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ARQUEOLOGIA PRÉ-HISTÓRICA DO

URUGUAI: UMA REVISÃO

K1aus Hilbert

RESUMO

A proposta deste trabalho é oferecer uma visão de conjunto das


tradições indígenas pré-históricas mais significativas do Uruguai, partin-
do das tradições antigas do paleoíndio até chegar aos tempos da
conquista.
Ainda que o material documentado apresente um volume certa-
mente considerável, não pretendemos esgotá-Io, ao contrário, esperamos
que esta exposição constitua um incentivo para discussões e futuras
investigações.
As indústrias líticas no Uruguai podem ser divididas em duas
tradições; uma chamada de caçadores superiores especializados (antigo e
tardio) com pontas de projétil e a outra de caçadores-coletores primitivos
sem pontas de projétil. Em geral, se considera esta última como a tradição
mais antiga e se propõe uma datação que cronologicamente associa-se
com o último glacial, enquanto a tradição com pontas de projétil é datada
em aproximadamente 10.000 A.P. Mas, no Uruguai, não existem pontos
de apoio, datações por C4 por exemplo, que permitam supor um datação
antiga da tradição dos caçadores-coletores primitivos. Para o Catalanense

Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, vxx, n.1,p.137-161, julho, 1994


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e o Cuareimense, as indústrias mais importantes correspondentes a esta


tradição, estima-se uma antigüidade entre 9.000 e 2.000 AP. A maioria
dos sítios destas duas indústrias localizam-se no norte do país, carac-
terizando-se o Catalanense por ser uma indústria bifacial com machados
de mão toscos de grande tamanho, e o Cuareimense por choppers e
chopping-tools, raspadores plano-convexos e, em geral, pelo trabalho
unifacial de seus artefatos.
Pontas pedunculadas "rabo de peixe" são consideradas como os
instrumentos típicos dos grupos de caçadores-coletores paleoindígenas e
foram encontradas no Uruguai em sítios de superfície localizados no rio
Negro médio e na costa Atlântica.
Associados à tradição antiga dos caçadores-coletores especiali-
zados, conhecemos no Uruguai somente dois sítios: Tigre e Calpica, os
quais foram escavados durante as investigações realizadas pela "Missão
de Resgate Arqueológico de Salto Grande", na zona do rio Uruguai
médio, com datações por C14 de 10.400 AP.
Sítios da tradição tardia dos caçadores superiores especializados
encontram-se em grandes quantidades ao longo do rio Uruguai, o rio
Negro e seus afluentes e na costa Atlântica. As datações variam entre
7.000 AP. até 2.000 AP.
Os portadores da cerâmica da cultura Entrerriana foram grupos
caçadores-coletores e pescadores, que habitaram em pequenos cerritos
em zonas de banhado ou ao longo dos rios. A cerâmica têm antiplástico
de areia, compreende formas globulares, subglobulares e pratos com
decoração incisa ponteada e linhas retas ou em zig-zag.
A cultura dos Ribeirenhos Plásticos se sobrepõe à cultura Entrer-
riana, desenvolvendo-se a partir desta e acrescentando a decoração
plástica, o sulco rítmo e a pintura vermelha aplicada pós-cocção,
geralmente em bandas.
As formas dos recipientes se mantém, somando-se os vasilhames
tubulares e as campanas.
Os sítios correspondentes a estas culturas se distribuem ao longo do
rio Uruguai, na desembocadura do rio Negro, descendo para o Uruguai
até alcançar a altura da cidade de Montevidéu.
A tradição Tupiguarani instalou-se nesta região aproximadamente
até 500 d.C. portando, uma cerâmica que, na decoração, se caracteriza
por apresentar o corrugado, ungulado, escovado e por ser polícroma, Os
Arqueologia pré-histórica do ... 139

achados desta tradição foram encontrados principalmente ao longo do rio


Uruguai, rio Negro, rio Prata e na costa Atlântica. A tradição Tupiguarani
e a cultura dos Ribeirenhos Plásticos coexistem nesta região até a chegada
dos conquistadores. A cerâmica missioneira foi localizada na desem-
bocadura do rio Negro, em Salto Grande e no alto rio Negro.

TRADIÇÕES LÍTICAS NO URUGUAI


Até o final do século passado, o paleontólogo argentino Florentino
Ameghino (1959) sustentava que o Homo sapiens sapiens era oriundo do
continente americano (Homunculus patagonicus), podendo-se retroceder
em busca de suas origens até o Terciário. Ameghino adotou esta idéia
devido, entre outros indícios, aos achados simultâneos de instrumentos
líticos a partir de seixos pertencentes tipologicamente ao Paleolítico
inferior (choppers e chopping-tools) e ossos da fauna fóssil correspon-
dentes ao Eoceno (Formação Pampeana), desconsiderando outras
particularidades destes achados, tais como deslocamento e processos de
erosão do terreno. Este detalhe já foi notado por José Figueira (1892). Em
sua obra sobre as culturas pré-colombianas do Uruguai, apresentada em
comemoração ao 400 aniversário do descobrimento da América, em
Q

