2
Sumário
1) A aliança que Deus fez com o seu povo consistia de duas partes: Deus e
os israelitas firmaram um compromisso solene com base no conteúdo do
Livro da Aliança (Êx 24:7).
2) A aliança foi selada pela morte de animais que foram oferecidos a
Deus. O sangue desses animais foi aspergido sobre o altar e sobre o povo
(Êx 24:8).
3) A aliança foi ratificada pelo povo que prometeu obediência a Deus (Êx
24:3 e 7).
Adaptado de KISTEMAKER, 2003, p. 357.
5
acontecem nas profundezas de nossa alma e consciência (ver Rm 7), assim,
precisamos da graça que veio por meio de Cristo na nova aliança.
Jesus, na última ceia com os seus discípulos “tomou o cálice, deu graças
e o ofereceu aos discípulos, dizendo: ‘Bebam dele todos vocês. Isto é o meu
sangue da [nova] aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão
de pecados’” (Mt 26:27,28; Lc 22:20), estabelecendo, portanto, uma nova
aliança, firmada no seu próprio sangue e sustentada pela sua mediação (Hb
12:24).
A questão que nos persegue é: por que foi necessário realizar essa nova
aliança? O autor da Carta aos Hebreus, fazendo uma longa citação de
Jeremias 31, nos oferece uma explicação nos capítulos 8 e 9. Ali, ele nos ensina
que “as regras para adoração e o tabernáculo terreno” (Hb 9:1) são “uma
ilustração para os nossos dias, indicando que as ofertas e os sacrifícios
oferecidos não podiam dar ao adorador uma consciência perfeitamente
limpa” (Hb 9:9).
Entendendo que antes mesmo da Lei, a vinda de Jesus e a nova aliança
firmada através do seu sangue já estava nos projetos de Deus (conforme Gn
3:15), podemos compreender em que sentido a palavra ‘ilustração’ é utilizada
nesse contexto. O autor quer nos mostrar que a Lei, com todas as suas regras
de adoração e de conduta pessoal e social, serviu, e serve até hoje, para
mostrar a incapacidade do ser humano de ser santo pelos seus próprios
esforços. Assim, ela ‘ilustra’, simultaneamente, a santidade de Deus e a
incapacidade humana de restaurar, por si mesmo, a imagem e semelhança
com a Trindade.
Assim, era necessário que um sacrifício único e definitivo fosse feito para
que o Plano de Salvação dos Filhos de Deus fosse cumprido em sua totalidade.
Em Hb 9:22, aprendemos que “quase todas as coisas são purificadas com
sangue, e, sem derramamento de sangue, não há perdão”.
6
13Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de uma novilha
espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os
santificam de forma que se tornam exteriormente puros, 14quanto
mais, então, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se
ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa
consciência de atos que levam à morte, de modo que sirvamos
ao Deus vivo!
15Por essa razão, Cristo é o mediador de uma nova aliança para
7
de Deus e pagou por seus pecados. Além do mais, na estrutura
da primeira aliança, o mediador (isto é, o sumo sacerdote) era
imperfeito. Na nova aliança Cristo é o mediador que garante a
promessa da salvação. Deus põe suas leis na mente e as escreve
no coração de seu povo redimido, para que como resultado eles
conheçam a Deus, experimentem remissão de pecados e gozem
uma comunhão pactual com ele.
Por esta razão, não podemos dizer que a antiga aliança está invalidada,
mas que ela está sendo perfeitamente cumprida em Cristo Jesus que se torna o
perfeito mediador e, ao mesmo tempo, o perfeito sacrifício. “Não pensem que
vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mt 5:17).
Em que medida a antiga aliança continua válida? Na concepção moral
do povo de Deus, no exemplo prático de vida dos seus personagens, na
doutrina profética, na comprovação histórica dos feitos divinos e ilustração
para sempre lembrarmos que não seremos capazes de alcançar a Deus sem a
graça.
8
CAPÍTULO II - PANORAMA HISTÓRICO
Quando “Jesus nasceu em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes” (Mt
2:1), ele encontrou um ambiente social, político cultural estabelecido através
de fortes influências dos povos que dominaram Israel nos últimos quatrocentos
anos. Esse ambiente foi determinante para a propagação do evangelho e
para a expansão da igreja cristã no mundo antigo. Assim, vamos começar esse
capítulo estudando os antecedentes históricos do Novo Testamento.
