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Índice
Eletrostática 07
O Campo Eletromagnético 10
O Voltímetro 16
O Amperímetro 22
A Lei de Ohm 27
Força Eletromotriz e Fontes 29
Teste de Qualidade de uma Pilha 35
Circuito RC: Processo de Carga e Descarga de Capacitores 39
O Campo Magnético 47
Lei de Indução 49
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Plano de Curso do Laboratório de Física III
Objetivos do curso:
1) Despertar o interesse para os fenômenos eletromagnéticos.
2) Introduzir os alunos nas leis básicas do eletromagnetismo através de experimentos.
3) Habilitar os alunos para efetuar medidas elétricas.
4) Desenvolver a capacidade de analisar e interpretar resultados experimentais e compará-los
com modelos teóricos de forma quantitativa.
5) Desenvolver a capacidade de documentação de experimentos.
6) Desenvolver a capacidade de redação de relato de experimentos.
7) Desenvolver a capacidade de uso consciente de critérios para decisões.
experiênca Descrição
2 Linhas de força
experiênca Descrição
3 O Voltímetro
4 O Amperímetro
5 A lei de Ohm
8 Circuito RC
9 Campo Magnético
10 Lei de Indução
11 O Osciloscópio (opcional)
Avaliação:
1) A nota será composta da seguinte forma:
CD-Caderno de Laboratório 05%
MR-Média de relatórios em grupo de no máximo 4 alunos 25%
PP-Prova prática (individual) com elaboração de um pequeno relatório 30%
PE-Prova escrita* (todas as turma) 40%
a
* será marcada para uma 4 feira às 12 hs no final das experiências para todas as turmas.
OBS. Os alunos dos cursos diurno farão a prova escrita às 12 hs.
4
A nota final será
NF = CD + MR + PP + PE
NF ≥ 60 aprovado
Se
NF < 60 reprovado
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experimental com mais de dois algarismos significativos no resultado final perdem 10% do valor
do relatório.
A grande maioria de grandezas físicas não são números adimansionais (sem unidade). Erros
formais na notação que igualam números com grandezas dimensionais ou a soma de números com
grandezas dimensionais, recebem uma perda de pontos de no mínimo 10% da nota do relatório.
Exemplos de expressões erradas:
5
• v= = 2,5 m / s errado: 5/2 é número e não pode ser igual a 2,5 m/s. O certo é
2
5m
v= = 2,5 m / s
2s
• v = 10,0 ± 0,1 m / s errado: 10,0 é número e não pode ser somado com 0,1 m/s. O certo é
v = (10,0 ± 0,1)m / s ou v = 10,0m / s ± 0,1m / s ou também v = 10,0m / s ± 1% . Esta última
expressão fornece o erro em termos relativos ao valor principal e portanto a dimensão está
incluída.
Para cada tarefa deve constar uma conclusão no relatório. No caso que se trata de comparações
com um modelo teórico, deve-se discutir se os resultados são compatíveis com o modelo dentro do
erro experimental. Em caso de discordância, as possíveis fontes da discrepância devem ser
discutidas.
A Prova de Bancada
Na prova de bancada o aluno mostra que sabe montar circuitos simples e fazer medidas elétricas
básicas. Ele fará também no local da prova um mini-relatório dos resultados.
A Prova Escrita
A prova escrita averigua conhecimentos de técnicas de medidas elétricas e análise de dados
relacionados com as experiências feitas. A prova escrita é unificada para todos as turmas diurnas.
Os roteiros:
Os roteiros serão disponibilizados (na XEROX do ICE) para os alunos com pelo menos uma
semana de antecedência. Espera-se do aluno que ele leia o roteiro pelo menos dois dias antes da
experiência e tire dúvidas antes da aula de laboratório.
Freqüentemente os roteiros não dão instruções completas sobre quais valores de certos parâmetros
experimentais devem ser usados. Cabe ao aluno decidir sobre estes valores. Perguntas do tipo
“Professor, para que valores de voltagem devemos medir isto” têm a resposta: “Um pesquisador
que descobre um efeito novo não tem ao lado dele um mestre que manda medir para esta e aquela
voltagem”.
Literatura:
Livro Texto: Tipler: Física
Livros recomendados: Halliday, Resnick Walker: Fundamentos de Física
The Feynman Lectures on Physics Vol.II
6
Experiência 1: Eletrostática
1. Introdução:
Qualquer corpo material é composto de uma quantidade muito grande de átomos
constituídos por partículas subatômicas denominados prótons, elétrons e neutrons. Na perda ou
aquisição de cargas um átomo ou molécula em situação de neutralidade, isto é, quando o número
de prótons é igual número de elétrons, pode tornar-se um íon positivo ou negativo, dependendo da
quantidade de prótons ou de elétrons que passa a possuir em excesso. Como são os elétrons que
podem se locomover de um átomo para outro, um corpo só fica eletrizado se ganhar ou perder
elétrons. A carga elétrica do corpo como um todo relaciona-se ao excesso de elétrons, quando
carregado negativamente, ou ao excesso de prótons, quando carregado positivamente.
ELETRIZAÇÃO DE CORPOS
A eletrização de um corpo pode ser conseguida por atrito, contato ou indução. No primeiro caso,
atrito, os corpos são mutuamente esfregados para que haja a transferência de elétrons de um para o
outro e assim provocar uma eletrização dos dois corpos com cargas de sinais opostos. Na
eletrização por contato, um corpo previamente carregado entra em contato com outro
eletricamente neutro. Parte da carga do primeiro é transferida para este último que passa assim a
ficar eletrizado com carga de mesmo sinal que aquela. Já na eletrização por indução o corpo
carregado é colocado próximo ao corpo neutro, porém sem qualquer contato com ele. Mantendo-o
nesta posição liga-se um fio terra ao corpo que se deseja carregar, cortando em seguida a ligação e
afastando o que está carregado. O corpo neutro ficará então eletrizado com carga de sinal contrário
ao do corpo previamente eletrizado. Por exemplo, ao atritar papel e seda, o papel adquire cargas
positivas e a seda cargas negativas. Porém, ao atritar lã e papel, o papel adquire cargas negativas e
a lã, cargas positivas.
CONDUTORES E ISOLANTES
Sabe-se que a maioria dos metais são condutores de eletricidade e que, por exemplo a
borracha não é um bom condutor de eletricidade. Nos metais, elétrons das órbitas mais externas
não estão fortemente ligados ao núcleo. Essa fraca força que os liga permite aos elétrons uma
movimentação no interior do sólido. Esses elétrons recebem o nome de elétrons livres e são
responsáveis pelo transporte de carga elétrica de um ponto a outro. Se o material possui esta
característica ele recebe o nome de condutor. Por outro lado, existem sólidos em que os elétrons
estão fortemente ligados ao núcleo. Esse tipo de material, além de não possuir elétrons livres, não
permite que a carga elétrica se transporte de um ponto a outro. Essa limitação os torna um mau
condutor, ou então, um isolante.
LEI DE COULOMB
Ao aproximar um bastão carregado de uma esfera eletricamente neutra ocorrerá uma
atração entre ambos, isto devido à indução eletrostática, separação de cargas na esfera. Quanto
mais o bastão se aproxima da esfera, mais esta se sente atraída. Em determinado instante, a força
de atração entre a esfera e o bastão chega a um máximo, quando ocorre o contato entre bastão e
esfera.
