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Paulo Schor

Idealização, Desenho, Construção e Teste

de um Ceratômetro Cirúrgico

Quantitativo

Tese apresentada à
Universidade Federal de
São Paulo – Escola Paulista
de Medicina para obtenção
do Título de Doutor em
Medicina

São Paulo
1997
Orientador

Prof. Dr. Mauro Silveira de Queiroz

Campos
Trabalho Realizado no

 Schepens Eye Research Institute


Harvard Medical School
Boston, MA
EUA

 Massachussets Institute of Technology


Cambridge, MA
EUA

 Cornea Consultants of Boston


Boston, MA
EUA
Análise Estatística
Realizada por
Prof. Dr. Elias Rodrigues de Paiva
Professor Aposentado do Departamento
de Medicina Preventiva da Unifesp - EPM
São Paulo, SP
Brasil
À minha filha
Agradecimentos

À minha esposa, amiga e companheira Ana, por seu


apoio incondicional que me trouxe equilíbrio
espiritual. Por sua presença constante, amor e
carinho.

Ao Dr. David Miller, que me guiou na direção da


tecnologia aplicada à oftalmologia.

Ao Prof. Dr. Rubens Belfort Jr., que com entusiasmo,


competência e cobrança globalizou a oftalmologia
brasileira.

À minha família Nilton, Marli, Breno, Patrícia e Jan


Michiel, que nunca permitiram que a distância física
separasse irmãos e filhos.

À minha família Hirsch, Tuba, Nelson, Silvia, Eduardo,


Ana Paula, Pedro, Adriana, Zé, Fernanda, Nestor, Néia,
Tatiana, Carlos e Gabriela que, cada um a seu modo
me dão muito orgulho de ser Schor.

Aos amigos Eduardo Rocha, Bento, Cris, Pedro, Ken


Kenyon, Peter Raposa, Marcela Gomes e Dev Cheema,
que nunca permitiram que Boston fosse uma terra
estrangeira.

Aos amigos e exemplos Edward P. Perez e Ernesto


Blanco, que me levaram até a entrada do corredor
infinito que se chama MIT.

Aos quase irmãos Wallace e Norma, que nunca


deixaram São Paulo ser terra estrangeira.

Ao Mauro e Paula, pela amizade, disponibilidade e


hospitalidade constantes, e pelo exemplo de
organização e obstinação a ser seguido, ou no mínimo
invejado.

Aos amigos Carlos César e Ricardo Morschbacher, que


tentam nos ensinar como viver a vida. Agradeço
especialmente ao Carlos, pelos desenhos apresentados
nesta tese.

Ao Conselho Nacional de Pesquisa CNPq, na pessoa da


Sra. Jessy Alves Pinheiro, que auxiliou na nossa estada
no exterior.
Sumário

Introdução____________________________________________________________2

Objetivos____________________________________________________________31

Material e Métodos____________________________________________________33

Moldes Tóricos___________________________________________________________33

Desenho e Construção______________________________________________________34
Objeto Circular Iluminado - Anel de Plácido__________________________________________35
Sistema de Magnificação__________________________________________________________36
Comparador____________________________________________________________________36
Escala de Leitura________________________________________________________________38

Medidas de Esferas Conhecidas______________________________________________40

Quantificação de Superfícies Tóricas__________________________________________41

Correspondência de Valores_________________________________________________43

Orientação de Superfícies Tóricas____________________________________________44

Resultados___________________________________________________________47

Moldes Tóricos___________________________________________________________47

Desenho e Construção______________________________________________________54
Anel de Plácido_________________________________________________________________55
Sistema de Magnificação Linear____________________________________________________56
Comparador____________________________________________________________________58
Escala de Leitura________________________________________________________________58

Medidas de Esferas Conhecidas______________________________________________59

Quantificação de Superfícies Tóricas__________________________________________62

Correspondência de Valores_________________________________________________68

Orientação de Superfícies Tóricas____________________________________________71

Discussão____________________________________________________________74

Moldes Tóricos___________________________________________________________74

Desenho e Construção______________________________________________________79
Anel de Plácido_________________________________________________________________80
Sistema de Magnificação Linear____________________________________________________83
Comparador____________________________________________________________________85
Escala de Leitura________________________________________________________________87

Medidas de Esferas Conhecidas______________________________________________89

Quantificação de Superfícies Tóricas__________________________________________92

Correspondência de Valores________________________________________________100

Orientação de Superfícies Tóricas___________________________________________101

Conclusões_________________________________________________________106

Referências Bibliográficas_____________________________________________109

Fontes Consultadas___________________________________________________119
RESUMO
Resumo
SCHOR, P. Idealização, desenho, construção e

teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo. São

Paulo, 1997. 145p. Tese (Doutorado) – Departamento

de Oftalmologia,Universidade Federal de São Paulo –

Escola Paulista de Medicina.

A implicação da córnea na gênese da visão é fato

conhecido desde antes da era cristã. Suas

propriedades refrativas foram descritas por Galeno,

em 100 dC. Porém, as leis da refração só foram

detalhadas e aplicadas à visão por Kepler, em 1610,

dez anos após o professor de hebraico Chistoph

Scheiner medir, pela primeira vez, a curvatura da

córnea, quando comparou reflexos de uma janela,

numa esfera de tamanho conhecido, aos reflexos da

córnea. Somente em 1854, Herman von Helmholtz

aplicou parte dos princípios de Scheiner na

construção do primeiro ceratômetro.


No século XIX, as medidas da córnea eram utilizadas

na tentativa de determinação do poder dióptrico do

olho, e Allvar Gulstrand apresentou seu olho

esquemático. Com a universalização do uso das

lentes de contato, a ceratometria teve outro impulso,

e a forma da córnea começou a ser estudada.

Após 1970, a cirurgia refrativa foi introduzida

nos EUA, e significou avanços decisivos na busca da

forma da córnea, baseando-se na possibilidade de

sua modificação.

A partir do domínio da tecnologia e do

conhecimento teórico, outras aplicações foram

incorporadas à ceratometria. A determinação da

curvatura corneana, durante procedimentos

oftalmológicos, foi introduzida por José Ignacio

Barraquer, em 1962, na Colômbia, e desde então,

diversos instrumentos para este fim proliferaram.

Apresentamos, neste estudo, o processo de desenho,

construção e teste de um instrumento destinado a


produzir superfícies tóricas, e um ceratômetro

corneano quantitativo simples e de baixo custo, que

se destina a diminuir o astigmatismo gerado por

intervenções corneanas.

O instrumento produtor de superfícies tóricas

consiste em uma lente de contato escleral, que pode

ser comprimida gradativamente por um micrômetro.

O micrômetro se encontra acoplado a um

transferidor, com braço móvel e a um nível líquido,

necessários para manter a posição espacial fixa do

aparelho.

O ceratômetro é composto por um anel circular de

133mm de diâmetro, montado ao redor da lente

objetiva de um microscópio cirúrgico, de um sistema

de magnificação de imagens, de uma retícula para

comparação das imagens obtidas e de uma escala de

conversão de valores de magnificação para valores

de curvatura corneana. O observador deveria

aumentar ou diminuir o tamanho da imagem do anel


refratado pela córnea, de modo a coincidí-la à

retícula. Havendo astigmatismo, há a possibilidade

da determinação da orientação do mesmo.

Os testes de performance do micrômetro utilizaram

o videoceratógrafo corneano EyeSys e demonstraram

boa reprodutibilidade das medidas, independente da

inclinação do instrumento, além de baixa

variabilidade e alta correlação linear, caracterizando

o sistema como constante e preciso na geração de

superfícies tóricas.

O ceratômetro foi testado em nove superfícies

esféricas com curvaturas distintas, por três

observadores. As medidas apresentaram um desvio

padrão de 0,34D, não sendo influenciadas pelo

observador. O aparato produtor de astigmatismo foi

utilizado para a produção de oito compressões, que

foram medidas dez vezes por três observadores.

Houve uma reprodutibilidade estatisticamente

significante das medidas, à exceção de medidas


entre 1,60 e 2,90D de astigmatismo. A variabilidade

das medidas foi de 0,29 a 0,62D.

Para avaliar a precisão na identificação do meridiano

mais curvo das superfícies tóricas, três observadores

testaram cinco compressões em intervalos de 5

graus, numa semi-circunferência de 180 graus. Foi

observada uma precisão de aproximadamente 10

graus de inclinação em astigmatismos maiores do

que 1,50D, e de aproximadamente 6 graus em

astigmatismos maiores do que 2,00D.

Houve uma boa correlação linear (r = 0,9765) entre

o ceratômetro e o videoceratógrafo, nas medidas de

astigmatismo, o que justificou a confecção de uma

tabela de correspondência de valores a ser aplicada

quando da leitura do ceratômetro. Concluiu-se,

sugerindo que o aparelho é útil na detecção e

manejo intra-operatório de astigmatismos.


SUMMARY
Summary
SCHOR, P. Concept, design, construction and test

of a quantitative surgical keratometer. São Paulo,

1997. 145p. Tese (Doutorado) – Department of

Ophthalmology, Federal University of São Paulo –

Paulista School of Medicine.

Since before Christ the cornea has been identified as

an important element in the vision process. Galeno

in 100 AC described its refractive proprieties but it

took 15 centuries to have Kepler describing the

exact refraction law and its ophthalmic aplications.

In 1620 an hebrew teacher named Scheiner

compared the reflex from a window in a sphere to

the corneal reflex and first calculated the corneal

curvature. It took another two centuries to

Helmholtz, in 1854, present his invention: the

keratometer.
Until XIXth century the corneal measurements have

been used do determine the dioptric power of the

eye and in 1910, Gulstrand presented his schematic

eye. The corneal contact lenses in the fifties and

surgical corneal procedures, mainly the refractive

surgery widespread after 1970, brought back the

search for the study of corneal profiles. José Ignacio

Barraquer in 1966 in Colômbia put together

technology and knowledge and applied the

keratometry to another opthalmic aplication, the

intraroperative keratometry.

It has been designed, builted and tested a device to

produce toric surfaces and a new surgical

quantitative keratometer. It has the characteristics

of being simple and inexpensive and should decrease

the astigmatism during and after corneal surgeries.

Experimental model of astigmatism comprised a

scleral lens progressively crimping by a micrometer.

Such micrometer being attached to a protractor and


a level, that enable a fixed spacial position of the

lens. The keratometer had a 133mm iluminated

circular ring attached to the microscope objective.

The microscope had an image magnification device

(zoom) that has been modified to manual operation,

a painted comparision reticule and a scale that

converts magnification in diopters. The observer

should magnify the image until the optical

coincidence with the reticule. When astigmatism is

present, the flattest and the steepest meridian may

be identified.

Comparative tests betwen the micrometer device and

the videokeratometer showed measurement

reproducibility, regardless the lens orientation as

well as low variability and good linear correlation,

presenting the device as a constant and precise toric

surface generator.

Three observers tested nine known spherical

curvatures by the keratometer. The measurements


showed a one standard deviation of 0,34D and

reproducibility regardless the observer and the

curvature measurement. Three observers tested

eight compressions ten times in three orientations.

A precision betwen 0,29 and 0,62D was achieved by

testing such toric (astigmatic) surfaces.

Reproducibility was seen in all but one compression

(2,00D).

To access the ability to identify the steepest

meridian, five compressions were tested by three

observers in 36 positions around a 5 degree

partioned semi-circle. It has been obseved a

precision up to 6 degrees in astigmatisms higher

than 2D.

There has been a strong linear correlation (r =

0,9765) betwen the keratometer and the

videokeratometer in the toric surface evaluation and

a correspondency table could be produced.


PREFÁCIO
Prefácio
O desenvolvimento tecnológico em que nos

encontramos revela pequenas revoluções a cada

momento. Anos-luz, nanosegundos, terabites,

kilodaltons, medidas quotidianas que expressam

fronteiras passadas. A especialização de hoje não

permite a um ser humano deter o conhecimento.

Devemos dispôr da informação quando necessário.

Marvin L. Minsky, do Massachussets Institute of

Technology, um dos fundadores da inteligência

artificial e do microscópio confocal, discorrendo

sobre inteligência cita: “O poder da inteligência está

apoiado em nossa vasta diversidade, não em

qualquer princípio simples e perfeito. O que

qualquer símbolo significa para você, depende de

como você o conecta com outras coisas já

conhecidas.”

Em nosso meio, temos excelentes especialistas

em praticamente todos os campos do conhecimento


humano. O mundo sofre o processo de globalização e

os acontecimentos e descobertas ocorrem ao mesmo

tempo em vários locais. O raciocínio científico de

hoje não visa somente identificar o problema e

propor soluções, mas sim integrar profissionais com

formação tão diversa, como filósofos e mecânicos, e

coordenar tempestades mentais (ou brainstorms),

que irão revelar soluções melhores. O aprendizado

de novas linguagens técnicas faz parte desta solução

conjunta.

O desenho e construção do ceratômetro

cirúrgico, apresentado neste estudo, ilustra o

raciocínio exposto anteriormente. David Miller, da

Harvard Medical School, o introdutor da substância

viscoelástica na oftalmologia (Healon®), lembra que

é um grande passo o oftalmologista entrar numa

oficina mecânica. A interação com físicos,

engenheiros e mecânicos na idealização e produção

conjunta de peças foi fundamental para a

compreensão global do problema e as tempestades


mentais solucionaram inúmeros impasses. É do

conhecimento das pessoas envolvidas com a

construção de instrumentos a máxima que “1000

problemas não esperados irão aparecer e você

deverá resolvê-los com 1001 soluções”.

A introdução de um novo aparelho no mercado

sub-entende inúmeras fases de desenvolvimento,

desde a idealização, proteção intelectual, desenho,

estudo de viabilidade, construção de protótipo,

aprimoramento, testes laboratoriais, acabamento,

testes clínicos, manufatura, marketing e distribuição

até assistência técnica. Para atingir o final deste

percurso, são necessários diversos profissionais e

empresas coordenados e com objetivos claros.

O processo que iremos descrever a seguir não

encerra as fases, que culminam na introdução do

produto no mercado, porém apresenta um protótipo

funcionante, em condições de ser testado

clinicamente, e manufaturado em larga escala. As


etapas seguintes deverão ser percorridas por uma

empresa com capacidade de produção e eventual

comercialização. O ingresso dos inventores no meio

industrial leva, com freqüência, a atrasos ou

inviabiliza a colocação do produto no mercado.


