de
Degradação e Proteção de Materiais
Prof.Dr. Alain Laurent Marie Robin
EEL-USP
Introdução
Custos devido à corrosão ( inclui custos diretos e indiretos)
Em 1975 nos EUA foi estimado que sobre os 70 bilhões US$, 10 bilhões poderiam ter sido
economizados usando métodos adequados como:
- materiais adequados
- bons projetos
- métodos de proteção
A corrosão está relacionada à conservação das reservas minerais. Nos EUA, foi estimado em
1965 que era necessária a produção adicional de aço de 40% para repor o aço corroído, o que implica
gastos de energia e de minérios.
Todos os setores são afetados pela corrosão: químico, petrolífero, naval, construção civil,
automobilístico, transportes, communicação, odontologia, medicina...
PORQUE
Perdas econômicas
Diretas
- substituição de peças ( + energia + mão de obra)
- manutenção e operação dos sistemas de proteção ( catódica, anódica, revestimentos,
inibição...)
Indiretas
- paralizações acidentais
- paralizações para manutenção
- perda de produtos
- perda de eficiência ( trocador de calor, motor...)
- contaminação dos produtos
- superdimensionamento
Resistência
à corrosão
Disponibilidade
Custo
Material
Resistência
mecânica
Aparência
Fabricabilidade
Eletroquímico
Termodinâmico
Classificação da corrosão:
- morfologia → uniforme
→ localizada
( pites, frestas, intergranular, sob tensão, seletiva, galvánica...)
Aspectos termodinâmicos e eletroquímicos da corrosão
a/ Reações de oxi-redução
- Ataque do Zn em HCl
reação total: Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2
Como os íons Cl- não participam na reação, pode ser escrita da maneira seguinte:
Zn + 2H+ → Zn2+ + H2
Esta reação pode ser dividida em duas semi-reações:
Zn → Zn2+ + 2e Oxidação ( reação anódica)
2H + 2e → H2
+
Redução ( reação catódica)
Nos processos de corrosão , sempre haverá reações anódicas associadas a reações catódicas. Serão
simultâneas e de mesma intensidade. ( número de elétrons liberados = número de elétrons consumidos)
b/ Termodinâmica
c/ Polarização
Qualquer par redox, por exemplo o sistema Zn/Zn2+, é caracterizado por um potencial de
equilíbrio Eeq.
Quando o sistema é deslocado deste equilíbrio, ocorre preferencialmente uma reação anódica
ou catódica. O sistema é dito polarizado.
Esta polarização pode ser:
anódica e ocorre a reação: Zn → Zn2+ + 2e
ou catódica e ocorre a reação: Zn2+ + 2e → Zn
Esta polarização pode ser feita por uma fonte de tensão/corrente ou por um outro par redox (
por exemplo H2/H+ no caso da corrosão do Zn)
d/ Passivação
A figura seguinte mostra os comportamentos que podem seguir os metais sob polarização anódica.
Aspectos metalúrgicos
Exemplos:
- os contornos de grão são áreas de maior energia e consequentemente são mais ativos quimicamente.
Serão geralmente mais atacados do que o seio dos grãos.
- ligas com mais de uma fase são geralmente menos resistentes à corrosão do que as ligas monofásicas
. De fato pode ocorrer a formação de pilhas galvánicas entre fases de nobreza diferente.
- a corrosão intergranular em aços inoxidáveis austeníticos ocorre devido ao empobrecimento em
cromo nos contornos de grãos resultante de tratamentos térmicos inadequados.
- a suscetibilidade à corrosão sob tensão depende da composição química das ligas, tensões residuais
pre-existentes, direção da tensão aplicada em relação ao sentido da laminação dos materiais,
acabamento superficial....
C: fenómeno de corrosão-erosão
Pb em H2SO4 → PbSO4
c/ Efeito da temperatura
Conceitos
∆
2Fe + O2 → 2FeO
∆ Oxidação = Ganho de oxigênio
4Al + 3O2 → 2Al2O3
∆ Fe, Al e C se oxidam
C + O2 → CO2
∆
WO3 +3H2 → W + 3H2O Redução = Perda de oxigênio
∆
Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO WO3 e Fe2O3 se reduzem
Este conceito é antigo. Na maioria das reações de oxi-redução, não tem ganho ou perda de
oxigênio.
b/ Troca de elétrons
Fe → Fe2+ + 2e
Cu+ + e → Cu
Redução = ganho de elétrons
Fe 3+
+ e → 2+
Fe
Cu+, Fe3+ e O2 se reduzem
O2 + 2H2O + 4e → 4OH-
Regras:
no de um elemento em substâncias simples ( como N2, O2, Cl2, Al, Fe, Na.....) = 0
no de halogênios ( F, Cl, Br... ) em substâncias não simples ( como HCl, CF4, TiF62- ) = -1
exceção: Cl2O no Cl = +1
ICl3 no I = +3
o
n de metais em substâncias não simples:
Na, K... = +1
Ca, Ba...= +2
Be, Mg...= +2
Al = +3
Em um composto, a soma algébrica ponderada dos números de oxidação de cada elemento constituinte
do composto é igual à carga elétrica deste composto.
Em Fe2O3, no Fe = +3 e no O = -2
Em MnO4-, no Mn= +7 e no O = -2
2 Mg + O2 → 2MgO
2o conceito:
2 Mg → 2Mg2+ + 4e
O2 + 4e → 2O2-
Mg perdeu elétrons ⇒ oxidação de Mg
3o conceito:
2 Mg + O2 → 2MgO
o
o n Mg passa de 0 em Mg (metal) para +2 em MgO ⇒ oxidação de Mg
Terminologia
- semi-reação-redox: Mg2+ + 2e ⇔ Mg
Zn + 2HCl → ZnCl2 + H2
Fe + H2SO4 → FeSO4 + H2
Zn + ½ O2 → ZnO
1-2- Sistema redox em equilíbrio
Dentro de um eletrólito ( seio do eletrolíto) longe de qualquer interface, as moléculas de água livres e
os íons são submetidos a forças independentes da direção e da posição do eletrólito ( figuras 1.2.1. e
1.2.2.).
- não há orientação preferencial dos dipolos de água → a soma dos momentos dipolares é igual a 0.
- há uma distribuição igual de cargas positivas e negativas.
→ em qualquer elemento de volume , não há excesso de cargas positivas ou negativas.
→ não há gradiente de potencial elétrico.
O seio da solução é então caracterizado pela isotropia, homogeneidade e ausência de campos elétricos
preferencialmente oreintados.
Vamos considerar o caso de um metal M sendo imerso numa solução contendo seus íons Mz+. O
sistema vai evoluir espontaneamente de modo a atingir um estado de equilíbrio, representado por:
Mz+ + ze ⇔ M
ou Mz+ (solução) ⇔ Mz+ (metal)
e se estabelece uma diferença de potencial entre camadas de cargas elétricas iguais mas de sinais
opostos que vão aparecer de cada lado da interface, a saber do lado do metal e do lado da solução (
figura 1.2.3.) → aparecimento de um campo elétrico através da interface.
Na região da interface, os dipolos de água se orientam de acordo com a carga adquerida pela superfície
metálica e nela ficam adsorvidas.
Existem vários modelos que descrevem uma dupla camada elétrica, cada um com seu perfil de
potencial elétrico específico, como mostram as figuras 1.2.4., 1.2.5., 1.2.6. e 1.2.7..
Como uma reação eletroquímica consiste em uma transferência de elétrons através de uma interface,
esta reação vai ser influenciada pelas características desta interface, como por exemplo a diferença de
potencial que se estabelece no equilíbrio e a evolução do potencial através da interface em função da
distância.
Modelo de Helmholtz
figura 1.2.4.
Modelo de Gouy-Chapman
figura 1.2.5.
Modelos de Grahame
figura 1.2.6.
figura 1.2.7.
Potencial de um eletrodo
Considerando a imersão de um metal M numa solução dos íons deste metal Mz+.
Como se estabelece o equilíbrio entre o metal e a solução ?
O equilíbrio pode ser representado por
Mz+ + ze ⇔ M
ou Mz+ (solução) ⇔ Mz+ (metal)
O critério de equilíbrio é a igualdade das energias -livre eletroquímicas dos íons da rede cristalina do
metal e dos íons da solução de cada lado da interface metal/solução. De fato, não podemos considerar
unicamente as energias-livre de Gibbs porque tratamos de partículas carregadas eletricamente.
A energia-livre eletroquímica inclui a energia-livre de Gibbs e a energia elétrica:
~
G = G + zFφ onde φ representa o potencial elétrico.
O equilíbrio é então representado por:
~ ~
G M = GS
ou seja G M + zFφ M = GS + zFφ S
Como G M e GS são diferentes, quando o metal é imerso na solução, vai aparecer uma diferença de
potencial através da interface para satisfazer a condição de equilíbrio.
Então, a energia necessária para ultrapassar a barreira de energia não é mais a mesma pois deve incluir
a energia elétrica.
Na figura 1.2.8., estão representados os perfis de energia-livre de Gibbs, da energia elétrica e da
energia-livre eletroquímica ( somatório).
figura 1.2.8.
No entanto, a energia suplementar necessária para passar a barreira só representa uma parte da
diferença de energia elétrica total através da interface ( = zFX ).
1 1− β ← ←
~* *
Temos = ⇒ X = (1 - β ) ∆φ ⇒ ∆ G = ∆ G + zF (1 - β ) ∆φ
∆φ X
com ∆φ = φ M - φ S
→ →
~* *
e ∆ G = ∆ G - zFβ∆φ
←
~ →~
∆ G* e ∆ G* sendo as novas energias de ativação para a redução e para a oxidação uma vez que uma
diferença de potencial foi criada através da interface.
←
A velocidade de passagem dos íons da solução para o metal v é dada por:
← ←*
kT - ∆G / RT - zF (1- β )∆φ / RT
v = a z+ e ⋅e
h M
figura 1.2.9.
Lei de Nernst
→ ←
No equilíbrio temos i = -i
← →
ou seja zF k a M z + . e − zF (1− β ) ∆φ e / RT = zF k a M . e zFβ∆φ e / RT
a z+
'
RT k RT
∆φ e = . Ln & + . Ln M
zF k zF aM
o RT a z+ G M o - GS o
ou seja : ∆φ e = ∆φ e + . Ln M com ∆φ e o
= -
zF aM zF
Como medir ∆φ e ou ∆φ e ?
o
Um voltímetro possui dois terminais que devem ser conetados nos dois pontos entre os quais se
deseja medir uma diferença de potencial. No caso presente, os pontos de interesse são separados de
alguns diâmetros atômicos, o que impossibilita uma medida direta da diferença de potencial através da
interface com um voltímetro. Então, um terminal deve ser conetado ao metal M e o segundo a um
outro metal M’, o que cria uma outra interface e consequentemente uma segunda diferença de potencial
metal M’/solução ( figura 1.2.10.).
figura 1.2.10.
Temos:
V = VC - VD = ( VC - VB) + ( VB- VA) +( VA - VF) + (VF - VE) + ( VF - VD)
Desprezando as diferenças de potenciais de contato e (VA - VF), observa-se que a medida feita é a
diferença de duas diferenças de potenciais através de duas interfaces.
Não é possível medir dp M/S absoluto por este método.
Só é possível obter uma dp metal/solução relativa a uma outra dp metal/solução.
O sistema usado universalmente como referência é o eletrodo normal de hidrogênio (ENH), cujo
potencial foi fixado arbitrariamente em zero. Este eletrodo é constituído de um fio de platina
platinizado imerso numa solução de HCl 1M perto do qual borbulha hidrogênio a uma pressão de 1
atm. O fio adsorve grande quantidade de hidrogênio e age como se fosse um eletrodo de hidrogênio (
figura 1.2.11.).
figura 1.2.11.
Assim, a ddp medida entre o eletrodo M/Mz+ e ENH é chamada de potencial de equilíbrio do sistema
M/Mz+ referido ao eletrodo normal de hidrogênio e notado E.
Para o sistema M/Mz+ temos:
RT
E = Eo + Ln a z +
zF M
com
∆G = - zFE
e ∆G o = - zFE o
Esta relação é a lei de Nernst no caso particular de um sistema M/Mz+. O potencial de eletrodo-padrão
é o potencial medido quando a concentração dos íons Mz+ é de 1M. Nas figuras 1.2.12. e 1.2.13., são
mostrados exemplos de medida de potenciais-padrão de alguns sistemas redox Metal/Íon metálico.
Voltagem : 0,763 V
figura 1.2.12.
Voltagem : 0,337 V
figura 1.2.13.
Isto é válido para outros pares redox, por exemplo os eletrodos de oxi-redução como:
Pt/ Cr2+,Cr3+ ( figura 1.2.14.)
Voltagem : 0,41 V
figura 1.2.14.
Foi montada assim uma tabela ( tabela 1.2.1.) com os potenciais-padrão dos principais equilíbrios
redox. Esta tabela permite prever se uma reação redox global é possível de ocorrer espontaneamente.
Mais negativo o potencial-padrão do sistema M/Mz+, maior a tendência do metal a perder elétrons.
A forma reduzida de um sistema redox que possui um potencial-padrão mais negativo poderá reduzir a
forma oxidada de um sistema de potencial-padrão menos negativo.
* Fe é mais redutor do que Ni e Ni2+ mais oxidante do que Fe2+, Fe irá reduzir Ni2+.
* Usando as energias-livres padrão temos:
H2 sendo mais redutor do que Cu , H2 poderia reduzir Cu2+ e não Cu reduzir H+. Então o cobre não
sofre corrosão nestes meios.
Cu sendo mais redutor do que H2O , Cu poderá reduzir O2. Então o cobre sofrerá corrosão nestes
meios.
x Ox + ne ⇔ y Red
o RT a Ox x
E = E + Ln
nF a Re d y
o o 0,059 a Ox x
a 25 C, E = E + log
n a Re d y
Exemplos:
RT
Fe2+ + 2e ⇔ Fe E = Eo + Lna 2+
2F Fe
RT a 3+
Fe3+ + e ⇔ Fe2+ E = Eo + Ln Fe
F a 2+
Fe
RT a +
H+ + e ⇔ ½H2 E = Eo + Ln H 1/ 2
F PH2
RT
E = Eo +
2 1/ 2
½ O2 + 2H+ + 2e ⇔ H2O Lna H + . PO2
2F
1/ 2
RT PCl
½ Cl2 + e ⇔ Cl- E = Eo + Ln 2
F aCl −
tabela 1.2.1.
1-3- Sistema redox fora do equilíbrio
No equilíbrio, temos:
& '
i = -i = io
& ~* ' ~* ~ *
e ∆G = ∆G = ∆Geq
e a diferença de potencial através da interface metal/solução é ∆φe.
Se a diferença de potencial através da interface for alterada de (d∆φ), não haverá mais equilíbrio como
mostra a figura 1.3.1..
figura1.3.1.
Com d∆φ > 0, a oxidação é favorecida porque a energia de ativação para a oxidação diminui e aquela
para a redução aumenta.
d∆φ se chama de sobrepotencial e o eletrodo ( ou sistema redox) é dito polarizado. No caso de d∆φ > 0,
polarizado anodicamente.
Quando a cinética da reação é puramente de ativação ( ou seja controlada pela etapa de transferência de
carga) , é admitido que as concentrações em espécies oxidantes e redutoras do sistema redox em
questão na interface são iguais àquelas do seio da solução.
Vamos de novo considerar o sistema redox M/Mz+. Sob polarização anódica temos os novos perfis de
energia representados na figura 1.3.1..
Agora,
&~ ~
∆G * = ∆Geq * − βzFd∆φ
'~ ~
e ∆G * = ∆Geq * + (1 − β ) zFd∆φ
Usando as relações entre densidades de corrente e energias de ativação já utilizadas no parágrafo 1-2-,
obtemos:
i = i o . e βzFd∆φ / RT
&
Existem dois casos limites desta lei para baixos e elevados sobrepotenciais.
Para η > 100 mV, pode ser desprezado o segundo exponencial da relação e temos:
2,3RT 2,3RT
i = io e βzFη / RT ou η = − log io + log i
βzF βzF
i
ou seja η = ba log
io
Para η < -100 mV, pode ser desprezado o primeiro exponencial da relação e temos:
2,3RT 2,3RT
i = −i o e − (1− β ) zFη / RT ou η = log io − log i
(1 − β ) zF (1 − β ) zF
i
ou seja η = bc log
io
As duas relações lineares entre o sobrepotencial e o logaritmo da densidade de corrente são chamadas
as leis de Tafel. ba e bc são respectivamente os coeficientes de Tafel anódico e catódico.
A figura 1.3.2. representa a curva η= f(i) e as curvas η= f(log i) para uma cinética de oxidação e
redução controlada pela transferência de cargas. Da intersecção das duas retas de Tafel, pode-se
deduzir o valor da densidade de corrente de troca do sistema.
figura 1.3.2.
Os dois parâmetros que aparecem nas leis cinéticas são o coeficiente de simetria β e a densidade de
corrente de troca io.
- geralmente β tem um valor em torno de 0,5.
- o valor de io depende do sistema redox considerado, das concentrações das espécies oxidantes e
redutoras do sistema redox no seio da solução e para um mesmo sistema ( por exemplo o sistema
H2/H+) do metal sobre o qual ocorre a reação.
