Psicologia
05/02/2013
A teoria das representações sociais foi elaborada por Serge Moscovici com o intuito de
explicar e compreender a realidade social, considerando a dimensão histórico-crítica
(OLIVEIRA, 2001).
Foi na obra La Psychanalyse, son image et son public, de 1961, que o autor mencionou
pela primeira vez o conceito de Representação Social, desenvolvendo a partir deste uma
psicossociologia do conhecimento.
Para Moscovici (1978), as Representações Sociais são entidades quase tangíveis. Elas
circulam, cruzam-se e cristalizam-se incessantemente, por intermédio de uma fala, um
gesto, um encontro em nosso universo cotidiano, constituindo, assim, uma modalidade
de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a
comunicação entre os indivíduos.
A representação social é algo que vai muito além de formulações de conceitos acerca de
determinado fato, mas produções de comportamentos embasados em experiências
sociais, de forma individual e coletiva; conjunto de conceitos construídos diante de um
fenômeno social.
A teoria das Representações Sociais é uma teoria sobre a construção dos saberes sociais
(JOVCHELOVITCH, DUVEEN, 2001), entretanto, é importante diferenciar saberes
sociais de opiniões. Moscovici (1978, p. 46) descreve opinião como sendo algo pouco
estável, incidindo sobre pontos particulares. São, portanto, características observadas
mais individualmente pelo homem enquanto que representações sociais.
De acordo com Oliveira e Werba (2001), os Universos Reificados são mundos restritos,
onde circulam as ciências, a objetividade ou as teorizações abstratas. Nestes, a
sociedade é percebida como um sistema de diferentes papéis e classes, cujos membros
são desiguais. Já os Universos Consensuais são as teorias do senso comum, onde se
encontram as práticas do dia a dia e a produção de Representações Sociais. No Universo
Consensual a sociedade é vista como um grupo de pessoas que são iguais, cada uma
com possibilidades de falar em nome do grupo. Este, de acordo com Moscovici (1981),
estimula e dá forma à nossa consciência coletiva, explicando coisas e eventos de tal
forma que sejam acessíveis a cada um do Universo Reificado das ciências e deve ser
transferido ao Universo consensual do dia a dia para, assim, ser representado.
Existem dois processos formadores das Representações Sociais, sendo estes o processo
de ancoragem e o processo de objetificação. Estes dois processos servem para
familiarizar o desconhecido.
Além disso, ancorar também significa classificar e rotular, pois implica, muitas vezes,
em um juízo de valor pois, ao ancorarmos, classificamos pessoas, ideias e objetos,
situando-os dentro de uma categoria, procurando, assim, um lugar para encaixar o não
familiar. Oliveira e Werba (2001) citam como exemplo de ancoragem o problema da
Aids que, quando surgiu, diante da dificuldade de entendê-la e classificá-la, foi
ancorada pelo senso comum como uma “peste”, ou seja, a “peste gay”, a qual só
aconteceria com estes. Esta foi a forma encontrada para encaixar, de alguma forma, o
não familiar, dando conta da ameaça que a Aids trazia.
Desta forma, procura-se, por meio da objetificação tornar concreta, visível uma
realidade, aliando conceito com imagem, ou seja, a objetificação é a imagem que
acompanha a ancoragem, que é conceito.
A teoria das representações sociais é um importante método de estudo, pois “[...] tem a
capacidade de descrever, mostrar uma realidade, um fenômeno que existe, do qual
muitas vezes não nos damos conta, mas que possui grande poder mobilizador e
explicativo” (JACQUES, 2001, p. 31).
Assim, a RS tem relação com a opinião pública. Porém, a Representação Social não é
mera opinião, vai além dela, pois está relacionada à avaliação do objeto, aos
sentimentos associados a ele e isso enquanto característica produzida e compartilhada
por um grupo. Entretanto, as proposições, reações ou avaliações estão organizadas de
maneira muito diversa segundo as classes, as culturas ou grupos, e constituem tantos
universos de opinião quantas classes, culturas ou grupos existentes (MOSCOVICI,
1978).
Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial
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