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Universidade Federal de Pernambuco - UFPE

Aluno: Rafael Oliveira Sousa;


Porfª: Dra Suzana Cavani;
Resenha crítica do livro

Flores, votos e balas - o movimento abolicionista brasileiro (1868-88)

“Flores, votos e balas” de título emblemático e escrita capaz de apreender


qualquer público e não somente os seus pares, Ângela Alonso consegue mostrar ao seu
leitor de forma suave, mas densa e sem açodamentos as vicissitudes que acompanharam
a luta e o movimento abolicionista que levaram até o dia 13 de Maio de 1888. Data
simbólica, mas que figurou e figura no imaginário do povo brasileiro com sua máxima
importância.
A obra retrata as lutas deflagradas pelo movimento abolicionista em defesa dos
direitos dos negros durante o século XIX. Suas estratégias, líderes, nomes, históricos de
vida, todos esses detalhes são pontuados pela autora, não se escapa praticamente nada.
A produção elenca minuciosamente o estilo de ativismo dos principais líderes desse
movimento, homens como Luís Gama, André Rebouças e Abílio Borges.
A escravidão é uma ferida não cicatrizada na história do Brasil, não por perdurar
até hoje, mas pelos reflexos que ela ainda engendra em nossa sociedade. Não se pode
dizer que a utilização de mão de obra de escravizados fora aceita por toda a população,
existia resistência a essa prática, de maneira tímida a primeiro momento, mas ganha
corpo e força durante os séculos XVIII e XIX sob a alcunha de movimento
abolicionista, foi uma das principais formas de ativismo político durante o período.
E é acerca desse ativismo que Ângela Alonso vai discorrer em todo o livro.
Durante o século XIX o Brasil era um gigante agrário, monarquista, atrasado
tecnologicamente, com um elevado índice de analfabetos e “culturalmente inferior” pela
lógica eurocêntrica do período, o fato de manutenir a escravidão garantia uma forte
rejeição na comunidade européia, era necessário avançar e abandonar essa prática
obscura.
O Brasil foi o último país da América a por fim a escravidão, ela perdura desde
meados do século XVI até finais do XIX. As pressões internacionais foram as mais
variadas possíveis, desde como forma de contrapartida para o reconhecimento da
independência até ações mais impositivas, como a ameaça de bombardear navios
negreiros, os Tumbeiros, em portos e águas brasileiras, essas medidas foram levadas
adiante pela Inglaterra que via nos negros brasileiros um potencial mercado consumidor.
Ângela pontua que existia uma ferrenha resistência por parte de alguns setores
da elite (Membros do partido Conservador) em por fim a escravidão, as justificativas
eram as mais variegadas, desde que essa mudança iria afetar a estabilidade nacional até
que a escravidão era uma forma de caridade do branco para com o negro, esse fora salvo
graças à escravidão, que o afastou da miséria e do fetichismo d’África. Justificativas
torpes e infantis pela nossa ótica, mas fortemente aceita e validada a luz do período.
“Flores, votos e balas” destaca a disputa intra-elites protagonizada por membros
dos partidos “Conservador” e “Liberal” que se engalfinhavam na tentativa de manutenir
e afrouxar os laços e as amarras da escravidão, respectivamente. Gabinetes como o do
Visconde de Itaboraí e o do Barão do Rio Branco protagonizaram intensos debates com
os setores políticos (Contrários e favoráveis a questão da escravidão).
É evidente ao longo de toda obra a mais ferrenha resistência aos projetos
abolicionistas e suas propostas, desta feita a autora abre espaço para apresentar ao leitor
a luta e os estilos de militância desse movimento. O título “Flores, votos e balas” diz
muito a respeito, eles aludem diretamente a maneira como era/seria conduzida a luta
pelos direitos dos negros no Brasil. As flores referem-se aos espetáculos teatrais
comandados pelos setores abolicionistas, ao fim das encenações de peças como “O
Guarani” de José de Alencar, o público atirava flores aos atores. As artes substituíam
no Brasil o papel das igrejas na luta abolicionista. “enquanto no mundo anglo-saxão a
religião produziu a repugnância diante da escravidão, aqui, com o catolicismo de
religião de Estado salvaguardando o escravismo, a sensibilização antiescravista coube,
sobretudo às artes.” (ALONSO, p. 65)
Quando se pontua a questão dos Votos o que se quer trazer a lume é a disputa
protagonizada pelo partido “Conservador” e o “Liberal”, disputa “voto a voto” em
questões como a lei do Ventre Livre que foi aprovada durante a chefia do gabinete pelo
Barão do Rio Branco. Por fim, tem-se as Balas, elas eram o último recurso a qual o
movimento ameaçava recorrer, caso suas pressões não fossem atendidas. Cogitava-se
levantes abolicionistas pelo Brasil, uma forma mais direta e incisiva de pressão ante as