Madri, Figueira menciona que os achados de Ameghino efetuados no


Cerro de Montevidéo (neste caso lascas e restos fósseis) não podiam
provir da mesma camada geológica. O materiallítico pertencia à um sítio
pré-colombiano localizado imediatamente sobre as encostas que haviam
erodido pouco tempo antes. Os fósseis em geral, possuíam uma origem
terciária. A teoria de Ameghino da grande antigüidade do Homem
Americano, foi duramente criticada e descartada por outros cientistas
contemporâneos, como, por exemplo, Alex Hradlicka (1912).
No seu intento de classificação das tradições líticas, Gordon Willey
(1971, 1978) ordenou cronologicamente as tradições com instrumentos
em lascas tflake tradition) como sendo mais antigas do que as tradições de
choppers e bifaces (biface tradition), seguidas pelas tradições tecnologica-
mente mais avançadas do paleoíndio, com pontas de projétil acanaladas e
trabalhadas bifacialmente (fish-tail).
O que caracteriza a tradição de lascas é a falta de instrumentos
trabalhados bifacialmente. Pertencem ao inventário desta tradição, as
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lascas simples retocadas, instrumentos denticulados, raspadores e Pl-


cões.
Divergindo do modelo evolucionista proposto por Willey, a partir de
uma série de desenvolvimentos nos aspectos tecnológicos, Alex Krieger
(1964) ordenou as tradições sem pontas de projétil bifaciais como um
"estágio de pré-pontas de projétil" (pre-projectil stage). Este estágio de
pré-pontas de Krieger implica em certo condicionamento tecnológico,
que não se encontra determinado temporalmente e pode chegar até
tempos recentes.
De acordo com Menghin (1956, 1957), Bormida (1964), Taddei
(1980, 1987), Hilbert (1991) e outros, as indústrias líticas no Uruguai
podem ser divididas em duas tradições: uma chamada de caçadores
superiores especializados com pontas de projétil e a outra de caçadores-
coletores primitivos sem pontas de projétil. Não existem provas conclusivas
que atestem a correspondência desta corrente com uma datação antiga,
como coloca Willey, por exemplo. Ao contrário, no Uruguai, todas as
datações antigas obtidas pelo método radiocarbônico estão associadas
comas tradições de caçadores superiores especializados.
Nos inclinamos a crer na existência de um desenvolvimento paralelo
destas duas tradições líticas, como sugere Krieger com seu modelo de
estágios. No sul do Brasil, por exemplo, existem indícios que permitem
supor que os caçadores superiores especializados (Umbú) elegeram a
zona de campo ou pradaria para viver, enquanto que os caçadores- .
coletores primitivos (Humaita) habitaram, preferencialmente, zonas de
matas (Schmitz, 1978, 1984; Ribeiro, 1979, 1990, 1991; Kern, 1981,
1983-84, 1991, Rodriguez, 1992).

CAÇADORES-COLETORES PRIMmVOS
Catalenense

A indústria lítica do Catalanense foi descoberta por Antonio Taddei


e apresentada no 332 Congresso Internacional de Americanistas na Costa
Rica. Logo seguiram outras publicações. Deve-se notar que não existe
nenhuma outra indústria lítica da pré-história uruguaia sobre a qual se
tenha publicado tanto e durante tanto tempo (Campá-Soler et alli, 1959,
1962; Chebataroff, 1961; Bormida, 1964; Taddei, 1987).
Arqueologia pré-hlstôrica do ... 141

Os sítios do Catalanense foram visitados repetidas vezes por


delegações nacionais e estrangeiras, e foram os trabalhos de descrição e
classificação de Taddei que permitiram uma ampla difusão e conhecimen-
to desta indústria, inclusive a nível internacional.
Nas nascentes do arroio Catalan Chico (Depto. de Artigas),
cobrindo uma área de aproximadamente 28 kmê, foram localizados cerca
de 20 sítios arqueológicos. Só a coleção de Taddei possui mais de 22.000
artefatos do Catalanense. Todos os sítios conhecidos do Catalanense são
de superfície e contam com uma enorme quantidade de artefatos líticos.
Propõe-se para a indústria do Catalanense a divisão em duas fases
distintas: uma mais antiga, que possui lascas grandes, e outra fase mais
recente, com maior quantidade de objetos bifaciais. Este esquema é
equivalente ao modelo proposto por Willey (1971), que postula a
existência de uma tradição de lascas seguida por uma tradição de bifaces.
O Catalanense antigo é datado por Bormida, através dos terraços pluviais
e das oscilações eustáticas, em 9.000 A.P., datando-se a fase mais recente
aproximadamente em 7.000 A.P.
A partir do exame de parte do material da coleção Taddei - Sítios
Brunn, Cina-Cina, Falcon e Paso-Tala -, consideramos que o Cata-
lanense pode ser caracterizado mais pelos elementos técnicos do
lascamento, do que através das classificações detalhadas das formas das
peças retocadas e de suas porcentagens. O elemento característico do
Catalanenses é o lascamento bifacial. Lascas com plataforma facetada -
primária e secundariamente - e negativos de lascas que convergem em
um ponto central são elementos típicos produzidos por lascamentos de
núcleos discoidais, que possuem características de técnica de um prato
Levallois.
Ainda de que se possa partir da inferência de que esta indústria de
caçadores-coletores primitivos se manifesta sobretudo no norte e
noroeste do país, onde há uma maior concentração de sítios do que em
outros lugares, a surpreendente densidade de sítios localizados na zona de
Catalan Chico é produto do desenvolvimento das investigações ar-
queológicas.
Indústrias bifaciais comparáveis com o Catalanense estão dis-
tribuídos por toda América do Sul. As variações tipológicas dos bifaces
inclui, desde exemplares toscos de forma oval ou triangular, semelhantes
à machados de mão do Paleolítico médio, até objetos compridos e finos.
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Pertencem também ao inventário desta indústria, raspadores toscos e


instrumentos denticulados. Com exceções, tratam-se de sítios de super-
fície, como no caso do Catalanense. Desta forma, o estabelecimento de
uma cronologia para estas indústrias em geral e a elaboração de uma série
cronológica, baseada nos distintos tipos de bifaces em particular são
tarefas muito difíceis de serem executadas.