Esta tabela mostra que a reação de redução dos íons H+ é bem mais fácil sobre Pt do que sobre Ni e
ainda mais do que sobre Pb e Hg. Para ter uma mesma densidade de corrente de redução de H+,
teremos: ηPt < ηNi < ηPb < ηHg
xOx + ne ⇔ yRed
βnFη / RT
A lei de Butler-Volmer neste caso se escreve: i = io ( e − e − (1− β ) nFη / RT )
Na parte 1-3-1 foi considerado que as concentrações em espécies oxidantes e redutoras do sistema
redox na interface metal/solução eram iguais às concentrações no seio da solução. É o caso por
exemplo quando a etapa de transferência de cargas é lenta em relação às outras etapas ( difusão no
eletrólito) ou quando o processo ocorre a baixos sobrepotenciais.
Porém, quando a reação de transferência de cargas é rápida em relação à difusão das espécies
eletroativas na solução , os reagentes não podem ser transportados para a interface com a velocidade
necessária para manter as concentrações na interface iguais àquelas do seio da solução.
Vamos considerar agora uma reação Ox + ne → Red para a qual as concentrações em espécies
Ox e Red na interface não se mantem iguais àquelas do seio da solução durante a polarização do
sistema. Neste caso mais geral, considera-se as espécies Ox e Red solúveis.
No equilíbrio, io continua sendo função das concentrações das espécies Ox e Red do seio da solução
COo e CRo. Mas quando há passagem de corrente ( polarização) , a densidade de corrente i será expressa
em função das concentrações destas espécies na interface metal/solução, CO e CR.
A lei de Butler-Volmer é então modificada da seguinte forma:
CR CO
i = io ( o
e βnFη / RT − o
e − (1− β ) nFη / RT )
CR CO
Vamos achar as expressões de CR/CRo e CO/COo a partir do modelo da camada de difusão.
Devido ao fato CR e CO serem diferentes de CRo e Coo, existem gradientes de concentração perto da
interface metal solução como mostra a figura 1.3.3.. É considerado que o perfil de concentração é
linear numa certa região chamada de Camada de difusão. A espessura da camada é notada δ. O valor de
δ é normalmente da ordem de 0,001 a 0,05 cm mas varia em função da agitação da solução. É devido a
este gradiente de concentração que hà suprimento de espécies eletroativas para a reação de
transferência de cargas na interface.
figura 1.3.3.
CO o − CO
O fluxo de espécies Ox na interface é dado por J O = − DO
δ
Como não há discontinuidade de fluxos ( iônico e eletrônico) na interface, temos:
CO o − CO
i = nFJ O = − nFDO
δ
A densidade de corrente é máxima quando CO = 0. Este situação representa a condição limite catódica
e a densidade de corrente correspondente é a densidade de corrente limite catódica, notada iLC.
CO o
i LC = −nFDO
δ
C i
Assim temos: Oo = 1 −
CO i LC
Da mesma maneira para a reação de oxidação Red → Ox + ne, temos as seguintes relações:
CR o − CR
O fluxo de espécies Red na interface é dado por J R = − DR
δ
Como não há discontinuidade de fluxos ( iônico e eletrônico) na interface, temos:
CR o − CR
i = − nFJ R = nFDR
δ
A densidade de corrente é máxima quando CR = 0. Este situação representa a condição limite anódica e
a densidade de corrente correspondente é a densidade de corrente limite anódica, notada iLA.
CR o
i LA = nFDR
δ
CR i
Assim temos: o
=1−
CR i LA
Introduzindo as expressões de CR/CRo e CO/COo obtidas, na lei de Butler-Volmer geral, temos:
i i
i = io ((1 − )e βnFη / RT − (1 − )e − (1− β ) nFη / RT )
i LA i LC
Rearranjando:
Se io é elevado ( transferência de cargas rápida e difusão limitante), podemos desprezar 1/io em relação
aos dois exponenciais do denominador e teremos:
i
1−
RT i LC RT CO / CO o
η = E − E eq = Ln = Ln
nF 1−
i nF CR / CR o
i LA
RT CO o
Como E eq = E +
o
Ln o , temos
nF CR
RT C
E = Eo + Ln O
nF CR
No caso de ter um processo controlado por difusão, a lei de Nernst se aplica mesmo fora de equilíbrio.
Para valores de io intermediários ( controle misto), é preciso usar a lei geral. Por exemplo, para um
processo catódico com controle misto ativação/difusão, para η < 0, a lei geral se reduz a:
i
i = −io (1 − )e − (1− β ) nFη / RT
i LC
ou seja, reformulando:
RT −i RT i
η=− Ln + Ln(1 − )
(1 − β )nF io (1 − β )nF i LC
O primeiro termo é de ativação e o segundo de difusão.
No caso da corrosão:
- para o processo anódico: teremos controle por ativação ( exeto para a passivação)
- para o processo catódico: o controle pode ser por ativação, difusão ou misto. A figura 1.3.4. mostra os
tipos de curva de polarização que podem ser obtidos quando o processo catódico é controlado por
difusão ou ativação/difusão.
figura 1.3.4.
Influência da concentração e da agitação da solução para uma reação catódica controlada por difusão
ou por ativação/difusão ( figura 1.3.5.)
figura 1.3.5.
1-4- Teoria do potencial misto
figura 1.4.1.
Figura 1.4.2.
Outro exemplo:
Os sistemas Pb/Pb2+ e Sn/Sn2+ tem comportamento do ponto de vista termodinâmico próximo, os
potenciais-padrão respectivos sendo -0,12 e -0,14 V/ENH. No entanto, a densidade de corrente de
corrosão do Sn em soluções de HCl é muito maior do que aquela de Pb nas mesmas condições. Isto se
deve ao fato que a densidade de corrente de troca do sitema H2/H+ é muito maior para o Sn do que para
o Pb, 10-10 e 10-13 A.cm-2 respectivamente.
Cálculo das taxas de corrosão a partir dos valores das densidades de corrente de corrosão
- pelo cálculo: as equações representando as duas retas de tafel anódica e catódica são:
2 ,3( E − E eq ) / ba
I Ox = I o1 e 1 1
2 ,3( E − E eq ) / bc
I Re d = − I o2 e 2 2
Uma vez determinada ICorr , ou pelo gráfico, ou pelo cálculo, podemos determinar a taxa de corrosão
correspondente.
Considerando a corrosão de M segundo: M → Mz+ + 2e
I Corr . t corresponde ao número de Coulomb que passou durante t
I Corr . t
corresponde ao número de mol de elétrons envolvidos durante t
F
I Corr . t
corresponde ao número de mol de M dissolvidos durante t
zF
I Corr . t
M corresponde a massa de M dissolvida durante t ( M: massa molar)
zF
I Corr . t . M
corresponde ao volume de M dissolvido durante t (d: densidade)
zF . d
I Corr . t . M
corresponde à espessura de M dissolvida durante t (S: área
zF . d . S
exposta)
Assim a partir de ICorr pode-se calcular a taxa de corrosão do metal em perda de espessura por unidade
de tempo.
Até agora foram tratados casos de corrosão simples onde só eram envolvidas uma reação anódica e
uma catódica. Agora vamos considerar casos envolvendo mais reações anódicas e/ou catódicas.
Corrosão de um metal M em solução ácida ( H+) contendo oxidante( por exemplo Fe3+)
figura 1.4.3.
A intersecção das duas curvas somatórias nos dá a densidade de corrente total itot tanto anódica do que
catódica e o potencial de corrosão do metal na solução ECorr. Como só há uma reação anódica neste
caso , a densidade de corrente anódica total representa a densidade de corrente de corrosão do metal M.
A densidade de corrente catódica total representa o somatório das densidades de corrente de redução de
H+ e de Fe3+. Os valores das densidades de corrente catódica de cada reação são medidos nas
respectivas retas de Tafel no potencial ECorr. ( figura 1.4.4.).
figura 1.4.4.
a/ Um metal ( exemplo Zn) que se corroi e um metal nobre ( exemplo: Pt) em HCl
figura 1.4.5.
Usando o mesmo princípio descrito anteriormente, a partir desta figura pode-se medir:
- a corrente de corrosão do Zn ( = Icorr (Zn-Pt) )
- a corrente de formação de H2 sobre Zn ( = IH2(Zn-Pt) )
- a corrente de formação de H2 sobre Pt ( = IH2(Zn-Pt) )
Pode-se também observar que quando ligado à platina, o Zn se corroi mais ( = Icorr (Zn-Pt) ) do quando
está sozinho ( = I corr (Zn) ).
b/ Um metal M que se corroi e um outro metal N que também se corroi em HCl
figura 1.4.6.
Usando o mesmo princípio descrito anteriormente, a partir desta figura pode-se medir:
- a corrente de corrosão de M ( = Icorr (M-N) )
- a corrente de corrosão de N ( = Icorr (M-N) )
- a corrente de formação de H2 sobre M ( = IH2(M-N) )
- a corrente de formação de H2 sobre N ( = IH2(M-N) )
Pode-se observar neste exemplo que a corrente de corrosão de M quando ligado a N ( = Icorr (M-N) ) é
menor do que quando sozinho ( = I corr (M) ), e que a corrente de corrosão de N quando ligado a M ( =
Icorr (M-N) ) é maior do que quando sozinho ( = I corr (N) ).
Este comportamento observado quando se ligam dois metais não nobres ( por exemplo Fe e Zn) é a
base do princípio da proteção catódica por anodos de sacrifício ( parágrafo 3-2-).
1-5- Passivação- Diagramas de Pourbaix
1-5-1- Passivação
A passivação é um fenómeno observado com certos metais e ligas sob certas condições. É
caracterizada por uma perda de reatividade do metal ou liga nestas condições. Para ilustrar este
fenómeno, vamos considerar o comportamento do ferro em soluções de HNO3 ( figura 1.5.1.)
- se uma amostra de ferro previamente lixada for imersa numa solução concentrada de HNO3 ( caso A),
não se observa corrosão do ferro. Ocorre formação de óxidos superficiais de ferro. O ferro está no
estado passivo.
- se adiciona-se aguá na solução deixando a amostra imersa ( caso B), a situação não se altera e o ferro
fica passivo.
- agora se a amostra de ferro for riscada, ocorrerá corrosão do ferro na região riscado ( estado ativo) e
formação de gases ( NOx). O resto da amostra fica passivo ( caso C).
- se uma amostra de ferro previamente lixada for imersa diretamente numa solução diluída de HNO3,
ocorrerá corrosão do ferro em toda sua superfície ( caso C).
figura 1.5.1.
A passivação é devido à formação de filmes superficiais sobre os metais ou ligas. Geralmente estes
filmes são formados de óxidos. Podem existir também outros constituintes de filmes passivantes como
PbSO4 quando Pb é imerso em H2SO4 ou MgF2 quando Mg é imerso em HF mas estes
comportamentos são casos bem particulares da passivação. Vamos nos restringir à formação de óxidos.
Os filmes de óxidos tem espessura de alguns nanômetros ( 10-9m) e se formam sobre metais como Fe,
Ni, Cr, Ti, Nb, Ta ... e suas ligas.
A figura 1.5.2. mostra uma curva de polarização típica de um metal que se passiva.
Na parte anódica, o metal mostra inicialmente um comportamento similar ao de um metal que não se
passiva, ou seja linearidade entre E e log i ( comportamento de Tafel). É a região ativa.
Polarizando mais anodicamente o metal, a densidade de corrente cai para baixos valores e fica quase
independente do potencial numa faixa extensa de potencial. É a região passiva.
Com polarização ainda mais anódica, pode ocorrer um aumento da densidade de corrente. Este
aumento pode ter várias razões ( como formação de O2, oxidação do óxido chamada transpassivação,
formação de pites). Na figura 1.5.2. é representado o caso de transpassivação.
figura 1.5.2.
figura 1.5.3.
Vamos considerar agora os sistemas M/M+ ( M suscetível de se passivar) e um outro sistema X-/X
( por exemplo H2/H+). A figura 1.5.4. representa a curva de polarização anódica correspondente ao
sistema M/M+ e a curva de polarização catódica do sistema X-/X. Três casos possíveis de curvas
catódicas são representados ( 1, 2 e 3).
figura 1.5.4.
Caso 1: Só há um ponto de intersecção entre as curvas anódica e catódica ( ponto A). O ponto A se
encontrando na região ativa , ocorrerá corrosão do metal.
exemplo: Ti em HCl ou H2SO4 diluído desaerado
Caso 2: Existem três intersecções entre as curvas anódica e catódica ( ponto B, C e D). O ponto C
sendo eletricamente instável, o sistema não se encontrará neste ponto.
O ponto B se encontrando na região ativa , ocorrerá corrosão do metal.
O ponto D se encontrando na região passiva , ocorrerá passivação do metal.
Pode se observar neste caso que o metal pode se encontrar ou ativo ou passivo.
exemplo: Cr em H2SO4 desaerado ou Fe em HNO3 diluído.
Caso 3: Só há um ponto de intersecção entre as curvas anódica e catódica ( ponto E). O ponto E se
encontrando na região passiva , ocorrerá passivação do metal.
exemplo: aço inoxidável ou Ti em ácidos contendo oxidantes ou Fe em HNO3 concentrado.
Do ponto de vista da engenharia, os casos 1 e 3 são os mais desejáveis, apesar o caso 1 representar uma
situação de corrosão (a velocidade de corrosão pode ser medida). A situação 2 representando uma
situação onde o metal pode se encontrar ou ativo ou passivo deve ser evitada.
Pode-se ver na figura 1.5.4. a importância do valor de ic. De fato se a Epp, icat > ic , teremos passivação
espontânea do metal.
Vamos considerar que o metal é inicialmente imerso na solução com concentração C1 e que se aumenta
a concentração até C7.
- quando o metal M é imerso na solução de concentração C1, ele é ativo e sofre corrosão ( ponto A).
- para C1 ≤ C < C2, só há um ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica e este se encontra na
região ativa. Há corrosão de M e a intensidade da corrosão aumenta com a concentração ( ponto A →
B).
- para C2 ≤ C ≤ C4, há dois pontos de intersecção entre curvas anódica e catódica, um na região ativa e
um na região passiva. Como o metal M se encontrava ativo, continua ativo e a intensidade da corrosão
aumenta com a concentração ( ponto B → D).
- para C4 < C ≤ C5, há um ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica, que se encontra na
região passiva. A intensidade da corrosão diminui bruscamente e mantem-se praticamente constante
até C5 ( ponto G → H).
- para C5 < C ≤ C7, há um ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica, que se encontra na
região transpassiva. A intensidade da corrosão volta a aumentar com a concentração ( ponto H → J).
Agora que o metal M está na solução de concentração C7 e que se encontra na região transpassiva,
vamos diluir esta solução até C1.
- para C7 ≥ C > C5, há um ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica, na região transpassiva.
O metal M sofre corrosão na região transpassiva e a intensidade da corrosão diminui com a diluição
( ponto J → H).
- para C5 ≥ C > C4, há um ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica, na região passiva. O
metal M se encontra passivo com baixa velocidade de corrosão ( ponto H → G).
- para C4 ≥ C ≥ C2, há dois pontos de intersecção entre curvas anódica e catódica, um na região
passiva, o outro na região ativa. Como o metal M se encontrava passivo, continua passivo com baixa
velocidade de corrosão ( ponto G → E).
- para C2 > C ≥ C1, há um só ponto de intersecção entre curvas anódica e catódica, na região ativa. O
metal M volta a ser ativo e a velocidade de corrosão diminui com a diluição ( ponto B → A).
A evolução das taxas de corrosão com a concentração da solução e com a diluição é representada na
figura 1.5.6..
figura 1.5.6.
No caso de um metal que não apresenta transição ativo-passivo, a velocidade de corrosão aumenta
continuamente com o aumento da concentração, e vice-versa.
Vamos considerar que a reação catódica é controlada pela difusão das espécies oxidantes ( caso por
exemplo da redução de O2). Se não for o caso, não haverá nenhuma influência da velocidade de
agitação da solução sobre a velocidade de corrosão.
A figura 1.5.7. representa as curvas de polarização anódica do metal M e catódica do outro sistema (
por exemplo H2O/O2) para várias velocidades de agitação da solução ( crescendo de v1 até v6).
figura 1.5.7.
Usando a teoria do potencial misto e o mesmo princípio descrito anteriormente, obtemos a evolução da
velocidade de corrosão com o aumento da velocidade de agitação da solução representada na
figura 1.5.8..
figura 1.5.8.
A figura 1.5.9. representa as curvas de polarização anódica do metal M e catódica do outra sistema
( por exemplo H2O/O2) para várias velocidades de agitação da solução ( crescendo de v1 até v5).
figura 1.5.9.
Usando a teoria do potencial misto e o mesmo princípio descrito anteriormente, obtemos a evolução da
velocidade de corrosão com o aumento da velocidade de agitação da solução representada na
figura 1.5.10..
figura 1.5.10.
Efeito do contato metal-metal
Vamos considerar agora que um metal que apresenta transição ativo-passivo é conetado a um metal
nobre ( Pt), o conjunto sendo imersa numa solução de HCl.
figura 1.5.11.
Consideramos agora o caso do sistema M/Pt representado na figura 1.5.12. ( por exemplo M sendo Fe).
Fazendo as mesmas considerações que anteriormente, observa-se que o fato de ligar M a Pt não torna
M passivo. Torna mais positivo o potencial de corrosão de M ( Ecorr(M) para Ecorr (M-Pt) ) e aumenta a
velocidade de corrosão de icorr(M) para icorr (M-Pt).
figura 1.5.12.
Temos os seguintes valores de EF para o Ti e o Fe, respectivamente -0,24 e +0,58 V/ENH a 25°C numa
solução de pH0.
Marcel Pourbaix representou sobre diagramas E-pH as regiões de estabilidade das diferentes
formas possíveis de se encontrar um metal em meio aquoso, como metal puro, íons metálicos simples,
óxidos, íons complexos. Duas regiões são separadas no diagrama por uma linha cuja equação
representa o equilíbrio entre as espécies estáveis das duas regiões.
