentes à própria rocha
(Fitzner & Heinrichs, 2002; Alemany, 2007). No ICOMOS-ISCS (2008) são ainda referidas como
causas as vibrações sísmicas e o fogo.

Na Sé de Lamego encontram-se várias pedras alteradas por esta patologia (figura 7.34). As
fraturas surgem em cotas muito distintas (entre os 0,3 e os 4 m), iniciando-se sempre pelas
arestas dos silhares. Nalgumas situações atravessam completamente o silhar.

162
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)
Fig. 7.34: Fraturas presentes na fachada oeste da Sé de Lamego (a, b, c e d). Em b) a
pedra apresenta ainda áreas afetadas por pátinas (P) e crostas (C), em c) a perda de
material ocorre também devido à desagregação granular (D), e em d) a alvenaria
encontra-se intensamente colonizada por líquenes.

7.3 Identificação e caracterização química dos minerais de sais solúveis

Na generalidade, todas as paredes de qualquer edifício possuem sais, que podem surgir à
superfície das pedras, sob a forma de eflorescências, formar agregados invisíveis, em zonas
abaixo da superfície (subeflorescências), ou encontrar-se dissolvidos em solução (Arnold &
Zehnder, 1987; Nappi & Lalane, 2010; Tomasic et al., 2011), cristalizando no seu interior. A
cristalização de sais é por isso responsável pelo aparecimento de várias patologias, como a
desagregação granular, a arenização, as placas, as crostas e os filmes negros. O aparecimento
de patologias associadas à cristalização de sais, a sua tipologia, intensidade e consequências,
dependem de vários fatores, nomeadamente da pressão de cristalização, da distribuição
dimensional do sal, e das condições de controlo do balanço hídrico (Alves et al., 2003).

163
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Os principais sais são os carbonatos, os cloretos, os nitratos, e os sulfatos, de sódio, magnésio,


cálcio, potássio, e a amónia (Alves et al., 2003; Maurício et al., 2004; Steiger, 2005; Nappi &
Lalane, 2010). Esta diversidade reflete as suas diversas potenciais fontes, como a água do solo
ou subterrânea, as argamassas (Grossi & Esbert, 1994; García-Talegón et al., 1999; Alves et
al., 2003; Laue, 2005), os dejetos orgânicos (Alves et al., 2003) – como as fezes de morcego
(Siedel et al., 2010) ou de pombos (Gómez-Heras et al., 2004), o vento, sob a forma de brisa
marinha (Martinez, 2008), a água da chuva (Begonha, 2011), os poluentes atmosféricos, os
conservantes/consolidantes, e a própria rocha usada na construção (Arnold & Zehnder, 1987;
Charola, 2000; Maurício et al., 2005).

A cristalização de sais pode ocorrer devido ao aumento da concentração da solução por


evaporação (a temperatura constante), à diminuição da temperatura de uma solução quase
sobressaturada (figura 7.35), ou à reação higroscópica com a humidade do ar (Arnold &
Zehnder, 1987; Band & Rolls, 1998; Aires-Barros, 2005). O grau de higroscopicidade de um sal
corresponde à forma como este adsorve água do meio ambiente (Nappi & Lalane, 2010). Dada
a capacidade dos sais muito solúveis absorverem vapor de água (formando soluções
saturadas), são muitas vezes estes que fazem aumentar a sua quantidade na rede porosa
(Charola, 2000).

Arnold e Zehnder (1987) apresentam a seguinte reação de controlo da precipitação quando


ocorre o aumento da concentração de uma solução por evaporação:

M+ + A-  MA

[M+] x [A-] = K

onde:

M corresponde ao catião;

A corresponde ao anião;

K corresponde à constante de equilíbrio para uma determinada temperatura e pressão.

Assim, a sobressaturação ocorre quando [M+] x [A-] = IAP (produto da atividade iónica), sendo
IAP  K.

164
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Cristalização espontânea
Concentração

Cristalização impossível

Temperatura
Fig 7.35: Cristalização a partir de uma solução em
função da concentração e temperatura (adaptado de
Bland & Rolls, 1998).

A ação da circulação do vento e a diminuição da humidade relativa aumentam o valor de


saturação crítica que está na base da precipitação de sais (Alves, 1997). A ventilação ocorre
sempre que há uma significativa amplitude térmica. Quando as pedras aquecem depois de uma
noite fria, o ar contido na sua rede porosa expande-se, movendo-se para o exterior. Por seu
turno, quando a parede volta a arrefecer, dá-se a contração do ar, que se move novamente
para dentro das paredes. Se este ar for húmido, a determinada temperatura, o vapor de água
pode condensar dentro do material pétreo. Esta água líquida pode ser, caso existam sais, a sua
via de circulação (Youg, 2008).

Cada fase salina é caracterizada por um valor de equilíbrio da humidade relativa (tabela 7.5), no
entanto, como uma solução raramente possui apenas um sal, o equilíbrio da humidade relativa
para esse sal em solução é meramente um indicador das condições em que esse sal poderá
cristalizar. Um dos sais mais sensíveis à presença de outros sais é o gesso, cuja solubilidade
aumenta consideravelmente em soluções contendo cloretos e nitratos, de sódio, potássio e
magnésio (Charola et al., 2007). Estes autores apresentam um estudo muito completo acerca
da meteorização induzida pela cristalização de gesso e suas diferentes fases.

165
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.5: Equilíbrio da humidade relativa de alguns sais (%) (adaptado de Arnold & Zehnder, 1987).

Sal 0 ºC 5 ºC 15 ºC 25 ºC 30 ºC
Muito solúvel/
Muito higroscópico Cloreto de cálcio hidratado
41 37,7 28,6 22,4
CaCl2 . 6H2O
Carbonato de potássio hidratado
43,1 43,1 43,2 43,2 43,2
K2CO3 . 2H2O
Nitrato de cálcio hidratado
59 59,6 54 50,5 46,8
Ca(NO3)2 . 4H2O
Halite
75,5 75,7 75,6 75,3 75,1
NaCl
Epsomite
88,3 88
MgSO4 . 7H2O
Natron
96,5 88,2 83,2
Na2CO3 . 10H2O
Pouco solúvel/ Niter
Pouco higroscópico 96,3 96,3 95,4 93,6 92,3
KNO3

Genericamente, pode dizer-se que quando a humidade relativa do ar é mais baixa do que a
humidade relativa de equilíbrio de uma solução saturada de um sal, esse sal precipita, por outro
lado, o aumento da humidade relativa do ar conduz à dissolução de sais já cristalizados por
absorção higroscópica (Arnold & Zehnder, 1987; Aires-Barros, 2005).

Assim, quando o sal cristaliza por reação higroscópica com a humidade do ar, aplica-se a
equação (Arnold & Zehnder, 1987):

PH 2Os
100  RH eq
PH 2Ow

onde:

PH2Os corresponde ao vapor de pressão da água da solução saturada;

PH2Ow corresponde ao vapor de pressão da humidade do ar;

RHeq. corresponde à humidade relativa do ar em equilíbrio com a solução saturada.

166
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

A precipitação ocorre quando RH  RHeq., sendo RH a humidade relativa do ar em equilíbrio


com a solução considerada.

A cristalização de sais transportados por ascensão capilar nas paredes de um edifício respeita,
normalmente, uma sequência estabelecida por Arnold (1982), citado por Arnold e Zehnder
(1987), composta por 4 zonas: a Zona A, situada mesmo acima do nível do solo, onde se
encontram os sais menos solúveis, como o gesso, e que apresenta níveis de deterioração
menos significativos; a Zona B (localizada acima da Zona A) onde surgem patologias devido à
presença de sais menos solúveis (sulfatos e carbonatos) como o niter e a epsomite; a Zona C
(localizada acima da Zona B) caracterizada pela presença de cloretos e nitratos,
nomeadamente a halite e o nitrato de sódio; e a Zona D (localizada acima da Zona C), não
afetada por este fenómeno. Assim, quanto maior for a solubilidade do sal, maior distância este
irá percorrer sendo transportado em solução desde a sua fonte (Moreno et al., 2006). Esta
distribuição depende da mistura de sais presente na alvenaria e da sua origem (Charola, 2000).

Análises realizadas ao extrato aquoso de amostras de perfis verticais permitiram concluir que os
sais se acumulam preferencialmente na zona entre os 0,5 metros e os 1,5/3 metros acima do
solo, o que corresponde à Zona C (Young, 2008). O autor também refere que a evaporação
começa a partir dos 0,5 metros porque o ar próximo do chão é mais húmido e desloca-se muito
lentamente. Nem sempre a maior acumulação de sais na Zona C se traduz em maiores danos,
dado que para tal necessário que se coadunem as condições necessárias que conduzam à sua
precipitação.

A identificação e caracterização dos minerais de sais solúveis que afetam as pedras da Sé de


Lamego foi realizada através da recolha de 25 amostras de sais pela técnica de emplastro e
através da recolha de 25 amostras de material pétreo desagregado – pó. A amostragem
abrangeu diferentes alvenarias, cotas, litologias e patologias.

167
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.3.1 Análise química dos minerais de sais solúveis

Num total de 25 amostras de sais, foram recolhidas pela técnica do emplastro sete amostras
nos claustros, duas amostras na fachada norte, treze amostras na fachada principal (W) - dez
das quais nos portais e uma na torre, e duas amostras no interior do edifício (tabela 7.6).
Relativamente às litologias, foram recolhidas dez amostras em pedras de granito de Várzea de
Abrunhais, onze amostras em pedras de granito de Valdigem, duas amostras em pedras de
granito das Meadas e uma amostra em granito de Lamego. Foram abrangidas todas as
patologias referidas em 7.2. A amostra La8 (figura 7.36) ficou danificada, como tal não foi
analisada.

Fig. 7.36: Colocação do emplastro para


recolha da amostra La8.

A técnica do emplastro pressupõe os seguintes procedimentos:

1. Molhar a pedra com um borrifador com água destilada;

2. Aderir, um a um, lenços de papel, molhando-os repetidas vezes para garantir uma
melhor adesão;

3. Colocar película aderente para proteção;

4. Selar o emplastro com fita adesiva;

5. Após 24 horas retirar os lenços de papel em fracos esterilizados contendo água


destilada.

168
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.6: Amostras de sais recolhidas na Sé de Lamego, sua localização, cota acima do pavimento,
litologia e patologia.
Cota acima
do
Amostra Local/Orientação Litologia Patologias
pavimento
(m)
La1 Fachada N 0,50 GVA Colonização biológica

La2 Claustro/Fachada N 1,40 GVA Alteração cromática e fissura


Alteração cromática, desagregação
La3 Claustro/Fachada N 1,50 GVA
granular fraca e fissura
Alteração cromática, filme negro,
La4 Claustro/Fachada N 1,40 GVA desagregação granular fraca e
escamas
La5 Claustro/Fachada N 1,80 GVA Desagregação granular fraca

La6 Claustro/Fachada N 1,40 GV Patina biológica

La7 Claustro/Fachada S 0,50 GL Alteração cromática e pátina

La9 Claustro/Fachada S 1,80 GM’ Alteração cromática

La10 Fachada N 2,00 GVA Desagregação granular fraca

La11 Fachada W 2,50 GVA Pátina e colonização biológica

La12 Fachada W 1,10 GVA Pátina

La13 Fachada W/Portal N 1,00 GV Desagregação granular forte

La14 Fachada W/Portal N 1,80 GV Desagregação granular média

La15 Fachada W/Portal N 1,00 GV Desagregação granular forte

La16 Fachada W/Portal N 1,80 GV Desagregação granular forte

La16int Altar/Porta S 0,85 GVA’ Desagregação granular forte

La17 Altar/Porta N 0,85 GVA’ Desagregação granular fraca


Fachada W/Portal
La18 1,50 GV Desagregação granular forte
central
Fachada W/ Portal Crosta e desagregação granular
La19 1,50 GV
central fraca
La20 Fachada W/ Portal S 2,30 GV Placa

La21 Fachada W/ Portal S 2,30 GV Crosta

GVA’ = Granito da Várzea de Abrunhais de grão fino; GM’ = Granito das Meadas porfiróide.

169
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.6: Amostras de sais recolhidas na Sé de Lamego, sua localização, cota acima do pavimento,
litologia e patologia.
Cota acima
do
Amostra Local/Orientação Litologia Patologias
pavimento
(m)
La22 Fachada W/ Portal S 1,90 GV Placa

La23 Torre/Fachada W 1,60 GL Colonização biológica

La24 Fachada W/Portal N 1,90 GV Pátina

A análise química do extrato aquoso dos lenços de papel dos emplastros realizou-se no
Laboratório de Química Analítica do Departamento de Química da UTAD. Na tabela 7.7
encontram-se os teores de sais mais significativos obtidos. Os resultados da amostra designada
por Branco referem-se à análise realizada à água destilada utilizada para embeber um lenço de
papel limpo.

A amostra La7 foi aquela que revelou os teores de sais mais elevados, bem como o valor mais
elevado de condutividade (7910 µS/cm, a 20 °C), seguida das amostras La16int. e La2 (tabela
7.7). No geral, as amostras dos sais colhidas nos claustros – La2, La3, La4 e La7, exibem maior
quantidade e diversidade de sais (figura 3.37), o que reflete a multiplicidade de patologias que
várias pedras das suas alvenarias apresentam. A ocorrência de maiores quantidades de sais
em zonas mais abrigadas também foi observada por Moreno et al. (2003).

Os sais solúveis predominantes no edifício são os cloretos e os nitratos (figura 3.38), de cálcio,
sódio e potássio (figura 3.39), e mais raros os sulfatos (figura 3.38). Estes sais encontram-se
nas soluções que ascendem por capilaridade, a partir do solo, sendo a sua frequência mais
comum a cotas entre os 0,5 e os 1,5 metros. Os ciclos de migração destas soluções e secagem
das pedras, como já foi supramencionado, são responsáveis pelo desenvolvimento de formas
de deterioração, como a desagregação granular e as placas.

A estatística sumária do estrato aquoso (figura 3.40) denota que os iões K+ e PO43- são os que
apresentam maior amplitude de valores. As maiores medianas foram obtidas para o Ca 2+ e para
o PO43-. Os iões Mg2+ e SO42- evidenciam um intervalo interquartílico bastante estreito. No caso
do SO42- tal deve-se à elevada percentagem de teores nulos (0,0 mg/L).

170
Tab. 7.7: Teores de sais solúveis (mg/L) no extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.
Fachada Fachada W
Localização/ Claustro Altar-mor
Branco N Portal N Portal central Portal S Torre
Amostras
La2 La3 La4 La7 La10 La14 La16 La18 La19 La20 La21 La23 La16int La17
Clˉ (mg/L) s.a. 31,2 21,4 236,0 490,0 58,7 181,7 5,1 37,3 83,6 31,4 24,5 30,3 559,6 72,7

NO3- (mg/L) s.a. 50,4 20,2 1423,4 2533,5 0,6 0,8 0,2 3,5 74,7 0,0 0,5 0,8 1610,3 27,9

SO42- (mg/L) s.a. 5,3 437,8 0,0 93,9 0,0 0,04 0,11 0,0 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 8,3

PO43- (mg/L) s.a. 3385,3 913,4 393,0 230,3 152,3 92,5 31,6 11,1 49,5 38,8 63,4 11,5 812,9 15,2

171
Ca2+ (mg/L) 46,3 117,1 188,2 585,5 805,6 64,0 116,6 108 25,4 105,6 49,6 3,9 29,8 204,7 19,4

Mg2+ (mg/L) 2,6 8,7 4,3 71,5 19,4 4,7 3,2 6,7 2,9 7,1 3,6 0,4 2,9 6,7 3,2

Parâmetros
+
K (mg/L) 10,0 288,5 134,6 286,7 270,7 14,6 11,4 0,5 19,9 55,6 25,6 6,7 10,5 282,7 34,6
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Na+ (mg/L) 61,5 46,4 35,6 129,4 537,8 78,2 32,1 5,3 40,2 83,9 39,4 31,5 21,3 649,9 163,2
Condutividade
s.a. 1091 1138 4630 7910 662 487 11,9 378 372 499 195 s.a. 5480 1186
(μS/cm, a 20ºC)
s.a. = sem amostra
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%

172
Percentagem de iões (%)
20%
10%
0%
La2 La3 La4 La7 La10 La14 La16 La18 La19 La20 La21 La23 La16int La17
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Amostras

Clˉ NO3- SO42- PO43- Ca2+ Mg2+ K+ Na+

Fig. 7.37: Gráfico da percentagem de iões (%) obtida no extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Fig. 7.38: Diagrama ternário (relações em mg/L) - SO2− - −


4 , Cl e NO3 ,
relativo ao extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

Fig. 7.39: Diagrama ternário (relações em mg/L) - Ca2+, Na+ e K+,


relativo ao extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

173
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

3500

3000

2500

2000

1500

1000

500

0
Cl NO3 SO4 PO4 Ca Mg K Na

Fig. 7.40: Diagrama de caixa-e-bigodes (relações em mg/L) dos iões e catiões


presentes no extrato solúvel de algumas das amostras estudadas.

Os cloretos de sódio e potássio, que cristalizam sobre a forma de halite e silvite,


respetivamente, dominam nas amostras La4, La7 e La16int. A amostra La2 registou o teor de
fosfato mais elevado - 3385,3mg/L, e um teor de cálcio relevante, podendo-se por isso
pressupor a presença de fosfato de cálcio. A amostra La3 apresenta o maior teor de sulfato
registado (437,8 mg/L), bem como um elevado teor em cálcio, o que permite aferir a existência
de gesso. Este sal poderá estar presente ainda nos silhares onde foram colhidas as amostras
La7 e La20. Na amostra La7 também se pode presumir a presença de sulfato de magnésio
(epsomite).

O gesso poderá ter origem na sulfatação das plagioclases, nas argamassas, em antigos
revestimentos, na poluição atmosférica, na atividade dos seres vivos (Hermo et al., 2010), ou na
água da chuva (Sousa e Begonha, 2011; Slezakova et al., 2011).

Nas amostras La7 e La16int. destacam-se os elevados teores de nitrato - 2533,5 mg/L e 1610,3
mg/L, respetivamente, cálcio e potássio, que poderão corresponder à presença de niter (KNO 3)
e soda niter (NaNO3). Uma vez que as cotas a que foram colhidas estas amostras se situam
entre os 0,5 e os 0,85 metros, é de admitir que estes sais ascendem do solo devido à
decomposição de matéria orgânica.

174
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

No portal norte registou-se a presença de teores mais elevados de halite na amostra La14 do
que na amostra La16, colhidas em silhares homólogos, estando o primeiro afetado por
desagregação granular fraca e o segundo por desagregação granular forte. Estes resultados
poderão advir, quer das diferentes condições de exposição solar e ao vento, quer da mistura de
sais resultante da presença no portal de outras patologias.

Uma atenta comparação entre os teores de sais obtidos nas amostras La16int. e La17, colhidas
nas ombreiras simétricas das portas do altar-mor da Sé de Lamego (porta sul e porta norte,
respetivamente), a 0,85 metros de altura, permite verificar que os teores de cloretos, fosfatos e
nitratos são muito superiores na amostra La16int., correspondente a uma pedra afetada por
desagregação granular forte. Os valores de cálcio e sódio são respetivamente, cerca de dez e
quatro vezes, superiores.

7.3.2 Análise microscópica de material desagregado

Foram recolhidas 25 amostras de material desagregado, em 25 silhares distribuídos pelos


claustros, fachada norte, fachada oeste e interior da Sé de Lamego, no entanto, apenas 21
amostras foram analisadas (tabela 7.8). Nenhuma das amostras analisadas foi recolhida em
granito de Lamego ou em aplito, tendo sido abarcadas todas as patologias referidas em 7.2.

As amostras de material pétreo desagregado foram observadas e analisadas por MEV na


Unidade de Microscopia Eletrónica da UTAD e no LabMat - Laboratório de Caracterização de
Materiais da Universidade do Minho. Os minerais de sais solúveis identificados neste estudo
(sulfatos, cloretos e carbonatos) encontram-se na tabela 7.9, e estão em conformidade com os
resultados alcançados por outros autores em monumentos graníticos (tabela 7.10).