Cuareimense

o Cuareimense é uma indústria Iítica sem pontas de projétil e


pertence, como o Catalanense, à tradição dos caçadores-coletores
primitivos. Geograficamente, se localiza no norte do país (Depto. Artigas)
e todos os sítios se encontram sobre as margens do rio Quaraí. As
barrancas deste rio, situados em frente a cidade de Quaraí, foram pela
primeira vez estudadas intensamente por Jorge Chebataroff (1961) e, no
ano de 1964, foi Bormida quem, junto com uma detalhada descrição
morfológica destas mesmas barrancas, definiu a indústria Iítica desta
região.
No sítio de Puerto, localizado em frente a cidade de Quaraí,
realizamos, no ano de 1979, uma escavação, contando com o apoio da
Prefeitura Municipal de Artigas (Hilbert, 1985a). No decorrer destas
investigações, encontramos à 1 m de profundidade, uma camada de
ocupação, que corresponde à camada 11 de Bormida. Este já a havia
considerado como a camada arqueológica principal, devido a sua maior
densidade de artefatos.
Encontramos dificuldades de classificação na indústria Iítica do
Cuareimense, principalmente na distinção entre núcleos e instrumentos,
já que, neste contexto, a definição destes tipos de artefatos é, em
princípio, flexível. Se reconhecermos como instrumentos aqueles núcleos
que posteriormente receberam retoques, qualquer núcleo poderá ser
considerado como instrumento.
Excluindo-se estes casos duvidosos, existem lascas com retoques
claramente definidas como instrumentos. Os retoques não causam uma
grande impressão: são grandes, distanciados uns dos outros e lascados por
percussão direta; não se encontram retoques à pressão. Associam-se ao
inventário Cuareimense, aqueles instrumentos nucleiformes, arredon-
dados e ovalados, com finos retoques acompanhando a borda da peça. Por
Arqueologia pré-histórica do ... 143

seus cuidadosos retoques, estes exemplares parecem obedecer a uma


determinada forma. Outros instrumentos típicos são os lenticulados,
elaborados a partir de seixos. Estes apresentam marcas de utilização, que
os assinalam como percutores; também poderiam tratar-se de moedores.
O trabalho bifacial dos artefatos, como é típico para a Catalanense, não
existe nesta indústria. (Austral, 1982).
Pela análise do C14 de um carvão retirado de um dos fogões da
escavação acima citada, obteve-se a datação de 1.560 ± 50 A.P. Esta data
é compatível com a idéia de uma datação antiga para a tradição de lascas
de WilIey. Desta única prova não se pode derivar nenhuma datação
aplicável para o Cuareimense em geral. Vários indícios sinalizam em favor
de uma grande duração desta indústria.
No nível de ocupação encontrado durante a escavação em 1979,
foram encontrados 2 núcleos do tipo Cuareimense bastante erodidos, um
dos quais se apresentava reaproveitado, como indica uma série de
negativos mais recentes. Outra amostra de C14 foi tomada na base de um
paleocanal. Tratava-se de grandes fragmentos de carvão vegetal, que
foram encontrados junto a um típico núcleo Cuareimense. Esta amostra
de C14 data eventualmente o material Cuareimense, que foi redepositado
neste paleocanal, junto ao carvão vegetal. A datação de 4.410 ± 130 A.P.
reafirma a permanência desta indústria durante um grande período sem
grandes mudanças tipológicas, fato já suspeitado por Bormida.

TRADIÇÃO PALEOÍNDIO
(Pontas "rabo de peixe")
Os primeiros indícios de que a América do Sul já estava povoada no
começo do último glacial foram oferecidos nos anos 30 por Bird (1938,
1946). Nas grutas da Terra do Fogo, como Palli Aike e Fell's Cave, Bird
encontrou, junto com restos de ossos humanos, ossos de Milodonte e
cavalos extintos, pontas "rabo de peixe", raspadores e instrumentos em
osso. A datação de C14 mais antiga para estes restos é de 11.000 AP
(Schobinger, 1969). Nos anos 50, José Emperaire, Annette Laming-
Emperaire e Henri Reichlen (1963) realizaram outras escavações em
FelI's Cave, confirmando suas observações com aqueles resultados
obtidos por Bird.
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Pontas pedunculadas com "rabo de peixe" são consideradas


instrumentos típicos dos grupos paleoíndios e foram encontradas no
Uruguai em sítios de superfície situados no rio Negro médio e na costa
atlântica (Bosch et alii, 1980).

CAÇADORES-COLETORES ESPECIALIZADOS

Tradições antigas com pontas de projétil

Existem alguns sítios que apresentam um inventário muito similar,


do ponto de vista tecnológico, com aqueles que pertencem a tradição do
paleoíndio. No entanto, embora possuindo datações de C14 comparáveis
com as atribuídas ao paleoíndio, carecem de pontas pedunculadas "rabo
de peixe".
Associados à tradição antiga dos caçadores-coletores especia-
lizados, conhecemos no Uruguai somente dois sítios: Tigre a Calpica, os
quais foram escavados durante as investigações realizadas pela "Mission
de Resgate Arqueológico de Salto Grande", na zona do rio Uruguai
médio (Hilbert, 1985b, 1991). Por outro lado, são conhecidos mais de 20
sítios situados na região do alto Uruguai, no Rio Grande do Sul (Miller,
1967, 1976, 1987), cujo material corresponde à fase Uruguai e foi datado
por C14 entre 10.400 e 9.600 AP. Nestes sítios foram encontradas pontas
de projétil com aletas e pedúnculo reto. Também foram localizados outros
tipos de pontas, juntamente com um grande número de raspadores,
instrumentos trabalhados bifacialmente, ferramentas toscas nucleóides e,
esporadicamente, alguns choppers.

