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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

GC
Nº 70059333930 (N° CNJ: 0125956-31.2014.8.21.7000)
2014/CÍVEL

APELAÇÃO CIVIL. SEGUROS. LEGITIMIDADE


ATIVA. RECONHECIDA A LEGITIMIDADE PASSIVA
DA SEGURADORA COM QUEM O DONO DO
AUTOMÓVEL CAUSADOR DO MANTÉM
CONTRATO DE SEGURO. ROUBO DE VEÍCULO
SEGURADO. NEGATIVA DE PAGAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE. SENTENÇA MANTIDA.
Legitimidade Ativa. Em que pese o autor não tenha
vínculo contratual com a seguradora ré, é terceiro
beneficiário da apólice por eventuais danos causados
pelo segurado. Legitimidade Passiva. Em razão da
estipulação contratual em favor de terceiro existente
na apólice, a seguradora pode ser demandada
diretamente para pagar a indenização.
Responsabilidade. Considerando que o veículo
segurado estava sendo conduzido por terceira pessoa,
mas havendo o registro policial de roubo do veículo,
fica a situação excluída da hipótese de perda de
direitos do segurado nos termos do contrato de seguro
veicular. Sentença Mantida.
REJEITARAM AS PRELIMINARES E NEGARAM
PROVIMENTO AO APELO.

APELAÇÃO CÍVEL SEXTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70059333930 (N° CNJ: 0125956- COMARCA DE PORTO ALEGRE


31.2014.8.21.7000)

HDI SEGUROS S/A APELANTE

MAURICIO RUFINO SILVA APELADO

NZR INDUSTRIA E COMERCIO DE INTERESSADO


ESQUADRIAS DE ALUMINIO LTDA -
EPP

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.

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Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara


Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em rejeitar as
preliminares e negar provimento ao apelo.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE E
REVISOR) E DES. NEY WIEDEMANN NETO.
Porto Alegre, 08 de maio de 2014.

DES. GIOVANNI CONTI,


Relator.

R E L AT Ó R I O
DES. GIOVANNI CONTI (RELATOR)
Trata-se de apelação interposta nos autos da Ação Ordinária
de Cobrança ajuizada por MAURICIO RUFINO SILVA em desfavor de
HDI SEGUROS S/A e OUTRO, em face da sentença de fls. 383/386, que
julgou procedente o feito.
A fim de evitar tautologia, adoto o relatório da sentença:

“Vistos, etc.
MAURÍCIO RUFINO SILVA ajuizou ação de
cobrança contra HDI SEGUROS S/A e NAZÁRIO
ALVES ME, partes devidamente qualificadas.
Afirma que, à época dos fatos, era proprietário
do veículo GM Corsa Hatch Maxx Flex, ano e modelo
2005, cor preta, placas IMO-1566, o qual foi danificado
em acidente de trânsito, ocorrido no dia 02 de
fevereiro de 2011. Alega que o sinistro ocorreu devido
à colisão com o veículo pertencente a Nazário Alves
ME (Nissan Sentra, ano 2008/2009, cor prata, placas
IPM-3705) e segurado pela Seguradora ré, o qual
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havia sido furtado e, no momento da colisão, estava