9
A conjuntura que possibilitou tudo isso foi criada no chamado período
Interbíblico, também conhecido como Intertestamentário ou período do
Silêncio de Deus. Esse último nome se deve ao fato de que os acontecimentos
aos quais nos referimos ocorreram entre o final do ministério do profeta
Malaquias (último profeta do Antigo Testamento) e o início do ministério de
João Batista (profeta que precede à chegada de Cristo).
Cada uma das situações políticas vividas pelo povo de Israel teve
importantes influências para a preparação do ambiente em que o nosso
Salvador nasceria, vamos a elas:
11
2.3 Influências do Império Grego – filosofia e cultura (331 a 167 a.C.)
4Depois de serem libertos do cativeiro na Babilônia, os Israelitas nunca mais cometeram o
pecado da idolatria. Veremos a importância disso mais adiante.
12
a 63 a.C.). Nessa época, o povo já estava restabelecido no território de Israel,
Jerusalém estava murada e protegida, o Templo estava reconstruído e em
pleno funcionamento.
Então, as colaborações dos judeus foram as seguintes:
13
2.5 Influências do Império Romano (63 a.C. ao tempo de Cristo)
5A ‘infiltração’ de cristãos no exército romano foi tão forte e significativa para a propagação
do Reino de Deus que alguns políticos da época atribuíram ao comportamento cristão
(misericórdia e respeito à vida alheia) a responsabilidade pela queda do império romano. Fato
que Santo Agostinho contesta no seu livro A Cidade de Deus, no século IV d.C.
14
Roma foi crucial para que o Novo Testamento alcançasse tamanha amplitude
em tão pouco tempo.
15
16
No que tange à forma e a ideia principal, os 27 livros do Novo
Testamento estão dispostos em seis seções, conforme mostra a Tabela 2.
6 Essa visão sobre a ideia geral de um livro pode variar de autor para autor.
7 Embora haja divergências entre teólogos e historiadores, o Evangelho, as três cartas e
Apocalipse são atribuídos ao mesmo autor;
8 É quase unânime a teoria de que se trata, realmente, do irmão de Jesus.
9 Ver detalhes sobre a autoria dessa epístola nos comentários finais da seção 3.3.3.
17
A palavra evangelho (euaggeloj) significa o ‘anúncio de boas novas’.
Então, quando, por exemplo, falamos no Evangelho de Lucas, estamos falando
das boas novas contadas por Lucas. Assim, entendemos que os quatro
evangelistas contaram, cada um da sua própria forma, as boas novas que
receberam de Deus para deixar para todos nós. O evangelho de João segue
uma estrutura diferente, por isso costuma ser estudado à parte. João, talvez por
ter sido o apóstolo mais próximo de Cristo, é o evangelho que apresenta o
maior conteúdo exclusivo, isto é, no evangelho de João encontramos o maior
volume de ensinos e histórias que não estão presentes nos outros três
evangelhos.
18
Conteúdo: a história de Jesus, incluindo seções extensas de ensino, indo do
anúncio do seu nascimento até o comissionamento dos discípulos para fazer
discípulos entre os gentios10.
Autor: anônimo11; Papias (125 d.C.) atribui o “primeiro Evangelho” ao apóstolo
Mateus. Alguns estudiosos discordam.
Data: desconhecida (visto que ele usou Marcos, muito provavelmente foi na
década de 70 ou 80 d.C.).
Receptores: desconhecidos; mas quase certamente cristãos judeus
comprometidos com a missão aos gentios, sendo a opinião mais comum que
tenham vivido em Antioquia da Síria e arredores.
Ênfase: Jesus é o Filho de Deus, Rei (messiânico) dos judeus; Jesus é Deus presente
conosco (Emanuel) em poder milagroso; Jesus é o Senhor da igreja; o ensino de
Jesus tem importância contínua para o povo de Deus; o evangelho do reino é
para todos os povos – judeus e gentios igualmente.
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 318).
históricas e a tradição da igreja nos dão sustentação suficiente para confiar na autoria
atribuída.