INTRODUÇÃO
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Introdução

A óptica greco-romana era um capítulo da

física, e a física daquele tempo era bem diferente da

atual. Era uma física antropomórfica, uma ciência

cuja figura central era o homem e seus sentidos. Os

capítulos pelos quais a física era subdividida

demonstram claramente esta relação. Àquela época

somente se referia a mecânica, óptica, termologia e

acústica, relacionando-se sensações de força, luz,

calor e som. Podemos notar a ausência de capítulos

sobre eletricidade e magnetismo, e dizer que a física

1
antiga hoje denomina-se fisiologia dos sentidos .

Naquele período havia a crença de que o som,

calor e frio, luz e cor, assim como o tato e o olfato,

eram representações físicas, entidades criadas pela

mente para representar os sinais externos que nos

atingiam através dos órgãos periféricos e dos nervos

Introdução - Página 2
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

a eles conectados. Todas as alterações recebidas do

mundo externo ocorreriam pelo contato. Todas as

percepções seriam táteis, os sentidos

corresponderiam a formas de tocar. Como a mente

não poderia sair do corpo para tocar os objetos,

estes deveriam tocá-la passando pelos sentidos.

Para explicar os mecanismos da visão foi criado

o conceito de eidola (do grego, espírito), uma

representação que emanava dos objetos e atingia a

mente do observador. Seria como uma pele que

deixaria o objeto, carregando o que a sua superfície

apresenta à visão: forma e cores. Séculos mais tarde,

na Idade média, o conceito de eidola, pele ou

imagens foi denominado species.

A emissão contínua de imagens em todas as

direções explicava o mecanismo da visão, a exemplo

do que ocorreria com os odores, porém um mistério

colocava em dúvida a teoria das species: como a

imagem de um corpo tão grande como uma

Introdução - Página 3
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

montanha poderia entrar no olho através de uma

pupila de 3mm de diâmetro? Postulou-se, então, que

as imagens se contrairiam à medida que

percorressem a distância, até se tornarem pequenas

o suficiente para entrar na pupila. Entretanto,

outros mistérios contribuiam para o descrédito na

teoria: por que os objetos ficam borrados quando se

aproximam muito dos olhos? Por que não vemos

objetos muito pequenos? Por que não enxergamos no

escuro?

A teoria de eidola estava sendo questionada e

passou a coexitir com a teoria dos raios visuais.

Seus teóricos apoiavam-se no fato de um cego

“enxergar” um objeto, mesmo sem tocá-lo com as

mãos, através de um bastão. Do mesmo modo, os

olhos emitiriam bastões retilíneos capazes de

examinar o mundo e trazer à mente as informações

necessárias para a sua representação, como forma e

cor. Essas linhas que partiam dos olhos seriam os

Introdução - Página 4
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

raios visuais que poderiam ser refletidos ou

refratados. Novamente questões ameaçavam a teoria

reinante: por que os raios visuais não exploram o

mundo quando está escuro? Como eles alcançam

objetos tão distantes como o sol, a lua e as estrelas?

Na realidade, os raios visuais permitiram a

investigação da refração em termos geométricos,

aplicada a espelhos planos e curvos. Euclides já

havia estudado, no século IV aC o tema. Ele não

trabalhava com segmentos de esferas (lentes), mas

sim com esferas e hemiesferas, e não conseguiu

uniformizar conclusões e nem formular leis

consistentes, embora os princípios da refração se

encontrem esboçados. Entendia-se como

propriedade básica dos espelhos curvos a formação

de mais de uma imagem por raio paralelo incidente.

Fenômeno que hoje denominamos aberração óptica.

Introdução - Página 5
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

O escritor e experimentalista mais influente no

período romano (130-200 dC) foi Claudius Galenus

(Galeno) de Pergamon. Ele criou um sistema visual a

partir de fundamentos anatômicos e fisiológicos, e

apresentou o olho com a forma mais anatômica até

então (Figura 1). O elemento responsável pela visão

que ainda

não era a

retina, mas a

córnea,

desempehava

papel

importante
FIGURA 1 – O OLHO SEGUNDO GALENO
na refração 5
MODIFICADO DE BORES - 1993

dos raios visuais. Galeno era influenciado pelos

dogmas de Hipócrates, especialmente os que

2
atribuiam causas humorais para as patologias .

Hipócrates, na realidade, concebia o olho como uma

série de tubos ocos que se comunicavam

Introdução - Página 6
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

diretamente com o

cérebro (Figura 2).

Para Galeno, o

míope possuia um

espírito visual puro,

mas em quantidade

insuficiente para

alcançar objetos

distantes.
FIGURA 2 – O OLHO SEGUNDO HIPÓCRATES

5
MODIFICADO DE BORES – 1993
No século XI, os

árabes exerceram marcante influência nas ciências e

foi Abú Alí Al Hasan Ibn al-Haithan, conhecido no

ocidente como Alhazen, quem mais contribuiu para o

fim da teoria dos raios visuais. Até essa época o

termo luz não era empregado no sentido atual. No

mundo físico haviam somente imagens ou raios

visuais, dependendo da teoria aceita. Não existia

uma entidade física comparada a ondas

eletromagnéticas ou fótons. Alhazen questionou a

Introdução - Página 7
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

teoria dos raios visuais com o fenômeno da pós-

imagem. Ao olhar para o sol e fechar os olhos uma

pessoa continuava vendo o disco solar por

determinado tempo. Além disso, após olhar por

muito tempo para o sol, o observador sentia dor.

Segundo a teoria reinante, ao fechar os olhos, a

visão deveria cessar, e se a emissão dos raios

causasse

dor, estes

não

deveriam

ser emitidos

pelos olhos.

Com os

FIGURA 3 - O OLHO SEGUNDO ALHAZEN

5
MODIFICADO DE BORES – 1993
questionamentos de Alhazen os raios visuais foram

desacreditados. O próximo passo seria modificar a

teoria da eidola. Os objetos foram então

Introdução - Página 8
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

decompostos em pontos que emitiriam imagens em

todas as direções. As imagens seriam propagadas em

linha reta, e por se tratarem de pontos minúsculos,

passariam pela pupila. Alhazen também havia

observado que as estruturas externas oculares, como

a córnea descrita por Galeno, eram esféricas e

concêntricas (Figura 3). Após trabalhar com

espelhos planos, esféricos, cilíndricos e parabólicos,

além de lentes magnificadoras, ele teorizou que um

ponto-imagem poderia atingir a córnea

perpendicularmente, e atravessá-la sem sofrer

desvio, ou em outra angulação, e ser desviado pela

refração. Somente os raios perpendiculares

passariam efetivamente para o interior do olho,

cruzando em seu centro geométrico, e seriam

redistribuidos de modo a reproduzir a ordem e

arranjo que possuiam quando deixaram o objeto.

A observação de que as imagens produzidas

dentro do olho eram invertidas intrigavam o

Introdução - Página 9
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

cientista. Nessa época, achava-se que a função dos

olhos era somente a de captar a imagem e

retransmití-la para a mente, que cuidaria de

reconstruir sua representação externa. Apesar disso,

Alhazen tentou explicar o fato. Para que a imagem

não fosse invertida, os raios deveriam atingir o

órgão sensitivo, ou sensorium, antes do seu

cruzamento. Embora completamente transparente, a

face anterior do cristalino deveria ser o sensorium.

3
.

A dor sentida quando se olha o sol

demoradamente foi explicada como sendo causada

pelos próprios raios solares, que deveriam emitir

minúsculos corpúsculos de matéria chamados então

de lumen. Foi a primeira vez que essa entidade,

conhecida por luz, foi discutida, e a teoria

corpuscular da luz apresentada. Infelizmente ainda

passariam alguns séculos até que a teoria de

Introdução - Página 10
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Alhazen fosse retomada em sua forma original e

aprimorada. A proibição da dissecção e a ideologia

pregada pela igreja durante a inquisição influenciou

o progresso da ciência visual. Até o fim da Idade

média as

escolas

trataram de

mesclar

elementos

FIGURA 4 - O OLHO NO FINAL DA IDADE MÉDIA da teoria da


5
MODIFICADO DE BORES – 1993
eidola, dos

raios visuais e dos ponto-imagem, criando modelos

bizarros, mesmo para a época (Figura 4).

O monge franciscano Roger Bacon parece ter

sido a única exceção à época, e em 1267 escreveu

sobre magnificação. Sua sugestão era de que com a

idade haveria dificuldade de enxergar objetos

próximos devido a um aumento da umidade dos

olhos e enrugamento da córnea. A solução para isso

Introdução - Página 11
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

seriam segmentos de esfera de vidro ou cristal,

colocados sobre as letras de modo a possibilitar a

leitura. Bacon presenteou o Papa com tais lentes,

mas não progrediu em suas experiências.

Sem tomar conhecimento das contradições

científicas, artesãos anônimos fizeram uma

descoberta de importância capital para a óptica: os

óculos. Sua história parece datar aproximadamente

de 1276, em Veneza. Provavelmente inventado por

um velho vidraceiro que fabricava discos de vidro

para outro propósito, ao inspecionar um disco notou

4
que enxergava claramente as figuras próximas . Ao

ser apresentada para os filósofos da época, a

descoberta foi rejeitada. Não havia explicação para o

fato nas teorias reinantes e os experimentos

continuavam a ser realizados em esferas e

hemiesferas. Apesar disso, mais óculos foram

produzidos e vendidos. Pouco tempo depois, os

artesãos já haviam produzido lentes com o centro

Introdução - Página 12
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

fino, capazes de corrigir a miopia. A ciência só

mudou seu veredicto no século XVII.

Esse era o conhecimento da óptica até o final do

século XVI. O campo era marcado por uma grande

confusão, apesar dos esforços de 2000 anos. A causa

fundamental parecia ser a ausência de uma teoria da

visão, sem a qual a óptica não poderia se organizar e

seguir em frente.

Francesco Maurolico de Messina foi quem

iniciou a incursão rumo à óptica moderna. Em 1540,

ele retomou a teoria de Alhazen. Raios seriam

emanados dos corpos em todas as direções e

espelhos côncavos refletiriam raios que iriam

convergir somente em um ponto. No entanto, o

construtor da estrutura que conferiu um status mais

elevado a óptica foi Johannes Kepler, quando no

início do século XVII propõs o mecanismo da visão.

Introdução - Página 13
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Seu pensamento seguia

o seguinte raciocínio: corpos

externos consistiam em um

agrupamento de pontos.

Cada ponto emitiria raios

retilíneos em todas as

direções, sendo infinitamente

extensíveis a menos que

encontrassem um obstáculo.
FIGURA 5 – O OLHO SEGUNDO KEPLER
5
MODIFICADO DE BORES – 1993
O ponto poderia ser

considerado como uma estrela radiante. Se existir

um olho em frente a este ponto-estrela, todos os

raios que entrarem no olho formarão um cone, tendo

como vértice a estrela e como base a pupila. Estes

raios, refratados pela córnea e estruturas internas

do olho, irão se arranjar em um novo cone, cuja base

será novamente a pupila e o vértice um ponto na

retina. Kepler também definiu a função da pupila.

Um diafragma que impediria a entrada dos raios

Introdução - Página 14
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

periféricos (não refratados) no olho (Figura 5). Além

dessas definições, cabe a Kepler a teoria que

relaciona o tamanho axial do olho ao poder refrativo

corneano, e que explicava a miopia e hipermetropia.

Pela primeira vez a córnea foi envolvida na produção

de alterações visuais.

No mesmo ano de 1604, um holandês produtor

de óculos começou a manufatura de telescópios com

lentes divergentes. Estes eram cópias de um modelo

italiano de 1590, trazido para a Holanda. Alguns

anos após Galileo Galilei ouviu falar da invenção,

fabricou para si mesmo um telescópio e descobriu os

satélites de Júpiter. Em 1610, Kepler examinou o

telescópio de Galileo, extremamente controverso na

época, e acabou reconhecendo que Galileo estava

certo. Em 1611, Kepler propõs um modelo

matemático e tornou as lentes um instrumento

científico. A partir de então, os avanços foram mais

rápidos.

Introdução - Página 15
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

A revolução de 1610 abriu as portas para o

conhecimento do macro e microcosmo, incorporando

as lentes dos artesãos à ciência.

Dez anos após o modelo de Kepler, um jesuíta e

professor de hebraico, Chistoph Scheiner, calculou

pela primeira vez o poder refrativo de diversos meios

transparentes do olho. Duzentos anos mais tarde

esta atividade foi denominada Oftalmometria. Em

um de seus experimentos, Scheiner comparou o

reflexo de uma janela em esferas de vidro de

diversos tamanhos conhecidos, com o reflexo da

mesma janela produzido pela córnea de um

observador à mesma distância.

Como mostram as ilustrações anteriores, a

forma corneana era tida como esférica à época;foi

portanto lógica a comparação desta com objetos

esféricos. Com isso foi obtida, pela primeira vez,

Introdução - Página 16
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

uma aproximação da medida da curvatura central

5
esférica da córnea .

No início do século XVII, as leis da refração

aparecem quase que simultaneamente na Holanda,

com Willebrordus Snellius e na França, com René

6
Descartes . Francesco Maria Grimaldi, em 1665,

teorizou sobre as cores e explicou a difração e ISAAC

NEWTON, em 1704, publicou o livro Óptica, o mais

7
completo tratado sobre o assunto até então .

Newton definiu a luz branca como a combinação

das outras cores, após fazê-la atravessar um prisma


, inventou o telescópio refletor, descreveu a

polarização da luz e avançou no conceito de


Experimento realizado 200 anos antes por Leonardo da
Vinci, em Milão. Da Vinci, temendo ferir os conceitos da
época, não tornou o trabalho público, descrevendo o
experimento somente em seu diário através de um código
4
“espectral” .

Introdução - Página 17
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

presbiopia. Segundo o cientista, a diminuição dos

fluidos oculares, com a idade, tornaria a córnea e a

camada externa do cristalino mais planas, não

refratando suficientemente os raios luminosos. Pela

segunda vez foi atribuida à curvatura da córnea, a

produção de doenças.

No século XVIII, a medida da curvatura

corneana ganhou importância e foi aperfeiçoada. Já

eram conhecidas as propriedades dos espelhos

esféricos e sabia-se que somente um ponto de

convergência era obtido a partir de raios incidentes

paralelos. O ponto de convergência já tinha sido

denominado como foco, este tinha relação com o

raio de curvatura do espelho. A suposição de que a

córnea se comportava como um espelho e que era

esférica tornaria, portanto, lógica a aplicação dos

conceitos matemáticos à óptica fisiológica.