Existem três tipos de equilíbrio:
-equilíbrio eletroquímico não envolvendo H+ ou OH-
Mz+ + ze ⇔ M
Mx+ + (y-x)e ⇔ My+
Este tipo de equilíbrio só é função do potencial E
Como exemplo, vamos construir o diagrama de Pourbaix do sistema Fe-H2O onde só vão ser
consideradas as espécies Fe, Fe2+, Fe3+, Fe3O4 e Fe2O3.
Geralmente, os diagramas são traçados para a temperatura de 25°C e as concentrações dos íons
metálicos são consideradas iguais a 10-6M. Mas nada impede os traçados para outras temperaturas e
concentrações.
Temos os seguintes dados termodinâmicos:
Go Fe = 0 cal/mol ; Go Fe2+ = -20310 cal/mol ; Go Fe3+ = -2530 cal/mol ;
Go Fe3O4= -241820 cal/mol ; Go Fe2O3= -177100 cal/mol ;
Go H2O= -56560cal/mol ; Go H+= 0 cal/mol ;
Eo Fe/Fe2+ = -0,44 V/ENH ; Eo Fe2+/Fe3+ = 0,77 V/ENH.
d/ equilíbrio Fe2+/Fe3O4
Fe3O4 + 8H+ + 2e ⇔ 3Fe2+ + 4H2O
E o = − ∆G o / 2 F = 0 ,982V
RT [ H + ]8
E = Eo + Ln = 1,51 − 0 ,236 pH
2F [ Fe 2 + ] 3
[ Fe 3 + ] 2
1 1
pH = − log K − log[ Fe 3 + ] = 172
,
6 3
f/ equilíbrio Fe2+/Fe2O3
Fe2O3 + 6H+ + 2e ⇔ 2Fe2+ + 3H2O
RT [ H + ]6
E = Eo + Ln = cste − 0 ,177 pH
2F [ Fe 2 + ] 2
g/ equilíbrio Fe3O4/Fe2O3
3Fe2O3 + 2H+ + 2e ⇔ 2Fe3O4 + H2O
RT
E = Eo + Ln [ H + ] 2 = cste − 0 ,059 pH
2F
h/ equilíbrio
O2 + 2H2O +4e ⇔ 4OH-
E = 1,23 − 0 ,059 pH
i/ equilíbrio
2H+ + 2e ⇔ H2
E = −0 ,059 pH
O diagrama é representado na figura 1.5.13.. Ele pode ser dividido em três regiões distintas:
Imunidade: Fe
Atividade ( ou Corrosão): Fe2+, Fe3+
Passividade: Fe3O4, Fe2O3
Os diagramas de Pourbaix permitem saber sob qual forma estável se encontra um dado metal
em soluções aquosas em condições conhecidas de E e pH.
Por exemplo:
- se a situação se encontra na região 5, teremos oxidação de H2O e o metal Fe será recoberto do óxido
Fe2O3. Este tipo de situação poderá existir mediante uma ação oxidante muito enérgica.
figura 1.5.13.
A figura 1.5.14. apresenta os diagramas de Pourbaix dos sistemas Fe-H2O e Cr-H2O destacando as
regiões de corrosão, passividade e imunidade. A situação da corrosão espontânea do ferro é
representada pelo ponto A no diagrama Fe-H2O. Pode-se observar que a região de passividade do
cromo inclui este ponto. Isto é uma confirmação do valor prático da adição de cromo ao ferro ( ou aço
carbono) para torná-lo passivo.
figura 1.5.14.
Capítulo 2: Formas de corrosão
Na figura 2.1. é representada a participação dos vários tipos de corrosão.
Região 1 Região 2
!0%Al-Bronze(desaerado) Grafite !0%Al-Bronze (desaerado) Ni resist (<20% a 24°C)
Ilium G Tântalo Liga Fe-Si Grafite
Vidro Ouro Vidro Tântalo
Hastelloy B e D Platina Hastelloy B e D Ouro
Durimet 20 Prata Durimet 20 (66°C) Platina
Worthite Zircônio Worthite (66°C) Prata
Chumbo Nionel Chumbo Zircônio
Cobre (desaerado) Tungstênio Cobre (desaerado) Nionel
Monel (desareado) Molibdênio Monel (desareado) Tungstênio
Haveg 43 Inox 316 (10% aerado) Haveg 43 Molibdênio
Borracha(77°C) Borracha(77°C) Inox 316 (<25% desaer.,
24°C)
Região 3 Região 4
Liga Fe-Si Grafite Aço Ni resist
Vidro Tântalo Liga Fe-Si Aço 316 (>80%)
Hastelloy B e D Ouro Vidro Grafite (96%)
Durimet 20 (66°C) Platina Hastelloy B e D Tântalo
Worthite (66°C) Zircônio Durimet 20 Ouro
Chumbo Molibdênio Chumbo (96°C) Platina
Monel (desareado) Worthite Zircônio
Região 5 Região 6
Liga Fe-Si Worthite (66°C)
Vidro Grafite (79 e 96%) Liga Fe-Si Tântalo
Hastelloy B e D Tântalo Vidro Ouro
Chumbo (79 e 96°C) Ouro Hastelloy B e D Platina
Durimet 20 (66°C) Platina
Região 7 Região 8
Tântalo Vidro Worthite
Liga Fe-Si Ouro Aço Hastelloy C
Vidro Platina Inox 304 Ouro
Durimet 20 Platina
Região 9 Região 10
Vidro Worthite Vidro
Inox 304 Ouro Ouro
Durimet 20 Platina Platina
2-2-Corrosão galvânica
- Ocorre quando dois metais com potenciais diferentes estão em contato elétrico em presença de um
eletrólito.
- Geralmente a corrosão do metal menos nobre aumenta e a do metal mais nobre diminui em relação à
corrosão de ambos isolados.
- Ao contrário da corrosão uniforme onde não se distinguem as regiões anódicas e catódicas, na
corrosão galvánica, como nos outros tipos de corrosão localizada, existem regiões anódicas e catódicas
distintas.
- No caso da corrosão galvánica, o metal menos nobre se comporta como anodo e o mais nobre como
catodo.
- Como já visto na parte 1-4-, quando se liga eletricamente dois metais em contato com um eletrólito, o
comportamento do conjunto quanto às reações envolvidas e suas intensidades é fortemente
influenciado pelos parâmetros intrínsecos aos sistemas redox ( potencial, densidade de corrente de
troca e coeficientes de Tafel) mas também pelas
áreas respectivas dos dois metais.
- O aumento da área do metal mais nobre ( catodo), conservando a área do menos nobre constante
( anodo), provocará um aumento da densidade de corrente de corrosão do metal menos nobre.
- Deve-se então evitar contato de metais dissimilares onde a área catódica é muito maior do que a área
anódica. No caso a área catódica seja menor do que a área anódica, ocorrerá também corrosão do metal
menos nobre mas com intensidade baixa.
- Não se usa os potenciais-padrão dos sistemas M/Mz+ devido ao fato estes potenciais representarem os
potenciais dos metais numa solução 1M de seus íons. Na prática, os metais não são necessariamente
imersos em soluções contendo seus íons.
- Um outro motivo é que os potenciais-padrão são relativos a metais puros e não a ligas.
- Foram então estabelecidas séries galvânicas que mostram a nobreza relativa de diversos metais e ligas
em um dado meio. A obtenção destas séries consiste em conetar dois metais, imergir estes numa dada
solução e observar qual é o anodo ( corrosão) e qual é o catodo. A tabela 2.2. representa as perdas de
massa de uma amostra de ferro conetada a diferentes metais e imersa numa solução contendo NaCl e
O2. A partir dos resultados pode ser feita uma classificação dos metais quanto a suas nobrezas.
Nobreza relativa
Mais nobre ← Cu > Ni > Sn > Pb > Fe > Al > Cd > Zn > Mg → Menos nobre
- Como pode ser visto, nenhuma correlação quantitativa existe entre os potenciais-padrão e a corrente
galvânica.
De fato, em NaCl 1% + O2 temos:
Fe/Al ∆mFe = 9,8 mg ∆mAl = 106 mg ∆E0 = -1,23V
Fe/Zn ∆mFe = 0,4 mg ∆mZn = 688 mg ∆E0 = -0,32V
A partir dos potencias-padrão poderia se pensar que Al é menos nobre do que Zn, o que não é o caso na
prática.
- A tabela 2.3. representa uma série galvánica mais completa para metais e ligas em água do mar.
Os metais ou ligas de nobrezas próximas estão agrupados e podem ser usados em contato entre sim
sem problema.
Tabela 2.3.: Série galvánica em água do mar
Esta sequência de nobreza relativa pode ser aplicada na maioria dos meios usuais. No entanto, em
certos casos, pode ocorrer inversão de polaridade:
- A corrosão galvánica ocorre nas regiões próximas à junção entre os dois metais e o ataque diminui de
intensidade com o aumento da distância daquele ponto.
- cano de aço comum com válvula de latão: corrosão do cano perto da junção entre os dois metais.
Prevenção:
- usar metais ou ligas próximos nas séries galvânicas no caso de contato entre dois metais ou ligas
diferentes.
- evitar área anódica pequena em contato com área catódica grande.
- usar isolantes: este metódo não é sempre eficaz se não se toma algumas precauções. Na figura 2.4.,
pode-se observar que se o fluido circula da tubulação de cobre para aquela de aço e que ocorre
corrosão do cobre e/ou erosão do cobre, poderá haver formação da pilha Fe/Cu na tubulação de ferro e
consequentemente corrosão galvánica desta.
Figura 2.4.
- usar revestimentos.
- adicionar inibidores de corrosão.
Qualquer um destes mecanismos conduz ao aparecimento de uma falha no filme gerando uma área
anódica ( o metal no local da falha) e uma área catódica ( superfície do filme não afetada).
- A etapa de propagação que segue a nucleação do pite é resumida na figura 2.5., a saber:
Os íons Mz+ gerados provocam a migração dos íons Cl- por dentro do pite (devido à mobilidade dos
íons Cl- ser superior à mobilidade dos íons OH-) → aumento da concentração de MClz dentro do pite
A figura 2.7. representa as curvas de polarização do ferro em soluções de pH 7 sem e com a presença
de íons Cl-.
- Pode-se observar que o ferro, na solução sem Cl-, apresenta uma região de passivação que se estende
até o potencial de evolução do oxigênio.
- Na solução contendo íons Cl-, a região de passivação é mais estreita e se observa a partir de um certo
potencial ER , chamado potencial de ruptura ( de pites ou de “breakdown”), um aumento da corrente.
Este aumento é devido à corrosão por pites. Este potencial favorece a adsorção dos íons Cl-.
- Nota-se também que quando se varre o potencial no sentido dos potenciais negativos após ter iniciado
pites, há um histerese na curva de polarização. O pite uma vez nucleado continua se desenvolver
mesmo abaixo de ER , até o potencial de repassivação EI.
Mais extensa a região entre EP e ER, mais resistente é o material à corrosão por pites.
Figura 2.7.: Curvas de polarização do ferro em soluções de pH7 com e sem íons Cl- com
ER - potencial de ruptura ( breakdown)
EI - potencial de repassivação
Eb - potencial de equilíbrio H2O/O2
Ec - potencial de equilíbrio Fe/Fe2+ 10-6 M
Ea - potencial de equilíbrio H2/H+ pH = 7
Ep - potencial de pré-passivação - equilíbrio Fe2+ /Fe2O3
Os potenciais de ruptura variam de metal para metal. Na tabela 2.4. são apresentados alguns valores
obtidos em solução de NaCl 0,1M a 25°C.
Tabela 2.4.: Potenciais de ruptura em NaCl 0,1M a 25°C
Metal ou liga ER (V/ENH)
Al -0,37
Ni 0,28
Zr 0,46
Aço inox. 18-8 0,26
Fe-30Cr 0,62
Fe-12Cr 0,20
Cr >1,0
Ti >1,0 (1M NaCl)
Ti 8 a 12 em água do mar
As figuras 2.8. e 2.9. mostram que traçando curvas de polarização em soluções de vários pH com e
sem a presença de íons cloretos pode-se dividir a região de passivação total ( figura 2.8.) em três
regiões: de passivação perfeita, de passivação imperfeita e de corrosão por pites ( figura 2.9.).
A figura 2.10. mostra as regiões de corrosão por pites e de passivação do ferro para concentrações de
íons Cl- de 10-3 a 1M.
Figura 2.10.: Regiões de corrosão por pites e de passivação do ferro para várias concentrações de Cl-
Estudo estatístico:
A figura 2.14. mostra que a curva Número de pites versus Profundidade dos pites segue uma lei
gaussiana. Vale salientar que é a profundidade máxima de pite que dá a resistência a corrosão por pites.
Na mesma figura observa-se que a probabilidade de ter um pite de uma dada profundidade aumenta
com a área exposta.
Estes dois fatos implicam dificuldades na previsão da resistência à corrosão por pites por ensaio de
laboratório (área exposta pequena) e também na avaliação quantitativa deste tipo de corrosão.
Figura 2.14.: Número de pites versus Profundidade de pites e Probabilidade de ter um pite de uma dada
profundidade versus Área da amostra
No entanto a resistência à corrosão por pites de um dado material pode ser feita considerando:
- forma: obtida por corte transversal
- densidade: número de pites/m2
- tamanho: mm2
- profundidade: mm
segundo a norma ASTM G-46 ( figuras 2.15. e 2.16)
No inicio, as reações anódicas e catódicas ocorrem em toda a superfície metálica, inclusive dentro da
fresta.
M → Mz+ + ze
H2O + 1/2O2 + ze → 20H-
→ Consumo de O2 na fresta que não é renovado (ausência de renovação do eletrólito por convecção).
→ Após um certo tempo, a reação catódica pará na fresta. Como a área dentro da fresta é pequena em
relação à área externa, a taxa total de redução de O2 quase não varia. Embora a reação de redução cessa
dentro da fresta, a corrosão de M continua nesta região.
→ Excesso de carga positiva Mz+ dentro da fresta.
→ Atração de Cl- e formação de MClz
→ Hidrólise de MClz ⇒ pH diminui
→ Aceleração do processo corrosivo dentro da fresta.
- Os metais e ligas que dependem da formação de filmes passivantes são particularmente suscetíveis à
corrosão por frestas. Sua resistência a este tipo de corrosão será tanto maior que:
- região de transição ativo-passivo estreita
- densidade de corrente crítica baixa
- região passiva extensa.
- Os fatores importantes na corrosão por frestas são a composição da liga e a geometria da fresta
(profundidade e abertura) ( figura 2.18. e 2.19.). Como pode-se observar, a adição de Cr, Ni e Mo
favorece a resistência à corrosão por frestas. Maior a abertura e/ou menor a profundidade da fresta,
maior será a resistência à corrosão por frestas. A partir de uma certa abertura não ocorrerá mais
corrosão por frestas porque será possibilitada a renovação do eletrólito dentro da fresta por convecção.
A convecção forçada ( por agitação da solução ou
pelo aumento da velocidade de escoamento do fluído) diminuirá também a possibilidade de ter
corrosão por frestas.
Figura 2.18.: Efeito da abertura da fresta sobre o tempo previsto para o início
da corrosão por frestas em água do mar
Ocorre durante o tratamento térmico a formação de carbetos de cromo (Cr23C6) estáveis e insolúveis
nos contornos de grão ( figura 2.20.).
→ regiões adjacentes aos contornos com menor teor de Cr, então com menor resistência à corrosão
( figura 2.21.). Nesta figura pode-se constatar que abaixo de 12% Cr, a liga apresenta alta velocidade
de corrosão.
- adição de elementos mais suscetíveis a formar carbetos como Ti, Nb, Ta do que Cr. Os teores
utilizados são: Ti/C = 5/1 e (Nb + Ta)/C = 10/1. Estes aços (por exemplo 347, 321...) são ditos
estabilizados e suas composições químicas estão
apresentadas na tabela 2.6.. As faixas de
temperatura de precipitação e dissolução dos carbetos de cromo e de nióbio são apresentadas na tabela
2.7..
- Durante a soldagem, os aços atingem temperaturas elevadas nas regiões próximas do metal fundido.
Estas regiões podem ficar um certo tempo na faixa de temperatura de sensibilização , suficiente para a
precipitação dos carbetos de cromo e consequentemente tornar as regiões adjacentes aos contornos de
grãos suscetíveis a corrosão intergranular. As figuras 2.25. e 2.26. mostram o perfil das temperaturas
atingidas em várias regiões de duas chapas de aço inoxidável 304 durante uma operação de soldagem
em função da distância ao cordão de solda e do tempo bem como as regiões sensibilizadas.
A minimização da suscetibilidade à corrosão intergranular em torno de solda pode ser feita pelos
mesmos métodos descritos anteriormente.
Ocorre também nas regiões adjacentes ao cordão de solda mas nos aços inoxidáveis estabilizados (aços
com Ti e Nb + Ta). As regiões que podem se tornar suscetíveis à corrosão intergranular em faca são
apresentadas na figura 2.27..
Durante a soldagem, a região adjacente ao cordão de solda está na faixa de temperaturas de
solubilização dos carbetos de Nb (ou Ti).
- Com um resfriamento rápido (caso de chapas finas), não há tempo para precipitação dos carbetos de
Nb (ou Ti) quando a temperatura passa pela faixa correspondente. Se durante o uso destas chapas, o
material fica na região de sensibilização ( ou seja, de precipitação dos carbetos de Cr) durante um
tempo suficiente, haverá precipitação de carbetos de Cr nestas regiões → O material se tornará
suscetível à corrosão intergranular.