sendo conduzido por meliantes. O carro do
demandante foi arrastado a uma longa distância. No
local, os responsáveis pela segunda requerida
contataram a Seguradora para que fossem enviados
os veículos para conserto às expensas desta última.
Porém, o automóvel do autor não foi consertado, pois
a Seguradora ré negou-se a ressarci-lo. Aduz ter sido
obrigado a vender o seu veículo no estado em que se
encontrava, por R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pois o
conserto ultrapassaria o valor da Tabela Fipe,
registrado no ano do fato. Menciona os valores
referentes à diferença do veículo, os gastos que lhe
sobrevieram, dizendo ser merecedor do valor de R$
20.755,35 (vinte mil, setecentos e cinquenta e cinco
reais e trinta e cinco centavos). Sustenta a
aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor.
Propugna pela procedência da demanda. Litiga sob o
pálio da A.J.G.. Junta documentos.
Deferida A.J.G. em sede de agravo de
instrumento, fl. 93.
Citada (fl. 106), a empresa sucessora de
Nazário Alves – ME, NZR Indústria e Comércio de
Esquadrias de Alumínio Ltda.- EPP, apresentou
contestação às fls. 117/121. Preliminarmente, alega
ilegitimidade passiva. No mérito, impugna a alegação
de relação de consumo. Afirma que a Seguradora HDI
indenizou as perdas e danos do seu veículo. Menciona
a impossibilidade de ser responsável pelo ocorrido,
tendo em vista se tratar de caso fortuito. Requer seja
reconhecida a preliminar. Postula a improcedência da
ação. Junta documentos.
Citada (fl. 116), a Seguradora requerida
contestou às fls. 132/158. Faz breve relato dos fatos.
Preliminarmente, alega ilegitimidade ativa e passiva
das partes. No mérito, menciona que os fatos não
ocorreram conforme narrado na inicial. Impugna os
documentos juntados e valores pleiteados pelo autor.
Sustenta que, conforme cláusulas contratuais, os
riscos cobertos são somente aqueles que fazem parte
das Condições gerais da Apólice, ou seja, em caso de
sinistro, para que haja cobertura indenitária é preciso
que o risco tenha sido assumido pelo segurador, o que
não se concretizou no caso. Aponta os termos do
contrato. Insurge-se contra os pedidos do autor.
Requer seja julgada extinta a ação sem julgamento de
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mérito ou, alternativamente, a sua improcedência.


Junta documentos.
(...).
RELATEI.

O dispositivo assim dispôs:


“DISPOSITIVO.
Isso posto, nos termos do artigo 269, inciso I
(primeira hipótese), do Código de Processo Civil,
JULGO PROCEDENTES os pedidos, para o fim de
CONDENAR os réus ao pagamento ao autor das
quantias de R$ 2.247,35 (dois mil, duzentos e
quarenta e sete reais e trinta e cinco centavos) pelos
danos materiais causados, nos termos dos
comprovantes de fls. 34/50 e 60/63, corrigida
monetariamente pelo IGP-M e acrescida de juros de
mora de 1% ao mês, desde a data de cada reembolso;
e R$ 18.508,00 (dezoito mil, quinhentos e oito reais e
oito centavos) em relação ao veículo, corrigida
monetariamente pelo IGPM e acrescida de juros de
1% ao mês, desde a data do evento danoso
(02.02.2011 – fls. 19/21), nos moldes das Súmulas 43
e 54, do STJ.
Todavia, havendo contrato de seguro
firmado entre os demandados, somente a
seguradora deverá arcar com o pagamento da
condenação.
Condeno a parte requerida HDI Seguros ao
pagamento das custas processuais, e a honorários
advocatícios que fixo em 15% do valor da
condenação, em favor do patrono da parte autora,
corrigidos monetariamente pelo IGP-M desde o
ajuizamento da ação até o efetivo pagamento,
considerando a natureza e importância da lide, e o
trabalho realizado pelo profissional, forte no art. 20, §
3º, do CPC.
Retifique-se o polo passivo da lide para NZR
Indústria e Comércio de Esquadrias de Alumínio Ltda.-
EPP (empresa sucessora de Nazário Alves ME).
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

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Irresignada, a ré HDI Seguros S/A interpôs recurso de


apelação. Em suas razões, fls. 389/402, aduz a incorreção da sentença
argumentando, preliminarmente sua ilegitimidade para figurar no pólo
passivo da demanda, bem como a ilegitimidade ativa do autor. No mérito
reafirma os argumentos contestatórios. Aduz que eventual indenização da
seguradora é supletiva ao recebimento do seguro DPVAT. Requer o
provimento do recurso.
Intimado, o autor apresentou contrarrazões, fl. 407/410,
pugnando pelo improvimento da apelação.
Subiram os autos a este Tribunal tendo sido a minha relatoria.
Registro, por fim, que tendo em vista a adoção do sistema
informatizado, os procedimentos para observância dos ditames dos
arts. 549, 551 e 552, do CPC foram simplificados, mas observados na sua
integralidade.
É o relatório.

