Diamantina
Fevereiro / 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
ENGENHARIA QUÍMICA
Diamantina
Fevereiro / 2015
1. RESUMO
enfrentados pela indústria cervejeira, bem como as especificações necessárias e limitações em cada
etapa do processo. Estuda-se, por meio disso, as limitações do processo em batelada para o
processo contínuo na etapa mais lenta, a fermentação, embora as operações em batelada sejam
altamente difundidas em todo o mundo. Os principais objetivos, portanto, são mostrar as etapas
subsequentes para produção de cerveja mais comuns e fazer comparação entre a utilização de
biorreatores em batelada e biorreatores contínuos para a fermentação do mosto na etapa mais lenta
do processo, apresentando vantagens e limitações de cada tipo de operação bem como as estruturas
(biorreatores) mais utilizadas nessa etapa. Como produtos ao final do processo, podem ser obtidas
cervejas das mais variadas formas, dependendo das condições de condução do processo e da
A cerveja é uma das principais bebidas alcoólicas consumidas em todo o mundo. O produto
é tão difundido que o mercado apresenta os mais variados tipos de cerveja, desde cervejas escuras,
concentradas, doces, salgadas, mais ou menos amargas, até as mais leves, dependendo apenas do
gosto do consumidor em adquiri-las. Há alguns tipos específicos que são somente encontrados em
produções em larga escala e em maiores dimensões têm tomado atenção no panorama atual. Isso
pois a mudança na condução do processo, seja por operação ou pelo próprio dimensionamento,
afeta diretamente a qualidade do produto final. Por isso é importante o aprimoramento dos processos
em escala industrial, sem que isso afete o comportamento das leveduras que promovem a
Com ampliação de escalas, surgem também problemas de operação, que são funções do
tipo de equipamento e processo utilizados. Isso pode ser superado pela própria mudança de alguns
cereais, levando em conta a economia de processo e a qualidade do produto final (AQUARONE et al,
2001).
Para esse trabalho, foi feita a escolha do processo de produção de cerveja para melhor
compreensão dos desafios encontrados no processo produtivo e pela importância que esse produto
tem no consumo mundial. Por se tratar de uma indústria alimentícia, a escolha também foi feita a fim
esses requisitos. Além disso, assim como relata Aquarone et al, o Brasil é um dos principais
produtores de cerveja, ficando atrás de países grandes como Estados Unidos, Alemanha e China, o
que torna cada vez mais propício e necessário o desenvolvimento do setor produtivo desse produto,
3.1. Biorreatores
São chamados “biorreatores” os reatores químicos nos quais ocorrem uma série de reações
químicas catalisadas por “biocatalisadores”. Esses biocatalisadores podem ser enzimas ou células
empregados. Cerca de 90% dos reatores utilizados industrialmente são do tipo reator de mistura STR
(agitados mecanicamente). Esse tipo de reator consiste em um vaso cilíndrico, geralmente, equipado
com chicanas, utilizadas para evitar a formação de vórtices e aumentar a eficiência na agitação do
fluido a se trabalhar. O agitador é montado no eixo central, podendo possuir ao longo de sua altura
uma série de turbinas, que podem ser de diferentes tipos. (AQUARONE et al, 2001).
Quanto a fase do meio utilizado, aquosa ou não aquosa, quanto ao tipo de biocatalisador, células
forma de agitação do liquido no meio, mecânica, pneumática, pistonada ou até mesmo estática.
em todas elas, o sistema (biorreator) é levado a condições específicas de processo que procuram
Seja por controle de temperatura, pH, concentrações de substrato, células ou de produto, condições
aeróbicas ou anaeróbicas, os biorreatores garantem o controle desses parâmetros para que a reação
Biorreatores vem sendo empregados desde a década de 1940 para a produção industrial de
uma gama de produtos, tais como enzimas, antibióticos, vitaminas, vacinas, ácidos orgânicos,
destacar sua utilização na indústria alimentícia, como para produção de cerveja, aguardente, vinhos,
whisky, vinagres, laticínios de uma maneira geral, entre outros (AQUARONE et al, 2001).