19
história da salvação de “Israel”, que Cristo e o Espírito realizaram; essa parte
começa com o anúncio do nascimento de Jesus e continua até a sua
ascensão.
Autor: de acordo com uma tradição muito antiga, Lucas, o médico e antigo
companheiro do apóstolo Paulo (Cl 4:14), o único autor gentio da Bíblia.
Data: incerta; os estudiosos se dividem entre uma data anterior à morte de
Paulo (64 d.C., ver At 28:30-31) e outra depois da queda de Jerusalém (70
d.C., pelo uso que o autor faz do Evangelho de Marcos).
Receptor(es): Teófilo é de outro modo desconhecido; seguindo o costume
dos prefácios desse gênero na literatura greco-romana, ele provavelmente foi
o patrocinador do livro de Lucas-Atos, subscrevendo portanto a sua
publicação; os leitores implícitos são cristãos gentios, cujo lugar na história de
Deus é assegurado por meio da obra de Jesus Cristo e do Espírito Santo.
Ênfase: O Messias de Deus veio até seu povo, Israel, com a prometida inclusão
dos gentios; Jesus veio para salvar os perdidos, incluindo todos os tipos de
pessoas marginalizadas que para a religião tradicional estariam fora dos
limites; o ministério de Jesus é executado sob o poder do Espírito Santo; a
necessidade de morte e ressurreição de Jesus (que cumpriram promessas do
AT) para o perdão dos pecados.
Adaptado de: FEE, G. & STUART, D. (2013, p. 338).
20
O evangelho segundo João narra a história de Jesus em uma perspectiva
posterior à ressurreição e à dádiva do Espírito Santo. “Depois que ressuscitou
dos mortos, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito. Então creram na
Escritura e na palavra que Jesus dissera” (Jo 2:22; ver também: 12:6; 14:26;
16:13-14). João escreveu atestando a veracidade da encarnação de Deus.
Assim, João apresenta, logo no primeiro capítulo, Jesus como a Palavra,
o autor da criação (vs. 1:1-4, 10) e como aquele que veio ao mundo em missão
de amor ao mundo criado (3:16). Outra figura forte que João apresenta, ainda
no primeiro capítulo, é a de “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”
(1:29), indicando o caminho sacrificial do Deus encarnado.
É comum, mas não pacífico, entre os estudiosos aceitar que cartas são
aquelas correspondências que são enviadas a uma pessoa específica sem a
intensão de que deva ser mostrada à comunidade. Enquanto epístolas seriam
justamente o contrário, aquelas correspondências que se destinam a uma
comunidade, sem direcionamento pessoal.
As cartas e epístolas são um subconjunto precioso no NT, são nove
epístolas e quatro cartas atribuídas a Paulo; mais Hebreus, Tiago, I e II Pedro e I
21
e II João que são epístolas e III João que é uma carta endereçada a Gaio.
Vamos dividi-las da seguinte maneira:
22
Ênfase: o Messias crucificado como a mensagem central do
evangelho; a cruz como a sabedoria e o poder de Deus; o
comportamento cristão que se conforma ao evangelho; a
verdadeira natureza da vida no Espírito; a futura
ressurreição corporal dos cristãos mortos.
23
Ocasião: Tíquico, que está levando a carta (6:21-22), também
está levando duas outras cartas a Colossos (Colossenses e
Filemon, ver Cl 4:7-9); talvez depois de refletir mais sobre a
situação dessa cidade e a glória de Cristo, e conhecendo o
temor asiático dos ‘príncipes deste mundo de trevas’, Paulo
tenha escrito essa carta como uma epístola geral para os
pastores das igrejas dessa área.
Ênfase: o alcance cósmico da obra de Cristo; a reconciliação
efetuada por Cristo entre judeus e gentios por meio da cruz; a
supremacia de Cristo sobre ‘as potestades’ em prol da igreja;
o comportamento cristão que reflete a unidade do Espírito.
Conteúdo: ação de graças, encorajamento e exortação da
parte de Paulo à comunidade de cristãos em Filipos, que
passa por aflição e experimenta alguns conflitos internos.
Receptores: a igreja em Filipos, fundada por Paulo, Silas e
Timóteo.