7
Quando se dá o contato, instantaneamente, uma quantidade de cargas do bastão é transferida para
a esfera. Essa quantidade se recombina com a mesma quantidade de cargas de sinal oposto
separadas pelo processo de indução. Como bastão e esfera, após o contato, ficam com cargas de
mesmo sinal, ocorre a repulsão. A observação feita por Charles Augustin de Coulomb (1736-
1806) em que cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais contrários se atraem, levou-o a
construir uma balança que permitiu-lhe medir as forças elétricas com enorme precisão. Coulomb
colocou duas cargas Q1 e Q2, de sinais opostos a uma distância r. Coulomb verificou que
duplicando, triplicando e assim sucessivamente o valor da carga Q1, o valor da força também
acompanhava a proporção de crescimento, mantendo o valor da segunda carga fixa. A seguir,
inverteu o processo. Aumentou o valor da carga Q2 e observou o mesmo resultado com a força.
Como o valor da força cresce com o aumento do valor das cargas, então a força é diretamente
proporcional à carga. Assim, Coulomb pode escrever que a força aumentava com o produto das
cargas. Coulomb então fixou o valor das cargas e colocou mais uma variável para ser estudada: a
distância entre elas. Ele verificou que duplicando a distância entre as cargas, a força reduzia-se de
quatro vezes de seu valor inicial. Aumentando a distância para o triplo do valor inicial, a força se
tornava nove vezes menor. Pelo resultado obtido, Coulomb chegou a conclusão de que a força é
inversamente proporcional ao quadrado da distância. De posse destes resultados, Coulomb
relacionou as grandezas do seguinte modo:
A Lei de Coulomb é válida apenas para corpos carregados de dimensões muito menores
que a distância entre elas. Costuma-se dizer que é verdadeira apenas para cargas puntiformes. A
unidade de carga no sistema MKS é o Coulomb (símbolo C). Um coulomb é a quantidade de carga
que atravessa, em um segundo, a secção reta de um fio percorrido por uma corrente constante de
um Ampère.
Um instrumento interessante para estudar os processos de eletrização é o eletroscópio,
mostrado na figura abaixo:
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Roteiro da Experiência: Tarefas
1) Friccione o bastão de PVC com algodão e aproxime o bastão aos pedacinhos de papel e de
folha de alumínio.
• Por que os pedaços são atraídos pelo bastão (apesar de serem eletricamente neutros –utilize a
lei de Coulomb e acompanhe a explicação com desenhos)?
• Por que alguns pedaços são repelidos ao tocar no bastão?
• Por que alguns permanecem presos ao bastão?
2) Por que, ao se aproximar o bastão do eletroscópio, o ponteiro se movimenta?
3) Por que, ao tocar o bastão no eletroscópio, o ponteiro sofre deflexão que permanece mesmo
depois de afastar o bastão e tocando-se com o dedo no eletroscópio o ponteiro volta ao
normal?
4) Faça o item a, se não funcionar experimente o b (no item b analise o procedimento)
a Toque brevemente no eletroscópio com o bastão de PVC friccionado com algodão. Depois
friccione um bastão de vidro com algodão e aproxime este ao eletroscópio. Depois afaste o
Bastão de vidro Observe, descreva e explique o comportamento do eletroscópio.
b Aproxime do eletroscópio o bastão de PVC friccionado com algodão, mantendo-o a
aproximadamente uma distância de 5 a 10 cm (para obter uma boa deflexão). Depois friccione
um bastão de vidro com algodão, aproxime-o e afaste-o sucessivamente do eletroscópio.
Observe e explique o comportamento do eletroscópio.
5) Aproxime o bastão de PVC friccionado ao eletroscópio (sem transferir carga – mantenha uma
distância de 5 ou 10 cm), depois toque brevemente no eletroscópio com a mão e logo depois
afaste o bastão. Observe, descreva e explique o comportamento do eletroscópio.
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Experiência 2: O Campo Eletromagnético
O eletromagnetismo é uma teoria de forças, que permite calcular as forças que atuam sobre
uma determinada classe de corpos. No caso mais simples pode-se verificar uma força entre
partículas puntiformes que é descrita pela lei de Coulomb:
G G G
− 1 r2 − r1
F12 = q1 q 2 (1)
4πε 0 rG2 − rG1 3
G G G
Nesta equação F12 é a força que a partícula 2 exerce sobre a partícula 1. r1 e r2 são os vetores
posição das partículas e os fatores de proporcionalidade q1 e q 2 resultam ser propriedades das
partículas. Esta propriedade de uma partícula é chamada sua carga elétrica. O fator 1 tem a
4πε 0
ver com a escolha do sistema de unidades e no momento não deve nos preocupar.
G
Tarefa de casa: verifique que o módulo de F12 da equação (1) cai quadraticamente com a
distância entre as cargas.
Na prática da aula anterior vimos que a força de Coulomb pode fornecer uma força resultante não
nula para corpos compostos de várias partículas com carga elétrica, mesmo que a carga total do
corpo composto seja nula.
A lei de Coulomb é apenas um caso extremamente simples das forças eletromagnéticas. No caso
de cargas em movimento teremos também forças magnéticas. Em geral, as forças eletromagéticas
constituem um fenômeno complexo. O intuito do estudo destas forças é completar a teoria de
G G
Newton da mecânica, especificando o lado direito da equação ma = F . No entanto, no decorrer
deste estudo, descobre-se que ao invés de completar a mecânica Newtoniana, alguns dos pilares da
mecânica são derrubados pelos fatos observados.
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imediatamente. Isto significa que a terceira lei de Newton será violada durante um curto intervalo
de tempo!
A Terceira Lei de Newton não vale! Mas não está tudo perdido. A conseqüência mais importante
da terceira lei, isto é, a lei de conservação de momento linear, pode ser salva. Lembremos
rapidamente da conservação do momento linear. Vamos pegar um exemplo simples, um sistema
de três partículas com massas m0 , m1 , m 2 . As massas 1 e 2 podem por exemplo ser as
partículas da figura 1 e a partícula 0 seria aquele corpo que aplicou o peteleco na massa 1. As
equações diferenciais da mecânica de Newton deste sistema seriam
G G G
m0 r0 = F01 + F02 (2)
G G G
m1 r1 = F10 + F12 (3)
G G G
m2 r2 = F20 + F21 (4)
G
onde F jk é a força que a partícula k exerce sobre a partícula j. Somando as três equações obtemos
G G G G G G G G G
m0 r0 + m1 r1 + m 2 r2 = F01 + F02 + F10 + F12 + F20 + F21 (5)
−−−−− ≡≡≡≡≡ −−−−− ≡≡≡≡≡
Se valesse a terceira lei de Newton os termos sublinhados com traços iguais iriam cancelar-se e
teríamos a lei de conservação
( G G
)
G
d m 0 r0 + m1 r1 + m 2 r2
=0 (6)
dt
G G G G
isto é, a grandeza P = m0 r0 + m1 r1 + m2 r2 não mudaria no tempo. Mas, como vimos acima,
durante curtos intervalos de tempo a terceira lei de Newton perde sua validade. Então não
G G G G
podemos mais afirmar que P = m0 r0 + m1 r1 + m2 r2 fica inalterado. Mas quando uma grandeza, da
qual esperamos uma lei de conservação, não fica constante no tempo, podemos ter esquecido uma
contribuição. Exemplo: imagine um recipiente de água com uma entrada e uma saída de água.
Esperaríamos uma lei de conservação de água. Mas se fizermos a contabilidade da água no
recipiente considerando com precisão tudo que entra e que sai notaríamos uma perda de água. Por
que? Simplesmente esquecemos da água que evapora. Acrescentando esta parcela daria tudo certo
e a lei da conservação da água continua valendo. Será que a lei de conservação de momento linear
pode ser consertada da mesma forma? A resposta é sim. Para consertar a conservação de momento
linear temos que aceitar que além das partículas existe um outro sistema físico, tão real quanto as
partículas, porém invisível, que possui momento linear. Seria este sistema o responsável pela
transmissão da informação do peteleco da partícula 1 para a partícula 2. A lei de conservação de
momento linear seria então
G
d
dt
( G G G
)
m0 r0 + m1 r1 + m 2 r2 + PEM = 0 (7)
G
onde PEM seria o momento linear deste novo sistema físico. Este novo sistema físico é o campo
eletromagnético.