Algumas industrias tem utilizado biorreatores que operam com elevadas concentrações
celulares (“high cell density cultures”), o que propicia alta velocidade de conversão do substrato em
produto. Um bom exemplo é a fermentação alcoólica que se a 30g células/litro de meio (matéria
Outro campo com desenvolvimento recente é o cultivo de células animais e vegetais, tendo
alcançado rápido progresso nos últimos dez anos, constituindo-se hoje num dos grandes temas de
células animais para a produção de variados produtos ligados a saúde humana e animal, tais como
importante para garantir melhores ferramentas de controle de parâmetros que permitam que os
processos possam ser conduzidos utilizando grandes volumes e a elevadas produtividades sem que
a qualidade do produto final seja afetada. Além disso, a adaptação dos processos em batelada e
batelada alimentada para processos contínuos são um grande desafio para algumas indústrias
A produção utiliza basicamente 3 matérias primas (malte, lúpulo e água) num processo que é
biologicamente catalisado pela ação de uma levedura, que provoca a fermentação alcoólica do
substrato.
Aquarone et al definem malte como produto oriundo da germinação controlada das sementes
de cevada para emprego industrial, seja para fabricação de cerveja, ou de outros produtos
alimentícios. Ainda afirma que outros cereais também podem ser maltados, como milho, arroz, trigo,
etc. A finalidade da maltagem é aumentar os teores de enzima dos grãos do cereal, que
(Hordeum vulgare L.) apresenta algumas características específicas que a diferencia dos demais
cereais, como altos teores de amido, presença de proteína em quantidade e qualidade suficientes
para nutrição da levedura e geração de espuma no produto final, além do fornecimento do gosto
Embora a de 2 fileiras apresente maiores teores de amido e maior facilidade na moagem, a cevada
de 6 fileiras apresenta maior facilidade na filtração do mosto. A casca da cevada é utilizada como
elemento filtrante na filtração do mosto. Algumas características são desejadas para a cevada, como:
ser de fácil germinação (brotamento em mais de 98% dos grão após a maceração na maltagem),
teores de proteína entre 9,5% e 11,5%, mas com boa capacidade enzimática (AQUARONE et al,
Duração de 4 a 6 dias.
A utilização de adjuntos (outros cereais) torna o processo economicamente mais viável, pode reduzir
teores de compostos indesejáveis no produto, como nitrogênio (aumento da vida útil), saciar menos,
maior brilho, entre outros. No Brasil, grande parte das cervejarias que empregavam adjuntos à base
O lúpulo (Humulus Lupulus) de interesse para indústria é a planta feminina. Isso porque elas
contém lupulina, componente responsável pelo aroma e sabor amargo característico nas cervejas.
Além disso, o lúpulo garante estabilidade do sabor e da espuma das cervejas, e também libera
ácidos bacteriostáticos que contribuem para a assepsia do produto final. Da lupulina, procura-se
principalmente obter as resinas (alfa e beta ácidos) e óleos essenciais. A primeira garante o amargor
secos, péletes e como extrato, de modo que as duas últimas formas são mais estáveis e de mais fácil
são: ser potável, transparente, incolor, inodora, livre de quaisquer sabores estranhos, pH entre 4 e 9
com alcalinidade máxima de 50 ppm e deve possuir 50 ppm de cálcio. O gasto de água nas
seleção de uma levedura, embora seja específico do tipo de processo, destaca-se: produção de
cerveja com bons sabores e odores, crescimento adequado durante o processo (aumento da massa
Uma das formas de se cultivar leveduras é através do cultivo puro de raças. Nesse caso,
uma pequena quantidade de células previamente selecionadas propaga vegetativamente até atingir
nível industrial para inoculação do mosto. Possui a vantagem de propagar menores infecções se
comparado ao cultivo misto. Para multiplicação da cepa de levedura inicial, na maioria das vezes,
inicia-se de um cultivo base, que passa por sucessivas fermentações a volumes crescentes até
atingir a quantidade suficiente para inoculação num biorreator industrial (Figura 3). Todos os
Figura 3 - Esquema do processamento dos dois principais tipos de cerveja, lager e ale.