175
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.8: Amostras de material desagregado recolhido na Sé de Lamego, sua localização, cota
acima do pavimento, litologia e patologia.
Cota acima do
Amostra Local/Orientação Litologia Patologias
pavimento (m)
Desagregação granular forte e
Pó LA1 Fachada N 1,70 GVA
escamas
Pó LA2 Claustro/Fachada N 1,30 GVA Filme negro e alteração cromática

Pó LA3 Claustro/Fachada N 1,50 GVA Alteração cromática e fissura

Pó LA5 Claustro/Fachada N 0,90 GVA Placa

Pó LA12 Fachada W/Portal S 1,60 GV Placa

Pó LA13 Fachada W/Portal N 1,50 GV Pátina

Pó LA14 Fachada W >3,00 GM Crosta

Pó LA15 Fachada W >3,00 GVA Crosta

Pó LA16 Fachada W/Portal N >3,00 GV Placa

Pó LA17 Fachada W/Portal N >3,00 GV Desagregação granular média

Pó LA18 Fachada W/Portal N 1,50 GV Desagregação granular forte

Pó LA19 Fachada W/Portal S 2,50 GV Placa

Pó LA20 Fachada W/Portal S 2,50 GV Placa

Pó LA21 Fachada W/Portal S 2,50 GV Placa

Pó LA22 Fachada W/Portal S 1,70 GV Crosta

Pó LA23 Altar/Porta S 0,85 GVA’ Desagregação granular forte

Pó LA24 Altar/Porta S 1,50 GVA’ Desagregação granular forte

Pó LA25 Altar/Porta N 0,85 GVA’ Desagregação granular fraca

Tab 7.9: Composição do material desagregado, observado por MEV, amostrado na Sé de Lamego.

Patologia Composição
Desagregação granular Halite + gesso + apatite
Placas Gesso + calcite + caulinite + apatite
Filmes Negros Gesso
Crostas Negras Gesso + cinzas volantes esféricas lisas + calcite
Pátina Cinza volante esférica porosa

176
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.10: Composição do material desagregado observado ao MEV por diferentes autores, em
patologias de monumentos graníticos.

Patologia Composição Autor/Data

Begonha 2001, 2009, 2011;


Halite, gesso e calcite
Machado, 2006

Halite, gesso, calcite, singenite,


glauberite, nitratite, cinzas Moutinho da Silva, 2005
Desagregação granular volantes esféricas porosas

Gesso Oliveira, 2008

Halite, gesso e nitratite Cardoso 2008; Leite, 2008

Gesso Magalhães, 2000

Halite e gesso Begonha, 2001, 2009

Thenardite Begonha, 2001


Placas
Halite, gesso e singenite Moutinho da Silva, 2005

Halite, gesso e nitratite Cardoso, 2008

Gesso e calcite Begonha, 2011

Gesso, cinzas volantes


Begonha, 2001; Oliveira 2008;
esféricas porosas e partículas
Oliveira et al., 2009
de ferro
Filmes negros
Cinzas volantes esféricas lisas Almeida, 2009

Gesso Begonha, 2011

Begonha 2001; Aires-Barros,


Gesso e cinzas volantes 2001; Esbert et al., 2001;
esféricas porosas e esféricas Begonha e Almeida, 2003;
lisas Moutinho da Silva, 2005; Oliveira
2008; Almeida, 2009
Crostas negras
Aires-Barros & Dionísio, 2002;
Gesso
Leite, 2008; Begonha, 2009, 2011

Gesso e cinzas volantes Baptista-Neto et al., 2007;


esféricas porosas Schiavon, 2007; Slezakova, 2011

177
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

O estudo mineralógico de pedras afetadas por desagregação granular mostrou sobretudo a


presença de dois tipos de sais: sulfatos e cloretos, que cristalizam sob a forma de gesso e
halite, respetivamente. A halite prevaleceu em pedras com danos mais gravosos, localizadas a
alturas entre os 0,85 e os 1,80 metros, como os pilares do portal norte e a soleira da porta sul
do altar-mor, o que atesta a sua maior pressão de cristalização. A presença deste sal
provavelmente influenciou a solubilidade do sulfato de cálcio, uma vez que este pode ser
observado em amostras colhidas acima dos 1,5 metros. A prevalência do cloreto de sódio em
pedras afetadas por desagregação granular já tinha sido apurada na análise química dos
extratos aquosos obtidos a partir dos emplastros.

Face a estes resultados é possível constatar que o modelo de zonamento em altura proposto
por Arnold e Zehnder (1987) não se verifica. A ausência deste zonamento foi igualmente
registada nos estudos de Begonha (2001), Moutinho da Silva (2005), Cardoso (2008) e Leite
(2008).

Na amostra Pó La25, colhida numa pedra afetada por desagregação granular fraca (homóloga
às amostras Pó La9 e Pó La23), não foi registada a presença de qualquer tipo de mineral de sal
solúvel.

No que diz respeito às amostras de placas, o gesso foi o mineral de sal solúvel observado, tal
como tinha sido referido no ponto 7.3.1, o que certifica a sua responsabilidade na formação
desta patologia. Foi ainda registada a presença de um fosfato de alumínio e cálcio, cuja
composição química exata não foi possível determinar (figura 7.41).

Fig. 7.41: a) Minerais de sais solúveis de fosfato de alumínio e cálcio (F); b) Espectro de F.

178
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Quanto às pedras afetadas por crostas, registou-se a presença de gesso e de cinzas volantes
esféricas de superfície lisa, ricas em silício e alumínio, com quantidades variáveis de Ca, K e
Mg (figura 7.42). O gesso também foi identificado nesta patologia por Aires-Barros (2001),
Begonha (2001; 2009; 2011), Esbert et al. (2001), Aires-Barros e Dionísio (2002), Begonha e
Almeida (2003), Prikryl et al. (2004), Baptista-Neto et al. (2006), Oliveira (2008), Almeida (2009),
Slezakova et al. (2011) e Sykorová et al. (2011), o que reforça a possível origem deste sal na
poluição atmosférica.

a) b)

d)

c)

Fig. 7.42: a, b e c) Cinzas volantes esféricas de superfície lisa, ricas em silício e alumínio, com
quantidades variáveis de Ca, K e Mg; d) Espectro das cinzas volantes esféricas de superfície
lisa.

179
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Foi ainda observada calcite em três amostras de crostas – Pó La12, Pó La15 e Pó La22. A
amostra La22 foi recolhida no mesmo local que a amostra Pó La12 (figura 7.1) sendo que a
análise do seu estrato aquoso revelou elevados teores de cálcio, fortalecendo assim a
possibilidade de formação deste mineral. A calcite exibe-se como agregados de cristais
subédricos (figura 7.43a e 7.343b), por vezes com figuras de dissolução (figura 7.42c).

a)

b)

d)

c)

Fig. 7.43: Calcite: a) agregados pulverulentos de cristais anédricos; b) agregados de cristais


subeuédricos na superfície do quartzo; c) calcite com figuras de dissolução; e d) espectro da
calcite.

A amostra Pó La2, colhida num filme negro, e a amostra Pó La3, colhida numa pedra afetada
por alteração cromática e fissuras, também continham gesso. Foram observadas cinzas
volantes esféricas porosas, ricas em carbono e enxofre, na amostra Pó La13, obtida a partir de
uma pátina do portal norte (figura 7.44). Magalhães (2000) também registou a presença de
cinzas volantes esféricas, lisas e porosas, em pátinas biológicas do Edifício do Largo do Paço.

180
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

Fig. 7.44: a) Cinza volante esférica porosa, rica em carbono e enxofre; b) Espectro da cinza
volante esférica porosa.

O gesso surge sob a forma de cristais isolados (figura 7.45a e 7.45b), de cristais agregados
subeuédricos a anédricos (figura 7.45c e 7.45d), de cristais lamelares (figura 7.45e e 7.45f), de
cristais tabulares em forma de ponta de lança (figura 7.45a e 7.45b), de cristais mais ou menos
isométricos (figura 7.46c e 7.46d) e no seio de folhas de moscovite (figura 7.46e).

A halite aparece sob a forma de cristais cúbicos perfeitos (figura 7.47a), ou com bordos
arredondados (figura 7.47b e 7.47c), de agregados de cristais com figuras de dissolução (figura
7.46d, 7.46e e 7.46f), e sob a forma de cristais subeuédricos (figura 7.48a). A ocorrência em
minerais de hábitos cristalinos distintos dos hábitos cristalinos atribuídos a esses minerais pela
cristalografia clássica, resulta da sua transformação ao longo do processo de envelhecimento
(Arnold & Zehnder, 1987).

A observação do material desagregado possibilitou o registro fotográfico de alguns aspetos de


alteração em minerais primários, nomeadamente nos feldspatos (figura 7.49) e nas micas
(figura 7.50), bem como da existência de minerais secundários como a caulinite (figura 7.51). A
presença de minerais de sais solúveis na fissuração de minerais constituintes da rocha
evidencia a sua responsabilidade no afastamento e fissuração dos folhetos da biotite e da
moscovite. Este fenómeno também foi observado por García-Talegón et al. (1999), Magalhães
(2000) e Begonha (2009, 2011). A destacar ainda a presença de apatite fissurada (figura 7.52),
que é um dos minerais acessórios do granito de Várzea de Abrunhais e dos granitos
moscovíticos.

181
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 7.45: Gesso: a e b) cristais isolados; c e d) agregados de cristais subeuédricos a


anédricos; e e f) cristais lamelares.

182
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

f)

e)

Fig. 7.46: Gesso: a e b) cristais tabulares em forma de ponta de lança; c e d) cristais lamelares
de bordos arredondados, com hábito pseudohexagonal, no seio de folhas de moscovite; e)
cristais mais ou menos isométricos; f) espectro do gesso.

183
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

b)

a)

c)

d)

e) f)

Fig. 7.47: Halite: a) cristal cúbico perfeito; b e c) cristal cúbico com os bordos
arredondados; d, e e f) agregados de halite com figuras de dissolução.

184
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

b)

a)

Fig. 7.48: a) cristais subeuédricos de halite (H); b) espectro da halite.

b)

a)

c) d)

Fig. 7.49: a) Figuras de dissolução na albite; b) fissuras preenchidas por óxidos no feldspato
potássico; c) espectro da albite; d) espectro do feldspato potássico.

185
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c)

d)

Fig. 7.50: Folhetos esfoliados de micas preenchidos por minerais de sais solúveis e
vestígios biológicos (a, b, c e d).

a) b)

Fig. 7.51: a) Caulinite observada na amostra Pó La5; b) espectro da caulinite.

186
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

b)

a)

Fig. 7.52: a) Apatite fissurada, observada numa amostra de desagregação granular forte de
granito de Várzea de Abrunhais; b) espectro da apatite.

Para além da observação de minerais e sais, foram obtidas imagens de vestígios biológicos na
maioria das amostras, distinguindo-se a presença de bactérias, algas, fungos, pólen (figura
7.53) e microfauna (figura 7.54). Estes agentes biológicos foram observados em todas as
patologias em estudo e cobrem, frequentemente, total ou parcialmente os minerais constituintes
dos granitos e os minerais de sais solúveis. Imagens de vestígios biológicos também foram
obtidas por MEV por Magalhães (2000), Moutinho da Silva (2005), Cardoso (2008), Leite (2008)
e Begonha (2009).

187
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 7.53: Vestígios biológicos: a) e b) Bactérias; c) Diatomácea; d) Hifas de fungos; e)


esporo de fungo; f) pólen.

188
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 7.54: Vestígios biológicos: a, b, c, d, e e f) Microfauna.

189
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

7.4 Dureza de Schmidt

O martelo de Schmidt é uma das ferramentas não-destrutivas, portáteis, mais usadas em testes
para atestar a resistência de rochas. Estes testes podem ser executados em laboratório ou no
campo, implicam custos pouco significativos, sendo bastante fácil o manuseamento do aparelho
(Yilmaz & Sendir, 2002; Basu & Aydin, 2004; Torabi et al., 2010; Siedel et al., 2011).

Esta técnica tem um alcance de aplicações muito variado, podendo ser dirigida para determinar
a força compressiva uniaxial (Katz et al., 2000; Yilmaz & Sendir, 2002; Kiliç & Teymen, 2008;
Ozkan & Bilim, 2008; Gupta, 2009; Yagiz, 2009; Torabi et al., 2010), para calcular o Módulo de
Young (Katz et al., 2000; Yilmaz & Sendir, 2002; Gupta, 2009; Yagiz, 2009), para estimar a
alteração do material pétreo (Ericson, 2004; Aydin & Basu, 2005; Vasconcelos, 2005; Kiliç,
2006), para inferir relativamente ao número e densidade de fissuras e/ou descontinuidades
(Kahraman, 2001), ou para prever a abrasividade de uma rocha (Yasar & Erdogan, 2004;
Shalabi et al., 2007; Kiliç & Teymen, 2008), etc.

Na análise dos resultados é importante considerar, para além do tipo de rocha, o tamanho do
grão, a densidade e a porosidade (Yasar & Ergodan, 2004; Vasconcelos, 2005; Shalabi et al.,
2007). Rochas de grão mais fino evidenciam uma dispersão de valores de dureza de Schmidt
(R) mais baixa (Aydin & Basu, 2005). Quanto mais densa for a rocha maior será a dureza de
Schmidt (Katz et al., 2000; Gupta, 2009; Yagiz, 2009), apresentando por isso esta variável uma
relação direta com a velocidade das ondas P (Vasconcelos, 2005; Gupta, 2009; Yagiz, 2009;
Sharma et al., 2011). Por sua vez, a presença de poros diminui a resistência da rocha, logo
uma rocha mais porosa deverá apresentar valores de R mais baixos (Yasar & Ergodan, 2004;
Vasconcelos, 2005; Kilic, 2006). A proximidade a fraturas também diminui os valores da dureza
de Schmidt (Katz et al., 2000) devido à grande dissipação de energia.

Yilmaz e Sendir (2002), Aydin e Basu (2005) e Buyuksagis e Goktan (2007) referem algumas
limitações relativas a este procedimento, nomeadamente o tamanho dos provetes/pedras, as
irregularidades da superfície do material, o seu teor de humidade, o espaçamento entre
medições, a direção do impacto e o tipo de martelo utilizado. Quanto ao estado de alteração do

190
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

material pétreo analisado, Siedel et al. (2011) apontam que esta ferramenta também não
fornece dados acerca da profundidade e do perfil da meteorização.

Para o presente estudo foram realizadas 25 determinações no edifício da Sé de Lamego, em 24


silhares distintos (tabela 7.55), usando um esclerómetro mecânico da marca TECNOTEST, tipo
AT-241/E, com energia de impacto de 0,225 kg (figura 7.54) Os detalhes sobre o funcionamento
do martelo de Schmidt podem ser encontrados em Basu e Aydin (2004).

Fig. 7.55: Medição da dureza de


Schmidt no silhar MS5.

Em cada pedra obtiveram-se 20 medições. O cálculo da dureza de Schmidt (R) teve por base
as recomendações da Norma ISRM (1981). Segundo esta norma, devem ser desconsideradas
as 10 medições com valores mais baixos, calculando-se de seguida a média e o desvio padrão
dos restantes 10 valores. Nem todos os autores utilizam as recomendações da Norma ISRM
(1981) para minimizar a dispersão das medições obtidas. Aydin (2009), por exemplo, sugere
que nenhuma medição seja suprimida, uma vez que as diferenças encontradas refletem a
heterogeneidade do material. Gupta (2009) realizou 50 medições, tendo eliminado os 10
valores mais elevados e os 10 valores mais baixos, e Torabi et al. (2010) descartaram no seu
estudo apenas 5 medições, reforçando que os valores mais baixos podem dever-se às
propriedades do material e não a erros de impacto do esclerómetro.

Na figura 7.56 encontram-se os valores médios de R por litologia, considerando-se o total de


medições e apenas os 10 valores mais altos. Pode verificar-se que as diferenças encontradas
são pouco significativas. Nesta representação não foram consideradas as patologias presentes
nos silhares.

191
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Tab. 7.11: Valor médio e desvio padrão da dureza de Schmidt (R) calculados a partir das 10 medições
de valor mais elevado obtidos em cada um dos 24 silhares.
Cota acima do
Medição Local/Orientação Litologia Patologias R
pavimento (m)

MS1 Torre/Fachada S 1,10 GM Alteração cromática 38,4 ± 6,0

MS2 Torre/Fachada S 1,10 GL Alteração cromática 48,7 ± 3,6

MS3 Torre/Fachada W 1,30 GL Colonização biológica 51,6 ± 2,1

MS4 Torre/Fachada W 1,30 GL Colonização biológica 52,4 ± 1,8

MS5 Fachada W/Portal S 1,90 GV Placa 40,4 ± 2,5

MS6 Fachada W/Portal S 1,70 GV Crosta 47,8 ± 2,3

MS7 Fachada W/Portal S 1,70 GV Desagregação granular média 42,6 ± 2,5

MS8 Fachada W/Portal N 1,50 GV Desagregação granular forte 36,0 ± 2,6

MS9 Fachada W/Portal N 1,00 GV Pátina 45,6 ± 1,5

MS10 Fachada W/Portal N 1,70 GV Pátina 42,1 ± 1,9

MS11 Fachada W 1,20 ---- Filme 35,7 ± 3,5

MS12 Fachada W 0,80 GV Crosta 37,5 ± 2,0

MS13 Fachada W 1,20 GVA’ Alteração cromática 47,7 ± 2,0

MS14 Fachada W 1,20 GVA Alteração cromática 32,1 ± 1,1

MS15 Fachada W 0,5 --- Colonização biológica 36,5 ± 1,0

MS16 Fachada W GVA Pátina 32,3 ± 1,9

MS17 Claustro/Fachada N 1,00 --- Filme e alteração cromática 43,7 ± 3,2

Filme negro e alteração


MS18 Claustro/Fachada W 1,00 GM’ 30,9 ± 2,8
cromática

MS19 Claustro/Fachada S 1,00 GM’ Desagregação granular forte 26,2 ± 2,8

MS20 Claustro/Fachada N 0,90 --- Crosta 28,0 ± 0,9

MS20 Claustro/Fachada N 0,90 --- Pátina 23,7 ± 1,1

MS21 Altar/Porta S 0,85 GVA’ Desagregação granular forte 31,3 ± 2,2

MS22 Altar/Porta S 1,50 GVA’ Desagregação granular forte 34,5 ± 1,9

MS23 Altar/Porta N 0,85 GVA’ Desagregação granular fraca 33,7 ± 1,2

MS24 Altar/Porta N 1,50 GVA’ Desagregação granular fraca 31,2 ± 2,4

192
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

60

50
Dureza de Schmidt (R)

40

30

20

10

0
GL GVA GVA' GV GM GM'
Litologias

Média do total de medições Média das 10 medições mais elevadas

Fig. 7.56: Gráfico da dureza de Schmidt (R) dos granitos estudados, considerando a
média do total das medições e apenas a média das 10 medições mais elevadas.

O valor de R varia entre 23,7 e 52, 4 (tabela 7.11). O granito de Lamego (silhar MS4) registou a
dureza de Schmidt mais elevada, por sua vez o valor mais baixo de R foi obtido no silhar MS20,
localizado na fachada N dos claustros. Estes valores são da mesma ordem de grandeza dos
alcançados por outros autores em granitos, designadamente por: Sousa (2000), Ericson (2004),
Aydin e Basu (2005), Buyuksagis e Goktan (2007) e Gupta (2009).

No granito de Várzea de Abrunhais encontram-se diferenças entre as pedras de grão mais


grosseiro (GVA) e as pedras de grão mais fino (GVA’), tendo sido obtidos maiores valores de R
nestas últimas. Estes resultados repetiram-se no granito das Meadas, cujos silhares de grão
mais grosseiro (GM’) registaram valores de dureza de Schmidt inferiores.

O estado de alteração de uma rocha também conduz à diminuição dos valores de R (Sousa,
2000; Hall et al., 2005; Vasconcelos, 2005), sendo que a dispersão destes tende a ser maior
quanto maior for o estado de meteorização da pedra, sobretudo nas litologias de grão grosseiro
(Aydin & Basu, 2005). O granito de Lamego pesa embora ser a rocha de grão mais grosseiro, é

193
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

também a mais densa e menos porosa, apresentando-se apenas ligeiramente meteorizada,


como tal manifestou os valores mais elevados de R (figura 7.57).

2720
2700
2680
2660
Densidade (kg/m3)

2640
2620
2600
2580
2560
2540
2520
0 10 20 30 40 50 60
Dureza de Schmidt (R)

GL GVA GV GM

Fig. 7.57: Gráfico da relação entre a dureza de Schmidt (R) e a densidade dos
granitos estudados.