intransigências repressivas.
Ângela Alonso mostra a seu leitor os detalhes nevrálgicos e densos da disputa
política em prol da questão abolicionista, desde os desdobramentos pelos “votos” até as
ameaças indiretas que alguns setores do partido conservador levavam adiante. Em
decorrência da aprovação da Lei do Ventre Livre em 1871, o conselheiro Paulino,
membro do partido conservador advertia “O Ventre Livre faria com que ‘se divorciem
da monarquia classes como o comércio e a lavoura que a tem até hoje firmemente
apoiado. ’” (ALONSO, p. 50) A julgar pela lógica de análise do historiador alemão,
Reinhart Koselleck, Paulino estava certo, com base no seu “Universo de experiência”
aventa o seu “Horizonte de expectativa”. A lei de 1871 daria arcabouço para juntamente
com a abolição em 1888 minar as bases da monarquia brasileira, pondo fim ai ao Ancien
Régime nos trópicos.
Não se pode furtar os nomes que deram importante contribuição ao movimento
político e social chamado abolicionista. Em “Flores, votos e balas” se apresenta alguns
desses expoentes e de forma detalhada seus estilos de ativismo, nomes como Luís
Gama, André Rebouças, Abílio Borges e José do patrocínio figuram na produção de
forma ricamente descrita, desde suas origens até suas ações.
A primeiro momento se pontua as estratégias de André Rebouças, o “jovem de
bolso cheio” como é descrito em algumas passagens, seu trânsito nos grandes salões do
Brasil e da Europa permitiam que ele tivesse público para ouvir a defesa de suas ideias.
Destaca-se também o “estilo Borges de ativismo”, Abílio Borges, pedagogista, não
permitia em sua escola a utilização de escravos por parte de seus alunos. “No discurso
de abertura do ano de 1866 bradou que um estudante não poderia ser escravo de seu
mestre, pois toda escravidão era contaria a natureza” (ALONSO, p. 23)
Borges mostrava-se perspicaz e audacioso, em certa ocasião tentou constranger o
imperador ante a comunidade internacional ao produzir uma petição assinada por vários
políticos franceses pedindo o fim da escravidão no Brasil e cobrando um real
comprometimento do monarca a esse projeto. A aliança de Abílio Borges com
abolicionistas internacionais fez com que a questão voltasse à ordem do dia.
Andre Rebouças, negro, farmacêutico e empresário, “expert” em Lobby,
transferiu para a vida pública suas estratégias do ramo empresarial, usou sua influência
e riqueza para pressionar a elite. “Sintonizou vida privada e pública, em junho de 1870,
quando libertou Roque, Júlia e Emília, os três últimos escravos de sua casa.”
(ALONSO, p. 29) O Ventre livre foi resultado do Lobby e da pressão sobre Itaboraí .
Dando continuidade aos estilos de ativismo esclarece-se agora a forma Luiz
Gama de militância, ele combatia em conjunto com o direito, ativismo judicial,
utilizava-se do mesmo para fazer valer direito subjetivo negado aos negros, como o da
lei de 1831 que proibia o tráfico para a partir disso invalidar posse de escravos enviados
ao Brasil após essa data.
A leitura de Ângela Alonso nos permite perceber a existência de tensas relações
de poder envolvendo a questão escravista no Brasil, setores apoiadores da manutenção e
setores contrários a essa prática, evidencia-se que a luta também vem de baixo, não
somente centrando-se na elite letrada do país, existia uma medo e um forte receio de
uma revolução escrava aos moldes que ocorrera no Haiti durante o século XVIII. Os
quilombos, as práticas de agências diárias permitem-nos perceber que a escravidão
negra não era estática, fixa, ela estava em constante movimento e esse movimento se
dava a partir dos micro-poderes presentes na relação senhor e escravo a partir de algo
semelhante à dialética hegeliana do senhor e o escravo, onde o escravo reconhece-se
sendo parte fundamental da equação “senhor e escravo” e por sua vez o senhor,
detentor do poder se observa e se reconhece escravizado por sua dependência do
escravo. Dessa feita a equação “senhor e escravo”, dialética do senhor e escravo
permite que a Tese e a Antítese produzam algo oposto ao que começaram.
Por fim, A leitura de Ângela Alonso é suave, capaz de apreender o leitor ao
longo de toda sua obra. Ela apresenta minuciosamente os detalhes da luta abolicionista,
movimento dotado de importância e que fora fundamental na luta pelo fim da
escravidão no Brasil. Percebe-se que ouve resistência a todo o momento, mas a luta e o
comprometimento de vários setores levou a cabo esse absurdo, por mais que a
escravidão tenha tido fim há 130 anos ela ainda mancha a história do nosso país, temos
uma dívida impagável com os setores da sociedade brasileira que possuem seu passado
atrelado a escravidão.

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