litros por dia. O país como um todo alcança valores próximos de 8,4 bilhões de litros anuais
três fases:
clarificação do mosto;
Processo Fermentativo - subdividido em fermentação e maturação;
esquemática.
A etapa de moagem possui atuação direta sobre a velocidade das transformações físico-
sentido longitudinal, desprotegendo o endosperma, a parte interna do grão. Após isso, deseja-se a
forte desintegração do endosperma, favorecendo uma melhor ação enzimática. Deve-se evitar a
formação de farinha com granulometria muito fina, reprimindo assim a produção de substâncias que
produzam uma quantidade exagerada de pasta dentro da solução que possam dificultar a etapa
também a utilização de moinhos de martelo, mas esses geram problemas nas etapas de filtração e
3.2.2. Mosturação
O objetivo desta etapa tem por objetivo solubilizar as substâncias do malte diretamente
etapa obter a maior quantidade de extrato a partir do malte (e adjuntos) no mosto final (AQUARONE
et al, 2001).
cocção. Nele, o malte moído mistura-se com água quente num tanque chamado de mosturador, de
modo que a mistura permanece no tanque a 40°C por 2 horas. Ao final de 1 hora, uma parte da
mistura (um terço ou um quarto) é fervida por 30 minutos numa caldeira e retorna ao mosturador
aquecendo a mistura inicial até aproximadamente 52°C. Depois disso repete-se o processo mais 2
vezes, a fim de atingir 65°C e 73°C. A intenção disso é atingir temperaturas ótimas para atuação de
enzimas específicas no processo e ao final atingir uma boa temperatura para filtração. Esse processo
é mais adequado para mosturação de malte de cereais. Para casos de utilização de adjuntos torna-
O malte moído é misturado com água (chamada de água primária) na proporção de 1:4. A
durante a ação das enzimas é uma variável da composição e do tipo de cerveja que se deseja
tenciona-se ou do quanto de substâncias proteicas de alto peso molecular almeja-se para o corpo da
Nessa etapa, o mosto (extrato solúvel em água) é separado da parte sólida insolúvel (casca,
fragmentos da camada de aleurona, plúmula, restos de parede celular e proteínas coaguladas) que,
por sinal, dão origem ao leito de filtração (torta do filtro). Geralmente a filtração do mosto é feita em 2
etapas. Primeiro o líquido simplesmente ultrapassa o meio filtrante, gerando o mosto primário. Em
seguida, a torta é lavada com água a fim de retirar o extrato retido na torta. Durante a filtração, a
temperatura deve estar em torno de 75°C pois reduz a viscosidade do mosto, inativa enzimas do
malte e bloqueia desenvolvimento bacteriano. Existem vários equipamentos que podem ser utilizados
para a filtração: tina combinada de mosturação-filtração, filtro prensa, “strain master” e tina de
filtração (mais utilizada no Brasil). A torta final do processo ainda pode ser vendida para nutrição
pakscreens (fundo com ranhuras), bomba centrífuga e isolamento térmico. (VENTURINI, 2010)
3.2.4. Fervura
A fervura tem por objetivo fornecer estabilidade biológica, bioquímica e coloidal ao mosto.
Além disso, há o desenvolvimento de sabor, cor e concentração do extrato pela evaporação da água
(VENTURINI, 2010).