Na figura 7.57 é possível verificar ainda que o granito de Valdigem, apesar de ser a rocha que
alcançou nos ensaios petrofísicos o maior valor de porosidade, e o menor valor de densidade,
apresenta valores de R superiores aos obtidos para o granito de Várzea de Abrunhais e das
Meadas. Esta aparente contradição reflete os diferentes graus de meteorização dos silhares
alvo de medição. O impacto do martelo na superfície influencia diretamente a dureza de
Schmidt, por isso quanto mais dura for a superfície maiores serão os valores de R (Aydin,
2009).

Assim, considerando as patologias presentes, os valores de R obtidos em pedras de granito de


Valdigem variaram da seguinte forma:

Desagregação granular forte < Placa < Crosta < Desagregação granular média < Pátina

194
VII – CARACTERIZAÇÃO DAS PATOLOGIAS PRESENTES NA SÉ DE LAMEGO

Os resultados obtidos nas duas determinações realizadas no silhar MS20 comprovam que é
importante que o grau de alteração das amostras seja uniforme, pois diferenças neste
parâmetro irão influenciar o espectro das medições (Aydin, 2009).

195
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

VIII. IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE

LAMEGO

8.1 Introdução

Em todas as regiões climáticas do mundo existem rochas colonizadas por fungos. Em climas
moderados a húmidos as comunidades fúngicas são dominadas pelos géneros Alternaria,
Cladosporium, Epicoccum, Aureobasidium e Phoma. Em ambientes áridos a semiáridos
dominam as leveduras escuras e fungos microclonais, entre os quais, os fungos negros dos
géneros Hortaea, Sarcinocomyces, Coniosporium, Capnobotryella, Exophiala e Trimmatostroma,
que ocorrem geralmente associados a líquenes (Sterflinger, 2010).

De entre as espécies isoladas em estudos de biodeterioração da pedra em monumentos,


destacam-se os géneros Alternaria, Aspergillus, Aureobasidium, Cladosporium, Exophiala,
Penicillium, Phoma e Ulocladium (Warscheid & Braams, 2000; Gaad, 2007). Sterflinger (2010)
destaca alguns monumentos famosos colonizados por fungos, como a Acrópole de Atenas e o
antigo Templo de Delos.

Os fungos epilípticos desenvolvem-se à superfície das rochas e os fungos endolíticos vivem no


interior de poros e fissuras e têm um papel muito importante no decaimento em monumentos
(Sterflinger, 2010). Estes organismos surgem em zonas húmidas, sombrias (como por exemplo a
primeira e segunda fiada de pedras acima do solo) e/ou em juntas abertas onde a escorrência e
a permanência de humidade são maiores (Magalhães, 2000; Cardoso, 2008; Leite, 2008). A sua
proliferação está associada a excrementos de pombos, a fertilizantes usados na agricultura e à
presença de argamassas (Lisci et al., 2002).

A diversidade de fungos nas zonas urbanas é superior à encontrada nas zonas rurais (Sterflinger
& Prinllinger, 2001). Num estudo levado a cabo na cidade do México, Páramo-Aguilera et al.

197
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

(2012) atestaram que a atmosfera poluente era requisito fundamental para a sobrevivência das
espécies fúngicas presentes na superfície das pedras.

Apesar da colonização fúngica de alvenarias ser amplamente reconhecida e o seu contributo na


alteração do material pétreo atestado, a composição das comunidades fúngicas tem sido
caracterizada de forma muito simplificada (Hallmann et al., 2011). Para identificar e discriminar
microrganismos podem utilizar-se métodos fenotípicos, que consideram os caracteres
morfológicos, fisiológicos e bioquímicos, e genotípicos, que utilizam ferramentas moleculares
baseadas na análise total, ou de segmentos, do genoma.

O uso de técnicas moleculares permite o conhecimento aprofundado da estrutura das


comunidades que habitam o material de construção, sua biodiversidade e consequências da sua
colonização (Sterflinger, 2010). De entre as técnicas moleculares que têm maior relevância nos
últimos anos destaca-se a técnica PCR (Polymerase Chain Reaction) que possibilita a
identificação de organismos, como bactérias (Suihko et al., 2007; Portillo et al., 2008; Portillo et
al., 2009) e fungos (Saad et al., 2004; Martin & Rygiewicz, 2005; Suihko et al., 2007; Hallman et
al., 2011a, 2011b; Páramo-Aguilera, 2012), bem como o estabelecimento de relações
filogenéticas (Felice et al., 2010), mapeamento genético, estudos de variabilidade, etc.

A análise do genoma total pode ser levada a cabo através da aplicação de metodologias de
hibridação de ácidos nucleicos, da técnica RFLP (Restriction Fragment Lenght Polymorphisms) -
por digestão do DNA com endonucleases de restrição de corte frequente com 4-6 pares de base,
e de PCR fingerprinting, que se baseia na amplificação de diferentes regiões do genoma por
PCR (Liew et al., 1998).

Na análise de segmentos do genoma apenas se efetua a sequenciação de regiões específicas


que permitem a identificação das espécies e/ou análises de filogenia. Nos procariontes estuda-se
a região 16S rDNA e nos fungos a região ITS (Internal Transcribed Spacer) tem sido considerada
a região “barcode”, ou seja, a região que é reconhecida para a identificação por análise
molecular (Seifert, 2009). A região ITS é muito conservada na espécie mas variável entre
espécies, que é uma vantagem para discriminar espécies de fungos intimamente relacionadas.
Para além disso, é uma região facilmente amplificada, por existir em múltiplas cópias, pelo que
existe já um grande conhecimento desta região o que facilita o seu uso na identificação.
Atualmente existem cerca de 172 000 regiões ITS de fungos depositadas no GenBank (Schoch
et al., 2012).

198
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

8.2 Metodologia

As amostras de rocha colonizadas por líquenes, para o isolamento de fungos foram colhidas em
duas fases de amostragem: a 22 de Junho de 2011 e a 15 de Janeiro de 2012, por raspagem
direta e pontual, utilizando-se espátulas esterilizadas. O material amostrado foi colocado
individualmente em caixas de Petri também esterilizadas, que foram imediatamente isoladas com
parafilme. Em todas as amostras foram feitas duas recolhas, uma da camada imediatamente
inferior nas zonas de ocorrência de líquenes, após raspagem da camada superior, e outra da
camada seguinte no material pétreo. A raspagem da superfície de material pétreo sob os
líquenes teve como objetivo garantir a amostragem de espécies fúngicas colonizadoras da
pedra, evitando assim a recolha de microrganismos contaminantes.

No total foram recolhidas 27 amostras, em 22 silhares, 13 das quais no Verão de 2011, e 14 das
quais no Inverno de 2011/2012 (figuras 8.1, 8.2 e 8.3). Os silhares alvo encontram-se
distribuídos por várias alvenarias, desde a fachada principal aos claustros, a cotas entre os 0,5 e
os 1,5 metros. Dado serem áreas do edifício intensamente colonizadas, não foi possível
estabelecer uma correlação entre a espécie liquénica amostrada e o tipo de substrato pétreo.

Após amostragem, procedeu-se ao isolamento das espécies fúngicas, no Laboratório de


Micologia e Microbiologia do Solo do Departamento de Agronomia da UTAD, em meio de cultura
DRBA (Dichloran Rose Bengal Cloramphenicol Agar). Sempre que necessário, devido ao
aparecimento de contaminações, as amostras foram repicadas para novo meio de cultura. A
obtenção dos isolamentos demorou, em média, duas semanas, à temperatura ambiente. Após a
obtenção das culturas puras os isolamentos foram mantidos em meio PDA (Potato Dextrose
Agar).

A grande maioria das bactérias (≈99 %) apresenta dificuldades em crescer em meio de cultura,
sendo muito difícil o seu isolamento, no entanto, estima-se que cerca de 70 % das espécies
fúngicas amostradas possam ser recuperadas em meio de cultura, o que torna os métodos
clássicos de cultivo extremamente úteis (Sterflinger, 2010). De salvaguardar que nem sempre foi
possível isolar os fungos associados a todas as espécies liquénicas, como o caso do
representado na figura 8.3h.

199
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

a) b)

d)

c)

e)

f) g)

h) i)

Fig. 8.1: Espécies de líquenes amostradas a 22 de Junho de


2011: a, b, c, e d) na fachada oeste; e, f e g) na fachada norte;
h) nos claustros; e i) na fachada sul (torre).

200
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 8.2: Espécies de líquenes amostradas a 15 de Janeiro de


2012 na fachada oeste.

201
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

g) h)

Fig. 8.3: Espécies de líquenes amostradas a 15 de Janeiro de


2012: a, b, c, d, e e) na fachada norte; f e g) nos claustros; h)
na fachada sul (torre).

202
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

A identificação molecular das espécies fúngicas presentes na Sé de Lamego implicou a


realização de 7 procedimentos experimentais:

1. A extração de DNA das espécies fúngicas baseou-se num protocolo adaptado de Gardes
et al. (1991) e envolveu as seguintes etapas:

- Crescimento dos fungos em meio de cultura PDA contendo à superfície uma membrana
de celofane esterilizada;

- Raspagem do micélio com bisturi esterilizado para um tubo eppendorf, ao qual foi
adicionado 600 μL de tampão CTAB 2X (Anexo A) pré-aquecido a 65 ºC;

- Incubação, com banho de água a 65 ºC, durante duas horas, após maceração com uma
vareta de vidro esterilizada;

- Centrifugação a 13 000 rpm durante 5 minutos à temperatura ambiente, seguida de


transferência do sobrenadante para um novo tubo;

- Precipitação do DNA após adição de 750 μL de isopropanol gelado (-20 ºC) e colocado a
20 ºC durante pelo menos 3 horas ou durante a noite;

- Centrifugação a 13 000 rpm, a 4 ºC, durante 30 minutos;

- Eliminação do sobrenadante e lavagem do pellet com 200 μL de etanol (70 %) gelado;

- Centrifugação da mistura a 7 000 rpm durante, 5 minutos, a 4 ºC, e eliminação do


sobrenadante;

- Secagem do precipitado e posterior diluição do DNA em 50 – 100 µL de água Milli-Q;

2. Após este procedimento realizou-se a primeira eletroforese que permitiu a avaliação da


qualidade do DNA. A eletroforese em gel de agarose a 1,5% (ρ/v) foi efetuada segundo as
condições descritas no ponto 4.

3. A amplificação da região ITS fez-se com os primers universais ITS1 (5’- TCC GTA GGT
GAA CCT GCG G-3’) e ITS4 (5’- TCC TCC GCT TAT TGA TAT GC- 3’) (White et al., 1990). A
cada volume final de 25 μL por reação, adicionou-se 12,5 μL da solução do kit de amplificação

203
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

Accuprime Supermix II (Invitrogen), 1 μL de cada primer a 10 μM, e 10,5 μL de DNA genómico


a 100 ng/μL. Na tabela 8.1 referem-se as etapas da reação de amplificação.

Os produtos de amplificação foram imediatamente analisados ou conservados a 4 ºC.

Tab. 8.1: Etapas da reação de amplificação da região ITS.

Etapas Temperatura (ºC) Duração Ciclos

Desnaturação inicial 95 2 min

Desnaturação 94 1 min

Hibridação dos primers 50 45 s 30

Extensão 72 2 min

Extensão final 72 10 min

4. Os produtos resultantes da amplificação do DNA foram analisados por eletroforese


horizontal em géis de agarose de 2 % (ρ/v) em 100 ml de TBE (0,5 x), com 3 µL brometo de
etídeo incorporado (10 mg/ml). A cada amostra, foi retirado 5 µL do produto da reação de
PCR e adicionado 5 µL de tampão de deposição. A eletroforese decorreu a 90V durante 1
hora. Em todas as corridas eletroforéticas, o marcador de peso molecular (100 bp Ladder,
Invitrogen) foi aplicado nas extremidades do gel. As composições das soluções utilizadas
encontram-se descritas no Anexo A.

5. Quanto à purificação dos produtos de PCR para sequenciação dos mesmos, foi efetuada
com o Kit NucleoSpin® Extract II (Macherey-Nagel), segundo o protocolo do fabricante.

6. Os produtos de PCR purificados foram sequenciados nos dois sentidos, com os primers
ITS1 e ITS4, na Macrogen Europe (Holanda). À obtenção das sequências nucleotídicas para
esta região, seguiu-se o processamento das sequências.

7. As sequências foram editadas no software Bioedit 7.1.7 (Hall, 1999) e alinhadas no


ClustalW 2.0 (Larkin et al., 2007). A homologia das sequências foi estimada com o algoritmo
BLASTN 2.2.27 por comparação com sequências tipo depositadas no Genbank (Benson et al.,

204
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

2004). A árvore filogenética foi determinada segundo o método de Máxima Verossimilhança


(MV) (= Maximum Likelihood, ML) baseado no modelo de Tamura e Nei (1993). A análise
envolveu 48 sequências nucleotídicas, com um total de 549 posições na matriz de dados. O
software Mega versão 5.05 (Tamura et al., 2011) foi utilizado para gerar e editar a árvore
filogenética obtida, com 200 réplicas de bootstrap.

8.3 Resultados e discussão

A grande maioria dos fungos isolados foi amplificada por PCR com sucesso. Na figura 8.4
apresenta-se um dos géis obtidos no presente estudo. O tamanho da região ITS de todos os
fungos analisados variou de 500 a 700 pares de bases.

600 pb -

Fig. 8.4: Amplificação da região ITS nos diferentes


isolamentos de fungos através dos primers ITS1 e
ITS4 e electroforese em gel de agarose a 1,5 %,
com os marcadores 100 bp Ladder, (Invitrogen) nas
extremidades do gel.

A análise das sequências nucleotídicas sequenciadas permitiram a identificação de 15 espécies


de fungos distintas (figura 8.5; tabela 8.2), 7 das quais referentes à amostragem de 22 de Junho
de 20011, e 10 obtidas a partir dos líquenes amostrados a 15 de Janeiro de 2012.

205
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

O9 ITS1
V9 ITS1
45 O15 ITS1
V15 ITS1
V20 ITS1
99 V19 ITS1
O2 ITS1
EU552164.1| Sphaeriothyrium filicinum CBS 123028
AJ279448.1| Epicoccum nigrum CBS 318.83
81
O23 ITS1
65 O7 ITS1
O19 ITS1
O16 ITS1
O24 ITS1
100 99
O14 ITS1
O17 ITS1
O25 ITS1
JF810528.1| Phoma herbarum CBS 567.63
97
AY293804.1| Didymella cucurbitacearum IMI 373225
O13 ITS1
92
O26 ITS1
41
100 99 O29 ITS1
O30 ITS1
100 V21 ITS1
EF452450.1| Pleospora herbarum var. herbarum CBS714.68
100 V2 ITS1
98 DQ323697.1| Lewia infectoria EGS27-193
V3 ITS1
65 O22 ITS1
V6 ITS1
100 V7 ITS1
V8 ITS1
AY751455.1| Alternaria tenuissima EGS34-015
100 O21 ITS1
89 AY128700.1| Pseudotaeniolina globosa CBS 109889
V1 ITS1
61 91 O3 ITS1
100 O12 ITS1
O5 ITS1
99 O6 ITS1
91
AB586985.1| Fusarium larvarum CBS 638.76
100 V16 ITS1
O11 ITS1
95
100 EU214565.1| Gibberella pulicaris NBAIM 455
V18 ITS1
HQ026740.1| Emericella nidulans ATCC 38163
100 EF652434.1| Emericella rugulosa NRRL 206
V5 ITS1

0.05

Fig. 8.5: Análise filogenética pelo método da Máxima Verossimilhança com um bootstrap de 200
replicações.

206
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

Tab. 8.2: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego.


Homologia
Data de amostragem Amostra Isolamento mais próximo no GenBank
(%)
V3 (fig. 8.6a);
V6 (fig. 8.6b); Alternaria tenuissima (AY751455.1) 100
V8 (fig. 8.6c)
V7 Alternaria tenuissima (AY751455.1) 99
V1 Cladosporium uredinicola (JX406570.1) 100
V5 (fig. 8.6d);
22 de Junho de 2011 Emericella nidulans (HQ026740.1) 100
V18
V9; V15; V19
Epicoccum nigrum (AF455395.1) 100
(fig. 8.6e); V20
V16 Fungo endófito não identificado (FJ449945.1) 99
V2 (fig. 8.6f) Lewia infectoria (GU296022.1) 100
V21 Pleosporales herbarum (GU584954.1) 100
O22 Alternaria tenuissima (AY751455.1) 100
O26 (fig. 8.7a);
Ampelomyces sp. (U82452.1) 99
O29
O2 Epicoccum nigrum (AJ279448.1) 100
O9; O15 Epicoccum nigrum (AF455395.1) 100
O11 Fungo não identificado (HQ414611.1) 100
O6 (fig. 8.7b) Fusarium sp. (EU860076.1) 99
O30 Phoma cladoniicola (JQ238629.1) 100
O7; O19 Phoma herbarum (AY293803.1) 99
15 de Janeiro de 2012
O14; O16;
O17 (fig. 8.7c);
Phoma herbarum (AY293803.1) 100
O23; O24;
O25 (fig. 8.7d)
O13 Pleosporales sp. (JN578637.1) 100
O21 (fig. 8.7e) Pseudotaeniolina globolosa (HQ115663.1) 100
O3 Sordariomycetes sp. (GQ152999.1) 99
O5 (fig. 8.7f) Sordariomycetes sp. (JQ761957.1) 100
O12 Sordariomycetes sp. (JQ759222.1) 100

207
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 8.6: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego no


período de verão: a, b e c) Alternaria tenuissima; d) Emericella
nidulans; e) Epicoccum nigrum; f) Lewia infectoria.

208
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

a) b)

c) d)

e) f)

Fig. 8.7: Espécies fúngicas identificadas na Sé de Lamego no


período de inverno: a) Ampelomyces sp.; b) Fusarium sp.; c e
d) Phoma herbarum; e) Pseudotaeniolina globolosa; f)
Sordariomycetes sp.

209
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

As espécies Alternaria tenuissima e Epicoccum nigrum foram isoladas em ambas as


amostragens. Os géneros Phoma, Epicoccum e Alternaria são os mais comuns. A maioria das
espécies identificadas pertence à divisão Ascomycota, o maior grupo taxonómico de fungos. Na
tabela 8.3 referem-se outros estudos levados a cabo em monumentos construídos em vários
tipos de litologias, e os géneros e espécies fúngicas identificados.

Para além da Sé de Lamego foram também identificadas noutros monumentos graníticos


espécies do género Alternaria (Grbic & Vukojevic, 2009, Oliveira et al., 2009, Grbic et al., 2010) e
Epicoccum (Oliveira et al., 2009). Fungos do género Epicoccum foram também identificados no
Monumento do Herói Desconhecido (Sérvia) por Grbic e Vukojevic (2009) e Grbic et al. (2010).
Também os géneros Alternaria, Epicoccum, Fusarium e Phoma foram identificados através de
métodos moleculares por Páramo et al. (2012), mas em rocha vulcânica.

O número de espécies identificadas no período de inverno foi superior ao identificado na


amostragem de verão. Este facto pode dever-se à dominância de formas dormentes – esporos –
no verão, sendo mais difícil recuperar essas espécies em meio de cultura. No inverno, o regime
hídrico permite que estes microrganismos estejam mais ativos. Gorbushina et al. (2002)
concluíram que a elevada abundância e diversidade de fungos colonizadores de monumentos de
mármore de S. Petersburgo (Rússia) se devia, para além da presença de contaminantes, à
elevada humidade relativa do ar e às moderadas temperaturas de verão.

Algumas espécies conduziram à alteração da cor do meio de cultura devido à libertação de


ácidos orgânicos (por exemplo, nas amostras de Epicoccum nigrum). Muitas das espécies
identificadas são fungos reconhecidos como endófitos ou capazes de colonizar substratos
inorgânicos, como Phoma herbarum (Aveskamp et al., 2008), endolíticos de rochas, como
Pseudotaeniolina globosa (de Leo et al., 2003) ou liquenizados, como Phoma cladoniicola
(Diederich et al., 2007). Segundo Angeles de la Torre et al. (1993), os fungos têm um potencial
ecológico enorme em habitats desfavoráveis como as rochas, devido à excreção de ácidos
orgânicos. Estes provocam a libertação de minerais que funcionam como micronutrientes. A
dissolução de minerais por ataque de ácidos orgânicos varia de acordo com a espécie fúngica, o
tipo de mineral e as condições do meio, sendo que os ácidos mais eficientes são o ácido oxálico
e o ácido cítrico (Gaad, 2007).

