EM TUA PRESENÇA

PSICOGRAFIA WILLER SIQUEIRA PELO

ESPÍRITO RABINDRANATH TAGORE

CUIABÁ/2016
1
Conduz-me, Oh Senhor, da escuridão para a luz de Tua verdade!

Teu sol nasce a cada manhã e os botões de rosa acariciados pelos seus raios desabrocham abrindo as
pétalas perfumadas com Teu amor que se espalha com a brisa fresca da alvorada da certeza de Tua
presença aqui.

2
Conduz-me, Oh Senhor, do irreal para o real!

A manhã dourada se refresca no rio de águas cristalinas e as aves de plumagem colorida, abrindo suas asas,
pousam nos galhos das árvores à margem do caminho do jardim de Tuas bênçãos.

3
Da morte conduz-me para a imortalidade, oh, Meu Senhor!

Ilumina com o sol de Tua verdade a sombra que me persegue.

Sopra Tua flauta, Músico Celestial! E com a brisa do Teu sopro de amor apaga o fogo das paixões que me
consomem.

4
Oh, Senhor de minha vida, envergonho-me quando observas as trevas de meu coração!

Conduzindo-me na escuridão da noite não contemplo a beleza de Tuas rosas e em passos incertos tropeço
nas raízes das árvores de meus desejos.

Perdendo-me em Tua verdade, oh, Senhor de minha vida, vi que as cordas frouxas de minha harpa não
tocavam Tua melodia de amor!

Afinei meu instrumento contemplando Tua arte e oferto-Te a coroa de rosas do meu canto de fraternidade.

6
Oh, Senhor de minha vida, aqui é Teu templo!
Oferto-Te o meu canto de amor neste agora onde Tua arte majestosa faz vibrar as cordas de meu coração
sob os acordes de Tua música divina.

7
Oh, Senhor de minha vida, Tua harmonia corre pelas minhas veias!

Coordenas as batidas de meu coração com Teu ritmo de amor. Meus pulmões se enchem com o Teu prana¹
e minha vida torna-se Tua.

Sob a luz de Teu Sol, caminho encontrando-Te em todos os lugares, no coração de todas as coisas.

1-Energia vital

8
Oh, Senhor de minha vida, caminhava eu sobre o manto negro da noite e não percebia Tua harmonia!

Tu que coordenas a coreografia do balé dos astros celestes.

Tu que reges a apresentação da rainha da noite que, com teu manto prata, desliza sobre o palco da abóbada
celeste, enquanto o Astro Rei ilumina as terras distantes de meus sonhos.

Tu conduzias-me sob Tua lei e eu olhando o brilho suave das estrelas, sentia Tua ausência em meu coração.

Em lágrimas, ouvia Teu canto que vinha de longe e era sussurrado em meus ouvidos pela leve brisa que
passava, anunciando-me Tua alvorada em breve em meu caminho.

Aguardava-Te afinando e desafinando meu instrumento, ensaiando para tocar Tua melodia ao raiar do dia.

Solitário não percebi a Tua presença junto a mim. Tu que nunca me abandonaste.

Guiado pelo aroma do desabrochar de Tuas flores na primavera, sentei-me à sombra fresca da árvore
Vanaspati. Fechei os olhos às folhas verdes de minhas fantasias, enchi meus pulmões com o Teu prana e ao
respirar, ouvia no coração de Tuas criaturas o eco de Teu canto de amor que ressoava.

10
Oh, Senhor de minha vida, cuidadosamente depositaste o germe da flor de Teu amor no solo virgem de
meu coração!
Crescendo procurava Tua luz de sabedoria e Teu calor de aconchego.

Já broto era nutrido pelas águas abençoadas das ações caridosas em comunhão com Tuas criaturas.

E o agora já botão espera o aroma do desabrochar em Teu abraço de amor.

11

A coroa de flores das estrelas enfeitava a lua na noite silenciosa quando ouvi Teu canto de amor,
convidando-me para a celebração da vida.

Eu, que mal acabara de rascunhar os versos de minha apresentação, ainda não tinha afinado as cordas de
meu instrumento e envergonhado improvisava acanhada melodia que às vezes desafinava com o Teu canto.

12

Protegi a chama luminosa de minha consciência do vento das ilusões com as mãos das ações no bem,
podendo assim na escuridão da vida ver Teu sorriso em todos os lugares e em todas as coisas, Oh, Senhor
de minha vida!

13

A árvore Vanaspati, à beira do caminho, balançava sua folhagem, dançando a música do vento fresco da
tarde dourada e sobre seus galhos graciosos os pássaros cantavam em coro com o som de Tua flauta que
ressoava em harmonia entre tudo.

