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Las medias de los flamencos e Un oso rojo: a dinâmica predatória da sociedade argentina de
inícios do século XX e princípios do século XXI
Lívia Oliveira Bezerra da Costa Carpentieri
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Resumo: Este trabalho analisa como a dinâmica predatória social presente no filme argentino Un
oso rojo, 2002, do diretor uruguaio Israel Adrián Caetano, dialoga com a existente na selva da
fábula que integra o roteiro do filme, Las medias de los flamencos, 1916, do escritor uruguaio
radicado na Argentina, Horacio Quiroga. A obra literária explora de modo simbólico as relações
entre animais e sua dinâmica foi transposta na construção dos personagens do filme e de seu roteiro.
Observa-se nas duas produções uma reflexão sobre o momento histórico em que estão inseridas e
uma crítica à sociedade argentina de sua época. Assim, pretende-se examinar como duas obras
pertencentes a contextos históricos, culturais e sociais distintos e até mesmo possuidoras de códigos
e registros diferentes estão relacionadas.
Palavras-chave: Horacio Quiroga, Adrián Caetano, Literatura hispano-americana, Cinema Novo
Argentino

A dinâmica social presente no filme argentino Un oso rojo, lançado em 2002, do diretor
uruguaio Israel Adrián Caetano dialoga com aquela existente na selva da fábula Las medias de los
flamencos, que integra o roteiro do filme. O conto datado de 1916, de autoria de Horacio Quiroga,
escritor uruguaio radicado na Argentina, foi inserido na coletânea de contos infantis Cuentos de la
selva em 1918 e explora de modo simbólico as relações entre animais. Sua dinâmica predatória foi
transposta na construção dos personagens do filme e de seu roteiro. Observa-se nas duas produções
uma reflexão sobre o momento histórico em que estão inseridas e uma crítica à sociedade argentina
de sua época. O filme Un oso rojo utiliza-se da metáfora da segregação social presente em Las
medias de los flamencos para narrar o drama envolvendo o ex-presidiário Ruben, também apelidado
de Oso, e através de sua história denunciar o quadro de exclusão social da classe média em meio a
uma Argentina em profunda crise econômica, ocorrida no final do século XX e início do século
XXI. A cinematografia argentina dos anos noventa, particularmente o chamado Cinema Novo
Argentino e a obra de Adrián Caetano, guarda pontos em comum com as temáticas desenvolvidas
por Horácio Quiroga. Os contos do escritor de ambiente missioneiro, dentre os quais estão Las
medias de los flamencos, possuem um forte caráter de denúncia social, constituindo uma verdadeira
história humana e social da região argentina de Misiones de inícios do século XX. Compreender
como a dinâmica predatória social do filme dialoga com a do conto envolve também a compreensão
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do contexto no qual a obra literária foi escrita e o filme foi produzido, por isto, faz-se uma breve
referência abaixo.
Horacio Quiroga produziu poesias modernistas, contos fantásticos e prosa naturalista-
realista, além de literatura infantil e peças teatrais. O escritor também dedicou parte de sua obra ao
cinema (JITRIK, 1959). Escreveu contos com temática de cinema (Miss Dorothy Phillips, mi
esposa (1919); El espectro (1921); El puritano (1926) e El vampiro (1927) e desenvolveu crítica
cinematográfica, publicando crônicas cinematográficas nas revistas Caras y Caretas e Atlántida
entre 1919 e 1922 e artigos sob o título Teatro y cine. Redigiu dois roteiros La jangada, baseado nos
contos Una bofetada (1916) e Los mensú (1914), e uma adaptação de seu conto La gallina
degolada (1909) e também teve vários de seus textos adaptados para o cinema, como o filme
Prisioneiros de la tierra (1939) , baseado nos contos Un peón(1918) e Los destiladores de naranjas
e Un oso rojo (2002), que se utiliza da dinâmica predatória social existente no conto Las medias de
los flamencos.
O momento da produção do escritor uruguaio que interessa a este ensaio corresponde à sua
fase naturalista-realista, bastante influenciada pelo seu descobrimento da região de Misiones em
expedição realizada com seu amigo Leopoldo Lugones em 1903. O descobrimento do ambiente
missioneiro pode ser considerado um marco divisório da sua obra, pois, a partir de então, o autor
assume uma nova linha temática e estilística, passando a observar o mundo e as pessoas a partir do
universo e da realidade da selva (ROCCA, 1994). São temas predominantes nesta fase do escritor o
questionamento do conceito de civilização e barbárie, da relação predatória do homem com relação
à natureza e ao próprio homem e o respeito pelas leis da natureza, tendo como ambiente
predominante o território argentino de Misiones, e como personagens principais os homens e
animais da selva, além da própria natureza selvagem. Esses temas podem ser verificados,
inicialmente, em alguns contos da coletânea “Cuentos de amor, locura y muerte” (1917) como “Los
mensú” (1917); “Los pescadores de vigas” (1913); “A la deriva” (1912), passando a se tornar uma
constante nas suas obras posteriores: “Cuentos de la selva” (1918); “El selvage” (1920);
“Anaconda” (1921), “El desierto” (1924); dedicando, por fim, um livro inteiro aos tipos de
Misiones e suas empreitadas naquela região: “Los desterrados” (1926).
A região de Misiones, situada no nordeste argentino, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai,
despertava grande interesse do escritor pelos desafios que oferecia ao homem, com sua natureza
perigosa e excessiva e pelos tipos que ali viviam (ROMANO, 1996). Os habitantes dessa região
eram imigrantes advindos de diversos lugares, argentinos, brasileiros, holandeses, franceses, norte-
americanos, que migraram para lá em busca de um novo Eldorado. Neste lugar de fronteira, uma
margem do rio Paraná que cortava a região era paraguaia e a outra, argentina, se mesclavam
também diversas línguas, como espanhol, guarani e português, além das línguas européias e norte-
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americanas. Era também um local distante de tudo, das cidades, do poder e da administração
central, que delegava a esses lugares empregados fantasiosos (ESQUERRO, 1996). Neste ambiente
de desamparo social e humano, Quiroga explora como se dá a relação entre os homens quando não
