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Das formas de governo-relevancia do pensamento politico de Maquiavel Natit RussoMANo pe Mesvoxga Lima Professora-Adjunto de Direito Constitucionsl da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (RS) 4 — Das formas de governo: nogées gerais. Distingo entre formas de Estado @ formas de governo O Estado surge devidamente quando adquire os requisitos de sobe- rania, unidade de forgas (vatidez da norma juridica em todo 0 territério na- cional) e reconhecimento internacional. A “zona espaciat” — que o mes- mo configura — organiza-se de modos diversos, donde as distintas formas estatais onde ressalta, pela sua expressdo e importancia, o Estado federal. € nesta mesma “zona espacial”, acima referida, que se desdobram formas e regimes de governo. Conforme o ensinamento da doutrina, forma de governo simboliza uma estrutura sdlida, indicativa da categoria da magistratura suprema do pais, que pode ser vitalicia (monarquia) ou tempordria (republica). © regime de governo, por sua vez, retrata 0 modo pelo qual atua o préprio governo, executando suas atividades peculiares. Do relaciona- R. Inf. legis!. Brosilia @, 21 m. 83 jul./set. 1984 105 mento, mais ou menos intenso, entre os Poderes Legislative e Executivo, nascem os regimes de governo caracteristicos, a exemple do parlamenta- rismo @ do presidencialismo. Frise-se que o parlamentarismo pode existir tanto na forma de governo mondérquica, como na presidencial, enquanto o presidencialismo sé é exeqilivel nas republicas. Importante é salientar que, entre certos autores estrangeiros, ndo raro, reina certa confusdo quanto ao emprego das expressdes formas de gover- no @ formas de Estado. Como bem o frisa PAULO BONAVIDES, o voca- buldrio politico aleméo que denomina forma de Estado (Staatsform) 6 0 mesmo que os franceses conhecem sob a denominagao de formas de go- verno, quando se analisam as classificagdes mais antigas e tradicionais. N&o obstante, a nomenclatura francesa 6 a mais precisa, porquanto deixa clara a distingéo entre formas de governo e de Estado. Como formas de Estado temos a unidade e a pluralidade dos ordena- mentos estatais, a saber: a forma plural: sociedade de Estados (Confede- ragdio e Estado federal) e a forma singular: Estado simples ou unitario. £m relagdo as formas de governo temos a organizagao e o funciona- mento do poder estatal, variando estas em funcao dos critérios adotados para determinar sua natureza. De acordo com o melhor entendimento doutrinario, nos dias atuals, os critérios para esta classificagao sao em numero de trés: a) o do numero de titulares do poder soberano; b) 0 da separagdo de poderes, com maior ou menor rigorismo no esta- belecimento de suas fungées; ¢) 0 dos principios essenciais que animam as praticas governativas 0 consegilente exercicio limitado ou absoluto do poder estatal. Sobre as diferentes modalidades de formas de governo, desde os mais antigos critérios até os mais recentes, com énfase na classificagao pro- posta por MAQUIAVEL, estender-nos-emos no decorrer da presente expla- nagao. 2 — Principais classificagées: suas influéncias e importancia Na longinqua Antigilidade, uma vez que as formas de governo néo se estratificavam de acordo com uma unica modalidade, existiam diferentes maneiras de as classificar. Tivemos, sucessivamente, as sugeridas por PLATAO e ARISTOTELES. 