Tradição tardia com pontas de projétil

o inventário dos sítios aqui arrolados exibe, geralmente, paralelis-


mo com a tradição Umbu, no Rio Grande do Sul, e as pontas de projétil
mostram grandes similitudes com as pontas patagônicas dos períodos
Megallan III e IV (Bird, 1946; Miller, 1969).
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Região do rio uruguai e afluentes


Nas investigações da "Mission de Resgate Arqueológico de Salto
Grande", escavamos o sítio K 86. Este se encontra a 1 km rio acima do
sítio do Tigre e localiza-se sobre um albardão do rio Uruguai. Ali foi
encontrada uma camada de ocupação com pontas pedunculadas e pontas
foliformes ovaladas, que tipologicamente se associam com as pontas do
sítio Tigre. Igualmente o inventário restante, ainda que quantitativamente
menor, não mostrou maior diferença com a fase Tigre. Para o último nível
deste sítio temos uma datação C14 de 6760 ± 100 AP (Hilbert, 1985b). Esta
datação apóia nossa idéia de que ocorreu uma transição paulatina entre
esta tradição antiga com pontas de projétil e aqueles sítios com elementos
da tradição U mbu.
Ao longo de uma campanha de escavações de resgate no sítio
Bafiadero realizada pelo CEA (Centro de Estudios Arqueológicos) e o
Museu de História Natural da Prefeitura Municipal de Salto, efetuaram-
se investigações na ilha de Arriba, na ilha do Médio e nas costas apostas.
Outros sítios, dos quais provém estes mesmos tipos de pontas, são
os da ilha de Verdum, Boycoa, Espinillar e Herviero. O sítio Pedra
Pelada, descoberto por Gregório Laforcada (1974), no ano de 1947, está
localizado a 20 km das Termas do Arapey (Depto de Salto) sobre uma
extensa placa de basálto. Ali foram encontradas cerca de 140 pontas
pedunculadas. Durante os trabalhos da "Mission de Resgate Arqueo-
lógico de Salto Grande", foram efetuadas várias sondagens e cortes de até
2,5 m de profundidade. Nas diversas camadas de ocupação foram
localizados alguns fogões e oficinas com pequenos agrupamentos de
micro lascas, com data de C14, para o piso de ocupação, de 5.030 ± 110
AP. (Guidon, 1979).

Região do rio Negro e rio Tacuarembó


Ao longo do rio Negro foi encontrado um grande número de sítios
arqueológicos, em sua maioria de superfície, localizados entre dunas. Esta
região apresenta arqueologiamente um aspecto homogêneo. Já desde o
ano de 1945, Taddei interessou-se por esta zona, percorrendo e
examinando muitos sítios. Entre estes destacam-se Palmar de Mujica,
Navarro, Paso dei Puerto, Enramada, Aguila Chica, Ramirez, Paso
Porrua, Quinteros, Sauce, Rincon de Cabrera, Isla Rospide, San Gregorio
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(Polanco) e Paso Ramirez. No total são aproximadamente 40 sítios que se


distribuem ao longo do curso do rio Negro médio (Taddei, 1969, 1977;
G.A.L.Y., 1982).
Instrumentos característicos destas zonas são as pontas pedun-
culadas, sendo a forma dominante similar a de Megallan IV (Bird, 1946).
O inventário restante dos instrumentos lascados se completa com
raspadores plano-convexos, perfuradores, lascas com finos retoques
laterais e bifaces toscos incompletos. O material chama a atenção por ser
freqüentemente denticulado; os entalhes e as pontas correspondentes
assinalam a presença de marcas de utilização. Os artefatos são em geral
pequenos, especialmente os raspadores plano-convexos, este fator está
ligado às proporções da matéria-prima disponível. Outro grande grupo de
instrumentos está constituído por moedores, polidores e percutores.
Estes instrumentos são característicos dos caçadores superiores espe-
cializados da região do rio Uruguai médio, rio Negro, rio Taquarembó e
a costa Atlântica. Enquanto que nas pontas de projétil, em geral, existem
diferentes tipologias: entre as zonas do noroeste (rio Negro e Uruguai) e
a costa Atlântica estes instrumentos de moer se encontram determinados
por um elemento funcional e técnico (Baeza et alli, 1974).

Região da costa Atlântica


A história das investigações arqueológicas no Uruguai está intima-
mente relacionada com o descobrimento e reconhecimento dos "pa-
raderos" da costa atlântica. Sítios como La Coronilla, Cabo Polônio,
Valizas, Punta dei Este, etc. encontram-se citados pela primeira vez por
Figueira (1982), que realizou uma avaliação sistemática e científica dos
mesmos.
Ainda que seja imensa a quantidade de material encontrado entre a
zona do Chuí e Montevidéu, são escassas as descrições da localização
exata dos artefatos. Encontramo-nos, então, com grandes listas de
material numerado, onde se menciona, por exemplo: "entre Valizas e a
Caronilla", tratando-se, neste caso, de uma distância de mais de 140 km
entre um ponto e outro.
Nesta faixa costeira foram encontrados objetos cujas estimativas
cronológicas cobrem um período de cerca de 12.000 anos: desde as peças
pertencentes ao período paleoindígena (pontas "rabo de peixe"), achados
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correspondentes à tradição bifacial, pontas de projétil similares ao