Ocasião: Epafrodito, que havia trazido informações sobre a
igreja a Paulo na prisão, e entregue ao apóstolo a oferta dela
Filipenses
(2:30; 4:18), está prestes a retornar a Filipos, tendo acabado de
se recuperar de uma enfermidade quase fatal (2:26-27).
Ênfase: a parceria de Paulo e dos filipenses no evangelho;
Cristo absolutamente fundamental para toda a vida, do início
ao fim; conhecer a Cristo, tornando-se como ele em sua
morte; alegrar-se em Cristo até mesmo no sofrimento; unidade
por meio da humildade e do amor; a certeza e a busca do
prêmio final.
Conteúdo: encorajamento aos cristãos relativamente novos a
continuar na verdade de Cristo que recebera, e os advertindo
contra influências religiosas externas.
Receptores: os cristãos (principalmente gentios) em Colossos e
Laodiceia (Cl 4:16).
Ocasião: Epafras, colaborador de Paulo que fundou as igrejas
no vale do Lico, recentemente veio a Paulo trazendo notícias
Colossenses da igreja, em geral boas, mas algumas nem tanto.
Ênfase: A absoluta supremacia e total suficiência de Cristo, o
Filho de Deus; o fato de que Cristo tanto perdoa o pecado
como liberta a pessoa do terror dos poderes (ou potestades);
regras e regulamentos religiosos não contam para nada, mas
a vida ética que reflete a imagem do próprio Deus conta para
tudo; a vida à semelhança de Cristo afeta todo tipo de
relacionamentos.
Conteúdo: ações de graças, encorajamento, exortação e
informação para cristãos gentios recém-convertidos.
Receptores: recém-convertidos a Cristo tem Tessalônica, a
maioria deles gentios (I Ts1:9-10).
I Tessalonicenses Ocasião: o retorno de Timóteo a Paulo e Silas em Corinto,
Timóteo tinha sido enviado a Tessalônica para ver como
estavam os novos cristãos (I Ts 3:5-7).
Ênfase: a preocupação amorosa de Paulo pelos seus amigos
em Tessalônica; o sofrimento como parte da vida cristã; a
24
necessidade de se realizar o próprio trabalho, não vivendo da
generosidade alheia; a ressurreição dos cristãos que
morreram; a prontidão para a vinda de Cristo.
Conteúdo: Paulo continua a encorajar a congregação em
face do sofrimento; é também uma advertência contra ser
confundido com respeito à vinda do Senhor, e de exortação a
certos indivíduos a trabalhar com as próprias mãos em vez de
abusar da generosidade alheia.
Receptores: veja I Tessalonicenses
Ocasião: Paulo recebeu informações de que certos indivíduos
(provavelmente por meio de palavra profética) falaram em
II Tessalonicenses nome do apóstolo no sentido de que o dia do Senhor (a vinda
de Cristo) já teria ocorrido; além disso, que os ociosos
problemáticos a quem ele já havia se dirigido em I
Tessalonicenses ainda não haviam corrigido seus hábitos.
Ênfase: a salvação certa dos cristãos tessalonicenses e o
julgamento certo de seus perseguidores; o dia do Senhor
ainda está por vir e será precedido pela ‘apostasia’; aqueles
que são preguiçosos e causam transtorno devem trabalhar
por seu próprio sustento.
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 374-440)
25
sobre a vida dos outros, mas de profundos ensinos sobre temas de extrema
relevância para a nossa ‘cidadania celestial’.
Basicamente, posso dizer, nessas cartas, Paulo nos ensina a ser cristãos na
nossa intimidade, já que nas suas epístolas ele havia nos ensinado a ser cristão
na igreja e na sociedade.
Vamos a elas:
28
às provocações; a natureza da verdadeira sabedoria (cristã); as
atitudes dos ricos em relação aos pobres; o bom e o mau uso da língua.
Conteúdo: encorajamento aos cristãos passando por sofrimento,
instruindo-os sobre como responder de maneira cristã aos perseguidores
e exortando-os a viver uma vida digna do seu chamado.
Receptores: aos cristãos da dispersão, nas cinco províncias da Ásia
Menor (a Turquia moderna).
Ocasião: provavelmente uma preocupação quanto ao surto de
perseguição local que alguns cristãos recentes estavam
I Pedro experimentando como resultado direto de sua fé em Cristo.
