• Batimetria
A partir dos dados digitalizados foram elaboradas as figuras dos perfis de praia ao longo deste arco
praial, apresentadas pela sequência das Figuras Estas apresentam os locais de coleta das amostras
emersas e submersas de sedimentos, bem como o nível d’água no momento da coleta. Foi elaborada
ainda outra Figura, inserida na sequencia, que demonstra os perfis normalizados em relação à
distância da linha d’água, essa figura favorece a comparação de extensões da zona de arrebentação
declividades, etc.
A declividade da face de praia mostrou-se bem uniforme (1:7) ao longo de todos os perfis
levantados, as diferenças são maiores na parte submersa onde destacam-se o perfil P1 como o mais
plano, apresentando uma extensão da zona de arrebentação média de 120 m, aqui medida pela
distância da linha d’água até a profundidade de 2 m; e o perfil P3, o mais íngreme, que apresentou
421
extensão de apenas 25 m. Devido à sua alta declividade submersa, à falta de um banco de areia em
profundidade pequena, aliado ao maior valor de diâmetro dos grãos local (demonstrado adiante),
provavelmente P3 deva ser um local de maior altura de ondas. Para os demais perfis a extensão da
arrebentação média variou entre 80 e 100 metros.
A formação de banco de areia é mais nítida em P1, que se inicia em 1 m de profundidade. No perfil
P2, se assemelha a forma côncava como aquelas descritas pelas teorias analíticas de perfil de
equilíbrio, tem seu banco de areia iniciando na profundidade de 1 m, sendo também presente a 3 m
de profundidade. Em P3, há uma queda brusca de profundidade conforme se adentra ao mar, sendo
o banco formado em 3 m de profundidade. Novamente isto pode espelhar uma maior altura de
arrebentação de ondas neste local em relação ao restante da praia. Em P4 a concavidade voltada
para cima é até mais evidente que em P2, por isso não se observa uma formação de banco bem
definida. O banco de areia em P5 se forma a partir da profundidade de 1m. Outro aspecto que
merece apreciação na morfologia dos perfis levantados é a declividade submersa para
profundidades superiores a 2 m, essas são mais acentuadas nos perfis P4 e P5.
422
Batimetria da Praia de Sernambetiba
423
.Perfil da Praia do Pontal _ P1
PERFIL1
4
P1 B
2
NA
elevação DHN (m)
0
P1 S
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância da origem (m)
PERFIL 2
4
P2 B
2
NA
elevação DHN (m)
0
P2 S
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância da origem (m)
424
Perfil da Paia da Macumba – P3
PERFIL 3
6
P3 B
4
2
NA
elevação DHN (m)
0
P3 S
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância da origem (m)
PERFIL 4
P4 B
4
2
NA
elevação DHN (m)
P4 S
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância da origem (m)
425
.
Perfil da Praia da Macumba _P5
PERFIL 5
6
P5 B
4
2
NA
elevação DHN (m)
0
P5 S
-2
-4
-6
-8
-10
-12
0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância da origem (m)
TODOS OS PERFIS
10
4
elevação DHN (m)
2
NA médio
0
-2
-4
-6
-8
-10
-12
-200 0 200 400 600 800 1,000 1,200
distância ao NA (m)
P1 P2 P3 P4 P5
426
• Comportamento das Marés
A maré na área de influência direta é descrita pela evolução da superfície calculada para a estação
Recreio dos Bandeirantes, onde a DHN registrou a variação de maré no ano de 1969, extraindo as
constantes harmônicas para o local (FEMAR, 2000). Esta estação localiza-se na parte oeste do
Pontal de Sernambetiba, nas coordenadas de 23o 02,3’ S e 43o 28,2’ W. A partir das principais
constantes harmônicas, pôde-se determinar a evolução da maré no local, apresentada na Figura
7.2.1.6-9, para um período de 25 dias, onde verifica-se a ocorrência de duas marés de sizígia
(alturas maiores) intercalada por uma quadratura (alturas maiores).
80
60
elevação em relação ao nível médio (cm)
40
20
-20
-40
-60
-80
-100
0 100 200 300 400 500 600
tempo (horas)
De acordo com a Figura acima podem ser observadas marés mais altas (sizígia) e mais baixas
(quadratura), ambas com periodicidade semi-diurna, de cerca de 12 horas, ou seja, dentro de um
período de 100 horas ocorrem cerca de 8 preamares e 8 baixamares. No tocante as alturas, em
sizígia essas podem ultrapassar 1,3 m, ao passo que em quadratura a altura média da maré gira em
torno de 0,4 m.
427
• Circulação
As medições de correntes na região foram realizadas pela Encal, por correntografia, no ponto A,
situado a 3 km da praia de Sernambetiba, cuja localização é apresentada na Figura abaixo.