há leis que imponham limites às suas ações, revelando o tipo de dinâmica social que prevalece. Em
“Los mensú”, de 1914, apresenta homens explorados por seus empregadores, que por ignorância, ou
como conforto para a sua vida árdua, se endividam antecipadamente, gastando com dinheiros e com
mulheres em poucos dias o adiantamento que recebem ao serem contratados para trabalhar nas
plantações de erva-mate. Outros, como em “Una bofetada”, de 1916, se convertem em escravos dos
donos das madeireiras, sujeitos à exploração e aos maus tratos de seus patrões. Neste ambiente, as
regras são estabelecidas por quem detém o poder, exercido por meio da força. Em “Una bofetada”,
por exemplo, um peão é castigado na frente dos demais somente porque encara o seu patrão, para
que sirva de exemplo. As relações entre os personagens de Misiones são regidas por uma dinâmica
predatória, como verifica-se na reação do peão de “Una bofetada”, que cansado da exploração e
maus-tratos do seu patrão, espera longos anos pelo momento oportuno para se vingar dele e
submetê-lo a tratamentos violentos até sua morte. “Una bofetada” e “Los mensú” foram escritos no
mesmo período que “Las medias de los flamencos” e apresentam diversos pontos em comum com
este último. Na fábula, no entanto, essa dinâmica predatória social é abordada de forma simbólica,
transfigurada em uma sociedade na selva, com animais personificados.
Nos contos infantis de Horacio Quiroga, percebe-se o conceito de educação peculiar do
escritor. Ele acreditava que as crianças deveriam estar preparadas para enfrentar as dificuldades da
vida adulta e possuía uma visão pessimista da sociedade moderna. Para ele, a selva era um ambiente
mais equilibrado, onde havia maior harmonia entre seus componentes, como está claro no conto
“Anaconda”, de 1921. Os homens, em contrapartida, buscam o poder para que possam subjugar os
demais, se utilizando de meios coercitivos para preservar sua posição. Este tipo de dinâmica social,
que é uma constante em seus contos de ambiente missioneiro, é apresentada de forma alegórica em
“Las medias de los flamencos”. A moral que o escritor deseja apresentar para as crianças é a
seguinte: quem dita as regras em sociedade é o mais forte.
O conto possui como cenário uma festa na selva, para a qual todos os animais se adornam e
exibem seus enfeites. As cobras são os animais mais belamente enfeitados, trajando meias que
combinam com a cor da sua pele. Somente os flamingos, animais desajeitados e estranhos, não tem
a capacidade de escolher seus enfeites. Por esse motivo, eles decidem imitar os enfeites das cobras,
que eram os mais bonitos. Encontram meias semelhantes a delas através de um tatu e uma coruja,
que lhes enganam vendendo couros de cobra como meias. Os flamingos vão ao baile vestidos com
essas meias, e quando cansam de dançar, as cobras podem ver que estes vestiam couros de cobras,
ofendidas, elas lhes punem violentamente, lhes mordendo as patas e deixando-lhes marcados para
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sempre com o vermelho de sangue nas patas. As aves passam, portanto, a viver na água para aliviar
a sua dor, permitindo, assim, que os peixes vejam seus ferimentos e zombem deles. Os flamingos,
por sua vez, se vingam dos peixes, comendo-os.
Verifica-se no conto a dinâmica predatória que rege as relações entre os indivíduos da região
de Misiones dos contos quiroguianos. O formato de fábula exigiu uma simplificação do estilo de
sua prosa, que adquiriu um aspecto mais neutro, expositivo e didático e um caráter alegórico
(LAFFORGUE, 1996). Através de simbolismos e personificações de animais que assumem
características de humanos, o conto apresenta uma sociedade fictícia, em que os animais são
valorizados por suas posses e seu status social, e onde não há escrúpulos para manter a ordem
estabelecida, que se dá por meio da imposição da força e do medo. Detém o poder neste ambiente
quem se encontra em uma relação privilegiada com relação ao outro. A coruja e o tatu exercem um
poder sobre os flamingos ao se aproveitar de sua inocência para benefício próprio. Os flamingos
tentam se igualar às cobras, mas elas lhes atacam quando percebem que seu poder está ameaçado. O
poder é preservado através da violência e a punição é utilizada como forma de coerção social. Os
flamingos carregam a marca de sua transgressão como forma de intimidação dos demais. Neste
ambiente onde a lei que prepondera é a lei da força, cada um pode exercer o papel da presa ou do
predador.
Adrián Caetano utilizou-se em seu filme “Un Oso Rojo” da metáfora da exclusão social de
“Las medias de los flamencos” para denunciar o quadro de desamparo da classe média baixa em
meio a uma Argentina em crise. O diretor faz parte da vertente de denúncia social do movimento de
cineastas argentinos surgido na década de noventa, denominado “Nuevo Cine Argentino”
(MOLFETTA, 2008). Esta vertente possui como representantes diretores como Pablo Trapero
(“Mundo grúa”, 1999; “El bonarense”, 2002); Ana Poliak (“Que vivan los crotos”, 1990); Ciro
Cappellari (“Hijo del rio”,1991) e Raúl Perrone (“Labios de churrasco”, 1994). Este cinema possui
um caráter realista, compromissado com uma reflexão sobre o sujeito inserido em uma sociedade na
qual os laços de solidariedade são desfeitos, passando a viver numa situação de exclusão social. O
espaço priorizado por essas narrativas é a capital argentina Buenos Aires e o tempo é o atual, a
Argentina de fins do século XX e inícios do século XXI (AGUILLAR,2006). Adrián Caetano
também privilegia este espaço e tempo, optando também pela temática dos excluídos, das vítimas
do neoliberalismo e da globalização selvagens. Seu longa “Pizza, birra, faso”, de, 1997, aborda
histórias suburbanas de garotos que vivem à margem da lei, realizando pequenos furtos nas ruas de
Buenos Aires. Em “Bolívia”, 2001, é denunciado o preconceito com relação aos imigrantes,
especificamente bolivianos, na capital argentina e em “Un oso rojo, 2001”, é abordada a violência
dos subúrbios de Buenos Aires. Os seus trabalhos televisivos seguem a mesma linha temática, na
minissérie “Tumberos”, 2002, explorou o ambiente de desamparo e violência das prisões e em
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Disputas, 2003, abordou a temática da prostituição (SCOLOVSKY, 2009). A violência dos