complexo Megallan IV e V, passando pelas primeiras tradições cerâmicas
datadas ao redor do ano 2.000 A.P., até chegar àqueles fragmentos
cerâmicos característicos da tradição Tupiguarani e aos vestígios que
marcam os primeiros contatos com a cultura européia.
Um grande empecilho para concluir um trabalho de análise e
classificação está no fato de que estes sítios de superfície da costa
Atlântica têm sido, desde há mais de 100 anos, objetos de sucessivas
coletas, e o material se encontra disperso em distintas coleções privadas,
mesclando-se em parte, com o material de outros sítios, e tendo inclusive
algumas peças extraviadas. Além disso, em muitas das coleções a que
tivemos acesso, constatamos que não continham a totalidade do material,
mas que ocorreu uma seleção do mesmo no momento da coleta, ou seja,
que não nos encontramos frente ao inventário real do sítio. Foram
coletados principalmente as peças que consideradas mais bonitas e
interessantes, como, por exemplo, pontas de projétil, morteros, bolas de
boleadeira, etc. e, muitas vezes, hoje estas se encontram agrupadas
tipologicamente e sem nenhuma referência à sua localização. Assim temos
caixas e mais caixas cheias nos depósitos dos museus.
Considerando as razões expostas anteriormente, as afirmações que
podemos efetuar sobre estes achados serão muito sumárias.
Partimos da idéia de que a presença de pontas de projétil no
inventário é um indício que nos permite considerá-lo como pertencente a
tradição dos caçadores superiores especializados.
Podem-se distinguir duas formas principais de pontas de projétil
ainda que estes tipos não sejam rígidos e as transições sejam possíveis.
Se as comparamos com as pontas da zona do rio Uruguai e do rio
Negro, o que chama a atenção nestas pontas em geral é que os retoques
foram toscamente efetuados, apresentando um fio muito irregular, dando
a impressão de um trabalho descuidado.
As culturas dos grupos de caçadores e coletores, assim como
também as posteriores culturas ceramistas, têm em comum aqueles
instrumentos de moer, mós e mãos-de-pilão, quebra-coquinhos, etc.
Para a maioria destes instrumentos, a forma final foi determinada
pelo uso. Nestes instrumentos podemos verificar a presença de dois tipos
de marcas de utilização. Por um lado, depressões que foram produzidas
mediante golpes ou picoteado e, por outro, marcas originadas por fricção
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ou alisamento. No primeiro caso a superfície do artefato se apresenta com


cicatrizes e pequenas fraturas, enquanto que, no último a superfície está
polida e alisada (Mapa: 1).

TRADIÇÕES CERAMISTAS NO URUGUAI


No final dos anos 40, Gordon WilIey afirmava que as primeiras
tradições cerâmicas da região Pampa-Paraná podiam ser datadas ao
redor de 1550 A.P. (Howard & WiIley, 1948).
Eduardo Cigliano (1966) encontrou um sítio em Paio Branco na
costa norte da província de Buenos Aires. Este concheiro, redepositado
junto com fragmentos de cerâmica simples e erodida, está localizado
-sobre uma antiga linha costeira. Os moluscos da camada inferior foram
datados em 4.760 A.P. ± 120. José Brochado (1984) propõe que a
dispersão desde Paio Branco subira pela costa em direção norte,
considerando a tradição Vieira como a continuação desta tradição.
Segundo nossas informações, os fragmentos cerâmicos mais antigos
do Uruguai, datados-por C14 provém dos Sítios da região de Salto Grande:
ilha de Arriba 2.350 ± 80 A.P. (Baeza, et aUi, 1977; Guidon, 1979) e a fase
Tigre 1810 I 45 A.P. (Hilbert, 1985, 1990). Trata-se de uma cerâmica com
- antiplástico de areia, irregularmente queimada, mal alisada, decorada
com incisões (Salto Grande inciso), ponteada e escovada (Diaz et aIli,
1975 1977).
j

A tradição Vieira

Os poucos achados cetâmicos dos "paraderos" da costa Atlântica


vinculam-se estreitamente com a tradição Vieira, recebendo o nome nesta
região de fase Ceibo (Prieto et alli 1970). Estes fragmentos procedem,
como em geral toda a cerâmica da tradição Vieira, dos cerritos (Cabrera
et aIli, 1984). As vasilhas da fase Ceibo contém como antiplástico areia de
quartzo, e os escassos fragmentos decorados exibem na sua maioria
motivos simples ponteados e incisões. As formas dominantes dos
recipientes são as globulares e subglobulares, aparecendo alguns pratos.
A tradição Vieira estende-se sobre a região das grandes lagunas e os
banhados no Rio Grande do Sul, incluindo o noroeste Uruguaio, ou seja,
a área de dispersão dos cerritos (Schmitz & Baeza, 1982; Cabrera &
Arqueologia pré-histàrica do ... 149

Femenias, 1991). Dentro da tradição propriamente dita distinguem-se 3


fases, cujas datas de C14 são: para a fase Vieira I, 1.350 AP., para a fase
11,950 AP., e para a fase I1I, 250 AP. mesclada com cerâmica da tradição
Tupiguarani - subtradição corrugada - e vestígios modernos de
superfície (Nau e, 1973; Branco, 1990; Schmitz, et alli, 1991). Na região do
Rio Grande do Sul, no extremo sul da Lagoa dos Patos, temos
investigações detalhadas sobre os restos alimentícios e ósseos localizados
nos cerritos. Nas escavações realizadas foram encontrados ossos de
pescado e restos de crustáceos de água doce, sendo freqüente a presença
de ossos de pássaros e mamíferos. (Schmitz, 1976; Jacobus, 1991).