Em 1796, Ramsden, baseando-se nos princípios

ópticos dos espelhos esféricos, apresentou à Real

Introdução - Página 18
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Sociedade de Medicina de Londres um aparelho para

medir a curvatura de esferas e aplicou o método

4
para medir a curvatura da córnea . Já com o auxílio

das lentes, agora incorporadas à ciência, ele tratou

de aumentar o tamanho das imagens refletidas

através da magnificação, e conseguiu com isso uma

8
precisão das medidas de até 0,25D . Ramsden foi o

primeiro a utilizar o princípio do desdobramento das

imagens ou duplo prisma, posteriormente

incorporado aos oftalmômetros modernos por

9
HERMANN VON HELMHOLTZ . O termo

ceratômetro com certeza melhor se aplica à medida

da curvatura da córnea, do que o termo

oftalmômetro, porém a empresa norte-americana

Bausch & Lomb Inc. registrou o termo ceratômetro

como marca. Neste texto iremos usar a marca

registrada na generalização dos aparelhos que

servem para o mesmo fim.

Introdução - Página 19
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

O ceratômetro sofreu pequenas modificações

desde então. Ele se baseia no fato de que a córnea se

comporta como um potente espelho esférico convexo

10
. Um objeto h colocado a uma certa distância

deste (b), forma uma imagem h’ menor e virtual.

Note-se que para um espelho potente como a córnea,

se um objeto for colocado a uma distância

relativamente grande, sua imagem coincidirá com o

ponto focal do espelho (f). Podemos, portanto,

ignorar a pequena distância x. Sendo a distância


r = (2b/h) * h’
entre o objeto e sua imagemCornea
b, e a distância focal de

um espelho esférico a metade do seu raio de


h
curvatura r, temos que r = (2b/h) * h’ (Figura 6). Na
h’

ceratometria, o objeto é chamado


f mira e a distância
C
x
b (objeto-imagem) permanece constante. O tamanho
r

da imagem (h’) varia de acordo com o raio de


b
curvatura do objeto, sendo somente necessário
FIGURA 6 – Princípio Óptico de um Espelho Esférico
medí-la.

Introdução - Página 20
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

À época de Newton, um holandês chamado Christian

Huygens comparou o processo de propagação da luz

ao das ondas sonoras. Uma vez que os tons

dependem dos comprimentos de ondas, ele postulou

que diferentes cores também seriam produzidas por

diferentes comprimentos de onda. Para continuar

utilizando os princípios geométricos, as ondas foram

tomadas como frentes de onda. A menos que haja

um obstáculo, estas frentes se propagariam em linha

reta. Ao atingirem um vidro obliquamente, um dos

extremos da frente entraria em contato

primeiramente. A propagação deste extremo seria

atrasada em comparação ao outro extremo, que

ainda estaria no ar. Progressivamente, toda a frente

seria desviada ou refratada. Nascia a teoria

ondulatória da luz para coexistir com a teoria

corpuscular.

Thomas Young desenvolveu a teoria ondulatória,

demonstrando que as diversas cores eram

Introdução - Página 21
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

produzidas por diversos comprimentos de onda, e

descreveu a interferência de ondas. Além disso,

explicou a difração e relatou clinicamente o primeiro

caso de astigmatismo. Em 1801, ele mergulhou os

olhos na água reduzindo o poder efetivo corneano e

calculou que seus olhos tinham 3,94D de miopia no

meridiano vertical e 5,62D no meridiano horizontal

1
.

Vinte e quatro anos após a descrição de Young,

Sir George Biddell Airy desenhou e produziu as

primeiras lentes corretoras para astigmatismo,

porém somente em 1849 o reverendo Whewall,

professor de matemática em Cambridge, cunhou o

termo astigmatismo.

Passaram-se 58 anos até que, em 1854, Herman

von Helmholtz conseguisse aplicar os princípios de

Ramsden, para a obtenção de dados clínicos da

superfície da córnea. Foi ele quem atribuiu o termo

Introdução - Página 22
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

oftalmômetro a todos os aparelhos destinados a

medir uma certa dimensão ocular. Helmhotlz é tido

como o inventor do ceratômetro moderno. Ele

incorporou o princípio do duplo prisma, utilizando a

birrefringência de certos materiais de modo a

produzir duas imagens a partir de uma. O duplo

prisma duplica a imagem produzida pela córnea a

partir dos objetos iluminados (ou miras) e ampliada

pela lente objetiva. As duas imagens do mesmo

objeto são observadas simultaneamente e sua

separação dependerá do poder ou distância do

prisma, da curvatura da córnea e do tamanho da

mira. Havendo variação do tamanho da mira sem

movimentação do prisma, há conseqüente

movimentação das imagens, o que explica o

funcionamento de aparelhos que utilizam o princípio

do duplo prisma fixo, como o oftalmômetro de Javal-

Shiötz (Figura 7). Quando a separação das imagens é

obtida com o deslocamento dos prismas, denomina-

Introdução - Página 23
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

FIGURA 7 – SISTEMA ÓPTICO DO APARELHO DE JAVAL-SHIÖTZ


11
MODIFICADO DE MOHRMAN – 1981

se o sistema como duplo prisma variável, a exemplo

11
do ceratômetro Bausch & Lomb (Figura 8). .

A curvatura da córnea pode ser calculada a

partir da excursão das miras ou do duplo prisma. A

medida se faz quando os extremos opostos das

imagens duplicadas coincidem. O mérito intrínseco

destes mecanismos é o de comparar imagens

produzidas pela mesma superfície (córnea) a partir

Introdução - Página 24
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

FIGURA 8 – SISTEMA ÓPTICO DO APARELHO BAUSCH & LOMB


11
MODIFICADO DE MOHRMAN – 1981

do mesmo objeto (mira), de modo que, havendo

pequenos movimentos do olho, as imagens se

movimentem conjuntamente, tornando a leitura

precisa.

Em 1847, Goode iluminou um pequeno

quadrado e observou o reflexo produzido pela

superfície da córnea. Ele buscava observar

distorções e foi o precursor do ceratoscópio. Embora

tais distorções pareçam ser melhor vistas em um

Introdução - Página 25
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

quadrado do que em um círculo, em 1880 o

oftalmologista português Plácido da Costa utilizou

uma série de discos concêntricos como o objeto a ser

iluminado (e refletido pela córnea). O conceito que

fundamenta os anéis de Plácido é o de que

superfícies esféricas produzem círculos, e

superfícies tóricas produzem elipses como reflexo. A

córnea astigmata gera, portanto, um reflexo elíptico

com maior e menor diâmetros. O maior diâmetro

corresponde ao meridiano mais plano da córnea, e o

menor ao mais curvo. A medida do astigmatismo é a

diferença da medida dos dois meridianos

transformada em uma escala óptica, por exemplo,

dioptrias (D).

À Plácido é creditada a invenção da

12
ceratoscopia através do astigmatoscópio ou disco

13
explorador da curvatura corneana . Allvar

Gulstrand, em 1896, aprimorou esta técnica e após

Introdução - Página 26
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

utilizar-se exaustivamente do aparelho, em 1909

descreveu o olho como instrumento óptico,

apresentando seu olho esquemático. Mais tarde,

recebeu o prêmio Nobel por seu trabalho acerca da

10
difração da luz por lentes, aplicadas ao olho .O

olho esquemático de Gullstrand determinava o poder

dióptrico para cada elemento, baseando-se em seu

índice de refração específico. À córnea era atribuído

o índice de refração de 1,3760, diferente da

constante 1,3357 que é utilizada hoje em dia como o

índice de refração de todo o sistema

córnea/aquoso/vítreo. A partir destes índices de

refração é possível construir a equação d = (n1 - n2)

/ r, onde d é o poder dióptrico da superfície em

questão, n1 é o meio de refração para onde se dirige

a luz, n2 o meio de onde parte a luz e r o raio de

curvatura da lente em questão expresso em metros.

Daí temos que uma superfície anterior da córnea

Introdução - Página 27
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

com 8mm de raio apresenta d = (1,3375-1) / 0,008 =

42,20D de poder dióptrico.

O estudo da curvatura da córnea até então

buscava adicionar dados para o entendimento da

refração total do olho. Tabelas com fórmulas

correlacionando os óculos à ceratometria foram

confeccionadas, porém após a modernização de

métodos como a retinoscopia, o entusiasmo mudou

de rumo. Não houve novos avanços na tecnologia

aplicada. O ceratômetro supunha a córnea como

uma esfera e media quatro pontos em

aproximadamente três milímetros centrais da

mesma. Além disso haviam erros inerentes ao

aparelho, como a variação da distância em relação

ao objeto quando da acomodação do observador. O

ceratoscópio também apresentava limitações, devido

a falta de contraste nos filmes fotográficos utilizados

8
ou à rotação ocular . Isso porém não pareceu

Introdução - Página 28
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

justificar a busca de novas alternativas para a

medida da curvatura da córnea.

13
Conforme comenta BICAS , em nosso meio,

até 1941, só haviam dois artigos publicados, ambos

14
de divulgação sobre o assunto: o de GAMA e o de

15
PRADO . Porém em 1967 foi apresentado um

instrumento capaz de medir a curvatura da córnea, a

profundidade da câmara anterior e a amplitude do

13
campo visual . O aparelho desenhado e construído

por Bicas representou um marco na história da

engenharia biomédica aplicada à oftalmologia no

Brasil.

O próximo avanço marcante viria por ocasião

das lentes de contato. As lentes já haviam sido

descritas em meados do século XIX, porém somente

com a invenção das lentes de plástico, em 1948, por

Kevin Touhy, os oftalmologistas se interessariam

Introdução - Página 29
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

16
pela contactologia . Para a adaptação de lentes

era necessário mais do que o conhecimento de 3mm

centrais da córnea, sendo que a forma da córnea

entraria em discussão, não tendo sido definida até

hoje.

12
Técnicas como a impressão ocular onde

tentava-se um molde da córnea, foram tentadas e

abandonadas. A colocação de talco sobre a córnea,

com a obtenção de fotografias estereoscópicas

8
também foi aplicada e erros importantes fizeram-

na ser esquecida. A medida de várias regiões da

córnea, preferencialmente com um ceratômetro que

media uma área de 1mm de diâmetro, foi largamente

empregada e denominada topogometria. Com esta

técnica, a superfície da córnea foi determinada como

não sendo esférica, mas sim asférica. Sua periferia

seria mais plana do que o centro. A “córnea da

contactologia” foi dividida em apical (até

Introdução - Página 30
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

aproximadamente 6,1mm centrais), transicional

(entre a zona apical e o limbo) e periférica ou limbal

16
.

Modificações também foram introduzidas nos

discos de Plácido. KNOLL et al. em 1957, usaram

uma hemiesfera como base para a colocação dos

anéis, medindo uma área corneana de até 10mm em

17
um aparelho menos volumoso . A empresa

americana Wesley-Jensen comercializou um aparelho

(Wesley-Jessen PEK Mark IIIA, Wesley-Jessen Inc.,

Chicago, USA) para auxiliar na adaptação e

manufatura de lentes de contato, e pela primeira vez

utilizou computadores para os cálculos da

curvaturas.

Nos anos 70, a cirurgia refrativa foi

popularizada nos EUA e a modificação do poder

refrativo da córnea passou a ser o grande motivo da

Introdução - Página 31
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

evolução desta tecnologia. Os fotoceratoscópios

foram sendo substituídos pelos videoceratógrafos

computadorizados, erroneamente denominados

topógrafos corneanos, com computadores e

programas cada vez mais poderosos e baratos. Os

discos de Plácido permitiram uma evolução

importante no conhecimento da forma fisiológica e,

principalmente, patológica e iatrogênica da córnea.

Foram definidos padrões de normalidade e

executadas reconstruções tridimensionais que

compuseram um modelo finito, usado para prever o

comportamento da córnea face a novos

procedimentos. Infelizmente, houve pouco

desenvolvimento na monitoração da modificação

intra-operatória da forma da córnea.

O primeiro ceratômetro cirúrgico experimental

foi usado por JOSÉ IGNACIO BARRAQUER, em

18
Bogotá, Colombia, em 1962 . O aparelho foi

chamado de “oftalmômetro cirúrgico binocular

Introdução - Página 32
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

quantitativo”, e parece ter sido a montagem do

ceratômetro de Javal-Schiotz em posição vertical,

colocado ao lado do microscópio cirúrgico.

19
RICHARD TROUTMAN, em 1971 , construiu

um anel circular com 12 pontos iluminados a serem

refletidos pela córnea. Seu ceratômetro cirúrgico foi

20
patenteado em 1977 e era montado ao redor da

lente objetiva do microscópio cirúrgico. Através

deste aparelho, o reflexo dos pontos luminosos seria

comparado à uma grade circular, localizada em uma

das objetivas do microscópio. O aparelho não se

propunha a ser quantitativo, mas sim qualitativo,

apresentando miras elípticas quando distorções

estivessem presentes. A companhia de instrumentos

Storz comercializou outro ceratômetro qualitativo,

21
patenteado por CRAVY, em 1979 . Este modelo era

suspenso por cabos acoplados ao microscópio, e

Introdução - Página 33
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

poderia ser movimentado de modo a permitir uma

análise da periferia da córnea.

Vários instrumentos qualitativos se destinam a

iluminar uma forma circular sobre a córnea,

produzindo uma imagem concordante com seu

astigmatismo. Dentre estes, encontramos o

ceratômetro de Malloney, que consiste em uma série

de discos polidos concêntricos e de tamanho

decrescente, que são mantidos à pequena distância

22 23
da córnea ; o anel de luz de SERDAVERIC e

mesmo o anel de Flieringa, que refletindo a luz do

24
microscópio, pode produzir a imagem desejada .

Dois instrumentos baseados nos anéis de

Plácido destinam-se à medida semi-quantitativa da

superfície corneana durante a cirurgia. A régua de

25 26
HYDE e o ceratoscópio de BARRET . Ambos são

compostos por um molde transparente circular e

Introdução - Página 34
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

quatro ou cinco moldes elípticos. Inicialmente, o

molde circular é colocado abaixo da objetiva do

microscópio, de modo a produzir uma imagem na

córnea. Se a imagem for elíptica, há astigmatismo. O

cirurgião deverá, então, modificar gradativamente a

forma do reflexo com os moldes elípticos. Quando o

reflexo obtido for circular, então o astigmatismo

corneano terá sido compensado pela forma elíptica

do molde, que apresenta “astigmatismo” conhecido.

O aparelho cirúrgico quantitativo em uso até os

dias de hoje foi desenhado por TERRY, e teve a

27
patente requerida em 1984 , sendo

comercializado pela Alcon Laboratories Inc. (TX,

USA). O aparelho gera um círculo iluminado

refletido pela córnea e utiliza um duplo prisma fixo

para gerar duas imagens. Através de um controle de

magnificação, o mesmo utilizado para a

magnificação do campo operatório, o tamanho das

imagens é alterado até que haja a coincidência

Introdução - Página 35
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

óptica. Um sistema computadorizado transforma a

alteração da magnificação em dioptrias e os dados

podem ser armazenados em uma “memória” para

posterior comparação. Há a possibilidade de rotação

do prisma e detecção de astigmatismo em todos os

meridianos da córnea. O prisma é retirado do

sistema óptico após as medidas, para permitir a

observação do olho.