- Com resfriamento lento após a operação de soldagem, haverá tempo suficiente para a precipitação
dos carbetos de Nb ( ou Ti) e não haverá problema posterior nestas regiões quanto à corrosão
intergranular.
Minimização: aquecer o material na faixa de temperatura de dissolução dos carbetos de cromo
eventuais e de precipitação dos carbetos de Nb (ou Ti).
- Este tipo de corrosão ocorre sob o efeito conjugado de tensões e do meio corrosivo.
- O material é geralmente pouco atacado na maior parte da sua superfície quando as trincas se
propagam.
-É um tipo de corrosão perigoso porque geralmente só se observa quando ocorre a ruptura do material.
- As trincas tem a aparência de uma fratura mecânica frágil, apesar de serem resultados de um processo
corrosivo.
As trincas podem ser intergranulares ou transgranulares. Para um mesmo material, pode ter os dois
modos de propagação dependendo do meio no qual o material está imerso.
As trincas se propagam perpendicularmente à tensão aplicada e podem ser com ou sem ramificação.
Efeito da tensão
São necessárias tensões de tração ou aplicadas em serviço ou residuais ( trabalho a frio, tratamento
térmico, soldagem, produtos de corrosão)
Há um mínimo de tensão a ser aplicado para ter corrosão sob tensão. Este minímo depende da
temperatura, da composição do material e do meio corrosivo, entre outros fatores.
As figuras 2.28., 2.29 e 2.30 mostram a influência das tensões aplicadas ou residuais ( deformação do
retículo cristalino do material) sobre o tempo necessário para a ocorrência da ruptura. Observa-se que
maior a tensão aplicada ou residual, menor o tempo para a ruptura. Existe um mínimo de tensão abaixo
do qual não haverá ruptura do material dentro de um tempo finito. Este mínimo depende da natureza
do
material e da sua composição. Em alguns casos tem sido observado que a tensão mínima é tão baixa
quanto 10% do limite de escoamento e em outros casos superior a 70% da tensão de escoamento.
Figura 2.28.: Influência da tensão aplicada sobre o tempo necessário para a ocorrência da ruptura por
corrosão sob tensão de alguns aços inoxidáveis em soluções de 42% MgCl2 em ebulição
Figura 2.29.: Influência da tensão aplicada sobre o tempo necessário para a ocorrência da ruptura por
corrosão sob tensão de dois latões em vapores de NH4OH
As figuras 2.31. e 2.32. mostram que a composição química tem influência sobre a resistência à
corrosão sob tensão tanto a nível de elemento de liga bem como também a nível de impureza. As
figuras 2.28. e 2.29. mostravam que dentro de um mesmo grupo de materiais ( no caso aços
inoxidáveis e latões), havia influência da composição química.
Figura 2.31.: Efeito do teor de arsênio sobre o trincamento por corrosão sob tensão
do cobre em atmosfera amoniacal úmida.
Figura 2.32.: Efeito do teor de níquel sobre o trincamento por corrosão sob tensão de arames de ligas
Fe-18Cr-Ni em solução de 42% MgCl2 em ebulição
Efeitos metalúrgicos
A corrosão sob tensão ocorre geralmente em ligas. Mas já foi observada corrosão sob tensão de metais
puros (como Cu 99,999% em soluções amoniacais contendo Cu(NH3)52+).
A susceptibilidade à corrosão sob tensão é afetada além da composição química, pela orientação
preferencial dos grãos, composição e distribuição de precipitados, interações das discordâncias entre
outros fatores.
A corrosão sob tensão é influenciada por fatores geométricos, como rugosidade, ondulações e micro-
irregularidades e por fatores mecano-metalúrgicos como estrutura da película e deformação plástica. A
tabela 2.8. mostra a influência do acabamento superficial sobre o tempo para ocorrência da ruptura de
vários aços com acabamentos superficiais diferentes em soluções de Ca(NO3)2 + NH4NO3. Observa-se
que melhor o acabamento superficial , maior será o tempo necessário para a ruptura. O acabamento
superficial diminui os pontos de concentração de tensão.
Tabela 2.8.: Influência do estado superficial sobre a resistência à corrosão sob tensão
Efeito do meio
- Muitas vezes, um material na ausência de tensão é quase inerte no meio que causa corrosão sob
tensão.
- A corrosão sob tensão ocorre em condições Metal/Meio extremamente específicos como mostra a
tabela 2.9..
- Geralmente as espécies responsáveis pela corrosão sob tensão não precisam estar presentes em alta
concentração.
Tabela 2.9.: Influência da composição do meio sobre a ocorrência da corrosão sob tensão.
Efeito do tempo
A figura 2.33. mostra que sob carga constante a velocidade inicial de propagação da trinca evolui
pouco com o avanço da trinca.
À medida que a trinca se propaga a secção transversal do material diminui, o que faz aumentar a tensão
aplicada e a velocidade de propagação da trinca aumenta até a ruptura quando a tensão se torna
superior ao limite de ruptura.
Quanto ao alongamento do material, no início, a abertura da trinca é pequena e ocorre pouca mudança
no alongamento. Nos últimos momentos, a trinca se abre. Antes da ruptura, há uma forte deformação
plástica e grande variação do alongamento ( figura 2.34).
Efeito da temperatura
- Geralmente a corrosão sob tensão é acelerada quando a temperatura aumenta como pode ser visto na
figura 2.35..
Os vários mecanismos da corrosão sob tensão podem ser representados como mostrado na tabela 2.10.
Ex.1: Aço carbono em NO3-: início das trincas nos contornos de grãos onde os carbetos de ferro são
catódicos em relação à ferrita. As trincas são intergranulares.
Ex.2: Ligas de Al em Cl-: os caminhos preferenciais podem ser, além dos contornos (presença de
precipitados para endurecimento), as regiões adjacentes aos mesmos empobrecidas em elementos de
liga. As trincas são intergranulares.
Se o óxido for frágil ou o degrau grande, haverá ruptura do filme quando o material for tensionado,
gerando uma região anódica ( metal nu) e uma região catódica ( metal com filme passivante).
- Se a repassivação for lenta, haverá corrosão na região anódica ( figura 2.36.) e a trinca
avançará porque haverá concentração de tensão nesta região.
- Se a repassivação for rápida, a região anódica se recobrirá do filme de óxidos e não haverá
corrosão sob tensão ( figura 2.37.).
Se o filme protetor for plástico ou o degrau pequeno, não haverá ruptura do filme e então nenhuma
corrosão sob tensão ocorrerá ( figura 2.38.).
Figura 2.36.
Figura 2.37.
Figura 2.38.
Ex.2: Ligas de Ti
Mecanismo de corrosão sob tensão devido à formação de hidretos ( parte 2.7.).
Prevenção:
- Diminuir a tensão até abaixo do valor limite
- Eliminar as espécies provocando a corrosão sob tensão
- Trocar de material se este não resistir à corrosão sob tensão no meio a ser utilizado
- Usar métodos de proteção catódica , se o material não for suscetível à corrosão sob tensão induzida
por hidrogênio
- Usar inibidores de corrosão
Num processo corrosivo onde a reação catódica corresponde à redução dos íons H+, podemos ter:
H+ + e → Hads
e 2Hads → H2 ou H+ + Hads + e → H2
Qualquer que for o mecanismo, sempre Hads ( H adsorvido na superfície metálica) é envolvido.
O Hads ,em vez de conduzir à formação de uma molécula de H2, pode também difundir dentro do metal.
Se H difundir até um vazio, defeito comum em aços, ele poderá se combinar com um outro H que
também difundiu até o vazio e lá formar uma molécula de H2.
Como H2 não difunde no metal, esta molécula ficará no vazio. Se outras moléculas continuam se
formando no vazio, a pressão de H2 dentro do vazio aumentará. Esta pressão pode chegar a algumas
atmosferas, pressão suficiente para deformar e posteriormente romper o material. Este tipo de dano é
irreversível porque não é possível retirar o H2 por dentro do material.
Este tipo de dano é mais frequente na indústria de petróleo (em tanques de estocagem e em processos
de refino), onde H pode ser gerado pela reação:
H2S + Fe → FeS + 2H
Neste caso, ocorre também a difusão do Hads na estrutura metálica, mas não há recombinação dos H
para formar H2.
- Para Ti, Zr, V, Pd, o H reage com o metal para formar hidretos .
Esta precipitação de hidretos usualmente introduz uma distribuição de partículas frágeis através do
metal que interrompem a continuidade do material .
A precipitação dos hidretos pode ser acompanhada também de mudanças de volume que induzem
tensões internas iniciadoras de fraturas.
Este tipo de fragilização cresce com o aumento da velocidade de solicitação mecânica e é parecido com
os tipos de fragilização ao impacto observados para muitos metais a baixas temperaturas.
Este tipo de fragilização é irreversível porque as tensões internas geradas pelos hidretos formados
podem ser suficientes para romper o material mesmo sem aplicação de tensões externas.
- Para outros metais (Fe, aço), o H dissolvido reagiria com as discordâncias dificultando seus
movimentos quando o metal é tensionado. (acúmulo de H nos planos de deslizamento das
discordâncias). Isto dificulta a deformação plástica e pode levar à ruptura frágil.
Este tipo de fragilização necessita da presença simultânea de tensões e de hidrogênio. A eliminação do
hidrogênio antes da aplicação da tensão restaura a dutilidade do metal.
É chamado de fragilização reversível.
Figura 2.40.: Efeito do tempo de tratamento térmico do aço 4340 a 150°C sobre
a relação tensão-tempo para ocorrência da ruptura
Características gerais:
- A falha por corrosão sob fadiga ocorre quando um metal ou liga é submetido a tensões cíclicas num
meio corrosivo.
- Há a formação de uma pequena trinca ( ponto da concentração de tensões) e propagação da trinca
na direção perpendicular à tensão.
- Após um certo tempo (que pode chegar a milhões de ciclos), a área se reduz de tal modo que ocorre a
fratura repentina do material. O aspecto da região de fratura é representado na figura 2.41..
Figura 2.41.: Aspecto da região de fratura de um material que rompeu por corrosão sob fadiga.
- Os materiais sujeitos à corrosão sob fadiga são aqueles que possuem uma camada protetora (óxidos
por exemplo). As fraturas sucessivas que ocorrem durante a propagação da trinca rompem as camadas
protetoras levando as regiões descobertas à corrosão.
- O processo se caracteriza pelo desaparecimento do limite de fadiga, que existe em materiais
submetidos a ensaios de fadiga ao ar ( figura 2.42.). Mesmo para baixas tensões ( inferiores ao limite
de fadiga do material ao ar), haverá um certo número de ciclos conduzindo a ruptura do material no
meio corrosivo.
- O dano causado por solicitação mecânica cíclica mais o meio é maior do que o dano causado por cada
um separadamente.
- Frequentemente, o ponto de tensão onde se inicia a trinca é um pite formado inicialmente na
superfície do metal.
- As trincas são geralmente transgranulares.
- Frequência de vibração (ao contrário da fadiga ao ar), porque o fenômeno de corrosão depende do
tempo. Para baixas frequências, o tempo de contato entre o metal e o meio é maior → corrosão sob
fadiga favorecida.
- Meio: os meios não são específicos (como para a corrosão sob tensão). A resistência a corrosão sob
fadiga está mais relacionada com a resistência à corrosão do que com a resistência mecânica.
Mecanismo
Ocorrência
- Este tipo de corrosão é devido à deterioração das películas protetoras recobrindo certos metais e ligas
resultante de forças de turbulência do meio corrosivo em movimento (ação abrasiva dos fluidos que
podem ser devido a partículas sólidas como produtos de corrosão, sais insolúveis, pós, ...)
- Ocorre a formação de uma região anódica pequena ( metal nu) e consequentemente a corrosão
acentuada nesta região.
- Ocorre geralmente em tubulações (estrangulamentos ou desvios de fluxos), cotovelos, curvas...
- Geralmente maior a velocidade do fluído, maior será a ocorrência da corrosão-erosão ( tabela 2.11.).
- Quando se aumenta a temperatura de uma fase líquida a pressão constante, o líquido passa ao estado
de vapor.
- Igualmente quando se diminui a pressão a temperatura constante, o líquido passa ao estado de vapor.
É este último fenómeno que ocorre em fluido com alta velocidade sob certas condições. É a cavitação.
Características gerais
Proteção
Denzincificação
- A dezincificação é observada em latão amarelo (Cu70 - Zn30) pela cor avermelhada (ou de cobre) ou
branca (produto de corrosão do zinco).
- Existem dois tipos de dezincificação:
- uniforme (geralmente em latão com alto teor de Zn)
- em forma de alvéolos ( em latão com baixo teor de Zn)
- A dezincificação ocorre em latão com alto teor de Zn (> 35%) onde existem duas fases, a fase α rica
em Cu e a fase β rica em Zn, em latão Cu70 - Zn30 mal recozido onde há pequenas quantidades de
fase β entre os grãos da fase α. Isto é obtido quando se faz um resfriamento rápido a partir do estado
líquido. Raramente ocorre a dezincificação em latão vermelho (15%Zn).
- Outro mecanismo proposto: corrosão seletiva do Zn que leva a uma estrutura porosa de cobre
segundo:
Zn → Zn2+ + 2e
H2O + ½O2 + 2e → 2OH
Este mecanismo não é provado.
O argumento contra é que seria impossível ou muito lenta esta reação de corrosão do Zn para grandes
profundidades devido à dificuldade da difusão da solução e dos íons através de um labirinte de
pequenas lacunas. É observado na prática que a dezincificação pode atingir profundidades
significativas, o que está em contradição com este mecanismo.
- Não há grande variação das dimensões das peças que sofrem este tipo de corrosão mas o latão se
torna poroso e tem pouca dutilidade.
- Ocorrência: trocadores de calor, condensadores e tubulações de latão que conduzem água do mar.
Grafitização
- a grafitização ocorre no ferro fundido cinzento ( 2-4% C) que é constituido de ferrita com flocos de
grafite. A ferrita sofre corrosão enquanto o grafite fica intacto.
- Forma-se uma pilha galvánica entre o grafite ( catodo) e a matriz de ferrita ( α-Fe). A ferrita (anodo)
se corroí deixando flocos residuais de grafite.
- Como no caso da dezincificação, não há perda dimensional mas sim das características mecânicas.
- Ocorrência: tubulações de ferro fundido cinzento enterradas sofrem grafitização devido ao ataque da
ferrita por H2S gerado pela redução de sulfatos por bactérias.
(b)
(a)
8/ Calcule a variação de energia livre padrão ∆Go da reação seguinte a partir dos
potenciais padrão e diga qual é o sentido espontâneo da reação:
2Cr3+ + 6 Fe3+ + 7H2O ⇔ Cr2O72- + 6Fe2+ + 14H+
2+ 3+
Dados: Eo Fe /Fe = 0,77 V ; Eo Cr3+/Cr2O72- = 1,33 V ; F = 96487 C
9/ A partir dos potenciais-padrão em meio ácido dos sistemas MnO2/MnO4- e Mn2+/MnO2,
calcule o potencial-padrão do sistema Mn2+/MnO4-.
Dados: Eo MnO2/MnO4- = 1,679 V ; Eo Mn2+/MnO2= 1,208 V
Trace na figura 1 E versus Ln [ An+1] / [A+1] e a partir da lei de Nernst e dos dados,
determine o valor de n e o valor do potencial-padrão do sistema A+1/An+1.
-1 -1
Dados: R = 8,32 J.K .mol ; F = 96487 C
-0,090
-0,095
-0,100
-0,105
-0,110
E ( V/ENH )
-0,115
-0,120
-0,125 Fig.1
-0,130
-0,135
-0,140
-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5
n+1 +1
Ln ( [A ] / [A ] )
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
1,0 1,0
0,5 0,5
-1,0 -1,0
-3,0 -3,0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
pH
Respostas Lista 1 -2002
- - -
1/ ClO2 + H2O + 2e ⇔ ClO + 2OH
+3 -2 +1 -2 +1 –2 -2 +1
11/ a/ Cu2+ + 2e ⇔ Cu
E = - (Gº Cu - Gº Cu2+) / 2F + 0,059/2 . log [Cu2+] = + 0,159 V
b/ Cu2O + 2H+ + 2e ⇔ 2Cu + H2O
E = - (2Gº Cu + Gº H2O – Gº Cu2O - 2 Gº H+ )/ 2F + 0,059/2 . log ([H+]2)
E = + 0,467 – 0,059 pH (V)
c/ Cu2+ + H2O ⇔ CuO + 2H+
∆G° = -RT Ln K
Gº CuO + 2 Gº H+ - Gº Cu2+ - Gº H2O = -RT Ln ([H+]2/[Cu2+])
[H+] = 1,28x10-7 → pH = 6,89
12/
[A +1] (M) 0,244 0,488 0,732 0,854
[A n+1] (M) 0,756 0,512 0,268 0,146
E ( V/ENH) - 0,101 - 0,116 - 0,129 - 0,139
Ln [ An+1] / [A+1] 1,131 0,048 -1,004 -1,766
-0.090
-0.095 dados
-0.100 ajuste linear
-0.105
-0.110
E (V/ECS)
-0.115
-0.120
-0.125
-0.130
-0.135
-0.140
-2.0 -1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5
n+1 +1
Ln([A ]/[A ])
10-14 10-13 10-12 10-11 10-10 10-9 10-8 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1
0,1 0,1
0,0 0,0
-0,1 -0,1
-0,2 -0,2
-0,3 -0,3
Sobrepotencial (V)
-0,4 -0,4
-0,7 -0,7
-0,8 -0,8
-0,9 -0,9
-1,0 -1,0
-1,1 -1,1
10-14 10-13 10-12 10-11 10-10 10-9 10-8 10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1
i (A.cm-2)
red. Ox 2 /M
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
E (V/ENH)
0.0 0.0
Fig.2
-0.2 -0.