A adição do lúpulo é feito em 3 etapas: a primeira 15 minutos após o início da ebulição a fim
de auxiliar na coagulação das proteínas (1/4 da carga), a segunda (2/4 da carga) 30 minutos mais
tarde a fim de fornecer o amargo da cerveja e a última (1/4 da carga) 15 minutos antes da retirada do
em trocadores de calor fechados, onde o mosto é fervido a 140°C por 4 minutos, garantindo
economia de tempo, energia e espaço em relação ao processo tradicional (AQUARONE et al, 2001).
Quando se usa adjunto na forma de açúcar (xarope ou cristalizado), este deve ser
acrescentado nesta etapa, na proporção em que se deseja ajustar a concentração final de açúcar no
mosto. Da mesma forma, pode -se ajustar o pH através da adição de ácido lático 96% para ajustar o
O mosto é mantido em fervura até atingir a concentração desejada de açúcar para o início da
fermentação, durante 60 - 90 min, permitindo uma evaporação máxima de 10% do volume inicial.
(VENTURINI, 2010).
Após a fervura é necessário que o mosto passe por operações de retirada do precipitado,
resfriamento e subsequente aeração. Na primeira operação, utiliza-se das forças centrípetas através
(VENTURINI, 2010). Os trub e o bagaço do lúpulo também podem ser separados do mosto em
tanques de decantação (whirpool). Esses produtos podem ser retirados do processo ou podem voltar
para a tina de filtração para melhor aproveitamento das substâncias (AQUARONE et al, 2001).
utilizado), até a temperatura de fermentação. Na linha do mosto frio, à saída do trocador de calor, é
injetado oxigênio devidamente esterilizado, visando obter uma concentração de oxigênio dissolvido
oxidativo) (VENTURINI, 2010). O mosto que sai da fervura a aproximadamente 100°C é resfriado até
3.2.6. Fermentação
metabólicas. Uma delas é sob condições de aerobiose, nas quais a levedura quebra a molécula de
açúcar completamente, gerando gás carbônico, água e energia, como mostrado abaixo:
Nas condições de anaerobiose, por outro lado, ocorre a fermentação alcoólica, produzindo etanol,
As duas vias são importantes para o processo, de modo que a via aeróbica é eficiente para
reprodução e crescimento microbiano. A via anaeróbica, por sua vez, é a responsável pela conversão
número de ciclos fermentativos (4 a 6), entre os ciclos há um tratamento dessas células com
soluções ácidas, para evitar contaminantes. O fermento é fornecido ao mosto e deve garantir que a
concentração de células de levedura seja da ordem de 106 a 108 células/mL de mosto. (VENTURINI,
2010).
Essa etapa pode ser conduzida por operações em batelada (mais comuns) ou até mesmo
em processo contínuo. Embora menos utilizado, algumas indústrias aplicam o processo contínuo na
influenciam no aroma, no paladar e nas características finais da cerveja pronta. (VENTURINI, 2010)
seu metabolismo, sendo que os teores desses compostos variam com os padrões de crescimento
A principal fonte de nitrogênio existente no mosto para síntese de proteínas, ácidos nucleicos
geralmente, em poucas horas e utilizado para produzir ácidos carboxílicos insaturados e esteróis que
são essenciais para síntese da membrana celular e, consequentemente, para o crescimento celular,
o qual ficaria restrito na ausência desse oxigênio inicial causando fermentação anormal e mudanças
de cortes, no qual o mosto em fermentação com mosto estéril toda vez que a fermentação se mostra
em mosto estéril não lupulado, iniciando de mosto de 100 a 1000 mL e finalizando com volume de
até 4000 L, quando se utiliza mosto lupado, porém não esterilizado. (VENTURINI, 2010)
A fermentação é conduzida em fermentador provido de controlador e indicador de
temperatura, manômetro para indicação de pressão interna, para a monitoração de gás carbônico
Alta fermentação: Nesse caso, deve-se utilizar a levedura do tipo “ale” para
fechado e com o fundo cônico para retirada das leveduras. Normalmente são
para 10-15°C em 3-5 dias. A fermentação nesse caso pode durar até 10 dias, devido
3.2.7. Maturação
produção de cerveja, se processa durante dias ou semanas, podendo chegar, dependendo do tipo de
cerveja, a meses. (VENTURINI, 2010). Esse processo, também conhecido como fermentação
secundária pode perdurar até mesmo depois da saída do maturador (biorreator). (AQUARONE et al,
2001).