Atualmente, a tecnologia proporciona uma

infinidade de alternativas para o uso, modificação ou

construção de instrumentos para medir a curvatura

da córnea. Idéias como a colocação de talco sobre a

28
córnea foram revividas, e a rasterestereografia de

hoje se propõe a fotografar uma retícula

quadriculada, projetada sobre um filme de

29
fluoresceína, colocado sobre a córnea .A

utilização de sistemas computadorizados, que

capturam e processam a imagem dos discos de

Introdução - Página 36
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Plácido, foi recentemente aplicada à medida intra-

operatória da curvatura da córnea em nosso meio

30
, e a videoceratoscopia computadorizada intra-

operatória, pode se tornar um instrumento útil no

futuro.

Os discos de Plácido parecem ser o modo mais

prático de se obter informações sobre a superfície

da córnea. Suas propriedades são amplamente

conhecidas e seu uso difundido.

Com a incorporação da magnificação linear

pelos novos modelos de microscópio cirúrgico, é de

se esperar que um ceratômetro cirúrgico

quantitativo, baseado nos discos de Plácido, tenha

lugar entre nós.

Este trabalho descreve o desenho, construção e

teste de um ceratômetro cirúrgico quantitativo,

baseado nos discos de Plácido.

Introdução - Página 37
OBJETIVOS
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Objetivos

 Produzir moldes, cuja toricidade seja reprodutível

e variável.

 Desenhar e construir um ceratômetro cirúrgico

quantitativo, baseado nos discos de Plácido,

acoplado a um microscópio com sistema de

magnificação.

 Medir a reprodutibilidade na realização de

medidas de superfícies esféricas conhecidas por

um observador, e entre diversos observadores,

assim como determinar a precisão do aparelho

nesta tarefa.

 Testar a reprodutibilidade da medida

ceratométrica em superfícies tóricas, em relação a

diferentes observadores e diferentes inclinações.

Objetivos - Página 39
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

 Relacionar os resultados deste ceratômetro

cirúrgico aos da videoceratografia computadorizada.

 Avaliar a determinação do meridiano da toricidade

em relação a sua magnitude.

Objetivos - Página 40
MATERIAL E
MÉTODOS
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Material e Métodos

Moldes Tóricos

De modo a criar uma superfície tórica, que

simulasse o astigmatismo corneano, idealizou-se o

seguinte mecanismo: uma lente escleral de poli-

metilmetacrilato, com 14mm de diâmetro e

superfície anterior de 40,00D de curvatura, teve sua

face posterior pintada (para evitar o reflexo dessa

superfície) e foi submetida a uma compressão

progressiva entre 2 sapatas de metal, utilizando-se

um “micrômetro digital” (Digitrix II, Fowler & NSK,

Japan), com precisão de 0,003mm. Um nível líquido

foi adaptado ao aparelho, assim como um compasso

com braço móvel. Ambos acessórios permitiram a

orientação inicial precisa (horizontal - 180 graus) da

angulação do instrumento.

Material e Métodos - Página 42


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Foi utilizada a ceratometria simulada central

(CSC) referente a um anel de 3mm de diâmetro,

obtida a partir do mapa de curvatura axial, do

videoceratógrafo computadorizado (EyeSys,

Houston, TX), para a obtenção das medidas da

curvatura da superfície do molde plástico.

Foram realizadas medidas em 3 meridianos:

horizontal (180 graus - definida pelo nível líquido),

vertical (90 graus) e oblíqüa (45 graus). Os

meridianos vertical e oblíqüo foram determinados

pela posição do braço móvel do transferidor, após o

estabelecimento da posição basal pelo nível líquido.

Dez medidas foram tomadas em oito compressões:

200, 250, 300, 400, 500, 700, 1000 e 1500

milímetros/100 (mm-2), para cada uma das três

posições. Os dados de cada compressão foram

submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov, para a

normalidade.

Material e Métodos - Página 43


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Após ter sido determinado um padrão de

normalidade para as amostras isoladas, suas médias

e desvios padrão foram obtidos e comparados nas

três orientações, em cada compressão. Através de

regressão múltipla, determinou-se o coeficiente de

regressão para cada orientação espacial, e para as

três orientações agrupadas.

Desenho e Construção

O ceratômetro possui 4 componentes básicos, a

saber: objeto circular iluminado (anel de Plácido),

sistema de magnificação linear, comparador e escala

de leitura.

OBJETO CIRCULAR ILUMINADO - ANEL DE PLÁCIDO

O anel de Plácido foi obtido a partir de luz

fluorescente circular de 20,32cm (25W luz do dia,

Osram, USA), utilizada para iluminar uma máscara

transparente anular, localizada ao redor da lente

Material e Métodos - Página 44


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

objetiva do microscópio. Foi construída uma

armação de metal, com espessura de 2,0cm, para dar

suporte à lâmpada e à máscara anular, que

produziria uma fonte de luz com forma e tamanho

desejados. Para conseguir a precisão necessária na

esfericidade da máscara, utilizou-se impressão

fotográfica sobre filme kodalite de alto contraste

(Kodak Inc., Japan) a partir de original impresso em

alta definição (1200 pontos por polegada).

A lente objetiva do microscópio utilizado (BIO,

Boston, USA) possuia distância focal fixa de 175mm,

e a distância máxima do objeto iluminado até a

superfície a ser medida foi de 155mm. Para que a

reflexão da superfície a ser medida estivesse contida

em aproximadamente 3mm centrais, as medidas do

anel iluminado foram de 133mm de diâmetro

externo e 3mm de largura.

Material e Métodos - Página 45


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Assumiu-se que o índice de refração do sistema

10
óptico corneano seria de 1,3375 . Para efeitos

práticos D = 337,5 / r (cm). Para a simulação de

parâmetros clínicos, foram tomados como extremos

de curvatura (corneana) os raios de 6,14 e 9,64mm,

sendo priorizada a área compreendida nos 3mm

centrais da superfície a ser medida. O tamanho

máximo da imagem virtual para uma superfície com

raio de 9,64mm (35,00D) seria de 4,01mm e o

mínimo 2,58mm (raio de 6,14mm ou 55,00D).

SISTEMA DE MAGNIFICAÇÃO

O aumento ou diminuição no tamanho da

imagem virtual foram obtidos através do sistema de

magnificação presente no microscópio cirúrgico. O

controle da magnificação foi manual, realizado

através de um adaptador construído especialmente

para este fim.

Material e Métodos - Página 46


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

COMPARADOR
Comparador

Após

ser

A B

Reflexo Corneano do Anel de Plácido

A: Meridiano mais Plano B: Meridiano mais Curvo

FIGURA 9 – ESQUEMA DE LEITURA A PARTIR DO


COMPARADOR
magnificada pelo conjunto óptico, a imagem do

círculo iluminado, produzida pelos moldes, deveria

ser percebida pelo observador através da lente

ocular do sistema. Tal imagem poderia ser

aumentada ou diminuida até que suas dimensões

coincidissem a um padrão conhecido (Figura 9).

A este padrão, chamaremos comparador. O

comparador deveria ser observado no mesmo plano

focal que a imagem virtual. Tal efeito seria

produzido pelo sistema de lentes oculares no plano

Material e Métodos - Página 47


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

da retícula. No caso de superfícies tóricas, duas

imagens ligeiramente deslocadas são geradas,

correspondendo a imagem da porção do anel

localizada na região do meridiano mais plano e mais

curvo da superfície em questão. Nestes casos, a

profundidade de foco do microscópio cirúrgico

auxiliaria a observação das duas imagens nítidas.

O comparador foi construído sobre um filme

fotográfico kodalite (Kodak Inc., Japan) e constava

de 2 círculos concêntricos distantes 0,1mm. A

largura dos círculos foi de 0,05mm e o diâmetro do

círculo interno, 0,45mm.

À distância de 1mm do círculo externo, foram

impressas linhas interrompidas, cujo prolongamento

passava pelo centro dos círculos. Tais raios

extendiam-se até o final da peça, e separavam-se de

5 em 5 graus de arco. Padrões gráficos foram

definidos para facilitar a identificação dos raios

principais e auxiliares, e divisões numéricas foram

Material e Métodos - Página 48


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

atribuídas a cada divisão, crescendo no sentido anti-

horário, iniciando às 3 horas do relógio.

ESCALA DE LEITURA

Os microscópios trazem a escala junto à peça

que suporta a lente objetiva. O diâmetro desta peça,

no caso específico do microscópio utilizado, era de

9,0cm, o que define uma circunferência (2r) de

aproximadamente 28,0cm. Foi fabricada uma peça

que visava aumentar a distância da escala em

relação ao corpo do microscópio, aumentando o

diâmetro em 6,28 vezes seu raio (2r). A peça final

tinha 19,0cm de diâmetro e possibilitava uma

circunferência de aproximadamente 60,0cm, onde a

escala foi impressa.

A peça foi acoplada ao redor do corpo do

microscópio, com regulagens que permitiam sua

rotação de modo a deslocar toda a escala no sentido

horário ou anti-horário. A medida observada na

Material e Métodos - Página 49


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

escala, quando a imagem do reflexo corneano ficasse

compreendida entre os anéis do comparador,

poderia então ser anotada.

Curvas de calibração foram desenhadas a partir

de medidas de esferas de aço. Seis esferas com raios

distintos (19,05; 17,46; 15,87; 14,28, 12,70 e

11,12mm) e precisão comercial (esfericidade

0,00002mm, aço inoxidável 302, Small Parts Inc.,

Miami Lakes, Fl) foram medidas 20 vezes, e o

resultado anotado em relação a localização espacial

do “ponteiro” da escala. A partir destas médias, foi

construída uma curva teórica com valores inteiros

interpolados. A escala final tinha 10,0cm de extensão

e divisões de 0,50/0,50D, iniciando em 35 e

finalizando em 55,00D (Figura 10).

Material e Métodos - Página 50


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

FIGURA 10 – DETALHE DA ESCALA DE


LEITURA

Medidas de Esferas Conhecidas

Para determinar a influência do observador na

medida de superfícies esféricas, três observadores

realizaram dez medidas de lentes de contato

fluorcarbonadas (dk 35, Bausch & Lomb, Inc.)

adquiridas da fábrica e checadas por dois aparelhos

independentes. As lentes apresentavam curvaturas

de 38,25; 39,75; 40,25; 40,5; 41,5; 42; 42,5; 43,25 e

43,50D, consistentes nos dois aparelhos. Todas

Material e Métodos - Página 51


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

tiveram a face posterior pintada e foram montadas

aleatoriamente sobre uma superfície plástica.

O erro foi calculado em cada medida pela

subtração do valor observado do valor esperado, e

composto um índice proporcional percentual pela

divisão do erro pelo valor esperado, e multiplicado

por 100. Os dados referentes às dez medidas de cada

observador, em cada lente, foram testados para a

normalidade através do teste de Kolmogorov-

Smirnov, não apresentando uma distribuição normal

em todos os casos. Foi, então, realizada uma análise

não paramétrica pelo teste de Kruskal-Wallis, que

determinou a reprodutibilidade das medidas para

cada observador.

Quantificação de Superfícies Tóricas

O princípio aplicado para a medida de superfícies

não esféricas também baseia-se na magnificação da

imagem virtual. Porém, somente os quatro pontos

Material e Métodos - Página 52


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

extremos da elipse irão coincidir com o comparador.

O observador foi orientado a diminuir o tamanho da

imagem até que ela coincidisse com os dois pontos

extremos de maior curvatura. Nesse momento, a

primeira medida seria tomada. Após a medida, a

imagem seria magnificada até que coincidisse com

os dois pontos extremos de menor curvatura. A

segunda medida seria, assim, tomada (Figura 11).

Extremo Mais
Plano

Extremo
Mais Curvo

FIGURA 11 – LEITURA DO EXTREMO MAIS CURVO E


MAIS PLANO DE UMA SUPERFÍCIE TÓRICA

Três observadores realizaram dez medidas das

oito elipses obtidas pela compressão descrita

anteriormente (moldes tóricos). O braço do

Material e Métodos - Página 53


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

compasso foi ajustado para o meridiano horizontal,

vertical ou oblíquo aleatoriamente, e foram tomadas

medidas pelos três observadores, até totalizarem dez

medidas por compressão, por meridiano.

Foi novamente utilizado o índice proporcional

percentual, e os dados de cada compressão nos três

meridianos, e de cada observador em determinada

compressão, foram testados para a normalidade

através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Uma

análise não paramétrica, realizada pelo teste de

Kruskal-Wallis, testou a reprodutibilidade das

medidas na dependência da inclinação e do

observador. A comparação gráfica do ceratômetro

estudado em relação ao videoceratógrafo foi

realizada.

Correspondência de Valores

Tomando-se os valores de astigmatismo obtidos

pela videoceratografia computadorizada, tratou-se

Material e Métodos - Página 54


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

de compará-los aos valores obtidos pelo ceratômetro

cirúrgico em teste. Não foram consideradas as

inclinações e nem os observadores como variáveis,

uma vez que seu papel tinha sido definido

anteriormente.

Utilizando-se de correlação múltipla, foi obtida a

relação entre as variáveis analisadas

individualmente, calculado o coeficiente de

regressão e construída uma tabela, que relaciona os

valores obtidos pelo ceratômetro em questão a

valores de astigmatismo, obtidos pela

videoceratografia computadorizada.

Assim sendo, um valor de curvatura obtido pelo

ceratômetro, poderia ser convertido em um valor

correspondente ao obtido pelo videoceratógrafo, por

exemplo, 4,50D medidas no ceratômetro

corresponderiam a 3,62D medidas no

videoceratógrafo.

Material e Métodos - Página 55


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

À título de ilustração, foram calculadas as médias e

desvios padrão dos dados.

Orientação de Superfícies Tóricas

Para determinar o erro na medida da orientação

das elipses, em relação a compressão exercida, foi

utilizado o mesmo molde tórico, montado sobre um

compasso. Cinco compressões foram utilizadas, a

saber: 200, 300, 400, 500 e 1000mm-2.

Três observadores determinaram a orientação do

menor meridiano das elipses pelo confronto com a

escala angular observada no comparador. A extensão

da reta, que uniria os pontos de toque, definiria a

orientação do meridiano mais curvo. As orientações

foram medidas com precisão de 5 graus de arco nos

180 graus da circunferência, totalizando 37

meridianos. As 37 medidas foram tomadas

aleatoriamente por cada observador, em cada

compressão.