A cultura Entrerriana

As primeiras tentativas de sistematização das tradições cerâmicas


correspondentes à região do Rio da Prata e do delta do Paraná foram
realizadas por Luis Maria Torres (1911), que distinguiu 3 níveis
cerâmicas: a cerâmica mais simples é supostamente a mais antiga, o
segundo nível cerâmica é o que apresenta decorações plásticas de
influência Arawak e o mais recente é o da tradição Tupiguarani.
Para Samuel Lothrop (1932) não existe uma diferença cultural entre
os dois primeiros grupos cerâmicas que justifiquem uma separação, mas
assim a cerâmica primitiva e com representações gráficas pertence a uma
mesma unidade cultural. Antonio Serrano, ao longo de diversas publica-
ções (1932, 1933, 1972) desenvolve um sistema com 3 níveis: a cultura
Entrerriana ou básica da costa, cultura dos Ribeirenhos Plásticos que,
desenvolvendo-se a partir da anterior, apresenta os típicos elementos
decorativos plásticos, fazem do amplo uso do sulco rítmico (drang and
jab) e pintura bícroma, e, por último, a tradição Tupiguarani.
Segundo Serrano, os portadores da cultura Entrerriana foram
grupos de pescadores e coletores, que habitaram os.cerritos localizados
ao longo dos rios ou banhados. A cerâmica da cultura Entrerriana
apresenta geralmente antiplástico de areia, empregando como técnica
decorativa o penteado e incisões, sendo os motivos mais freqüentes em
zig-zag, gregas, ponteado em zonas, etc. O início desta cultura pode ser
datado ao redor de 2.450 AP., continuando em alguns sítios inclusive até
os tempos históricos.
150 Estudos Ibero-Americanos, XX(1) - julho 1994

No transcurso do tempo, a cultura Enterriana assimilou alguns


elementos próprios da tradição dos Ribeirenhos Plásticos (sulco rítmico,
vasilhas tubulares, etc.), permanecendo, não obstante, como unidade
cultural paralela a esta tradição e a tradição Tupiguarani. As fases
principais da cultura Entrerriana são a de Arroyo Sarandi, Ibicuí, Salto
Grande e Colônia Concórdia.

A fase Salto Grande


Os sítios da região de Salto Grande foram mencionados pela
primeira vez por Serrano (1932). Sobre a margem argentina, Serrano
realizou uma série de investigações, encontrando alguns artefatos líticos
toscamente elaborados e fragmentos simples de cerâmica, na sua maioria
sem decoração. Os poucos fragmentos decorados apresentavam motivos
incisos em zig-zag e ponteados: Salto Grande inciso (Serrano, 1954;
Rodríguez & Rodríguez 1985).
Também foram encontrados ossos de mamíferos e um grande
número de bivalves. Outras investigações foram realizadas por Cigliano,
Schmitz e Caggiano (1971). Estes percorreram áreas em território
argentino, assim como, também, as ilhas de Arriba, do Meio e das Flores.
Nos sítios de EI Dorado, Cerro Chico I e 11,os Sauces e arroio Yarara
foram encontrados, além da cerâmica típica Salto Grande Inciso,
cerâmica com decorações plásticas e cerâmica da tradição Tupiguarani.
Analisando os moluscos encontrados nestes sítios, foi possível extrair 2
datações de C14: em Cerro Chico I, 1.055 A.P 35 e em Cerro Chico 11,
1.180 A.P. ± 70; datações estas, que marcam o final da tradição Salto
Grande inciso ou o início da tradição dos Ribeirenhos Plásticos.
Para a fase Salto Grande obtiveram-se as seguintes datações de C14:
Ilha de Arriba 2.370 A.P. ± 80 e Ilha do Meio, 1.350 A.P ± 80. Para o nível
cerâmico da fase do Tigre a datação foi de ct4 de 1.810A.P. ± 45 (Austral,
1977; Baeza et alii, 1977; Guidon, 1979; Hilbert, 1985, 1990).

A fase lbicuí
Os sítios conhecidos dos portadores da cerâmica correspondente à
fase Ibicuí são: Paraná Pavon, Paraná Guazu, Brazo Largo, e aqueles na
costa da província de Buenos Aires e ao longo da costa do rio Uruguai e
do rio da Prata.
Arqueologia pré-histórica do ... 151

A pasta da cerâmica da fase Ibicuí tem antiplástico de areia, de cor


castanha, que internamente é mais escura. Dominam os recipientes de
formas globulares, subglobulares e os pratos. A decoração da cerâmica da
fase Ibicuí apresenta ponteados em zonas, formando motivos de xadrez
retos ou em zig-zag, incisões com linhas irregulares em zig-zag, paralelas
ou onduladas. Às vezes apresenta pintura vermelha após a cocção,
aplicada em faixas paralelas à borda.
A cerâmica da fase Ibicuí foi encontrada no Uruguai nos seguintes
sítios: barranca de São Gregório, Boca dei rio Negro, Colonia San Javier,
ilha Infante, ilha Vizcaino, Bocas dei Moguer, Nueva Palmira (Depto. de
Rio Negro), Rincón del Rey e Arroyo dei Sauce (Depto. de Colonia),
Paradero de Ias Tunas e Arazati (Depto. de San José), Rincón de Ia Teja
(Depto. de Montevideo) e Laguna Blanca (Depto de Canelones). Todos
estes sítios são a céu aberto.
Do sítio Paradero de Ias Tunas (Penino & Sollazo, 1927), localizado
sobre a margem direita do rio Santa Lucia (Depto. de San José), provém
a maioria das informações publica das sobre a fase Ibicuí. Os autores
informam sobre restos de esqueletos desenterrados das dunas, junto com
materiallítico lascado (pontas de projétil) e polido (artefatos típicos da
costa: percutores, bolas, mós, etc.) e ainda que, a maior parte dos achados,
era composta por fragmentos cerâmicos.