14

Desperto no coração da noite sob o luar silencioso da lua, as portas de meus sentidos se abriram em
encantamento ao som de Tua doce melodia que vibrava em tudo.

Oh, Regente Divino, Teu concerto de amor inspira o meu canto, fazendo unir meu coração ao Teu!
15

Caminhando sobre a relva verde da manhã fresca, ouvia longe o concerto dos pássaros, acompanhando a
dança perfumada das flores que seduziam as abelhas que queriam beijá-las.

Tu estás presente em todas as coisas em beleza, perfume e melodia e Te ofereces a nós em cada uma delas,
encantando-nos e seduzindo-nos com Teu amor infinito na finitude das coisas, oh, Senhor de minha vida!

16

Contemplava a terra firme onde cresciam as flores coloridas da primavera refrescadas pela chuva da tarde,
percebendo Tua Leela¹, que era criar na superfície do ninho de nosso ser o “ego casca” para ser quebrado
com o nascimento da presença de Teu amor em nossos corações, unindo-nos em harmonia ao Teu Ser
infinito.

1- Ato divino, jogo divino, brincadeira divina

17

As borboletas disputavam com as abelhas o beijo das flores de aroma adocicado num balé sob a coreografia
do vento.

O diapason de Tuas belezas afinava meu instrumento que se ajustava à Tua doce melodia de harmonia
infinita.

18

A terra despertava ao despontar do sol que coloria a abóbada celeste.

O rio de águas murmurosas refrescava o reflexo das nuvens em seu leito sinuoso, enquanto as rosas exibiam
seus penteados de pétalas no espetáculo de claridade de Tua manhã.

Sentia que beijava meus olhos com Teu amor, Oh, Senhor de minha vida!

19

No silêncio amoroso da tarde, abri a janela de meu quarto e Tua doce melodia perfumada pelos jasmins
me convidava a contemplar o arco íris colorindo o céu.
As borboletas abriam suas asas como um sorriso delicado pelos lábios amorosos de Tuas belezas, Oh, Meu
Senhor!

20

Ouvi Tua doce melodia que rasgava o véu silencioso da noite com o cintilar das estrelas da via láctea.

Afinava meu instrumento e ensaiava meu canto para acompanhar-Te, guiando-me pela lua de prata que
iluminava as partituras de meu coração, Oh, Músico celestial!

21

Na tarde clara de outono, a solidão do céu azul preenchia-se com a passagem das nuvens sem lar.

Enquanto caminhava guiado pelo aroma das flores silvestres, contemplava Tuas maravilhas, Oh, Senhor de
minha vida!

Perdendo-me em meus pensamentos no Reino das Coisas, fui alertado pelo canto uníssono dos pássaros
de Tua presença aqui, Oh, Tu que és Amor infinito!

22

O vento trazia a mensagem perfumada das flores.

A relva verde brilhava à luz do sol nas gotas de orvalho da alvorada.

Oh, Senhor de minha vida, atrais meu coração para perto de Ti, seduzindo-me com Tuas belezas nos
bosques floridos da primavera da vida!

23

A escuridão da noite abraçava as casas, árvores e flores à minha volta.

Quando vi cruzar em meu caminho a rainha da noite com seu manto de estrelas que brilhava sob Teu ritmo
de amor.

Oh, Músico celestial, harmoniza-me com Tua doce melodia e com o sopro de Tua flauta afasta do céu do
meu coração as nuvens negras das fantasias da noite!
24

No choro das nuvens as flores refrescavam seus penteados de pétalas, enquanto as abelhas buscavam o
abrigo do seu ninho de mel.

As aves balançavam suas penas coloridas e se refrescando de alegrias renovavam-se sob Tuas dádivas, Oh,
Meu Senhor!

Tua chuva de fartura enche toda a terra com Teus tesouros de vida e beleza e nessa contemplação
componho os meus versos que respingam como gotas frescas nos corações áridos e cansados que Te
procuram sob o sol do sofrimento por não Te verem ainda nas sombras frescas de Tua infinita bondade e
amor bem aqui, onde sempre Tu estás aguardando ser visto com os olhos do amor.

25

Na primavera de minha vida, da minha choupana feita do barro do Teu saber, observava pela janela de meu
quarto meus pensamentos que, em voo como aves migratórias, buscavam o verão de Teu sol de amor.
Porém foi no silêncio de meu coração que Tua luz entrou, fazendo-me ver o néctar de Tuas alegrias que se
encontra sempre presente e disponível para ser degustado como a água do oceano é para os peixes do
mar.