210
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

Tab. 8.3: Géneros e espécies fúngicas identificadas por diversos autores em monumentos.

Autor/Data Monumento Substrato pétreo Género/Espécie

Saiz-Jiménez, Catedral de Botriotrichum piluliferum


Calcário
1997* Mechelen (Bélgica) Engyodontium album
Corpo Medieval do
Aspicilia sp.
Magalhães, 2000* Edifício do Largo do Granito
Parmelia sp.
Paço (Braga)
Acremonium furcatum
Acremonium potronii
Suihko et al., 6 monumentos Cladosporium cladosporioides
Arenito
2007** escoceses Phialophora lignícola
Torrubiella confragosa
Trichotecium domesticum

Alternaria sp.
Aspergillus flavus
Aspergillus nidulans
Cladosporium cladosporioides
Monumento do Herói
Grbic & Vukojevic, Cladosporium sphaerospermum
Desconhecido Granito
2009* Cunninghamela echinulata
(Sérvia)
Drechlera dematoidea
Epicoccum purpurascens
Mucor sp.
Mycelia sterilia

Alternaria sp.
Aspergillus sp.
Cladosporium sp.
Igreja dos Terceiros
Oliveira et al., Epicoccum sp.
da Ordem de S. Granito
2009* Paecilomyces sp.
Francisco (Porto)
Penicillium sp.
Pithomyces sp.
Trichoderma sp.

Aspergillus terreus
Palazzo De Cladosporium sphaerospermum
Felice et al., 2010** Tufo vulcânico
Francesco (Itália) Penicillium brevicompactum
Penecillium purpurogenum

Alternaria sp.
Aspergillus flavus
Aspergillus versicolor
Cladosporium cladosporioides
Monumento do Herói
Cladosporium sphaerospermum
Grbic et al., 2010* Desconhecido Granito
Cunninghamela echinulata
(Sérvia)
Epicoccum purpurascens
Fusarium sp.
Mucor sp.
Mycelia sterilia
* Identificação através de métodos fenotípicos; ** identificação através de métodos moleculares

211
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

Tab. 8.3: Géneros e espécies fúngicas identificadas por diversos autores em monumentos.

Autor/Data Monumento Substrato pétreo Género/Espécie

Caloplaca decipiens
Castelo Medieval de Capnobotryella sp.
Hallmann et al.,
Burg Gleichen Várias litologias Cladosporium cladosporioides
2011a**
(Alemanha) Phaeococcomyces chersonesos
Sarcinomyces petrícola
Batcheloromyces sp.
Monumento
Hallmann et al., Sarcinomyces sp.
Gegendenkmal Mármore
2011b** Teratosphaeria sp.
(Alemanha)
Thelocarpon sp.

Aspergillus flavus
Aspergillus nidulans
Aspergillus terreus
Aspergillus niger
Aspergillus fumigatus
Bipolaris sp.
Beauvera sp.
Chaetomium sp.
Cladosporium sp.
Curvularia sp.
Pandey et al., Cochliobollus sp.
Gwalior Fort (Índia) Arenito
2011* Conidiobollus sp.
Chrysosporium sp.
Drechslera sp.
Exserohilum sp.
Fusarium sp.
Penicillium sp.
Scopulariopsis sp.
Sepedonium sp.
Torula sp.
Trichothecium sp.
Ulocladium sp.
Alternaria sp.
Aspergillus sp.
Cladosporium sp.
Castelo de Epicoccum sp.
Páramo et al., Chapultepec Rocha de origem Fusarium sp.
2012** (México) vulcânica Mucor sp.
Penicillium sp.
Pestalotiopsis sp.
Phoma sp.
Trichoderma sp.
* Identificação através de métodos fenotípicos; ** identificação através de métodos moleculares

212
VIII – IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES FÚNGICAS COLONIZADORAS DA SÉ DE LAMEGO

Mais se acrescenta, que Krumbein (2003) expõe um estudo realizado no Mosteiro de Saint
Trophime (França) onde surgiram, 3 meses após limpeza, pátinas devido à presença de colónias
de fungos. O autor incubou fungos em mármores e reproduziu, após 3 meses, pátinas laranja-
acastanhadas semelhantes às observadas em monumentos. Hallmann et al. (2011a) associaram
também o crescimento de fungos à formação de pátinas negras em rochas sedimentares

A maioria dos fungos identificados são fungos negros. Este tipo de fungos consegue penetrar em
profundidade no granito, formando lesões que podem chegar aos 2 cm de diâmetro, designadas
por “biopitting”. Devido à forte melanização das suas hifas, são microrganismos muito resistentes
aos tratamentos com biocidas (Saarela et al., 2004).

Nalgumas espécies a região ITS não apresenta variabilidade suficiente para inequivocamente se
identificar a espécie (Seifert, 2007). Com efeito, em espécies geneticamente muito relacionadas
a região ITS pode não ter a resolução necessária para diferenciar essas espécies (Lieckfeldt &
Seifert, 2000), exigindo estratégias alternativas que se baseiam na amplificação de várias
regiões genómicas independentes (Varga et al., 2007). Por outro lado, a homologia das espécies
isoladas neste estudo com alguns isolamentos desconhecidos, depositados no GenBank, é
justificado pelo facto de se estar a trabalhar em amostras ambientais, dado que um crescente
número de espécies de fungos tem vindo a ser caracterizada por métodos moleculares, sem a
correspondente caracterização morfológica e classificação taxonómica.

O conhecimento da diversidade de espécies que constitui uma comunidade fúngica colonizadora


de um monumento permite estabelecer métodos de controlo ajustados à especificidade de cada
população que a constitui. Sterflinger (2010) considera que é a falta de informação que
atualmente negligencia a ação da colonização por fungos na pedra, em detrimento da ação dos
sais e/ou poluentes atmosféricos. Gaad (2007) reforça, afirmando que é necessário dar atenção
à “Geomicologia”, pois só uma abordagem interdisciplinar do estado conservativo do património
construído poderá conduzir ao completo conhecimento do processo de biodeterioração
provocada por estes microrganismos.

213
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

IX. APLICAÇÃO CIENTÍFICO-DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

9.1 Introdução

A formação contínua pressupõe uma mudança voluntária, quer por parte dos formandos, quer
por parte dos formadores (Santiago et al., 1997), por forma a minimizar o fosso entre o
conhecimento científico e a prática. O conhecimento científico, ou seja, o conhecimento relativo
às temáticas das diferentes especialidades, só se transforma em conhecimento pedagógico
quando é transmitido, aplicado e comunicado através de processos e técnicas (Tavares, 1997).

Num estudo apresentado por Flores et al. (2009), os professores portugueses selecionaram
quatro principais motivações para a formação contínua:

- Motivações políticas, relacionadas com as políticas educativas;

- Motivações pedagógicas, associadas a uma maior eficácia do ensino;

- Motivações práticas, referentes às exigências do próprio ensino;

- Motivações emancipatórias, associadas ao seu próprio desenvolvimento.

A nova organização escolar, as políticas relativas aos currículos, a maior heterogeneidade da


população escolar e a multiplicidade de fontes de informação estão na base das recentes
exigências no desempenho docente, cujo papel tradicional foi significativamente alterado. O
professor hoje tem que ser capaz de organizar as tarefas, num clima rico e seguro, onde seja
possível individualizar as oportunidades de aprendizagem (Campos, 2004).

Os docentes têm intrínseca à sua prática uma tradição transmissiva de factos científicos,
negligenciando a forma como este conhecimento é construído (Galvão et al., 2011). Para que a
informação científica seja abordada com rigor e precisão é necessário otimizar materiais e
técnicas, e reforçar as competências profissionais para melhorar as práticas pedagógicas. Isto só

215
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

será possível levando a cabo um processo dinâmico de planificação-ação-observação-reflexão,


que exige uma autoavaliação sistemática de cada docente, por forma a que estes reformulem,
sempre que possível e necessário, as suas metodologias.

O desenvolvimento profissional só pode ser expandido através de um estudo pessoal, da


observação da prática docente dos pares e do trabalho colaborativo (Campos, 2004). Foi com
base nestes pressupostos que foi desenvolvida a oficina de formação: “Alteração e alterabilidade
das rochas graníticas – um contributo para o ensino da Geologia”, destinada a docentes do
Grupo Disciplinar 520 – Biologia e Geologia. O Centro de Formação de Associação de Escolas
de Arouca, Vale de Cambra e Oliveira de Azeméis (AVCOA) supervisionou o processo de
creditação. A Diretora da Escola Secundária de Arouca manifestou, desde a primeira abordagem
(da iniciativa da autora), interesse neste projeto, valorizando-o, cuidando de todos os processos
burocráticos e administrativos necessários ao seu desenvolvimento, bem como da
disponibilização de recursos necessários à realização das sessões.

9.2 Pertinência da oficina de formação

Nas últimas décadas tem-se vindo a reduzir a presença da Geologia no ensino obrigatório na
maioria dos países ocidentais. Se por um lado esta situação se deve à inclusão de outras
matérias nos currículos (como a genética, a biotecnologia, as energias alternativas, a
sustentabilidade, etc.), por outro a Geologia é ensinada como muito abstrata e sem grande
utilidade para a vida futura do estudante. No sentido de desmistificar esta situação deve-se
construir uma proposta de ensino da Geologia assente em problemas do quotidiano, permitindo
assim trabalhar o conhecimento geológico, ao mesmo tempo que se comprova a sua utilidade
(Pedrinaci, 2009).

É sobre a Geologia que os rodeia que os alunos apresentam expetativas de aprendizagem. É no


contexto formal escolar que se devem fornecer aos cidadãos conceitos, atitudes e valores que
lhes permitam confrontar os saberes envolvidos no seu contexto real (Castro, 2003). A discussão
de problemas atuais e relevantes suscita interesse e participação ativa dos alunos, facilitando o
desenvolvimento de competências necessárias à sua resolução e à tomada de decisões
pessoais e sociais informadas (Galvão et al., 2011).

216
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

Esta oficina de formação, centrada na temática da alteração e alterabilidade das rochas em


monumentos graníticos, pretendia ser um foco de mudança para os formandos, uma vez que
estes apresentavam diferentes competências científicas (domínio dos conteúdos abordados), e
consequentemente, diferentes competências pedagógicas decorrentes destas. A consolidação
da capacitação adquirida na formação inicial permite a diversificação de metodologias, passando
os docentes a ser uma influência positiva na motivação dos alunos para a aprendizagem das
Geociências.

A pertinência desta formação deve-se também à estreita ligação entre os conteúdos abordados e
as várias rubricas programáticas relativas às rochas, sua génese, meteorização e exploração,
que são abordadas em quase todos os anos de escolaridade, quer seja na disciplina de Ciências
Naturais (7º e 8º anos), na disciplina de Biologia e Geologia (10º e 11º anos), ou na disciplina de
Geologia (12º ano) (tabela 9.1). Mais se acrescenta, que a transversalidade desta temática
abrange ainda os currículos de outras disciplinas, como a Biologia, as Ciências Físico-Químicas,
a História e a Língua Portuguesa.

Tab. 9.1: Conteúdos das diferentes disciplinas relativos aos materiais rochosos.
Ano letivo/
Conteúdos
Disciplina
Dinâmica externa da Terra:
7º ano
- Rochas, testemunhos da atividade da Terra.
Ciências Naturais
- Rochas magmáticas, sedimentares e metamórficas: génese e constituição

8º ano Gestão sustentável dos recursos:


Ciências Naturais - Recursos naturais – utilização e consequências.

A Geologia, os geólogos e os seus métodos:


- As rochas, arquivos que relatam a História da Terra:
10º ano
 Rochas sedimentares.
Biologia e Geologia
 Rochas magmáticas e metamórficas.
 Ciclo das rochas.

Geologia, problemas e materiais do quotidiano:


11º ano - Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres.
Biologia e Geologia  Magmatismo.
 Exploração sustentada de recursos geológicos.

A história geológica de uma região:


- Cartografia geológica.
12º ano - Interpretação a partir de uma carta dos principais aspetos geológicos da
Geologia região onde a escola se insere.
O Homem como agente de mudanças ambientais:
- Exploração de minerais e de materiais de construção e ornamentais.

217
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

A oficina de formação iniciou-se a 9 de novembro de 2010 e terminou a 19 de março de 2011.


Foram contactadas todas as escolas do âmbito do AVCOA, no entanto apenas deram abertura à
formação 9 formandos, a saber: Daniela Oliveira; Carminda Santos; Glória Tavares; José Luís
Silva; Márcia Prado; Mónica Candoso; Susana Rodrigues; Vera Noites e Vera Silva. As
formandas Márcia Prado e Susana Rodrigues estiveram presentes apenas nas 3 primeiras
sessões, acabando por se verem forçadas a desistir da frequência da oficina porque foram
colocadas em escolas muito afastadas de Arouca. Essa distância impediu o cumprimento do
cronograma das sessões seguintes.

9.3 Objetivos da oficina de formação

Com esta oficina de formação pretendeu-se que os formandos:

- Reconhecessem a importância da atualização das suas práticas pedagógicas, de forma a


potenciar os conteúdos lecionados;

- Mobilizassem conhecimentos geológicos prévios relativos aos diferentes conteúdos


abordados na ação;

- Aplicassem os conhecimentos adquiridos num contexto educacional através da aquisição de


procedimentos e capacidades científicas;

- Contribuíssem para o ensino das Geociências através da implementação de estratégias


metodológicas inovadoras e diversificadas;

- Planificassem Saídas de Campo (enquadradas no modelo de Orion) contextualizadas nos


conteúdos programáticos das diferentes disciplinas;

- Desenvolvessem materiais didáticos, para alunos e professores, que depois de


aperfeiçoadas e avaliados (de forma reflexiva) pudessem constituir exemplos;

- Realizassem o acompanhamento e monitorização da implementação dos materiais didáticos


produzidos.

218
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

9.4 Conteúdos abordados na oficina de formação

Os conteúdos programáticos abordados ao longo das sessões subdividiram-se nos seguintes


temas:

I. Alteração e alterabilidade das rochas graníticas:

1.1 Fatores de alteração das rochas graníticas;

1.2 Agentes e mecanismos de alteração.

II. Caracterização petrográfica, mineralógica e petrofísica dos granitos:

2.1 Caracterização petrográfica e mineralógica dos granitos;

2.2 Propriedades físicas dos granitos.

III. Patologias nos monumentos graníticos:

3.1 Principais patologias das rochas graníticas;

3.1.1 Estudo mineralógico das patologias.

IV. Aplicação cientifico-didática:

4.1 Saída de campo – Modelo de raiz construtivista;

4.2 Geomonumentos e edifícios históricos como recursos didáticos.

219
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

Tendo por base o cronograma da oficina, foi desenvolvido um percurso formativo constituído por
8 sessões. Na primeira sessão foi discutido o cronograma da oficina, foram apresentados os
conteúdos a abordar e as regras de funcionamento da oficina, nomeadamente a estrutura do
processo avaliativo. A última sessão foi dedicada à apresentação e discussão dos materiais
elaborados pelos formandos. Nessa apresentação, cada formando referiu as principais
dificuldades encontradas, quer na sua elaboração, quer na sua implementação. As restantes 6
sessões foram reservadas à atualização de conhecimentos, sendo a dinâmica do grupo
dominada pelas lacunas e/ou conhecimentos simplificados que os formandos possuíam acerca
das diferentes temáticas.

9.5 Avaliação dos formandos

A avaliação dos formandos teve por base diferentes critérios (como a assiduidade, a
pontualidade, o interesse/participação, e o relatório reflexivo final), com destaque para a
elaboração sequenciada de 3 materiais didáticos:

- Uma atividade prática que incluísse a utilização do microscópio petrográfico;

- Uma atividade prática centrada na ação dos agentes e mecanismos de alteração;

- Um guião de uma saída de campo.

A escolha destes produtos educativos prendeu-se com duas principais razões (Almeida, António,
2009): as atividades práticas facilitam a compreensão de conceitos científicos, e podem conduzir
ao seu aprofundamento, constituindo por isso momentos indispensáveis à aprendizagem efetiva
dos alunos, e a substituição das atividades de sala de aula por uma saída de campo permite
observar fenómenos com maior eficácia e pertinência.

Apesar da oficina se ter prolongado por quase todo o ano letivo, não foi possível, devido à
obrigatoriedade do cumprimento dos programas das disciplinas lecionadas, bem como da difícil
conciliação entre o cronograma da oficina e as planificações a longo e médio prazo, aplicar em
contexto sala de aula todos os recursos elaborados. Esta situação comprometeu a avaliação do

220
IX – APLICAÇÃO CIENTÍFICO – DIDÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

impacto das novas estratégias no aproveitamento dos alunos, e a subsequente reflexão


individual e elaboração de um plano de melhoria.

De acordo com as disciplinas lecionadas pelos formandos, foram por eles elaborados recursos
no âmbito de 3 unidades didáticas (tabela 9.2). Esses materiais encontram-se em anexo (Anexo
IX.1, IX.2 e IX.3).

Tab. 9.2: Distribuição por ano, disciplina e unidade didática, dos materiais elaborados pelos formandos
na oficina de formação.

Ano Disciplina Unidade didática

7º ano Ciências Naturais Dinâmica externa da Terra.

10º ano Biologia e Geologia A Geologia, os geólogos e os seus métodos.

Processos e materiais geológicos importantes em ambientes


11º ano Biologia e Geologia terrestres:
- Magmatismo - rochas magmáticas.

221
X - CONCLUSÕES

X. CONCLUSÕES

Lamego situa-se a norte de Portugal, no distrito de Viseu, e caracteriza-se por ser uma zona
montanhosa, dominada pelo maciço de Montemuro. O clima da região é temperado, com as
temperaturas mais altas a serem registadas nos meses de julho e agosto, altura do ano em que
as amplitudes térmicas são mais significativas. O mês de janeiro é tipicamente o período do ano
mais frio. No que concerne à precipitação, dezembro é o mês mais chuvoso e julho o mês mais
seco. A humidade relativa média anual é de 65 %, a densidade de fluxo de radiação solar atinge
o seu máximo em junho, e o vento sopra de sudoeste, a uma velocidade média de
aproximadamente 0,4 m/s.

A Sé de Lamego é um monumento cuja edificação se iniciou no século XII, no entanto, devido a


várias obras de intervenção, apresenta aspetos artísticos de diferentes estilos: a torre, de estilo
românico, os três portais de arco quebrado do período de transição entre o gótico e o manuelino,
e o interior, de estilo barroco, onde é possível apreciar a beleza das pinturas do arquiteto-pintor
Nicolau Nasoni.

Foram identificadas cinco rochas graníticas utilizadas na sua construção: granito biotítico de
Lamego, granito de duas micas de Várzea de Abrunhais, granitos moscovíticos de Valdigem e
das Meadas, e um aplito. Através da elaboração de mapas cartográficos destas litologias
concluiu-se que na fachada principal (W) do edifício domina o granito de Várzea de Abrunhais na
zona mais a norte, o granito de Valdigem nos três portais, e o granito de Lamego na torre. Aliás,
este elemento arquitetónico é o mais homogéneo no que diz respeito ao material pétreo aplicado
na sua construção. Nos claustros também é possível encontrar pedras de todas as rochas em
estudo, tendo-se identificado ainda uma percentagem significativa de silhares de granito das
Meadas de carácter mais grosseiro. O aplito é a rocha menos abundante em todas as alvenarias.
Alguns silhares não foram identificados devido ao seu intenso estado de alteração.

Todas as litologias apresentam sinais de alteração herdadas da pedreira, que se traduzem em


fenómenos de alteração hidrotermal, designadamente a moscovitização do feldspato potássico,
da plagióclase e da biotite, a microclinização da plagioclase, a cloritização da biotite, e a

223
X - CONCLUSÕES

caulinização do feldspato potássico. A extinção ondulante do quartzo, da moscovite e da biotite,


bem como o zonamento irregular da moscovite, também evidenciam deformações intracristalinas
relevantes. A intensidade da alteração é variável, contudo, a existência de fissuras inter e
intragranulares, a afetar grãos de quartzo, feldspato potássico e plagióclase, é muito frequente.
Estas surgem preenchidas por calcite, óxidos e fosfatos e também afetam a turmalina, a granada
e a apatite, quando presentes.