As propriedades do campo eletromagnético são fundamentalmente diferente das
propriedades das partículas. A experiência imaginada do peteleco na partícula 1 pode nos indicar
algo sobre a natureza deste novo sistema físico. A partícula 1 é sujeita à nova força logo que ela
ocupa sua nova posição. Isto indica que existia, já antes da partícula chegar neste novo lugar, uma
condição no espaço que provocaria determinada força sobre uma partícula eletricamente carregada
se ela estivesse no local. Por outro lado, a partícula 2 continua com a força anterior enquanto as
11
condições no local dela não mudaram. Isto indica que o sistema campo eletromagnético não é
localizado como as partículas, mas trata-se de um sistema que preenche o espaço todo. O
movimento repentino da partícula 1 modificaria o estado do campo na vizinhança da partícula,
esta mudança modificaria o estado do campo na vizinhança da vizinhança, esta mudança
modificaria o estado na vizinhança da vizinhança da vizinhança etc. até a mudança chegar no local
da partícula 2. Esta visão de força é fundamentalmente diferente do conceito de força introduzido
por Newton. Na mecânica de Newton a força que uma partícula exerce sobre outra é uma ação à
distância. Na visão eletromagnética não devemos mais falar em “força que uma partícula exerce
sobre outra”. A condição local do campo na posição da partícula exerce a força e reciprocamente
as partículas modificam as condições locais do campo. As modificações locais propagam-se e
desta forma transmitem força de uma partícula para outra.
Podemos dizer que na mecânica de Newton o mundo era feito de partículas locais que interagiam
globalmente. No eletromagnetismo o mundo é feito de partículas locais e um campo global que
interage com as partículas de forma local.
Temos que formalizar estas idéias para poder descrever experiências de forma quantitativa. Para
G
uma descrição formal do campo eletromagnético, temos que atribuir a cada ponto r do espaço e
para cada instante t um valor de uma determinada grandeza. Resulta que precisamos, para uma
descrição completa do eletromagnetismo, não apenas uma grandeza mas logo duas grandezas
G
vetoriais. Desta forma o campo eletromagnético seria descrito por duas funções vetoriais de r e
G G
t , isto é, uma função chamada campo elétrico, E (r , t ) e uma chamada campo magnético,
G G G
B (r , t ) . 1 É importante notar que o vetor posição r nestas expressões não depende do tempo! Os
G
campos existem em todo o espaço independente da presença de uma partícula no local r . Mas se
G
uma partícula estiver no local r então o conhecimento dos valores dos campos permite calcular a
força que atua sobre a partícula. Esta força é
G G G G G G
F = qE (r , t ) + qv × B (r , t ) (8)
G
onde v é a velocidade da partícula e q sua carga.
1
G
De fato B é pseudo-vetor (vetor axial).
12
Figura 2 grãos de poeira no campo elétrico
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grãos. É uma questão de habilidade do experimentador minimizar estos defeitos escolhendo
adequadamente: a) a intensidade do campo, b) a quantidade adequada do óleo lubrificante, c) a
densidade dos grãos d) a viscosidade do óleo, e) o tipo de grão de poeira. Mesmo com todas as
imperfeições é fantástico que podemos “ver” o campo elétrico.
Tarefa 1:
Vamos visualizar o campo elétrico para as seguintes configurações:
14
Tarefa 2:
a) Desenhe as linhas de campo para cada configuração observada.
b) Observe, descreva e explique com que ângulos entram as linhas de campo nos corpos
metálicos.
c) Utilizando a regra da densidade das linhas e sabendo que num espaço sem cargas as linhas não
nascem nem morrem, conclua uma regra sobre a intensidade do campo elétrico perto de pontas
metálicas carregadas que têm um raio de curvatura muito pequeno.
d) Observe o efeito que a proximidade de uma ponta metálica carregada tem sobre uma chama de
vela e tente explicar o observado.
e) Observe o comportamento de um torniquete carregado com pontas finas que pode rodar
livremente e tente explicar o observado.
f) Observe a demonstração de um filtro eletrostático de fumaça.
15
Experiência 3: O Voltímetro
Nesta prática vamos conhecer o voltímetro, um instrumento de medida de fundamental
importância para qualquer engenheiro, cientista ou técnico. O voltímetro mede uma integral de
caminho do campo elétrico
G
rV
G G G
V = − ∫ E (r ) ⋅ dr (1)
G
rCOM
G G
onde rCOM e rV são as posições das entradas "COM" (= Comum) e "V" (=Voltagem) do
voltímetro e o caminho de integração percorre o interior do circuito do voltímetro. No caso de não
termos campos magnéticos variáveis na experiência, a integral de caminho é de fato independente
da escolha do caminho e neste caso a voltagem V é uma diferença de potencial elétrico.
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voltagem V A com a voltagem VP (t ) . No momento que a voltagem padrão ultrapassa o valor V A o
número do contador é lido. Este número é então processado de forma lógica e transformado em
códigos numa tela de cristal líquido. A figura 2 mostra um esquema deste tipo de voltímetro:
Fig. 2 Esquema de um
voltímetro digital.
A maioria dos voltímetros
digitais pode medir voltagens
de ambas as polaridades. Se o
terminal "V" for positivo em
relação ao terminal "COM" -
isto é, o campo elétrico aponta
do terminal "V" para o terminal
"COM" - a voltagem é
registrada como voltagem
positiva. Se "COM" for
positivo em relação ao terminal
"V", a voltagem é contada
como negativa e isto é indicado
no mostrador do instrumento.
A maioria dos voltímetros analógicos só permite medir voltagens de uma única polaridade. Para
estes deve-se tomar muito cuidado de ligar o voltímetro sempre de tal forma que o terminal "V"
fique positivo em relação ao terminal "COM" . No caso contrário pode-se danificar o instrumento.
Fig. 3a Fig. 3b
17
alterada. Para obter uma boa medida de voltagem precisamos um voltímetro cuja resistência
interna seja muito maior que as resistências típicas do circuito. Para se construir um bom
voltímetro deve-se usar um galvanômetro bem sensível, capaz de registrar correntes bem baixas e
ligar em série com este galvanômetro uma resistência RV bem alta. Desta forma o voltímetro
corresponde ao esquema da figura 4.
Fig. 4
Erros de medida
Um resultado experimental sem avaliação de erro não tem valor algum. Então é importante saber
como avaliar o erro numa medida de voltagem. Os fabricantes de voltímetros fornecem
informação no manual referente à precisão do instrumento. Nos voltímetros analógicos costuma-se
especificar um erro percentual. Esta percentagem refere-se ao fundo de escala usado. Então se
medirmos a voltagem de uma pilha de 1,5 V usando o fundo de escala de 10V e o erro
18
especificado pelo fabricante for de 5% o erro da medida será δV = 10 V ⋅ 5% = 0,5 V e não
δV = 1,5 V ⋅ 5% = 0,075 V .
Para os voltímetros digitais do nosso laboratório encontramos no manual a informação que o erro
para todos os fundos de escala de voltagem DC ("Direct Current" = voltagem constante no tempo
e não alternada) é de 0,5% da leitura mais o valor que corresponde à cifra 1 no dígito menos
significativo. Então veremos um exemplo. Suponha que você mediu a voltagem de uma pilha com
o fundo de escala de 2 V. O resultado foi a leitura no mostrador 1.500. Este valor significa 1,500
V. Então o erro seria
δV = 1,500 V ⋅ 0,005 + 0,001 V = 0,0085 V
e o resultado da medida pode ser escrito como
V = (1,500 ± 0,009) V .