106 R. Inf, legisl, Brasilia a, 21 nm, 83 jul./set, 1984 Para © primeiro, bipartiam-se em: a) monarquias — cuja expresséo mais requintada surgiu entre os persas; b) repdblicas — que encontrou, entre os atenienses, as melhores con- digdes para se afirmar. Sendo estas as formas basicas, todas as demais deveriam combinar elementos peculiares a ambas. Necessitariam, enfim, conjuga-los com har- monia. PLATAO encarou, ainda, os governos sob o Angulo vatorativo, divi- dindo-os em normals e degenerados. Os primeiros, como o préprio nome esta a indicar, proviriam de um reconhecimento voluntario da legalidade. Os segundos emanariam da forga, da violéncia e da ilegalidade. ARISTOTELES, embora sofrendo a influéncia de PLATAO, ampliou aquela bipartigéio, tripartindo-a. Por sua importancia, atravessou os tem- pos, sendo, por muitos, a exemplo de DARCY AZAMBUMA, considerada a mais completa de todas as classificagées de formas de governo. Em sua obra Politica, ARISTOTELES assim expde a base e 0 critério adotados para sua classificagdo: “Pois que as palavras constituigéo e governo significam a mesma coisa, pois 0 governo 6 a autoridade suprema dos Esta- dos e que, necessariamente, essa autoridade suprema deve estar nas maos de um s6, ou de varios, ou de uma multidao, segue-se que um s6, ou varios, ou a multidéo usam da autoridade tendo em vista interesse geral, a constituigéo pura e sa; e que, se © governo tem em vista o interesse particular de um s6, de varios ou da multidao, ‘a constituicéo 6 impura e corrompida (ARISTO- TELES, La Politique, L. Ill — chap. V, 19 — trad. franc. de THUROT). Esta classificagao, como se infere do texto, baseia-se num critério numérico e também num critério moral. A semelhanca de PLATAO, que considera os governos normais ou degenerados, ARISTOTELES agregou as formas puras as impuras ou corruptas. Desta maneira, classificou-as em: 18 — monarquia — governo de um sé — que teria, como forma impu- ta, a tirania ou despotismo; 28 — aristocracla — governo de um grupo, que poderia degenerar na oligarquia; 38 — democracia — governo do povo que teria, como forma corrupta, a demagogia. Brasilia a. 21 m. 83 jul./set. 1984 107 Esta classificagao, como ja 0 frisamos, ultrapassou os tempos, tendo repercutido na Idade Média e tendo sido acatada pela autoridade de TO- MAS DE AQUINO. Aceitando aquela triparti¢éo, verificou este filésofo se 9s governantes atuavam no interesse da coletividade, visando o bem co- mum, ou se, pelo contrario, o faziam em seu interesse prépric. No primeiro caso, 0 governo seria justo e reto (os governantes agiriam recte) e no segundo, injusto e irregular (os governantes agiriam non recte). As concepgées formuladas na Antigilidade Classica e as oriundas da filosofia escolastica, em verdade, analisaram o problema mais sob o Angu- 1o sociolégico e moral do que sob o aspecto juridico. Exararam, portanto, juizos de valores éticos, confundindo-os com pro- posigées de ordem juridica. Foi 0 génio de Maquiavel que, abandonando a tricotomia até entaéo acatada, estabeleceu a dicotomia que exerceu deci- siva Influéncia nas classificagoes das formas de governo dos tempos pre- sentes e, de maneira mais acentuada, até meados do século passado, como bem o analisou PAULO BONAVIDES. 