metabolizada a álcool etílico, gás carbônico, glicerol, ácido acético e álcoois superiores. Durante o
processo, acontecem alterações de grande importância para a qualidade da cerveja, como o gás
repouso a baixa temperatura causa a precipitação dos resíduos de levedura que ainda estão
presentes na cerveja e evita que ocorra oxidações que comprometam sensorialmente a bebida;
maturação do sabor pelas transformações que ocorrem pelas concentrações de ácido sulfídrico, de
longo da maturação. Durante o processo de maturação também são originados ésteres que dão
aroma e sabor característicos da cerveja. (VENTURINI, 2010 & AQUARONE et al, 2001).
Nessa etapa, pode-se também adicionar aditivos para melhorar a qualidade da cerveja.
Existem processos que fermentam e maturam a cerveja em tanques separados ou num único tanque,
leveduras na faixa de 2 a 5x106 células/mL. As leveduras nesse caso não podem flocular muito
cerveja. A maturação é conduzida a baixas temperaturas (em torno de 0°C) e durante 2-4 semanas,
embora busca-se reduzir esse tempo para melhoria de custos de processo e produtibilidade. Ao final
da maturação, ainda torna-se necessário uma série de processos para tratamento e posterior
3.2.8. Clarificação
insolúveis formadas, devido ao baixo pH existente e às baixas temperaturas utilizadas durante esta
etapa. Portanto, para se obter um produto brilhante e límpido se faz necessária uma etapa de
clarificação, prévia ao engarrafamento da cerveja, que permita remover esse material insolúvel.
Existem quatro técnicas básicas, que podem ser utilizadas individualmente ou em combinação:
comumente utilizado é a cola de peixe, outros agentes utilizados são o ácido tânico, os silicatos, e a
sílica gel; Centrifugação, a velocidade de sedimentação é aumentada pela elevada força centrípeta
criada pela centrifuga; filtração, processo mais comum e realizado em várias etapas, com o objetivo
filtração era feita por filtro prensa, mas devido a altos custos de manutenção esse foi substituído por
filtro de terra diatomácea. Deve-se tomar cuidados para evitar a perda de gás carbônico ou o ganho
de oxigênio nessa etapa, além de manter a esterilidade da solução e a temperatura mais baixa
possível, a fim de precipitar os compostos que geram turbidez, para que esses possam ser
3.2.9. Estabilização
Outros tratamentos podem ser aplicados para o acabamento da cerveja, com o objetivo de
aumentar sua vida de prateleira. A turbidez na cerveja é causada principalmente devido as ligações
cruzadas de algumas proteínas com polifenóis. Assim, removendo-se algumas dessas substancias é
possível adiar o prazo de validade do produto final. Os polifenóis podem ser removidos com o uso de
polivinilpolipirrolidona, enquanto as proteínas podem ser precipitadas pela adição de ácido tânico,
3.2.10. Carbonatação
A carbonatação pode ser realizada pela injeção de gás carbônico em linha ou tanque. Na
cervejarias, o gás carbônico é injetado no líquido, através de uma placa porosa de aço inoxidável que
mantém uma elevada contrapressão durante o seu enchimento, permitindo a retenção do gás
bolhas e facilitam a dissolução do dióxido de carbono na cerveja. Embora menos eficiente e mais
difícil para controlar, essa técnica permite a remoção de oxigênio e de compostos voláteis
carbonatação. Após a lavagem desses gases, o recipiente deve ser fechado para permitir o aumento
3.2.11. Envase
3.2.12. Pasteurização
muitos microrganismos, sendo até mesmo conhecida como um produto de elevada estabilidade
bebida, dando a cerveja algumas características indesejáveis. Por essa razão, a maior parte das
cervejas são tratadas antes ou durante o engarrafamento, para eliminar qualquer levedura residual
ou bactéria contaminantes. A eliminação total desses microrganismos da cerveja pode ser feita
destrói os microrganismos presentes em soluções aquosas, pela ação do calor (VENTURINI, 2010).