Neste resultado arredondamos o erro, adequando a representação ao número de dígitos
disponível na leitura.
Tarefas:
1) Monte o circuito da figura 5.
2) Transforme o multímetro em um voltímetro adequando a escala e a ligação dos terminais.
3) Ajuste a voltagem da fonte regulável com o voltímetro digital no valor de 10 V.
4) Meça as voltagens entre os pontos A e B, B e C, C e D, D e E, E e A. Use para cada medida o
fundo de escala que permita maior precisão da medida.
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Fig. 6a Caso de concordância entre modelo
0,1 V teórico e resultado experimental
Ex: Se o resultado experimental for : VΣexp =
-0,1 V 0,3 V (0,1 ± 0,2) V temos que a faixa de valores
possíveis vai de – 0,1 V até 0,3 V e portanto o
Volts valor
experimental está em concordância com o
resultado teórico.
0V
No caso de discrepância entre teoria e experimento deve-se discutir se o erro foi avaliado
erroneamente ou se o modelo teórico por alguma razão não é aplicável ao experimento.
20
7) Substitua agora os dois resistores do circuito da figura 7 por um reostato como mostra a figura
8.
Figura 9
21
Experiência 4: O Amperímetro
O amperímetro mede uma corrente elétrica, isto é, uma taxa de passagem de carga elétrica
através da seção de um fio condutor. Portanto, uma medida de corrente refere-se a uma
determinada seção. Quando falarmos de uma corrente elétrica num circuito, devemos especificar o
ponto no circuito que corresponde à seção. Além disso devemos especificar a orientação da
superfície da seção. O sinal da corrente é definido em relação a esta orientação. Por convenção
adotamos o seguinte critério: se as cargas positivas passam no sentido da orientação da seção
contamos a corrente como positiva. A figura 1 mostra uma seção orientada num condutor e a
figura 2 um exemplo, como se define uma corrente I num esquema de circuito elétrico.
Fig. 1 Fio condutor com uma seção imaginada, à
qual se refere uma definição de corrente elétrica.
A seta indica a orientação da seção. Se os
elétrons do metal (partículas negativas) fluírem
no sentido oposto à seta, a corrente é contada
como positiva. Este resultado está de acordo
com a convenção adotada, uma vez que cargas
negativas se deslocando em um dado sentido
equivalem a cargas positivas se deslocando em
sentido contrário.
22
O amperímetro tem dois terminais "COM" e "A". Para que o instrumento indique o sinal
da corrente de acordo com a convenção descrita acima, deve-se inserir o amperímetro de tal forma
que o terminal COM fique na ponta da seta e o terminal A na base da seta de orientação da seção.
Se o sinal indicado no amperímetro for positivo, significa que a corrente (de cargas positivas) está
no sentido indicado pela seta.
Resistência interna e fundo de escala
Inserindo o amperímetro num circuito alteramos o circuito e consequentemente
introduzimos um erro na medida. Para evitar isso deveríamos usar um amperímetro que eqüivale
eletricamente ao pedaço de condutor que retiramos para inserir o amperímetro. Então podemos
concluir que um bom amperímetro deve ter uma resistência interna baixa (contrário ao bom
voltímetro).
⎛ R ⎞
I = ⎜⎜1 + G ⎟⎟ I G (3)
⎝ RS ⎠
Então, a corrente que percorre o amperímetro é maior que a corrente indicada pelo galvanômetro
⎛ R ⎞
pelo fator ⎜⎜1 + G ⎟⎟ . A capacidade do amperímetro (fundo de escala) pode ser modificada com a
⎝ RS ⎠
escolha apropriada de Rs. Como RS é sempre muito menor que RG podemos garantir que a
resistência interna do instrumento (amperímetro) será muito pequena. Nos amperímetros digitais
temos um amplificador especial na entrada do instrumento que converte uma corrente numa
voltagem, que é subseqüentemente processado como num voltímetro digital.
Erros do amperímetro
23
Como no caso dos voltímetros analógicos, o erro nos amperímetros analógicos é dado em termos
de percentagem do fundo de escala. Para os nossos amperímetros digitais temos no manual a
informação que o erro é p% da leitura mais a corrente que corresponde à cifra n do dígito menos
significativo mostrado, onde p e n dependem do fundo de escala:
Fig. 5 Fig. 6
O Ohmímetro
24
É importante obedecer a seguinte regra na hora de medir com um ohmímetro: nunca
conecte um ohmímetro num circuito ligado na fonte de tensão. A medida num circuito ligado
geralmente resulta em valores completamente errados e pode até danificar o instrumento. É
necessário retirar do circuito o resistor a ser medido.
Tarefas:
Tarefa 1: com a polaridade da bateria indicada na figura 2, determine teoricamente se I > 0 ou
I < 0.
Fig. 7
Tarefa 4: Meça a corrente que a fonte de tensão está fornecendo ao circuito da figura 7. Pense
antes de medir!
25
Tarefa 5:
Tarefa 6:
Monte o circuito da figura 9 com os resistores da
tarefa 5 e meça as correntes I, I 1 , I 2 e I 3 .
Calcule os valores dessas correntes com seus
respectivos erros, usando os valores medidos
para R1, R2 e R3 e compare com as correntes
medidas. Considere que a tensão da fonte contem
o erro do voltímetro com o qual foi regulada: V ±
δV.
Fig. 9
26
Experiência 5: A lei de Ohm
A lei de Ohm afirma que o quociente V/I da voltagem aplicada num condutor e da corrente que se
estabelece nele independe da voltagem aplicada.
Lei de Ohm: V/I independente de V.
Para verificar esta lei experimentalmente podemos aplicar várias voltagens num condutor, medir
os valores de V e I e representar os dados obtidos num gráfico I versus V. Os pontos
experimentais devem então cair sobre uma reta que passa pela origem. Neste procedimento outros
parâmetros experimentais como temperatura do condutor, campos magnéticos, estresse mecânico
etc. devem ser mantidos constantes.
Frequentemente podemos encontrar ainda outra formulação da lei de Ohm: “o quociente V/I = R
é constante”. Esta afirmação não é clara; o que significa constante? constante em relação a que? A
resistência de um condutor, R = V/I, certamente depende de muitos fatores, por exemplo, da
temperatura do condutor.
A dependência da resistência com a temperatura torna, na prática, a verificação da lei de Ohm
difícil. Se aumentarmos a voltagem suficientemente gera-se tanta energia térmica que fica difícil
manter a temperatura constante no experimento. A elevação da temperatura provoca então um
aparente desvio da lei de Ohm para altas voltagens. Em princípio este desvio seria evitável
esfriando o condutor.
A lei de Ohm não é uma lei fundamental como a segunda lei de Newton ou as equações de
Maxwell. Ela descreve razoavelmente bem o comportamento de uma grande classe de condutores
num intervalo de campos elétricos entre 0 e 108 V/m. Mas existem também condutores que
definitivamente não obedecem a lei de Ohm, por exemplo os díodos e as lâmpadas de néon.
Tarefas:
1) Monte o circuito da figura abaixo, que será usado para as tarefas 2 e 3:
27
4) Verifique que a lei de Ohm definitivamente não vale para um diodo. Use voltagens entre –
1,0V e + 0,7 V. Faça um gráfico para julgar se você usou um número adequado de pontos
de medida. A voltagem será contada como positiva se o diodo estiver ligado na fonte como
na figura. O traço horizontal na ponta do triângulo corresponde ao anel prateado que está
desenhado no corpo do díodo. É altamente recomendável começar com a voltagem 0V e
aumentar a voltagem cautelosamente!