personagens de Caetano, vítimas do preconceito e do descaso público, se apresenta como uma
reação a violência social que lhes é imposta.
O filme “Un Oso Rojo” narra a história de Ruben, apelidado de Oso, que se envolve em um
assalto para tentar melhorar de vida, pois estava desempregado, vivendo com sua família em uma
condição de miséria. Sua inexperiência o faz cometer erros nessa investida, mata um policial e é
preso. Ao sair da prisão sete anos depois, tem que enfrentar as conseqüências da marca de ex-
presidiário e tentar “sobreviver” em uma Buenos Aires devastada por sucessivas crises e pela
decomposição social. A relação entre filme e conto é estabelecida através de um encontro entre
Ruben e sua filha, Alicia, no qual ele lhe presenteia com o livro “Cuentos de la Selva”. A leitura
realizada por Alicia de passagens de um conto do livro, “Las medias de los flamentos”, ilustram
cenas de Ruben pelas ruas do subúrbio de Buenos Aires, em suas tentativas de superar seu passado.
No entanto, ao longo da trama, Oso descobre que sua condição de ex-presidiário o priva de
oportunidades “justas” para mudar de vida, não lhe restando opção a não ser recorrer a métodos
transgressores.
As relações entre Ruben e as demais personagens da trama se assemelham a da dinâmica
social do conto quanto ao seu caráter predatório. O poder pertence a quem tem o domínio da força.
Ruben exerceu o papel de presa no seu primeiro assalto, pois estava em uma posição de
desvantagem com relação a seus adversários: foi preso por um deslize, conseqüência de sua
inexperiência. Os anos de cárcere lhe privaram de sua esposa, que passou a ter outro companheiro, e
da infância de sua filha. Quando saiu da prisão, seu comparsa do primeiro assalto, o Turco, lhe
negou a sua parte da empreitada e tentou envolvê-lo em outra investida, na qual pretendia matá-lo.
Porém, a experiência adquirida por Oso lhe concedeu uma vantagem com relação a seu parceiro.
Ele aproveitou a oportunidade de realizar um segundo assalto com os comparsas do Turco para se
vingar. Matou todos os seus ajudantes e ao próprio chefe e dividiu o dinheiro do assalto com a sua
família. O companheiro de sua esposa hesitou em aceitar parte do dinheiro, pois sabia que era
roubado, mas Ruben o tranqüilizou, proferindo a sua moral de que “todo dinheiro é roubado”. O
filme termina com o herói fugindo, calmamente, levando o dinheiro do assalto. Oso sabia que,
assim como os flamingos, a marca de suas transgressões o impedia de integrar-se à sociedade
“civilizada”.
Em “Un oso rojo”, Adrián Caetano utiliza-se da simbologia do conto quiroguiano para
narrar para Alicia a história de seu pai. A moral do filme é a mesma da fábula: na vida em sociedade
prepondera a lei do mais forte. Na Argentina do século XXI, predomina a mesma realidade da
região argentina de Misiones de princípios do século XX: os excluídos do século XXI, ou seja, ex-
presidiários, alcoólatras, desempregados, continuam desamparados, tendo que se submeter às leis
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dos que detém o poder da força, como os trabalhadores de Misiones se submetiam aos maus-tratos
de seus patrões, transfigurados nos personagens dos flamencos de “Las medias de los flamencos”.
Personagens marginalizados, excluídos do convívio social e distantes do amparo do Estado.
Dessa forma, observa-se nas duas produções uma reflexão sobre o momento histórico em
que estão inseridas e uma crítica à sociedade argentina de sua época. A análise comparativa da
simbologia do conto de Horacio Quiroga, escrito no início do século XX, inserida no contexto do
filme, produzido em início do século XXI, permite estabelecer um paralelo entre o caráter das
relações de poder existentes nessas duas obras latino-americanas. Assim, é possível realizar uma
conexão entre duas obras pertencentes a contextos históricos, culturais, sociais e até mesmo
possuidoras de registros diferentes.