3 — Relevncia do pensamento politico de Maquiavel Focalizar a importancia decisiva que representaram para o mundo oci- dental a vida e a obra de MAQUIAVEL nos faz recuar no tempo para, em rApidos tragos, analisar a evolugao do pensamento politico do Ocidente. Seguindo a linha diretiva, tragada por AFONSO ARINOS de MELO FRANCO, encontramos, como ponto de partida do pensamento helenis- tico A Repiblica, de PLATAO, no que concerne as definigdes fundamentais politicas juridicas. Através de sua obra, evidencia-se a natureza especial do poder politico do Estado com relacdo aos outros poderes. E que o Estado 6 o poder por exceléncia j& que absorve, dentro de si, a capaci- dade de dispor sobre a ordenagdo e o funcionamente de todos os demais poderes da sociedade. Posteriormente, com a queda do Império Romano, uma nova concep- 40 se delineou na Europa. Com 0 declinio do poder do Imperador sublu, verticalmente, a importancia do Papado. A medida que o Império se dis- solvia no feudalismo, a Igreja se concentrava no Papado. Surgiram, como via de conseqiéncia, os pensadores politicos que passaram a submeter a vida social & Igreja. Nasceu, portanto, o feudalismo, que era dominado, em grande parte, pela ideologia crista. Seu precursor foi SANTO AGOS- TINHO que, no século V, escreveu A Cidade de Deus, infcio da fundacao dos poderes locais. No fim deste mesmo século, o rei franco — Clovis — se instituiu como monarca, j4 levado ao Cristianismo, e, portanto, subme- tido 4 autoridade de Roma. Posteriormente, Carlos Magno, quase 400 anos depois, colocou em funcionamento o idedrio preconizado na obra A Cida de de Deus. Numa palavra: 0 poder temporal passou a ser submetido ao poder da Igreja, e Carlos Magno foi coroado rei pelo Papa. 108 R. Inf. fegisl. Brosilic a, 21 n. 83 jul./set, 1984 Ainda de acordo com o pensamento de AFONSO ARINOS, e seguindo © curso natural da Histéria, encontramos a figura de TOMAS DE AQUINO e sua Suma Teolégica. TOMAS DE AQUINO reconstruiu o pensamento grego, sob o prisma politico, Segundo sua orientacdo: “todo poder vem de Deus, para o povo”, criava-se uma nova orientacdo: a da existéncia do elemento povo como entidade basica do processo politico. Era o alvo- rescer do Renascimento. Note-se que, cronologicamente, o Renascimento politico precedeu o Renascimento literdrio, artistico ¢ cientifico. O Renascimento, sob o prisma politico, caracterizou-se com DANTE ALIGHIERI, através de sua Da Mo- narquia, de 1311. Dante era partidario de que o Papa tivesse uma posicao menos preponderante em relagéo ao Imperador. Logo depois, MARSILIO DE PADUA, que fora Reitor da Sorbonne, escreveu O Defensor da Paz, em 1924, simbolizando violento ataque ao poder temporal do Papa. Com esta nova tomada de posicdo atingiu-se uma fase 4urea do Renascimento: o século XV. E o Estado passou a se manifestar em sua dupla forma: de afirmagao e de negagao. Neste periodo destacou-se a legendaria figura de Joana D'Arc, que conseguiu sagrar o Rei Carlos Vil. Posteriormente, foi ela queimada viva, aos 19 anos de idade, na praca Rouen, pela auddcia do que conseguira realizar, Joana D'Arc, dentro do contexto politico da época, representou a agao. Quem teorizar sua agdo seria um personagem discutido, incompre- endido, caluniado @ que ultrapassou os limites de sua época: NICOLAU MAQUIAVEL, o florentino. MAQUIAVEL, dentre as intimeras inovagées que trouxe, pretendou rea- lizar a unificagao da Italia e, ao mesmo tempo, colocar o Vaticano numa posigéo meramente espiritual. Por esta razdo, escreveu O Principe. Em verdade, chamava-se Do Principado esta obra tao lida e to conhe- cida, embora ainda de dificil interpretagdo e andlise. Este livro, prelimi- narmente, pretendeu simbolizar, na figura do Principe, Cesar Borgia. No entanto, acabou sendo dedicado ao Segundo Lourengo de Medici, face a decadéncia progressiva em que haviam caido os Borgia. O Principe, livro de pequeno porte, e grande por seu contetido, contém densas considera- gées sobre conduta dos homens em matéria de politica, Até