Sugestão de montagem: Para tensões entre –1 V a 0 V, variar de 0.1 em 0.1 V, conforme a figura
abaixo: Varie a tensão variando a posição do reostato.
COM
2V
V
A
COM
Para tensões entre 0 V a 0.7 V, variar de 0.05 em 0.05 V, conforme a figura baixo:
2V
V
COM
A
COM
Observações:
- Se o voltímetro indicar ddp’s altas, verifique o fusivel do amperímetro.
- Pergunte o seu professor sobre aplicações de diodos.
- Traga folhas de papel milimetrado (linear – linear)!
- Quando o fusível do amperímetro queima o voltímetro marca valores
estranhos.
28
Experiência 6: Força Eletromotriz e Fontes
29
Vejamos um outro exemplo, o da pilha comum. Imagine que você joga um pedacinho de zinco
(Zn) num recipiente de ácido, tampa o recipiente e guarda-o por muito tempo, digamos alguns
anos. Após um tempo suficiente o zinco teria desaparecido, teríamos íons de zinco na solução
Zn2+, encontraríamos hidrogênio e o número de íons de hidrogênio do ácido teria diminuído.
Teria acontecido a seguinte reação química:
Zn + 2 H + → Zn 2+ + H 2 (2)
Esta reação consiste de duas partes:
Zn → Zn 2+ + 2e − (2a)
e
2 H + + 2e − → H 2 (2b)
Acontece que a segunda parte (2b) é lenta, devido ao fato que os elétrons do zinco teriam que
vencer uma barreira de energia potencial antes de se ligar nos prótons H+. O segredo da pilha é
um agente que acelera a segunda parte, isto é, a transformação de H+ numa espécie eletricamente
neutra, e que este agente é colocado espacialmente separado da região onde acontece a reação
(2a). Este agente é um eletrodo de grafite, que fornece os elétrons, junto com a substância oxidante
MnO2, que fica em torno do eletrodo. A reação seria a seguinte:
2 MnO 2 + 2 H + + 2e − → Mn 2 O3 + H 2 O (2c)
+
2MnO2 + 2 NH 4 + 2e − → Mn2 O3 + H 2 O + 2 NH 3 (2d)
Se ligassemos um fio grosso de cobre entre grafite e zinco poderíamos observar uma corrente
elétrica saindo do grafite, que corresponde a um fluxo de elétrons passando do cobre para o
grafite, aqueles que entram no lado esquerdo da equação (2d). No lado do zinco observaríamos
uma corrente entrando na pilha que corresponde a elétrons do lado direito da reação (2a). Estas
correntes iriam parar em pouquíssimo tempo, sendo freadas por campos elétricos, se não existisse
uma corrente elétrica no seio do eletrólito. Esta corrente seria uma corrente de difusão dos íons
Zn2+ e NH 4+ . Na medida que a reação (2a) joga íons de zinco na solução e com isto cria uma
concentração alta destes íons perto do zinco, a agitação térmica tem mais probabilidade de afastar
um íon Zn2+ do zinco do que aproximar um destes íons do metal. Com os íons de NH 4+
acontece algo análogo: na medida que a reação (2d) elimina íons de NH 4+ na região perto do
carbono, a agitação térmica tem mais probabilidade de aproximar um íon NH 4+ do grafite do que
afastar um. A figura 2 mostra estes processos simbolicamente:
30
Fig. 2 Processos na pilha comum na situação de curto circuito. Os íons negativos Cl- , que
garantem a neutralidade do eletrólito, não são desenhados.
Para evitar que o MnO2 saia da região do eletrodo de grafite e para evitar problemas de
vazamentos de líquidos, todo eletrólito é misturado com amido formando uma massa pastosa. Esta
pilha foi inventada por George Laclanché, em 1865. A tabela mostra ainda outras pilhas usadas.
2 MnO 2 + H 2 O + 2e − → Mn 2 O3 + 2OH −
Bateria de Pb + SO42− → PbSO4 + 2e − 2V
Chumbo
PbO2 + SO42− + 4 H + + 2e − → PbSO4 + 2 H 2 O
Pilha de Mercúrio Zn + 2OH − → ZnO + H 2 O + 2e − 1,5V
HgO + H 2 O + 2e − → Hg + 2OH −
Bateria de Níquel- Cd + 2OH − → Cd (OH )2 + 2e − 1,4V
Cádmio
2 NiO (OH ) + 2 H 2 O + 2e − → 2 Ni (OH )2 + 2OH −
Pilha de Lítio 2 Li → 2 Li + + 2e − 2,8V
I 2 + 2e − → 2 I −
Célula de 2 H 2 + 4OH − → 4 H 2 O + 4e − 1V
Combustível
O2 + 2 H 2 O + 4e − → 4OH −
31
Como podemos ver, a maioria destas células eletroquímicas emprega substâncias altamente
tóxicas e poluentes. Com exceção das pilhas comuns, como regra geral não devemos desmontar
baterias. Baterias de telefones celulares, calculadoras, filmadoras etc. não devem ser jogadas
no lixo e muito menos no mato, nos rios ou outros lugares fora do nosso controle!!!!
Discutimos a pilha comum numa situação de curto circuito, isto é, com um fio condutor ligado
entre grafite e zinco. Se tirarmos este fio, os movimentos dos íons descritos acima carregarão o
grafite positivamente e o zinco negativamente. O campo elétrico gerado por estas cargas atuaria
sobre os íons com uma força elétrica (força no sentido da segunda lei de Newton) e esta força se
opõe ao fluxo químico. Rapidamente se estabelece um equilíbrio no qual a corrente elétrica será
zero. Com a equação (1) e desprezando os termos de ordem superior teríamos para este equilíbrio
0 = I = a 0 + a1V EQUIL. (3)
32
c) Meça as voltagens e correntes para várias posições do reostato começando com grandes
valores de R. Em cada medida feche o circuito apenas por poucos segundos para não gastar a
pilha. Termine com um R que corresponde apenas à resistência dos fios e da resistência
interna do amperímetro. (use valores de R formando aproximadamente uma seqüência
geométrica R1 = Rtotal , R2 = Rtotal / 2 , R3 = Rtotal / 4 , R4 = Rtotal / 8 .....)
d) Faça agora as medidas do item c) em ordem inversa, começando com R ≈ 0 e terminando
com R = ∞ .
e) Represente os dados das medidas dos itens c e d num gráfico V versus I.
Comentário sobre a escolha das orientações dos instrumentos de medida:
A orientação do amperímetro e voltímetro no circuito da figura 4 é escolhida tal que as correntes
medidas serão positivas enquanto as voltagens serão negativas, dando origem a um gráfico no
segundo quadrante (como o da figura 5). Por que esta escolha estranha? Tratamos aqui a pilha
como um condutor qualquer e devemos adotar a mesma convenção que usamos na experiência da
lei de Ohm. Num resistor o produto de voltagem e corrente mede a potência transferida para o
condutor. No caso de uma pilha (no uso comum dela como fonte) esta potência é negativa, pois o
fluxo de energia é do condutor para o campo eletromagnético, inverso do caso do resistor.
Consequentemente o produto VI deve ser negativo no caso da pilha e V e I tem sinais opostos.
Você encontrará que a aproximação de desprezar os termos de ordem superior da equação (1) no
caso da pilha não é uma aproximação excelente. Além disso pode ocorrer que as medidas do item
d) não fiquem na mesma linha das do item c). Isto indica que a pilha mostra efeitos de memória. O
fato que a pilha já fora usada em medidas, altera as medidas subsequentes. Isto significa que neste
caso a corrente não é apenas uma função da voltagem mas depende também da história da pilha.