VOTOS
DES. GIOVANNI CONTI (RELATOR)
Eminentes Colegas.
Conheço do recurso porquanto preenchidos os pressupostos
de admissibilidade.
Precipuamente, tenho que não mereçam prosperar as
preliminares de ilegitimidade passiva e ativa aventadas pela recorrente,
conforme bem decidido pelo juízo monocrático.
É cediço neste tribunal, bem como nos Tribunais Superiores
que a seguradora é parte legítima para figurar no pólo passivo de demandas

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que busquem ressarcimento de prejuízo causado por seus segurados, como


no caso em comento.
Em que pese o autor não tenha qualquer vínculo contratual
com a seguradora ré figura como terceiro beneficiário da apólice de seguro
veicular em razão de eventuais danos causados pelo segurado.
Ademais, em razão da solidariedade existente entre
seguradora e segurado é que a jurisprudência vem admitindo a condenação
direta da seguradora ao pagamento da indenização que seria imposta ao
segurado, com o fito de celebrar o princípio da celeridade processual. Nesse
sentido, os seguintes precedentes:

CIVIL. SEGURO. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


DENUNCIAÇÃO. ACOLHIMENTO. SEGURADORA.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DECORRÊNCIA.
TÍTULO JUDICIAL. (...) I - O entendimento desta Corte
é assente no sentido de que, em razão da estipulação
contratual em favor de terceiro existente na apólice, a
seguradora pode ser demandada diretamente para
pagar a indenização. II - Se a seguradora poderia ter
sido demandada diretamente, não resta dúvida de
que, ao ingressar no feito por denunciação, assumiu a
condição de litisconsorte. Nessa situação, submete-se
à coisa julgada e, no caso de condenação, é
legitimada para figurar no pólo passivo da execução,
cabendo-lhe o adimplemento do débito nos limites da
sua responsabilidade. III - Julgado procedente o
pedido indenizatório e a denunciação da lide, a
responsabilidade solidária da seguradora passa a ser
fundada no título judicial e não no contrato. (...)
Recurso provido. (REsp 713115 / MG, Relator Ministro
Castro Filho, Terceira Turma, Data do Julgamento:
21.11.2006, DJe: 04.12.2006) Destaquei.

EMBARGOS INFRINGENTES. APELAÇÃO QUE,


POR MAIORIA, RECONHECE A ILEGITIMIDADE
PASSIVA DA SEGURADORA COM QUEM O
CAUSADOR DO ACIDENTE DE TRÂNSITO MANTÉM
CONTRATO DE SEGURO PARA FIGURAR, DE

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FORMA ISOLADA, NO POLO PASSIVO DA AÇÃO