29
ascensão de Jesus, Tiago estava no cenáculo junto com os seus irmãos e os
apóstolos (At 1:13-14). Ele assumiu a liderança da igreja em Jerusalém (At 12:17;
15:13) e foi reconhecido como líder da igreja (Gl 1:19; 2:9, 12) e até encontrou-
se com Paulo para ouvir os seus relatos missionários (At 21:18).
b) a autoria da carta aos Hebreus: embora haja uma insistência por
parte de alguns leigos em afirmar que esta carta foi escrita por Paulo, é senso
comum, entre os eruditos, que não foi. Já no ano 225 d.C. Orígenes, um dos
pais da igreja, dizia que só Deus sabe quem escreveu esse texto. Obviamente,
a única coisa que precisamos saber é que se trata de um material divinamente
inspirado;
c) a autoria da carta de Judas: para que não haja confusão, não é de
Judas Iscariotes, o traidor. Esse Judas se apresenta humildemente como irmão
de Tiago, portanto, estamos nos referindo a mais um irmão do próprio Jesus.
30
falsos profetas que deixaram a comunidade.
Receptores: uma comunidade cristã, bem conhecida do autor, a quem ele
se reporta como ‘filhinhos’. A tradição aponta para Éfeso.
Ocasião: a apostasia dos falsos profetas e seus seguidores, que colocaram
em questão a ortodoxia – tanto na fé quanto na prática – daqueles que
permaneceram leais àquilo que remonta ao ‘princípio’.
Ênfase: Jesus, que veio em carne, é o Filho de Deus; Jesus mostrou o amor
de Deus por nós por meio de sua encarnação e crucificação; os
verdadeiros cristãos amam uns aos outros assim como Deus os amou em
Cristo; os filhos de Deus não pecam habitualmente, mas quando pecam,
recebem o perdão; os cristãos podem ter plena confiança no Deus que os
ama; porque cremos em Cristo, agora temos a vida eterna.
Conteúdo: advertência contra os falsos mestres que negam a encarnação
de Cristo.
Receptores: veja I João
II João Ocasião: a ‘senhora eleita’ é ou uma igreja local específica ou uma mulher
que hospeda uma igreja na sua casa; ‘seus filhos’ são os membros da
comunidade cristã.
Ênfase: a mesma de I João.
Conteúdo: a alegria de João em razão da fidelidade de Gaio, seu filho na
fé.
Receptores: Gaio, filho na fé de João, que vive em outra cidade.
Ocasião: uma carta anterior à mesma igreja havia sido ridicularizada por
III João Diótrefes, que, também, recusou hospitalidade aos amigos de João, além
de excluir da igreja quem lhes desse guarita. Consequentemente, João
escreve a Gaio, pedindo-lhe que receba Demétrio.
Ênfase: as obrigações de hospitalidade cristã, especialmente para com os
ministros itinerantes aprovados.
Conteúdo: uma profecia cristã, apresentada na forma de epístola, tratando
dos dias vindouros e trazendo os temas da grande tribulação (sofrimento) e
do juízo que se abaterá sobre toda a terra.
Receptores: igrejas da província romana da Ásia (atual Turquia).
Ocasião: João escreve em meio a um clima politicamente tenso entre os
cristãos e o Império Romano, advertindo que as coisas ainda iriam piorar
Apocalipse muito antes de melhorar. Exortando e animando o povo para manter-se fiel
a Jesus Cristo a pesar de todas as dificuldades.
Ênfase: o controle absoluto de Deus sobre a história; o contraste entre o
sofrimento terreno e a salvação garantida para todos os cristãos que
perseveram; o julgamento de Deus virá sobre os responsáveis pelo
sofrimento da Igreja; a restauração por parte do Senhor (Ap 21-22) de tudo
aquilo que foi perdido ou distorcido no princípio (Gn 1-3).
Adaptado de Fee & Stuart (2013, p. 488-518)
31
É João que reiteradas vezes registra as declarações mais veementes do
Cristo sobre quem Ele é e o que veio fazer aqui: “eu vim para que tenham vida,
e que a tenham plenamente” (Jo 10:10). As suas epístolas, definitivamente, têm
teor confirmatório da mensagem do seu evangelho. E sua base está na certeza
da vida eterna.