REFERÊNCIAS

AGUILAR, G. Otros mundos – ensayo sobre el nuevo cine argentino.1. ed. Buenos Aires: Santiago
Arcos Editor, 2006. 256 p.

ESQUERRO, Milagros. Los temas e la escritura quiroguianos. In: QUIROGA, Horacio. Todos los
cuentos. 2. ed. Edicíon crítica coord. Napoleón Baccino Ponce de León y Jorge Lafforgue. Madrid:
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JITRIK, Noé. Horacio Quiroga: Una obra de experiencia y riesgo. 2. ed. Buenos Aires: Ediciones
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MOLFETTA, Andrea. Texto e Contexto no Novo Cinema Argentino dos anos 90. Revista ECO-
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QUIROGA, Horacio. Cuentos de la selva. In QUIROGA, Horacio. Todos los cuentos. 2. ed. Edicíon
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QUIROGA, Horacio.Todos los cuentos. 2.ed. Edición crítica coord. Napoleón Baccino Ponce de
León y Jorge Lafforgue. Madrid: Allca XX; São Paulo: Edusp, 1996 [1993]. (Col.Archivos, 26), p.
1385.
ROCCA, P. Vozes da selva: nove contos escolhidos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1994.

ROMANO, Eduardo. Trayectoria inicial de Horacio Quiroga: del bosque interior a la selva
misioneira. In: QUIROGA, Horacio. Todos los cuentos. 2. ed. Edicíon crítica coord. Napoleón
Baccino Ponce de León y Jorge Lafforgue. Madrid: Allca XX; São Paulo: Edusp, 1996 [1993].
(Col.Archivos, 26), p.1305-1339.

SCOLOVSKY, P. Estudio crítico sobre Un oso rojo: entrevista a Israel Adrián Caetano. 1. ed.
Buenos Aires: Picnic Editorial, 2009. 104 p.

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