hoje ministra ligdes aos que iatingem o poder. Ainda no Renascimento, cumpre fazermos alusdo aquele que introdu- ziu o social no pensamento politico renascentista. Este fol THOMAS MORUS que, com sua Utopia realizou um verdadeiro libelo contra a injustica social da época. R. Inf, fegisl. Brasilio a, 21 mn. 83 jul./set, 1984 109 Tendo focalizado de maneira répida, ampla e superficial o processo da evolugdo do pensamento politico ocidental, assunto que poderia abran- ger incontaveis paginas a mais, desde a Antigilidade Classica até o Renas- cimento, destacaremos, a partir de agora, o vulto de MAQUIAVEL, objeto central desta digressd0, e que simboliza um marco fundamental na evolu- Gao politica da Histéria ocidental. 4 — 0 Principe e a nova classificagao das formas de governo Conforme bem o frisa ISAIAH BERLIN, é algo surpreendente o numero de interpretagées das idéias politicas de MAQUIAVEL. Ainda nos dias atuais tedricos e doutrinadores buscam a melhor forma de interpretar O Principe. Vasta bibliografia aumenta com espantosa rapi- dez, buscando localizar e decifrar a auténtica atitude politica daquele flo- rentino. O Principe é uma obra pouco extensa, um livro de dimensdes formais pequenas. Cujo estilo é considerado singularmente lucido, sensato, sucin- lo: modelo perfeito de uma clara prosa renascentista. HA mais de quatro seculos desperta 0 interesse e apaixona os politicos mais notaveis. Tendo suscitado, ao targo dos tempos, as mais dispares considera- ¢6es, pingaremos apenas algumas que, pela autoridade dos que as exara- ram, merecem destaque especial. ALBERTO GENTILE e GARRET MATTINGLY dizem ser O Principe uma sdtira, pois “seria absolutamente impossivel que pensasse 0 que literal- mente disse”. SPINOZA, ROUSSEAU, UGO FOSCOLO o classificam ‘de uma histé- ria admonitéria", pois, como bem o explica SPINOZA, “tendo sido MA- QUIAVEL um democraia e entusiasta da liberdade, O Principe deve ter tido como finalidade acautelar os homens contra os maleficios da tirania”. A. H. GILBERT considera do livro “uma amostra tipica de sua época, um retrato dos principes de entao”. Os Professores GIUSEPPE PREZZOLINI « HIRAM HAYDN o véem “como um escrito anticristo, como uma agresséo a Igreja e seus princi- pios, traduzindo uma viséo paga da vida”. BENEDETTO CROCE vé MAQUIAVEL como “um humanista angustia- do”, enquanto os estudiosos suigos WALDER, KAEGI e VON MURALT o focalizam como “um humanista amante da paz, da ordem, e da estabili- dade”. JUSTO LIPSIO, ALAGAROTTI ¢ ALFIERI 0 vislumbram como um “pa- triota apaixonado”. 110 R. Inf, fogisl. Brosilia a, 21 n, 83 jul./eat, 1986 CASSIER, RENAUDET, OLSCHKI o analisaram como “um técnico trio, um cientista moralmente neutro”. HARDER vé MAQUIAVEL como “o espetho de seu tempo”. RANKE, MACAULY, BURD, FICHTE o visualizaram como “um homem com profundo discernimento das verdadeiras forgas histéricas (ou supra- histéricas) que moldam os homens e transformam sua moralidade”. Face a tao diversificadas opinides, bem podemos avaliar como tem sido conflitante o estudo da vida e da obra de MAQUIAVEL. Ao mesmo. tempo, sentimos que, apesar das dispares consideragées sobre ele teci- das, todos s&o undnimes em acatar a sua lucida inteligéncia e a louvar sua prosa clara, concisa, perfeita. Em verdade, tentar penetrar no espirito de MAQUIAVEL e no sentido de seus trabalhos continuaré sendo uma tentativa que prosseguira a se repetir, pois, como bem o frisou CROCE, “una questione che forse non si chiudera mai: la questione de Machiavelli”. A obra, sob andlise, inicia seu Capitulo | com 0 Titulo Os varios tipos. de Estado e como so instituidos, £m sua primeira fase incisivamente declara: Todos os Estados que existem e j4 existiram séo @ foram sempre republicas ou principados. MAQUIAVEL, portanto, ao focalizar o tema da classificagao das formas de governo, afastou-se da conceituagao tradicionai atinente as formas pu- ras ou impuras e aos critérios numéricos. Ndo reputou digno de maior xame 0 fato de o governo atuar recte ou non recte. E isso pela razdo de que as formas corrompidas seriam apenas alteragdes das puras e de que, sobretudo, os governos se sucedem ciclicamente — passando da estru- tura mais perfeita a menos perfeita e vice-versa — com uma inexorabi- lidade que dispensaria discriminagao. Criou, portanto, nova e revoluciondria diviséo das formas de governo: estas seriam — ¢ so — monarquias e republicas. Embasando-se nesta classificagao, firmou-se a diviséo predonderante na atualidade. A propria concepgao de KELSEN que distingue as formas de governo em democracias e autocracias, conforme 0 povo participe ou nao da ela- borac&o dos preceitos juridices, gira, em realidade, em torno do pensa- mento de MAQUIAVEL, embora sofra a influéncia aristotélica, sob 0 Angulo valorativo. Esse, em verdade, o ensinamento de GROPPALI. R. Inf. legist. Brasilia a, 27 w. 83 jul./sct. 1988 mM uia, como o préprio vocabulo indica, significa 0 governo de um s6. Nela ha um chefe perpétuo coroado. Predominam a hereditariadade @ a vitalicledade do mandato. As monarquias, porém, n&o sao totalmente idénticas. Temos, portanto, duas modalidades: 4) monarquias absolutas — o soberano enfeixa nas mos todos os poderes, sem limitagées especificas; ) monarquias constitucionais — 0 rei, monarca ou soberano, é titu- lar téo-s6 do Poder Executivo, permanecendo sob os ditames da Lei Su- prema. Por outro lado, havendo embora o marcante predominio da heredita- tiedade, a Histéria j4 registrou casos de monarquias eletivas, como suce- deu, em Franga, com Napoledo | e Napoledo Ill. A Republica, ao contrario da monarquia, caracteriza-se pelo fato de que a estrutura do Estado se realiza mediante a vontade da pluralidade dos cidadaos, manifestada pelo voto. Os integrantes dos Poderes Legisla- tivo e Executivo compéem-se transitoriamente. Suas diferentes modalidades sao: a) aristocréticas — quando 0 direito de ser eleito reside num grupo; b) sociocréticas — quando os governantes indicam seus sucessores (formula preconizada por Comte); c) democraticas — forma da atualidade na qual todos tém o direito de ser eleitos, dentro dos limites da lei. Portanto, as caracteristicas essenciais da monarquia sao a vitalicie- dade e a hereditariedade dos mandatos. Da republica, a temporariedade @ a eletividade dos mandatos. 5 — Outras classificagées de forma de governo: aspectos gerais. Forma de governo da atualidade: a republica. Consideragées No inicio deste artigo (item n° 1) fizemos remissao aos critérios con- temporaneos de classificacdes de formas de governo e que se traduzem em trés, conforme no-lo ensina PAULO BONAVIDES. © primeiro critério tem o prestigio do nome de ARISTOTELES @ de quantos o adotaram, mesmo com alteragdes e inovag6es. O segundo, relativo a separacdo de poderes, dominou durante a idade liberal, apoiando-se na teoria de MONTESQUIEU, exposta em sua obra O Espirito das Leis. nz R. Inf, fegis!. Brosilio a, 21 n. 83 jul./set. 1984 © tercéiro, finalmente, volta-se para os principios basicos da vida politica dos Estados, sendo o mais atual. Nao obstante, ainda de acordo com a orientagdo do mesmo