-0.4 -0.
-0.8 -0.
C.pol.anód. N
-1.0 -1.
red. Ox1/N red. Ox1/M red. Ox1/P
I (A)
0.6 0.6
0.4 0.4
0.2 0.2
E (V/ENH)
-0.2 -0.2
-0.4 -0.4
-0.6 z+ -0.6
N/N
-0.8 z+ -0.8
M/M
-1.0 -1.0
-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
I (A)
5/ Sabendo que a taxa de corrosão do chumbo em HCl 10% a 25°C é de 0,56 mm/ano e há
formação de íons Pb2+, calcule a taxa de corrosão do Pb em g.cm-2.h-1 e a densidade de
corrente de corrosão em µA.cm-2.
Dados: MPb = 207,2 g ; d Pb= 11,4 g.cm-3 ; F = 96 487 A.s .
0.5
E (V/ECS)
0.0
Fig.4
-0.5
-1.0
1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 0.01
-2
i (A.cm )
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
1,0 1,0
0,5 0,5
Fig.5
-1,0 -1,0
-3,0 -3,0
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16
pH
Respostas Lista 2 -2002
1/
0.1
-13 -2
0.0 io= 3.10 A.cm
-0.1
inclinação dη /d log i = bc
-0.2
bc=-0,106 V/década
Sobrepotencial (V)
-0.3
-0.4
-0.5
Fig.1
-0.6
-0.7
-0.8
-0.9
-1.0
-1.1
-14 -13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
-2
i (A.cm )
2/ 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
red. Ox 2 /M
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 D 0.4
0.2 0.2
E (V/ENH)
0.0 0.0
A Fig.2
-0.2 -0.
E
-0.4 -0.
I (A)
a/ M sozinho e N sozinho em soluções contendo unicamente o oxidante Ox1
Corrosão de M (ponto A): i = 3.10-8 A.cm-2
Corrosão de N (ponto B): i = 2 a 3.10-7 A.cm-2
d/ N(área 1 cm2) ligado a P (área 1 cm2) em soluções contendo unicamente o oxidante Ox1
Corrosão de N (ponto E): i = 2.10-4 A.cm-2
3/
-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
1.0 1.0
2+ 3+
Fe /Fe /M
0.8 0.8
0.6 0.6
0.4 0.4
N 10cm
2 Fig.3
0.2 0.2
E (V/ENH)
-0.2 B F 2 -0.2
Pt 10cm
-0.4 -0.4
-0.6 N/N
z+ E -0.6
D C
-0.8 2 A -0.8
N 10cm M/M
z+
-1.0 -1.0
-13 -12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3
10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
I (A)
d/ M (de área 1 cm2) ligada à platina (de área 10 cm2) em soluções de HCl sem a presença
do oxidante Fe3+
Corrosão de M (ponto F): i = 2.10-2 A.cm-2
4/ Reação: Al → Al3+ + 3e
i corr .t 15.10−6 x 3600
.M = x 27 = 5,03.10-6 g.cm-2.h-1
3F 3x96487
5,03.10−6
.24.365.104 = 163 µm/ano
2,7
5/ Reação: Pb → Pb2+ + 2e
Taxa = 0,56 mm/ano ⇒ Taxa = 0,056 x 11,4 = 0,638 g.cm-2/ano
Taxa = 0,638/(365 x 24 ) = 7,28. 10-5 g.cm-2.h-1
i corr .t i .3600
.M = corr x 207,2 = 7,28.10 −5 ⇒ icorr = 1,88.10-5 A.cm-2 = 18,8 µA.cm-2
2F 2x 96487
6/
1.0
o
Ti-20%H2SO 4-25 C
0.5
ipass passivo
E (V/ECS)
0.0
Fig.4
icrit
-0.5 anódica icorr ativo
Ecorr
catódica
-1.0
1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 0.01
-2
i (A.cm )
Fig.5
Reação: Ti → Ti3+ + 3e
i corr .t M 10 −4 x3600 x 24 x 365 47,9
. = x x10 4 = 1 157 µm/ano
3F d 3x96487 4,51
Degradação e Proteção de Materiais
Lista 3
0.1
0.0
-0.1
-0.2
E (V/ENH)
-0.3
-0.4 Fig. 1
-0.5
-0.6
-0.7
-0.8
-0.9
0.0 -5
2.0x10 4.0x10
-5
6.0x10
-5
8.0x10
-5
1.0x10
-4
1.2x10
-4
1.4x10
-4
-2
i (A.cm )
ox.M
-0,3
-0,4
ox.N
E (V/ECS)
-0,5
-0,6 Fig.
2
-0,7
-0,8
red./N red./M
-0,9
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2
10 10 10 10 10 10 10 10
I (A)
I (A)
5/ Um inibidor de adsorção foi adicionado num meio corrosivo para proteger uma estrutura
metálica da corrosão. Sabendo que a porcentagem de cobertura da área anódica pelo
inibidor foi de 80% e da área catódica de 95%, calcule qual foi a redução da taxa de
corrosão do metal em porcentagem e a variação do potencial de corrosão da estrutura
metálica. Considerar que os coeficientes de Tafel anódico e catódico ficam constantes e
iguais respectivamente a 0,060 V/década e -0,120 V/década
-0.05
-0.15
-0.20
E (V/ENH)
-0.25
Fig. 4
-0.30
-0.35
-0.40
-0.45
-6 -5 -4 -3 -2 -1
10 10 10 10 10 10
-2
I (A.cm )
Degradação e Proteção de Materiais
Lista 4
Oxidação
2a/ A partir da variação de energia livre de formação de CoO, calcule a pressão de oxigênio
a partir da qual este óxido se forma sobre o Co a 1000°C.
Dados: Co + ½ O2 ⇔ CoO ∆G° = -235 900 + 71,5 T (J)
-1 -1
R = 8,32 J.K .mol
b/ A partir do diagrama de Ellingham (figura 1) mostre seu procedimento para obter
rapidamente esta pressão sem cálculo.
log PO (atm)
0K 2
O 0 0
Ni/NiO -1
-2
Cu/Cu2O -3
-50 Co/CoO
-4
Cr/Cr2O3
∆ Go (kcal/mol de O2)
-6
-100
-8 Fig. 1
H
C -10
-150
-12
Ti/TiO2
-14
-200
-16
0 500 1000 1500 2000 2500
o
Temperatura ( C) -18
-30 -28 -26 -24 -22 -20
3/ A partir da variação de energia livre do equilíbrio CuS/Cu2S, calcule a pressão de
enxofre a partir da qual os dois sulfetos se formam sobre o Cu a 800K.
Dados: 2Cu2S + S2 ⇔ 4CuS ∆G° = - 180 000 + 200 T (J)
R = 8,32 J.K-1.mol-1
5/ Para temperaturas abaixo de cerca 1100°C, o óxido de cromo Cr2O3, acredita-se, possui
lacunas catiônicas com três cargas VCr′′′ compensadas por buracos de elétrons h . Escreva o
equilíbrio entre estes defeitos iônicos e eletrônicos e determina suas concentrações como
uma função da pressão parcial de oxigênio.
6/ Considerando que o óxido de chumbo, PbO2, possui interstícios catiônicas com duas
cargas positivas compensadas por elétrons, escreva o equilíbrio entre estes defeitos iônicos
e eletrônicos e determina suas concentrações como uma função da pressão parcial de
oxigênio.
10
Ni-Cr ao ar
o
a 1000 C
8
constante parabólica k
kNi
6 Fig.2
0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20
%Cr / (%Cr+%Ni)
8/ O Zn quando exposto ao ar a altas temperaturas se oxida formando ZnO, óxido do tipo-n
com interstícios de Zn com duas cargas e elétrons. A tabela 1 apresenta as constantes
parabólicas de oxidação do Zn e das ligas Zn-0,4Li e Zn-1Al a 390°C ao ar.
log PO (atm)
0K 2
O 0 0
Ni/NiO
Cu/Cu2O -1
CO/CO2
-2
-3
-50
-4
∆G (kcal/mol de O 2)
H2/H2O -6
-100 Fig.3
-8
H
C -10
-150
o
C/CO -12
Ti/TiO2
-14
-200
-16
0 500 1000 1500 2000 2500
o
Temperatura ( C)
A partir da energia livre-padrão do equilíbrio: 2CuO (s) ⇔ Cu2O (s) + ½ O2 (g)
∆G° = (34 950 + 6,1 T.log T – 44,3 T ). 4,18 ( em J)
calcule a pressão parcial de O2 correspondente a este equilíbrio a 1000°C.
Com estes dados, dê as faixas de pressão parcial de O2 nas quais não se formarão oxidos, se
formará unicamente Cu2O e se formarão os dois óxidos de cobre.
1E -7
C onstante parabólica k (g .cm .s )
-1
9E -8
8E -8
-4
7E -8
6E -8
2
5E -8
4E -8
3E -8
Fig.4
2E -8
o
C obre em atm osfera de O 2 a 1000 C
1E -8
1E -3 0.01 0.1 1
Pressão O 2 (atm )
Respostas Lista 4-2002
log PO (atm)
0K 2
O 0 0
Ni/NiO -1
-2
Cu/Cu2O -3
-50 Co/CoO
-4
Cr/Cr2O3
∆ Go (kcal/mol de O2)
-6
-100
-8 Fig. 1
H
A
C -10
-150 B
-12
Ti/TiO2
-14
-200
-16
0 500 1000 1500 2000 2500
o
Temperatura ( C) -18
-30 -28 -26 -24 -22 -20
Constante de equilíbrio: K=
[V ] x[h ]
'' ' 2
Cr
. 6
PO 23 / 2
Neutralidade elétrica: 3 VCr[ ] []
'' '
= h. ⇒
K=
[V ] x3 [V ] = [V ] x3
' '' 2
Cr
6 '' ' 6
Cr
'' ' 8
Cr
6
[ ]
' ''
⇒ VCr
8
[ ]
proporcional a PO 23 / 2 ⇒ VCr
' ''
proporcional a PO 23 / 16
3/ 2 3/ 2
PO 2 PO 2
[]
e h . proporcional a PO 23 / 16
6/ PbO2 possui interstícios catiônicas com duas cargas positivas Pb..i compensadas por
elétrons e' XPR[LGRWLSRQ
Equilíbrio: PbPb + 2 OO ⇔ Pb..i + O2 + 2e’
Constante de equilíbrio: K = Pb..i xPO 2 x e' [ ] [] 2
[ ]
K = Pb..i xPO 2 x 4 Pb..i [ ] 2
= 4PO 2 Pb..i[ ] ⇒ [Pb ]
3 .. 3
i [ ]
proporcional a PO 2 −1 ⇒ Pb..i proporcional a PO 2 −1 / 3 e
[e ]proporcional a P
'
O2
−1 / 3
''
7/a/ NiO é um óxido tipo–p com defeitos catiônicos e eletrônicos, V Ni e h .
Equilíbrio: NiNi + 1/2 O2 ⇔ NiO + V ' ' + 2 h Ni
Constante de equilíbrio: K =
[V ]x[h ]
''
Ni
. 2
PO 21 / 2
.
Dopagem com Cr ⇒ defeitos CrNi
Neutralidade elétrica: [ ] [ ] [ ] ''
2 VNi = h . + Cr Ni
.
b/ A partir de 15% Cr, k adquire um valor muito baixo porque se forma uma camada
contínua de um só óxido Cr2O3 , que tem uma velocidade de crescimento muito baixa por
conter poucos defeitos iônicos(ver figura 2 – região B).
.
10
Ni-Cr ao ar
o
a 1000 C
8 A
2
B
0
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 0.20
%Cr / (%Cr+%Ni)
[ ]
K = Zn..i xPO 21 / 2 x Al.Zn [ ] ⇒ [Zn ]proporcional a [Al ]
2 ..
i
.
Zn
-2
[ ]
⇒ Zn ..i diminui com a quantidade de dopante
Como a velocidade de oxidação aumenta com o aumento da concentração de defeitos
iônicos (interstícios de Zn aqui) e como esta concentração diminui com a dopagem pelo Al,
temos uma diminuição da velocidade de oxidação com a adição de Al ao Zn .
log PO (atm)
0K 2
O 0 0
Ni/NiO
Cu/Cu2O -1
CO/CO2
-2
-3
-50
-4
∆G (kcal/mol de O2)
H2/H2O -6
A
-100
-8 Fig.3
H
C -10
-150
o
C/CO -12
Ti/TiO2
-14
-200
-16
0 500 1000 1500 2000 2500
o
Temperatura ( C)
P < 10-7 atm 10-7 < P < 0,122 atm P > 0,122 atm
b/ O óxido Cu2O é do tipo-p, os defeitos sendo lacunas catiónicas majoritariamente sem
carga VCu e lacunas de elétrons h .
Equilíbrio: 2CuCu + 1/2 O2 ⇔ Cu2O + 2 Vcu
Constante de equilíbrio: K =
[VCu ] 2
PO 21 / 2
⇒ [VCu ] proporcional a PO 21 / 4
Como a constante de crescimento do filme k segue uma lei em função da pressão de O2
similar à lei entre a concentração de defeitos iônicos e a pressão de O2,
⇒ k proporcional a PO 21 / 4
Os dados da figura 4 mostram uma relação linear entre log k e log PO2 até cerca 0,1 atm e
após 0,1 atm, k fica independente de PO2 . A partir desta pressão de 0,1 atm , próxima da
pressão de 0,122 atm calculada anteriormente, ocorre a formação da camada externa de
CuO.
Até 0,1 atm, os valores de k estão relacionados unicamente com o crescimento de Cu2O. A
partir dos dados abaixo desta pressão (figura 4), a inclinação da reta log k-log PO2 é :
∆ log k log k B − log k A log 8,1.10−8 − log 4,1.10−8
= = = 0,26
∆ log PO 2 log PO 2 B− log PO 2 A log 0,0831 − log 0,0063
⇒ k proporcional a PO20,26
Este valor é próximo de 1/4=0,25 obtido considerando, como defeitos iônicos majoritários,
lacunas de Cu com nenhuma carga. Então, realmente os defeitos majoritários são lacunas
VCu .
A partir de 0,1 atm, como se forma o óxido CuO, o crescimento de Cu2O não depende mais
da pressão externa de oxigênio. Ainda mais, como CuO possui poucos defeitos iônicos, este
óxido quase não cresce. Assim, globalmente o crescimento da camada total de oxidação
(Cu2O + CuO) acima de 0,1 atm não depende mais da PO2.
1E-7
9E-8 B
Constante parabólica k (g .cm .s )
-1
8E-8
7E-8
-4
6E-8
A
2
5E-8
4E-8 Cu2O
Cu 2O +
3E-8
CuO
2E-8 Fig.4
o
Cobre em atmosfera de O 2 a 1000 C
1E-8
1E-3 0.01 0.1 1
Pressão O 2 (atm)
Capítulo 3: Controle da corrosão
O controle da corrosão inclui todas as medidas tomadas em cada etapa desde o projeto até a
fabricação , instalação e utilização do equipamento.
Os diferentes métodos de controle da corrosão podem ser divididos nas seguintes categorias:
- controle no estágio do projeto
- controle pela influência no metal
- controle pela influência no meio
- controle com revestimentos
a/ Seleção de materiais
- No processo, mudar alguns parâmetros ( como temperatura, pH, concentração das espécies
agressivas, velocidade do fluído....) para o tornar menos agressivo, o que possibilitará o uso de um
número maior de materiais.
• soldagem, brazagem
• adesivos
- Alguns exemplos são apresentados nas figuras 3.1.2. e 3.1.3..
Figura 3.1.2.
Figura 3.1.3.
e/ Fatores mecânicos
f/ Acabamentos superficiais
g/ Sistemas protetores
h/ Manutenção
- No estágio do projeto, deve ser feita uma previsão para que a manutencão regular seja feita de
maneira simples e econômica.
• o projeto deve permitir uma inspecção simples das instalações
• as partes a serem inspeccionadas devem ser acessíveis
• a inspecção ou manutenção de uma parte da instalação deve ter a menor influência sobre as
outras partes
• a desmontagem das peças deve ser simples
• o projeto deve prever o acesso de pessoas, ferramentas, luz, ventilação...
i/ Fatores econômicos
Após a seleção de um metal para uso em um dado meio, o comportamento à corrosão do metal pode
ser controlado variando seu potencial neste meio.
Pode ser aplicado um potencial E mais negativo do que o potencial de corrosão Ecorr. É a proteção
catódica.
No caso de metais que se passivam, pode ser aplicado um potencial E mais positivo que Ecorr que
permite proteger o material. É a proteção anódica.
Estes dois metódos que funcionam agindo sobre o potencial do metal são muito usados para proteção
de estruturas e tubos submersos e subterrâneos.
a/ Princípios básicos
Figura 3.2.1.
A proteção catódica por corrente impressa consiste em injetar elétrons para a estrutura a proteger com
auxílio de uma fonte de corrente de maneira a diminuir seu potencial.
A proteção por anodos de sacrifício consiste em conetar a estrutura a um metal menos nobre que se
comportará como anodo, a estrutura sendo catodo, segundo o mesmo princípio descrito para a corrosão
galvánica ( parágrafo 2-2-).
Os anodos usados devem ser altamente resistentes ( inertes) à corrosão. Os mais usados são
apresentados na tabela 3.2.1..
Quando enterrados no solo, os anodos devem ser envolvidos por um enchimento condutor de coque
moído de resistividade máxima de 100 Ωm para:
- facilitar a passagem de corrente do anodo para o solo
- diminuir o desgate do anodo.