A caracterização físico-mecânica das rochas estudadas revelou que a porosidade varia de 0,7 %
a 4,7 %. A rocha menos porosa, logo, mais densa, é o granito de Lamego e o granito de
Valdigem revelou ser a rocha mais porosa, como tal, menos densa. Estes resultados
confirmaram as observações registadas no estudo petrográfico, concluindo-se que todas as
rochas se encontram algo meteorizadas.

O granito de Valdigem foi a rocha que absorveu maior quantidade de água por imersão à
pressão atmosférica, seguido do granito das Meadas e do aplito. Este último, apesar de pouco
poroso, apresentou o grau de preenchimento de poros (97,2 %) mais elevado, revelando possuir
uma rede de poros bem conectada. Esta conclusão foi também retirada dos resultados do ensaio
de absorção de água por capilaridade. O granito de Valdigem apresentou a cinética de absorção
de água mais elevada, admitindo-se que nesta rocha os poros estejam distribuídos de forma
homogénea, o que possibilita uma rápida ascensão da franja capilar.

As amostras GLS e GLA (granito de Lamego são e granito de Lamego alterado, respetivamente)
registaram valores de densidade e porosidade semelhantes, verificando-se contudo diferenças
ao nível da absorção de água, do grau de preenchimento dos poros e da subida da franja capilar.
Os maiores valores obtidos nestas propriedades para a amostra GLA confirmam algumas
diferenças no seu estado de alteração, relativamente à amostra GLS, diferenças essas que
foram assinaladas aquando da sua caracterização petrográfica.

O granito de Lamego, mais denso e menos poroso, foi a rocha que manifestou maior valor da
velocidade de propagação das ondas P. Os resultados obtidos para as rochas mais
meteorizadas (granito de Valdigem e granito das Meadas) também confirmaram a correlação
negativa entre a porosidade e a velocidade dos ultrassons. Os valores de anisotropia total e de
coeficiente de anisotropia mais elevados registaram-se no granito de Valdigem (20,2 % e 28,2 %,
respetivamente). Estes resultados permitem concluir que neste granito existem famílias de
fissuras que poderão influenciar diretamente a alterabilidade da rocha.

224
X - CONCLUSÕES

Os ensaios de alteração artificial foram realizados no sentido de aferir acerca dos efeitos dos
agentes de alteração. No final do ensaio de resistência de cristalização de sais foi visível a
alteração física provocada, particularmente no granito de Valdigem. A grande maioria dos
provetes manifestou perda de material e perda de coesão devido, quer ao aumento do número
de fissuras, quer ao aumento da densidade das fissuras pré-existentes. A porosidade aumentou
em todas as litologias, excetuando-se a amostra GLA. A maior variação desta propriedade foi
registada no granito de Valdigem, comprovando-se que rochas mais porosas são mais
suscetíveis à alteração por haloclastia. O incremento no número de fissuras também teve
consequências diretas na velocidade dos ultrassons, que diminuiu em todas as rochas, mais
significativamente na amostra de granito de Valdigem.

O ensaio de resistência ao envelhecimento por choque térmico teve como principal objetivo
prever os efeitos das amplitudes térmicas nas rochas. Para além dos provetes apresentarem,
após a realização dos quinze ciclos, uma coloração mais amarelada, não se registaram
variações macroscópicas significativas. A porosidade aumentou ligeiramente no granito de
Várzea de Abrunhais, no granito de Valdigem, no granito das Meadas e na amostra GLS,
mantendo-se constante no granito de Valdigem e na amostra GLA. No final do ensaio verificou-
se novamente a relação inversamente proporcional entre a porosidade e a Vp, tendo o granito
das Meadas registado a maior variação nesta propriedade (12 %). O granito de Valdigem, rocha
mais porosa, mostrou o menor valor de velocidade dos ultrassons, o que denota que as suas
fissuras acomodaram as tensões provocadas pela expansão/contração dos minerais. Por outro
lado, foi no granito de Lamego que se obteve um aumento dos índices de anisotropia mais
relevante, atestando-se o pressuposto que as diferenças no tamanho do grão das rochas
porfiróides conduzem a uma maior expansão termal. Sendo um granito biotítico, de cor mais
escura que as restantes litologias em estudo, esta rocha também possui maior capacidade de
absorver mais calor, o que se traduz em maiores danos por choque térmico.

O ensaio de alteração da cor implicou a avaliação desta propriedade, em todas litologias, antes e
após os provetes terem sido colocados, pelo período de um ano, em exposição às mesmas
condições ambientais a que está exposta a Sé de Lamego. Dado que as rochas em estudo
apresentam cor clara, o valor médio de L* foi de cerca de 88, registando-se o valor mais baixo no
granito de Lamego. Os maiores desvios-padrão neste parâmetro foram obtidos nos granitos de
grão mais grosseiro, ou seja, mais heterogéneos. Verificou-se ainda um predomínio do
componente vermelho e do componente amarelo. Apesar de não se terem registado

225
X - CONCLUSÕES

aparentemente diferenças no aspeto dos provetes após os 365 dias de exposição, as rochas
manifestaram menores valores de L* e maiores valores de a*. No que concerne ao parâmetro b*,
o componente amarelo diminuiu no granito das Meadas e no aplito. O escurecimento das
amostras poderá dever-se à ação dos raios ultravioleta, à sujidade e à humidade, e a alteração
positiva do azul para o amarelo à presença de minerais ricos em ferro.

A distribuição cartográfica das patologias na Sé de Lamego permitiu concluir que a colonização


biológica é a forma de alteração dominante, seguida de alterações cromáticas, pátinas, crostas
negras, placas, desagregação granular, filmes negros e fissuras.

A colonização biológica, predominantemente liquénica, reveste (quase completamente) as


alvenarias da fachada oeste, atingindo inclusive cotas acima dos 4 metros, o que obstruiu
visualmente o edifício. Para além dos líquenes, que surgem quer em zonas expostas, quer em
pormenores arquitetónicos, regista-se ainda a ocorrência de musgos e plantas superiores. Estes
desenvolvem-se, preferencialmente, em zonas mais húmidas e sombrias, que se podem afirmar
serem mais biorecetíveis. A presença de pombos foi registada em fotografia e através da
existência de dejetos em algumas pedras.

As alterações cromáticas devem-se, sobretudo, ao envelhecimento natural das rochas e à


humidade. Surgem em todas as alvenarias, no entanto a sua relevância é mais notória na torre.
A registar também a ocorrência de várias manchas amarelo-alaranjadas, fruto de reações de
oxidação.

Relativamente às pátinas, observam-se, principalmente, nos silhares localizados abaixo dos


frisos das janelas da fachada principal, nos portais, e nas alvenarias dos claustros. A sua cor
varia do negro ao castanho, passando pelo esverdeado dos biofilmes. Nos arcos dos referidos
portais verificam-se situações em que esta patologia evoluiu para uma crosta, sendo por vezes
difícil de determinar qual das duas formas de alteração é a dominante. Esta patologia, bem como
o entrançado biológico, impossibilitaram frequentes vezes a identificação litológica dos silhares.

No monumento em estudo podem observar-se crostas de cor negra, cinzenta e castanha. Apesar
de se mostrarem duras e compactas, o seu grau de aderência é variável, conduzindo ao
aparecimento de pequenas áreas de destacamento. Localizam-se preferencialmente em zonas
abrigadas, como é o caso dos portais da fachada principal e das alvenarias dos claustros. A sua
espessura média é de cerca de 2 mm.

226
X - CONCLUSÕES

No que se refere às placas, estas encontram-se preferencialmente nos portais da fachada


principal da Sé de Lamego e na fachada norte dos claustros, em zonas recuadas e húmidas. Nos
silhares do portal sul a perda de material é bastante significativa e já conduziu ao
desaparecimento de vários elementos decorativos. As placas de maior espessura atingem 10
mm, verificando-se algumas situações em que estas apresentam mais do que uma geração. Nas
alvenarias dos claustros a maioria das placas encontra-se coberta por pátinas, crostas e/ou
filmes negros. A registar ainda algumas situações de transição entre esta patologia e a
desagregação granular forte, designadas por escamas.

No geral, pode classificar-se a desagregação granular de intensidade média, no entanto, há


perdas de material muito significativas em pedras dos portais da oeste do edifício afetadas por
desagregação granular forte/arenização. Estes locais exibem uma acentuada desvalorização
física, que nalgumas situações mais gravosas conduziram ao total desaparecimento dos
pormenores arquitetónicos. Esta patologia também foi observada no interior da Sé de Lamego,
na porta sul que ladeia o altar-mor.

Os filmes negros têm pouca relevância neste estudo. São baços, homogéneos, duros e muito
aderentes, impedindo por isso, na maioria dos casos, a identificação das litologias. A fachada
oeste dos claustros é a mais afetada por esta patologia. Trata-se de uma zona húmida, mas não
sujeita a ventos chuvosos ou escorrência.

As fissuras são pontuais e surgem em pedras localizadas em áreas e cotas muito distintas.
Normalmente iniciam-se nas arestas dos silhares, ocorrendo situações em que os atravessam
por completo.

É extremamente complexo estabelecer-se relações biunívocas entre as causas e os efeitos da


deterioração, uma vez que ambos coexistem e se condicionam mutuamente. No sentido de
clarificar as causas do aparecimento das formas de alteração acima referenciadas foram
identificados e caracterizados quimicamente os minerais de sais solúveis presentes nas
alvenarias da Sé de Lamego, tendo ainda sido observado ao MEV material desagregado
recolhido em várias pedras do edifício lesadas por diferentes patologias.

A análise química do estrato solúvel das amostras com os teores de sais mais significativos,
revelou que os emplastros amostrados nos claustros apresentam maior quantidade e diversidade
de sais. Os sais predominantes são os fosfatos, os cloretos e os nitratos, de cálcio e sódio. O

227
X - CONCLUSÕES

cloreto de sódio cristaliza sob a forma de halite e o sulfato de cálcio sob a forma de gesso. Numa
amostra recolhida nos claustros aferiu-se ainda a presença de sulfato de magnésio (epsomite) e
duas amostras (La7 e La16int.) revelaram elevados valores de nitrato. Considerando a
temperatura e humidade relativa médias para a cidade de Lamego (14 ºC e 65 %,
respetivamente), estão reunidas as condições para a precipitação de halite, epsomite e niter
durante todo ano, mas particularmente nos meses de verão.

Uma vez que a presença de minerais de sais solúveis está na base do aparecimento de várias
patologias pode concluir-se que a forte desagregação granular observada nos portais da fachada
principal resulta da conjugação de dois fatores: por um lado a ascensão de soluções salinas –
com elevados teores de cloretos, nitratos e sulfatos, e por outro, as condições particulares
relativas aos locais estreitos sujeitos a fortes correntes de ar que propiciam a rápida evaporação
de água, e consequentemente a repetida cristalização/deliquescência dos minerais de sais
solúveis. No caso dos silhares da porta sul que ladeia o altar-mor, com evidentes sinais de
arenização, o domínio da presença de halite, sal muito solúvel, atesta as suas elevadas pressões
de cristalização.

Relativamente às observações ao MEV de material desagregado foram identificados vários


minerais de sais solúveis de acordo com as patologias amostradas. A halite surgiu, como já foi
referido anteriormente, nas amostras de pedras com danos mais intensos e a presença de gesso
foi registada em amostras de placas, filmes negros e crostas negras. Em três amostras de
crostas foi também observada calcite. A génese destes sais deve-se sobretudo à ascensão a
partir do solo se soluções salinas, mas também pode estar associada à presença de argamassas
e/ou antigos revestimentos, à atividade dos seres vivos, à poluição e aos teores de sais das
águas da chuva.

Os minerais de sais solúveis quando cristalizam no interior da rede porosa estão sujeitos a
condicionalismos espaciais e ao contacto com soluções com diferentes potenciais químicos, o
que conduz a uma diversidade de formas de cristalização. O gesso surge sob a forma de cristais
isolados, mas também em agregados de cristais lamelares ou tabulares (em forma de ponta de
lança). É frequente encontrar-se no seio de folhas de micas, contribuindo para o seu afastamento
e fissuração. A halite forma cubos perfeitos, mas também com arestas arredondadas,
aparecendo ainda sob a forma de agregados de cristais com figuras de dissolução. A calcite
também apresenta, por vezes, figuras de dissolução, tendo sido observada em agregados de
cristais subédricos.

228
X - CONCLUSÕES

Para além de minerais de sais solúveis foi ainda observada ao MEV a presença de cinzas
volantes esféricas lisas aluminossilicatadas, com teores de Ca, K e Mg variáveis, em amostras
de crostas, e de cinzas volantes esféricas porosas carbonatosas, ricas em enxofre, na amostra
Pó La13, obtida numa pátina.

Nas amostras analisadas por MEV foi comum observarem-se várias formas biológicas,
nomeadamente bactérias, algas, fungos, pólen e microfauna. Este procedimento permitiu ainda
registar alguns aspetos de alteração dos minerais constituintes das rochas, como a presença de
caulinite – mineral secundário, e a fissuração do feldspato potássico, da plagióclase e da apatite.

A identificação química dos minerais de sais solúveis e a observação de material desagregado


por MEV não permitiu aferir qualquer relação direta entre a presença de uma patologia e uma
determinada litologia.

Foram realizadas medições com o martelo de Schmidt em pedras da Sé de Lamego, tendo o


valor da dureza de Schmidt (R) variado entre 23,7 e 52,4. Os valores de R mais elevados foram
obtidos no granito de Lamego, rocha mais densa, menos porosa, e os valores de R mais baixos
registaram-se no granito de Várzea de Abrunhais. As litologias de grão mais grosseiro
manifestaram durezas inferiores. Foi possível estabelecer uma relação entre os valores de R e
as pedras de granito de Valdigem (a rocha mais porosa) afetadas por diferentes patologias.
Assim, os valores de R mais elevados registaram-se em silhares em avançado estado de
desagregação granular, tendo obtido os menores valores desta propriedade em pátinas.

Através de análises moleculares, baseadas na amplificação da região ITS do DNA ribossómico


foi possível identificar no monumento em estudo 15 espécies fúngicas, pertencentes a 12
géneros. A presença desta diversidade de espécies deve-se ao tipo de substrato, à existência de
dejetos e à deposição de poluentes. Sendo maioritariamente microrganismos endolíticos,
desenvolvem-se no interior da rede porosa do material pétreo, provocando a sua desagregação.
Nalguns isolamentos foi possível observar os efeitos da libertação de ácidos orgânicos,
nomeadamente a alteração da coloração do meio de cultura, o que confirma, por um lado, a
responsabilidade dos fungos na meteorização química das rochas, e por outro, o seu papel na
formação de pátinas. A maioria das espécies identificadas são fungos negros, como tal
resistentes a tratamentos químicos.

229
X - CONCLUSÕES

O facto de monumentos terem sobrevivido ao desaparecimento das civilizações que os


construíram, revela a resistência e durabilidade da pedra como material de construção. No
entanto, o decaimento do material pétreo é um problema real, atual e de enorme relevância
social. Edifícios como a Sé de Lamego representam marcos ímpares na vida das cidades onde
se localizam, pois para além da sua singular beleza, encerram também aspetos religiosos,
históricos, culturais e geológicos. O desafio da geração presente é estar à altura da difícil tarefa
de preservar o património edificado, para que este possa vir a ser também desfrutado pelas
gerações futuras.

Os professores podem (e devem) ser um veículo privilegiado de tradução da informação


científica em conhecimento útil que desperte os alunos para a importância geológica de um
monumento. Com a oficina de formação “Alteração e alterabilidade das rochas graníticas – um
contributo para o ensino da Geologia”, foi possível que os docentes do Grupo Disciplinar 520 –
Biologia e Geologia, da Escola Secundária de Arouca, atualizassem conceitos, reforçassem as
suas competências profissionais e melhorassem as suas práticas pedagógicas através da
elaboração, e implementação monitorizada, de materiais didáticos que constituíssem exemplos
para a lecionação de conteúdos relativos às rochas, sua génese, meteorização e exploração.

230
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International Journal of Rock Mechanics & Mining Sciences, 45, 789-799.

256
BIBLIOGRAFIA

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Biodeterioration & Biodegradation, 46, 343-368.

WEDEKING, W., Ruedrich, J. & Siegesmund, S. (2011). Natural building stones of Mexico-
Tenochtitlán: their use, weathering and rock properties at the Templo Mayor, Palace Heras
Soto and the Metropolitan Cathedral. Environment Earth Science, 63, 1787-1798.

WHITE, T. J., Bruns, T., Lee, S. & Taylor, J. (1990) Amplification and direct sequencing of fungal
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T. J. (eds) PCR Protocols: a Guide to Methods and Applications (pp. 315–322). San Diego:
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WHITE, A. F. & Brantley, S. L. (1995). Chemical weathering rates of silicate minerals: an overview.
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YAVUZ, H., Altindag, R., Sarac, S., Ugur, I. & Sengun, N. (2006). Estimating the index properties
of deteriorated carbonate rocks due to freeze-thaw and termal shock weathering.
International Journal of Rock Mechanics & Mining Sciences, 43, 767-775.

YILMAZ I. & Sendir, H. (2002). Correlation of Schmidt hardness with unconfined compressive
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environment and heritage. Adelaid City Council, 1-26 pp.

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predicting salt susceptibility of eight types of Japanese building stones. Engineering
Geology, 115(3-4), 226-236.

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Environment, 42, 1453-1457.

ZORLU, K. (2008). Description of the weathering states of building stones by fractal geometry and
fuzzy inference system in the Olba ancient city (Southern Turkey). Engineering Geology,
101, 124-133.

257
ANEXO A

ANEXO A

Composição das soluções utilizadas no trabalho laboratorial de


identificação das espécies fúngicas.

259
Soluções Composição e preparação
2% CTAB (p/v); 100 mM Tris-HCl (pH 8); 1,4 M NaCl; 20 mM
EDTA (pH 8). Adicionar CTAB à água Milli-Q e dissolver em
Tampão CTAB 2X
banho de água quente. Adicionar os restantes componentes
e misturar bem. Esterilizar por filtração.

Tris base (54g); ácido bórico (27,5g); 0,5 M EDTA a pH8


TBE 5X
(20mL); água destilada (800mL). Misturar os componentes e
(solução stock)
ajustar até ao volume final de 1000mL com água destilada.

TBE 0,5X Efetuar uma diluição de 1/10 em água destilada.


(solução trabalho)

10 mM Tris-HCl (pH 8); 1 mM EDTA (pH 8). Esterilizar em


TE
autoclave durante aproximadamente 20 minutos a 121ºC.

Solução de deposição 6x loading buffer – 0,25% azul de bromofenol; 0,25% xileno


(solução stock) cianol FF e 30% glicerol em água destilada.