A fase Colônia Concórdia


Incluímos a fase Colônia Concórdia como formando parte da
cultura Entrerriana, já que representa estilisticamente a transição entre
esta cultura e a dos Ribeirenhos Plásticos. A técnica de decoração do
estampado (impressão de um instrumento com ponta quadrangular) nos
lembra, em seus motivos O Ribeirenho Plástico ponteado, ainda que as
aplicações realizadas não se possam comparar aos desta tradição, já que
se limitam a bandas de apliques arredondados formando ondas ou
círculos.
Os cerritos de Colônia Concórdia se encontram sobre a margem
esquerda do rio Uruguai no Departamento de Soriano.
Desde o fina] da década dos anos 40, os cerritos de Colônia
Concórdia exerceram uma grande atração sobre os estudiosos da
Arqueologia. Uma publicação mais extensa foi efetuada por Rodolfo
152 Estudos Ibero-Americanos, XX(1) - julho 1994

Maruca Sosa (1957), na qual expõe principalmente sua própria coleção e


partes da coleção Taddei. Um amplo informe, que se refere principal-
mente à cerâmica da dita coleção, foi publicado por membros do CEA
(Diaz et alli, 1974).
A cerâmica é um fator muito importante na determinação do acervo
cultural e cronológico deste sítio. O inventário Iítico está composto, -
como em outros sítios cerâmicos, por exemplo, os cerritos da costa
Atlântica -, pelos já conhecidos instrumentos polidos (bolas de
boleadeiras, mós, etc.). Também aqui os artefatos Iíticos lascados são
relativamente escassos e elaborados em sua maioria a partir de sílex, a
matéria-prima mais abundante da zona.
Durante as campanhas de escavação foram recolhidos também
ossos de restos alimentares, que até o momento não foram objeto de uma
análise sistemática.
Maruca Sosa tratou de minorar esta carência e ilustrou, em uma
lâmina bastante simplifica da, o material Iítico e cerâmico, junto aos
distintos animais achados no cerrito de Colônia Concórdia (Sosa,
1957:181).
No total foram encontrados 50 esqueletos provenientes de enter-
ramentos primários, dos quais foram analisados alguns exemplares pelo
antropólogo Juan Mufioa e membros do CEA.
A cerâmica de Colônia Concórdia apresenta em geral antiplástico
de areia, ainda que também contenha hematita triturada, restos vegetais
carbonizados e espículas de esponjas de água doce (Uruguaya corallioi-
des). Os fragmentos foram relativamente bem alisados, ainda que às vezes
apresentem irregularidades no modelado das bordas e na espessura das
paredes. A cocção foi irregular e a cor resultante é um castanho escuro
com manchas claras, tendo o centro cinza escuro.
As técnicas básicas empregadas na decoração foram incisões,
aplicações, pintura, escovado e impressões. A decoração com sulco
rítmico aparece muito esporadicamente e não constitui elemento carac-
terístico da fase Colônia Concórdia, mas corresponde à cultura dos
Ribeirenhos Plásticos.
As pontas ósseas constituem o grupo mais abundante dos artefatos
de ossos trabalhados pertencentes a esta fase. A elaboração destes
instrumentos foi relativamente simples, podendo-se reconstruir este
processo através das marcas deixadas por sua produção. Utilizaram-se
Arqueologia pré-histárica do ... 153

ossos longos de cervos, partidos longitudinalmente, e com a ponta polida.


Pode-se reconhecer os distintos traços em bandas originadas por esta
ação.
Os instrumentos para moer da fase Colônia Concórdia não se
diferenciam daqueles encontrados na zona costeira do Atlântico ou na
região do rio Negro. O inventário apresenta morteros, peças com
depressão, mãos-de-pilão, bolas de boleadeiras e polidores (pedras com
canaletas). A forma dos morteiros, característica daquela fase cerâmica,
é subglobular e foi obtida mediante picoteado, sendo a superfície de
trabalho circular. As mãos-de-pilão são de forma lenticular ou e1ipsóides
e curtas. Como matéria-prima para a elaboração dos instrumentos líticos
lascados foi empregado unicamente o sílex. O material lítico lascado é
pouco abundante; os instrumentos retocados e com marcas de utilização
se reduzem a uns poucos exemplares (Hilbert, 1991).

Cultura dos Ribeirenhos Plásticos

Região da desembocadura do Rio Negro


Junto as investigações realizadas na costa Atlântica, a região da
desembocadura do Rio Negro, desenvolveu-se, sobre a influência de
Figueira, como importante área de pesquisas arqueológicas. Em uma das
freqüentes expedições realizadas, com participação de cientistas uru-
guaios e argentinos, o ano de 1892, foi descoberto e parcialmente
escavado o cerrito da ilha Vizcaino (Figueira, 1892; Freitas, 1953). Em
uma destas expedições foram encontradas duas urnas da tradição
Tupiguarani e um esqueleto masculino com um colar de pérolas
venezianas com faixas azuis e três discos de cobre (Hilbert, 1986).
Quase ao mesmo tempo foi descoberto o cerrito de La Blanqueada,
sobre a margem esquerda do Rio Negro. A estes sítios mais importantes
juntou-se, no ano de 1925, o cerrito da ilha Naranjo (Arredondo, 1927),
seguido por toda uma série de sítios da ilha do Infante, Campo Galarza,
La Blanqueada e Campo Morgan. A partir do ano de 1934 até a década
de 60, foi Maeso Tognochi quem se dedicou a percorrer intensivamente
esta zona, coletando o material arqueológico. Suas escavações, sobretudo
no sítio La Blanqueada, estavam orientadas principalmente para a
obtenção de peças para completar sua coleção. Infelizmente os dados
154 Estudos Ibero-Americanos, XX( 1) - julho 1994