No entanto, como uma aproximação grosseira, podemos ajustar uma reta nos pontos. O inverso da
inclinação desta reta seria um valor aproximado da resistência interna da pilha.
1
RPILHA = (5)
dI
dV
f) Determine a resistência interna da pilha a partir da reta de ajuste dos seus dados.
A figura 5 mostra as relações I versus V de uma pilha de resistência interna baixa e de uma pilha
de resistência interna alta. Como podemos ver, na pilha de resistência interna baixa a corrente
pode variar muito sem alterar a voltagem apreciavelmente. Esta é certamente uma propriedade de
uma boa pilha. O caso idealizado de uma bateria de resistência interna nula chama-se uma fonte
ideal de voltagem. Usa se o símbolo
para este tipo de fonte. Uma fonte de voltagem ideal mantêm sempre a mesma voltagem nos seus
terminais independente da corrente.
Pode-se pensar ainda num caso ideal oposto a este: uma fonte que fornece sempre a mesma
corrente independente da voltagem. Este tipo de força eletromotriz idealizada é chamada fonte de
corrente ideal. O símbolo usado é
33
Fig 5 Curvas de I versus V de duas
pilhas, uma com resistência interna
baixa e outra com resistência interna
alta.
Fig. 6
c) Meça a corrente I e tensão V para 8 posições igualmente
espaçadas do reostato, sem alterar os botões da fonte. Faça o
gráfico I versus V para a fonte e indique as regiões nas quais a
fonte opera como uma fonte ideal de voltagem e como uma fonte
ideal de corrente.
34
Experiência 7: Teste de qualidade de uma pilha
Tarefa 1:
f) Queremos determinar a carga elétrica que circulou no circuito nesta experiência. Então temos
t FIM
gráfico I versus tempo, onde I é obtido dividindo as voltagens por R ou a partir do gráfico V
35
t FIM
O segundo método é menos trabalhoso por que não precisa converter dados os dados em
corrente. Elabore então um gráfico I versus t (ou se preferir V versus t).
g) Integre esta função para achar a carga total que circulou no circuito. Esta integração deve ser
feita da seguinte maneira: recorte com uma tesoura um retângulo do seu gráfico (como na
figura 2) com os lados Δt e ΔI (ou ΔV ) conhecidos. Meça a massa deste retângulo numa
balança de precisão, para estabelecer uma proporcionalidade entre massa de papel do gráfico e
carga elétrica Δt ΔI (ou no caso do gráfico Vxt, seria uma proporção entre massa e Vs).
Depois recorte a área embaixo da curva e meça a massa deste recorte e determine a carga
correspondente (ou número de Vs correspondente).
h) Com o valor da carga desta experiência calcule quantos miligramas de zinco foram dissolvidas
durante esta experiência. ( Zn → Zn 2+ + 2e − )
Dados: massa molar do zinco = 65,37 g mol −1 , número de Avogadro = 6,022 ⋅ 10 23 mol -1 ,
carga elementar = 1,602 ⋅ 10 −19 As .
Alguns grupos de alunos devem fazer esta experiência com uma pilha de marca e outros com uma
pilha barata.
j) Compare os valores de carga de uma pilha comum com uma alcalina e determine o preço do
Coulomb.
Sugestões para tarefas opcionais em casa:
Qualquer estudante que pretende um dia ser um
engenheiro ou cientista deveria ter em casa um
multímetro. Caso você não tenha um, compre um
pequeno voltímetro digital. É um eletrodoméstico
útil e não custa caro (15 a 25 reais para um
Figura 2
instrumento simples).
36
37
38
Experiência 8:
Circuito RC: Processo de Carga e Descarga de Capacitores
ε = R dQ
dt
+
1
C
Q (3)
Esta é uma equação muito especial, uma equação diferencial. Primeiramente podemos notar que a
equação difere das equações que conhecemos na escola de segundo grau (do tipo
x 2 + 4 x − 10 = 0 ) pelo fato que a incógnita, Q , não é um número mas uma função desconhecida;
Q = Q(t ) . Segundo, a equação impõe uma condição sobre esta incógnita envolvendo valores da
incógnita e valores da derivada da mesma. Terceiro, t não é fixo, a equação deve valer para todo
t. Quarto, todos os valores
39
da incógnita e das derivadas são tomados no mesmo ponto da variável independente t, isto é
ε =R
dQ
dt |t C
1
+ Q(t ) para todo t.
É notável que na física e química quase todas as leis básicas podem ser formuladas como equações
diferenciais. Em ciências que tratam de sistemas mais complexos, como por exemplo biologia,
economia e história, isto geralmente não é o caso.
Vamos ver como podemos resolver a equação (3). Esta equação é de fato tão simples que não vale
a pena utilizar as técnicas dos matemáticos. Podemos adivinhar facilmente a solução e com isto
adquirir um pouco de compreensão do problema. Para facilitar vamos resolver primeiramente o
problema sem a presença da bateria (circuito da figura 2).
Fig. 2 Circuito de descarga
Na equação (3) isto significa simplesmente
igualar a força eletromotriz da bateria a zero:
dQ 1
R + Q=0 (4)
dt C
ou escrevendo em outra forma:
dQ 1
=− Q (4)
dt RC
Então estamos procurando uma função que é
proporcional à própria derivada dela. Sabemos
que a função exponencial tem esta propriedade. Verificamos facilmente que as funções
−t
Q (t ) = Q0 e RC (5)
são soluções da equação da equação (4). Na expressão (5) Q0 é uma constante arbitrária. Para
qualquer valor de Q0 temos uma solução. Esta é uma característica geral das equações
diferenciais; elas têm um número infinito de soluções. O fato que a solução não é única não é
defeito mas é vantagem. Desta forma uma única equação é capaz de descrever um número infinito
de situações físicas. Por exemplo, a equação (4) descreve todos os possíveis comportamentos do
circuito da figura 2. Qual situação física é realizada num experimento depende das condições
iniciais. Isto significa que o valor da carga do capacitor no instante t = 0 vai determinar a
solução. Q0 é a carga do capacitor no instante t =0. Como podemos ver pela expressão (5), para
poder observar algum comportamento interessante no circuito RC sem bateria, é necessário termos
uma carga inicial Q0 ≠ 0 , pois de outra forma teríamos apenas a solução trivial Q(t ) = 0 para
todo t. Então no circuito da figura 2 só podemos observar o processo de descarga do capacitor. A
figura 3 mostra um gráfico deste tipo de processo.
40
Fig. 3 Descarga de um capacitor
5 Q0=5μC
[μC]
Carga
Q0/e
1
0
0 2 4 6 8 10
Tempo [s]
τ = RC
Podemos agora entender a afirmação que um circuito RC define uma constante de tempo. O
expoente na expressão (5) deve ser uma grandeza adimensional. Portanto o produto RC deve ter a
dimensão de tempo. De fato podemos verificar que
1Ω ⋅ 1F = 1s (6)
41
O capacitor seria primeiramente carregado fechando o interruptor. Depois o interruptor é aberto e
o capacitor é descarregado através do resistor. Um voltímetro paralelo ao capacitor permite
acompanhar a voltagem do capacitor durante o processo de descarga.
Para poder medir a voltagem do capacitor em função do tempo e gerar um gráfico V versus t com
medidas com um voltímetro e cronômetro comum, é necessário que a constante de tempo do
circuito seja suficientemente grande de tal forma que nossa capacidade de ler o voltímetro e
cronômetro permita acompanhar o processo. Constantes de tempo na ordem de 5 ou 10 segundos
são adequadas. Não é fácil realizar um valor RC = 10s . A resistência não deve ultrapassar
algumas dezenas de kΩ para garantir a condição de uma boa medida da voltagem (lembre que a
resistência interna do voltímetro deve ser muito maior que a resistência do circuito). Por exemplo,
com R = 10 kΩ a capacitância teria que ser C = 1000 μF. Este valor é bastante grande e
geralmente só seria realizável em laboratório com capacitores eletrolíticos.