Solução de deposição
Efetuar uma diluição de 1/5 em água destilada.
(solução trabalho)
ANEXO B

ANEXO B

Recursos relativos à Unidade Didática “Dinâmica externa da Terra”


(Ciências Naturais – 7º ano)

263
I – DINÂMICA EXTERNA DA TERRA
Conteúdos Pré-requisitos Objetivos específicos Estratégias

 Rochas,  Rocha  Reconhecer a existência de uma grande  Trabalho individual para a realização de um Pré-Teste.
testemunhos da  Mineral diversidade de rochas.
atividade da Terra.  Propriedades  Conhecer as diferenças quanto à génese e  Observação macroscópica de amostras de rochas e
 Cor textura entre rochas magmáticas, sedimentares minerais para introdução ao tema.
 Textura e metamórficas.  Discussão alargada à turma da Apresentação I.
 Dureza  Reconhecer que as rochas são constituídas  Distribuição da Folha Síntese.
 Utilidades das por minerais.  Trabalho individual para a resolução do exercício do
rochas  Conhecer métodos de identificação de manual – pág. 197.
minerais e de rochas;  Síntese, no quadro negro, das propriedades físicas dos
 Relacionar entre os diversos tipos de rochas minerais.
e o seu modo de formação.  Trabalho de pares para a resolução dos exercícios do
 Distinguir os diferentes tipos de rochas e manual – pág. 201 (consolidação).
seus constituintes, através das suas
propriedades (fratura, clivagem, cor, dureza,
fragmentação e brilho).
 Discussão alargada à turma da Apresentação II.
 Compreender da génese dos diferentes tipos
 Trabalho individual para a resolução da Ficha de Trabalho
 Rochas de rochas.
nº 1.
magmáticas,  Reconhecer que as rochas magmáticas
 Realização da atividade prática: “À descoberta dos
sedimentares e resultam da consolidação dos magmas.
minerais do granito”.
metamórficas:  Compreender que as rochas sedimentares,
 Discussão alargada à turma da Apresentação III.
génese e podem dividir-se em várias categorias.
 Trabalho de pares para a resolução do exercício do manual
constituição; ciclo
– pág. 211.
das rochas.
 Síntese, no quadro negro, das etapas de formação das
rochas sedimentares.
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA
CIÊNCIAS NATURAIS – 7º ANO

Nome: _______________________________________ N.º____ Turma:____


Classificação:__________________ Professor:______________________

Tema: Dinâmica Externa da Terra


Unidade temática: Rochas, Testemunhos da Atividade da Terra – Rochas Magmáticas

Atividade Prática: Estudo Petrográfico do Granito


“À Descoberta dos Minerais do Granito”

1. Introdução:
O estudo de rochas e minerais com o microscópio petrográfico é
um procedimento importante para quase todos os tipos de
trabalho do geólogo. Só desta forma, é possível observar aspetos
que, devido à reduzida dimensão, passam despercebidos em
observação de amostras de mão, como por exemplo, minerais
microscópicos. Assim, propomos-te com esta atividade prática,
que vistas a t-shirt de geólogo e te dediques ao estudo macro e
Fig. 1: Paisagem granítica da
microscópio do granito, que é, como já aprendeste, uma rocha Serra da Freita.
plutónica muito abundante na crusta continental (figura 1).
Esta atividade prática tem como objetivos:
Identificar o granito através da observação das suas propriedades;
Identificar os minerais principais do granito;
Reconhecer o microscópio petrográfico como importante instrumento de estudo das rochas;
Utilizar corretamente chaves dicotómicas.

2. Material:

 Amostras de minerais de feldspato, micas e quartzo  Microscópio Petrográfico


 Amostras de mão de granitos de cores e  Fichas de Identificação da
granolometrias diferentes amostra de mão
 Lupa  Máquina Fotográfica
 Lâmina delgada dos diferentes granitos
3. Procedimento Experimental:

Atividade 1 – “Observa-me bem”


Exame Macroscópico da amostra de mão:

1. Observa a amostra de mão da rocha e as amostras de minerais;


2. Identifica os minerais, recorrendo à chave dicotómica a seguir apresentada;
3. Compara as amostras de minerais disponíveis com os minerais presentes na amostra de rocha.

Tabela I – Chave dicotómica para Identificação macroscópica dos minerais.

Chave Dicotómica Identificação Macroscópica de Minerais


Mineral de estrutura maciça --------------------------------------------------------------------- B
A
Mineral estrutura folheada ----------------------------------------------------------------------- C

Mineral de brilho vítreo e incolor ou com tonalidades ligeiras -------------------------- Quartzo


B
Mineral sem brilho (baço) de cor beje ou tonalidade rosada ---------------------------- Feldspato

Mineral que se separa em sucessivos planos paralelos e de cor escura (preto) -- Biotite
C
Mineral que se separa em sucessivos planos paralelos e de cor clara ou incolor Moscovite

4. Analisa as diferentes propriedades da amostra de rocha, recorrendo à tabela a seguir


apresentada, e preenche a ficha de Identificação “Observa-me bem”, fornecida em anexo,
para melhor conheceres as características da tua amostra de rocha.
5. Fotografa a tua amostra.

Tabela II – Classificação das rochas quanto à cor e textura.

Cor

– cor clara, dominam os minerais félsicos (minerais claros, ricos em sílica e


Rochas
alumínio) - 0% a 15% de minerais máficos (escuros, ricos em ferro e
leucocratas
magnésio)

Rochas
– cor intermédia (15% a 40% de minerais máficos)
mesocratas

Rochas
– cor escura (> 40% minerais máficos).
melanocratas
Tabela II (continuação) – Classificação das rochas quanto à cor e textura.

Textura
Aspeto geral das rochas de acordo com às dimensões, forma e arranjo dos minerais que as
constituem.

Grãos minerais todos visíveis a olho nu; textura característica das rochas
Fanerítica
plutónicas (granularidade grosseira, média ou fina)

Grãos minerais não visíveis a olho nú; textura característica das rochas
Afanítica
vulcânicas

Ausência de minerais, a rocha é constituída por uma pasta vítrea amorfa


Vítrea
(obsidiana).

Grandes cristais – fenocristais – dispersos no seio de uma matriz afanítica


Porfírica
ou fanerítica de grão fino. O termo porfiróide é utilizado para granitos.

Minerais muito desenvolvidos (centimétricos a decimétricos) e


Pegmatítica
frequentemente com grande perfeição morfológica.

Rocha com pequenas cavidades (vesículas) de forma variada (tipicamente


esferóides), parcialmente preenchidas (textura amigdalóide) ou não por
Vesicular
minerais secundários; textura típica de rochas vulcânicas. São exemplos o
basalto vesicular, a pedra pomes e a escória vulcânica.

Atividade 2 – “Observa-me ao pormenor”


Exame Microscópico da lâmina delgada da amostra de mão

1. Seleciona a objetiva de menor ampliação e ilumina o campo de observação;


2. Cruza os nicóis através da alavanca apropriada (se o campo de visão ficar totalmente escuro, significa
que os nicóis estão cruzados, ou seja, estão orientados perpendicularmente entre si);
3. Descruza os nicóis;
4. Coloca a lâmina na platina do microscópio e foca;
5. Observa a amostra e vai rodando a platina;
6. Faz um esquema do que observas;
7. Cruza agora os nicóis e observa a cor assumida pelos minerais;
8. Roda a platina e vai observando a cor dos minerais;
9. Analisa as diferentes propriedades de cada um dos minerais e, recorrendo à chave dicotómica que a
seguir é apresentada e preenche a Ficha de Identificação “Observa-me ao pormenor”, fornecida em
anexo.
Tabela III – Chave dicotómica para identificação microscópica dos minerais.

Chave Dicotómica Identificação Microscópica de Minerais


1 Mineral com coloração castanha em nicóis paralelos----------------------------- Biotite
Cor Mineral incolor em nicóis paralelos ---------------------------------------------------- 2
Mineral com clivagem e com cor forte (azul, rosa amarelo) em nicóis
2
cruzados-------------------------------------------------------------------------------------- Moscovite
Coloração
Mineral com outra coloração em nicóis cruzados --------------------------------- 3
3 Mineral límpido e sem clivagem-------------------------------------------------------- Quartzo
Opacidade Mineral com alguma opacidade e com clivagem ---------------------------------- 4
4 Mineral com maclas Carlsbad ou reticulada ---------------------------------------- Feldspato
Maclas Mineral com maclas lamelares---------------------------------------------------------- Plagioclase
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA
CIÊNCIAS NATURAIS – 7º ANO

Nome: __________________________________________________N.º Turma:____


Classificação:________________________ Professor:___________________

Tema: Dinâmica Externa da Terra


Unidade temática: Rochas Magmáticas e Paisagens Geológicas

Atividade: Prática: Alteração e Alterabilidade dos Granitos


“Será que os Granitos sofrem alteração?”

Perguntaram a uma borboleta, que vive uma semana, se a sequoia crescia.

Claro que não. Estive aqui


A
toda a minha vida e nunca vi a
Sequoia?....
sequoia maior!

Eu explico…

A borboleta deu aquela resposta porque, no espaço da sua


vida, a sequoia cresce muito pouco. Não nos podemos
esquecer que o tempo de vida de uma sequoia é em média
de 200 anos.
Com a alteração das rochas passa-se algo semelhante.
Assim, durante o tempo médio de vida de um ser humano,
que ronda os 80 anos, as rochas também sofrem alterações,
embora muito pouco, por isso muitas vezes nem nos
apercebemos.
Mas, ao contrário do que muitas pessoas pensam, as
rochas não são inalteráveis!

Às vezes, nem sempre é fácil ou mesmo possível, reproduzir alguns fenómenos do domínio da
Geologia. Isto porque, a maioria dos fenómenos geológicos têm uma duração e uma dimensão
que não são compatíveis com o tempo de uma aula nem com as dimensões do laboratório.
Contudo, é possível criar alguns modelos desses fenómenos que nos permitem compreender
melhor alguns desses fenómenos.
1. Introdução:

Ao admirar uma paisagem granítica, é possível observar grandes blocos graníticos dispostos de
forma desordenada – caos de blocos. Estes blocos libertaram-se do maciço devido à alteração
física e química do granito, causada sobretudo pela acção da água mas, muitas vezes também
devido à intervenção de seres vivos por colonização da rocha. Analisando atentamente uma
rocha, é possível detetar descoloração e perda do material, aparecimento de patologias e, em
laboratório, analisar a alteração das propriedades das rochas (composição, textura e porosidade).
Assim, alteração de uma rocha consiste na modificação da mesma quando os seus minerais
constituintes se adaptam às condições da superfície. Esta alteração pode ser:
 Física ou mecânica – ação de grandes amplitudes térmicas  Fragmentação progressiva
da rocha
 Química – reações nos minerais (por ação da água)
 Biológica – ação dos seres vivos (microrganismos, fungos, plantas)

A água é um importante agente de alteração de uma rocha.


Absorção de água livre - quantidade de água absorvida pelo material pétreo quando totalmente
submerso à pressão atmosférica.
Capilaridade - capacidade de um material poroso sugar água com uma pressão inversamente
proporcional ao tamanho dos seus poros.

Esta atividade prática tem como objetivos:

Conhecer os processos de modelação da paisagem;


Reconhecer os efeitos da meteorização alteração das rochas e paisagens naturais;
Identificar a água como um importante agente de alteração do granito.

2. Material:

 Tabuleiro  5 provetes de uma amostra de granito


 Rede  Água destilada
 Balança  Papel de filtro
 Estufa  Máquina Fotográfica
 Régua  Ficha registo resultados
3. Procedimento Experimental:

GRUPO 1 – “Testa a minha capacidade de absorção”


– Estudo da absorção livre de água:

1. Pesa 5 provetes.
2. Coloca os provetes na estufa a 40ºC;
3. Pesa até atingir um peso constante - massa do provete seco;
4. Coloca no fundo do tabuleiro, uma rede;
5. Coloca os provetes no tabuleiro, sobre a rede, separados uns dos outros cerca de 1 cm;
6. Cobre os provetes com água destilada (que vais adicionando sempre que necessário);
7. Pesa os provetes nos seguintes intervalos: 10min, 30min, 1h, 4h, 8h, 24h, 48h;
8. Regista os resultados na tabela que se segue;

TEMPO PESO PROVETES


Provete Provete Provete Provete Provete Média
A B C D E
0 min
10 min
30min
1h
4h
8h
24h
48h

GRUPO 2 – “Testa a minha capilaridade”


– Estudo da capilaridade:

1. Pesa 5 provetes.
2. Coloca os provetes na estufa a 40ºC;
3. Pesa até atingir um peso constante - massa do provete seco;
4. Coloca no fundo do tabuleiro, uma rede e cobre com uma folha de papel de filtro;
5. Coloca água no tabuleiro até atingir 3 mm de altura;
6. Coloca os provetes verticalmente num tabuleiro;
7. Seca parcialmente cada provete com um pano húmido;
8. Pesa os provetes em intervalos de tempos previamente selecionados (1 min, 2 min, 4
min, 8 min,16 min, 32min, 1h, 24 h, 48 h…).
9. Mede as franjas para os mesmos intervalos de tempo;
10. Regista os resultados nas tabelas que se seguem;
TEMPO PESO PROVETES
Provete A Provete B Provete C Provete D Provete E Média
0 min
1 min
2 min
4 min
16min
32 min
1h
24h
48h

TEMPO COMPRIMENTO DAS FRANJAS NOS PROVETES


Provete Provete Provete Provete Provete Média
A B C D E
0 min
1 min
2 min
4 min
16min
32 min
1h
24h
48h

11. Reflete sobre os tópicos de discussão que se seguem:

1. Indica as alterações verificadas nos provetes ao longo da atividade experimental


(peso, cor, etc).

2. Apresenta uma explicação para a variação de peso dos provetes.

3. Refere, justificando, se o granito e uma rocha permeável ou impermeável à água.

4. Reflete acerca da ação da água na alteração dos granitos.

12. ealiza o relatório da atividade experimental utilizando a metodologia do V de Gowin


que se encontra esquematizado em anexo e apresenta as conclusões do teu grupo à
turma.
RELATÓRIO
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

Saída de Campo
Estudo da deterioração do granito em monumentos

Calvário de Arouca

Arouca, 17 de Maio, 2012


PREPARAÇÃO DA SAÍDA DE CAMPO

DESVENDAR O CALVÁRIO DE AROUCA

Nas aulas de ciências Naturais vais ter oportunidade de realizar


uma saída de campo para estudar a aplicação do granito num
monumento de Arouca. Mas para aproveitares ao máximo a aula
de campo, vais ter que te preparar e pesquisar.
ESTÁS PRONTO?
1. Introdução

Os granitos (rochas ígneas) são rochas que, pela sua dureza, têm sido, sempre que
possível, preteridas em favor de rochas mais brandas e mais facilmente trabalháveis como
os calcários, mármores e arenitos. No entanto, em regiões onde o granito é a rocha
dominante, nomeadamente no Norte e Centro de Portugal, muitos monumentos são
constituídos essencialmente por este tipo de rocha (Begonha, 1997).

Um pouco de história…
O Calvário de Arouca (figura 1) é um monumento de estilo maneirista em que os cruzeiros
apresentam motivos geométricos na base. Encontra-se situado no centro histórico da vila de
Arouca, sobre uma imensa massa granítica, composto por diversas cruzes, sobressaindo na
sua parte mais elevada 3 cruzes, das quais a central data de 1627, um púlpito datado de
1643 a encimar todo o conjunto e umas “alminhas”. Todos os elementos estão esculpidos
em granito e protegidos no topo por um muro tosco (de igual pedra), sob o olhar
apaziguador de um sobreiro centenário.

Fig. 1. Fotografia panorâmica do Calvário de Arouca.


Pensa-se que o Calvário terá sido construído pela Confraria do Senhor dos Passos, que
desde 1626 tinha por missão organizar a procissão que partia da Igreja da Misericórdia,
seguia em Via Sacra pela rua d'Arca até à Capela do Espírito Santo, já então existente, junto
ao Calvário. As restantes cruzes da via sacra espalhadas pelas diversas ruas da Vila.
Assim, desde os alvores do século XVII, este monumento representa para as gentes de
Arouca, importante simbologia religiosa, de penitência e de devoção e, ainda hoje para aí se
desloca todos os anos, em Quinta-feira Santa a procissão do Senhor Morto, também
denominada de procissão dos fogaréus.
O Calvário de Arouca foi classificado Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 37077 de
29-09-1960.

Enquadramento Geográfico
O concelho de Arouca abrange uma área aproximada de 328 km2 integrada na sub-região
de Entre Douro e Vouga, na região Norte de Portugal continental. Localiza-se no extremo
nordeste do distrito de Aveiro, encontrando-se dividido em vinte freguesias. O Calvário de
Arouca está situado a Norte do centro da vila e do Mosteiro, no cimo da antiga rua d'Arca e
actual Figueiredo Sobrinho (figura 2).

Fig. 2. Localização geográfica, via satélite da Escola Secundária de Arouca e do monumento a visitar
(imagem do Google Earth).
Enquadramento geológico
A vila de Arouca assenta numa mancha de quartzodiorito (figura 3), uma rocha cuja génese
lhe confere grande resistência e durabilidade e, por isso, muito usada na construção de
alguns monumentos locais, nomeadamente o Mosteiro de Santa Maria de Arouca e o
Calvário de Arouca.
A geologia de Arouca é, na sua maioria, constituída por rochas que, vulgarmente, são
designadas xistos e granitos. O maciço de Arouca é composto por um quartzodiorito
biotítico, cuja mineralogia principal é plagióclase, quartzo e biotite (figura 4).

Fig. 3. Mapa geológico simplificado do concelho de Arouca baseado nas folhas 13-B, 13-D, 14-A e
14-C da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000 (http://geologia.aroucanet.com/).

a) b)

Fig. 4. Imagens de quartzdiorito de Arouca: a) imagem obtida ao microscópio em lâminas delgadas


(NP); b) amostra de mão.
Patologias
Apesar dos granitos serem rochas muito resistentes, a ação de agentes extrínsecos
provocam deterioração que leva ao aparecimento de patologias:

Tipo de patologias

Destacamentos Depósito Fissuras Colonização


s Biológica

Linhas de Animais,
Desagregação rutura plantas,
Placas
granular fungos,
bactérias
Destacamento de
porções de
Destacamento
material paralelo à
de grãos,
superfície da
seguido de
pedra.
queda de
material sob a
forma de pó. Pátinas Crosta Filmes Eflorescência
negros ss

Depósitos Depósitos Depósitos


Alteração
aderentes e finos de superficiais
cromática
compactos sujidade. de sais.

Objetivos

Esta atividade prática tem como objetivos:


Divulgação do património histórico da região de Arouca;
Análise, observação e discussão de algumas patologias do granito;
Orientação de uma carta geológica;
Identificar agentes de meteorização do granito;
Conhecer aplicações do granito;
Estimular e desenvolver as capacidades de observação dos materiais geológicos.
2. Material

Guia de campo Roupa e calçado confortável


Lápis, borracha e régua Água
Máquina fotográfica Lanche
Bússola de geólogo Mochila
Lupa Carta militar
Lápis de cor Carta Geológica da região

GUIÃO SAÍDA DE CAMPO

DESVENDAR O CALVÁRIO DE AROUCA

E agora que já estás devidamente preparado, a saída de campo


vai começar 
Lê o guião e está atento às indicações do professor
DIVETTE-TE E APRENDE!

Ao longo desta saída de campo, vão ser propostas atividades que deverás realizar com o
teu grupo de trabalho. Lê com atenção as tarefas, regista cuidadosamente os dados e faz o
registo fotográfico.

ACTIVIDADE 1 – Pés a caminho…

1. Orienta a carta militar de Portugal com a ajuda da bussola.

2. Traça o percurso que vais realizar até ao Calvário.

3. Calcula a distância que vais percorrer.

4. Faz uma listagem de todas as aplicações de granito que encontras ao

longo do percurso.

 -

 -

5. Faz todos os registos fotográficos que considerares pertinentes.


ATIVIDADE 2 – Chegada ao Calvário de Arouca

1. Regista a hora de chegada ao local: _______________________

2. Localiza na carta militar o local onde te encontras.

3. Localiza na carta geológica o local onde te encontras e regista o tipo de

rocha presente. ____________________________________

4. Como podes observar, o monumento que estás a estudar – Calvário de Arouca – é

constituído por várias estruturas. Faz uma visita breve por todo o monumento e regista

fotograficamente o panorama geral.

6. O maciço rochoso onde se encontra o Clavário, apresenta alterações. Uma das

quais a representada na figura 1.

Fig. 1. Pormenor de uma zona do maciço


rochoso onde assenta o Calvário de Arouca.

6.1. Localiza esta patologia e assinala-a na figura 2.

ACTIVIDADE 3 – Desvendar o Calvário de Arouca


Fig. 2. Representação esquemática do Calvário de Arouca
ACTIVIDADE 3 – Mãos à obra…

1. Escolhe, com o teu grupo de trabalho, a estrutura que pretendes

estudar (cruz, púlpito, etc.) e assinala a sua localização na figura anterior.

2. Descreve macroscopicamente, o granito que observas.


Composição Aspectos
Local Cor Textura
Mineralógica relevantes

3. Observa com atenção as pedras usadas na construção do monumento.

2. Procura inscrições e ou desenhos nas pedras. Regista as alterações que observas.


_____________________________________________________________________

3. Identifica o tipo de patologia observada.

 Desagregação granular  Placas  Pátinas

 Crosta  Filmes negros

4. Observa com atenção toda a estrutura do monumento que o teu grupo escolheu e

identifica outros tipos de patologias presentes na pedra. Para efetuares a cartografia

das patologias, assinala-as com diferentes cores na imagem correspondente (folha

seguinte). (não te esqueças de fazer a legenda).

5. Faz o registo fotográfico.

6. Discute com os teus colegas as possíveis causas do aparecimento destas


patologias.