PONTO A
428
Nas medições por correntografia utilizou-se o sistema Motorola Mini Ranger III, para o
posicionamento eletrônico, e correntógrafos modelo COG-1, dotados de registro contínuo.
Como resultados das medições tem-se que os dados brutos das velocidades e direções das correntes
no ponto A foram obtidos junto aos relatórios “Disposição final dos esgotos sanitários da baixada
de Jacarepaguá” (Encal S.A., Sondotécnica S. A. e Tecnosan Engenharia S. A., 1985) e trabalhados
com a finalidade de obter-se os percentuais correspondentes às faixas de velocidade e direções. Os
quadros a seguir apresentam os percentuais das direções das correntes correspondentes a cada uma
das direções, sendo levados em consideração inclusive os pontos onde as velocidades não foram
medidas.
Direções Percentuais
Norte (N) 4%
Nordeste (NE) 14%
Leste (E) 6%
Sudeste (SE) 4%
Sul (S) 7%
Sudoeste (SW) 43%
Oeste (W) 16%
Noroeste (NW) 7%
Fonte: Encal S. A., Sondotécnica S. A. e Tecnosan Engenharia S. A., 1985.
429
Percentual das direções das correntes.
N
50%
40%
NW NE
30%
20%
10% 13,7%
7,2% 3,6%
6,2%
W 0% E
15,8% 3,6%
6,9%
43,1%
SW SE
De acordo com os dados apresentados, verifica-se que quase a metade (43%) das correntes medidas
provê da direção Sudoeste (SW); cerca de 16% provêem da direção Oeste (W) e 14% do Nordeste
(NE). Das demais direções provêem percentuais menores: 7% do Sul (S) e Noroeste (NW); 6% de
Leste (E); e 4% de Sudeste (SE) e Norte (N). O Quadro e a Figura abaixo apresentam os percentuais
das faixas de velocidades correspondentes a cada uma das direções.
430
Percentual das Faixas de Velocidades nas Direções
Frequência das velocidades de correntes segundo as direções
N
16%
14%
NW 12% NE
10%
8%
6%
0 a 0,2
4%
0,21 a 0,3
2% 0,31 a 0,4
0,41 a 0,5
W 0% E
0,51 a 0,6
0,61 a 0,7
SW SE
De acordo com os dados apresentados verifica-se que 36% das correntes medidas possuem
velocidade entre 0,31 e 0,40 m/s; 33% entre 0,21 e 0,30m/s e 24% entre 0,41 e 0,50m/s. As demais
faixas de velocidades correspondem ao todo, a menos de 10% do total.
• Ondas
431
registradas condições de mar calmo e de ressacas provenientes de SW, S e SE, os possíveis setores
de ataque de ondas.
O primeiro cenário consiste na ocorrência de 2 ressacas consecutivas de SW, ocorridas entre os dias
2 e 12 de agosto de 1991. As ondas possuíam períodos de 10 a 14 s e alturas variando de 0,5 a 3,5
m. O segundo cenário de ressaca é proveniente do setor S e SE, composto por ondas de período
entre 10 e 12 s e alturas de 0,5 a 2,5 m. Essas condições foram observadas entre 24 de agosto a 3 de
setembro de 1991. O cenário característico de bom tempo revela ondas mais suaves em alturas e
períodos. Também oriundas do setor S-SE, as alturas de onda estão entre 0,5 e 1 m e os períodos
sendo predominantemente de 8 s.
432
Cenário 2: mar típico de ressaca de SSE.
• Sedimentologia
Quanto à natureza e granulometria dos sedimentos, a praia de Sernambetiba é composta por areia
grossa, de moderadamente bem a bem selecionada; conforme atesta o Quadro 7.2.1.6-6 que se
baseia na classificação Wentworth (1922) e de Folk & Ward (1957) de 10 amostras coletadas em
1999 naquela praia (COPPE, 1999). As amostras foram coletadas na parte emersa (berma) e na
parte submersa de 5 perfis de praia, 2 localizados na praia do Pontal e 3 na praia da Macumba,
demonstrados no Quadro a seguir.
433
Exceto na berma do perfil P1 da praia do Pontal, o diâmetro mediano mostrou-se maior que 0,50
mm (limite de areia grossa) em quase em todos os locais coletados. Tal fato é justificado pela
posição do perfil 1, que representa o local mais bem protegido da ação de ondas de toda a praia de
Sernambetiba, pois se localiza junto ao Pontal. Esta conclusão também corrobora a menor
declividade de praia lá encontrada, conferindo ao local uma característica de favorecimento à
deposição de sedimentos. Ainda neste local as amostras são um pouco diferente em relação às
demais no parâmetro selecionamento de grãos: praticamente todas as amostras foram classificadas
como bem selecionadas na praia da Macumba e na parte desabrigada da praia do Pontal, já em P1
esse parâmetro recebeu a classificação moderadamente bem selecionada a moderadamente
selecionada.