Agora vamos resolver a equação (3) com a presença da bateria:
ε = R dQ
dt
+
1
C
Q
Uma solução podemos adivinhar facilmente: se o capacitor estiver com a mesma voltagem da
bateria não haverá diferença de potencial no resistor e consequentemente não haverá corrente. Não
tendo corrente a carga do capacitor deve ficar constante. A função constante QP (t ) = Cε é
obviamente uma solução. Botamos um índice P nesta solução para indicar que se trata apenas de
uma única solução, logo de um caso Particular. Para encontrar uma solução geral da equação (4)
podemos somar as equações (3) e (4):
ε= dQP
R
dt
+
C
1
QP
dQ 1
0= R 5 + Q5
dt C (7)
_____________________________________________
ε = R d (Q dt+ Q ) + C1 (Q
P 5
P + Q5 )
onde Q5 é a solução dada na expressão (5). A terceira linha do cálculo (7) nos informa que a
função Q(t ) = QP (t ) + Q5 (t ) é solução da equação (4). Então temos como solução:
−t
Q(t ) = Cε + Q0 e RC (8)
A constante Q0 é o parâmetro livre que permite adaptar a solução à condição inicial (ao contrário
do caso sem bateria, Q0 não tem mais a interpretação da carga inicial).
Vamos supor que o capacitor estava inicialmente descarregado; Q(0) = 0 . Neste caso Q0 teria o
valor Q0 = −Cε , e a solução seria
⎛ −t
⎞
Q(t ) = Cε ⎜⎜1 − e RC ⎟⎟ (9)
⎝ ⎠
A Figura 5 mostra um exemplo deste comportamento:
42
Fig 5. Processo de carga de um capacitor
Q [μC]
4 5 μC /e
0
0 2 4 6 8 10
τ = RC
t [s]
Compare esta figura com a curva de cura da fluência do concreto (figura 6):
Fig. 6 Fluência de Concreto
700
(Dados tomados do livro: Concretos
massa, estrutural, projetado e
Fluência de Concreto
Fluência Especifica x 10E-6 [MPa ]
680
compactado com rolo, Ensaios e
-1
620
Podemos determinar a constante
600
de tempo RC também do
gráfico 5, mas esta tarefa requer
580
Pontos = deformação lenta de concreto devido a um
carregamento permanente
o conhecimento exato da carga
Curva = curva de um circuito RC equivalente final (no caso do gráfico 5
560
seriam 5μC ). Neste aspecto o
0 10 20 30 40 50 60 70 gráfico da descarga (Fig. 3) é
Tempo após aplicação da carga [ dias ] mais prático. No caso da
descarga podemos determinar a
constante RC com boa precisão
representando o logaritmo da carga (ou da voltagem) do capacitor em função do tempo. Usando a
equação (5) (caso de descarga) e dividindo por 1 μC, escolhido arbitrariamente,
Q (t )
1
Q − t
= 0 e RC (10)
1μC 1μC
Calculando os logaritmos Neperianos obtemos:
Q(t ) Q 1
ln = ln 0 − t ou (11)
1μC 1μC RC
43
V (t ) V 1
ln = ln 0 − t (12)
1V 1V RC
Então, se a teoria da descarga do capacitor for verídica, devemos obter uma reta desta
1
representação. A inclinação desta reta vale − e permite determinar a constante de tempo.
RC
Sabendo o valor exato da resistência podemos desta forma determinar o valor da capacitância.
OBS: O capacitor tem polaridade definida, não podendo ser ligado com a polaridade
trocada
Tarefas:
1) Verifique experimentalmente, montando o circuito adequado, se as equações (5) e (9)
descrevem corretamente os processos de descarga (Figura 4) e carga (Figura 1) de um capacitor.
No caso da carga verifique apenas visualmente se o gráfico V x t tem o aspecto da figura 5. No
caso da descarga use além da representação voltagem versus t também a do logaritmo da
voltagem versus t. Este gráfico deveria resultar numa reta. Aviso: nas medidas use apenas um
único fundo de escala do voltímetro (20 V). Para o processo de carga, meça o tempo para a ddp no
capacitor variar de 0V a 1 V, 0V a 2 V, 0V a 3 V, ... , 0V a 10 V. Para a descarga, meça o tempo
para a ddp variar de 10V a 9V, 10V a 8 V, 10V a 7 V, ..., 10V a 1V.
2) Meça as capacitâncias de dois capacitores de sua escolha, medindo τ = RC e R. Aproveite os
dados obtidos na descarga do capacitor do item anterior.
3) Mostre experimentalmente que a capacitância equivalente de dois capacitores em paralelo é a
soma das capacitâncias Cequiv=C1+C2.
44
100
10
1
0 10 20 30 40 50 60 70 80
45
46
Experiência 9: O Campo Magnético
O campo magnético pode ser definido a partir da força que atua sobre uma carga elétrica
em movimento:
G G G
Fmagnética = qv × B (1)
Podemos observar qualitativamente esta força aproximando um imã de um feixe de partículas
carregadas, observando o desvio do feixe causado pela presença do imã. Também podemos
observar a força sobre um condutor com corrente num campo magnético.
1. Observe o comportamento de um feixe de partículas carregadas na presença de um imã.
2. Observe o comportamento de um balanço metálico cuja haste horizontal fica acima de um imã
quando ligamos o balanço numa fonte de corrente.
A equação (1) é a base de muitos métodos para medir campos magnéticos. Por exemplo:1) as
G
sondas Hall, 2) medição de B pela freqüência angular de um movimento circular de uma
G
partícula carregada 3) medição de B pelo torque exercido numa espira de corrente etc. Na
experiência desta aula vamos medir a componente horizontal do campo magnético da Terra
utilizando ainda um outro método. O método usado é a comparação do campo desconhecido da
Terra com um campo conhecido. Para poder comparar o campo desconhecido com o conhecido
precisamos de um indicador da direção e sentido do campo. Uma simples bússola serve para esta
finalidade. Primeiramente determina-se a direção do campo da Terra com a bússola, depois
adiciona-se um campo conhecido numa direção diferente (por exemplo, ortogonal ao campo da
Terra) e observa-se a direção do campo resultante com a bússola. A mudança de direção da
bússola permite determinar o campo da Terra.
Na nossa experiência vamos gerar o campo conhecido por um solenóide comprido. Lembramos
que o
campo dentro de um solenóide infinitamente comprido é
Bh
G
B s = eˆμ 0 nI (2)
onde ê é um vetor unitário apontando na direção do eixo de simetria
do solenóide, μ 0 = 4π ⋅ 10 −7 Vs / Am , a constante n é a densidade
α
linear de espiras e I é a corrente no fio do solenóide. Nosso
solenóide tem 80cm de comprimento e um diâmetro de pouco
mais B s de 10cm. A equação (2) fornece uma boa aproximação para o
campo no centro deste solenóide. A expressão exata para o
campo no centro do solenóide é
G
B = eˆμ 0 nI sen φ (3)
47
Do gráfico da Figura 2 temos:
Δtgα μ0 n
Coef .angular = =
ΔI Bh
O procedimento experimental para medir a componente horizontal do campo terrestre é o
seguinte:
1) Coloque o solenóide numa posição perpendicular à direção da bússola. Observe a bússola
dentro do solenóide. Dê toques leves no solenóide para agitar a bússola garantindo que esta se
encontre numa orientação de equilíbrio.