32
pela fé, a perseverança como evidência da salvação e a expectativa do Dia
Triunfal do Senhor.
Esses temas estão permeando todo o Novo Testamento, não se
encontram sistematizados nas Escrituras, pois eles emergem juntamente com
vivência de Cristo e dos seus discípulos. Isso nos faz perceber os temas do Novo
Testamento como ensinos totalmente entranhados no sentido e significado de
nossas próprias vidas. Afinal, todas as profecias ali contidas estão diretamente
vinculadas ao desenvolvimento do nosso caráter por meio da santificação (Fl
2:12).
33
A Páscoa como vitória, a que Brunner (1939) se refere, é a entrega do
sacrifício único e perfeito que selaria toda a história cosmológica da obra
divina sobre a terra. Era necessário que a mais perfeita auto revelação de Deus
viesse em amor, pois essa é a sua essência (I Jo 4:8), para “dar a sua vida em
resgate de muitos” (Mc 10:45b), a saber, de todos os que creem (Jo 3:16).
Assim, Cristo se revela como o que veio para “buscar e salvar os que
estavam perdidos” (Lc 19:10). Fazendo da sua encarnação (Jo 1:14) o meio
para que Ele pudesse ser, simultaneamente, o redentor e o sacrifício perfeito e
inequívoco que tiraria o pecado do mundo (Jo 1:29). Vamos entender como
Ele pode ser, ao mesmo tempo, homem e Deus.
d) Suas tentações
35
4.1.2 Cristo Deus: o soberano sofredor
a) Os milagres de Cristo
Severa (2010, p. 231-232), também, nos lembra que: Jesus Cristo exerce
atribuições que só cabem à divindade. Ele tem autoridade para perdoar
pecados (Mc 2:10), tem autoridade sobre o sábado (Mc 2:28); sobre a vida dos
homens (Mt 16:24-26), e tem poder para salvar os homens dos seus pecados
(Mt 1:21; Jo 8:34-36).
36
Estas são algumas das demonstrações de que, segundo a Bíblia, Jesus
realmente é Deus. Mesmo dotado de tamanho poder, Ele “embora sendo
Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;
mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos
homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi
obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fl 2:6-8).
A expressão grega basileia tou~ Qeou~ (basileia tou Theo) diz respeito
ao governo, ou domínio, absoluto de Deus sobre todas as coisas. Um reino que
estende por todo o céu e por toda a terra. Quando ouvimos falar de algo
assim, pensamos sobre a forma como o Senhor vai comandar tudo isso e que
grande exército Ele vai convocar. Mas, estranhamente, o Senhor tem
convocado um exército bastante diferente do que se imaginava.
13 Obviamente, o próprio Deus Pai.
38
De acordo com a história contada por Mateus (4:23-24), Jesus pregava
“as boas novas do Reino” onde quer que as pessoas ouvissem. Logo se
espalharam notícias de que ele tinha poder para curar. De todas as partes da
Galileia vinham pessoas. Logo as multidões de Jesus adquiriram um perfume
distinto: os doentes, fustigados pela dor, perturbados mental e
emocionalmente, epilépticos, tetraplégicos e paraplégicos – os destruídos,
fracos, atormentados, os que sofriam, vulneráveis, confusos, compulsivos e
viciados. Naquele dia, os mais necessitados foram levados por amigos ou se
arrastaram para sair da cama e dos lugares de confinamento e solidão. Eles
acharam o caminho até Jesus porque ouviram de alguém que ele poderia
ajudar. Que jeito de edificar um reino! Heim?
39
e João que enfileirassem o barco ao lado do deles e ajudassem. Os dois barcos
logo estavam cheio de peixes.
Enquanto os barcos sobrecarregados seguiam para a praia, Pedro caiu
de joelhos diante de Jesus, tomado pela consciência de que não era digno de
estar na presença de tal autoridade, confessando seu um homem pecador14.
Todo o grupo de pescadores sentiu o mesmo temor.
“Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens”,
disse Jesus (Lc 5:10). Essa foi a terceira vez que ele abordou esses quatro
homens para falar sobre serem seus discípulos. Dessa vez, eles tomaram uma
atitude definitiva, “deixaram tudo e o seguiram” (5:11).