Material e Métodos - Página 56


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

O erro absoluto de cada medida do meridiano, em

cada compressão, foi obtido subtraindo-se o valor

observado do esperado. Os dados foram submetidos

ao teste de Kolmogorov-Smirnov, para normalidade,

foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis, para verificar

a variabilidade das medidas entre os observadores

em cada compressão.

Representou-se os erros absolutos em função da

compressão exercida em um gráfico de dispersão,

enquanto a mediana, percentis e valores máximos e

mínimos, em cada compressão, foram apresentados

em outro gráfico.

Para a rejeição da hipótese de nulidade em

todos os testes, fixou-se um erro do tipo alfa de 0,05,

marcando-se com um asterisco (*) os valores de “p”

maiores do que 0,05.

Material e Métodos - Página 57


RESULTADOS
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Resultados

Moldes Tóricos

FIGURA 12 - Ilustração esquemática, a partir de


original fotográfico do sistema utilizado para a
simulação de superfícies tóricas – Boston- 1996

Resultados - Página 59
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Foram testadas três inclinações e oito

compressões. Cada uma das combinações

apresentava dez leituras. O teste de normalidade de

Kolmogorov-Smirnov revelou que todos os grupos de

dados tinham uma distribuição normal.

A partir da constatação da normalidade, as

médias e desvios padrão foram calculados para cada

compressão, em cada inclinação (Tabela 1), e a

influência das três inclinações em cada compressão

foi analisada de modo paramétrico pelo teste de

análise de variância (ANOVA). Concluiu-se que as

medidas do poder do astigmatismo, obtidas pelo

videoceratógrafo computadorizado, não eram

influenciadas pelo seu meridiano de inclinação

(Tabela 2).

Resultados - Página 60
Ceratômetro Cirúrgico
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TABELA 1 - MÉDIA E DESVIO PADRÃO DOS DEZ VALORES

OBTIDOS A PARTIR DE CADA INCLINAÇÃO, EM CADA

COMPRESSÃO, MEDIDOS PELO VIDEOCERATÓGRAFO

CORNEANO COMPUTADORIZADO EYESYS - SÃO

PAULO – 1997

Resultados - Página 61
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Inclinação Média  Desvio


(Graus) Padrão
Compressão
(mm-2)
200 180 0,78  0,12
90 0,74  0,13
45 0,71  0,12
250 180 1,00  0,12
90 1,01  0,11
45 0,96  0,11
300 180 1,22  0,12
90 1,22  0,12
45 1,26  0,09
400 180 1,60  0,11
90 1,57  0,12
45 1,62  0,11
500 180 1,97  0,13
90 2,00  0,11
45 1,92  0,12
700 180 2,79  0,13
90 2,78  0,12
45 2,71  0,12
1000 180 3,89  0,10
90 3,85  0,12
45 3,84  0,08
1500 180 5,69  0,11
90 5,60  0,09
45 5,63  0,12

Resultados - Página 62
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TABELA 2 - RESULTADO (P) DO TESTE DE ANÁLISE DE

VARIÂNCIA (ANOVA), APLICADO AOS TRÊS

MERIDIANOS (GRAUS) E OITO COMPRESSÕES - SÃO

PAULO – 1997

Compressão (mm-2) p (180 vs 90 vs 45

Graus)

200 0,39

250 0,69

300 0,77

400 0,70

500 0,29

700 0,38

1000 0,59

1500 0,25

O coeficiente de regressão linear entre

compressão e poder do astigmatismo, medido pelo

videoceratógrafo, foi altamente significante (r >

0,9963) em todos os meridianos (Gráficos 1a, 1b e

1c) e manteve-se significante quando os dados dos

Resultados - Página 63
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

três meridianos foram agrupados, para a obtenção

de uma regressão global (Gráfico 1d)

GRÁFICOS 1A, 1B, 1C E 1D - Equações e regressões

lineares, com intervalo de confiança de 95%, da

compressão realizada sobre moldes tóricos, versus

astigmatismo observado pelo videoceratógrafo

corneano computadorizado (EyeSys, Houston, TX),

nos três meridianos, 180 (a), 90 (b) e 45 (c) graus, e

com os dados agrupados (d) - São Paulo - 1997

Gráfic o 1a - Meridiano de 180 Graus


Astigmatis mo = .08120 + .00377 * Compressão
Correlação: r = .99653
7

6
Astigmatismo Observado (Dioptrias)

Regressão
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 95% confid.

Compressão (mm/100)

Resultados - Página 64
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Gráfic o 1b - Meridiano de 90 Graus


Astigmatis mo = .07219 + .00374 * Compressão
Correlação: r = .99638
7

6
Astigmatismo Observado (Dioptrias)

0 Regressão
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 95% confid.

Compressão (mm/100)

Gráfic o 1c - Meridiano de 45 Graus


Astigmatis mo = .06137 + .00374 * Compressão
Correlação: r = .99669
7

6
Astigmatismo Observado (Dioptrias)

Regressão
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 95% confid.

Compressão (mm/100)

Resultados - Página 65
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Gráfic o 1d - Meridianos Agrupados


Astigmatis mo = .07159 + .00375 * Compressão
Correlação: r = .99647
7

6
Astigmatismo Observado (Dioptrias)

0 Regressão
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 95% confid.

Compressão (mm/100)

Desenho e Construção

O ceratômetro cirúrgico foi construído a partir de

peças avulsas comercializadas em lojas, e peças

manufaturadas. O custo aproximado do protótipo foi

de 500 dólares americanos, além de 30 horas de

trabalho na manufatura das partes.

Resultados - Página 66
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Paulo Schor

ANEL DE PLÁCIDO

FIGURA 13 - Vista inferior do anel de Plácido,


acoplado ao microscópio cirúrgico. Desenho a partir
de fotografia original – Boston - 1996

Resultados - Página 67
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SISTEMA DE MAGNIFICAÇÃO LINEAR

O sistema de aumento variável presente no

microscópio BIO, utilizado no estudo, movimenta as

lentes magnificadoras verticalmente através de uma

engrenagem de rosca helicoidal. A partir da rotação

de um anel externo, as lentes se deslocam

verticalmente. A engrenagem encontrava-se

acoplada a um motor elétrico com controle nos

pedais, porém o deslocamento das lentes, apesar de

contínuo, não podia ser finamente controlado.

Optou-se, pois, pelo desacoplamento do motor e pelo

controle manual da operação de magnificação.

Foram ajustadas duas manoplas ao anel móvel

externo, que girava controladamente a partir de

movimentos do observador. As manoplas foram

construídas de modo a possibilitar a simples

colocação de um protetor esterilizável, a ser

manipulado pelo cirurgião em condições assépticas

(Figura 14).

Resultados - Página 68
Ceratômetro Cirúrgico
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FIGURA 14 - Controle de magnificação bimanual por


eixo acoplado ao sistema de aumento variável
(“Zoom”) do microscópio cirúrgico. Esquema a
partir de fotografia original – Boston - 1996

Resultados - Página 69
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COMPARADOR

Para possibilitar o uso de retículas impressas

em alto contraste, optou-se pela troca de lentes

oculares quando da realização das medidas. O

ceratômetro seria comercializado com uma lente

ocular adicional, contendo a retícula fixa (Figura

15).

90
105 75
120 60
135 45

150 30

165 15

180 0

FIGURA 15 - Círculos concêntricos, distantes 0,1mm,

com largura aproximada de 0,05mm e diâmetro

interno de 0,45mm. Contíguas ao círculo externo

encontram-se impressas linhas interrompidas, que

dividem-se de 5 em 5 graus de arco, cujo

Resultados - Página 70
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Paulo Schor

prolongamento passa pelo centro dos círculos -

Boston - 1996

ESCALA DE LEITURA

Vide Figura 10, página 40

Medidas de Esferas Conhecidas

A distribuição dos dados referentes à leitura da

curvatura de esferas de raio conhecido não se

mostrou compatível a uma curva normal, sendo

realizada uma análise não paramétrica com o teste

de Kruskal-Wallis para a análise de variância, como

mostra a Tabela 3. Os resultados revelam que não

existiu diferença estatística entre os observadores

“X”, “Y” ou “Z”, quando da avaliação do raio de

curvatura das esferas conhecidas. Havendo,

portanto, reprodutibilidade nas medidas.

Resultados - Página 71
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TABELA 3 - ANÁLISE NÃO PARAMÉTRICA DAS VARIÂNCIAS DA

LEITURA DOS TRÊS OBSERVADORES, DO RAIO DE

CURVATURA ESPECIFICADO PELO FABRICANTE DAS

LENTES DE CONTATO COMERCIAIS. RESULTADOS DA

COMPARAÇÃO EXPRESSOS EM QUI-QUADRADO E SUA

SIGNIFICÂNCIA ESTATÍSTICA (P) – SÃO PAULO – 1997

Obs. X vs Obs. Y vs Obs.


Z
Qui-quadrado (p = )
Raio de Curvatura
Especificado Pelo Fabricante
das Lentes de Contato
Comerciais (D)
38,25 1,70 (p = 0,42)
39,75 0,06 (p = 0,96)
40,25 0,48 (p = 0,78)
40,50 0,05 (p = 0,97)
41,50 1,09 (p = 0,58)
42,00 1,06 (p = 0,58)
42,50 0,97 (p = 0,61)
43,25 2,18 (p = 0,33)
43,50 0,83 (p = 0,65)

A Tabela 4 ilustra o comportamento das

medidas, ressaltando suas médias e desvios padrão.

Resultados - Página 72
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TABELA 4 - MÉDIAS E DESVIOS PADRÃO DAS MEDIDAS DOS

RAIOS DE CURVATURA, ESPECIFICADOS PELO

FABRICANTE DAS LENTES DE CONTATO COMERCIAIS,

REALIZADAS POR TODOS OS OBSERVADORES - SÃO

PAULO – 1997

Média Observada Desvio


(D) Padrão

Raio de
Curvatura Especificado
Pelo Fabricante (D)
38,25 38,53 0,29

39,75 40,17 0,54

40,25 40,60 0,39

40,50 41,25 0,46

41,50 41,79 0,27

42,00 42,41 0,46

42,50 42,43 0,39

43,25 43,43 0,39

43,50 43,82 0,39

Resultados - Página 73
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Quantificação de Superfícies Tóricas

A distribuição dos dados referentes às medidas de

superfícies tóricas não foi compatível com a

normalidade em todas as medidas, sendo realizada

uma análise não paramétrica através do teste de

variância de Kruskal-Wallis, para avaliação da

variabilidade intra-observador e intra-classe

(meridiano). Existiu uma variabilidade

estatisticamente significante (P > 0,05), quando os

observadores X e Y realizaram medidas das elipses

correspondentes a compressão de 500mm-2 nos três

meridianos. A mesma variabilidade foi encontrada

quando foram comparadas as medidas entre os três

observadores das elipses correspondentes às

compressões de 500mm-2, nos meridianos de 180 e

45 graus, e na elipse correspondente a compressão

de

300mm-2, no meridiano de 90 graus (Vide Tabela 5)

Resultados - Página 74
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À título de ilustração, foram calculadas as médias

e desvios padrão das medidas obtidas quando da

leitura de superfícies tóricas, utilizando o

videoceratógrafo e o ceratômetro em estudo, como

mostram a Tabela 6 e o Gráfico 2.

Resultados - Página 75
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TABELA 5 - QUI-QUADRADO E SUA SIGNIFICÂNCIA ESTATÍSTICA (P) DA ANÁLISE NÃO

PARAMÉTRICA, ATRAVÉS DO TESTE DE KRUSKAL-WALLIS, DOS ÍNDICES

PROPORCIONAIS PERCENTUAIS, RESULTANTES DA MEDIDA DAS OITO

SUPERFÍCIES TÓRICAS NA DEPENDÊNCIA DAS TRÊS ORIENTAÇÕES (180, 90 E

45 GRAUS) E DOS TRÊS OBSERVADORES (X, Y E Z) - SÃO PAULO - 1997

Resultados - Página 76
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Compressão (mm -2) 200 250 300 400 500 700 1000 1500
Variável Variável
Testada Dependent
e
Observador 180 vs 90 0,87 0,74 0,40 3,60 0,40 5,20 4,80 3,60
X vs 45 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,64) 0,69) 0,95) 0,18) 0,95) 0,09) 0,12) 0,18)
Observador 180 vs 90 0,32 4,80 1,60 0,40 6,40 * 1,20 5,20 5,20
Y vs 45 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,85) 0,12) 0,52) 0,95) 0,04) 0,54) 0,09) 0,09)
Observador 180 vs 90 3,60 1,20 1,60 2,80 10,00 * 2,80 5,20 1,20
Z vs 45 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,16) 0,69) 0,52) 0,36) 0,01) 0,36) 0,09) 0,69)
Meridiano X vs Y vs Z 2,00 5,70 3,30 6,90 9,58 * 4,30 1,40 3,10
180 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,52) 0,12) 0,36) 0,12) 0,01) 0,12) 0,52) 0,36)
Meridiano X vs Y vs Z 2,00 3,20 6,86 10,00 * 4,80 6,50 3,10 3,20
90 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,52) 0,36) 0,12) 0,01) 0,12) 0,09) 0,36) 0,18)
Meridiano X vs Y vs Z 5,16 0,87 4,53 5,38 9,30 * 1,00 0,70 3,80
45 (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p = (p =
0,09) 0,69) 0,12) 0,12) 0,01) 0,69) 0,69) 0,12)

Resultados - Página 77
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*Resultado estatisticamente significante - o resultado é função da


variável dependente

Resultados - Página 78
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TABELA 6 - MÉDIAS E DESVIO PADRÃO DAS MEDIDAS OBTIDAS QUANDO DA LEITURA DE

SUPERFÍCIES TÓRICAS, UTILIZANDO O VIDEOCERATÓGRAFO E O

CERATÔMETRO EM ESTUDO. DADOS AGRUPADOS INDEPENDENTE DO

OBSERVADOR E DO MERIDIANO - SÃO PAULO – 1997

Videoceratógrafo Ceratômetro Cirúrgico


Média ± Desvio Padrão (D) Média ± Desvio Padrão (D)
Compressão (mm-2)

200 0,74 ± 0,13 0,37± 0,29


250 0,98 ± 0,11 0,71± 0,30
300 1,22 ± 0,13 1,04 ± 0,48
400 1,60 ± 0,12 1,63 ± 0,59
500 1,96 ± 0,13 2,14 ± 0,62
700 2,76 ± 0,14 2,98 ± 0,49
1000 3,86 ± 0,11 5,04 ± 0,43
1500 5,64 ± 0,12 7,14 ± 0,42

Resultados - Página 79
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

GRÁFICO 2 - Representação do comportamento das

medidas obtidas por ocasião da leitura de

superfícies tóricas, utilizando o videoceratógrafo e o

7
y = 0,0052x - 0,5507
R2 = 0,9948

6
Astigmatismo Observado (Dioptrias)

4 y = 0,0037x + 0,0716
R2 = 0,9991

Médias do Videoceratógraf o

1 Médias do Ceratômetro Cirúrgico

0
100 300 500 700 900 1100 1300 1500 1700

Com pressão Microm étrica (m m -2)

ceratômetro em estudo – São Paulo - 1997

NOTA.: O gráfico foi construído a partir das médias


independentes do observador e/ou meridiano. Um

Resultados - Página 80
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

desvio padrão é ilustrado acima e abaixo das médias.