jurista, as classificagées mais célebres e importantes continuam com ARISTO- TELES, MAQUIAVEL e MONTESQUIEU, pela notavel contribuigéo que deram e por seu cardter de perpetuidade historica. Das classificagées de formas de governo que esiao mais préximas de nés, sob o Angulo cronoldgico, citaremos, apenas, a do jurista alem&o BLUNTSCHLI que distinguiu as formas primarias ou fundamentais de go- verno @ as secundarias. Segundo este autor, sao formas fundamentais: Monarquia, aristocracia, democracia, ideocracia — ou teocracia. Quanto as formas secundérias, sua discriminagao 6 a seguinte: gover- nos despéticos ou servis, governos semilivres e governos livres, que s40 compreendidos na forma dos Estados populares (Volkstaat) ou Estados democraticos. € importante salientar que, mesmo perante as novas classificagdes de formas de governo, permanece, na pratica, a dicotomia firmada por MAQUIAVEL. De acordo com MACHADO PAUPERIO, a tendéncia atual dos povos 6 a de utilizarem a forma de governo republican, onde, como ja o frisa- mos, impera a soberania popular @ onde ha, portanto, a manifestacdo da democracia. Em verdade, ja depois da 1¢ Grande Guerra varios paises tomaram a forma republicana, a exemplo da Austria, Polénia, Finlandia, Let6nia. Paralelamente, varios Estados mon4rquicos tornaram-se republi- canos, como sucedeu com a2 Alemanha. E, posteriormente & 22 Grande Guerra, 0 mesmo sucedeu, por exemplo, com a Itélia, a Bulgaria e a Yugos- lévia. Da mesma forma os paises africanos, que atingiram sua independén- cia, tém adotado, como corolario natural, a forma de governo republicana. Podemos notar, pois, que a grande tendéncia dos povos — em paises velhos ou novos — tem sido a adogao da republica, como a melhor forma de ajustamento a realidade do instante histérico que vivemos. 6 — Considera¢ao final Concluindo este trabalho sobre as diferentes modalidades de clas- sificar as formas de governo — desde épocas mais remotas até os dias atuais —, nao podemos deixar de perceber que, malgrado toda positivi- dade e !égica de distintas classificagées propostas, modernamente ou em eras remotas, o pensamento politico de MAQUIAVEL surge como marco decisivo e definitive, dentro da tematica em pauta. R. Inf. legisl. Srositia @. 21 n. 83 jul./set, 1984 ns Ao elogiar as repablicas, em pleno Renascimento, seu posicionamento intelectual, manifestado em O Principe, explodiu como um paradoxo insen- sato. A partir de 1813, porém, como o afirma MATTINGGLY, tornou-se o mesmo um axioma do governo. Uma andlise mais profunda, no entanto, nos revela que MAQUIAVEL “nao inventou” sua classificagéo. Ela estava insita na realidade de sua época. Aquele estadista e fildsofo teve sim, e este talvez seu maior valor, a forga, a determinagao, a coragem de dar-lhe forma. Deu-lhe uma forma liter4ria permanente, impondo-se por seu mérito. Mérito este que o pro- gresso e a evolugao continuam a reconhecer 6 admirar. Pensamos, portanto, com a maioria dos estudiosos desta matéria e, em especial, da obra de MAQUIAVEL, que ele merece ser reconhecido como a voz do Estado da Renascenca. E que, mais precisamente, sua 6poca deve ser designada de A era de Maquiavel. BIBLIOGRAFIA CITADA E CONSULTADA (1) ARISTOTELES. La Politique. L. Ill — chap. V 1° — trad, franc, de Thurot. ( 2) AZAMBUJA, Darcy. Teorla Geral do Estado. Ed, Globo, 1967. { 3) BATTAGLIA, Felice, Estudios de Teoria del Estado, Publicaciones del Real Colegio de Espafia en Bolonia, 1966. (4) BLUNTSCHLI. La Politique, Paris, 1869. 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