Composição Dimensão do Características


Local Cor Textura
Mineralógica grão particulares
CARTOGRAFIA DAS PATOLOGIAS

Legenda:

Desagregação granular

Placas

Pátinas

Crosta

Filmes negros

Eflorescências

Fissuras

Colonização biológica

Legenda:

Desagregação granular

Placas

Pátinas

Crosta

Filmes negros

Eflorescências

Fissuras

Colonização biológica
CARTOGRAFIA DAS PATOLOGIAS

Legenda:

Desagregação granular

Placas

Pátinas

Crosta

Filmes negros

Eflorescências

Fissuras

Colonização biológica
ANEXO C

ANEXO C

Recursos relativos à Unidade Didática “A Geologia, os geólogos e


os seus métodos”
(Biologia e Geologia – 10º ano)

289
I – A GEOLOGIA, OS GEÓLOGOS E OS SEUS MÉTODOS
Conteúdos Pré-requisitos Objetivos específicos Estratégias

 A Terra e os seus  Sistema (aberto e  Conhecer a conceito de sistema aberto e  Trabalho individual para a realização de um Pré-
subsistemas em fechado) fechado. Teste.
interação.  Mineral  Compreender a Terra como um sistema
- Subsistemas  Cor fechado onde existem numerosos subsistemas  Discussão alargada à turma da notícia: “Cancro a
terrestres (geosfera,  Textura em interação e interdependência. céu aberto – toneladas de arsénio -pirite próximas
atmosfera,  Dureza da zona de turismo”.
hidrosfera e  Rocha magmática  Trabalho de pares para realização da ficha de
biosfera).  Rocha sedimentar trabalho com base na notícia apresentada.
- Interação de  Rocha  Discussão alargada à turma para identificação de
subsistemas. metamórfica sistemas abertos, fechados, subsistemas
 Ciclo das rochas terrestres e suas interações a partir de exemplos
 Fóssil solicitados aos alunos e/ou apresentados pelo
manual.
 As rochas,  Identificar rochas magmáticas,  Trabalho individual para construção de um mapa
arquivos que relatam sedimentares e metamórficas com base nas de conceitos relativo ao conceito de sistema e aos
a História da Terra. características macroscópicas e algumas subsistemas terrestres e sua interação a partir
- Rochas propriedades. das situações.
sedimentares.  Reconhecer que as rochas são arquivos de
- Rochas informação sobre o passado da Terra.  Discussão alargada à turma da Apresentação I.
magmáticas e  Compreender o conceito de estrato.  Realização da atividade prática: “Efeitos da
metamórficas.  Compreender as inter - relações entre os intervenção humana na Geosfera (I)”.
- Ciclo das rochas. diferentes processos envolvidos no ciclo
 Realização da atividade prática: “Efeitos da
geológico.
intervenção humana na Geosfera (II)”.
 Discussão alargada à turma da apresentação I
(cont.).
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

Biologia e Biologia - 10º Ano Ano letivo 2011/2012

ATIVIDADE PRÁTICA
Efeitos da intervenção humana na Geosfera (I).

NOME _____________________________________ Nº ____ TURMA ______

INTRODUÇÃO:

Monumentos históricos são parte do património cultural de um povo ou de uma nação,


servindo como elo entre o presente e o passado. A sua manutenção e conservação devem
ser realizadas, para que as pessoas que os cercam possam de alguma forma usufruí-los e
preservá-los para as gerações futuras. A forma mais eficaz de preservação do património
cultural é através da educação patrimonial, na qual a população adquire consciência de seu
papel de salvaguarda de suas relíquias. O intemperismo das rochas é um processo natural,
mesmo nos monumentos históricos. Contudo, a sua velocidade tem aumentado
consideravelmente em função da crescente poluição da atmosfera urbana, que favorece a
degradação dos materiais rochosos dos monumentos.
A geologia de Arouca é, na sua maioria, constituída por rochas por metassedimentos e
rochas granitóides ou graníticas. Ao longo do tempo, esta últimas rochas, representadas
pelos granitos de duas micas e pelo quartzodiorito onde assenta a vila de Arouca, foram
utilizadas em pavimentos, em edifícios habitacionais e públicos e em monumentos (edifícios
e estátuas).
Após as rochas ficarem sujeitas às ações de dinâmica externa da Terra, transformam‐se
para atingir um estado de equilíbrio em relação ao ambiente em que estão, muito diferente
daquele em que foram formadas. Quando as rochas são extraídas das pedreiras, cortadas,
trabalhadas ou aplicadas em construção, a sua suscetibilidade à alteração aumenta.
Surgem ameaças dos agentes atmosféricos e também das ações antropogénicas
(fundamentalmente ambientais), cada vez mais manifestadas nas cidades, agravadas por
intervenções desadequadas.
Mas a suscetibilidade da pedra usada nos edifícios está também relacionada com as
suas características intrínsecas, como a heterogeneidade, grau de alteração primária e
textura da rocha granitoide. Como resultado dos diversos mecanismos de alteração
manifestam‐se diversos tipos de doenças da pedra, ou seja, patologias causadas por fatores
físicos, químicos e biológicos.
Uma das principais causas para a deterioração dos monumentos está na poluição do ar
(provenientes dos veículos motorizados e industrias) e nos sais solúveis (provenientes das
águas das chuvas). Destacam‐se a halite e o gesso, sendo o primeiro o mais prejudicial, por
ter uma grande solubilidade e cristalização em presença de água ou humidade. Existem
edifícios com centenas de anos que estão em melhores condições de conservação do que
edifícios do século XX, o que se deve ao aumento significativo de poluentes na atmosfera.
Note‐se ainda que a interação com argamassas, cimentos, cerâmicas, tijolos que interferem
e reagem com a pedra, muitas vezes colocados para reparar alguns danos na pedra, podem
constituir‐se como fontes de deterioração.
A água é essencial no processo de deterioração, nas reações de hidrólise, no controlo da
cristalização de sais e no desenvolvimento de colonização biológica.
O estudo da alteração de uma rocha pode ser feito a nível macroscópico e microscópico,
havendo neste último caso um estudo mais pormenorizado da mesma.
Esta atividade divide-se em duas partes: observação microscópica e macroscópica do
quartzodiorito de Arouca e Visita a um monumento de Arouca para identificação das
“Doenças da Pedra”.
Com este trabalho pretende-se: fazer um estudo microscópico e macroscópico do
quartzodiorito de Arouca, rocha utilizada pelos arouquenses para diversos fins; reconhecer o
papel dos agentes atmosféricos na alteração da rocha; reconhecer a importância da ação
humana na alteração monumentos construídos.

MATERIAL:

 Amostras de mão de quartzodiorito de Arouca são e alterado.


 Lâminas delgadas de granodiorito de Arouca são e alterado.
 Alfinete
 Gobelés
 Lupa
 Água
PROCEDIMENTO:

B1. Observação macroscópica

1. Seleciona uma amostra de quartzodiorito são;


2. Observa-a com atenção, utilizando a lupa se necessário, e identifica os minerais da rocha
(consultar o quadro 3 do anexo 3);
3. Seleciona uma amostra de quartzodiorito alterado;
4. Observa-a com atenção, utilizando a lupa se necessário, e identifica os minerais da rocha
(consultar o quadro 3 do anexo 3);
5. Compara as amostras quanto ao brilho, cor, dureza e tamanho dos cristais, classificando-
as quanto à cor textura (consultar os quadros1 e 2 do anexo 3) ;
6. Regista o observado;
7. Espeta o alfinete nas duas amostras e regista o que acontece;
8. Identifica os minerais mais resistentes e os mais alterados;
9. Coloca cada uma das amostras em dois gobelés diferentes com água e regista o que
observas.

B2. Observação microscópica


1. Coloca o microscópio petrográfico na bancada de trabalho;
2. Liga o equipamento à corrente (220 volts);
3. Coloca uma lâmina delgada de quartzodiorito são na platina do microscópio petrográfico
(consultar o anexo 1). Confirma previamente que está inserida a objetiva de menor
ampliação;
4. Observa, inicialmente, em luz polarizada paralela sem interposição do analisador (nicóis
paralelos);
5. Foca utilizando os manípulos respetivos, olhando pela ocular do microscópio. Deves ter
cuidado de modo a não subir demasiado a platina correndo o risco de partir a lâmina
delgada e/ou danificar a objetiva (no final, desligar o microscópio);
6. Observa atentamente a lâmina delgada, identificando os minerais, com ajuda do
PowerPoint apresentado pela professora e do livro “Atlas en color de rocas y minerales en
lâmina delgada”;
7. Observa agora em luz polarizada paralela com interposição do analisador (nicóis
cruzados) e verifica a tua identificação;
8. Regista o observado;
9. Repete o procedimento para a lâmina delgada de quartzodiorito alterado.
REGISTO DAS OBSERVAÇÕES:

Quadro 1: Registos da observação macroscópica


Quartzodiorito de Quartzodiorito de
Característica
Arouca são Arouca alterado
Dureza
Cor
Brilho
Minerais identificados
Classificação quanto à cor
Classificação quanto à textura

Quadro 2: Registos da observação das amostras em água


Quartzodiorito de Quartzodiorito de Arouca alterado
Característica
Arouca são
Aspeto da água

Quadro 3: Registos da observação microscópica


Quartzodiorito de Arouca Quartzodiorito de Arouca
são alterado

Minerais identificados

Ampliação: Ampliação:

Aspetos
petrográficos
em nicóis paralelos
Ampliação: Ampliação:

Aspetos
petrográficos
em nicóis cruzados

DISCUSSÃO:

1. Apresenta as principais diferenças encontradas, a nível macroscópico, entre as duas


amostras.

2. Apresenta uma explicação para as diferenças encontradas.

3. Apresenta as principais diferenças encontradas, a nível microscópico, entre as duas


amostras.

4. Explica de que forma pode o homem contribuir para o incremento da alteração das rochas,
quer no seu ambiente natural quer em construções (“pedra”).
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

Biologia e Biologia - 10º Ano Ano letivo 2011/2012

ATIVIDADE PRÁTICA
Efeitos da intervenção humana na Geosfera (II).

NOME _____________________________________ Nº ____ TURMA ______

NOTA INTRODUTÓRIA

Numa das aulas anteriores estudaste, à vista desarmada e ao microscópio petrográfico,


amostras sãs e alteradas de quartzodiorito de Arouca. O estudo da sua mineralogia permitiu
conhecer as diferentes espécies de minerais que o constituem e avaliar os seus diferentes graus
de meteorização. Foi possível detetar na rocha alterada, a nível microscópio, uma elevada
fracturação do quartzo e da plagióclase e a presença de caulinite (mineral secundário),
proveniente da alteração do feldspato e que resulta da hidrólise deste mineral.
A hidrólise é a reação mais importante de minerais silicatados, podendo também ser
chamada de decomposição e reação com a água. Na hidrólise a água não é apenas o portador
dos reagentes dissolvidos mas é também um dos reagentes. A água pura ioniza apenas
ligeiramente, mas reage com silicatos facilmente intemperizáveis.
A reação de hidrólise mais comum na terra é a dos minerais do grupo dos feldspatos na
presença de ácido carbónico oriundo da atmosfera:

2KAlSi3O8 + 2H2CO3 +9H2O → Al2Si2O5 (OH4) +4H4 Si4O4 + 2K+ + 2HCO3 _


(ortóclase + ácido carbónico + água = caulinite + ácido silícico + iões de K e bicarbonato)

O aumento da acidez da água que contacta com as rochas contribui para o aumento das
reações de hidrólise e de dissolução, contribuindo, assim, para a alteração da rocha.
A poluição do ar causada pela combustão de combustíveis fósseis é a maior causa da chuva
ácida.
O grau de alteração de uma rocha provocado pelo pH da água pode ser estudado pela
medição da condutividade elétrica, quando a energia elétrica é conduzida através de uma
amostra de rocha previamente moída e colocada em solução de pH previamente definido. Neste
caso, a condução é eletrolítica e não metálica porque os transportadores de carga não são
eletrões mas iões positivos e negativos resultantes da alteração dos minerais da rocha. A uma
condutividade elevada corresponde uma elevada concentração de eletrólitos e,
consequentemente, uma maior alteração da rocha.
A água destilada apresenta uma baixa condutividade porque é devida, unicamente, à
presença dos iões H+ e OH- produzidos quando algumas moléculas de água se dissociam. No
entanto, o número de moléculas de água que se dissocia é praticamente considerado
desprezável, tornando a água destilada num fraco condutor de eletrões.
É objetivo desta atividade, reconhecer os efeitos da água acidificada (chuvas ácidas) na
alteração das rochas.

MATERIAIS:

 Amostras de quartzodiorito
 Oito gobelés
 Água destilada
 Solução de ácido sulfúrico
 Estufa
 Aparelho de medição do pH
 Aparelho de medição de condutividade elétrica

PROCEDIMENTO:

1. Mói as amostras a uma granulometria média de 4 mm.


2. Divide, de forma equitativa, os grãos das amostras em 6 gobelés;
3. Identifica os 6 gobelés, 3 com “Água destilada” e os outros 3 com ”Solução ácida”.
4. Ajusta o pH de uma solução de ácido sulfúrico a 4,3 (600ml de água destilada + 1 gota de ácido
sulfúrico para simular a chuva ácida).
5. Coloca 200 ml de água num gobelé e 200 ml de solução ácida noutro e mede a condutividade
elétrica.
6. Coloca, em cada um dos seis gobelés que contêm amostra, o respetivo líquido (água destilada
ou solução ácida) até perfazer 200ml.
7. Submete todas as amostras a aquecimento na estufa a 40ºC durante 3 horas (simulação da
amplitude térmica diária).
8. Mantém as amostras em lugar seguro.
9. Após um dia de contacto da a água/solução com as amostras mede- a condutividade, e após 2
dias;
10. Adiciona- nova quantidade de água/solução em cada gobelé de forma a ser mantida a
quantidade de 200 ml.
11. Regista os resultados.
12. Repete os procedimentos 6,7,8 e 9 durante quatro semanas.
REGISTO DAS OBSERVAÇÕES:

Condutividade da água:____________ µScm-1


Condutividade da solução ácida:________ µScm-1

1º SEMANA
Após 24 horas
Água destilada Solução ácida

Após 48 horas
Condutividade elétrica (µScm-1)
Água destilada Solução ácida

2º SEMANA
Após 24 horas
Água destilada Solução ácida

Após 48 horas
Condutividade elétrica (µScm-1)
Água destilada Solução ácida

3º SEMANA
Após 24 horas
Água destilada Solução ácida

Após 48 horas
Condutividade elétrica (µScm-1)
Água destilada Solução ácida

3º SEMANA

Após 24 horas
Água destilada Solução ácida

Após 48 horas
Condutividade elétrica (µScm-1)
Água destilada Solução ácida
DISCUSSÃO:

1. Compara os resultados obtidos nos dois líquidos.

2. Sugere uma explicação para o facto.

3. Explica a razão de se moer a rocha no início do procedimento.

4. Apresenta as principais conclusões que se podem retirar desta atividade experimental.


Escola Secundária de Arouca

S
A
Í
D
A

D
E

C
A
M
P
O

“AS PEDRAS DOS NOSSOS EDIFÍCIOS”

Biologia e Geologia
10º ano de escolaridade

Ano letivo 2011/2012


Saída de campo “As pedras dos nossos edifícios”

A- Objetivos gerais
 Conhecer a principal rocha aflorante na vila de Arouca.
 Reconhecer a importância dos recursos geológicos na construção da paisagem
humanizada.
 Reconhecer a ação humana como um dos fatores de formação de patologias da
pedra dos edifícios.
 Promover atitudes de respeito pelo património histórico.
 Promover o contacto direto com a paisagem humanizada e a sua contemplação.
 Fomentar o trabalho em equipa.
 Promover um espaço de convívio entre alunos e professores.

B- Objetivos específicos
 Verificar a presença de esfoliação no granitoide do Calvário.
 Observar a disjunção esferoidal no afloramento do quartzodiorito junto da “rotunda
das trilobites”.
 Identificar os minerais essenciais das rochas graníticas.
 Identificar manifestações humanas relacionadas com a litologia da região.
 Identificar patologias nas pedras de diferentes edifícios.
 Identificar fatores inerentes à formação de patologias da pedra.

C- Material necessário
 Guia de campo
 Caderno de campo
 Lápis e borracha
 Máquina fotográfica

D- Percurso a realizar
A saída de campo é composta por 5 paragens. A localização de cada uma delas está
assinalada na figura 1. Em cada uma das paragens terás que realizar as atividades que te
são propostas, efetuando, devidamente, todos os registos. Sempre que te surjam dúvidas
deves solicitar ajuda ao professor.
As atividades serão realizadas em grupos de 2 a 3 elementos. Deves ter sempre
presente que cada local que visitas e as pessoas com quem contactas merecem o máximo
respeito. Segue as instruções dadas pelo professor.

D
E C

Fig.1 Percurso da saída de campo

Antes de iniciarmos o percurso, relembra, reflete, preenche… e regista.


1. A geologia de Arouca é, na sua maioria, constituída por rochas que, vulgarmente,
são designadas xistos e________. Na realidade as designações genéricas mais
apropriadas são metassedimentos (como o nome indica, rochas metamórficas resultantes
de rochas sedimentares) e granitoide ou rochas graníticas (granitos e rochas afins). Os
primeiros compreendem principalmente ardósias, filitos, xistos, metagrauvaques e
quartzitos. Os segundos granitos de duas micas e o _______________ onde assenta a
vila de Arouca.
2. As rochas granitoides são constituídas essencialmente por minerais félsicos, isto é
por minerais de cor_______, como é o caso do _______ e do_______________. Os
minerais máficos têm geralmente cor _______ (biotite, anfíbolas, piroxenas,olivinas) e
são pouco abundantes nestas rochas, daí serem classificadas de rochas leucocratas.
3. Penso que ao longo do percurso vou encontrar muitos edifícios e muitos materiais
construídos pelo homem com ______________, uma vez estas são as rochas mais
abundantes na nossa região. Por isso, vou fazer registos fotográficos dessa utilização.
E- Itinerário

 Paragem A
Estás sobre um dos monumentos classificado como Imóvel de Interesse Público desde
1960. Constitui um símbolo do final da via-sacra de Cristo.

1. Identifica a rocha do monumento._________________


2. Indica a data do púlpito de pedra central._________________
3. Observa com atenção a rocha e verifica a sua desagregação em placas (esfoliação).
3.1 Apresenta um fator que poderá estar na origem deste processo.

 Paragem B
Aqui podes observar um afloramento do quartzodiorito de Arouca que surge sob a forma
com uma forma arredondada, fruto de um fenómeno conhecido por disjunção esferoidal da
rocha. Esta resulta da fragmentação em camadas concêntricas, da periferia para o centro,
resultando daí a denominada disjunção em casca de cebola. Ao longo do temo, o bloco
torna-se mais pequeno e arredondado, com a progressiva libertação das escamas mais
externas.

1. Apresenta fatores que podem estar na origem do fenómeno.

2. Compara a zona central do bloco com a zona periférica.

 Paragem C
Junto à Câmara, vira à tua esquerda. Desce a Rua Dr. Teixeira de Brito. Procura a porta
16B.

1. Tateia a superfície das pedras laterais da porta. O que sentes?

2. Sugere uma hipótese que explique essa sensação ao tato.


3. O fenómeno que observas designa-se por desagregação granular e é uma
patologia da pedra resultante da ação da atmosfera sobre os minerais.

3.1 Apresenta as consequências desta patologia.

3.2 Olha em teu redor e procura identificar outras patologias.

4. Observa com atenção as pedras que fazem parte dos edifícios e compara as que
estão mais na base com as que estão colocadas nos pontos mais altos.

5. Repara na pedra escura junto do caixote do lixo. Porque será que se apresenta
mais escura que todas as outras?

6. Observa a presença de seres vivos sobre as pedras. Que tipos de colonizadores


se observam?

 Paragem D
Estás junto da Casa Grande dos Malafaias. A Casa Grande dos Malafaias está situada na
Rua Dr. Figueiredo Sobrinho em Arouca. O material usado na sua construção incidiu no
granito da região e calcário. A construção data do século XVIII.

1. Uma vez que a pedra usada não tem sofrido limpeza é possível detetar algumas
patologias da pedra.
1.1 Identifica, com ajuda do professor, algumas dessas patologias.

2. Procura uma pedra que apresenta um recuo, relativamente às restantes, e que


apresenta meteorização diferencial.