A regressão linear foi esboçada para cada conjunto
de dados, e sua equação exposta ao lado da curva
correspondente.

Correspondência de Valores

A diferença entre a maior e a menor curvatura

encontrada nas superfícies tóricas, em cada

compressão, pelo videoceratógrafo corneano,

originou o astigmatismo observado, conforme

mostra o Gráfico 3. Estes valores foram comparados

aos valores de astigmatismo obtidos pelo

ceratômetro, testado independente do meridiano e

do observador, e uma regressão linear foi

construída. A Tabela 7 relaciona valores interpolados

e extrapolados, a partir da equação da regressão

linear, dando origem a uma tabela de conversão de

valores obtidos pelo ceratômetro versus valores

esperados pelo videoceratógrafo.

Resultados - Página 81
Ceratômetro Cirúrgico
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GRÁFICO 3 - Correlação linear entre os valores

médios de astigmatismo observados pelo

videoceratógrafo corneano e os valores individuais

observados pelo ceratômetro em teste - São Paulo -

1997

Correlação de Medidas no Ceratômetro vs. Topógrafo Corneano


Topógrafo = 0.558+0.68*Ceratômetro
6

5
Observações no Topógrafo (Dioptrias)

2
1 observação
2-4 observações
1 5-7 observações
8-10 observações
11-13 observações
14-16 observações
0
-1 1 3 5 7 9 >16 observações

Observações no Ceratômetro (Dioptrias)

Resultados - Página 82
Ceratômetro Cirúrgico
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TABELA 7 - TABELA DE AJUSTE DO CERATÔMETRO EM TESTE,

SEGUNDO EQUAÇÃO VIDEOCERATÓGRAFO = 0,552 +

0,681 X CERATÔMETRO. SCHOR, P - SÃO PAULO - 1997

Resultados - Página 83
Ceratômetro Cirúrgico
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Leitura no Ceratômetro (Dioptrias) Valor Correspondente no Videoceratógrafo (Dioptrias)


0,25 0,72
0,50 0,89
0,75 1,06
1,00 1,23
1,25 1,40
1,50 1,57
1,75 1,74
2,00 1,91
2,25 2,08
2,50 2,25
2,75 2,42
3,00 2,60
3,25 2,77
3,50 2,94
3,75 3,11
4,00 3,28
4,25 3,45
4,50 3,62
4,75 3,79
5,00 3,96
5,25 4,13
5,50 4,30
5,75 4,47
6,00 4,64
6,25 4,81
6,50 4,98
6,75 5,15
7,00 5,32
7,25 5,49
7,50 5,66
7,75 5,83
8,00 6,00
8,25 6,17
8,50 6,34
8,75 6,51
9,00 6,68

Resultados - Página 84
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Orientação de Superfícies Tóricas

Os erros absolutos obtidos por cada observador

na determinação do meridiano, em cada uma das

cinco compressões, não apresentavam-se

distribuídos segundo padrão normal. Somente uma

das combinações (observador X compressão 200mm-


2
) teve distribuição normal, com p = 0,06.

A análise de variância, pelo teste de Kruskal-

Wallis, mostrou que os três observadores não

diferiram no tocante ao erro apresentado em

qualquer compressão, como podemos observar na

Tabela 8.

TABELA 8 - VARIABILIDADE (QUI-QUADRADO) INTERPESSOAL

DA MEDIDA DO MERIDIANO, E SUA SIGNIFICÂNCIA

ESTATÍSTICA (P), OBTIDO PELA ANÁLISE DE

VARIÂNCIA DO ERRO OBSERVADO PELOS TRÊS

OBSERVADORES EM CINCO COMPRESSÕES - SÃO

PAULO – 1997

Resultados - Página 85
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Qui-quadrado p
Compressão

(mm-2)
200 5,70 0,06
300 5,60 0,06
400 2,70 0,26
500 5,00 0,07
1000 0,20 0,88

Resultados - Página 86
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GRÁFICOS 4A E 4B - Representação da dispersão

dos erros cometidos, quando da interpretação do

correto meridiano das superfícies tóricas, em

relação a compressão exercida. a) dispersão dos

valores, b) mediana, percentis, valores máximos e

mínimos - São Paulo - 1997

Gráfico 4a
80

70

60

50
Erro Angular (Graus)

40

30

20

1 observação
10
2-10 observações
11-19 observações
0 20-28 observações
29-37 observações
38-46 observações
-10
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 >46 observações

Compressão Exercida (mm-2) (mm -2)

Resultados - Página 87
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Gráfico 4b
80

70

60

50
Erro Angular (Graus)

40

30

20

10

0 Min-Max
25%-75%
-10
200 300 400 500 1000 Mediana

Compressão Exercida (mm-2) (mm )


-2

À título de ilustração, foram calculadas as

médias e os desvios padrão dos erros cometidos por

cada observador, ao julgar os meridianos em cada

compressão, como mostra a Tabela 9.

Resultados - Página 88
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Tabela 9 - Média e desvio padrão dos erros

cometidos (em graus) por cada observador, ao julgar

os meridianos das superfícies tóricas em cada

compressão - São Paulo – 1997

Compressão 200 300 400 500 1000

(mm-2)
Observador
#1 15,41 11,89 7,16 5,41 5,27
#2 23,51 20,00 10,95 6,76 5,68
#3 23,92 16,35 9,32 7,84 5,41
TODOS 20,95 16,08 9,14 6,67 5,45
Desvio 16,13 11,88 6,33 4,31 4,11

Padrão

Resultados - Página 89
DISCUSSÃO
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Discussão

Moldes Tóricos

A forma da córnea, como já citada na introdução

deste estudo, não é totalmente conhecida. Com as

técnicas modernas, como a videoceratografia

computadorizada, sua compreensão evoluiu e

atualmente considera-se a córnea dividida em uma

zona central, de aproximadamente 3 a 4mm; uma

zona paracentral, até 7 a 8mm; uma zona periférica

31
até 11mm, e uma zona limbal até 12mm . A córnea

não é esférica, à exceção provavelmente de sua zona

central. Conceitos como asfericidade foram

adicionados à toricidade corneana, e hoje estuda-se

a asfericidade normal de uma córnea, procurando a

Discussão - Página 91
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

determinação, por exemplo, de ectasias corneanas

32
patológicas .

Os conceitos em discussão são importantes para o

entendimento da mecânica da córnea,

principalmente frente a procedimentos que visem

alterar previsivelmente sua forma e corrigir vícios de

refração. É sabido que a córnea, submetida a

procedimentos refrativos, tem sua asfericidade

alterada, muitas vezes com o centro mais plano do

33
que a periferia . Mais importante do que isso,

forma-se uma zona de transição que se localiza na

34
região paracentral da córnea . Tal alteração

anatômica, é responsável pela gênese de fenômenos

ópticos, como deslumbramento e visão de halos em

torno de objetos iluminados, principalmente à noite,

quando os raios refratados pela região paracentral

Discussão - Página 92
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

da córnea adentram à pupila fisiologicamente

dilatada.

Durante o dia, a pupila apresenta entre 3 e 4mm

35
de diâmetro , portanto a zona de refração efetiva é

a central, considerada como esférica. A medida das

curvaturas dos 3 - 4mm centrais da córnea é

suficiente para a previsão e solução dos problemas

ópticos fisiológicos da córnea em situações diurnas.

A videoceratografia corneana, hoje em dia,

tornou-se um instrumento útil na detecção de

patologias localizadas fora da área central da

córnea. Além disso, a utilização da topografia

corneana no período pós-operatório é fundamental

apenas em casos nos quais os fenômenos ópticos

citados anteriormente limitam as atividades dos

pacientes. Uma de suas maiores utilidades é a

determinação da centralização dos procedimentos

Discussão - Página 93
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

refrativos, sejam eles incisionais, fotoablativos ou a

inserção de próteses na córnea.

Comparações entre a ceratometria simulada

central (CSC) obtida pela topografia, e a

ceratometria clássica (KT) já foram realizadas. Uma

das vantagens intrínsecas à CSC é a possibilidade de

medida em córneas irregulares. Tal metodologia

possibilita a escolha de uma melhor lente intra-

36 37
ocular, quando do cálculo pré-operatório , .

Admite-se, hoje em dia, que a topografia corneana

mede de modo constante e preciso a curvatura

central da córnea, e temos como realidade que os

mapas coloridos estão substituindo lentamente os

ceratômetros convencionais.

Existem, atualmente, mais de 12 aparelhos

comerciais para a avaliação da topografia corneana,

e a maioria ainda utiliza os princípios dos anéis de

Discussão - Página 94
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Plácido para a obtenção da imagem. A precisão

destes aparelhos varia entre 0,10 e 0,25 dioptrias. O

seu preço encontra-se entre 14000 e 39000 dólares

38
americanos . Todos os aparelhos baseados nos

anéis de Plácido são comercializados com esferas

para calibração. Tais esferas têm raio de curvatura

variando entre 40,00 e 50,00 dioptrias. O fabricante

orienta o usuário a calibrar o aparelho em intervalos

de 1 a 3 meses, tomando videoceratografias das

esferas e comparando o resultado com o valor real.

Havendo discrepâncias, o instrumento é

automaticamente calibrado. O mesmo sistema de

calibração com esferas é proposto para os

ceratômetros convencionais.

Moldes asféricos ou tóricos não são

rotineiramente utilizados para a aferição dos

instrumentos. A construção de tais asferas tóricas

parece ser problemática no que se refere a

Discussão - Página 95
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

reprodutibilidade, além do que a orientação do

meridiano do objeto frente aos anéis se torna

importante nas medidas, fato ausente quando se

trata de esferas. Moldes tóricos simples encontram-

se descritos como parte da metodologia que

39 40 25
comparou ceratômetros cirúrgicos , , , porém

os autores utilizaram somente uma compressão, sem

controle de compressão linear (micrométrico), o que

torna difícil a reprodução do experimento.

Com os resultados obtidos pelo instrumento de

compressão, apresentado neste estudo, julgamos ser

possível a reprodução de superfícies tóricas de modo

simples e barato. Foi demonstrado pela análise de

variância que a orientação a que é submetida a

superfície tórica não influencia no astigmatismo

observado. O nível líquido permitiu o

posicionamento basal inicial do sistema e permitiu

Discussão - Página 96
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

medidas nas três posições apresentadas (180, 90 e

45 graus).

Ao analisarmos o Gráfico 1d (página 51), notamos

a boa reprodutibilidade na geração do astigmatismo

com uma dada compressão, apresentando um desvio

padrão máximo de 0,13D.

A correlação linear altamente significante (r =

0,9964) entre o astigmatismo observado e a

compressão micrométrica exercida, permitem que se

determine valores intermediários (interpolação e

extrapolação) com segurança, tornando o

instrumento capaz de simular uma ampla gama de

toricidades (astigmatismo) de forma linear. A

construção de um aparelho para este fim não nos

parece distante e nem problemática, devendo

adicionar recursos para a calibração e checagem dos

videoceratógrafos corneanos computadorizados.

Discussão - Página 97
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Desenho e Construção

O aplanamento corneano em direção ao limbo é o

que define a córnea como asférica. GULLSTRAND,

41
estudando fotoceratoscopias , propôs que a área

central da córnea fosse esférica. A região central

pode ser definida como uma área corneana, onde a

maior diferença de poder dióptrico não ultrapassa

1,00D. Tomado este limite, a área central

apresentará 4mm de diâmetro. Se o limite de

diferença de 2,00D for aceito, então tal área irá

42
apresentar 6mm de diâmetro . Tais considerações

validam o método de medida utilizado neste estudo

que, assim como o ceratômetro convencional,

pressupõe uma superfície esférica e tem como área

de medida dois pontos centrais que distam,

aproximadamente, 3mm.

Discussão - Página 98
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Em 1992, existiam 12 ceratômetros cirúrgicos em

43
uso . Seis destes se propunham a uma avaliação

44
qualitativa da superfície da córnea. TROUTMAN

foi um dos pioneiros na obtenção de curvaturas

intra-operatórias, e apresentou um aparelho

qualitativo, justificando que o que se observa

durante a cirurgia não corresponde ao que se obtêm

19
no período pós-operatório . Sabemos, porém, que

no curso de um transplante de córnea, um resultado

ceratométrico de 48,00D difere fundamentalmente

de 42,00D e mais, que podemos realizar manobras

intra-operatórias de modo a diminuir tal curvatura e

evitar uma provável miopia excessiva pós-operatória.

26
Recentemente , outros instrumentos

qualitativos alcançaram o mercado, com preço

atrativo e simplicidade de uso. A escassez de

instrumentos quantitativos parece repousar

Discussão - Página 99
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

exatamente nestes dois conceitos: custo alto e

complexidade de uso. O instrumento apresentado

neste trabalho procura aliar preço e simplicidade de

utilização, e com isso oferece a vantagem da medida

de cada um dos meridianos corneanos.

ANEL DE PLÁCIDO

Devido a preocupação com a simplicidade do

instrumento a ser desenvolvido, que se reflete no

preço, acessibilidade e universalidade, utilizou-se da

tecnologia conhecida e testada dos anéis de Plácido.

Uma das limitações do uso direto da topografia

corneana, como ela é atualmente, na obtenção de

dados intra-operatórios, é a pequena distância que o

aparelho tem em relação ao olho: aproximadamente

45
5,0cm do anel mais externo . Tal arranjo se

justifica quando busca-se interpretar uma área de 9-

11mm da córnea e não se dispõe de dispositivos

Discussão - Página 100


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

efetivos de magnificação da imagem. Durante as

cirurgias, o campo observado sob o microscópio deve

ser amplo o suficiente para que o cirurgião possa

manipular instrumentos com liberdade de

movimentos. A distância de 175mm tem sido

utilizada atualmente e é o padrão de distância de

trabalho dos microscópios. Lentes objetivas de

200mm de foco também existem alternativamente,

porém seu uso é mais restrito. Para não interferir na

distância focal e no campo cirúrgico, o anel de

Plácido utilizado no estudo não pode ocupar espaço

excessivo sob o microscópio.