ORDINÁRIA AJUIZADA PELA VÍTIMA. 1- Em que
pese o autor não tenha qualquer vínculo contratual
com a seguradora ré, é terceiro beneficiário da apólice,
por eventuais danos causados pelo segurado. Além
disso, tem título executivo (sentença) que lhe confere
o direito de receber a respectiva indenização, seja do
causador direto do acidente, seja da seguradora
(responsável solidária). Exatamente por isso, isto é,
em razão dessa solidariedade entre seguradora e
segurado, decorrente do título judicial já existente, que
a jurisprudência vem admitindo a condenação direta
da seguradora ao pagamento da indenização que
seria imposta ao segurado. Não se está diante,
portanto, de situação em que a suposta vítima
ingressa diretamente em juízo contra a seguradora do
suposto causador do dano, sem antes ter havido
prévia discussão sobre os fatos que envolveram o
acidente. A culpa já foi definida relativamente ao
acidente, atribuída ao segurado. A jurisprudência
sufragada pela maioria pressupõe a inexistência da
ação precedente. O que não é a situação dos autos.
Mesmo que, naquela ação indenizatória por acidente
de trânsito, ajuizada pela vítima, a seguradora do
causador do dano não tenha figurado no polo passivo
ou não tenha sido denunciada à lide, de molde a
constituir verdadeiro litisconsórcio passivo, isso não
impede que o credor venha a receber dela o
pagamento da obrigação imposta a seu segurado em
outra demanda. O que não é razoável é a pessoa que
não deu causa ao acidente e que ficou com graves
sequelas para a vida (tetraplégico) fique impedida de
cobrar indenização que lhe é devida. (...). EMBARGOS
INFRINGENTES ACOLHIDOS, PARA O EFEITO DE
AFASTAR A ILEGITIMIDADE PASSIVA DA
SEGURADORA, CONSIDERANDO-A PARTE
LEGÍTIMA AD CAUSAM E, NO MÉRITO, PROVER
PARCIALMENTE O APELO, POR MAIORIA.
(Embargos Infringentes Nº 70053486643, Sexto Grupo
de Câmaras Cíveis, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout,
Julgado em 22/03/2013)

Assim, mantenho a legitimidade passiva da ré HDI Seguros e a


legitimidade ativa do autor para figurarem na demanda.
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Passo à análise do mérito.


Correto o entendimento da sentença que julgou procedente o
feito, merecendo transcrição os percucientes fundamentos adotados pela
magistrada da causa, Dr.ª Patrícia Hochheim Thomé, in verbis:

“(...)
Restou incontroverso nos autos, pois não negado
pelos demandados, que houve um sinistro envolvendo
o veículo de propriedade do autor e o veículo de
propriedade do réu Nazário, o qual estava, na ocasião,
sendo conduzido por meliantes, uma vez que havia
ocorrência de roubo, fl. 130.
Também demonstrado nos autos que o proprietário do
veículo que atingiu o carro do autor, possuía contrato
de seguro com a demandada HDI, fls. 66/69.
A questão a ser analisada no feito versa sobre a
validade das cláusulas do seguro que eximem a
demandada do pagamento dos danos causados ao
autor.
Menciona a seguradora que no item 5, A.b. do manual
do segurado constam os riscos não cobertos pela
apólice contratada (fl. 187), e dentre esses está a
condução ou manobra do veículo por pessoa não
habilitada.
Todavia, analisando o Manual do Segurado
(fls. 174/221), na sessão Condições Contratuais do
Seguro HDI Auto; no item 13, Perda de Direitos, está
mencionado que (fl. 181):

Além dos casos previstos em lei, a HDI Seguros ficará


isenta de quaisquer obrigações decorrentes desta
apólice se:
(…)
e) o veículo estiver sendo conduzido por pessoa que
esteja sob a ação do álcool, de drogas ou
entorpecentes de uso fortuito, ocasional ou habitual,
quando da ocorrência do sinistro. Esta hipótese da
Perda de Direitos aplica-se em qualquer situação,
abrangendo não só os atos praticados diretamente

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pelo segurado, mas também os praticados por toda e


qualquer pessoa que estiver dirigindo o veículo, com
ou sem consentimento do Segurado, exceto quando
houver ocorrência de roubo e furto;

Assim, considerando que o veículo segurado estava


sendo conduzido por terceira pessoa, que não se sabe
sob qual estado se encontrava, mas havendo o
registro policial de roubo do veículo, fica a situação
excluída da hipótese de perda de direitos do segurado.
Saliento que a referida interpretação baseia-se na lei
consumerista, em seu artigo 47. Ainda, conforme
ensinamentos do jurista Orlando Celso da Silva Neto,
em sua obra Comentários ao Código de Defesa do
Consumidor, ed. Forense, 2013, p. 709:

“(…) O legislador Brasileiro optou por criar


mecanismos gerais de controle de conteúdo
dos contratos que regulam relações de
consumo, sejam eles de adesão ou não. Sendo
de adesão (o que ocorre na maior parte das
vezes), submete-se ainda ao controle de forma
e de interpretação.
É fato que a maior parte dos contratos de
adesão serão “desbalanceados”, por serem
propostos de forma unilateral, mas o controle
material se dará não por serem de adesão, e
sim, por serem de consumo. Ou seja, seu
caráter adesivo só é relevante para a
interpretação das cláusulas, mas não para a
aferição objetiva da abusividade do seu
conteúdo material.”

Portanto, uma vez afastada a condição de exclusão de


obrigação da seguradora, deverá esta arcar com os
danos causados pelo veículo segurado ao veículo do
autor.
Em caso análogo, decidiu o nosso e. Tribunal de
Justiça:
(...)
Em relação ao segurado, permanece na lide por ter o
veículo de sua propriedade abalroado o automóvel do
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autor, o que obriga, contratualmente, a seguradora ao


pagamento do seguro e o respectivo ressarcimento ao
terceiro, ora demandante.
Certo o dever de indenizar, passo a análise do
montante.
Em relação à quantia relativa ao bem danificado, como
bem mencionado na vestibular, deverá ser o valor do
bem definido na tabela FIPE (R$ 23.508,00 – fl. 64) à
época do sinistro, sendo abatido o valor pago quando
da venda deste pelo autor (R$ 5.000,00 – fls. 60/63),
restando devido, assim, o valor de R$ 18.508,00
(dezoito mil, quinhentos e oito reais e oito centavos).
No que tange aos danos materiais, alega a
demandada Seguradora que responderá por danos
materiais referentes ao reembolso de despesas
médicas, somente ao que exceder os limites previstos
no seguro obrigatório, DPVAT. Ocorre que o valor do
seguro obrigatório deve ser descontado do valor da
indenização quando comprovado nos autos que a
parte requerente recebeu o seguro obrigatório.
Não é o caso dos autos, uma vez que não comprovou
a seguradora o recebimento do seguro obrigatório pelo
autor, devendo, por isso, reembolsar a quantia
despendida e devidamente comprovada a este título.
Destarte, o autor deverá ser indenizado no valor de R$
2.247,35 (dois mil, duzentos e quarenta e sete reais e
trinta e cinco centavos), conforme relatório de fl. 33, e
comprovantes de fls. 34/50.
Destarte, procede a demanda para condenar os
demandados ao pagamento ao autor da quantia total
de R$ 20.755,35 (vinte mil, setecentos e cinquenta e
cinco reais e trinta e cinco centavos). Todavia,
havendo contrato de seguro firmado entre os
demandados, entendo que somente a seguradora
deve arcar com o pagamento da condenação.

Igualmente, entendo que não deva prevalecer a tese defensiva


exposta em sede de contestação e reiterada em fase recursal, de que o
valor indenizatório deva ser complementar ao valor recebido a título de
Indenização de Seguro DPVAT.

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O Seguro DPVAT busca indenizar os danos pessoais sofridos


pelas vítimas de acidentes de trânsito o que destoa do pedido do caso sub
judice no qual o autor busca ressarcimento pelos danos materiais sofridos.
Assim, não há que se falar em suplementação de valores.
Isso posto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar
provimento ao recurso, mantendo hígida a sentença recorrida.

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA (PRESIDENTE E REVISOR) - De


acordo com o(a) Relator(a).
DES. NEY WIEDEMANN NETO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. LUÍS AUGUSTO COELHO BRAGA - Presidente - Apelação Cível nº


70059333930, Comarca de Porto Alegre: "REJEITARAM AS
PRELIMINARES E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO.
UNÂNIME"

Julgador(a) de 1º Grau: PATRICIA HOCHHEIM THOME

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