Outro aspecto interessante foi a presença de areia ligeiramente mais grossa na parte submersa dos
perfis levantados, o que é plenamente justificável pela localização das amostras, que foram
coletadas em profundidades compatíveis à da arrebentação das ondas mais freqüentes (de alturas 0 a
1 m). Na zona de arrebentação há maior dissipação de energia fazendo com que os sedimentos mais
finos sejam levados enquanto que somente os mais grossos têm possibilidade de permanência. A
exceção foi o perfil P2, sem explicação aparente. Em P5 os valores de D50 foram muito próximos
para se estabelecer uma diferença significativa.
434
Granulometria dos Sedimentos da Praia de Sernambetiba.
Segundo o relatório “Disposição final dos esgotos sanitários da baixada de Jacarepaguá” (Encal S.
A., Sondotécnica S. A. e Tecnosan Engenharia S. A., 1987) foi realizado pela Tecnosan, nos dias
20/05/85, 21/05/85 e 08/06/85, um serviço de prospecção sísmica, nas na faixa de 500 m,
correspondente ao ponto A, já apresentado na Figura 7.2.1.6-10, estendendo-se da zona de
arrebentação a 4.000 m de distância da praia, em linhas paralelas espaçadas de 500 m.
435
A cada 500 m ao longo da diretriz da linha média foram coletadas amostras para a análise
granulométrica por peneiramento, cujos resultados estão apresentados no Quadro abaixo. Verifica-
se a predominância de areia fina até uma distância de 2.000 m, e de areia média entre as distâncias
de 2.000 a 4.000 m.
As praias são estruturas naturais de dissipação de energia das ondas. Nesse processo sempre ocorre
a movimentação de sedimentos e mudanças nas formas de fundo são comuns. Obstruções ao
caminhamento natural do transporte sólido, retirada de areia, mudança de clima de ondas incidente,
variações no nível médio relativo do mar, entre outros efeitos, promovem interferência no processo
fazendo mudar as condições de equilíbrio do sistema, acarretando alterações na forma da linha de
costa e dos contornos batimétricos dentro da faixa de movimentação dos sedimentos. Tais
alterações ocorrem em escala temporal que varia de alguns dias, como durante a ocorrência de
ressacas, até alguns anos. O conhecimento das características de um dado sistema, como uma praia,
por exemplo, implica na descrição dos seus processos naturais como também dos agentes motrizes
envolvidos. Sabendo-se como um dado sistema "funciona" é possível fazer previsões de situações
futuras (e/ou hipotéticas) mediante a variação de algumas das características iniciais do sistema ou
dos agentes forçantes.
436
Sob o ponto de vista morfológico há de se considerar além das vazões líquidas que fluem pela
embocadura, também as vazões sólidas e, principalmente, a capacidade do escoamento nessa região
em permitir a sedimentação do grão ou o seu carreamento para fora da foz. Assim, as contribuições
sólidas de origem fluvial ou marinha convergem para a embocadura onde o escoamento, governado
pelos regimes fluvial e de maré, se encarrega de transportar, caso tenha capacidade para isso, ou
deixar sedimentar.
Durante o período de cheia fluvial, a vazão líquida é muito maior aumentando a capacidade de
transporte do escoamento na embocadura expulsando assim os sedimentos ali depositados. Nessas
épocas, mesmo que a embocadura esteja fechada, é comum haver o rompimento da restinga e o
escoamento expulsa os sedimentos mar afora. Quando isso ocorre é comum se observar grandes
plumas com sedimento em suspensão em direção ao mar e a formação de um banco de areia ao
largo da embocadura, em profundidades nas quais tal capacidade de transporte diminui permitindo a
sedimentação.
Assim, a análise da estabilidade morfológica da foz é feita para o seu caso crítico que é quando a
mesma encontra-se fechada (ou com tendência para o fechamento) correspondente às épocas de
estiagem. Para essas situações deve-se computar os desempenhos da maré em carrear sedimentos
para dentro da foz, e o das ondas em fornecer sedimentos para serem carreados.