A alternativa de usar uma luz circular

fluorescente se deveu a sua forma circunferencial,

baixa produção de calor, longa durabilidade e

homogeneidade na distribuição da luz. Porém, tais

lâmpadas são volumosas (mínimo 2,0cm de

espessura) e sua utilização, em posição mais elevada

Discussão - Página 101


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

no corpo do microscópio, apresentava limitações

técnicas. Uma alternativa às lâmpadas fluorescentes

foi o uso de painéis fluorescentes (Durel Co.,

Chandler, AZ), atualmente usados em relógios e

consoles de carros e aviões. Tais dispositivos emitem

luz azul-esverdeada (510 nm) e homogênea, tem

menos de 3mm de espessura e são alimentados por

baterias de 9 volts, permitindo ao dispositivo maior

mobilidade. Entretanto, além do preço relativamente

elevado, a emissão de luz não foi suficientemente

intensa para que as medidas fossem realizadas com

a luz do microscópio acesa. Com a melhora e

barateamento dessa tecnologia, talvez tais fontes

possam ser utilizadas.

Optamos por utilizar a luz fluorescente, que

ficou localizada a 155mm do objeto a ser avaliado.

A intenção de utilizar a própria luz circular

como objeto iluminado limitou-se pelas dimensões

Discussão - Página 102


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

da lâmpada, que possuía 190mm de diâmetro

interno e 210mm de diâmetro externo. Necessitava-

se de um objeto que, se situado a 155mm da

superfície a ser medida, tivesse 133mm de diâmetro.

Optou-se por uma máscara, impressa inicialmente

sobre uma transparência comercial (transparency

film, 3M, Austin, TX). Vários padrões foram

experimentados, porém o desenho de um anel

circular com 3mm de espessura foi o que

proporcionou mais conforto nas medidas.

SISTEMA DE MAGNIFICAÇÃO LINEAR

A comparação de uma imagem conhecida, de

tamanho fixo, com uma imagem variável é a base do

funcionamento do aparelho. Para variar o tamanho

de uma imagem, em relação à superfície especular

convexa (córnea ou lentes), a partir da qual ela é

formada, existem basicamente duas alternativas:

Discussão - Página 103


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

variar a distância do objeto em relação ao espelho,

21
como o exposto na patente de CRAVY ou variar o

tamanho aparente da imagem.

O deslocamento dos anéis de Plácido, obtidos a

partir de painéis iluminados, finos e alimentados por

pequenas baterias, parecia a solução mais simples.

O painel de 3mm seria adaptado a um sistema de

rosca, que permitia um deslocamento vertical

contínuo e controlado. Cada 10 graus de rotação

corresponderiam a 0,18cm de deslocamento vertical,

que se refletiriam em 0,55 dioptrias. Seriam,

portanto, necessários 6,4cm de deslocamento para

conter as 20 dioptrias entre 35,00 e 55,00. Para a

medida de curvaturas extremas, o aparelho se

localizaria a 11,1cm do molde plástico, o que

limitaria o uso do sistema. Soluções como

engrenagens telescópicas foram tentadas, mas com

Discussão - Página 104


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

a constatação da baixa intensidade da luz e alto

custo foram abandonadas.

A utilização do sistema de magnificação

existente no próprio microscópio cirúrgico foi a

segunda alternativa. O tamanho aparente da imagem

iria variar. Tal solução restringe o uso do

ceratômetro a microscópios que possuam tal

mecanismo, que embora sejam encontrados em

grande parte dos novos microscópios cirúrgicos,

acaba por elevar o custo indireto do aparelho.

Atualmente, os microscópios apresentam a

magnificação impressa ao redor do sistema de

aumento variável (“Zoom”), porém tal informação

não é utilizada para fins práticos, sendo que o

aproveitamento da escala quantitativa facilitou a

construção do protótipo.

A condição de paralisia muscular, resultado da

anestesia pré-operatória, possibilita as medidas de

Discussão - Página 105


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

curvatura sem o artifício dos prismas duplos, porém

a fixação ativa dos olhos é perdida no processo, e o

posicionamento corneano preciso é,

consequentemente, prejudicado. A utilização das

duas mãos para a magnificação auxilia o

alinhamento óptico do sistema.

COMPARADOR

Assim como no sistema de magnificação,

também em relação ao objeto fixo foram tentadas

várias soluções. A simplicidade e universalidade do

aparelho não pareciam justificar a introdução de

peças novas no microscópio. O próprio molde

poderia conter um anel para comparação. A

marcação direta sobre o mesmo foi a primeira

solução lógica, baseada fundamentalmente na

presença da anestesia tópica. Marcas circulares

obtidas a partir de marcadores de zonas ópticas,

comercializados para cirurgia refrativa, foram

Discussão - Página 106


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

utilizadas. Infelizmente, tanto marcas de impressão

direta sobre o epitélio corneano de animais, como de

tinta do tipo violeta, de genciana, interferiam muito

nas leituras, e a alternativa foi abandonada.

A outra opção seria a colocação de um anel de

tamanho conhecido, localizado no interior do

microscópio. O objeto deveria ser observado no

mesmo plano focal que o molde plástico, e o espaço

lógico seria a região da lente ocular, onde os raios

luminosos provenientes do sistema das lentes

objetivas se cruzam, conhecido como o “plano da

retícula”. A colocação de uma retícula fixa, com

marcas referenciais, não parecia complexa, e

processos fotográficos permitiam o cálculo exato de

seu tamanho. Como inconveniente, havia o fato da

retícula estar presente permanentemente no campo

de visão do cirurgião.

Discussão - Página 107


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Retículas que desaparecem estão em uso

atualmente, e seu exemplo mais recente é exposto

no aparelho de excimer laser (VISX-Star),

comercializado pela empresa VISX (Santa Clara, CA).

O sistema projeta um padrão observado pelo

cirurgião, que pode recolher informações a respeito

da centralização do procedimento, número de pulsos

emitidos, etc. A complexidade do sistema não

justificou seu uso no ceratômetro apresentado. Como

alternativa, foi testado um sistema baseado em luz

polarizada. A luz emitida pelos anéis de Plácido

seriam polarizadas em uma orientação e a retícula

apresentaria uma região central vazada, circundada

por um halo polarizado na orientação oposta aos

anéis. A leitura se daria a partir do aparecimento do

anel, que ocorreria quando houvesse coincidência

das polarizações opostas. Na área central, o anel

seria observado de forma atenuada, pela baixa

transmissibilidade da luz. Tal solução parece

Discussão - Página 108


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

interessante e útil para outros instrumentos ópticos,

porém a manufatura da retícula é complexa e deverá

ser testada em outra oportunidade.

ESCALA DE LEITURA

A curvatura da córnea em uma população

46
normal caucasiana é de 43,03 +/- 1,37D . Para esta

população normal, os valores de curvatura

apresentariam os extremos de 45,78 a 40,28D.

Devemos, porém, enfatizar que os ceratômetros,

mormente os cirúrgicos, são utilizados em situação

especiais, onde o padrão de normalidade não se

aplica. Por isso há a necessidade de extensão da

escala de leitura, e o intervalo de 35,00 a 55,00D foi

definido para a finalidade do aparelho.

A escala de magnificação presente nos

microscópios cirúrgicos não tem finalidade

quantitativa prática, como já foi dito, por isso não

Discussão - Página 109


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

há, necessariamente, precisão na sua impressão.

Geralmente, as escalas são divididas em cinco ou

seis intervalos e não há espaço físico para a

impressão de valores intermediários. Na construção

de um aparelho que se propõe a medir intervalos de

0,25D, tais valores intermediários são fundamentais.

Antes da construção lógica da escala era necessário

criar espaço físico para a impressão dos valores

intermediários.

A magnificação obtida pelo sistema de aumento

variável é expressa em escala logarítmica. Pequenos

movimentos verticais realizados no extremo superior

(alta magnificação) se traduzem em grandes

variações de magnificação. Tal relação é

determinada pela posição relativa das lentes que

compõem o sistema de aumento variável e pela

engrenagem helicoidal utilizada. Não havendo

especificação a respeito das relações, foi realizada

Discussão - Página 110


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

uma calibração empírica da escala. Objetos de

curvatura conhecida (esferas de aço de alta

precisão) foram observados e o reflexo anular

magnificado ou minificado até coincidir com a

retícula fixa. A escala foi marcada em cada ponto de

leitura, permitindo a interpolação e extrapolação de

valores intermediários.

O curso necessário para a medida de esferas com

superfícies entre 35,00 e 55,00D foi de 60 graus, ou

seja, haviam 10,0cm para a interpolação de 20

valores, que distribuídos linearmente manteriam

uma relação de 0,50cm/dioptria. Como já citado, a

relação não era linear e foi determinada

empiricamente. A impressão da escala foi realizada

por impressora comercial laser (Panasonic KX-

P6100), com definição de 300 pontos por polegada.

Certamente a impressão profissional com filme

fotográfico irá contribuir para a maior precisão das

Discussão - Página 111


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

medidas, com a manutenção fidedigna da não

linearidade da escala.

Medidas de Esferas Conhecidas

A calibração dos ceratômetros qualitativos atuais

é realizada com esferas de curvatura conhecida. Já

abordamos a limitação de tal metodologia, em

relação a aparelhos que se destinam a medir

superfícies tóricas, porém a comparação com

aparelhos disponíveis só é possível se utilizarmos a

mesma metodologia para a calibração, ou seja, a

medida de superfícies esféricas.

Calibrações com esferas de aço já foram

47
propostas por SCHECHTER , que enfatizou a

necessidade de verificação periódica dos

ceratômetros, quando dos cálculos de lentes intra-

oculares. O autor propõe o uso de tais esferas em

substituição a moldes de plástico injetado fornecido

Discussão - Página 112


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

pelos fabricantes, tendo como vantagem sua fácil

25
obtenção. MORLET et al. , ao comparar dois

ceratômetros cirúrgicos, utilizou três esferas de aço

medidas com um ceratômetro Baush & Lomb como

padrão ouro. Embora de fácil obtenção e grande

precisão (até 0,0025cm), as esferas metálicas são

produzidas para fins diversos, e a correspondência

com valores de curvatura corneana limita seu uso.

O que se depreende do exemplo anterior é

40
enfatizado pelo artigo de HOUSE et al. , que

observam que o fabricante do ceratômetro cirúrgico

Terry (Alcon Lab., Texas) propõe o uso de uma única

esfera de 42,50D de curvatura para a calibração do

aparelho. Ao se comparar o ceratômetro de Terry

com o produzido pela Baush & Lomb, havia uma

coincidência exatamente neste valor, com a mesma

medida de esferas. Aquém deste valor, o ceratômetro

Discussão - Página 113


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

cirúrgico subestimava e além do mesmo valor havia

uma superestimação de valores de curvaturas. Os

autores enfatizam, então, a necessidade de medida

de vários pontos para a calibração dos ceratômetros.

Concluímos que as esferas de aço auxiliam, mas não

encerram o processo de aferição dos ceratômetros.

A utilização de lentes de contato rígidas, com

nove valores conhecidos, permite o estudo do

comportamento do ceratômetro em um intervalo

amplo e mais fisiológico do que o utilizado com as

esferas de metal, o que possibilita a extrapolação e

interpolação de valores, dado o grande número de

pontos avaliados.

As medidas obtidas pelo ceratômetro cirúrgico

manual em estudo apresentaram-se constantes,

independente do observador ou padrão medido

(Tabela 3, página 60), cabendo ressaltar que um dos

observadores não era oftalmologista. Esses dados

Discussão - Página 114


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

caracterizam a boa reprodutibilidade do aparelho. A

diferença entre o valor de curvatura fornecido pelo

fabricante e o medido foi, em média, 0,33D,

enquanto que a precisão do ceratômetro Javal, é de

48
0,37D . Outros ceratômetros apresentam uma

5
precisão que varia entre 0,25 e 0,75 , e os

videoceratógrafos têm uma precisão que varia de

38
0,10 a 0,25D . A precisão de 0,33D qualifica o

aparelho para a medida de curvatura de esferas. A

situação mimetizada neste experimento, porém, não

corresponde a realidade clínica, não somente por

não haver toricidade superficial presente, mas por

não haver movimento ocular algum e o sistema

poder ser alinhado perfeitamente. Estas mesmas

considerações cabem ao processo de calibração dos

outros ceratômetros quantitativos, porém a

comparação, como já citado anteriormente, só pode

Discussão - Página 115


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

ser realizada com base em experimentos

previamente realizados.

Quantificação de Superfícies Tóricas

A medida dos valores individuais do meridiano

mais curvo e do mais plano de uma superfície tórica

(com o cálculo da respectiva diferença) é um dos

modos de se obter a quantidade de astigmatismo

presente em uma superfície. Tal sistema pressupõe,

obviamente, a capacidade de medida, ou seja, um

sistema quantitativo.

Uma das fontes de erro dos ceratômetros

clássicos é a variação da distância entre o objeto a

ser medido e a fonte de luz. Se realizarmos as

medidas dos dois meridianos, a uma distância maior

do que a padronizada, haverá uma superestimação

dos valores ceratométricos. Se as medidas de cada

meridiano forem tomadas separadamente, poderá

haver uma super ou subestimação deste meridiano e

Discussão - Página 116


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

erro na medida do astigmatismo. Por isso, a Baush &

8
Lomb utiliza o princípio de Sutcliff , que projeta

quatro miras na córnea e possibilita que a medida

dos dois meridianos seja realizada simultaneamente.

O sistema apresentado neste estudo utiliza anéis

de Plácido, e permite que se obtenha um continuum

de pontos nos moldes plásticos ou na córnea, de

modo que as medidas sejam realizadas tomando-se o

conjunto dos pontos. Assim sendo, há a vantagem da

medida simultânea sem a limitação de quatro pontos

de comparação, e superfícies irregulares podem ser

medidas com base em uma forma intermediária. A

avaliação da forma da superfície é possível, como no

caso dos ceratômetros qualitativos, e as medidas

ceratométricas podem ser obtidas em quaisquer

pontos desejados.

