13.12.2017
Obras:
PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo.
2ª edição. São Paulo: Expressão Popular, 2010.
DAVIS, Mike. Planeta Favela. Tradução de Beatriz Medina – São Paulo: Boitempo, 2006.
Resenha com analogia entre os dois textos em epígrafe, indicando como fica a situação de classes
diante da realidade apresentada em ambos.
Após uma introdução onde apresenta alguns conceitos e traça algumas linhas
históricas a respeito da exploração do trabalho, o autor inicia seus argumentos divididos em
sete capítulos (capítulos 2 a 8 conforme apresentados na obra), acrescidos de suas
considerações finais.
No último capítulo (Capítulo 9), o autor sintetiza seus argumentos sobre os sistemas de
organização da produção analisados, e suas implicações nas condições de trabalho da classe
operária. Para PINTO, a implantação dos sistemas taylorista/fordista e toyotista teve suas
particularidades de acordo com o contexto nacional de onde se desenvolveram. Ele ainda
salienta que a organização flexível, se estabelece de forma mais intensa graças à adoção de
políticas neoliberais por parte dos Estados. Por fim, aponta que as técnicas de organização do
trabalho analisadas em sua obra são apenas algumas dentre as várias formas em que se
desenvolveram as lutas sociais entre operários e empregadores no século 20.
O “Planeta Favela” apresenta uma nova conjuntura da realidade urbana: “Pela primeira
vez, a população urbana da Terra será mais numerosa que a rural” (pag. 191). Essa
transformação não se deu de forma como previam os arquitetos e filósofos, mas geraram uma
enorme favelização das cidades, principalmente do terceiro mundo. (Vide China, Brasil e
Índia).
Teóricos clássicos como Marx e Weber acreditavam que “as grandes cidades do futuro
seguiriam os passos industrializantes de Manchester, Berlim e Chicago” (pag. 195), porém a
realidade demonstrou que esse se deu como o crescimento da Dublin vitoriana. Ou seja, hoje
os barracos das favelas pós-modernas apresentam-se em condições ainda piores do que as
casas do início do século.
O terceiro mundo vive de maneira mais severa essa crise da superpopulação urbana.
“Os moradores de favela constituem espantosos 78,2% da população urbana dos países menos
desenvolvidos” (pag 198). A desigualdade urbana já é maior que desigualdade rural. “O
século XX não se tornou uma época de revoluções urbanas, como imaginou o marxismo
clássico, mas de levantes rurais e guerras camponesas de libertação nacional sem precedentes”
(Pag 208).
Por fim, Mike Davis, afirma: “A doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada
nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e duração ilimitada contra
segmentos criminalizados dos pobres. Esse é o verdadeiro “choque civilizatório”.” Quer dizer:
A sociedade agrária tende ao fim, e a sociedade urbana vai tomar todo o território, o que
gerará conflitos de ordem locais desenfreados. O autor foge de uma tentativa de minimizar ou
contornar esses impactos. Essa deveria ser ação dos arquitetos e urbanistas, somado a negação
da construção de espaços de segregação e espólio da classe, que vive do seu trabalho; a classe
trabalhadora, que é mais ampla – e sempre foi – do que o proletariado.