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Tribunal da Relação do Porto, Secção Criminal, Acórdão de 3 Abr.

2013, Processo 223.11.7GDSTS.P1

Relator: Artur Oliveira.

: 223.11.7GDSTS.P1

Jurisdição: Criminal

Colectânea de Jurisprudência, N.º 253, Tomo II/2013

Ref. 6878/2013

Sumário

CRIME DE ROUBO. Violência. Esticão.

I - O crime de roubo exige que a apropriação de coisa alheia seja feita com

recurso à violência.

II - Violência, para este efeito, consiste no desenvolvimento de força física para

vencer a resistência (real ou suposta) da vítima.

III - Comete o crime de roubo aquele que, aproximando-se por trás, arranca

das mãos do ofendido o telemóvel que, na altura, ele utilizava na via pública,

apoderando-se dele.

M.B.

Disposições aplicadas

DL n.º 400/82, de 23 de Setembro (Código Penal) (Ref. 10/1982) art. 210.1

ACÓRDÃO

I - RELATÓRIO

1. No processo comum (tribunal coletivo) nº 223/11.7GDSTS, do 2º Juízo Criminal


do Tribunal Judicial da Comarca de Santo Tirso, em que são arguidos [A] e
OUTROS, foi proferido acórdão que decidiu nos seguintes termos [fls. 1007]:

"(...)

4. absolvem a arguida [A] da imputada prática dum crime de roubo.

(...)
E condenam:

6. a arguida [A] pela prática dum crime de roubo, p. e p. pelo artigo 210º, nº 1,
do Código Penal na pena de 2 (dois) anos de prisão, suspensa na sua execução por
igual período. (...)"

2. Inconformada, a arguida recorre:

[...]

3. Na resposta, o Ministério Público refuta todos os argumentos do recurso,


pugnando pela manutenção do decidido [fls. 1163-1166].

4. Neste Tribunal, o Exmo. Procurador-geral Adjunto, analisa a motivação e emite


parecer no sentido de ser negado provimento ao recurso [fls. 1184-1187].

5. Colhidos os vistos, realizou-se a conferência.

[...]

Qualificação jurídica dos factos

15. Diz a recorrente que "os factos dados como provados ou que poderiam ter sido
dados como provados" integrariam não a prática de um crime de Roubo, mas de
um crime de Furto [conclusão 29]. Há míngua de uma explicação mais
circunstanciada, cremos que a recorrente partiu do princípio de que a impugnação
da decisão proferida sobre matéria de facto obteria, pelo menos, algum êxito,
levando a um diferente quadro factual. Tal não sucedeu, como vimos supra. E o
que a matéria de facto fixada nos permite afirmar é que a arguida cometeu, em
coautoria, um crime de Roubo, do artigo 210º, nº 1, do Cód. Penal.

16. Este tipo legal exige a intenção de apropriação (ilegítima) e o recurso à


violência. A violência a considerar é aquela que é empregue como meio de obter a
apropriação da coisa, pelo que, além de simultânea com a intenção de apropriação
deve ser instrumental da apropriação.

17. A doutrina e da jurisprudência concordam que o uso da força física ou a


intromissão, ainda que indireta (v.g., o caso do "esticão"), no corpo de uma pessoa
deve considerar-se violência, importando, no crime de roubo, que essa violência
vise quebrar ou impedir a resistência da vítima [CONCEIÇÃO FERREIRA DA CUNHA,
in Comentário Conimbricense do Código Penal, tomo II, pág. 160]. A violência
consiste no desenvolvimento de força física para vencer a resistência real ou
suposta da vítima e revela-se instrumental da subtração quando é usada pelo
agente para subtrair o bem que o ofendido portava [AcRP de 4.7.2012 (PEDRO VAZ
PATO): "(...) II - A conduta do arguido que, contra a vontade da vítima, subtraiu
telemóveis que esta tinha no bolso e junto ao corpo implica o uso de força física
que deve ser qualificada como "violência" instrumental da subtração, integrando,
por isso, a prática de um crime de Roubo, do art. 210º nº 1 do Cód. Penal. (...)";
AcRP de 12.5.2010 (PAULA GUERREIRO): "(...)"III - No crime de roubo a violência
traduz-se no emprego da força física necessária e adequada a efetivar a
subtração/apropriação, não exigindo a lei um mínimo de intensidade da violência
para o preenchimento do tipo legal. IV - A força empregue contra o ofendido para
lhe retirar o telemóvel - perante a recusa, o agente, de forma brusca e imprevista,
agarrou-lho da mão - basta para a consumação do crime de roubo. (...)"; e AcRE
de 3.5.2005 (PIRES DA GRAÇA): "(i)- O crime de roubo exige que o agente tenha
usado de violência. (ii) - Mas, a violência não pressupõe necessariamente que no
ofendido sejam provocadas lesões, pois que pode até nem existir contacto físico,
importando verdadeiramente a força empregue pelo agente em vista da subtração.
(iii) - A tomada de qualquer objeto contra a vontade de quem o transporta é já um
ato de violência, uma vez que implica força sobre a pessoa transportadora,
nomeadamente quando é subtraída uma mala do colo da proprietária que a protege
com as mãos em cima - in www.dgsi.pt].

18. É o caso dos autos: está provado que, quando o menor José Cunha utilizava o
equipamento de telefono móvel, na via pública, a arguida aproximou-se, apeada,
por trás do ofendido e arrancou-lhe o telemóvel das mãos, dirigindo-se, depois,
para o veículo automóvel que a aguardava [pontos 2 e 3, dos Factos Provados].
Mostra-se, pois, preenchido o elemento objetivo do tipo de crime [tal como o
elemento subjetivo - ver ponto 4], pelo que improcede mais ele fundamento do
recurso.

[...]

III - DISPOSITIVO

Pelo exposto, os Juízes acordam em:

Negar provimento ao recurso interposto pela arguida [A], mantendo o acórdão


recorrido.

Taxa de justiça: 3 [três] UC, a cargo da recorrente.

Porto, 3 de Abril de 2013.


Artur Oliveira

José Piedade

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