Não sabemos se o homem foi até ao sacerdote, mas o fato é que ele
desobedeceu à primeira ordem e, por isso, o número de pessoas para ver Jesus
aumentou consideravelmente. O Reino de Jesus foi se constituindo assim, da
maneira mais improvável. Ele mostrava o seu poder, com os seguidores menos
influentes da sociedade. Ele fez com que a sua mensagem se espalhasse.
41
Alguns homens trouxeram-lhe um paralítico, deitado numa cama.
Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: "Tenha bom
ânimo, filho; os seus pecados estão perdoados".
(Mt 9:12).
“São estes que vim curar”, respondeu Jesus. Ele não defendeu o estilo de
vida deles. Ele os chamou à mudança (Lc 5:32). Jesus estava interessado nos
excluídos sociais de sua época. Ele passou tempo com eles. Amou-os. Eles
ouviram, e muitos se tornaram discípulos.
Em contrapartida, os fariseus acreditavam que seu dever religioso era
permanecer o mais distante possível dos infiéis a ponto de nem ensinarem a lei.
Comer com essas pessoas era pior do que conversar com elas, assim
pensavam os fariseus, porque repartir um prato de comida significava
reconhecer e acolher os pecadores.
Para Jesus, ser política ou religiosamente correto era inútil. Era para
apresentar pessoas errantes à graça de Deus que ele vivia.
43
Essa importante temática sobre o sentido de Corpo está largamente
presente na doutrina do Novo Testamento. Além da evangelização, que
veremos no tópico a seguir, a comunhão dos Santos é o principal eixo de
manutenção da Igreja de Cristo.
44
Ao transformar a nossa mente, Cristo nos colocou em unidade com todos
os irmãos que têm a mesma fé. Não somos mais estrangeiros, somos
concidadãos, participantes do mesmo Reino, membros da mesma família. Mas,
o que isso significa na prática?
45
Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também
tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu
Filho Jesus Cristo. (I Jo 1:3).
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas,
mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz,
como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. (I Jo 1:6-7).
b) Servir uns aos outros – esse é um mandamento que Cristo nos ensinou
como ninguém, tanto em palavras, como em atitudes. Lavando os pés dos seus
discípulos (Jo 13), assumindo o papel de servo, mesmo sendo o grande Rei (Mc
10:45 e Fl 2), morrendo em nosso lugar. Dessa forma, a Bíblia nos ensina:
A ideia de servir uns aos outros parece ser um grande problema para os
cristãos modernos. Mas, esse é um mandamento que continua vivo nas
sagradas Escrituras. John Stott (1969, p. 87) já ensinava o seguinte: “certamente
sem algum serviço ou mobilização de ordem prática, a comunhão de qualquer
grupo cristão está mutilada”.
47
O Dr. Stott está certo! Não podemos falar em comunhão no corpo, em
unidade no corpo, se não tivermos a capacidade de servir uns aos outros de
forma totalmente voluntária e despretensiosa.
Esses versículos nos ensinam que, mesmo que a Igreja tenha um alto grau
de comunhão verdadeira, sempre haverá irmãos e irmãs imperfeitos, como
nós, para serem perdoados. E que nós mesmos sempre cometeremos erros que
precisarão do perdão de outras pessoas. Assim, é necessário que no Corpo de
Cristo haja, também, reciprocidade na disposição para perdoar.
50
dois últimos mandamentos recíprocos estão em ação, mostrando a sua
utilidade no Reino de Deus.
16Adaptado de BOICE, J. M. Fundamentos da fé cristã. Um manual de teologia ao alcance de
todos. Rio de Janeiro: Ed. Central, 2011.
51
A aceitação dessa responsabilidade foi um fator decisivo na expansão
impressionante da Igreja primitiva. Não foram apenas Paulo e outros líderes que
levaram o evangelho aos confins mais longínquos do mundo romano. Pelo
contrário, pessoas anônimas, como você e eu, participaram efetivamente
desse crescimento.
Mas, não era apenas a Igreja primitiva que precisava do cumprimento
dessa ordem. A Igreja, nos dias atuais, ainda, depende largamente dos
esforços de cada cristão para a propagação da Palavra de Deus e do vívido
testemunho de Cristo.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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