sobre o contexto dos achados e a localização geográfica dos mesmos são


pouco confiáveis e inexatos, podendo-se somente utilizar esta coleção,
que é uma das mais significativas do país, como apoio para corroborar
outros sítios com informações mais seguras (Maeso, 1977;Tuya de Maeso,
1980).
a trabalho de Carlos A. Freitas sobre o material encontrado em La
Blanqueada constitui um dos aportes mais valiosos para esta região.
Apesar da pouca importância que outorga às diversas circunstâncias dos
achados (posição estratigráfica, associações com outros artefatos, etc.),
graças à sua análise detalhada e suas sistemáticas investigações sobre o
material cerâmico, resulta de grande ajuda para a elaboração de uma
classificação dos restos arqueológicos (Freitas, 1953).
A maioria dos sítios localizados ao longo do rio Negro e nas ilhas,
quase 100 anos depois de seu descobrimento, encontra-se totalmente
devastada, devido às escavações pouco sistemáticas, a ação dos diversos
agentes erosivos, inundações, pisoteamento do gado, etc.
No intuito de ordenar tipologicamente e descrever a cerâmica da
região da desembocadura no Rio Negro e da parte baixa do Uruguai,
membros do CEA junto com arqueólogos brasileiros propõem a presença
de tradições nesta zona: a tradição Yeguada, com cerâmica correspon-
dente a tradição Tupiguarani, e a tradição Vizcaino associada às culturas
dos Ribeirenhos Plásticos e elementos da cultura Entrerriana (Boretto
avalie et alli., 1973).
Como mencionamos anteriormente, a cultura dos Ribeirenhos
Plásticos desenvolve-se a partir da cultura Entrerriana, enriquecendo-a e
modificando-a com a adição de novos elementos. Nos referimos
especialmente às decorações plásticas zoomorfas e antropomorfas, a
presença de vasilhames tubulares, o amplo uso do sulco rítmico nos
motivos decorados, o freqüente emprego da pintura, que acrescenta cor
branca ao tom vermelho já conhecido. A pasta e a forma dos recipientes
se mantém igual a da cultura Entrerriana. a material ósseo está melhor
elaborado e se encontram algumas peças que indicam a existência de
contatos com as regiões sub-andinas.
Quanto às formas da cerâmica sem decoração dominam aqui, como
também na cultura Entrerriana, as panelas globulares, subglobulares e os
pratos, onde alguns exemplares apresentam o lábio para fora.
Arqueologia pré-histõrica do ... 155

Das diversas escavações realizadas nos cerritos de Campo Margon,


La Blanqueada, ilha Infante e arroio Caracoles provém um grande
número de instrumentos ósseos, em sua maioria pontas. Juntos às já
conhecidas punções da fase Colônia, encontram-se diversas pontas ósseas
de projétil, elaboradas a partir de fragmentos dos ossos longos com uma
ranhura circunvalente para facilitar o encabamento. Outras pontas foram
elaboradas com ossos completos e decoradas com motivos incisos
cruzados em zig-zag.
Além dos portadores da cultura dos Ribeirenhos Plásticos, estes
sítios na desembocadura do rio Negro, foram ocupados pelos repre-
sentantes da tradição Tupiguarani, encontrando-se cerâmica corrugada e
urnas polícromas. Ambas as tradições tiveram contato com a cultura
européia, o que está demonstrado por vários achados e relatos históricos.
Excluindo-se as já mencionadas pérolas venezianas e fragmentos de vidro,
foram encontradas algumas peças de ferro (cravos e uma ponta de lança).

Região de Salto Grande


Foi durante as escavações realizadas por membros do Museu
Municipal de História Natural de Salto Grande, principalmente nas ilhas
de Arriba e do Meio, que os investigadores encontraram no Sítio Aruera
(ilha de Arriba), a uns poucos centímetros abaixo da superfície, achados
típicos correspondente à cultura dos Ribeirenhos Plásticos.
Uma datação radiocarbônica proveniente do corte 9, entre 30 e 40
em de profundidade, datou o material em 1.140 A.P. ± 100 (Diaz et alli,
1977; Guidon, 1979). Junto às decorações da cerâmica com sulco rítmico,
foram encontradas também alguns apliques zoomorfos. Destaca-se a
localização de 3 vasilhames idênticos, quanto a forma e decoração,
chamadas campanas ornitomorfas.
Além dos sítios correspondentes aos portadores da cerâmica dos
Ribeirenhos Plásticos já apresentados - de Salto Grande e da região da
desembocadura do Rio Negro -, os sítios mais importantes localizam-se
sobre as costas do baixo rio Uruguai e rio da Prata. Alguns deles são:
Colônia Agraciada, Villa Arena, Boca dei Rosario, Juan Lacaze, Arroio
dei Sauce, Las Tunas, Arazati, etc. (Mapa: 2)
156 Estudos Ibero-Americanos, XX( 1) - julho 1994

MAPA 1 - Tradições líticas do Uruguai

• Sítios de Caçadores-coletores primitivos

• Sítios de Caçadores-coletores superiores especializados


Arqueologia pré-historica do 000
157

MAPA 2 - Tradições cerâmicas

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Sítios de Cultura Entrerriana e Riberenhos Plásticos

Sítios da Tradição Vieira


158 Estudos Ibero-Americanos, XX( 1) - julho 1994

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