Discussão - Página 117


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Os ceratômetros cirúrgicos qualitativos se

baseiam no tamanho relativo das imagens. Os

desenhos clássicos projetam um círculo sobre a

córnea, cabendo ao observador a função de julgar o

quanto o reflexo se parece com um círculo ou com

22
uma elipse, e quão alongada é tal elipse . Sistemas

recentes, projetam diversas elipses sobre a córnea,

cabendo ao observador julgar qual elipse anula a

assimetria do reflexo obtido, transformando-o em

um círculo. O custo de tais sistemas é baixo, porém

sem uma referência externa, o julgamento é

altamente influenciado pela experiência do

observador, não apresentando uma precisão maior

25
do que 2,50D . Uma teoria sobre o fato utiliza os

49
princípios de Gestalt , que considerava haver uma

tendência do ser humano a regularizar a forma de

objetos irregulares, e enxergar formas simétricas.

Discussão - Página 118


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Dois estudos comparativos utilizaram formas

tóricas para a avaliação de ceratômetros. Embora

não tenham padronizado a compressão, os sistemas

compararam a mesma compressão em diversos

equipamentos, e tomavam o ceratômetro Baush &

Lomb como padrão ouro. O estudo de HOUSE et al.

40
avaliou o ceratômetro cirúrgico de Terry e

observou uma superestimação de valores de 0,25 a

8,25D. Houve uma significante correlação linear

entre os valores (r = 0,931) e a equação da curva

determinou que Terry = - 0,276 + 2,07 Baush &

25
Lomb. O estudo de MORLET et al. compararam os

ceratômetros qualitativos de Barret e Hyde com o

Baush & Lomb. A régua de Hyde apresenta uma

tendência a superestimação de valores, desde os

valores mais baixos, com uma curva semelhante à do

trabalho anterior. O ceratômetro de Barret se

comporta de um modo mais linear, correspondendo

Discussão - Página 119


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

aos valores reais, a partir de 3,00D. Na medida de

1,00 e 2,00D há uma subestimação de

aproximadamente 0,50D, sendo que o erro padrão

em tais medidas variou de 0,90 a 1,34D. O aparelho

em estudo apresentou uma curva comparativa do

tipo: videoceratógrafo = 0,552 + 0,681 x

ceratômetro. Há uma tendência inicial (até 0,75D)

de subestimação, seguida de hiperestimação dos

valores, do mesmo modo que os aparelhos

qualitativos citados.

Dados sobre a performance dos instrumentos são

escassos na literatura oftalmológica. Os aparelhos,

em sua maioria de origem americana, passam por

um processo de avaliação pelos órgãos federais

conhecido por “510K”, tendo de preencher condições

de uso, entre as quais, que os aparelhos novos se

comparem aos padrões anteriores. Tais relatórios

não são tornados públicos e a publicidade dos

Discussão - Página 120


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

aparelhos se faz com base em resultados clínicos. As

patentes concedidas apresentam somente dados

necessários a construção dos instrumentos.

O instrumento apresentado neste estudo é um

protótipo em fase final de experimentação, também

chamado de protótipo funcionante. Testes clínicos

devem ser realizados antes da produção e

comercialização do aparelho. A estrutura necessária,

para que a conclusão da próxima fase do

desenvolvimento tenha êxito, é onerosa e deve ser

assumida por uma companhia especializada em

produtos ópticos. A insistência no desenvolvimento

dos produtos sem condições de aperfeiçoamento e

produção levará à extinção do modelo. O momento

de transferir o controle do processo é um passo

fundamental e não deve ser atrasado pelos

inventores.

Discussão - Página 121


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

A apresentação do produto ao mercado sem os

testes e aperfeiçoamentos futuros põe em risco a

confiabilidade do aparelho e das pessoas envolvidas

na sua produção. A ética envolvida na etapa final de

comercialização é fundamental para que a sociedade

possa se beneficiar dos instrumentos.

O teste comparativo do ceratômetro em questão

foi realizado com o videoceratógrafo EyeSys. Alguns

estudos demonstraram a equivalência da

ceratometria simulada central (CSC), obtida pela

50
videoceratografia e da ceratometria convencional ,

51 52
, , enquanto outros comparam os

53
videoceratógrafos entre sí . A CSC utiliza como

fonte de dados vários pontos localizados,

aproximadamente, nos 3mm centrais da córnea. Tal

metodologia se assemelha mais ao método

apresentado neste estudo do que a medida dos

Discussão - Página 122


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

quatro pontos centrais realizada pelos ceratômetros

clássicos.

A reprodutibilidade das medidas foi comprovada

pela análise de variância entre os observadores, e

em três inclinações distintas. Não houve variação em

relação a estas duas variáveis em todo o espectro de

compressão, à exceção da região que compreende

2,00D de astigmatismo. Neste intervalo os valores

não coincidiram e o aparelho mostrou-se

influenciado pelo meridiano e/ou pelo observador.

A variabilidade interpessoal e interclasse

(meridiano) alcança, nesta medida, um valor

estatisticamente significante. Podemos verificar que

o desvio padrão cresce até alcançar o valor de 0,62D,

nesta medida e decresce com estabilidade após a

mesma. A limitação no uso do ceratômetro, nesta

faixa, pode ser devido a tendência à simetria

descrita por Gestaut. Esta faixa poderia ser a que

Discussão - Página 123


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

distingue reflexos francamente esféricos daqueles

francamente elípticos, porém em astigmatismos

menores que 2,00D há uma boa reprodutibilidade

das medidas, o que dificulta o entendimento do

comportamento das medidas.

Outro fator a ser considerado, é o postulado de

que os observadores são emétropes, ou pelo menos

não compensaram a ametropia com a regulagem

presente na lente ocular do microscópio. Se

houvesse tal regulagem, o sistema não seria mais

afocal, e maiores magnificações provocariam

imagens desfocalizadas, o que poderia interferir na

leitura do meridiano mais curvo ou mais plano. Não

há, portanto, razão lógica para que tal variação

estivesse presente somente na região que

compreende 2,00D de astigmatismo.

Devemos, contudo, considerar com cautela os

resultados obtidos em torno de 2,00D de

Discussão - Página 124


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

astigmatismo. Medidas repetidas nesta condição

podem contribuir para a maior confiabilidade e

aumentar a precisão do aparelho. A revisão da escala

impressa pode modificar os dados e deve-se manter

a atenção para este tópico no desenvolvimento do

protótipo. Até então, a consulta a uma tabela de

conversão parece adequada conforme discutiremos

adiante.

A opção por um instrumento manual, que se

traduziria em simplicidade e custo acessível, implica

em uma avaliação subjetiva, trazendo consigo as

limitações do operador. O mínimo astigmatismo

detectado pelos olhos humanos parece ser de 2,50D

49
. A colocação de uma referência externa deveria

diminuir tal limite para menos do que 2,00D,

44
dependendo da experiência do observador .A

sobreposição óptica das superfícies deveria,

Discussão - Página 125


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

teoricamente, diminuir o mínimo valor detectável.

No ceratômetro testado, houve uma correspondência

ao padrão ouro em todos os valores testados (a

partir de 0,74D), e o desvio padrão variou de 0,29 a

0,62D.

Os trabalhos apresentados, com outros

instrumentos cirúrgicos, relatam resultados clínicos

em astigmatismos pós-transplantes penetrantes de

córnea, após a retirada completa das suturas.

Sabemos que o comportamento do astigmatismo não

é determinado somente pela ceratometria intra-

operatória, havendo fatores como o tamanho do

54 55
botão , o tipo de trepanação e a experiência do

cirurgião, que causam uma certa confusão na

análise destes dados. O dado puro sobre o mínimo

astigmatismo detectado pelos instrumentos faz

parte da performance dos aparelhos, que, como já

foi observado, é de difícil obtenção. Os instrumentos

Discussão - Página 126


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

comerciais são caracterizados por uma precisão, que

no caso dos aparelhos cirúrgicos quantitativos não

subjetivos é de aproximadamente 0,50D. O

ceratômetro testado se aproxima destes valores em

testes laboratoriais, porém a comparação deve ser

completada a partir da comparação da performance

em olhos humanos anestesiados.

Correspondência de Valores

Expostas as limitações do aparelho e seu uso

clínico, podemos analisar os dados e propôr uma

tabela de correspondência de valores, que deve ser

entendida como sujeita a variações, que estão entre

0,29 e 0,62D, conforme já vimos (Tabela 7).

A linearidade da escala, com alto coeficiente de

correlação linear

(r = 0,9765) permite a construção desta tabela. A

regressão apresenta um coeficiente angular que se

Discussão - Página 127


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

traduz em sub e superestimações observadas no

início (até 1,50D aproximadamente) e no final da

reta, respectivamente. A comparação de

ceratômetros automáticos (Humphrey e Canon) ao

ceratômetro clássico de Javal mostra coeficientes de

correlação mais baixos, respectivamente 0,847 e

48
0,889 .

O grande número de observações (352) confere

alta confiabilidade à tabela, a qual servirá como

instrumento para a avaliação e uso clínico do

protótipo. A fonte de erro responsável pelas sub e

superestimações parece, novamente, estar

relacionada à escala, uma vez que há forte

correlação linear, com pouca dispersão de valores.

Discussão - Página 128


Ceratômetro Cirúrgico
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Orientação de Superfícies Tóricas

56
A compilação apresentada por FRANTZ et al.

enumera 12 ceratômetros cirúrgicos. Alguns destes

não são mais encontrados no mercado, enquanto

outros, como o círculo de luz de Serdarevic (Mastel

Precision Surgical Intrumets, Inc., Rapid City, SD) a

régua de Hyde e o ceratômetro de Barret, com seus

moldes astigmáticos, surgiram. Até mesmo objetos

simples, como o anel de Flieringa, foram propostos

como forma capaz de produzir um reflexo circular na

24
córnea . Somente o ceratômetro qualitativo de

Troutman se propõe a medir a orientação do

20
astigmatismo , e apenas dois modelos

55
quantitativos, Terry e Nidek, assim o fazem .

Os ceratômetros qualitativos, e grande parte dos

quantitativos, determina somente se uma superfície

Discussão - Página 129


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

é esférica ou não, e caso haja astigmatismo, qual é o

seu valor aproximado. Sabemos que para o manejo

intra-operatório do astigmatismo, tais dados não são

suficientes. Em geral, existem vários pontos de

tração que devem ser avaliados e responsabilizados

pela distorção da imagem. Há muito pouco valor na

determinação de 3,00D de astigmatismo em um eixo

desconhecido. Na realidade, o eixo não é totalmente

desconhecido. Existe uma suposição de seu valor na

superfície da córnea, e o cirurgião deve memorizar a

imagem da elipse e inferir a orientação do

astigmatismo. Infelizmente, para realizar a leitura,

em quase todos os ceratômetros quantitativos, há o

auxílio de prismas ou a projeção de anéis iluminados

57 58
no plano da retícula , . Tais artifícios obstruem

o campo de visão e o observador não pode sobrepôr

diretamente a imagem da elipse à córnea, a partir da

qual poderia, por exemplo, seguir pontos de

Discussão - Página 130


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

referência como vasos localizados no limbo

corneano.

No modelo apresentado, a imagem da córnea

pode ser continuamente observada durante a leitura,

não havendo necessidade da interposição de

prismas. Além disso, há uma escala semi-circular

colocada ao redor dos anéis de comparação. Deste

modo, o observador compara a inclinação obtida aos

valores numéricos. Havendo uma mudança na

inclinação secundária às manobras cirúrgicas, o

cirurgião poderá julgar o efeito da mesma, sem se

valer da memorização visual pregressa.

Podemos observar que existe uma importante

dispersão de valores em torno do valor da inclinação

esperada, quando medimos astigmatismos baixos

(abaixo de 1,50D), com valores médios de erro entre

20 e 16 graus, e desvio padrão entre 16 e 11 graus.

Ao atingir 1,50D, o erro diminui para 9,1 graus e o

Discussão - Página 131


Ceratômetro Cirúrgico
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desvio padrão para 6,3 graus, e a partir daí até

3,80D o erro se mantém entre 5,4 e 6,7 graus, com

desvio padrão de aproximadamente 4 graus.

Novamente a comparação com aparelhos

comerciais torna-se difícil, pois valores como 10

55
graus de precisão, descritos POR FRANTZ, et al. ,

em relação ao ceratômetro produzido pela empresa

Nidek (Palo Alto, CA), tornam implícita ao leitor uma

precisão constante em todos os valores de

astigmatismo, sem outros detalhes. O ceratômetro

apresentado neste estudo apresenta uma precisão de

aproximadamente 10 graus de inclinação, em

astigmatismos maiores do que 1,50D e de

aproximadamente 6 graus em astigmatismos

maiores do que 2,00D. Tal precisão não caracteriza o

aparelho como útil nas cirurgias fotorrefrativas

atuais, por exemplo, mas sim em cirurgias que

cursam com astigmatismos mais altos que 2,00D,

Discussão - Página 132


Ceratômetro Cirúrgico
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como as extrações extra-capsulares de cristalino,

ressecções corneanas e transplantes de córnea.

Nestes casos, há a detecção e medida do

astigmatismo, com a caracterização do meridiano

mais curvo.

Discussão - Página 133


CONCLUSÕES
Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

Conclusões

 Foram produzidos moldes com toricidade

reprodutível e variável, que podem, no futuro, ser

utilizados na calibração de aparelhos destinados a

medir a curvatura corneana.

 Um ceratômetro cirúrgico simples e de baixo

custo, baseado nos anéis de Plácido, foi

desenhado, construído e acoplado a um

microscópio cirúrgico com sistema de

magnificação de imagens. Este sistema foi ativado

manualmente para se obter um controle preciso e

contínuo. A imagem projetada sobre os moldes

plásticos foi comparada aos anéis impressos e

montados no plano da retícula do microscópio. A

magnificação foi relacionada ao poder dióptrico,

da escala acoplada ao microscópio cirúrgico.

Conclusões - Página 135


Ceratômetro Cirúrgico
Paulo Schor

 O ceratômetro cirúrgico mostrou-se capaz de

medir de forma reprodutível e precisa esferas de

curvatura variável.

 Em relação a superfícies tóricas, houve uma boa

correlação entre os valores medidos e padrões ouro,

com pequena variabilidade em medidas de

astigmatismo até 1,60 e acima de 2,90D.

 A partir da significativa correlação linear de

valores medidos com o videoceratógrafo corneano e

o ceratômetro cirúrgico manual (r = 0,9765), foi

possível a construção de uma tabela de conversão e

ajuste dos valores medidos para valores reais.

 Com o instrumento proposto, há a possibilidade de

determinação da orientação do astigmatismo, com

precisão de aproximadamente 10 graus de inclinação

em astigmatismos maiores do que 1,50D, e de

aproximadamente 6 graus em astigmatismos

maiores do que 2,00D.

Conclusões - Página 136


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