Perguntei ao dr. Hew Len como ele curava a si mesmo. O que ele fez,
exatamente, quando examinou a ficha daqueles pacientes.
“Eu apenas fiquei repetindo sem parar ‘Sinto muito’ e ‘Eu te
amo”, explicou ele. Só isso?
Só isso.
Aparentemente, esse método de curar de dentro para fora é o que é
chamado de Ho’oponopono da Identidade Própria. Parece haver uma versão
mais antiga do ho’oponopono que era fortemente influenciada pelos
missionários do Havaí. Envolvia um facilitador que ajudava as pessoas a
curar os problemas conversando com elas. Quando conseguiam cortar os
laços de um problema, este desaparecia. Mas o Ho’oponopono da Identidade
Própria não precisava de um facilitador.
De acordo com o que entendi o dr. Hew Len dizer: como não temos
uma verdadeira consciência do que está acontecendo em qualquer momento
considerado, tudo o que podemos fazer é nos resignar e confiar. Tudo
consiste em ter 100% de responsabilidade por tudo na nossa vida:
absolutamente tudo. Ele diz que o seu trabalho envolve a purificação de si
mesmo. Só isso. Enquanto ele se purifica, o mesmo acontece com o mundo,
porque ele é o mundo. Tudo fora dele é uma projeção e uma ilusão.
“Vocês têm duas maneiras de viver a vida”, explicou o dr. Hew Zen.
“A partir da memória ou da inspiração. As memórias são antigos programas
que voltam a ser executados; a inspiração é o Divino transmitindo-lhes uma
mensagem. Vocês precisam viver a partir da inspiração. A única maneira de
ouvir o Divino e receber inspiração é limpar todas as memórias. A única
coisa que vocês precisam fazer é uma limpeza.”
O dr. Hew Len passou bastante tempo explicando como o Divino é o
nosso estado zero — é onde temos limite zero. Não há memórias. Não existe
identidade. Nada além do Divino. Na nossa vida, temos momentos em que
visitamos o estado de limite zero, mas na maior parte do tempo o que está se
manifestando é lixo — o que ele chama de memórias.
O dr. Hew Len afirma que a nossa mente tem uma visão minúscula do
mundo, e essa visão não apenas é incompleta como também incorreta. Só
acreditei nesse conceito quando tive nas mãos o livro The Way ward Mind,
de Guy Claxton.
Nele, Claxton escreve a respeito de experiências que provam que o
nosso cérebro nos diz o que fazer antes de nós conscientemente decidirmos
fazê-lo. Em uma famosa experiência, um neurocientista chamado Benjamin
Libet ligou pessoas a um eletroencefalógrafo, o aparelho que faz o registro
do eletroencefalograma (EEG), que mostrou o que estava acontecendo no
cérebro dessas pessoas. O aparelho revelou que um surto de atividade
cerebral ocorria antes que a pessoa tivesse a intenção consciente de fazer
alguma coisa, indicando que a intenção tinha origem no inconsciente e
depois penetrava na percepção consciente.
Claxton escreve que Libet “descobriu que a intenção de se mover
aparecia cerca de um quinto de segundo antes de o movimento começar, mas
que um surto de atividade no cérebro tinha lugar mais ou menos um terço de
segundo antes da intenção!”.
Segundo William Irvine, no livro On Desire: Why We Want What We
Want, “Experiências como essas sugerem que as nossas escolhas não são
formadas de uma maneira consciente e racional. Ao contrário, elas se
formam na mente inconsciente e vão aumentando de intensidade, e quando
finalmente chegam à superfície nós passamos a controlá-las”.
E o próprio Benjamin Libet, o homem que realizou as experiências
polêmicas e reveladoras, escreveu o seguinte no livro Mind Time: “O
surgimento inconsciente da intenção de agir não poderia ser controlado
conscientemente. Somente a sua consumação final em um ato motor poderia
ser conscientemente controlada.”
Em outras palavras, o impulso de escolher este livro pode dar a
impressão de ter tido origem na sua escolha consciente, mas na realidade o
seu cérebro primeiro enviou um sinal para que você o escolhesse e depois a
sua mente consciente seguiu o sinal com uma intenção declarada, algo como:
“Este livro parece interessante. Acho que vou ficar com ele.” Você poderia
ter escolhido não ficar com o livro, algo que você teria racionalizado de
alguma outra maneira, mas você não poderia controlar a origem do sinal
propriamente dito que o estava encorajando a agir.
Sei que é difícil acreditar nisso. De acordo com Claxton: “Nenhuma
intenção jamais se origina na consciência; nenhum plano jamais é preparado
ali. As intenções são premonições; símbolos que lampejam nos cantos da
consciência para indicar o que talvez esteja prestes a ocorrer.”
Aparentemente, uma intenção clara nada mais é do que uma
premonição clara. O que me perturba é o seguinte: de onde veio
o pensamento?
Quando agimos a partir do estado zero no qual não existe limite, não
precisamos de intenções. Simplesmente recebemos e agimos.
E milagres acontecem.