2) Ligue uma fonte elétrica com um reostato em série na bobina e meça a corrente, conforme
mostra a figura 1. Cuidado, nunca deixe a corrente ultrapassar 1,5A !! Regule a corrente para obter
um desvio da bússola de α = ±10o, α = ±20o, α = ±30o, .... até α = ±60o..
3) Determine o módulo da componente horizontal do campo da Terra a partir do gráfico tan α
versus módulo da corrente I (figura 2). Note que o coeficiente angular da reta mostrada nesta
figura é o mesmo da eq. 2. É importante incluir barras de erro nos pontos experimentais deste
gráfico. Há duas formas de colocar barras de erro neste gráfico ou na abscissa ou na ordenada.
Você pode optar por medir cada ângulo várias vezes e com o conjunto de valores de I construir
uma barra de erro para o eixo das correntes ou medir cada ângulo só uma vez, estimar um erro do
ângulo e calcular uma barra de erro dos tan α com propagação de erro. Para a determinação do
erro do campo da Terra desenhe duas retas que passem pela origem, uma que se adapte melhor aos
pontos experimentais e uma reta alternativa, que se adapte razoavelmente mas que tenha uma
inclinação maior ou menor que a melhor reta.
4) Compare o seu resultado do módulo da componente horizontal do campo magnético com dados
da literatura e com os resultados de outras equipes da sua turma. Se houver discrepância maior que
o seu erro experimental comente sobre a possível origem desta discrepância.
Avalie os erros das medidas e discuta se, frente aos erros da medida, é necessário usarmos a
fórmula exata (3) ou seria suficiente usar a expressão válida para um solenóide infinito. Observe
também o comportamento de uma bússola posta sobre o solenóide (ao lado da janela redonda).
Para um solenóide infinito o campo gerado pelo solenóide seria zero nesta posição.
220Ω
tg α
Resistor
Δtgα
Solenóide
ΔI
A I
Figura 1 Figura 2
48
Experiência 10: Lei de Indução
d G G d
Vind = − ∫∫ B ⋅ dS = − Φ
dt malha dt
(1).
Vind é a voltagem induzida que atua na lei das malhas como se fosse uma força eletromotriz. A
integral de superfície, ∫∫
malha
, é calculada sobre uma superfície que tem a malha como beirada.
Em palavras podemos formular esta lei da seguinte forma: numa malha existe uma força
eletromotriz que é o negativo da taxa de variação do fluxo magnético através da malha.
Caso a maior parte da malha seja formada pelas espiras de uma bobina enrolada em torno de uma
superfície S, esta integral pode ser aproximada pela integral do campo magnético sobre a
superfície S multiplicada pelo número N de espiras da bobina:
G G G G
Φ= ∫∫ B
malha
⋅ dS ≈ N ∫∫ ⋅ dS
B
S
(2).
d G G
Vind = − N ∫∫
dt S
B ⋅ dS (3).
Nesta aula vamos verificar esta lei. Esta tarefa é difícil porque não podemos manter uma taxa de
variação de fluxo por muito tempo. Há três maneiras de resolver este problema: 1) medir Vind
d G G
com muita rapidez (então não precisaria de um ∫∫ ⋅ dS ≠ 0 por muito tempo), ou 2) usar
dt malha
B
uma variação periódica do fluxo magnético que poderia ser observada com relativa facilidade ou
3) integrar a voltagem induzida no tempo. Aqui vamos utilizar o terceiro método. Dispomos de um
circuito eletrônico que calcula a integral temporal de uma voltagem aplicada na entrada do
circuito. Se a voltagem na entrada for V IN a voltagem na saída será
t
1
VOUT (t ) = VIN (t ′)dt ′
τ t∫0
(4)
t
1
τ t∫0
onde τ é uma constante caraterística do circuito. Se aplicarmos a operação ⋅ dt
′ na equação
(1) obtemos
1
VOUT (t ) = − {Φ(t ) − Φ(t 0 )} (5)
τ
49
Então, mesmo que a alteração do fluxo magnético tenha ocorrido apenas num intervalo de tempo
muito curto, podemos verificar a lei de indução com medidas lentas. Pois agora basta ler a
voltagem na saída do integrador depois da alteração de fluxo ter ocorrido.
A tarefa desta aula é verificar a equação (5) para as seguintes três situações:
1) A bobina de indução fica em volta de uma bobina que gera um campo conhecido e a variação
de fluxo é causada desligando a corrente da bobina que gera o campo (figura 1).
2) A bobina de indução fica dentro de uma bobina que gera um campo conhecido e a variação de
fluxo é causada desligando a corrente da bobina que gera o campo (figura 2).
Para poder medir com o circuito integrador é preciso entender um pouco como este instrumento
funciona. O integrador converte primeiramente a voltagem da entrada numa corrente através de
um resistor R. Esta corrente I = VIN / R é usada para carregar um capacitor C , cuja carga seria
Q = ∫ Idt e cuja voltagem Q/C é o sinal da saída do circuito. Desta forma temos
1
RC ∫
VOUT = V IN dt (6)
e a constante do integrador τ vale RC. Quando ligamos o integrador a voltagem da saída terá
geralmente algum valor sem significado. Este valor pode ser encarado como uma constante de
integração. Podemos eliminar esta constante descarregando o capacitor pouco antes da medida.
Para esta finalidade existe um botão no integrador que zera a voltagem de saída.
Todo tipo de circuito tem pequenos erros. No caso do integrador a voltagem de entrada é
registrada com um pequeno erro V ERRO . Desta forma o sinal da saída é de fato igual a
1 1
RC ∫ RC ∫
VOUT = V IN dt + V ERRO dt (7)
Mesmo que a voltagem de erro seja extremamente pequena (por exemplo 1μV ), com o passar do
tempo a voltagem de saída vai acumular um erro considerável. Este acúmulo de erro pode ser
notado se deixarmos o integrador ligado na bobina de indução sem nenhuma variação de fluxo
magnético. Os valores da saída vão mudar lentamente. Esta deriva da saída perturba as medidas. O
integrador possui um botão de ajuste que permite minimizar a voltagem de erro. Antes de medir é
necessário fazer este ajuste até chegar numa deriva menor que 0,001 V/s. Na medida, zeramos o
integrador antes da mudança de fluxo, logo depois provocamos a mudança de fluxo e
imediatamente depois lemos a voltagem de saída. Se entre o instante de zerar o integrador e ler o
resultado passam por exemplo 2 segundos teríamos um erro de medida de 0,002V se a deriva fosse
0,001V/s. Os resultados das medidas ficam na faixa de 0,5V e um erro de 0,001V/s seria tolerável.
A voltagem de erro (chamado "offset" na linguagem dos especialistas de eletrônica) depende da
temperatura. Se a temperatura do integrador mudar, fica praticamente impossível controlar a
deriva. Por isso evite tocar na caixa do integrador com a mão.
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Nas tarefas 1) e 2) ligue uma corrente de 1A na bobina comprida (a mesma bobina que foi
utilizada na determinação do campo magnético da Terra). Depois zere o integrador, desligue a
corrente para provocar a variação do fluxo e leia a voltagem de saída imediatamente depois.
Compare o resultado com um cálculo teórico, considerando devidamente todos os erros de
medida. Analise a equação 5, levando em conta separadamente dados de entrada e de saída.
A
A
Integrador V
Integrador V
Figura 2
Figura 1
Na tarefa 3) oriente uma bobina de grande área tal que a normal da superfície S aponte na direção
de uma bússola. Depois zere o integrador, gire a bobina de 180o. Calcule com este resultado e com
os dados geométricos da bobina o campo da Terra. Compare o resultado com o da medida da
semana passada.
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