Oh, Senhor de minha vida, por que procurar-Te tão longe se aqui mesmo encontramo-nos em Tua
presença?!

26

No brilho das estrelas reluzentes dos olhos sofredores dos simples e humildes encontrei o Teu amor
convidando-me a dividir minhas moedas de alegria e esperança.

Estendendo-lhes as mãos de meu coração, senti o Teu beijo de luz iluminar as trevas de minha alma, Oh,
Meu Senhor!

27

O perfume das flores silvestres era carregado pelas mãos do vento fresco da aurora, enquanto os raios
dourados do sol acariciavam a relva verde por onde as formigas desenhavam suas trilhas.
Minha alma, despreguiçando de seu sono, era despertada pelo beijo de amor da contemplação de Tua
presença em todos os lugares e em todas as coisas.

28

Quando a face da manhã se maquiava de luz, o vento acordava a todos com a sua canção perfumada pelos
jasmins.

As aves, em uníssono, acompanhavam com seu canto a música de amor sem fim e sem nome composta
por Ti.

Oh, Vida da vida, Teu espetáculo de beleza faz jorrar a felicidade na fonte do amor de minha alma!

29

O Sol com sua túnica majestosa de luz surgiu no horizonte, abrindo passagem no céu azul onde as nuvens
sem lar deslizavam graciosas.

As flores de laranjeira que conhecera botão já estavam adornadas de frutos, enquanto as folhas amarelas
de meus pensamentos caíam na terra firme de minha contemplação de Teus versos de amor, Oh, meu
Poeta Divino!

30

A luz do sol bateu às portas de meu coração que despertava ao som do concerto das águas em cascata que
esculpiam as pedras, acompanhadas pelo sopro da brisa fresca que carregava em seu colo as folhas caídas
de meus pensamentos.

Tua arte beijava minha alma que, em agradecimento, compunha para Ti versos de amor!

31

O perfume sedutor das flores atraía as abelhas para o seu ninho de pólen. O rio fresco corria sinuosamente
lavando a sombra das árvores.

Os pássaros em coro cantavam o hino do amor, que harmonizava com o som de Tua flauta.

Teu sopro levava para longe as nuvens pesadas de minha tempestade de pensamentos e o sol do Teu amor
brilhava no horizonte de meu coração.
Oh, Meu Senhor, Teu canto é o convite para o espetáculo de Tuas maravilhas! Compondo os meus versos
ainda acanhados, ofereço-Te minhas rimas do bem e da paz que vibram no jardim de minha alma.

32

As abelhas bebiam o sorriso das flores com seus beijos de amor.

A canção dos pássaros era acompanhada pelo som perfumado do vento que carregava em seus braços o
aroma dos jasmins.

A música murmurosa das águas do rio refrescava meus pensamentos que deslizavam sobre sua correnteza.

Oh, Meu Senhor, faz-me Teu poeta! O poeta que canta para Ti os versos coloridos pelo Teu amor!

33

O murmúrio do rio cortava o silêncio da noite.

As estrelas perolizavam o orvalho serenado pelo frio.

A lua deslizava com seu manto prateado na escuridão aveludada.

Escuta, minh’alma, escuta a flauta da ternura, harmonizando a noite com a doce melodia de amor!

Canta com ela sua canção, arpejada nas cordas do coração!

34

Os olhos do meu coração contemplavam a luz do sol poente, manchando de sombra a terra.

O clamor do vento se despedia do dia que cumprimentava a noite.

O bater de asas de meus pensamentos pousava no ninho de meu silêncio, permitindo-me ouvir a harmonia
da vida sendo conduzida por Tua canção sem fim.

Ao afinar as cordas de minha harpa, cantarei contigo, oh, Senhor, teu canto de amor!

35

O sol deitava-se no horizonte e o manto negro da noite cobria-se com as estrelas do céu de Teu amor.
Os vagalumes com sua roupa de luz dançavam no vazio do ar o balé sob Tua coreografia e o som de Tua
música sem fim ecoava no silêncio de meu coração.

Oh, grande Artista divino, estar na presença do Teu amor é saciar-se com o néctar precioso da vida!

36

O sol gargalhava a manhã. As nuvens brincavam no azul do céu. As abelhas com seus zunidos espalhavam
o aroma sedutor das flores. Os braços do vento empurravam os braços das árvores carregados de frutos.

Contemplando Teu espetáculo de amor, perdi-me de mim e só a Ti encontrei em todos os momentos e em

todos os lugares, recitando Teus versos de amor, oh, Poeta Imortal!