modificadas é feita antes do acondicionamento. A cerveja é mantida por alguns segundos a 75°C e
para evitar a formação de bolhas de gás carbônico, trabalha-se com pressões de 7,5-10 bar na
entrada e de 1,5 bar na saída do trocador. Já a pasteurização em túnel, por sua vez, é feita depois do
acondicionamento da cerveja. Nesse caso, as embalagens recebem aspersão de água quente que
faz a temperatura alcançar cerca de 60-65°C e posterior aspersão de água fria para resfriamento.
3.3. O Produto
A legislação brasileira (Decreto n° 2.314, setembro de 1997) define cerveja como sendo a
bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro originário do malte da cevada e água
potável, por ação da levedura saccharomyces sp., com adição de lúpulo, podendo parte do malte ser
substituído por cereais maltados, ou por carboidratos de origem vegetal. Parte da cevada pode ser
substituída por outros cereais como: arroz, trigo, centeio, milho, sorgo, aveia, soja, mandioca e
batata. No Brasil, porém, os últimos 3 não são permitidos pela legislação federal (VENTURINI, 2010
& AQUARONE et al, 2001). Além disso, a quantidade de carboidrato – sacarose na forma de açúcar
refinado, ou cristal, açúcar invertido, glicose, frutose e maltose, não pode ser superior a 15% em
massa em relação ao extrato primitivo para a cerveja clara. Esses valores para as cervejas escuras e
do tipo extra limitam-se a 50% e 10%, respectivamente. Quanto a teores alcoólicos (massa/volume),
esses podem chegar até 8%, variando normalmente de 3% a 5% (AQUARONE et al, 2001).
Em termos de resíduos gerados, como já foi visto, tem-se a casca dos cereais que é
destinada para alimentação animal, por serem ricas em fibras. Água e culturas velhas de leveduras
também são resíduos na produção de cervejas. Á água muitas vezes é tratada posteriormente para
vem aumentando nos últimos anos, principalmente nos mercados asiáticos e africanos. Entretanto,
em alguns países como os Estados Unidos e o Reino Unido tem sofrido uma queda no consumo da
bebida, embora o consumo de cervejas artesanais esteja em ascensão. Devido a uma das
características dos consumidores de cerveja artesanais ser beberem menos, mas beber cervejas
mais encorpadas e junto ao fato de que esse setor tem ganhado cada vez mais consumidores, temos
uma possível explicação a queda de consumo nesses países, que estão entre os maiores
consumidores da bebida. No Brasil, a queda do consumo pode ser explicada, principalmente, pelo
Cerveja Brahma Villigier e Cia” e a “Companhia Antártica Paulista”, empresas essas que mais tarde
fundiram-se para formar a Ambev. O mercado brasileiro de cerveja atual possui uma característica de
oligopólio, com apenas três grandes empresas (Ambev, Kaiser e Schincariol). Uma outra
capacidade maior que 1 milhão de litros por dia. Mas a cada ano, seguindo a tendência do mercado
al, 2001).
Já começam a se espalhar pelo país micro cervejarias, que servem a bebida na forma de
chope diretamente ao cliente, da mesma forma que acontece nos países mais tradicionais do
brasileira ainda pode ser elevada. Utilizando como parâmetro o consumo per capita da República
Tcheca, a produção brasileira poderia ser aumentada em até quatro vezes, Apesar do potencial, o
mercado brasileiro está amarrado ao poder aquisitivo da população. (AQUARONE et al, 2001).