Nos anodos:
H2O → 2H+ + ½ O2 + 2e
ou Cl- → ½ Cl2 + e
ou se o anodo não for totalmente inerte AI → AI+ + e
para o grafite C + O2 → CO2
Nos catodos:
H2O + ½ O2 + 2e → 2OH- em meio aerado
2H2O + 2e → H2 + 2OH- em meio não aerado
e M → Mz+ + ze no caso a proteção não for total
As figuras 3.2.4. e 3.2.5. mostram instalações típicas de proteção catódica por corrente impressa em
solos e água do mar.
Figura 3.2.4.: Sistema de proteção catódica por Figura 3.2.5.: Sistema de proteção catódica por
corrente impressa em solos corrente impressa em água do mar
Os anodos usados são de ligas de Mg, Zn e Al cujos potenciais se encontram na região dos potenciais
mais negativos nas séries galvánicas. As tabelas 3.2.2. e 3.2.3. apresentam os potenciais dos anodos de
sacrifício usados em relação a outros materiais e as composições típicas destes anodos.
Material Potencial
Mg comercialmente puro -1,75
Mg-6Al-3Zn-0,15Mn -1,60
Zn -1,10
Al-5Zn -1,05
Al comercialmente puro -0,80
Aço (limpo) -0,50 a -0,80
Aço (enferrujado) -0,20 a -0,50
Ferro fundido não grafitizado -0,50
Chumbo -0,50
Aço em concreto -0,20
Cu, Cu-Sn, Cu-Zn -0,20
Ferro fundido com alto teor de Si -0,20
Aço com carepa de laminação -0,20
C, grafite, coque +0,30
Tabela 3.2.3.: Composição química dos anodos de sacrifício comerciais (%em peso)
- composição química:
• os anodos não devem conter impurezas que poderiam levar à auto-corrosão dos anodos
• os anodos devem permanecer ativos ( não devem se formar filmes passivantes)
• em ligas de Al se adiciona elementos como Zn para tornar os potenciais mais negativos. Hg e
In previnem a formação de películas passivantes sobre Al
• em ligas de Mg, se adiciona Al e Zn para aumentar a eficiência dos anodos e Mn para ter
potenciais mais negativos
- forma
• a razão entre área superficial /massa é um parâmetro importante que vai determinar o tempo
de vida do anodo
- rendimento da corrente:
• a proteção de uma estrutura com uma certa área exposta vai corresponder a uma certa corrente
necessária
• quando maior o rendimento do anodo, menor o número de anodos necessário para produzir
uma dada corrente. Neste caso o consumo de anodos será maior.
• as eficiências das ligas de Mg , Zn e Al são respectivamente 50-60%, 90-95% e 75-95%.
- capacidade do anodo:
• é a carga que pode ser produzida por um anodo de sacrifício por kg de material considerando a
eficiência do anodo. É expressa em Ah/kg.
• os valores de capacidades de anodo para as ligas de Mg, Zn e Al são respectivamente 1100,
740 e 2200-2844 Ah/kg.
A proteção por anodos de sacrifício é geralmente usada para eletrólitos de baixa resistividade
( < 3000Ω.cm), uma vez que as diferenças de potenciais são pequenas necessitando de circuitos de
baixa resistência elétrica para a liberação das correntes desejadas.
- Em trocadores de calor ou sistemas operando em água quente, deve-se evitar usar anodos de Zn para
proteger estruturas de aço, porque pode ocorrer inversão de polaridade. É recomendável usar anodos de
Mg.
As reações envolvidas são:
- Nos anodos:
Mg → Mg2+ + 2e
Zn → Zn2+ + 2e
Al → Al3+ + 3e
- No catodo:
H2O + ½ O2 + 2e → 2OH- em meio aerado
2H2O + 2e → H2 + 2OH- em meio não aerado
e M → Mz+ + ze no caso a proteção não for total
Usando o método de proteção catódica por anodos de sacrifício deve-se tomar os mesmos cuidados do
que já descrito para o método de proteção por corrente impressa, exceto com as correntes de fuga já
que as correntes envolvidas neste tipo de proteção são de baixa intensidade.
A figura 3.2.6. apresenta duas aplicações típicas de proteção catódica por anodos de sacrifício.
Figura 3.2.6.: Aplicações típicas da
proteção catódica por anodos de
sacrifício
- colocar de um papel filtro umedecido de K3Fe(CN)6 sobre a tubulação de aço ( tendo retirado o
revestimento se existir) e recobrir com o solo. Ápos um certo tempo o papel deve ser examinado. Se
for de cor azul, isto prova que a proteção foi incompleta. De fato, a cor azul comprova que tem
corrosão do aço:
Fe → Fe2+ + 2e
3Fe2+ + 2Fe(CN)63- → Fe3(Fe(CN)6)2 ( precipitado de cor azul)
- colocar sobre a tubulação um cupom de teste do mesmo material pré-pesado e recobrir com o solo.
Após um certo tempo, retitar o cupom e medir a variação de massa. Se tiver perda de massa, é
comprovado que a proteção é incompleta.
Proteção catódica por anodos de sacrifício Proteção catódica por corrente impressa
Vantagens
• não requer fonte de corrente externa • controle fácil da corrente
• facilidade de instalação • vida do sistema longa ( até > 20 anos)
• perigo de falha mínimo • pode ser usada para proteção de instalações
• facilidade para ter uma distribuição uniforme de grande porte
de corrente • econômica para I > 5A
• interação ( por corrente de fuga) com
instalações vizinhas mínima
• econômica para proteger instalações pequenas
( I < 5A)
• manutenção fácil e custos baixos
Desvantagens
• rendimento do anodo alto na instalação mas • interação ( por corrente de fuga) possível
diminui com o tempo com outras estruturas
• não econômica para estruturas de grande porte • instalação sujeita a disponibilidade de rede
• em eletrólitos de alta resistividade, o de energia elétrica
rendimento é baixo • requer manutenção elétrica e inspecção
• se o rendimento é alto, é necessário trocar os regular
anodos com frequência • custos constantes com o consumo de
• regulagem precária energia elétrica
• sujeita a corte no fornecimento de energia
elétrica
Deve ser feito um levantamento de dados sobre a estrutura a ser protegida e sobre o eletrólito, como:
- material da estrutura
- revestimento existente
- dimensões
- existência de estruturas vizinhas ( para evitar corrosão destas por possíveis correntes de fuga)
- existência de linhas de corrente alternada
- resistividade do eletrólito . A figura 3.2.9. mostra os métodos de medição de resistividade de líquido
e do solo.
- potencial da estrutura ( figura 3.2.8.). O potencial de estruturas em ligas ferrosas deve ter um valor
inferior a -0,85 V/Cu,CuSO4 quando enterradas ( em solo) e inferior a -0,80 V/Ag,AgCl quando
imersas em água para serem protegidas.
Quando a estrutura já está instalada, devem ser feitos testes para a determinação da corrente necessária
para ter proteção, conforme mostrado na figura 3.2.10.. Os potenciais nos pontos B e C devem estar na
faixa dos potenciais de proteção citados anteriormente ( < -0,85 V/Cu,CuSO4 em solo e <
-0,80 V/Ag,AgCl em água ). Geralmente há uma dependência do potencial da estrutura com a distância
à região onde são posicionados os anodos ( figura 3.2.11). É necessário que todos os pontos da
estrutura estejam na faixa de potenciais de proteção.
Eletrólito líquido ( célula de condutividade)
RS
ρ=
L
S: área dos eletrodos
L: distância entre os eletrodos
4πaR
ρ=
2a 2a
1+ −
a 2 + 4b 2 4 a 2 + 4b 2
V = RI
a: espaçamento entre os pinos
b: profundidade enterrada dos pinos (1,5 a 6m)
Quando a estrutura não foi ainda instalada, a determinação da corrente necessária para a proteção, a
escolha do sistema de proteção catódica a ser utilizado bem como seu dimensionamento podem ser
determinados a partir de métodos empíricos.
I o = ADC F ( 1 − E )
DC = 73 ,73 − 13,35 log ρ
velocidade (ms-1) 1 2 3 4 5 6 ≥7
F 1,00 1,11 1,17 1,22 1,24 1,25 1,27
Tabela 3.2.6.: Eficiência do revestimento E
Tem duas regras básicas para a escolha do tipo de proteção catódica a partir do valor da resistividade
do eletrólito e do valor da corrente mínima de proteção.
α/ - se ρ > 3000 Ω.cm → uso da proteção catódica por corrente impressa
- se ρ < 3000 Ω.cm → uso da proteção catódica por anodos de sacrifício
• se ρ < 1000 Ω.cm → uso de anodos de zinco
• se ρ > 1000 Ω.cm → uso de anodos de magnésio
β/ - se Io > 5A → uso da proteção catódica por corrente impressa
- se Io < 5A → uso da proteção catódica por anodos de sacrifício
ρ 8L
Para um só anodo cilíndrico vertical, temos: Ra = ( Ln − 1)
2πL D
Para um leito de anodos cilíndricos verticais, temos
ρ 8L 2L
Ra = ( Ln −1+ Ln0 ,656 n )
2πnL D S
onde Ra: resistência anodo/eletrólito (Ω)
ρ : resistividade do eletrólito (Ω.cm)
L: comprimento do anodo (cm)
D: diâmetro do anodo (cm)
n: número de anodos
S: espaçamento entre os anodos (cm)
Tabela 3.2.7.: Potencial natural, capacidade de corrente e densidade dos anodos de sacrifício
Podem ser usadas as mesmas fórmulas do que no caso dos anodos de sacrifício para o
dimensionamento do anodo ou do leito de anodos inertes.
- proteção de návios:
• tanques de lastro: partes internas por proteção com anodos de sacrifício de ligas de Zn ou Al
• cascos: - návios de pequeno e médio porte por proteção com anodos de sacrifício de
ligas de Zn ou Al
- návios de grande porte por proteção por corrente impressa
Considerando os diagramas de Pourbaix dos sistemas M-H2O, pode ser visto que a velocidade
de corrosão de certos metais pode ser reduzida, ou aumentando o pH, ou tornando o potencial do metal
mais positivo até a região de passivação.
De maneira oposta à proteção catódica, a proteção anódica consiste a levar e manter o potencial
do metal na região de passivação. Isto é feito por
polarização anódica controlada ( figura 3.2.12.).
Evidentemente, esta técnica de proteção só pode aplicada para metais ou ligas que se passivam,
senão esta polarização conduziria a um aumento da velocidade de corrosão. Os metais como Fe, Cr,
Ni , Ti e suas ligas podem ser protegidos anodicamente.
Todas as partes da estrutura devem ser passivadas, senão poderia ocorrer corrosão galvánica entre as
regiões recobertas de óxidos e as não recobertas.
Princípio:
- Quando o metal não está polarizado, temos E = Ecorr e i corr = 100 µA.cm-2
- Para polarizar o metal anodicamente até E1, a densidade de corrente necessária será:
iap(1) = 1000 - 10 = 990 µA.cm-2
- Para polarizar o metal anodicamente até E2, a densidade de corrente necessária será:
iap(2) = 10000 - 1 ≈ 10000 µA.cm-2
- Para polarizar o metal anodicamente até E3, a densidade de corrente necessária será:
iap(3) = 1 - 0,1 ≈= 0,9 µA.cm-2
- Para polarizar o metal anodicamente até E4 ( que o potencial ótimo para a proteção anódica), a
densidade de corrente necessária será:
iap(4) = 1-0,001 ≈ 1 µA.cm-2
Como pode-se ver, para proteger anodicamente o metal, necessita-se aplicar 1 µA.cm-2 para manter a
passivação. No entanto, para passivar o metal precisa-se aplicar correntes de intensidade maior.
No caso se quer proteger catodicamente o metal para obter uma proteção comparável ( densidade de
corrente de corrosão de 1 µA.cm-2) , precisará aplicar uma densidade de corrente de :
iap(c) = 10000 - 1 ≈ 10000 µA.cm-2
e isto de maneira contínua.
A tabela 3.2.9. mostra valores práticos de densidade de corrente para passivar e manter a passivação do
aço inoxidável 304 em meio de H2SO4.
• para meios corrosivos fortes ou fracos • para meios corrosivos fracos ( solos, água doce
ou do mar)
Composição do meio
Velocidade do meio
- se a cinética do processo de corrosão for controlada pela transferência de carga (ativação), não
há efeito da velocidade do meio.
- se a cinética do processo de corrosão for controlada pela difusão da espécie que se reduz ( por
exemplo O2 dissolvido), o efeito da velocidade do meio é variável:
• para metais que não se passivam, um aumento da velocidade do meio conduz a um
aumento da velocidade de corrosão.
• para metais que se passivam, um aumento da velocidade do meio pode conduzir a uma
diminuição da velocidade de corrosão quando suficientemente alta ( parágrafo 1-5-).
Temperatura
- se o processo for controlado pela difusão (por exemplo a redução de O2), a influência da
temperatura é complexa. Quando a temperatura aumenta, o coeficiente de difusão do oxigênio D0
aumenta e consequentemente a densidade de corrente limite catódica iLC aumenta.
Inibidores de corrosão
a) Inibidores anódicos
• hidroxilas, carbonatos, silicatos, boratos e fosfatos terciários de metais alcalinos reagem com
o produto de corrosão ( íons metálicos Mz+) formando um hidróxido nas áreas anódicas. Ocorre
hidrólise do inibidor, o que eleva o pH e os íons OH- formados reagem com os íons Mz+ formando o
hidróxido.
CO32- + 2H2O → 2OH- + H2CO3
e Mz+ + zOH- → M(OH)z
A concentração dos inibidores deve ser superior a um valor crítico, senão o filme não se forma sobre
toda a superfície anódica, o que pode provocar a corrosão localizada das regiões não protegidas.
• cromatos (CrO42-) e nitritos (NO2-). Estes inibidores geram suas próprias reações catódicas
deslocando o potencial do metal até a região de passivação. Neste grupo tem também os pertectenatos
( TcO4-), molibdatos ( MoO4-), tungstatos ( WO4-) e perrenatos ( ReO4-).
2CrO42- + 10H+ + 6e → Cr2O3 + 5H2O ( Eo = 1,31 V)
NO2- + 8H+ + 6e → NH4+ + 2H2O ( Eo = 0,90 V)
As reações totais são:
2Fe + 2Na2CrO4 + 2H2O → Fe2O3 + Cr2O3 + 4NaOH
2Fe + NaNO2 + 2H2O → Fe2O3 + NH3 + NaOH
Os íons NO2- não são usados em soluções de pH superior a 7 porque se decompõem formando HNO2 e
NO.
A concentração deve ser também superior a um valor crítico porque a densidade de corrente limite
catódica deve exceder a densidade de corrente crítica do metal para passivà-lo. Por exemplo, para
inibir a corrosão do ferro, a concentração de NO2- deve exceder 0,05 M.
- O inibidor anódico mais usado é o cromato. É utilizado para proteger Fe, aço, Zn, Al, Cu, latão e Pb.
Seu custo é baixo, mas é tóxico e poluente (provoca dermatites e infecções dos pulmões). Em despejos
industriais, deve ser feito um tratamento dos cromatos:
2CrO42- + 2H+ → Cr2O72- + H2O (meio ácido)
2- 2+ +
Cr2O7 + 6Fe + 14H →
3+ 3+
2Cr + 6Fe + 7H2O (redução pelos Fe2+)
seguido de uma neutralização para precipitar os íons Fe3+ e Cr3+ sob forma de hidróxidos ( Fe(OH)3 e
Cr(OH)3)
b) Inibidores catódicos
- A ação dos inibidores catódicos consiste na deposição de uma película na superfície catódica
polarizando o catodo e diminuindo o potencial de corrosão e a velocidade de corrosão do metal. A
figura 3.3.2. mostra a evolução das curvas de polarização com a adição de um inibidor catódico.
- O mecanismo da inibição catódica varia com o inibidor usado, mas todos reagem com o produto da
reação catódica a saber os íons OH-:
H2O + 1/2O2 + 2e → 2OH-
• Sulfatos de Zn, Mg, Ca, Ni (MSO4)
Mz+ + z(OH-) → M(OH)z
- Ao contrário dos inibidores anódicos, não é necessária uma concentração mínima de inibidores
catódicos porque eles agem unicamente sobre o processo catódico. Não ocorrerá portanto corrosão
localizada no caso a quantidade de inibidores ser insuficiente para ter proteção total..
- Existem outras espécies que inibem a reação catódica e que normalmente não são chamados de
inibidores mas de venenos:
• Se a reação H+ + e → ½ H2 é a reação catódica, a adição de compostos de As, de P e de
Sb ( por exemplo: As2O3) reduz a velocidade de corrosão, porque ocorre uma diminuição da densidade
de corrente de troca da redução de H+. Ocorre a
reação:
As2O3 + 6H ads → 2As + 3H2O
• Se a redução de O2 é a reação catódica, a adição de sulfitos (Na2SO3) ou hidrazina (N2H4)
diminui a velocidade de corrosão. A presença destes venenos reduz a densidade de corrente de troca da
reação catódica porque diminui a concentração de O2. Ocorrem as reações:
2Na2SO3 + O2 → 2Na2SO4
N2H4 + O2 → N2 + 2H2O
- Se ( como R - Se - H2)
- P (como R - P - H2)
- Estes compostos se adsorvem nos sítios anódicos ou catódicos e se estabelecem ligações químicas
entre o metal e as moléculas orgânicas. Isto provoca o bloqueio dos sítios ativos (anódicos ou
catódicos) conduzindo à diminuição da densidade de corrente de troca da reação anódica ou catódica.
Consequentemente a densidade de corrente de corrosão diminui. Além disso, a presença do filme
adsorvido introduz uma resistência suplementar o que diminui ainda mais a densidade de corrente de
corrosão.