2.1 Que outro aspeto importante apresenta esta pedra?


3. Em algumas pedras observa-se a presença de encraves. Procura-os e regista-os
fotograficamente.

4. Observa a base do cruzeiro.

4.1 Compara o lado virado norte do cruzeiro com o lado virado a sul.

4.2 Apresenta uma explicação para o facto.

.
 Paragem E
Volta atrás e recomeça ao longo da Rua Agualva. No edifício do Geoparque de Arouca
podes encontrar várias patologias da pedra.

1. Identifica e regista fotograficamente essas patologias.

A nossa saída termina aqui.


Não esqueças de entregar este registo à professora e, posteriormente, os registos
fotográficos devidamente legendados.
ANEXO D

ANEXO D

Recursos relativos à Unidade Didática “Processos e materiais


geológicos importantes em ambientes terrestres”
(Biologia e Geologia – 11º ano)

309
IV – A GEOLOGIA, PROBLEMAS E MATERIAIS DO QUOTIDIANO
Conteúdos Pré-requisitos Objetivos específicos Estratégias

 Processos e  Mineral  Conhece a classificação das rochas  Trabalho individual para a realização de um Pré-Teste.
materiais geológicos  Propriedades magmáticas com base no ambiente de  Discussão alargada à turma da Apresentação I.
importantes em dos minerais consolidação dos magmas.  Realização da atividade prática: “Estudo macro e
ambientes  Magma  Reconhece as características que microscópico das rochas magmáticas”.
terrestres.  Rocha distinguem os diferentes tipos de rochas  Trabalho individual para realização da ficha de trabalho
- Magmatismo. magmática magmáticas propostas, especialmente no que nº1 (consolidação).
Rochas magmáticas.  Meteorização respeita à cor, à textura e à composição  Realização da atividade prática: “Absorção livre de
mineralógica. água por rochas sãs e alteradas”.
 Discussão alargada à turma da Apresentação II.
 Realização da saída de campo: “Visita ao Mosteiro
de Santa Maria de Arouca”.
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

Biologia e Geologia – 11º Ano Ano letivo 2011/2012

Atividade prática
Estudo macroscópico e microscópico de rochas magmáticas

Unidade de Ensino: Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres.

Nome: __________________________________________ Número: ______ Turma: ______

Introdução

Esta atividade pretende conhecer alguns dos critérios usados na classificação das rochas
magmáticas, realizar o seu exame macroscópico e identificar algumas das suas características. Tendo
consciência que só por exame microscópico a classificação mineralógica poderá ser mais fiável,
proceder-se-á a um trabalho prático de observação de lâminas delgadas, ao microscópio petrográfico,
para observar as propriedades e identificar os minerais constituintes das rochas magmáticas.

1- Exame macroscópico – Critérios de classificação

Material

- Tabuleiro com 3 amostras distintas de granitos;

Procedimento

1. Observe atentamente as amostras de mão de granito;

2. Defina aspetos/características dos minerais das diferentes amostras de granito


(ex: minerais diferentes ou todos iguais, minerais de tamanhos diferentes ou todos
iguais);

3. A partir dos aspetos identificados anteriormente, elabore uma lista com alguns
critérios de análise de rochas magmáticas.
Resultados

- Aspetos/características observadas:

Conclusões

- Com os aspetos identificados, elabore uma lista com alguns critérios de análise de
rochas magmáticas.

Critérios de classificação das rochas magmáticas:

2- Exame macroscópico - Classificação de rochas magmáticas

Material

- Tabuleiro com amostras de granito, basalto e diorito (amostras numeradas, não


identificadas).
Procedimento

1. Observe atentamente as amostras de mão das diferentes rochas;

2. Preencha os quadros 1, 2, 3 e 4 com base na observação efetuada (assinale com


um X a presença da característica na rocha);

3. Classifique as amostras de acordo com os aspetos texturais e mineralógicos,


usando o quadro 1.

Resultados

Quadro 1: Classificação em função da cor dos minerais

Índice de cor Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Classificação


Predominam os minerais claros
Leucocrata
ou félsicos
Apresenta uma percentagem
equivalente de minerais félsicos Mesocrata
e máficos
Predominam os minerais
Melanocrata
escuros ou máficos

Quadro 2: Classificação em função da relação cristais / vidro

Textura: grau de
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Classificação
cristalinidade
Mais de 90% em volume de
Holocristalina
cristais
Vidro e cristais inferiores a 90% Hialocristalina
Mais de 90% em volume de
Holohialina
vidro
Quadro 3: Classificação em função do tamanho dos cristais

Textura: tamanho dos cristais Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Classificação


Cristais visíveis a olho nu Fanerítica
Grão> 30mm Grão grosseiro
Cristais visíveis a olho nu Fanerítica
Grão entre 5-30mm Grão grosso
Cristais visíveis a olho nu Fanerítica
Grão entre 2-5mm Grão médio
Cristais visíveis a olho nu Fanerítica
Grão <2mm Grão fino
Caracterizada por todos os
componentes ocorrerem sob a
Pegmatítica
forma de cristais de grandes
dimensões
Caracterizada por apresentar
uma matriz granular na qual se
Porfiróide
destacam cristais de grandes
dimensões
Rocha parcialmente vitrificada,
na qual não é possível
Vítrea
encontrar cristais
individualizados
Cristais não visíveis a olho nu Afanítica
Quadro 4: Identificação macroscópica dos minerais das amostras 1 e 2

Minerais Amostra 1 Amostra 2


Feldspatos apresentam-se em cristais de tamanho variável,
forma regular e normalmente retangular. A cor varia, podendo
ser: branca, amarelada, rosada ou azulada
Quartzo apresenta-se sob a forma de grãos cinzentos
translúcidos, brilho gorduroso, lembrando cristais de sal
grosso. Não apresenta forma definida.
Mica preta (biotite) apresenta-se em lâminas negras
brilhantes
Mica branca (moscovite) apresenta-se em lâminas brancas
prateadas com brilho intenso
Olivina apresenta-se sob a forma de grãos, cor verde-
amarelada a verde-azeitona e brilho vítreo

Conclusão

- Procure classificar as amostras do tabuleiro tendo por base os dados que


preencheu nos quadros anteriores e com os elementos do quadro 5.

Quadro 5: Classificação com base em aspetos texturais e mineralógicos

Leucocratas Mesocratas Melanocratas


c/ quartzo s/ quartzo s/ quartzo s/ quartzo
Feldspatos alcalinos Fel. calcoalcalinos Fel. cálcicos
Rochas granulares Granito Sienito Diorito Gabro
Rochas afaníticas Riolito Traquito Andesito Basalto

Amostra 1- ___________________

Amostra 2- ___________________

Amostra 3- ___________________
2 – Composição mineralógica de rochas magmáticas

A utilização de tabelas de classificação e de chaves dicotómicas é uma prática


generalizada, mas em muitos casos, pouco rigorosa. O diagrama de Streckeisen permite a
classificação das amostras estudadas em função da composição mineralógica em quartzo (Q),
feldspato potássico (A) e plagióclase (P). Contudo, a sua utilização implica o cálculo prévio das
composição modal das rochas em questão, e, consequentemente, técnicas que se encontram
fora do âmbito da disciplina. Todavia, essa determinação pode ser realizada a partir de dados
fornecidos. No quadro 6 são apresentadas a composição mineralógica de duas rochas
hipotéticas. Na figura 1 está representado o diagrama de Streckeisen.

Quadro 6: Composição mineralógica de duas rochas magmáticas (A e B).

Minerais Feldspato
Quartzo Biotite Moscovite Plagioclase Acessórios
Rocha potássico
A 19,9 29,0 14,6 4,3 30,4 0,9
B 27,1 26,1 14,0 3,1 28,3 1,4

Fig. 1: Classificação de Rochas Ígneas


Plutónicas (baseada em Streckeisen,1976 e
LeMaitre, 1989)
(http://vsites.unb.br/ig/glossario/fig/Class_Rx_plu
ton.htm [01/10/2012].
2.1. Calcule a percentagem de quartzo, feldspato potássico e plagioclase, para cada
uma das amostras, considerando que estes três minerais perfazem a totalidade (100%).

2.2. Projete no diagrama da figura 1 o ponto correspondente a cada uma das


amostras.

3 - Exame microscópico

O microscópio petrográfico é um equipamento que possui características técnicas


necessárias para que seja eficaz nas observações de lâminas delgadas de rochas, assim
como os acessórios básicos que permitem uma melhor caracterização ótica dos minerais.
Este microscópio possui a possibilidade de efetuar observações em nicóis paralelos e em
nicóis cruzados. Os fundamentos teóricos relacionados com os fenómenos da polarização
da luz e sua interferência com os minerais não constituem objeto desta aula.

Material

- Microscópio petrográfico;

- Lâminas delgadas de rochas magmáticas (granito, basalto, gabro, sienito);

- Fichas de identificação.

Procedimento

1. Coloque o microscópio petrográfico na bancada de trabalho;

2. Ligue o equipamento à corrente (220 volts);


3. Coloque uma lâmina delgada na platina do microscópio. Confirmar previamente
que está inserida a objetiva de menor ampliação. Focar utilizando os manípulos
respetivos, olhando pela ocular do microscópio. Deverá ter cuidado de modo a não
subir demasiado a platina correndo o risco de partir a lâmina delgada e/ou danificar a
objetiva (no final, desligar o microscópio);

4. Observe atentamente a lâmina delgada;

5. Identifique os minerais presentes e a rocha magmática, correspondente a essa


lâmina, usando como termo de comparação os cartões distribuídos.

Resultados

- Após a análise mineralógica ao microscópio petrográfico, identifique as rochas


correspondentes às respetivas lâminas delgadas.

Lâmina Rocha magmática


1
2
3
4

Selecione uma das lâminas observadas e faça um esquema representativo dos


minerais observados. Com o auxílio do “Atlas en color de rocas y minerales en lâmina
delgada” faça a respetiva legenda.

Legenda:
Ampliação: _____ X Nicóis:
- Paralelos ____
- Cruzados ____

Minerais:
ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

Biologia e Geologia – 11º Ano Ano letivo 2011/2012

Atividade prática

Absorção livre de água por rochas sãs e alteradas

Unidade de Ensino: Processos e materiais geológicos importantes em ambientes terrestres

Nome: __________________________________________ Número: ______ Turma: ______

Introdução

A rocha magmática que existe na vila de Arouca é o quartzodiorito, que se formou a grandes
profundidades e, atualmente, encontra-se em afloramentos expostos à ação dos agentes de
meteorização.

A composição mineralógica das rochas é importante para compreender as alterações que


nelas se registam. De igual modo, as suas propriedades físicas, como a porosidade e a
capilaridade, permitem conferir diferentes graus de alteração às rochas.

A porosidade é uma característica estrutural dos materiais que depende da dimensão e da


disposição dos seus poros. Uma rocha demasiado porosa é, em regra, pouco resistente à
compressão, permeável e fratura facilmente quando a água absorvida congela no seu
interior. Assim, quanto maior for a porosidade maior será a alteração da rocha. No entanto,
há a referir o facto de rochas com a mesma porosidade apresentarem capacidades de
absorção distintas, devido à existência de diferentes estruturas de redes capilares, com
diferentes distribuições e tamanhos de poros.

Para melhor entender/conhecer esta propriedade é necessário realizar estudos no


laboratório.

O objetivo desta atividade experimental é determinar a quantidade de água absorvida pelo


material pétreo quando totalmente submerso à pressão atmosférica, em amostras de
quartzodiorito são e alterado, de modo a compreender esta propriedade, importante para
durabilidade da rocha, dado que é utilizada, pelos arouquenses, na construção de imóveis.
Material

- Provetes (cubos ou prismas) de quartzodiorito são e de granodiorito alterado

- Estufa

- Balança

- Tina de vidro com uma rede no fundo

- Placa de vido

Procedimento

1. Identifique os provetes com uma letra e um número (ex: S1, S2,…);

2. Pese os 5 provetes;

3. Coloque os provetes na estufa a 40°C, e pese até que seja atingido um peso
constante (massa do provete seco – Pse);

4. Coloque os provetes na tina de vidro com a face identificada para cima, isolados
do fundo por uma rede;

5. Cubra os provetes com água destilada (que terá de ser adicionada sempre que
necessário);

6. Tape a tina com uma placa de vidro;

7. Seque parcialmente os provetes com um pano húmido, e pese-os nos seguintes


intervalos: 10min, 30min, 1h, 4h, 24h, 48h, 1 semana (massa do provete saturado – Psa).

8. Registe os valores numa tabela;

9. Proceda do mesmo modo para os provetes de rocha alterada (a identificação dos


provetes poderá ser A1, A2,…).
Resultados

- Preencha a tabela com os valores do peso da amostra saturada e respetivo valor


de absorção livre de água, calculado a partir da fórmula (1)

10 min 30 min 1h 4h 24 h 48 h 1 semana

Psa
Pse (g)
(g)
Amostra

Ab
(%)

Psa
Pse (g)
(g)
Amostra
alterada
Ab
(%)

Cálculo de absorção livre de água (Ab):

Psa  Pse
Ab   100 (1)
Pse

Em que:

Psa = peso da amostra saturada (g);

Pse = peso da amostra seca (g).


Discussão

1. Indique por que motivo os provetes devem estar no interior da tina de água
cobertos por uma placa de vidro.

2. Com os valores obtidos, construa um gráfico.

3. Analise a variação/evolução do conteúdo médio em água de absorção nas duas


amostras.

3.1 Explique as variações obtidas nas duas amostras.


ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

SAÍDA DE CAMPO

Visita ao Mosteiro de Santa Maria de Arouca

Guião do aluno

Ano Letivo 2011/2012


Aula de Campo – Visita ao Mosteiro de Santa Maria de Arouca

Nome do aluno: ________________________________________________________

Nível de ensino: 11º ano

Disciplina: Biologia e Geologia

Duração: 60 minutos

Unidade de ensino: Geologia, problemas e materiais do quotidiano

Subunidade de ensino: Processos e materiais geológicos importantes em ambiente


terrestre

Objetivos:

- Classificar a rocha magmática quanto à cor, composição mineralógica e textura;

- Compreender os mecanismos de alteração do granito;

- Reconhecer diferentes tipos de granito;

- Conhecer algumas das patologias do granito;

- Identificar patologias no granito constituinte do mosteiro em estudo;

- Compreender a importância dos recursos geológicos;

- Associar o património geológico ao património histórico da região;

- Promover atitudes de respeito pelos monumentos nacionais;

- Respeitar os colegas e professora;

- Cooperar nos trabalhos de grupo;

- Revelar interesse e empenho nas atividades propostas;

- Desenvolver nos alunos uma atitude crítica face à degradação dos monumentos;

- Consciencializar os alunos no seu próprio processo de aprendizagem.


Material necessário:

- Guia de campo do aluno;

- Caderno e material de escrita;

- Bússola;

- Máquina fotográfica.

Organização:

Faz parte da aula de campo uma única paragem, junto ao Mosteiro de Santa Maria
de Arouca. Nesse local, terá de realizar as atividades propostas neste guia. Sempre que
surgirem dúvidas, deve solicitar esclarecimentos junto da professora.

As atividades serão realizadas em grupos de 2 a 3 elementos. A conduta e o trabalho


que vai executar devem ser regidos pelo princípio do respeito pelo património em causa e
pela opinião dos colegas de grupo. Espírito de observação e de organização são atributos
chave para o sucesso de um bom estudioso.

INTRODUCÃO:

O Mosteiro de São Pedro data do século X. No ano de 1210 foi legado a D. Mafalda,
por seu pai, D. Sancho I, rei de Portugal. Nos séculos XV e XVI foram realizadas obras de
ampliação do mosteiro, datando o imponente edifício, tal como o vemos hoje, dos séculos
XVII e XVIII. Alberga no seu interior, entre outras estruturas, a igreja matriz.

Este monumento assistiu a grandes momentos da história e é um marco de


referência em Arouca, sendo procurado, para visitar, por muitos turistas. O material usado
na sua construção foi o quartzodiorito, rocha magmática, que aflora na região. A sua génese
atribui-lhe características, resistência e durabilidade, que justificam a sua utilização nesta
construção. No entanto, ao longo do tempo, o edifício foi-se degradando, talvez por causa
das patologias que ainda hoje apresenta.
ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO:

No centro da Vila de Arouca localiza-se o monumento em estudo (figura 1), mais


conhecido por Mosteiro de Arouca.

Fig. 1: Localização do monumento em estudo no


centro de Arouca.

ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO:

Do ponto de vista geológico, a área de visita situa-se na Zona Centro Ibérica (ZCI),
umas das zonas internas do Maciço Ibérico. As rochas metamórficas e graníticas que
afloram na região são o resultado dum conjunto de processos geológicos que
acompanharam a formação duma cadeia montanhosa durante o Paleozoico Superior—
Cadeia Varisca (Cadeia Hercínia).

A Vila de Arouca assenta sobre uma mancha de quartzodiorito biotítico, classificada


como granodiorito, uma vez que não possui ortóclase.

Esta localidade é abrangida pelas cartas geológicas de Castelo de Paiva – folha nº13B
(escala 1/50000) e de Oliveira de Azeméis – folha nº 13D (escala 1/50000).
PERCURSO – PONTO DE PARTIDA ATÉ À CASA DOS MALAFAIAS

1 - Assinale na figura 1, com o nº 1, a primeira paragem.

2 - Registe:

- Localização GPS: ______________________

- Hora de chegada: _____________________

- Hora de partida: ______________________

3 - Determine, com a ajuda da bússola, a direção em que nos deslocamos. __________

4 - Observe o tipo de rocha utilizado brasão. Identifique-o. ___________________________

5 - Apresente uma explicação para a perda da definição de contornos observada.

__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

PERCURSO – CASA DOS MALAFAIAS ATÉ AO MOSTEIRO DE AROUCA

1 - Assinale na figura 1, com o nº 2, a segunda paragem.

2 - Registe:

- Localização GPS: ______________________

- Hora de chegada: _____________________

- Hora de partida: ______________________

3 - Posicione-se em frente à porta principal do mosteiro. Indique qual a sua orientação. ____
4 - Observe com atenção as pedras que se encontram a constituir este edifício. Descreva-as
macroscopicamente preenchendo o quadro seguinte:

Minerais
Pedra Cor Granulometria Textura
constituintes

5 - Aproxime-se da porta principal da igreja. Tateie com a ponta dos dedos a superfície de
várias pedras que ladeiam esta entrada. Registe os factos que ocorrerem.

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

6 - Identifique e descreva as patologias observáveis. Preencha o quadro seguinte.

Patologias Presente Ausente Breve descrição


Desagregação
Destacamento
granular
de material
Placas
Pátinas
Depósitos Filmes negros
Crostas
Fissuras
Colonização biológica

7 - Faça o registo fotográfico dos aspetos mais relevantes.


8 - Coloque-se em frente ao portal que dá acesso ao terreiro do mosteiro. Esta construção é
muito recente, no entanto foi construída por pedras muito antigas, que teriam feito parte de
uma estrutura semelhante no passado.

8.1 - Considera que o tipo de pedra desta estrutura é igual a que analisou anteriormente? __

8.1.1 - Justifique a sua resposta.

____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

8.2 - Verifique se existem pedras de granolumetria diferente. No caso de existir faça a sua
distinção e o registo fotográfico.

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

PERCURSO – MOSTEIRO DE AROUCA ATÉ O CALVÁRIO

1 - Assinale na figura 1, com o nº 3, a terceira paragem.

2 - Registe:

- Localização GPS: ______________________

- Hora de chegada: _____________________

- Hora de partida: ______________________

3 - Determine, com a ajuda da bússola, a direção em que nos deslocamos. __________

4 - Observe o maciço rochoso do local. Faça a descrição macroscópica da rocha indicando:

- os minerais constituintes. ______________________________________________

- o tamanho médio dos grãos. ___________________________________________

- a textura. ___________________________________________________________

- a cor. ______________________________________________________________
5 - Identifique as patologias observáveis neste maciço rochoso.

__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5.2 - Faça o registo fotográfico dos aspetos mais relevantes.

5.1 - Discuta com os colegas sobre as possíveis causas do aparecimento destas patologias.

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
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PERCURSO – CALVÁRIO ATÉ ESCOLA SECUNDÁRIA DE AROUCA

1 - Dirija-se para a escola.

AVALIAÇÃO:

Elabore um relatório da saída de campo.

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