Nos últimos vinte anos, temos testemunhado imensas transformações cujos impactos sobre
os indivíduos, as sociedades e os territórios são difíceis de identificar e compreender na
totalidade.
Com a política de reestruturação (Perestroika) e de transparência (Glasnost), levada a cabo
por Mikhail Gorbachov na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desde
que chegou ao poder, em 1985, a Guerra Fria terminou e os Estados Unidos da América
(EUA) proclamaram-se vencedores. A queda do Muro de Berlim, ocorrida em Novembro de
1989 (acompanhada da retirada das tropas soviéticas da Alemanha, entretanto reunificada,
seguida da dissolução da URSS, em 1991), transformou-se no acontecimento com maior
simbolismo, marcando o fim da Guerra Fria e da bipolarização das relações
internacionais.
A China comunista, por sua vez, que desde os anos 70 do século XX adoptara uma política de
reformas visando a sua modernização, abriu-se em várias zonas especiais ao investimento e
à implantação de indústrias estrangeiras. Face à fragmentação da URSS e à abertura
progressiva da China à economia de mercado, a economia-mundo capitalista tornou-se
hegemónica, não parecendo existir nenhuma outra barreira consistente a opor à
globalização.
Na sua dimensão social, a globalização deu origem a uma nova classe, que se reproduz
socialmente à escala global fora do controlo das organizações nacionais de trabalhadores e
dos Estados localizados na periferia ou semiperiferia do sistema mundial: a classe
capitalista transnacional. Fazem parte desta elite os administradores, gestores e
accionistas das ETN, que concentram uma parcela importante do rendimento mundial.
e
No que diz respeito às dimensões demográfica e religiosa, a globalização está associada à
intensificação dos fluxos migratórios internacionais de trabalhadores, ao aumento dos
fluxos turísticos e ao crescente multiculturalismo e multietnicidade, resultante de uma
maior diversidade cultural no interior dos países mais desenvolvidos.
Embora as religiões possuam áreas de expansão seculares privilegiadas, onde são quase
exclusivas (como o cristianismo na América Latina), estão a difundir-se por outras regiões.
Entre as dinâmicas religiosas recentes, destacamos:
a expansão do Islamismo, nomeadamente em África;
a perda de influência do Cristianismo no mundo ocidental, acompanhada de novas formas
de religiosidade (seitas) e da difusão de valores materialistas e laicos (que não privilegiam
qualquer religião);
o ressurgimento de movimentos nacionalistas associados a determinadas religiões, como
no caso da Bósnia, onde o conflito opôs sérvios ortodoxos, bósnios muçulmanos e croatas
católicos;
a difusão do pentecostalismo, doutrina seguida por certos grupos religiosos cristãos com
origem no seio do protestantismo (como, por exemplo, a Igreja Adventista de 7.° Dia ou a
IURD).
OS ACTORES DA GLOBALIZAÇÃO
Cidades globais - As cidades globais são as mais dinâmicas, pois concentram funções
diversificadas, são sedes do poder e possuem os centros de controlo e os nós principais das
densas redes de transportes e de comunicações à escala planetária. Por isso, correspondem
às áreas mais atractivas, captando os grandes fluxos de pessoas, mercadorias e capitais.
As principais cidades mundiais, como Londres, Nova Iorque, Paris e Tóquio, concentram um
grande número de funções de nível superior e detêm grande poder de decisão e de controlo
à escala mundial, entre as quais se destacam: as funções financeiras, de investigação e
desenvolvimento (I&O), as sedes das ETN e de grandes organizações internacionais e os
serviços e o comércio mais qualificados.
Fonte: Adaptado de DOMINGOS, Cristina; LEMOS, Jorge; CANAVILHAS, Telma, Geografia C 11.º Ano, Volume 1, 1.ª Edição, Plátano
Editora, Abril, 2009
ACTIVIDADES
3. Observa os Docs. 5, 6 e 7.
3.1. Aponta os principais actores da globalização.
3.2. “Estamos prestes a viver uma transformação que vai recompor a politica e a economia do
século que há-de vir. Já não haverá produto e tecnologias nacionais, nem grandes firmas
nacionais, nem indústrias nacionais, pelo menos no sentido em que entendemos esse conceito
(…). As fronteiras perdem o seu sentido em termos económicos. As empresas ditas "multi" ou
transnacionais jogarão um papel primordial na mundialização das produções e das trocas de
bens, serviços informação."
3.2.1. Elabora um comentário ao texto tendo em conta o papel das empresas transnacionais e
dos blocos económicos regionais na crescente globalização da economia.
5. “Desde o início dos anos 80 que a palavra globalização invadiu todos os domínios da
sociedade, da economia à cultura, passando pela política, pela ciência e pela tecnologia.
Dirigentes políticos, gestores, consultores, jornalistas e académicos adoptaram-na
integralmente nas suas linguagens e nas suas argumentações do dia-a-dia. Para uns, a
globalização é um fenómeno gerador de oportunidades para as economias e para as
empresas. Para outros, é a principal causa de todos os males que afectam as economias e
as sociedades contemporâneas”.
http://geoclick.blogspot.com/ prof.geo.fernando@sapo.pt