A produção de cerveja remonta desde tempos muito antigos, mas só a partir do século XI é
que a bebida começa a tomar a forma como a conhecemos hoje, a partir da adição de lúpulo, que
além de conferir o sabor amargo característico da cerveja também levava a um melhor controle e
descobertas cientificas da época. Com destaque aos cientistas Louis Pasteur, que descobriu os
nos equipamentos, graças a ele a limpeza e a higiene tornaram-se fundamentais dentro das
cervejarias; Emil Christian Hansen, que identificou duas espécies de leveduras com metabolismos
diferentes, dando origem as cervejas Larger e Ale. Como a levedura influencia diretamente no sabor,
de Carl Von Linde que desenvolveu a máquina de refrigeração à base de amônia, com essa
descoberta as cervejarias poderiam produzir durante todo ano, pois agora era possível controlar a
otimização dos processos descritos acima, como por exemplo, melhorias nas técnicas de assepsia,
desenvolvimentos nos trocadores de calor para melhor controle das fermentações e o uso de
processo.
Atualmente uma das inovações cada vez mais utilizada nas industrias cervejeiras é a
elaboração de cervejas de alta densidade. Por esse processo os mostos são fermentados com
concentrações de extrato maiores do que as geralmente utilizadas, com uma etapa de diluição
uso das instalações, reduzindo custos de energia, mão de obra, limpeza e efluentes. (REBELLO,
2009)
Outra tecnologia que também vem despertando interesse é a produção de cerveja pelo
processo contínuo utilizando leveduras imobilizadas. Além de reduzir o tempo e o custo de produção,
(BRÁNYIK et al., 2001). Entretanto, para que essa tecnologia possa ser implementada em escala
industrial, algumas limitações, tais como: problemas relacionados com o sabor da cerveja, limitações
e custo do suporte de imobilização, necessitam ainda ser superadas. (PILKINGTON et al., 1998)
4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
moderna. Inúmeros processos envolvem transformações biotecnológicas a todo momento, seja nas
processo fermentativo. O substrato a ser inoculado deve conter a quantidade correta de nutrientes
que proporcione a conversão de produto necessária, sem substâncias e excessos que possam afetar
alimentos em particular pode optar pela escolha do tipo de microrganismo que é melhor para o
processo adotado: tipo “ale” ou “lager”. Devido a isso, e à maneira com que determinadas etapas do
processo são conduzidas, consegue-se obter uma variedade de produtos por processos altamente
parecidos. Viu-se que, nesse caso, as especificações do substrato também são importantes nessa
biocatalisador e do biorreator para a produção desse tipo de produto, sendo esses componentes
produção cervejeira. Todo esse desenvolvimento deve-se à adaptação cada vez melhor das
modo a permitir que sua atividade seja máxima e que as etapas lentas de produção tornem-se mais
rápidas. Essa evolução da qualidade e eficiência de processo, portanto, está diretamente relacionada
O alto consumo mundial de cerveja é um dos principais fatores que contribuem para o
desenvolvimento do setor, pois exige cada vez mais melhores produtos e em elevadas quantidades,
tornando necessária uma adaptação cada vez maior das condições do processo, dos biorreatores e
dos biocatalisadores a fim de atender a demanda de mercado. Fato é que o mercado atual de
produto numa só batelada. Toda essa demanda surge devido à importância do produto para
consumo mundial. No futuro, dado o elevado consumo e desenvolvimento tecnológico, espera-se
uma evolução cada vez maior no setor produtivo, no que se refere à biocatalisadores e biorreatores,
sem contar o desenvolvimento da qualidade dos produtos, que surge atrelada a isso.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRÁNYIK, T., VICENTE, A.A., MACHADO CRUZ, J.M., TEIXEIRA, J.A. Spent grains – a
new support for brewing yeast immobilisation. Biotechnology Letters, v.23, p.1073-1078, 2001.
immobilized yeast cells for continuous beer fermentation: A review. Journal of the Institute of
Blucher, 2010.