- A figura 3.3.3. mostra a influência da adição de dois inibidores de adsorção sobre as curvas de
polarização do aço em soluções de H2SO4. Observa-se que a adsorsão nos sítios anódicos e
catódicos é diferente. O inibidor nonylamina adsorve-se preferencialmente sobre os sítios anódicos e o
inibidor dibutilthioether tanto sobre os sítios anódicos como catódicos. A tabela 3.3.1. mostra a
porcentagem de cobertura por dois inibidores diferentes, tolilthiourea e β-naftoquinolina, dos sítios
anódicos e catódicos de um aço em 5% H2SO4 a 70ºC
Figura 3.3.3.: Curvas de polarização do aço em soluções com 5% H2SO4 sem (---) e com 0,6 mM
nonylamina () a 25ºC (a) e em soluções com 10% H2SO4 sem (---)
e com 5 mM dibutilthioether () a 30ºC (b)
Tolilthiourea β-naftoquinolina
Concentração do
inibidor
Sítios Sítios Sítios Sítios
anódicos. catódicos. anódicos catódicos
0,003 3 3 4 -
0,01 22 22 20 -
0,03 70 70 40 -
0,1 92 90 70 -
0,3 99 90 85 <5
1 > 99 90 95 20
3 > 99 90 98 35
10 - - > 99 60
- O inibidor deve não só se adsorver do ponto de vista químico mas também na faixa de
potenciais que inclui o potencial de corrosão.
- As substâncias contendo grupo S-, O-, N-, Se- são polarizáveis e têm tendência a movimentar
seus elétrons dentro da molécula de maneira que quando a molécula se aproxima da superfície
metálica:
• O átomo de N adquire uma carga positiva
• Os átomos de S e O geralmente
adquirem uma carga negativa.
- Quando se estuda a dupla camada elétrica, observa-se que existe um potencial chamado
potencial de carga nula, EMq = 0 , potencial para o qual o excesso de cargas na interface no metal, qM , é
zero.
• para E > EMq = 0 qM >0
q=0
• para E < EM qM < 0
quando n aumenta, o efeito inibidor aumenta para valores de n baixos, mas diminui para valores altos
de n, devido a interferência estérica ( figura 3.3.5.).
Figura 3.3.6.: Modo de ação de um inibidor que sofre polimerização parcial na superfície metálica
- Os inibidores em fase vapor são usados como método de proteção temporária contra a corrosão pela
umidade de produtos metálicos durante a estocagem e o transporte.
- O inibidor é colocado dentro da embalagem das seguintes maneiras:
• impregnado em papeis, por exemplo
• solução contendo o inibidor aplicada sobre a embalagem
• pós ou tabletes distribuídos na embalagem.
- A embalagem deve ser vedada.
- Os parâmetros importantes para usar tal proteção são:
• pressão parcial do inibidor
• volume total da atmosfera a proteger
• área superficial do material a proteger
• taxa de umidade e aeração
- Os inibidores em fase vapor mais usados são:
- nitrito de diciclohexilamônio (P = 0,02 mm Hg a 25ºC) ( figura 3.3.7.)
- carbonato de ciclohexilamônio (P = 0,3 mm Hg a 25ºC)
- Estes inibidores são usados para a proteção do ferro e do aço. Eles podem atacar metais não ferrosos,
como Zn, Cd, Cu, Ag, Sn, Mg, Pb.
- Não é necessária uma grande quantidade de inibidor para ter proteção. Por exemplo, 1 g de tais
inibidores satura cerca de 550 m3 de ar.
- O objetivo desta decapagem é retirar a carepa ou escama de laminação (por exemplo para permitir a
aplicação de revestimento melhorando sua aderência).
- O ácido, por exemplo HCl, ataca o óxido mais solúvel FeO, segundo:
FeO + 2HCl → FeCl2 + H2O
e os outros óxidos Fe3O4 e Fe2O3 se desprendem.
- O ferro pode também ser atacado pelo ácido, o que não é desejável porque provoca um consumo do
metal e do ácido e pode conduzir a danos por hidrogênio.
Fe + 2HCl → FeCl2 + H2
- Para evitar estes inconvenientes, usam-se inibidores como tiouréia , sulfeto de propila, diamilamina e
formaldeído que se adsorvem sobre o metal à medida que são removidas as camadas de óxidos.
- Quando H2SO4 é usado, é recomendável adicionar traços de sal de estanho. O estanho se deposita
sobre o metal decapado e impede o desprendimento de H2. Isto é devido ao valor da densidade de
corrente de troca para esta reação ser muito menor sobre Sn do que sobre Fe (i0H/Sn = 10-10 A.cm-2 e
i0H/Fe = 10-6 A.cm-2).
- Esta limpeza é feita com HCl para dissolver as incrustações calcárias em caldeiras.
CaCO3 + 2HCl → CaCl2 + H2O + CO2
- Para evitar esta reação que conduz a um consumo do metal e do ácido e pode conduzir a danos por
hidrogênio, usam-se derivados de tiouréia como inibidores.
- Em alguns casos são adicionados íons Sn2+ para evitar a ação corrosiva dos íons Fe3+ que se formam
a partir do ataque de Fe2O3 e Fe3O4.:
Fe2O3 + 6HCl → 2FeCl3 + H2O
Fe3O4 + 8HCl → FeCl2 + 2FeCl3 + 4H2O
2Fe3+ + Fe → 3Fe2+
2+ 3+
Sn reduz Fe :
Sn2+ + 2Fe3+ → 2Fe2+ + Sn4+
3-4- Revestimentos
No caso dos revestimentos nobres, se ocorrer uma falha no revestimento, o revestimento se comportará
como catodo e o substrato como anodo e este consequentemente sofrerá corrosão.
No caso dos revestimentos de sacrifício, se ocorrer uma falha no revestimento, o revestimento se
comportará como anodo e então sofrerá corrosão e o substrato como catodo, sendo assim protegido
apesar da falha.
- cladeamento:
• isto pode ser feito por laminação conjunto ( do substrato e do revestimento) a quente ou por
explosão ( figura 3.4.2.). Neste último caso, o aquecimento intenso e a forte prensagem provocados
pela explosão conduz à adesão do revestimento ao substrato.
• os revestimentos obtidos por estes métodos são espessos em relação àqueles obtidos por
outras técnicas ( usualmente de 2 a 4 mm).
• esta técnica é usada para revestir aço carbono com aço inox, Ni, Ti e Ta , e Duralumínio ( liga
Al-Cu) com Al.
- imersão a quente:
Tabela 3.4.1.: Ponto de fusão dos metais depositados por imersão a quente
Metal Zn Al Sn Pb
Ponto de fusão (°°C) 419 660 231 327
- metalização:
• três técnicas são utilizadas, por chama ( oxi-acetilénica), por arco e por plasma ( gás ionizado
de Ar, N2 ou He) ( figura 3.4.3.).
• a técnica de obtenção de revestimentos por metalização por chama ou por arco é aplicada para
Al, Cu, liga Cu-Sn, Pb, Ni, Sn, Zn, aço carbono e aço inoxidável.
• a técnica de obtencão de revestimentos por metalização por plasma é utilizada para Ta, Mo,
ligas de Co, ligas Ni-Cr-Co e Ni-Cr.
• na metalização, as superfícies sobre as quais vão ser aplicados os revestimentos devem ser
limpas e rugosas. A aderência do revestimento ao substrato é originada de forças mecânicas.
• a técnica de metalização é cara em relação às outras técnicas.
• as espessuras usuais dos revestimentos obtidos por metalização são de 0,1 mm para o Al e de
0,075 mm para o Zn.
- redução química:
• os reagentes gasosos contendo o metal a ser depositado passam sobre o substrato aquecido e
podem ocorrer as seguintes reações:
- decomposição térmica de carbonilas ou outros compostos voláteis:
Ni(CO)4 → Ni + 4CO a 180-200°C
CrI2 → Cr + I2
- redução por H2 de cloretos voláteis ( para Ta, Mo e W):
TaCl5 + 5/2 H2 → Ta + 5HCl a 1000°C
- reação do gás com o substrato:
CrCl2 + Fe → FeCl2 + Cr a 1000°C ( obtenção de uma liga Fe-Cr)
- evaporação a vácuo:
• usa-se uma câmara a vácuo. O metal a ser depositado é aquecido eletricamente sob vácuo e
ocorre sua vaporização a temperaturas inferiores à temperatura normal de ebulição do metal. O vapor
metálico se condensa nas partes frias do sistema, inclusivo sobre o substrato.
- cementação:
• o soluto metálico, geralmente sob forma de pós, é aplicado sobre o substrato e o conjunto é
aquecido ( para o Al em torno de 1000°C e para o Zn de 350 a 400°C). Ocorre interdifusão do soluto
no substrato.
• esta técnica é utilizada para revestimentos de Al ( calorização ou aluminação) e Zn
( sherardização). Obtem-se ligas com 25 a 50% Al e 90 a 95% Zn sobre aço.
- eletrodeposição:
• esta técnica se baseia na eletrólise de uma solução contendo os íons do metal a depositar. O
catodo é o substrato e o anodo pode ser do metal a depositar ( anodo solúvel) ou um metal inerte (
anodo insolúvel). O princípio da eletrodeposição é representado na figura 3.4.4. para a eletrodeposição
do Ni.
• os parâmetros importantes na eletrodeposição são
- composição do banho eletrolítico
- temperatura
- densidade de corrente catódica
- agitação da solução
• esta técnica é usada para depositar Ni, Zn, Sn, Cd, Cu, Au, Ag, Pt.
• a espessura do revestimento é controlada a partir da densidade de corrente catódica e do
tempo de eletrólise.
• a eficiência da corrente catódica ( razão entre a massa metálica efetivamente depositada sobre
a massa teórica a ser depositada) varia de um metal para um outro. Para a eletrodeposição do Cu, Ni e
Cr, as eficiências são usualmente 100%, 96-98% e 10-12%. A baixa eficiência existente para o Cr é
devido à formação de H2 durante a eletrólise.
• geralmente após a eletrodeposição realiza-se um pós-tratamento dos revestimentos:
- tratamento térmico para aliviar as tensões e aumentar a aderência
- tratamento térmico para retirar o hidrogênio incorporado ao material decorrente da
operação de eletrodeposição ( redução da água)
- fusão parcial para abrilhantamento do revestimento ( Sn sobre aço)
- tratamento químico para passivação do revestimento
• os revestimentos podem ser de uma camada ou de múltiplas camadas ( como aço/Cu/Ni/Cr)
• as aplicações principais dos eletrorrevestimentos são listadas a seguir:
- Cu: - rolos para indústria gráfica
- rolos de estamparia na indústria téxtil
- Ni: - indústria química
- indústria alimentícia ( por exemplo, moldes para picolé)
- indústria fonográfica ( moldes para prensagem de discos)
- Ag: - contatores elétricos
- Au: - contra a corrosão por agentes muito agressivos
- Sn: - indústria alimentícia ( latas)
- Cr: - decoração ( com sub-camadas de Cu e Ni)
- revestimentos de moldes e lingoteiras para lingotamento contínuo de aço
( resistência à altas temperaturas)
- moldes para a indústria dos plásticos
- o Cr decorativo tem uma espessura de alguns µm e o Cr duro de 25 a 300 µm
Na tabela 3.4.2. estão listados os métodos usados para os revestimentos metálicos mais comuns.
Figura 3.4.4.: Princípio da eletrodeposição ( exemplo do Ni)
metal A B C D E F G H
Au, Ag, Pt X X
Pb X X
Zn X X X X
Cu X
Cd X X
Al X X X X X X
Ni X X
Cr X X
Sn X X X
Nb, Ta, Ti... X X
3-4-2- Revestimentos inorgânicos não-metálicos
- Em HF, o Mg reage com F- formando um filme superficial de MgF2 que protege o metal da corrosão:
Mg + 2HF → MgF2 + H2
- Em H2SO4, o Pb reage com SO42- formando um filme superficial de PbSO4 que protege o metal da
corrosão:
Pb + H2SO4 → PbSO4 + H2
- A anodização é uma técnica que pode ser utilizada para revestir metais como Al, Mg, Ti, Ta, Zr, V,
Nb por filmes de óxidos mas é comercialmente usada para Al.
- A anodização de Al pode ser feita em meios ácidos como soluções de ácido crômico, oxálico ou
sulfúrico. A reação que ocorre na superfície metálica é:
2Al + 3H2O → Al2O3 + 6H+ + 6e-
- A anodização convencional que consiste a fazer crescer o filme até uma espessura de 50 µm é feita
para obter revestimentos resistentes à corrosão.
- A anodização dura que permite a obtenção de filme de espessura de 50 a 250 µm e de dureza de 430 a
500 HV é feita para obter revestimentos resistentes à abrasão. A resistência à abrasão do Al anodizado
é superior àquela do aço temperado e da mesma ordem daquela do cromo duro. O Al anodizado tem a
característica de combinar a leveza com uma boa resistência à abrasão e resistência à corrosão.
- Após a operação de anodização, o revestimento deve ser selado para diminuir a porosidade do filme
de óxidos. A anodização do Al resulta na formação de γ‘-Al2O3 amorfo que com o tempo se transforma
em γ-Al2O3 cristalino. A selagem que consiste em expor o material a H2O quente ou a vapores de H2O,
transforma γ-Al2O3 num óxido hidratado Al2O3 - H2O de maior volume, possibilitando o fechamento
dos poros ( figura 3.4.5.).
c) Cromatização
- A cromatização é feita por imersão do metal M em soluções contendo ácido crômico (H2CrO4) ou
cromatos (CrO42-).
- As reações prováveis são:
• reações decorrentes do ataque do metal M:
M → Mn+ + ne-
nH+ + ne- → n/2 H2
• e posteriormente:
HCr2O7- + 3H2 → 2Cr(OH)3 + OH-
e com o aumento do pH:
2Cr(OH)3 + CrO42- + 2H+ → Cr(OH)3 - Cr(OH)CrO4 + 2H2O
- Usam-se ativadores ( como sulfatos, nitratos, cloretos,...) para acelerar a corrosão do metal base e a
formação de H2 que são as reações iniciadoras do processo de cromatização.
.
Desengraxamento
por solvente
Limpeza alcalina
Cromatização
Lavagem
Pintura
Secagem ao ar quente
Figura 3.4.6.: Sequência de operação da cromatização para posterior coloração ou aplicação de tintas
- As espessuras usuais dos revestimentos de cromatos são de 0,01 a 1 µm e as suas colorações variam
em função da espessura.
A tabela 3.4.3. mostra os tempos para ocorrência da corrosão em teste de salt-spray para revestimentos
de cromatos sobre zinco eletrolítico de várias espessuras ( a espessura aumenta quando a cor varia de
clara , para iridescente e para verde-oliva).
- Os revestimentos de cromatos atuam como barreira entre o metal base e o meio. O conceito mais
aceito é que eles inibem as reações catódicas.
- Além da resistência à corrosão, os revestimentos de cromatos melhoram a aderência das tintas.
- A cromatização é usada para revestir principalmente Zn ( para evitar a corrosão branca), Al e Mg
( para vedar os poros em camadas de óxidos ou fosfatos) e Cd.
d) Fosfatização
- A fosfatização consiste em imergir a peça metálica numa solução diluída de H3PO4 contendo fosfatos
primários de Fe, Zn ou Mn (M(H2PO4)2)
com o fosfato secundário MHPO4 pouco solúvel e o fosfato terciário M3PO4 insolúvel, M sendo o
metal base ou o metal da solução fosfatizante.
- Como a reação iniciadora da fosfatização [1] provoca uma diminuição da concentração de H3PO4 , as
reações [2], [3], e [4] são deslocados para o sentido direito. Isto provoca a precipitação dos fosfatos
secundários e terciários do metal base e do metal da solução fosfatizante que constituem a camada de
fosfatização.
- Usam-se aceleradores (oxidantes: NO3-, ClO3-, H2O2 ou redutores: NO2-) cujas funções são de:
• diminuir a concentração de Fe2+ formado pela reação [1]. Não todos os íons Fe2+ formados
vão ser usados para formar a camada de fosfatos, o que aumenta progressivamente o teor de Fe2+ na
solução. O aumento da concentração de Fe2+ poderia desequilibrar a reação [1] para a esquerda ([1] é a
reação que dá partida à fosfatização). A reação que ocorre com o acelerador NO3- é:
2Fe2+ + NO3- + 3H+ → 2Fe3+ + HNO2 + H2O
Ela produz o fosfato terciário FePO4 que constitui a lama dos banhos fosfatizantes.
- As aplicações principais das camadas de fosfatos são para revestir Fe, Zn, Al, Cd e Mg:
- Passivação:
• o tratamento de passivação após fosfatização diminui a porosidade do revestimento que está
em torno de 0,5%. É geralmente feito em banho de ácido crômico a 60ºC.
- A materia-prima sob forma de pós é aplicada sobre a peça a revestir e o conjunto sofre um cozimento
a temperaturas variando de um substrato metálico para um outro.
- Estes revestimentos são usados para sua resistência à água, meios ácidos ou alcalinos. A resistência à
corrosão destes revestimentos depende da composição da mistura silicatos/óxidos.
- As limitações quanto à resistência à corrosão destes materiais são em HF e nas bases concentradas e
quentes.
- Sobre a quantidade total em massa dos revestimentos, os revestimentos orgânicos são os mais
importantes.
Tintas
- A definição de tintas que dá a norma ASTM D-16-47 é : Composição líquida, pigmentada, que é
convertida em um filme sólido, geralmente opaco, após sua aplicação em camadas finas.