437
Segundo Coppetec (2000), em base a aplicação do modelo morfológico de evolução de costa, foram
calculadas as vazões sólidas devidas às ondas ao longo da costa. Tal resultado indicou uma
capacidade de transporte das ondas na arrebentação de 27,9 m3/dia no sentido de oeste para leste, e
de 30,3m3/dia no sentido de leste para oeste. Seja qual for o sentido do transporte sólido ao longo
da costa a quantidade de areia em movimentação entra no canal com o movimento da maré. Assim,
a verificação da estabilidade sedimentológica do canal deve ser feita com a taxa de transporte total
ao longo da costa, e não com a residual. Em outras palavras, as ondas têm capacidade de colocar
cerca de 60 m3/dia na foz do canal de Sernambetiba. Ao longo de um ano, tal valor é da ordem de
22.000 m3 de areia.
Esse valor só passa a ter significado quando se verifica qual é a capacidade da foz em receber e
redistribuir tal quantidade de sedimento. Essa verificação pode ser feita através do prisma de maré,
que é a quantidade de água que a maré tem condição de fazer entrar por uma embocadura. Em
Coppetec (2000) foi aplicado um modelo hidrodinâmico para canais utilizado neste projeto
permitindo o cálculo de tal valor, cujo resultado foi de 266.212,8 m3 por ciclo de enchente.
Este resultado corrobora o que se observa na foz do canal de Sernambetiba, com grande tendência
ao assoreamento e rompimento da barra somente com a ação de grandes enchentes ou ação
artificial, como por exemplo, a dragagem.
438
praia da Macumba (adjacente à foz) ocasionando com isso, um processo erosivo responsável pela
destruição de grande parte da faixa de areia, vias públicas e benfeitorias.
Neste diagnóstico foi realizada a caracterização da qualidade das águas e balneabilidade da orla da
Praia da Macumba e Praia do Pontal, com base em informações recentes. Assim, o diagnóstico foi
baseado em informações já existentes, com uma base de dados bastante ampla e recente, podendo
ser considerada representativa tanto da variabilidade espacial quanto temporal. Os dados utilizados
são referentes principalmente aos monitoramentos e estudos desenvolvidos pela Secretaria de
Municipal de Meio Ambiente (SMAC). Estes monitoramentos abrangem uma série temporal de
informações de cerca de 8 anos entre 1997 e 2005 (vide quadros a seuir).
Relação dos dados sobre qualidade das águas e balneabilidade da praia do Pontal.
Período
Variável início fim unidade metodologia fonte
Temperatura °C
Salinidade ups sonda
nov/1997 ago/2005 SMAC
pH
Coliformes fecais NMP/100mL -
Fonte: SMAC.
A abordagem utilizada para caracterização da qualidade das águas objetivou uma comparação dos
dados disponíveis com os padrões estabelecidos pela Resolução N°357/2005 do CONAMA.
439
Análise dos Dados das Variáveis Ambientais da Praia do Pontal
9 Temperatura e Salinidade
As temperaturas apresentam uma clara variação sazonal entre verão e inverno (Figura a seguir),
com mínimo e máximo de 14,4°C e 28,5°C, e média de 22,8°C.
Temperatura
35
30
25
°C
20
15
10
98 99 00 01 02 03 04 05
Fonte: SMAC.
A salinidade na praia da orla adjacente ao canal de Sernambetiba é típica de Água de Mistura (AM),
com valores de salinidade entre 33 e 36‰, que corresponde à mistura das massas de água AC
(Água Costeira) e AT (Água Tropical) de acordo com o Gabarito Tentativo para as Massas de Água
da Costa Sudeste Brasileira. Como se observa na Figura 7.2.1.6-14 não há sazonalidade em relação
à salinidade.
Com base no sistema de classes de qualidade (Resolução CONAMA No 357/2005) e nos valores de
salinidade observados, a praia do Pontal pode ser incluída na categoria de Águas Salinas (salinidade
igual ou superior a 30‰) enquadrando-se na Classe 1: águas destinadas à recreação de contato
primário; à proteção das comunidades aquáticas e à aqüicultura e atividades de pesca.
440
Série Temporal de Valores Mensais de Salinidade.
SALINIDADE
40
38
36
34
ppm
32
30
28
26
98 99 00 01 02 03 04 05
Fonte: SMAC.
9 pH
Não foi observada sazonalidade característica, tendo os valores de pH oscilado entre 7,2 e 8,6, e
com valor médio de 8,1 (Figura 7.2.1.6-15). Estes valores estão de acordo com os limites
estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005.
10
6
98 99 00 01 02 03 04 05
Fonte: SMAC.
441
9 Avaliação Bacteriológica da Qualidade das Águas – Coliformes totais e fecais
Série Temporal de Valores Mensais de Coliformes Totais e E. coli. A linha indica o limite
admissível segundo Resolução CONAMA 274/2000.
Coliformes
108
107 E.Coli
Log (NMP/100ml)
106 C.Total
105
104
103
102
101
100
98 99 00 01 02 03 04 05
Fonte: SMAC.
442