E a emoção do leitor? “Sinta quem lê.” O leitor não é capaz de sentir as emoções do
poeta (nem a vivida nem a imaginada); a emoção que o poeta exprime artisticamente é um
estímulo que provoca no leitor novos estados de alma.
Ruptura e Continuidade
O Pessoa ortónimo escreveu poemas da lírica simples e tradicional, muitas vezes
marcada pelo desencanto e melancolia; fez um aproveitamento cuidado de impressionismo e
do simbolismo, abrindo caminho ao modernismo, onde põe em destaque o vago, a subtileza e
a complexidade.
A Dor de Pensar
Fernando Pessoa sente-se condenado a ser lúcido, a ter de pensar. Gostava, muitas
vezes, de ter a inconsciência das coisas ou de seres comuns que agem como uma pobre
ceifeira. (“O que em mim sente ‘stá pensando.”).
O ortónimo é obcecado pelo pensamento. Contudo, o pensamento está na origem de
ser incapaz de sentir intuitivamente, como quem descobre o mundo sem preconceitos.
Impedido de ser feliz, devido à lucidez, procura a realização do paradoxo de ter uma
consciência inconsciente. Mas ao pensar sobre o pensamento, percebe o vazio que não
permite conciliar a consciência e a inconsciência.
Nostalgia da Infância
Fragmentação do “eu”
O sujeito poético assume-se como uma espécie de palco por onde desfilam diversas
personagens, distintas e contraditórias. Incapaz de se manter dentro dos limites de si próprio, o
sujeito poético procura observar o seu “eu”, ou seja, conhecer-se a si próprio, o que leva à
fragmentação e à consciência de que é capaz de viver apenas o presente.
Questiona a sinceridade das emoções escritas nos seus textos, porque não sente hoje
da mesma forma que sentiu no passado, pois as emoções, ao serem escritas e lidas, são
intelectualizadas (“não sei quantas almas tenho”).
Fernando Pessoa
Ortónimo Heterónimos:
(“ele próprio”) - Alberto Caeiro;
- Ricardo Reis;
- Álvaro de Campos
Natureza (Bucolismo);
Dambulismo (anda pelo espaço da Natureza);
Poeta da simplicidade;
Escrita simples; privilegia o uso da comparação, a metáfora e do polissíndeto
(repetição do “e”);
Poeta anti-metafísico (recusa o pensamento);
Interpreta o mundo a partir dos sentidos;
Interessa-lhe a realidade imediata e o real objectivo que as sensações lhe oferecem;
Uso do verso branco (sem rima), do versilibrismo (estrutura métrica irregular) e da
estrutura estrófica livre.
Ricardo Reis
Contemplativo (observa);
Racional (conclui resignando-se);
Clássico:
equilibrio
linguagem
forma
Horaciano
“aurea mediocritas”
“carpe diem”
ode
Pagão
Crença nos deuses/Fado (destino)
crença na presença divina das coisas
Estoico-epicurista
Estoicismo
o supremacia nos Deuses e no Fado
o aceitação voluntária das leis do universo (ilusão de liberdade)
o ideal de apatia (indeferença)
Epicurismo
o procura a felicidade moderada (= ausência de sofrimento)
o ideal de ataraxia (indiferença)
o “carpe diem”
Ricardo Reis é o poeta da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a
relatividade e a fugacidade de todas as coisas.
A filosofia de vida de Ricardo Reis é a de um epicurismo triste, pois defende o prazer
do momento, o carpe diem, como caminho da felicidade, mas sem ceder aos impulsos dos
instintos.
Apesar deste prazer que procura e da felicidade que deseja alcançar, considera que
nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, ou seja, a ataraxia. Sente que tem de
viver em conformidade com as leis do destino, indiferente à dor e ao desprazer, numa
verdadeira ilusão da felicidade.
Ricardo Reis recorre à ode e a uma ordenação estética marcadamente clássica.
Em Ricardo Reis há a apatia face ao mistério da vida mas também se encontra o
mundo das angústias que afecta Pessoa.
Álvaro de Campos
Versos Ilustrativos
Alberto Caeiro
Valorização da Natureza
“Sou o Descobridor da Natureza”
Sensacionismo- visualismo
“ O meu olhar é nítido como um girassol”
Deambulismo
“E ando pela mão das estações”
Panteísmo
“E ando pela mão das estações”
Ricardo Reis
“Carpe Diem”
“Colhe/o dia porque és ele”
“a confiança mole/na hora fugitiva”
Ideal de ataraxia/apatia
“Mais vale saber passar silenciosamente”
“O desejo de indiferença”
Álvaro de Campos
Sensacionismo
“Ah,não ser eu toda a gente em toda a parte!”
Nostalgia da Infância
“No tempo em que festejavam o dia dos meus anos”
Dor de Pensar
“Tirem-me daqui a metafísica”
“Não penses! Deixa o pensar na cabeça”
Frustração/negatividade/cansanço existencial
“Somam-se-me os dias/serei velho quando for”
“A única conclusão é morrer”
Bernardo Soares
A preencher
Os Lusíadas e Mensagem
Classificação Literária
- parte de um núcleo
de acontecimentos Transfigura matéria histórica em
históricos; símbolos que fecundam o presente,
- usa,por vezes, o tom inventando o futuro (mitos que são
sublime ou comovido ideais a seguir): o assunto não são
da epopeia. os eventos históricos, mas a
essência de ser português.
Estrutura da Obra
Mensagem
Portugal -» Mensagem (poemas produzidos de 1913 a 1914)
o Os Símbolos
o Os Avisos
o Os Tempos
Os Lusíadas
Estrutura Interna
Proposição;
Invocação;
Dedicatória;
Narração.
Estrutura Externa
Forma Narrativa;
Versos decessilábicos;
Rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada
nos dois últimos);
Estâncias- oitavas;
Poema dividido em 10 cantos.
Planos
Plano da Viagem
A narração dos acontecimentos ocorridos durante a viagem realizada entre Lisboa e
Calecut
Plano da Mitologia
A mitologia permite e favorece a evolução da acção (os deuses assumem-se, uns como
adjuvantes, outros como aponentes dos Portugueses) e constitui, por isso, a intriga da obra.
Plano do Poeta
Considerações e opiniões do autor expressos, nomeadamente, no início e no fim dos
cantos.
Proposição d’ Os Lusíadas – O Herói
Reflexões do Poeta
Nos planos narrativos desta Epopeia, encontramos um plano que se diz respeito às
chamadas considerações pessoais do poeta. Estas reflexões surgem ao longo da Narração,
normalmente no final de cada canto. Nestas estrofes, o poeta apresenta a sua perspectiva em
relação ao império português, que perdia o seu brilho e aos valores dominantes do país.
Por um lado, refere os “grandes e gravíssimos perigos”, a tormenta e dano do mar, a
guerra e o engano em terra; por outro lado, faz a apologia da expansão territorial para divulgar
a fé cristã, manifesta o seu patriotismo e exorta D. Sebastião a dar continuidade à obra
grandiosa do povo português.