Os veículos não voláteis são os responsáveis pela formação da película e são classificados em
dois grupos:
• os VNV conversíveis: quando na formação de película, há polimerização do veículo não
volátil
• os VNV não-conversíveis: quando a película se forma simplesmente pela evaporação do
veículo volátil, sem modificação estrutural
- Conversíveis
Vernizes óleo-resinosos:
• óleo (linhaça, mamona)( que contem duplas ligações C=C) + resina (breu, resinato de zinco...)
• a resina aumenta a dureza superficial e o brilho
• o óleo forma uma película por oxidação ao ar:
- com a formação de um peróxido quando O2 reage com os carbonos de uma dupla
ligação:
seguido de:
dando início à polimerização.
R• + R• → R-R
R• + OH• → R-OH
Resinas alquídicas:
Resinas fenólicas:
Resinas epoxídicas:
• as tintas epóxi são sistemas de dois componentes, uma resina e um endurecedor, a serem
misturados no momento do uso como:
- resina epoxi-poliamina ( -NH2, >NH, ≡N)
- resina epoxi-poliamida ( -CO-NH2)
• quando misturados, os dois componentes formam um polímero entrecruzado.
• a reação de polimerização ocorre à temperatura ambiente.
Poliuretanos:
• são produtos de reação de um poliisocianato ( -N=C=O) alifático ou aromático com um poliol
(-OH) do tipo:
Silicones:
- Não-conversíveis
Resinas vinílicas:
• são o cloreto de polivinila (PVC) e o acetato de polivinila (PVA) obtidos a partir dos
monômeros, cloreto e acetato de vinila segundo as reações:
Resinas acrílicas:
Borracha clorada:
Solventes:
• solubilizam o veículo não volátil (VNV)
• ajustam a viscosidade
• são hidrocarbonetos aromáticos (tolueno), esteres (acetato de butila), álcoois (etanol), cetonas
(acetona)
Falso-solventes:
• possuem baixo poder de solvência
• barateam a formulação
• produzem tempo de cura adequado
• são hidrocarbonetos alifáticos (gasolina
industrial)
Diluentes:
• não solubilizam VNV
• ajudam a abaixar a viscosidade
• controlam o tempo de cura
A figura 3.4.8. faz um resumo dos diferentes tipos de veículos usados na composição das tintas bem
como os modos de formação das películas.
c/ Aditivos:
- São compostos adicionados em pequenas concentrações nas formulações das tintas para lhes conferir
certas propriedades. Estas propriedades podem ser, entre outras:
Anti-sedimentantes:
• evitam que os pigmentos se depositem no fundo do recipiente durante a estocagem da tinta
• são por exemplo sabões de ácidos graxos, como estearato de alumínio
Secantes:
• auxiliam a cura das tintas que formam películas por oxidação
• diminuem o tempo de secagem
• são naftenatos, octoatos de cobalto, chumbo, manganês, cálcio e zinco
Plastificantes:
• melhoram a plasticidade das películas
• são ftalatos e fosfatos orgânicos
Antipeles:
• evitam a polimerização da tinta pelo O2 contido na lata, em tintas cujo mecanismo de
formação da película é por oxidação ao ar
• são por exemplo a base de cetoximas
Tóxicos:
• evitam o desenvolvimento de fungos, como sais orgânicos de mercúrio, ou flora e fauna
marinhas, como o óxido cuproso e compostos orgânicos de estanho
Conversíveis - vernizes óleo-resinosos Oxidação
- evaporação e - resinas alquídicas Ativação térmica
polimerização - resinas fenólicas Ativação térmica
- película fina ou - resinas epoxídicas Mistura de dois ou mais
espessa componentes
- secagem rápida - poliuretanas Mistura de dois ou mais
- a d e s ã o e componentes
resistência química - silicones Ativação térmica
Não voláteis
-constituem a parte Não conversíveis
sólida do veículo - evaporação - resinas vinílicas(PVC,PVA) Evaporação de solventes
- servem para - n ã o h á - resinas acrílicas Evaporação de solventes
impermeabilizar e modificações físico- - borracha clorada Evaporação de solventes
conferir plasticidade químicas - betume, asfalto, alcatrão Evaporação de solventes
à película - película muito fina
- secagem rápida
- resistência limitada
aos solventes
Voláteis Falso-solventes
-solubilizam o - hidrocarbonetos alifáticos (nafta)
- barateam a
veículo não volátil formulação
- a b a i x a m a - produzem tempos
viscosidade adequados de cura
- retardam ou
a c e l e r a m a
polimerização
Diluentes
- a b a i x a m a
viscosidade
- controlam o tempo
de cura
d/ Pigmentos:
- São sólidos, quase totalmente insolúveis nos veículos, adicionados nas formulações das tintas para se
obter proteção anticorrosiva, cor, entre outras propriedades. São classificados em três grupos:
Anticorrosivos:
• cromato de zinco : 4ZnO.K2O.4CrO3.3H2O
• zarcão( Pb3O4): forma um sabão com o ácido azeláico ( presente em óleos) e provoca uma
ação inibidora
• pó de zinco: a proteção é galvánica. Os pós tem um tamanho de 1 a 10 µm e constituem 85%
em peso da película seca.
Tintoriais:
• Branco: -dióxido de titânio (mais usado)
- óxido de zinco
• Preto: -negro de fumo, óxido de ferro preto
• Vermelho: - óxido de ferro
• Metalizado: - pó de alumínio
Cargas:
• conferem propriedades físicas e químicas às películas
• abaixam o custo do produto
• aumentam a espessura da película seca
• controlam o brilho
• aumentam a viscosidade da tinta
• são compostos como caulim, talco, mica, quartzo, sílica, magnesita
Barreira:
Veículo NaCl H2 O
Resina alquídica 0,04 825
Resina fenólica 0,004 717
Resina polivinil-butiral 0,002 397
Poliestireno 0,132 485
Inibição:
Eletroquímico:
• este mecanismo se baseia no método de proteção catódica por anodos de sacrifício. As tintas
ricas em zinco ( sob forma de pós finos) que estão sendo usadas para revestir aço são um exemplo
desta ação. O alto teor de zinco possibilita a continuidade elétrica entre as partículas de zinco e o aço, o
que permite a proteção catódica do substrato.
• por imersão
- imersão simples na tinta líquida
- eletroforese: a peça ( metálica) é ligada a retificadores e se estabelece uma diferença de
potencial entre a peça e a tinta ( que tem uma formulação especial permitindo sua polarização) de
modo que a tinta seja atraída pela peça. As camadas obtidas tem uma espessura de 20 a 40 µm. Esta
técnica é bastante usada na indústria automobilística.
Ensaios de laboratório:
- são caracterizados por amostras e volumes de solução pequenos e as condições do ensaio são
simuladas para serem as mais próximas possíveis das condições reais.
Ensaios em plantas-piloto:
- são geralmente os ensaios mais desejáveis. Neste caso, as condições do ensaio ( materiais,
composição do meio, temperatura, razão entre área da amostra e o volume da solução, entre outras) são
praticamente as mesmas do que no processo real.
Ensaios em serviço:
- são ensaios feitos diretamente nas plantas em operação em condições muito específicas.
Ensaios de campo:
- são ensaios do tipo dos ensaios em serviço, só que feitos para obter informações mais gerais.
Exemplos típicos deste grupo são os testes de corrosão atmosférica, corrosão em solos e corrosão em
água do mar, que geralmente abrangem o estudo de vários materiais em vários locais.
4-2- Fatores importantes na preparação, condução dos ensaios e na avaliação dos resultados
Material e amostras:
Tipo de ensaio:
- deve-se definir o tipo de ensaio a ser realizado. A avaliação da resistência a tal forma de corrosão
( por exemplo por frestas, intergranular, sob tensão, por fadiga...) necessita de equipamentos e
aparelhagens experimentais específicos bem como meios adequados. Existe um grande número de
ensaios de corrosão com especificações bem definidas sob forma de normas ASTM, DIN, ABNT... a
serem consultadas antes da realização dos testes.
- o fator tempo é um paramêtro importante num ensaio de corrosão. Com o tempo, a velocidade de
corrosão pode ou se manter constante, ou aumentar ou diminuir devido a mudanças na composição do
meio ( enriquecimento ou empobrecimento em certas espécies agressivas ou inibidoras por exemplo)
ou a mudanças da superfície metálica ( como passivação ou remoção dos filmes protetores).
- existe um excelente procedimento para avaliar o efeito do tempo sobre a corrosão do metal ou a
corrosividade do meio, chamado de “ensaio de intervalo planejado”:
• três conjuntos de amostras são imersos a t= o em cubas diferentes contendo o meio corrosivo
e mantidos até os tempos t1 , t e t+t1 , e um outro conjunto é imerso numa outra cuba no instante t e
mantido até o tempo t+t1. São medidas as taxas de corrosão correspondentes Vo-t1 , Vo-t , Vo-t+t1 e
Vt - t+t1. A análise dos resultados se baseiam na comparação de Vo-t1 , Vo-t+t1 - Vo-t e Vt - t+t1.
• a comparação de Vo-t1 , e Vt-t+t1. mostra a amplitude e o sentido da variação de corrosividade
do meio durante a duração total do teste.
• a comparação de Vo-t+t1 - Vo-t e Vt-t+t1 mostra a amplitude e o sentido da variação de
corrosibilidade do material durante o teste. As várias conclusões possíveis obtidas a partir de tais
comparações estão resumidas na tabela 4.1..
Tabela 4.1.: Influência do tempo sobre a corrosividade do meio
e corrosibilidade do material em ensaio de intervalo planejado.
( A = Vo-t1; B = Vt - t+t1 ; C = Vo-t+t1 - Vo-t)
- Em ensaios por imersão total, as amostras são totalmente imersas no meio corrosivo.
- As condições, composição do meio, aeração, temperatura e agitação são geralmente controladas.
• os ensaios podem ser feitos em meios aerados ( isto é feito borbulhando ar ou oxigênio) ou
desaerados ( borbulhando um gás inerte com nitrogênio)
• a agitação pode ser obtida agitando ou o meio ou a amostra.
- A figura 4.1. mostra um dispositivo para ensaio de imersão total em laboratório.
- Em ensaios por imersão total, deve-se tomar cuidado par ter uma razão área exposta/volume da
solução adequada para ter o mínimo de variações na composição do meio durante o ensaio.
- O mecanismo de corrosão sendo eletroquímico, as técnicas eletroquímicas são muito usadas para o
estudo da corrosão dos metais e ligas.
A figura 4.2. mostra um arranjo típico de uma célula eletroquímica com seus acessórios.
• medidas de impedância
- nesta técnica uma perturbação senusoídal de pequena amplitude é aplicada centrada em
torno de uma condição de interesse (por exemplo sinal senusoídal de potencial aplicado em torno do
potencial de corrosão). Neste caso mede-se a resposta em corrente. A função de transferência que é a
razão entre o sinal de entrada e aquele de saída é a impedância.
- as medidas de impedância em função da frequência do sinal dão informações sobre a
resistência de polarização ( relacionada à densidade de corrente de corrosão), sobre a capacitância
( relacionada com a natureza da superfície metálica, especialmente a natureza protetora dos filmes
anódicos) entre outras.
Figura 4.2.: Célula eletroquímica típica
- As duas formas de corrosão são estudadas conjuntamente, já que seus mecanismos são parecidos
(capítulo 2).
- Dois tipos de ensaios podem ser executados:
• imersão das amostras em soluções propensas a provocar os dois tipos de corrosão, por
exemplo contendo os íons Cl- . Estes ensaios são geralmente demorados devido ao tempo de incubação
longo para o início do processo de corrosão.
• polarização anódica dos materiais nestas soluções. As curvas de polarização permitem a
determinação dos potenciais de ruptura dos filmes passivantes ( potenciais de pites).
- para os ensaios destinados a estudar a corrosão por frestas é necessário criar as frestas. A figura 4.3.
apresenta algumas configurações de frestas utilizadas nestes estudos.
Figura 4.3.: Alguns exemplos de frestas para o estudo da corrosão por frestas
- Vários ensaios foram desenvolvidos para estudar a suscetibilidade de metais e ligas à corrosão
intergranular, principalmente para os aços Fe-Ni-Cr.
- Estes testes consistem em imergir os materiais em diferentes tipos de soluções durante tempos pré-
determinados e observar a ataque corrosivo resultante.
- As condições de alguns testes ( Huey, Strauss,
Streicher e Warren ) bem como o método de
avaliação da suscetibilidade à corrosão intergranular são resumidos na tabela 4.2.. Se as amostras
forem rejeitadas pelo teste Streicher oxálico, devem ser submetidas a um dos outros testes para
avaliação final.
Tabela 4.2.: Ensaios para a determinação da suscetibilidade à corrosão intergranular de ligas Fe-Ni-Cr
Composicão
Nome do do meio Procedimento Fases atacadas Avaliação Suscetibilidade
ensaio (%peso) e quando
temperatura
HNO3 65% 5 exposições de Regiões Média de cinco
fervente 48h com empobrecidas medidas de > 0,45 mm/ano
Huey renovação da em Cr, fase σ perda de massa para aço 304
solução a cada por unidade de
período área
H2SO4 16% + exposição por Regiões Aparência da quando
100g/l CuSO4 24 a 72h empobrecidas amostra após aparecem
+ Cu em Cr encurvamento fissuras ou
Strauss metálico trincas após o
fervente encurvamento
H2SO4 50% + Exposição por Regiões Medida de perda
42g/l 120h empobrecidas de massa por
Streicher Fe2(SO4)3 em Cr, fase σ unidade de área
fervente em algumas
ligas
HNO3 10% + 2 exposições de Regiões Comparação
HF 3% a 2h com empobrecidas
entre perda de
Warren 70°C renovação da em Cr ; é usado
massa de > 1,5
solução a cada para aços ao Mo
amostras como
período (como aço 316)
recebidas e
recozidas
H2C2O4 10% Ataque anódica Regiões Aparência da Aparência do
-2
Streicher a temperatura a 1 A.cm empobrecidas amostra usando ataque valetada
ambiente durante 1,5 min em Cr, fase σ aumento de 250 ou misto
em algumas a 500x valetada/degrau
ligas
- A suscetibilidade à corrosão sob tensão pode ser determinada expondo os metais ou as ligas
tensionados a um meio corrosivo e examinando a região de fratura via microscopia.
- A resistência à corrosão sob tensão é avaliada pelo tempo necessário para a fratura ocorrer, pela
tensão a partir da qual não há fratura dentro de um tempo determinado, ou pela porcentagem de
amostras que falharam.
- Na tabela 4.3. são representados os meios usados em estudo de suscetibilidade à corrosão sob tensão
de várias ligas.
Tabela 4.3.: Meios usados para o estudo da suscetibilidade à corrosão sob tensão de várias ligas
Ligas Meio
Aços de alta resistência - 3,5% NaCl
Aços de baixo carbono - 20% NH4NO3 fervente
ou NH4NO3 + Ca(NO3)2 fervente
Aços inoxidáveis austeníticos - 42% MgCl2
ou 0,5N NaCl + 0,1N NaNO2
Aços inoxidáveis ferríticos e martensíticos - 3,5% NaCl
Ligas de alumínio - 57g/l NaCl + 10 ml/l 30% H2O2 com imersão
contínua
ou 3,5% NaCl com imersão intermitente
Ligas de cobre - NH3 + CO2 + ar + vapor de água
ou NH4OH + CuSO4
Ligas de magnésio - 35g/l NaCl + 20 g/l K2CrO4
ou 0,01 % NaCl
ou Água destilada
Ligas de titânio - HNO3 fumegante
ou 10% HCl
Ligas de zircônio - 2% FeCl3
4-3-6- Ensaios de corrosão sob fadiga
- Um arranjo típico para ensaio de corrosão sob fadiga é representado na figura 4.6. onde a amostra
imersa num meio corrosivo é submetida a tensões cíclicas. Os parâmetros que podem ser variados são:
amplitude da tensão alternada, amplitude da tensão média, frequência e características da tensão.
Nestes ensaios é traçada a curva tensão versus número de ciclos para a ocorrência da ruptura.
- Estes ensaios são realizados em vasos de pressão ( chamados de autoclaves) colocados dentro de um
forno e podem ser estáticos, com renovação do meio ou dinâmicos. A avaliação é feita pela técnica de
perda de massa e observações da superfície. O arranjo para ensaio estático a altas temperaturas e
pressões é apresentado na figura 4.7..
- Estes ensaios são realizados em água do mar ou água doce, devido ao fato que muitas estruturas
metálicas se encontram expostas a este tipo de meio, como barcos, plataformas, tubulações, píeres e
bombas de água.
- Os fatores que influem sobre as taxas de corrosão em águas naturais são:
• teor de oxigênio dissolvido
• pH
• salinidade
• velocidade
• presença de organismos
- Os ensaios incluem os testes por imersão total ou intermitente. Estes últimos são de grande
importância, já que muitas estruturas se encontram em locais de marés ou expostas nas zonas de
respingos.
- Os ensaios industriais são realizados para monitorar a vida dos equipamentos em operação mas
também para testar materiais alternativos em condições reais.
- A figura 4.9. mostra diferentes arranjos de amostras utilizados neste tipo de testes.
- Estes ensaios consistem em enterrar as amostras no solo durante um tempo determinado. Após
remover as amostras, a avaliação da corrosão é feita por observação e pela técnica de perda de massa.
- Os fatores que influem a corrosão em solo são:
• resistividade do solo
• pH
• umidade
• composição química do solo
• presença de bactérias ( especialmente as bactérias anaeróbicas redutoras de sulfatos)
Livros sugeridos
5- J.M. West - “Electrodeposition and Corrosion Processes”, Ed. Van Nostrand Reinhold, 2nd ed.,
London, 1971